for-oli - Tumblr blog

[for-oli]

Farol da Admiração

Estava pensando sobre a admiração... não é exatamente por causa de admiração que gostamos de alguém? Admiramos seus gostos, seu estilo, sua forma de pensar e ver o mundo, sua arte ou sua cultura, e por aí vai.

Por outro lado, é extremamente difícil suportar a presença de alguém que não admiramos, especialmente se não for apenas alguém para quem estamos indiferentes, mas alguém que de fato desprezemos.

De um lado temos uma das mais belas formas de interação, enquanto do outro temos um dos mais horríveis conflitos (ou a excruciante apatia).

Eu acredito que você me admirou por coisa de umas duas ou três semanas, Olivia. Antes disso talvez fosse indiferença, e depois não vejo resposta possível que não seja o desprezo... Mas por duas semanas você me admirou.

Eu te admirava desde antes. Te admirei andando nos corredores da Escola Técnica, te admirei quando nos encontramos de novo na faculdade e te admirei em cada longa conversa que tivemos, inclusive nas discórdias, onde você nunca escondeu sua aversão, eu te admirava pelas suas ideias, força e vontade. E te admiro agora, apesar de tudo.

Não necessariamente precisamos querer ser como quem admiramos, mas admirar alguém com quem não concordamos é como um grande sinal, um farol apontando a direção da terra em um mar de tempestade. Você nunca aceitou minha admiração, Olivia, sempre velejou cada vez mais para dentro de um mar encapelado, ondas bravias, chuva incessante, pedras maliciosas escondidas pelo redemoinho das ondas... seu barco já naufragou? Já rasgou o casco nas predas, encalhou em uma enseada rasa demais?

Você sabia o quão importante era o farol, mas negou o porto com tanta vontade que a luz parou de se mostrar para você. Como puderam ser mais atrativas as pedras na escuridão, que prometiam a morte? E a luz se transmudou, em vingança, nas próprias ondas que te arremessam contra as pedras.

[for-oli]

Todas as canções de amor me fazem pensar em você...

[for-oli]

Por que fui lembrar de você com tanta força nesses últimos dois dias? Por que, toda vez que fecho meus olhos, vejo os seus olhos verdes? Eu já conheci outras pessoas, já me envolvi e desenvolvi, mas você continua exercendo seu poder sobre mim...

Mesmo tendo colaborado, maliciosamente, para minha difamação, continuo ansiando por você. Já te perdoei todos os dias desde que parei de falar com você e mesmo assim você não pensou nem uma vez em voltar...

Não posso me arrepender, pois seria mais doloroso ainda falar com você do que essa distância e anseio infinitos.

[for-oli]

Riptide

Foi difícil marcar um encontro com você. Durante meses eu tentei sem sucesso, sendo negado sem nunca entender o motivo. Mas, em um dos dias mais frios dos meses mais frios daquele ano de 2020, finalmente aconteceu nosso encontro.

Te vi pessoalmente, depois de tantos anos distante de sua presença embriagante, e não podia tirar meus olhos de você - tanto que você chamou minha atenção enquanto eu dirigia "a vida de nós dois está nas suas mãos", lembra? - não esqueço como seu cabelo estava penteado, nem dos brincos e pequena corrente com pingente de ouro que você usou, ou do batom vermelho... mas esqueci o significado do pingente.

Naquele dia você brincou que ia para o encontro com a camisa do Corinthians, e eu respondi que só ia aceitar se eu fosse com a do Palmeiras. E antes de eu chegar em sua casa você perguntou se precisava de máscara para o carro... você estava feliz.

Fui com o carro da minha mãe, o que causou alguma impressão, pelo que me lembro, inclusive porque sua família ficou olhando da sacada, mas o ponto é que eu não conseguia dirigir nos caracóis do shopping com meu carro de câmbio manual, e o de minha mãe era automático.

O programa era simples, nós íamos jantar naquele restaurante australiano enquanto assistíamos a final da champions league - naquele ano se enfrentaram PSG e Bayern, e nós torcemos pelo Bayern para ver o Neymar perder.

Eu tinha me preparado para dominar a conversa no caminho para o shopping, pois em todos os meus encontros anteriores, se eu não falasse, reinava o silêncio, porém com você foi diferente, eu não precisava falar o tempo todo, nossa conversa era proporcional, falávamos distraidamente, completando os tempos um do outro.

