Chefe de Família
Atrás de um balcão
Um membro da classe média baixa
Atende o seu cliente
Bota o dinheiro no caixa
E faz de tudo para vender
Negocia produtos, negocia um trato
E o telefone ele vai atender
Para finalizar um contrato
Contando as voltas
Do ponteiro do relógio
Contando os minutos
Os instantes decisivos
Nesse trabalho abusivo
Antes de levar um susto
O seu futuro é decorativo
Do dinheiro virou prostituto
A mulher não sente nada
Só desgosto e muita dor
No quinto dia vem o salário
Que não dá nem pro pastor
E o filho é o que mais sofre
Com a pressão de uma crise
A mais grave, a da meia idade
E não há álcool que amenize
Veterano do exército
Trabalho infantil
Hipocrisia imensa
Da classe média do Brasil
Que se acha tão progressista
Uma geração de trabalhadores
Que na verdade foram explorados
Na senzala dos grandes senhores
O capitalismo não vê cara nem cor
A não ser a do real
Mas uma herança maldita fomenta
Uma segregação racial
Trabalhou duro pra chegar aqui
E mesmo assim roubou o lugar de tantos
Que nunca sequer tiveram uma chance
Sua meritocracia só causa prantos
Pense bem no que te sustenta
Pode ser a tragédia e a loucura
E o calor que te esquenta
Pode ser a chama da fartura
A tentação de ter mais
Do que a boca consegue engolir
A sensação é demais
Até quando você vai conseguir?
14 de Outubro de 2016
Psicodeluka
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Caça às Raposas
Um recado do futuro
Ele devia ter dado atenção
Preferiu se trancar no escuro
E, ao tropeçar, caiu em tentação
Se a solidão de um quarto todo aberto
Acolhe os males que entram pela janela
Se trancar parece sempre o mais certo
Para, assim, esquecer de quem era ela
Um sonho tão sadio
Um desabafo inconsciente
A loucura está à bordo do navio
E o naufragio já é iminente
Se a dor é a sua melhor amiga
Foi mais verdadeira que a pessoa
Que te largou em uma briga
Na qual você entrou à toa
Um momento tão verdadeiro
Agora é falso em significado
Seu coração rachou, como gelo
E você, como sempre, sofreu calado
Calado colado corado
A morte é um sufrágio
A vida é uma querida
Todo dia é uma despedida
Como uma bala que repousa
No corpo de mais uma raposa
Arsenal tribunal celestial
Uma guerra abandonada
Uma causa perdida
Calada colada
Na sua face perdida
Antes do fim da sua vida
18 de Fevereiro de 2018
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Roda da Fortuna
Quem olha o governo?
O povo!
Mas quem olha o povo?
A polícia!
Mas quem olha a polícia?
O empresário!
Mas quem olha o empresário?
Os investidores!
Mas quem olha os investidores?
Os bilionários!
Mas quem olha os bilionários?
As obras de arte
Pregadas na parede
Vindas diretamente do Louvre
...Mas quem olha o Louvre?
Os seguranças terceirizados!
De onde eles vêm?
Do povo?
Mas quem explora o povo?
O empresário!
Mas quem ajuda o empresário?
O governo!
Mas quem comanda o governo?
Os investidores!
Mas quem está contra os investidores?
Os revolucionários!
Mas quem mata os revolucionários?
A polícia!
O que, essencialmente, tem em comum
Entre a polícia e os revolucionários?
Os dois são constituídos basicamente de povo!
...Mas quem manda no povo?
O governo? O empresário?
E quem deveria olhar o governo
Se não o próprio povo?
Separados, somos derrotados
Unidos, não seremos calados
Talvez perseguidos, mas não vencidos!
Somos a voz do passado
Que reverbera no dia de hoje
Mas ecoa pra todo o sempre
Na consciência deles todos:
Policial corrupto, empresário, investidor
Político, estelionatário, doutor
Agente social, crítico ou orador
Quem finge ignorar
Um dia irá sucumbir
E quando este dia chegar
É melhor não tentar impedir!
18 de Março de 2018
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Vênus de Milo
Um corpo
Morto
Um rosto
Vazio
Algo putrefato
Sem sentido
De ser
Um corpo
Em movimento
Empurrado
Pela correnteza
Um corpo
Boiando
Em movimento
Desaparecido
E apodrecendo
Quem liga
Pra quem
Aquele corpo
Já foi?
