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#E EM TODAS AS CAPITAIS DO BRASIL E NADA ESTÁ ACONTECENDO.
thedeacanedous · 2 years
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lucascabana · 3 years
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E vem aí a próxima pelicula do Aly Muritiba. Recebi hoje na redação do @musicaeocanal.
Jesus Kid, novo filme de Aly Muritiba, apresenta seu cartaz nacional. A ilustração é do artista Alcimar Frazão (@alcimar_frazao) e a arte faz uma homenagem aos clássicos cartazes dos filmes de faroeste.
O longa fará sua estreia nacional no 49º Festival de Cinema de Gramado, dia 19/8, às 21:30h com exibição exclusiva no Canal Brasil. 
No dia seguinte, 20/8, a partir das 11h, acontecem os tradicionais debates do Festival de Cinema de Gramado, que mais uma vez serão virtuais, transmitidos via Facebook e YouTube do Festival. O debate de “Jesus Kid” contará com as presenças do diretor Aly Muritiba, a atriz Maureen Miranda, os atores Paulo Miklos e Sérgio Marone, que também assina a produção do filme. 
Baseado na obra homônima de Lourenço Mutarelli, o longa tem roteiro original de Aly Muritiba e é protagonizado por Paulo Miklos, que interpreta Eugênio, um escritor de pocket books de Western, que atravessa uma fase difícil. Seu personagem mais famoso, Jesus Kid, está indo mal de vendas e a editora ameaça tomar-lhe o personagem e entregá-lo a outro escritor. Então aparece o que poderia ser a sua salvação. Eugênio é contratado por um produtor e um diretor de cinema para escrever o roteiro de um filme. O único problema é que ele tem que escrever este roteiro dentro de um hotel luxuoso, do qual, por contrato, não pode sair por três meses.
“Foi uma experiência vertiginosa viver o protagonista de Jesus Kid. No Brasil de hoje, a realidade superou a ficção. Não é o que acontece com Eugênio, ele escreve e o personagem da sua história reescreve o seu destino. Este é um filme que será sempre profético”, comenta Paulo Miklos. 
Sergio Marone dá vida a Jesus Kid e foi através de Marone que Muritiba conheceu o livro de Mutarelli. “Conheci o livro do Mutarelli em 2012 através do Sérgio Marone. Àquela época eu estava circulando com A Fábrica (um de meus curtas) pelos festivais e Sérgio o viu e gostou. Ele havia negociado os direitos de adaptação do livro do Lourenço há pouco e me convidou pra escrever o roteiro. Tempos depois acabei assumindo a direção também”, explica Muritiba. 
“Li Jesus Kid em 2010 quando buscava uma história para adaptar pro cinema. Vi que dava um filme bem divertido. No Hollywood Brazilian Film Festival, em Los Angeles, assisti “A Fábrica", um curta do Aly, e fiquei fascinado com a sensibilidade e talento dele. Era o diretor ideal para fazer Jesus Kid, meu primeiro filme como produtor, além de ator. Foi um processo longo, sensacional. A sensação de ver a primeira diária no set acontecendo, foi indescritível. Muito emocionante mesmo, a realização de um sonho”, comenta Sérgio Marone.
O elenco conta ainda com as presenças de Leandro Daniel, Luthero Almeida, Fábio Silvestre, Otávio Linhares, entre outros.
O processo de adaptação do texto literário para um roteiro original de cinema foi bastante longo, começou em 2012 e terminou em 2019. Muritiba fez questão de criar uma história que tivesse a sua visão sobre o universo criado por Mutarelli, por isso o filme tem diferenças em relação ao livro. “Nesse meio tempo o mundo mudou, o Brasil mudou muito (pra pior) e eu peguei toda minha fúria pós eleições de 2018 e botei no roteiro atualizando aquela história para um mundo distópico, conservador e quase ditatorial, algo nada parecido com o Brasil de 2021 (risos...nervosos)”, complementa Muritiba.
Fã do gênero Western desde a infância, Muritiba usou diferentes referências para compor Jesus Kid, que vão de Jim Jarmusch, Irmãos Coen a Tarantino. “Gosto muito de Western. É um gênero que me acompanha desde a infância nos cinemas de lona que se instalavam do lado de minha casa em Mairí. Ali, nos anos 80, só se exibia Western Spaghetti, filmes de artes marciais e pornôs. E eu assistia muitos destes filmes porque era de minha casa que puxavam uma mangueira de água para abastecer os tonéis da equipe que cuidava daqueles cinemas itinerantes. Em troca recebíamos passe livre para assistir aos filmes, todos antigos e em cópias arranhadas. Essas foram as minhas primeiras experiências com uma projeção de cinema (não dá pra chamar de sala, porque estava mais para circo com arquibancadas de madeira)”, conta Muritiba. 
O filme é uma produção da Grafo, da SPM e da Muritiba Filmes, tem distribuição da Olhar Distribuição em parceria com a Art House e deve estrear comercialmente nas salas de cinema no final de 2021. 
 
Sobre a produtora
A Grafo Audiovisual é produtora dos filmes: Jesus Kid (Gramado) Ferrugem (Sundance, Melhor Filme Festival de Gramado), Para minha amada morta (7 prêmios Festival de Brasília, Zenith de Prata em Montreal, San Sebastian), Circular (Festival do Rio), A gente (Prêmio da ONU no Dok Leipzig) Zona Árida (Menção Especial no Dok Leizpig),  A mesma parte de um homem (Prêmio Helena Ignez na Mostra de Tiradentes), Pátio (Cannes), O Estacionamento (Melhor Curta Festival do Rio), A Fábrica (Oscar shortlist, Menção Especial Clermont Ferrand), Ainda Ontem (Clermont Ferrand), Tarântula (Veneza). Ainda produziu a coprodução Brasil-Portugal-Moçambique Avó Dezenove e o Segredo do Soviético. Possui mais 2 filmes para serem lançados: Deserto Particular e Nunca Nada Aconteceu (coprodução BR-PT-BE) e três novos longas e uma série para os próximos meses. Também é responsável pelo Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.
 
Sobre a Olhar Distribuição:
A Olhar Distribuição nasceu do desejo de buscar a pluralidade de experiências, de visões de mundo, de mostrar a diversidade que existe no contexto em que vivemos. Cada filme tem um universo próprio, repleto de cores, texturas, sorrisos, dilemas e culturas singulares. Nosso objetivo é respeitar cada obra e transpor as fronteiras que limitam os mundos ficcionais e reais, e levá-las a outros olhares, cercados de realidades distintas, a fim de sensibilizar e provocar a reflexão. 
Os filmes já distribuídos pela Olhar são: “Meu Corpo é Político”, “A gente”, “Ferrugem”, “Homem Livre”, “António Um Dois Três”, “Eleições”, “Dias Vazios”, “A Parte do Mundo que Me Pertence”, “Rafiki”, “Fernando”, “Meu Nome é Daniel”, “Nóis por Nóis”, “Alice Júnior”. "Dias Vazios" e "Um Animal Amarelo". 
Sobre a Arthouse Distribuidora
A ArtHouse é uma distribuidora dedicada ao cinema brasileiro independente que traz em seu catálogo filmes como A Erva do Rato (seleção oficial Festival de Veneza) e Educação Sentimental (Prêmio Boccalino D´oro, Melhor Filme pela Crítica Independente, 66ºFestival de Locarno) , de Julio Bressane,  A História da Eternidade (Seleção Oficial Rotterdam Film Festival), de Camilo Cavalcanti,  Big Jato (Melhor Filme Festival de Brasília) e Piedade (Prêmio Especial do Juri Festival de Brasília e Seleção Oficial Festival do Rio), de Cláudio Assis, Futuro Junho, de Maria Augusta Ramos,  Um Filme de Cinema (Seleção Oficial Festival É Tudo Verdade), de Walter Carvalho ; Auto de
Resistencia (Melhor Filme Festival É Tudo Verdade), de Natasha Neri e Lula Carvalho, O Beijo no Asfalto (Melhor Filme, Diretor, Ator, e Prêmio do Público Festival SESC de Melhores Filmes),  de Murilo Benício, Domingo (Seleção Oficial Festival de Veneza), de Fellipe Barbosa e Clara Linhart, e Fevereiros, de Marcio Debelian, entre muitos outros longas de ficcão e documentários que se destacaram no circuito de festivais dentro e fora do país e percorreram salas de cinema das principais capitais brasileiras, além de um circuito alternativo em centros culturais,  universidades e espaços ao ar livre que sempre promovemos em nossos lançamentos. 
Com um foco no cinema nacional de autor, e consciente da importância da comunicação aberta com o público, a distribuidora ArtHouse ajuda a preencher uma lacuna importante, dando visibilidade em salas de cinema a toda uma produção brasileira de imensa qualidade e reconhecimento internacional que enfrenta sérias dificuldades de chegar ao espectador.
