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"Venho do século passado e trago comigo todas as idades”. Cora coralina
Fui de uma geração de navegadores intermediária, já tinhamos gps que marcava nossas coordenadas, velocidade, rumo. Isso era incrível porque daí "plotava" nas cartas náuticas papel, a cada 2h e viamos o avanço da navegação numa linha desenhada à lápis.
Antes de viver no mar li muitos livros de velejadores que navegavam, exclusivamente com sextante que dependia de ter um horizonte e céu com máxima visibilidade, um mar amigável para que pudesse fazer essa leitura, depois as tabelas, almanaque náutico, cálculos e só então vc teria uma posição para colocar na carta náuticas, ah claro que não em tempo real, se o navegador era muito bom, uma hora depois de feita a leitura conseguia saber onde estava há uma hora, esqueci de dizer que se tivesse um odometro desses que se joga na água era ainda melhor. Com a bússola vc tinha o rumo, mas vale lembrar que era preciso ter feito a aferição da mesma e fazer a tabela do desvio da agulha.
Nos anos 90 usavam o satinav, que era uma novela, porque tinha que pegar os 3 satélite para te dar uma posição e isso raramente acontecia, então entre uma evolução e outra os navegadores usavam os dois sistemas.
Já existiam veleiros com radar nessa época, tinham a tela verde e me lembravam muito o monitor de ultrassom dos anos 80, precisava ter olhos de águia e um pouco de pai de santo para identificar as imagens na telinha verde.
Quando comecei a estudar navegação na segunda metade da década de noventa, aprendi fazer navegação na ponta do lápis, cálculos de tudo, foram preciso muitas horas para que trigonometria esférica entrasse na minha cabeça, e dou o crédito para esse aprendizado ao meu sogro Ronaldo que tinha a melhor didática do mundo para ensinar, ele amava matemática, falava com tanta paixão que a gente se encantava com os números sem nexo à nossa frente, mas um dia ele me disse - vc só irá compreender navegação astronômica quando entender como chegar nas fórmulas e pra isso vou te apresentar a trigonometria esférica, se vcs acham que isso foi facil, não foi mesmo.
Três longas tardes de estudos para absorver, entender, aceitar e executar os cálculos. Todas aquelas frases e perguntas que fazíamos na escola quando adolescentes: - pra que isso, nunca vou usar, sou de humanas, não vai servir pra nada?
Bom, aquela adolescente que só gostava de livros e palavras, descobriu que não só servem mas como também poderia me mover pelas águas se usasse os números, paguei a língua mesmo, como se diz.
E foi aí que a física e a matemática entraram de volta à minha vida, mas agora como instrumento para minhas respostas, foi fascinante.
Minha navegação nessa época não era um horizonte infinito, conhecia e visualizava as margens das minhas águas navegáveis, minha lagoa que começou enorme no meu primeiro dia a bordo do laser velejando, ficou minúscula depois da trigonometria esférica.
Um dia fui para o mar, primeiro sem muita audácia com a costa à vista, estava treinando os cálculos navegação por estimativa, pontos de referências, luzes de faróis no meio da noite, com o sextante de plástico foi duro fazer as leituras, mas os cálculos já me deixaram muito feliz com o resultado, confesso que isso só acontecia raramente por causa da visibilidade.
Logo depois consegui comprar meu primeiro GPS um garmin etrex amarelinho, sem cartas , sem plotter mas que me fazia muito feliz, lógico que isso me trouxe um novo problema, pilha ( na época não existiam as recarregáveis) então era preciso ter um estoque delas, até que fiz junto com um amigo eletricista um fio para conectar no 12v do barco para qualquer emergência.
Mas além disso, ele ficava desligado o tempo todo só na hora de plotar a posição na carta era ligado por uns 15 minutos, vida econômica , tinha ainda um gerador de energia, painel solar flexível, para carregar a bateria do barco, no singular mesmo porque era uma só, não havia necessidade de mais, era só para luz de navegação à noite, radio VHF, nunca fui tão livre da eletricidade na minha vida.
Com tudo isso minha audácia tomou força e fui mais longe. Meus pensamentos eram só liberdade.
Hoje pensando nisso vejo que num barco de 22 pés, sem motor, no meio do mar, o que me dava coragem, autonomia e segurança era meu conhecimento, minha capacidade de me levar para qualquer lugar no vento.
Só vou comentar mais um detalhe, nessa época para se lançar no mar, a gente ia na véspera na capitania dos portos buscar uma carta sinótica, a noite assistia ao Jornal Nacional para ver a previsão do tempo, e se na sua avaliação mais a intuição dissesse que tudo bem soltava as amarras e partia com a primeira maré do dia.
