morganadeavalon
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Perfeita Obsessão
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MORTE ao sistema 
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morganadeavalon · 1 year ago
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Ao Meu Povo
Direita, esquerda, e seguimos nadando com braços murchos ao meio Tantas brigas e seguimos sozinhos na pátria, amedrontados deitados nos seus seios O objetivo é comum mas ninguém larga a corda que enforca Dividimos, martelamos, e nossa mente cada vez mais torta Quem ganha? Quem perde? Isso não é um jogo É um projeto para que nós, divididos, peguemos fogo Enquanto os donos do mundo ascendem sobre nossas cabeças Pisem em nossos miolos, para que os dois lados se esqueçam De que estamos no mesmo lado da correnteza E que no diálogo existe a inteligência e a beleza Não escutam? Escute você, dê o exemplo de como existir em comunidade De como ser um ser humano de verdade PS:Não deixe de ter sua posição política, somos seres políticos <3
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morganadeavalon · 2 years ago
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Lua Nova
Escondida como a claridade em noite de lua nova, Por dentre pântanos e vales, Porões e alcovas, Produto do medo, o maior dos males. Fugia de si, do seu impacto na vida, Não queria deixar marcas nesta terra, Mas a cada passo que dava na areia, o mar varria, A cada taquicardia, seu corpo já estava em guerra. Não sejas assim tão inocente, A existência é uma camada fina, À ela és pertencente, Não lembras onde começou e nem saberá onde termina. Por que se amedrontar? Não pare no meio do caminho, Você tem um livro a preencher, uma história para contar, Lua nova, passe você, que venha outra reluzir esperança em seu lugar.
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morganadeavalon · 2 years ago
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O Seu Que É Meu
Teu sorriso é meu céu, Enquanto teus toques,por inteira, me enfraquecem, Palavras tão doces quanto mel, E sussurros que me enrijecem.
De uma presença marcante, De uma ausência desoladora,  De um beijo provocante, Donde esqueço que, do meu corpo, sou dominadora. Olhos da noite, nos quais eu me perco, E minha necessidade de vê-lo perder o controle, Vamos, faça dos seus braços meu cerco! Da sua loucura a adoração, o descontrole! Seja meu amigo, mas seja meu amante! Do seu querer, eu também necessito.  Seja meu delírio, seja meu calmante, O seu também é o meu, eu insisto.
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morganadeavalon · 2 years ago
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Melanina
Sorriso e olhos amendoados, Um ébano trajado de seda . Os toques acariciados  Fez-me ontem faíscas, faz-me hoje labareda. O olhar que cala e a conversa que engana A verdadeira vontade, Lida na mão por uma cigana, De ter, na sua vida, assiduidade . Gestos musicais, Falas atonais, Amores desleais, Anseios reais, É fluidez que, como água, não se pega, É leveza que, como vento, não se aprisiona, É ouvido de gente cega, É razão que se emociona.
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morganadeavalon · 2 years ago
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Culpe-me , Desculpe-me
Me desculpe, eu não sabia Que a corda que eu segurava Lhe enforcava todos os dias
Que meus pedidos eram destinados A alguem que está fora do padrão de saúde para trabalhar E mesmo assim o faz para me salvar
Que eu queria mais e mais De alguém que se machuca calado Como se isso fosse parte de uma rotina, nada a ser observado
Que eu exigia presença Do seu pouco descanço Alimentado pelas dores e sono
Que eu deveria ter dito não para os dinheiros que me oferecia Porque eu não ligava e sabia Que não comprava nada para si, com as mesmas roupas todos os dias
Que eu deveria estar trabalhando Para lhe ajudar Para dividir as despesas do lar
ME DESCULPE Pelo meu egoísmo Por não ver o peso de suas costas Que já foi para o psiquismo e não cessa, só piora
Você nada me deve, eu devo agradecer colocando as mãos para os céus pelo pai que D'us pôde me dar.
