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ravenmarshblog · 4 months ago
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ravenmarshblog · 4 months ago
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Um romance em Paris
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Fanfict de Miraculous
Sinopse: Uma reimaginação de "Miraculous" que traz de volta a dinùmica dialógica entre Ladybug e Chat Noir.
“Quando mais ninguĂ©m parece poder nos salvar, temos que nos tornarmos herĂłis e salvarmos a nĂłs mesmos"
Avisos:
- Essa se trata de uma reescrita, portanto muitas coisas do material original poderĂŁo ser modificados
- Os Ășnicos herĂłis serĂŁo os usuĂĄrios da joaninha e do gato preto
Tags: adrianette, angst, au, catnoir, chatnoir, fanfict, fanfiction, fic, ladybug, ladybugechatnoir, ladynoir, magia, marichat, miraculous, miraculousasaventurasdeladybug, miraculousladybug, misterbug, naocanon, noncanon, ptbr, reescrita, superherois, ya, youngadult, long fic.
Dois opostos se encontram
Esses dois..nĂŁo pode ver? Nasceram um para o outro.
~
Marinette Dupain Cheng era uma garota como outra qualquer. Ela tinha uma família simples, tinha sonhos altos como toda pessoa a quem foi dada a liberdade para sonhar e não se considerava alguém excepcional de forma alguma.
Ava. Pretérito que logo a deixaria surpresa com o presente.
A garota acordou com os chamamentos de Sabine, sua mãe, e rapidamente olhou em volta. O cérebro, lento pela brusquidão com que era tirada do mundo reconfortante debaixo das cobertas, esforçava-se para processar o que quer que estivesse acontecendo. Tentou alcançar o celular sem olhar na direção do objeto e logo se arrependeu quando não o encontrou.
— Filha, vocĂȘ vai se atrasar!
Ai nĂŁo!
A menina se levantou depressa e agarrou o celular assim que o movimento das cobertas o deixou Ă  mostra. Estava vĂĄrios minutos atrasada e, por seus cĂĄlculos, deveria estar sentada na sala de aula naquele instante.
— Não acredito! Não, não, não!
Com todo o empenho que tinha, Marinette correu pelo quarto recolhendo pertences, arrumando a cama e indo direto para o banheiro. Teve a sensação de que estava demorando demais e foi tomar o cafĂ© enquanto cotovelos e pernas esbarravam em diferentes partes da casa. Tom, o amĂĄvel pai que parecia nunca sentir menos que orgulho da filha, abriu um sorriso largo ao vĂȘ-la passar por ele com pressa.
— Cuidado, querida, vocĂȘ vai acabar se machucando assim!
— Perdão, papai! Desculpa, passando!
— Seu pai tem razão filha, vá com calma. O despertador não tocou hoje?
— NĂŁo — Marinette sentia que o mais provĂĄvel era ela ter ignorado completamente a mĂșsica pop que colocou como alarme enquanto dormia, mas nĂŁo disse nada. Pegou um pĂŁo doce redondo com a boca, acenou para os pais e saiu correndo, a maleta com o tablet bem segura entre os dedos. Em alguns minutos, a garota alcançou a faculdade e entrou, torcendo a todo instante que a professora Bustier nĂŁo reparasse nela atĂ© a chamada.
Os outros estudantes jå se encontravam na sala quando Marinette tomou um dos assentos e suspirou para aliviar os efeitos da corrida. Pensou nos colegas da escola e sentiu falta daqueles dias; tudo parecia muito mais fåcil, sem trabalhos enormes que sugavam seu tempo e energia e sem preocupaçÔes com carreira. Marinette abriu a maleta de cor clara e tirou seu tablet com a caneta que a acompanhava aonde quer que fosse (quando se lembrava de pegå-la). Sem nenhum comentårio da professora, ela se sentia livre para passar os olhos rapidamente por seus rascunhos e anotaçÔes. O bloco de notas estava sempre repleto delas, muitas sobre tipos de tecidos, ideias para modelitos e outras tantas coisas que gostava de pesquisar sobre moda. Havia também aquelas que colocavam em palavras aquilo que ela sentia. Marinette adorava escrever poesia quando sentia inspiração, sendo essa uma excelente maneira de mostrar para si mesma que ela, ainda que sufocada pelos afazeres cotidianos, tinha tempo para pensar. Nunca se considerou boa o suficiente nelas para publicar seus trabalhos, mas chegou a cogitar postar suas criaçÔes em algum site de escrita e testar o engajamento. De toda forma, Marinette era uma menina que estava sempre em outros lugares e criava com entusiasmo.
O intervalo chegou, eventualmente, com a moça sentindo desĂąnimo por conta de um dever de casa que ela nem mesmo começara. Saiu da sala, o aparelho em mĂŁos sempre, e se sentou em uma escada que dava-lhe a vista dos colegas conversando e comendo lanches, estudando, lendo ou ouvindo mĂșsica. Reconheceu alguns dos antigos colegas de sala em poucas olhadas; Alya passava com Nino de um lado ao outro do primeiro andar, sorridente e entusiasmada como Marinette bem se lembrava. Rose tambĂ©m fazia aulas ali e parecia entretida com um caderninho tĂŁo rosa quanto seu vestido; Marinette pensou que aquele devia ser o caderno onde a amiga compunha mĂșsicas para sua banda. E entĂŁo, Marinette os viu.
Sabrina e Chloé entraram e pararam no centro do påtio, a dinùmica que Marinette (também) tinha fresca na memória ainda se fazendo presente: Sabrina, sempre quieta e encolhida com seus grandes olhos que lembravam os de um filhote, ouvia enquanto Chloé falava alguma coisa. O nariz de Marinette se retorceu de leve em uma careta ao observar a garota: na época de escola, Chloé fora um pesadelo até o fatídico ano em que conheceu Alya. Aquele foi o momento em que o poder que ela achava que Chloé tinha se dissolveu como sal em ågua. Agora, anos no futuro, Marinette não podia dizer que gostava da filha do prefeito de Paris, mas também não passava horas remoendo o passado.
Uma terceira figura, nova aos olhos de Marinette, as acompanhava. Um garoto, rapaz alto e loiro com olhos verdes como as ondas dançantes da aurora boreal, juntou-se às duas e também ouvia o que quer que Chloé estivesse dizendo. Marinette parou por alguns segundos de pensar em o quão entretido ele deveria estar e reparou nele. O rapaz era muito bonito, isso era inegåvel, e passava a impressão de ser tão tranquilo quanto o fim de tarde. Ainda assim, ele andava com alguém como as antigas bully's dela, portanto Marinette rapidamente perdeu o interesse. Na verdade, fez questão de construir um estereótipo pejorativo para ele em sua mente.
E então, o garoto olhou na direção dela.
~
Adrien desligou o alarme um minuto antes que pudesse tocar e voltou a encarar o teto do prĂłprio quarto. JĂĄ se encontrava vestido, pronto para mais um dia como os outros, mas nĂŁo poderia dizer que estava disposto a vivĂȘ-lo. Olhou para a grande janela que dava vista para a cidade e viu a si prĂłprio, em um imenso outdoor, sorridente e usando a marca Agreste. NĂŁo poderia se sentir menos conectado com uma fotografia sua. Na realidade, Adrien detestava ver seu rosto radiante por toda a cidade e na internet, parecendo sufocĂĄ-lo, por nĂŁo retratar a pessoa que ele, de fato, era. Adrien Agreste, o rosto de uma das marcas mais renomadas do mundo da moda e um garoto que tinha tudo, sentia que nĂŁo tinha identidade.
Se sentou na cama quando Natalie foi buscå-lo em seu quarto e a seguiu sem dizer qualquer coisa. Pensou que seus passos pela gigantesca casa dos Agreste eram pesados; foram até a mesa de jantar e ele olhou para a cadeira vazia na extremidade oposta. Fazia isso todas as vezes, embora soubesse o que o esperava em todas elas. Comeu, ouviu o cronograma que Natalie minuciosamente preparou para ele e a seguiu mais uma vez na direção das portas da frente da mansão. Somente quando as cores de Paris se apresentaram para ele foi que Adrien percebeu, surpreso, o quão bonito era aquele dia. A viagem até o centro fora silenciosa, não mais que uma oportunidade para que o garoto olhasse as outras pessoas viverem suas vidas. Sentia inveja do quão "normais" eles podiam ser. Felizes, tranquilos e sociåveis, tudo o que Adrien não tinha direito de ser.
— Não se esqueça de seus compromissos, está bem, Adrien? Sabe como seu pai—
— Não vou me atrasar, Natalie, obrigado por me lembrar.
Pensou que sua voz soava bem pior quando dita e olhou na direção dela. Natalie olhava para ele com o pesar nos olhos, a emoção de desculpe que ele se acostumara a ver. Adrien gostaria de poder fazer o sentimento ir embora, mas nunca podia deixar de sentir raiva da reação dela. Detestava ser tão impotente quanto ao próprio destino.
Ele saiu do carro, foi até o prédio e entrou. Chloé e Sabrina jå estavam lå, parecendo as mesmas. Perguntou-se se ele poderia ser o mesmo também.
— Adrien! — ChloĂ© abriu um largo sorriso quando o viu chegar, um dos motivos pelos quais Adrien gostava tanto da companhia dela. ChloĂ© nunca fazia com que ele se sentisse pequeno — Esse Ă© o lugar. Papai estĂĄ pensando em me colocar aqui, o que vocĂȘ acha? VocĂȘ viria estudar aqui tambĂ©m?
O garoto coçou a nuca e trocou olhares com Sabrina por um momento.
— Eu nĂŁo sei, ChloĂ©, meu pai tem planos de uma turnĂȘ pelo mundo e eu nĂŁo teria tempo de vir para as aulas.
— Bobagem! Eu falo com o Gabriel se vocĂȘ quiser, afinal, deve ter alguma coisa que vocĂȘ queira fazer alĂ©m de ser modelo da marca dele.
Adrien sentiu duas coisas. A primeira, que ela nĂŁo poderia estar mais certa: ele realmente tinha muitos outros desejos que nĂŁo entravam nos planos do pai com relação a prĂłpria vida. O outra era de que estava sendo observado. Olhou em volta e encontrou uma figura no alto de escadas metĂĄlicas que levavam para ao andar superior, sentada e olhando fixamente em sua direção. A menina nĂŁo desviou os olhos de imediato, mas nĂŁo demorou a fazĂȘ-lo, deixando o prĂłprio Adrien desconcertado. Achou que os cabelos azuis muito escuros remetiam ao oceano em suas camadas mais profundas, distantes dos raios de sol. Ou talvez, do universo, infinito e repleto de estrelas tĂŁo brilhantes quanto seus olhos.
De um jeito ou de outro, Adrien se pegou abrindo um sorriso para aquela moça tão bela.
— Pra onde vocĂȘ tĂĄ olhando?! Adrien! — ChloĂ© protestou, batendo os pĂ©s por um instante antes de fazer o mesmo trajeto com o olhar. No instante em que conseguiu reconhecer quem estava ali, a garota pareceu mais surpresa que qualquer outra coisa.
— Aquela garota!..onde eu já vi ela antes?
