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This Is Us - 5° temporada (2020 - 2021)

This Is Us. A penúltima temporada de umas das melhores séries da atualidade chegou ao seu fim com desafios maiores por conta da pandemia e com o começo do desfecho de personagens fortes e bem escritos. A pandemia foi assunto na quinta temporada da série, e um elemento trabalhado de maneira única, exemplar e essencial. Antes mesmo de sua aguardada última temporada, This Is Us, ao longo de seus anos, consegue chegar a um patamar representativo na televisão.
A quinta temporada inicia praticamente no mesmo momento em que a anterior terminou. Em sua trama, a família Pearson encara novos desafios devido ao vírus e os três irmãos protagonistas embarcam em profundos momentos da vida, o que acaba mudando-os completamente. Como sabemos, o brilho dessa série se encontra na maestria dos roteiros de seus episódios; isso desde o começo. No entanto, ao longo dos 16 capítulos dessa temporada (dois a menos que o normal), vai ficando visível alguns motivos para aquela história chegar ao fim. Um dos trunfos de This Is Us são os flashbacks, e nesse ano tal fator parecia muito repetitivo e sem muita coisa a acrescentar como nos anos anteriores. Além disso, as cenas que mostram o futuro da família (o que hoje é um dos aspectos do roteiro que mais atrai) também tira o impacto das cenas do passado, que já teve momentos únicos. Resumindo, um clima de enrolação ficou aparente em ambas as linhas temporais, o que não tirou a emoção ou tensão, mas poderia ter sido melhor. O anúncio que a sexta temporada seria a última deixou tal clima mais aceitável.
Mesmo assim, é admirável como em cada episódio uma história é contada. Como o drama, e situações, daquela família nos fazem sentir acolhidos, representados e ansiando por mais detalhes do particular de cada personagem, mesmo sabendo que isso não levará a nenhuma conclusão objetiva.
Logo no começo dessa temporada nos foi apresentado um assunto arriscado em relação a história da série para o desenvolver do primeiro ato. Algo interessante ao mesmo tempo que não; porém, o desenrolar do assunto possuiu boas finalidades e se provou essencial para a conclusão pessoal de um dos personagens. A movimentação da história, ao decorrer da metade e da conclusão da temporada, ocorre de forma firme e mostrando que o enredo está sendo encaminhado para o seu remate. Quem acompanha, com certeza se pegará criando teorias e mais teorias para o futuro da família Pearson com o que é jogado para os espectadores em momentos chaves. A série faz isso muito bem, deixando o público ansioso e, consequentemente, fazendo-nos acompanhar com mais atenção o seriado. Tal fechamento vem sendo estruturado desde, praticamente, o começo de This Is Us; até agora, tudo parece sob controle, no entanto, esperemos que o desfecho mantenha o alto nível.
Atrizes, neste novo ano, que antes não tiveram muito espaço para um maior desenvolvimento, puderam estar mais presentes.
Foi o caso de Caitlin Thompson como Madson. A maternidade fictícia trouxe uma boa atuação da atriz que se provou forte em drama. Tess (Eris Baker) e Deja (Lyric Ross), por mais que tenham tido mais espaço, serviram apenas para alguns episódios, o suficiente para a complementação de seus enredos. Milo Ventimiglia e Mandy Moore fazem seus já conhecidos papéis de protagonistas nos flashbacks e Moore continua se destacando ao interpretar sua personagem em duas épocas diferentes. Beth (Susan Kelechi Watson), Toby (Chris Sullivan) e Miguel (Jon Huertas) estão muito bem presentes, mas sem nenhum acréscimo no qual não tenhamos visto antes. Chrissy Metz (Kate) e Justin Hartley (Kevin) enfrentam desafios maiores em suas histórias nessa temporada; no entanto, é de se admirar como esses dois conseguem interpretar tais personagens com tanta facilidade. É muito natural, o que deixa o seriado melhor. Contudo, a temporada foi de Sterling K. Brown. Em Randall foi direcionado todas as ações principais ao longo dos episódios. Através do personagem, George Floyd foi um assunto muito bem representado na série; com respeito, críticas e dor. A facilidade que Brown possui em transmitir drama e nos fazer observar com outros olhos seu sofrimento é algo impressionante. Não apenas neste ano, mas ao longo da série, Sterling K. Brown vem se provando um ator de extrema qualidade.
Ainda com uma magnífica homenagem para o novo tempo digital em que estamos vivendo hoje por conta da pandemia, a quinta temporada de This Is Us chega ao seu fim com moral. Após ótimos anos, a série chega para a sua última temporada com a oportunidade de encerrar sua história brilhantemente, ao mesmo tempo em que se coloca no mesmo patamar de outras grandes produções, como Breaking Bad (2008) e Mad Men (2007). Entre passado, presente e futuro, This Is Us tem a chance de se manter na memória das pessoas ainda por muito tempo após seu término; foi boa ontem, é boa hoje e pode deixar sua marca na TV amanhã. Se é que não já deixou.
Criação: Dan Fogelman
Elenco: Sterling K. Brown, Chrissy Metz, Justin Hartley, Mandy Moore, Milo Ventimiglia, Susan Kelechi Watson, Chris Sullivan, Jon Huertas, Eris Baker, Caitlin Thompson, Lyric Ross, Griffin Dunne
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The Queen's Gambit (O Gambito da Rainha) - 2020