O que faço agora que sei disso tudo? Parada não vou ficar, darei um jeito de te ajudar Você não merece o que esta passando Enquanto minhas tardes ociosas vao se arrastando
Desculpe pai, queria não lhe dar tanta despesas com minha saúde, isso é o que nos coloca na ponta da faca , cortando a pele, quase que mata ,pois com esse dinheiro disponível você estaria melhor, mais acessível.
Hoje eu digo um eu te amo cheio de culpa, de desculpas.
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morganadeavalon · 2 years ago
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Eu Vi
Eu vi  Os olhos do monstro ao me dilacerar Eu vi Minhas lágrimas caírem sem cessar Eu vi Outro monstro aparecer Eu vi Entrar no banheiro, me libertar e depois me prender Eu vi  A primeira tentativa, com a faca tentando transpassar a pele Eu vi  Inúmeras vezes errando o cerne Eu vi Meu corpo cortado Eu vi Meu quarto inteiro sujo de sangue, como criança se suja de barro Eu vi A doença corroer minha mente Eu vi O peso nas costas do preto que eu usava constantemente Eu vi A perca das minhas conquistas Eu vi O atraso do que mais amo na vida Eu vi  Através da morte Eu vi O que é ter sorte Eu vi  O azar perturbando minha mira Eu vi O que o outro tinha e não merecia Eu vi  Com lágrimas nos olhos Eu vi  Torto cheia de ódio Eu vi Vivi Sobrevivi Que eu veja Para sempre ter certeza Que faço parte do moinho que gira na natureza MorganaDeAvalon
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morganadeavalon · 4 years ago
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O LimBo Dos Olhos De Bruna
                                                                                      MorganaDeAvalon  Era audível o som dos galhos quebrando enquanto Bruna, com seus tênis desgastados e sujos pela terra barrosa, andava lentamente por aquele caminho da floresta que conhecia tão bem que seu olhar apenas se firmava para o chão, nunca para frente, buscava naquele chão um novo broto, quem sabe. A medida que o local escurecia pelas nuvens pesadas e negras, mais a face de Bruna ficava indecifrável, mais desânimo se notava nos seus passos, menos ouvia, mais lágrimas presas, com costume de sempre assim estar,  dentro dela apareciam.   Bruna precisava seguir em frente, pois já começara a gotejar em seus cabelos ruivos e em sua pele branca. Apressando os passos, Bruna chega finalmente ao que parece ser seu chalé, completamente isolado, sem quintal, rodeado de mato não roçado, com defeito estrutural estruturai,  feito completamente de madeira antiga, que com certeza cairia numa tempestade mais forte e sombria ; mas Bruna não se atentava a estes fatos, já não eram relevantes, nada mais era relevante desde de quando o espaço aberto, de céu livre, tornou-se rotineiro ser cativeiro. Não, ela não estava cercada por guardas e cercas, ela apenas sabia que se saísse dali teria de dar satisfações à existência, e esta não era uma opção para Bruna, o anonimato era princípio primeiro, obrigatório, para cruzar o ser e não ser.  Bruna nunca quis comer aquela carne que fora obrigada a capturar pela morte, mas mesmo assim sabia estar fraca demais para sua sorte e, esta era  uma das muitas de suas questões de sobrevivência sem convivência .  Enquanto preparava sua comida, ouvia o barulho das facas passando uma a outra, provocando um som brusco que lhe agradava a ponto de se questionar:  Teria diferença caso fosse em meu pescoço a afiar? Havia uma linha tênue, quase invisível,  entre sua completa anulação, necessidade de não existir, e a realidade... afinal o que era real? Agora isto lhe importaria? A quem importaria?Aos bichos selvagens da floresta? Às árvores as quais Bruna quebrava os galhos sem pressa?   Estranhamente no casebre feito às pressas, Bruna fizera questão de colocar uma grande janela, de vidro reforçado e completamente transparente, também um banco extenso e confortável. A chuva, agora caindo de maneira contínua e em andamento quase hipnótico, fazia seu papel do dia, já que todo final de tarde a tinha como comprometida audiência. Todas as tardes, Bruna sentava em seu banco felpudo, com seu rosto encostado em sua mão, no batente da janela,  chá de alecrim em mãos, pois sabia ela que este chá fazia bem ao coração, já dizia sua falecida avó, então por que não tentar diariamente se lembrar que ainda um coração batia, insistindo em sobreviver? Mesmo que esta não fosse sua vontade, esta verdade era certeira pela sua infinidade.  