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#Curso de Escrita Criativa
tionitro · 1 year
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O Contador de Histórias e o Ouvinte e Os Segredos Mais Importantes da Criação de Narrativas! | NITRODICAS PARA ESCRITORES PODCAST #002 | #escrita #dicasparaescritores
No segundo episódio do nosso podcast, exploramos os três elementos essenciais da narrativa: o Contador, a História e o Ouvinte. Descubra como o Contador de Histórias tece um jogo intrigante com palavras e frases, selecionando e conectando momentos intensos e emocionantes para proporcionar experiências emocionais e racionais ao público. Entenda como o Contador mantém o público engajado ao revelar…
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imninahchan · 8 months
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⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ning yizhuo interpreta CIRCE
𓂃 ഒ ָ࣪ 𝐀𝐕𝐈𝐒𝐎𝐒: AKRASIA ato I, literatura sáfica, narrativa épica, grécia antiga, fantasia, mitologia grega, misandria, ação, harém, literatura erótica (sexo sem proteção, oral fem, sex pollen?, scissorring, a leitora é mais ativa, EEUSEIQUEVOCÊSSÃOTUDOPASSIVONASMASPFVMEDAUMACHANCEVIDASATIVASIMPORTAM, dirty talk).
Tô muito animada pra essa série, eu sou louca por mitologia grega. Tomei a liberdade de completar os mitos a serem expostos no decorrer dos capítulos com a minha própria interpretação criativa, para poder amarrar o enredo. Porém, não deixo de citar as minhas fontes (para esse ato I) sendo a Odisseia, a obra contemporânea Circe e O livro das Mitologias;
Acho que esse é o texto mais rico que eu já produzi, não só porque me levou tempo e pesquisa. Se você gosta da minha escrita como um todo, leia mesmo que não curta literatura sáfica, é só pular qualquer parte sexual que fica safe.
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───── ⸙.
⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀ ATO I ⠀⠀ ⠀⠀ o mito de circe
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ESTA CANÇÃO COMEÇA E TERMINA NUMA TEMPESTADE. O raio que corta a imensidão noturna clareia tudo ao redor em vão, pois não há uma porção firme à vista para naufragar os restos do barco.
A trilha incandescente desenha pelo céu, semelhante a uma erva daninha, com seus ramas desaguando de canto em canto, e tomando mais e mais espaço até se perder no horizonte. Gigante, o vazio aberto faz parecer que está presenciando a fúria de um célebre titã, colossal e temido. O clarão que se estabelece pelo momento é capaz de cegar os olhos, construir a fantasia de um eterno vácuo sem cor ou forma.
E o som que sucede o fervor visual te faz tapar os ouvidos, encolhendo a postura. Jura, pelo resto de sanidade que ainda lhe resta, o compasso das ondas chocando-se contra o casco de madeira até muda de curso, como se a frequência reverberante fosse a potência que rege os mares.
O corpo tomba, para o caminho oposto em que a embarcação simplória é jogada. Bate com o peito na borda, os braços são jogados para fora, quase toca a água salgada com a ponta dos dedos. Senta-se sobre o estrado, afogando a pele da cintura para baixo no pequeno oceano que se forma dentro do barco. O supremo do mar não tem motivos para estar te atacando assim, pensa, o irmão dele, sim, pode estar enfurecendo o cosmos para te impedir de atracar em segurança. Quer a sua morte, nenhum rastro do seu cadáver quando a carcaça de madeira despontar em uma ilhota qualquer. Ninguém saberá nem a cor dos seus olhos.
— Nêmesis! — esforça-se para bradar mais alto que o repercutir das ondas quebrando.
Levanta-se num único impulso. Mal se alinha sobre os próprios pés, cambaleia conforme a embarcação nada por cima da maré, até se escorar no mastro. Abaixa o olhar.
— Nêmesis... — o título divino ecoa, agora, com mais fraqueza, tal qual um sussurro em segredo. Cerra os olhos. — Eu louvo a Nêmesis dos olhos brilhantes, filha de Nyx de capa escura...
Ó, grande deusa e rainha, Celebro-vos, a vingadora dos oprimidos, Que observais, que garantis que todo mal seja punido. Imparcial e inflexível, distribuidora da recompensa certa, Escutai meu lamento.
— Injustiça atormenta minhʼalma — confessa. — Sejais o corte da minha lâmina quando eu cruzar o destino de meu inimigo. Não deixeis que o sopro de vida opoente seja mais eterno que o meu. E eu vos prometo: será a minha alma pela dele.
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QUANDO CIRCE NASCEU o nome para o que ela viria a se tornar ainda não existia. Chamaram-na, então, de ninfa, confiando que seria como a mãe, antes de si, e as tias e as centenas primas. Modesto título, cujos poderes são tão singelos que mal podem assegurar-lhes a eternidade. Conversam com peixes e balançam-se em árvores, brincando com as gotas de chuva ou o sal das ondas na palma da mão. “Ninfa”, eles a chamaram, não apenas como em fada, mas em noiva.
Sua mãe Perseis era uma delas, uma náiade, filha do grande titã Oceanos e guardiã das fontes e águas doce. Belíssima, de ofuscar os olhos ao focar em outra coisa senão o brilho de sua pele feérica. Captura a atenção de Hélio, numa de suas visitas aos salões do primogênito dos titãs. Não havia nada igual Perseis.
Oceanos tinha uma aparência abatida, de olhos fundos na cara e uma barba branca beirando o colo. Seu palácio, entretanto, era um exímio refúgio situado nas profundezas das rochas terrestres. A estrutura se levantava em arcos altos, os pisos de pedra reluziam como a derme de bronze no corpo de Hélio. Pelos corredores amplos, era possível ouvir a dança das ondas, liderando a um infinito caminhar em que não se sabia o começo ou fim do leito rochoso. Nas margens, floresciam rosas acinzentadas, em cachoeiras dʼágua onde se banham as ninfas. Rindo, cantando e distribuindo as taças douradas entre si. Ali, se destacava Perseis. Não havia nada igual Perseis.
— E quanto àquela? — Hélio sempre se apaixonava por coisas belas, era seu defeito. Ele acreditava que a ordem natural do mundo era agradá-lo aos olhos.
Oceanos já conhecia o caráter do titã do sol, o brilho dourado em todos os netos que corriam de um canto ao outro pelos salões não o deixava esquecer.
— É minha filha Perseis — responde, num suspiro cansado. — Ela é tua, se desejar.
Hélio a encontrou no outro dia. Perseis sabia que ele viria, era frágil mas astuta, a mente feito uma enguia de dentes pontiagudos. Sabia que a glória não estava nos bastardos mortais e quedas nas margens dos rios. Pois quando estiveram frente a frente negociou, “uma troca?”, ele perguntou, poderia tê-la em seus lençóis apenas através do matrimônio. Teria o encanto de outras flores nos jardins que se espalham pela terra, mas nenhuma delas jamais reinaria em seus salões.
No dia de seu nascimento, Circe foi banhada e envolvida pela tia — uma das centenas.
— Uma menina — anunciou.
Hélio não se importava com as meninas. Suas filhas nasciam doces e brilhantes como o primeiro lagar de azeitonas. E mesmo quando olhou para o bebê emaranhado na colcha, sem reconhecer seu esplendor jovem, manteve sua fé.
Circe não era nada como Perseis.
— Ela terá um casamento digno — o titã acariciou a pele recém-nascida, feito uma bênção.
— O quão digno? — Perseis soou preocupada.
— Um príncipe, talvez.
— Um mortal?
— Com o rosto cheio dessa forma... Não sei se podemos pedir por muito.
A decepção estava clara na face de Perseis.
— Ela vai se casar com um filho de Zeus, com certeza — ela ainda insistiu, gostando de imaginar-se em banquetes no Olimpo, sentada à direita da rainha Hera.
Circe cresceu rápido — ou perdeu a noção do tempo enquanto cuidava dos irmãos. Os pés descalços correndo pelos corredores escuros do palácio do pai, sem um nome pelos primeiros quinze anos de vida. “KIRKE”, a chamaram, a princípio, para repreender quando olhavam nos profundos olhos amarelados e o choro estridente como uma águia que se senta ao canto do trono de Zeus.
O palácio de Hélio era vizinho a Oceanos, enterrado nas rochas da terra. As paredes pareciam não ter fim, extraídas de obsidiana polida. O titã do sol escolheu a dedo, gostava como a pedra refletia sua luz, superfícies lisas pegavam fogo quando ele passava. Mas não pensou na escuridão que deixaria assim que partisse.
Circe viveu na noite. As vistas demoram a se acostumar com o clarão que as rodas da carruagem celestial do pai descia dos céus. Bem-vindo de volta, papai, clamava, porém era recebida em silêncio.
Aos poucos, se acostumou a não falar tanto. Não retribuir, não repreender, não se opor. Não questionava por que não reluzia na água feito as outras náiades, ou tinha os cabelos castanhos e sedosos, por mais que os escovasse com os pentes de marfim. Na época de se casar, também não argumentou contra o matrimônio com um príncipe de uma cidade qualquer. Até hoje, ela não se lembra do nome exato.
Para classificá-lo, poderia usar um termo que fosse do horrendo ao desprezível, com tranquilidade. Sua boca tinha gosto salgado, e o som de sua voz martelava profundo na cabeça da jovem toda vez que abria a boca para dizer algo. Circe não se agradou da cama, da casa, das restrições, dos apelidos enfadonhos que recebia nas noites em que o álcool o tomava o juízo. Então, ela o matou.
Rebelde, insensata, má, foram algumas das palavras que ouviu de sua mãe ao ser devolvida nos salões do palácio. Era incompreensível para Perseis como sua filha havia retornado para casa sem uma moeda de ouro ou um herdeiro para recorrer um trono. Os cochichos sobre ervas e misturas de água quente não faziam sentido, de onde a prole de uma náiade saberia dosar veneno no cálice de vinho de alguém?
Hélio não sabia o que fazer, consumido pela decepção que tanto esforçou-se para afugentar, embora tenha visto nos olhos daquele bebê o destino miserável que o aguardava. Não queria ouvir quando os sussurros contavam sobre o terror daquele banquete em que o príncipe fora transformado em um besouro azul e pisoteado pela esposa de olhos amarelos.
Só que escutou quando Zeus murmurou em seu ouvido uma solução.