— É a Marinette, ChloĂ© — Sabrina falou, confiante na resposta como um estudante que responder o seu professor favorito — Ela estudou com a gente no colĂ©gio.
— É mesmo? NĂŁo me lembro. Enfim, Adrien, se vocĂȘ precisar que eu fale com o senhor Agreste, eu posso.
— NĂŁo vai ser preciso, obrigado — ele pareceu hesitar, como se pensasse no que dizer a seguir. Por fim, comentou: — Vou falar para ele que vocĂȘ quer estudar aqui. Talvez ele me deixe cursar relaçÔes internacionais.
— Seria Ăłtimo! — ChloĂ© agora se empolgava, aparentemente esquecida da interrupção anterior. Adrien agradeceu pela animação dela quando estava com ele ser tĂŁo forte ao ponto de ignorar o quĂŁo distraĂ­do ele ficara.
Os trĂȘs se despediram pouco depois, diversas promessas de futuros encontros sendo feitas sem qualquer preocupação com datas fixas. Adrien se pĂŽs a caminhar atĂ© o local onde teria uma sessĂŁo de fotos e avistou um senhor de feiçÔes amĂĄveis e blusa florida vermelha no chĂŁo da calçada, alguns metros Ă  frente. O rapaz correu e foi atĂ© o idoso oferecendo apoio; devia ter tropeçado e caĂ­do, era o que Adrien pensava.
— O senhor está bem?
— Oh estou sim — O senhor se virou para Adrien com um sorriso — Obrigado, meu jovem. VocĂȘ Ă© muito gentil.
Adrien soltou o braço do idoso quando teve certeza de que podia ficar de pé.
— Não foi nada. O senhor precisa de mais alguma coisa?
O senhorzinho observa o garoto durante alguns instantes antes de dizer:
— A pergunta correta Ă©: do que vocĂȘ precisa, meu jovem?
Adrien não escondeu a surpresa que sentiu diante daquela pergunta. A forma como o homem falava dele lhe dizia que era alguém seguro de si e de suas palavras.
— O que o senhor?—
— Tornaremos a nos ver, Adrien.
O homenzinho saiu andando com um sorriso brincalhĂŁo no rosto e deixou Adrien pensativo atrĂĄs dele.
~
No fim daquele dia, Marinette recebeu uma ligação muito bem-vinda. Era Alya, surgindo na tela do celular com os cabelos muito volumosos balançando à medida que movia a cabeça com força.
— Marinette! Quanto tempo, como vocĂȘ tĂĄ!?
Marinette nĂŁo podia conter um sorriso sincero. Ouvir a voz da melhor amiga era sempre recompensador.
— Estou bem, e vocĂȘ? Anda investigando muita coisa?
— VocĂȘ nem imagina! VocĂȘ ainda vai ver, eu vou aparecer nas notĂ­cias resolvendo muitos casos difĂ­ceis!
Elas riram em conjunto e Marinette continuou:
— A gente devia se ver, já faz um tempo..
— Verdade, nĂ©!? Vamos marcar um cinema, eu posso chamar o Nino e vocĂȘ pode chamar..quem vocĂȘ quiser. VocĂȘ ainda conversa com o pessoal da escola?
— Acho que sĂł sobrou vocĂȘ pra aguentar as minhas loucuras.
— Deixa disso, eu sĂł acho que vocĂȘ tĂĄ precisando sair um pouco mais. Como vĂŁo as aulas de design?
— VĂŁo bem — ela lembra do atraso naquele mesmo dia e afugenta o pensamento com a cabeça — Sinto que estĂĄ ficando cada vez mais difĂ­cil, o conteĂșdo, mas eu consigo lidar bem.
— Claro que consegue, vocĂȘ vai fazer modelos renomados, Mari, eu tenho certeza!
— E vocĂȘ vai ser a jornalista cobrindo meu sucesso — Marinette levanta uma sobrancelha e dĂĄ uma risada um pouco mais alta. Alya pisca.
— Confia em mim, seu trabalho nĂŁo vai passar despercebido. Se depender de mim, toda a França vai saber o quĂŁo boa vocĂȘ Ă©!
— Obrigada, amiga, vocĂȘ Ă© incrĂ­vel — Marinette confere o tablet e recebe um alerta: fazer o dever de casa. Agradeceu por ter tido aquela ideia pois jĂĄ tinha se esquecido.
— Tenho que ir, atĂ© o cinema!
— Mas a gente não marcou—
A chamada Ă© encerrada e Marinette deixa o celular de lado. Sentou-se na cadeira de frente para o computador e deixou tudo pronto. Nas prĂłximas horas, ela passaria seu tempo mergulhada em sites de pesquisa, bancos de imagens para buscar referĂȘncias e redes sociais. Marinette nĂŁo demorou a se concentrar na tarefa e esquecer do mundo Ă  volta dela.
~
— Nooroo, tem certeza disso?
A voz de Gabriel Agreste era fria, opressora contra a pequena criatura que flutuava prĂłxima ao seu rosto. Nooroo estremeceu, encolhendo-se ainda mais.
— Sim, mestre! O miraculous do pavão ainda pode ser encontrado.
— Minhas fontes apontam que o guardiĂŁo restante estĂĄ em Paris. Eu preciso da sua ajuda, Nooroo. Se o que li estĂĄ correto, os miraculous da ladybug e do cat noir vĂŁo ganhar novos portadores. E eu terei o que Ă© meu.
— Mas, mestre!—
— Nooroo, asas negras cresçam!
Gabriel sorriu. Diante dele, uma enorme janela com um vitral em formato de borboleta dava visĂŁo para toda a cidade.
— De agora em diante, eu serei Hawk Moth, e Paris conhecerá a extensão do meu poder!
CONTINUA...
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ravenmarshblog · 4 months ago
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ravenmarshblog · 4 months ago
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Imoral - parte 6
HistĂłria original
Categoria: Aventura/Fantasia
Tags: Humor, aventura, fantasia, adulto, ação, longa, violĂȘncia explĂ­cita, saĂșde mental, conflitos internos, linguagem obscena, temas fortes (+18 anos)
Capítulo 6 – A nova companheira
Pela manhã, Basil acordou sentindo-se cansado e apåtico. Levantou-se e caminhou para fora do quarto de Silvie evitando pisar em Trevor, que roncava sonoramente e ocupava grande parte do piso em uma pose engraçada. O pequeno ser cinzento virou o corredor e encontrou sua amiga sentada em sua poltrona, um pires e uma xícara cheirosa de chå às mãos. Ele sorri para ela e se aproxima.
— Bom dia! Dormiu bem?
— Sim, vocĂȘ? — perguntou, tomando um pouco do lĂ­quido esverdeado logo depois. Silvie fecha os olhos e abre um sorriso, explicitando sua imensa satisfação.
— Como pude mas sim. Trevor chacoalhou o quarto com seus roncos — Basil se sentou prĂłximo a ela, em uma poltrona idĂȘntica, e reclamou baixinho como quem retruca algo.
A mocinha dĂĄ algumas risadas e pousa seus olhos nas mĂŁos trĂȘmulas do seu pequeno companheiro. O comportamento de coçar os prĂłprios dedos chamara a sua atenção.
— Está tudo bem, Basil? — pergunta a garota, seus grandes olhos brilhando na direção dele.
— EstĂĄ, eu sĂł..Silvie, o que vocĂȘ acha do Trevor?
A moça nĂŁo demora muito a responder, mastigando bem cada palavra antes de dizĂȘ-la.
— Ele Ă© alguĂ©m interessante e muito diferente de vocĂȘ. Por que a pergunta?
— Acha que ele pode receber a benção?
Silvie arregala de leve os olhos e depois sorri fracamente.
— EntĂŁo Ă© isto que te incomoda? A benção? Basil, vocĂȘ Ă© bom no que faz, tenho certeza que vocĂȘs dois podem conseguir com que Trevor retorne.
— Mas e se ele não for digno dela? E se eu não for o suficiente? Ele não parece interessado ou disposto a lutar por isso e eu simplesmente não sei como proceder!
— Mas, Basil.. — ela pĂ”e sua mĂŁo sobre a coxa dele com afeição — Trevor nĂŁo Ă© exatamente responsabilidade sua. Sim, vocĂȘ deve conduzĂ­-lo como seu guia, mas ele passar ou nĂŁo no teste nĂŁo Ă© problema seu.
— Eu sei, sĂł..eu gosto que todos passem. Quero que todos tenham uma segunda chance..mas ele..Ă© estranho, ele tem um jeito tĂŁo..difĂ­cil. Temo por ele.
Silvie se levanta, pega uma xĂ­cara com chĂĄ e a entrega Ă  Basil. O rapaz preocupado engole quase tudo em um sĂł gole.
— Agradeço, minha amiga. VocĂȘ Ă© sempre tĂŁo boa pra mim.
— Ah deixe disso! VocĂȘ Ă© um bom amigo e eu nĂŁo faço mais do que acho correto. Quanto ao Trevor, eu realmente acho que vocĂȘ devia se preocupar menos. Ele vai tomar a decisĂŁo que melhor se encaixar em seus planos, independente da sua influĂȘncia.
Basil esfregava de leve o dedo no pires e suspira. Pensara que não era possível alguém não se interessar nem um pouco pelo fim da jornada no além mundo, porém o indivíduo que o acompanhava dentro de um período relativamente curto parecia perdido, desinteressado e amargo. Antes que mergulhasse em mais indagaçÔes, um som chamara sua atenção: era Trevor, vindo do corredor com feiçÔes sombrias.
— Acordados faz tempo? — questionou ele, coçando preguiçosamente o espaço logo abaixo dos olhos. Silvie assente.
— Digamos que sim. Dormiu bem, Trevor?
— É, foi bom. Que que foi Basil?
A maneira como fez a pergunta trouxe mĂĄs lembranças ao menor, de quando o pressionavam a fazer algo que nĂŁo queria. Levemente trĂȘmulo, Basil respondeu, a xĂ­cara batendo contra o pires:
— Nada, não está acontecendo nada. Estava apenas conversando com minha amiga.
— Beleza. — Trevor desiste tĂŁo facilmente de questionĂĄ-lo que Basil atĂ© se assusta. — Onde tem comida?
— Aqui. — Silvie vai atĂ© um dos armĂĄrios da cozinha e pega um grande pedaço de pĂŁo para ele. Trevor devora o alimento com voracidade e troca mais uma vez olhares com Basil.
— CĂȘ se importa mesmo com essa sua amiga, nĂ© Basil?
Basil dĂĄ outro salto na poltrona e sente as bochechas esquentarem.
— O-o que quer dizer!? Claro que sim, s-somos amigos!
— Chama ela pra vir entĂŁo. — Sua voz, carregada de um tĂ©dio lento e embolado, se tornara mais grossa que o normal.
Eles se encararam durante um tempo, Basil de olhos arregalados e boca entreaberta que liberava pequenos suspiros entrecortados, e Trevor, que mantinha seu semblante ilegĂ­vel, impassĂ­vel. Silvie pousava os olhos ora em um, ora em outro, como um espectador de um jogo de tĂȘnis.