Ali, aquela pele branca ia sumindo, a medida que tudo escurecia, enquanto o sol se punha. Era o show de Bruna, ver cair o que sempre teimava se levantar, como ela... talvez considerasse naquele momento o sol , seu amigo, se é que amizade significava algum tipo de identificação, ela se perguntava , embora a resposta não tanto lhe incomodava.  Abria a carteira de cigarros feitos a mão, que aprendera há anos vendo seu avô fazer, sem ter necessidade de comprar industrializados, já que Bruna não podia aparecer nem se dar a este luxo, ia rapidamente ao fogão de lenha para acendê-lo e voltava ao seu conforto tão desconfortável, à sua aceitação tão inaceitável, à sua rendição. Enquanto a fumaça subia lentamente, Bruna fechava os olhos para ouvir o som da chuva, sua única música, e dali caíam uma ou duas gostas de chuva também em seus olhos amendoados.      Ela respirava profunda e calmamente, desejando que aquela escuridão da noite, que agora se apossara de seu selvagem jardim, pudesse sugá-la, mas era sempre a mesma coisa: a lua atrapalhava... Bruna nunca quis que a lua estivesse ali,  tomando lugar do que já estava morto, clamando sua pequenez, com claros e explícitos interesses de aparecer outra e mais uma  vez.  Os olhos iam se afastando de cada árvore, cada pedra, cada riacho, expurgando-a de seu conforto, de seu próprio corpo e, num olhar fixo ela voava, contudo ao chegar na estrada, parava, era o limite para estar livre de estar certa ou errada.  Qual fora seu motivo para de ninguém, a si  mesma chamar, nenhum saberia falar, ela menos , nada mudaria o que já fora conclamado e concretizado, nada mudaria o que a seguir viria  , isso sequer existia, ilógico a qualquer sabedoria, eram os planos futuros de mais um nascer, de mais um amanhecer.  O que Bruna realmente sabia, já virara ignorância diante de sua rotina, e ela jamais se incomodaria, dado que o inexistente não se  frustra, não pensa, não compila.  Passaram-se mais 12 horas e no reflexo das grossas gotas de chuva ,se certificaria se já conseguira fundir ao único prato genuíno da mesa: Toda aquela natureza.                                CONTO BASEADO EM FATOS REAIS Inspirado pela obra de arranjo a violão de autoria de B.T                                                                                                                                                    Com carinho, aos anônimos de espírito 
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morganadeavalon · 4 years ago
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Era Vermelha, Alessandra!
                           Era ainda criança quando espetou –se num espinho de uma rosa vermelha. Seu susto fora grande, primeiramente por se perguntar como algo tão belo poderia machucar; E em segundo lugar, uma observação quase instantânea de quão curioso era o espinho fazer sair dela a mesma cor da rosa vermelha! Antes mesmo de concluir seu pensamento, sua mãe fora acudi-la. Explicou a ela que era sangue, que tinha que tomar cuidado pois as rosas tinham espinhos e, embora fossem belas, também tinham o direito de se defender daqueles que queriam fazer mal, mal à sua beleza tão delicada. Alessandra nunca tinha visto sangue antes, e com a explicação da mãe sobre os espinhos das rosas, sua primeira dúvida sanada ainda não saciara sua curiosidade quanto a harmonia  da cor e, ao ressaltar este pensamento à mãe, ela ouviu uma risada que apenas disse ´´ tens enorme imaginação, criança! É apenas uma rosa vermelha, e por coincidência o sangue de todos nós também corre nesta cor, não é nada de tão sensacional, saia do mundo da lua!``.Esta informação ao mesmo tempo que explicou também incomodou, como sua observação era imaginária se ela vira com seus próprios olhos? E por isto, zangou-se.  