— Se odiais tanto a presença de um filho sem honra, exilai-o longe de suas preocupações.
O castigo pareceu justo. Sozinha, em exílio, Circe não seria a aberração do palácio do titã do sol. Não sentiria mais o gosto salgado dos beijos, as mãos ásperas que um dia já envolveram seu corpo. Seria somente ela e aquilo a que deu o nome de magia. E todo homem que aportasse em cais teria o mesmo fim que o primeiro.
Mas o corpo que amanheceu em sua praia não pertencia a nenhum homem.
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OS SEUS OLHOS SE ABREM DEVAGAR, a visão turva impede que reconheça perfeitamente o ambiente em que está, mas as curvas sem foco à sua frente não negam que se encontra sobre o teto de alguém, em um cômodo bem iluminado e decorado. Pisca as pálpebras, apetecendo, agora, com a pontada que sente se desprender quase que de dentro do cérebro.
Zonza, sente a cabeça pesada. Recosta na parede atrás de si. Os músculos, inicialmente, dormentes te dão a impressão de que está nas nuvens, flutuando. Até que a realidade bate e mais dores se somam ao desconforto. As pernas latejam, mas a pele está emaranhada em um tecido suave e escorregadio. Os braços doem, formigando, e só se dá conta do porquê de tamanho incômodo quando olha para os lados e percebe os punhos erguidos no ar por um pedaço de pano amarrado ao dossel de madeira da cama.
A primeira reação, claro, é se soltar. Luta contra a própria dor para puxar os punhos em direção ao corpo deitado para afrouxar as amarras, força ao máximo que o estado debilitado permite, ouvindo o estalo da madeira. Porém, é em vão.
Franze o cenho. Não deveria ser tão difícil para você conseguir se libertar assim, até que o ressoar de risadinhas doces ecoam pelo cômodo e levam os seus olhos para a beirada da cama, aos seus pés.
Vê a forma que as cabecinhas formam montanhas com seus cabelos esverdeados. Os olhinhos curiosos se erguendo do “esconderijo” para espiar a movimentação que se dá sobre a cama. Murmuram entre si, sorrindo. Ninfas, você soube na hora. Mas elas servem a alguém, quem era sua senhora?
— Saiam, saiam! — a resposta surge com o chegar de outra mulher ao recinto. Ela balança as mãos, causando um alvoroço entre todas as criaturas que estavam escondidas debaixo dos móveis para descobrir mais sobre o estranho que aportou naquela manhã.
As ninfas choramingam, passando por cima das mesas, jogando as peças de cerâmica no chão, mas não desrespeitam a ordem. Deixam todas o quarto, fechando a porta ao saírem.
— Perdoa pela confusão — a mulher diz, com um sorriso —, elas estão morrendo de curiosidade.
Você a assiste se aproximar mais. Acompanha como caminha em paz ao móvel à sua direita para despejar um pouco do líquido da jarra para o cálice. Se vira com o objeto em mãos, te oferecendo.
— Onde estou? — é o que a pergunta.
— Na minha casa — ela responde. — Bebe.
— Me solte — pede, ignorando completamente a oferta. — Com certeza, não estou no lugar onde deveria estar. — Torna a face para o próprio corpo estirado sobre o tecido e não reconhece a roupa que está vestindo. — O que fizeste com as minhas coisas? Onde estão minhas coisas?
— As ninfas te acomodaram — justifica. — A roupa molhada não te faria bem, e não havia mais nada contigo quando te encontramos na praia. Vamos, bebe.
— Mentira! — roga, virando-se para ela mais uma vez. O cálice está a milímetros dos seus lábios, mas não cede. — Eu trazia uma bolsa comigo, em meu barco, e quero de volta.
A mulher parece se controlar para não perder a paciência, respira fundo. Senta-se no cantinho da cama.
— Escuta — começa —, se estavas em alguma embarcação no caminho para cá, os destroços estão no fundo do oceano. Não havia mais nada além de ti.
Você escuta, mas claramente não digere.
— E se não queria perder sua bolsa — ela continua —, deveria tê-la segurado com mais força.
Argh, você grunhe, não conformada com o que ouve. Os braços doloridos voltam a ser flexionados, conforme tenta escapar mais uma vez.
— Não gaste tanto esforço — ela te aconselha —, não vai se soltar.
— O quê... — murmura, impaciente. Te aflige a forma com que puxa com o máximo de força que possui e mesmo assim o tecido nem fraqueja. — On... Onde estou? Que lugar é esse? Não te pedi para que me trouxesse para cá!
— Por que é tão ingrata? — levemente se irrita. Hum, resmunga, erguendo-se para largar o cálice de volta no móvel onde estava. — Está me fazendo arrepender de ter sido tão boa...
— Boa?! — repete, incrédula. — Me mantém presa à tua cama!
— Porque não confio em ti.
— Pois eu não confio em ti.
Ela pende a cabeça pro lado, te observando com pouco crédito. Se inclina, de surpresa, apoiando as mãos nos cantos do seu corpo debilitado para estar pertinho do seu rosto quando diz “certo, quer sair?”
— Espero muito que seja uma guerreira habilidosa e não uma filha de pescador qualquer, porque aí pode conseguir caminhar para fora deste palácio antes que os lobos te peguem. — O tom na voz dela é de pura gozação, como se menosprezasse até o ar que você inala nas quatro paredes do domínio dela. — E que os deuses te protejam para que não seja devorada pelos leões no caminho à praia e possa morrer de exaustão nadando sem rumo pelo oceano.
A ameaça em si não te assusta, o que desperta o seu alarde é a descrição singular. Na mente, as pecinhas desse quebra-cabeça vão se unindo para formular uma resposta para as suas perguntas.
Se lembra da fúria que enfrentou naquela tempestade a mar aberto, sem saber se sobreviveria e onde os destroços do naufrágio iriam parar. No entanto, as suas preces parecem ter sido ouvidas, pois Nêmesis te trouxe para a casa de uma das mulheres mais fascinantes da qual já ouviu falar.
Se lembra do eco da canção nas noites de festa, a lira ao fundo acompanhando a voz que recitava os versos sobre a lenda de uma jovem rebelde, insensata e má. Em exílio em uma ilha, à espreita de nobres cavalheiros que aportassem em seu cais. Embebedando cada um em seus banquetes de recepção e transformando-os em criaturas variadas para cultivar seu zoológico pessoal.
É, você a conhece muito bem. Deveria ter se tocado assim que colocou os olhos no olhar profundo e amarelado como uma águia.
— Esta é Eéia — anuncia o nome da ilha. — Tu és Circe — um sorriso ameaça crescer nos lábios da mulher —, a primeira bruxa.
Circe endireita a postura, não sabendo bem como receber esse título.
— Então é assim que me conhecem... Interessante — murmura, de queixo erguido.
— Cantam canções sobre ti, seus feitos.
— Hm, é mesmo?
— Circe dos olhos de águia. Algumas aldeias te veneram.
— Me bajular não vai fazer com que eu te solte.
Você meneia o rosto para o lado contrário, sem graça depois que suas intenções são desmascaradas. Porém, é obrigada a encará-la novamente mais quando ela te segura pelo queixo, “é minha vez de fazer as perguntas agora.”
— Qual teu nome? Da onde vens?
As suas palavras são engolidas, não emite um som em resposta sequer. E Circe espera, de bom grado, olhando no fundo dos seus olhos em busca de uma pista qualquer, mas não encontra nada.
— Além de ingrata, é muito egoísta — te diz —, como pode saber tanto sobre mim quando não sei nada sobre ti? — Sorri, soltando teu rosto. — Se não vai falar, te aconselho a beber — torna a atenção para o cálice cheio —, até que eu me decida o que fazer contigo, não quero que morra desidratada.
Se inclina, com aquele mesmo tom gozador de antes. “Sabe, é a primeira vez que isso me acontece” , ela conta, “normalmente, eu convido os marinheiros para um banquete e os amaldiçoo, eu odeio marinheiros. Mas tu não és um marinheiro como os outros... Então, pode ser que eu demore um tempo até me decidir.”
E ela não tem pressa. Os dias se somam, pela manhã as ninfas adentram o quarto para te alimentar e saem logo em seguida, silenciosas, porém risonhas. Não vê ou escuta a bruxa, como se ela nem existisse ou fosse a dona daquele palácio. O que compõe a sinfonia para os seus ouvidos é o som dos animais de pequeno porte que invadem pela janela, feito os macaquinhos e os pássaros, e o rugido dos leões. À noite, por vezes, o que julga ser uma união das vozes doces das ninfas te mantém acordada. Os gemidos prolongados, longe de choramingar por dor, mas por prazer.
Não demora a compreender que para Circe, você não tem valor algum. Com o tempo, não tem dúvidas, as servas deixaram de te trazer o cálice de kykeon com uma mistura fortificada com cevada e morrerá de fome. E se não tem valor nenhum à bruxa, talvez seja melhor mostrar para a bruxa que ela tem valor para ti.
— Diga a tua senhora que estou pronta para falar com ela — é o que orienta as ninfas numa manhã.
Circe manda organizar um pequeno festim. Você recebe uma túnica nova e um par de sandálias de couro. É banhada, vestida, o cinto lhe molda a cintura. Quando sai do quarto pela primeira vez, a decoração do lado de fora não se diferencia muito do que via no confinamento. Peças de cerâmica espatifadas pelo chão, cortinas rasgadas pelos animais, as formosas ninfas penduradas nas pilastras, olhando-te com sorrisos bobos nos lábios vermelhinhos.
Atravessa o pátio até o grande salão, sentindo-se pequena entre as feras deitadas sobre o mosaico imenso. Circe está deitada num divã, puxando as uvas do cacho e rindo. Traja uma túnica com detalhes em vermelho e dourado, unida no ombro esquerdo pelo broche de cabeça de leão. As tochas e as velas ajudam a lua a iluminar o ambiente. Ao canto, o som da lira se mistura aos demais instrumentos de sopro e o som da ninfa que cantarola com um coelho no colo.
— Ah, aí está ela! — O sorriso de Circe aumenta ao te ver. Apanha a taça na mesinha de apoio cheia de frutas e o ergue no ar, como se brindasse sozinha, antes de beber um gole.