Ainda dá para falar de o Gambito da Rainha? Série original Netflix que deu o que falar no momento de sua estréia. E realmente merece ser discutida pelas belas atuações e história até mesmo cativante.
Na produção, vemos a história de Beth Harmon (Anya Taylor-Joy). Uma órfã que, ao descobrir sua paixão por xadrez, decola profissionalmente, ao mesmo tempo em que enfrenta seus próprios problemas pessoais. O mais interessante aqui é justamente o acerto do roteiro em não tornar uma história sobre xadrez chata. O seriado, pode-se dizer, é disponível para todos, tanto para aqueles que jogam e para aqueles que não. Na verdade, O Gambito da Rainha consegue, em sua conclusão, fazer com que seu público se sinta inspirado em jogar o jogo. A direção, de modo geral, é muito boa. Além do foco característico em seus personagens, a cinematografia também é de destaque, assim como também toda a construção de época. Desde roupas (parabéns ao figurino aqui) aos retratos das cidades que a personagem principal frequenta. Em cada episódio, é um trabalho de direção sólido, mas também contido e simples. Scott Frank foi praticamente responsável por tudo (direção e história); consegue entregar um trabalho muito bom e com poucos fatores a se criticar negativamente.
O roteiro, mesmo sendo uma minissérie de apenas 7 episódios, consegue ser lento e, em algumas tramas centrais, não traça um objetivo, deste modo, fazendo com que aquele tal assunto sendo tratado ao decorrer dos episódios, perca um pouco da importância em comparação com outras coisas que vem acontecendo na narrativa. Por exemplo, existia ali um assunto familiar que desde o capítulo 1 vinha sendo trabalhado, porém, a impressão que dá ao final é fraca e sem o impacto planejado. É como se deixassem de desenvolver algumas coisas para focarem totalmente em outras, porém, essas "algumas coisas", ao meu ver, tinham, ou poderiam ter (seria até melhor), grande relevância na história. Contudo, outro ponto relevante é o próprio xadrez. O jogo, com direção e roteiro bem estruturados em relação a isso, vira um personagem da série; observamos sua importância para os personagens e o clima competitivo é bem presente na história. Os movimentos, as explicações, a emoção, a dor da perda, a fama, etc. Tudo isso é muito bem construído através do jogo, dando o esperado sentido ao seriado.
O drama é completamente carregado por Anya Taylor-Joy. A atriz se entrega muito bem a este papel. Na forma de andar, quando se sente poderosa, perdida ou simplesmente liberta. Foi um ótimo trabalho de atuação aqui. Destaque também para Thomas Brodie-Sangster; ele parece muito à vontade em seu personagem e nós, espectadores, compramos completamente sua atuação. Harry Melling, Jacob Fortune-Lloyd e Moses Ingram também estão bem, mas não possuem tempo de tela suficiente para mostrarem um pouco mais.
O Gambito da Rainha não é a melhor minissérie dos últimos anos, no entanto, é uma ótima produção com boas atuações e uma história atraente de se acompanhar. Amantes de xadrez vão amar, creio eu, e os não amantes, acredito, vão, pelo menos, tentar experimentar o jogo. Como de costume, mais um acerto da Netflix; vale o gasto de algumas de suas horas.
Criação: Scott Frank, Allan Scott
Elenco: Anya Taylor-Joy, Thomas Brodie-Sangster, Harry Melling, Jacob Fortune-Loyd, Moses Ingram, Bill Cramp, Marielle Heller
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The Falcon and the Winter Soldier (Falcão e o Soldado Invernal) - 2021

Bom, a Marvel é boa em tudo mesmo, né? Após marcar a história do cinema com seus filmes, a proposta dos seriados através do Disney Plus foi apresentada; agora já executada com duas séries que dão início a uma nova fase, pode-se dizer que, sim, a Marvel consegue ter um controle de qualidade eficiente, honesto e, de forma até admirável, moderno.
Em Falcão e o Soldado Invernal, a premissa do seriado, suas reviravoltas e importante mensagem fazem do tema super-herói um fator que, claramente, está se modernizado através dos anos, se tornando algo de elementos que vão além da ação e aventura. Gêneros como diversidade, política, sociedade e drama, tanto nesta série quanto em outras da mesma temática (The Boys da Amazon Prime e Watchmen da HBO, por exemplo), com este tipo de abordagem, provam-se mais que importantes; provam-se de grande valor para a produção cinematográfica e televisiva dos próximos anos. Em The Falcon and the Winter Soldier, Sam Wilson (Anthony Mackie) e Bucky Barnes (Sebastian Stan) precisam unir forças para lidar com um grupo de extremo perigo; no entanto, a jornada dos dois acaba sendo bem mais complexa do que ambos imaginaram.
Malcolm Spellman, responsável pela criação do seriado e um dos roteiristas também, exerce uma ótima estrutura de começo, meio e fim para a narrativa. Não se sabe se teremos uma futura segunda temporada, mas o desfecho da primeira é, pode-se dizer, intocável. O que se pode concluir sobre o roteiro de cada episódio também; o primeiro ato da série é calmo, sem muitos mistérios e um drama que vem sendo construído desde o final de Avengers: Endgame (2019). Este fator sobre: quem será o novo Capitão América está, de propósito, bem explícito ao longo da história, e principalmente no desenrolar do segundo ato do seriado. Porém, o roteiro sabe como não deixar tal assunto chato ou cansativo, com reviravoltas e discussões corajosas e essenciais, assim, apresentando um terceiro ato enriquecedor, mesmo que previsível, mas de um jeito que a maioria do público gostaria que acontecesse. A Marvel fez algo que parecia sem sentido, bom, fazer sentido ao concluir sua história, ao menos em meu ponto de vista. O tema principal aqui, o óbvio, o símbolo, é escrito com muito cuidado, pesquisa e de um jeito que faz a história caminhar e o espectador, ou fã, agradecer por algo tão bem coordenado.
A direção, da ótima Kari Skogland, é de muito destaque também. É um cinema de ação dentro da sua televisão. Cenas de luta com um ensaio preciso, perseguição, voo, etc; é realmente um prato cheio. A diretora também brilha ao trabalhar bem seus personagens e suas dores. É realmente o tipo de pessoa que vemos atuar que se encaixa perfeitamente no papel. Falando sobre atuação, Anthony Mackie é sensacional. A sua entrega a este personagem, e a liberdade oferecida pelo estúdio, fazem do ator um dos melhores no universo cinematográfico Marvel. Sebastian Stan e seu carisma nos proporcionam ótimos momentos. Sua química com Mackie é o que faz o seriado funcionar. Destaques também vão para Wyatt Russell, Erin Kellyman e Daniel Brühl e o restante de um forte elenco que vai se desenvolvendo ao longo dos seis episódios.
Bom, The Falcon and the Winter Soldier é algo digno de se assistir. Claro, tendo acompanhado o universo Marvel a coisa fica mais interessante, no entanto, os temas e conceitos tratados na série são essenciais para a televisão mundial. Ao mesmo tempo em que essa nova fase da Marvel vai sendo construída, uma nova geração de fãs vem nascendo. Mais uma entrega de resultado muito positivo da Disney Plus; a nova proposta do estúdio está funcionando muito bem e, após Endgame parecer uma conclusão, bom, ainda vem muita coisa boa por aí.
OBS: fiquem ligados nas cenas pós creditos
Criador: Malcolm Spellman
Elenco: Anthony Mackie, Sebastian Stan, Wyatt Russell, Erin Kellyman, Adepero Oduye, Daniel Brühl, Emily VanCamp, Carl Lumbly
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Minari (2020)

