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da5vi · 3 days
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Descobrindo Todd Graff
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Se você é como eu, provavelmente é uma das poucas pessoas que ainda possuem (e guardam com muito carinho) sua cópia em DVD de um filme de 2009 chamado Bandslam. Estrelado por Gaelan Draper, Aly Michalka e Vanessa Hudgens, o longa é mais conhecido hoje por ser a última atuação de David Bowie antes de seu falecimento em 2015.
Como um bom adolescente educado pela televisão, filmes e séries geralmente eram sinônimo de um escapismo que parecia bastante necessário. Devotava horas a ler sobre essas produções ou consumi-las, desejando sempre que minha realidade cruzasse a linha da ficção e pudesse enfim viver uma aventura como a de Ferris Bueller ou do rapaz em Quase Famosos.
Nem preciso dizer que Bandslam era um desses filmes-conforto. Foi ele que apresentou ao The Velvet Underground, me transformou num fã de Bowie e, através de Will Burton e Sa5m, me compreendia de maneira singular -- assim como esses personagens, tinha dificuldades de me encaixar e geralmente me alienava dos demais. Com pais também divorciados, morar com minha mãe significava que ela seria bem mais superprotetora que a Karen (Lisa Kudrow) em minhas tentativas frustradas de desenvolver uma vida social.
Meu pai nunca dirigiu alcoolizado, mas não tínhamos uma boa relação devido a sua personalidade explosiva. Me sentia tão distante dele e simultaneamente tão próximo de John Hughes que, tal qual Will Burton, senti a necessidade de fingir que meu pai era outro. Consequentemente, naquela época, era comum me encontrar em redes sociais sob o alter ego Davi Hughes, uma homenagem ao homem que me enviava inúmeras mensagens de acolhimento e conforto mediante diálogos cinematográficos.
Amigos diziam que meu jeito de falar do que sou fã era bastante passional, e logo me sentia como o Will Burton numa tarde qualquer, descrevendo seu álbum preferido do Velvet Underground. A ansiedade social era algo que também tínhamos em comum, e sempre imaginava que meu primeiro beijo seria tão vergonhoso e esquisito quanto o que acontece aos 49 minutos e 07 segundos. Além disso, passava horas lendo livros e evitando pessoas, como Sa5m.
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Quanto mais as horas passavam, mais eu lia artigos sobre Bandslam na internet. Assistir as cenas excluídas e ouvir (mais) músicas de Aly & AJ se tornaram coisas habituais. Me chateava muito que um filme estrelado por Vanessa Hudgens pós High School Musical não era gigante, e alguns sites de entretenimento especializados culpavam a Summit Entertainment e sua péssima divulgação do longa pelo ocorrido. Foi aí que meu espírito adolescente inflou-se com a necessidade de "espalhar a palavra": Davi Hughes se tornou Da5vi (o cinco é mudo), este discípulo meio doidinho de Todd Graff que vos escreve até hoje.
Fui chamado para escrever no jornal da cidade -- e é claro que escrevi sobre Bandslam. Se tinha uma brecha para falar sobre algo no blog dos meus amigos? Era sobre Bandslam. Consegui até que algumas publicações nacionais e sites teen falassem sobre na época! Mas acho que o ápice da minha loucura foi quando o DVD do filme enfim chegou na minha casa: preparei uma "atividade" para a aula de inglês da professora novata e entreguei Bandslam para a professora assistir com a minha turma.
Nem preciso dizer que meus colegas ficaram pê da vida e se recusaram a fazer uma atividade feita por mim. E foi assim que, pela primeira vez em minha nobre vida estudantil, parei na sala da coordenação.
Os anos passaram, e eu me tornei professor de inglês. Aí, seja por filme ou literatura (o roteiro de Bandslam virou um reader maravilhoso da MacMillan), sempre incluia o filme como uma atividade extra do semestre. Adorava esperar a reação dos alunos para minhas cenas favoritas, e me perguntava se a trilha sonora mudaria a vida deles da mesma forma que mudou a minha...
Também sentia a necessidade de encontrar alguém por aí que amasse Bandslam tanto quanto eu, sabe? E me perguntava periodicamente se Todd Graff tinha ciência de que, em algum lugar do planeta, havia este ser (ou mais) que amava seu filme pra caramba. Sempre quis dizer isso a ele por que, na minha cabecinha, talvez compensasse pelo fato do filme não ter se tornado o próximo Juno.
Mas ele não existia em redes sociais, e estava visível apenas nos extras do DVD do filme ou através de comentários no encarte da trilha sonora. Imaginava que ele fosse tal qual Will Burton, pois ele aparentava também ser intensamente apaixonado por música em geral, mainstream ou underground.
"Será que a vida dele era como a de Will?" e "Quão pessoal era Bandslam?" eram algumas das perguntas que circulavam minha mente naqueles dias.
Com a quantidade de informações sobre ele reduzidas aos créditos em sua página no IMDb e algumas fotos da estreia do filme, as opções para este contato pareciam inexistentes. As vezes pentelhava o Gaelan ou a Aly no Twitter... outras vezes Elvy Yost, Scott Porter e Charlie Saxton, também atores do filme, entravam na minha mira de interação... e sempre que podia eu continuava minha busca por Todd Graff em alguma rede social...
Mas nada aparecia.
Seria ele fruto de minha imaginação? Esperava que não.
2020 chegou, e o coronavírus também. Estava em lockdown e, como todo mundo, me atendo aos sinais de que "dias melhores viriam" colhidos de filmes-conforto, como Bandslam, tal qual fazia em minha adolescência. Foi assim que, mais uma vez, me vi investido nesta antiga tarefa de encontrar o Todd Graff e dizer pra ele que eu AMAVA aquele filme.
Devo ter enviado um "oi" pra um Todd Graff de Cincinatti no Facebook, pois seu perfil tinha um ar misterioso... Revirei o Twitter e o Instagram mais uma vez... acessei todas as páginas Google possíveis e até consegui uma conta temporária no IMDb Pro para tentar encontrar meios de contatá-lo.
Nada apareceu.
Por que diabos este homem era tão difícil de se encontrar?
Foi então que lembrei de seu cônjugue: um homem latino alto, negro e possivelmente dono de um tanquinho que o acompanhava em fotos da estreia de Bandslam. E em algum site dos que visitei tinha o nome do cara...
Com novas informações em minhas mãos, retomei minha busca em redes sociais, e no Facebook, acabei encontrando um tal de Jhon Lafaurie cujo a foto de perfil parecia uma versão "congelada no tempo" do rosto do homem na premiere de Bandslam. E assim, munido com meu espanhol aprendido com RBD e Lali, escrevi uma mensagem para o cara, na esperança de ter conseguido me expressar de forma adequada o suficiente para que nada esquisito acontecesse.
Os dias passaram e eu? Jurava que Jhon tinha me dado um belo de um block, mas foi quando estava prestes a jogar a toalha pela última vez que acordei com uma notificação no celular que me deixou estatelado no chão, imóvel, vestindo uma camiseta preta com os dizers "I CAN'T GO ON*", tal qual Will Burton...
Uma mensagem.
Em inglês.
Do próprio Todd Graff.
E ele era tão nerd de música quanto pensava. Não tem como alguém vivo competir com o conhecimento musical deste cara -- a não ser que estejamos falando de grupos meio obscuros de bubblegum pop dos anos 2000. No auge da minha inocência, jurava que conhecia bandas underground do século passado porque ouvia Fotomaker e The Restless Virgins, enquanto isso Todd estava viciadíssimo numa banda chamada Mission of Burma. Parece até o nome de algum jogo de tabuleiro bastante demorado, né? Mas o álbum deles, Vs, é na verdade bom pra caramba!