Se sabe
Que foi um homem
De dada cidade
Dada família
Dada esposa
Dada amante
E dado Deus
E nem Deus
O reconheceu
O rosto
Era inexpressivo
E vazio
Traumatizado
E enrugado
Faltou amor
De tanto que quis
Amar um alguém
Fugiu pra viver
Numa ilha
Sem coqueiros
E morreu de fome
Faminto de amor
Se isolou daquilo
Que não lhe era necessário
A vida não lhe era mais
Tão necessária assim
O corpo
Era desmembrado
Perdeu os braços depois
Assim como Vênus de Milo
Foi impedido de usá-los
Por já não os ter usado
Por muito tempo
Não escrevia
Não batia o ponto
Não batia na mulher
Não se masturbava
Não sentia peles alheias
Não sentia o amor
Não sentia nada
Apenas angústia
E mesmo assim
Não a compreendia
E nem queria
Isso só pioraria
A situação
Já complicada
A alma
Fugira há tempos
O corpo já era
Mais leve
Desde antes
De morrer
E não era pura magreza
Mas sim a falta
De experiências
Seja quais fossem
Os ombros não eram largos
E nenhuma asa dali
Poderia se abrir
Ele, então
Não foi para o céu
Mas também não foi
Para o inferno
Quando morreu
Nada mais sentiu
Depois daquilo
Sua essência era sem graça
E sem sentido
Como a de todos
Os homens
Seria ele sincero
Com a essência da humanidade
Ou seria ele
Uma combinação de infeliz raridade?
Quem lhe estenderia a mão?
Seria seu deus sua imitação
A limitação perfeita?
Seria cada Deus, de cada pessoa
Uma caricatura rabiscada
Até por quem não sabe
Como desenhar algo belo?
Estamos repletos
De deuses
Dentro de nós?
Tantas perguntas
Para um homem
Que morreu sem alma
Que agora vive no nada
Sem ter resposta de nada
Mas perguntando
Sobre tudo
Aproveitando dessa morte
Mais do que da própria vida
29 de Março de 2017
Psicodeluka
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Orquestra dos Homens Sem Rosto
Uma música simples
mas carregada
de sentimento
vale mais do que uma orquestra
de homens sem rosto
e sem razão de viver
A voz reverberando
paixão
sofrimento
e tensão
vale mais do que um solo
de alguém que não ama
Se você não sente
o instrumento
na sua mão
ele não é
a extensão
da sua alma
Se você não sente
as palavras
que estão saindo
você não sabe
do que está
falando
17 de Janeiro de 2017
Psicodeluka
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Deixem o Homem Morrer em Paz
Como um salto
No escuro
As sombras
Ocupam a luz
E não deixam
Nada escapar
O encosto
Que ocupa
O lugar da alma
Preenche o corpo
Como um balão
O peso é maior
Do que parece
A âncora
Que carrego
Nas pernas
Me faz querer
Cortá-las
Mas os braços
Não tem forças
E as pernas ficam
Literalmente bambas
Meu corpo
Flutua
E eu não sinto
O seu peso
Apenas o vazio
Do mundo
Querendo me puxar
De volta
Contatos imediatos
O feixe de luz
Suspende um homem
E o puxa com força
Não se sabe se é
Uma intervenção divina
Ou uma abdução
Deixem ele ir em paz
Não perguntem o motivo
Há certas coisas na vida
Que não precisam de uma razão
Tampouco uma explicação
Apenas precisam acontecer
Para equilibrar o karma
E são essenciais
Para o destino de todos
Alguns se sacrificam
Outros são crucificados
Alguns morrem em vão
Outros são decapitados
Todo o sangue já derramado
Escoou nos ralos
Molhou os campos
E agora está nos rios
Faz parte da água
que todo dia bebemos
Os nossos ancestrais
Se decompuseram
Mas ainda esperam
Pelo juízo final
Pelo dia em que
Todos serão abduzidos
Pela luz divina
E não há explicação
As verdades se unem
Mas seriam elas
A junção em uma só?
12 de Janeiro de 2017
Psicodeluka
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Escola Sem Sentido
Escola sem partido
Sem alunos
Nem professores
Sem sonhos
Nem sonhadores
Sem livros
Nem autores
Rua sem calçada
Teatro sem atores
Calçadas sem pedestres
Museu sem pintores
Trabalhador sem moradia
Microfone sem cantoria
Banco, muito dinheiro!
De lá ele nunca sai
Maleta, muito dinheiro!
Do banqueiro que se vai
Lá pra ilha escondida
Um paraíso fiscal
Mais uma promessa foragida
Mais uma pá de cal
Poema sem poesia
Sem rima ou estrofe
A casa está vazia
E o poeta sofre
Dança sem movimento
Um pé pra frente
Mais um lamento
Um pé pra trás
Pr'onde é que você vai?