Minari. Aqui temos um longa que, por mais lento que pareça e por mais que aparente que sua história não está indo em direção nenhuma, as bases e a originalidade do filme o tornam grande e admirável. É um tipo de situação que muita gente, hoje em dia principalmente, passa na vida. São tentativas e erros, dias de luta e dias de glória; com isso, a mensagem de Minari, com família, desempenho e desesperança de um povo em uma sociedade diferente, sim, é merecidamente um filme digno de Oscar.
No longa, acompanhamos a história de uma família que tem o desejo de tentar uma vida em uma cidade dos Estados Unidos. O sonho americano. O famoso sonho americano que muitos buscam. Por mais que esse tema trabalhe como pano de fundo da história, a estrutura do roteiro vai além disso, com um drama familiar bem encaixado. São questões que todos nos perguntamos ao tentar algo tão novo e incerto quanto o que a família do filme tentou. É uma situação complicada onde filhos, ser casado e até mesmo morar com a sogra servem como aspecto para moldar bem os personagens, assim como o desenrolar da narrativa. Lee Isaac Chung escreveu o roteiro e dirigiu o filme. Trazendo um pouco de sua própria história, Chung cria uma atmosfera simples em seu longa, porém objetiva e dura para aqueles personagens; é interessante observar como o roteiro nos mostra a vida daquelas pessoas e seu dia-a-dia. Com isso, nos aproximamos mais do filme.
Sim, em alguns momentos a narrativa fica cansativa e tentamos procurar por um clímax, no entanto, Minari não é sobre isso. Creio que tal fator irá atrair e distanciar pessoas do filme. Contudo, não tira o mérito de uma história franca e até bonita.
A direção de Chung evoca tons amarelos que dão um bom contraste para o filme. O foco em seus personagens são ótimos, proporcionando aos atores momentos de destaque. Falando sobre isso, preciso colocar como destaque da vez Alan S. Kim; essa criança é sensacional. Engraçado, espontâneo e bom ator. Ele é uma das melhores coisas do filme. Steven Yeun (de The Walking Dead para o mundo!) é ótimo em sua atuação também. Um bom e forte ator de drama. Han Ye-ri tem seus momentos, no entanto, da metade para o final, perde um pouco de seu brilho por conta de Youn Yuh-jung. A atriz, como coadjuvante, faz um belo trabalho aqui também.
Minari não surpreendente, mas prova-se um ótimo longa, pois sua mensagem é real e fala com muitas pessoas ao redor do mundo. E isso é importante. Apesar da simplicidade e calma em seu ritmo, uma história de família, luta e superação, quando bem estruturada, é sempre admirável. Lee Isaac Chung nos emociona e consegue transmitir uma significativa visão ao mundo.
Direção: Lee Isaac Chung
Roteiro: Lee Isaac Chung
Elenco: Youn Yuh-jung, Steven Yeun, Alan S. Kim, Han Ye-ri, Will Patton, Noel Cho
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Pieces of a Woman (2020)

Pieces of a Woman, mais uma entrega da Netflix, é preciso em todos os quesitos ao longo de seu primeiro ato. Um drama forte, real e vívido. Contudo, o desenrolar da história ao longo dos dois últimos atos, bom, não seria necessariamente fraca, mas o longa perde o pique do bom começo que teve e depende de suas atuações para criar um clima de continuidade e conclusão. No entanto, não deixa de ser um bom filme.
Após um parto feito em casa, um casal, principalmente a protagonista, lida com as consequências de tal decisão. Dirigido por Kornél Mundruczo, o filme se apresenta, logo nos minutos iniciais, com uma bela e realista cena de um parto. O plano sequência é atrativo e torna a ambientação, assim como a tensão do momento, em algo explícito e verdadeiro. A atuação de Shia LaBeouf na cena é muito boa; transmite medo e apreensão. No entanto, Vanessa Kirby está sensacional. O esforço da atriz, assim como cada momento atuando desde que o parto começa a acontecer, é muito admirável. Grandes chances de Vanessa levar o Oscar este ano.
Após uma ótima e pesada introdução, o roteiro, de Kata Wéber, enfraquece com diálogos mornos e tramas sem um tom grande de interesse. Claro, tudo se resume ao acontecimento do começo do filme, no entanto, o único enredo que chama a atenção ao longo do desenrolar da história é a da personagem de Kirby. Porém, além de tudo, Pieces of a Woman é um longa para refletir. São situações que acontecem no dia-a-dia de várias mulheres, homens e casais. Os cenários falam muito com nossa realidade, representando bem o objetivo do filme.
Contudo, o ritmo é claramente desacelerado e o longa viaja entre outros gêneros para concluir sua história, o que não foi muito ruim também, mas tira o impacto e expectativa de algo a mais para acontecer; tudo, no geral, é concluído e fica o sentimento de um drama da vida real que foi construído, destruído e reestruturado. Além de Vanessa Kirby e Shia LaBeouf, Ellen Burstyn e Molly Parker trabalham bem também. Outros personagens estão ali para darem carga ao enredo dos personagens centrais, sem muito destaque.
Pieces of a Woman é um bom filme. Entrega um excepcional começo, porém, perde a intensidade da metade para o final. Algo proposital de direção e roteiro? Talvez. Mas, particularmente, creio que a base da história poderia ter sido melhor relatada após um jogo de cenas, e atuações, muito bem trabalhadas. Vanessa Kirby é uma forte candidata para receber a estatueta de melhor atriz; contudo, sim, mas uma boa opção da Netflix e uma história de teor sensato.
Direção: Kornél Mundruczo
Roteiro: Kata Wéber
Elenco: Vanessa Kirby, Shia LaBeouf, Ellen Burstyn, Molly Parker
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Druk (2020)

Sabe aquele tipo de filme que, ao mesmo tempo em que nos faz refletir, também nos faz nos sentirmos bem e leves? Bom, é o caso de Druk, dirigido por Thomas Vinterberg. A temática que o filme aborda, mesmo com suas polêmicas, é de respeito e suavidade e por isso torna-se uma história gostosa de se acompanhar; indicado ao Oscar, Druk é um belo filme onde liberdade, vida e cautela são abordados.
No filme, acompanhamos a história de alguns professores que decidem mudar a rotina escolar deles através da bebida; no entanto, ao longo do processo, suas vidas vão mudando e lições sobre o poder do álcool, assim como também os momentos da vida, vão sendo aprendidas e introduzidas a estes personagens. É complicado definir uma sinopse que condiz com a mensagem e sentimento que Druk transmite. A ideia do roteiro aqui é simplesmente apresentar uma situação, uma ideia; e isso segue com o espectador ao longo do filme, porém, em seu terceiro ato, temos um desfecho prazeroso e que deixa claro as várias mensagens do longa. Se você é professor, assim como eu, a identificação será maior e, por isso, talvez, o proveito desse enredo seja mais vívido. No entanto, Vinterberg e Tobias Lindholm, donos do roteiro, sabem que estão contando uma narrativa sobre bebida e como ela pode ser algo positivo. Contudo, o admirável aqui é que também é abordado os lados tristes e, obviamente, as consequências de ter uma vida conduzida através da bebedeira.
A direção de Vinterberg é bastante centrada em seus personagens principais e objetiva. Temos uma longa cena em um jantar onde o trabalho ali é justamente conhecermos aqueles homens. E essa sequência é muito bem dirigida, assim como a última cena do longa. Indicação ao Oscar merecida para Thomas Vinterberg.
Destaque também para a edição e trilha sonora. É o filme que tem aqueles primeiros cinco minutos divertidos com uma música que fica na cabeça, e a continuidade logo após essa primeira cena é apresentada de forma abrupta e até um pouco confusa. No entanto, entendemos o motivo e somos, após quase duas horas de um drama contido, presenteados com os últimos cinco minutos de filme de maneira pura e até mesmo nostálgica.
Mads Milkkelsen está surpreendente em seu papel. Um homem seco e muito sério; um professor que já foi o mais legal da escola e hoje é o mais chato. Suas viradas emocionais são sensacionais. Thomas Bo Larsen até funciona como um alívio cômico, no entanto, o desfecho de seu personagem, Tommy, foge, não muito, de contexto. É como se ele estivesse ali para transmitir uma mensagem de forma obrigatória. Magnus Millang e Lars Ranthe estão bem em suas interpretações ao ponto de não ficarem ofuscados.
Druk é um filme agradável. Não sei se irá levar a estatueta, mas não seria exagero se recebesse. Com uma história que traz tons de realidade e aborda um tipo de liberdade, o longa tem sua importância nos grupos de filmes que nos fazem refletir sobre momentos da vida que possamos, talvez, ter. Vale a pena sentir e aproveitar o sentimento de Druk e, às vezes, poder dizer: what a life, what a night, what a beautiful, beautiful ride.
Direção: Thomas Vinterberg
Roteiro: Thomas Vinterberg, Tobias Lindholm
Elenco: Mads Milkkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang, Lars Ranthe
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O Segredo dos Seus Olhos (El Secreto de Sus Ojos) - 2009