Gosto de pensar que se o CBGB ainda existisse, Todd estaria lá, segurando a mão de Jhon enquanto curte o som das bandas indies e comenta pros amigos próximos sobre como o currículo acadêmico de seu marido é extenso, e como ele também é dono de um tanquinho invejável.
No entanto, devo dizer que a vida de Todd não tem muito a ver com Bandslam ou Will Burton. Seu filme Camp, de 2003, talvez seja um retrato mais fidedigno de sua adolescência como nerd da Broadway, visto que o roteiro é baseado em suas experiências no acampamento Stagedoor Manner, onde ele deve ter conhecido a pessoa que inspirou a personagem Sa5m.
Mas sendo bem sincero, cantar no primeiro LP do Sesame Street, fazer parte do Short Circus, escrever um filme para a Fran Drescher e concorrer a um Tony Award é bem mais interessante que ser chamado de Dewey.
Seu hobby preferido é um jogo de música (claro), e fui convidado a jogar com ele algumas vezes no Zoom. Isso quer dizer que de dia eu estava vivendo a minha vida normal, dando aulas e tal... mas a noite lá estava eu, o brasileiro perdido no meio de várias pessoas aleatórias de Hollywood (incluindo atores de Bandslam), dando meu sangue para vencer no Beat the Intro.
Ele até organizou uma reunião de dez anos do elenco para uma das minhas aulas, tipo... será que meu Will Burton interior algum dia iria se recuperar do tanto de coisa legal que estava acontecendo?
Já faz alguns meses desde nossa última interação por e-mail e, desde então, descobri que Bandslam couldn't go on, but went on: uma banda teen das Filipinas fez uma cover IRADA de Amphetamine pro YouTube. E descobri várias pessoas no Twitter que também consideram Bandslam um de seus filmes preferidos -- tem até esse cara da Tailândia que, assim como eu, tem um alter ego inspirado na Sa5m!
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Foi assim que, por um instante, o mundo parecia um lugar feliz novamente. E foi assim que o ano mais deprimente desta década (até aqui) me deu um presente maravilhoso: finalmente conheci Todd Graff. E embora ele não fosse a pessoa que imaginava, certamente era a pessoa que meu Will interior precisava naquele momento.
E sim, caso esteja se perguntando, Wichita Lineman de Glen Campbell tem sim o poder de acalmar crianças e ajudá-las a focar em atividades. Uma dica valiosa!
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da5vi · 6 days
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Loverboy, Garoto de Programa
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Patrick Dempsey virou uma espécie de tio gostosão, o Devon Sawa dos fãs de Grey’s Anatomy, mas nos anos oitenta ele era um magrelinho narigudo que fez um bocado de filmes aleatórios que o brasileiro comum assistiu na Sessão da Tarde — Loverboy: Garoto de Programa, foi um deles.
Randy Bodek é um jovem universitário que simplesmente não está nem aí para o ensino superior. Tampouco tem a maturidade necessária para sustentar — e reconhecer — seu relacionamento com a jovem Jenny Gordon.
Decepcionado com o desperdício de dinheiro que seu filho representa, o pai de Randy o tira da faculdade para inseri-lo na famosa vida real, onde ele precisa de um emprego para não apenas se sustentar, mas também pagar por seus estudos — caso queira voltar para a universidade, é claro.
Assim, nosso querido protagonista arruma uma vaguinha numa pizzaria e descobre que ser classe trabalhadora é um verdadeiro inferno, especialmente numa profissão cujo principal requerimento é atender o público. Doido pra retomar os estudos a fim de conseguir um futuro melhor, mas longe de ter o orçamento necessário para isso, sua vida muda completamente quando ele decide dar em cima de uma… mulher mais velha.
Coisas que somente um homem com muito ego e zero noção poderia fazer.
Rejeitado pela mulher, ele acaba chamando a atenção de outra, que solicita uma pizza de anchovas para se encontrar com o rapaz e ter o divertimento que precisava há tempos, iniciando assim a carreira de Richard Gere do nosso jovem rapaz.
Talvez fosse um filme que, pela dinâmica da idade entre Dempsey e suas amantes (teve lovezinho até pra Carrie Fisher), não funcionasse sem ressalvas neste mundo pós-All Too Well, mas é justamente a interação com essas mulheres que faz Randy amadurecer o suficiente para tentar reconquistar sua amada. E é interessante notar que muitas das mulheres sequer procuram, necessariamente, sexo casual: presas em relacionamentos com homens ricos e cafonas, muitas vezes a necessidade é de receber atenção em uma conversa, ou até de dançar. E Randy, mesmo as vezes desajeitado, fornece essa abertura, esse quadro em branco, para que elas possam viver suas fantasias…
É claro que, como toda comédia dos anos oitenta, a situação toda gera sub-plots aleatórios com tom de humor, que vão desde o pai questionar a sexualidade de Randy (parabéns para o posicionamento da mãe) aos maridões cornos e desconfiados tentando descobrir quem é este homem que vem levando suas mulheres à loucura…
Loverboy é um filme divertidissimo e puro suco dos anos oitenta. Tem seu moralismo que infelizmente expirou há alguns anos, mas o legal dele ao contrário de Coquetel (que também vi recentemente) é que ele faz essa valorização, mesmo que superficial, do ensino superior como porta de partida para mudar de vida.
Como deve ter sido bom viver nos tempos em que o estudo tinha essa garantia, apesar da gente ver o quanto que ele ganhava sendo puta.
Enfim…
O filme é parte da coleção SESSÃO ANOS OITENTA, da Obras Primas do Cinema. Uma das coleções mais legais em dvd do mercado brasileiro hoje. Pra quem gosta de filmes da época, cada box traz quatro clássicos com dublagem e legendas (além de extras super bacanas). Gosto muito da coleção e tenho quase todos os volumes! Quem quiser saber mais, é só acessar o site Colecione Clássicos.
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da5vi · 7 days
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Tarde da Noite com o Diabo
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Geralmente odeio assistir trailers de filmes e evito participar de hypes sempre que possível, mas vi um cartaz tão retrô, tão simpático de um filme chamado TARDE DA NOITE COM O DIABO ano passado que fiquei — ok, vou assistir o trailer pra ver do que se trata… e caras… apenas gostaria de dizer que por meses achei que o dia de enfim ver este filme NUNCA chegaria.
E que mal posso esperar para assisti-lo mais uma vez no cinema dia 26 de setembro também!
A briga pela audiência não foi uma coisa inventada pelo Gugu, Silvio Santos ou Faustão (pasme), e consequentemente o Jimmy Carson, então apresentador do Tonight Show, alugou um triplex enorme na cabeça do ex-radialista (e possivelmente metido com ocultismo e satanismo) Jack Delroy, que utilizou até sua esposa em fase terminal de doença para arrancar um primeiro lugar na ferrenha briga pela audiência noturna norte-americana (e ainda assim não conseguiu).
Destinado a fazer seu momento acontecer, custe o que custar, ele prepara um especial de Halloween com convidados bastante inusitados e que prometem entregar o maior espetáculo de horror real que o espectador comum já viu até então.
Tarde da Noite com o Diabo utiliza com maestria esse pano de fundo da disputa por audiência (e quem viveu no auge da televisão sabe que o bagulho era bem intenso MESMO) para entregar o Ghost Watch dos Talk Shows. É um filme que cumpre muito bem o seu papel, e embora às vezes os efeitos especiais deixem um pouco a desejar (há um vômito feito em CGI que soa tão convincente quanto parece), em outros ele surpreende — e a história te puxa para dentro de um jeito tão cativante que é impossível não se sentir impactado pelo que está se desdobrando perante seus olhos.
Tarde da Noite com o Diabo é, sem dúvidas, um dos (senão o) meus filmes preferidos de horror deste ano, e já estou planejando assisti-lo novamente este fim de semana.
