Tumgik
#psicodeluka
ludovicoluka-blog · 6 years
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Chefe de Família
Atrás de um balcão Um membro da classe média baixa Atende o seu cliente Bota o dinheiro no caixa E faz de tudo para vender Negocia produtos, negocia um trato E o telefone ele vai atender Para finalizar um contrato
Contando as voltas Do ponteiro do relógio Contando os minutos Os instantes decisivos Nesse trabalho abusivo Antes de levar um susto O seu futuro é decorativo Do dinheiro virou prostituto
A mulher não sente nada Só desgosto e muita dor No quinto dia vem o salário Que não dá nem pro pastor E o filho é o que mais sofre Com a pressão de uma crise A mais grave, a da meia idade E não há álcool que amenize
Veterano do exército Trabalho infantil Hipocrisia imensa Da classe média do Brasil Que se acha tão progressista Uma geração de trabalhadores Que na verdade foram explorados Na senzala dos grandes senhores
O capitalismo não vê cara nem cor A não ser a do real Mas uma herança maldita fomenta Uma segregação racial Trabalhou duro pra chegar aqui E mesmo assim roubou o lugar de tantos Que nunca sequer tiveram uma chance Sua meritocracia só causa prantos
Pense bem no que te sustenta Pode ser a tragédia e a loucura E o calor que te esquenta Pode ser a chama da fartura A tentação de ter mais Do que a boca consegue engolir A sensação é demais Até quando você vai conseguir?
14 de Outubro de 2016 Psicodeluka
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ludovicoluka-blog · 6 years
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Caça às Raposas
Um recado do futuro Ele devia ter dado atenção Preferiu se trancar no escuro E, ao tropeçar, caiu em tentação
Se a solidão de um quarto todo aberto Acolhe os males que entram pela janela Se trancar parece sempre o mais certo Para, assim, esquecer de quem era ela
Um sonho tão sadio Um desabafo inconsciente A loucura está à bordo do navio E o naufragio já é iminente
Se a dor é a sua melhor amiga Foi mais verdadeira que a pessoa Que te largou em uma briga Na qual você entrou à toa
Um momento tão verdadeiro Agora é falso em significado Seu coração rachou, como gelo E você, como sempre, sofreu calado
Calado colado corado A morte é um sufrágio A vida é uma querida Todo dia é uma despedida Como uma bala que repousa No corpo de mais uma raposa
Arsenal tribunal celestial Uma guerra abandonada Uma causa perdida Calada colada Na sua face perdida Antes do fim da sua vida
18 de Fevereiro de 2018
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ludovicoluka-blog · 6 years
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Roda da Fortuna
Quem olha o governo? O povo! Mas quem olha o povo? A polícia! Mas quem olha a polícia? O empresário! Mas quem olha o empresário? Os investidores! Mas quem olha os investidores? Os bilionários! Mas quem olha os bilionários? As obras de arte Pregadas na parede Vindas diretamente do Louvre
...Mas quem olha o Louvre? Os seguranças terceirizados! De onde eles vêm? Do povo? Mas quem explora o povo? O empresário! Mas quem ajuda o empresário? O governo! Mas quem comanda o governo? Os investidores! Mas quem está contra os investidores? Os revolucionários! Mas quem mata os revolucionários? A polícia! O que, essencialmente, tem em comum Entre a polícia e os revolucionários? Os dois são constituídos basicamente de povo!
...Mas quem manda no povo? O governo? O empresário? E quem deveria olhar o governo Se não o próprio povo?
Separados, somos derrotados Unidos, não seremos calados Talvez perseguidos, mas não vencidos!
Somos a voz do passado Que reverbera no dia de hoje Mas ecoa pra todo o sempre Na consciência deles todos: Policial corrupto, empresário, investidor Político, estelionatário, doutor Agente social, crítico ou orador Quem finge ignorar Um dia irá sucumbir E quando este dia chegar É melhor não tentar impedir!