E você era uma boa copiloto.

Nós dois éramos altos e, na fila para pedir uma mesa, você apontou para algumas pessoas e perguntou "como será que é ser tão baixinho?"

Enquanto esperávamos pela mesa, andamos pelas lojas de material esportivo, primeiro pela Dacathlon e depois pela Centauro, onde ocorreu um momento crucial... você errou meu nome. Não por qualquer nome, mas pelo nome de alguém que eu sabia exatamente quem era... mesmo assim continuei ao seu lado, não tornei as coisas estranhas, apenas seguimos, afinal eu queria muito estar com você, queria que desse certo, então seguimos para a Tok & Stok, e repetimos a cena de "500 days of Summer", olhando os móveis.

Conversamos enquanto jantamos, mal vimos o jogo e você notou que eu não conseguia para de te olhar, e mais de uma vez te lisonjeei.

E então começou aquela musica do Vance Joy, chamada "Riptide", e cantamos juntos, todos os refrãos, até o fim... hoje essa música me assombra, me transportando para cada um dos momentos com você, mas especialmente aquele dia.

Depois de jantar, saímos do shopping, que já estava com as lojas fechando, e você colocou uma coletânea de Ednaldo Pereira no rádio do carro, da qual rimos e apreciamos ao mesmo tempo (quem mais faria isso?) ... Paramos em um Petz, porque você precisava de ração para o seu hamster, e você me contou que, se pudesse, adotaria aquele cachorro, cego de um olho, que estava lá, pois ninguém mais o escolheria. Também me mostrou como foi escolher seu hamster e, na fila do caixa, teria inocentemente me mostrado os detalhes da sua conta bancária, se eu não tivesse te parado.

Chegamos em sua casa e o beijo de despedida foi praticamente um encontrão, mas essa parte da história eu já contei aqui...

[for-oli]

Vitrine

Quando eu era pequeno, minha família costumava passear no shopping da cidade aos finais de semana. Naquela época só existiam dois shoppings aqui.

Logo na entrada do shopping existia um hall, com corredores para a direita e esquerda. O da direita levava para a praça de alimentação, então sempre seguíamos para a esquerda, onde ficavam as lojas de televisão e aparelhos de som, que meu pai gostava de olhar.

Apenas no final do passeio, depois de comer na praça de alimentação, é que passávamos pelo corredor da direita, e aquele era um momento pelo qual eu sempre esperava, pois ali havia uma daquelas lojas com vitrines cheias de coisas que, para mim, sempre foram muito interessantes. Essas coisas eram canetas tinteiro, jogos de xadrez com peças detalhadas, ampulhetas, maletas de poker, globos terrestres (alguns com iluminação dentro), miniaturas de carros, navios na garrafa, lupas, lâmpadas de lava, pêndulos de Newton... Tantas pequenas coisas que minha mãe sempre achou inúteis e meu pai provavelmente não dava atenção.

Mas eu sim dava atenção e esperava o momento de passar lentamente em frente àquela vitrine e olhar cada um desses itens.

Nunca entendi bem essas lojas, porque, quando eu olhava para dentro, além da vitrine, lá só existiam estantes com revistas, periódicos e livros desconhecidos. Apenas mais tarde na vida descobri que essas lojas eram revistarias.

Hoje em dia eu me pergunto qual papel observar essas vitrines desempenha nos meus gostos, ou se eu observava por que já tinha alguma disposição prévia a gostar dessas coisas. Uma pergunta do tipo "o que veio primeiro, o ovo ou a galinha?".

Mas a resposta não é a parte mais importante; a parte mais importante é essa memória de minha infância.

[for-oli]

Sonhei com você de novo. Estávamos andando abraçados, corações batendo como um só, a felicidade do reencontro e a vontade ardente de não nos separarmos estampada no nosso olhar. Mesmo assim, quando nos aproximamos de um café, a conversa se transformou em acusações de quem tinha feito o que de errado, e de repente você começou a desaparecer, sua presença cada vez mais etérea e distante. Foi quando acordei.

[for-oli]

Jantar

Eu fui pego de surpresa, não estava planejado, e o tempo todo antes de irmos para a sua casa eu expressei o quanto eu não queria me sentir desconfortável e que eu precisaria de sua ajuda pra isso.

