Tumgik
#o significado do poema é óbvio
fabien-euskadi · 2 years
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Breve história de uma só palavra mil vezes maldita
Pois que mil vezes m’arda a língua se a palavra proibida por mim for proferida Mais mil vezes morra eu se do verbo brotar semente, qual luz em terra ardida, Onde os sobejos de um ontem infindo se acoitam na penumbra do que já não é. No restolho do que não se chora mora a hora em que um demónio bebeu da fé Algo menos que tudo o que era menos que menos que nada. Nada mais eu sou: Sorvo tragos da história do que podia ter sido quando não fui aquele que falou Uma só palavra a mais: a palavra (essa!) que, hoje, quando sentida, dita não será. E assim serei eu o que poderia ter sido nesse hiato entre o que existe e o que há.
                                                                               Fabrien Euskadi
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carteldapoesia · 4 years
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Escritora da Semana 01/11/2020
Parabéns Maísa, dona do tumblr (@s-e-ja-m-o-r​)! Você recebeu o maior número de votos, sendo assim a ganhadora do Escritor da Semana. Agradecemos seu interesse em participar do projeto e essa é a forma de demonstrar nossa gratidão.
Quem é você?
É difícil falar de mim porque eu estou sempre me descobrindo. Acho sempre mais fácil dizer do que não gosto ou não sou, do que o contrário. Mas vamos lá. Eu sou amor. Perdoo fácil, não guardo mágoas, tenho um coração gigante, por isso, estou sempre destruída pelo fato de confiar nas pessoas e crer que elas também tem intenções boas comigo e não irão errar novamente. Então, eu estou sempre me refazendo porque eu sempre acabo me magoando ao colocar expectativa demais onde e em quem não deve. Tenho diagnóstico de ansiedade e depressão, então a minha tendência é viver no futuro e colocar sempre uma dose de drama e melancolia nas situações. Sou muito intensa, em tudo que faço e em tudo que gosto. E gosto de muitas coisas, porém deixo de gostar com tamanha facilidade, assim como me encanto, isso vale para coisas e pessoas. Dificilmente desisto daquilo que quero muito, sou teimosa, distraída e tenho problemas de autoestima. Uma das minhas melhores qualidades é que sou confiável, jamais contarei segredos que me confiaram. Gosto de cachorros e de dormir muito, por isso às vezes não tenho tempo de fazer tudo que quero porque dormi demais. Se tiver intimidade comigo eu vou falar bastante e alto e no fundo vão ver que sou uma boa pessoa.
Escreve desde quando e qual o valor da escrita para você?
Descobri a escrita há uns 10 anos, e para mim ela tem um poder de libertação. Por meio dela consigo expressar o que sinto, o que penso e o que, muitas vezes, não consigo demonstrar ou dizer as pessoas e ao mundo. A escrita me faz refletir também sobre o que é aquilo que sinto, faz-me entender porque senti tais sentimentos, porque lidei com tais situações da forma como lidei. A escrita é minha terapia, mas também é minha punição. É meu desabafo e meu consolo. Eu escrevo unicamente para por para fora do peito quando tudo pesa demais.
O que faz além de escrever?
Eu faço faculdade de Medicina, o que me consome grande parte do tempo. Nas horas vagas eu leio, escrevo, durmo, vejo a família, meu cachorro, meus amigos e pinto as unhas, nada muito além disso.
Qual o seu maior sonho?
Meu maior sonho é me formar médica e lançar um livro (não sei bem ainda sobre o que - talvez sobre minhas frases).
Qual é o seu escritor favorito?
Rupi Kaur com certeza.
O que o tumblr representa para você e como conheceu o mesmo?
O tumblr representa, simplesmente, o início da minha escrita, há mais ou menos 10 anos, quando conciliei os escritos com os meus diários. Conheci o tumblr procurando frases e textos do Caio Fernando Abreu e da Clarice Lispector na internet (sou grande leitora deles até hoje). Então, conheci melhor como funcionava essa rede e em abril de 2011 resolvi criar uma conta. No início postava alguns textos meus, tinha poucos seguidores, também compartilhava conteúdo dos outros. Passei alguns anos um pouco distante quando estava no ensino médio e época de pré-vestibular. Retomei minha escrita há alguns anos quando senti falta de desabafar de uma forma que só as palavras conseguem. Mas foi só em 2019 que realmente reativei meu tumblr com minha nova escrita mais baseada em frases curtas/poemas, inspirada na deusa Rupi Kaur. Foi quando ganhei mais notoriedade.
Qual a palavra que tem mais significado para você?
Resiliência. Por tudo que enfrentei sozinha e que pouca gente sabe.
O que você considera arte?
Considero arte aquilo que só você sabe fazer, do seu jeitinho, e que fica bonito ao seus olhos e enche os olhos dos outros de encantamento, mas ninguém consegue copiar.
O que te motivou a seguir o Cartel da Poesia e a participar do Escritor da Semana?
Eu sigo o Cartel da Poesia há um bom tempo, segui em busca de engajamento para que minha escrita chegasse mais longe, para conhecer a escrita de outras pessoas, seguir pessoas novas e para que me conhecessem também. Fazia tempo que eu queria participar do Escritor da Semana, porém achava que não seria qualificada suficiente (hahaha eu tenho esse defeito), resolvi tentar porque queria uma plaquinha haha e sempre que posso estou participando de algo do projeto. Sempre uso as # do Cartel nas escritas. Vocês me incentivaram muito.
Deixe um conselho para os outros escritores.
Eu escrevia, em um caderno velho do colégio, meus lamentos quando meu primeiro namorado ficava estranho comigo e aquilo parecia aliviar meu peito, mesmo que ninguém nunca fosse (e nem irá) ler. Só o meu caderno sabia o que eu sentia. Depois só os meus diários sabiam. Depois só o Tumblr soube. E sabe. O que quero dizer é que escrever era e é como uma ajuda para entender e libertar meus sentimentos quando não consigo ou não posso expor eles a ninguém. Além disso, também tinha e ainda tenho muita insegurança se as pessoas irão gostar do que publico, da forma que penso, do jeito que demonstro minha poesia. Mas a arte ela é única e as pessoas são tantas e são tão diversas que é óbvio que nesse mundo vasto vai existir alguém que nesse momento se identifica com a sua poesia, ou que, em algum momento, vá se identificar. As pessoas passam por momentos parecidos, todo mundo erra, todo mundo se decepciona. Por isso, é válido expor isso ao mundo, porque tem sempre alguém esperando ler algo que faça seus sentimentos confusos fazerem sentido. Não deixem de escrever! Nosso peito é pequeno para guardar tudo ali. Transformem em palavras! E se puderem deixem o mundo vê-las! 
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22/40 - Lamentações de Jeremias (Parte 1)
Jeremias, o autor de Lamentações, sente-se profundamente pesaroso, por causa da destruição de Jerusalém e a devastação de sua nação. Mas, na profundeza de seu pesar, há um raio de esperança. A compaixão de Deus está sempre presente. Sua fidelidade é grande. Este livro nos mostra as graves consequências do pecado e como ainda podemos ter esperanças, mesmo em meio à tragédia, porque Deus é bom. Nós vemos a importância atemporal da oração e da confissão do pecado. Todos nós nos depararemos com momentos difíceis em nossas vidas; mas, em meio às nossas aflições, sempre haverá esperança em Deus.
APLICAÇÕES TÉCNICAS
Lm 1:1 - Este é o cântico de pesar do profeta Jeremias pela destruição de Jerusalém. A nação de Judá havia sido completamente derrotada, 0 Templo destruído, e os cativos levados à Babilônia. As lágrimas de Jeremias eram pelo sofrimento e pela humilhação do povo, mas ele também chorava porque Deus havia rejeitado o povo, devido à sua rebeldia. Todos os anos, este livro era lido em voz alta, para lembrar a todos os judeus que sua grande cidade caiu, por causa de sua obstinada iniquidade.
Lm 1:9 - A advertência foi alta e clara: se Judá brincasse com o fogo, seu povo sairia queimado. Tolamente, Jerusalém arriscou - e perdeu, recusando-se a crer que a vida imoral provoca a punição de Deus. A consequência suprema do pecado é a punição (Rm 6:23). Podemos decidir ignorar as advertências de Deus, mas, da mesma maneira como o juízo veio a Jerusalém, também virá para aqueles que desafiam a Deus.
Você está ouvindo a Palavra de Deus? Você está obedecendo a ela? A obediência é um sinal garantido de nosso amor a Deus.
Lm 1:14 - A princípio, o pecado parece oferecer liberdade. Mas a liberdade para fazer qualquer coisa que desejemos gradualmente se toma um desejo de ter tudo. E então, nos tomamos escravos do pecado, presos pelo seu “jugo”. A liberdade do cativeiro do pecado nos vem apenas de Deus. Ele nos dá a liberdade - não a liberdade de fazer o que queremos, mas a de fazer o que Ele sabe que é melhor para nós.
Por mais estranho que possa parecer, a verdadeira liberdade é o resultado da obediência a Deus - seguir Sua orientação, para que possamos receber o melhor que Ele tem para dar.
Lm 2:7 - Nosso lugar de adoração não é tão importante para Deus quanto à prioridade que damos à adoração. Uma edificação pode ser bela, mas se seu povo não seguir sinceramente a Deus, a igreja estará interiormente destruída. O povo de Judá, apesar de seu Templo maravilhoso, havia rejeitado, em suas vidas diárias, o que proclamavam em seus rituais de adoração. Assim, sua adoração havia se convertido em uma mentira escarnecedora.
Quando adora, você pronuncia palavras sem ter a verdadeira intenção de expressar seu significado? Você ora pedindo uma ajuda que você não acredita que virá? Você expressa ter por Deus um amor que, na realidade, não tem? Busque fervorosamente a Deus, e tenha uma visão clara do Seu amor e cuidado. A seguir, adore-O de todo o seu coração, com toda a sinceridade.
Lm 2:11 - As lágrimas de Jeremias eram sinceras e cheias de compaixão. A tristeza não significa que não tenhamos fé ou forças. Não há nada de errado em chorar - o próprio Senhor Jesus sentiu tristeza e até mesmo chorou (Jo 11:35).
 Como reagimos à destruição de nossa sociedade e à degradação moral? Isto pode não ser tão óbvio como um exército inimigo invasor, mas a destruição é igualmente certa. Nós, também, devemos ficar profundamente comovidos quando vemos a decadência moral à nossa volta.
Lm 2:14 - Havia falsos profetas em todas as partes, nos tempos de Jeremias. Eles transmitiam mensagens falsificadas e enganadoras. Enquanto Jeremias advertia o povo a respeito da destruição que viria e do longo cativeiro, os falsos profetas diziam que estava tudo bem e que o povo não precisava temer nada. Todas as palavras de Jeremias se concretizaram, porque ele era um verdadeiro profeta de Deus (Jr 14:14-16).
Hoje em dia não é diferente e por isso devemos sempre tomar cuidado com aqueles que falam ‘em nome do Senhor’. Se você ouvir de um pregador muito mais a palavra: eu e não Deus. Desconfie. O ‘eu declaro’, ‘eu falo’, ‘eu profetizo’, eu libero’ e inúmeros outros jargões utilizados não são falados nem pelos apóstolos e são bem possíveis de que não seja Deus quem disse nem ordenou; pois, Ele pode nem ter sido consultado.
Lm 2:19 – O sofrimento das pessoas e seu pecado deveria ter-lhes levado ao Senhor, chorando e pedindo perdão. Somente quando nossos corações soberbos e independentes forem quebrantados pelo pecado, é que Deus virá em nosso resgate.
Apenas lamentar o fato de sofrer as consequências do pecado não traz perdão. Mas se clamarmos a Deus, em arrependimento, Ele nos perdoará.
Lm 3:1 - No texto original hebraico, os quatro primeiros capítulos do livro de Lamentações são poemas acrósticos. Cada versículo de cada capítulo começa, sucessivamente, com uma letra do alfabeto hebraico. Lm 3 tem 66 versículos, em vez de 22, porque é um triplo acróstico: os três primeiros versículos começam com a primeira letra do alfabeto hebraico, os três seguintes com a segunda, e assim por diante. Esta era uma forma típica de poesia hebraica. Outros exemplos de acrósticos são SI 37; 119; 145; Pv 31:10-31.
Lm 3:21-23 - Jeremias viu um raio de esperança em meio a todo o pecado e tristeza que 0 rodeava: “As misericórdias do Senhor [...] não têm fim. Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade”. Deus responde de bom grado, com ajuda, quando lhe pedimos.
Talvez haja algum pecado em sua vida que você pensa que Deus não iria perdoar. O amor constante de Deus e sua misericórdia são maiores do que qualquer pecado, e Ele promete perdão.