— Fala sĂ©rio? — pergunta Basil, ainda surpreso com a fala do outro.
Trevor estala a língua, modificando o semblante para um irritado. — Sim, Basil, nossa, quanta surpresa. — Virando-se para a jovem, ele continua: — Quer vir?
— Eu adoraria. — Silvie sorri gentilmente e se apoia em Basil, oferecendo apoio de maneira discreta para que ele nĂŁo voltasse a cair na poltrona. EntĂŁo, como quem descobre a roda, exclama: — Eu poderia chamar minha amiga tambĂ©m!? Assim vocĂȘs podem conhecĂȘ-la e ela ajudaria na viagem.
— Claro — disse Basil
— Depende — reclamou Trevor, ambos ao mesmo tempo. Vendo a reação do outro, ele complementa: — Quanto mais gente, mais complicado fica, Basil.
— Ela nĂŁo vai causar incĂŽmodo algum, nĂŁo Ă© mesmo!? — Basil diz, o tom repreendedor fazendo com que Trevor estale a lĂ­ngua mais uma vez. Silvie tapa a boca em uma risadinha baixa.
— TĂĄ, tanto faz. Bora ver quem Ă© a alecrim dourado.
— Yipeee! Obrigada, vamos vĂȘ-la entĂŁo. Ela nĂŁo mora longe, sigam-me.
E deixaram a casa.
— Trevor, mas que cara Ă© esta!? Melhore ou a moça vai se assustar!
Basil reclamou e de forma nem um pouco discreta conforme se aproximavam da entrada da casa da amiga de Silvie. Trevor cruza os braços e olha para ele com acidez.
— É a cara que eu tenho, tem outra pra eu trocar?
— Aarg vocĂȘ Ă© tĂŁo mal educado!
— Rapazes, rapazes, acalmem-se. Não tem problema, Vera não liga pra essas coisas.
Silvie bate na porta e não demora muito para que alguém a abra.
— Vera! Estes são meus amigos, o Basil—
— Opa, eai garota. Trouxe homens pra cá, que danadinha.
Uma mulher esquelĂ©tica com partes de seu corpo ainda em carne “viva” e apodrecida se dirigia a ela, pousando os olhos de um azul quase branco em Trevor e, ocasionalmente, em Basil. Com os cabelos muito volumosos e escuros que formavam uma onda selvagem no topo da cabeça, a ponta dos fios voltada para cima, tinha roupas muito rasgadas e finas que se assemelhavam a trapos. Usava uma blusa curta que provavelmente um dia fora branca, embora nesse momento sua cor se misturasse mais entre o cinza claro, e shorts de um tecido grosseiro escuro. Vera recepcionou suas visitas com um sorriso largo e travesso.
— Eai? — repetiu, um charme quase que imperceptível na voz, grossa e madura como só a dela.
— Vera, estes sĂŁo Basil e Trevor. Meninos, essa Ă© a minha amiga, Vera.
Trevor não disfarçou o olhar que deu de cima a baixo na moça e fez um sinal com a mão. — Eae.
— Basil? Está bem? — perguntou Silvie, chamando a atenção de todos para o pequeno. Basil se encontrava absorto e totalmente abobalhado; olhava Vera com brilho nos olhos, vendo estrelas.
— A senhorita Ă© muito bonita, senhorita Vera. — deixou escapar entre os lĂĄbios ressequidos. Vera riu alto.
— Um homem de bom gosto, eu agradeço rapaz. É bom saber que tem gente que gosta.
— Na-nĂŁo me entenda a mal! — tratou de justificar-se o pequenino — E-eu nĂŁo me interesso por..mulheres, isto Ă©, romanticamente falando, mas a senhorita tem mesmo uma aura tĂŁo..boa! NĂŁo sei bem como explicar.
— Ah acontece amorzinho, Ă s vezes o santo bate. E vocĂȘ? — indagou a Trevor que reparava na reação do seu colega.
— Ah eu, eu tĂŽ no meu caminho ae e..o Basil Ă© muito sentimental entĂŁo eu falei pra ele trazer a amiguinha dele com a gente.
— Trevor! — repreendeu Basil, envergonhado. — Olhe como fala!
— TĂĄ indo pegar a benção nĂ©? Saquei, eu jĂĄ fiz minha tentativa entĂŁo tenho uma noção de como Ă©. CĂȘs devem tĂĄ deixando a cidade pra vir me ver agora entĂŁo, Ă© isso TĂŁo indo jĂĄ?
— Queria apresentar vocĂȘs antes e chamar vocĂȘ, amiga! — Silvie correu a abraçar a perna de Vera, que sorriu mais e a tomou nos braços em um abraço forte.
— Parece uma boneca, não aguento. Eu posso ir sim, tî entediada mesmo. Será que o trevoso aí me aceita?
Trevor torce o nariz em desaprovação.
— Piadista vocĂȘ.
— Ahh deixa disso cara, vocĂȘ se acostuma. TĂŽ aprovada?
—..sĂł se for ser Ăștil. Que que vocĂȘ sabe fazer de bom ein dona?
Vera fecha a porta e pÔe ambas as mãos na cintura. Estava se divertindo com aquilo tudo.
— EntĂŁo eu vou ter que me provar? Hum estĂĄ certo.. — De suas costas, uma forma cilĂ­ndrica luminosa surge e Ă© segurado por sua mĂŁo direita em um instante. Um bastĂŁo pequeno feito de ossos, firme como a dona. Trevor fez-se de tonto. — NĂŁo parece nada especial.
— Calma, eu ainda nĂŁo terminei. — disse Vera, girando o bastĂŁo como uma exĂ­mio lĂ­der de torcida ou ginasta. A peça ganha duas pontas mais longas em formato tambĂ©m cilĂ­ndrico e ela a usa para se apoiar e se curvar para frente, o sorriso travesso estampado no rosto. — E agora, garotĂŁo? Eu sei me cuidar, nĂŁo vou ser um estorvo nĂŁo.
Trevor observou com cuidado o bastão e lançou um olhar de relance para Basil, que deu de ombros. Suspirando, o esqueleto acaba por dizer:
— Tudo bem, pode vir.
— Excelente. Vamo lá então!
— Rumo à aventura! Não está empolgado, Basil?! — exclamou Silvie novamente, dando pulinhos alegres e seguindo Vera na direção da rua. Basil voltou-se para aquela direção com um meio sorriso vergonhoso e suspirou.
— É..estou sim.
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ravenmarshblog · 5 months ago
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ravenmarshblog · 5 months ago
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Imoral - parte 5
HistĂłria original
Categoria: Aventura/Fantasia
Tags: Humor, aventura, fantasia, adulto, ação, longa, violĂȘncia explĂ­cita, saĂșde mental, conflitos internos, linguagem obscena, temas fortes (+18 anos)
Capítulo 5 – Reencontro
A próxima localização era uma cidade bem mais movimentada e “viva” (por mais irînico que isso soe) que locais anteriormente visitados por Trevor e Basil. Sobrados construídos com tijolos cinzentos e telhados de telha escura se distribuíam por um grande quarteirão, interligado por estradas de terra e lojas. Caminhando por aquele lugar, a dupla via diversos tipos de criaturas mortas — esqueletos em sua maioria — que se demoravam por segundos neles antes de seguirem caminho, como se não os interessasse. Parecendo ser terrivelmente comum, aquele centro urbano mórbido afetara Trevor de maneira a deixá-lo desconfortável. Basil rapidamente notou o olhar do esqueleto e lhe perguntou, cheio de curiosidade:
— Aconteceu algo, Trevor?
Ao que o maior apenas respondeu:
— Não..nada. Eu só detesto gente aglomerada.
A frase criou novos questionamentos em Basil, porĂ©m acabou por deixĂĄ-los ocultos pelo menos por ora. Gostava de pensar que nĂŁo era invasivo e queria que Trevor lhe contasse somente o que sentia vontade, embora seu jeito aparentasse um carĂĄter apĂĄtico difĂ­cil de aturar. Quanto mais adentravam a cidade, mais estranheza Trevor pareceu demonstrar e mais distanciamento dos outros refletia. Basil se prontificou a dar “bom dia” a quem os cumprimentasse e cuidar da parte diplomĂĄtica, jĂĄ que seu companheiro nĂŁo o faria.
Avistaram um bar e Basil imediatamente se voltou para Trevor, a fim de ver se a situação de antes se repetiria. Surpreendeu-se quando Trevor, mais atento aos arredores, ignorou o prĂ©dio pequeno e retangular com uma placa brilhante em neon escrito “BAR” acima da porta de entrada. Ao ver isso, Basil suspirou aliviado e apontou, subitamente empolgado, para outra direção.
— Trevor, olhe! — exclamou, os pequenos olhos amarelos cintilavam como pedras preciosas. Trevor obedeceu e fez como se erguesse uma sobrancelha.
— Jura? — soando profundamente entediado e surpreso em sua resposta, Trevor encarou o que julgou ser uma apresentação de uma fugidinha com estatura baixa e olhos muito grandes e brilhantes. Tal criaturinha tinha cabelos bem curtos loiros e lisos que caíam-lhe pelo rosto como uma cortina singela e sua pele era cinza como a argila usada no artesanato local. As duas grandes fendas em seus olhos que lembravam o olhar felino destoavam do todo, chamando toda a atenção para si. Basil demonstrava encanto pela performance e desejou ter uma moeda, enquanto que Trevor não poderia estar mais entediado.
TĂŁo logo a graciosa figurinha terminou seu nĂșmero, ela foi abordada por Basil, que se empolgou de maneira quase infantil.
— Quanta beleza e ternura! VocĂȘ nĂŁo mudou nada mesmo, Silvie!
Ela sorri em resposta, as roupas perfeitamente ajeitadas e sem qualquer dobra ou resquĂ­cio de sujeira.
— Obrigada, Basil, vocĂȘ Ă© sempre muito bom pra mim. É um amigo novo? — questiona, visivelmente interessada no maior. Basil assente como quem se sente obrigado a confessar algo constrangedor.
— Estou acompanhando ele atĂ© que decida se desfazer de mim. Trevor, esta Ă© Silvie, minha amiga de longa data.
— Prazeer! — disse Silvie, sorrindo largamente e acenando com a mão direita. Trevor não retribuiu a gentileza e cruzou os braços, murmurando sua resposta quase que de forma inaudível: — Oi.
— E como vĂŁo as coisas, Silvie!? — Basil se adiantou, indo atĂ© a garota com passos apressados e nervosismo aparente. Silvie demonstrava naturalidade com relação Ă  Trevor e nĂŁo se queixou ou mostrou qualquer sinal de descontentamento com relação a ele, optando por dar a devida atenção ao jĂĄ conhecido que lhe questionara sobre a vida. Seguidos de perto, os dois se dirigiram a um estabelecimento que servia refeiçÔes e descanso aos viajantes, onde poderiam conversar com tranquilidade.
