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selektakoletiva · 2 years ago
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Nicola Conte - Umoja (2023)
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O renomado multi-artista italiano - arquivista, pesquisador, guitarrista, jazzista, além de DJ e produtor - o mestre Nicola Conte, lançou esse ano o seu mais novo álbum, "Umoja", pela gravadora londrina Far Out Recordings. O que podemos adiantar, é que de todas os mais de 6 álbuns em estúdio de Conte, esse sem dúvidas é o mais satisfatório.
Décimo segundo álbum, "Umoja" é uma ode a unidade planetária de grooves, frequências e bons sonidos ao redor do globo. Não falaremos do real significado, nem da sua origem ou morfologia gramatical do Swahili, mas do que e como ele reflete no disco. Ao longo do LP, tem-se uma experiência imersiva de várias texturas diferentes, com trocas culturais entre países de continentes distintos. Tudo dentro do universo jazz e seus vários arquétipos ao redor do mundo e no escorrer do tempo.
Ao longo de dez faixas, Umoja mergulha no diverso e vasto número de referências e conhecimento que Conte amontoou ao longo de sua carreira como compilador e arquivista. Por isso mesmo, é preciso ser dito um pouco aqui sobre Nicola, sua história na música e afinidade para com a nossa música latina/brasileira.
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Há um fio da meada que faz com que Conte seja tão genuíno nesses vinte e três anos de produção registrada. Prest'enção, eu disse genuíno, não genial. E às vezes isso pode ser melhor, ou mais proveitoso, do que ser algo que demanda expectativas demais. Na Itália, sabidamente as oportunidades são outras que aqui. Primeiro mundo é outro patamar, logo tanto sua personalidade - sempre aficionado por novos grooves, musicista implacável - quanto a questão geográfica, o fizeram um grande compositor e produtor.
Nascido, criado e residindo até hoje em Bari - uma cidade portuária fora da rota turística - na costa Adriática, ao sul do país - agregando um clima quente e costeiro, com lindas paisagens praianas, ruas estreitas e com arquiteturas imponentes que desafiam séculos, além do baixo custo de vida, se comparado com outras cidades. Tudo isso o localiza em posição privilegiada para ignorar as tendências de Roma ou as modas passageiras da capital.
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Essa paixão toda de Conte vem desde novo. O artista chamou a atenção pela primeira vez em Bari nos anos 1990 com seu Fez Collective, uma fusão informal de músicos de jazz e progressivo, DJs e ativistas culturais reunidos em prol do cenário alternativo da cidade, onde se apresentavam mensalmente e debatiam sobre a cena local. Nessa lida, iniciou então sua trajetória com o disco de acid-jazz "Jet Sounds" (2000), lançado pela Schema Records. Aprimorou-se em arranjos de frases, pontes e solos e soltou pela mesma gravadora "Jet Sounds Revisited" (2002). Dois ano depois, entra na lombra do pós-hard-bop e lança um dos seus discos mais elogiados, "Other Directions" (2004), lançado pela Blue Noite, nada menos que um dos selos musicais mais respeitados no planeta. Após seu hat-trick passeando pelo Acid, Hard e Pós-Bop, Nicola inicia uma ascensão metafísica ao Jazz Espiritual, lançando desde então muitas músicas com teor místico e com grande influências de Avant-Garde e do Free Jazz. Paralelo a isso, sempre cavucava e pesquisava afundo os grooves ao redor do globo para inspirações e referências. No momento em que chega ao seu quinto lançamento na carreira, estreitou e esmiuçou ainda mais laços com a cultura da bossa-nova e dos clubs. Em "Garota Diferente", álbum em parceria com a brasileira Rosalia de Souza, e lançado em 2004 (e re-lançado em 2007) pela Schema, Nic ultiliza de termos como bossa'n bass & bossa-lounge, onde conseguia muitos espaços dentro de novelas e programas televisivos fora do seu país. O álbum foi o primeiro pontapé para a carreira de Nicola entrar nos trilhos da glória.
A partir de 2008, Nicola lança uma série de 4 discos - "Rituals" (2008), "The Modern Sound Of Nicola Conte: Versions In Jazz-Dub" (2009), "Love & Revolution" (2011) e "Free Souls" (2014) - que perpassam por todos os subgêneros do jazz e outros ritmos aqui citados, com toques novos de Soul, Dub e novas experimentações com a música latina, sobretudo brasileira.
Inclusive, entre 2009 à 2013, Nicola Conte compilou 5 volumes de uma série de coletânea mixada por ele intitulada "Viagem", onde conta com um repertório fruto de sua pesquisa sobre a Bossa Nova e o Jazz brasileiro, contabilizando mais de 80 músicas dos anos 50 à meado dos anos 70. A Compilação foi lançada e catalogada pela Far Out Recordings. Três anos depois, lança seu disco mais famoso, apresentando a cantora Stefania Di Pierro, lançando músicas supostamente Lado B e se apropriando de outras afrobrasilidades. Trabelho conciso, mas sem identidade, apesar de toda musicalidade de Nicola, passa como um som groovado de plástico. Talvez por ser olhar de brasileiro, a crítica seja mais aguda e passível de revisão.
Após o disco com Stefania, lançado pela Far Out Recordings, fez mais algumas outras boas compilações em outras gravadoras como Blue Note, Universal e Prestige, mas foi na Far Out Recordings com quem teve maior afinidade e relevância. E foi nela que resolveu lançar e distribuir pro mundo o seu disco novo, cujo Nicola faz um arremate de toda sua história enquanto músico e musicista, sintetizando bem seu momento e suas influências ao longo da sua carreira.
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Composto ao lado de seu amigo de longa data, o guitarrista Alberto Parmegiani, Conte reúne uma impressionante lista de convidados de todo o mundo, incluindo o vibrafonista francês Simon Mullier, o vocalista norte-americano Myles Sanko, o baterista sul-africano Fernando Damon, o ex-baixista de Roy Hargrove, Ameen Saleem e a sensação sérvia da flauta, Milena Jančurić.
Em "Umoja", Nicola Conte continua em sua jornada entre o Jazz e o Soul, as cadências latinas e africanas, dessa vez com a participação das incríveis Zara McFarlane e Bridgette Amofah, representando o Soul-Jazz de Londres.
O disco começa com o zig-zag das vozes, revezando em seis faixas, trazendo desde notas mais altas esfumaçando os instrumental ao fundo, ao mais sutil e charmosa interação de Zara e Amofah com o arranjo. Par1além das belas progressões melódicas, vozes e solos, o apelo das canções que tem letras chamam atenção pela potência lírica, onde aborda-se questões de identidade étnica e problemas sociopolíticos, além de uma poética em que se encaixa tanto na m��trica quando na parte harmônica.
São múltiplas camadas que abrangem o décimo primeiro registro em estúdio do maestro italiano. Do mais ensolarado Afrobeat, passando pelos Batuques Afro-Caribeños, os encantos do Jazz Brasileiro... e no fim desemboca-se no Golfo em que tudo começou, na pulsação das águas do Mar Adriático, no ritmo da natureza em unção com o pop, o soul, o acid-jazz e as trilhas de novela italiana dos anos 70.
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Lado B (ou Side 2) do álbum, traz-se um pouco mais do experimentalismo, do seu arcabouço enquanto pesquisador, trazendo influências que vão do Juju (Nigeria) e Highlife (Gana), até gêneros mais pops e comuns numa itália veranil como Bari, ritmos quentes como o Jazz House, Acid Disco - assim como as várias vertentes do próprio Funk - e mesclando com instrumentos como a flauta e vibrafone, ganhando ainda mais o ouvinte nessa alquimia sonora maluca do Funk progressivo norte-americano, o Samba-jazz brasileiro, o Afro-jazz do ocidente africano e o pop setentista do sul da Itália.
Nic e as cantoras londrinas seguem flutuando sob a sonoridade forte e original dos músicos da banda base do projeto. São eles o saxofonista tenor Timo Lassy, o tecladista multi-instrumentista Pietro Lussu, o guitarrista Alberto Parmegiani, os baixistas alternantes Ameen Salim, Marco Bardoscia e Luca Alemanno, o percussionista Abdissa Assefa e o baterista Teppo Mäkynen.
São eles que acrescentam as nuances certas para que o disco ganhe dinâmica e diálogo, não só para com o ouvinte, mas também com a obra em si como um todo. Desde batuques e riffs suíngados, ao decrescer dos sopros à uma introspecção. Em todas as fases, o papel de Conte foi mais voltado para a composição, arranjo, seleção dos músicos, assim como da produção das sessões, mas quase nunca como um instrumentista. Após a execução do álbum de cabo-a-rabo, entende-se o porquê.
A sincronia dos músicos foi tanta, que até mesmo os outros onze artistas que foram convidados para participar e colaborar no disco, seguiram a premissa e pegada parecida com a banda base, de forma linear. O fato de ser uma sessão de gravação de fato, acrescenta muito nos bastidores, assim como na audição da obra. Orgulhosamente revivalista, Umoja foi gravado diretamente em fita analógica, com apenas duas tomadas para cada faixa. "Procurando por uma sensação quase improvisada e não adulterada", Nicola garantiu que as poucas overdubs também fossem transferidas para a fita para manter a cor e o calor do som analógico. Tudo em 45 RPM. "Muito pouca pós-produção ou edição foi adicionada, então o que você ouve é majoritariamente o que aconteceu nessas mágicas sessões ao vivo".
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A continuidade também foi dada pelo colaborador de Conte, Tommy Cavalieri, engenheiro de som do disco e dono do Sorriso Studio em Bari, onde fora gravados todos lançamentos mais característicos de Conte, desde "Jet Sounds" até o seu mais novo "Umoja".
No mais, as faixas com McFarlane e Amofah são os destaques do álbum. Também destaca-se as vocalizações de Timo Lassy, semelhantes às de Pharoah Sanders, por trás dos cantores. Realmente acrescenta um tempero à mais. O trabalho de percussão de Assefa também é algo notoriamente notável. Vale uma menção especial também para as faixas instrumentais "Heritage", "Umoja Unity", além de "Into The Light Of Love" (instrumental) e "Arise (instrumental)" - a versões sem vocais das faixas com McFarlane e Myles Sanko - que apresentam ao público a essência de "Umoja".
De Gary Bartz a Lonnie Liston. De Fela Kuti a Tony Allen. De Zimbo Trio a Roberto Menescal. De Sun Ra a Alice Contrane. De The Tramps ao Earth, Wind & Fire. De Cristiano Malgioglio a Piero Piccione, dentre muitos outros que são influências maravilhosas pra um trabalho brilhante, em que Nicola traz o afrofuturismo em sua premissa, contradizendo sua cor da pele, mas nunca a musicalidade presente, dando espaço para músicos pretos, e sobretudo de outros continentes marginalizados, e fazendo uma grande feijoada bambina.
Lançado pela Far Out Recordings, são 12 faixas coesas, concisas, bem trabalhadas, arranjadas e produzidas por Nicola, onde além do ecletismo, administra bem a narrativa de sua música e sua carreira, já que atingiu com o projeto intercontinental o mais alta musicalidade e nível até então.... mas peraí, afinal, o quê Significa "Umoja"?
Bem, caso você não saiba, volte duas casas e dê um Google... ou apenas ouça/compre o disco do artista no bandcamp, e obtenha o DL aqui no Selekta. É quente!
UMOJA!!
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selektakoletiva · 2 years ago
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PUPILLO, FORRÓ & BEATS EM OITO VOZES DE FULÔRES DO BRASIL
Pupillo e o Forró do Mundo: Uma Jornada Musical e Cultural nas Ruas do Brasil
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No coração da cena musical brasileira, Romário Menezes de Oliveira Jr., vulgo Pupillo, trilhou uma jornada com exímia destreza desde seus primeiros frames com Chico & Nação, até sua notável carreira como produtor musical. Sua história é marcada por momentos de mudança, refletindo não apenas a evolução de sua própria vida, mas também a transformação do cenário musical do Brasil.
Pupillo, cujo apelido surgiu ainda na adolescência, mergulhou nas complexidades da música desde cedo. Antes mesmo de se concentrar em tecer uma carreira com as baquetas, ele absorvia as nuances das canções, explorando diversos gêneros, desde frevos e xotes, até jazz e ritmos afro norte-americanos. Sua entrada na Nação Zumbi em 95, após um convite de Chico Science, tornou-se um ponto de virada crucial em sua carreira. Assim como o nascimento de sua primeira cria, que aconteceram com meses de proximidade. E assim, ao longo de oito álbuns de estúdio com a Nação, Pupillo contribuiu significativamente para a sonoridade única da banda, consolidando seu lugar como um dos músicos mais versáteis e visionários da cena.
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Em 2018 - após nascimento de seu segundo filho - Pupillo anunciou sua saída da Nação Zumbi, buscando outros horizontes em novas sonoridades e texturas, aguçadas mais ao lado produtor. Essa mudança não foi apenas uma transição na carreira, mas uma evolução natural para um artista do calibre de Romário, com o tanto de possibilidades que se criam e se recriam no decorrer do tempo. O exemplo é a própria carreira de Pupillo, recheados de projetos paralelos de diversas naturezas e propostas; Seu Jorge & Almaz, 3namassa, Los Sebosos Postizos, Sonantes - e seu último projeto, lançado ano passado - Sonorado. Além da caminhada brilhante como baterista, sua incursão na produção musical trouxe à luz trabalhos notáveis. Isso desde o tempos de Candeeiro Records, selo que Pupillo abriu com Marcelo Soares e Caca Barreto lá nos idos de 1999.
A Candeeiro lançou discos icônicos para cena de Pernambuco, trazendo trabalhos autorais e independentes ao ouvido da massa manguefônica. Alguns dos grandes trabalhos que podemos citar são: "O Outro Mundo de Manuela do Rosário" - um dos discos mais experimentais, ácidos e ousados da Mundo Livre S/A - "Jornal da Palmeira" e "Simulacro", primeiros registros em carreira solo de Erasto Vasconcelos e China, respectivamente, "Música Magneta", dos Mestres da Guitarradas, entre outros como Otto, DJ Dolores e algumas coletâneas. Fora da Candeeiro Records, assinou também discos de mestres da música nacional como Gal Costa e Erasmo, além de contribuir também para feitura de trilhas sonoras, como fez em Árido Movie, Baixio das Bestas e participação em Besouro e Amarelo Manga. Hoje Romário Menezes Jr. está caminhando em ampliar ainda mais seu leque, e divide seu tempo em colaborações precisas com artistasda velha vanguarda como Nando Reis - em que cumpre a função de produtor e baterias da banda - ou artistas emergentes como o rapper Edgar, em que produziu "Ultrassom".
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E é nesse espírito de evolução e busca constante, em contato com artistas emergentes da cena, que Pupillo apresenta o álbum "Forró do Mundo". Projeto primoroso, onde confunde o tradicional e funde ao contemporâneo. Pupillo Fortrex, não apenas assina a produção musical, mas também escala um elenco estelar de oito vozes femininas que incluem Assucena, Céu, Gabi da Pele Preta, Gaby Amarantos, Juliana Linhares, Luedji Luna, Mariana Aydar e Rachel Reis.