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da5vi · 7 days
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Something to Give Each Other, Troye Sivan
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A gente não consegue sair dos anos oitenta, e por mais que ame a década, já estou preocupado em como esse negócio veio para ficar a ponto de ofuscar o momento do revival anos 90 e 2000 um pouco.
Dito isto, Troye Sivan pode ser um dos maiores ícones LGTVs da indústria, mas sempre que ouço ele lembro da minha melhor amiga crente, que foi quem (pasme) me apresentou seu trabalho lá quando ele era um twink do YouTube recém lançado na música, cantando Happy Little Pill.
Não acompanhei muito do que veio depois, mas Something to Give Each Other me chamou muito atenção a partir do single One of Your Girls. A progressão dos synths numa promo que vi despertou bastante a minha curiosidade pelo álbum — não tinha achado Rush interessante a princípio —, e confesso que foi uma surpresa bastante agradável me deparar com um pop tão pop, e que mesmo tendo as influências oitentistas que todo mundo vem usando, consegue se sustentar com um perfil único sabe?
Em outras palavras, você ouve o Something To Give Each Other e não vê outras pessoas fazendo algo igualzinho, como tem sido as últimas músicas pop que topam a Billboard nos últimos anos (com ressalvas). Para além disso, o instrumentalismo das músicas é muito rico, tem muitas camadas pro nosso ouvido explorar. Ver esse tipo de atenção em músicas de hoje em dia também é um alívio.
Acho que muito dessas técnicas e particularidade do disco são resultado de Troye não pertencer a uma cultura americanizada e, como Dua Lipa, poder explorar com mais facilidade outras facetas culturais — o clipe de Rush, por exemplo, foi gravado em Berlin, e o de Got Me Started em Bangkok. Há esse interesse de capturar a diversidade de ambas as localizações no vídeo, que também busca evocar sexualidade e cultura LGBT.
As minhas preferidas são What’s The Time Where You Are e In My Room, coincidentemente ambas também mostram o Troye se arriscando em espanhol em algumas frases (outra coisa muito legal).
Se em 2016 o álbum perfeito para uma festa seria o auto-intitulado da DNCE, em 2024 você pode ter certeza que é Something to Give Each Other. A turnê de apoio ao disco, inclusive, deve começar ao final do mês que vem, e estou ANSIOSO para ver como a produção em estúdio, com tantas nuances e particularidades, será adaptada pro ao vivo!
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da5vi · 8 days
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Depressão, falsas expectativas e o mito das verdadeiras amizades
Já faz seis meses desde que recebi a informação que virou a minha vida de cabeça para baixo: tenho um quadro de depressão que surgiu a partir de uma síndrome de burnout.
Há muita coisa para desenvolver pessoalmente dentro dessa área, especialmente porque não gostaria de seguir em um ambiente de trabalho favorável a esse tipo de acontecimento novamente, mas quando se fala de depressão, há também uma canção não-cantada que a gente nunca espera que faça parte do nosso repertório, mas que eventualmente acontece com mais frequência do que se imagina:
Quando a SUA depressão aparentemente deixa de ser um evento SEU e passa a ser algo do próximo. Ou melhor: quando o outro se projeta na SUA depressão, mais por ele que por você.
É esse limbo meio louco que existe quando você busca apoio de pessoas próximas, outrora conhecidas como seus amigos, no meio do caminho meio tosco que é a recuperação deste grande evento.
A minha vida mudou drasticamente após o diagnóstico. Sai do trabalho antigo, e também saí do convívio rotineiro com as pessoas que eram meus amigos…
Pergunte agora quantas vezes os meus amigos entraram em contato para saber se eu estava bem?
A verdade é que todos eles tem medo, talvez, que eu responda que não estou.
Ninguém quer saber do “pobre Davi que ainda não superou o que aconteceu com ele”, por que para os outros, a régua de coisas que devemos considerar insuperáveis é diferente.
Para alguns dos meus “amigos”, eu não tinha o direito de vivenciar todos os sentimentos, angústias, questionamentos, decepções e raiva que vem com um Burnout, com as situações que levaram a esse duplo-estado na minha vida.
Muito pelo contrário, eu tenho que fingir que tudo está bem. Tenho que engolir meus sentimentos e fazer sala para mostrar que sou evoluído ou que situações não machucam. Palavras não machucam. Humilhações não machucam.
Nada disso pode deixar cicatrizes abertas. Questionamentos abertos.
Por que a minha depressão não é sobre MIM, tampouco meu burnout. Eu não tenho o direito de vivenciar minhas questões e insatisfações sem que meus grandes amigos não apenas se sintam no direito de censurar meus sentimentos e me tratar como um estranho, forasteiro.
Essa semana, uma grande amiga disse que eu precisava arrumar um hobby. Essa mesma amiga segue normalmente a sua vida diariamente, sem grandes alterações na rotina — exceto o trabalho extra que surgiu após minha saída da empresa.
Eu estou removido desta rotina. Da empresa. Ressignificando tudo o que passei (e que não diz respeito a isso aqui) em dez anos num ambiente de trabalho.
Também ouvi que EU aceitava algumas situações que se agravaram. E talvez ela não seja a primeira a pensar dessa forma, mas foi a primeira que viu a oportunidade de dizer.
Por que é mais fácil meter um gaslight que ignora completamente o cenário de abuso de poder e de violação de direitos trabalhistas que me trouxe até aqui.
Se arrumar um hobby traz a cura da depressão, sabendo que: tenho minha coleção de filmes que cuido com muito carinho, desenvolvi o hábito de ir ao sebo regularmente não apenas na busca de algum filme novo (e velho) para assistir, mas também para interagir com outras pessoas…
Sabendo que tenho o hábito de ir ao cinema — e que sou amigo da galera que trabalha no cinema, ou seja, conversamos sempre que estou por lá, e as vezes até ganho cartazes de alguns filmes depois que acaba o circuito de exibição…
Que tenho saídas ocasionais com outros grupos de amigos e outras situações…
Segundo a nova grande descoberta da psicologia, eu deveria estar no auge da minha serotonina, não é?
No entanto, trazendo para a realidade: depressão é algo que nos consome por MUITO TEMPO.
Tem dias que me sinto, parafraseando Jack Dawson, o rei do mundo. Tô na ponta do Titanic, contemplando a beleza da natureza, golfinhos pulando quase que adestradamente para embelezar o pôr do sol ainda mais.
E aí vem os dias que estou abandonado em cima de uma porta no mar congelante, tal qual Rose Dawson, fazendo o que posso e o que não posso para evitar sucumbir e morrer.
Sendo uma pessoa que sempre priorizou olhar como o próximo se sente, eu esperava que meus amigos próximos fizessem o mesmo comigo.
No entanto, o que venho recebendo de muitos deles é a falsa sensação de importância e o completo apagamento da situação que estou vivendo.
Talvez eu estivesse esperando demais do próximo em querer ser acolhido. Ou em querer sentir que, de fato, as coisas não iriam mudar — “tudo permanece o mesmo”… ou será que permanece?
Nunca pensei, na minha vida, que teria que fazer esse tipo de desabafo. Porque sempre achei que teria meus amigos do meu lado.
Mas o que fazer quando você é uma favela do Rio de Janeiro que querem esconder por trás daqueles muros gigantes para que sua primeira vista da cidade ao sair do Galeão não seja tão deprimente?
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da5vi · 16 days
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Evidências do Amor
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E se a música mais popular do Brasil fosse também a trilha sonora de seu relacionamento?
Laura e Marco Antônio se conhecem a lá Troy e Gabriella: cantando em um karaokê, e assim dão início a uma relação completamente recheada de momentos felizes e singulares. Nem todo comercial de margarina tem um casal assim!