Lm 3:23 - Jeremias conhecia, por experiência própria, a fidelidade de Deus. Deus havia prometido que a punição seria o resultado da desobediência, e assim aconteceu. Mas Deus também havia prometido restauração futura e bênção, e Jeremias sabia que Deus também cumpriria essa promessa. Confiar na fidelidade de Deus todos os dias nos dá confiança em suas grandes promessas para o futuro.
Lm 3:27-33 - Submeter-se ao “jugo [...] porquanto Deus o pôs” significa submeter-se de bom grado à disciplina de Deus e aprender o que Ele quer ensinar. Isto envolve vários fatores importantes: (1) silenciosa reflexão sobre o que Deus deseja; (2) humildade penitente; (3) autocontrole diante das adversidades; e (4) confiante paciência, confiando que o divino Mestre trará lições de amor a nossas vidas.
Deus tem lições de longo prazo e de curto prazo para você, agora mesmo. Você está fazendo sua lição de casa?
Lm 3:30 - Este chamado para “dar a [outra] face” nos lembra de que, às vezes. Deus quer que soframos críticas e maus tratos por causa dos seus propósitos. Jesus ensinou seus seguidores a dar a outra face (Mt 5:39), e exemplificou isto ao máximo, pouco antes de sua crucificação (Mt 27:27-31; Lc 22:64; Jo 18:22; 19:3).
Mas isto nunca deve ser usado para justificar o contínuo sofrimento por causa de maus tratos infligidos por um cônjuge ou por qualquer pessoa. É uma instrução para absorver a violência sem revidar, e não uma instrução para permanecer indefinidamente como vítima em uma situação de violência.
Lm 3:39-42 - Os pais disciplinam os filhos para produzirem um comportamento correto. Deus disciplinou Judá para produzir um modo de vida correto e uma adoração genuína.
Não devemos nos queixar de disciplina corretiva ou instrutiva em nossas vidas, mas aprender com ela, confiando em Deus e estando dispostos a mudar. Devemos permitir que a correção de Deus produza, em nossa vida, o tipo de comportamento que O agrada.
FONTES: BICEAP + EPESE
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assassinar · 5 years
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o meu amor é puro e leve, é o amor que quero ter pra vida toda, é o amor que quero que sirva de exemplo para meus filhos, netos, bisnetos, tataranetos, que, mesmo raro de se encontrar um amor assim, não é impossível. o meu amor não é perfeito, às vezes se parece com um poema mal interpretado, mas basta ler mais algumas vezes, entender o significado de algumas palavras e notar as metáforas escondidas, que os versos tornam-se mais óbvios. o meu amor tem nome, idade e olhos castanhos. às vezes, só queria colocá-lo dentro da gaiola do meu coração, mas isso não seria amor, seria prisão. minha vontade é de vê-lo voar e ir junto. espero que, em algum momento, o meu amor saiba o quão amado é, e que ele nunca sinta vontade de partir, mas se quiser ir, tudo bem, só me coloca na mala e vamos partir juntos.
Thayle Francis
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osabordopecado1 · 7 years
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O Grande Fardo de Palha do Poeta Comprometido
tinha escrito um poema tão gratuito que não valia sequer as calorias gastas no movimento dos dedos sobre as teclas do computador
elencava as mais dolorosas notícias do dia para descair na mais particular dorzinha mediatizada de um eu visionário tão comprometido como real que a sua fotografia surgia acima desta meia dúzia de versos anémicos ou numa sexta-feira à noite este desprezo de vómito por alguém se sentir tão facilmente encantado com o bafo da sua própria inteligência em detrimento do que teria chegado se fossem apenas três linhas da mais banal empatia de um qualquer empregado de escritório queixando-se em lugares-comuns da ruína dos dias poupando-se ao artifício de uma fórmula tão banalizada que deixou de me importar perceber ao certo o que é privilégio verbal
mas podia ser um pouco mais do que um poeta parvinho do século XXI passar a pente fino o global news podcast por falta de assunto mais popular do que o espartilho limitado de mais um poema ou a impressão evidente de que podia ser isto ou um saco de batatas ou mais um principiante sucumbre à baleia branda da inspiração
sacrificando toda uma inteligência de leitor para nos sentirmos todos contentes com mais um que desceu ao hades agradando tão inconsequentemente a homens, mulheres e animaizinhos,
podia bem ser não orfeu e eurídice mas só mais uma rapariga perdida no caminho numa das 365 variações possíveis da terra em redor da órbita do sol pouco seguido de nada em vez da mais absoluta esterildade de uma pretensão a equacionar de novo mais uma volta na morosa piscina do óbvio: a grande questão do poeta enquanto consciência colectiva
tanto e tão bem-intencionado ardor muito me tem anestesiado em versos cada vez mais despidos de significado
mais um génio tão original sucumbe ao lado mais sedutor do prosaíco na certeza de que o seu ímpeto nos conduzirá a todos ovelhas à beira do precipício ao sorriso satisfeito de uma verdadeira revelação comum
por exemplo: de que nenhum de nós quando isto não é mais do que entretenimento vale nada
-- Tatiana Faia in Um Quarto em Atenas
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Dicas para escrever um poema
1. Tenha um objetivo em mente
O primeiro passo para escrever um bom poema é ter um objetivo. Afinal, sem um destino, você não pode chegar a lugar algum.
A poesia é uma linguagem concisa e, como qualquer obra literária ou projeto em geral, é uma boa ideia você saber onde quer chegar. Caso contrário, suas palavras serão vagas.
Para ajudar nesta tarefa, pense no que você quer que o seu poema “faça”. Que tipo de reação você quer causar no leitor? Há algo em específico que você queira descrever? As respostas podem ser diversas. Por exemplo: “descrever uma experiência pessoal”, “protestar contra injustiças da sociedade”, “exaltar a beleza da natureza”, “provocar desconforto no leitor”.
Escolha um objetivo principal e guarde-o com você. Esse será o elemento central do seu poema.
2. Expresse o seu tema
Muito bem, você tem um objetivo, um elemento principal. Já está próximo de ter um tema definido para o seu poema. Um tema pode ser considerado a combinação de uma ideia com uma opinião. Por exemplo, o “amor” não é um tema por si só. “Amor é sofrimento”, por sua vez, já pode ser considerado um tema, ainda que um pouco pessimista.
O tema é uma afirmação. Uma ideia sobre um assunto. E, muitas vezes, podemos inclusive observar temas que persistem por movimentos literários inteiros. No romantismo britânico, por exemplo, havia o tema recorrente de como o homem se desconecta da natureza na vida adulta e que a literatura poderia ser o elo perdido. Esse tema caracterizava o movimento e trazia beleza e significado para os poemas. Ele era uma expressão da angústia pessoal dos poetas que transpassava até os leitores. Em outras palavras, o tema torna a poesia mais tangível, fortalecendo a conexão com o leitor.
Torne o seu objetivo em um tema e expresse suas ideias. Valerá a pena.
3. Estimule todos os sentidos
A poesia é muito mais do que texto, palavras. Ela deve estimular cada sentido do corpo humano. Visão, audição, olfato, toque, paladar e também o que vai além, como a nossa intuição e a maneira como absorvemos a realidade em constante movimento como um todo.
A beleza da literatura está justamente na capacidade de levar o leitor para outro lugar, onde cada sentido estará aguçado e nossa percepção estará voltada para os dilemas e conflitos levantados na obra.
Para provocar esse efeito no leitor, você deve escrever de maneira muito visual, imagética. Explore o cenário, explore os movimentos, explore os sons, os cheiros, cada elemento que leva o leitor até seu poema.
4. Use figuras de linguagem
As figuras de linguagem existem para enriquecer o idioma e tornar a nossa comunicação ainda mais vívida. Nada melhor do que usá-las na poesia, não é mesmo?
Um destaque especial vai para as comparações e metáforas. Isto é, quando afirmamos que algo ou alguém é parecido com outro ou quando substituímos um termo por outro a fim de provocar essa comparação, respectivamente.
Por exemplo, “meu pensamento é um rio subterrâneo” é uma metáfora. No caso, o pensamento não pode ser um rio subterrâneo, mas há semelhanças, como o fluxo de consciência que se assemelha ao fluxo constante do rio e a individualidade dos pensamentos, que não podem ser ouvidos por mais ninguém, assim como o rio não pode ser visto.
Quando usadas sabiamente, as figuras de linguagem podem enriquecer o poema ao tornar tudo menos óbvio e instigar o pensamento crítico do leitor, que possivelmente precisará refletir para compreender as semelhanças que validam determinadas metáforas, por exemplo.
5. Tome cuidado com as rimas
Infelizmente, rimar com excelência não é tão fácil quanto parece. Se não tomarmos cuidado, nossas rimas parecerão dignas de uma música infantil. No geral, não é bem esse o efeito que os poetas querem causar.
Logo, apesar das aventuras com rimas serem necessárias para o desenvolvimento de um poeta, recomendamos que, pelo menos no começo, você evite usar rimas demais. Vá com calma. Experimente o verso livre e, aos poucos, implemente elementos formais complexos na sua poesia.
Nas mãos de um poeta iniciante, existem elementos mais importantes do que a rima e a métrica. Foque nas palavras que escolhe, na mensagem que transmite, nos temas. E, então, conforme ganhar experiência, experimente rimas novas.
6. Revise sua poesia
Como toda obra literária, a poesia também precisa ser revisada. Talvez até mais do que a prosa, afinal, na poesia, cada palavrinha deve cumprir um papel específico no texto. Cada elemento deve ser essencial, até a última vírgula.
Assim como ao editar o próprio livro, recomendamos que você tome certas medidas antes de revisar. A primeira é deixar o poema de lado por uns tempos. Esqueça dele e, então, o revise com novos olhos e ouvidos, como se nunca o tivesse lido antes.
Leia em voz alta. Grave o poema e corrija. Mude sua experiência o máximo possível e não tenha medo de reescrever, mas sempre anotando as modificações sem descartar as versões anteriores.