A proposta do álbum é clara: revitalizar o forró, um gênero muitas vezes rotulado de forma genérica, e reestruturá-lo de forma que chegue aos ouvidos de gregos e baianos. Sem apelo pop, mas sim popular, no aspro da palavra, como dizem os poetas. Romário Jr. e esse elenco luxuoso buscam preservar a essência do forró, reinterpretando sucessos do cancioneiro popular com uma roupagem contemporânea. Como era no princípio, pé na lama, antena na cabeça.
Desdobrando o Forró e seus mais variados subgêneros em beats de Trip-Hop ao Afrobeats, passando pelo Reggae e o Hip-Hop, o repertório abrange com uma textura original as obras de mestres como Anastácia, Nando Cordel, Mestre Dominguinhos, Antônio Barros, Chico Buarque, Djavan, Zé Ramalho, Sivuca e Glorinha Gadelha, proporcionando uma jornada sonora que transcende fronteiras regionais.
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Em entrevistas, as cantoras destacam a sensibilidade de Pupillo em modernizar o forró, preservando um legado cultural único. O projeto não é apenas uma experiência auditiva, mas uma celebração da diversidade musical do Brasil, unindo vozes de diferentes regiões em um só xaxado.
Concluindo o previsível, com oito faixas produzidas inteiramente pelo próprio Pupillo, "Forró do Mundo" veio ao mundo na metade de Junho deste ano, com campanha de arrecadamento coletivo para a produção dos LPs. Foi lançado pela sua produtora artística Muzak Music, nova empreitada fonográfica do recifense. Traz o melhor do Brasil e do brasileiro, numa manifestação artística do que se ecoa pelo imaginário do país todo. Uma expressão da cultura de rua que se reinventa, mantendo-se autêntica e relevante. Atemporal. Eis a palavra!
E Que define o projeto, as interpretações, e mais ainda, o hoje Mestre Pupillo.
XAXA!
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selektakoletiva · 2 years ago
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O AQUI E "AGÔRA" DO FUTURO DE VÁRIOS LUGARES, POR CAIXA CUBO
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Salve moçada. Hoje trazemos, nesse 'sábado barrigudão', um dos grandes discos do jazz brasileiro e contemporâneo. Lançamento não tão fresquinho, pois foi lançado em Março deste ano de 2023, mas segue sendo um lançamento que briga ali pelo favoritismo da crítica gringa, e de alguns gato pingado como nós do Selekta, que trazemos pra vocês mais uma pedra brasilis. Beleza de Beaucoup! Vamos ao disco. A criatura e o criador.
Já não é de hoje que cenário musical brasileiro tem sido constantemente influenciado por ondas sonoras vinda de outros horizontes, que não dos europeus ou dos ianques. Para além do soul-jazz muito bem fundamentado por aqui, a nossa maneira, como o trio Azymuth fundira um belo dia o jazz como samba de forma primorosa - que aliás muito tem a ver com Caixa Cubo em sonoridade e formação, tendo até já recebido comparações - assim como os mestres Oberdan, Marcos Valle, Dom Um Romão, Dom Filó, João Donato, entre outros grandes nomes da música brasileira.
Bem, o Caixa Cubo - trio paulistano formado por Gomide no teclado, Noa Stroeter no baixo e João Fideles nas baquetas - trazem esse cuidado com cada batuque, tilintar de prato, efeitos, arranjo das cordas. E traquejo musical, é claro! É que é ser criativo é necessário. Bem mais do que ser virtuoso. A parada é a amplitude da visão. E é isso que os 3 jovens fazem ao unir Funk, Soul e Jazz, de uma forma fora da caixa, com tempero brasileiro e especiarias da África e América Latina, como manda o DNA Pindorama. No ano passado, o grupo lançou aprazível álbum 'Angela', lançado pela Heavenly Records - que gerou comparações com lendas como Herbie Hancock da época do grupo Headhunters, com um Soul jazzístico e seu Funk progressivo. Apesar de já contarem com 8 registros em estúdio, esse é o terceiro disco com organização, planejamento e divulgação de uma gravadora fora do underground brasileiro. O primeiro da Jazz & Milk, selo alemão de Munique, que também está distribuindo o disco em vinil (caso interessando, basta correr no bandcamp).
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"Agôra", marca a transição de gêneros e texturas testadas pelo trio de São Paulo, além dum aprofundamento empírico de improvisação e preenchimento de espaços, seja com couro do tambor, ou efeitos sonoros quânticos. É o cru reflexo da real grandeza que é a multiculturalidade da cidade de SP, assim como Munique.
Esse diálogo, e essa transição, talvez apresente um Caixa Cubo menos efusivo, mas não menos dedicado. Não é só uma questão de idade. É cautela, compreensão e delicadeza para com a música. Complementar e incrementar, entre o que se pede e o que há de melhor. E é aí que os rios se encontram.
O álbum vai se apresentando quase que com uma identidade multicultural, já que tem participações de 4 países diferentes (Alemanha, Gana e África do Sul, além do Brasil). Pegando um pouco do disco antecessor - sem muita efusividade, mas com sua ginga sempre certeira - ora solar, ora lunar... o grupo vai soltando versões mais modernosas, sem perder a sinestesia nostálgica da banda. Aos poucos, apresentam-se elementos como a percussão iorubana, vozes e coros vindo da África, improvisos jazzísticos, tudo numa mesma carabina. O disparo é dado em "Asase". E é o ganense Eric Owusu (Jemba Groove) que inicia os trabalhos. Em seguinda, a viajante "Kismete", contando com o luxuoso trompete de Matthias Schriefl. "Ndiyakhangela" traz cânticos dos sul-africanos Bongani Givethanks e Mpho Nkuzo em cima da rítmica afro-brasileira.
"Sábado" traz um groove setentista com a cara brasileira, entre nuances de arpejos, cuícas e a voz de Zé Leônidas. O trio, sem rebuliço vai mexendo e misturando todo esse caldo, encorpando o álbum. Após outro excelente fusion de ponto de caboclo com jazz e o trompete de Schriefl, é hora do multi-instrumentista Eduardo Camargo se juntar ao trio pra faixa "Caio & Eric" mais um instrumental do álbum, onde Edu toca uma guitarra acústica lindamente.
"Dreams", conta com Zé Leônidas e da baiana Xênia França, ex-Aláfia, trazendo a beleza de sua voz numa balada Jazz, já rasteirando pro Neo-Soul. Logo em Seguida, Zé continua estuporando a voz, ainda na liga do Soul, mais malemolente dessa vez, passeando entre Emílio Santiago e Steve Wonder. A última faixa se encerra com aquela emoção de quero mais, com mais uma participação, dessa vez da alemã Rebekka Ziegler no vocal, in english.
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O álbum é uma jornada musical diversificada. Da linhagem mais versátil do Jazz Funk, até o Neo-Soul, chegando finalmente nas raízes do Afrobeat. "Agôra" explora o território do samba jazz com, onde os ritmos afro-brasileiros se combinam com os sintetizadores ousados de Henrique Gomide e arranjos de teclado, desafiando as convenções do Soul-jazz tradicional.
Para'lém disso, a força subjacente do sucesso do Caixa Cubo em 'Agôra' reside na profunda conexão e confiança mútua do trio. A parceria de Gomide/Fideles/Stroeter foi cultivada ao longo de vinte anos de convívio e colaboração, desde os circuitos musicais de São Paulo até o Conservatório Real de Haia. Essa confiança e entrosamento permite que eles assumam riscos e obtenham resultados impressionantes. E isso é evidente ao longo do álbum.
A injeção de direção e foco preciso no álbum é notável. Os altos, baixos, partes calmas e partes intensas acontecem no momento certo.
Para resumir suas ambições gerais, entre batuques, efeitos sci-fi e improvisos de Free Jazz e Pós-Bop, Caixa Cubo traz diversão e inteligência em forma progressiva, em texturas sensíveis e belas, que vão desde a capa do disco, ao som orgânico, fresco, e de certa forma, em constante evolução. Essa é uma parte essencial da jornada musical do trio, e definitivamente... os paulistanos se consolidaram ainda mais seu lugar como uma influência significativa no cenário mundial, não só do jazz, mas musical contemporâneo.
AGÔ!
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selektakoletiva · 2 years ago
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8 DISCOS MAGISTRAIS DO MESTRE JOÃO DONATO (POST IN MEMORIAM)
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Bem, como sabem o homi deixou este plano e foi pra Orum... ou deve ser Emoriô.
E em homenagem ao grande mago do jazz e do groove brasilis, lançaremos aqui 3 obras que as vezes podem ser pouco lembradas, mas tratando-se de João Donato, jamais dá pra se afimar que é algo ruim. Aliás, tocou em mais de 20 discos de artistas consagrados como Gil, Caetano, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro, Gal Costa, e a lista não acabaria tão cedo...
Donato, um pioneiro da bossa nova - termo no qual não gosta, já que a define como "apenas outra alcunha para Samba produzido pelos garotos da Zona Sul" - nos presenteou com melodias envolventes e harmonias cativantes que transcenderam gerações. Sua abordagem inovadora e singular trouxe uma nova dimensão à música, que poucos instrumentistas conseguiram. Apesar de atuar predominante como instrumentista, foi com canções com vocal que a carreira de João atingiu seu auge, após conselho informal de seu compadre e colega de profissão Agostinho dos Santos.
Com mais de 30 discos lançados , sua discografia é uma viagem pela diversidade de estilos pelo Brasil. Donato sempre se reinventou, presenteando-nos com álbuns marcantes que se tornaram trilhas sonoras das nossas vidas. E nesse quadro em específico, vamos focar nas parcerias, que também não são poucas.
Sempre ativo, João costumava colar com todo tipo de gente, desde a rataria do underground como Marcelo D2, até poetas como Haroldo Campos. Conseguiu furar a bolha entre o morro e o asfalto de forma classuda e sem forçar nada. Sua música é fluída. Em cada nota, em cada acorde, o multi-instrumentista nos transporta pra paisagens sonoras impregnadas de suingue, e de sua sensibilidade ímpar.
Hoje, completam exatos um mês da partida de João, talvez o acreano mais querido do Brasil. Orgulho do norte, e fruto da Amazônia. E total traquejo brasileño. Do lado das ruas, na praia, nos morros, no campo, nos palcos, em casa. João Donato detalhava sua vida e buscava influências em coisas do cotidiano. Seu virtuosismo ecoava e ecoa até hoje por cada avenida da história da música brasileira.
Mestre maior, que descanse em paz.
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E por aqui fica nossa homenagem a esse ícone. Discos dele com parcerias que abrilhantaram ainda mais a luz que João emana, e que assim como seus parceiros, também há de alumiá nós tudin lá de cima!
Donato/Deodato - 1969/1973
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Primeiro da lista, o álbum foi originalmente lançado 1969, pela RCA, sem precedentes pelo Brasil, até a reedição, que hoje completando 50 anos, assim como um dos grandes tesouros de João - o incrível "Quem é Quem", 1973. Muito tempo depois esquecido por muitos da crítica e mídia musical, nós viemos aqui reverenciar esta jóia. Dividindo os teclados, seu gênio e seu brilho com o também genial e brilhante Eumir Deodato, outro que hoje com 80 anos, continua em um ostracismo bizarro por terras brasilis, fazendo mais sucesso comercial e intelectual na gringa. Talvez por ter se mudado cedo, ou ter estourado com trabalhos feito entre a década de 70 e início de 80 com o grupo de Black Music Kool & The Gang, além de outras grandes produções e arranjos sem consentimento do público e mídia brasileira.
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"Deodato/Donato" marca o início da fase mais progressiva de João, onde misturava cadências do samba com grooves afronorteamericanos como soul e funk, além de texturas psicodélicas com efeitos nos teclados. O álbum tem três composições do mestre Donato e mais quatro em parceria com Eumir. irreverente e diferente, o álbum que a época era considerado exquiste jazz, por sua textura experimental, décadas depois pode ser considerado, e é, um clássico do jazz underground e brasileiro. Não bastasse a presença e alma dos brasileiros Eumir e João - entre gringos, latinos e brasileiros - o elenco vem com máxima potência e estimada cadência, com Ray Barreto (congas), Airto Moreira (percussões e efeitos), Allan Schwartzberg (bateria), Romeo Penque (flauta e assovios), Bob Rose (guitarra), Mauricio Einhorn (gaita), e metais por Michael Gibson (trombone) e Randy Brecker (trompete).
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"Deodato/Donato" foi todo arranjado por João e Deodato que também conduziu a big band. Incorporam o melhor do jazz, fazendo uma espécie de fusion samba, com notas longas, harmonias incríveis e alguns improvisos que aumentam a eloquência do álbum.
Com seis faixas, Deodato/Donato certamente é mais uma obra-prima injustiçada nas páginas da nossa música. O álbum foi produzido por George Kablin e gravado por ele próprio, distribuída pelo selo gringo Muse (EUA).
Emilio Santiago Encontra João Donato - 2003
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Esse aqui sim é um tesouro. Fora do catálogo e do radar das grandes plataformas, "Emílio Santiago encontra João Donato", 6 parcerias inéditas com seu irmão Lysias Ênio, poeta de grande trato com as palavras, assim como os grandes nomes que também compõe a lista de letristas e parceiros de Donato; Joyce, Carmen Costa, Norman Gimbel, Abel Silva, Caetano e Gil - além de duas faixas assinadas pela escriba de Arnaldo Antunes, sendo uma delas em parceria com Marisa Monte.
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O disco segue a síncope do piano de João passeando entre a bossa nova, o samba, o bolero, e criando uma atmosfera das mais agradáveis, ainda mais contando com a voz do saudoso Emílio Santiago, certamente uma das vozes mais bonitas que esse país já ouvin. Jazz Latino de alta qualidade, entre esboços de um samba ou outro, de vez em sempre, o sambolero come solto, carregada pela alta competência do bando de craques que os acompanham. São eles; Nos sopros temos o grande Bigorna (sax tenor e flauta), Bidinho e Jessé Sadoc (trompete), além de Ricardo Pontes (flauta e sax alto). Nas cordas, começando pelo baixão, temos Jamil Joanes e Jorge Helder. Na guitarra/violão, ninguém mais ninguém menos que Nelson Faria e Ricardo Silveira. No bloco rítmico, temos Jurim Moreira, Renato Massa e o lendário Robertinho Silva na batera, também tem Sidinho na percussão desenhando nos espaços. O disco foi totalmente arranjado pelo próprio João, com pitacos de Emílio, e produzido por Almir Chediak.
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Parceria mais que antiga, os dois artistas vem de uma caminhada de muitos sambas e experimentações juntos. Desde sua estreia com o disco homônimo de 195, Emílio Santiago é acompanhado como pupilo de João, com muitos discos como esse, arranjado por João.
20 anos após seu lançamento, "Emílio Santiago encontra João Donato" continua uma jóia que costura a alma de quem ouve com seu jeito único de misturas estilos latinos, assim como a maestria de seu parceiro nas interpretações de cada canção. O álbum contém 16 faixas e foi lançado pela Lumiar Discos. Foi bem recebido pela crítica da época, onde saíram em turnê por parte do Brasil e emocionando muitos . Apesar de hoje apagado o holofote, o brilho desses dois eternos mestres sempre estará altamente lá em cima, na cadência cadente, alumiano o céu del'américa!