Entre nossos próximos lançamentos estão King Kong em Assumpcion (Melhor Filme e Melhor Ator Festival de Cinema de Gramado, Seleção Oficial Festival do Rio 2021), de Camilo Cavalcanti e Música para Quando as Luzes se Apagam (Prémio Especial do Júri nos Festivais de Brasília, For Rainbow e Visions Du Réel), de Ismael Canepelle. 
Informações: Karina Almeida/Genco Assessoria
#cinema #alymuritiba #curitiba
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Caos decretado
O despertar 
Poucos foram os textos que eu li até a presente data que falavam sobre as impressões, os sentimentos, as vivências em meio a essa loucura toda que estamos vivendo. Por isso, achei válido trazer uma reflexão sobre o atual mundo que me sinto viver. Uma reflexão pra mim. Quem sabe pra talvez depois de um anos reler e relembrar, reviver. Dias tão difíceis, mas que não serão apagados. 
Como se já não bastasse nossas lutas pessoais diárias, e as angústias da vida moderna, a raça humana teve um presentão de virada de ano: no dia 31/12/2019, a descoberta do tal novo corona vírus na China. Nesse dia, a OMS emitiu seu primeiro alerta, depois que as autoridades chinesas notificaram casos de uma misteriosa pneumonia na cidade de Wuhan. Que virada. Literalmente. Sabe que nem lembro disso na época direito?
Mas bom, aqui no Brasil, tudo estava normal. Inclusive, tive uma das melhoras festas de final de ano com alguns amigos muito especiais. Saudades, inclusive.
Te convido, leitor omisso, que no fim sou eu, para uma reflexão agora. Tente se recordar do que você fazia nesse começo de janeiro. Você viu as notícias que saiam falando das análises da sequência do vírus, sua semelhança com a SARS e seu alastramento? Se sim, se lembra do que pensava? Eu me lembro.
Logo no começo do ano, passei ainda alguns dias na casa dos meus pais, na minha cidade natal. Enquanto eu lia, jogava, assistia a televisão, ouvia essas notícias e pensava: “Quando será que isso chega aqui? Mas bom, ainda ta lá”.  Pensamento levemente egoísta, mas também protetor. Era melhor não me preocupar com aquilo naquele momento. Eu tinha outras coisas para pensar.
Dia 22 de janeiro foi anunciado a transmissão através de vias respiratórias, e que o vírus poderá sofrer mutação e se propagar mais facilmente. O que eu fazia em 22 de janeiro? Era uma quarta. Eu trabalhava só de manha nesse dia. Eu devia ter ido, feito meu trabalho como de costume, voltado para minha casa, ido na academia, e me preocupado com os problemas da minha vida pessoal. Nada novo. Além da viagem programada com a minha amiga. Nós iriamos pra Cabo Frio, RJ. Que sonho! A viagem vai ser sensacional. Nada de alerta, nada de precaução, nada de preocupação. Esse tal corona ainda era uma lenda distante. Estava longe.
Cidades do exterior da China começaram a fechar fronteiras, a se fechar. Mais pessoas começaram a morrer. Eu nem me lembro o que era falado nos jornais antes de só se falar do coronavírus. Muito provavelmente, falava nas principais manchetes das burradas do imbecil do atual presidente do Brasil, #ForaBolsonaro.
Depois de terem ignorado a doença por semanas, os habitantes de Wuhan começaram a usar máscaras de proteção. O medo aumentou quando informaram que o contágio se da de pessoa-pessoa. Começaram a sair notícias da alta de máscaras e álcool nos mercados e farmácias. As pessoas iam e compravam de montes. Cenário que a propósito eu vi se repetir alguns meses depois aqui na cidade onde moro. Fui um dia comprar papel higiênico porque precisava, e além de ter poucos rolos, estavam caros. O mesmo com leite e álcool gel. Estoques de tudo, aumento dos preços, e egoísmo escancarado. 
O tempo foi passando. Chegamos em fevereiro. O Brasil se preparava para o carnaval, e ninguém se incomodava com o tal corona. Parecia que ninguém aqui nem ligava pra esse vírus, incluindo eu. Eu viajei pro Rio com a minha amiga, como planejado. Foi uma viagem maravilhosa. Se lá eu falei três vezes sobre esse vírus, foi demais. Nada era falado, nada. Carnaval, festa, alegria. Pra mim, feriado, descanso e reflexões.  
No dia 26 de fevereiro, houve a confirmação do primeiro caso no Brasil. O primeiro caso noticiado. Um homem de 61 anos, morador de São Paulo, que tinha chegado da Itália. Branco. Classe média alta. Homem estava assintomático e se manteve em isolamento domiciliar. Esse foi o primeiro caso confirmado no Brasil. Irônico, não?!
No dia 11 de março as aulas foram suspensas no Brasil por cinco dias. Haviam esperanças de que em cinco dias tudo voltasse ao normal. Rindo de nervosa. Até mesmo na passagem de informações para a população foi complicado, nada era transparente. Se tantos morrem no exterior, porque aqui seria diferente? Isso era uma semana antes do meu aniversário. Eu não tinha planejado nada demais pra chegada desse dia, mas esperava que eu pudesse beber uma cerveja com meus amigos. Não bebi. Dia 17 de março houve a primeira morte no país pelo vírus. Dia 18 de março, tudo estava parado. Tudo estava fechado. E eu, comendo minha pizza e bebendo minha coca em casa, angustiava por iniciar meus 26 anos tão negativa. Por sorte, pude comemorar no final de semana anterior com algumas pessoas extremamente importantes pra mim.
Dia 19 de março houve uma morte que me mobilizou. Eu chorei ao ler essa notícia. Uma empregada doméstica havia falecido de corona, pois sua patroa, branca (enfatizo), que havia voltado da Itália, estava com sintomas e foi testada, mas o resultado não havia chegado ainda. A doméstica não foi dispensada, ela quem usava a máscara dentro de uma casa com possíveis infectados  afinal, que audácia seria essa da patroa ter que usar máscara dentro da sua própria casa. Surreal. A doméstica começou a ter sintomas, foi internada, a doença evoluiu rapidamente, e ela faleceu. O teste da patroa deu positivo. Minha mãe é doméstica. Foi doméstica por muitos anos. Só quem tem próximo sabe como é a dor de ver situações que poderiam ser alguém da sua família. Mas minha mãe está bem, ainda bem. 
Aqui eu somatizei. Adoeci com uma possível amidalite, peguei atestado da residência - que como observação: tirei que pagar as horas desse atestado! Porque não, ser residente não é fácil. Mas isso é conversa pra outra hora. - Nessa semana comecei a trocar minha música matinal, pelo jornal da manhã. Minha música vespertina, pelo jornal da tarde. Meu jogo tranquilo dos horários de lazer, pelo jornal da noite. Overdose de notícias ruins, desanimei. Levou uns dias para ajustar uma rotina nova, menos nociva. Levaram-se mais dias, pra lidar com a frustração de tudo o que estava acontecendo. Esses dias ainda são atuais, ainda os vivo. Mas agora voltei a ouvir minha música. Não com a mesma frequência de antes, mas voltei. 
Dia 24 de março, o incompetente do presidente que me permito chamar hoje, de presidente bebe mimado babão, teve seu infeliz e desgraçado pronunciamento em rede nacional, pedindo o fim do isolamento social, chamando o vírus de gripezinha, e resfriadinho, fazendo referência a seu porte atlético. Risos. 
Onze dias depois da primeira morte, já haviam cem.
A ação do governo federal, as falas desse imbecil de homem e sua corja de “governantes”, foi do meu ponto de vista ridícula, o tempo todo, ridícula. Os governadores começaram a ter que tomar atitudes sozinhas, para tentar proteger seu território, porque o bebe mimado babão, nada útil fazia.
Nos jornais, se falavam do vírus devastando a Europa. Mortos todos os dias, e crescendo. Cidades fechadas, paradas, isoladas. Em 27 de março a Itália alcançou o maior número de mortos durante a pandemia. Novecentos e dezenove mortos. O mundo estava chocado. Nos noticiários brasileiros, mostravam-se os hospitais das grandes capitais, das cidades do exterior, caos. Me lembro de assistir as noticias e pensar apenas: o que vai acontecer quando isso for aqui?
Dia 02 de abril foi aprovado o auxílio de R$600 para trabalhadores informais. Seiscentos reais mensais. O governo brasileiro acredita que é possível sobreviver e manter famílias com seiscentos reais mensais. SEISCENTOS REAIS. - mas é isso que o governo pode dar! Não tem mais dinheiro! - ouvi algumas vezes essa frase. É complicado né. 
No meio da pandemia, o tal presidente demitiu o ministro da saúde, que não fazia nada menos do que sua obrigação de seguir as orientações da OMS. Colocou outro no lugar, que ficou por menos de um mês, pediu pra sair. Ninguém pode discordar do bebe mimado babão. Pois bem, nada de ministro mais, agora só provisório. Seguimos sem ministro.