Desta forma, ficamos tão surpresos quanto Marco quando Laura decide jogar tudo pro ar semanas antes do casamento.
Um ano depois, algo bizarro começa a acontecer: cada vez que Marco ouvir a composição de José Augusto e Paulo Sérgio Valle, ele é transportado para uma memória da relação dos dois. E a partir daí ele começa a perceber que as coisas não eram tão cor-de-rosa quanto pareciam.
Evidências do Amor é o nosso Yesterday — embora os plots sejam obviamente diferentes, ambos os filmes existem para mostrar que grandes clássicos nunca saem de estilo. A comédia romântica de Luana Guimarães, Pedro Antônio (também diretor), Álvaro Campos e Fábio Porchat usa viagens no tempo de forma bem singular e divertidíssima, e as situações tem o humor ainda mais acentuado pela performance de Fábio Porchat — que aqui é minha favorita, pois ele está “na medida certa” (em quadros do Porta dos Fundos geralmente o achava exagerado demais).
O melhor de tudo é que a energia caótica de Porchat faz com que Sandy brilhe ainda mais — é incrível ver como ela está radiante no longa fazendo dancinhas bobas e fugindo do rótulo meio blé de santinha que a persegue até hoje. Se na época em que compôs “Discutível Perfeição” a princesa talvez chocasse falando sobre sexo anal e cerveja, aqui os palavrões do roteiro e menções à ausência de sobriedade são tão naturais quanto a luz do dia.
Os efeitos especiais estão ótimos, e a transição quase hipnótica para os momentos do passado funcionam como um chavão de sitcom na narrativa: pessoal entrou em transe, já pode esperar que tem lembrança vindo aí.
Uma coisa que eu NÃO ESTAVA preparado era para quanta química Porchat e Sandy exalam no filme. Dá até vontade de roubar um pouquinho pra tentar melhorar o meu boletim na já citada disciplina nos meus anos escolares (risos).
Evidências do Amor é, com certeza, uma das melhores comédias românticas de um ano que, já tendo nos entregado Todos Menos Você, certamente será marcado pelo gênero. E é uma delícia poder dizer que ela é brasileira. Mal posso esperar para ver novamente!
PS: tente sair do cinema sem ser cantando Evidências e falhe miseravelmente!
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da5vi · 1 month
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Ponte de Waterloo (1940)
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Uma bailarina jovem se apaixona por um rapaz meio carpe diem recém convocado para lutar na Primeira Guerra Mundial. Eles vivem dois dias intensos de romance, que resultam na expulsão tanto da garota quanto de sua melhor amiga do espetáculo que as empregavam (e lhes garantiam teto e comida).
Infelizmente, ele é convocado para a guerra antes de formalizar o rápido matrimônio, que garantiria uma fonte de vida para a moça enquanto ele estivesse em batalha. E para piorar a situação, no dia em que ela vai conhecer sua futura sogra, vê no jornal que seu amado noivo foi vitimado pela guerra…
Sem uma fonte de renda fixa, em meio ao caos econômico da Inglaterra, lhe resta apenas uma opção para que não morra de fome: a prostituição.
Ponte de Waterloo é um drama envolvente, e você se torna tão investido na história que dificilmente nota o tempo passando. Vivien Leigh está estupenda, embora sinta a falta das cores tecnicolor de …E o Vento Levou que realçam ainda mais sua beleza e atributos (os olhos verdes, por exemplo). Claro que isso não diminui a beleza da fotografia monocromática.
É óbvio que esperava um final feliz para o casal, mas fiquei extremamente PUTO com o fato de que isso não aconteceu por questões moralistas. A Myra, personagem de Vivien, se sente incapaz de casar-se com o General Roy porque precisou se prostituir durante a guerra, enquanto achava que ele estava morto. E mesmo a própria mãe do rapaz tendo lhe dito que havia jeito de consertar a situação… ela preferiu fugir e se jogar na frente de um carro que viver a felicidade que lhe era devida.
A cultura de pureza que cercava o ideal feminino naqueles tempos a matou. E isso não só deixa a trama com um ar de tristeza (que era a intenção mesmo), mas olhando sob uma ótica atual, também de revolta. Myra abriu mão de tudo que tinha, que era sua carreira como bailarina, para viver a intensidade desse amor… e após anos sem expectativa de felicidade, acho que ela merecia ter colhido suas flores.
Mas dramas são dramas, né? Não diminui a qualidade da narrativa.
Estou feliz de ter descoberto esse filme, pois é o primeiro de Vivien após o já citado …E o Vento Levou, embora levemente revoltado com os acontecimentos, e sinceramente? Sempre que ouvir Auld Lang Syne daqui pra frente lembrarei dele.
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da5vi · 2 months
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Virginia, ou melhor, Virginie publica participação da Metrô no Cassino do Chacrinha
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Ontem a Virginie, uma das pessoas mais legais que já conheci graças a este pedaço de internet, completou 61 anos! A artista, que volta e meia nos agracia com canções originais, covers e arquivos televisivos dos anos 80, conseguiu uma gravação muito especial para constituir seu acervo: a apresentação da banda Metrô no Cassino do Chacrinha nos anos 80, onde eles cantam “Tudo Pode Mudar”.
A versão é diferente da que já havia sido divulgada antes, datada de 1985, onde nossa querida vocalista aparece com um figurino diferente.
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Lembrando que a Metrô esteve no palco do Chacrinha para outras performances que também estão disponíveis no canal, inclusive de músicas que não ganharam video-clipes como “Cenas Obscenas”, uma das minhas favoritas do álbum “Olhar”.
Importante lembrar que há alguns meses, o último álbum da banda também fez aniversário: Deja Vu completou 20 anos de existência e, para a ocasião, Virginie liberou a versão francesa de Mensagem de Amor, composição de Hebert Viana que foi carro-chefe do disco na época.
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Caso ainda não seja inscrito no canal Metrô/Virginie, a hora é agora: a melhor qualidade dos vídeos da banda, além de todo material novo e atualizações oficiais sobre a Virginie podem ser encontradas por lá!
E feliz aniversário Virginie ❤️, que venham muitas outras datas para celebrar… obrigado por sempre lembrar de mim!
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da5vi · 2 months
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Digimon Adventure Zero Two (o filme novo) e meu retorno ao Digimundo
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Quem diria que 2023 me proporcionaria um reencontro com Digimon? Por essa eu honestamente não esperava, mas preciso lhe dizer que saí do cinema com a sensação de ter experimentado o melhor dos sentimentos possíveis: era como se o Davi de 8 anos de idade estivesse realizando um sonho grandioso.
Misturando elementos de alguns OVAs e do plot original da segunda temporada, o filme traz um “encerramento” a Digimon Zero Two e não é, necessariamente, uma sequel de Last Evolution Kizuna, lançado durante a pandemia (apesar de ser vendida como tal).
Nele, a “gangue” do Davis acaba descobrindo o que seria o primeiro digiescolhido, uma criança que sofria de abuso parental e que teve sua vida salva por Ukkomon, um Digimon capaz de realizar os desejos de seu parceiro.
Acontece que o relacionamento entre Ukkomon e o rapaz era… problemático pra caramba. E isso fez com que o pobre digimon se decepcionasse e sumisse por anos… até reaparecer como um digiovo gigante, prestes a germinar Digivices para toda criança do planeta Terra sem critério algum.
Imagina o caos de digimons caindo em mãos erradas?
Cabe aos nossos heróis salvar o nosso mundo — e o digimundo — mais uma vez.