18 de Março de 2018
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ludovicoluka-blog · 6 years
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Vênus de Milo
Um corpo Morto Um rosto Vazio Algo putrefato Sem sentido De ser Um corpo Em movimento Empurrado Pela correnteza Um corpo Boiando Em movimento Desaparecido E apodrecendo
Quem liga Pra quem Aquele corpo Já foi? Se sabe Que foi um homem De dada cidade Dada família Dada esposa Dada amante E dado Deus E nem Deus O reconheceu
O rosto Era inexpressivo E vazio Traumatizado E enrugado Faltou amor De tanto que quis Amar um alguém Fugiu pra viver Numa ilha Sem coqueiros E morreu de fome Faminto de amor Se isolou daquilo Que não lhe era necessário A vida não lhe era mais Tão necessária assim
O corpo Era desmembrado Perdeu os braços depois Assim como Vênus de Milo Foi impedido de usá-los Por já não os ter usado Por muito tempo Não escrevia Não batia o ponto Não batia na mulher Não se masturbava Não sentia peles alheias Não sentia o amor Não sentia nada Apenas angústia E mesmo assim Não a compreendia E nem queria Isso só pioraria A situação Já complicada
A alma Fugira há tempos O corpo já era Mais leve Desde antes De morrer E não era pura magreza Mas sim a falta De experiências Seja quais fossem Os ombros não eram largos E nenhuma asa dali Poderia se abrir Ele, então Não foi para o céu Mas também não foi Para o inferno Quando morreu Nada mais sentiu Depois daquilo Sua essência era sem graça E sem sentido Como a de todos Os homens
Seria ele sincero Com a essência da humanidade Ou seria ele Uma combinação de infeliz raridade? Quem lhe estenderia a mão? Seria seu deus sua imitação A limitação perfeita? Seria cada Deus, de cada pessoa Uma caricatura rabiscada Até por quem não sabe Como desenhar algo belo? Estamos repletos De deuses Dentro de nós? Tantas perguntas Para um homem Que morreu sem alma Que agora vive no nada Sem ter resposta de nada Mas perguntando Sobre tudo Aproveitando dessa morte Mais do que da própria vida
29 de Março de 2017 Psicodeluka
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ludovicoluka-blog · 6 years
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Orquestra dos Homens Sem Rosto
Uma música simples mas carregada de sentimento vale mais do que uma orquestra de homens sem rosto e sem razão de viver
A voz reverberando paixão sofrimento e tensão vale mais do que um solo de alguém que não ama
Se você não sente o instrumento na sua mão ele não é a extensão da sua alma
Se você não sente as palavras que estão saindo você não sabe do que está falando
17 de Janeiro de 2017 Psicodeluka
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ludovicoluka-blog · 6 years
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Deixem o Homem Morrer em Paz
Como um salto No escuro As sombras Ocupam a luz E não deixam Nada escapar
O encosto Que ocupa O lugar da alma Preenche o corpo Como um balão O peso é maior Do que parece
A âncora Que carrego Nas pernas Me faz querer Cortá-las Mas os braços Não tem forças E as pernas ficam Literalmente bambas
Meu corpo Flutua E eu não sinto O seu peso Apenas o vazio Do mundo Querendo me puxar De volta
Contatos imediatos O feixe de luz Suspende um homem E o puxa com força Não se sabe se é Uma intervenção divina Ou uma abdução
Deixem ele ir em paz Não perguntem o motivo Há certas coisas na vida Que não precisam de uma razão Tampouco uma explicação Apenas precisam acontecer Para equilibrar o karma E são essenciais Para o destino de todos
Alguns se sacrificam Outros são crucificados Alguns morrem em vão Outros são decapitados Todo o sangue já derramado Escoou nos ralos Molhou os campos E agora está nos rios Faz parte da água que todo dia bebemos
Os nossos ancestrais Se decompuseram Mas ainda esperam Pelo juízo final Pelo dia em que Todos serão abduzidos Pela luz divina E não há explicação As verdades se unem Mas seriam elas A junção em uma só?