Só de chegar no Brasil, até me desanima escrever. O Brasil conseguiu entrar em uma crise de saúde, com uma crise política, uma crise econômica, e uma crise social. O Brasil só joga no extreme. Nada de facilitar pro Brasil.
A parte que mais gosto: dia 08 de abril, adotei a Gaia. Melhor escolha dessa época tão sofrida. Uma vira lata que trouxe amor e animo pra minha vida. Mais uma patinha para tatuar. 
Pois então, hoje, dia 05 de julho de 2020, o Brasil contabiliza 1.603.055 casos de coronavírus, e 64.867 mortes. O presidente segue fazendo e falando bosta. A nação segue tomando decisões ridículas, ignorando toda a periculosidade desse vírus. A economia foi colocada na frente das vidas. Os brasileiros seguem alienados, cada vez mais alienados. A vida que considerávamos normal, não existe mais.
É nesse cenário que sinto inquietações que preciso expor em algum lugar. Vejo cenas e sinto coisas que preciso externalizar, coisas que desde cedo tenho vivido, analisado. Demorei um bom tempo para iniciar a escrita dos textos nessa temática, mas agora que eu comecei, vai.
Vamos refletir sobre o que é viver numa pandemia, e sobretudo, viver numa pandemia sendo brasileira e vivendo no Brasil.
Talvez eu faça uma exposição fotográfica de algumas cenas que vou registrando no dia-a-dia, talvez sejam textos, talvez frases. Talvez, só poder saber que tenho esse espaço meu, seja suficiente. 
[Bárbara, 05/07/2020]
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Bolsonaro e Trump na questão de Jerusalém
 “...Quando analisamos as relações do Brasil com o mundo árabe, podemos verificar a harmonia e respeito históricos entre os dois lados. Tal fato confirma e consolida a existência da base sustentadora da diversidade étnica nacional brasileira. A grande diversidade racial, religiosa e cultural, representada pelos povos que compõem este país continental chamado Brasil é uma das suas maiores riquezas. Os árabes, os verdadeiros semitas, sejam árabes cristãos, muçulmanos, e mesmo árabes judeus, fazem parte de toda a história brasileira....”
·         O que houve?
Tanto durante a campanha eleitoral, quanto após assumir a Presidência da República do Brasil, o senhor Jair Bolsonaro expressa o seu compromisso de transferir a Embaixada Brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, numa posição quase idêntica à do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.  Em ambos os casos, a questão é muito mais grave do que simplesmente transferência de endereço de uma embaixada. Se os dois ilustres presidentes estiverem sabendo o que está por trás disso, seria uma decisão política gravemente errada e, se não souberem dos motivos, seria bem pior. As embaixadas só podem ser instaladas em capitais dos países hospedeiros. Portanto, a transferência, no caso em tese, seria um pronunciamento formal do Brasil e dos EUA, de reconhecimento da cidade de Jerusalém como capital de Israel. É neste sentido que apresento esta reflexão, com a intenção de convidar as instituições brasileiras e a sociedade civil a participarem nesta discussão, devido à importância do tema para o nosso país e para o mundo.
·         Origem histórica do problema
Todo cidadão com nível razoável de escolaridade conhece a história da perseguição que comunidades judaicas sofriam em alguns países da Europa e, consequentemente, muitos entenderam o papel histórico e importante do escritor e líder judeu, Theodor Herzl. Com bastante habilidade, ele produziu duas grandes obras intelectuais em 1896 como fundamentais para salvar as comunidades judaicas pobres de atrocidades cometidas na Europa. Porém, será que este seria o único objetivo? Ou, seu projeto tinha, e continua tendo, um plano de transformar a sua organização em uma potência global? Neste plano, um estado judeu seria o “endereço institucional”, como sede desta pretendida potência? Para podermos pensar nestas hipóteses, temos que recuperar algumas informações sobre o movimento sionista.
Embora o termo "sionismo" tenha sido criado em 1892 por Nathan Birnbaum, fundador da revista “Selbstemanzipation!” (Autodeterminação), os judeus consideram o escritor austríaco Theodor Herzl como o "Pai do Sionismo", devido ao seu trabalho político, a partir de 1896.
O movimento sionista desenvolveu-se fortemente a partir da segunda metade do século XIX, entre lideranças judaicas do Leste europeu e da Europa Central, tendo como possível causa o sofrimento de suas comunidades, que viviam sendo perseguidas naquelas regiões. O sionismo também pode ser entendido como um projeto de resgate à identidade judaica, a qual se perdia, principalmente entre os seus jovens, a partir da assimilação da cultura cristã, dominante no continente europeu. A evolução dos acontecimentos, de fato, confirma essas duas missões, além de outras, que provavelmente teriam surgido a posteriori.
Os sionistas socialistas europeus formaram o principal núcleo político dos fundadores do Estado de Israel, gerando, a posteriori, líderes como David Bem-Gurion, Moshe Dayan, Golda Meir, Isac Rabin e Shimon Peres. Todos migraram da Europa para Palestina na iminência da criação do Estado de Israel. Embora os socialistas defendessem a criação de um estado judaico, a partir de lutas de classe na Palestina, eles acabaram endossando o projeto Herzl de conquistar a Palestina através de apoio das grandes potências, usando instrumentos vestidos de legalidade, porém, carentes de legitimidade, como detalharemos a seguir. A resistência palestina, neste projeto, seria enfrentada com violência e atrocidades; é o que, de fato, continua acontecendo até hoje.    
De volta a Herzl, enquanto que sua primeira obra tratava-se do livro “O Estado Judeu”, no qual o autor apresenta a ideia da criação de um estado judeu na Palestina, sua segunda é a institucionalização da organização sionista mundial. Tal organização seria instrumento fundamental, não apenas para coordenar as estratégias políticas para a criação do estado judeu, mas também para ser o interlocutor e o estrategista permanente, com tentáculos de influência, praticamente, no mundo inteiro, para um estado poderoso, a ser chamado “Israel”.
Visando, então, a criação do estado judeu na Palestina, Herzl, desde os anos 1890, trabalhava arduamente, negociando direta ou indiretamente com governos dos campos geopolíticos opostos, como o então império Turco-Otomano, Alemanha, Grã-Bretanha, Rússia e outros. Ou seja, negociava com os países envolvidos na grande guerra, que estava por vir. Em troca de apoio e de contribuições financeiras, ele pedia a aceitação e o apoio político ao projeto da criação do estado judeu na Palestina. Obviamente, os árabes, na época, dominados pelos turcos e, vários deles invadidos e ocupados militarmente pelos britânicos e franceses, não sabiam de nada destas articulações e negociações feitas por Herzl.
O primeiro fruto de seu trabalho, sigiloso e bem articulado, foi colhido no dia 02 de novembro de 1917, ao início da Primeira Guerra Mundial, quando o ministro do exterior da Inglaterra enviava uma carta compromisso, conhecida posteriormente como “A Declaração Balfour”, ao líder da federação sionista no Reino Unido, como iniciativa do governo britânico, apoiando a ideia da criação do estado judeu na Palestina. A carta dizia:
____________________________
"Caro Lord Rothschild,
"Tenho o grande prazer de endereçar a V. Sa., em nome do governo de sua Majestade a seguinte declaração de simpatia quanto às aspirações sionistas, declaração submetida ao gabinete e por ele aprovada:
O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento, na Palestina, de um Lar Nacional para o Povo Judeu, e empregará todos os seus esforços no sentido de facilitar a realização desse objetivo, entendendo-se claramente que nada será feito que possa atentar contra os direitos civis e religiosos das coletividades não-judaicas existentes na Palestina, nem contra os direitos e o estatuto político de que gozam os judeus em qualquer outro país.
Desde já, declaro-me extremamente grato a V. Sa. pela gentileza de encaminhar esta declaração ao conhecimento da Federação Sionista.”
Arthur James Balfour
_________________________
A carta tornou-se pública uma semana depois, quando começou a ser divulgada pela imprensa, e foi incorporada no acordo de paz entre ingleses e turcos e no documento que instituiu o mandato britânico na Palestina. França, Itália e Estados Unidos ratificaram o conteúdo da declaração, poucos meses após a sua divulgação. O documento original se encontra, hoje, na Biblioteca Britânica, em Londres. Detalhes podem ser conhecidos neste link
Merece destaque, aqui, o compromisso da Inglaterra e dos países ratificadores da declaração, que disse: “nada será feito que possa atentar contra os direitos civis e religiosos das coletividades não judaicas existentes na Palestina”.  A história mostrou que a Inglaterra e os ratificadores não foram capazes de honrar este compromisso com os palestinos.