Enquanto série, admiro muito o fato de que Digimon, pelo menos no tocante as primeiras temporadas, “cresceu com o público”: a primeira temporada de Digimon tem uma história incrivelmente coerente, e um desenvolvimento de personagens extremamente impecável, então mesmo com alguns erros no caminho (olá, tri!), acompanhar o crescimento dos digiescolhidos é muito legal.
Sobre o filme, os momentos dramáticos me impressionaram positivamente, ao mesmo tempo me divertindo horrores com as situações e a interação das crianças (já adultas) com seus respectivos digimons. O que ficou deixando a desejar mesmo foi o confronto/resolução final que, pela necessidade da história, acabou não sendo algo tão magnífico quanto deveria ser — e eles acabam usando digievolução de DNA só pra fazer ceninha, a toa.
Não que tenha achado ruim.
Digimon Zero Two acabou me inspirando a rever tudo de Digimon, e me identifiquei muito com inúmeros aspectos da trama sobre vencer os obstáculos, crescer e amadurecer. Outro ponto muito bacana é que a evolução dos digimons, por não ser linear, é algo equiparável com nosso crescimento enquanto seres humanos: tanto podemos virar um Skullgreymon quanto um Wargreymon, a depender dos estímulos externos. Que metáfora!
Tive um momento muito tosco na minha vida, e honestamente? Fazia muito tempo que não me sentia tão bem numa sala de cinema quanto me senti com Digimon. Aquele filme me salvou de maneiras inimagináveis, assim como rever os episódios do anime naquele período.
Por isso, sou muito grato por estar no digimundo mais uma vez.
E pelo amor de Deus, quando Taichi e Yamato vão assumir o bromance hein?
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da5vi · 2 months
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E a Lali, hein?
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Há alguns anos, lembro de ter escrito aqui que gostaria de aprender espanhol e que ter descoberto a Lali fazendo música seria de uma baita ajuda nessa tarefa.
Muitas coisas aconteceram, e devido ao meu antigo ambiente de trabalho acabei criando um bloqueio de aprendizado do idioma que estou tentando reverter, mas Lali segue sendo uma das minhas artistas hispânicas preferidas, e por ela acabei descobrindo várias outras coisas argentinas que vão desde Erreway a Sandro, um cantor de rock and roll meio Roberto Carlos que regravava Beatles em espanhol.
Como é de conhecimento geral, a Argentina deu a louca e simplesmente elegeu mais um político de extrema-direita para presidir na América Latina. O país está em crise, num momento ainda pior que o nosso alguns anos atrás, e até compreendo a ideia das pessoas estarem exaustas de esperar por um governante com aquela aparência oficial de político™️ enquanto a situação apenas piora, mas por mais “trocar seis por meia-dúzia” que uma corrida presidencial pareça, escolher permitir que um LOUCO sem plano de governo definido, que acha que a resposta para a crise é cortar ministério e vaga em universidade ao invés de boas políticas públicas e cultivo de relações internacionais, JAMAIS seria uma resposta viável.
Mas eis que estamos nós, latino-americanos, mais uma vez sendo obrigados a engolir um biruta com disfunção erétil ocupando cadeira presidencial.
E a Lali cometeu este gravíssimo crime: ter uma opinião contrária ao governo. Foi uma das poucas celebridades argentinas a se mostrar contra Javier Milei desde antes de sua eleição. E já faz algum tempo que a mesma vem se posicionando cada vez mais em favor de políticas para mulheres no país e coisas assim, tanto na voz quanto na arte. Isso, obviamente, chamou atenção do presidente argentino que, sem muito o que fazer (o país está vivendo seus dias de glória, não é mesmo?), começou a agir como o fã do restart em 2009 e passou a xingar muito (a Lali) no Twitter.
A máfia de Milei é uma versão ainda piorada dos rolês que vivemos aqui no Brasil pois, aparentemente, o próprio divulga abertamente notícias falsas sobre a artista. E como se não bastasse, a acusa de roubar dinheiro público pelo cachê de seus shows — a versão deles da confusão da Lei Rouanet. Mas o que mais me impressiona é que até acusar ela de NÃO CANTAR AO VIVO ele fez. Presidente ou gay de chart se direita? Nunca saberemos.
(E honestamente? Fica beeeeee…eeeem claro que Lali canta ao vivo, especialmente nos momentos de coreografia mais elaboradas)
Alguns artistas se solidarizaram e já se pronunciaram estando do lado dela, mas é muito importante que a gente fique de olho em nossos hermanitos porque é muito louco o fato de estarmos vivendo esse tipo de perseguição política em 2023, de uma forma tão escancarada e tão podre como essa que está acontecendo, e se Bolsonaro já era a versão piorada de Trump, e Milei tem de tudo pra ser a versão piorada de Bolsonaro, só podemos esperar pelo pior desse velho desocupado.
Mas o que importa agora é que assim como diz o título de seu terceiro álbum, Lali é brava, e continua batendo de frente com o velhote. Meteu-lhe uma resposta educadíssima e à altura recentemente.
Vamos acompanhando né?
No mais, é muito gratificante poder dizer que estamos vendo uma artista grande e pop ir à luta dessa forma nos dias atuais, onde estrelas globais seguem isentas de questões políticas importantes (ou ajudam a piora-las).
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da5vi · 2 months
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Argylle: não, o gatinho NÃO É UM ESPIÃO
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Não sei se vocês também foram meio que tapeados pelos cartazes de Argylle, ou se é algo que acontece somente com pessoas meio tontas como eu, que evitam buscar maiores informações acerca dos filmes antes de assistir, mas fato é que: eu sentei naquela sala de cinema semana passada JURANDO que ia ver um filme de gato espião.
E eu já estava super esperando o gatinho falar igual naquele filme “Ruim Pra Cachorro” quando a Dua Lipa foi de arrasta segundos após eu esquentar o assento na salinha.
Com Henry Cavill fazendo um espião sedutor tipo FBI com cabelinho anos 2000 clean cut etc e tal, Argylle segue as aventuras de uma escritora de romances de espionagem e tem uma premissa aos moldes de Tudo Por Uma Esmeralda e Cidade Perdida: tal hora uma escritora literária é envolvida numa aventura real ligeiramente inspirada em seus livros, só que nesse caso há uma reviravolta muito louca (e depois mais outra).
Ai descobri também que o filme é do mesmo cara que fez Kingsman, que eu AMO, e que a história se passa no universo de Kingsman (tudo isso a partir de uma cena que aparece nos créditos com o boy de Olívia Rodrigo, Louis Partridge) e aí… fiquei surpreso pelo filme não ser tão violento no fim das contas (risos), mas tudo fez sentido no quesito “meus gostos”.
Uma das coisas que mais gosto em filmes antigos lá da Classic Hollywood é que há muitos deles em que o plot gira em torno de “um profissional comum, geralmente o jornalista, vivendo algum tipo de aventura” (e esta pode ir de um romance a algo mais elaborado), e é ótimo poder ir ao cinema e vivenciar esse tipo de narrativa tomando conta das telas novamente. Nada de pessoas super, apenas pessoas normais com habilidades extraordinárias que se meteram ali só Deus sabe por que…
Ah, e puts, como ia encerrar esse post sem elogiar Catherine O’Hara? Foi MUITO estranho ver ela naquele papel depois de crescer com Beetlejuice e Esqueceram de Mim, mas ela é competentíssima e deu show de atuação, me enganou por meio filme! Também foi surpresa pra mim ver Ariana DeBose fazendo um não-musical (não que ela seja contratualmente obrigada a apenas fazer musicais, pelo amor), mas é outra que deu um show com sua personagem em cena.
Recheado de cenas de ação bacanas e bem executadas — a que mais me chamou atenção foi uma lá pro final que envolve patinação no gelo, ops, petróleo — e com um roteiro especialmente escrito para acomodar Now and Then, o último single dos Beatles que foi lançado em 2023, Argylle me surpreendeu positivamente, embora tenha ficado em choque com o lance do gatinho não ser protagonista (ou não falar — me julgue).
