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Si estamos de acuerdo en la teoría del dolor y la locura, es decir, si el dolor provoca locura y la locura - no pocas veces - el suicídio, y si no pedí otra cosa que no fuera un poco de cariño que mitigue el dolor, que a su vez espanta los acechos del suicídio… estaremos de acuerdo entonces en que de este asunto y de otro parejamente tristes somos todos culpables un poco.
Jorge Cedrón.
Fazia tempo que não escrevia esse nome, mas lembro como se fosse ontem os caminhos que meus dedos percorriam no teclado do computador ao dirigitar C-e-d-r-ó-n.
Todos, absolutamente todos os meus livros e filmes favoritos de juventude, quando lidos e revistos, me passavam um grande descontentamento. Percebia o quanto eu tinha mudado e que o significado daquelas obras não tinham o mesmo valor para mim, e isso me deixava profundamente frustrada. Quando eu revisitava aquela arte, queria sentir aquela grande e intensa emoção da primeira vez, que me fez perder as estribeiras, que me fez sentir viva de verdade. Mas não funcionava assim, e só servia pra me sentir tonta e fútil por um dia ter acreditado que aquela era a melhor obra de todas. Eu nunca aprendi minha lição, até hoje caio nessas. Ainda custo rever alguns filmes favoritos de 10 anos atrás, porque temo que eles percam a magia que tinham.
Mas teve uma história que nunca mudou pra mim até hoje, acredito que nunca há de mudar. É a história de vida de uma pessoa que eu admiro muito e relembro todos os dias.
Escrevendo isso agora, várias lembranças surgem e eu não consigo muito bem colocá-las em ordem. Primeiro veio Rodolfo Walsh, quem contou a história do massacre e me deu a ideia de escrever a monografia; aí terminou-se um ciclo, a graduação, e eu fiquei totalmente perdida, mas logo surgiu Cedrón, que fez o filme da história, e me despertou tantas novas experiências que só de lembrar me arrepia.
Cedrón sempre foi artista. Desde sempre gostava de tango, de cinema, teatro. Trabalhou desde cedo, com seus vários irmãos, mas sabia qual era sua paixão. Nunca se importou com política até entender que tudo era política, até entender que ele já estava de um lado, mesmo não sabendo.
Sabia que não era hábil em pegar em armas, então fez sua militância artística, ajudando como pode. Cedrón, queria que você soubesse o quanto me ajudou. Cedrón sempre foi uma pessoa muito enérgica, ansiosa, apaixonada. Se eu pudesse definir Cedrón em uma palavra seria essa: apaixonado.
E foi exatamente essa palavra que me cativou e me fez continuar mesmo nas minhas piores crises existenciais, nos meus momentos mais sombrios de solidão, que só quem foi bolsista no mestrado sabe do que estou falando. Cedrón me fez continuar porque me lembrou demais de mim mesma.
Ele me lembrou de mim mesma quando fez um filminho para um fascista porque precisava pagar as contas, quando casou com sua esposa, mesmo sendo filha de um banqueiro, porque estava apaixonado. Quando passava noites no bar do irmão com os amigos porque sentia que aquelas pessoas estavam tirando sua vida da miséria. Quando decidiu fazer um filme clandestino no meio de um lixão, com a mesma atitude de “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” porque precisava romper limites. Ou quando precisou partiu para o exílio porque pensou nos filhos e na esposa. Ou mesmo quando chegou no exílio e se sentiu um lixo, porque não achava justo seus amigos estarem mortos e ele estar vivo.
Cedrón, eu sinto muito. Sinto muito por você ter ido embora do jeito que foi. Queria muito que você soubesse que eu sinto muito. Eles te mataram, né? Eu sei. De um jeito ou de outro, eles te mataram. Você nunca conseguiu aprender francês, porque a Argentina ocupava espaço demais no seu coração. E quem podia te culpar? Você nunca realmente saiu de lá.
Entrei em contato com a sua filha, Lucía, ela sabia que eu estava fazendo um trabalho sobre você, mas acabamos perdendo o contato. Ela foi muito simpática e agradável, você ficaria orgulhoso.
Eu guardo cada anotação que fiz dos dois anos de pesquisa do mestrado, das viagens, lembro de todos os momentos que quis desistir e que preguei seu discurso no meu guarda roupa.