Referência:
https://bibliomundi.com/blog/escrevendo-um-poema-em-10-passos/
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deixamalhar · 7 years
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Os melhores sambas-enredo da Unidos de São Carlos
Marco Antonio Antunes Rio Grande do Sul na Festa do Preto Forro - Unidos de São Carlos 1972 - Nilo Mendes e Dario Marciano ESTE SAMBA, SIMPÁTICO E EFICIENTE, MAS SEM MAIORES MÉRITOS POÉTICOS, EMBORA TENHA BELA MELODIA, DE QUANDO A ESTÁCIO AINDA ERA SÃO CARLOS, FOI O PRIMEIRO CONTEMPLADO COM O ESTANDARTE DE OURO, NUMA RESPOSTA BASTANTE SAUDOSISTA DOS JULGADORES, COMO, ALIÁS, DISSERAM ELES MESMOS À ÉPOCA NA TELEVISÃO. O PROBLEMA DESSA PREMIAÇÃO É QUE 1972 FOI O ANO DA MAIS ESPETACULAR COLEÇÃO DE SAMBAS DE ENREDO DA HISTÓRIA DO CARNAVAL, VEJA-SE A LISTA DE ALGUNS EXEMPLOS: Mangueira, nossa querida madrinha (SALGUEIRO), Martim Cererê (IMPERATRIZ), Alô Alô Taí Carmen Miranda (IMPÉRIO SERRANO), Ilu-Ayê (PORTELA), Onde o Brasil aprendeu a liberdade (VILA ISABEL). OS CINCO SOBREVIVERAM NA MEMÓRIA DO PÚBLICO, O VENCEDOR SUCUMBIU, MOSTROU-SE DATADO, SEM GRAÇA E ATRATIVOS. SEMPRE ME INCOMODA A VISÃO CRÍTICA QUE DESCONSIDERA O ÓBVIO: SAMBA É COMUNICAÇÃO, SE NÃO SE COMUNICA COM A ÍNDOLE OU CORAÇÃO POPULAR, É NO MÍNIMO UM SAMBA ALEIJÃO: FALTA-LHE PÉS E BOCAS, OS PÉS DO POVO PARA DANÇÁ-LO E AS BOCAS DA MULTIDÃO PARA CANTÁ-LO. A Festa do Círio de Nazaré - Unidos de São Carlos 1975 - Nilo Mendes, Dario Marciano, Aderbal Moreira ESTE SAMBA, DE QUANDO A ESTÁCIO AINDA ERA A UNIDOS DE SÃO CARLOS E TERMINOU EM MERO DÉCIMO LUGAR, É UM BISCOITO FINO (PARAFRASEANDO OSWALD DE ANDRADE) DA CULINÁRIA POPULAR. POUCOS SAMBAS ME DÃO AQUELA TRISTEZA POR NÃO TÊ-LOS VISTO CANTADOS NA AVENIDA, PORÉM ESTE É UM! FOI INACREDITÁVEL - GARANTE QUEM ESTEVE LÁ - OUVIR, NÃO SÓ A ESCOLA, MAS LOGO TODA A AVENIDA CANTAR UM QUASE HINO RELIGIOSO NA MAIOR FESTA PROFANA DO MUNDO! ''OH! VIRGEM SANTA, OLHAI POR NÓS! OLHAI POR NÓS, OH! VIRGEM SANTA, POIS PRECISAMOS DE PAZ!'' A IGREJA CATÓLICA, NA SUA ARROGÂNCIA DE SUPOSTA ZELADORA DA FÉ CRISTÃ, MUITAS VEZES VÊ NO SINCRETISMO COM A CULTURA POPULAR PREJUÍZO PARA A RELIGIOSIDADE OU MOTIVO DE ESCÂNDALO E CRÍTICA, QUANDO DEVERIA ACOLHER A OPORTUNIDADE DE BRAÇOS ABERTOS. NA FALSA PUDICÍCIA DE NÃO QUERER VER UM TEMA RELIGIOSO MISTURADO COM QUALQUER SUPOSTA NUDEZ DE PASSISTAS, JOGA A CRIANÇA FORA COM A ÁGUA DO BANHO! É TRISTE VER NOS ALTOS POSTOS DA IGREJA ESPÍRITOS TÃO TACANHOS! PODERIA HAVER MAIOR HOMENAGEM A JESUS, POR EXEMPLO, QUE ABENÇOAR O FAMOSO DESFILE DOS ''RATOS E URUBUS'' DA BEIJA-FLOR? ALGO DE EVANGÉLICO, VIVAMENTE EVANGÉLICO DESFILOU NAQUELE 1989, MAS VÁ CONVENCER UM ESPÍRITO NÉSCIO DE ALGO ASSIM! MAS VOLTEMOS AO SAMBA PRESENTE! A LETRA É MAIS DESCRITIVA QUE POÉTICA E O MELHOR DO SAMBA É, SEM DISCUSSÃO, A MELODIA! MAS, MESMO NESSA SIMPLICIDADE, A LETRA TEM SEUS ENCANTOS, COMO A IMAGEM TÃO FAMILIAR DO ROMEIRO IMPLORANDO À ''DONA'' PARA LHE AJUDAR! A BELA INVERSÃO DO VOCATIVO NO REFRÃO, O RITMO DE ESPIRAL NA DESCRIÇÃO DOS FESTEJOS E A CITAÇÃO DAS COMIDAS! PRIMOROSO SAMBA! BELA HOMENAGEM AO CÍRIO DE NAZARÉ! E ME DIGA HONESTAMENTE QUEM NÃO GOSTARIA DA IDÉIA DE VER ESSES SAMBAS MAGNÍFICOS SEREM NOVAMENTE UTILIZADOS COMO SAMBA DE ENREDO NA AVENIDA? É QUASE IMPOSSÍVEL, MAS EM ALGUNS CASOS SERIA FASCINANTE! E NÃO CONSIGO IMAGINAR NENHUM GRANDE PREJUÍZO AO SAMBA. TV E CINEMA FAZEM REMAKES E ALGUMAS VEZES ESSES SÃO MELHORES QUE O FILME OU A NOVELA ORIGINAIS. Quem é Você? (Vem De Lá) - Estácio de Sá 1984 - Darcy do Nascimento, Jangada, Dominguinhos do Estácio A IDÉIA DESTE SAMBA É A DE UM BAILE DE MÁSCARAS E A PERGUNTA TRADICIONAL DÁ NOME AO ENREDO. INSPIRADO EM BELO POEMA DE MANUEL BANDEIRA, A LETRA DO SAMBA É LEVE, COLORIDA, CARNAVALESCA E LÚDICA, MAS O GRANDE DESTAQUE VAI MESMO PARA A MELODIA DE MIL RECURSOS QUE SE RENOVAM, OU ASSIM PARECEM, A CADA NOVA ESTROFE. UM SHOW DE FANTASIA! Chora Chorões - Estácio de Sá 1985 - Djalma Branco, Caruso, Jangada, Djalma das Mercês ESTE SAMBA É UM DOS MELHORES DE TODOS OS TEMPOS DO CARNAVAL CARIOCA. ESTANDARTE DE OURO NO ANO, SEMPRE ACHEI QUE O SAMBA ERA POUCO CONHECIDO E LOUVADO PARA SUA ALTA QUALIDADE. HÁ QUEM CONSIDERE A MELODIA MAIS BONITA DOS SAMBAS DE ENREDO E, SE NÃO FOR, ESTÁ POR PERTO. APROVEITANDO-SE DO RITMO DO CHORINHO, GÊNERO HOMENAGEADO PELO ENREDO, O SAMBA ORA VIVAZ, ORA MATREIRAMENTE RALENTADO (COMO NO TRECHO DO URUBU MALANDRO), PROPORCIONA UMA VARIEDADE EXCEPCIONAL DE MOMENTOS MELÓDICOS E PERMANENTE SURPRESA. DO PONTO DE VISTA DE SUA LETRA, É SIMPLESMENTE PERFEITO! REALOCA O SIGNIFICADO DOS PRINCIPAIS TÍTULOS DE CHORINHOS EM NOVAS E INESPERADOS VERSOS, DANDO-LHE VIDA NOVA E TRAZENDO À TONA OS TÍTULOS DE MODO SUTIL, CARNAVALESCO, PLENO DE HUMOR! UM SAMBA A SER SEGUIDO! O Tititi do Sapoti - Estácio de Sá 1987 - Darcy do Nascimento, Djalma Branco, Dominguinhos do Estácio ESTE SAMBA E ESTE SITE TÊM UMA HISTÓRIA EM COMUM. EM PRINCÍPIO AFIRMEI QUE ELE, POR SER TIDO MAIS COMO MARCHA DO QUE COMO SAMBA DE ENREDO, NÃO FIGURARIA AQUI. NO ENTANTO, RECEBEMOS DIVERSOS E-MAILS RECLAMANDO DO CRITÉRIO E ESTÁVAMOS CONVICTOS DE MANTER A POSIÇÃO ATÉ QUE UM ARGUMENTO ME VENCEU A RESISTÊNCIA: O SAMBA MARCHEADO FOI UMA REALIDADE NO CARNAVAL DA DÉCADA DE 80. DEIXOU MARCAS. ESTE É O MAIS REPRESENTATIVO DA ESPÉCIE E DEVE CONSTAR PELO MENOS COMO REFERÊNCIA HISTÓRICA. E, COMO SE TUDO ISSO NÃO BASTASSE, A PRÓPRIA POLÊMICA DE SUA INCLUSÃO JÁ TORNA INTERESSANTE INCLUÍ-LO. AFINAL, A MELODIA É SENSACIONAL, O RITMO EMPOLGANTE E A LETRA, ESSA SIM, É DIGNA REPRESENTANTE DA MELHOR TRADIÇÃO DO SAMBA DE ENREDO! HISTÓRIA BEM CONTADA, FATOS INTERESSANTES, EXCELENTE ORDEM DE APRESENTAÇÃO, REFRÕES DE GOSTO POPULAR E ALGUNS MOMENTOS, NO MÍNIMO GENIAIS: ''D. João achou bom Depois que o sapoti saboreou Deu pra Dona Leopoldina A Corte se empapuçou (e mandou) E mandou rapidamente Espalhar no continente Até o Oriente conheceu E hoje no quintal da vida sou criança Me dá que o sapoti é meu'' TUDO ÓTIMO, MAS QUE É MARCHINHA, ISSO É! SEM DÚVIDA CARNAVALESCO, MAS SAMBA MESMO NÃO É! Paulicéia Desvairada - Estácio de Sá 1992 - Djalma Branco, Déo, Maneco, Caruso ESTE SAMBA, TRADICIONAL ATÉ A RAIZ, É DESCRITIVO, CANÔNICO, ÓBVIO EM MUITOS ASPECTOS, MAS EXATO, SEM EXAGEROS, SEM MANEIRISMOS DESNECESSÁRIOS. VAI AO PONTO EXATO DO QUE FOI A SEMANA DE ARTE MODERNA E O MODERNISMO COMO MOVIMENTO DELA CONSEQÜENTE: ''Mostraram ao mundo o perfil do brasileiro Malandro, bonito, sagaz e maneiro Que canta e dança, pinta e borda e é feliz E assim transformaram os conceitos sociais E resgataram pra nossa cultura A beleza do folclore E a riqueza do barroco nacional'' SEU DESTAQUE MAIOR, NO ENTANTO, É A BELEZA DA MELODIA E A CHARMOSÍSSIMA INCURSÃO MELÓDICA DE ''TREM DO CAIPIRA'' DE VILLA-LOBOS. O SAMBA ABORDOU UM TEMA POUCO POPULAR, FEZ O POVO CANTAR (E COMO CANTOU!) DEU SEU RECADO COM PERFEIÇÃO E GANHOU O CARNAVAL COM TODOS OS MÉRITOS POSSÍVEIS. A Dança da Lua - Estácio de Sá 1993 - Wilsinho Paz e Luciano Primo ESTE SAMBA ESTÁ INCLUÍDO NESTE SITE COM GRANDE DESTAQUE E MUITO PRAZER DESTE CRÍTICO EM PODER CHAMAR PARA ELE A ATENÇÃO DO GRANDE PÚBLICO, POIS NAQUELE ANO DE 93 O SALGUEIRO E O BELO SAMBA DA BEIJA-FLOR COLHERAM TODAS AS ATENÇÕES. MAS O SAMBA DA ESTÁCIO NÃO DEVE SER ESQUECIDO POIS SUA CONSTRUÇÃO SE DEU SOBRE UM POEMA BRILHANTE DE SEUS AUTORES. DE NOVO A ESTÁCIO FAZ UM SAMBA TRADICIONAL, UM SAMBA DE ENREDO NOS MOLDES DA ANTIGA TRADIÇÃO, MAS O FAZ COM PERFEIÇÃO, COM RARO BRILHO E COM MELODIA SIMPLESMENTE IMPRESSIONANTE! POUCAS VEZES A BATERIA FOI TÃO EXIGIDA PELO SAMBA! E QUE BATIDA MAIS GUERREIRA! É EXTREMAMENTE DIFÍCIL ATUAR SOBRE UMA LENDA INDÍGENA, EM ESPECIAL PORQUE SUA CONSTRUÇÃO, EM GERAL, TEM POUCO APELO POPULAR! QUASE TODOS QUE TENTARAM CAÍRAM NA INCOMUNICABILIDADE. NÃO AQUI! A LENDA CARAJÁ DE TEOR COSMOGÔNICO USANDO AS 4 FASES DA LUA ESTÁ CONTADA COM RIGOROSA PERFEIÇÃO DRAMÁTICA E FILIAÇÃO MITOLÓGICA E SIMBÓLICA! TUDO PERFEITO, COM DESTAQUE PARA A ESTROFE ABAIXO, QUE CHEGA A DAR ARREPIO: ''Dragão lunar me conceda, o prazer de contemplar Estas deusas que estão sob sua proteção Que a Lua Minguante não tarda a chegar Quando vier, reduzirá a claridade Trará consigo a maldade, o zodíaco dançará As bruxas negras casarão com Satanás Muita orgia e algo mais, um verdadeiro sabá''. SAARA, A Estácio Chegou no Lelelê de Alalaô - Estácio de Sá 1994 - Fininho, Pereira, Edmilson e Marinho ESTE SAMBA DE TEMA QUE SE REVELOU MAGNIFICAMENTE CARNAVALESCO É UMA PÉROLA DA ESTÁCIO! O TEMA É A REGIÃO DO RIO CONHECIDA COMO SAARA ONDE PREDOMINAM LOJAS COMERCIAIS DE PRODUTOS BARATOS, EM GERAL, DE PROPRIEDADE DE IMIGRANTES DO ORIENTE MÉDIO E EUROPA ORIENTAL, POR ISSO MESMO GANHOU ESSE NOME. O SAMBA É MUITO FELIZ AO RETRATAR OS COSTUMES E SÍMBOLOS DESSA MASSA DA POPULAÇÃO COMO, POR EXEMPLO, SÃO JORGE, CUJA INDEFECTÍVEL IMAGEM SEMPRE ESTÁ NO ALTO DESSAS LOJAS. COSTUME DE SINCRETISMO RELIGIOSO NO MÍNIMO ENGRAÇADO! O SAMBA TEM MELODIA MUITO VIRTUOSA E VERSÁTIL QUE ALTERNA GRAÇA, EMPOLGAÇÃO E VIBRAÇÃO. TEM UM CERTO ASPECTO DE MARCHA, MAS NÃO FOGE TANTO DO SAMBA COMO O ''TITITI DO SAPOTI'' E É, COMO COMPOSIÇÃO, BASTANTE SUPERIOR ÀQUELA.