Este longa de Juan José Campanella, que ganhou o Oscar em 2010, é uma grande produção. Gostaria de escrever um pouco sobre, pois os caprichos e os sentimentos que O Segredo dos Seus Olhos nos traz, é único, colocando-o no patamar de filmes que, sim, merecem serem lembrados e sempre indicados.
Aqui, acompanhamos a história de um agente judiciário que pretende escrever um romance sobre um de seus casos mais marcantes; com isso, seu passado volta a lhe assombrar com todos os mistérios e vivência do que um dia foi aquele acontecimento. O roteiro, também de Campanella ao lado de Eduardo Sacheri, é um presente para quem é paciente e adora um bom filme de mistério. O ritmo do longa, por mais que não seja rápido, é essencial ao saber muito bem capturar os melhores momentos, e até mesmo os mais simples, de seus personagens. O objetivo do filme é rapidamente introduzido e o espectador, a partir daí, se envolve a cada cena. Porém, o mais interessante, é que essa é uma história de mais de um gênero e o roteiro consegue trabalhar de forma admirável ambos. As reviravoltas entregues respeitam nossas expectativas e nos mantém engajados. Com uma ou outra coisa que eu, particularmente, não achei cem por cento bem concluída, tal fator não tira o brilho de um roteiro bem escrito.
Roteiro bom e direção boa é Oscar, geralmente. Foi o que houve aqui. Campanella dirige seu longa com muita competência e cuidado. É uma narrativa que preza muito em detalhes, fazendo até o título do longa tornar-se interpretativo. O foco da câmera nos olhares dos personagens, suas expressões, gestos e até mesmo os cenários são muito bem utilizados na direção. Bom, o filme, além de ser especial por possuir toda essa "calma" em seu desenrolar, também tem cenas agitadas, como uma belíssima sequência em um estádio de futebol.
Óbvio que nada disso seria tão bem executado da forma que foi se não fosse pelo ótimo trabalho do elenco. O legal também é que, principalmente direção, parecia saber que aquele ator, ou aquela atriz, se sairia muito bem seguindo as nuances de atuação vistas ao longo do filme. Claro que, creio eu, qualquer ator/atriz poderia ser capaz de fazer um trabalho desses, mas sabe quando ficamos com os originais marcados na nossa cabeça pela bela atuação? Então, esse é o caso.
Ricardo Darín como Benjamín Esposito e Soledad Villamil como Irene estão, ambos, ótimos. O longa também conta com Pablo Rago, Guillermo Francella e Javier Godino; todos estão impecáveis. Os olhares de seus personagens são tocantes, assustadores e raivosos. Através deles sentimos frustração, medo, aquela dor de paixão que todos já sentimos, aflição, etc. É um ótimo trabalho de atuação aqui.
El Secreto de Sus Ojos é uma joia de filme. Roteiro redondinho ao lado de uma direção, e atuações, admirável. Nos sentimos presente no longa por seus temas tratados. Existem momentos difíceis de assistir, momentos bonitos e até alucinantes conforme aquela história vai sendo compartilhada com a gente. O fato de sentirmos tudo isso ao assistirmos diz muita coisa sobre a dedicação que tiveram na produção do filme. Oscar merecido e ótimo longa a ser recomendado. Vale a experiência.
Direção: Juan José Campanella
Roteiro: Eduardo Sacheri, Juan José Campanella
Elenco: Ricardo Darín, Soledad Villamil, Pablo Rago, Guillermo Francella, Javier Godino
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Run (Fuja) - 2020

No mais novo suspense da Netflix, Run entretém com boas atuações e um ritmo tenso e contínuo ao logo do filme todo, porém não consegue sair de clichês e outras histórias que já foram contadas praticamente dessa mesma forma e de maneira melhor. Vamos falar deste suspense que, por mais previsível que seja, possui seu fator assustador quando nos é apresentado uma história como essa.
O filme conta o enredo de mãe e filha que levam uma rotina dura por conta das necessidades especiais da garota. No entanto, percebe-se algo muito estranho nas atitudes da mãe e nas incapacidades da filha ao decorrer da história. Bom, o longa é dirigido por Aneesh Chaganty e escrito também por ele junto com Sev Ohanian; não sei dizer se existiu alguma base servindo como adaptação para Run, mas dentro do filme de Chaganty, além de existir recursos e até pontos da narrativa que lembrem bastante estruturas de outros filmes, Run também é bastante similar com uma história verídica sobre um caso horripilante. Não mencionarei aqui por conta de spoilers, mas após assistir o filme pode ser interessante pesquisar.
A direção é sem destaques. A impressão que passa é de dúvida. Em momentos do filme não sabemos se o diretor quer trabalhar com jump scares ou criar uma atmosfera de terror psicológico. Nesse meio termo, acaba tirando toda a tensão e expectativa do que aquela narrativa quer nos apresentar.
Como já mencionado, o roteiro também não consegue encontrar sua relevância e originalidade. Na realidade, é um tema de filme bem atraente para se trabalhar, há muitas possibilidades e, geralmente, ainda mais por conta do elenco, torna-se também atraente. A temática chama o espectador. Contudo, a possibilidade trabalhada aqui é fraca por um não empenho em sair de facilidades narrativas e escolher as opções mais óbvias para finalizar suas tramas.
Sarah Paulson e Kiera Allen são a melhor coisa do longa. As duas estão entregues a seus personagens. Kiera trabalha muito bem suas expressões e esforço e tem momentos em que parece, realmente, que ela tem todas aquelas dificuldades de sua personagem. Paulson é uma atriz versátil. Onde trabalha, consegue deixar sua marca, sair de antigos personagens e dar vida a outros, deixando quem assiste satisfeito com sua atuação.
Desde The Perfection (2019), a Netflix não conseguiu entregar um outro longa do gênero na altura, mas a época dos streamings está aí e estamos à postos para ver o que vem em seguida. Run, se não fosse por suas atrizes, seria esquecível, mas vale o tempo assistindo por seu ritmo movimentado e história que, sim, acontece em nossa realidade. Poderia ser melhor, mas optou por não ser.
Direção: Aneesh Chaganty
Roteiro: Aneesh Chaganty, Sev Ohanian
Elenco: Sarah Paulson, Kiera Allen
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Call Me By Your Name (Me Chame Pelo Seu Nome) - 2017