As servas te acomodam à mesinha redonda em frente ao divã, sentada sobre as almofadas e os lençóis estirados. Um cálice te é oferecido, adoçam o vinho com mel para que a bebida forte desça mais facilmente pela garganta seca. Prova do peixe frito, controlando a própria fome para não parecer ingrata pela sopa que recebia todos os dias.
Os aperitivos parecem se multiplicar nas mesinhas espalhadas pela área coberta, chamativos. Mas você precisa manter a cabeça em foco.
— Espero que perdoe meu silêncio — faz com que a voz sobressaia de leve por cima da música, do canto em coral e do som dos passos dançados no pátio.
Circe espia brevemente na sua direção, com um sorriso pequeno.
— No teu lugar, eu também temeria.
Você leva uma unidade do cacho de uvas à boca, sentando-se aos pés do divã.
— Mas não preciso temer-te agora, preciso?
A bruxa lhe oferece mais um olhar, dessa vez com o sorriso mais largo.
— Pareço com alguém que deve temer?
É a sua vez de sorrir, desviando a atenção para o festejo que as ninfas realizam entre si.
— Não estava em meus planos atracar em tuas terras — admite a ela —, mas estou contente que assim o fiz. Tens me alimentado e por isso sou grata.
— Sou benevolente demais, é um defeito meu.
— E muito inteligente, eu suponho. Especialmente porque vai aceitar a minha oferta.
Ela aperta o cenho, não te leva a sério.
— Oh, tem uma oferta pra mim? — o tom divertido não te intimida.
— Estava certa ao duvidar de uma mulher que naufraga sozinha na tua praia — começa, em sua própria defesa. — Eu não sou filha de um pescador, ou de um comerciante qualquer. Eu naufraguei na tua ilha porque estava fugindo.
Agora, ela se interessa, “e do que estava fugindo?”
— Do meu destino — a sua resposta não é a mais precisa de todas, porém é suficiente. — Uma grande tempestade assombrava o mar naquela noite, eu, de fato, pensei que não fosse sobreviver. Mas eu rezei para que aquele não fosse meu último suspiro, e as minhas preces me trouxeram para cá, para que eu possa concluir a minha missão.
— E que tipo de missão é essa?
Você desce o olhar para o cálice em mãos. À medida que o vinha desaparece, a pintura de um guerreiro empunhando a espada surge no fundo da taça. Vingança.
— Irei subir até o topo da morada dos deuses e castigar Zeus por toda tormenta que trouxe à minha vida.
Talvez fosse a ousadia de subir o monte sem ao menos dispor de um veículo de locomoção, e possivelmente o nome sagrado dito com tamanho desprezo, Zeus, que faz Circe rir como se tivesse ouvido a piada mais bem contada no palco de uma peça.
— Quer se vingar de Zeus?! — claramente não leva seus planos a sério. — Ah, querida, não tem nem uma adaga de bolso para a viagem. Eu posso envenenar-te com esse cálice que segura e tu não conseguirias se defender. E fala de matar Zeus?! O Deus dos Deuses?
Você finaliza o vinho, para mostrar que nem a ameaça da boca pra fora dela te faz temer.
— Não tenho uma espada comigo agora, é verdade. — A olha. — Mas você me dará uma.
Circe apoia o cotovelo no descanso do divã, para chegar mais perto de ti.
— Sinto que as canções que cantaram-te eram enganosas — rebate, com a voz afiada —, pois não sou nenhum mestre da forja. Eu não crio coisas, querida, eu as transformo.
E você não se deixa intimidar.
— Não, não terá que criar nada — argumenta. — A espada que empunharei até o Olimpo será feita pelo próprio ferreiro dos deuses.
— Hefesto? — ela duvida mais uma vez. — E ele já está ciente dessa loucura?
— Ele estará, assim que chegarmos ao Submundo.
O som da risada divertida da bruxa se destaca entre a orquestra. Circe joga a cabeça para trás, manejando a taça em mãos. Recupera o fôlego sem pressa, cruelmente debruçada na comicidade para te penetrar o mínimo de juízo.
Para você, entretanto, não existe uma frase racional sequer que possa te fazer desistir do plano que elaborou meticulosamente em todos esses dias de confinamento. Enquanto as ninfas te alimentavam, tratavam as feridas superficiais que o naufrágio deixou, e os animais passeavam pela sua cama, a mente entrelaçava um percurso ousado desde de Eéia até a região da Tessália. Todas as cidades em que iria passar, com quem iria conversar e quem iria matar pelo caminho.
O riso que recebe agora é só um prelúdio para o choro incessante que despertará no panteão.
— Quando Hefesto me construir a espada, eu te entregarei o metal — você prossegue, inabalada —, e caberá a ti transformá-lo.
“Te confiarei o meu sangue, pois somente um deus pode matar outro deus”, fala, “para que abençoe a espada, e faças dela uma matadora de deuses.”
O sorriso de Circe diminui aos poucos, és uma semideusa, murmura, se familiarizando melhor com a situação que lida.
— Oh, entendo agora... — o indicador circula pela beirada da taça. — Este é um impasse familiar? Por isso quer vingança... Mas, se tratando de família, temo que devo me retirar, pois já tenho impasses desse tipo por conta própria.
Você não se dá por vencida facilmente.
— Pense em tudo que conquistará — apela. — Depois que eu matar Zeus, e eu o matarei — frisa —, quem estará sob o comando do Olimpo, uma vez que eu não disponho de nenhum interesse de poder?
— A Rainha, certamente.
— Não quando o rei dela cairá pelas minhas mãos. — Você se apruma de joelhos, mais pertinho do corpo estirado no divã. — Pode ter muito mais do que a Ilha. Uma mulher tão poderosa quanto tu não deveria estar exilada e solitária.
— Não estou sozinha.
— Eles cantam canções sobre ti, Circe. Sobre teu poder, tua grandeza. Não imagina quantas garotas por aí queriam poder gozar dos mesmos encantos que prega para se protegerem dos homens do mundo.
Apoia-se com a palma no descanso do estofado para se posicionar atrás dela. A boca ao pé do ouvido, feito uma tentação. “Poderia ser adorada como uma deusa, e responder às preces que te rogam.”
“Não tem que se contentar com os marinheiros que aportam uma vez a cada lua cheia, ou às vezes nem mesmo atracam... Não nasceste para viver nessa ilha, por mais que tenha se acostumado a chamá-la de lar. Está aqui porque te colocaram aqui. Zeus te colocou aqui.”
— Meu pai me colocou aqui — ela retruca, cuspindo cada palavra após terem tocado em sua ferida ainda aberta.
— Porque ele ouviu Zeus — você corrige mais uma vez. — Hélio teria feito diferente se não fosse pela influência daquele que chamaram de Deus dos Deuses.
— Você não conhece meu pai.
— Mas conheço Zeus.
“Eu sei do que ele é capaz”, completa. “Eu vivi a sua fúria, se eu não tenho mais uma casa para qual retornar é por sua culpa. Ele já nos causou mal demais”, aproxima-se do outro ouvido, para sussurrar: é hora de fazê-lo pagar.
Circe mantém a postura. Os olhos de águia, antes tão caçadores, agora fogem do seu olhar. Beberica do vinho em mãos, murmurando um “vou pensar com misericórdia”, tentando trazer de volta o mesmo tom gozador que já usou previamente contigo.
— Levem-na para celebrar! — orienta as servas, com aceno das mãos.
— Eu não celebro — você contradiz, em vão, pois as mãozinhas finas das ninfas te tocam os ombros e guiam para fora da área coberta.
É levada até o pátio, no centro do mosaico. Aos seus pés, o desenho que se forma com pedrinhas coloridas ilustra a cena de uma batalha sanguinária, a lâmina reluzente é erguida à mão de uma mulher. Dizem, nos cânticos, que o mosaico encantado no palácio da primeira bruxa revela aos olhos desatentos dos homens que ela embriaga o futuro que os aguarda.
Guerra, sangue, destruição. As faces assustadas e o mar de cabeças rolando não te aflige.
À sua volta os corpos belos e mal vestidos da ninfas rondam-te como presas. Cabelos extensos, passando da cintura e quase no joelho. O brilho da pele feérica cintila sob o banho da lua, somam-se ao ecoar dos instrumentos de sopro, ao tambor, e as vozes tão melosas quanto o mel que adoçou teu vinho.
Se cobrem com o véu, para valsarem ao seu rodar em sincronia. De repente, está com a visão totalmente monopolizada por elas. Aquilo que dizem sobre as ninfas, sua capacidade de hipnotizar quem quer que almejem, aqui pode provar da procedência. Talvez seja o efeito do álcool que ingeriu, é uma boa explicação senão o misticismo daquelas criaturas da floresta, quando a visão fica turva, perdendo o foco de supetão e voltando ao normal.
Sente o som dos tambores batendo no seu coração, o corpo pesar. Esquenta a pele, como se a temperatura ambiente tivesse ido às alturas em um verão mais árido que o normal. Cambaleia, perde a noção de equilíbrio. As vozes cantam no fundo do seu ouvido, parecem moldar o caminho incorreto que as suas sandálias traçam.
Olha ao redor, em busca de algo que faça sentido, e só enxerga a insanidade. Os sorrisos imorais, o mover depravado de corpo em corpo. Os rostinhos falsamente inocentes abraçados às árvores do jardim. Corpos se eriçando feito bestas, unhas pontiagudas como garras de caça. Olhos brilhando na escuridão que se guarda nos limites do refúgio infame da bruxa.
Mas um olhar se destaca entre o mar de lascividade. Grandes, profundos, amarelados. Estreitos nas pontas como uma águia.
Você pisa em falso, vai de encontro ao chão para ser recebida pelo conforto de almofadas e mantas, e descansa a nuca no pelo de um leão. O par de mãos que sobe pelas suas canelas não se importa com o limite que a sua túnica estabelece. Toque quente, queima junto à sua pele, arrepia até o último fio de cabelo. E aqueles olhos ferventes... Aqueles malditos olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Olhos de quem percebe tudo, tudo sem dizer nada.
— Circe — chama o nome dela, segurando em seus ombros, como se evocasse um demônio. — Não me tente, bruxa.
— É isso que achas que estou fazendo? — O sorriso ladino se espalha pela boca como verme. A ponta do nariz roça na sua, respiração soprando contra o seu rosto.