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Síntese do Lance - 2021
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Aqui é uma parceria antiga e prometida de tempos, mas que só foi se concretizar final de 2020, quando iniciaram a proposta do projeto Síntese do Lance, disco com o grandessíssimo Jards Macalé, o maldito poeta, o cara da caneta mais violenta e sentimental da tropicália ao mesmo tempo. No álbum "A Síntese do Lance", uma agradável surpresa neste ano tumultuado, João Donato e Jards Macalé se unem para trazer uma obra que reflete despojamento e modernidade. A capa, com os músicos idosos nus e escondidos por folhagens, simboliza o retorno ao início da vida. O álbum evoca a sonoridade da Bossa Nova dos anos 50 e 60, destacando a influência de Donato, precursor do movimento, e Macalé, seu fiel seguidor.
A música "Côco Táxi", única colaboração entre eles, é uma alegre melodia com toques caribenhos, lembrando composições anteriores. A canção título "A Síntese do Lance" traz um samba à moda de Donato, antecipando tendências eletrobossa. O álbum inclui outras parcerias musicais, oferecendo uma rica mistura de piano, metais e percussão, criando uma atmosfera relaxada e musicalmente rica.
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Há muito esperado, celebrando não apenas a Bossa Nova, mas também suas figuras centrais, como João Gilberto, álbum é uma joia, uma adição valiosa às carreiras ilustres de Donato e Macalé, transmitindo talento e bom humor, e prestando homenagem aos clássicos da música brasileira.
No álbum "A Síntese do Lance", uma agradável surpresa neste ano tumultuado, João Donato e Jards Macalé se unem para trazer uma obra que reflete despojamento e modernidade. A capa, com os músicos idosos nus e escondidos por folhagens, simboliza o retorno ao início da vida. O álbum evoca a sonoridade da Bossa Nova dos anos 50 e 60, destacando a influência de Donato, precursor do movimento, e Macalé, seu fiel seguidor.
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A música "Côco Táxi", única colaboração entre eles, é uma alegre melodia com toques caribenhos, lembrando composições anteriores. A canção título "A Síntese do Lance" traz um samba à moda de Donato, antecipando tendências eletrobossa. O álbum inclui outras parcerias musicais, oferecendo uma rica mistura de piano, metais e percussão, criando uma atmosfera relaxada e musicalmente rica.
As gravações foram prazerosas para os artistas, que finalmente realizaram um encontro há muito esperado, celebrando não apenas a Bossa Nova, mas também suas figuras centrais, como João Gilberto. O álbum é uma joia, uma adição valiosa às carreiras ilustres de Donato e Macalé, transmitindo talento e bom humor, e prestando homenagem aos clássicos da música brasileira.
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selektakoletiva · 2 years ago
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MAPIANU Nº4 // EXPERIMENTALISMO BRASILEIRO
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Salve, my selektas. Mais um MAPIANU que ficamos de postar, agora só faltando o último que postamos. Retificando pra seguirem nossa página no instagram pra acompanhar e interagir por lá também, já que lá o fluxo é, digamos, prioridade. No post anterior falamos um pouco sobre isso, confere lá. Vamos de Experimentalismo e mais uma sequencia de lançamentos embaçados, de atmosfera abstrata e experimental dos novos sonidos que ecoam pelo Brasil. Então pega aquele isotonico pra curar a ressaca, e bora que bora.
DOMENICO LANCELOTTI - sramba.
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No coração do inverno em Lisboa, uma fusão musical como nenhuma outra está acontecendo. Domenico Lancellotti deu as boas-vindas a Ricardo Dias Gomes em seu reino criativo e juntos embarcam em uma jornada sonora que mescla o passado e o futuro. Seu estúdio subterrâneo, carinhosamente conhecido como The Cave, se torna o berço de um projeto único que une Tom Zé, Faust e João Gilberto, resultando no que eles chamam de "samba de máquina".
O projeto toma forma sem esforço, à medida que a sinergia entre eles desperta algo extraordinário. Armado com um arsenal de sintetizadores projetados na Rússia, Ricardo está ansioso para dar vida à sua nova empreitada musical. Domenico, por sua vez, traz sua guitarra e uma coleção de instrumentos de percussão para a mistura. Suas explorações começam com a criação de sons e sua gravação - um processo que não só dá origem a sons, mas à essência do samba em si.
Em um período turbilhão de apenas alguns meses, a dupla captura a essência do que se tornará seu inovador álbum "sramba.". O álbum é uma homenagem às raízes do samba, mas redefine audaciosamente os limites do gênero. Ritmos tradicionais de guitarra e percussão se entrelaçam perfeitamente com os sintetizadores analógicos que Ricardo tanto aprecia. Essa síntese emerge como uma progressão natural para a dupla. A criação de Domenico no Rio de Janeiro o imergiu no samba desde cedo - filho de um renomado compositor de samba, ele absorveu a essência do gênero como se fosse parte de si. O samba está em seu DNA, ele afirma, uma força versátil que ele incorpora em cada estilo musical que toca.
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A revelação de Domenico e Ricardo acontece quando eles descobrem que os sintetizadores não estão em conflito com o samba que eles admiram. Em vez disso, essas máquinas ecoam os timbres dos icônicos instrumentos de percussão do gênero, como ganza, repinique, surdo e tarol. Além disso, eles percebem uma conexão com o samba fundacional que antecedeu o surgimento da bossa nova e do samba jazz. Este é um samba impulsionado pelo ritmo - suas levadas capazes de se prolongarem infinitamente. "É samba de clave, estruturado geometricamente", explica Domenico. "É samba ostinato", acrescenta Ricardo.
Um destaque, "Diga", exemplifica sua visão. Os sons defeituosos das máquinas se transformam em um samba esplêndido, e os murmúrios e batidas ásperas dos equipamentos analógicos adicionam camadas únicas à composição. Da mesma forma, "Tá Brabo" mostra como uma melodia marcante do sintetizador complementa o ritmo da guitarra, destacando que sua conquista não se trata apenas de inovação, mas de criar um álbum de samba excepcional.
A amplitude dinâmica do álbum é evidente - desde o retumbante baque do baixo da faixa de abertura "Ere" até o samba enriquecido por cordas "Nada Sera de Outra Maneira", uma homenagem a influências como Tamba Trio e o "Estudando O Samba" de Tom Zé. A arte deles brilha em faixas como "Um Abraço No Faust", uma homenagem à canção de João Gilberto "Um Abraço no Bonfá", e "Quem Samba", infundida com toques da herança italiana de Domenico. Até mesmo "Descomunal" quebra convenções, abraçando os vocais de Tori entre tambores eletrônicos, violoncelo e sintetizadores em movimento.
Tanto Domenico Lancellotti quanto Ricardo Dias Gomes são pilares da música brasileira, e sua sinergia ao longo das últimas duas décadas gerou genialidade. O legado de Domenico com os +2 e a Orquestra Imperial, ao lado das explorações de Ricardo, prepararam o terreno para "SRAMBA". Este álbum une com naturalidade as composições rítmicas e enraizadas no samba de Domenico com as experimentações audaciosas de texturas e instrumentação de Ricardo.
"SRAMBA" é mais do que uma simples fusão musical; é uma afirmação audaz de que, mesmo com a integração de máquinas, a essência do samba permanece inabalada. Domenico captura isso perfeitamente: "Samba de máquina é samba" - um testemunho do espírito duradouro de um gênero aberto a novos horizontes sem perder sua essência.
RODRIGO CAMPOS - PAGODE NOVO
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Isolado devido à pandemia de Covid-19, Rodrigo Campos transformou esse período de parcial reclusão em uma oportunidade para explorar novas possibilidades e estreitar laços mesmo sem sair de casa. Afinal, se o sambista não pode ir ao pagode, o pagode pode chegar até o sambista. Usando um celular como elemento de interação e registro do mundo externo, o cantor, compositor e multi-instrumentista estabeleceu as bases para a música geográfica de "Pagode Novo" (2023, YB Music). São canções investigativas que partem do pagode como um espaço físico de celebração e um ritmo com características predefinidas pela indústria e seus criadores, mas que se transforma em um elemento a ser reconfigurado pelo artista.
Caracterizado pela forte sensação de movimento, em contraste com o ambiente doméstico ao qual o compositor foi limitado durante o período da pandemia, "Pagode Novo" segue o caminho dos trabalhos anteriores do músico, que já criou atmosferas sonoras em São Mateus, Bahia, Japão e até nos quintais do samba. São composições descritivas que partem de observações minuciosas, por vezes radiográficas, de cenários, eventos e personagens. É um espaço conceitual que ocasionalmente oferece conforto quando voltamos os ouvidos para o amplo repertório de Campos e suas contribuições paralelas, mas que também desafia seus limites.
Rodeado por parceiros criativos antigos e novos, honrando o aspecto colaborativo dos pagodes de fundo de quintal, Campos transforma a gravação em um espaço marcado pela miscelânea de vozes. Logo na abertura do álbum, Maria Beraldo se destaca em meio a paisagens e sensações enquanto assume os vocais da introdutória "Fernanda na Mitologia". Pouco depois, é o amigo Romulo Fróes quem dá movimento aos versos sempre descritivos de "Silvia e o Medo". Um contínuo entrelaçamento de informações que continua até os momentos finais do álbum, em "Japonego", composição que abre espaço para Juçara Marçal.
No entanto, é quando o "novo" explícito no título da obra entra em cena, ampliando os limites da obra, que a música de Campos realmente se destaca, cativa e cresce. Além do minucioso processo de criação e do uso de instrumentos característicos do compositor paulistano, como o cavaco, "Pagode Novo" encanta por meio do diálogo do artista com a produção eletrônica. Programações e ambientações sintéticas apontam para o mesmo território explorado em "Delta Estácio Blues" (2021), mas partindo de uma abordagem econômica e sofisticada, como se fosse projetada para acalmar o ouvinte.
O resultado desse processo se reflete em composições como a envolvente "Atraco". Já uma colaboração conhecida com Mari Tavares, a faixa mantém o aspecto ritualístico do samba, mas impressiona pela ambientação enevoada e pela completa delicadeza dos arranjos que percorrem a canção. Mesmo quando se afasta desse resultado e investe nas batidas, como em "Deixa a Noite", parceria com Verônica Ferriani, prevalece o refinamento estético que envolve a experiência do ouvinte até os minutos finais do disco, em "Mister Chueng", uma música que soa como um remix dos temas asiáticos de "Conversas com Toshiro".
Claro que essa busca por novas possibilidades e faixas que tendem ao etéreo não afasta Campos da realidade e dos temas que ele tem explorado desde "São Mateus Não É Um Lugar Assim Tão Longe". Um exemplo disso ocorre em "Pinheiros É Bom", uma música em que ele canta do ponto de vista de um garçom para explorar os contrastes e a distância, econômica e física, que separam os bairros de Pinheiros e Vila Carrão. É como um olhar renovado para um universo há muito desvendado pelo compositor. São canções que surgem do confinamento vivenciado pelo artista para percorrer ruas, vivenciar histórias e detalhar sensações.
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KENYA MACEDO - CAMINHOS
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Com uma distinta fusão de batuques de tambores entrelaçados ao seu potente timbre vocal, Kennya Macedo apresenta seu EP de estreia, "Caminhos", marcando o início de sua nova fase artística. Esse álbum afrofuturista, que mergulha nas influências sonoras da artista e é produzido por Eron Guarnieri e Paulo Bira, agora foi lançado em várias plataformas musicais.
Macedo explicou, "O álbum adota uma perspectiva afrofuturista, reconhecendo que tudo tem origem na música negra, ao mesmo tempo que se entrelaça com sintetizadores e tons eletrônicos."
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"Caminhos" serve como uma representação da essência da artista. Tendo percorrido diversos projetos como vocalista e backing vocal ao longo de seus 30 anos de trajetória musical, Kennya Macedo agora embarca em sua primeira empreitada solo. Como uma homenagem às suas raízes ancestrais, ela mergulha profundamente em sua herança e revela neste álbum uma exploração musical extensiva e influência sonora.
Macedo conclui, "O título deste EP, 'Caminhos', denota a convergência de sonoridades que me conectam tanto às minhas raízes quanto ao ambiente urbano. Ao mesmo tempo, ele emana uma sensação de naturalidade e sincretismo, assim como paganismo convivendo com uma fé profunda, explorando, assim, a dualidade da complexidade humana."
XAXADO NOVO - XAXADO BEAT
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Com uma década de trajetória, três álbuns lançados e diversos prêmios, a banda Xaxado Novo se renova em seu mais recente trabalho de estúdio, "Xaxado Beat". O grupo preserva suas raízes no forró, porém, introduz uma abordagem inovadora ao incorporar elementos eletrônicos em ritmos como baião e xote.
O álbum de oito faixas celebra a liberdade, a festividade e os bailes, abordando questões sociais com um viés crítico, mantendo a leveza e o romantismo. "Xaxado Beat" é recomendado para aqueles que apreciam artistas como BaianaSystem, Nação Zumbi, Gilberto Gil, Mariana Aydar e Braza. Uma das mudanças notáveis é a nova formação da banda, composta por Vanille Goovaerts (rabeca), Davi Freitas (vocais e triângulo), Bruno Duarte (zabumba, percussão e SPD-S), Eliezer Tristão (sousafone) e Ricardo Barros (guitarra).
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A estética visual do grupo, complementando o caráter pop que desejam expressar nessa fase da carreira, se aproxima da estética urbana paulistana. Entre as participações especiais, destaca-se Samuel Samuca, vocalista da banda Samuca e a Selva, na faixa "Flor de Caliandra", e Adiel Luna na música "Xenhenhem". A canção "Forró Estalado" conta com a colaboração de Tanaka do Pife e Anná, que também participa em "Canto do Norte".
Lançado pelo selo Relva Music Label e Ingroove, o projeto busca trazer uma abordagem mais contemporânea ao forró, atraindo um público mais amplo, além dos tradicionais entusiastas do gênero.
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selektakoletiva · 2 years ago
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MAPIANU Nº3
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Salve, my selektas. Dando o pontapé inicial de +1 semana de trampos y corres, e vamos aqui prestando contas, já que aqui se tornou na real como uma espécie de depósito do underground e nossos batuques... Se quiser acompanhar nossos quadros e tudo mais em tempo real, sem esse delay todo, siga nosso instagram (@selektakoletiva). Em breve ajeitaremos essa problemática, mas como é um corre independente, tem dessas coisas..... mas bora de MAPIANU, e aquilo que temos de melhor na nossa arte popular, o samba! Pra levantar a poeira, o astral e começar a semana nu12... e se liga que nesse MAPIANU foi só majestade do samba. Muita coisa boa sendo lançada, muitos artistas novos... Com calma iremos atualizando - o mais rápido possível & na medida do cabível - os quadros e disponibilizando os links. Valeu grandão, e uma ótima semana abençoada de muito axé pa todos nós. Vamo que Bora!