12 de Janeiro de 2017 Psicodeluka
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ludovicoluka-blog · 6 years
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Escola Sem Sentido
Escola sem partido Sem alunos Nem professores Sem sonhos Nem sonhadores Sem livros Nem autores
Rua sem calçada Teatro sem atores Calçadas sem pedestres Museu sem pintores Trabalhador sem moradia Microfone sem cantoria
Banco, muito dinheiro! De lá ele nunca sai Maleta, muito dinheiro! Do banqueiro que se vai Lá pra ilha escondida Um paraíso fiscal Mais uma promessa foragida Mais uma pá de cal
Poema sem poesia Sem rima ou estrofe A casa está vazia E o poeta sofre Dança sem movimento Um pé pra frente Mais um lamento Um pé pra trás
Pr'onde é que você vai? Pra lugar nenhum! Onde nada é permitido Onde tudo é um nada E o nada é a vida Que se vive sem viver
04 de Novembro de 2017 Psicodeluka
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ludovicoluka-blog · 6 years
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Andando, Andei
Andei tanto ainda ando mas não saio do lugar Me sinto em uma esteira sem nem ter pra onde andar
Andar pra trás andar pra frente Qual é o sentido que isso traz?
Correr para que? Viver é um perigo! No meio do percurso preciso de um abrigo
Suei tanto ainda vou suar e assim me importo com o Sistema Solar A estrela nos aquece tão só, lá no centro A mulher que me esquece um pouco dói, aqui dentro
Correr devagar andar depressa Em que velocidade isso vai funcionar?
Andar pra que? O tempo escorre! E no fim do caminho ninguém mais corre
11 de Outubro de 2016 Psicodeluka
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ludovicoluka-blog · 6 years
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O Fogo Anda Comigo
Eu não sei se eu quero fugir Se quero me fechar em mim mesmo Mas pra qualquer lado que eu olho Tem algo me olhando E se estou dentro de mim Esse algo também está lá E eu não sei se isso me alegra Ou se me dá vontade De me fechar mais ainda Num cantinho tão apertado Que me faça sufocar E ao mesmo tempo respirar Aliviado por então poder Ficar comigo e apenas comigo Eu e eu e apenas nós O que é essa sensação De nó na garganta? Aperto no peito? O fogo está mais quente? Ou ele está passando Por uma falta De oxigenação? Eu ainda sinto, mas não sinto Aquilo que me acendia Talvez eu deva procurar E me encharcar De gasolina Qualquer inflamante Correr atrás dos vícios Me afundar em tudo O que há de pior Mas essa não é a solução A de despencar Rumo ao que é Material Artificial Apenas carnal Talvez seja sentir Até mesmo Aquilo que eu toco Mas como caminhar Em meio as sombras Se elas te impregnam E tentam te cegar Em algumas vezes? A força se torna Até mais forte Com toda essa sensação De terror Completamente espalhada O fogo anda comigo E eu não quero Parar de me queimar
23 de Fevereiro de 2017 Psicodeluka
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Demolição
Mente vazia Tranquila Já fora Tão mais calma E agora Se agita Com o menor toque O cansaço E a confusão De ter que lidar Comigo mesmo Traumas E desventuras Às vezes É mais pesado Do que dizem Cortar o fio Que prende o balão É o mais puro Suicídio No meio do vídeo Ter que pausar Pois te achei Bem a toa Entre a fala Do ator principal Um momento De figuração Vale mais Do que inexpressão Às vezes só quero Entrar no prédio Que há dentro de mim Demolir minhas estruturas Pra poder reconstruir Às vezes ouço E nada sinto Às vezes tudo me toca E não sei mais Qual delas É a tua mão Me guia Nessa confusão Nos momentos nublados Em que estamos calados O certo é certo Certamente dará Pra rir no final Que seja um final feliz Estou cansado De tragicomédia Onde não sei Se rio ou choro E se não sei Onde moro Minha casa Tem que ser No seu peito Pra eu poder sentir Tudo aflorar O prédio vai Se reconstruir Pela boca Que não vai Se calar
16 de Fevereiro de 2017 Psicodeluka
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ludovicoluka-blog · 6 years
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Polaroid
Desde os tons azuis vibrantes Até a insistência do vermelho apaixonante O dia que já acaba logo começa Congelo o tempo com os olhos neste instante
Fotografar é revelar ao mundo Com o terceiro olho, o de sentimento Deixar-se levar pelo sentir imundo Quem te observa, na verdade, é o monumento
E se mais essa revelação Fosse mostrar algo que antes não vi E assim eu fosse ver algo que nunca vivi No anterior momento de projeção
Um instante pode ser vários Um flash é explosão de alma Um flash é tiro de arma Como canários, que voam e se acalmam
08 de Outubro de 2017 Psicodeluka
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ludovicoluka-blog · 6 years
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Vivo de Contradições e Desastres
Contradições Que me levam A querer sumir O poço é fundo Mas não é o quanto Eu queria que fosse Ainda me sinto próximo De toda a humanidade E isso é um problema
