Tumgik
lume-ero · 2 years
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sem título, pastel oleoso sobre papel, 21x21cm, 2021
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lume-ero · 2 years
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AlienExpress
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lume-ero · 2 years
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Sou cria do Vale do Aço, nascida entre o barroco e o cyberpunk, Minas Gerais. Do barroco herdei o excesso, o penumbrismo, a luz viciada e a transversalidade vertiginosa. Do cyberpunk o delírio das máquinas, o gosto dos metais e o brilho do minério de ferro sobre a pele suada.
Luxuriosas igrejas chaminés da usina. Torres do desejo que se erguem na ambição de rasgar o céu. Luz e sombra, aço e leite, sangue e pólvora, carne e porra. Minas não é uma terra de pastos bucólicos. É a distopia maquínica no útero da terra esfolada que vomita lama.
A mineração nos leva a convulsões e destroços. Paisagem mutilada por tratores devotos. Café adoçado pelo sangue de Cristo. Castas esteiras de pó preto rezam ladainhas para santos de metal mercúrio. Lâminas de aço e siderúrgicas em transe. Aqui, neste vale de lágrimas, bradamos, os degredados filhos de Eva.
O barroco a nós impera o futuro do passado. Minas Gerais seria. Ouro Preto, ouro azul, ouro assassinado. De costas para o Atlântico sem vento para respirar. No horizonte o anti-belo e o libelo da catástrofe. Tempo suspenso na luz artificial do palco. Máquinas de fé. Holofotes da culpa sob a pluma de fogo nu.
A moral está excitada e atira contra si mesma. Na escatologia o Apocalipse o fim do mundo. Profetas garimpeiros desmembram o corpo da virgem. O coito anal rompe o lacre das barragens. A lama cobre as vergonhas da mata verde. No topo da Serra do Curral, paira um letreiro em neon escrito ABISMO.
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lume-ero · 2 years
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A palavra monstro, do latim "monstrae", tem a mesma raiz da palavra "demonstrar". Os monstros demonstram. Isto é, sempre revelam algo além da normalidade, através do espanto, pela a suspensão do real e o medo do sobrenatural. São seres limítrofes desenhados pela contra-forma da ordem seja no horror, no sublime, no obsceno ou no sagrado.
Cada sociedade possui seu próprio repertório de monstros e de coisas que são consideradas monstruosidades. Por exemplo, os povos antigos produziram monstros que se assemelham a animais predadores. Sejam eles bestas, fenômenos naturais ou seres antropomórficos. Tais como hidras, sátiros e dragões. Criaturas que parecem surgir de inquietações diretamente ligadas às forças da natureza, que habitam florestas, mares e desertos. 
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Na Idade Média os monstros são elaborados a partir dos tabus morais e dogmas da Igreja na forma de demônios, pecadores nefandos hereges e pagãos. A partir do iluminismo e do racionalismo moderno, à luz da ciência positivista, são as anomalias de uma suposta evolução natural. Daí os freak shows com mulheres barbadas, gêmeos siameses e casos como o do Homem Elefante. Também os monstros das ficções científicas, que surgem do medo do que está além do conhecimento tecnológico atual. Os aliens, ciborgues, androides, inteligência artificial, máquinas insurgentes, mutantes, clones, seres multiversos e viajantes no tempo; e os monstros da psiquiatria, psicanálise e criminologia. Psicopatas, serial killers, fetichistas, sodomitas e nós pessoas trans.
Sim, "eu sou o monstro que vos fala", como diria Paul B.Preciado. Sou vista como uma ameaça. Pois confirmo que sou perigosíssima. Por baixo da minha capa de carne há um buraco negro habitado por pesadelos que nem mesmo Goya, Dante e Hieronymus Bosch foram capazes de imaginar. Sou muito pior que o Chupa-Cabras e a Loira do Banheiro: sou a Lume do Banheiro Unissex. Um bicho de sete cabeças que não está nem lá nem cá, entre o real e o virtual de uma sociedade coagulada. Minha armadilha é te fazer se perder no labirinto dos meus espelhos, e talvez, quem sabe, entender que monstro também é você.
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