Bom, já faz um tempo que este filme estreou nos cinemas e até hoje, como no momento de seu lançamento, é um longa bastante comentado. Creio que falar um pouco sobre o filme de Luca Guadagnino seja interessante e até mesmo importante para relevar o valor deste gênero de filme, assim como também elogiar a boa proposta de roteiro de James Ivory.
Aqui, temos a história de Elio (Timothée Chalamet) e sua família que recebem a visita de um estudante chamado Oliver (Armie Hammer) em casa. Ao longo da estadia do homem, Elio se descobre cada vez mais em relação a seus desejos, relacionamentos e familiares. O roteiro de Ivory, pode-se dizer, não é muito agitado e até mesmo convidativo na primeira hora de filme; é preciso ter paciência e acompanhar com atenção o desenrolar daqueles personagens e de suas narrativas. No entanto, quando começamos a pensar: "tá, o filme vai ficar nisso?", Ivory, na segunda metade do longa, nos mostra que tudo aquilo que acompanhamos no começo foi proposital e necessário, assim, preparando o espectador para a história que viria a seguir. Sem a introdução que teve, Call Me By Your Name, principalmente em seu ato final, não seria tão tocante, acolhedor e bonito como realmente fora.
O papel da direção também foi essencial aqui. A cinematografia de cores frias, como o bom uso do verde, é de agrado aos olhos de quem assiste e nos mostra uma faceta da Itália bonita e até mesmo aconchegante. O foco que o diretor dá em seus personagens aqui nos faz conhecê-los melhor, uns mais que outros, e criarmos uma empatia com suas atitudes e decisões; no entanto, ao longo da segunda metade do filme, às vezes torcemos para as coisas acontecerem e às vezes não, e tudo isso pelo bom direcionamento dos personagens que, com direção e roteio, nos fazem refletir e sentir as transições da narrativa; às vezes bem sutis, entretanto, possíveis de se notar. Todavia, tudo isso graças também as belas atuações do forte elenco do longa.
O destaque do elenco vai para o protagonista, Timothée Chalamet; a impressão que dá ao o assistirmos atuando é que ele está bem a vontade no papel. Representa bem os sentimentos do personagem e faz com que o espectador se importe com ele. Armie Hammer, em um papel até que clichê, consegue se destacar no longa passando a seu personagem uma sinceridade e originalidade que se destacam. Outra boa atuação do filme é de Michael Stuhlbarg, interpretando o pai de Elio. O ator possuí um dos melhores monólogos do filme.
Call Me By Your Name demora propositalmente para deslanchar. No entanto, com uma história paciente e sem muitos agitos, prova-se um filme bonito, emocionante e cativante ao trabalhar um romance com honestidade. Sente-se para assistir e foque nos detalhes.
Direção: Luca Guadagnino
Roteiro: James Ivory
Elenco: Timothée Chalamet, Armie Hammer, Michael Stuhlbarg, Amira Casar, Esther Garrel, Victoire Du Bois
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O auge de um dos maiores seriados brasileiros

Grande produção brasileira, o seriado Sob Pressão, de Jorge Furtado, atinge seu potencial máximo com o Plantão COVID. Certo que a série já vinha sendo muito bem trabalhada em suas temporadas anteriores, entretanto, o começo da quarta temporada apenas evolui a grandeza da série. Contudo, hoje, não irei usar este espaço para falar dos dois episódios que retratam a tristeza que está sendo a pandemia do coronavírus no Brasil, mas sim, do seriado de uma forma geral; assim, mostrando (ou tentando) o quanto Sob Pressão representa a excelência do cinema e da televisão brasileira.
Assim como Bacurau (2019) de Kleber Mendonça Filho ou Que Horas Ela Volta (2015) de Anna Muylaert, Sob Pressão, mesmo tendo a estrutura de um seriado, possui as mesmas qualidades e grandeza que as duas obras citadas acima, por exemplo, possuem. Com cada temporada trabalhada de forma "redonda", com começo, meio e fim, mas sempre dando um acréscimo de que é possível contar mais daquelas histórias, a produção consegue se provar positivamente em cada episódio. E isso é algo até mesmo admirável de se ver, pois a narrativa da série, praticamente, se passa em um único local, e mesmo assim o diferencial e originalidade do roteiro, direção e produção se sobressaem de forma objetiva e atrativa de se assistir.
Os capítulos aqui são escritos com muito cuidado; transmitindo mensagens sobre racismo, zelo, vícios, doenças, política e até mesmo a situação atual do Brasil; o roteiro é de forte representação em ralação a contos da realidade brasileira. Diálogos muito bem estruturados e interpretados, emocionando e fazendo o espectador refletir ao longo dos 40 minutos de episódio. A direção também é simplesmente sensacional. Um destaque vai para o décimo episódio da terceira temporada, dirigido por Andrucha Waddington e Júlio Andrade. Que episódio, senhoras e senhores! Gravado inteiramente em plano sequência, com apenas alguns cortes, tais que dificilmente conseguimos perceber; a atmosfera torna-se brilhante e a produção além do admirável. É tenso, dramático, perigoso e honesto.
Com direção e roteiro de respeito, Sob Pressão, sim, prova-se uma das melhores produções da televisão brasileira atual; óbvio que nada disso seria tão brilhante se não fosse pelo trabalho e esforço do forte elenco que o seriado tem. Marjorie Estiano é impecável em seu papel; a entrega dela a essa personagem mostra um belo desempenho da atriz em diversas situações. Júlio Andrade como Evandro também está sensacional; e a química de seu personagem com a de Estiano é aparente e trabalhada, também, em diversos humores. Além deles, Pablo Sanábio, Bruno Garcia, Stepan Nercessian e Drica Moraes completam parte da turma de médicos.
A Globo acertou com Sob Pressão de forma única. Torna-se mais original ao tratar suas produções da forma que (está ocorrendo?) ocorreu no seriado de Jorge Furtado. Com liberdade e um forte discurso também. Muito boa de acompanhar, um drama que nos emociona e nos deixa inquietos com sua ação e atuações fenomenais; Sob Pressão é merecedora não apenas de ocupar o pódio como sendo uma das melhores séries brasileiras, mas também deve ser reconhecida e posta ao lado de produções internacionais. Parabéns aos envolvidos.
Criação: Jorge Furtado
Elenco: Júlio Andrade, Marjorie Estiano, Stepan Nercessian, Bruno Garcia, Pablo Sanábio, Drica Moraes, etc.
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Malcolm & Marie - (2021)