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cowg1rldyke · 7 years
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31 dias. fazem 31 dias que eu te namoro, e ainda acho curioso como cada um deles é algo novo pra mim. como eu posso te dizer isso? não sei ao certo, mas nosso relacionamento não caiu na rotina em nenhum desses 31 dias, e tudo acontece tão naturalmente desde então. não vou escrever esse texto pra você, amor, com o intuito de te impressionar com o quão boa eu posso ser escrevendo ou botando palavras de certo modo, que, tu se admire com o que eu tenho pra falar. vou ser sincera; eu sempre tento, aliás. falar algumas coisas que ainda passam batido por mim, mesmo eu tentando te reafirmar os meus sentimentos mais puros por ti, diariamente. hum, esses dias eu estava procurando coisas aleatórias e fazendo algumas pesquisas, como eu sempre faço, por pura curiosidade, e me deparei com alguns poemas e cartas de amor do Scott Fitzgerald para a Zelda, e vice-versa. isso pode não parecer tão coeso com o contexto do que eu estou te falando, mas vou te contextualizar. duas frases, na verdade. a primeira é a seguinte: de zelda, para scott: "There’s nothing in all the world I want but you and your precious love. All the material things are nothing. I’d just hate to live a sordid, colorless existence because you’d soon love me less and less and I’d do anything — anything — to keep your heart for my own. I don’t want to live—I want to love first, and live incidentally… Don’t—don’t ever think of the things you can’t give me. You’ve trusted me with the dearest heart of all—and it’s so damn much more than anybody else in all the world has ever had." e a segunda, do scott, para a zelda: "I love her, and that's the beginning and end of everything." a primeira, bom, me lembrou você pelo fato da penúltima e última sentença serem cruamente verdadeiras, além do resto da frase, obviamente. thaline, não pense nas coisas que você não pode me dar, e ressalte as que tu oferece. veja quanta felicidade radia apenas da sua presença ou existência. sei que tem dias que fica difícil visualizar como sua peculiaridade é especial, não parece nada mais que um fardo, mas ela é. no caos, tudo parece uma bagunça, inclusive você mesma. é compreensível. sua existência é a minha coisa favorita nesse mundo. não gosto de tirar precipitações por impulso, porém, se algumas das coisas que você me diz forem realidade, o amor que você sente por mim é algo jamais dado pra outra pessoa, o que me faz sentir singular e especial. nenhuma outra pessoa será como você, e meu amor nunca seria o mesmo. o que nós temos pode ser efêmero ou duradouro, imprevisível de dizer, mas que não irá mais acontecer em outras experiências, disso eu tenho certeza. o quão grande é o privilégio de poder ser amada sem se esperar nada em troca? isso é a coisa mais pura que eu já recebi, sem exagero. obrigada por confiar em mim sem esperar nada em troca. já a segunda, é uma citação bastante marcante do fitzgerald pra mim. parece que eu sei exatamente sobre o que ele está falando, sabe? tu é meu início e meu fim. no início do dia, pela manhã, é você a quem eu recorro; no final, nada mudou. o meu conforto está contigo, e eu boto isso na minha cabeça, pra me ajudar a suportar um bocado dos meus problemas. não só os problemas. tudo. tocar minha vida fica muito mais leve só de te ter por perto. você despertou algo realmente bom dentro de mim, iniciou algo novo, e no âmbito mais profundo da minha consciência, eu espero que ainda seja você no final. e no meio. as coisas se resumem a ti ultimamente. olha, para e reflita sobre tudo que eu te falei ao longo desse curto período de tempo que tivemos a oportunidade de conviver. se você não me merecesse como diz que não merece, tudo isso que eu estou escrevendo não sairia em palavras. eu estou tentando mapear cada vez mais suas qualidades e defeitos. sua fragilidade e ao mesmo tempo força. todavia, diferente do que tu pensa, a tua transparência não me assusta. eu não quero fugir ao te conhecer. acredito que esse receio seja pelo fato dos outros traumas que você já vivenciou. eu sinto muito, de verdade, mas eu não sou como as outras pessoas. como eu já falei, não está nas minhas mãos te fazer ficar melhor ou colar seu coração de volta, a melhor vem de dentro pra fora, e não ao contrário, mas as suas angústias podem ser compartilhadas comigo sem medo. meu amor é seu lugar seguro. a linha entre segurar e desistir de tudo, desabar, é muito tênue, eu concordo. as coisas são assim. a felicidade não é constante, apesar disso parecer óbvio, os pequenos momentos são tão rápidos que acabam passando despercebido, e ás vezes fazem falta pra dar significado à nossa existência em si. o que eu quero, é te proporcionar momentos duradouros, lembranças e planos, e cultiva-los. tu me disse que era difícil esperar coisas do futuro, e eu não vou te cobrar isso, é algo caraterístico seu, só pensa em como seria bom fazer com que várias das coisas que a gente projeta se concretizassem. só pensa. fica bem por ti, acima de tudo. a pessoa que mais te conhece e mais te merece. porque você precisa ficar. eu sou só um dos pilares pra estar te dando base nesse processo. eu admiro a pessoa que você é. dedicada e esforçada, com suas limitações, óbvio, mas todo mundo tem. todo mundo tem seu tempo distinto pra se encontrar ou se orientar. viva a sua vida regendo-a com suas próprias regras, não em função do que outras pessoas podem pensar. não tenha vergonha disso, ou muito menos ache que eu quero que tu seja de x jeito. não se sinta incapaz por isso, ou tenta. enfim, me desculpa por falar tanto, eu te amo, e falar isso nunca será o suficiente bastante. agradeço por você ter tido a coragem de me pedir em namoro aquela noite. eu costumo a escrever bastante, porque me ajuda a ter certeza do que eu estou passando no momento. normalmente, não sou uma pessoa enigmática, só perdida, por isso fica complicado compreender o que se passa comigo, pelo fato de nem eu saber, de tempos em tempos. não me encaixo em lugar algum, não me sinto parte do universo, menos quando você está comigo. quando isso acontece, nesse caso específico, com ti, não há lugar mais adequado para estar. é uma das únicas ocasiões que eu sinto aquilo que chamam de "casa". casa é um lugar que deveria te fazer sentir pertencida, portanto, eu cheguei a conclusão que minha casa é tu. quero estar aqui por livre espontânea vontade. em qualquer tempo, sempre sua. c
#t
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blesstheswag · 7 years
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Eu sei a tua cor favorita.
eu e as insónias tirámos um tempo pra te dizer tudo o que eu sei sobre ti. pra te dizer que eu estive aqui. estive mesmo. até estive quando pensaste que eu não estava, ou quando pensaste que eu não ligava ou não tinha interesse. eu estive sempre aqui.
estive aqui e pude reparar que os teus olhos não são sempre azuis. pude reparar que ás vezes têm rasgos de verde e de algo que me parece ser cinzento. cores não concretas aos meus olhos sabes? são um azul assim. não concreto.
tive tempo pra ver que há uma coisa que acho super giro nas tuas mãos mas que tu não vais achar piada. tens tipo, umas mãos gordinhas! acho querido. visto que as minhas mãos são todas estranhas e magras e com dedos tortos e cenas assim. (iguais ás do meu pai por sinal). gosto das tuas unhas. do facto de perderes tempo a arranjá-las. (sim eu gozo porque eu não perco propriamente tempo a pintar as minhas mas, sei apreciar o facto de o fazeres ás tuas mesmo quando brinco com a situação).
consegui perceber que tens muros. montes deles. mesmo quando dizes que eu é que os tenho. (e sim tenho). mas tu também. consegui perceber que os teus muros vêm contigo desde cedo e, é normal. dados alguns factos. respeito-os. não os ignoro, não me são indiferentes, não me ficaram esquecidos. pelo contrario, respeito-os demasiado pra ter coragem de tocar neles. e sei que pra ti isso não faz sentido. sei que pra ti eu sou toda um meio segredo e uma meia incógnita. desculpa por isso. não intencional. de qualquer forma, os teus muros dizem muito sobre ti. tal como os meus dizem sobre mim. pra tudo basta compreender. basta querer compreender. basta ver pra lá do que é exterior.
eu já vi o teu interior. tu já choraste e, eu já vi. e confesso que foi a sensação mais impotente, trémula, ridícula, e aflitiva que tive contigo. (safei-me bem né? no meio do desastre que eu tive mental e emocional naquele momento acho que até me safei bem). foi… difícil. juro que foi difícil. eu não tenho grande jeito para lidar com situações que mexam demasiado com o meu interior. confesso que não tenho e, peço-te desculpa por isso. eu achava-te (acho-te) uma pedra. não leves a mal. é metafórico. mas acho. não sei chegar a ti. (e acredita que era o que eu mais queria). parece que afinal não sei mas, naquele momento? naquele momento eu posso não ter chegado a ti na totalidade da forma mas, tu chegaste a mim. porque naquele momento tu não eras uma pedra. tu eras mesmo tu. e foda-se, na minha cabeça tava um eco: “oh fuck, ela está a chorar. tipo reage! o que é que eu faço? pfv não chores” … eu era isto. toda eu era isto. mas reagi. e ainda assim aquela cena de sentir-me triste por tu estares triste naquela hora não passava. alte cena gay na minha cabeça sabes? alte cena de preocupação, de proteção de… algo bom. alte cena de.. não sei explicar mas.. parte-me o coração ver-te chorar.
eu tive tempo (pouco) e cuidado (muito) e espaço (algum) pra reparar inclusive em tudo o que te faz rir. e melhor, em tudo o que te faz sorrir. falar dos meus putos, elogiar-te sem estares á espera, mandar piropos ridículos, gozar com o teu “bom humor” matinal, dizer que as minhas calças me estão podres de apertadas, fazer-te cócegas, olhar fixo durante algum tempo pra ti…etc etc etc… podia eventualmente ficar aqui a escrever muito mais porque é de longe a minha parte favorita mas, continuando.
gosto da tua simplicidade. do teu lado feminino que diz “sa foda, vou de sapatilhas”. gosto do facto de depois olhar pra ti e estares linda na mesma. com salto, sem salto. com vestido, sem vestido. com decote, sem decote. com batom, sem batom. linda de bonita percebes? tipo, linda pelo teu todo. pelo teu lado sem roupa. pelo teu lado de dentro. linda nesse sentido. e depois, bonita. pela tua cara. pelo formato dos teus lábios juntamente com a cor dos teus olhos e a passar pelo comprimento das pestanas e... sei lá. linda e bonita. “linda de bonita”, percebes?! simples. (mas complexa). simples. (mas pormenorizada). simples (mas cuidada). simples. gosto do teu cabelo. Fuck, gosto mesmo do teu cabelo! Gosto quando está esticado e solto e dá pra ver todo o comprido que é. Gosto quando está preso ao alto. Gosto do facto de ser tão escuro a comparar com os teus olhos. Gosto do teu cabelo. gosto do teu sotaque. Gosto de gozar com ele é certo, mas gosto dele. Gosto da forma que consegues ser bruta e engraçada ao mesmo tempo por causa do sotaque. Gosto da “tua ponte” só não gosto da distância que há entre eu e ela. Gosto da “tua cidade”, só não gosto das três horas que a afastam da “minha”.
deu pra saber que és atenta. bastante. e odeias que eu não seja tanto áquilo que tu mais és. (eu sou mesmo muito observadora posso garantir-te. e atenta também, ainda que eu dê mais atenção a algumas coisas que tu não dás tanto e vice-versa). eu sou atenta a coisas que os outros normalmente acham estúpido. o nome das deusas da lua. pergunta-me. sei todos. o dia de anos dos meus sobrinhos. o dia de anos da minha afilhada. o dia dos teus anos. o dos meus avós tenho tendência a esquecer-me. tal como os dos meus tios. tal como de muitas das minhas grandes amizades. (eu sei, sou um desastre com algumas datas. mas adoro a minha família. não é mesmo por mal.) sei o dia de anos dos meus pais. sei de cor alguns 50 poemas de fernando pessoa. sei o significado de vários símbolos. até daqueles que ninguém se interessa. sei muito sobre signos. sei com facilidade muitas letras de musica. Sei pormenores sobre o espaço lunar e ridicularidades sobre cada um dos planetas. Sei quantas vezes por segundo batem as asas de um beija-flor. Sei o que te irrita. Sei o que te entristece. Sei o que te assusta. Sei quando estás a ficar com a birra do sono. Sei o número da porta da tua casa. Sei a cor do cabelo da tua mãe. Sei o significado da tua tatuagem. Sei que não queres casar. sei a tua cor favorita…
tive hipótese de ver que tu és realmente forte. eu aprecio isso em ti. chegas a sê-lo demasiado. (se é que entendes o que quero dizer). forte ao ponto de ninguém dar conta do que sentes ou não sentes e forte ao ponto de achar que quase ninguém te consegue magoar. (só a tua família). a tua mãe. acredito que a tua mãe seja talvez a pessoa que terá mais facilidade em magoar-te alguma vez e ao mesmo tempo a pessoa que terá mais dificuldade (por motivos óbvios). primeiro, porque nunca o quererá fazer. segundo, porque é a tua família e a pessoa mais dentro de ti, logo, o teu lado mais sensível provavelmente. eu respeito isso. é sério que dou realmente valor a isso. e espero que nunca tenhas pensado sequer o contrário.