Agora no século XXI, temos uma tecnologia que nos facilitou a navegação, trouxe mais segurança, temos AIS, plotter, apps de navegação e previsão do tempo, telefone satelital, rastreador e sem romantismos nostálgicos, dou as boas vindas à tecnologia, que claro nos custou ter que gerar e armazenar eletricidade, somos mais que viciados, somos "dependentes químicos " dela, mas é um preço possível.
Hoje tenho todas as idades da náutica adquirida através dos livros que li e estudei, das "horas de vôo " em cima dos cálculos e das experiências.
E essas são as faces positivas que o envelhecimento pode nos emprestar.
Quão importante é saber onde vc está?
Se quiser conhecer outras histórias no Instagram @chrisamaral_oficial
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O destino é quando o acaso cansa de esperar
Por Chris Amaral
Há muitos anos fui envolvida assim meio sem perceber nessa história que vou contar agora, seu desfecho levou algum tempo para acontecer.
Para situar o contexto vou falar um pouco de mitologia, de Apolo e Dafne. E como tudo que envolve deuses, amor e mitologia não tem final feliz. Apolo era um dos deuses mais lindo, o grande senhor das artes, música e medicina, conhecido como o deus do Sol. Ciente de seus enormes predicados, Apolo se vangloriou dizendo para Eros, o Cupido, o pequeno deus do amor, que suas flechas eram mais poderosas.
O Cupido responde que as flechas de Apolo eram poderosas sim, pois podiam ferir a todos, porém as dele eram mais, pois podiam ferir até mesmo o próprio deus Apolo, e ele desdenhando riu do Cupido.
Eros então, como cabe a natureza vingativa dos deuses, lançou uma flecha com a ponta de ouro, diretamente no coração de Apolo, nascendo assim, uma paixão avassaladora dele pela bela ninfa Dafne, filha do deus - Rio Peneu. Mas, em Dafne, o Cupido lançou uma flecha com a ponta de chumbo, gerando a repulsa eterna por Apolo.
Apolo, um deus perdidamente apaixonado perseguia sua amada de todas as formas possíveis que fugia dele o quanto podia, para se livrar de Apolo, para se salvar a ninfa implora ao seu pai que a transforme num Loureiro. Que posteriormente será visto como o símbolo de Apolo na forma de uma coroa de louros.
E aí você se permite viver o imprevisível?
Muitas vezes com essa pergunta percebi que cada viagem era uma experiência nova que podemos nos presenteamos ou não. A Grécia para mim, é única, não só meu imaginário, nas lembranças dos livros de mitologia, como nos sonhos de navegadora. A Odisseia de Ulisses fez das minhas navegações por esse mar azul uma aventura.
Chegamos na ilha de Kalamos, no mar Iônico, ao entardecer. Ela é um parque ecológico marinho, também conhecida por ilha do amor por causa do mito grego, Kalamos e Karpos, que um dia posso contar, mas hoje vou escrever sobre outra história.
Eu estava esperando na fila do telefone público, um adendo: era uma época que celular era só para chamadas e sms, praticamente zero roaming internacional. Na minha frente estavam um garoto norte americano de 12 ou 14 anos e um senhor grego, os dois, em vão, tentando se entenderem e uma velhinha ao telefone.
Na fila, me perguntaram de onde era e essas coisas que se diz quando se é turista, quando disse Brasil foi uma chuva de perguntas, o garoto me perguntou até do Pelé, há muito aposentado, e olha que isso foi no verão de 2004.
Percebi mesmo com a pouca luz do entardecer, um brilho no olhar do senhor que começou a falar as poucas palavras que ele lembrava em português, me contando emocionado, meio em italiano meio em inglês, que tinha estado no Brasil há 50 anos por 6 vezes, e repetiu a palavra saudades algumas vezes, como num mantra.
Olhou para os lados, conferiu que a esposa continuava numa longa conversa, me afastou do telefone, então começou a contar que tinha deixado o melhor da vida dele no Brasil, com lágrimas nos olhos, segurou e beijou minha mão e me deu seu amuleto, um pequeno cordão de contas.
Aceitei com um nó na garganta. Como não sou ficar quieta, perguntei por que não voltava ao Brasil de férias um dia e com seu olhar perdido sobre o mar me respondeu: quem dera...
O que ele me relatou depois, acabou fazendo parte da minha própria história:
‘Eu era um jovem de 18 anos quando embarquei para trabalhar num navio. Chegamos no Brasil no mesmo ano, em um Café na cidade Santos, conheci uma jovem da mesma idade, ficamos amigos e trocamos cartas depois da minha partida. Mas veio a sorte ou o destino, e o navio voltou para o Brasil seis meses depois, e desde então nós nos víamos com frequência, e nos apaixonamos.’