Dois atores de alto nível, tom preto e branco clássico e roteiro paciente e cheio de monólogos e diálogos fortes para dar vida a este novo filme da Netflix. Com isso, temos a história desse casal que, no primeiro momento, podemos até não criar certa empatia, mas ao decorrer dos acontecimentos um entendimento mais objetivo vai sendo criado. Claro, para quem é casado ou até mesmo sustenta um relacionamento firme por alguns anos irá, bom, "viver" melhor a essência do filme, assim como foi em Marriage Story (2019) também da Netflix. Contudo, Malcolm & Marie tem sua originalidade, assim como também imprecisão, mas, acaba se provando um ótimo remédio de reflexão.
O longa, aos moldes de clássicos em preto e branco e em busca de uma visualização crítica maior ao rodar a história do filme em um único cenário com dois talentos excepcionais, consegue não cansar o espectador com um roteiro, pode-se dizer, objetivo. O longa tem início após um acontecimento na vida do casal que, para alguns pode ser bobo, porém, para outros algo de extrema importância; e é exatamente nisso que o filme nos pesca. O roteiro de Sam Levinson, também diretor, é respeitoso por tratar raça, casamento e argumentos de forma tão séria, sincera e representativa. Para alguns, a questão do cenário ter a dependência de apenas dois atores para darem vida a uma casa pode vir a ser, em certos momentos, enjoativa; eu diria que essa mesma estrutura de roteiro, talvez, não funcionaria com um ator ou atriz diferentes.
A direção de Levinson tem um foco maior em seus personagens, obviamente. Ele captura momentos de expressão em monólogos ou diálogos que nos presenteiam com belas atuações. O filme também tem momentos que exigem que esses personagens falem com eles mesmos e, com isso, o diretor consegue nos apresentar melhor aquele casal que passaremos um tempo acompanhando. O preto e branco tem um destaque maior e até um tom bonito, mesmo com o longa se passando de noite.
Zendaya e John David Washington, ótimos atores, dão um show aqui. Especificamente, dou o destaque da vez para Zendaya; manipuladora, sua personagem consegue enganar o público ao mesmo tempo que seu marido e, sim, se prova como uma admirável atriz dessa geração. É difícil segurar um filme apenas com diálogos e texto e Malcolm & Marie fazem isso com precisão. Existem os momentos que, eu diria, deixam a história que o roteiro quer tratar fora de foco, mas nada que desvie completamente o objetivo da mensagem do filme. Tratar de acontecimentos dentro de um relacionamento a dois.
Bom, mais um acerto da Netflix que ultimamente vem apresentando trabalhos realmente muito bons. Malcolm & Marie vale a reflexão e discussão; mas quem está errado? Eu ou Ele? Eu ou Ela? Um longa que traz um homem e uma mulher que vivem uma situação presente na vida de todos os casais. É uma história não muito singular, mas sim, ótima em suas representações.
Direção: Sam Levinson
Roteiro: Sam Levinson
Elenco: Zendaya, John David Washington
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Donnie Darko e sua importância na cultura pop

Donnie Darko, sem dúvidas, foi um grande filme. Talvez não visto dessa forma quando fora lançado, porém, ao longo dos anos, a força do longa foi ficando cada vez mais resistente e, sim, se tornando uma grande produção que, até os dias de hoje, é discutida por críticos, em rodas de conversa, etc. Donnie Darko é poderoso e filosófico.
Escrito e dirigido por Richard Kelly, o filme traz elementos que até então, na época (2001), estavam sim sendo abordados, entretanto, Kelly adiciona uma fórmula diferenciada em seu longa para destacar seu conhecimento em alguns fatores abordados no filme. Viagem no tempo, diálogos religiosos, condição humana, filosofia, etc; esses são apenas alguns dos elementos discutidos ao longo das quase duas horas de filme. Certo que o tema viagem no tempo é um atrativo enorme em qualquer produção, mas, além disso, o que nos prende aqui, e o que nos faz querer rever e rever esse filme, é como tal tema é estruturado e narrado, conseguindo nos surpreender e, sim, interpretar o que realmente aconteceu ou está acontecendo. Tudo isso mesclado em um roteiro que sabe trabalhar seus personagens, seus contextos e nos trilhar em um caminho reflexivo onde tudo, talvez, possa, ou não, fazer sentido. A experiência é extremamente convidativa.
Jake Gyllenhaal, em um de seus primeiros papéis como protagonista, "brilha" em seu estado tímido, doente e até mesmo perigoso. Patrick Swayze e Drew Barrymore estão ótimos, mas um dos destaques aqui também vai para Beth Grant; manipuladora e irritante. Ela consegue atingir o espectador com uma personagem, pode-se dizer, bastante enérgica e atual.
Donnie Darko é hoje considerado um filme de respeito em relação aos temas que aborda. No entanto, esse sucesso também faz parte do mesmo filme que estreou há mais de dez anos. O cinema muda, o público muda e a linguagem cultural de um longa metragem, em alguns casos, permanece ou se transforma conforme o andar da sociedade. Em muitos filmes isso é nítido, principalmente considerando a década na qual vivemos. Contudo, o longa de Richard Kelly, com sua ficção complexa e drama bem encaixado, sim, teve suas mudanças ao longo dos anos, todavia, é certo que a alma de Donnie Darko permanece até hoje, especialmente no boca a boca de jovens universitários, como uma das histórias mais intrigantes, inteligentes e poéticas da história do cinema.
Gostando de viagem no tempo ou não, vale muito a pena assistir Donnie Darko; assim como Memento do Nolan ou Endgame dos Irmãos Russo. O tema é amplo, difícil às vezes e até filosófico. Vale os minutos assistindo e a dor de cabeça depois; cult ou não, encontre você mesmo sua definição para o longa de Kelly que, até os dias de hoje, possuí ainda um tom de modernidade, fator que torna o longa ainda mais interessante.
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One Night In Miami (Uma Noite Em Miami) - 2020