Você me disse sobre o que conversar com cada um, deu detalhes dos gostos, dos limites, e de tudo o mais que eu achava ser relevante.

Mesmo assim, logo no primeiro momento você me deixou sozinho, me fez entrar sozinho, fez silêncio, ficou longe, ninguém dizia nada... e o que eu poderia fazer além de ter um ataque de ansiedade? Entrei no banheiro, sob o pretexto de lavar as mãos, e, ao me olhar no espelho, vi apenas palidez.

Eu não conseguia levantar a cabeça, sentia que se eu me movesse iria tremer, nem consegui comer.

E no fim, apesar do esforço e da desenvoltura que tive respondendo a uma sabatina sobre todos os elementos da minha vida e personalidade, você praticamente me empurrou para fora do portão sob o pretexto de que era tarde. Senti isso na pressa do seu beijo, na mão em minhas costas, nas palavras vagas.

Não da pra negar que esse evento foi determinante para o fim, muito embora eu mesmo tenha negado durante as 24 horas seguintes, mas você tem culpa junto comigo nisso tudo.

[for-oli]

“Eu gostava de tudo nela Inclusive as brigas.”

— Quem é você Alasca? 

[for-oli]

Amarula

Amarula é uma bebida sul-africana. Sua garrafa é de um tom âmbar bem escuro e seu rótulo tem um elefante desenhado; o elefante nos observa de frente, com suas grandes presas de marfim.

Em uma das tantas vezes em que conversamos sobre tudo, falamos sobre sua viagem para a África do Sul, anos antes, e os temas que envolvem aquele país, e esse licor não poderia ter passado despercebido. Além de falarmos de sua origem e sabor, também te contei ser um dos proferidos de minha mãe. Foi uma das viagens que você mais gostou, e lá você comprou pequenas garrafinhas de Amarula - coisa de 50mL - para dar de presente para as pessoas.

E é claro que você não esqueceu do que eu falei, nós dois sabemos, pois você veio aqui um dia - um dia como este - sob o pretexto simples de passarmos uma tarde juntos - era pandemia, não tínhamos um lugar para ir, mas queríamos estar juntos, então te chamei para vir aqui, já que eu tinha um velho play station 2, vários jogos e, até então, ninguém para jogar comigo - e logo que você chegou estendeu para mim uma daquelas garrafas de Amarula.

- Para a sua mãe - você disse.

Eu respondi - Sei exatamente onde vou colocar! - e deixei encima da mesa da cozinha, para que, logo que ela chegasse, notasse o presente.

E ela viu, e agradeceu, e achou de uma graça especial, e então a garrafinha de Amarula foi colocada em um lugar de destaque na cristaleira.

Naquela tarde o mesmo calor ardente de sempre esteve entre nós, pois, como se espera de um casal jovem e obviamente apaixonado, os videogames eventualmente foram deixados de lado e nos beijamos longa e intensamente. E é claro que sempre vou me lembrar, pois não é possível esquecer qualquer momento onde meus olhos encontraram os seus olhos, verdes como o verão, muito menos um momento em que pude sentir seu corpo junto ao meu, suas pernas languidas, compridas, seu cabelo escuro emoldurando seu rosto... e os seus olhos.

Depois que tudo acabou, muitas vezes olhei para aquela pequena garrafa de Amarula, que ainda está lá no lugar de destaque na cristaleira, tentando entender o sentido das suas ações. Por que um presente para a minha mãe, com tanto cuidado na escolha, se tudo não significava nada?

Por muito tempo olhar para aquela garrafa despertou em mim extrema angustia, mas hoje já passo por ela despercebido. Ela está lá pois não ouso tocá-la, por medo de espertar os horríveis fantasmas do passado que ela guarda, e assim ela sempre estará lá, mais um item para assombrar a minha casa.

Me pergunto se algo meu te assombra dessa forma...

[for-oli]

Don't Starve

Por horas e dias jogamos Don't Starve. Me lembro ainda da felicidade quando você aceitou meu convite para jogar. Sim, estudantes universitários, mas jogando videogames - e o que tem de errado nisso?

Você perguntou da minha conta na Steam, por consequência eu também fui ver a sua e, além de descobrir alguns jogos interessantes de Rusty Lake, descobri que você também tinha Don't Starve. Eu não fazia ideia de como jogar, precisei pesquisar, mas no fim o jogo em si nem foi a parte principal daquela noite, já que morremos, como todas as vezes posteriores, e andamos com nossos fantasmas juntos pelo mundo ou os deixávamos assombrar nossos itens enquanto conversávamos - e que prelúdio do que estaria por vir.