tive a hipótese de ver que és teimosa. que és inteligente. que és exigente. que és mimada (não no mau sentido, já to tinha dito). que és mimosa (raro, difícil, óptimo e só e apenas quando queres mas, és). que és cativante. que és direta. que és bruta. que és mole na hora do sono. que és rabugenta de manhã. que és querida quando queres e pra quem queres. que és intimidante ás vezes. irritante. desconcertante. leal aos teus amigos. preocupada. interessante. sabes ser bastante extrovertida quando queres. sabes ser gozona. Sabes atrofiar-me a dançar funk. sabes ser diferente. Sabes fazer-me não querer errar. sabes como mexer comigo. sabes como me tirar do sério. sabes os meus medos mais escondidos. sabes muitas das minhas fraquezas. conheceste a minha maior fraqueza e ao mesmo tempo a minha maior fonte de força. achas que viste parte do meu pior lado mas na verdade conheceste parte do meu melhor. soubeste chegar. soubeste entrar. soubeste pedir licença e ao mesmo tempo soubeste invadir. soubeste fazer-me querer levantar os meus muros e logo de seguida soubeste fazer-me baixá-los. soubeste surpreender-me tal como eu soube fazer-te surpresas. quase que soubeste melhorar-me. (e é tão frustrante e estranho pensar que acreditei realmente nisso). soubeste puxar pelo meu lado que eu achava que já não tinha. soubeste (quase) esperar pelo meu melhor lado. confesso até que tiveste parte dele. mesmo. deste-me a oportunidade de gostar de ti. ganhaste a oportunidade de gostar de mim. (confesso que nem sei bem o quanto gostaste ou não gostaste agora não consigo sequer ter uma noção mas…)
soubeste fazer-me querer ficar. soubeste dizer-me que a ideia de eu ficar agradava-te. e depois soubeste não ficar.
“se eu começo a gostar de ti mato-me” , lembras-te?
é que visto que eu me lembro, é suposto fazer o quê agora? é que é cedo pra morrer. e é cedo pra desesperar. é cedo pra achar que é tarde demais e, ao mesmo tempo é cedo pra pensar positivo visto que, do outro lado estás tu. e tu és oficialmente o lado que nunca vai ceder a nada por nada e muito menos por mim.
resumindo, só pra dizer que, eu estive aqui. estive realmente aqui. dizem que quem gosta fica mas, na minha vida, a única pessoa que tem ficado a gostar sou eu. tenho ficado a gostar da ideia de que alguém chegue e fique. tenho ficado a gostar de estar á espera. tenho ficado a gostar de ficar sozinha. tenho ficado a gostar de estar na minha. tenho ficado a gostar de acreditar que quem realmente gosta, fica. mas só eu é que tenho ficado. eu estava a gostar de ficar na tua. (é ridículo pensar que acreditei que também estavas a gostar de ficar na minha?). eu fiquei a gostar de acreditar que tu ias realmente fazer diferente. fazer a diferença. eu fiquei só a gostar de pensar que tu também ias gostar de ficar. eu fiquei (só) a gostar.
e olha, eu sei a tua cor favorita.
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bookkf · 4 years
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Não fale palavras de amor
Não tenha pressa de estabelecer uma ordem imediata, não queira definir isso que surge e vem em tantos ritmos. Algumas manhãs invade as janelas, em outras é bicho arredio.
Não desague tantos planos, não faça tantas promessas, não acredite no tempo, não encontre significados óbvios nos encontros do acaso. Foi tudo uma coincidência, bonita, mas sem razões além de si mesma.
Tenhamos sim olhos de perceber as bonitas coincidências e vive-las. Vivemo-las acima de tudo, agora. Não vamos confisca-las, captura-las, prega-las nas pareces da memória, emolduradas com bonitas palavras de amor. Já tão gastas. E dizer que foi o destino. Decoremos nossa memória com artefatos mais rústicos, menos lineares. Com imagens sem vernáculos. Com palavras menos cheias e corrompidas. Pois nosso existir juntos é movimento, se dá pelos olhos e não pelas convenções. E os olhos às vezes sorriem, às vezes desaguam, às vezes nascem, às vezes se fecham.
Não fale palavras de amor.
As palavras embrulham o amor, envolvem o amor, sobrecarregam o amor, escondem o amor. As palavras de amor se tornam o amor. E o amor vira só casca, bela fachada. As palavras pesam. Porque represam o que era livre. As palavras de amor me culpam, me tornam responsável por aquilo que cativei. Mas cativei com olhos! Não com palavras. Não traduza os olhares com palavras desse calão.
Não me fale palavras de amor.
Me fale palavras nuas, cruas, de vento, de deserto, de bicho sem alfabeto, de som de passarinho. Liberte as palavras de bobo, esqueça as de sábio.
Eu sei eu sei, escrevo, como não haveria de saber. Traduzir sentimentos em palavras é prolongar belezas, é mantê-las um pouco mais perto de nós, é poder admira-las mais vezes e com isso atar o sentimento. Falemos sim dos sentimentos! Esse sentimento que surge em tantos ritmos, às vezes invadindo as janelas, às vezes sendo bicho arredio. Falemos de sentimentos.
Mas não falemos as benditas palavras de amor.
Essas palavras que só querem concretizar as janelas invadidas e suprimem os bichos arredios.
A intensidade dos oceanos está no quebrar das ondas mas também no intervalo entre uma quebra e outra.
Não fale palavras de amor que são só ondas, explosão.
Me dê um poema mexicano e oriental. Tudo na mesma folha. A veemência de um Neruda nas três linhas de um haiku.
Sejamos intensos e inofensivos. Sejamos silêncios prolixos. Sejamos vendavais descomedidos.
Mas não sejamos palavras de amor.
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annacorreiasouza · 5 years
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Como mandar bem nas provas de inglês e espanhol no Enem
Gabaritar inglês e espanhol no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) pode se revelar um desafio e tanto. Muitos alunos não costumam dar a devida importância a essa parte da prova de Linguagens, o que faz com que acabem caindo nas famosas “pegadinhas”. O resultado? Um desempenho que deixa bastante a desejar.
Por outro lado, acertar tudo nas provas de língua estrangeira do Enem pode alavancar a sua média geral no exame e contribuir de maneira significativa para o seu ingresso no ensino superior, pode acreditar!
Quer aprender como mandar bem nas provas de inglês e espanhol no Enem? Confira abaixo as dicas do SEB (Sistema Educacional Brasileiro).
A escolha da língua estrangeira (inglês ou espanhol) é realizada no momento da inscrição. Independentemente de sua decisão, o número total de questões de idioma estrangeiro é o mesmo: cinco. Além disso, os enunciados das questões e as alternativas de respostas são redigidos em português ― o que já é uma boa vantagem, certo?
Leitura minuciosa e atenta
Apesar das famosas “pegadinhas”, que todos os anos dão um jeito de aparecer nas provas de língua estrangeira do exame, a verdade é que as cinco questões baseiam-se quase que exclusivamente em interpretação. Ou seja, é imprescindível que você entenda a ideia central dos textos apresentados.
E para ficar craque nesse quesito, não poupe esforços durante o ano e pratique a leitura de textos no idioma que você escolheu ― sites de notícias, artigos, poesias e charges são ótimas fontes de estudo. Consuma o máximo de conteúdo que puder na língua estrangeira.
Atenção redobrada
Às vezes, por puro nervosismo, as pessoas acabam tendo dificuldades em captar as ideias centrais dos textos apresentados na prova e deixando passar batido informações relevantes, que estão “na cara”. A consequência? Uma questão correta a menos.
Fique ligado nos termos em negrito ou itálico e nas primeiras palavras de cada parágrafo. São excelentes indicativos de qual é a linha de raciocínio principal do texto.
Provas anteriores
Essa dica, na verdade, vale para qualquer matéria abordada no Enem. Para pegar o jeito e estar mais acostumado com o tipo de abordagem do exame, poucas estratégias são mais eficientes do que realizar provas de anos anteriores. Além disso, esse tipo de treino amplia seus conhecimentos e o vocabulário no idioma selecionado.
Cuidado com as armadilhas
Elas são famosas porque enganam milhares de estudantes que prestam o Enem a cada ano. Especialmente na prova de espanhol, em função de sua grande semelhança gramatical com a língua portuguesa, cair em armadilhas é muito fácil se você não estiver atento.
Mande bem na prova de espanhol
Ao contrário do que muita gente pensa, não é pelo fato de ter muitas semelhanças com o português que o espanhol chega a ser um idioma mais fácil de aprender do que o inglês. É exatamente nesse tipo de raciocínio que mora o perigo!
Confira abaixo como não ser pego de surpresa na prova de espanhol:
Como o artigo definido feminino em espanhol é “la”, não é raro que muita gente pense que o seu equivalente masculino seja “lo”. Entretanto, isso não é correto.
“Lo” é um artigo neutro, sem equivalente na língua portuguesa. Ele é utilizado para substantivar advérbios ou adjetivos. O artigo definido masculino em espanhol é “el”.
“Oficina”, “pelado” e “vaso” parecem palavras com significado óbvio, não é mesmo? Mas saiba que em espanhol elas querem dizer “escritório”, “careca” e “copo”, respectivamente. Fique atento nos heterossemânticos.
Mande bem na prova de inglês
A prova de inglês do Enem baseia-se em compreensão de textos por meio de trechos de músicas, charges, notícias e poemas escritos nesse idioma. Tendo isso em vista, separamos algumas sugestões muito valiosas para você arrasar.
A palavra “realize” (que quer dizer “perceber”, e não “realizar”) e “policy” (que significa “política” e não “polícia”) são alguns exemplos de falsos cognatos na língua inglesa. Fique de olho neles, ok?
Trata-se de uma charge? Então você já deve saber de antemão que, geralmente, ela traz um texto de humor crítico. Fique atento também às expressões faciais e aos movimentos dos personagens retratados na historinha. Eles lhe darão uma excelente indicação sobre a ideia central da charge.
Se a questão trouxer uma notícia, é necessário ficar atento ao título e subtítulo, que trazem o conteúdo central do texto explicitamente. Caso apareça um trecho de música, deve-se levar em consideração quem a compôs, período histórico e a qual estilo musical pertence, para poder entendê-la completamente.
Curtiu? Continue lendo no blog Novos Alunos para saber mais dicas de como arrasar nas provas de inglês e espanhol. 
Veja também: Enem: 8 dicas para otimizar seu desempenho na reta final
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Como mandar bem nas provas de inglês e espanhol no Enem
Gabaritar inglês e espanhol no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) pode se revelar um desafio e tanto. Muitos alunos não costumam dar a devida importância a essa parte da prova de Linguagens, o que faz com que acabem caindo nas famosas “pegadinhas”. O resultado? Um desempenho que deixa bastante a desejar.
Por outro lado, acertar tudo nas provas de língua estrangeira do Enem pode alavancar a sua média geral no exame e contribuir de maneira significativa para o seu ingresso no ensino superior, pode acreditar!
Quer aprender como mandar bem nas provas de inglês e espanhol no Enem? Confira abaixo as dicas do SEB (Sistema Educacional Brasileiro).
A escolha da língua estrangeira (inglês ou espanhol) é realizada no momento da inscrição. Independentemente de sua decisão, o número total de questões de idioma estrangeiro é o mesmo: cinco. Além disso, os enunciados das questões e as alternativas de respostas são redigidos em português ― o que já é uma boa vantagem, certo?
Leitura minuciosa e atenta
Apesar das famosas “pegadinhas”, que todos os anos dão um jeito de aparecer nas provas de língua estrangeira do exame, a verdade é que as cinco questões baseiam-se quase que exclusivamente em interpretação. Ou seja, é imprescindível que você entenda a ideia central dos textos apresentados.