Os aliados ganham a Primeira Guerra Mundial, derrotando o Império Otomano. Porém, por três acordos isolados, os britânicos fizeram promessas conflitantes, resultando em confusão política com o mundo árabe. O primeiro foi com os árabes, garantindo sua independência em troca de seu apoio durante a Guerra contra o Império Otomano. O segundo é com a França (acordo Sykes-Picot) e o terceiro, com o movimento sionista (Declaração Balfour). Os ingleses cumpriram os acordos com a França e com o movimento sionista e desrespeitaram o acordo com o mundo árabe. Assim, os aliados ocuparam militarmente todo o mundo árabe, incluindo aquelas partes que até então não eram por eles ocupadas. E mais, Inglaterra e França criaram um novo mapa, com novos estados para o Oriente Médio.
Ainda, os mesmos aliados criam a Liga das Nações e a Inglaterra, a grande vitoriosa, induz este organismo a aprovar o mandato britânico sobre a Palestina, a partir de 1922, com a promessa de garantir sua independência na década dos anos 40. De fato, em 1948 a independência foi declarada, mas não da Palestina, e sim de Israel. Como?
O desmonte e a derrota do império Otomano, na Primeira Guerra Mundial levaram à ampliação da colonização europeia nos países árabes.  Como tal, a Inglaterra e a França acabam ocupando com seus exércitos todos os países árabes ao redor da Palestina, incluindo Egito (que já era ocupado desde 1882), Síria, Líbano e Iraque. Todas as monarquias da região foram criadas e os monarcas foram escolhidos pela Grã-Bretanha. O domínio britânico e francês sobre toda a região permaneceu até o ano 1956, quando começa o movimento de libertação contra o neocolonialismo europeu no Oriente Médio.
Voltando para a história palestina, os movimentos migratórios de judeus europeus para aquele país se intensificaram nos anos 30 e 40, e os palestinos viveram duas décadas sofrendo ataques terroristas e massacres de grupos armados dos judeus europeus imigrantes. Estes eram munidos pelos ingleses e organizados pelo movimento sionista. No dia 24 de julho de 1946, por exemplo, o governo britânico, reconhecendo o desrespeito à declaração Balfour (puramente britânica), denuncia o envolvimento da Agência Judaica, coordenadora do programa migratório de judeus para Palestina, de praticar atos terroristas junto com as gangues “Irgun” e “Stern” contra os civis palestinos.
Com o término, desta vez, da Segunda Guerra Mundial, o grupo dos países aliados vitoriosos, devido à sua nova composição, revoga a Liga das Nações e cria a Organização das Nações Unidas - ONU. Tanto uma quanto a outra são instituições constituídas para assegurar formalmente o direito ao veto por estes países, como forma de controle. Sendo assim, eles passavam a ter o controle, inicialmente, sobre a Liga e, posteriormente, sobre a ONU.
Em novembro de 1947, a ONU, na época controlada pelo império britânico, apesar do voto contrário dos países árabes, aprova a resolução 181, determinando a partilha da Palestina em duas proporções: 53% para a criação de um estado judeu e 47% para o estado palestino. Aquela sessão da ONU foi presidida pelo embaixador brasileiro Oswaldo Aranha.
Em abril de 1948, centenas de palestinos civis foram massacrados na cidade palestina de Dir Yasseen, pelas mesmas duas gangues e milícias judaicas terroristas, Irgun e Stern. Embora esse ato criminoso fosse repudiado por vários países, a comunidade judaica na Palestina, um mês depois, proclamou unilateralmente, a criação do Estado de Israel, no dia 14 de maio de 1948. Apenas os países árabes protestaram. É assim que Israel comemora anualmente aquela data como independência.
Tendo a missão concluída, embora de forma desonrada, a Inglaterra, no dia seguinte, 15 de maio de 1948, declara o término de seu mandato na Palestina, na verdade, de sua ocupação militar, e suas tropas saem daquele país, deixando os palestinos sem nenhuma condição de assegurar seus direitos. Ficou claro que o chamado mandato britânico era apenas para garantir o movimento migratório dos judeus europeus, dar todas as condições para garantir a sua organização e instalação na Palestina e prepará-los para a proclamação do Estado de Israel.
Israel, então, nasce e cresce, num canteiro que vem sendo adubado e preparado, inteligentemente, desde os anos 1890, onde lideranças sionistas negociavam com as grandes forças políticas mundiais, à revelia de todo o mundo árabe, este por sua vez, fragilizado por ocupações militares e domínios de países alheios.
O slogan da campanha sionista para a criação do estado judeu na Palestina foi: “terra sem povo para povo sem terra”. No entanto, os palestinos nativos, em 1931, muçulmanos, cristãos e judeus, representavam, respectivamente, 73%, 17% e 9% da população palestina. O 1% restante representava as demais concepções espirituais.
De acordo com Notestein & Jurkat (1945), a Palestina era uma região densamente habitada, seja pelas suas condições climáticas favoráveis, seja pelos seus recursos naturais, embora quase a metade da sua área fosse desértica. Em 1940, por exemplo, a densidade populacional média palestina era de 56 pessoas por quilómetro quadrado, igual à da Iugoslávia e superior à da Grécia, ambas em 1931. Descontando-se a área deserta, a média aumentará para 108 palestinos por quilómetro quadrado, igual à da Checoslováquia ou Suíça e, superior à da Polônia, Áustria, Dinamarca e Hungria, na mesma época. Pergunto: A campanha “terra sem povo para povo sem terra” foi, no mínimo, enganosa ou não? “Fake news” é um nome novo para mentiras deslavadas, especialidade de políticos desonestos, mas a prática existe há muito tempo.          
·         Jerusalém: vestimenta religiosa ocultando o interesse geopolítico
Sobre a questão de Jerusalém, é bom lembrar que estamos falando da cidade mais sagrada para o mundo monoteísta, principalmente para o Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Nas atrocidades cometidas em 1948, Israel ocupou, ilegalmente, o lado oeste desta cidade e, em 1967, ocupou da mesma forma, o restante da cidade. Um acordo foi firmado em termos de administração entre Israel e os palestinos, no qual Israel cuidaria da parte oeste e os palestinos, da parte oriental, enquanto a ONU tentaria colocar em prática a sua resolução 181 de 1948. Tal resolução determina que a cidade sagrada de Jerusalém é de interesse de todos os povos monoteístas e será administrada por um conselho internacional sob a coordenação da ONU.
Durante estas sete décadas, o tema sempre esteve em discussão: Como a cidade seria governada, levando em consideração a posição da ONU? No entanto, não há como decidir nada sobre esta questão sem discutir o tema principal do conflito entre dois povos disputando a mesma terra. E, cada dia que passa, a situação se agrava, à medida que a população dos nativos palestinos vem crescendo e novos israelenses nascidos no seu novo estado vêm surgindo.
Tanto os países centrais, quanto o próprio estado de Israel, de fato, nunca estiveram interessaos em resolver o conflito entre os dois povos. Mais ainda, a manutenção do conflito interessava a todos eles, para manter toda a região do Oriente Médio neste status quo de instabilidade (política, econômica e social) sob o seu controle. Motivos? Basta olhar hoje, janeiro de 2019, para o Iraque, Líbia, Síria, Egito, Iêmen e outros para achar a resposta. Pelo menos durante as primeiras cinco décadas, as doações e ajudas financeiras eram vitais para o desenvolvimento daquele país recém-nascido. Convencer o mundo de que Israel corria o risco de ser atacado pelos países árabes vizinhos é um grande pretexto para manter a ajuda financeira e as doações, que o país precisava para o seu desenvolvimento.
Ao mesmo tempo, o desenvolvimento das repúblicas árabes recém-formadas não interessava ao Ocidente e ainda não interessa. Assim, e de acordo com as profecias de Richard Nixon (ex-presidente dos EUA), em sua biografia, os conflitos no oriente médio, continuarão até que se esgote o seu petróleo, recurso energético que interessa aos países industrializados do Hemisfério Norte e que os árabes nunca deveriam usá-lo.
Retornando à questão de Jerusalém, percebe-se que a estratégia sionista continua a mesma. Atualmente, a atuação do primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu, junto ao lobby sionista visa obter o apoio da bancada parlamentar da extrema direita cristã, nos EUA, tanto para manter as doações financeiras anuais, como também para alcançar outros objetivos, como por exemplo, a transferência da embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém.   A mesma tática está sendo aplicada no Brasil, através da bancada neopentecostal, a qual mantém relação simbiótica com Israel. Nos dois casos, o interesse político é o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel.