MARTINHO DA VILA - NEGRA ÓPERA
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Negra ópera" – o álbum que Martinho da Vila lançou em maio, véspera do Dia da Abolição da Escravatura – ressignifica e reestabelece a importância das pautas sociais dentro da cultura do samba, deixando ainda mais em evidência a importância de Martinho para música preta e brasileira. O álbum é uma espécie diálogo musicado, uma trilha de complemento ao livro "Ópera Negra", do próprio Martinho, em que narra os milhares e centenários problemas sociais do Brasil a partir de um ex-presidiário é reintegrado a sociedade racista brasileira, e com isso vem os dramas e lamas de um jovem negro, com a lili recém cantada, sobrevivente do sistema carcerário. Não a toa, em tom meio trágico, inicia o disco com uma orquestração dramática, como uma espécie de prólogo a continuação de mais um ato. Em seguida, inicia o batuque de forma cadenciada, com o samba enredo "Heróis da Liberdade" - originalmente defendida por Wander Pires, em 1969, pelo Império Serrano - composto por Silas de Oliveira e Mano Délcio da Viola. A música é uma associação direta ao livro, explicitando que tudo no Brasil, afinal de contas, envolve sim raça.
O disco segue com Timbó (Ramon Russo), em participação com Will Kevin, trazendo um toque mais pop. Música mais que necessária, retratando a a relação Brasil e o continente africano, exaltando o povo do Marajó e seus ancestrais, guerreiros e encantados do Norte, que certamente influenciam muito na etnicidade do resto do Brasil. Logo em seguida, marca ponto pra "Exu das Sete", com participação de Preto Ferreira.
O disco conta ainda com duas canções do mestre Zé Ketti, também com cunhos sociais. "Malvadeza Durão", traz a voz de Mar'tnália e o piano de Maíra Freitas, já "Acender as velas", ganha destaque especialmente no final da gravação, quando a voz de Chico César esmiúça estar indignado com tanta injustiça, lembrando um pouco aquela do sabota. Essa mesma indignação ressoa nos contundentes acordes do violão de Claudio Jorge no final apoteótico, onde Martinho e Chico realizam uma jam session de samba, honrando a pioneira militância de Zé Kétti.
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Dentro deste universo trágico e popular, a narrativa de "Negra ópera" segue em clima de denúncia, desabafo e diálogo com o povo brasileiro.
Para além dos povos originários e brasileiros do norte, que também é tratada em "Diacuí", canção que traz a morte de uma índigena no parto. O disco segue a lógica da ópera e apresenta algumas dramaticidades da Zona Rural no samba chulado "A Serra da Rola Moça", adocicado pela voz de Renato Texeira. Assim é em "Dois de Ouro" em que compôs em homenagem ao samba de roda baiano. O disco, que começa com a dramaticidade épica, citando nome do revolucionário Zumbi, termina da mesma cadência dolente, com "Iracema" de Adoniran, em arranjos de violoncelos tristonhos, Maíra Freitas no piano e a voz rouca de Martinho cantando e recitando a canção. O disco de 12 faixas foi lançado pela Sony Music e para os amantes das bolachas, reza a lenda que logo em breve já terá versão em LP.
NEI LOPES - NEI LOPES 8O EP
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Os 80 anos do compositor e escritor carioca Nei Lopes, celebrados em 9 de maio de 2022, continuam a render homenagens ao longo do ano de 2023. Após o lançamento do livro de poemas "Oitentáculos", em fevereiro do ano passado, Nei Lopes apresenta um novo projeto, "Nei Lopes 80," em 23 de março.
O projeto consiste em um EP com cinco músicas inéditas meticulosamente catalogadas através da pesquisa conduzida por Marcus Fernando, explorando o arquivo de composições de Nei. Esse esforço deu suporte à publicação do livro "Academia de Letras – Nei Lopes, organizado por Fernando e publicado em setembro de 2022.
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O EP, apesar de curto, cumpre bem a missão de homenagear este grande bamba da nossa cultura. Com cadência e lírica de afiadas como sempre, Nei desenvolve, entre partido alto e sincopadas, cinco faixas com arranjos impecáveis. Em "Nei Lopes 80", destaca-se "Sessenta e tal," uma colaboração de samba entre Nei e o compositor carioca Wilson Moreira, que é um dos parceiros mais importantes na carreira musical do artista e que esse ano completa 5 anos de sua passagem pro Orum.
MARÍLIA TRINDADE BARBOZA E CONVIDADOS - OUTRA FACE
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Marília Trindade Barboza, além de gestora pública e biógrafa de renomados nomes do samba, destaca-se por suas parcerias musicais marcantes. Junto a bambas de altíssima patente do samba como Carlos Cachaça, Nelson Cavaquinho e Nelson Sargento, entre outros, ela revela sua faceta de compositora no EP "Outra Face". Este projeto mergulha em sua relação próxima com os sambistas, refletindo em melodias sensíveis e cativantes. Sua ligação com Argemiro Patrocínio durante a documentação do livro sobre Paulo da Portela, gerou "Não Vou Sofrer", lindo samba na qual o mestre incumbiu Marilia de versar a segunda estrofe, e é ela que abre o disco com interpretação de Pedro Miranda. Em seguida "Caminhando", na voz de Marcos Sacramento. Um resgate a memória e cavaquinho de Nelson, num (inicialmente) choro cadenciado, letrado por Marília. Já "Restos Mortais", faixa da metade do EP, vem de sua afinidade com Carlos Cachaça, que sempre desejou lançar um livro de poemas. Nessas trocas lírica, conheceu a música e resolveu adicionar ao repertório, que vai muito bem na voz de Pedro Paulo Malta. Com Arthur de Oliveira Filho, seu professor da academia das letras e do samba, nasceu "Não Se Usa Mais", que traz o clima de gafieira gostoso na voz de Nina Wirtti. Completando o projeto de forma refinada, Áurea Martins interpreta “A Gente Esquece” é como uma carta em forma de samba. Uma resposta ao samba "Acontece", de seu grande camarada Cartola, a qual fez sua biografia e era visita assídua do Zicartola.
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Nessa jornada de criação, Marília Trindade Barboza demonstra profunda conexão com o universo do samba e seus protagonistas. Suas composições, fruto de parcerias baseadas em histórias pessoais, traduzem a diversidade e a riqueza desse gênero musical brasileiro. Com uma equipe talentosa, ela compartilha suas criações, celebrando sua paixão pelo choro e por preservar a essência do samba, proporcionando uma contribuição duradoura e multifacetada à cultura musical do Brasil. Muito além da memória a mestra poetisa que é Marilia Trindade Barboza, e dos bambas com quem fez amizade e teve suas glórias e histórias. É um registro que marca o link de temporalidade, retificando que o samba é algo atemporal. Cada intérprete (vide foto) à sua maneira, fazem o samba pulsar com suas performances, selado à um time de músicos de puro luxo. São eles: Kiko Horta (acordeom), Luis Barcelos (bandolim), Thiago da Serrinha (cavaquinho e percussão), Fabiano Segalote (trombone), Eduardo Neves (sax e flauta) e Júlio Florindo (baixo elétrico). Além do grande Luís Filipe Lima, que produziu e arranjou o disco todo, e assina também seu belo violão de 7 cordas no EP.
XANDE DE PILARES - XANDE CANTA CAETANO
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Malandro lá de Pilares, passou por Cascadura, Madureira, pagodeou no Cacique. Malandro que recusa apresentações, Xande de Pilares andava sumido. Mas não foi à toa... essa paradinha nas composições, seja pro Salgueiro ou com outros parceiros, foi em prol de um bem maior pra música brasileira. E se tu tá de toca vamo dá o papo: Agosto rolou o lançamento do disco novo do Xande.
Com um título autoexplicativo, o álbum "Xande canta Caetano" foi lançado três dias antes do 81º aniversário do tropicalista.
O repertório reúne dez músicas de autoria do compositor baiano, incluindo "Muito romântico", que abre o disco, o sucesso "Tigresa", Alegria, Alegria", "Trilhos Urbanos", e a linda versão de "Gente", que finaliza o disco com puro axé. Tanto que fez nosso querido Caetano se emocionar durante as gravações, durante a pandemia.
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Pretinho da Serrinha é responsável pelos arranjos e produção musical do álbum, gravado com a contribuição de monstros da música brasileira como Carlinhos Sete Cordas (violão de seis e sete cordas de nylon), Dirceu Leite (flauta), Guto Wirtti (baixo), Pedro Baby (violão) e Rogério Caetano (violão de aço de sete cordas), além do próprio Pretinho da Serrinha comendo tudo na percussão e trazendo as nuances necessárias pro disco, entre latinidades e batuquejes. Hamilton de Holanda, única participação do álbum, vem pra ser a cereja do bolo, mandando aquele salve de respeito, chorando pelos dedos em seu bandolim, na faixa "Qualquer Coisa".
O álbum tem o aval de Caetano Veloso, admirador de Xande, no qual trocam ideias e momentos musicais, além da admiração pessoal.
O disco foi lançado na parceria da gravadora de Xande, a Gold Records, veterana do samba e pagode, com a de Caetano, a Uns Produções, que é de sua esposa e agente Paula Lavigne.
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selektakoletiva · 2 years ago
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MAPIANU Nº2
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Entre drills, traps e boombaps de fina estirpe, soltamo mais uma edição de MAPIANU com os lançamento do ano.
CHELSEA REJECT - BUBBLE GIRL
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Terceiro álbum de estúdio deste jovem talento de Nova York, berço de grandes nomes do Hip-Hop. Aqui nesse trabalho, segue o bom trato nas linhas e na escolha dos beats, que imergem em um universo própria da rapper.
Transitando entre o boombap, trap e beats mais experimentais do que o costumeiro, Chelsea deslancha entre uma das emcees mais embaçada, quando o quesito é flow e barras. E o híbrido repertório sem perder a postura só vem pra confirmar isso. 'Bubble Grl' tem 10 faixas e conta com a participação de CJ Fly, Anthony King, T'Nah & LIFEOFTOM.
BIG BLLAKK - ERREJOTACULTDRILL, VOL. 2
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Se formos falar de Drill no Brasil, temos obviamente que citar nome do rapper carioca Big Bllakk, uma das grandes referências nacionais. Mas nem tudo são flores, muito menos pra quem vem de baixo, e para que Bllakk chegasse até aqui, um longo e trabalhoso caminho teve de ser percorrido. Depois de singles com certo estrondo na mídia e feats com SD9 e produções de Apoena, foi com Derxan, em uma parceria digna de Romario e Edmundo para o Brasil Grime Shows, que as a melhoria começou a piar. Foi também com o mano Derxan que soltou sua primeira mixtape, 'Músicas Para Fumar Balão', lançada pela Pineapple Storm Records. Big Bllakk solta agora a versão 2.0 do EP 'Errejotacultdrill', que já tinha enxamiado a cena, em agosto de 2021. Com flow mais afiado e a dicção em dia, Bllakk retrata as noites e rondas pela 'cidade purgatório da beleza e do caos.'
O Extend-Play de 7 faixas e +1 bônus, com participações cirúrgicas de Juyè, LEALL, Sant e MG CDD. Já os beats, que trazem também um pouco a atmosfera da orla carioca, com sambas e bossas sampleadas e contrastando com as letras de Big. Os instrumentais são assinados em sua maioria por $amuka, que em collabs com produtores do calibre de Ávila No Beat, Erick Di, Nansy Silvvz, Babidi e Pedro Apoema, fazem o disco crescer ainda mais. Mais um bom lançamento do MC carioca, e mais uma da família Rock Danger!
KURT SUTIL - ME PERGUNTA COMO FOI MEU DIA
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"Pergunta Como Foi Meu Dia" é o terceiro disco do manaura Kurt Sutil, um dos artistas mais criativos da nova safra de rappers, se destacando no underground brasileiro, sobretudo nortista. Carlos Wendel, vulgo Kurt Sutil, 22, é um cidadão que como qualquer um tem suas ascenções e crises, mas como é sabido, as condições de raça, classe e geografia atravessam o globo. E no Brasil, terceiro mundo, não seria diferente. No álbum - o artista que se inspirou em Kurt Wagner, o Noturno dos filmes X-Men - desenha bem em linhas e flows agressivos as dificuldades de um jovem afro-índigena. Com 11 faixas, o terceiro disco do rapper não trata só de questão de raça e das mazelas do povo do norte, mas também de amores, relacionamentos, exaltando também a sua área, e os seus, consequentemente. Entre boombaps e traps, "Pergunta Como Foi Meu Dia" conta com participações pontuais de Keys Carvalho, Greeg Slim, Will o índio, Ligeirinho AM, Andreww e os camaradas Bêonin, Bukana e DaPortela em duas faixas cada. Beats de JXX$, RVL$, Vittor Clover, Wander Reiss e a parceria de Rob & Dotghostit. O seu faixa Custic também assina 4 faixas no disco, além do mago do norte VXamã Goldfingah. Abençoado por tupã, Kurt segue... de Tapuá pro mundo!
PUMAPJL (FT. SONOTWS) - AUTODOMÍNIO
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Mais um trampo da dupla do Febre90's, um dos grandes destaques da cena do Hip-Hop Brasileiro. Puma já se garante por demais, com Sono na retaguarda lançando as pedras, aí já é certeza de qualidade....
Com todos os instrumentais assinados pelo paulista de Jundiaí, o carioca do morro da Mangueira traz um flow de malandro posturado, como de praxe, tratando das vivências pós-sucessada do seu último trabalho, também com TWS, "Naturalidade EP".
O disco, apesar de curto, é objetivo. Se antes, em Naturalidade, pumapjl rimava sobre os balões no morro, e história de sua infância, personagens de sua vida e afins, hoje ele põe no papel as vivências de autocontrole e autodomínio nessa nova fase da sua vida artística e pessoal, com perspectivas totalmente diferentes de quando surgiu na cena. E segue contrariando estatísticas nessas 7 faixas, conseguindo dialogar com seu trabalho anterior, sem cansar flow ou lírica, e ainda estourar com um som não habitual entre o mainstream, sujo e mais orgânico, cheio de picotadas de jazz, música brasileira e batidas crocantes. Aliás, a drumkit do tio Sono, é brincadeira....
É isso, espero que tenham curtido. Até uma próxima!
Kelafé!
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selektakoletiva · 2 years ago
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M3LHORD3TR3S #1 - 3 ARTISTAS/DISCOS SUBESTIMADOS DO HIP-HOP
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Salve, my selektas. A data de hoje é especial.
Em agosto de 1973, no Bronx, DJ Kool Herc reuniu a galera para uma festa de volta às aulas, mas o que ele não sabia era que ali, naquela Avenida Sedgwick, 1520, estava sendo semeada a raiz do movimento Hip Hop. Os elementos fundamentais – Breaking, DJ, Graffiti e MC – já se mostravam presentes e vivos, deixando assim o seu legado nesse meio século de movimento.
Não precisamos falar da importância social e racial do Hip-Hop, muito menos fundamentar aqui os grandes artistas de pavimentaram a cena, desde Avenida Sedgwick nº1520, NY, à estação São Bento em SP. Quem é sabe.
Enfim, o quadro novo, autoexplicativo...
Poderíamos trazer discos ali das raízes do Hip-Hop e sua evolução. Mas resolvemos trazer o alguns artistas e discos subestimados que não ganharam a notoriedade de outros nomes já bem destacado na cena.