Já estava na puberdade quando, mesmo sendo a aluna mais desinteressada da classe, interessou-se imediatamente na matéria de biologia, mais especificamente quando percebeu que estava prestes a sanar aquela ideia fixa, de que aquele momento fora mágico, ao ouvir a professora dizer com naturalidade ´´ iremos estudar sobre circulação sanguínea`. A professora começou toda a explicação partindo do coração, romântica e ingênua como era, sofreu chacota quando salientou empolgada que o coração tinha a mesma cor da rosa vermelha de seu quintal (que durava até então, sendo regada exclusivamente por ela e ,sempre admirada por minutos que estranhavam à sua mãe) que também tinha a mesma cor do sangue. Para não deixá-la ainda mais excluída da turma, não apenas por ser diferente, mas também por sempre se isolar num mundo só dela, a professora fez um paralelo com a literatura que valeu cada urro daquelas vaias : A professora explicou que na literatura lírica, o vermelho era cor do amor, da paixão, por isso, na literatura o sangue era sempre representante da vida, sem ele não viveríamos, portanto era uma homenagem muito grande quando seu grande amor lhe dava uma rosa vermelha, pois ele estava lhe dando a própria vida, então neste sentido, podia-se fazer alusão da paixão com a vida, dado que a paixão era o que nos impulsionava fazer tudo em nossa vida, desde os relacionamentos até nossos sonhos... A turma estupefata se calou, os zombadores perderam o sorriso, mas Alessandra naquele momento, vivera seu segundo momento mágico, só que agora não poderia ser mais taxado de imaginário, era real, o significado era real, era concreto e ela podia provar.  Foi crescendo com a obsessão sobre a circulação sanguínea, sobre as rosas vermelhas, que a este ponto inundavam o jardim da casa de sua mãe, agora falecida. No entanto diante de todos estudos chegou um momento em que teve de decidir: E agora? O que faria da vida? Os estudos convencionais já haviam passado, e não por coincidência, suas notas em português, biologia e artes se destacavam diante de todas as outras notas quase vermelhas, mas ela não se importava, era aquilo que ela queria, que a sua paixão fosse acentuada.  Este dia narrado acima, também fora fatídico: Seu pai estava morto, o único que restava em sua família. Era um corte acidental feito com a faca da cozinha, ao cortar carne para o almoço, e como estava sozinho, não fora atendido no momento correto. Alessandra tentou chamar ambulância, levou ao hospital mas nada adiantou, e explodiu os olhos em lágrimas. Agora não tinha ninguém, não conhecia outros membros da família, ficara com uma herança gorda que nada lhe importava, ela já não tinha ninguém que pudesse entender seu mundo, agora estava à margem deste, sem chances de volta. Contudo o que mais lhe enfureceu foi ver a traição que sofrera, afinal onde estava o sangue da paixão? O sangue da vida? O vermelho das rosas? Por que saiu de seu pai os sonhos e paixões por uma casualidade tão pífia? Ali tomou uma decisão instantânea: Já sabia qual caminho deveria seguir.  Aos 20 anos Alessandra entra na faculdade de medicina, aos 25 se formou como clínica geral, aos 35 como cardiologista, e o motivo não poderia ser mais óbvio: Não deixaria ela, alguém perder a vida, em especial seus sonhos, suas paixões, suas rosas interiores, por causalidades que não poderiam ser explicadas de forma científica e concreta. Aos 45 já estava cansada, cansada de todo lirismo, cansada de perder tantos pacientes, cansada de todo romantismo, cansada de ficar sozinha, cansada de tudo que a levara até ali e, embora racional, sua característica impulsiva a precedia: e foi aí onde tudo começou, quando retirou seu jaleco, deixou seus materiais a míngua assim como seu dinheiro por direito.  Aquela obsessão pela paixão unida aquelas rosas vermelhas, que já não davam espaço para nenhum ser humano entrar dentre elas, pelo sangue que via todos os dias, não podia continuar, era demais, ela sabia que era demais, por isso não explicitava, pois a primeira vez que explicitou para sua secretária, novamente, o deboche, as risadas, das quais ela não mais se prontificaria a receber. Sua raiva fora tanta neste dia, que demitiu sua secretária sem qualquer motivo, mesmo assim injustamente, por justa causa, assinando um termo de que a secretária reiteradamente usava de deboche com os pacientes, o que evidentemente não era verdade, apenas conveniente.  