O som ambiente constituĂ­a-se de falatĂłrio alto, sussurros, sons de vidro e metal se chocando uns aos outros ou com a madeira das mesas e de altas gargalhadas momentĂąneas, tudo isso perfumado com o cheiro inconfundĂ­vel de ĂĄlcool e cigarro. Havia uma nĂ©voa fina sobrevoando o cĂŽmodo que saĂ­a das bitucas seguradas por fumantes relaxados. Em pratos, podia-se ver que comiam comidas simples, como pĂŁo e verduras, e que alguns poucos rasgavam pedaços rosados de carne fraca e magra. Sentaram-se e Trevor decidiu comentar, de sĂșbito:
— Esse lugar parece muito o mundo dos vivos. Vi vários assim.
— Bem — pĂŽs-se a explicar Basil, as mĂŁos juntas sobre a mesa com suas unhas afiadas coçando as palmas constantemente. — Quando as pessoas morrem, parte de suas lembranças ficam com elas e vĂŁo sumindo aos poucos conforme passam tempo aqui. EntĂŁo nada mais natural do que buscar replicar a vida da forma como se aprendeu a vivĂȘ-la, nĂŁo acha? — ele conclui e lança um olhar indagador ao outro, que nada responde. Silvie toma a palavra, cada sĂ­laba refletindo a doçura e leveza de sua voz.
— Os humanos sempre modificam o espaço pra servir melhor aos propĂłsitos deles. Quando se acostuma com isso, qualquer mudança no ambiente se torna mera consequĂȘncia.
— VocĂȘ era uma? — questiona o rapaz, mostrando genuĂ­no interesse no que ela tinha a dizer. Em resposta, ela dĂĄ de ombros.
— Eu nĂŁo me lembro, faz muito tempo que estou aqui. Mas tenho quase certeza que sim, embora.. — uma pausa inquietante faz Trevor sinalizar sua falta de paciĂȘncia com aquilo usando o rosto; Silvie, no entanto, leva alguns segundos a mais para finalizar. — Eu nĂŁo seja como a maioria dos humanos que vĂȘm para cĂĄ.
— Como assim? — Trevor insiste, ainda deixando claro sua falta de interesse em pausas longas. Basil suspira e percebe um sinal pelo olhar de sua amiga; era como se dissesse a ele que tinha passe livre para falar o que tivesse vontade. O pequeno guia assente de cabeça.
— Silvie não sabe muito de onde veio e como veio para este mundo, ela simplesmente passou a viver aqui depois de chegar. Nos conhecemos quando ela ajudou um viajante que estava comigo a se casar com o amor de sua vida; ela foi a testemunha, na falta de uma.
— Eu me lembro como se fosse ontem! — exclamou a moça de repente, englobada por um fascĂ­nio que nĂŁo existia hĂĄ pouco tempo. — Eles ficaram tĂŁo felizes e eu sempre penso em como foi bom eu ter te conhecido, Basil. Nunca foi muito fĂĄcil para mim fazer amigos e vocĂȘ foi tĂŁo gentil!
— O que exatamente ela pode fazer que eu não posso? — Pigarreou Trevor, rudemente. Basil recriminou-o com o olhar antes de responder.
— Mudar de forma, as habilidades dela são muito complexas. Silvie está entre uma das pessoas mais fortes que eu conheço.
A informação deixara o esqueleto intrigado de tal forma que se demorou por alguns instantes na menina sentada Ă  frente dele, analĂ­tico e meticuloso. Basil, jĂĄ cansado daquilo, aproveitou o silĂȘncio para engatar uma conversa com ela:
— E como vĂŁo os negĂłcios? Eu acho que vocĂȘ nem chegou a dizer se estĂĄ tudo bem—
— VĂŁo bem sim — respondeu Silvie, sorridente e radiante como o Sol no verĂŁo. — DĂĄ pra se viver bem atĂ©, se vocĂȘ souber se virar. Ah!— ela dĂĄ um pequeno pulo na cadeira, assustando-o, e segura seus braços energicamente. — Fiz uma amiga nova esses dias! Eu preciso apresentar ela pra vocĂȘs! — um som de guincho que lembrava o de um rato escapa por entre suas palavras, mas ela nem parece se importar. Basil, que agora era o centro das atençÔes da mesa, balançava os pĂ©s abaixo da mesa despretensiosamente.
— Eu vou adorar conhecer a sua nova amiga, Silvie, claro..sĂł tenha paciĂȘncia comigo, vocĂȘ sabe que nĂŁo levo jeito na hora de conhecer pessoas novas.
Silvie dĂĄ uma risada baixa e tapa a boca ao fazĂȘ-lo.
— Tudo bem, vĂŁo amĂĄ-la, eu garanto! VocĂȘs vĂŁo passar a noite aqui na cidade, nĂŁo vĂŁo!? Podiam ir dormir lĂĄ em casa! — em um impulso sĂł, tomara as mĂŁos de Basil juntas e as apertava com firmeza enquanto fileiras de dentes formavam um sorriso amarelado. O som de estalo baixo vindo do lado dele chamou a atenção dela; Trevor nĂŁo podia estar transparecendo mais desgosto com suas feiçÔes.
— A gente vai seguir viagem. — falou sem hesitação. Basil voltou-se para ele e aumentou o tom.
— A gente vai seguir depois que eu souber como minha amiga está. Como pode ser tão mal educado?
— Tch isso Ă© perda de tempo..beleza, faz o que vocĂȘ quer, Basil, mas depois nĂŁo vem reclamar que tĂĄ levando tempo. — espreguiçando-se Trevor se ergue e deixa a mesa, indo em direção ao lado de fora do estabelecimento. Basil suspirou, dois dedos esfregando o meio da testa e a boca retorcida em um trejeito ĂĄcido de insatisfação. Sua amiga reparou em como seus olhos suavizavam quando se dirigia a ela mais uma vez.
— PerdĂŁo, eu tirei a sorte grande com esse. Nunca vi alguĂ©m tĂŁo..aarg!— deixou que os punhos cerrados ficassem sobre a mesa prĂłximos Ă s mĂŁos dela. A moça nĂŁo parecia se incomodar de forma alguma e apenas suspirou.
— NĂŁo precisa se preocupar, estĂĄ tudo bem. Se decidirem ficar, eu posso receber vocĂȘs sempre! Eu gostaria sabe..nĂŁo conversamos a tempos.
Basil retribui o sorriso e concorda acenando com a cabeça. Sentia um bem-estar muito grande pelo fato da garota não ter se chateado com as atitudes mesquinhas de Trevor e por ainda considerå-lo apesar de tudo. Mesmo após todo aquele tempo, era como se nunca tivessem deixado de se ver.
Trevor sĂł parou de caminhar quando chegou perto de uma casa com paredes descascadas e de aspecto triste. Ele nĂŁo precisou se distanciar muito do restaurante onde Basil e sua amiga estavam, nĂŁo era como se aquele lugar tivesse muitas diferenças num sentido arquitetĂŽnico, porĂ©m sentia como se estivesse a quilĂŽmetros de distĂąncia dos dois. Enfiara as mĂŁos nos bolsos das calças carcomidas que usava desde que se entendia como morto e passara por grupos de pessoas sem olhar qualquer uma delas nos olhos. A lĂąmina de sua espada parecia um pouco mais fria, ainda que o rapaz nĂŁo entendesse bem o porquĂȘ. Deixou que as costas tocassem a parede e olhou para a rua por um instante; a quantidade de passantes nĂŁo diminuĂ­a, todos com suas prĂłprias existĂȘncias para se preocuparem e imersos em um estilo de vida linear e monĂłtono. Trevor tentava impedir que seus pensamentos parassem e, ao invĂ©s disso, deixava que deslizassem a uma velocidade impressionante por sua mente atĂ© sumirem por algum lugar. Detestava aquela situação, fazia com que se lembrasse do que queria deixar para trĂĄs. Ele pousa os olhos em um trio que caminhava e dava altas risadas na rua; as minĂșsculas pupilas continham uma faĂ­sca de interesse impossĂ­vel de ser percebida abaixo de camadas de tĂ©dio e desinteresse. Suspirou.
— Que droga..nem morto isso vai embora?.. — indagou baixo, seguro de que ninguĂ©m ouviria. Mas alguĂ©m o fez.
— Está triste, moço? — a vozinha chamou a atenção dele e Trevor olhou na direção da interlocutora sem mover seu corpo um centímetro. Era uma garotinha, tão pequena e claramente inocente que o fez pensar em como ela havia ido parar ali.
— VocĂȘ nĂŁo devia tĂĄ com a sua mĂŁe nĂŁo, menina? — seu tom saĂ­ra um pouco mais duro do que pretendia e a menina se encolheu, o que causou culpa nele. JĂĄ sentia-se mal com tudo e esperava que ela correria antes que ele se explicasse — por que deveria se desculpar, afinal? — mas a pequena nĂŁo se afastou. Os grandes olhos dela fitavam Trevor com curiosidade.
— Minha mãe vem me ver depois..porque tá triste? — insistiu, ainda que cautelosa desta vez. Trevor deu de ombros.
— NĂŁo tĂŽ triste, sĂł esperando alguĂ©m. E entediado pra cacete, tambĂ©m. — acrescentou, como se tivesse essa informação presa hĂĄ muito tempo. A mocinha assente.
— A gente podia brincar! Assim vocĂȘ nĂŁo ia ficar sĂł enquanto espera! — sorriu largamente quando terminou de contar seu plano e esperou que ele fizesse o mesmo. Trevor murmura:
— Nem pensar, criança Ă© sempre uma chatice..
Ele tira uma das mãos do bolso e a menina arregala os olhos, cerrando-os com força depois de um tempo. Ela se impressiona e os abre assim que sente dedos longos bagunçarem os poucos cabelos que tinha, vendo aquele gigante encarå-la de um jeito diferente de antes.
— Quem cuida de vocĂȘ, ein? Pra quem eu devo te entregar?
A mocinha aponta para trĂĄs de si, onde duas moças discutiam algo. — Aquelas duas sĂŁo minhas outras mĂŁes que cuidam de mim, atĂ© minha outra mĂŁe chegar.
— Certo. — Trevor arrebata a menina do chĂŁo e a coloco sob os ombros, criando uma situação de brincadeira imediata para a menor, que ri abertamente. Ao se aproximarem das mulheres, ambas se assustam com a visĂŁo de um homem tĂŁo alto e peculiar segurando sua filha, porĂ©m a criança explica a questĂŁo toda em pouco tempo. Uma delas acaba por comentar:
— VocĂȘ Ă© tĂŁo diferente de qualquer outro que eu tenha visto por aqui. Por acaso Ă© um viajante?
— Por aĂ­ — respondeu Trevor, levando uma mĂŁo para trĂĄs com o intuito de impedir que a criança mexesse em sua arma. — Essa fugitiva aqui podia ter encontrado alguĂ©m bem melhor pra brincar, nĂŁo sei porque me escolheu. — ao escutar o “apelido”, a menina faz uma careta e tenta dar chutes — ineficazes — em Trevor, que ri. A outra mulher diz, entĂŁo:
— Ela Ă© sempre assim, jĂĄ dissemos pra nĂŁo sair falando com todo mundo desse jeito mas nunca adianta. Ela nĂŁo sabe muito daqui ainda, Ă© considerada recĂ©m chegada.