O Português e o Grego viraram uma nova língua do amor. Esse namoro durou uns 3 anos, pelo que pude entender, e nesse meio tempo se viram todas as cinco vezes que esteve em Santos. As cartas eram muitas. Quando os dois já estavam perto de completar 21 anos decidiram se casar e Kostas a levaria para Grécia e viveriam no país das 3 mil ilhas do mar azul.
Tudo combinado com a amada e as famílias, ele chega no porto com os documentos para o casamento e uma licença de três dias concedida pelo capitão do navio. Comprou flores no caminho da casa de sua amada e com as alianças foi encontrá-la.
A casa estava fechada, com ares de abandono, não quis acreditar no que via, bateu chamou, gritou, mas não houve resposta. Uma vizinha de frente saiu para ver o que era todo aquele barulho, ela contou que toda a família havia se mudado da cidade sem deixar rastros, nem endereço, nada.
Ele me contou ainda que passou os três dias sentado na frente da casa vazia de sua amada.
Por fim um outro vizinho conseguiu convencê-lo de voltar para o navio, dizendo que a família era contra o casamento e que mudaram para o interior para afastar a garota dele.
Ele voltou para o navio, e quando chegou na Grécia desembarcou definitivamente e foi curar suas feridas em terra. O tempo aliviou sua dor, mas nunca mais restaurou seu amor pelo mar.
A vida seguiu seu curso, ele seguiu em frente, e depois de alguns anos casou teve filhos e netos.
Estive em Nísos Kálamos por 10 horas. Naquela noite, conversando, na fila do telefone público, quis o destino, que eu fizesse alguém se recordar que estava vivo, que o que vivemos é o que vale a pena, e aprendi com esse senhor, que é um tesouro ter as lembranças do que nos permitimos viver.
Fui embora para o barco sem conseguir falar com o Brasil, e com saudades também.
Esse encontro foi em 2004, ou seja, somados ao tempo que a história aconteceu em Santos se passaram mais de 60 anos, quando voltei para o Brasil busquei por curiosidade pelo nome da noiva, imaginei que seria impossível encontrá-la, mas busquei por cartórios online de certidão, afinal eu tinha o nome, o local e o ano.
Demorou uns 3 anos, mas um dia assim sem mais nem menos procurei no Facebook e achei o nome completo, em Santos, era pouco provável que fosse a mesma pessoa.
Mas ainda assim, escrevi uma mensagem me identificando e que estava buscando uma pessoa que devia estar com cerca de 80 anos, expliquei por alto porque procurava essa pessoa. Dias depois me respondeu uma jovem que tinha o mesmo nome da avó, e me pediu para explicar por que estava procurando sua avó. E contei tudo para Sophia.
Houve um silêncio de dias, aguardei a resposta e nada, eu. Achei por bem não forçar um novo contato, talvez minha história tenha causado algum problema. Somente depois de cinco semanas, na véspera do embarque para o Mediterrâneo, recebi uma resposta da neta.
Santos, 25 maio de 2007.
Cara Christina
Às vezes não entendemos por que as coisas nos caem nas mãos. Qual seria a sua função em toda essa história?
Minha avó estava muito doente nos últimos meses, eu dei um tempo na faculdade para ficar com ela, era o mínimo que podia fazer por quem era mais que avó, tinha sido pai e mãe para mim.
Depois que você me escreveu comentei com a vovó sobre o seu interesse e se era ela a pessoa da história. Os olhos da minha avó brilharam e sorriram de um jeito que eu nunca tinha visto antes.
Li para ela a sua enorme mensagem, naquela noite o silêncio na rua era incomum, sua respiração estava descompassada. Minha avó pediu para te agradecer por ter trazido paz ao seu coração, a minha avó é a garota da história e o amuleto foi ela quem fez para ele na última vez que se viram.
O dia 20 de maio amanheceu com uma chuva fina, como se o céu estivesse de luto, minha avó faleceu durante a madrugada, dormindo.
Mexendo nas coisas dela, achei todas as cartas que eles trocaram durante o namoro. Posso dizer que eram emocionantes, a última carta que minha avó escreveu para o Kostas não foi enviada. Mas eu acho que você poderia levar para ele. Por favor me manda seu endereço para enviá-la.
Agradeço por não ter desistido de procurar minha avó. Você trouxe o último alento com as palavras de amor e saudades do seu antigo amor.
Um abraço sincero meu e da minha avó.