Ao mesmo tempo Em que eu me admiro Com os olhares Eu me assusto E quero me esconder Alguém vai Me apunhalar Pelas costas Eu tenho certeza Não posso continuar Me magoando Não posso ter medo De os outros magoar
Se eu me parar O que eu vou fazer? Isso tudo é carência? Isso tudo é medo? Eu não sinto a pele Não sinto a alma vibrar A inércia me procura Ela me persegue E quer me abraçar Não é desse abraço Que eu gosto Pois ele me aperta Me estoura os ossos E me esmaga Até a morte
Já flutuei na atmosfera E hoje estou enterrado Por todas as eras Eu conheci meu eu E agora eu me assusto Não entendo o que se passa Não sei quem eu sou E estou cansado De me redescobrir É exaustivo É injusto ter que viver E não saber onde pisar Com qualquer descuido Eu vou cair numa escuridão Que eu posso enxergar E eu só queria Não poder vê-la O meu amor está morto Meu coração está torto Eu tenho medo de me apaixonar Ou eu tenho medo de não querer? Eu acho que não posso Ou é no que quero acreditar?
Algo que me controla Essa intensidade que quer sair Mas as camadas dessas feridas Não querem me ver transbordar Eu sou um vulcão inerte Que está sendo obstruído Por um grande bloco de concreto Que por mim mesmo fora construído Bem no topo da minha boca Só consigo sentir minha garganta Se queimando com a lava E a minha alma vai ficando louca Com o meu eu que te espanta E com a cova que você cava
São traumas, novas regressões Eu vou e volto e vou Nem sei mais pra onde ir Onde está minha zona de conforto? Eu perdi todas as que eu tinha Me doei tanto pros outros Que esqueci de me procurar E eu fiquei à deriva Em outros planos Abandonado por mim mesmo O pior crime que eu poderia cometer E agora estou de mal Com a única pessoa Que eu não deveria: Justamente comigo
Eu queria voltar a me importar Mas as coisas parecem sempre as mesmas As novidades são retomadas antigas De desastres do passado O nazismo voltou Os demônios renascem O inferno está aqui E o fogo queima da mesma forma O rio que não passava Duas vezes no mesmo lugar Já deu sua volta completa
Eu olho pras pessoas E minha admiração Também se torna em asco Eu me amo e me odeio E essa eterna contradição Vai me matando Aos poucos E os poucos Que querem me devorar Se agitam Pois o ritual Da minha partida Está prestes a começar
Não vou morrer Eu vou mudar Tudo vai ser dolorido Eu preciso recomeçar O desgaste é grande O pior de tudo É querer chorar Sem conseguir Tanta coisa presa E tanta coisa por vir O que vai ser novo? Eu preciso ser novo? O que me incomoda E o que me faz inquieto? Qual é a nova moda Por que o mundo é tão incerto?
24 de Agosto de 2017 Psicodeluka
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ludovicoluka-blog · 6 years
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Intolerância à Intolerantes
Finge que escuta Finjo que falo Fingimos que vivemos Nos fingimos de morto Olhando para um lado Olhando para o outro
Caindo da onda E a moça, sozinha Pousando a nave Posando pra revista Garantindo o ganha pão Não há mendigo que resista
Horda de maus tempos Avareza com clareza Neste tempo moderno Do céu ao inferno Espalha-se a revista Pelos homens de terno
Não concordo e não confio Nesta nefasta pretenção Desculpe se sou contra A ditadura e a alienação Penso, logo apronto Intriga da oposição
O professor me afirmou: "As certezas são relativas!" "Tem certeza, professor?" "Tenho certeza absoluta!" A verdade é do senhor A tal mentira se refuta
07 de Maio de 2016 Psicodeluka
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Sopa de Parafusos
Um sem-número de afazeres Em determinado tempo Um sem-tempo de deveres E eu já estou sem tempo
Se eu estivesse pronto Eu não estaria aqui No inferno já vivemos E pereceremos Até que a jornada Se encerre Até que o metal Se dilacere
Sopa de parafusos E caldo de petróleo Num jantar bem confuso É uma dádiva aos olhos A comida do futuro Deus ex machina Desde sempre se mostraria O que o grunhido só abafaria
A carne é o metal E o dente se arrebenta Nada se sustenta Nessa sociedade canibal Que se autodeteriora E continua na miséria Que, volta e meia, se devora E que fica mais e mais velha
Um homem sem cabeça Se tornou sem noção Sem-número de afazeres Sem espaço pra emoção
17 de Junho de 2017 Psicodeluka
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A Pequenez de Uma Imensidão
Entre o amar E os intervalos Existe o ato De não-amar E até entre o amor Eu estou amando Não sei de que formas Mas me sinto preenchido Com amor, espaços vazios E mais amor nesses espaços Tão vazios de tragédia E tão cheios de esperança
Converso contigo E te vejo todo dia O lugar eu não conheço Mas você eu conheço De algum lugar Que sensação mais estranha O rosto me é familiar Será que em outra vida Nós estivemos a dançar? Um hit da época Ou um ritmo tribal? Num rito ou no carnaval?