Pra lugar nenhum!
Onde nada é permitido
Onde tudo é um nada
E o nada é a vida
Que se vive sem viver
04 de Novembro de 2017
Psicodeluka
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Andando, Andei
Andei tanto
ainda ando
mas não saio
do lugar
Me sinto
em uma esteira
sem nem ter
pra onde andar
Andar pra trás
andar pra frente
Qual é o sentido
que isso traz?
Correr para que?
Viver é um perigo!
No meio do percurso
preciso de um abrigo
Suei tanto
ainda vou suar
e assim me importo
com o Sistema Solar
A estrela nos aquece
tão só, lá no centro
A mulher que me esquece
um pouco dói, aqui dentro
Correr devagar
andar depressa
Em que velocidade
isso vai funcionar?
Andar pra que?
O tempo escorre!
E no fim do caminho
ninguém mais corre
11 de Outubro de 2016
Psicodeluka
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O Fogo Anda Comigo
Eu não sei se eu quero fugir
Se quero me fechar em mim mesmo
Mas pra qualquer lado que eu olho
Tem algo me olhando
E se estou dentro de mim
Esse algo também está lá
E eu não sei se isso me alegra
Ou se me dá vontade
De me fechar mais ainda
Num cantinho tão apertado
Que me faça sufocar
E ao mesmo tempo respirar
Aliviado por então poder
Ficar comigo e apenas comigo
Eu e eu e apenas nós
O que é essa sensação
De nó na garganta?
Aperto no peito?
O fogo está mais quente?
Ou ele está passando
Por uma falta
De oxigenação?
Eu ainda sinto, mas não sinto
Aquilo que me acendia
Talvez eu deva procurar
E me encharcar
De gasolina
Qualquer inflamante
Correr atrás dos vícios
Me afundar em tudo
O que há de pior
Mas essa não é a solução
A de despencar
Rumo ao que é
Material
Artificial
Apenas carnal
Talvez seja sentir
Até mesmo
Aquilo que eu toco
Mas como caminhar
Em meio as sombras
Se elas te impregnam
E tentam te cegar
Em algumas vezes?
A força se torna
Até mais forte
Com toda essa sensação
De terror
Completamente espalhada
O fogo anda comigo
E eu não quero
Parar de me queimar
23 de Fevereiro de 2017
Psicodeluka
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Demolição
Mente vazia
Tranquila
Já fora
Tão mais calma
E agora
Se agita
Com o menor toque
O cansaço
E a confusão
De ter que lidar
Comigo mesmo
Traumas
E desventuras
Às vezes
É mais pesado
Do que dizem
Cortar o fio
Que prende o balão
É o mais puro
Suicídio
No meio do vídeo
Ter que pausar
Pois te achei
Bem a toa
Entre a fala
Do ator principal
Um momento
De figuração
Vale mais
Do que inexpressão
Às vezes só quero
Entrar no prédio
Que há dentro de mim
Demolir minhas estruturas
Pra poder reconstruir
Às vezes ouço
E nada sinto
Às vezes tudo me toca
E não sei mais
Qual delas
É a tua mão
Me guia
Nessa confusão
Nos momentos nublados
Em que estamos calados
O certo é certo
Certamente dará
Pra rir no final
Que seja um final feliz
Estou cansado
De tragicomédia
Onde não sei
Se rio ou choro
E se não sei
Onde moro
Minha casa
Tem que ser
No seu peito
Pra eu poder sentir
Tudo aflorar
O prédio vai
Se reconstruir
Pela boca
Que não vai
Se calar
16 de Fevereiro de 2017
Psicodeluka
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Polaroid
Desde os tons azuis vibrantes
Até a insistência do vermelho apaixonante
O dia que já acaba logo começa
Congelo o tempo com os olhos neste instante
Fotografar é revelar ao mundo
Com o terceiro olho, o de sentimento
Deixar-se levar pelo sentir imundo
Quem te observa, na verdade, é o monumento
E se mais essa revelação
Fosse mostrar algo que antes não vi
E assim eu fosse ver algo que nunca vivi
No anterior momento de projeção
Um instante pode ser vários
Um flash é explosão de alma
Um flash é tiro de arma
Como canários, que voam e se acalmam
08 de Outubro de 2017
Psicodeluka
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Vivo de Contradições e Desastres
Contradições
Que me levam
A querer sumir
O poço é fundo
Mas não é o quanto
Eu queria que fosse
Ainda me sinto próximo
De toda a humanidade
E isso é um problema
Ao mesmo tempo
Em que eu me admiro
Com os olhares
Eu me assusto
E quero me esconder
Alguém vai
Me apunhalar
Pelas costas
Eu tenho certeza
Não posso continuar
Me magoando
Não posso ter medo
De os outros magoar
Se eu me parar
O que eu vou fazer?