Em sua casa a fúria lhe tomou, não quis saber dos espinhos, se emaranhou dentre as rosas, se rasgou inteira, destruiu todas as pétalas vermelhas sem ver que estava colocando-se em risco, era para ela um absurdo muito grande dedicar toda sua vida solitária para combater algo que jamais findaria, sabendo ela que todos um dia morreriam e pior, sabendo que este tal sangue cheio de flores, sonhos e paixões nada mais passaria a ser que ossos, brancos, nulos, fétidos, sem qualquer poesia, sem qualquer explicação, indiferente, sem paixões, o verdadeiro significado de tudo que era branco: O limbo dos excessos de cores, que do tudo (vida) se tornava nada (morte). Quando percebeu que estava excessivamente machucada, logo se socorreu, pois apesar de muitas, eram feridas superficiais, que uma médica a nível de Alessandra, cuidaria sem quaisquer problemas. O que realmente lhe despedaçou foi lembrar do que sua mãe lhe disse um dia, de que era um meio de defesa para não atacarem a delicadeza da flor, e ela naquele momento, em sua antagônica paixão, deixou escapar a fúria, fez com que elas tentassem, inutilmente, defender-se, de sua própria criadora. Chorou, chorou e chorou, entrou em desespero, não eram apenas rosas destruídas, era o trabalho de plantio duma vida inteira, que iniciara com sua falecida mãe!  Passados dias, se dopando com morfina, caindo pelos cantos da casa, num momento de sobriedade, disse chega! Ela tinha que fazer algo, pois a obsessão não findava, e para esquecer se drogava, aproveitando da sua condição de médica, mesmo que não em exercício.  Num momento de sobriedade percebeu que precisava ir muito mais a fundo para descobrir onde nascera sua obsessão e não, não era um analista que descobriria isso, não, não era possível uma obsessão ter nascido de uma situação tão casual na infância, não, não era possível uma obsessão ter nascido em seu exercício de médica ou em suas notas altas no que lhe interessava. Então começou a investigar-se, desde fotos, a escritos, tudo que tinha em sua casa fora revirado e nada, dias passavam e nada, parecia algo inexplicável, e ela, em sua concreta paixão, jamais aceitaria subsídios de seu inconsciente não acessível.  Num dia decisivo, quando já iria desistir de todas suas buscas para se entregar aos vícios, achou debaixo do colchão de sua falecida mãe seu relatório de nascimento, não era uma certidão, era literalmente um relatório afirmando que Alessandra nascera com um coágulo no cérebro e que isto poderia desenvolver alguns quadros psiquiátricos como picos de psicose. Ela nunca soube disse, nunca fora alertada, vivia fora da realidade por completo, à margem, e tudo porque sua mãe lhe negara a verdade, viveu uma vida de obsessão graças à omissão de sua mãe, ela, Alessandra não passava de uma doente, que duma forma inexplicável, tinha um corpo que tentou lhe avisar tantas e tantas vezes insistentemente.  Agora era hora de tirar a prova, sua fúria de anos perdidos precisava duma resposta real, que coubesse em suas mãos.Consultou-se num neurologista que após exame disse a ela que apenas parte do coágulo poderia ser retirado, mas que por sorte, ele teria misteriosamente se movido a uma parte onde era possível fazer tal cirurgia, que não reverteria os danos, mas tiraria sim o coágulo, e por isto mesmo o médico não entendeu quando ela insistentemente pediu para que a cirurgia fosse feita, se nada mudaria em sua condição de doença, em sua vida. No entanto era direito, como paciente, de pedir aquela retirada. E depois de tudo isso aproveitou-se novamente da sua condição de médica e disse ´´ sou cardiologista,  gostaria de saber se vocês poderiam retirar o coágulo e congelá-lo para que eu pudesse levar para casa, já que convivi tanto tampo com ele e sequer sabia de sua existência`, apesar do estranhíssimo pedido, ele não teria nenhum problema em realizá-lo.  O dia chegou, em resumo, a cirurgia foi feita, o pote com seu coágulo congelado em suas mãos despertou um sorriso maníaco e sincero em Alessandra. Como uma bruxa, há muito tempo tentava reunir seus ingredientes: o início de sua obsessão, o objeto da obsessão, o motivo lírico, a relação existencial da própria vida...  Com os anos em um freezer, Alessandra sempre observando a situação do coágulo, surgiu-lhe um insight que a permitiu não dar um motivo, mas um final para aquela insanidade. Chamou um técnico, pediu que tirasse todas as rosas e todas suas raízes, que deixasse a terra revirada, o mais pura possível, e assim foi feito.  