— Hum tendi. — disse o jovem, conformado. — Eu nĂŁo levo jeito pra isso mas, se eu vou ter que ficar esperando..cĂȘ leva jeito com espada, criança?
As mães imediatamente soltam exclamaçÔes de protesto e veem que ele ri desse reflexo.
— TĂŽ zoando, nem eu sou tĂŁo imbecil. Mas tem uma coisa que dĂĄ pra fazer. — ele a coloca no chĂŁo e vai atĂ© uma pilastra prĂłxima a uma casa. — 1..2
 — falou de maneira exageradamente alta e teatral, como quem recita um poema. A garotinha sai correndo e deixa as mĂŁes com sorrisos nas faces.
A primeira coisa que Silvie e Basil viram quando deixaram o restaurante em meio a conversas e troca de memórias foi uma garotinha, da altura da moça de olhos vermelhos, disparando em direção a um muro e sendo seguida por Trevor. Os dois observaram e se juntaram a eles, muito confusos com o que tinham visto.
— Trevor? — chamou Basil, intrigado e levemente divertido com a visão do esqueleto sorrindo ao lado daquela criança. Eles se entreolham e Trevor responde, ainda um tanto ácido, mas muito mais suavemente que antes:
— Opa, cĂȘs vieram. O papo foi bom?
— Foi sim..quem Ă© esta? — Basil viu a garota ir atĂ© Silvie e cumprimentĂĄ-la antes de fazer o mesmo com ele.
— Árila. Muito rĂĄpida ela, eu quase consegui alcançar na Ășltima curva.
— VocĂȘ Ă© muito rĂĄpido, Trevor! Eu quero brincar de novo outro dia!
— Calma aĂ­, ligeirinha — Trevor bagunça o cabelo de Árila e a menininha ri em resposta. Basil tambĂ©m deixa escapar um riso frouxo entre os lĂĄbios. — VocĂȘ devia ir com suas mĂŁes agora, quem sabe quantos monstros vocĂȘ nĂŁo vai caçar depois nos seus sonhos?
— Quanto mais cedo eu dormir, mais chance eu tenho nĂ©!? — exclamou ela aos pulos. Trevor ri.
— É, precisa quebrar meu recorde. Eu jĂĄ matei um milhĂŁo, cĂȘ precisa fazer melhor se quiser ter meu respeito.
— Vou fazer! Obrigada, Trevor! — ela abraça as pernas longas e secas dele e, por um momento, pareceu que Trevor tinha congelado. Seu rosto apresentava uma tensĂŁo que Basil nĂŁo tinha pensado existir e ele a afastou aos poucos, pigarreando de leve como se estivesse tendo um sĂșbito acesso de tosse.
— Vai lĂĄ vai, tĂŁo te esperando. — ele a olha uma Ășltima vez enquanto ela corre atĂ© as duas mulheres que partiam para longe. Basil e Silvie olham para ele com expressĂ”es interrogativas nos rostos. Trevor bufa como um cavalo.
— Que foi, eu tinha que arrumar alguma coisa pra fazer enquanto vocĂȘs dois botavam a fofoca em dia.
— É bom ver um lado fofo seu, Trevor. — Disse Basil, sorrindo largamente. Para seu desespero, Trevor vociferou:
— Eu não sou fofo! Foi uma distração, eu não vou perder tempo com isso, a gente pode ir pra casa agora!?
— Casa? — Silvie diz, sinuosa — Então decidiu deixar que fiquem em minha casa, Trevor?
— Tch tanto faz, Ă© bom mesmo ter um teto pra passar a noite. Bora lĂĄ.
— Ótimo! Vamos lá pessoal!
Conforme trilhavam o percurso até a casa de Silvie, Basil sussurra para seu colega:
— NĂŁo sabia que vocĂȘ era bom com crianças.
— Não sou. — respondeu Trevor, bufando ainda mais em descontentamento com as brincadeiras. Antes que sumisse, contudo, Basil pîde jurar que viu um sorriso tímido aparecer no rosto dele. Árila levava mesmo jeito com estranhos.
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ravenmarshblog · 5 months ago
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Dark Academia Aesthetics đŸ–€
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ravenmarshblog · 5 months ago
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Imoral - parte 4
HistĂłria original
Categoria: Aventura/Fantasia
Tags: Humor, aventura, fantasia, adulto, ação, longa, violĂȘncia explĂ­cita, saĂșde mental, conflitos internos, linguagem obscena, temas fortes (+18 anos)
Capítulo 4 – Desconhecidos próximos
— Como vocĂȘ era antes de morrer, Trevor?
O questionado se espreguiça e um barulho desconcertante de ossos estalando chama sua atenção, fazendo-o voltar seus olhos para si. Basil esperou pacientemente pela resposta; não tinha coisa melhor para fazer. Eles deixavam a floresta para trås em sua caminhada e a paisagem à frente era de uma estepe de plantas secas e baixas com um solo raso.
— NinguĂ©m importante. Por que? — Trevor praticava golpes com sua arma e olhava para frente, sem se importar com o assunto discutido. Basil insistiu:
— VocĂȘ parece bem aficcionado por essa sua espada. Era um cavaleiro? Talvez um guerreiro com certa habilidade?
As linhas de expressĂŁo de Trevor ganharam um delineado mais rĂșstico e sĂ©rio.
— É um gosto meu que carrego desde a infñncia, mas nunca cheguei a ter uma. Não eram mais utilizadas no meu tempo.
— Jura? Para que são usadas? — Basil perguntou, uma sobrancelha erguida em descrença.
— Para ostentação. — Respondeu Trevor, indiferente — NinguĂ©m precisa de uma arma como esta para se defender quando se tem um revĂłlver.
— O que Ă© um revĂłlver?
— Uma arma menor que dispara projĂ©teis. Pode matar muito mais rĂĄpido e em maior quantidade.
— VocĂȘ tinha uma? — a curiosidade de Basil ficou evidente apĂłs a mudança no tĂłpico da conversa para esse tal “revĂłlver”. Trevor leva as duas mĂŁos juntas Ă  nuca e suspira alto como um cavalo.
— Queria mas não. Pra que tanta curiosidade do nada?
— Seria bom nos conhecermos melhor já que vamos andar juntos.
— Por que?
A forma como o mais alto faz a pergunta faz seu companheiro baixinho olhå-lo por um tempo. Havia uma certa coisa ali entre os dois que não se apresentava explicitamente, porém estava presente e causava um sentimento novo em Basil. O menor analisava a postura do maior com atenção, tentando de vårias maneiras entender o que estaria por trås da persona que ele incorporava.
— Não te incomoda andar com um desconhecido? — questionou com a voz baixa, quase como se tivesse feito algo errado e acabasse de ser pego no ato. Trevor ainda se recusava a olhar para ele.
— NĂŁo. VocĂȘ nunca vai saber tudo sobre mim e eu nĂŁo quero saber tudo de vocĂȘ. — falou sem rodeios.
— Isso soa meio rude. — pontuou o menor, esfregando os dedos pontudos uns nos outros enquanto se perdia em pensamentos.
— Não pra mim. — respondeu o maior, deixando seu brinquedo de lado por um instante apontado para o chão, seguro na mão esquerda. Lançou um olhar neutro na direção do outro e depois voltou a encarar a paisagem.
Um minĂșsculo ser quadrĂșpede passa por eles e se move rĂĄpido em direção ao arbusto mais prĂłximo. Basil seguiu a criatura com os olhos por um tempo antes de retomar a visĂŁo a sua frente.
— VocĂȘ nĂŁo se parece com ninguĂ©m que jĂĄ conheci, Trevor. Eu quero muito te entender mas nĂŁo consigo.
Ele ouve um barulho ríspido de ar saindo entre os dentes, típico de quem faz pouco caso de algo, e Trevor conclui — Não saber nada de mim ou saber não vai mudar nossa realidade, Basil. Vamos continuar andando juntos, vendo esse lugar juntos e convivendo. Ficar se questionando vai trazer só dor de cabeça.
— Certo.. — o outro não pareceu satisfeito, mas já não tinha vontade de continuar aquilo, então tentou algo diferente. — Quando chegarmos na primeira cidade, quero que se lembre do que eu disse..
— Que eu sou bom com espadas?
— O que!? NĂŁo! Que hĂĄ regras, vocĂȘ parece uma criança com um brinquedo novo, credo! E eu nunca disse exatamente isso!
— Hehe vocĂȘ estĂĄ falando da arma ou?.. — Trevor sorri maldosamente e cria uma questĂŁo para deixar Basil em dĂșvida. Como resultado, seu companheiro de viagem fica levemente mais agitado que o normal.
— Não diga idiotices como essa! Claro que estou me referindo à arma!
— Tudo bem, não precisa ficar tão irritado. — Trevor guarda a espada nas costas, agora mais acostumado ao seu peso. — Então, o que quer fazer quando chegarmos?
Os passos dos dois ecoavam ao amassar pequenas rochas que se desfaziam na mesma hora, como se nunca tivessem sido sĂłlidas.
— Eu acho que vou tentar relaxar um pouco. Aquela coisa ter atacado a gente foi muito intenso.. — Basil tem calafrios e esfrega ambos os braços, impressionado. Trevor sorri largamente e estufa o peito, como quem impĂ”e-se e se mostra poderoso. — NĂŁo precisa se preocupar com isso, eu cuido de vocĂȘ. — falou sem preocupação.
Basil fecha a cara, fazendo com que o primeiro lhe dĂȘ um olhar de inocĂȘncia quase cĂŽmica.
— O que? — Trevor diz, estalando as mãos ao esticar os braços para frente.
Basil dá um meio sorriso cínico e comenta. — Quem não te conhece que te compre.
Trevor demonstra uma mudança significativa ao perceber o novo amigo aderir Ă  brincadeira e sorri satisfeito. — NĂŁo acha que eu consigo cuidar de vocĂȘ? — indagou, divertido.
— VocĂȘ fala como se fosse meu pai. — Basil pĂŽde ver como seu parceiro de viagem era alguĂ©m divertido quando queria. Ele vĂȘ Trevor se curvar consideravelmente em uma tentativa de mostrar toda a sua imponĂȘncia quando falava com ele e pronunciar as palavras com uma fluidez impressionante.
— TĂŽ mais pra amigo mais alto e mais legal que fica com toda a glĂłria e os holofotes, mas Ă©, serve.
Basil revira os olhos. — VocĂȘ realmente acha isso de si mesmo?
— Hum? Por que nĂŁo acharia? — com um tom de confusĂŁo fingida, ele voltava a irritar Basil. O menor nem sabia direito porque a atitude do outro o tirava tanto do sĂ©rio, sĂł sabia que era difĂ­cil aturar alguĂ©m com uma forma de pensar e agir tĂŁo irresponsĂĄvel e narcisista.
— Sei lĂĄ, porque Ă© muito sem noção!? — indagou aumentando o tom. Trevor finge pensar por um momento com um dedo no queixo e para de andar. Depois de alguns instantes, dĂĄ uma gargalhada alta e tosse no processo, engasgando no prĂłprio divertimento.
— VocĂȘ Ă© engraçado, Basil. Gosto de vocĂȘ.
Basil nĂŁo entendeu coisa alguma.