Mas, afinal, existiria uma concepção religiosa compartilhada entre os evangélicos brasileiros e a extrema direita cristã dos EUA? Sim, pois ambos os grupos religiosos acreditam em profecias apocalípticas nas quais Jerusalém deve ser habitada só por judeus, como pré-requisito para o retorno de Jesus, para reestabelecer o cristianismo e iniciar o Armagedom, o qual é identificado na Bíblia como “a batalha final de Deus contra a sociedade humana iníqua, em que numerosos exércitos de todas as nações da Terra encontrar-se-ão numa condição ou situação, em oposição a Deus e seu Reino por Jesus Cristo no simbólico (Monte Megido)” (saiba mais aqui)
Embora Israel não acredite na volta de Jesus, como o Messias, a questão da expulsão dos não judeus de Jerusalém é o sonho dos seus governantes, para transformar a cidade em Capital, passo importante para a conquista de todo o território palestino, sem falar do projeto “O Grande Israel”, o qual se estenderia do rio Nilo (Egito) ao rio Eufrates (Iraque). Assim fica fácil entender a base de sustentação da parceria de uma visão religiosa, de um lado, e de um interesse geopolítico, de outro.
Portanto, o significado da iniciativa do presidente Bolsonaro é, no mínimo, perigoso e pode levar a um distúrbio global, num mundo que já está no limiar do caos.  
·         Possíveis impactos negativos da atitude do presidente do Brasil
Quando analisamos as relações do Brasil com o mundo árabe, podemos verificar a harmonia e respeito históricos entre os dois lados. Tal fato confirma e consolida a existência da base sustentadora da diversidade étnica nacional brasileira. A grande diversidade racial, religiosa e cultural, representada pelos povos que compõem este país continental chamado Brasil é uma das suas maiores riquezas. Os árabes, os verdadeiros semitas, sejam árabes cristãos, muçulmanos, e mesmo árabes judeus, fazem parte de toda a história brasileira.
Em raros momentos as relações do Brasil com o mundo árabe sofreram distúrbios. E isso aconteceu quando algumas posições foram tomadas pelo governo brasileiro para atender ao interesse de algum país dominante. É bom destacar que, em momento algum, a sociedade civil brasileira pactuava com essas decisões governamentais. O primeiro momento foi quando o chefe da delegação brasileira, Oswaldo Aranha, abriu e presidiu a sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em Nova York, em 1947. Sob sua coordenação, na sessão de 29 de novembro daquele ano, a Assembleia da ONU aprovou o plano para a partilha da Palestina, formalizado na Resolução 181, que abriu caminho para a criação do Estado de Israel.
O segundo momento foi no dia 16 de dezembro de 1991, durante o governo Fernando Collor de Mello, quando o Brasil cedeu às pressões dos EUA e votou a favor da Resolução 46/86, revogando a Resolução 3379, de 1975. Explicando: no dia 10 de novembro de 1975, a ONU considera o sionismo como forma de racismo e discriminação racial. Na ocasião, o Brasil votou favoravelmente. Em 1991, após 16 anos, o Brasil, paradoxalmente, vota a favor da revogação e o sionismo torna-se então, legalmente, um movimento não racista.
Hoje, estamos diante de um possível terceiro momento, que preocupa os povos muçulmanos em geral e os árabes em particular. A posição do presidente Jair Bolsonaro, além de equivocada e desrespeitosa às deliberações da ONU, fere os laços de amizade, ética e solidariedade entre os dois povos, brasileiro e árabe. Além disso, há riscos de prejuízos para a sociedade brasileira, principalmente nos campos a seguir:
*  No campo diplomático:
- Com a atitude do Sr. Trump, presidente dos EUA, de transferir a embaixada de seu país para Jerusalém, seu país perde o espaço de ser mediador no conflito entre palestinos e israelenses. O Brasil começou a ser visto como a melhor opção para ocupar este espaço de mediação entre os dois povos, com os quais o país tem relação de respeito, amizade e consideração. Portanto, a declaração do Sr. Bolsonaro, presidente do Brasil, de seguir o mesmo caminho de Trump, pode, também, levar o Brasil a seguir a mesma rota dos EUA, ou seja, não ser mediador de paz entre os dois povos.
- Há outro risco no campo diplomático, onde, em assuntos de interesse brasileiro, a totalidade dos países islâmicos, árabes ou não, sempre estiveram ao lado e apoiando as posições do Brasil, diferentemente da situação de Israel, nas votações na ONU, na OMC e em outros organismos internacionais. Assim sendo, tornar o Brasil um apêndice da ideologia dos EUA e de Israel, além de não ganharmos, absolutamente nada, perderemos os aliados dos países em desenvolvimento, em que a maioria é islâmica.
Um mínimo de equilíbrio de forças é que o mundo precisa para sair do caos causado pela hegemonia concentrada nas mãos de poucos países.
·         No campo econômico:
Os países muçulmanos representam o maior mercado brasileiro para carne bovina, frango, açúcar e milho. Sem dúvida, a atitude do presidente Bolsonaro prejudicará este mercado. Em 2018, por exemplo, as atividades comerciais entre o Brasil e os países islâmicos alcançaram o valor de US$ 22,9 bilhões, de acordo com dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A balança é favorável ao Brasil em US$ 8,8 bilhões. Os países islâmicos recebem cerca de 70% de todas as exportações brasileiras de açúcar, 46% do milho em grãos, 37% da carne de frango e 27% da carne bovina.
Como lição histórica, valeria lembrar que até 1991, o Brasil exportava, em grande volume, serviços e tecnologias para Oriente Médio na área de construção civil (Mendes Jr e outras), além de exportação de máquinas e equipamentos pesados. Com a invasão norte-americana ao Iraque e a queda do regime líbio, causando a deterioração econômica de ambos os países, o Brasil perdeu este mercado, como consequência da guerra do Golfo. Um dos grandes prejuízos foi, inclusive, a falência de grandes indústrias bélicas brasileiras, como a Engesa, por exemplo. Tal indústria, que foi fundada em 1958, empregava mais de cinco milprofissionais e vendia seus produtos para mais de 18 países, faliu em 1993. Como a situação continua até hoje, perdemos um grande mercado, levamos prejuízos enormes, fechamos indústrias pesadas e não recebemos absolutamente nada por sermos aliados dos EUA.
Aprender com a História e com as experiências do passado, na busca de caminhos mais seguros para o crescimento do nosso país é obrigação de todos nós. Não podemos mais errar. Erguer um país é um processo árduo e lento; destruí-lo é fácil e rápido. Assim, cautela e precaução são fundamentais na gestão de qualquer país e em sua interação com os demais.
 Fonte: Por Mohamed Habib, Presidente do Instituto da Cultura Árabe
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josepsousa · 4 years
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Covid-19 paralisa carreira de pilotos
A crise decorrente da pandemia obrigou empresas aéreas a estacionar a maior parte de suas frotas de aviões e, consequentemente, paralisou a carreira de milhares de pilotos no mundo todo.
No Brasil, parte dos profissionais já vinha sofrendo com a quebra da Avianca Brasil e teve de deixar o País, no ano passado, para trabalhar na Ásia, um mercado que vinha crescendo rapidamente e cujos salários são mais elevados.
Agora, porém, com a crise global, as saídas são mais escassas. Só na última semana, 700 pilotos (ou 11% dos profissionais brasileiros da aviação regular de carga e de passageiros) foram demitidos pela Latam. Na Azul e na Gol, os pilotos tiveram salários e jornadas reduzidos até o fim de 2021.
Dispensados, profissionais tentam agora voltar à carreira de piloto de jatos executivos, alguns pensam em largar a profissão até que haja uma melhora no setor e outros dizem que vão esperar uma recuperação no mercado asiático, que deve ser o primeiro a ver uma retomada, para procurar uma vaga na China ou no Vietnã.
“Foram 700 demitidos na Latam. Quantos vão conseguir se realocar? Imagino que nem 10% no médio prazo. As empresas aéreas estão sangrando continuamente. O mercado de aviação civil é difícil, com margem pequena. Aí vem uma pandemia e acaba com o setor turístico”, diz o piloto Paul Pic.
Se o grande número de profissionais sem emprego e a baixíssima demanda por eles já tornam o retorno ao mercado de trabalho difícil, os pilotos enfrentarão um problema extra nos próximos anos: precisarão manter suas licenças para voar atualizadas.
Normalmente, as companhias aéreas arcam com esse custo, que pode chegar a US$ 5 mil por ano. Agora, esse dinheiro terá de sair do próprio bolso, caso eles queiram estar prontos para serem contratados quando o setor se recuperar.
A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) prevê que o mercado global só volte ao patamar de 2019 em 2024. No Brasil, porém, segundo o diretor da entidade no País, Dany Oliveira, a retomada pode ser mais rápida, puxada pela aviação doméstica. “A aviação que a gente tem hoje é 15% do que foi a de 2019. Então, tem um excesso de recursos humanos. Fazendo uma simples correlação, o mercado de trabalho deve retornar aos níveis de 2019 junto com o setor.”
Aulas
A crise já se reflete no Aeroclube de São Paulo, onde a maioria dos alunos pretende seguir a carreira de piloto. “Estamos com dificuldade para fechar turmas. Agora temos oito inscritos para uma turma que deveria ter 20”, diz Marcos Pereira, diretor do aeroclube.