Era manhã de sol, quando descongelou seu coágulo apenas o suficiente para carregá-lo até seu jardim, chegando lá abriu um buraco, pequeno mas suficiente para plantio, ali o plantou, ali o aterrou e pôde, de alguma maneira, senti-lo explodir junto às batidas de seu coração, sentiu alívio, sentiu que havia enterrado seu passado e que poderia seguir em frente agora, se tratando, vivendo propriamente. Mas algumas coisas estranhas começaram acontecer, ela via pessoas, ficou tonta, caiu na terra, ainda sorrindo. Alessandra estava morta, causa: parada cardíaca.  Desalentador era saber que seu sonho era sua destruição, que as batidas que a mantinham viva eram as mesmas que poderiam matar-lhe, que sua paixão era outra face de sua fúria, que suas rosas nem sempre conseguiriam defender-se com os espinhos. Era trágico perceber que a sua leitura deixara de ser lírica, passara a ser racional demais, concreta demais para justificar a razão de ser. Era, indubitavelmente inexpressiva a injustiça de morrer para que tivesse vida, de viver no círculo de sangue, que por pouco, lhe negaria a existência de nascer.  Alessandra, Alessandra, por que naquele dia, conhecer a imaginação; Alessandra, Alessandra por que subordinar sua idealização ao limite real e indiscreto; Alessandra,  Alessandra por qual motivo enfiara uma faca em suas costas ao saltar no abismo marginalizado do concreto? É Alessandra, seu decreto era seu atestado de óbito na sua certidão de nascimento.                                                                                      MorganaDeAvalon
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morganadeavalon · 4 years ago
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Saída De Emergência
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morganadeavalon · 4 years ago
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Saída De Emergência
Eu quero me esconder naquele caixão; Quero me afundar a sete palmos do chão; Quero ver a lâmina, como pincél, me desenhar; Quero ver minha sujeira, junto ao sangue, esguichar. Eu quero meus ossos mais próximos de minha pele; Quero ser tão pálida a grau de ser confundida os fantasmas que repeles; Quero meu estômago vazio e aparente; Quero ocupar menos espaço nesta existência deprimente. Eu quero minha boca seca e branca; Quero ser ferida que não fecha nem estanca; Quero desmaiar, cair ao tontear em minha fraqueza; Quero ser servida, como prato principal, no jantar da mesa. Eu quero meus olhos mortos e parados; Quero meu coração descompassado; Quero pisar em pequenas chamas na brasa; Quero afogar-me nos choros expelidos e engolidos de mágoa. Eu quero não perceber minhas pálpebras caídas; Quero o desespero de estar sem saída; Quero ultrapassar todos os limites da minha própria destruição; Quero drogar-me até perder o ar de meu pulmão; Quero vagar morta sem saber; Quero não querer.                                                                            MorganaDeAvalon
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morganadeavalon · 4 years ago
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Solitude
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morganadeavalon · 4 years ago
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Solitude
                                                                                Solidão que no nada do branco limbo, fixa meus olhos; Solidão que dilacera-me de tanto fazer-me chorar; Solidão que me venceu , entreguei-te todos meus sonhos; Solidão, tu levantas-me somente para de novo empurrar-me. Traiçoeira, mentirosa, afasta de mim o tudo; A minha sentença por estar de lábios colados sem ter  capacidade de falar; Será que ainda faço parte deste mundo? Às margens, uma força parece começar fazer minhas malas... Que dia este trem irá partir? É definitivo ou viagem para voltar ao centro? Mas esta demora rasga-me o peito, necessito fazer decidir; Será que irei ao abismo ou irei desfazer minhas trouxas em busca de um outro derrotismo? Pelas janelas, as marcas de minhas mãos Que tentam tatear o mundo real Em vão: Choro  por estes momentos , que são recomeços, mas deveriam ser finais. Presa sem tranca; Braços cruzados sem reprimendas; Liberdade manca... Corta-me os pés, amarra-me os braços na incompreensão... tão complexo... antes fosse lenda.                                                                          MorganaDeAvalon