Eu também sou uma pessoa apaixonada, sabe? Ainda não sei qual é a minha maior paixão. Já tive vários relacionamentos malucos (assim como você), já quis entrar pra militância e pegar em armas (mas saí a tempo), já quis ser economista sem saber matemática, já quis vender minha arte na praia (quem nunca?) e já quis me matar inúmeras vezes. Já me perdi tanto, Cedrón. Mas é incrível que sempre me encontro no mesmo lugar.
A vida inteira eu fui rotulada como uma pessoa intensa demais, 8 ou 80, que não sabe dosar, que não consegue encontrar equilíbrio na vida. Não estavam errados, mas eu aprendi a não ver isso como um defeito mais. Me custou cerca de 28 anos, mas aprendi. Uma vez alguém disse que eu era frágil, dramática e podre por dentro (risos) para outra, querendo me difamar. Mas essa pessoa me disse uma vez que eu via as coisas com amor. No começo eu achei besta, mas depois fui me acostumando com a ideia, me pareceu bonito, sonoro e encaixou bem. Senti que eu merecia esse título. Sou uma pessoa que vê as coisas com amor, por isso que às vezes a vida é tão pesada pra mim. Pra você também foi, né?
Você mudou tudo, Cedrón. Você me permitiu ser. Só por te admirar tanto, você me permitiu. Devo a você um grande capítulo da minha vida. E, por sua causa, vai ser realmente só um capítulo, porque eu tenho muita coisa ainda para fazer por aqui.
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Não colocamos um nome ainda
Eu quero conhecer você Quero te levar para sair Em vez disso, estou escrevendo uma mensagem Que provavelmente nunca enviarei
Quando vejo você, o mundo inteiro se reduz àquele quarto E então me lembro o quanto sou tímida De repente estou presa, pensando demais Provavelmente duvidando de mim mesma Mas você continua falando e eu fico hipnotizada
Eu quero contar ao mundo inteiro sobre você Quero falar sobre como você é extraordinário E que eu realmente acredito que o universo te guardou pra mim E eu gosto de você, mas já pensei em nunca demonstrar E então você não me esperaria e talvez eu não me importasse Porque provavelmente eu fico melhor sozinha A eterna Frances Ha
Mas eu olho para a sua foto e eu sorrio Várias vezes já me peguei fazendo isso e é constrangedor Passaram-se alguns dias desde a última vez que te vi E você tomou meus pensamentos Estou recontando piadas que você contou que me fizeram rir Fingindo que são minhas
Percebi nos últimos dias coisas sobre mim Que dizem sobre você Sinto uma melhora genuína, um avanço Talvez seja uma fase, talvez passe Mas espero que não, espero que você fique.
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Scream
Eu quero gritar, mas não posso. Nem se pudesse, acho que não faria diferença. As pessoas não escutam, elas não ouvem o que eu realmente tenho pra dizer.
Eu digo que não sou uma boa profissional. Elas dizem que eu sou insegura. Elas não estão me escutando. Não consigo mais dar aula. Não consigo mais estar nesse ambiente. Não me sinto respeitada, bem-vinda. Pode ser que esteja com mania de perseguição, mas eu não quero mais ser curada.
Eu só quero deixar de existir. Antes eu sabia como fazer isso, mas já não sei mais.
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I feel so fucking alone. But this is what I wanted, right? So what the hell is going on? What does everything feel so cold? What does everyone seem like hating me? Why am I so annoying? Why am I acting like I'm 15? I thought it had stayed in the past.
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Hoje a gente terminou, e eu consegui limpar os móveis do meu quarto, depois de 3 ou 4 semanas na poeira.
Três álcoois-géis, nenhuma lembrança de você.
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sinto medo, sou covarde
Nessas horas lembro de todas as vezes em que errei e quis voltar no tempo. Lembro das vezes em que quis que essas pessoas a minha volta nunca tivessem presenciado certas atitudes minhas, certas falas. Nessas horas eu lembro de todas as vezes que apontei o dedo pra qualquer pessoa e qualquer erro. Não tanto quanto todo mundo, eu sei - sempre tomei um certo cuidado - mas mesmo assim, ainda podia ter tido mais cuidado. Porque todo mundo erra. Porque ninguém é perfeito. Porque todo mundo tem seu lado mocinho e seu lado selvagem. Porque todo mundo faz a sua cagada e não quer admitir ou só assume um tempo depois, em silêncio, pra si mesmo.
