Aparições Nº345
Eis o tormento se enrolando em meus olhos
O dano acumulado em anos
Deteriorando seu ânimo e pele
Penitência simulada de antemão
Era o deserto, com cada palavra das cartas
Dissolvidas no líquido que me embriagava
O silêncio é o deus mais eficaz dessa perspectiva
A era a cada terra nas alturas enviesadas de véus
O feitiço moldado e carregado
Em cada tato que se atreve
A quebrar digitais para fora
Da calmaria persona-pública
Há um cômodo frio e escondido
Nele abrigam-se malícias e desejos infestos
Ninguém ousou destrancar a porta
Entretanto, são constantemente atraídos a possibilidade
As noites católicas pesam em meu corpo
Tempestuando invejas e fomes embaraçadas
Eu deveria conter-me, eu deveria calar-me
A provocação prova o costume de um espírito arisco
Dentro da sala de espera sentimentos condimentados
Presença insalubre, premonição mofada
Gosto insosso, frutas salgadas, gestos consagrados
A divisão aos porcos de minha própria oratória
A impermanência dos rios que me banham
Cantam a hóstia que meu sexo preserva
Outra vã costura, construindo fenômenos
Perceba, eu sou mais crédito do que clérigo
Corrói a presença torrida, tal aparição
Participa suspensa sem alarde das cartas
Seu peso, seu resplendor, sua interpretação
Em intervalos profanos que o homem atribui
16 notes
·
View notes