E para ficar craque nesse quesito, não poupe esforços durante o ano e pratique a leitura de textos no idioma que você escolheu ― sites de notícias, artigos, poesias e charges são ótimas fontes de estudo. Consuma o máximo de conteúdo que puder na língua estrangeira.
Atenção redobrada
Às vezes, por puro nervosismo, as pessoas acabam tendo dificuldades em captar as ideias centrais dos textos apresentados na prova e deixando passar batido informações relevantes, que estão “na cara”. A consequência? Uma questão correta a menos.
Fique ligado nos termos em negrito ou itálico e nas primeiras palavras de cada parágrafo. São excelentes indicativos de qual é a linha de raciocínio principal do texto.
Provas anteriores
Essa dica, na verdade, vale para qualquer matéria abordada no Enem. Para pegar o jeito e estar mais acostumado com o tipo de abordagem do exame, poucas estratégias são mais eficientes do que realizar provas de anos anteriores. Além disso, esse tipo de treino amplia seus conhecimentos e o vocabulário no idioma selecionado.
Cuidado com as armadilhas
Elas são famosas porque enganam milhares de estudantes que prestam o Enem a cada ano. Especialmente na prova de espanhol, em função de sua grande semelhança gramatical com a língua portuguesa, cair em armadilhas é muito fácil se você não estiver atento.
Mande bem na prova de espanhol
Ao contrário do que muita gente pensa, não é pelo fato de ter muitas semelhanças com o português que o espanhol chega a ser um idioma mais fácil de aprender do que o inglês. É exatamente nesse tipo de raciocínio que mora o perigo!
Confira abaixo como não ser pego de surpresa na prova de espanhol:
Como o artigo definido feminino em espanhol é “la”, não é raro que muita gente pense que o seu equivalente masculino seja “lo”. Entretanto, isso não é correto.
“Lo” é um artigo neutro, sem equivalente na língua portuguesa. Ele é utilizado para substantivar advérbios ou adjetivos. O artigo definido masculino em espanhol é “el”.
“Oficina”, “pelado” e “vaso” parecem palavras com significado óbvio, não é mesmo? Mas saiba que em espanhol elas querem dizer “escritório”, “careca” e “copo”, respectivamente. Fique atento nos heterossemânticos.
Mande bem na prova de inglês
A prova de inglês do Enem baseia-se em compreensão de textos por meio de trechos de músicas, charges, notícias e poemas escritos nesse idioma. Tendo isso em vista, separamos algumas sugestões muito valiosas para você arrasar.
A palavra “realize” (que quer dizer “perceber”, e não “realizar”) e “policy” (que significa “política” e não “polícia”) são alguns exemplos de falsos cognatos na língua inglesa. Fique de olho neles, ok?
Trata-se de uma charge? Então você já deve saber de antemão que, geralmente, ela traz um texto de humor crítico. Fique atento também às expressões faciais e aos movimentos dos personagens retratados na historinha. Eles lhe darão uma excelente indicação sobre a ideia central da charge.
Se a questão trouxer uma notícia, é necessário ficar atento ao título e subtítulo, que trazem o conteúdo central do texto explicitamente. Caso apareça um trecho de música, deve-se levar em consideração quem a compôs, período histórico e a qual estilo musical pertence, para poder entendê-la completamente.
Curtiu? Continue lendo no blog Novos Alunos para saber mais dicas de como arrasar nas provas de inglês e espanhol. 
Veja também: Enem: 8 dicas para otimizar seu desempenho na reta final
Como mandar bem nas provas de inglês e espanhol no Enempublicado primeiro em como se vestir bem
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luiscarmelo · 5 years
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Os novos misticismos
Tentar explicar uma realidade que não caiba nas palavras (ou nas possibilidades mais vastas da linguagem humana) pode conduzir a dizer, não o que ela é, mas aquilo que ela não é. Por outras palavras: em vez de o raciocínio avançar com as características que seriam próprias dessa realidade (e com analogias várias que a sugerissem), prefere antes enumerar o que ela certamente não é (negando e interrogando, ao mesmo tempo). Aplicado a deus, este método denomina-se teologia negativa; na retórica recebeu a feliz designação de apófase.
O ‘Cântico Negro’ de José Régio popularizou a fórmula com versos que se tornaram famosos, o que não deixa de ter a sua graça: “Não sei para onde vou/ Sei que não vou por aí!”. São Tomás de Aquino também recorreu abundantemente a esta prática, mas ela acabou sobretudo por ficar conotada com a tradição mística, caso de Johannes Scheffler (1624-1677), por exemplo.
O Verão, redundantemente apelidado de “silly season”, é um período associado a uma menor densidade de carga informativa. Trata-se de um fenómeno recente que não se adequaria, com toda a certeza, à era de quase ininterrupta devastação que ligou duas das datas fundamentais do século passado: 1918 a 1945. Antes do assassinato de Sarajevo, a alegada “agenda informativa” não tinha o peso, nem o significado de pedra angular que adquiriu dos anos sessenta para cá. De forma que o tráfico comunicacional da expressão “silly season” é filha do presente imediato e seria incompreensível fora das fronteiras da nossa época.
Por vezes, penso na sorte tremenda que é ter vivido, até hoje, sem me ter cruzado com uma guerra (ou com os seus efeitos directos na pele). Por vezes, penso como é frágil pronunciar e comunicar expressões como é o caso dessa idiota “silly season”.
Uma tal expressão quer essencialmente dizer que, entre Julho e Agosto, o mundo deve ser esquecido, removido, desclassificado. A anestesia a que os veraneantes são convidados coloca as greves como um pano de fundo divertido, as mortes no Mediterrâneo como lance para extraterrestres e as quedas nas bolsas enquanto episódios para esquecer a meio do hipnótico ‘zapping’ diário. Por outras palavras: a “silly season” é uma teologia negativa, porque é um modo prático e chão de dizer o mundo pelo que ele não é.
Há contudo algo que não bate certo. A teologia negativa só existe na medida em que os humanos se encontram face a uma realidade que não conseguem traduzir (que não cabe nas possibilidades da linguagem). Quando se traduz, intenta-se uma aproximação entre dois registos, pratica-se amizade. Quando nem se consegue traduzir, é porque estamos face a qualquer coisa de que não sentimos proximidade e que se torna, portanto, inexplicável, distante. A pergunta é: qual é ‘essa coisa’ que os veraneantes não conseguem entender e que os leva em massa para esta espécie de profana e elementar teologia negativa?
A resposta parece-me clara: a turba afirma claramente e sem complexos que não entende, nem pretende entender o mundo e por isso o apaga neste recente ritual dos meses de verão.
Na larga maior parte da história dos humanos, sempre houve grandes perguntas e grandes respostas, isto é: valores óbvios, referenciais. Foi por isso que surgiu a filosofia e foi por isso que surgiram mil e um mandamentos religiosos ou ideológicos, pelo menos desde que, no alvor do mundo moderno, o homem (e não a transcendência) se colocou como objecto por excelência a ser investigado pelos saberes. O nosso tempo saiu dessa fornada de aflições carregadas de sentimento de dever. Os veraneantes querem é que não os chateiem, querem é que os deixem em paz a arrastarem os carros pelas auto-estradas, querem é que os deixem em paz nas procissões pelo deus-património, querem é que os deixem em paz entre o iphone, o fato de banho e o shopping.
Este dissociar do mundo, que se tornou crónico, passou a ter o seu clímax massificado nesta altura do ano (enfim, no hemisfério norte do planeta). Duvido que seja um período de franca realização, é-o muito mais de fluxo, de repetição, de reconstrução das rotinas diárias num novo contexto em que a irracionalidade – como acontecia nas antigas tradições do carnaval – pode dar-se ao luxo de dar uns passos de dança em falso, mas, desta feita, sem temer atropelar o outro. Os meios esquecem-se e os fins cingem-se amiúde às gargalhadas frugais do indígena (a amizade e a ideia de ‘outro’ escapam-se facilmente à voragem).
Para explicar uma realidade que não cabe nas possibilidades das expressões humanas, bastará, pois, colocar à solta um leme negativo. Repetir o que ela não é. Se os místicos o faziam com poemas particularmente elaborados (e muitas vezes foram conotados com ateísmo, refira-se), os humanos de hoje escrevem-nos através das indústrias do lúdico como se elas fossem a redenção de uma qualquer divindade ausente, irremissível e jamais superável.
O misticismo está a renovar-se, como se vê. Para o provar, deixo em baixo dois poemas: o primeiro é um original de Johannes Scheffler, o segundo é de minha autoria, embora literalmente baseado na rescrita do primeiro:
“O Deus Desconhecido. O que é Deus, não o sabemos: ele não é luz. Não é espírito. Não é verdade, nem unidade, nem um, ele não é Aquilo que chamamos divindade: Não é sabedoria, não é intelecto, não é amor nem Querer nem bondade. Nem uma coisa, muito menos uma não-coisa. Não é Uma essência, não é um coração: Ele é aquilo que nem eu, nem tu, nem nenhuma Criatura Antes de ter-se tornado naquilo que Ele é, jamais Conhecemos.”*
O Mundo Desconhecido. O que é o mundo, não o sabemos: ele não é uma prancha de surf. Não é hora de ponta. Não é androide, nem sindicato das matérias perigosas, nem CGTP, ele não é Aquilo que chamamos ginásio ou solário: Não é charter, não é low cost, não é bandeira verde nem Vilamoura nem festival no passeio marítimo de Algés. Nem uma coisa, muito menos uma não-coisa. Não é Um fio dental, não é um alojamento local: Ele é aquilo que nem eu, nem tu, nem nenhuma criatura Antes de ter-se tornado aquilo que o mundo é, jamais Conhecemos.
*Tradução Nícia Bonnati em Derrida J, Salvo o nome, Papirus Editora, Campinas, 1995, pp.32/33.
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zanicto · 6 years
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O QUE SORVI SOBRE TEORIA NARRATIVA BASEADO EM DOIS TEXTOS, UM LIVRO, E HISTÓRIAS EM QUADRINHOS SOMENTE POIS QUERIA DISTINGUIR MINHAS REFERÊNCIAS
Este texto foi originalmente redigido em abril de 2018 como uma das atividades da grade curricular do curso de cinema ao qual me faço estudante. Qualquer desatualização das concepções aqui apresentadas com as atualmente (independente de que momento temporal isso se configurar) disseminadas pelo indivíduo físico, eu, que vos fala é mera mudança de opinião, amadurecimento de parâmetros, loucura ou coincidência. Resumindo, eu não me responsabilizo por nenhuma discordância referente ao texto.
“Seu ideal é o homem que aceita o mundo sem se prender demasiadamente a ele”, afirma Walter Benjamin sobre Nikolai Leskov (O Narrador, Pág. 200). No contexto de um narrador a frase, que assume uma série de interpretações dependendo da conjuntura, assim como o próprio ato de narrar assume diversas interpretações dependendo de quem o faz, poderia ser interpretada como: o narrador ideal é aquele absorve profundamente o mundo ao seu redor, mas não se limita às convenções do mesmo. E essa é provavelmente uma das poucas “convenções” que se pode ter no mundo dos contadores de histórias, ou narradores.
Até mesmo Robert McKee, que por vezes discorda de suas próprias afirmações, concorda com esse conceito. Notificando logo cedo em seu já clássico Story, enquanto crítica os inexperientes escritores que correm para suas narrativas sem primeiro conhecerem seu trabalho, que “projetar estória testa a maturidade e o autoconhecimento do escritor, sua compreensão da sociedade, da natureza e o do coração humano. Estória igualmente demanda vivida imaginação e poderoso pensamento analitico” (Pág. 23)¹. Benjamin por sua vez, ao examinar estes ditos narradores “cultos”, os separa arcaicamente em dois tipos: um o representado pelo “camponês sedentário, e o outro pelo marinheiro comerciante” (Pág. 199), sendo o primeiro aquele que é profundamente ciente das histórias a sua volta e o segundo aquele que profundamente às viveu.
Em se tratando de narrativas gráficas, dois grandes nomes da banda desenhada europeia exemplificam bem essa divergência em abordagem, ainda que seus personagens sejam muito similares. Hugo Pratt, renomado autor italiano mais conhecido pela criação de Corto Maltese², não poderia ser mais análogo em sua própria criação ao marinheiro comerciante, pois, igualmente à suas histórias, Pratt viajara o mundo de polo a polo, tendo suas vivências por conseguinte aplicadas às suas narrativas multinacionais. Hergé por outro lado, ainda que Tintin nunca passasse muito mais do que algumas páginas na Bélgica antes zarpar em alguma aventura perigosa, pouquíssimo saia do país, e mesmo assim os contextos históricos, políticos, culturais e principalmente arquitetônicos dos inúmeros países visitados em As Aventuras de Tintim³, impressionam pela veracidade de suas retratações. Como muito bem expressa Benjamin, “O narrador retira da experiência o que ele conta: sua própria experiência ou a relatada pelos outros” (Pág. 201).