Ardilosa, ela se acomoda sobre o seu colo, permite que o calor entre as pernas te aqueça o ventre por cima da fina camada de tecido que ainda lhes cobre a nudez. Os longos cabelos negros recaem para o canto, conforme se inclina, “nunca conheci nenhuma mulher além das ninfas”, ela conta, “me deixe experimentar você.”
É o feitiço em efeito, só pode ser, pois se doa sem pensar muito nas consequências. A última vez que vê o rosto dela é quando já está se aproximando no meio das suas pernas, com um sorriso libidinoso e os quadris eriçados, de quatro sobre o chão.
Encara a lua cheia no céu noturno. A imensidão vazia às bordas só não te captura a atenção porque o baixo ventre se remexe em prazer. Sente o carinho dos dedos te circulando, escorregando entre as dobrinhas conforme se molha mais e mais. O nariz se esfrega no seu monte de vênus, sensual, inebriando-se no seu cheiro antes de te provar o sabor. Quando a boca vem, você se agarra aos lençóis ao seu redor.
Pode ouvir os sons das ninfas, jura, uma orquestra erótica se fortificando ao pé do seu ouvido como se quisesse te levar à loucura. Desce as mãos pelo próprio corpo, toca os fios escorridos da moça e os toma na palma. Feito a guiasse, mantém o controle da carícia que recebe. Os olhos se fecham, um suspiro longo deixando o seu peito ao se entregar mais e mais. Desde que saiu de casa, empurrando aquele barco simples pela areia até a praia, de todos os possíveis cenários que protagonizaria em seu futuro, nenhum deles envolvia estar aqui onde está, com quem está, fazendo o que faz agora. E não é como se arrependesse, entenda.
Encontra-se à beira, quase derramando, mas não permite-se entregar ao deleite. A ergue pelos cabelos, bruta na maneira de manejá-la de volta aos teus braços. É fácil romper o broche de cabeça de leão na altura dos ombros alheios, maior ainda é a facilidade para desfazer as amarras da túnica que ela usa.
Num movimento único, a coloca sob ti, tão habilidosa com a arte de mover-se que arranca um daqueles sorrisinhos debochados que ela tem. A separa as pernas e se posiciona de modo que possam ficar bem encaixadinhas. A conexão é tão úmida, o seu desejo se misturando ao dela quando se encontram dessa forma. Deixa que a perna dela descanse no seu ombro, movendo os seus quadris contra o corpo feminino.
Circe leva a mão à sua cintura, aperta. Puxa o seu cinto, desfaz a cobertura que a túnica promove somente para poder arrastar as unhas da sua barriga às costelas. E você grunhe, ardendo não só pelo carinho arisco, mas pela ousadia de quem tecnicamente está sob seu controle.
— Má — a sua voz soa mais baixa, num murmuro como se não quisesse que ninguém além dela escutasse. — Pensei que fosse boa, esse era o seu defeito, não era?
Ela se delicia com as palavras, com o tom aveludado. Eu sou quem eu quero ser.
Amar Circe foi uma das melhores coisas que já fez, não só pela experiência nova e erótica, mas também pela conexão que se estabelece ao fazer dela sua primeira companheira. Deita ao canto dela, ao fim, quase se perde com o olhar pelo desenho do corpo nu, de lado com a cabeça sobre os lençóis macios. Os cabelos negros recaem em cascata, são jogados para trás e limpam o rosto corado, os olhos brilhantes.
Ela encolhe de leve a postura, o ombrinho tocando a bochecha.
— Eu vou contigo — diz.
Você apenas sorri, num suspiro que mistura o cansaço e o alívio.
— Mas, se me trair... — ela ameaça.
— Não vou te trair — garante. — Pareço com alguém que deves temer?
Tomam a noite para si, para o ócio. Com o nascer da manhã, porém, devem de partir. Faltam quatro dias para o fim do verão, e se querem uma passagem para o Submundo, estão com o tempo contado.
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Dia de aula de Kimbundu é como ter 6 anos de novo, tentando aprender regras de gramática pela primeira vez. Só que numa língua exótica. Mas depois que começa a fluir é muuuuito legal. Amo! O professor e a turma são ótimos também.
Assistindo The Bear. O episódio do estágio do Richie foi "O" mais emocionante. 🥺
E fico sempre muito incrível em ver como o povo anda imbecilizado e ninguém faz mais nada por conta própria, sempre tem um coach, um consultor ou algo do gênero - geralmente alguém totalmente aleatório que se auto intitula especialista em algo, mas é só alguém que está perdidíssimo no rolê e com a cabeça bem mais fodida que a sua. Tipo, gente, precisa mesmo de alguém pra te dizer que cores você deve vestir? Usa o que você se sente bem, caraio! Precisa oficina de escrita criativa quando você só quer ter um blog-diarinho em paz? Curso de maquiagem com uma pessoa que anda por aí a cara do Bozo? 🤡
Que preguiça que eu tou de rede social e de gente em geral, pqp.
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#me #mg #pessoal
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klimtjardin · 4 months
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✨ A jornada de um artista ✨
Capítulo um - Como chegamos aqui?
Vencendo o medo de me expor, vim contar para vocês o que de verdade me fez optar por ser artista; toda história tem um início, e apesar dessa não necessariamente seguir uma ordem cronológica, acho que pode ser legal começar de fato do início...
Minha vida sempre foi cheia de arte, mesmo que eu não tenha percebido antes.
Na minha cidade não tem galeria de arte, por exemplo. Por muito tempo não tivemos cinema, e o teatro municipal era praticamente obsoleto. Aulas de arte na escola eram consideradas "período livre". Porém, na minha casa a arte era uma coisa extremamente cotidiana. Ela aparecia, e ainda aparece, por acaso e sem realmente questionarmos se é arte ou não é. Minha mãe sempre foi "fazedora"; ela sempre inventou coisas, reformou coisas, cozinhou coisas. Tive outros exemplos próximos a mim, de pessoas que desenhavam, escreviam ou pintavam também.
Quando pequena gostava de mexer com tinta. Gostava de inventar. Creio que é da infância mesmo, ver coisas que não estão lá, mas ao mesmo tempo torná-las reais. Desenhava muito. A maior parte do meu tempo era ocupada com inventar histórias em quadrinhos, criar personagens, mundos, detalhes de roupas, como eram suas casas, seus mascotes, tudo desenhadinho. Passava muito tempo fazendo isso. Folhas e folhas avulsas e de cadernos de desenho foram gastas assim. Me arrisquei na dança por um tempo também, mas não dei seguimento.
Na adolescência, comecei a pensar que não desenhava tão bem assim e abandonei os desenhos totalmente, migrando para a escrita, a fotografia e o vídeo. Mas sempre gostei de fazer. O fazer manual esteve ali do meu lado e nunca me abandonou. Fosse do jeito que fosse. Embora nunca me vi como artista. Eu?! Claro que não! Tudo o que eu faço é medíocre. E além do mais, isso não é profissão.
Bem, aconteceu aquele processo de escolher uma carreira. No final do ensino médio, praticamente sem experiência de vida ou da noção do que é trabalho. Por mais que soubesse que seguiria um curso nas criativas, não tinha uma visão tão romântica assim; sabia que precisava ganhar dinheiro e ponto, mesmo que não gostasse tanto do que estava fazendo. Botei na cabeça que o meu caminho era design gráfico. Designers eram bem sucedidos, e era uma profissão criativa, não? Claro que haviam outras opções, como cinema e produção de videogames, mas quis dar uma de adulta e ser realista.
Não contava, no entanto, com a realidade das notas de corte. Não passei. Passei em artes visuais - licenciatura.
Ah, mas não era só estudar mais um pouco e tentar de novo? Até poderia, porém, senti pressões bem diretas para ingressar na faculdade o mais rápido possível, questão de mercado de trabalho e todo aquele papo. Não fez muita diferença, peguei dois anos de pandemia e acabei me formando depois, rs.
Artes, então, foi "o que sobrou" para fazer. Que bom que foi. Amei cada segundo da minha graduação, mesmo as partes mais difíceis. Amei a experiência como professora, por mais que não seja com o que trabalho no momento, nunca descarto essa possibilidade.
Fazer faculdade mudou a minha vida completamente, porque além de me tornar profissional, foi como conheci as possibilidades... Existem possibilidades de trabalho para quem é artista! Um dos bônus da faculdade é que ela te dá um conhecimento bom de cada área de atuação.
Descobri tanta coisa que ainda quero compartilhar com vocês nos próximos capítulos...
Mas a conclusão que quero deixar é de que, até o último momento, não sabia que iria me tornar artista profissional, acabei me encontrando. Por força do destino, também, me vi a seguir 100% na carreira artística ao invés de dar aulas, como achava que seria mais seguro. E talvez até seja mais seguro, mas ficar presa em um único plano, desde o início, me fez fechar os olhos para outras possibilidades.
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giulessantiago · 5 months
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Reflexões de uma jovem escritora.
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Desde que comecei o curso de escrita criativa, muitas mudanças, reflexões e percepções tem me acometido. O contato com outras pessoas que tem interesse na escrita e os temas abordados na oficina tem tido efeito desde a superfície até meu âmago. Com isso, alguns gostos literários têm voltado para seus lugares na estante enquanto outros têm saído. Meu primeiro contato com a escrita literária foi a partir de autores do mercado americano como Sidney Sheldon e Stephen King, esses que hoje parecem prolixos e um tanto caricatos para mim.
Não as desprezo de forma alguma, a literatura de cunho comercial tem o seu valor, mas no momento não me apetece mais. Enquanto obras do cenário brasileiro e lusitano tem despertado em mim um imenso prazer e curiosidade. Crônicas, contos, entre outros... É como se nesse momento não desejasse conhecer outras realidades estrangeiras antes de conhecer bem a minha. Que além de ser brasileira, é paraense. Riquíssima em folclore e histórias.
Nelson Rodrigues, Mario de Andrade e Rubem Fonseca são nomes que figuram os livros diante de mim enquanto escrevo esse texto e espero encontrar em algumas dessas obras o alimento para a minha própria escrita. Caso não ocorra, com certeza minha alma será satisfeita.