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morganadeavalon · 4 years ago
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Em Memória De Layla
  De mim tiraram a honra, meu bem mais precioso,por isso dou meu testemunho. Se preocuparam em dignificar minha moral com a honraria vergonhosa da indenização comprando-me uma casa.   A casa era muito bem dividida, cada cômodo cumpria sua função de maneira ímpar, desde os tamanhos, à mobília, à claridade da luz do sol... mal imaginava o problema que estava por vir!   Eu atendia todos que batiam à minha porta e os convidava a entrar, mas por conta dos departamentos muito bem estruturados, os convidados se perdiam pelo caminho, e eu passava todo meu tempo tentando encontrá-los para que não lhes causasse constrangimento. Foi aí que surgiu a pífia ideia de derrubar todas as paredes, tornar a casa um verdadeiro galpão, e eu inocente, achando que facilitaria o encontro entre minhas amadas visitas, todavia me decepcionei. Quando todos puderam me ver, imediatamente jogaram-me coisas, minhas próprias coisas ali armazenadas,, me agrediram, e alguns iam embora pois tamanha era a sua indignação, e eu mal sabia o motivo pelo qual a proximidade os deixou furiosos.   Demorou, no entanto percebi que toda aquela destruição me deixou em ruínas, pois tudo que ficava em seu devido lugar, completando sua missão, estava perdido em meio à desorganização. Eu já não tinha portas para fechar, ou paredes para esconder, agora eu estava exposta, tudo estava exposto, para onde fugir? A resposta não tão inconsciente assim veio rápida, quando só me restava sangue nas roupas, quando me restava apenas o silêncio.   Naquele cubículo aberto eu fui obrigada a olhar para mim durante todo o tempo, fosse pelos espelhos quebrados, fosse pelos meus escritos, fosse pelos meus feitos ali depositados naquela casa, e eu estava me agradando disto, até o preço chegar. Tive de pagar, pois estava lidando com agiotas, e este valor foi dado em forma de memórias, elas deviam ser por mim esmagadas e logo depois enterradas. No entanto, caro leitor, não imagine que era simbólico, afinal COMO seria possível enterrar minhas memórias sem que eu também não fosse enterrada? E pensando nisto percebi a realidade que me cercava, tive de cavar minha própria cova e conviver com ela pelo resto dos meus poucos dias.   É que não se esconder dentre paredes tem disso: Muitas verdades, muitas mentiras, mas nada disso importa para quem está naquele ambiente se sufocando. Para infelicidade, o indivíduo, assim como eu, arcará com tudo, inclusive com a dor do luto que ninguém, nem ele mesmo, poderá sentir. MorganaDeAvalon
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morganadeavalon · 5 years ago
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Paralisia Lunar
  Já é tarde, horário em que as pessoas comuns estão fora de órbita, Todavia também é cedo, tendo em vista que daqui a instantes, sem medo, sem dúvidas, apontará a luz radiante.E foi olhando pela minha janela, casualmente, que a vi: eterna e silenciosa observadora tão bela.   Por um instante tudo parou, congelou naquele capítulo, era como estar num lugar onde o tempo não era nem sequer contado ou absorvido. A lua se pareceu comigo, reflexo dos meus desejos : brilhar sem estarrecer, iluminar sem esconder, observar sem julgar, ver sem ansiar.    Estás em todos os céus , porém a ironia é que por vezes, casas, prédios e construções, ou até mesmo a janela limitada pelas grades de segurança do meu apartamento, me impedem de ver-te, me colocam de fora , na ausência diante de um espetáculo  gratuito, sem segundos intuitos.   Assim como a lua, trago uma essência sofrida, uma dor velada, vestida, mas como ela, sem  pressa , degustando-a em requinte, sem medos sobre o dia seguinte. Já posso agradecer à essa luz incandescente! Tirou-me o falso riso  impertinente, e implantou-me a suavidade e a leveza dum sorriso sincero e quente. -- Elena MorganaDeAvalon
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morganadeavalon · 5 years ago
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"Muse" - Photo by Dmitry Rogozhkin.