A dupla acaba em uma pequena cidade (que contava com apenas duas construçÔes, uma construção grande e quadricular cinzenta com telhas curvadas de um vermelho escuro cobrindo o teto e uma choupana ao lado) e adentra o grande prédio com janelas frågeis de madeira que sacolejavam com o vento forte. A tempestade de ventos, típica daquele lugar, força quem o visita a se refugiar se não quiser ser levado para onde ninguém retorna. No momento em que fecham as portas atrås deles e se voltam para o interior daquele local, notam o balcão largo de madeira escura grossa e dezenas de garrafas de vidro colorido enchendo prateleiras atrås de um homem que limpava pratos. O bar chama a imediata atenção de Trevor, que logo se aproxima com um entusiasmo fumegante no olhar.
— Que lugar ótimo! — parecendo muito mais relaxado e animado, ele se senta próximo ao balcão e encara as garrafas.
Basil empurra o assento ao lado e då pulinhos para subir; seu rosto mostrava clara desaprovação quanto àquilo.
— Não acho que seja uma boa ideia, Trevor..
— Por que? Eu jĂĄ morri mesmo, tenho que aproveitar. — ele fala ao mesmo tempo em que procura algo para beber em meio Ă s dezenas de opçÔes.
— É que cada coisa que vocĂȘ faz aqui conta na hora de cogitarem dar sua vida de volta. — Basil insiste. — Sabe, se vocĂȘ seguir seu caminho e tomar as decisĂ”es certas, pode voltar como outra pessoa e viver de novo!
— Por que vocĂȘ acha que eu quero tanto ter minha pĂłs vida aqui ein? Acha que eu nĂŁo sei disso aĂ­? — Trevor subia no balcĂŁo, olhando tudo como uma criança em um parque de diversĂ”es.
— Mas— Basil mostrava certo desespero a esse ponto; queria que o outro entendesse, mas nĂŁo seria fĂĄcil. AtĂ© que ouviu Trevor vociferar:
— Eu nĂŁo tĂŽ a fim de voltar. O mundo dos vivos nĂŁo Ă© pra alguĂ©m como eu, esse lugar Ă© pra alguĂ©m como eu! AlguĂ©m com visĂŁo, com ambição, com um senso de justiça impecĂĄvel! Agora para de me encher.
E virou um copo pequeno dado pelo garçom, deixando seu colega com uma sensação ruim dentro de si. Lå fora, o tempo não melhorava.
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ravenmarshblog · 5 months ago
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ravenmarshblog · 5 months ago
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Imoral - parte 3
HistĂłria original
Categoria: Aventura/Fantasia
Tags: Humor, aventura, fantasia, adulto, ação, longa, violĂȘncia explĂ­cita, saĂșde mental, conflitos internos, linguagem obscena, temas fortes (+18 anos)
Capítulo 3 – Tapete de ossos
Basil Ă© acordado no meio de um sonho bom por um objeto pontudo cutucando seu braço e olha sonolento na direção da coisa. Trevor olhava de volta para ele de cima, a espada virada para seu peito e o cabo sendo o que cutucara Basil para começo de conversa. Antes de dizer qualquer coisa, o menor tomou notas mentais de uma sĂ©rie de coisas. A primeira era de que os olhos do maior pareciam chamas azuis muito vivas, provavelmente resultado das bebidas que ingeriu pelas Ășltimas horas no bar; a segunda era que ele, Basil, havia conseguido tirar um cochilo em um canto frio e escuro com uma pilha de pedras ao seu lado que assumiam a forma de um crĂąnio achatado e sorridente; e, por fim, um som desconfortante de assobio vindo lĂĄ de fora lhe dizia que a tempestade continuava. Nenhum dos dois disse qualquer coisa e o silĂȘncio tornava toda aquela situação um tanto cĂŽmica. Basil acabou sendo aquele a tomar a iniciativa.
— O que foi? — tentou deixar clara a sua ira conforme esbravejava, ainda que em voz baixa.
Trevor manteve sua mão na lñmina de sua espada e a abaixou, mudando o apoio para o cabo. — Vamos embora. — falou sem qualquer emoção na voz. O outro estranhou.
— Aconteceu alguma coisa?
— Só quero ir embora. Bora.
Basil se levantou e lançou-lhe um olhar de raiva genuína, mas nada falou até que saíssem dali. Ele seguiu seu companheiro para fora da taberna e fez vista grossa para toda a sujeira e bagunça daquele lugar. Refletiu, por um breve momento, que deveria ter dormido durante um longo tempo e afastou o pensamento de questionar mais.
— Acho que tomei algumas doses bem fortes..minha visão ainda não tá normal. — Trevor anunciou em voz alta, não exatamente procurando quebrar o gelo com o outro.
Basil olhou para ele como quem nĂŁo se interessa, mas questionou.
— O que está vendo?
— Muitas distorçÔes e vocĂȘ estĂĄ retorcido como um espelho d’água. — para provar o que dizia, Trevor olhou na direção do outro e Basil pĂŽde ver suas pupilas tremendo violentamente em uma confusĂŁo perturbadora.
— É, vocĂȘ ainda estĂĄ delirando. — declarou, impaciente e repreendendo o amigo.
Trevor passou a prĂłpria mĂŁo na frente do rosto e suspirou.
— VocĂȘ dormiu o tempo todo, eu queria que tivesse comemorado comigo e com os caras. Teria me visto mostrar minhas habilidades pra eles.
— Eu passo, obrigado. — Basil pensou em algumas das “habilidades” que Trevor poderia ter mostrado e suspirou fundo.
— Como pode ser tão irresponsável consigo mesmo desse jeito?..
— Não gosta de me ver em ação? — indagou o outro, genuinamente interessado na resposta. Parecia uma criança curiosa agora.
Basil grunhiu.
— NĂŁo, nĂŁo me interessa se Ă© habilidoso ou nĂŁo com essa arma, vocĂȘ sempre torna tudo sobre vocĂȘ.
Trevor olha para ele, porém Basil apenas encara o horizonte.
— Talvez o que falte em vocĂȘ seja o que mostrar aos outros. — Trevor diz por fim.
De Basil saiu um barulho esquisito que lembrava um rato em pĂąnico e ele se virou com rugas no rosto para o mais alto.
— O que quer dizer com isto!?
— VocĂȘ tĂĄ infeliz porque nĂŁo pode participar dos grupos dos legais comigo, nĂŁo Ă©?
— NĂŁo! VocĂȘ nĂŁo Ă© o ser mais importante do mundo Trevor, dĂĄ pra parar de agir como se fosse!?
— Por que eu pararia se faz tão bem pra mim?
— Ah claro, porque TUDO precisa ser sobre vocĂȘ, nĂŁo Ă© mesmo!?
— Basil.
— O QUE FOI!? — um guincho sai junto da frase e ele encara o rosto do mais alto com muitas rugas na face. Trevor fitava o menor com certa seriedade, seus olhos estreitos e brilhantes dizendo muito mais do que ele em todo esse tempo.
— VocĂȘ sabe como foi a minha vida quando eu era vivo? — falou baixo e sereno.
— Não, como eu—
— EntĂŁo entenda que a minha morte vai ser sobre mim e eu nĂŁo ligo pro que vocĂȘ acha. Se vocĂȘ nĂŁo vai fazer o que Ă© melhor pra vocĂȘ, nĂŁo enche o saco por eu escolher isso pra mim.
Basil respirou fundo e retribuiu o olhar.
— EstĂĄ bem, seja egocĂȘntrico, eu nĂŁo ligo. SĂł nĂŁo me trate como se eu fosse sua sombra. Eu existo, nĂŁo para servir vocĂȘ, mas porque existo.
Trevor solta um grunhido do fundo da garganta e ambos se voltam para frente.
Sua jornada os levou, desta vez, a um local inóspito. O chão de pedras brancas vivamente nítidas continha uma surpresa estranha; crùnios se distribuíam por sua superfície até se perderem de vista, formando um tapete mórbido de relevo irregular. Não havia vegetação e o nem o vento se atrevia a estar naquele lugar. Trevor não tirou os olhos do chão durante um tempo.
Basil se adiantou a explicar:
— São os que foram esquecidos pela história. Já fizeram seu caminho e não havia outro rumo senão o descanso coletivo.
Percebendo que seu companheiro nada diria, Basil prosseguiu:
— Na sua caminhada atĂ© seu destino final, muitos ficaram para trĂĄs; muitos nĂŁo aceitaram que estavam diante da Morte, ainda que cercados de provas da realidade de que eles nĂŁo tinham escolha — Basil deixou escapar um suspiro e voltou seu olhar para o homem que acompanhava. Trevor nĂŁo mostrava qualquer sinal de que havia sequer ouvido alguma palavra que o outro havia dito, imerso profundamente em pensamentos como estava.
Passaram por mais algum pedaço daquela “terra de ninguĂ©m” e entĂŁo, como que arrebatado de um sonho, o esqueleto fala:
— Eu não suportaria saber que vou virar isso. Bom que não vou saber quando acontecer.
Basil estava disposto a deixar transparecer cada vez mais, através das feiçÔes e gestos, o aumento de seu interesse no parceiro de aventuras. Caso o questionassem, provavelmente negaria com todas as forças que estivesse fazendo algo do tipo, porém, era difícil mascarar a verdade: interessava-se por Trevor, mais que como um companheiro de viagem; fizera seu primeiro amigo sem que percebesse.
Alguns dos crĂąnios viravam pĂł e se despedaçavam em pleno ar quando passavam. Aquele ambiente nĂŁo parecia ter um fim, tĂŁo gigantesco e, entretanto, desprovido de qualquer identidade. Uma imensidĂŁo a se perder de vista com um Ășnico traço marcante que se encontrava na direção que ninguĂ©m olhava. Um local amaldiçoado pelo tempo.
Quando jå se cansava de caminhar, Basil começara a fazer pausas de descanso para recuperar o fÎlego. Notando isso, Trevor exclamou, animado:
— Talvez meu guia precise de ajuda. Não sabia que era tão velho!
Ao que Basil rapidamente retrucou.
— NĂŁo sou velho! Eu tenho pernas curtas, Ă© difĂ­cil acompanhar jornada com alguĂ©m com pernas tĂŁo longas e passadas grandes como as suas!
A risada de Trevor pareceu irritar-lhe ainda mais.
— Eu posso te carregar, Basil, sou forte o bastante pra mais de cinco de vocĂȘ.
— Não precisa, deixe disso! — retrucava o outro, um certo rubor envergonhado tomava suas bochechas ao dizer isso. Sem que palavras o afetassem, contudo, Trevor levanta Basil e o coloca nos ombros, ao que o pequeno homem corresponde ficando ainda mais embaraçado.
— Ei! E-Eu disse q-que!—
— Vai ficar tudo bem, relaxe. Curta a viagem daí de cima e me conte como foi quando chegarmos a..algum lugar.
Basil acaba por concordar, usando as orelhas como apoio para se segurar, e jå estava de bem dentro de poucos segundos. Os dois seguiam para além das terras ocupadas pelas memórias dos mortais. Iam, agora, conhecer o além mundo da forma como realmente o era.