Sophia
Avisei a neta que eu estava embarcando no dia seguinte para trabalhar, a carta não chegaria a tempo, ela então me mandou uma cópia por e-mail. A imprimi e fui para o Mediterrâneo.
Fiquei imaginando como faria essa carta chegar às mãos do Kostas, só sabia que morava em Nísos Kálamos.
Consegui organizar um roteiro de navegação que passasse por lá, o tempo não ajudou muito, demorei um mês para chegar na ilha.
Ao atracar fui até o telefone público, no lugar que conheci Kostas. Havia um Kaffé quase em frente, com a carta na mão procurei algum nativo que conhecesse ou soubesse onde Kostas morava. Um dos jovens, barista do café, entendeu o que eu queria.
Ele me levou até a esquina seguinte e disse Kostas morava ali, usou o tempo passado, eu o olhei nos seus olhos e perguntei ele não mora mais aqui?
O garoto, como um gesto de consolo, colocou a mão no meu ombro e disse em italiano: mio nonno scomparso poco più di un mese fa. Minha avó está em casa, mas não fala com estranhos, sinto muito. Ele morreu dormindo no dia 20 do mês passado. O que você queria com meu avô?
Nem me lembro o que respondi, devo ter dado uma desculpa qualquer. Só consegui me despedir sem muitas palavras e voltei para o barco. Zarpamos ao entardecer, teríamos algumas horas de navegação sob o luar.
Era meu turno lá fora, sozinha. Coloquei a mão no bolso e encontrei a carta e sem ler fiz um barquinho com o papel - um origami, no sentido original dessa prática, somente dobraduras, onde se honra as forças divinas das árvores que se doaram para nascer o papel – coloquei no barquinho o amuleto e no rastro da lua uni aqueles dois corações flechados com ouro e os deixei flutuando pelo mar grego em paz, talvez só Cupido tivesse poder sobre o amor mesmo.
Claro que troquei o nome dos protagonistas, essas pessoas são reais, o restaurante na ilha ainda existe, e quis o acaso que eu fosse testemunha de um amor além mar. Então só aceito meu destino de contadora de histórias sem buscar razões, nem porquês.
E aquela foi a última vez que Kalamos, a ilha do amor, esteve na minha rota.
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Altrove c'è l'altrove. Io non me occupo de l'altrove.
Viajando de trem, ouvi um casal atrás de mim ter a essa conversa. Não me virei pra ver como eram, jovens, velhos, viajantes, nativos.
Por que depois do diálogo que presenciei, nada tinha importância, eles eram além de suas formas.
Confesso que as palavras são minhas mas o sentido da conversa, era deles.
Ela disse: - gostaria muito de saber que iremos nos encontrar de novo, na outra vida, quem sabe?
De pronto ele fala: - eu conto com isso!
Ela demora um pouco e diz:
-Fiquei pensando duas coisas: Primeiro que não seria muita resignação aceitar a realidade como ela é? Muito embora na balança as medidas estão equilibradas. E a segunda, bom essa é outra consideração do absurdo, e se essa já é a outra vida?
- Talvez seja por isso que estamos ligados. Ele respondeu com uma tranquilidade palpável.
No alto-falante anunciaram a próxima estação, senti qdo ela se levantou e passou por mim, por um segundo percebo seu vulto do meu lado, hesitei levantar os olhos do livro, mas pude ver diagonalmente seus sapatos confortáveis e sujos de terra.
Eles não trocaram nenhuma palavra, talvez algum gesto, mas não vi porque escolhi não ser testemunha dessa despedida.
O trem seguiu em seu ritmo metálico e compassado nos trilhos. A velocidade aumentando deixava agora a paisagem emoldurada pela janela como riscos coloridos de uma pintura indefinível.
As palavras do meu livro se embaralhavam com a conversa que eu tinha ouvido deles.
Voltei algumas páginas para ter certeza que não tinha lido em vez de ouvido. Ouvi mesmo o diálogo.
Passaram-se oito estações antes do meu destino, ninguém mais havia passado por mim, levantei e me permiti olhar para trás.
O vagão estava quase vazio agora, apenas um rapaz dormindo, e logo atrás da minha poltrona uma mochila enorme. O rapaz parecia exausto, dormindo de mãos dadas com sua bicicleta.
Quando o trem parou desci sem olhar pra trás.
Já na rua, em frente a praça, vi um café com mesas na rua e árvores fazendo sombras agradáveis.