Regina King. Não podíamos deixar de falar sobre o primeiro filme dirigido pela ganhadora do Oscar, e Emmy, Regina King. Original Amazon Prime Video, Uma Noite Em Miami é mais uma adaptação que tem sua origem nos teatros (isso está se tornando cada vez mais comum, não?). Uma história que supera os níveis de importância, uma ficção que mais pareceu uma realidade e uma mensagem, e situação, que permanece no cotidiano, principalmente das pessoas negras, até o dia de hoje. Regina King, elenco e Kemp Powers entregam uma bela produção e, sim, temos um grande longa.
O filme nos mostra uma discussão e reflexão, fictícia, entre ícones da comunidade negra; Sam Cooke, Jim Brown, Malcolm X e Cassius Clay. Ao longo de seus diálogos e do que cada um representa, uma história de luta, princípios e representação é contada. Bom, filmes que tratam sobre este assunto, por mais repetitivo que seja, é sempre essencial. Longas sobre este tema vem sendo produzidos há um tempo já e, às vezes, nada, em nossa sociedade branca, parece mudar. Por essa razão é preciso sempre estar dando valor e bastante espaço para novos diretores, diretoras e roteiristas negros/negras, para assim, essa importante mensagem ser constantemente passada, até nós, brancos, termos a capacidade de também fazer parte da mudança e não apenas guardar a informação com a gente.
A direção da estreante Regina King é admirável. Um trabalho seguro e que sabe manter o espectador interessado e prestando atenção em cada diálogo que as cenas nos entregam. Um trabalho difícil de ser feito considerando que o filme, praticamente, se passa em um único espaço. Óbvio que o forte elenco é de grande ajuda, entretanto, as mãos de King representam muito. O roteiro de Kemp Powers, também escritor da peça de teatro, respeita muito bem a linguagem cinematográfica, nos dando um primeiro ato agitado, nos introduzindo aqueles personagens e já jogando em nossa cara qual que é o discurso principal do filme.
Creio que para muitos, além da forte presença argumentativa, o longa possa parecer "paradão demais". Contudo, não digo que seja um filme feito exatamente para ter esse tom, ou simplesmente para transmitir uma mensagem, mas sim para nos mostrar uma situação até divertida entre pessoas discutindo sobre seus valores. É interessante conhecer essas figuras para ter um melhor vislumbre do filme, mas nada que seja obrigatório. O que importa aqui, juntamente com isso, é o que cada um desses ícones representaram e a lição que podemos aprender com eles.
O elenco está muito bom. Interpretam seus respectivos papéis de forma objetiva e sem muitos exageros, na medida certa. Demora, mas compramos a atuação de cada um deles, dando o destaque da vez para Kingsley Ben-Adir como Malcolm X e Leslie Odom como Sam Cooke.
One Night In Miami é uma interessante história para todos nós conhecermos um pouco mais de grandes homens da comunidade negra. O toque de ficção mantém o tom leve, mas sabe quando ficar devidamente pesado; Regina King, além de uma notável atriz, agora é também uma diretora com competência, carisma e negra.
Direção: Regina King
Roteiro: Kemp Powers
Elenco: Leslie Odom, Kingsley Ben-Adir, Eli Goree, Aldis Hodge
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Sound Of Metal (O Som Do Silêncio) - 2019

Como seria nossa vida se algo extremamente inesperado, e negativo, acontecesse? O que isso mudaria em você? Como você encararia novas percepções e um novo estilo de vida? Bom, essas são algumas das questões que Sound Of Metal nos faz refletir ao o assistirmos. Um longa duro e difícil; com um forte estudo de personagem que representa os baques injustos e "inaceitáveis" que a vida nos dá.
O filme conta a história de um baterista que acaba perdendo o sentido da audição. Com isso, sua jornada de aceitação começa. Com direção de Darius Marder, aqui, por mais que o filme não tenha tantos personagens, ele deixa claro para o espectador que o foco dele é o protagonista Ruben, interpretado por Riz Ahmed. Temos todo um processo aqui de rapidamente entendermos a vida de Ruben e compreendermos como o que acontece o deixa devastado. A identificação de desentendimento, frustração e medo, clara na bela atuação de Ahmed, é facilmente sentida por quem assiste.
O roteiro, em tom lento, mas não parado, consegue designar bem os três atos do filme, e digo de novo: com o foco sempre em Ruben; é um longa sobre este personagem e sua luta conta uma deficiência, tanto que outros personagens simplesmente somem ao longo das 2 horas de filme. Mesmo seguindo uma narrativa paciente, Darius possuí ótimos recursos de direção, sempre nos trazendo de volta ao universo daquele filme e aos conflitos apresentados por aqueles personagens. E roteiro e direção concluem a trajetória de seu protagonista em uma última cena brilhante e, ao mesmo tempo que é angustiante, também se prova ser de grande alívio.
As atuações aqui são muito boas, com destaque para Olivia Cooke (podia ter tido mais tempo de tela, mas o filme não era sobre ela) e Paul Raci. A interpretação de Riz Ahmed, talvez, o leve ao Oscar. Uma atuação centrada onde todos os sentimentos do personagem Ruben são muito bem expressados.
Sound Of Metal é um belo filme. Difícil, sem muitos momentos inspiradores, mas com filosofias de vida que marcam a humanidade. É uma história, além de tudo, sobre aceitação e entendimento de uma nova vida. A forma que nós iremos encará-la, positiva ou negativamente, é uma escolha inteiramente nossa. E as consequências dessa escolha, ditam nosso novo caminho.
Direção: Darius Marder
Roteiro: Darius Marder, Abraham Marder
Elenco: Riz Ahmed, Olivia Cooke, Paul Raci, Lauren Ridloff
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The Haunting Of Bly Manor (A Maldição Da Mansão Bly) - 2020