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ravenmarshblog · 5 months ago
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ravenmarshblog · 5 months ago
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Imoral – parte 2
HistĂłria original
Categoria: Aventura/Fantasia
Tags: Humor, aventura, fantasia, adulto, ação, longa, violĂȘncia explĂ­cita, saĂșde mental, conflitos internos, linguagem obscena, temas fortes (+18 anos)
Capítulo 2 – Os perigos do mundo
Os dois viajantes entram pela porta de madeira carcomida de uma construção em ruĂ­nas e olham em volta. Estavam exaustos da caminhada e com nenhum recurso para manterem-se seguros (alĂ©m da espada de Trevor, como ele sempre garantia), o que tornava toda a experiĂȘncia ainda mais nauseante. Basil caminhou atĂ© o que parecia ser uma rocha marrom escura e se senta um pouco, deixando Ă  cargo de seu companheiro de viagem a tarefa de fechar a porta para evitar visitantes indesejĂĄveis. Suspirou fundo e disse:
— Este lugar Ă© um excelente abrigo para passar o perĂ­odo noturno, estaremos melhor pela manhĂŁ e poderemos prosseguir viagem sem problemas. Trevor se junta a ele ficando logo ao seu lado, escorado na parede fria de pedra repleta de sujeira e rachaduras.
— EntĂŁo vocĂȘ Ă© o que exatamente? — seu tom era mais de curiosidade e divertimento que qualquer outra coisa.
— Um acompanhante. Existem almas como a minha para ajudar os recĂ©m chegados no alĂ©m. NĂŁo tem pessoal o suficiente pra guiar todos o que chegam, mas vocĂȘ deu sorte que eu nĂŁo tenho outros parceiros pra acompanhar.
— Hum.. — o esqueleto desvia os olhos para um ponto na parede, a face impossĂ­vel de ler — E se eu precisar de vocĂȘ depois de sair daqui?
— Bem vocĂȘ poderia me chamar de novo..eu acho..eu sĂł nĂŁo deveria ficar tanto com uma sĂł pessoa, eu sou feito pra ajudar os outros e bom..vocĂȘ Ă© atĂ© bem autossuficiente pra alguĂ©m que chegou faz pouco tempo. Seu colega sorri em resposta e vai atĂ© o lado esquerdo do espaço que compartilhavam para se deitar, as mĂŁos deixando que a espada repousasse graciosamente no chĂŁo prĂłximo Ă  mĂŁo direita.
— Eu sou bem impressionante, mas seria bom ter vocĂȘ por perto. SĂł tenta se manter seguro ok, eu nĂŁo quero ter que me preocupar com outro bem-estar alĂ©m do meu.
A expressĂŁo de Basil se contorce em uma careta.
— Como pode ser tĂŁo cheio de si?! Urgh vocĂȘ me dĂĄ nos nervos, sinceramente..boa noite! — Assim que o menor se vira para dormir, o maior comenta:
— E vocĂȘ nĂŁo devia dormir em cima dessa coisa, parece perigosa.
Como que imerso em ågua gelada, Basil se levanta depressa e nota a coisa que julgara ser uma pedra se mover e andar para longe. Ele esfrega os próprios braços em negação.
— Que coisa..estranha aarg..
— Precisa que eu te faça uma cama, Basil? — O tom de voz soberbo e o sorriso travesso de Trevor fez Basil querer esganá-lo.
— Não precisa, boa noite!
— Boa.
Depois de algum tempo, estavam os dois a sonhar.
Assim que partiram pela manhĂŁ, Basil sentiu certa estranheza que nĂŁo podia explicar totalmente. Era semelhante Ă  sensação de estar sendo observado, porĂ©m nĂŁo tinha um sentido lĂłgico. Eles estavam a sĂłs em busca do prĂłximo local a ser explorado, nĂŁo era uma ĂĄrea apta para se ter alguĂ©m com tendĂȘncias a encarar estranhos por longos perĂ­odos de tempo. O receio foi fazendo com que o pequeno Basil se tornasse cada vez mais paranoico e ele se pegou fitando a todas as direçÔes possĂ­veis em busca de algum elemento estranho na paisagem.
— O que tá procurando? — Trevor o acompanha sem o mesmo nível de preocupação.
— Acho que estão nos observando.. — indagou o pequenino, olhando para os lados, tenso.
— Acha que pode estar interessado em mim? — Trevor sorri com arrogĂąncia e se reclina para trĂĄs enquanto anda. Basil faz uma careta em resposta. — NĂŁo e..espere o que!? Interessado em vocĂȘ!? Por que nĂŁo por mim?
— Eu não te vejo por aí com uma arma maneira, Basil, qual pode ser o motivo?
— Nem tudo tem a ver com a sua espada idiota! — aumentou o tom, indicando a arma agora repousada perfeitamente reta nas costas do outro. Trevor somente suspira e sorri, debochando da situação.
— É não, eu acho que tem sim.
Um som rastejante chama a atenção dele, que procura a origem e ignora as tentativas frustradas de Basil de manter a conversa.
— VocĂȘ Ă© inacreditĂĄvel! Primeiro me diz que podem estar nos seguindo por causa da sua espada sem graça e agora estĂĄ me ignorando! Eu devia!—
Aconteceu em um segundo, tĂŁo rĂĄpido quanto um piscar de olhos. Uma enorme presa de marfim chega bem perto de trespassar o corpo de Basil e Ă© impedida pela lĂąmina brilhante da espada de seu colega. Muito surpreso e assustado, Basil recua a tempo de contemplar a criatura que quase o matara pela Ășltima vez: uma serpente ossuda com escamas grandes transparentes que cobriam todo o corpo e lembravam vagamente painĂ©is solares. O animal tinha olhos finos e pequenos e um corpo extenso que terminava em um ferrĂŁo fino. Trevor dĂĄ um sorriso assim que se desvencilham um do outro.
— Isso vai ser bom.. — falou entre dentes conforme puxava a espada das costas de um jeito desengonçado. Com os pĂ©s firmes e separados e os joelhos levemente dobrados, Trevor avança na direção do monstro. A serpente escancara sua boca repleta de dentes afiados e vai de encontro com ele, acabando por ser atingida e receber um corte feio que faz com que parte de seu corpo seja destruĂ­da. Como nĂŁo podia sangrar, a fera libera uma espĂ©cie de pĂł muito fino e escuro que se dispersa no ar, e isso parece enfurecĂȘ-la ainda mais. Partiu na direção de seu oponente e tentou por diversas vezes mordĂȘ-lo, destruĂ­-lo em pedaços, contudo Trevor conseguia desviar devido a sua alta flexibilidade como esqueleto. Por fim, ele Ă© ferido em uma das pernas e vai ao chĂŁo, mas antes que pudesse ser comido pelo monstro, ele atravessa a espada no cĂ©u da boca do bicho, eliminando-o do plano espiritual para sempre.
Basil encara aquilo por alguns instantes antes de se juntar ao outro. Podia sentir as mĂŁos trĂȘmulas e se esforçava ao mĂĄximo para nĂŁo deixar transparecer quando segurou um dos braços de Trevor.
— Ei, vocĂȘ tĂĄ bem!? Precisa de algo, talvez—
— Nada, vou ficar bem. VocĂȘ tĂĄ bem? — o tom de voz de Trevor transmitia seriedade e cansaço e sua pergunta fez Basil arregalar os olhos. A voz dele se atenuou e seu tom ganhou um aspecto mais leve.
— VocĂȘ se arriscou tanto..por minha causa?
Trevor olha para ele e leva a mão até o topo de sua cabeça desprovida de pelos. Esfregou-a de leve e riu.
— NĂŁo Ă© nada demais, sem vocĂȘ eu nĂŁo saio daqui uĂ©. Preciso do meu guia vivo..bem, pro padrĂŁo de um morto.
Basil ganha um novo brilho nos olhos e sorri largamente. Ele pĂŽde jurar que viu algo dentro daquele homem, uma coisa que talvez nem o prĂłprio se desse conta de que possuĂ­a.
— Certo! Vamos seguir entĂŁo! Ainda tem muito o que ver e vocĂȘ precisa chegar atĂ© o outro lado pra aproveitar o que o alĂ©m tem a oferecer. — exclamou, entusiasmado.
Levantaram-se e Trevor olhou para as cinzas da cobra.
— Que fim mais chato, virar matĂ©ria pro universo..
— Tem algo de grandioso nisso, nĂŁo acha!? VocĂȘ retorna ao que veio e serve como parte da terra tambĂ©m! Faz parte do grande ciclo da vida, e no nosso caso, da morte! — Basil mostra sua paixĂŁo pelo tema ao falar as palavras com emoção semelhante a quem recita um poema ou faz um discurso.
Trevor dĂĄ uma risada e suspira.
— VocĂȘ parece bem mais empolgado com isso que eu, deve ser porque nasceu aqui.
— NĂŁo posso ser legal com vocĂȘ durante muito tempo sem que vocĂȘ arruine tudo. — Basil responde comprimindo os lĂĄbios com um olhar repreendedor. Trevor deu risada.
— Talvez essa seja a minha natureza, caro Basil. Vamos, conversa não leva a lugar nenhum.
— Certo.
Eles ficam lado a lado e se pÔem a andar.
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ravenmarshblog · 5 months ago
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ravenmarshblog · 5 months ago
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Imoral
HistĂłria original
Categoria: Aventura/Fantasia
Sinopse: Trevor Ă© um recĂ©m chegado no pĂłs vida e se encontra em um local vazio de felicidade, porĂ©m repleto de desafios e tribulaçÔes. Para passar o tempo, ele parte em uma jornada juntamente com seu amigo Basil pelo mundo novo e cria uma reputação graças aos seus atos egoĂ­stas e desonestos. Um dilema entre o eu e o outro que vai tirar tudo dele sem pensar em consequĂȘncias.
Tags: Humor, aventura, fantasia, adulto, ação, longa, violĂȘncia explĂ­cita, saĂșde mental, conflitos internos, linguagem obscena, temas fortes (+18 anos)
Capítulo 1 – Um cara não excepcional
O rapaz abriu seus olhos e imediatamente se sentiu deslocado. Tinha plena certeza que nunca havia estado naquele ambiente antes, uma densa floresta escura de årvores ressecadas e tortas com folhas acizentadas, e isso o deixou desconfortåvel. Ergueu-se e contemplou a si mesmo por um instante; seu corpo era composto por ossos bem finos e compridos, dando-lhe uma altura incomum, e vestia alguns trapos sujos que pareciam prestes a se desfazer. Encarou o ambiente em volta: pequenas gotas de orvalho forçavam as folhas murchas a penderem para o chão e liberarem-nas de uma vez. O moço se pÎs a caminhar, certo de que encontraria respostas para suas perguntas (ou talvez somente abrigo) fora dali, e logo se viu diante de uma cena curiosa.
Um homem mais velho (aparentava ser ao menos) com características não humanas assim como o mais jovem sucumbia no chão duro, uma espada presa ao peito. A arma chamou a atenção do jovial esqueleto e ele se aproximou, ao que o moribundo respondeu:
— Como Ă© bom ver alguĂ©m aqui! Eu estou perdido hĂĄ tantos dias, sozinho e agora ferido. SerĂĄ que pode me ajudar? Eu nĂŁo quero que isso demore tanto, nĂłs daqui do alĂ©m podemos sucumbir de fato com a destruição de nosso nĂșcleo no lado direito do peito.