Além do futuro obscuro, a mudança de classes presenciais para virtuais nos últimos meses também prejudicou o andamento dos cursos, diz Pereira. A intenção agora é conseguir fechar uma nova turma presencial.
Com a formação de piloto concluída no começo deste ano, Yuri Prado Silva, de 24 anos, estava participando de uma seleção da Azul quando a quarentena começou. O processo foi interrompido e, agora, ele pretende trabalhar como instrutor de voo até que as seleções sejam retomadas.
“Há uma semana, me tornei instrutor de voo. Meu sonho é chegar a uma linha aérea. Sei que o mercado está parado, mas a aviação não tem hora para ficar boa. Pode ser que, do nada, um companhia aérea comece a contratar. Por isso, é bom estar preparado”, diz.
O trabalho como instrutor ajuda também Silva a somar horas de voos para poder atuar em uma companhia aérea. Enquanto algumas empresas pedem 250 horas de experiência, outras exigem 500 – Silva tem 257.
É um caminho longo e caro. Para tirar a carteira de piloto comercial e ter 150 horas de voo, o custo chega a R$ 200 mil. O salário, porém, costumava compensar. Em média, um comandante recebia R$ 20 mil por mês. Com a crise, tem profissional recebendo R$ 5 mil, diz o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Ondino Dutra.
“Estamos vivendo um luto profundo”
Paul Pic, de 45 anos, é filho de piloto. Seu pai tinha uma empresa de aviação agrícola, segmento mais pesado do setor aéreo, dado que o piloto trabalha no calor, em aviões sem ar condicionado, voa em altitude baixa e não se hospeda em hotéis confortáveis. “Não queria isso para mim, mas hoje não descarto”, diz ele, que trabalhou em companhia aérea por 13 anos e havia sido promovido a comandante há um.
Apesar da crise histórica na aviação, Pic se diz realizado com a carreira que traçou.
“Sempre sonhei em pousar no Charles de Gaulle (aeroporto em Paris), em Nova York… Realizei esses sonhos. Fui muito feliz, mas sei que agora tem um risco grande de não entrar em um avião por muito tempo. Talvez minha carreira tenha sido concluída aqui, mas tenho a satisfação de ter chegado a uma empresa grande e ter voado um 777 (avião para 365 passageiros). Eu e meus colegas estamos vivendo um luto profundo, porque não é só de emprego, é de carreira.”
Pic diz que as chances de conseguir um emprego novo como comandante são baixas, pois tem pouca experiência no cargo. “Só vou conseguir ser contratado como copiloto. Seria como reiniciar a carreira.”
Pessimista com o futuro, ele destaca que as qualificações de pilotos não são muito valorizadas em outras carreiras, o que dificulta uma recolocação. “Sei, por exemplo, me comportar num sistema de tráfego aéreo. Para que serve isso aqui embaixo?”
Fluente em francês e em inglês, está tentando uma vaga em uma startup, onde poderá ganhar um terço da remuneração que tinha. “Isso vai ser por um tempo. Depois vou ter de recomeçar. Piloto tem uma capacidade de se manter sereno no momento de crise. Mas tudo isso não é sem tristeza.”
“Na aviação, temos de ter um plano B”
“Como a aviação é muito sensível à economia, para a gente que busca uma carreira na área, é importante ter sempre um plano B”, diz Peterson Ramos dos Santos, de 37 anos, que está sendo obrigado a recorrer a essa estratégia agora.
No caso dele, o plano B é o trabalho como servidor público no governo do Distrito Federal, do qual havia se licenciado quando conseguiu um emprego como copiloto, em 2017.
No trabalho público, porém, Santos recebe um terço do que ganhava como piloto. Antevendo esse cenário, ele já se mudou para um apartamento menor, vendeu o carro e transferiu a filha para uma escola pública.
A esposa também trancou a faculdade. “Na aviação, dizemos que temos de estar sempre à frente do avião, sempre preparados para tomar alguma atitude. Dentro dessa perspectiva, reduzi despesas e fui me preparando para um cenário mais difícil, que foi o que acabou acontecendo. Mas vamos conseguir passar por essa turbulência e se preparar para a retomada.”
Santos diz estar otimista em relação ao futuro, já que o mercado doméstico brasileiro tem grande potencial. Mesmo assim, não vê uma retomada rápida nos próximos dois anos.
“O momento agora é de deixar o tempo passar e continuar estudando”, acrescenta ele, que pretende retomar o mestrado em Transporte – que havia parado por causa do trabalho – enquanto a aviação não se recupera.
“Por enquanto, a situação é muito complicada, mas cada um vai encontrando um caminho. Tem gente já trabalhando como motorista de aplicativo. A questão é que todo piloto quer voar. Quem é piloto nasceu para isso. O olhar está sempre voltado para o céu. Esse é sempre o objetivo.”
“No setor, não havia passado dificuldade”
Marcelo Americano, de 39 anos, está com o casamento marcado para agosto do ano que vem, após adiá-lo duas vezes por causa da pandemia. Sua noiva e família moram no interior de São Paulo e, mesmo assim, ele não descarta a possibilidade de se mudar para China ou Vietnã.
A aposta é que, como esses países foram atingidos antes pela pandemia e conseguiram contornar a crise de modo mais eficiente, eles se recuperem antes e suas empresas aéreas voltem a contratar.
“Tenho ouvido falar que, nesses países, podem começar a contratar no início do ano que vem. A princípio, não gostaria de sair do Brasil. Tenho uma noiva e minha família toda aqui. Mas, se aparecer oportunidade lá fora, vou ter de ir.”
Americano sabe que a concorrência vai aumentar muito no setor nos próximos meses, com a demissão de pilotos em todo o mundo. “Vai ter um excedente de profissionais. Eu estou me atualizando, estudando aviação por conta própria para os processos seletivos. Também comecei um curso online sobre mercado de capitais.”
Apesar de ter tirado sua licença de piloto comercial pouco depois dos ataques de 11 de setembro, que também arrasaram o setor aéreo, Americano logo conseguiu seu primeiro emprego para pilotar um avião de uma siderúrgica. Depois, passou por uma empresa de táxi aéreo e foi contratado pela então TAM em 2007.
“Nunca passei por nenhuma dificuldade no setor como agora. Dessa vez, a crise é grave no mundo todo. Nunca fiquei desempregado e jurava que ia me aposentar na empresa (Latam). Mas, apesar de toda dificuldade atual, vejo muito potencial de crescimento do setor no Brasil, porque as pessoas ainda viajam pouco.”
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diamanteunickforex · 4 years
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Como o mercado de crédito privado tem se comportado na crise e onde estão as melhores oportunidades? A JGP responde
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SÃO PAULO – Ainda que a renda variável esteja nos holofotes dos investidores nesta crise, em meio a fortes movimentos vendedores nas bolsas de valores mundiais, o mercado de renda fixa, via crédito privado, também tem sofrido com o aumento do estresse financeiro.
A extensão dos problemas, contudo, pode ser diferente, assim como o olhar do investidor precisa ser outro. Quem explica melhor as particularidades do segmento é Alexandre Muller, sócio responsável pela equipe de gestão dos fundos de crédito da JGP.
Em entrevista ao vivo ao InfoMoney nesta quarta-feira (01), Muller apontou onde estão as principais preocupações no momento, abordou o comportamento de grandes empresas e bancos nesta crise, falou sobre as medidas implementadas pelo governo que possam surtir efeito no mercado de crédito e contou a estratégia da JGP neste contexto de maior estresse, provocado pela epidemia do coronavírus.
Confira a seguir alguns dos principais trechos da conversa. A entrevista completa está disponível no vídeo acima.
Como o mercado de crédito privado tem se comportado desde que a crise começou?
Esse é um mercado importante de acompanhar neste momento, até para entender o desdobramento que pode ter em outros segmentos. O mercado de crédito emite sinais importantes para todo o resto da economia. Esta é a primeira crise que estamos vivendo com um mercado com maior tamanho.
Em 30 dias, tivemos uma queda do Ibovespa de 32%, o Cembi, índice de bonds de crédito negociado lá fora, teve uma queda de mais ou menos 17%, e o Idex [índice de debêntures calculado pela JGP] cai cerca de 7%.
Crédito, assim como outras classes de ativo, tem sensibilidade, mas é normal que a sensibilidade seja menor que de outras classes, como ações, porque títulos de dívida têm prioridade de acesso sobre o fluxo de caixa das empresas.
Os fundamentos continuam sólidos no mercado de maneira geral?
É preciso dividir o tipo de crédito sobre o qual estamos falando. A JGP atua em particular nas grandes empresas do Brasil, como Lojas Americanas, Cemig, Sabesp. Claro que existe um movimento de preço no mercado de crédito, mas, do ponto de vista de fundamento para crédito de grandes empresas, esse é um dos setores mais protegidos hoje, se comparado com empresas mais high yield ou até Bolsa.