Atravessei pela meio da praça em direção ao café, antes de escolher uma mesa pude ver o ciclista do trem passando, fez um sinal com a cabeça, diminuindo a velocidade olhei em volta e achei a pessoa do cumprimento. Ele parou, se abraçaram, eu já estava ao lado deles nesse momento, e pude ouvir uma última frase:
- Te esperei uma vida inteira até aqui.
Por Chris Amaral

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TODAS NÓS, MULHERES QUE NAVEGAMOS, SOMOS UM POUCO DE CADA UMA E LEVAMOS NOSSA CORAGEM PARA MAIS LONGE, ALÉM DA LINHA DO HORIZONTE. Chris Amaral https://www.instagram.com/p/Cpg5L7yOnDf/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Nem só de náutica vivem todos navegadores, então vai si uma história sobre esse lugar que adoro. Existem várias lendas sobre a fruta calafate e todas tem alguns pontos em comum, falam da característica de sobreviver num clima hostil como o da patagonia, da natureza e o amor. Duas versões são mais comuns na Argentina e são muito diferentes uma da outra. No Chile que é onde estamos agora e onde conhecemos, colhemos calafate existe só uma lenda sobre essa fruta. Haviam duas tribos indígenas que eram inimigas, ( parece que desde os primórdios o ser humano é assim ). A linda jovem Calafate, que tinha olhos dourados como mel, conheceu um jovem da tribo inimiga e se apaixonaram. Viveram por muito pouco tempo esse amor, e como sabiam que suas tribos não aceitariam tal união, decidiram fugir. Mas alguém os denunciou e quando seu pai descobriu pensou que ela estivesse sido instruída pelo espírito maligno Gualicho , à se unir ao inimigo, furioso, convocou o xamã da tribo e antes da sua fuga para encontrar seu amor, o xamã fez um feitiço transformando -a num arbusto cheio de espinhos ponteagudos, mas para reconhecê-la fez florescer flores amarelas como a cor dourada do seus olhos. O jovem foi ao seu encontro, a procurou por muito, muito tempo, mas não a encontrava, acabou morrendo bem ali aos pés do arbusto de flores amarelas. O xamã vendo tudo isso, sentiu um enorme remorso e com um novo feitiço, ao ver as flores caindo ao lado do jovem morto, fez de cada flor que caia nascer um fruto muito pequeno, adocicado, de sabor único, exótico, delicado e ao mesmo tempo intenso, representando o coração pleno de amor da jovem Calafate e de cor violeta quase preto. A fruta Calafate ao colher deixa as mãos marcadas por sua cor forte mesmo em mínimas quantidades, tem que ter cuidado para não se cortar nos espinhos, é algo inusitado de se fazer porque vc pode se machucar, vai se sujar e manchar, definitivamente, mas ao provar a fruta a gente esquece esses detalhes, sente sua cor violeta derreter na boca e delicados tons de ácido, doce e amargo preenchem seu paladar. Impossível comer um só. CONTINUA NOS COMENTÁRIOS. https://www.instagram.com/p/Cpfe_YXr4qK/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Às vezes parece que aconteceu há uma eternidade outras que foi ontem mesmo... E hoje outra grande aventura na minha vida completa 20 anos. Todo ano faço questão de lembrar e comemorar esse dia. Guardo na memória cada detalhes dessa travessia, cada onda, cada rajada, cada entardecer, cada luar. Pra quem gosta de histórias do mar, essa aqui saiu do diário do Aquarela. Bem-vindos à bordo! SEM LEME E SEM DOCUMENTO Muitas pessoas a uma certa altura da vida resolvem largar tudo e mudar de rumo do destino. Acredito que por uma fração de segundo, essa idéia habitou os sonhos de muita gente. Comigo não foi diferente, "surtei aos trinta e cinco anos" e larguei toda a segurança, conforto e estabilidade de uma boa vida em terra e fui morar num veleiro pequeno (6,5m), sem motor, nem banheiro mas, com vista permanente, varanda de 360 graus, e piscina de borda infinita, meu grande objeto de desejo. Assim parti para uma história que seria escrita a cada dia, com um novo aprendizado. E é lógico que em toda escolha é preciso que se renuncie outros conceitos e pré-conceitos, além da própria referência familiar, o apoio e companheirismo das pessoas que amamos e que nos amam. Não sei se foi só o meio que escolhi para viver, mas sempre tive a solidariedade do povo do mar, e uma amizade sem igual, que faz as vezes da família distante em muitas ocasião de aperto e felicidade. Agora depois de mais de 22 anos morando no pequeno Aquarela e vivendo e emocionando a cada por do sol, posso dizer que será difícil desembarcar para morar de novo em terra. Já trabalho nesse meio náutico há muitos anos e aprendi a conviver com o desconhecido e a