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morganadeavalon · 5 years ago
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Reverso Caso de Amor
  Quando nasci fui puxada pelos pés, desde então fatos ocorrem a mim num universo paralelo, reverso. Enquanto fogem, eu me sinto acolhida e,dentre os mortos me sinto viva, seja no silêncio do cemitério, seja no vento que levanta a terra das covas, seja no cheiro dos cravos e crisântemos dos velórios,seja na morbidez de um caixão, ou mesmo nos olhos parados, sem cor, que refletem o grande mistério do desconhecido numa mudez inconcebível.   Gosto da incerteza, de me jogar nela com a inocência de uma flor que brota em meio a uma floresta selvagem em seca. Nela tenho paz, ela me faz querer estar aqui para questionar sem por respostas ansiar.   Me ver despedaçar como as nuvens do céu, me traz um prazer inenarrável.E esse limitar de corda bamba , é o perfeito equilíbrio , e nele posso congelar o tempo, eternizar segundos, eternizar momentos.   A morte me teme, e eu a desejo, no nosso amor impossível, macabro, ainda hei de roubar-lhe um beijo.
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morganadeavalon · 5 years ago
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Ella: A Psicótica
  Ella estava há anos em cima duma cama, em coma. Apesar de não poder se expressar, ela ouvia, e mesmo sabendo que todos estavam desenganados, Ella se predispunha a lutar,pois sabia que as coisas do mundo lá fora eram belas, e sentia estar sendo retirada do direito de caminhar também pelas flores.   A verdade é que Ella estava há 12 anos em coma, pois quando era criança, sofreu uma brutal violência, que a deixou em estado catatônico até ela entrar em coma sem chance de sobrevivência.   Em sua mente, Ella vagava dançando e flutuando... era sempre tudo lindo, ela sabia que se pulasse de qualquer lugar ela voaria, pois tudo podia , era sua mente que a dominava. Todavia, num destes devaneios, uma inconsciente e insuportável visão, creio que vinda do amadurecimento, a tomou:. Ela viu como seria sua vida, caso ela tivesse realmente sobrevivido, Ella imaginava que os campos floridos, as danças e a leveza eram as únicas coisas que existiriam, mas essa visão a fez ver o outro lado da moeda.. Se Ella tivesse sobrevivido sua vida seria pior que a morte, ficaria doente , não teria tido adolescência nem infância, teria crises constantes, sofreria outros abusos/violências e até mesmo tentaria suicídio diversas vezes por não suportar a própria dor.    Do lado de lá, alguém a chamava para acordar do coma, mas no lado surreal de Ella, alguém, como um verdadeiro Deus que tudo via, ouvia e sabia, observava, como quem espera, te analisava, te julgava e oprimia. Era o tempo avisando que no eterno retorno, nada muda o destino. Com medo, não mais com bravura, com desespero, não mais com esperança, ela precisava parar de lutar, afinal aquela realidade (que diziam ser a verdadeira)  era insana demais, horripilante , então ela preferia aceitar seu destino, ficar ali dormindo, quase morta, quase viva... Ella não voltaria a insanidade da violência dum mundo que apenas agride, que apenas lhe sufoca. Todos tem a morte como destino, isso não se muda, e alguns tem sorte nessa caminhada, mas não ela o caso D’Ella. Como , quando e onde, não importa, Ella fora recompensada com uma vantagem: Ela poderia escolher o que melhor lhe convinha, e cá para nós, depois de tanta injustiça, ela merecia isso e muito mais.                                                                                       MorganaDeAvalon
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