SAAFIR - BOXCAR SESSIONS [1994]
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Esse primeiro, de cara, já trata-se de uma obra-prima esquecida do hip-hop. O álbum é bem produzido, com letras complexas e uma presença poderosa do espírito das ruas.
Nascido Reggie Gibson, Saafir era produto do renascimento do hip-hop underground da área da Baía, dos anos 90 até meados dos anos 90. Ele surgiu no coletivo Digital Underground, se ligando ao grupo através de seu primo, e teve destaque no terceiro álbum do grupo, muito criticado, mas totalmente ignorado, The Body-Hat Syndrome (1993), seguido por uma participação no álbum "Fear Itself" de Casual no início de 1994. Durante esse tempo, se tornou dançarino do D.U. Morou com o 2Pac por alguns anos antes de os dois brigarem por razões em grande parte não divulgadas.
Nascido Reggie Gibson, faria aniversário dia 23 deste mês de agosto, também é membro do grupo de rap "Golden State Project" (anteriormente conhecido como Golden State Warriors), juntamente com Ras Kass e Xzibit.
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"Boxcar Sessions" é a estreia do rapper californiano. E como soldado de rua certificado que era, tinha sua própria tropa, a Hobo Junction, que pegou o nome da música "Hobo Ho" de Charles Mingus. A Junction era um coletivo de MCs e produtores de todo o país que moravam na Bay Area (Área da Baía, Oakland) - J Groove, J.Z., Rational, Big Nose e Poke Martian. Nenhum com carreira musical, antes do lançamento do disco.
A composição musical das Boxcar Sessions é tão complexa quanto a entrega de Saafir. O álbum foi produzido por J Groove e Jay-Z. Não, não é o Sir Carter, mas sim seu DJ, Jeremy Jackson. Foi ele quem introduziu as paisagens sonoras densas e uma mistura de samples cacofônicos de jazz, batendo certinho o fim do loop com as batidas. Em outros, quase que um Drumless, com kicks e snares baixos. As nuances são muitas, e Saafir soa mais preciso conforme as faixas vão passando, ficam mais selvagens e agressivas, extraindo o melhor dos dois mundos. E pega-lhe no flow. Um amasso.
Assim como a vida nas ruas, empoderamento e militância, o rapper de Oakland também trata do amor e suas redes de conexões e relacionamentos, sobre amor próprio e independência emocional.
Saafir também desfruta de momentos de serenidade em "Boxcar Sessions". Um dos pontos altos do disco, vale destacar, é em "Can-U-Feel-Me?", com o MC narrando suas tentativas ecnontrar calma e equilíbrio enquanto dirige pelas avenidas da Área da Baía, tudo sobre um delicado loop de piano e guitarra, sample de "I Love the Girl" de Donald Byrd.
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Mas como segue o protocolo das ruas, Saafir diz não ser diferente pela Bay Area, pois não tinha muito tempo para isso e tratar de temas delicados, pois como relata nas letras, a vigilância era direta, ligado e alerta nos perigos que a cidade poderia apresentar em momentos de vulnerabilidade.
Saafir também mostra as habilidades de sua equipe ao longo das Boxcar Sessions. Muitos membros da Hobo Junction têm suas próprias interlúdios/mini-músicas, sendo os mais notáveis Rashinel e Poke Martian. Vários OGs da Bay Area também emprestam suas vozes ao projeto, incluindo o lendário grafiteiro Mike Dream, o famoso DJ e futuro líder de gravadora independente Beni B, e os afiliados do Digital Underground, Sleuth Pro e Pee Wee.
O álbum contém 19 faixas e foi lançado pela QWest Records. O debut e melhor disco do rapper, estimulante mentalmente e provocante, acabou virando uma espécie de tesouro perdido por sua experiência auditiva única. Saafir ainda gravou mais três discos, sendo um no pseudônimo de Mr. No No No. Hoje, infelizmente, após um incidente em um vôo, não atua mais na música diretamente, mas no empoderamento de jovens e adultos para com consciência social e racial nos bairros de Oakland.
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GANGSTA PAT - DEADLY VERSES [1995]
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Segundo da lista, este é um caso de espécie não muito rara.
Uma onda invade uma nova geração, e uma toda cena ferve e estoura. Alguns colhem os louros, outros não tem tanta sorte. E isso é independente de talento, acontece no mundo todo, e em todos os gêneros.
Gangsta Pat é algo similar, mas antes conseguiu sentir o gosto da fama e notoriedade, assim como os respeitos dos colegas de ofício. Além de conseguir virar o jogo a seu favor.
Patrick Alexander Hall, vulgo Pat, tem mais em comum com 8Ball & MJG e Three Six Mafia do que apenas serem da mesma cidade. Ele se destaca como um dos poucos artistas de rap de Memphis que assinaram um contrato com uma grande gravadora durante os anos 90. Enquanto seus colegas alcançaram sucesso no mainstream, Gangsta Pat permaneceu uma lenda underground. A vantagem disso é que ele conseguiu manter suas raízes hardcore após deixar a Atlantic, sem a pressão de criar hits de rádio em seus álbuns. Essa autenticidade parece ter atraído mais fãs após seu desligamento da Atlantic.
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Entre seus lançamentos desde 1991, "Deadly Verses" se destaca como o mais reconhecido e popular. Embora críticas anteriores tenham acusado Pat de imitar o gangsta rap da Costa Oeste, esse álbum é uma expressão verdadeira de suas raízes em Memphis. Na verdade, é o início de uma nova vertente. O sub-gênero do sub-gênero. Subcultura do underground. O Horrorcore ou Hardcore Rap, é um gênero muito ali pela virada do século pro início da década, com Necro e outros que trouxeram o jogo para um outro patamar, com instrumentais de boombap mais sujos e experimentais, influências do rock e afins. Mas foi Gangsta Pat que iniciou essa caminhada, em 1995, com letras cruentas no lançamento do single " Deadly Verses", que também dá nome ao disco.
Com apenas 10 faixas, o "Deadly Verses" marca seu quarto trabalho em estúdio, lançado pela Power Entertainment e conta com participações de Tha Villain e Psycho.
Oferece uma experiência curta, porém duradoura. Pat assumiu a produção inteira do álbum, que não é complexa ou inovadora, mas sim uma continuação da sonoridade ameaçadora popularizada pelo Three Six Mafia. Pat inicia o álbum com single homônimo do disco, incorporando samples de pianos do filme "Halloween" e uma linha de baixo funky para criar seu som característico. Suas letras são o foco, e ele as entrega com a mesma velocidade e energia de seus contemporâneos de Memphis na época.
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A habilidade de Gangsta Pat em rimar rápido, o vulgo speedflow, é evidente em faixas como "Deadly Verses" e "I Wanna Smoke", onde sua velocidade, controle de respiração e energia transformam letras simples em super-faixas.
Em resumo, Gangsta Pat mantém uma base de fãs fiel no cenário underground do rap hardcore e inspiro uma série de artistas ao longo desses quase 30 anos do disco. Fãs do mainstream podem não encontrar muito além de uma ou duas faixas que valham a pena, afinal, suas letras explícitas e cheio de ódio, afastam rádios e muito do que o setor fonográfico pode te oferecer, mas no fim, também explica por que Gangsta Pat nunca alcançou a mesma notoriedade de seus colegas de Memphis. Pat ainda lançou mais oito discos, somando 12 registros (discos, eps e lives) e segue em atividade a milhão pelo underground dos EUA. A fórmula pode não produzir álbuns estrelares, mas certamente é um dos clássicos do gangsta rap e percursor do Horrorcore rap.
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EDAN - BEAUTY AND THE BEAT [2005]
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Agora chegamos no final da lista e também, talvez, o mais diferenciados dos discos da lista. A grande viagem psicodélica dos beats experimentais de Edan.
"Beauty And The Beat" é uma verdadeira obra de arte única. Ela te escora com criatividade, imaginação e intelecto de uma forma que poucos álbuns fizeram antes ou depois. Como muitos dos melhores tipos de álbuns, ele honra suas influências enquanto continua a ser inovador. É eclético sem ser previsível. E 18 anos após o seu lançamento, ainda é algo extremamente satisfatório ouvir e falar sobre.
Pra começar, se você ainda não conhece Edan - que para além de o cara ser um despintado do underground, ninguém é obrigado, certo... - vamos à uma pequena introdução. Primeiro comecemos com um recorte importante; Crescido em Rockville, Maryland, Edan é Judeu e filho de israelenses. Edan é uma pessoa branca nos EUA, que viveu sua vida toda em condições de privilégio, nada novo mas também não usual para a época, que já contava com alguns grupos e artistas brancos e/ou de classe média. O que nunca foi questão, já que o talento e criatividade fazem o artista, é verdade. Mas é verdade também que antes disso, existem micro-recortes que na dimensão de quem não tem os acessos e tais privilégios, se torna macro. A estética, as letras e sonoridades da cultura refletem puramente isso, seja de forma mais militante, rataria ou consciência mais esotérica. Logo, pro Hip-Hop, de vez em sempre "mais um branquinho fazendo rap" é visto com certa desconfiança. Dito isso, o que na verdade pode parecer óbvio mas é algo interpretativo, vamos aos fatos e pitacos...
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Começando do início, se quer ter uma experiência mais satisfatória da audição de "Beauty And The Beat", lhe aconselhamos a reproduzir o disco de cabo a rabo, do início ao fim, sem interrupções. O fone é outra coisa que potencializa de forma absurda. O álbum tem muito valor de replay, porque mesmo com apenas 34 minutos de duração, parece um grande limbo, trajeto cheio de personagens e texturas mil.
Há quem diga que é um disco superestimado, outros que "Beauty And The Beat" é um dos melhores álbuns do século 21. Edan Portnoy consegue levar sua música para o próximo nível em termos de abrangência e ambição. É como se algum cientista maluco cruzasse uma fita cassete pirata do Cold Crush Brothers com Band Of Gypsy do Hendrix, ou uma collab de Lord Finesse com "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band". Nas produções, ouve-se também colagens de rádios e novelas, além de falas de filmes B de Hollywood.
E Edan continua a operar como uma ameaça tripla; rimando, produzindo e fazendo scratches para o álbum. Percebe-se no entanto sua maior evolução quando o assunto é rimar ou ou produzir. Em seu álbum de estreia, "Primitive Plus" (2002), ele canalizou o espírito do hip-hop do final dos anos 80 e início dos anos 90 em um incrível LP de 18 faixas. Mas, como ele mesmo admitiu, ele ainda era um "menino".
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No sucessor do debut, Portnoy traz referências reverente ao hip-hop da golden era e à psicodelia dos anos 60 e 70. No entanto, enquanto honra o passado, traz elementos e efeitos do futurismo na estética sonora, que faz sentido aos ouvidos até hoje.
O rapper de Rocksville faz uso de contrastes em estilos, tanto liricamente quanto musicalmente. Em "Making Planets", um dos pontos altos do disco, traz a conhecida batalha entre reinos do bem e do mal, já que Edan flui primeiro sobre uma faixa serena e suave, refletindo sobre a criação tanto da vida quanto da música, cantando: "A música é rap, minha cor favorita é matemática / O plano de ataque é abençoar um planeta com cera". Depois, após uma mudança de batida que parece um balanço tectônica, o MC de Boston, Mr. Lif, retorna de seu local de férias em Salem's Lot para dar um passeio no inferno. Ele descreve um cenário infernal de dor, desespero e condenação, pronto para dispersar "Dor, que você não pode explicar, paisagens de chamas / Molduras de inabitáveis são esmagadas nos minerais".
Edan se une ao também morador de Boston, Dagha, em "Rock & Roll", uma jam encharcada de influências do rock dos anos 60. Os dois rimam sobre grooves de guitarra e solos distorcidos, com Dagha moldando a batida a seu gosto. Edan transforma seu verso em uma lista inteligente de roqueiros proeminentes dos anos 60 e 70, de maneira semelhante a GZA em "Labels", fazendo referências inteligentes a artistas como The Doors, Jethro Tull, King Crimson e Blue Oyster Cult. Influências fortíssimas aqui.
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"Beauty" exibe um surrealismo puro do hip-hop e aparentemente é uma sequência de "Murder Mystery". A própria música é uma reinterpretação de "Rap Beautician", da compilação "Home - Boston Underground Hip Hop" (2001), onde começa com letras e cadência semelhantes, mas logo parte para o mundo louco de Edan. O segundo verso da música é uma obra de arte, evocando imagens de Salvador Dali, Pablo Picasso ou Frida Kahlo. Edan apresenta uma narrativa distorcida com museus bizarros, ladrões e cachorros alados. Ele canta: "Maletas abrem para expor partituras / O ladrão ouve a peça tocada e chora com ela / O mestre violinista toca o solo com uma mão / As notas na página se transformam em formigas que correm freneticamente".
No fim das contas, Edan conseguiu driblar alguns fatores negativos na sua visão, e com muita ciência e competência, foi visionário na cena independente e alternativa dos EUA, furando a bolha para com outros gêneros e países. Trouxe seus amigos de Boston, cedeu espaços e segue firme disseminando sua arte. Edan ainda lançou mais uma mixtape e um álbum em collab com Homeboy Sandman. Hoje atua como produtor e DJ, como bom audiófilo. Já "Beauty and The Beat", virou clássico indiscutível; traz os fundamentos do underground de MF Doom, a abstrato de Madlib e o experimentalismo de Madlib, fincado num grande mosaico de pinturas psicodélicas com aquele salve futurista na gravina. Discaço-aço!
é isso moçada, espero que tenha curtido! um grande salve ao Hip-Hop!!
Até a próxima...
kelafé!!
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selektakoletiva · 2 years ago
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Fala Selektas!
Hoje marcam 15 anos sem Isaac Hayes, um dos maiores nomes da Soul Music. E é nesse andor que caminhamos por aqui, relembrando este grande clássico, talvez um dos mais ambiciosos projetos e o álbum mais experimental.
Existem outros na discografia, que poderíamos destacar nessa transição para o soul místico que fez de 1969 até meados da década de 70, mas este aqui talvez represente o auge de suas ideias em arranjos e estética, que flertam com tópicos como futurismo, amor, religião e empoderamento. Embora este seja o terceiro álbum de Isaac, ele já era uma figura constante na cena de R&B de Memphis - principalmente pelos camaradas de gravadora, Stax - onde suas múltiplas habilidades incluíam instrumentista, arranjador e compositor de algumas das mais amadas músicas soul dos anos 60. Junto com seu colaborador principal, David Porter, Hayes foi responsável por mais de 200 músicas - incluindo sucessos marcantes como "Soul Man" e "I Had A Dream".
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Lançado em 1970, "The Isaac Hayes Movement" inclui quatro faixas estendidas com improvisos, solos e arranjos luxuosos, abrangendo um repertório eclético como "Something" de George Harrison até "I Stand Accused" de Jerry Butler. Essas primeiras gravações de Hayes destacam de forma enfática suas habilidades inabaláveis como arranjador, conforme ele coloca temas que são familiares ao ouvinte, em texturas e sobretudo perspectivas novas, de forma original.