instabilidade, financeira e de condições climáticas: hoje estou mais sensível para perceber as sutis variações de temperatura, correntes, pressão atmosférica, umidade, ventos, nuvens. Depois de semanas de trabalhos, forçados, o Aquarela ficou "pronto", e eu também, já era hora de partir, para realizar um sonho, desses que movem o nosso mundo. A saída foi ansiosa. Me senti insegura de soltar as amarras. OS PRÓXIMOS CAPÍTULOS ESTÃO NOS COMENTÁRIOS https://www.instagram.com/p/CpVHAVALpGE/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Como é navegar em mar aberto? Quem nunca esteve embarcado sempre se pergunta, como seria isso ? Em todos os cantos do mundo existem navegadores com seus veleiros e o denominador comum entre todos nós é o mar e o vento. E é esse vento que nos leva longe, que é o combustível das nossas viagens, o assovio nos estais quando vai tomando velocidade e se impõe como um deus de natureza indomável, ou até a brisa leve que nos faz ajustar as velas para melhorar o rendimento. O mar se faz vivo no seu eterno movimento, nas calmaria parece um grande animal respirando pausadamente, no swell que nos faz balançar como se estivéssemos no liquidificador, nas ondas que surfamos, nas desencontradas e as madrastas que nos fazem atravessar. E aí depois de horas, dias entre o céu e o mar, avistamos nosso destino pela proa e nos dá sensação de ter chegado onde somos esperados. Isso é como um abraço forte e demorado, reparador de energias. Experimentar um sol poente na linha do horizonte tendo um mar transparente, de um azul anil e com um universo submerso de cores e vidas que nos deixa literalmente sem ar. Às vezes aparecem os golfinhos - esses seres que nos enfeitiçam fazendo festas, malabarismos ao lado do barco e roubam suas horas de descanso porque é impossível resistir ao espetáculo. Quando acaba uma travessia, se é que acaba dentro da gente, cada tripulante toma seu rumo e para nossa felicidade a terra ainda é redonda, e quem está em movimento sempre se encontrará em novos portos. Navegar é uma forma de se conhecer, e saber da existência do eterno encontro marcado com os amigos do mar, porque essa experiência vai mudar sua forma de se relacionar com o mundo. Então é hora de zarpar. Por Chris Amaral https://www.instagram.com/p/CpTSauALQuM/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Muitas vezes quando navego fico só observando a natureza à minha volta. Outras vezes por sorte ou acaso estou com a câmera aos alcance das mãos. Então os detalhes se unem e consigo paralisar o instante e assim eternizar o quadro que vivi. @chrisamaral_oficial https://www.instagram.com/p/CpKe9XWuZV0/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Quando la notte è quasi terminata e l’alba è tanto vicina che possiamo toccare gli spazi- è ora di lisciarsi i capelli e preparare le fossette nelle guance- e stupirsi di esser stati in pena per quella vecchia, svanita mezzanotte- che ci atterrì soltanto per un’ora. Emily Dickinson https://www.instagram.com/p/CpBboEOrcYd/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Ser criativo significa não ser prisioneiro do tempo. Não ter limites nem fronteiras até encontrar a ideia perfeita que paga por todo aquele tempo que não existe mais. E que na realidade ainda está aí, embora sob outras formas. Mas não pode ter vocação para o raso. https://www.instagram.com/p/Co43Fh9r05J/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Hoje, terça-feira se comemora o dia de São Valentim e sua história vem lá da Roma antiga, quando Cláudio II, o imperador Gótico, que durante seu governo, proibiu a realização de casamentos em seu reino, com o objetivo de formar um grande e poderoso exército. Cláudio acreditava ainda que os jovens, que não tivessem esposa ou mesmo filhos seriam mais audazes porque não tinham muito o que perder. Mas em Roma parece que o amor está no ar desde sempre, pois havia aí um bispo romano, nascido em 226 d.C. , de nome Valentim de Terni, que desobedecendo essa proibição continuou realizando casamentos em segredo. A desobediência de Valentim foi descoberta pelo imperador Cláudio II, que o prendeu e o condenou à morte. Enquanto estava preso, dizem que muitos jovens atiravam flores e bilhetes dizendo que os jovens ainda acreditavam no amor, para o bispo, e entre todos estava uma jovem cega, Artérias, filha do carcereiro, que também enviou bilhetes à Valentim, ela conseguiu a permissão do pai para visitar Valentim. Agora entra a parte da lenda dizem que os dois se apaixonaram e que a