Hoje eu assumi um erro pra mim mesma e pra minha pessoa favorita. Essa pessoa favorita não me julgaria pra mim, mas não sei o que ela ta pensando de mim agora. Como ela é bem melhor do que eu, talvez eu nunca vá saber. Mas eu to me achando uma criança que acabou de ser parida. To envergonhada. E quero desistir, porque sinto minhas forças se esvaindo, e sinto vergonha disso, porque lembro da minha mãe dizendo “o que a vida quer da gente é coragem”. E espero que ela nunca saiba disso, porque ela morreria de vergonha de mim e sentiria que ela falhou comigo. Enfim, sinto tudo isso ao mesmo tempo.
Se eu pudesse voltar no tempo, eu ficaria desesperada frente a oportunidade de ter que viver parte da minha vida de novo. Provavelmente eu me mataria. Acho que por isso não é me dada a chance.
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20h42
Eu to há uma hora tentando entender a diferença entre aculturação e assimilação. To começando a achar que nem a apostila tem certeza se os dois conceitos são usuais ainda e realmente diferentes entre si. E quanto mais penso, mais tenho raiva do meu diretor por ter me indicado essa disciplina, porque não tem nada a ver com História.
Mas a realidade é que nada produtivo sai daqui desde 12h15 e eu não sei porquê. Era pra ser um dia normal, um dia bom. Eu só tinha 1 aula hoje e podia fazer o que eu mais gostava no resto do dia: papelada e preparar aula. Mas eu tive uma crise que não passava e absorvi cada milímetro de besteira ao meu redor.
Um aluno idiota disse que ano passado ele me via como alguém que não era preparada. Na verdade não lembro direito o que ele disse, mas isso foi o suficiente pra eu ficar pensando que é essa a imagem que eu passo. E eu me esforço tanto pra passar a imagem de esforçada rs. E eu vou ter que ficar olhando pra esse otário sempre na tutoria.
To cansada de me odiar. Eu não fiz nada de errado. Eu sou digna de amor, de respeito, de empatia. Mas também to cansada de ter pena de mim.
Foda-se, o dia ta acabando. São 20h42.
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Du
Você me chamava de estranha, mas você era a pessoa mais estranha que eu já tinha conhecido, e a gente sabia disso. Éramos um belo par.
Eu era triste, você era triste. Quando você me convidou pra ir à cachoeira, achei que era pra me ajudar a fazer amizade, porque minhas competências sociais sempre foram inúteis. Mas não era, seu interesse era outro, e quando eu entendi, você já estava investido demais. A partir do momento em que tive que contar que eu já tinha um compromisso com outra pessoa, você se afastou, depois se demitiu.
Mas até isso acontecer, você me encontrou em todos os cantos isolados da escola e contou o podre de todos os alunos. Você me consolou dizendo que ia comprar droga pra gente usar na cachoeira, e esquecer o quanto o mundo é inimigo dos esquisitos. Você me lembrou por várias vezes o que eu tava fazendo ali, e que eventualmente aqueles alunos iam acabar gostando de mim. Ou não e foda-se. Você foi minha companhia, quando ninguém mais foi, ninguém mais podia ser, porque você era igual a mim.
E no dia que você se foi, eu lembrei daquela vez em que a gente contemplou a ideia do suicídio coletivo na cachoeira. E sabe o que eu senti, Du? Raiva. Senti raiva de você, porque você foi sem mim. Por que você decidiu isso? Por que não me esperou? Olha como eu sou uma filha da puta egoísta, Du! Olha do que você se livrou rs. Eu me odeio, mas não consigo evitar sentir raiva de você.
Eu sinto muito por tudo. Sinto muito pela sua vida sofrida, por termos nos afastado. Sinto muito por não ter sido quem você quisesse que eu fosse. Você foi quem eu quis que você fosse, quem eu precisei que você fosse.
A última vez que te vi foi no primeiro turno das eleições, de longe. Sei que você me viu também. Sei o que você pensou. Sei em quem você votou.
Nunca vou deixar de ser estranha, Du. Te amo.
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sinais
Eu sempre venho aqui quando não há mais nada a se fazer.
Não é que esteja tudo uma bosta, não me leve a mal, as coisas estão caminhando bem. To até otimista esses dias, com fé na vida.
Se bem que toda vez que penso que não tenho nada do que reclamar, acontece alguma coisa que explode minha mente e me faz pensar que eu vivo uma mentira.
Sabe de uma coisa que odeio mais do que minha vida? Mais do que conversar, socializar? Ser subestimada, ser menosprezada. Tenho vontade de voar no pescoço da pessoa, seja ela quem for.