Por exemplo, seu longo diálogo que antecede "I Stand Accused" é marcante a forma como descreve coisas que por muitos talvez se podassem por questões de medo ou moralismo. A orquestração lírica de Hayes reinventa completamente a estrutura de "Something", incluindo várias seções instrumentais extremamente lombrados, contando com contribuições expressivas de John Blair (violino). Tanto "I Just Don't Know What to Do With Myself" quanto a comparativamente curta (com menos de seis minutos) "One Big Unhappy Family" são baladas arranjadas de maneira mais tradicional, porém no padrão Isaac de qualité. Hayes incorpora novamente seções de cordas e metais de forma equilibrada para aprimorar o ritmo suave, proporcionando contrastes interessantíssimos.
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Por fim, o sucessor de "Hot Buttered Soul", pode ser considerado umas das experiências mais francas de Isaac, que não a toa, mesmo totalmente foras dos padrões fonográficos, usando orquestrações junto a instrumentos elétricos, com músicas pra mais de 5 minutos, foi sucesso de vendas e crítica. Apesar de pouco falado hoje, The Isaac Hayes Movement conseguiu transcender sua época e deixar legado que vão da criatividade harmônica a técnica vocal e lírica. Talvez o último disco com o espírito da psicodelia mais aflorada, antes da persona incorporada em "Black Moses of Soul", responsável pelo funk agressivo e direto de álbuns como "Shaft" (1971) e "Truck Turner" (1974). Mas aí é papinho pra outro dia... SALVE ISAAC, NOSSO MYSTIC SOUL MAN!
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selektakoletiva · 2 years ago
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MAPIANU Nº1
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Salve, my selektas! Em meio a essa avalanche de boas estreias e excelentes discos, introduzimos a vocês mais um quadro novo aqui no brog! Se fosse no continente africano, certamente o engajamento seria outro, pr'outro sentido, do artista. Mas estamos no Brasil e a parada é mermo mapear. Mapear os sons de las calles. Por isso o Selekta vai em direção ao que é nosso, apenas aprimorando a fonética. MAPIANU vem justamente pra trazer um arremate das boas novas do mundo da cultura de rua, do groove underground, e gêneros y temperos da 'África Latina' e adjacências. Velha -guarda da nossa arte popular, ou daquela nova safra de artistas independentes... estamos aí pa meter tese e curtir liga. E pegando embalo desse mês que passou, começamos com 4 lançamentos julinos aí pra vocês conferirem. Bora!
SAIN - KTT ZOO
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Com a ginga de um bom malandro, o rapper carioca faz uma manifestação auditiva de pinturas que retratam os becos e vielas do bairro do Catete e os personagens que habitam e transitam. Nesse cenário, Stephan harmoniza suas poesias sobre samples e batidas inspiradas nos boombap dos anos 90, tudo isso incorporado à estética dos morros, subúrbios e a malandragem do centro do Rio de Janeiro. Sain traz a vivência das ruas em líricas afiadas e maduras. E como o mesmo diz, faz beat rima e a porra toda... com auxílio luxuoso de Luna, melhorou! Mais um disco na lista dos álbuns do ano pra família Peixoto!
P.L.K. & CESRV - O MUNDO É SEU NEGUIN
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Esse aqui é um dos nomes do ano e da temporada. Em menos de um anos, conseguiu emplacar 3 grandes registros. Mas isso é assunto pra outro momento, aqui a pauta é "O Mundo é Seu Neguin", disco em parceria com carniceiro CESRV, moendo e triturando a mente com beats de drill apimentadíssimos. Usando samples e referências de grande clássicos da cultura Hip-Hop como "World Is Yours" e "NY Stato of Mind", do icônico 'Illmatic' do Nas, a dupla segue lançado sons afrente do tempo, procedendo o selo Tracksuit Mafia Brasil de qualidade!
AKIRA X BARBA NEGRA - AS INCRÍVEIS HISTÓRIAS DE: UNDERGROUND SUPERHERO VS O TERRÍVEL LADRÃO DE LOOPS
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Somando mais 15 anos de carreira pelo menos, cada um, bagagem é o que não falta aqui. Mas a parada com esses dois sempre vai além, e aqui não foi diferente; Drumless.
Aqui Ralph, Aka Barba Negra, a lenda viva do Vale, solta bombas y más bombas... Loops de picotadas cirúrgicas de músicas que vão de jazz à boleros, passando por músicas de câmara, soul e claro, música brasileira. O garimpo aqui foi gigante pra poder fazer Drumless, que em livre tradução poderia ser algo como "sem bateria". Ou seja, aqui são loops e transições de instrumentais sem o beat, apenas a tese afiada de Akira, que cada vez mais vem mostrando ser um dos grans mestres do boombaps, já que ano passado lançou outros dois incríveis projetos, "Omertà" com CHF e "Boombap Killa" com Mad Gui.
E aqui, com o Terrível Ladrão de Loops, deu bom novamente. Sinistramente bom! Vida longa aos dois, ao rap e ao drumless!
WILLYYNOVA - GODISLOVE
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Mais um disco que traz o Drumless na sua essência, com vários recortes de instrumentais que pegam o que há de mais finesse da cultura afro-estadunidense. Com letras sobre espiritualidade, resiliência e os problemas da vida de jovem artista, com os recortes que a vida lhe dá, indamais sendo preto. Já a estética traz atmosfera moderna e um tanto sombria em alguns momentos em cima de samples que vão do Jazz ao Soul, do Funk ao R&B, despejando linhas e rimas com aquelas pitadas de Gospel que os norte-americanos adoram. Belo disco!
Foi isso, meus selecionado. Espero que tenham gostado.
Kelafé... DáLhe!
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selektakoletiva · 2 years ago
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8 DISCOS DE MULHERES AFRO-LATINAS
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No pique desse 25 de Julho, Dia das Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, lançamos aqui 8 discos de mulheres pretas que representam a latinidade no sumo e na alta, cada um a sua forma, textura e gênio. Algumas pioneiras, outras amargaram do ostracismos, mas todas geniais a sua forma e em seu respectivo tempo.
Poderíamos, claro, chegar com personalidades de cunho mais famoso como uma Elza, Clementina, Dona Ivone, Juçara Marçal, Slipmami ou Gaby Amarantos. Omara Portuondo, Celia Cruz, Princess Nokia, Nick Minaj, Cardi B, Rihanna entre muitas outras mulheres pretas da mais alta patente. Mas aqui também damo espaço as boas novas, e tamo sempre na atividade, tentando espalhar sons dispintados do grande público, seja ele antigas novidades perdidas, ou novos talentos e sonidos... dito isso bora dá-lhe!
SONIA SANTOS [1975]
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Começando com uma das figuras mais injustiçadas da nossa música brasileira.
Em 1975, o cenário musical do samba foi marcado por cantoras de talento notório. Clara Nunes estava na gravadora Odeon, alcançou um sucesso estrondoso com "Claridade", o que motivou a sua antagonista fonográfica Philips a buscar uma voz desconhecida para o samba, trazendo assim Alcione, na época conhecida como "uma cantora maranhense que já se apresentava nas noites cariocas."
Discos Continental com Sonia Lemos em "7 Domingos", e Tapecar disparando com Beth Carvalho em dois discos antagônicos; "Para Seu Governo" e "Pandeiro e Viola". A disputa entre gravadoras era acirradíssima. Paralelamente, a gravadora Som Livre apostou em Sonia Santos, uma cantora carioca que já tinha experiência desde o início da década de 1970 e havia gravado trilhas sonoras de novelas da TV Globo. Foi com a Som Livre que Sonia lançou seu primeiro álbum, "Sonia Santos", produzido por Guto Graça Mello.
No disco homônimo de estreia, Sonia Santos cantou um pouco do nosso Brasil, do choro ao partido alto. Da roda baiana ao samba-canção. Contendo 11 faixas de muito bom gosto, Sonia Santos abre com "Madeira de Lei", sambão de Wilson Medeiros e Lino Roberto, onde assinam mais 3 sambas no disco, que ainda tem composições de Waldir Azevedo, as canetadas em conjunto de Noca da Portela e Mauro Duarte, além de Assis Valente, o sambalanço de Jorge Ben e a parceria de Élton Medeiros e Cristóvão Bastos. Uma das regravações desse álbum inclusive, ganhou um significado premonitório na voz de Sonia. Em "Adeus América" (Geraldo Jacques e Ary Vidal, 1945), Sonia com seu tom elegante e irônico, canta sobre as belezas da nossa terra e a necessidade de voltar. Pois no final dos anos 80 ela acabou migrando para os Estados Unidos por falta de espaço na cena fonográfica brasileira.
Embora Sonia tenha lançado um segundo álbum pela Som Livre, intitulado "Crioula" (1977), com músicas autorais e tudo, ela não alcançou o mesmo destaque no meio do samba, que ainda encontrava uma identidade e passava por processos de descolonização do próprio gênero, trazendo apenas pessoas com a pele mais clara para uma carreira de longevidade maior na indústria fonográfica.
Fiquem com essa pérola, lançada há quase 50 anos e relançada em 2017 em versão remasterizada. A daqui é a do chiado mesmo.
ALIKA MEETS MAD PROFESSOR [2009]
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Isso aqui é aquele clássico instantâneo. Uma das artistas mais influentes do reggae latino, a uruguaia Alika deixa de segunda o habitual reggae roots em que é a base de suas apresentações com seu grupo Nueva Alianza - e se junta ao lendário produtor e engenheiro inglês Mad Professor, alquimista máximo da cultura do reggae music.
Em Alika Meets Mad Professor, lançado em 2009, a chapação fica por conta de batidas mais secas, com baixos graves e loops, delays, echos e reverbs tomando conta do ambiente. Batidas de Ragga, Dancehall e Dub, fazem a frente do disco, que mistura ainda elementos latinos e da cultura Hip-Hop.
O disco é um dos mais bem aclamados pela crítica e público, levando a artista nos tops da billboard de Uruguai e Argentina - país em que foi radicada desde o final de sua infância - além de uma série de shows em tour latina. As 14 músicas (na verdade sete, cada uma tem uma versão adubada) trazem clássicos como "No les des fuerza a Babilonia" - lançada originalmente em 2011 no disco "Razón, Meditación, Acción"- aparecem com nomes alternativos (esta por exemplo virou The Lion Of Judah), mais músicas inéditas em letras sobre resiliência, amor e com teor político como de praxe da rapper e cantora. E por essas e por outras que trazemos aqui para relembrarmos o auge desta guerreira regueira. Importante principalmente em tempos coléricos na nossa América Latina, trazer um pouco de mensagem de amor, consciência e revolução!
CUBAFONIA [2017]
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Herbie Hanncock Já disse, os países mais musicais do mundo são Brasil e Cuba. E aqui, agora, nesse instante só, trazemos uma das artistas mais celebradas dos últimos tempos. Daymé Arocena é uma daquelas artistas atemporais, que assim como muitas no nosso solo sagrado Brasilis, tem em sua voz a força e o poder da natureza. Cantora e compositora, nascida no município de Diez de Octubre, na província de La Habana, a cubana traz consigo um legado musical único. Inspirando-se nas clássicas raízes rítmicas de Cuba, Daymé expande sua música em "Cubafonía" - segundo álbum da cantora e terceiro registro em estúdio na época, antes de lançar Sonocardiogram (2019), que sucede o disco aqui em questão - com outros ritmos e continentes, no qual gastou dois anos viajando numa espécie de intercâmbio cultural.
Apesar de sua crescente carreira internacional, Daymé Arocena mantém firmemente sua dedicação à cultura musical cubana. Neste novo álbum, ela busca fundir diferentes dialetos do país, desde os ritmos enérgicos de Guantánamo até os ritmos cativantes do guaguancó e as baladas dos anos 70. Cantando principalmente em espanhol, Daymé também explora versões em inglês e francês, além de exaltar a cultura iorubana, demonstrando sua habilidade para se conectar com diversos públicos.
Ao longo dos últimos anos, Daymé foi guiada pelo mentor Gilles Peterson, um renomado DJ, locutor, pesquisador, produtor e promotor musical. O disco foi produzido ao lado do artista Dexter Story, com arranjos de cordas de Miguel Atwood-Ferguson, e lançado pela Brownswood Recordings, gravadora de Gilles. "Cubafonía" é uma jornada única pelas raízes e sonoridades contemporâneas de Cuba e a riqueza da música afro-latina e caribenha, com muito mambo, rumba, salsa e otrás cositas más.
CREATURE! [2017]
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Nitty Scott é uma rapper e ativista conhecida por explorar temas de espiritualidade e empoderamento. Afro-Boricua americana, sua música reflete sua identidade afro-diaspórica e suas raízes caribenhas. Seu estilo musical é uma fusão de subgêneros da cultura Hip-Hop com elementos afro-caribenhos, trazendo percussão, flauta e outros instrumentos de tradições latinas e africanas.
O álbum "Creature!" é uma narrativa mágica e de autodescoberta que abraça todas as complexidades da identidade diaspórica de Nitty. Com 13 faixas, o projeto combina sons afro-caribenhos e latinos (inclusive brasileiros) com densos 808s, resultando em uma sonoridade que é uma pisa à parte... Se em seu primeiro disco, The Art Of Chill, Nitty falara sobre sua sexualidade, abusos, depressão e problemas da vida cotidiana, em "Creature!" a porto-riquenha do Bronx celebra suas raízes afrodescendentes e explora a luta por uma identidade descolonizada, apresentando a personagem Negrita, que a leva a um mundo ficcional que representa seu ancestral em tempos pré-colonial. "Creature!" também aborda temas de feminilidade e lutas enfrentadas pelas mulheres pretas de todo o mundo, em específico as que tem um pé ou os dois na cultura latina e sua exotização mundão afora, assim como pretos de pele mais clara são indagados sobre sua 'negrititude'.
OYE MANITA [2018]
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Este disco é uma espécie de ode à arte duma das mulheres mais incríveis do nosso continente, e também as raízes afro-latinas que Totó la Momposina representa, dos fundões de Santa Marta e Bolívar, Colômbia, diretamente da América do Sul, do sol e do sal pro mundo. "Oye Manita" resgata tempos difíceis, mas de muito aprendizado e memórias douradas, onde a jovem colombiana chegara a Paris recém refugiada, em 1979. Sem falar francês, sem dinheiro e sem um lugar pra cair dura. Foi acolhida por uma companhia de teatro no mesmo ano e logo ela estava viajando por toda região da Provença com esse grupo de artistas de mímica, artistas de rua e músicos, juntamente com seus balão de ar quente, ônibus de dois andares, carrossel e cinema móvel. A voz formidável, o carisma e as músicas de Totó foram um sucesso imediato, e a França então se tornou um trampolim para sua carreira.
São 16 canções, trazendo melhor da cúmbia e da música do povo e do folclore colombiano, reunindo músicas de três discos lançados em mais de 40 anos de música e cultura. As faixas são primeiras gravações que Totó fez em Paris na década de 1980 e abrange sua carreira até os dias atuais, incluindo músicas inéditas. É um pacote de alta qualidade com o melhor da boa música.