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mechamedealeisharoiz · 2 months
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Desabafos de uma artista em mania criativa
Preciso admitir. Desde que tenho decidido tirar um ano sabático para estudar artes, fazer faculdade e me dedicar ao teatro, minha cabeça anda cheia de possibilidades. Só na semana passada, eu tive mil ideias p desenvolver, e o único problema é: como? Além de estar cursando letras e fazendo uma especialização em linguística, estou no processo de 2 projetos teatrais como atriz, 1 projeto como produtora, treinando a gravação de 1 curta metragem independente, cursando inglês e espanhol virtualmente, escrevendo 1 livro (ou tentando), me dedicando as escritas e adaptações de peças teatrais e alguns textos para esse site aqui, além da manutenção em si também. Fora que não consegui marcar mais aulas de circo, por falta de tempo mesmo. E, ainda, estive pensando em me especializar em escrita criativa, fazer curso de crítica literária (sim, do nada) e de produção cultural também. Talvez surtando um pouco, ou só em mania desejando uma energia mental que eu, cansada que sou, definitivamente não tenho.
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ㅤㅤ⸻ TRECHO #OO1
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Trecho de um manuscrito de Gwen para uma aula do curso de escrita criativa onde o prompt era transformar erros e arrependimentos da vida em uma cena, perdido entre seus cadernos. Algumas frases se encontram riscadas; outras, incompletas ou borradas por água, aparentemente. Há também entre as chaves comentários da autora.
ㅤㅤEra possível sentir uma dor tão excruciante porque algo que não conhecia? Era possível sentir aquele vazio indeterminável e profundo por algo que nunca fora seu? Era possível procurar por um lugar que nunca havia visto? Era a falta do abraço de um pai, o afago de uma mãe. Falta das mais primitivas e importantes conexões humanas que lhe foram negadas desde o nascimento. Mas, ainda assim, sentia falta de uma conexão que nunca teve? Qual seria o propósito?
ㅤㅤObservar a sua face pálida no espelho era como confrontar toda uma vida que poderia ter sido e não foi; o rosto que parecia ter visto a morte e retornado era um bilhete da vida vazia que agora lhe perseguia. A palidez de alguém que apenas passou pela vida, não deixando marcas, ninguém conheceria seu nome e ninguém choraria sua morte. Até porque, não havia ninguém para sequer chorar pela sua vida.
ㅤㅤEra como se as páginas da vida sequer tivessem sido manchadas com seu nome. O gosto agridoce inundava a boca, fazendo a face se contorcer com o amargor do arrependimento. Mas parou para pensar um pouco, e ponderou se era possível se arrepender pelo que outros haviam feito. É possível? Isso poderia levar a algum lugar senão um labirinto infinito de amargura e tristeza? [Parece meio confuso, mas arrependimentos são confusos, não é? Tentar reescrever depois.]
ㅤㅤQuando, por fim, tentou parar de se encarar no espelho, os olhos pesaram sobre um diário em cima da cama. Suspirou pesadamente, recebendo uma quantidade absurda de memórias das quais achava não existirem mais, ou esperava ter esquecido depois de tantos anos. O esquecimento era uma benção e sequer isso tinha. Queria reviver as memórias do pai? Queria lembrar da frieza... ㅤㅤ[Esse texto está péssimo e eu odeio aquela Sra. Thompson e tudo que ela representa por me fazer escrever isso!!!! ÓDIO!!!! Eu não quero escrever sobre as coisas que eu sinto, arrependimentos e coisas do passado. De passado, eu tenho suficiente nas minhas aulas de história. Que diabos de aula criativa é essa? Só falta ela querer que eu escreva que meu maior erro foi esperar algo dos meus pais que eles nunca poderiam me dar e... a partir daqui, o texto está todo borrado, com a página enrugada por umidade e ilegível.]
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livmaya · 7 months
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Esses dias me bateu uma vontade de fazer um curso de escrita criativa, encontrei vários muito bons, então resolvi compartilhar aqui!
#primeirocursodeescritacriativa
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Esse é um curso da Udemy, que está com um desconto maravilhoso!
O que você aprenderá com esse curso:
• Escrever uma história (flash fiction).
• Obter toda a preparação necessária para escrever um livro.
• Desbloquear a escrita com mais de 30 exercícios práticos e criativos.
• Desenvolver estilo individual de escrita.
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Link para o curso:
https://www.udemy.com/share/101y9W/
Boa sorte!!
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Como se tornar escritor? + 5 dicas de para isso
Ao contrário do que muitos podem pensar, não surgirá um alienígena do céu e te levará para uma seita secreta e assim você se tornará um escritor — depois de alguns rituais loucos, obviamente.
Apesar de ser uma profissão reconhecida no Brasil, pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), ser escritor não é uma profissão regulamentada. Logo, não possui piso salarial ou jornada de trabalho.
• "Então como eu me torno um escritor?"
Bem, nada impede você de escrever. E quem escreve textos, livros, estrofes ou qualquer outra coisa, pode ser considerado um escritor.
PORÉM… (sempre tem um "porém" aff)
… É necessário estudo para fazer isso bem.
Ou você acha que a técnica se desenvolve em um passe de mágica?
• "Precisa fazer faculdade?"
Não, mas pode ajudar. Existem algumas pós-graduações em escrita criativa pelo Brasil e, caso tenha a oportunidade, recomendo que faça.
Existe também a possibilidade de adquirir conhecimento para escrita por meio de outras graduações. Psicologia, jornalismo e letras são alguns exemplos.
Porém, ter graduações não é essencial.
A única coisa que realmente é essencial é criatividade. E ela pode (e deve) ser praticada. Não vem do dia para noite.
• "Como aprender a escrever bem?"
1 - Leia A leitura é sua aliada nessa jornada. Leia da tudo um pouco e analise como seus autores favoritos escrevem.
2 - Paciência Escrita de verdade requer muita reescrita. Não desanime quando aquele parágrafo ou capítulo não ficar tão bom.
3 - não se limite Cada um tem seu ritmo, estilo, técnica, etc. mude quando necessário, porém seja compreensivo com o que funciona melhor para você.
4 - Cursos e eventos de literatura Além de aprimorar e conhecer técnicas, você também conhecerá pessoas da área. Existem vários cursos online e gratuitos (são mais curtos mas também auxiliam muuuuito no básico da escrita).
5 - Escreva (Uma dica que parece óbvia.) Contudo, a prática leva à perfeição e é ela que te fará um excelente escritor.
Espero que tenham gostado. Até a próxima!
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hprn-a · 1 year
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A Hipernarrativa A é um projeto feito pelos alunos do curso de Escrita Criativa na cadeira "Laboratório de Criatividade", no primeiro semestre de 2023. A hipernarrativa consiste em uma história escrita por diversos autores, sendo que cada aluno escreverá um capítulo de acordo com o que foi escrito no anterior. O projeto será feito ao longo do semestre e, conforme forem escritos, os capítulos serão publicados aqui.
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ygor-pierry · 2 years
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JANUS: CARPE DIEM? A verdadeira comédia dos erros
 Ygor Pierry Piemonte Ditão
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 “O avião, que se esperava que influenciasse a civilização, na prática não serviu para muito além do que soltar bombas, é um símbolo desse fato. A Alemanha moderna é muito mais científica que a Inglaterra, e muito mais bárbara também” (Geoger Orwell).
Que a escrita desopile as pérfidas impurezas de um impávido viver e de um sórdido existir que rasteja entre as mazelas das bestas mais ferozes que o mundo já viu sobre a Terra: o ser humano. Brutal, egoísta, pernóstico, cruel, feroz, pedante, insensível e portador das mais profundas doenças que instinto algum, presente nos animais, seria capaz de repetir, reproduzir ou mesmo assemelhar.
Cogito ergo sum...
No entanto, categoria inacessível aos apetites mais selvagens ligados ao estômago e à genitália de onde a massa colossal de búfalos segue seu curso indômito das feiras, das lojas e das placas de liquidação: que liquidam tudo, até a última réstia do traço humano.
Sapera aude...
Porém, a dor Atlante – porque de Atlas o mundo é, na verdade, a dimensão empírica de seu sentir e pensar por que sente – reverbera a frenética força do entorpecimento, presente no pútrido hedonismo sádico, da superlativa conotação sexual de nossas crianças e, ao final, nas sarjetas do ego abjeto de nossas redes sociais em que restam apenas seios, glúteos e abdomens.
Quando o único sonho de uma pessoa é apenas o seu corpo, o que resta de sua alma?
Existe algum cabedal de forças apofânticas nesse mundo de cristal e vidro que representa – para além da caverna – ilusões de ótica entre luzes e sóis no arco-íris de mentiras reproduzidas na escuridão?
Sem respostas, por enquanto...
A todos, nessa virada de ano, como bem advertira Karnal em uma de suas palestras, segue a ansiosa esperança de que o sino da meia noite torne o futuro mágico e transforme o passado em uma simples poeira cósmica e, assim, as tantas angústias aprisionadas nos frenéticos cliques de compra online serão apagados milagrosamente. Por isso, a grande maioria apoia-se em Janeiro como em uma representação simplória da divisão dos tempos entre passado e futuro e, consequentemente, Jânus se apresenta mais uma vez como uma ilusão pueril a converter todas as atrocidades por nós cometidas em passado e, outrossim, a transformar todas as nossas futilidades presentes em ambições futuras: de um mundo mágico que não existe porque já o destruímos hoje.
Não me apetece essa semovente alegoria de Jânus: passado e futuro. Prefiro a dimensão freudiana das potencias humanas: o bem (Eros) e o mal (Ares), nas forças catatônicas do espírito humano ou, entre os meus preferidos, a representação barroca da elevação divina e diabólica entre a força criativa do compreender e destrutiva do sentir. Não é o passado e o futuro, mas apenas o presente e nesse presente Jânus representa, na realidade, as duas facetas de um mesmo ser que constrói e destrói com o mesmo braço. E, assim, antagonicamente ao sagrado Texto, faz emergir de uma mesma fonte águas amargas das lágrimas da violência com sangue ferroso e água doce da caridade e esperança de lúdicas crianças a brincarem no jardim.
Assusta-me, contudo, o como se repetem, entre os cacos de vidro chamados de corpos humanos, a força destrutiva de Ares e, para todos os locais que vejo, transbordam violência, injustiça e crueldade, nos castiçais falsificados da vaidade e espelhos ocos na torpeza megalomaníaca dos usurpadores de espíritos.