As pessoas tendem a puxar o saco dos chefes e rirem de tudo o que eles falam, até as coisas mais absurdas e escrotas, até os bullying! Eu sou incapaz... por mais que eu tente.
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I miss you like we both died
Our time together, a star-crossed endeavor
(...)
I'll miss you in the next life
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what’s left of me
Você é minha rocha. E a culpa é toda minha. Você era perfeito, perfeito demais pra mim, e isso me enganou. Esse pensamento me ludibriou.
Você me enganou como todos eles.
Só que dessa vez não só meu coração foi esfacelado, foi meu futuro, minha esperança. Foi o que restou de mim, que era seu.
O que te fez pensar que existia algo mais de mim?
Meu Deus, quantas vezes eu me enganei!
O que vou fazer agora presa aqui dentro de mim?
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Aquela sensação
Tenho medo de não conseguir me conter, ao mesmo tempo que tenho medo de deixar a oportunidade passar sem sentir aquela sensação. Será que eu gosto de ser doente? Será que essa sou eu realmente? Porque não consigo lembrar de mim em uma época em que eu não fosse, mas não quer dizer que quero continuar sendo. Eu quero ter paz. Aqui vou ter paz?
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sozinha
Sabe, eu tava pensando aqui sobre toda essa montanha de problema que no final ta tudo conectado: o bloqueio da escrita, o pensando do que você vai achar, ou do que todos eles já pensam sobre mim, de tudo o que eu carrego de insegurança desde criança, todos os mesmos gatilhos, todas as mesmas falhas, meu mesmo jeito de ser, esse meu jeito que nunca muda.
Eu sei que to errada. Sei que eu vivo errado. Há 28 anos eu to aqui cambaleando, renascendo das cinzas, tomando coquetéis de remédios 3 vezes ao dia e eu não mudo. E se eu tento, parece que meu corpo rejeita, tenho vontade de vomitar, de me jogar da ponte. Sei que as pessoas olham e julgam. Elam veem e dizem “você não pode ser assim, vai te fazer mal”. Eu sei.
Desde semana passada to sentindo muita dor no corpo. Daquelas, sabe? Tento não pensar, não focar na dor, porque se eu pensar, não levanto mais. Eu tenho um momento bosta aqui e ali, mas eu me seguro, sabe? O remédio não me deixa cair muito. Eu volto rápido. Só que esse fim de semana você me mandou mensagem. Foi uma coisa besta, sobre um edital de Jacareí, e foi só isso mesmo, porque você deixou bem claro que não queria conversar. Mas você me desbloqueou e eu vi sua foto e vi o Raul.
Não doeu menos. Doeu como se tivesse acontecido ontem. E quanto mais o tempo passa, menos eu consigo falar sobre isso. Porque eu sei que cansa, que é chato, que é até vergonhoso. Sei que não consigo nunca expressar de nenhum jeito crível o que você representa pra mim. O que você foi e o que você não consegue deixar de ser. O lugar que você não consegue deixar de ocupar dentro de mim.
Lealdade sempre foi uma coisa muito importante pra mim. Eu dou um valor pra amizade que talvez ninguém mais dê. Talvez seja isso. Talvez seja mais uma parte da minha vida sendo vivida errado. Eu sei que separações acontecem e que pessoas se afastam. Já me afastei de várias sem nem olhar pra trás, você sabe disso melhor do que ninguém... Mas me afastar de você me faz mal.
Não me entenda mal... Não quero nada de você. Não quero que as coisas voltem a ser como eram, não quero conversar sobre a briga. Quero que saiba que você estava errada todas as vezes em que pensou que eu não me importei com você, que não pensei em você, que não valorizei sua amizade. Você foi a amiga que mais apoiei, admirei, enalteci e estimei. Você me levantou do fundo do poço, me tirou da melancolia, me trouxe de volta a vida incontáveis vezes. Sei que eu não fui tudo isso pra você e não tenho o direito de te cobrar nada, mas essa nunca foi a questão. Eu nunca esperei 100% de retorno, eu só queria sua amizade. E você me arrancou o coração.
E aqui estou eu, decepcionada comigo mesma, porque não doeu menos, porque não consegui conversar com ninguém e porque você tinha razão em quase tudo. Muito sensível, muito dramática. Mas podre por dentro ainda não. Se eu fosse, não te amaria tanto.
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