De tão similares escopos para tão diversificadas abordagens suscita-se um dilema concernente ao narrador ideal, questiona-se se mais vale ele participar ou observar. McKee, que em muito defende o academicismo do qual provém, subjuga a necessidade de participação em detrimento da maestria do ofício de se contar estória, ainda que assuma que “é claro que se quer escritores que não se escondem da vida, que vivem profundamente, observem de perto” (Pág. 19). Porém, “para a maior parte dos escritores, o conhecimento que obtêm da leitura e do estudo iguala ou supera a experiência, especialmente se essa experiência não for examinada” (Pág. 19).
Todavia, ainda que meticulosas pesquisas levem Hergé a transitar por caminhos mais “foto-realistas” enquanto Pratt por vezes diverge à trilhas completamente imaginativas, a naturalidade e autoconfiança com a qual Pratt dialoga pesa muito mais na credibilidade de suas estórias do que com Hergé e suas plastificações. Como o próprio McKee diria que diria Aristóteles, “Para propósitos de [estória], uma impossibilidade convincente é preferível a uma possibilidade pouco convincente” (Pág. 181).
Benjamin se faz muito mais favorável a relevância da experiência do que McKee, e igualmente a Georg Lukács concorda que “a alternativa participar ou observar corresponde, então, a duas posições socialmente necessárias” (Narrar ou Descrever, Pág. 57). Mas faz uma interessante constatação, a ser analisada também em reflexo das narrativas gráficas, em O Narrador : “No final da guerra, observou-se que os combatentes voltavam mudos do campo de batalha não mais ricos, e sim mais pobres em experiência comunicável” (Pág. 198)⁴. Isso se deve ao fato, como reitera o próprio Benjamin, do evento supra-traumático em que consiste a guerra, o que Jacques Tardi retrata com toda sua crueldade em Era a Guerra de Trincheiras, todavia não parece ser esse o caso em narrativas como o clássico Maus, de Art Spiegelman, e principalmente em A Guerra de Alan, do menos conhecido Emmanuel Guibert. Não que os horrores da guerra não sejam retratados em ambas obras, principalmente em Maus, é algo que vem arraigado a temática, porém ambas são em primeira instância sobre a vivência humana.
A Guerra de Alan em específico possui uma vantagem em sua base narrativa no contrariar à constatação de Benjamin, pois o referido Alan, ou o real Alan Ingram Cope, foi um soldado que nunca realmente vivera a guerra. Entrando tardiamente no conflito ele apenas fora exposto ao vácuo da mesma. A guerra de Alan está mais para uma grande expedição cultural, social e humana por vias militares, o que naturalmente promoveu a adição de experiências minimamente inusitadas sua vida, e é essa vida, não menos ou mais humana do que qualquer outra que sustenta todo o fundamento narrativo da obra. Também nesse caso, pode-se afirmar que Alan assume o papel de marinheiro comerciante e Gilbert o de camponês sedentário, ambos os narradores contam a mesma história.
Narrativas que refletem a vida humana, não necessariamente sendo sobre ela, fundamentam-se tão universalmente, que independente do peso acumulado pela verdadeira temática abordada, a guerra por exemplo, estarão por fim seus aspectos unicamente humanos a reverberarem, e não a tão maior temática. “Se não revelam traços humanos essenciais, se não exprimem as relações orgânicas entre os homens e os acontecimentos, as relações entre os homens e o mundo exterior, as coisas, as forças naturais e as instituições sociais, até mesmo as aventuras mais extraordinárias tornam-se vazias e destituídas de conteúdo” (Narrar ou Descrever, Pág. 63).
Portanto, assume-se que “uma história deve ser como a vida, mas não tão literalmente que não tenha profundidade ou significado além do que é óbvio para todos na rua” (Story, Pág. 29). É justamente nessa linha em que o narrador assume uma de suas funções, ele deve enxergar as riquezas que se obscurecem sob águas turvas e trazê-las à superfície. Relativizando um aspecto desse conceito em uma roupagem um tanto quanto mais auspiciosa, Benjamin concorda que “isso esclarece a natureza da verdadeira narrativa. Ela tem sempre em si, às vezes de forma latente, uma dimensão utilitária. Essa utilidade pode consistir seja num ensinamento moral, seja numa sugestão prática, seja num provérbio ou numa norma de vida - de qualquer maneira, o narrador é um homem que sabe dar conselhos” (Pág. 200), “assim definido, o narrador figura entre os mestres e os sábios” (Pág. 221).
“Um narrador é um poeta da vida, um artista que transforma o cotidiano, a vida interior e a vida exterior, o sonho e a realidade em um poema cujo esquema de rimas são eventos e não palavras” (Story, Pág. 28). Cabe a ele, de forma similar a um montador cinematográfico em sua ilha de edição, selecionar do todo de arquivos dessa vida, o que é ou não válido para a construção consistente do dito poema. Em se tratando de cinema, e principalmente o cinema de McKee, isso pressupõem uma organicidade de eventos que só se faz possível por meio de uma construção econômica. Ironicamente, o que parece ser fundamentalmente algo radicado a indústria audiovisual, corresponde perfeitamente com as contestações de Benjamin sobre a short story, ou como ele afirma: “Com efeito, o homem conseguiu abreviar até a narrativa” (Pág. 206).
Abreviar, economizar, tornar sucinto e direto, apresentar apenas aquilo de que realmente possui relevância narrativa, são alguns do fundamentos que McKee e a Hollywood clássica em geral compartilham. Um resultado da necessidade de fluidez, de constante movimento, na narrativa de roteiros cinematográficos, afinal é como reduzir a duas horas um épico de quatrocentas páginas, sem que suas nuanças sejam jogadas fora, é o contar de uma vida da qual somente o narrador mais hábil é capaz. O princípio é básico: “Se a cena não é um evento verdadeiro, corte-a” (Story, Pág. 29). Se a disposição de contextos da cena termina exatamente igual a inicial não houve mudança, se não há mudança, não há motivo para a cena existir. É o famoso “Turning Point” , uma mudança no estado das coisas que suscita um “gancho”, e por conseguinte a tão requerida fluidez narrativa. Sobre isso McKee afirma que “podemos transformar as cenas apenas de duas maneiras: na ação ou na revelação” (Pág. 326).
Hergé e Tintim podem ser novamente evocados aqui. Antes de Tintim se tornar um fenômeno mundial com álbuns e volumes independentes, o “pior” jornalista belga de todos os tempos era publicado justamente em um jornal, e portanto, assim como qualquer tira dominical, não mais do que alguns painéis eram publicados a cada edição. Isso exigiu de Hergé a utilização de um mecanismo capaz de manter o público na ponta dos pés pela próxima edição, que daria continuidade à aventura. Com efeito, nada poderia ser melhor do que uma revelação bombástica ou alguma ação de proporções drásticas, uma explosão potencialmente fatal para o nosso herói de topete, por exemplo, mantendo a constante escalonação de eventos que vem a formar uma sequência, um ato, ou um filme em sua completude, ou um álbum de banda desenhada, nesse caso. Esse “senso prático é uma das características de muitos narradores natos” (O Narrador, Pág. 200), mas a linha entre manter a narrativa movendo-se adiante e torná-la plastificada e irreal é muito tênue.
“De evento a evento, causa e efeito devem ser convincentes, lógicos. A arte de projetar um estória se encontra no fino ajuste de coisas igualmente usuais e inusuais à coisas universais e arquetípicas” (Story, Pág. 183). Lógica, todavia, é um conceito um tanto ambíguo quando aplicada a narrativa. Pura e realista lógica tornam a narrativa tão plastificada e intrincada quanto movendo-a mecanicamente como uma grande engrenagem. “Nenhum escritor pode representar algo vivo se evita completamente os elementos acidentais” (Narrar ou Descrever, Pág. 50). O objetivo final, ainda que lógico, é tornar a narrativa orgânica, natural. Em muito, sutilezas, aquelas mesmas evocadas pelo “narrador poeta da vida” são o suficiente. Isso é, por exemplo, a base da tão citada por McKee cena da “French toast" em Kramer vs Kramer⁵, não  menos, o improviso e espontaneidade de Dustin Hoffman são fundamentais para o funcionamento da “naturalidade” da cena. Aliás, a “vida” de Kramer vs Kramer só se faz possível por causa dos improvisos de Hoffman, que chegou a ser oferecido o crédito de co-roteirista na época, tamanha sua participação na construção das cenas⁶ .
Fora as sutilezas, coisas ilógicas, em um grau mais efetivo e perigoso, também constroem naturalidade, como a coincidência por exemplo, muitas vezes um produto supérfluo da economia na narrativa hollywoodiana, uma vez que “são as aleatórias e absurdas colisões de coisas no universo, sendo, por definição, sem sentido. E no entanto coincidência faz parte da vida, por vezes uma parte poderosa, balançando a existência, e então desaparecendo tão absurdamente quanto chegara. A solução, portanto, não é evitar a coincidência, mas dramatizar como ela pode entrar na vida sem importância, mas com o tempo ganhar significado, como a antilógica da aleatoriedade se torna a lógica da vida como é vivida ” (Story, Pág. 343). “A multiformidade e a ìnfinita riqueza da vida se perdem quando renunciamos a representar o intrincado labirinto de caminhos que os indivíduos” verdadeiros percorrem (Narrar ou Descrever, Pág. 93).
Surge o maior dos princípios narrativos, a dramatização. Se não há dramatização, não há narração, e sim apenas informação. Pura e simples informação deve estar reservada a imprensa, se existente na narrativa ela define exposição, e portanto evidencia uma narrativa pobre em linguagem. A máxima “Mostre, não fale” é a chave. Nunca force palavras na boca de um personagem para contar à audiência sobre o mundo, história, ou pessoa. Ao invés, nos mostre honestas, naturais cenas, nas quais seres humanos falam e comportam-se honesta e naturalmente ... e ao mesmo tempo indiretamente transmita os fatos necessários. Em outras palavras, dramatize a exposição” (Story, Pág. 321). “Metade da arte narrativa está em evitar explicações” (O Narrador, Pág. 203).
“A informação só tem valor no momento em que é nova. Ela só vive nesse momento, precisa entregar-se inteiramente a ele e sem perda de tempo tem que se explicar nele. Muito diferente é a narrativa. Ela não se entrega. Ela conserva suas forças e depois de muito tempo ainda é capaz de se desenvolver.” (O Narrador, Pág. 204). De forma análoga, pode-se dizer que esse é o conceito íntimo que difere a Caracterização e o Verdadeiro Personagem, que McKee insiste em reiterar. Em suma “Caracterização é a soma de todas as qualidades observáveis” que constituem um personagem, já o “Verdadeiro Personagem espera atrás dessa máscara” e “pode apenas ser expresso por meio da escolha em um dilema. Como o indivíduo escolhe agir sob pressão é quem ele é” (Pág. 361). Como já fora anteriormente expresso, o que importa na narrativa ideal não é o lado de fora, a superfície, mas sim o está contido nas entrelinhas, o real conteúdo, o narrador que explora isso dá a sua narrativa a poética que a difere da informação. “Uma boa história bem contada com o poder adicional do simbolismo subliminar eleva a narração ao próximo nível de expressividade” (Story, Pág. 288)
Pela via que seja, participando ou observando, vivendo ou consumindo, conhecendo profundamente o ofício ou improvisando pelo caminho, assimilado as mais diversas e imprevisíveis nuanças da vida ou ignorando toda e qualquer regra narrativa e fazer o que bem lhe der na veneta; o único e real objetivo do narrador ideal deve ser esse, levar a narração a outro nível, em sobretudo, contar um boa história.
NOTAS DO AUTOR
Esta e todas as citações de Story: Style, Structure, Substance, and the Principles of Screenwriting, de Robert McKee, foram livremente traduzidas pelo autor deste artigo.
Corto Maltese é o personagem mais célebre de Hugo Pratt, criado em 1967, mas tendo sua grande estréia somente em 1976 com Una Ballata del Mare Salato.
Tintim foi criado por Georges Remi (Hergé) em 1929, figurando primeiramente no suplemento de jornal infantil Le Petit Vingtième . Mais tardar, o que viria a ser As Aventuras de Tintim, compunha 24 álbuns.