São 15h00min do dia 24 de dezembro de 2022. Avenida Parada Pinto, mais ou menos na região do Largo do Japonês. É uma região periférica da Cidade de São Paulo: não tem um décimo da força financeira da Grande e Infinita Avenida Paulista, mas reproduz as mesmas quimeras alomórficas de suas esquizofrenias: entre consumidores frenéticos e mendigos com fome. Nessa hora e local os corpos parecem mais um daqueles imbecilizantes filmes de quadrinhos Ianques a representar passos na velocidade da luz e os rostos se desfiguram na pressa incontida dos cães em pé e, evidentemente, na desumanidade que viceja nas peles acinzentadas de sadismo. Para todos os lados que eu olho vejo apenas almas desesperadas de vazio a batalharem como hienas famintas por carniça de outras hienas que morreram de sede no período da estiagem e, assim, lojas cheias reverberam a música de Criolo de que “Não existe Amor em SP”. No chão, a geração do viver ecologicamente, reproduz as falácias dos discursos aparentes entre o lixo estrondoso de restos de comida (porque comem enquanto andam e compram), plástico de bens consumidos com almas também descartáveis, papéis falsos que representam identidades criadas para os outros e aparelhos eletrônicos velhos cujas câmeras são incapazes de reproduzir com perfeição a mentira criada hoje para apresentar amanhã.
Na praça que existiam idosos jogando – retirados pela subprefeitura da Vila Nova Cachoeirinha violentamente com a arrancada autocrática das mesas em que jogavam todos os dias – é substituída por famílias inteiras sob os bancos da praça entre lixo, transeuntes e lixo (perdão pelo pleonasmo ao repetir três vezes lixo), enquanto filhos hipermimados são presenteados com a reprodução masoquista do hedonismo epicurista anestésico deturpado. Na calçada as lojas multiplicam-se, sem a caridade outrora de Cristo ao dividir pães e peixes, e, nesse cenário, além das lojas que vão por entre quilômetros de avenida, vê-se, nas calçadas que quase não passavam as pseudopessoas, emergir barracas e camelôs de produtos falsos que precisam saciar a malfazeja vaidade, pois não bastam serem calças, sapados e camisetas, precisam ter a ilusão ignóbil dos cães (a caçar seu próprio rabo eternamente) de que aquela bolsa de R$ 15,00 (quinze reais) precisa vir o símbolo dantesco da Gucci e aquele tênis de R$ 25,00 (vinte e cinco reais) necessita do símbolo parvo das Adidas ou da Nike repetindo o velho Teatro dos Vampiros de nosso finado Renato Russo.
Chego ao escritório e a cuidar dos eternos conflitos – porque a humanidade, no final, é isso! – as paixões convalescentes dos chacais expõem às vísceras as placentas infantis e vilipendia até a mais sensível alma: não perdoam nem as crianças, como bem ensinou o fariseu parricida a tentar afastar de Cristo as crianças. Afinal, nossos filhos que já têm cartões de crédito, débito, conta bancária e Pix, mas não podem simplesmente jogar futebol na rua ou cantar no chuveiro, pois se mostrarem uma sombra de aptidão será colocado precocemente em um estádio com trinta, quarenta, cinquenta ou sessenta mil pessoas e serão vendidos por quarenta milhões. Se, porém, são talentosos nas artes encherão as telas de televisão com apresentações brutais de crueldade e tensão em um The Voice Kids ou Master Chef Kids e, assim, como das tantas vidas destruídas pela maturação precoce, terminarão a infância viciados em entorpecentes e sexualidades, mas darão aos seus genitores e família uma vida abastada que vale o sacrifico de sua própria existência.
Esses mesmos adultos que deveriam carregar nas espáduas a responsabilidade de cuidar e zelar dessas crianças precocemente emancipadas, declinam do incrível peso de pensar e, como bem ensinou Benjamin Barber, viciar-se-ão em filmes infantis de super-heróis, bonés e bermudas enquanto precisam urgentemente gastar dinheiro suficiente para retirar o continente africano da fome em Viagra e silicone. Bonecos e Bonecas (Barbie e Ken) se apresentam por todos os cantos apaixonados pelo espelho de tal forma que Narciso converter-se-ia em Teseu. Nessa distopia temerária as escolas transformam as crianças em monstros cuja grande função final é aparecer na parede da escola como um dos poucos aprovados nas mais renomadas faculdades: ignorando, o tempo inteiro, que Adolf Hitler tinha ao seu lado médicos, advogados e engenheiros. Excelentes profissionais, péssimos seres humanos. Esses mesmos pais (monstros biologicamente aptos, apenas biologicamente) enquanto compram suas cartelas infinitas de Viagra e marcam uma após outra cirurgia plástica, ignoram que vossas crianças de dez a quinze anos já expõem mais nudez nas redes sociais que as revistas de nudismo dos anos 90 como a Playboy e, depois, são compelidos a encartar a lista de pais desesperados pelos filhos desaparecidos sequestrados pelo mercado de tráfico para fins sexuais: mercado este sustentado, aviso-vos meus caros, por homens inescrupulosos que assentam como Juízes, Parlamentares e grandes lobos do mercado financeiro, bajulados diariamente por todos nós.
De volta ao meu escritório, aqui, nessa cadeia gelada de livros e conflitos, não posso ignorar que pareço um cavaleiro ou um sacerdote de Ares: com pastas, códigos e petições na mão a saciar os conflitos e as vaidades infindas do caos atômico dos egos. Ficam na memória os casos mais cruéis que vi aqui: são seis anos que um pai não vê a filha porque a mãe perseguiu seu afã desumano de substituir a figura do genitor pelo seu novo relacionamento – ao arrepio do que sinta a filha objeto de sua satisfação narcísica – e, para tanto, usou tudo que tinha as mãos: com uma estória incoerente e sem conexão acusou o genitor de violentar sexualmente a filha (provado ser falacioso após perícias médicas, psiquiátricas, psicológicas e pela assistência social que atestaram a existência de memória injetada na criança) e que mesmo após uma sentença que determinou que a mãe permitisse que o pai visse a filha, persiste sem qualquer contato. Do outro lado da estante a situação não é muito diferente: chega ao escritório uma mulher com óculos de sol do tamanho de uma tela de cinema. Precisava esconder os dois olhos roxos e mal abria a boca para falar, tanto pela lesão no maxilar quanto pela vergonha de expor dois dentes da frente quebrados por um soco covarde de um semovente bípede. Noutro feito, o filho persiste já mais de oito anos sem que o pai quite os valores devidos a título de alimentos (ajudado, evidentemente, pelo Ilustre Poder Judiciário que decisão após decisão favorece apenas o devedor deixando morrer de fome o credor na cultura do protecionismo dos inadimplentes encartada pela (in)justiça Bandeirante), sob a pecha sarcástica de ausência de recursos enquanto, claro, com os filhos conjugais (pois apenas a esses reconhece o torpe varão) segue sustentando-os sobejamente com viagens ao exterior e universidades mais caras do país.
Escolhi essas três histórias porque elas emergem do lugar que se imaginaria ser o menos propício: a família. Mas como são brutais essas famílias criadas pelo, para e no consumo! Chega a hora fria de meus corpos frágeis e esses filhos abandonados a terceiros abandonam também vossos idosos: e assim, filhos que foram criados apenas e tão somente por empregadas, creches e internatos retribuem em igual medida isolando vossos idosos em asilos mais distantes possíveis. No condomínio as crianças descem para brincar sem qualquer vigilância e educação e desde cedo já reverberam os valores paternos e maternos de destratar o porteiro, humilhar a senhora da limpeza e descumprir todas as regras de bom convívio. Quando inquiridas por outros adultos correm imediatamente até vossos pais guardiões da impiedade que, como se esperava, agridem imediatamente aquele que lembrou a seu filho insuportável que viver com os outros não é se apropriar dos outros: e assim o respeito fenece sob o sol árido das torpes dimensões econômicas do ser.
Quisera eu parar aqui: há mais atrocidades. Um filho é acusado de tentar matar e envenenar a própria mãe; um pai (mais cruel que o lobo a jantar uma ovelha na frente da mãe da própria ovelha) bestializa-se no mais inaceitável ponto e violenta sexualmente uma criança (afilhado, sobrinho e até mesmo filho); uma mãe arremessa a filha contra a parede e quebra-lhe o baço; outra mãe entrega a filha a um estranho para perseguir a caça irrefreável de entorpecentes em troca de sexo e, mais distante, já na minha cidade natal (Salto Grande) uma mãe inescrupulosa entrega sua filha adolescente à prostituição para os eternos coronéis que emanam nos infindos brasis. Paremos por aqui... Do contrário encerrarei apenas no escritório meus exemplos.
Voltei para casa e enquanto minha esposa voltava da casa de sua mãe com nossos filhos, acessei o computador para averiguar as últimas hordas de e-mails do escritório onde advogo e da faculdade onde leciono. Realmente, as férias chegaram, não havia nada. Minha esposa prometera chegar a uns quinze minutos e o tédio chama apenas coisas inúteis como as redes sociais (que na era da informática sou compelido a ter quando, antes, por não as ter, um cliente chegou a pensar que era um estelionatário a me esconder de credores): reels, stories e publicações. Como em Desconstrução de Tiago Iorc para todos os cantos se via apenas três coisas: corpos nus, futilidades e exibicionismo.