Falando em grandes empresas, eu espero que o impacto de quebra de covenants ou eventuais renegociações de dívida seja pequeno.
Agora se descemos um degrau na cadeia de crédito, em fundos mais high yield ou empresas de médio porte, [a avaliação] é caso a caso. Mas, conceitualmente, deve ter mais sensibilidade.
O investidor deve ser mais seletivo em crédito neste momento?
A primeira coisa é entender o que está se passando em termos de fundamento, o mandato de cada fundo. Acho que a ideia de que grandes empresas do Brasil tendem a sentir menos é conceitual. Temos até observado ao longo da última semana anúncios de novas operações de dívidas entre as empresas grandes e os bancos. O problema são as empresas médias.
A segunda pergunta é o que está acontecendo com o preço dos títulos de crédito, com as cotas dos fundos. Será que é uma boa oportunidade olhar esses títulos e fundos neste momento? Existe algo muito especifico acontecendo. Desde que a crise se aprofundou, o governo e o Banco Central vêm anunciando uma série de medidas orientadas para destravar o mercado de crédito.
Entre essas medidas, na segunda-feira da semana passada, foi anunciado um hiper pacote de medidas pelo Banco Central que poderia liberar R$ 1,2 trilhão de liquidez, de dinheiro, para que os bancos concedam novos empréstimos, destravando toda a cadeia.
Uma das medidas é orientada para o mercado de capitais, para as debêntures negociadas no dia a dia, e acaba fazendo preço nos fundos. É um programa no valor de R$ 91 bilhões para que o Banco Central dê empréstimos para os bancos recomprarem esses títulos no mercado secundário. Isso é uma maneira de garantir o funding do banco para que ele possa fazer essa operação.
Esse programa entra em vigor dia 6 de abril, então existe um rito burocrático em grande parte das medidas que está atrasando pontualmente o início, mas as medidas vão entrar e a tendência é que elas façam diferença nos spreads de crédito e nos preços dos títulos.
Na sexta-feira passada veio o principal dos programas. Uma PEC, que permite ao Banco Central comprar diretamente ativos de crédito privado para seu balanço. Essa é uma medida muito mais extrema, algo que vimos nos Estados Unidos, na Europa e até em outros países, como Colômbia.
E é uma medida que pode fazer uma diferença muito maior, porque, por mais que o BC jogue toda essa liquidez no mercado bancário, os bancos sempre têm a prerrogativa de não fazer nada, de sentar em cima do dinheiro. Então essa medida provavelmente vai fazer com que o BC tenha flexibilidade para atuar comprando títulos de crédito de grandes empresas.
A partir do momento que ele faz isso, altera a dinâmica de spreads para esse segmento da cadeia, empurra os bancos para terem que usarem o balanço em empresas de pequeno e médio porte, começa a oxigenar a liquidez, a destravar o mercado de crédito.
É importante que o investidor compreenda o que está sendo feito pela autoridade monetária e, se ele acreditar que ela vai ser bem-sucedida no destravamento desse mercado de crédito, e isso vale para empresa grande, média e pequena, pensar em crédito como um investimento neste momento pode ser uma boa ideia.
Você enxerga perspectivas de retomada do mercado primário?
Estamos vendo o mercado primário ativo principalmente para grandes empresas, captando dívidas diretamente com os bancos, de um ou dois anos em geral. Vimos anúncios públicos de captação da Iochpe-Maxion, do laboratório Fleury, da BRF, então estamos vendo que as empresas estão fazendo captações de emergência para reforçar o caixa neste momento.
Como os bancos trabalharam depois da crise do subprime? Deram linhas de liquidez para grandes empresas e deixaram contratados mandatos para fazer operações que alongassem captações de curto prazo, ganhando o direito de serem coordenadores-líderes. É possível que, quando a crise acalmar, [os bancos] venham com ofertas de debêntures para refinanciar a dívida de curto prazo contratada pelas empresas. É uma possibilidade.
Aprendizados em tempos de crise: uma série especial do Stock Pickers com as lições dos principais nomes do mercado de ações. Assista – é de graça!
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18kronaldinhoblog · 5 years
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Mentor da indústria de fundos, Jakurski vê mercado virar cassino
(Bloomberg) — André Roberto Jakurski, 71, um dos pais da gestão ativa de fundos no Brasil, vê sua influência crescer em meio a uma explosão da indústria no país.
Em uma carreira de mais de 45 anos, ele negociou ações para George Soros, foi mentor do banqueiro bilionário Andre Esteves e fez parceria com o então futuro ministro da economia Paulo Guedes para fundar o hoje chamado Banco BTG Pactual. Em 1998, Jakurski e Guedes iniciaram a JGP Asset Management, uma das primeiras gestoras independentes do Brasil, no momento em que colegas diziam: para que se preocupar?
“Na época em que eu comecei a operar a bolsa aqui, eu tinha um olho e o resto todo mundo era cego”, disse Jakurski, que ficou famoso na década de 90 com um trade arriscado com ações de empresas de telecomunicações que multiplicou dezesseis vezes o capital proprietário do Pactual em um ano. “Naquela época, era quase impossível se movimentar no mercado. Tinha épocas nas quais eu levava três meses comprando, depois mais três meses vendendo. Passava a maioria dos dias no telefone – gritando.”
Vários dos principais gestores de ações no país citam a “escola Jakurski” como fundamental para ajudá-los a atrair dinheiro novo enquanto seus pares no exterior perdem cada vez mais para fundos passivos ou estratégias quantitativas.
Em uma rara entrevista, Jakurski se senta em uma sala de reunião na sede da JGP no bairro de Humaitá, no Rio de Janeiro, sob os auspícios da estátua do Cristo Redentor. De fala mansa e comedido, ele está com um resfriado forte, contra o qual está tomando antibióticos, e reclama para um fotógrafo que começa a tirar fotos enquanto ele está falando. O fotógrafo, no entanto, é convidado a sentar-se e a tomar parte da conversa, que vai do pessoal ao profissional e – às vezes – ao filosófico.
Os juros altos no Brasil significavam que investidores não precisavam fazer quase nada para obter um retorno considerável, enquanto pioneiros da indústria de fundos, como Jakurski, tinham que fazer muito para superá-los negociando ações. A taxa básica de juros, que na média ficou em 14% nas últimas duas décadas e, a certa altura, atingiu 45%, agora está em um nível recorde de baixa, a 4,25%.
Não é coincidência, então, que a cada redução nos juros básicos, mais gestoras de fundos nasçam e mais dinheiro flua em direção a elas. Os fundos brasileiros somavam R$ 5,4 trilhões no final do ano passado, um aumento de quase cinco vezes em relação a uma década, de acordo com a Associação do Mercado de Capitais Anbima. Somente R$ 28 bilhões eram de gestão passiva, os chamados ETFs.
“O Brasil sempre foi uma nação na qual você tinha títulos do governo de risco zero, liquidez imediata e retornos garantidos – então ninguém queria mexer com isso”, diz Jakurski. “O que estamos vendo agora é uma revolução na forma como o dinheiro é alocado.”
Entre conhecidas gestoras que se beneficiam com o novo ambiente estão a Constellation Investimentos, a Verde Asset Management e a BlueLine Asset Management – e cada uma tem um aprendiz de Jakurski. E enquanto o mestre é frequentemente ofuscado pelos seus alunos famosos ou ex-sócios, o fundo JGP Equity Master FIA retornou 34,65% no ano passado, 3,5 pontos percentuais a mais do que o índice de referência do Ibovespa. Com R$ 20 bilhões em ativos sob gestão, a JGP ainda é uma das maiores gestoras independentes de fundos de investimentos no Brasil.
Mas, então, exatamente, o que é a “escola Jakurski”?
Luciano Brandão, chefe de renda variável na BlueLine, define assim: consistência, alavancagem e preservação de capital. Na BlueLine, empresa de fundos de investimento com R$ 220 milhões fundada por ex-executivos do JPMorgan Chase & Co., cerca de 30% da carteira de ações é gerida com isso em mente – em oposição à usual “estratégia de double alpha”, que visa ganhos por meio de posições vendidas e compradas, diz Brandão. O fundo Blue Alpha Master FIM da BlueLine teve retorno de 10,32% desde a sua criação, em 31 de maio, até 12 de fevereiro, em comparação com os 3,82% do seu benchmark.
Pedro Sales, sócio e gestor de estratégia de ações da Verde, fala mais sobre o método: “Jakurski tem uma visão macro, que vale para o médio a longo prazo, mas, no dia-a-dia, ele usa muito o feeling do mercado”, afirma Sales, cujo fundo Verde Am Long Bias Master FIA registrou um ganho de 37,66% em 2019. “Não é incomum para ele fazer apostas de curto prazo contrárias à visão de longo prazo.”