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da5vi · 3 months
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O comeback de Justin Timberlake: talvez um exercício de RP
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Justin Timberlake não tinha muito a seu favor em 2018, quando lançou o disco Man of the Woods — e não estou falando, necessariamente, de polêmicas. As pessoas haviam começado a olhar para o ocorrido no halftime show (que custou a carreira de Janet Jackson) e já havia o início de um clima desagradável no ar, mas o que tratou de enterrar qualquer momentum que o disco teve foi a produção meio doida. Não é um disco ruim, só é meio bagunçado, não-comercial (no sentido de tentar e falhar em emplacar um som) e parece ter sido feito por alguém em crise identitária.
Também acho que a proposta de um álbum mais “cru” e supostamente pessoal (foi vendido como uma homenagem à sua família e raízes) não casa com o tipo de produção pop do álbum — e uma música sobre “colocar suas mãos sujas em mim”, (ou seja, mais uma música pop com conotação sexual, que Justin sempre fez) teria lugar nesse tipo de construção identitária? Acho que não.
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Como em todos os álbuns anteriores, JT passou um tempão fora dos holofotes após lançamento e turnê — a diferença aqui é que “fora dos holofotes” deveria estar mesmo em aspas, pois seja pelos comentários questionáveis de sua esposa (a atriz Jessica Biel) sobre vacinas durante a pandemia, seja por sua conduta desprezível no relacionamento com Britney Spears, ele seguiu como um assunto de alto interesse público, mas não de um jeito interessante.
Buscando sua redenção dentro do que parece ser uma ação comercial perfeitamente desenhada por um time de marketing estrategista e gerenciador de crises, Timberlake busca adubar esse terreno meio infértil para a recepção de seu próximo álbum de estúdio, Everything I Thought I Was.
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Desta vez sem Timbaland como um dos cabeças na produção (aparentemente), ele promete um olhar reflexivo ao passado e diz que, até então, será o álbum mais pessoal da carreira. Uma turnê de acompanhamento e uma série de performances — incluindo um pocket show no programa da Kelly Clarkson — estão agendadas para os próximos dias, mas… será isso o suficiente para salvar a carreira do miojo de ouro do *NSYNC?
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O primeiro single, Selfish, de fato apresenta uma produção que diverge do Timberlake de outros álbuns e é uma música bastante gostosinha que com certeza receberá um empurrãozinho para se tornar hit radiofônico, mas será que ciúmes justificados (tal qual Nick Jonas em 2016) é mesmo o melhor tema musical para apresentar um álbum “intimista”?
E embora queira acreditar na mudança de Justin, o projeto soa mais como um trabalho de salvamento por parte de um time de RP (relações públicas) que a honestidade e arrependimento de um artista recém saído de crise artística e imagética: mesmo a capa do álbum se mostra uma escolha bastante emblemática — Justin, de costas, apreciando a vista… como se quisesse passar a ideia de estar olhando para trás/o passado, casando com a proposta de reflexão e introspectividade.
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Com isso, não estou dizendo que a música é ruim — muito pelo contrário. Apenas é estranho a escolha lírica para essa construção identitária: é algo comercial demais para alguém que se propõe a fazer esse tipo de exercício interior…
Não julgo as pessoas que sentem-se à vontade para defender Britney de seu passado com Justin. Cada novo relato traz a tona um sentimento de culpa nos fãs por terem se deixado levar pelos discursos anti-mulheres da época, e tudo é muito cabuloso.
Fora o fato de que as revelações são muito recentes, não sei se o grande público está disposto a perdoar Justin assim, tão fácil: eu mesmo não consigo ouvir as músicas dele sem me sentir decepcionado (quando ouço). No entanto, será interessante observar se o plano de RP da equipe do Justin vai impedir que este disco tenha um desempenho menos agradável que Man of The Woods, que vendeu muito abaixo do esperado para um álbum do Justin na época, ou irá transformá-lo no próximo Robert Downey Jr.
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da5vi · 3 months
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Headstrong, Ashley Tisdale
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Era 2006, e High School Musical havia se tornado algo tão grande que CEOs da Disney encontravam-se boquiabertos. A trilha sonora do filme original Disney Channel vendeu tantas cópias que se tornou a mais vendida trilha para televisão dos últimos anos, garantindo uma entrada no Guinness Book como “as músicas mais famosas de uma trilha sonora”.
Como toda propriedade Disney que se torna um sucesso, o capitalismo espreitava: Vanessa Hudgens e Corbin Bleu ganharam a oportunidade de gravar álbuns musicais sob a Hollywood Records, enquanto Ashley Tisdale construía seu disco de estreia na Warner Records.
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Assim nasceu Headstrong — que, apesar de não desfrutar do mesmo orçamento que V ou Another Side (o que é bizarro de dizer, pois todos nós sabemos como a Disney investia centavos na galera da Hollywood naqueles tempos), talvez tenha sido a empreitada mais bem sucedida de um ator High School Musical solo.
Muito disso, talvez, deva-se ao enorme time de a-lists no quesito produção musical que está por trás do disco — gente como The Matrix (Let Go, Avril Lavigne) e Kara DioGuardi (que fez músicas pra tanta gente, de Kelly Clarkson a Hilary Duff) contribuíram para criar essa pequena cápsula do tempo do pop em meados dos anos 2000 — que outro momento da história nos daria um álbum que abre com uma “intro” composta por snippets das músicas?
Ouvir o Headstrong hoje é, de fato, uma volta no tempo. Para além disso, é interessante ver como o projeto foi vendido como um lado mais “pessoal” de Ashley e diferente de todos os personagens que a tornaram famosa até então, mas fica muito claro hoje como tudo era apenas uma construção irreal para vender a artista para um público mais maduro — no fim das contas, uma possível longevidade das músicas dependia de clubes e noites na pista de dança.
A construção de identidade cementa-se na trilogia “There’s Something About Ashley”, um curta que conecta três de quatro vídeo clipes produzidos para o álbum (estes produzidos após demanda dos fãs) e que, assim como algumas faixas do álbum, explora a ideia da “vida sofrida de celebridade”, com tabloides especulando coisas, a perseguição da mídia… tudo isso enquanto a artista tenta viver uma “vida normal” e encontrar seu verdadeiro amor.
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Talvez — e estou quase certo — isso não tenha sido a realidade de Ashley naqueles tempos, mas era a realidade de artistas cujo público ela queria alcançar, fazendo do uso de vídeo clipes para a construção dessa imagem algo simplesmente genial.
Não sei porque, mas acordei hoje com saudade desse disco. É engraçado ouvi-lo, pois é completamente dissonante de qualquer coisa que ouvia em 2007… mas ao mesmo tempo, é ótimo apreciar sua produção e construção, e se divertir com a nostalgia dos “tempos bons que não voltam mais”.
Minhas músicas favoritas continuam sendo “Don’t Touch (The Zoom Song)” e “Not Like That”, mas hoje também tenho um lugar especial para “Be Good To Me” e “Headstrong” — acho os violinos nessa algo simplesmente cafona e icônico ao mesmo tempo!
Caso queira rememorar os bons tempos de High School Musical, ou até se aventurar pela primeira vez nesse período, ouvir o Headstrong é indispensável.
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da5vi · 4 months
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Wish: morno, porém uma ótima escolha
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Nada foi tão asqueroso quanto as celebrações de cem anos de um dos maiores estúdios em atividade no mercado cinematográfico norte-americano — mesmo em países onde o mercado home vídeo permitiu a produção de material especial, a impressão é que sequer parece ser um momento a comemorar. Aquele curta-metragem que reúne toda a galera animada dos filmes linha “clássicos” é de trazer um quentinho para corações nostálgicos como o meu… mas sabe quando você sente que faltou tempero naquela comida deliciosa, e ela perde totalmente o encanto? Pois é essa sensação que resume centésimo ano da Disney.