Isso tudo é carência?
Isso tudo é medo?
Eu não sinto a pele
Não sinto a alma vibrar
A inércia me procura
Ela me persegue
E quer me abraçar
Não é desse abraço
Que eu gosto
Pois ele me aperta
Me estoura os ossos
E me esmaga
Até a morte
Já flutuei na atmosfera
E hoje estou enterrado
Por todas as eras
Eu conheci meu eu
E agora eu me assusto
Não entendo o que se passa
Não sei quem eu sou
E estou cansado
De me redescobrir
É exaustivo
É injusto ter que viver
E não saber onde pisar
Com qualquer descuido
Eu vou cair numa escuridão
Que eu posso enxergar
E eu só queria
Não poder vê-la
O meu amor está morto
Meu coração está torto
Eu tenho medo de me apaixonar
Ou eu tenho medo de não querer?
Eu acho que não posso
Ou é no que quero acreditar?
Algo que me controla
Essa intensidade que quer sair
Mas as camadas dessas feridas
Não querem me ver transbordar
Eu sou um vulcão inerte
Que está sendo obstruído
Por um grande bloco de concreto
Que por mim mesmo fora construído
Bem no topo da minha boca
Só consigo sentir minha garganta
Se queimando com a lava
E a minha alma vai ficando louca
Com o meu eu que te espanta
E com a cova que você cava
São traumas, novas regressões
Eu vou e volto e vou
Nem sei mais pra onde ir
Onde está minha zona de conforto?
Eu perdi todas as que eu tinha
Me doei tanto pros outros
Que esqueci de me procurar
E eu fiquei à deriva
Em outros planos
Abandonado por mim mesmo
O pior crime que eu poderia cometer
E agora estou de mal
Com a única pessoa
Que eu não deveria:
Justamente comigo
Eu queria voltar a me importar
Mas as coisas parecem sempre as mesmas
As novidades são retomadas antigas
De desastres do passado
O nazismo voltou
Os demônios renascem
O inferno está aqui
E o fogo queima da mesma forma
O rio que não passava
Duas vezes no mesmo lugar
Já deu sua volta completa
Eu olho pras pessoas
E minha admiração
Também se torna em asco
Eu me amo e me odeio
E essa eterna contradição
Vai me matando
Aos poucos
E os poucos
Que querem me devorar
Se agitam
Pois o ritual
Da minha partida
Está prestes a começar
Não vou morrer
Eu vou mudar
Tudo vai ser dolorido
Eu preciso recomeçar
O desgaste é grande
O pior de tudo
É querer chorar
Sem conseguir
Tanta coisa presa
E tanta coisa por vir
O que vai ser novo?
Eu preciso ser novo?
O que me incomoda
E o que me faz inquieto?
Qual é a nova moda
Por que o mundo é tão incerto?
24 de Agosto de 2017
Psicodeluka
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Intolerância à Intolerantes
Finge que escuta
Finjo que falo
Fingimos que vivemos
Nos fingimos de morto
Olhando para um lado
Olhando para o outro
Caindo da onda
E a moça, sozinha
Pousando a nave
Posando pra revista
Garantindo o ganha pão
Não há mendigo que resista
Horda de maus tempos
Avareza com clareza
Neste tempo moderno
Do céu ao inferno
Espalha-se a revista
Pelos homens de terno
Não concordo e não confio
Nesta nefasta pretenção
Desculpe se sou contra
A ditadura e a alienação
Penso, logo apronto
Intriga da oposição
O professor me afirmou:
"As certezas são relativas!"
"Tem certeza, professor?"
"Tenho certeza absoluta!"