Falando sobre filmes de terror, principalmente nesta última década, tivemos longas que realmente mudaram a essência do gênero como a conhecíamos. Invocação Do Mal e Corra são ótimos exemplos disso. No entanto, um elemento nestas produções, tal que, na verdade, foi sendo encaixado aos poucos ao longo desses últimos anos, fora um dos principais fatores que positivamente vem transformando o horror nas telinhas e telonas ultimamente: o drama. Na segunda temporada da série de terror de nossa amiguinha vermelha, A Maldição Da Mansão Bly, ainda mantendo sua originalidade que se destacou em sua primeira temporada, neste segundo ano supera as expectativas ao nos apresentar um enredo com começo, meio e fim onde a atenção do espectador é garantida quando personagens são bem trabalhados e roteiro brilhantemente executado. É uma história de horror inteligente que, além de respeitar o gênero, o torna inédito ao transformá-lo em algo bonito e tocante.
Nesta nova temporada, uma professora se candidata a uma vaga como Au Pair em uma mansão em uma região erma de uma cidade da Inglaterra. Lá, ela é responsável por duas crianças e ao longo de sua estadia, Dani lida com seu passado o os mistérios que envolvem as pessoas a sua volta assim como também a mansão. Aqui, é impressionante como roteiro e direção, digo de modo geral ao decorrer dos 9 capítulos, são ao mesmo tempo tudo aquilo que já vimos em filmes tradicionais de horror e algo completamente diferente. Aqui não temos um plano sequência muito bem executado como na temporada passada, mas em compensação é entregue uma narrativa admirável e intrigante.
A forma como os primeiros 3 episódios te engajam, te fazem aceitar aquele ambiente e personagens e te acostuma ao tipo de "sombrio" que é estar acompanhando aquela história é bem atraente, principalmente para os fãs do gênero; nos próximos capítulos, a série te deixa confuso, faz as coisas acontecerem e não te entrega todas as respostas. Te envolve mais, te assusta e faz você querer comprar uma ideia não muito interessante; em seu ato final, Bly Manor inicia aquele famoso padrão: ok, pegaram o que mostrei até agora? Beleza, agora senta aí que vou explicar tudo. E tal fator é construído de modo cuidadoso e prestando atenção em todos os detalhes, fazendo a conclusão até mesmo épica. Ativa seu interesse assim como também quebra o clichê.
O trabalho com o drama e emocional no seriado, além da química entre muitos dos atores e atrizes funcionarem muito bem, é feito com um belo trabalho de trilha sonora (a originalidade musical aqui é tudo); diálogos e partes da história que vem sendo narrados são acompanhados de toques musicais que atingem nossa emoção e dificilmente se torna enjoativa. É incrível a força da trilha nessa série, especialmente em cenas onde dois personagens conversam. O elenco, com boa parte do pessoal de Hill House, entrega atuações honestas e emotivas no tom certo, com destaque para Victoria Pedretti, Amelia Eve, Rahul Kohli, T'nia Miller, Amelie Bea Smith e Carla Gugino. Sim, que elenco. É importante citar também o bom trabalho feito aqui com as crianças dessa série; algo realmente impressionante pelo ótimo empenho em atuação.
The Haunting Of Bly Manor, para mim, além de ser uma série sensacional no catálogo da Netflix, é também uma das melhores histórias de terror já contadas nos últimos anos. Os dez minutos finais do último episódio poderiam ser cortados para ficar perfeito, entretanto, nada que estrague essa produção que, por mais que nos assuste, também nos intriga e nos conquista com modernidade, amor e experiências difíceis da vida que a maioria de nós iremos viver. Com um toque de ficção (ou não), Bly Manor entra para o alto escalão desse novo gênero de horror dramático que, espero eu, continue vindo com força às telonas e telinhas.
Criador: Mike Flanagan
Elenco: Victoria Pedretti, Oliver Jackson-Cohen, Amelia Eve, T'nia Miller, Rahul Kohli, Tahirah Sharif, Amelie Bea Smith, Benjamin Evan Ainsworth, Henry Thomas, Carla Gugino
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Soul - 2020
Como a maioria do público já espera, filmes da Pixar já são marcados pela bela qualidade da animação, pela história bem contada, personagens, geralmente, memoráveis e, claro, a emoção ao longo da trama. Em Soul, o diretor Pete Docter, que também está entre os roteiristas, entrega ao público mas um longa em que as lições de vida nos tocam e nos fazem refletir.
No filme, um professor de música que, por mais que seja feliz atuando em sua área, sempre teve o sonho de ser um grande artista de Jazz; quando algo trágico acontece, ele se vê em um ambiente onde o entendimento da vida é explorado, conhece mais sobre sua própria e se aventura em uma experiência única. Por mais que a Pixar tenha o molde de fazer produções para crianças, esse conceito vem ficando cada vez mais distante quando histórias como essa são contadas. Existem outros longas que fazem muito bem o papel de saber representar tanto a criança que assiste quanto o adulto. Toy Story é um bom exemplo disso. Em Soul, o lado infantil existe, porém o roteiro trabalha com muitas explicações sobre temas complexos, o que é capaz de tirar a atenção daquele garoto ou daquela garota que está assistindo ao longo de boa parte do segundo ato do filme. Os alívios cômicos e algo, pode-se dizer, completamente fora de nossa realidade que são encaixados ao desenrolar da história ajudam a fortalecer a trama infantil de modo leve e compreensivelmente bonito.
Se em muitas outras animações nós choramos de tristeza por conta da abordagem sobre perda e abandono, em Soul a mensagem aqui consegue ir além disso. E mesmo o roteiro sendo burocrático até demais na metade da exibição, o conceito, o ensinamento aqui se torna algo novo e raramente (pelo menos eu não lembro) explorado pelo estúdio. Certo que em muitas outras produções esses aspectos sobre a vida e como ela realmente é, além das fantasias e alegrias, também é bastante presente, na verdade, é hoje uma marca registrada da Pixar. Contudo, o trabalho feito em Soul nos engrandece, nos faz pensar com carinho sobre o nosso próximo e emociona ao mostrar-nos o que ainda não perdemos e não abandonamos, mas sim, o que ainda nos espera nessa vida e, se você observar bem, são só alegras; e essa lição que o longa passa é linda.
Com um efeito visual cada vez mais refinado, a mais recente produção da Disney é um presente de fim de ano para nos fazer bem e refletir sobre as coisas boas da vida em um ano em que dificuldades e tristeza foram enormes. Soul é bonito, explicado até demais, mas muito bem executado ao tratar com respeito e cuidado um assunto tão delicado e difícil. Mais um belo acerto da Pixar.
Diretor: Peter Docter
Roteiro: Pete Docter, Mike Jones, Kemp Powers
Elenco: Jamie Foxx, Tina Fey, Questlove, Phylicia Rashad, Daveed Diggs, Angela Bassett

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Ma Rainey's Black Bottom (A Voz Suprema Do Blues) - 2020

Baseado na peça teatral de August Wilson, o mais recente longa da Netflix chega para o Oscar de 2021 forte e com grandes chances de ser um belo destaque. Atuações, drama, roteiro e direção são elementos de admiração aqui, nos proporcionando uma obra cinematográfica competente.
A Voz Suprema Do Blues conta a história de uma banda que está se preparando para uma gravação de disco; ao longo do processo e ensaios, histórias são contadas, intrigas criadas e conceitos sobre vida, raça e música são discutidos. O diretor George C. Wolfe, tendo em mãos o que foi uma história para os palcos, consegue mesclar bem o tom cinematográfico e teatral. O filme, com menos de 2 horas, passa a impressão de se desenvolver em um único espaço, o que de fato, praticamente, acontece; no entanto, a movimentação dos diálogos e a dinâmica dos personagens fazem o desenrolar da história fluir muito bem.
O roteiro aqui é sensacional. Por ser tratar de uma peça, os diálogos são muito poderosos e incrivelmente representados pelo grande elenco desse filme; de racismo até uma discussão sobre sapato a escrita pesa e impressiona pelo jogo de conversação que há. Um dos destaques vai para Viola Davis que, sendo a grande atriz que é, entrega uma performance fenomenal com canto, raiva, irritação e desconfiança. Viola Davis é a sua personagem nesse longa. Contudo, a atuação marcante aqui vai para Chadwick Boseman. Sem dúvida um dos melhores trabalhos de sua curta carreira. O jeito que ele se expressa, que fala, seus gestos, seu modo de andar, sua raiva guardada no fundo do peito, etc; uma indicação ao Oscar é obrigatória
O drama e mensagem expostos aqui é clara, pode-se dizer, desde o começo do filme. Mas o roteiro faz questão de retratar muito mais fundo essa realidade e produz muito bem isso, fechando o terceiro ato do filme com verdades difíceis e desconfortáveis, do jeito que a vida real realmente é e do jeito que muitos de nós devemos enxergar.
A Voz Suprema Do Blues é um grande filme. Em todos os quesitos tal brilha e, sim, precisa muito ser uma grande aposta para as futuras premiações.
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