GUAMAENSE [2019]
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Guamaense, primeiro álbum do duo paraense Guitarrada das Manas, traz uma sequência de músicas instrumentais e experimentais que caminham entre três vertentes: oitentista, música latina e guitarrada paraense. Beá e Renata Beckmann buscaram referências primeiramente nos sons das ruas da periferia de Belém como o brega, tecnomelody, a guitarrada com sonidos de calles amazônidas, como a cumbia, a lambada e o reggaeton. A base está aí na cidade de Belém e seus arredores, ilhas e igarapés. Trazem ainda a vinda dos sintetizadores da década de 80 e a world music, como Daft Punk e New Order dançando num terreirão de sonoridades da Amazônia afro-futurista e cyberpunk. Na visão de Renata, “o álbum é fruto de uma grande viagem que tivemos pensando nos variados tipos de sons que tocam na cidade. Belém é muito musical e os sons se misturam pelos bairros: a guitarrada, o brega marcante, o tecnobrega, tecnofunk se mesclam com pop mundial, entre samples, versões e o autoral”. Isso pode se confirmar passando pelas ruas do Guamá, bairro de onde vem o gentílico que dá nome ao disco, e também uma das maiores periferias do norte do país, e a mais populosa da cidade de Belém. Marcada pelo contraste da violência e ausência policial, com a também crescente efervescência cultural. O resultado é transcendental, dançante e celebra o encontro do ancestral, o periférico e da tecnologia, além de carregar o sotaque nortista e os valores de duas mulheres nortistas fazendo música, algo que sabemos que para além de gênero, raça, a geografia também é um problema eloquente no nosso país.
TROPICALISIMA [2020]
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Alejandra Robles é uma artista nascida e criada em Oaxaca, zona litorânea do México. Conhecida como La Morena, Alejandra é um dos ícones femininos da música e da dança mexicana, representando mulheres negras dentro e fora do contingente mexicano, o que inclui outros imigrantes latinos que tentam a vida em terras saxônicas como cubanos, colombianos e venezuelanos.
Nascida em 1978, Alejandra começou na arte tocando violão e cantando pelos vilarejos de sua cidade quando criança. Quando jovem, estudou canto lírico e atuava em óperas regionais. Hoje é uma cantora, musicista e compositora que se tornou uma voz essencial para a comunidade afrodescendente no México.
Por meio de sua música e ativismo, ela tem ajudado a preservar e promover as únicas tradições culturais da comunidade afro-mexicana, aumentando assim a visibilidade e disseminação da cultura de suas raízes.
Apesar da narrativa dominante, os pretos ainda tem uma presença muito forte e que cria uma identidade com teor cultural e afetiva para os mexicanos. O país também têm uma história e presença forte do extermínio do povo periférico, e por algum motivo que não por acaso coincide muito com os daqui; cor da pele. No México, ainda hoje, muitas pessoas desconhecem a existência dos afro-mexicanos, algo que vemos com afro-índigenas e outros povos originários que foram saqueados, colonizados e miscigenados com outras raças e culturas. Com mais de 20 anos dançando e cantando e 4 discos de estúdio, a afro-mexicana representa mulheres afro-latinas ao redor do globo com sua voz de rara beleza. Seu último lançamento é Tropicalisima, onde explora os ritmos afro-cubanos que eram trilhas dos chamados era de ouro do cinema Mexicano, entre 1936 e 1959. O mambo, a rumba, boleros e chachachás se juntam a gêneros mais contemporâneos como a cúmbia e a salsa, que formam este combo tropicalíssimo, pronto pra refrescar esses dias quentes de fim de semana.
BE SOMEBODY EP [2020]
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Nessa nova década, o reggae jamaicano floresceu com uma nova geração de talentosas mulheres, trazendo uma energia autêntica e rechaçando estereótipos de exotismo. Essa presença feminina no gênero era anteriormente reconhecida apenas nos coros de apoio, mas finalmente ganharam espaço e autonomia. Hempress Sativa, Jah9, Etana, Xana Romeo e outras têm sido expoentes dessa transformação, mantendo vivo o espírito do reggae roots para as novas gerações.
Dentre essas artistas, Sevana se destaca como uma força ascendente na cena musical. Nascida em Savanna-la-Mar, a jamaicana começou a decolar em 2008 quando fez parte do grupo feminino SLR e conquistou o terceiro lugar no reality show Digicel Rising Stars, algo como o American Idol jamaicano. Após o fim do grupo em 2009, Sevana entrou em um hiato artístico até 2016, quando decidiu mergulhar de cabeça na música e lançar seu primeiro EP solo, intitulado simplesmente "Sevana". O EP foi um sucesso e proporcionou à artista sua primeira turnê solo pela Europa.
Já em 2020, Sevana presenteou seus fãs com o lançamento de seu segundo EP, "Be Somebody". O trabalho é uma jornada íntima de autorreflexão, abordando temas como relacionamentos, amor e crescimento pessoal. Em uma entrevista, ela revelou que a última faixa do EP, "Set Me On Fire", foi escrita após o término de um relacionamento abusivo, tornando sua música e figura pública ainda mais importante e significativa.
"Be Somebody" conta com seis faixas, todas escritas pela própria Sevana. O registro conta com misturas autênticas de r&b, soul e pop com o reggae roots e seus seguimentos, de forma moderna e ensolarada. A autoestima das mulheres pretas também é refletida em suas letras e clipes, com cores e fotografias impecáveis, o que completam o conceito mor do EP.
Com sua autenticidade e talento inegáveis, Sevana é uma das muitas vozes femininas e representante caribenha da lista, que enriquecem o reggae jamaicano e a nossa. Sempre emanando boas vibrações e amansando os corações de pretinhas e pretinhos pelo mundo.
__ espero que curtam a lista, em breve upamos o link
kelafé!
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selektakoletiva · 2 years ago
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8 DISCOS DE ROCK AFRICANO
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Em pleno mês do Rock, trazemos aqui pérolas do mesmo - aquele que já fora o gênero mais ouvido do mundo. Dito isso, trouxemos pérolas negras como Melodia. Mas não qualquer pérola ou Rock. Hoje é uma listinha pra descentralizar e ampliar discussões. E pra sempre lembrar: O Rock é original y genuinamente preto.
Geralmente lembra-se, quase quei instantaneamente, de bandas norte-americanas e/ou europeias, sobretudo em homenagens nessa merma data Então por isso mermo, trouxemos artistas diretamente da África Mãe, pra exemplificar e agregar a essa data. Alguns nomes emblemáticos, outros novos talentos, e assim segue a listinha selekta de Oito Discos Preciosos pra você curtir, conhecer ou relembrar. 
OSIBISA [1971]
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Osibisa é um grupo dos anos 70, composto por quatro ganenses e três caribenhos. O nascimento da Osibisa (que traduzindo, seria algo como "dança de rua") se inicia em 1962, quando Teddy Osei viaja para Inglaterra para estudar música. Ali conhece o batera Sol Amarfio. Sete anos depois, juntamente com outros amigos e músicos que foram trombando no caminhar, resolvem criar a banda, mesclando ritmos africanos e caribenhos, jazz, rock e r&b. "OSIBISA" é o primeiro disco da banda, homônimo lançado pela Decca Records. Tem 7 faixas com bastante influências do Soul Psicodélico e também do highlife, no qual boa parte da banda foi altamente atuante no movimento, do início para o meio da década de 60, ainda em Gana. Obra prima!
MOVING WORLD [1974]
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Em 1974, um jovem e audacioso designer chamado Augustus Kerry Taylor teve uma ideia brilhante. Ele decidiu reunir os músicos mais brabo de Gana, do highlife ao afrobeat, jazz e funks. Mas desta vez, ele não se contentaria apenas em criar a arte da capa, como havia feito para Fela Kuti, por exemplo. Ele lançaria o álbum em sua própria gravadora, a Emporium. As lendas de Accra, capital ganense; Joe Wellington, Jagger Botchway, Leslie Addy, Officer Toro, Oko Ringo, Soldier e Steve, responderam ao chamado. Eles foram batizados como a Kelenkye Band e se conectaram imediatamente. Infelizmente, a Kelenkye Band nunca gravou outro álbum. Augustus Kerry Taylor fechou a Emporium e voltou a focar em criar capas de álbuns. No entanto, com "Moving World", eles entregaram um momento perfeito de alquimia do funk, que se tornou, com razão, o Santo Graal do groove ganense dos anos 70.
LAZY BONES!! [1975]
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Terceiro e mais famoso disco do lendário grupo WITCH, líderada por Emmanuel 'Jagari', um dos percussores do Zamrock - movimento criado na década de 70, em meio a crise socioeconômica na Zambia, antes mesmo da primeira década de independência do território. disco, assim como a própria premissa do Zamrock, traz batidas mescladas e pesadas com guitarras sujas, elementos do rock psicodélico e do heavy metal, de meados de 60, ao 'meiar' da década de 70, além da presença dos vocais. Há também batidas e timidas aparições de ritmos ou cadências da região costeira de Zambeze, fronteira do Zimbábue com Zambia. Entretanto, em especial esse disco do WITCH (que é sigla para We Intend To Cause Havoc), o "Lazy Bones!!", é considerado o mais ocidentalizado dentre os discos da banda, traz consigo um par de riffs, efeitos e letras sobre luta de classes, política e desigualdade racial.
DARK SUNRISE/WINGS OF AFRICA [1975]
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Mais um exemplo de Zamrock, dessa vez o genuíno. Não que WITCH, não seja, já que em sua essência de resistência e pela subversão lírica e harmônica, faz por si só ser o que é, mas Rikki Ililonga & Musi-O-Tunya, eram os chamados transgressores do ritmo. E era em meio ao caos político e social citamos, que Zâmbia mais precisava da transgressão do Zamrock.
Alinhando sax, teclado com o power trio de qualquer grupo de rock (bateria, baixo e guitarra), Rikki Ililonga seu lendário grupo Musi-O-Tunya - nome dado a uma das maiores cachoeiras da África e do mundo, que traduzindo do idioma do povo Tonga, "Smokes That Thunders", ou que em português seria O Fumo que Trovoa, em livre tradução - faria o Zamrock ultrapassar barreiras, inclusive na união popular de Gana, por via de rádios e gravações e distribuição dos seus próprios sons da melhor e mais pura forma 'faça você mesmo'. Influenciado por bandas europeias, sul africanas e nigerianas, e adaptando a realidade caótica a qual Zambia vivia, Dark Sunrise (também popularmente conhecido como The Wings of Africa), foi um dos discos mais importantes do movimento e traz, além do rock, o funk e os elementos da música tradicional africana, com instrumentos como Kalimba e violões improvisados, com muitas distorções.
AURA [1984]
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King Sunny Adé é um dos gênios da cultura da Nigéria, e talvez um dos mais influentes da música africana, juntamente de Fela Kuti, Manu Dibango, entre outros no qual teve parcerias entre outras particularidades. Músico de sonidos populares da Nigéria, King Sunny Adegeye juntou-se aos seus African Beats, posteriormente conhecidos como The Green Spots, e lançaram seguidos discos juntando o melhor do pop africano e da Juju Music, ritmo tradicional nigeriano, com o rock, soul, funk e elementos globais como grooves, soul, batidas eletrônicas, efeitos e reverbs. O que lhe rendeu algumas nomeações ao Emmy e outros prêmios internacionais, continentais e afins. Falando de "Aura" em específico, apesar de ainda estar na época mais comercial de King Sunny, sucedendo o cultuado Synchro System (73'), talvez seja um disco um tanto quanto experimental, e com combinações um pouco mais viajantes, digamos assim... Uma mistura pura do juju, highlife e o o pop africano, pegando rock e a música preta americana como uma base poética de inspiração e estética sonora. Pra finalizar, o disco ainda conta com participações de Stevie Wonder e Tonny Allen, no qual suingam em músicas do melhor da música africana e da world music, que pegando uma visãozinha agora e lançando a tese pra vocês que leem (tudo hipotética, óbvio) vem me parecendo muito algo que tenha influenciado Gilberto Gil e ter se inspirado ao compor muitas das músicas do (Re)favela.
AWO [2016]
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uKanDanZ é um quinteto intercontinental (Etiópia e França), sitiada e radicada entre Lyon e Addis que incorpora a cultura local com outras texturas do mundo. AWO é o segundo disco dos Franco-Etíopes. O álbum liquidifica as escalas e improvisos do jazz, psicodelias com overdrivers, música tradicional da Etiópia com o mundo das guitarras distorcidas, efeitos, e coisas do tipo muito extraído do space e prog rock da década de 70, assim como o krautrock alemão da mesma década. Neste disco em especial, as guitarras e o sax são o ponto alto do trabalho, que juntamente com os efeitos e filtros nos vocais e instrumentos em meio as longas sessões de experimentações e descarrego.
DJINE BORA [2022]
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BKO é um quinteto oriundo do Mali. A sigla inclusive é a abreviação internacional de Bakamo, capital onde os malienses cresceram e acompanharam as quedas, glórias e crises da metrópole africana. Com dez anos de banda e dois discos na bagagem, além de mais de 25 países no seu mapa de tours pelo mundão, o quinteto lançou ano passado (2022) seu terceiro e mais recente trabalho DJINE BORA.
O álbum soa como algo mais experimental, sendo a primeira vez que junta elementos africanos e a cultura mandingo com gêneros como rock e pop, além de incorporar instrumentos tradicionais como o violão Djeli N'goni (que nesse caso ainda foi amplificado), do  griot Mamoutou Diabaté e o alaúde de seis cordas de um dos membros de caçadores secretos de Bambara, amigo pessoal do grupo e referência na comunidade maliana. Pra finalizar, com o combo tradição/raiz e tecnologia, o disco é selado em uma psicodelia cremosa, com pitadas de texturas e captação de áudio perfeita de cada um dos instrumentos. Preparado e embalado pra viagem.
AGADEZ [2022]
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Outro disco do ano passado, terceiro dos Nigerenses do Etran de L'Aïr, que poderia ser traduzido livremente como "estrelas no ar".
Com pouco mais de 5 anos de grupo de forma jurídica, porém mais de 50 de forma física e familiar. Assim que foi a lida do grupo mais promissor dos ultimo anos duma cidade-comércio na região mais alta, com vista para o Rio Níger. Com a aclamada estreia pela crítica em 2018, Etran de L'aïr veio difundindo o canto de um povo aguerrido que respira música. O álbum sucessor é a prova viva disso. Marcado pelo já conhecido desert blues que a banda propaga por aí em festas, casamentos e rituais - tradição e negócio da família há anos - em áreas do Saara, inclusive em Agadez, município que leva o nome do disco e da cidade para o mundo, dando voz e disseminando a sonoridade das guitarras e dedilhados tuaregs e quebrando as barreiras do rock ocidental, trazendo a tona os sonidos especiais que saem das dunas do norte do Níger.
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Espero que tenham curtido. dêem um salve, aquela fortalecida e espalhem! kelafé!
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selektakoletiva · 2 years ago
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O PÉ-DE-SERRA RABECADO
DO QUARTETO OLINDA
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Estamos em clima junino de fato, e queremos escavar na memória da boa música, um grupo que marcou época a sua forma. Surgido em 2005 da união de músicos que conviveram nos forrós, boizinhos, cirandas e cavalos-marinhos da Zona da Mata e ladeiras de Olinda no final dos anos 90. O talentoso Quarteto Olinda, é formado pelos talentosos percussionistas Guga Amorim e Bruno Vinezof, o baixista Yuri Rabid e Cláudio Rabeca. Uniram o popular e o moderno sem perder o charme e a realeza, afinal, beberam diretamente da fonte dos grandes nomes da cultura nordestina, do Rei do baião Luiz Gonzaga a contracultura do manguebeat como Mestre Ambrósio.