Um reflexo não só da falta de direcionamento, como também de falas absurdas do Iger sobre trabalhadores da indústria e do modelo de mercado horroroso que a empresa sustenta nos últimos tempos: quando não está cansando uma franquia recém adquirida e alienando seu público, está colocando em xeque a saúde mental de jovens atores e atrizes para ganhar burburinho grátis em cima de mais um live action.
No meio de toda essa bagunça, Wish aparece como a grande escolha do departamento de animação para ser “o filme dos cem anos” — e a princípio a gente até respira fundo, pois fica essa coisa de “mais uma história de princesa que quer ir além” etc e tal cujo plot e elementos foram replicados incansavelmente nos últimos anos… mas!!! MAS!!! Tenho muitas coisas em favor de Wish (isso até ME surpreendeu, tá?).
O filme abre tal qual Shrek — e eu sei que há um Disney clássico que tem um livro na abertura também, mas é diferente de tudo ser animação e tal —, com o livro e a apresentação da história (ah, eu gostei que pra isso a Disney resgatou a fonte antiga que eles usavam pros títulos na tela), e somos apresentados a um lugar onde você pode viver uma vida tranquilíssima e longe de problemas após entregar seu maior desejo para o rei — um Bruno Gagliasso em CGI que se acha o bã-bã-bã da magia e que controla quem terá seus desejos realizados e quando.
O avô de Asha, no entanto, está pra completar cem anos e não conseguiu realizar seu grande desejo ainda — por isso, a netinha decide virar funcionária do rei, uma vez que esse pessoal recebe prioridade não só na realização de seus sonhos, como também dos familiares.
É aí que a garota descobre o gatekeeping cruel do rei e, nostalgicamente olhando para as estrelas, Asha consegue fazer com que os céus ouçam seu pedido de socorro, e uma estrelinha é enviada para ajudá-la a libertar os desejos de todo mundo.
Wish às vezes parece morno e mais do mesmo, e acho que a gente também está cansado de ter uma Disney que sempre aposta no seguro e não ousa — o próprio bodezinho alívio cômico é um exemplo de personagem que existe mediante o sucesso de um Olaf, por exemplo (aquilo que falei anteriormente sobre o reuso de plots e elementos). Mas gostei muito que:
1) Essa é uma história bem conto de fadas MESMO, então não tem aquele vilão anti herói… ele é só um tosco mesmo, embora fique claro que a ascensão maligna dele pudesse ser evitada, e a nobreza de onde vem suas motivações cruéis…
2) Toda a discussão sobre a importância dos desejos, de correr atrás de seus sonhos e de usar a magia para realizá-los, ou sonhar novas coisas e continuar sempre nesse exercício está não só no coração de Wish, mas também no coração da Disney enquanto estúdio. Essa tem sido a maior constante deles em termos de mensagem, então não havia outra história melhor para representar este momento.
Talvez Wish não seja tão mágico para velhos como eu, porém espero que cative o coração de uma geração nova que pode crescer com, quem sabe, uma nova renascença Disney? Estamos de olho.
Um desejooooooo…
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da5vi · 4 months
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Uma outra estação
Esperar que a liderança de um ambiente de trabalho aja como tal é “como esperar por chuva nesta seca: inútil e desapontador”, diria Hilary Duff se estivesse fazendo um filme sobre o que aconteceu na minha vida nos últimos tempos. Como mais uma vítima da infame “síndrome de burnout” (oficialmente diagnosticada por minha psicóloga Nivânia — não sigo os conselhos de Sabrina Carpenter então tá tudo bem), este que vos fala hoje toma dois antidepressivos e um ocasional remédio para auxílio nas necessidades soníferas, consequência direta de ter se permitido continuar em um ambiente de trabalho insalubre, que não apenas NÃO me reconhecia profissionalmente, mas também não me garantia uma renda adequada e/ou saúde mental/física/psicológica.
O pior de tudo não são os remédios, como muitas pessoas acham, mas duas outras coisas: 1) a leitura social do que seria depressão e 2) o vazio ocasional. Explano a seguir:
1) A LEITURA SOCIAL DA DEPRESSÃO
Quando comentei em meu ciclo de amigos e pessoas próximas sobre estar diagnosticado com depressão e lidando com isso, recebi muitas mensagens de pessoas (bem intencionadas e preocupadas com meu bem-estar) dizendo que “sairei dessa”, pipipi popopó outros 350 chavões que não colocarei por aqui por motivos de: permiti-me esquecê-los.
A real é que, socialmente falando, o diagnóstico de depressão é lido como “esta pessoa pode cometer suicídio a qualquer momento”, gerando essa necessidade toda de auto-afirmação e “pipipis popopós”, mas… sabia que as vezes você tem uma depressão tão fodida que nem vontade de terminar a sua vida existe dentro de você? Pois é.
Não me sinto suicida, embora a vontade de não existir mais apareça em meu cérebro de modo ocasional. Podem ficar tranquilos em relação a isso! Estar nesta “bad reconhecida pela medicina” significa apenas que: tenho problemas (enormes) em tocar situações básicas da vida ultimamente, tais como (mas não limitado a) limpar a casa, tomar um sol, ler um livro… e além disso, uma grande parte do meu “esse dois” acaba se ocupando com
2) O VAZIO OCASIONAL
Juro a você que não importa quantas vezes eu acho que já preenchi esse negócio, ele parece tão sem fundo quanto as atrocidades no governo Bolsonaro. A sensação de estar numa vida sem propósito é uma coisa meio louca, porque teoricamente nós precisamos de uma razão pra viver — algo que faça sentido internamente sabe, e não esse rolê meio shallow hippie de “você é importante pra nós”. Eu não quero uma frase de mensagem automática de caixa postal do banco que está só esperando um deslize para me colocar no SERASA, quero resolver as grandes questões da vida que permeiam a humanidade desde o cerne de sua existência, preferencialmente nos próximos cinco minutos, pois não aguento mais esperar, por favor.
***
Enquanto escovo os dentes para tirar o ranço do remedinho para dormir prescrito por Gugu, meu psiquiatra bonitão, caro e pai de família, da boca, eu fico pensando no quão rápido tudo isso aconteceu e em “como parece que essa vida não me dá um descanso, né menina?”
Aposto que você também já pensou isso sobre a sua vida pelo menos uma vez nos últimos tempos.
Infelizmente, a caída na real da vida adulta já é recheada de problemas & atribulações™ em uma criação normal, então avalie juntar isso com os dilemas generacionais e uma depressão? Essa é uma das coisas que “nem Freud explica” (talvez por que ele estava ocupado demais desvendando o complexo de Édipo).
Mas “apesar dos pesares”, sinto-me “feliz” com as “voltas que a vida deu” (quanta aspa) por aqui ultimamente.
NOTA: O feliz é no sentido de satisfeito, tá, continuo meio sad vibes por aqui!
Tenho afogado minhas mágoas no álcool. Mentira. Não sei quem queria enganar com a última afirmação, mas tenho afogado minhas mágoas em DIGIMON (pois é), a ponto de Angélica estar permeando meus pensamentos neste exato momento. Aos poucos vou conseguindo me reerguer e redescobrir “o que é um Davi e como ele funciona” (a tal da essência individual), bem como vou me adaptando ao meu novo ambiente trabalhístico que consiste em: um home office e um vínculo empregatício com uma multinacional que presta serviços de atendimento ao cliente para várias outras multinacionais.