jovem recuperou a visão. Há ainda uma versão de que o bispo Valentim chegou a escrever uma carta de amor e despedida para a jovem assinando : - “de seu enamorado Valentim”. Valentim, depois da condenação de morte, foi decapitado em 14 de fevereiro de 269d.C. Roma, Itália. Então para hoje desejo um feliz ano onomástico para Valentina, Valentin e Valentino que conheço. E para quem não tem esse nome desejo que possa enamorar-se, porque é o amor que move o mundo. Assim Feliz Valentine Day's. https://www.instagram.com/p/CopQL32rxaI/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Nemo é um verbo grego νέμω ( némo): 'distribuir', o termo chegou a usado com o significado de 'desdém', 'indignação' e ainda com o sentido de 'vingança', 'castigo'. Em Latim nemo significa ninguém, nenhum. Ai vc me pergunta por que tudo isso isso? E´ para contar que existe um lugar que é o "pólo oceânico de inacessibilidade", o lugar mais remoto do mapa, é o local mais distante de qualquer continente ou ilha no planeta Terra, seja ela habitada ou não. Trata-se de um ponto no meio do Oceano Pacífico, nas coordenadas: 48°52'6"S 123°23'6" W. Esse é o ponto menos visitado do planeta, a mais de 2 700 km, equidistante, de três ilhas: a ilha atol Ducie (no arquipélago das Pitcairn), território britânico; a ilhota Motu Nui (na cadeia da Ilha de Páscoa); e a Ilha de Maher, na costa da Antártida. Todas desabitadas e minúsculas. Um lugar além da jurisdição de qualquer Estado. Também conhecido como o Ponto Nemo, ele foi descoberto em 1992, pelo engenheiro Hrvoje Lukatela que, em terra, usando software, modelou a forma elipsóide do planeta para obter maior precisão na localização dos três pontos equidistantes; "não há outros na superfície da Terra que pudessem substituir qualquer um deles", disse Lukatela. O local foi nomeado de Ponto Nemo , em homenagem ao misantropo anti-herói capitão Nemo, do livro Vinte Mil Léguas Submarinas, de Júlio Verne. E se vc já leu o livro da para entender o motivo do capitão levar esse nome. Não para por aí as historias sobre esse waypoint no meio do Pacífico, em 2016, os barcos da Volvo Ocean Race, que navegaram de Auckland, Nova Zelândia até a cidade de Itajaí, no Brasil, passaram pelo Ponto Nemo. O barco mais rápido levou 15 dias, 10 horas e 37 minutos para chegar lá, falou-se muito sobre isso nas redes socias na época. Peraí que tem mais, a região em volta do Ponto Nemo é bem conhecida pelas agências espaciais, a chamam oficialmente de “Área Desabitada do Pacífico Sul”. As agências espaciais russas, europeias e japonesas costumam usar o Ponto Nemo como “cemitério espacial”. CONTINUA nos comentários.. https://www.instagram.com/p/Cn77zqcrASI/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Talvez você não saiba mas, fui criada nas montanhas, o mar para mim era nas férias, a areia, as ondas e os capotes que levava por não saber nadar. Por sorte ou destino um dia fui apresentada à vela. Aprendi a velejar nos livros, na época não existia youtube, eram outros tempos, e com um laser velhinho, na Lagoa dos Ingleses. Foi muito intuitivo, acho que eu exercitava mais minha paciência do que as técnicas. Até que um dia, acredito muito que o universo conspira à nosso favor, eu fui velejar no mar, foram 52 horas de mar aberto. Num turno no meio da madrugada, sozinha, levando o barco com o leme nas mãos, uma noite sem luar, vi dezenas de estrelas cadentes e um rastro de luz dos planctons na esteria do barco. Foi exatamente nessas condições que tive um pensamento que mudou tudo na minha vida: "Achei meu lugar no mundo", era só isso que eu queria, estar entre o céu e o mar, movida pelo vento. Depois disso minha história no mar foi longe, alcancei mares que nem em sonhos eu imaginava, e quer saber ? Navegar é para quem quer muito, não é dificil, mas vai exigir de vc comprometimento e vontade. E pensando nisso criei a Clínica de Navegação Oceânica, porque nenhum conhecimento tem valor se eu guardo só pra mim. Precisamos compartilhar os ensinamentos para chegar mais longe. Então qual é o seu rumo? . . . . #velejar #fec #paulocuenca https://www.instagram.com/p/Cn0gv5gLlf6/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Sabe aquelas aulas de geografia que vc não só não prestava atenção como também se perguntava pra que vai servir isso na minha vida? E então um dia vc é convidado à velejar e ai sua vida vai mudar, porque na navegação a geografia influencia diretamente as condições climáticas e do mar, por isso conhecer e estudar a região que iremos navegar