Nesse trecho de O Narrador, Benjamin se refere especificamente a Primeira Guerra Mundial, a qual chama de “guerra de trincheiras”. O autor deste artigo utiliza o trecho como referência a experiência de guerra no geral.
Ted Kramer (Dustin Hoffman) pergunta ao filho o que ele quer para o café da manhã, o garoto pede “French toast” (Rabanada). Confuso com a cozinha, Ted procura pelos ingredientes, ovos e leite, os quais misturam de forma nada delicada em uma caneca, pequena de mais para a fatia de pão, que dobrada e mergulhada no líquido nojento, surge como uma grotesca coisa a ser jogada sobre a frigideira fervilhante. Enquanto se preocupa com o café, demasiadamente cafeinado, a fatias da suportar torrada queimam sobre a frigideira, assim como a mão de Ted que a pega em desespero. Uma manhã que tinha tudo para ser normal, termina com um adulto profundamente desorientado e irritado e uma criança frustrada.
Finding the Truth: The Making of 'Kramer vs. Kramer' (2001).
REFERÊNCIAS
MCKEE, Robert. Story: Style, Structure, Substance, and the Principles of Screenwriting. New York: HarperCollins e-books, 2010.
BENJAMIN, Walter. O Narrador: Considerações Sobre a Obra de Nikolai Leskov. In: Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Brasiliense, 1986.
LUKÁCS, Georg. Narrar ou Descrever? Contribuição para uma Discussão Sobre o Naturalismo e o Formalismo. In: Ensaios Sobre a Literatura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.
PRATT, Hugo. Corto Maltese: A Juventude. São Paulo: Belo Horizonte, 2011.
PRATT, Hugo. Corto Maltese: As Helvéticas. São Paulo: Editora Nemo, 2012.
PRATT, Hugo. Corto Maltese: Mu, A Cidade Perdida. São Paulo: Editora Nemo, 2012.
HERGÉ. O Lótus Azul (As Aventuras de Tintim). São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
HERGÉ. O Cetro de Ottokar (As Aventuras de Tintim). São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
HERGÉ. O Tesouro de Rackham, O Terrível (As Aventuras de Tintim). São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
GUILBERT, Emmanuel. A Guerra de Alan: As Memórias do Soldado Alan Ingram Cope. Campinas, São Paulo: Zarabatana Books, 2010.
Kramer vs. Kramer. Dir.: Robert Benton, Prod.: Stanley R. Jaffe. New York City, NY: Columbia Pictures, Stanley Jaffe Production, 1979. 105 min.
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minimizar340 · 6 years
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Poema #37
Sinto as palavras Correm nos meus braços Correm Nas minhas mãos Correm no que usa os laços
Cheio de esperança escrevo Enquanto significância acresce Olhar ofusca e carece Sem significado tudo parece
Força levada pela água Palavras que fragmentam Desvanece do desaparecem E no vazio as encontram
Começo assim a questionar-me Da sanidade que resta Perco-me a olhar para a parede branca E quanto a apatia me enche
A loucura se instala Enquanto morro estando vivo Torno-me lento vazio Com um coração ilusivo
Leio o que escrito está Como por alegria de serem escritores Enquanto ódio é óbvio Por esses autores
Bom não sou, nem nunca quis ser Não é objetivo para mostrar aos outros É sim objetivo sentir, exprimir O que não consigo mostrar por mentir
Expressar o ser Sem sentido ter Como sentimentos ter Se não sou esse ser
Como descrever o que está no nevoeiro Se não o podemos ser Podemos imaginar o falhar Por aquela coisa não ser
Ou é, incompleta Falta assim uma alma poeta Junta de outros está repleta De mim
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A Identidade Cultural na Pós Modernidade, de Stuart Hall
CAPÍTULO 3: AS CULTURAS NACIONAIS COMO COMUNIDADES IMAGINADAS
Questão explorada: como esse “sujeito fragmentado” é colocado em termos de suas identidades culturais. 
O que está acontecendo à identidade cultural na modernidade tardia? Especificamente, como as identidades culturais nacionais estão sendo afetadas ou deslocadas pelo processo de globalização?
No mundo moderno, as culturas nacionais em que nascemos se constituem em uma das principais fontes de identidade cultural.
Nós efetivamente pensamos nelas como se fossem parte de nossa natureza essencial.
O filósofo conservador Roger Scruton argumenta que:
“A condição de homem (sic) exige que o indivíduo, embora exista e aja como um ser autônomo, faça isso somente porque ele pode primeiramente identificar a si mesmo como algo mais amplo - como um membro de uma sociedade, grupo, classe, estado ou nação, de algum arranjo, ao qual ele pode até não dar um nome, mas que ele reconhece instintivamente como seu lar (Scruton, 1986, p. 156).” 
Ernest Gellner, a partir de uma posição mais liberal, também acredita que sem um sentimento de identificação nacional o sujeito moderno experimentaria um profundo sentimento de perda subjetiva:
“A ideia de um homem (sic) sem uma nação parece impor uma (grande) tensão à imaginação moderna. Um homem deve ter uma nacionalidade, assim como deve ter um nariz e duas orelhas. Tudo isso parece óbvio, embora, sinto, não seja verdade. Mas que isso viesse a parecer tão obviamente verdadeiro é, de fato, um aspecto, talvez o mais central, do problema do nacionalismo. Ter uma nação não é um atributo inerente da humanidade, mas aparece, agora, como tal. (Gellner, 1983, p. 6)” 
As identidades nacionais não são coisas com as quais nós nascemos, mas são formadas e transformadas no interior da representação. 
A nação não é apenas uma entidade política mas algo que produz sentidos - um sistema de representação cultural.
As pessoas não são apenas cidadãos/ãs legais de uma nação: elas participam da ideia da nação tal como representada em sua cultura nacional. Uma nação é uma comunidade simbólica e é isso que explica seu “poder para gerar um sentimento de identidade e lealdade” (Schwarz, 1986, p. 106).
As culturas nacionais são uma forma distintivamente moderna. 
A lealdade e a identificação que, numa era pré-moderna ou em sociedades mais tradicionais,  eram dadas à tribo, ao povo, à religião e à região, foram transferidas gradualmente nas sociedades ocidentais, à cultura nacional.
As diferenças regionais e étnicas foram gradualmente sendo colocadas, de forma subordinada, sob aquilo que Gellner chama de “teto político” do estado-nação, que se tornou assim, uma fonte poderosa de significados para as identidades culturais modernas.
Dessa e de outras formas, a cultura nacional se tornou uma característica-chave da industrialização e um dispositivo da modernidade.
>> NARRANDO A NAÇÃO: UMA COMUNIDADE IMAGINADA
Nessa seção discutirei como uma cultura nacional funciona como um sistema de representação.
Uma cultura nacional é um discurso - um modo de construir sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos. 
As culturas nacionais, ao produzir sentidos sobre “a nação”, sentidos com os quais podemos nos identificar, constroem identidades. 
Como argumentou Benedict Anderson (1983), a identidade nacional é uma “comunidade imaginada”.
“A vida das nações, da mesma forma que a dos homens, é vivida, em grande parte, na imaginação” (Powell, 1969, p. 245)
Como é imaginada a nação moderna?  Que estratégias representacionais são acionadas para construir nosso senso comum sobre o pertencimento ou sobre a identidade nacional?
“As nações”, observou Homi Bhabha, “tais como as narrativas, perdem suas origens nos mitos do tempo e efetivara plenamente seus horizontes apenas nos olhos da mente” (Bhabha, 1990, p. 1)
Como é contada a narrativa da cultura nacional?
I. Em primeiro lugar, há a narrativa da nação, tal como é contada e recontada nas histórias e nas literaturas nacionais, na mídia e na cultura popular.
Uma série de estórias, imagens, panoramas, cenários, eventos históricos, símbolos e rituais nacionais que simbolizam ou representam as experiências partilhadas, as perdas, os triunfos e os desastres que dão sentido a nação.
Como membros de tal “comunidade imaginada”, nos vemos no olho de nossa mente, como compartilhando dessa narrativa.
Ela dá significado e importância à nossa monótona existência, conectando nossas vidas cotidianas com um destino nacional que preexiste a nós e continua existindo após nossa morte. 
“Essas coisas formam a trama que nos prende invisivelmente ao passado. Do mesmo modo que o nacionalismo inglês é negado, assim também o é sua turbulenta e contestada história. O que ganhamos ao invés disso... é uma ênfase na tradição e na herança, acima de tudo na continuidade, de forma que nossa cultura política presente é vista como o florescimento de uma longa e orgânica evolução” (Schwartz, 1986, p. 155)
II. Em segundo lugar, há a ênfase nas origens, na continuidade, na tradição e na intemporalidade. 
A identidade nacional é representada como primordial.
Os elementos essenciais do caráter nacional permanecem imutáveis, apesar de todas as vicissitudes da história.
A sra. Thatcher observou, na época da Guerra das Malvinas, que havia algumas pessoas “que pensavam que nós não poderíamos mais fazer as grandes coisas que uma vez havíamos feito... que a grã-Bretanha não eram mais a nação que tinha construído um Império e dominado um quarto do mundo... Bem, eles estavam errados... A Grã-Bretanha não mudou” (citado em Barnett, 1982, p. 63)
III. Uma terceira estratégia discursiva é constituída por aquilo que Hobsbawm e Ranger chamam de invenção da tradição: 
“Tradições que parecem ou alegam ser antigas são muitas vezes de origem bastante recente e algumas vezes inventadas... Tradição inventada significa um conjunto de práticas (...), de natureza ritual ou simbólica, que buscam inculcar certos valores e normas de comportamentos através da repetição, a qual, automaticamente, implica continuidade com um passado histórico adequado” 
IV. Um quarto exemplo de narrativa da cultura nacional é o mito fundacional: uma estória que localiza a origem da nação, do povo e de seu caráter nacional num passado tão distante que eles se perdem nas brumas do tempo, não do tempo “real”, mas de um tempo “mítico”.
Tradições inventadas tornam as confusões e os desastres da história inteligíveis, transformando a desordem em “comunidade” (por exemplo, a Blitz ou a evacuação durante a II Grande Guerra) e desastres em triunfos (por exemplo, Dunquerque).
Ajudam povos desprivilegiados a “conceberem e expressarem seu ressentimento e sua satisfação em termos inteligíveis” (Hobsbawm e Ranger, 1983, p. 1)
Fornecem uma narrativa através da qual uma história alternativa ou uma contranarrativa, que precede às rupturas da colonização, pode ser construída (por exemplo, o rastafarianismo para os pobres despossuídos de kingston, Jamaica; ver Hall, 1985). 
V. Quinto exemplo; a identidade nacional é também muitas vezes simbolicamente baseada na ideia de um povo ou folk puro, original. Mas, nas realidades do desenvolvimento nacional, é raramente esse povo (folk) primordial que persiste ou que exercita o poder.
“Quando [os ruritananos] vestiram os trajes do povo e rumaram para as montanhas, compondo poemas nos clarões das florestas, eles não sonhavam em se tornarem um dia também poderosos burocratas, embaixadores e ministros” (1983, p. 61)
O discurso da cultura nacional não é, assim, tão moderno quanto aparenta ser. Ele constrói identidades que são colocadas, de modo ambíguo, entre o passado e o futuro. Ele se equilibra entre a tentação por retornar a glórias passadas e o impulso por avançar ainda mais em direção à modernidade. 
Este constitui o elemento regressivo, anacrônico, da estória da cultura nacional. 
>> DESCONTRUINDO A “CULTURA NACIONAL”: IDENTIDADE E DIFERENÇA
A questão de saber se as culturas nacionais e as identidades nacionais que elas constroem são realmente unificadas. 
Devemos ter em mente esses três conceitos, ressonantes daquilo que constitui uma cultura nacional como uma “comunidade imaginada”: as memórias do passado; o desejo por viver em conjunto; a perpetuação da herança. 
Não importa quão diferentes seus membros possam ser em termos de classe, gênero ou raça, uma cultura nacional busca unificá-los numa identidade cultural, para representá-los todos como pertencendo à mesma e grande família nacional. 
As nações são sempre compostas de diferentes classes sociais e diferentes grupos étnicos e de gênero. 
As identidades nacionais são fortemente generificadas.
Em vez de pensar as culturas nacionais como unificadas, deveríamos pensá-las como constituindo um dispositivo discursivo que representa a diferença como unidade ou identidade. 
As identidades nacionais não subordinam todas as outras formas de diferença e não estão livres do jogo do poder, de divisões e contradições internas, de lealdades e de diferenças sobrepostas. assim, quando vamos discutir se as identidades nacionais estão sendo deslocadas, devemos ter em mente a forma pela qual as culturas nacionais contribuem para “costurar” as diferenças numa única identidade.  
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