Já diziam os franceses, “oh lá lá”… seja lá o que isso significa.
Esse texto, talvez, seja a minha forma de comunicar a você que estou “bem”, com aspas mesmo — e que estar “bem” (aspas’ version) é bem melhor que estar mal. Pode confiar.
Também é minha forma de dizer que pretendo estar mais por aqui nos próximos meses. Que tenho a intenção de ler mais. Escrever mais. Assistir e ouvir mais. Questionar mais… tudo no mais para o ano que entra. E quem sabe onde isso irá nos levar?* Tenho tentado (mesmo) aprender a lidar com as incertezas e a compreender meu valor profissional E pessoal — este último desde que ouvir Flowers umas quinhentas vezes sem parar me fez perceber que mereço mais (quem diria) — e acho que, pela primeira vez em muito tempo, estou no caminho certo.
Lá pelo início do ano, tive a brilhante ideia de adotar vários símbolos de bonança e prosperidade de culturas diferentes: tem um gatinho da fortuna que trabalha o dia inteiro, a base de energia solar, chamando a grana que um dia irá me tirar do SPC apontado para a entrada de casa. Tenho queimado uns incensos de sal grosso. Tenho feito orações, cultivado Arrudas e Espadas de São Jorge… quem sabe tudo isso não é resultado de toda essa bagunça cultural trazendo (enfim) um ano de boas novas para o carinha que vos escreve?
Veio muito aí!
*Spoiler de onde NÃO nos levará — para divulgações e de caráter duvidoso de casas de aposta.
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da5vi · 6 months
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Matty Perry
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Ontem eu cheguei em casa meio cansado da vida, após participar de mais um evento de Halloween onde além de uma fantasia, havia a performance de que tudo estava bem. Ao abrir minhas redes sociais, torno-me uma das primeiras pessoas a saber que Matthew Perry havia falecido.
Quando terminei de assistir FRIENDS a primeira vez, em 2011, imaginava como seria quando um deles partisse. A ideia de que alguém do elenco não morreria de velhice (especialmente sabendo dos acordos milionários envolvendo cada um) simplesmente nunca existiu. Perder Matthew Perry ontem foi um choque meio estranho, pois embora não fosse alguém próximo, era como se fosse.
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Já falei em outras ocasiões sobre como FRIENDS me confortou em momentos difíceis da minha vida, e não tem uma vez em que ligue a televisão para ver como os seis estão indo que não me sinta devidamente abraçado.
Mas ironicamente, acabei vendo tanto material extra com Matthew Perry quanto vi filmes da Jennifer Aniston.
Um trecho (que acredito ser) de sua biografia, a qual ainda não li, circulou por aí hoje de manhã e nele dizia que ele gostaria de não ser lembrado “por FRIENDS”. Ciente do impacto de seu personagem na cultura pop, Matthew gostaria que as pessoas falassem de outros trabalhos e de sua batalha pela sobriedade também, talvez com a mesma intensidade que lembrassem de Chandler Bing.
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Mas antes disso, e embora quisesse, é praticamente impossível não associar Matthew Perry a Chandler Bing, pois muito do que Bing representa para as pessoas é meio que parte da persona ator de Matthew Perry.
Não da para assistir Jimmy Reardon, um filme antigão dos anos oitenta, sem ver Chandler num Matthew Perry que ainda nem fazia ideia de que Chandler viria a existir. O mesmo pode ser dito sobre sua aparição em séries como Barrados no Baile. Ou em alguns trabalhos pós-FRIENDS como Three to Tango e Fools Rush In.
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Não o conheci pessoalmente, e não sei se aquela face de Perry existia fora do âmbito das artes cênicas, mas é o “molho” presente nela que faz com que seu trabalho, em qualquer situação, seja para sempre memorável.
Matthew Perry deixou o mundo ontem, e a gente fica meio assim, com o coração um pouco vazio e sem saber como digerir essa informação. Ao mesmo tempo, é reconfortante saber que, assim como as Golden Girls em suas conversas à meia noite regadas a Cheesecakes, um pedacinho dele estará para sempre entre nós. Vantagens da era da reprodutibilidade técnica.
Além disso, lembrar que sua vida foi marcada não só por sua atuação incrível no universo audiovisual mainstream, mas também por sua luta em favor da sobriedade, algo impactante em sua vida pessoal, para muitas pessoas que passaram (ou passam) pelos mesmos dilemas que ele enfrentou. É muito bom sentir que apesar de tudo, seu falecimento ontem veio não de uma narrativa ruim, mas sim como um ponto final em um momento de bonanças na sua vida. Ele merecia.
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Obrigado, Matty, pela companhia nos momentos bons e ruins. Descanse em paz, querido amigo.
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da5vi · 6 months
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Rodeio Rock
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Num dos rolês mais aleatórios possíveis, fui dar 14 reais pro agronegócio numa quarta-feira a noite com Rodeio Rock, filme brasileiro estrelado por Lucas Lucco e Carla Díaz sobre um cantor sertanejo mulherengo e fantoche de gravadora que acaba passando mal e entrando em estado de coma após um procedimento médico.
Mas isso não é problema, pois existe um sósia roquista (no sentido mais pejorativo possível dessa palavra) fã de Born to Be Wild do Steppenwolf e hater de sertanejo que, precisando de um emprego e sonhando em gravar seu tão sonhado álbum debut, aceita relutantemente substituí-lo, tal qual Lizzie McGuire com Isabella Parigi na Disney (mas sem o corno do Paolo).
Os roqueiros que se levam a sério demais irão se sentir extremamente ofendidos por esse filme, mas me diverti bastante com o retrato acurado do roqueiro poser que se acha musicalmente superior, mas é incapaz de fugir de greatest hits. Para deixar todo mundo no "mesmo nível" de brincadeira, há o uso de tropos bem previsíveis na construção do universo musical sertanejo, como o "empresário do mal" -- não que isso tenha me incomodado.
Achei extremamente corajoso, inclusive, brincarem com a mania de grandeza e as possíveis esquisitices que podem ser encontradas numa mansão de sertão stars.
Pelos erros de gravação exibidos durante as cenas finais, "confirmei" no entanto algo que parecia muito evidente durante o filme, e que o prejudica de certa forma -- há um excesso grandioso de ad lib, especialmente da parte do Lucco e de seu empresário "do bem", que às vezes deixam cenas com ar de "sátira mal planejada". Tem momentos em que cansa, de verdade, a necessidade da versão roqueira do artista em se auto-afirmar "rock and roll".
Outra coisa que prejudicou foi a edição e talvez a direção. Algumas cenas possuem detalhezinhos que na troca de câmeras quebrou a continuidade, dando um ar meio Disney Channel no quesito qualidade. Mas talvez o maior "pecado", especialmente se você gostar de sertanejo, é a mixagem das músicas durante as performances: a banda é praticamente inaudível. Há uma ênfase muito forte no microfone dos vocais principais, deixando o produto final com um ar meio estranho nesses momentos.
A propósito, como não conheço muito do trabalho do Lucas, me pergunto se o auto-tune excessivo em suas performances sertanejas são realmente necessárias.
Carla Diaz deu um show de atuação, como sempre. Ela gosta de atuar (e isso é nítido) e entrega uma performance exemplar fazendo qualquer coisa e aqui, claro, não seria diferente. Tenho sentimentos mistos, no entanto, pelo empresário do Felipe Folgosi. Não tanto pela performance dele, mas achei o cara mal trabalhado no geral.
Mesmo com ressalvas, Rodeio Rock é um bom entretenimento para quem gosta de sertanejo -- ou comédias românticas completamente despretenciosas. Não é a oitava maravilha do mundo, mas também nunca se propôs a ser, e é esse o grande charme da produção. Saí do cinema completamente satisfeito!
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