nos prepara para o que podemos encontrar numa travessia por exemplo. Daqui pra baixo vou contar um pouco dos conceitos geográficos que encontramos navegando. Cabo geográficamente falando é uma porção de terra que avança pelo mar. Alguns cabos terminam abruptamente em forma de escarpas, outros podem ser rasos. Que podem ser regiões de difícil navegação em condições desfavoráveis de tempo. Os Cabos podem classificar-se como pontas, pontais, promontórios e cabedelos. Se uma península for estreita, de pequena dimensão poderá ser chamada cabo. Os cabos são frequentemente pontos notáveis, de bastante visibilidade, onde se instalaram faróis para facilitar a navegação. Dois cabos separados por uma pequena distância podem formar uma baía ou um golfo. A navegação costeira, efetuada entre cabos, sem que se perder o contacto visual com a costa é chamada de Cabotagem. Por Chris Amaral Na fotos vc verá o Cabo Frio em a primeira no inverno e a segunda foto no verão, e as ultimas 4 fotos são do Cabo Horn no verão, fotos feitas com intervalos de 2 a 3 semanas. https://www.instagram.com/p/Cnuk252O-Ii/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Hoje vou falar um pouco da minha paixão por esse lugar: O Cabo Horn é considerado um grande desafio para os navegadores. Está localizado no extremo sul da América do Sul e é uma das ilhas do arquipélago Wollaston no Chile. Entre todas as formas de relevo notáveis nas costas dos cinco continentes, não há nada mais assustador e impressionante para o navegador do que o Cabo Horn. Essa área é considerada um dos locais mais privilegiados do mundo e é declarado uma área da "Reserva Mundial da Biosfera". E assim como o maior prêmio para um alpinista é alcançar o cume do Monte Everest, para nós navegadores é atravessar ou circunavegar um lugar de ventos fortes com rajadas de até 70 nós, que mudam de direção e intensidade em um curto espaço de tempo, com chuvas fortes, neve, granizo, sempre acompanhado pela fúria do mar, o mítico Cabo Horn, um desafio por seu selvagem e imprevisível clima. Daí a atração dos navegadores para alcançá-lo e viver para contar. E acredite por mais vezes que eu já tenha navegado até o Cabo Horn, trago comigo a mesma sensação da primeira vez, afinal ele nunca se apresenta do mesmo jeito. Mas ele exige sempre o máximo de vc. Chris Amaral https://www.instagram.com/p/Cnfqhy5rZ_1/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Hoje vou falar um pouco da,minha paixão por esse lugar: O Cabo Horn é considerado um grande desafio para os navegadores. Está localizado no extremo sul da América do Sul e é uma das ilhas do arquipélago Wollaston no Chile. Entre todas as formas de relevo notáveis nas costas dos cinco continentes, não há nada mais assustador e impressionante para o navegador do que o Cabo Horn. Essa área é considerada um dos locais mais privilegiados do mundo e é declarado uma área da "Reserva Mundial da Biosfera". E assim como o maior prêmio para um alpinista é alcançar o cume do Monte Everest, para nós navegadores é atravessar ou circunavegar um lugar de ventos fortes com rajadas de até 70 nós, que mudam de direção e intensidade em um curto espaço de tempo, com chuvas fortes, neve, granizo, sempre acompanhado pela fúria do mar, o mítico Cabo Horn, um desafio por seu selvagem e imprevisível clima. Daí a atração dos navegadores para alcançá-lo e viver para contar. E acredite por mais vezes que eu já tenha navegado até o Cabo Horn, trago comigo a mesma sensação da primeira vez, afinal ele nunca se apresenta do mesmo jeito. Mas ele exige sempre o máximo de vc. Chris Amaral https://www.instagram.com/p/Cnfqhy5rZ_1/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Todas as navegações tem um aspecto em comum, o tempo. Um tempo marcado por fatores externos e alheio à qualquer um de nós. Que tempo o tempo leva? Na vida o tempo é uma variável inconstante, mas sempre presente. O tempo que usamos para navegar não é medido por horas ou minutos. Esse tempo é marcado por mares e correntezas, por luas nova ou cheia. O outro tempo que nos envolve é o imprevisível, que comanda os ventos e tempestades. O tempo é uma medida imprecisa, dos momentos vividos quando não estamos prestando atenção. Mas no fim dos tempos, depois de muito tempo passado, descobre-se que o tempo é atemporal. Chris Amaral @chrisamaral_ oficial Beagle Brazo Noroeste - abril/2018 https://www.instagram.com/p/CnGqVDAuL8R/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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