A verdade é do senhor
A tal mentira se refuta
07 de Maio de 2016
Psicodeluka
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Sopa de Parafusos
Um sem-número de afazeres
Em determinado tempo
Um sem-tempo de deveres
E eu já estou sem tempo
Se eu estivesse pronto
Eu não estaria aqui
No inferno já vivemos
E pereceremos
Até que a jornada
Se encerre
Até que o metal
Se dilacere
Sopa de parafusos
E caldo de petróleo
Num jantar bem confuso
É uma dádiva aos olhos
A comida do futuro
Deus ex machina
Desde sempre se mostraria
O que o grunhido só abafaria
A carne é o metal
E o dente se arrebenta
Nada se sustenta
Nessa sociedade canibal
Que se autodeteriora
E continua na miséria
Que, volta e meia, se devora
E que fica mais e mais velha
Um homem sem cabeça
Se tornou sem noção
Sem-número de afazeres
Sem espaço pra emoção
17 de Junho de 2017
Psicodeluka
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A Pequenez de Uma Imensidão
Entre o amar
E os intervalos
Existe o ato
De não-amar
E até entre o amor
Eu estou amando
Não sei de que formas
Mas me sinto preenchido
Com amor, espaços vazios
E mais amor nesses espaços
Tão vazios de tragédia
E tão cheios de esperança
Converso contigo
E te vejo todo dia
O lugar eu não conheço
Mas você eu conheço
De algum lugar
Que sensação mais estranha
O rosto me é familiar
Será que em outra vida
Nós estivemos a dançar?
Um hit da época
Ou um ritmo tribal?
Num rito ou no carnaval?
Um filme repetido
Refeito
Com exata perfeição
Atores diferentes
Para um mesmo papel
Mas, de certa forma
Os atores nunca mudaram
E se mudassem o personagem
Eles se moldariam
E se adaptariam
A novas condições de existência
Em constante paciência
Meu corpo se arrepia
De dentro pra fora
E eu sinto sua alma
Abraçando a minha
Uma energia essencial
Um canal do meu ser
Que só se aciona com você
Com o seu imã que me puxa
Não é simplesmente amor
Um conceito ultrapassado
Pra quem não se arrepende
Com o todo do passado
15 de Maio de 2017
Psicodeluka
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Me Chama, Deus do Fogo!
Me derreto
E assim me espalho
Toco todas as coisas
E não me materializo
Nem preciso de um corpo
Se já não me olho
Como algo instrumental
Eu preciso
É do movimento
Quero é pegar fogo
E me queimar
Sentir a dor
Sentir o calor
Sentir algo me tocando
Preciso que alguém
Me dê um abraço
Que quebre
Todos os meus ossos
Preciso que alguém
Me dê uma facada
No coração
Para que eu possa
Sentir
Algo me tocando
Profundamente
Novamente
Um erro não foi perdoado
Da corda bamba
Fui pra eternidade
Uma queda constante
E que nunca termina
Qual é a vontade
Que alguém tem
De ser imortal?
Se é pra viver
Algo que não dá
Pra se viver?
Com quem viver?
Com quem andar
Por aí?
Com quem conviver?
O que é ser
Uma má companhia?
Como não pegar ódio
De tudo aquilo
Que um dia
Lhe roubou um pedaço?
Lhe furou os olhos
E agora o abandonou
O deixou cego
Largado
Num lugar desconhecido
Não dá pra confiar
Em mais ninguém
Ou seria isso
O medo
De se entregar?
Podemos mergulhar
Em olhares dissonantes
E confortar
Uma alma inquieta
Mas não devemos
Culpar o outro
Tampouco a si mesmo
Mas como brigar
Com a ilusão
De se achar
O mais correto?
Como não se indispor
Com o tradicionalismo
E a falta de questionamento?
A má interpretação
Surge daquilo
Que te confunde
E te direciona
A um único caminho
Uma verdade universal
Será que ela existe?
Ela se sente
Não tem intenção
De mentir
Mas é uma imposição
É uma cobrança
Chamam de esperança
Te deixa triste
Por te chamar
De pecador
Eu não sou puro
De verdade
Eu sou dualidade
E, na verdade
Mais do que dois
Sou mais do que
A Trindade
Nem mesmo Deus
É tão pouco
E no sufoco
Ele se desespera
Por o limitarem
Tanto assim
O Deus
É proximidade
E não distância
Mas também é poder
É uma ânsia
De querer
Conhecer
O desconhecido
E de se perder
No templo
Mais sagrado
Ao tempo
Em que o mal amado
É bem aventurado
O escolhido
É recebido
E em festa
Se comemora
A vitória
Num caixão
É recebido
O portal
Estabelecido
Alguns gritam
E pedem
Pra morrer
Apenas
Pra te conhecer
E se você
Não for aquilo
Que ele espera?
Ele se desespera
E não aceita?
E então é desfeita
Uma relação sagrada
De anos e anos?
Ele te chama
De farsante
Um grande meliante
E você fica
Chateado?
Ou simplesmente
O deixa sozinho
Pela eternidade?
Uma calamidade
Na vida
De um pobre cristão
Conceitos fixos
Mente fechada
Primeira e última
Comunhão
12 de Abril de 2017
Psicodeluka
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