O que observava assentiu e olhou com atenção a arma cravada exatamente no centro do peito do homem que abraçava a morte final. Seus olhos fundos iam do objeto ao rosto do sujeito até que, sem tremer, afirmou:
— Eu faço isso pra vocĂȘ.
O outro sorri e acena com a cabeça, vendo o mais novo habitante daquela dimensão segurar o cabo da arma com firmeza.
— SerĂĄ que poderia entregar esta espada Ă  alguĂ©m muito especial para mim? Ela precisarĂĄ dela para se proteger neste mundo..
O rapaz abre um pequeno sorriso e pÔe uma mão sobre a outra, buscando mais contato, um dos pés indo até o ombro do estranho.
— Na verdade não vai rolar não, velhote..essa belezinha vai ser minha!
E antes que o outro discordasse, ele puxa a arma para si de maneira que cada parte do interior daquele pobre homem fosse aberta e destruĂ­da ainda mais. Girou-a nas mĂŁos de maneira desajeitada e a guardou nas costas, voltando-se para o antigo dono do artefato.
— AtĂ©, velhote!
E saiu andando de bom humor.
Orgulhoso de sua mais nova aquisição, o autoproclamado esqueleto “Trevor” ajustava a própria concepção de mundo para entender como era aquele novo local que agora habitava. Entendia aos poucos a fauna que podia ser encontrada ali (a maioria pássaros pequenos e de aspecto horripilante) e como poderia se adaptar para sobremorrer tranquilamente. Chegou a uma estranha pedra com um formato pontudo e coloração esbranquiçada que continha os seguintes dizeres:
“Se quiser sair daqui, abra mão de seu bem mais valioso”
— Ah nem a pau! — exclamou Trevor, a querida espada em punho pronta para servir ao seu novo dono. Ele pensa por um instante e dĂĄ de ombros. — Vou testar e ver se consigo me dar bem nessa tambĂ©m..
O falecido, metido Ă  sabichĂŁo, chegou perto da tal pedra e deixou que a espada tocasse o chĂŁo Ă  frente dela. Um portal se abriu, emanando uma espĂ©cie de luz quente de dentro, e uma criatura pouco maior que um cachorro adulto surge de seu interior. É feia, com a pele de um verde mucoso e os olhos amarelos que lembravam urina. Ele tem traços surpreendentemente suaves em seu rosto e logo olha de volta para aquele que o havia convocado.
— Oh olĂĄ! VocĂȘ deve ser novo aqui, nĂŁo Ă©? Eu sou Basil, vou te acompanhar nessa—
— Tá tá, a minha espada! — Ele puxa a “coisinha” de dentro da abertura enquanto faz um esforço para manter sua arma firme em sua mão. No fim, a abertura se fecha e repele ambos para longe, fazendo com que fiquem desorientados e confusos durante alguns segundos. Basil se levanta e dá passos pesados na direção de Trevor.
— Como pĂŽde ser tĂŁo imprudente!? VocĂȘ quebrou as regras, tinha que deixar a espada lĂĄ!
Trevor estala a lĂ­ngua.
— Isso Ă© ridĂ­culo, por que eu deixaria minha arma lĂĄ? Isso Ă© coisa de gente imbecil.
— A questĂŁo aqui Ă© seguir as regras! Todo mundo tem suas normas, vocĂȘ nĂŁo pode ter seu objeto de valor quando milhares de outros antes de vocĂȘ abriram mĂŁo dos deles! É injusto e egoĂ­sta! — Basil aumenta o tom de voz e seus ombros ficam tensos, os mĂșsculos praticamente tremendo de raiva. Ele espera uma resposta do outro atĂ© que ela vem com um tom de escĂĄrnio.
— E eu lĂĄ ligo pros outros? Se deixaram suas coisas mais preciosas lĂĄ, Ă© problema deles e nĂŁo meu, eu sĂł fui o Ășnico inteligente de nĂŁo abrir mĂŁo de algo bom pra mim.
Basil se preparou para retrucar quando Trevor se adiantou:
— NĂŁo venha me dar sermĂŁo, eu nĂŁo vou receber lição de um tampinha feito vocĂȘ. Se quiser ser do time que fica por aqui mais tempo, nĂŁo vai perder esse tempo falando idiotice nĂ©? Bora. Ele entĂŁo inicia mais uma vez sua caminhada para sair da floresta, mas para poucos metros Ă  frente. Basil nĂŁo tinha se movido ainda e erguera o rosto aos poucos para contemplar a pessoa que o havia contatado: um babaca egoĂ­sta.
— VocĂȘ vem?.. — questionou Trevor sem virar para trĂĄs.
— É meu dever — afirmou o menor, que forçou suas curtas pernas um pouco para alcançá-lo. Trevor sorri largamente e prossegue sem diminuir a velocidade.
— Bem vindo ao time então, tampinha.
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ravenmarshblog · 5 months ago
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como te deixo no passado
se tudo o que quero
Ă© estar com vocĂȘ aonde eu estou
e eu estou no presente
mas vivo no passado
porque Ă© a Ășnica maneira
de viver com vocĂȘ
enquanto eu me segurar na crença
de que preciso de vocĂȘ para viver
continuarei a viver no passado
porque Ă© lĂĄ que vocĂȘ vive
vocĂȘ vive
na lembrança de um såbado
Ă s 11 da manhĂŁ
me buscando de carro
Ă s 4 da tarde na igreja com seus pais
Ă s 10 da noite no seu carro
deitado em mim
dormindo
enquanto dividia um fone comigo
vocĂȘ vive
na memĂłria onde seu olhar
ainda me encarava
vocĂȘ vive
na memĂłria de um beijo seu
o que um dia jĂĄ foi real
hoje me pergunto se realmente aconteceu
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ravenmarshblog · 5 months ago
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O verdadeiro – parte 4
Fanfict the "That's Not My Neighbor"
Tags: Suspense, drama, terror, angst, violento, dark fic, perturbador, linguagem obscena, problemas psicológicos, sangue, descrição gråfica de cena de crime, manipulação, terror, fanfict, fanfiction, ficção, baseada em videogame, paranoia, thats not my neighbor, indie games, thriller, francis mosses x self insert, self insert, the milkman.
Hoje o agente da D.D.D apareceu de surpresa bem cedo pela manhã e me deu um aviso que fez meu queixo despencar: um porteiro da vizinhança foi morto e o DoppelgÀnger responsåvel limpou todo o complexo que o cara trabalhava. A notícia me embrulhou o estÎmago e não consegui terminar meu sanduíche, deixando ele enrolado no papel grosso marrom em cima da mesa. Depois de ver que ele tinha ido embora, fui pegar um pouco de ågua pra minha garrafinha e vi o Angus na janela quando voltei. Ele sorria para mim do jeito que costumava fazer.
- OlĂĄ senhorita Nicky, como estamos hoje? - senti um leve arrepio na nuca com a voz dele, parecia..diferente, de algum jeito.
- Bem, Angus. VocĂȘ pode me entregar as suas coisas?
- Claaaro..
Verifiquei sua documentação e nĂŁo notei nada estranho num primeiro momento, tudo parecia bem, apesar da estranheza na voz dele, entĂŁo levei minha mĂŁo ao telefone. Antes que ligasse para seu apartamento, entretanto, decidi fazer uma segunda varredura e encontrei o que buscava. O nĂșmero do apartamento estava trocado com o de outro morador, Afton.
- Huh..isso Ă© interessante.. - falei baixo ainda sem olhar para cima. Tendo uma ideia, botei o sorriso mais doce que pude e devolvi suas coisas.
- Parece tudo certo, Angus. VocĂȘ pode sĂł confirmar uma coisa para mim?
Erguendo uma das sobrancelhas sem que o sorriso sumisse, Angus me respondeu:
- Claaro!
- Qual o seu apartamento?
- O primeiro no terceiro andar.
- Mentira.
Angus me encara com um sorriso nervoso e faz uma careta de dĂșvida.
- EstĂĄ correto, Ă© o que estĂĄ no meu-
- TĂĄ errado. VocĂȘ tĂĄ mentindo.
- Confira meus arquivos, eu tenho certeza que-
- VocĂȘ nĂŁo vai entrar.
Seu rosto se distorceu e dentes grandes, afiados e amarelos surgem de um jeito ameaçador. Os olhos ganharam veias e um aspecto nojento. Ele colocou as mãos no vidro e percebi que estavam verdes, com unhas longas e pontiagudas.
- VocĂȘ me pegou, garota. Eu devia ter prestado mais atenção nos documentos dele.
- Devia mesmo, volte quando for tentar de verdade.
Ele dĂĄ uma risada e tenta empurrar o vidro um pouco, a lĂ­ngua lambendo os lĂĄbios de maneira perturbadora.
- VocĂȘ parece estar um tanto mais confiante. Aquele garoto que morreu tambĂ©m estava assim..
Um nĂł se forma em minha garganta, mas tento nĂŁo transparecer todo o meu nervosismo. NĂŁo daria aquele gostinho a uma coisa que nem humana era.
- É mesmo? Foi vocĂȘ quem matou ele?
- NĂŁo, eu nĂŁo, foi um colega meu. NĂłs vamos vencer essa guerra, nĂŁo importa quantas batalhas precisemos perder para vocĂȘs porteiros. É sĂł questĂŁo de tempo.
- NĂŁo vai acontecer.
Puxo o telefone do gancho e ele ri, gargalha alto de meu esforço. Aquilo me deu raiva, era como se desacreditasse que alguém como eu pudesse fazer algo contra ele. Sem tirar os olhos do vidro e fechando a portinha de metal, liguei para que viessem buscå-lo. Seus gritos ao fundo provavelmente podiam ser ouvidos pelo agente da D.D.D ao telefone:
- NÃO ADIANTA, VOCÊS NUNCA VÃO SE LIVRAR DE NÓS! NÃO VAI ADIANTAR DE NADA, DESISTA, VAI SER MENOS DOLOROSO PRA VOCÊ!
Aguardei pacientemente o protocolo ser concluĂ­do e sĂł soltei o telefone quando a porta subiu mais uma vez. Tudo voltava a ser silencioso e calmo e o cara da D.D.D me garantiu que tudo tinha ido bem. Assenti e me afastei um pouco da janelinha.
Eu me senti enojada, nauseada demais pra pensar em qualquer coisa que não fosse apenas gritar até meus pulmÔes não aguentarem mais; suor escorria pelo meu pescoço e o ar saía pela boca em intervalos irregulares com atropelos causados pela falta de ar; meu peito não se aguentava e pesava, como se uma bigorna, amarrada a ele, o baixasse cada vez mais e me fizesse quase atravessar o chão. Eu não fazia ideia até ontem de conseguiria continuar nesse emprego sem enlouquecer, porém hoje..tenho certeza que eu nunca fui sã, ao aceitar algo assim.
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ravenmarshblog · 5 months ago
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