Do último para o primeiro é mais legal por me permitir ligar a experiência de advogado com o teatro de aparências das redes sociais. Um cliente se dirigiu a mim clamando para substituir outro patrono que, infelizmente, se apropriara dos ganhos processuais devidos a ele e arguiu incapacidade financeira e, por isso, implorou (não é superlativo) que eu o patrocinasse ad exito (ganho, se ganharmos) e o fiz (além de auxilia-la gratuitamente noutras situações periféricas). No entanto, depois de vencermos, adicionou-me nas suas redes sociais e vi que sua pobreza era sonsa em suas viagens à Disney enquanto se apropriava do trabalho alheio no mais elegante estilo brasileiro: tantos anos de escravidão é incapaz de respeitar o trabalho de outrem. Noutro evento, bom é ver a genitora em barcos, viagens, festas regadas à muita bebida alcoólica enquanto se exaspera com a imposição de uma derrota processual com repercussões financeiras claras ou, ainda, em outro processo reclama alimentos à filha sustentando um dever maior ao genitor varão em virtude de sua diminuta condição econômica. Que tal meus doces alunos? Perdidos em academias, festas e bailes exasperados, ao final de semestre, por terem ficado de exame ou reprovados? Dedicados diariamente (ao menos postam diariamente) aos bíceps, glúteos e seios, mas incapazes de ler um livro por mês: verdadeiros colhedores de maçã..., mas plantaram apenas mandiocas (que a simbologia implícita faça seu papel cômico Shakespeare). Entre suas torpezas infames de plágio, cola e ausência de escrúpulos (como aquelas crianças citadas antes incapazes de respeitar o porteiro, a faxineira e o vizinho) que, a cada semestre, responsabilizam a universidade, a biblioteca, o professor e tudo que lhes cercam, mas nunca admitem sua indisciplina: carentes dos resultados fáceis na era da modernidade líquida de Bauman. No final, tudo e absolutamente tudo que estava nas redes sociais se resumia: “eis que tudo era vaidade e aflição de espírito” (Ec. Cap. 1, vers. 14), mesmo aos carolas e religiosos a compartilhar fotos em suas santas ceias, orações e caridades ignorando em todo o tempo que deveriam fazer “ao a teu Pai que está em secreto” (Mt. Cap. 6, vers. 6).
Esse é um local – apesar de imaterial – mais propício a materializar a mandrágora venenosa que se infiltra no solo do coração humano cujas aparências retratam um teatro elisabetano, mas, na realidade, esconde um coliseu romano com corpos ensanguentados, violentados e opacos já em putrefação do óbito. Como uma sala de espelho a reproduzir almas de plástico e corpos de vento carregados pelo ímpeto animalescos de pessoas que, para entorpecer sua dura realidade, envolvem-se entre os vícios mais estúpidos de álcool, drogas, sexo e vaidade. Para tanto, são capazes da mais idiossincrática e impensável conduta de um homem: animalizar-se ao máximo e desumanizar o outro para se apropriar dele em seu corpo, bens e, mais cruel que uma hiena que come sua vítima ainda viva, sua alma.
Homens que humanizam cães com festas, bolos e afeto desmedido, mas, em contrapartida, desumanizam homens, mulheres e crianças, agredindo-os no mais profundo recôndito de sua dignidade preferindo tratar como pessoa quem ainda late e tratando como cão quem de fome chora, dando-lhe apenas as sobras e restos de sua mesa aos seus empregados, aos seus amigos e amores. Como um velho amigo que por anos usufruiu de meu trabalho remunerando-me muito (mas muito!) abaixo do valor adequado, aproveitando-se, naqueles idos, de minha fraqueza financeira e de nosso laço de amizade – pois, no final, eu também sabia que ele estava a erigir seu caminho e que vínhamos dos mesmos pés de barro de um mundo simples como a citada Avenida Parada Pinto – até o dia em que não podendo mais auxilia-lo (mestrado/doutorado) indiquei um amigo de minha confiança cuja qualidade do labor eu confiava. Este amigo (talvez um dos meus últimos, hoje, de verdade) ligou irado com a postura do meu outro amigo mercenário de pechinchar sua remuneração, quando, então, descobri que o meu primeiro amigo estava a pagar ao meu segundo amigo (que não tinha qualquer relação de amizade entre eles) três vezes e meia ao que era pago a mim. Silenciei-me e nunca mais atendi seu telefone. Da última vez que nos vimos, preferiu não falar comigo para sustentar a posição teatral de que eu o traíra, mas eu sei a verdade e ela viverá comigo apesar de seu anonimato, pois, diferentemente das falácias que as redes sociais representam, a verdade não precisa de palco.
Faltam muitas histórias como a politicagem necrosada de instituições da República (que não posso nominar para não ser preso), a corrupção pandêmica dos homens públicos que visitam com frequência os comerciantes da região para receber propinas para não fiscaliza-los (e não adianta levar isso para jornal algum, pois isso o que escrevo é uma obra de ficção, a semelhança é mera coincidência, assim como minha ironia), ou, por fim, a mais bela lição que ouvi do Padre Lancellotti que em uma conferência sua salientou que esse monte de igrejas pela cidade de São Paulo só pode representar a mesma coisa que uma cidade com hospitais demais: todos estão doentes de alma e de corpo, viciados no culto à Ares entregando-se para a destruição física e moral, sem sentir e sem entender por qual razão sentem, entregam-se à autodestruição com a destruição de todos que os rodeiam. No final, persistem os livros de teoréticos que escreverão sobre o Direito da Guerra sem jamais segurarem o corpo de um irmão ensanguentado ou, ainda, os maravilhosos autores da pobreza que ganham dez, vinte, trinta, quarenta ou cinquenta salários mínimos e – como o parlamentar recentemente fez – por se compararem aos mi ou bilionários como futebolistas, acham injusta a remuneração alheia superior à própria em sua velha adoração à pirâmide platônica. Teoréticos que visitam o exterior mensalmente (apoiados na deslumbrante Cidade das Letras de Ángel Rama), que escrevem sobre o sexo dos anjos e que nunca viram a fome, a dificuldade, a fraqueza, a brutalidade, a crueldade e a dor que emana do mundo real das pessoas que contam centavos para não serem despejadas.
Essa é uma das facetas de Jânus: Ares belicoso e contumaz. A inescrutável violência do ego que se apropria e destrói tudo que toca e vê. Afinal, como diria Emicida “quem vive no inferno reza para quem?” ou, ainda, nessa moda eterna de americanizar tudo, como diria Thirty Seconds to Mars, não seria tudo isso “A beautiful lie”? De tudo que escrevi apenas me restam a comédia dos erros que a humanidade repete em um círculo sem fim como em uma velha tempestade que nunca tem um final feliz: guerras, pandemias, catástrofes e crueldade retiraram de Cândido a inocência derradeira. Cenário que não pode ser escondido nos comerciais feitos por atores multimilionários que reverberam na era dos influencers a sabedoria vicejante de Atenas, mas divulgam, como prostitutas de mais baixo nível (pois a prostituição sexual vende ao menos uma verdade: o próprio corpo) produtos que não confiam, bens que não consomem e promessas que não cumprem, entorpecendo no próximo BBB as formigas que não trabalham no verão.
O fim? O fim não existe! Fica apenas Ouroboros de uma repetição que não terá saída enquanto cada um de nós não entender que a rua continuará suja se ninguém varrer a própria calçada; a corrupção será implacável enquanto ninguém aceitar o peso da honestidade; que a desigualdade seguirá brutal até que aprendamos a ver a igualdade do outro em nós; que o espaço público nunca será público enquanto persistimos nos apropriando de parcelas dele levianamente; que o serviço público continuará necrosado enquanto a única missão for um cargo estável e não a república; que o trânsito será uma selva envolta entre gnus, urubus e cães selvagens de taxistas, motoristas de ônibus, motoboys e ciclistas que reclamam de seus direitos violados, mas não respeitam um semáforo, uma faixa de pedestre e um passageiro; que o futuro será um caos impensável enquanto nossos filhos não aprenderem a respeitar o outro, as regras e a vida; que a eleição será sempre uma rinha de galos suicidários enquanto a luta for por parcelas do bolo e não para que todos comam... Enquanto o estômago e a genitália guiar a massa boçal dos semoventes bípedes, a humanidade seguirá seu curso irrefreável à desumanização: estuprando seus filhos, matando seus irmãos, roubando seus pais, traindo seus amigos e matando seus deuses de tanto rir, como o palhaço no cinema que representa todos nós: O Coringa que se transforma em todas as cartas e que representa a cada rosto que se olha no espelho e delega ao próximo o próprio dever.
Autofagia.
Não há ano novo na autofagia.
São Paulo 31 de dezembro de 2022.
“Não há outro modo para resolver o problema do futuro do homem, que não seja o de voltar ao passado; somente a observação do passado pode permitir-lhes entender, como em um espelho, o segredo do futuro” (Francesco Carnelutti).
P.S. Se você leu tudo que escrevi até aqui, apesar do texto deprimente, parabéns! Já superou a geração dos pássaros de Twetters.
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tionitro · 1 year
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Elementos Básicos de Criação de Histórias | NITRODICAS PARA ESCRITORES PODCAST #001 | #escrita
Primeiro Episódio do Podcast NitroDicas para Escritores no ar! Há algum tempo, eu sonhava em lançar este podcast como uma evolução dos meus vídeos de dicas para escritores e das mais de 60 aulas sobre escrita criativa, roteiro e outros assuntos no meu canal Newton Nitro no YouTube Minha experiência em trabalhos profissionais para editoras e no Estúdio Ghost Jack me fez perceber a importância de…
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tojaslikor · 2 days
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Como Ganhar Dinheiro na Internet: 3 Dicas Simples Para Começar Hoje Mesmo
Ganhar dinheiro na internet não é mais um mito. A cada dia, mais pessoas estão descobrindo como transformar o tempo online em uma fonte de renda real. Eu, com 31 anos, também passei por essa transição e hoje vivo exclusivamente de atividades online. Quer saber como você também pode fazer isso? Vou te passar 3 dicas práticas e eficientes para começar a faturar agora!
1. Criação de Conteúdo (YouTube, Blogs, Redes Sociais)
Uma das formas mais acessíveis de ganhar dinheiro na internet é criando conteúdo. Hoje em dia, plataformas como YouTube, Instagram e até blogs possibilitam que você monetize suas ideias e interesses. Se você tem uma paixão ou conhecimento em algum tema, como fitness, culinária, tecnologia ou qualquer outro nicho, você pode compartilhar isso e atrair um público.
Como monetizar? Existem várias maneiras: com anúncios no YouTube, parcerias de afiliados, patrocínios e até venda de produtos próprios. O ponto principal é a consistência: publique conteúdo de valor regularmente, cresça seu público, e as oportunidades financeiras virão.
Benefícios: A criação de conteúdo permite liberdade criativa e pode ser feita no seu ritmo. Além disso, o potencial de ganhos é escalável, ou seja, quanto mais seu público crescer, mais você pode faturar.
2. Marketing de Afiliados
O marketing de afiliados é uma das formas mais diretas de ganhar dinheiro online. A ideia aqui é promover produtos ou serviços de outras empresas e ganhar uma comissão por cada venda realizada através do seu link de afiliado. Grandes plataformas, como Hotmart, Monetizze e Amazon, oferecem programas de afiliados que pagam bem.