Um filme repetido Refeito Com exata perfeição Atores diferentes Para um mesmo papel Mas, de certa forma Os atores nunca mudaram E se mudassem o personagem Eles se moldariam E se adaptariam A novas condições de existência Em constante paciência
Meu corpo se arrepia De dentro pra fora E eu sinto sua alma Abraçando a minha Uma energia essencial Um canal do meu ser Que só se aciona com você Com o seu imã que me puxa Não é simplesmente amor Um conceito ultrapassado Pra quem não se arrepende Com o todo do passado
15 de Maio de 2017 Psicodeluka
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ludovicoluka-blog · 6 years
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Me Chama, Deus do Fogo!
Me derreto E assim me espalho Toco todas as coisas E não me materializo Nem preciso de um corpo Se já não me olho Como algo instrumental Eu preciso É do movimento Quero é pegar fogo E me queimar Sentir a dor Sentir o calor Sentir algo me tocando
Preciso que alguém Me dê um abraço Que quebre Todos os meus ossos Preciso que alguém Me dê uma facada No coração Para que eu possa Sentir Algo me tocando Profundamente Novamente
Um erro não foi perdoado Da corda bamba Fui pra eternidade Uma queda constante E que nunca termina Qual é a vontade Que alguém tem De ser imortal? Se é pra viver Algo que não dá Pra se viver? Com quem viver? Com quem andar Por aí? Com quem conviver? O que é ser Uma má companhia? Como não pegar ódio De tudo aquilo Que um dia Lhe roubou um pedaço? Lhe furou os olhos E agora o abandonou O deixou cego Largado Num lugar desconhecido
Não dá pra confiar Em mais ninguém Ou seria isso O medo De se entregar? Podemos mergulhar Em olhares dissonantes E confortar Uma alma inquieta Mas não devemos Culpar o outro Tampouco a si mesmo Mas como brigar Com a ilusão De se achar O mais correto?
Como não se indispor Com o tradicionalismo E a falta de questionamento? A má interpretação Surge daquilo Que te confunde E te direciona A um único caminho Uma verdade universal Será que ela existe? Ela se sente Não tem intenção De mentir Mas é uma imposição É uma cobrança Chamam de esperança Te deixa triste Por te chamar De pecador
Eu não sou puro De verdade Eu sou dualidade E, na verdade Mais do que dois Sou mais do que A Trindade Nem mesmo Deus É tão pouco E no sufoco Ele se desespera Por o limitarem Tanto assim
O Deus É proximidade E não distância Mas também é poder É uma ânsia De querer Conhecer O desconhecido E de se perder No templo Mais sagrado Ao tempo Em que o mal amado É bem aventurado
O escolhido É recebido E em festa Se comemora A vitória Num caixão É recebido O portal Estabelecido Alguns gritam E pedem Pra morrer Apenas Pra te conhecer
E se você Não for aquilo Que ele espera? Ele se desespera E não aceita? E então é desfeita Uma relação sagrada De anos e anos? Ele te chama De farsante Um grande meliante E você fica Chateado? Ou simplesmente O deixa sozinho Pela eternidade? Uma calamidade Na vida De um pobre cristão Conceitos fixos Mente fechada Primeira e última Comunhão
12 de Abril de 2017 Psicodeluka
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