Trocar sanfona pela rabeca pode parecer estranho e/ou até perigoso para os mais puristas dos forrozeiros. No entretanto, precisou de pouco mais de um mês pra ver que o negócio era a identidade de Pernambuco, alta classe do forró pé-de-serra. Que a linhagem de rabequeiros como Mestre Luiz Paixão, Salustiano, Siba e Antônio Teles, ainda seguia bem representada em Pernambuco, seguindo a tradição de anos, de forma excelentíssima, assim como as canções e os shows efusivos do Quarteto.
Assim que o Quarteto - que originalmente era composto por três percussionistas e um baixista - fez, e muito bem. Investiram na formação que também recebeu uma adição especial em 2006: o pandeiro de Guga Santos, também conhecido como 'Rasta'. Assim o grupo se tornou um quinteto, mas com nome quarteto, mantendo a essência poética e bem-humorada do nome e do grupo.
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Falando do menu principal... Vamos tentar passar uma pequenina visão sobre o primeiro e único álbum do Quarteto Olinda. Disco homônimo, gravado no Estúdio Carranca (Recife). É uma grandiosa lapidação da temporada de dois anos e meio (2006 - 2009), a qual se apresentavam semanalmente na Xinxim da Baiana, famosa casa de shows de Olinda, onde cativou público o suficiente para lançar seu disco no mesmo ano em que encerrou a temporada, e fazer turnê Brasil afora, chegando até a receber elogios do então presidente - e agora novamente, vejam só vocês - Luís Inácio Lula da Silva.
O disco traz consigo doze músicas incríveis, num repertório coeso, bem arranjado, autoral e com participações especiais de outros importantes compositores e músicos da cena pernambucana e mundial, como; Mestre Luiz Paixão (rabeca), Tiné (voz), Hélder Vasconcelos (oito baixos), Nilton Jr. (letra) e os gringos Clay Ross (guitarra) e Rob Curt (sanfona), diretamente dos EUA.
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Das doze, sete das músicas foram compostas pelos próprios músicos do grupo. O repertório é uma verdadeira celebração ao autêntico forró de rabeca, com influências do samba de matuto e do côco.
E é com a música e simpatia desses nordestinos que a gente tenta botar em dia um pouco desse clima gostoso de São João aqui pelo SK. Verdadeiros representantes da cultura popular e de rua do Nordeste. Prepare-se para dançar ao som dessa mistura de xote, xaxado, baião e muito pé-de-serra com o legítimo For All, que chamo chamegosamente de pé-de-rabeca - genuinamente olindense e verdadeiramente brasileiro.
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É XINXIM NO XENHENHÉM!
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selektakoletiva · 2 years ago
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MARCELO D2 E A ANCESTRALIDADE DE FUTURO!
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Com 13 discos de estúdio na bagagem - 4 com o Planet e 9 em carreira solo - já né segredo que Marcelo D2 ocupa um espaço notório na música popular e na cultura Hip-Hop pelo mundão. Acontece que em seu novo trabalho, ele ultrapassa barreiras, fura otas bolhas e se consagra ainda mais como um dos grandes arquitetos da música brasileira.
Intitulado "IBORU, Que Sejam Ouvidas Nossas Súplicas", Marcelo D2 nos leva por uma jornada musical de puro suingue, com o afrofuturismo batendo na alta, como sempre falara Chico Vulgo.
O disco começa com a voz de Wander Pires te transportando pra avenida quase que espontaneamente. 'Por baixo', numa crescente, um instrumental drumless do lendário Barba Negra (aka O Terrível Ladrão de Loops), versos afiados de D2 e uma fala de sua coroa. Apenas o início de uma saga que vai flutuando entre a boniteza e a concretude dos fatos como são. Trazendo a beleza da crueza e do povo, como o timbre de Nega Duda que vem logo em seguida. A genuína cultura de rua e dos morros, favelas e do subúrbio carioca.
Das rodas que varam da noite ao clarão do dia; ad infinitum. Os terreirões de Umbanda e Candomblé, os Bate-Bolas, Rosinhas e Malandros que transitam pelas ruas encantadas de um Rio de Janeiro que não passa na retrospectiva da Globo, não está nos trends, ou em capas de jornais. Essas são algumas das várias personas carioca que inspiram IBORU. Que inclusive, dia 28 deste mesmo mês de Junho, ganhará seu complemento audiovisual. Um curta que contará a história fictícia do encontro de João da Baiana, Clementina de Jesus e Pixinguinha, nos idos dos anos de 1923. O curta, assim como a estética do disco, foi toda assinada pela mágica Luiza Machado e o próprio Marcelo, diálogo que vem ampliando ainda mais a arte do rapper carioca. A produção fica por conta da produtora da família D2 - PUPILA DILATADA.
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O elenco de músicos e compositores de "IBORU, Que Sejam Ouvidas As Nossas Súplicas", chega a ser baixaria de tanto talento junto. A começar pela cozinha, composta por bambas da velha escola e da nova geração, tudo junto e misturado; Marcio Alexandre, Zero, Miúdo, Jorge Luiz, João e Marcelinho Moreira. Nas cordas, temos João Lopes (banjo), Maycon Ananias (cordas geral), Gabe Noel (violoncelo), Wanderson Martins e o craque Rodrigo Campos (ambos no cavaquinho). Violões de 6 e 7 cordas, no nome de Kiko e Fejuca, camisa 10 que contribui também batucando no couro e arranjando no cavaco.
Nos sopros, Thiago França (sax), Marlon Sete e Pedro Garcia no trombone e voz. Na bateria, o novo expoente da bateria brasileira, Thiaguinho Silva. O côro é comandado pela Luiza Machado, sua parceira de vida e arte, que entoa unissomo com as vozes de Jussara, Jurema, Hodari, Betina, Luiza e Camila de Alexandre, e o talentoso Luccas Carlos.
Falando em voz e coro, vale ressaltar a parceria louvável entre Luiz Antonio Simas e Marcelo D2. Desde o último disco de estúdio com intervenções e trocando prosas juntos sobre ancestralidade, resistência e identidade. Também estão no catálogo grandioso de compositores João Martins, Inácio Rios, Diogo Nogueira, Igor Leal, Fred Camacho, Neném Chama, Carlos Caetano, Márcio Alexandre, Cabelo, Douglas Lemos, Moa Luz e Otacilio da Mangueira. É mole?
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Todo esse time consegue criar uma atmosfera de uma vibração coletiva incrível, que dialoga o asfalto com o morro de uma forma ímpar. O grave do surdão e do 808 suingando com o hihat, que por sua vez unifica-se com as palmas e o tamborim... isso é o Nave e mais uma sequências de beats absurdos. Uma parceria que já vinha dando certo desde "A Arte do Barulho". E pelo visto, continua. Numa parceria luxuosa que vem se estreitando nos últimos anos, Nave e Kiko Dinucci - que traz suas picotadas lombradas, guitarras levemente sujas, uma viola elegantíssima - se entendem em grau, número e frequências.
A produção é algo instantaneamente clássico - o que já faz pensar nesse disco do OGI que vem aí. Mas isso é papo de futuro, pra outro momento.
Ah, jamais podemos esquecer de mencionar a co-produção e mixagem, que ficou na assinatura de nada mais/nada menos que o gênio e cumpade de longa data de Marcelo, Mario Caldatto. É óbvio que a qualidade de sempre foi entregue.
Dito isso e abordado o time, agora vamos as participações; Nega Duda, Metá Metá, BNegão, Mumuzinho, Alcione, Xande de Pilares, Zeca Pagodinho e o imortal Mateus Aleluia. Há homenagens a Romildo Bastos (Padre Miguel) e mestre Monarco (Portela) a sua maneira afrosambadélica.
Essa fusão chega ao ápice quando IBORU traz a cultura Hip-Hop pra dentro duma quadra de Padre Miguel com adlibs de Westside Gunn em um partido alto feito de beats, palmas, trombone e guitarra. Ou com um batuque e naipe de sopros junto a MPC, como fez no seu último trabalho com Um Punhado De Bambas no Cacique de Ramos - que aliás, outro excelente trabalho que transcende as fronteiras convencionais e cria uma experiência auditiva e cativante, como faz novamente nesse trabalho.
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É junto de baluartes, ídolos e bambas que D2 aprendeu boa parte do que sabe do samba. Zeca e Arlindo são reverenciados em mais de um momento do disco. Beth, João Nogueira, Dona Ivone, Luiz Carlos, Candeia, Cartola, Martinho, Paulinho e o pessoal do Fundo de Quintal. Entre muitos outros. É bonito ver o artista em seu auge, com a pura satisfação de fazer o que gosta, evoluindo e não se prendendo a velhos chavões e modos operandi. Além de toda essa gratidão de quem aprendeu com os verdadeios movimentadores da massa e da cultura popular.
E se você se pergunta da outra parte, nunca se esqueça que antes de D2, era o Sinistro, com sua vivência pelas quebradas do mundaréu. Rio 40 graus. De Padre Miguel, Cascadura, Madureira, do Andaraí, Humaitá e das vielas do centrão. Lapa, Gamboa, Cinelandia. Vivência que Peixoto teve nos camelos com seu camarada Skunk. Das chamas que circundavam a capital carioca nos anos 90.
No final, "IBORU" vai além do siginificado em iorubá, do Ifá, e muito mais do que título de disco ou uma simples combinação de gêneros musicais; é uma verdadeira celebração da diversidade e da riqueza da cultura brasileira. Destaca temas relevantes e urgentes, como a desigualdade social e a resiliência das comunidades marginalizadas. Ancestralidade de futuro.
Ao mesmo tempo e paralelo a concretude lírica e dos batuques de fine estirpe, a nuance abstrata das melodias se faz valer em loops, samples e um instrumental finesse. A sinestesia e o campo lúdico do disco é forte, e isso tem muito a ver com o imaginário popular, fé e outros pagodes da vida que circundam a vida do brasileiro - que assim como Marcelo, se recria e se renova a cada nova batalha. "Provando e comprovando a sua versatilidade", já diria seu saudoso amigo Bezerra da Silva, que eu sei que assim como os outros bambas mencionados aqui neste texto, no disco, e durante a vida do Sinistro, também benzeu e abençoou "IBORU" até vir ao mundo terreno, há uma semana atrás, dia 14 de Junho.
E faz uma semana que é festa no Orum...
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ALÔ, MEU POVO! A HORA É ESSA!!!
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selektakoletiva · 2 years ago
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TELAKOLETIVA #1
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Hoje estreamos quadro novo no canal, depois de mais uma dakelas pausas por konta do korre diário. Mas tamos aí... Resumidamente, esse quadro vai trazer sugestões y rekomendações de doks, séries, kurtas e longas ki envolvam a kultura de rua, arte popular e independente, passando por várias kestões ki cirkundam e inundam o Brasil de uma forma ou de outra. Sobretudo Kultura & Música. Na estreia dessa série de rekomendações, trazemos "O Rap do Pekeno Príncipe kontra os Alma Sebosa", um documentário de Paulo Kaldas e Marcelo Luna, gravado e registrado no ano de 1999 a 2000, trazendo a tona a realidade kaótica de muitos brasileiros ki são diariamente cerkados pela violência e do abandono do Estado. A história konta a vida de dois jovens da periferia de Kamaragibe, em Pernambuko, ki lutam kontra a violência do sistema de formas diferentes. Helinho, também konhecido komo "O Pekeno Príncipe", é um jovem justiceiro akusado de matar 65 bandidos na região. Já Garnizé, além de músiko e integrante do grupo de rap Faces do Subúrbio, é militante polítiko e líder komunitário ki usa a kultura komo forma de eskivar das difikuldades de sobrevivência no subúrbio pernambukano. Ambos são jovens da mesma periferia, kujas vidas são kruzadas pelo mesmo tema: a violência urbana.
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Esse dokumentário kontém konteúdo de entrevistas e dokumentações da época, dos próprios personagens em kestão - Helinho e Garnizé - além de depoimentos e registros de amigos, integrantes do Face do Subúrbio e Racionais MC's.
Vale o click e a experiência, paralém da kestão cinematográfika - ki não deixa a desejar em momento algum - mas pra kompreender de komo a kultura pode ser usada komo forma de resistência e luta kontra a opressão em bairros periférikos, e refletir o kuanto de ausência do Estado existe, mesmo pesos e duas balanças, komparados a lugares no centro ou em zonas nobres, mesmo sabendo ki a kultura ki é hastiada lá, chega diretamente dos mangues, baixadas, roças, morros, favelas, becos e vielas desse Brasil.
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selektakoletiva · 5 years ago
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DROP #27 /// CAETANO VELOSO & BANDA BLACK RIO “BAILE BICHO SOLTO”/ 1977
qualéupapo ::: instagram bbr // instagram caê //  resenha
kelestreamingmaroto::: youtube full album
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selektakoletiva · 5 years ago
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Dia do Rock
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Nesse dia 13 de julho, considerado como o dia mundial do rock, nós do selekta gostaríamos de exaltar uma mulher negra, sem a qual esse estilo tão camaleãonesco como David Bowie não existiria: Sister Rosetta Tharpe (1915-1973).
Nascida em 1915 em uma família bastante religiosa, começou a demonstrar seu talento ainda cedo, aos 6 anos, tocando piano no coral da igreja e mostrando ao mundo seus poderosos vocais ousados, bem como sua grande habilitar ao tocar.
Dizem que Sister Rosetta uniu o gospel ao blues e acelerou sua batida, ainda nos anos 30, sendo, portanto, uma rockeira antes mesmo de Little Richard ou Elvis popularizarem o estilo musical. Além disso, ela alcançou grande popularidade na década de 1940 e conseguiu um feito inédito: colocar músicas religiosas no top 10 da Billboard.
Hoje ainda há quem diga que sua história é reduzida a de uma mulher talentosa que não deu tanta sorte assim, porém, Sister Rosetta Tharpe representa muito mais do que isso. Como uma mulher preta, suas conquistas eram impensáveis no contexto segregacionista dos Estados Unidos da primeira metade do século XX.  
Na época, bandas e músicos negros tinham que sair em tour com motoristas brancos para poderem frequentar restaurantes, bares e afins pelas cidades americanas, vide o filme Green Book. O tempo passou, mas infelizmente o racismo, sexismo e misoginia ainda permeiam a sociedade.Desse modo, não há surpresa em saber que seu nome foi colocado no Hall da Fama do Rock and Roll apenas em 2018, 45 anos após sua morte.  
Contudo, mesmo com todas as dificuldades, sua marca foi deixada como legado para todos nós, amantes de um bom rock. Se hoje podemos curtir o célebre som de Chuck Berry, B.B. King, Bob Dylan, Johnny Cash, Amy Winehouse e Brittany Howard, é porque o som de Sister Rosetta está presente fazendo geral mexer. Então, um salve para essa mulher de força e de garra, aqui é respeito máximo e se liga nessa apresentação ao vivo e nos links pra curtir esse som!
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