Como começar? Escolha um nicho que você goste e no qual possa gerar conteúdo ou indicar produtos de forma autêntica. Por exemplo, se você curte tecnologia, pode recomendar gadgets em um blog ou canal no YouTube e inserir seus links de afiliado. Cada venda gerada pelo seu link, você recebe uma comissão.
Benefícios: A grande vantagem do marketing de afiliados é que você não precisa criar seus próprios produtos. Você só foca na divulgação, o que facilita o início para quem ainda está aprendendo sobre vendas online.
3. Freelancer em Plataformas Digitais
Se você tem habilidades específicas, como escrita, design gráfico, programação ou marketing digital, uma ótima forma de ganhar dinheiro na internet é atuando como freelancer. Existem plataformas como Workana, Upwork e Fiverr que conectam freelancers a empresas e clientes em busca de serviços.
Você cria um perfil, coloca seus serviços à disposição e pode começar a pegar trabalhos pequenos que, com o tempo, podem se tornar uma fonte de renda consistente. É uma maneira flexível de trabalhar e você pode ajustar sua carga de trabalho conforme sua necessidade.
Benefícios: Trabalhar como freelancer oferece liberdade total de horários, além de permitir que você escolha com quem quer trabalhar e o tipo de projetos que deseja pegar. Além disso, à medida que você ganha experiência, pode aumentar seus preços e ganhar cada vez mais.
Conclusão
Ganhar dinheiro na internet exige dedicação e esforço, mas as possibilidades são praticamente infinitas. A criação de conteúdo, o marketing de afiliados e o trabalho como freelancer são três das melhores formas de começar a ganhar uma renda online, sem precisar de um grande investimento inicial. A grande vantagem de trabalhar na internet é a liberdade de tempo e lugar, além do potencial ilimitado de ganhos. Se você está cansado de depender apenas de um emprego tradicional, essas dicas podem ser o pontapé inicial para uma vida mais independente financeiramente.
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viviyumiy · 10 days
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Tenho tantos interesses para faculdade/cursos que não sei qual escolher!! Tento ler pacientemente para analisar melhor mas isso acaba alimentando cada vez mais minha curiosidade e interesse!! :'3....... De Bacharelado quero estudar: letras-libras. De licenciatura quero: artes visuais, letras- alemão, letras- inglês. De tecnólogo: escrita criativa, fotografia, designer de animação, designer gráfico, designer digital e UX. Alguém que estuda em algumas dessas áreas pode me dar um brilho? ✨
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crgondim · 2 months
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Elão Mosca me chutou
Não por isso, mas é uma boa hora para voltar para esta rede de que gosto tanto e acho mais útil e funcional que a do avoante cianótico.
Reapresentando-me, sou Renato Gondim, aprendiz de escritor, cheio de ideias, adoro descobrir técnicas novas e meios para facilitar a escrita, deixando mais espaço para o que importa, que é a criatividade e o quebra-cabeças que faz tudo se encaixar e as engrenagens que fazem tudo funcionar.
Escrevo majoritariamente ficção especulativa. Adoro um toque mágico e/ou sobrenatural.
Já tive contos em dois livros, um proveniente de um curso de escrita criativa ministrado pela amiga Socorro Aciolli (Cabeça do Santo e Canção para Desaparecer) e outro de uma pós-graduação em escrita literária, também encabeçado pela Socorro.
Atualmente, fazendo parte do coletivo Escambanáutica como aluno e curioso, planejo um romance (60-80k) com sabor de fantasia e com gêneros ainda não definidos.
Adoro os ensinamentos do Sean Coyne e do Tim Grahl lá do Story Grid e acompanho o Writing Excuses desde a temporada 5.
Estou também trabalhando em 2 coletâneas, uma de contos e uma de noveletas, cada uma em um mundo específico que mais para frente venho falar sobre. Por enquanto, é isso. Espero conseguir ir tornando esse lugar que venho guardando há tanto tempo mais aconchegante pra trocar umas ideias.
#apresentação #escritor #escritorBR #literaturabrasileira #literarurafantástica #literaturaespeculativa #fantasia #autorbr #autorbrasileiro
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schoje · 2 months
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A terceira edição do projeto “Roda de Conversa Mulheres Catarinenses na Literatura”, idealizado pela Biblioteca Pública de Santa Catarina (BPSC), acontece na próxima quinta-feira, 18. A temática será Mulheres Catarinenses na Literatura - Bicentenário de Anita Garibaldi, e o encontro terá a participação das escritoras/pesquisadoras Nelma Baldin, Edla Zim, Lélia Pereira Nunes e Maria Aparecida Ramos Dias, com mediação da jornalista Renata Marques De Avellar Dal-Bó. O objetivo é conhecer o que as escritoras catarinenses pesquisaram, escreveram e promoveram durante o bicentenário de nascimento de Anita Garibaldi, valorizando a memória da heroína, sem deixar de lado o incentivo à leitura, à escrita e à pesquisa. O encontro será transmitido de forma virtual, às 16 horas. Conheça as participantes: Maria Aparecida Ramos Dias: é arte educadora, professora de filosofia e escritora. Especialista em Pedagogia da Arte (UFRGS), com Graduação em Filosofia e Licenciatura Curta em História (Unisinos), formação em Magistério, Teatro e Yoga. Membro do Coletivo Anita Garibaldi de Garopaba, da ALBSC e do Núcleo de Contadores de Histórias – Seccional Garopaba. Atua como feminista e ativista cultural em diversos estados e países. Renata Marques De Avellar Dal-Bó (escritora e mediadora da roda): é jornalista e escritora. Doutoranda em Ciências da Linguagem pela Unisul. Há nove anos possui uma coluna semanal de crônicas no Jornal Diário do Sul e há cinco apresenta o programa Bate-Papo Literário na UNITVSC.É presidente-coordenadora da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB) – coordenadoria de Santa Catarina, membro e Assessora Cultural da Academia Tubaronense de Letras (Acatul) e Membro fundador no Núcleo Acadêmico Italiano diScienze, Lettere e Arti (NAISLA). Edla Zim: é natural de Tubarão (SC), cidade onde vive. Possui formação acadêmica em Relações Públicas, Comunicação Social - Habilitação em Publicidade e Propaganda e Administração e é pós-graduada em Gestão Empresarial e Recursos Humanos. Atua como palestrante motivacional na área comportamental. Cronista no instagram da CliqueRH e membro da AJEB-SC – Associação das Jornalistas e Escritoras - coordenadoria de SC. Atualmente estuda Escrita Criativa e literatura infantil. Participou de diversas coletâneas e é autora de quatro obras de Literatura infantojuvenil. Nelma Baldin: possui mestrado em História também pela Universidade Federal de Santa Catarina - na área de História do Brasil - Relações Internacionais e Doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Tem Pós-Doutorado na Università Degli Studi di Bologna (Italia), na Università Degli Studi di Roma "La Sapienza" e na Universidade de Coimbra (Portugal|). Professora da UFSC nos Cursos de Graduação em História e Mestrado em Educação e Professora dos cursos de Mestrado em Educação e Mestrado e Doutorado em Saúde e Meio Ambiente da Univille – Campus Joinville. Secretária Geral do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC), publicou 5 (cinco) livros solo e 12 (doze) livros em co-autoria e organizou seis livros e Coletâneas além de capítulos de livros e mais de 30 artigos publicados em Revistas nacionais e internacionais. Lélia Pereira da Silva Nunes: é brasileira, de Tubarão (SC). Cidadã Honorária de Florianópolis, onde reside desde 1970. Socióloga, investigadora, escritora, professora da Universidade Federal de Santa Catarina. Presidiu entre 1997 e 2004 a Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes. É doutoranda em Literaturas e Culturas Insulares (Universidades da Madeira). Titular da Cadeira 26 da Academia Catarinense de Letras, ocupa o cargo de Secretária Geral. Emérita do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. Há cinco décadas dedica-se à Cultura Catarinense, em particular à cultura tradicional açoriana no Sul do Brasil e nos Açores. Divide-se entre a escrita livre (crônica) e o ensaio. Publicou recentemente Corpo de Ilhas, 2ª edição de Na esquina das Ilhas, Pedra de Toque e a 4ª edição de Caminhos do Divino, um olhar sobre o Espírito Santo em Santa Catarina.
É colaboradora nos jornais Diário dos Açores (PDL), Portuguese Times e Tribuna Portuguesa (USA), no Luso Presse (Ca) e no Notícias do Dia (Florianópolis). Coordena o Blog Comunidades da RTP Açores desde 2008. Integra o Conselho Consultivo da Bruma Publications, do Portuguese Beyond Borders Institute (PBB), U.E.da Califórnia e é Vice Presidente do Conselho Municipal de Educação de Florianópolis. Ano de Anita Essa programação integra o Ano Comemorativo do Bicentenário de Nascimento de Anita Garibaldi, instituído por meio de decreto. Desde 2019, a FCC vem trabalhando na organização de atividades para 2021 junto à Comissão Estadual Comemorativa ao Bicentenário de Anita Garibaldi. Tal Comissão foi instituída por meio da Portaria FCC nº 39/2019, e tem o objetivo de promover e difundir a história da heroína catarinense. O grupo é composto por diversos órgãos públicos, como Secretarias de Estado e prefeituras, além de entidades públicas e privadas. O calendário internacional das comemorações, onde estão inseridas ações de todos os entes que compõem o grupo, vem sendo organizado pelo Instituto CulturAnita, de Laguna; e, na Itália, pelos parceiros Museu e Biblioteca Renzi, Instituto Garibaldi Da Vinci e Associação Nacional dos Veteranos Garibaldinos. Serviço: O quê: Roda de Conversa “Mulheres Catarinenses na Literatura - Bicentenário de Anita Garibaldi" Quando: 18 de novembro de 2021 (quinta-feira), às 16 horas. Transmissão pelo canal de vídeos da FCC no YouTube: HTTPS://www.youtube.com/user/ImprensaFCC Assessoria de Comunicação Fundação Catarinense de Cultura (FCC) Fone: (48) 3664-2572 / 2680 Email: [email protected] Site: www.cultura.sc.gov.br Facebook: www.facebook.com/FundacaoCatarinensedeCultura Twitter: www.twitter.com/fccoficialFonte: Governo SC
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