Por um bom tempo você jogou como Willow e eu como Wilson, e eu não podia deixar de imaginar que não poderiam existir personagens melhores para nós... eu podia ver as chamas que você adorava refletindo em seus olhos. Você sempre soou um pouco insana para mim.

[for-oli]

Procuro Amizades

Você odeia aquele lugar, você disse isso com todas as palavras, então quanto desesperada você está a ponto de ir buscar algo lá?

Pois é, eu sei que você não esqueceu e agora tenho a prova de que seu coração dói tanto quanto o meu, com suas palavras "quero alguém para conversar por horas sobre tudo"... Não era exatamente o que fazíamos? Sim, era exatamente isso... e ainda assim estivemos longe de abordar todos os assuntos possíveis ou mesmo de terminar algum!

Mas que gosto amargo tem essa miserável vitória - sim, vitória, pois, nas palavras de Alex Turner, "An ache in your soul is everybody's goal", então sim, pequena vitória saber que lhe dói tanto quanto me dói.

E mesmo assim você nunca voltaria atrás, Olivia, eu sei disso. Quanto orgulho e convicção... na verdade eu gostava disso em você, só não queria que isso fosse uma das causas de nossa destruição.

E que maligno poder você ainda exerce sobre mim, mesmo com essa espécie de ato...

[for-oli]

Sonhei com você essa noite. Faziam eras que eu não sonhava com você. Você veio até mim, depois de anos, veio como se nada tivesse acontecido, não que não nos lembrássemos, mas você ignorou tudo no calor do momento do reencontro, naquele mundo etéreo e nebuloso dos sonhos... Você ignorou tudo, me chamou para perto de si, me levou para outro lugar, onde sentamos e então pudemos dar lugar a todas as emoções ardentes represadas por tanto tempo... Você colocou um dedo nos lábios para me silenciar, pois qualquer palavra diria menos que o nosso contato naquele momento. Vi seus olhos, seus cabelos, sua pele, ouvi sua voz... Te senti novamente comigo, novamente acolhido em tuas graças, e então eu acordei. Subitamente desperto para a realidade de um quarto frio, ar gelado em volta de mim, uma manhã de inverno, cinza, sem a luz dos seus olhos verdes, fogo vivo dos dias que passei contigo.

[for-oli]

Me disseram que seria burrice tentar falar com você novamente.

Mas não escutei o que disseram, pois conheço meu coração e meus sentimentos por você.

Você se recusou a falar mesmo assim...

[for-oli]

Você não sabe quanto eu esperei por isso.

Eu lembro da primeira vez que nos beijamos - não, não a primeira de verdade (porque aquela vez foi mais um encontrão do que um beijo), mas sim da segunda vez.

Estávamos na sala, tínhamos voltado de improviso, já que eu tinha esquecido uma coisa que eu ia te dar (um desenho de um camelo, lembra que você me pediu? Até que não ficou ruim) e estávamos na meia luz, para não acordar minha família.

Nós nos olhamos e não tivemos nem um momento para pensar, sem exitar, só sabíamos que era a hora que ia acontecer pra valer...

E aconteceu...

Perdemos a noção do tempo - perdemos até o ar naquele beijo - e na pausa, quando as testas se encontram e somos apenas sorriso, vc disse baixinho que eu não tinha ideia do quanto você tinha esperado por aquele momento.

E então nos abraçamos longamente, como aqueles que não querem se separar jamais, como aqueles que encontraram o refúgio que buscavam um no outro.

Hoje estou no descampado, sem refúgio...

Eu te falava que minha casa é assombrada, e é mesmo. Agora as sombras do passado estão eternamente juntas na minha sala, eternamente completas naquele momento, "você não sabe o quanto eu esperei por isso". Mas são sombras, e eu estou fadado à contemplar de fora, assombrado...

Você criou aquelas sombras comigo, Olivia, por que só eu devo ser perseguido por esses fantasmas?

[for-oli]

No one can say i didn' try

[for-oli]

I wish we hadn't wasted this last year apart from each other...

[for-oli]

You used to quote my poetic phrases in your bio