Leia também: • Mercado começa a trabalhar com novo corte da Selic em meio a preocupações com coronavírus • Márcio Appel: gestor espera novos cortes de juros no Brasil e tem ouro e dólar na carteira
Ao longo da entrevista, enquanto fala, Jakurski compartilha algumas dessas visões e sua própria história, e explica por que escolheu Harvard em vez de Stanford (“Não tínhamos muito dinheiro na época, e descobrimos que a passagem de avião para Harvard era mais barata”), como é sua carreira (“Vinte anos em uma mesa de negociação e era sempre um barulho infernal – agora é um silêncio sepulcral”) e por que ele nunca se mudou para São Paulo, o centro financeiro da América Latina (“Eu quero ficar no Rio, fazendo o meu trabalho, me divertindo”).
Jakurski tem um carinho especial pelo Rio de Janeiro, a cidade onde ele nasceu e onde seus pais se conheceram depois de imigrar para o Brasil após a Segunda Guerra Mundial. Ambos serviram no exército polonês e foram presos em campos nazistas na Polônia, diz ele.
Jakurski se formou em engenharia mecânica na Pontifícia Universidade Católica do Rio e cursou MBA na Harvard Business School. Foi seu pai quem lhe convenceu a obter um diploma em administração, pois ele precisava de Jakurski para gerenciar sua empresa de iluminação pública, que instalava luzes para ruas e estádios de futebol. Quando o jovem Jakurski voltou ao Brasil depois de terminar Harvard, ele estava “apaixonado” por finanças e decidiu não trabalhar na empresa de seu pai. Foi logo recrutado para uma carreira como executivo de banco.
Jakurski começou no Unibanco, que se fundiu com o Banco Itaú em 2008 e agora é o maior banco da América Latina em valor de mercado. Depois de passagens nas áreas de leasing, banco de investimento e comercial, ele recebeu a oferta de uma grande promoção: tornar-se o chefe de tesouraria e trading proprietário do banco. Mas com uma ressalva: ele teria de se mudar para São Paulo. “Eu disse que não, e isso foi o fim da minha carreira no Unibanco”, lembra.
Em 1983, o banqueiro Luiz Cezar Fernandes convenceu Jakurski e Guedes a ajudarem na fundação do Banco Pactual, que se tornou a potência BTG Pactual. Guedes e Jakurski tinham a mesma química de outras duplas famosas de negócios – Jobs e Wozniak ou Gates e Allen -, com Guedes como o visionário temperamental e Jakurski, o trader pragmático.
Em 1991, após um colapso de 70% do mercado de ações com o Plano Collor, Jakurski fez seu negócio mais lendário: ele alavancou fortemente e investiu todo o capital proprietário do Pactual em duas ações de empresas de telecomunicações – a Telesp e a Telebras. As duas subiram de preço, com uma delas, a Telebras, passando de US$ 2 a US$ 32 em um ano, diz ele, entregando ao Pactual e seus clientes um retorno de dezesseis vezes sobre o capital investido.
Tais apostas extremas, nas quais a carteira toda é concentrada em um ou dois ativos, devem ser feitas apenas em “momentos nos quais todas as variáveis ​​estão a seu favor”, diz ele. “Oportunidades como essa são muito raras. Quando elas aparecem, você não pode hesitar — tem de ir para matar.”
Numa época em que os bancos centrais estão injetando liquidez e um tweet do presidente dos EUA, Donald Trump, pode enviar mercados a uma queda livre, essas oportunidades únicas estão ficando cada vez mais difíceis de achar, diz Jakurski.
Graças à aposta nas ações da Telesp e Telebras, o Pactual se tornou um importante participante nos mercados brasileiros. O banco pôde assumir grandes posições proprietárias em transações de arbitragem que exploravam a diferença entre taxas de juros internacionais e domésticas por meio de empréstimos em dólares para investir em reais, com ganhos de até 60% ao ano.
A reputação de Jakurski e Guedes crescia na época na qual cerca de 90% dos lucros do Pactual vinham do trading. A dupla decidiu aproveitar sua fama e deixou o banco para criar sua própria gestora. Foi na JGP que o relacionamento entre eles se deteriorou, levando à saída de Guedes, que não quis fazer comentários para essa matéria. Jakurski não quis falar sobre a saída de Guedes da JGP.
Uma geração de gestores e banqueiros famosos teve o início de sua carreira no Pactual sob Jakurski, incluindo Esteves, que começou como técnico em informática em 1989, e Florian Bartunek, ex-estagiário que agora é sócio e diretor de investimentos da Constellation.
Esteves, o maior acionista do BTG, falou sobre a influência de Jakurski em painel durante evento para investidores do banco em julho: “Jakurski foi meu sócio durante muitos anos, meu chefe, e o pai do DNA de gestão de risco do banco, o que deve te dar orgulho até hoje, não é?”
Bartunek diz que também usa parte da metodologia de gestão de risco que Jakurski lhe ensinou. “Com Jakurski, nunca foi apenas uma questão de ensinar o ofício, mas também moldar personalidades”, diz ele. “Ele sempre foi muito duro, mas justo. Não podia ter erro. Ele sempre encontraria o erro, por menor que fosse.” Com um ceticismo que domina grande parte do mundo da gestão ativa de fundos em meio ao aumento do investimento passivo, Bartunek acrescenta: “Ele é uma raça em extinção”.
Mesmo enquanto a indústria cresce no Brasil, os gestores de fundos no país estão bem conscientes sobre o que está acontecendo no exterior. Os EUA tiveram em 2019 mais fechamentos de fundos de hedge do que lançamentos pelo quinto ano, um baque para um mercado de US$ 3 trilhões que já fez nascer muitos milionários. Os investidores tiraram quase US$ 98 bilhões no ano passado, mais do que o dobro do valor em 2018, pois taxas de administração elevadas e retornos medíocres levaram à busca por rendimento em outro lugar, de acordo com os dados do eVestment.
A corrida para os ETFs é apenas uma das mudanças sísmicas que abalam o mundo dos investimentos desde que Jakurski começou. A “obsessão” por investimentos passivos, ele adverte, traz riscos sistêmicos. “Os ETFs oferecem liquidez imediata, mas os ativos que replicam os índices não têm necessariamente esse tipo de liquidez”, diz ele.
Ele fala sobre outras mudanças, que diz terem transformado o mercado em um “cassino”. O relaxamento quantitativo é outro tema que merece críticas de Jakurski. “Só as pessoas mais ricas que têm ativos financeiros se beneficiam”, diz ele. “As pessoas pobres estão bravas, dizendo: ‘Este sistema aí não me interessa.’”
O próprio Jakurski parou de negociar ações fora do Brasil e, em vez disso, planeja retornar às suas raízes de crédito. Ele deseja continuar a desenvolver negócios na JGP para coletar informações sobre preços e volume de negócios da dívida corporativa brasileira no mercado secundário. A empresa já usa hoje esses dados para criar um índice.
Sete minutos depois do início da entrevista de duas horas, o telefone de Jakurski toca. “Espere, espere”, diz ele. No outro extremo da linha, o filho mais novo de Jakurski está ligando de Harvard. Paulo Roberto, nome em homenagem a Guedes, planeja seguir os passos de seu pai de outras maneiras também: ele deve assumir a gestão dos investimentos da família.
Jakurski escuta por um momento. “Eu disse para você não ficar vendido no S&P na véspera de uma reunião do Fed. Você viu a mensagem, mas não tomou atitude, né?” – diz ele, sem mudar seu tom de voz. Outra pausa. “Bem, então zera esse troço.”
O lendário gestor de fundos, ao que parece, ainda tem seus aprendizes – mesmo que nem todos sigam sistematicamente a “escola Jakurski.”
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alvaromatias1000 · 5 years
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Há cura para a divisão política entre discursos de ódio?
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Chris Anderson: o mundo está de uma forma como não víamos há muito tempo. As pessoas não discordam mais da forma que estávamos habituados, divididos entre esquerda e direita. Diferenças bem mais profundas estão em andamento. O que está acontecendo, e como chegamos a este ponto?
Jonathan Haidt: Há hoje um sentimento muito mais apocalíptico. A pesquisa feita pela Pew Research mostra o grau de sentimento a respeito do outro lado não é só… nós não é só não gostarmos deles. Nós não gostamos de muito deles e achamos eles serem uma ameaça para a nação.
Esses números têm crescido cada vez mais, e estão em mais de 50% agora, em ambos os lados. As pessoas estão com medo, pois isso parece ser diferente da tolerância e convivência pacífica. É muito mais intenso.
Quando olho qualquer tipo de quebra-cabeça social, aplico os três princípios básicos de Psicologia Moral. Eles vão nos ajudar aqui.
A primeira coisa a sempre termos em mente, quando pensamos em política, é: somos tribais. Evoluímos através do tribalismo. Uma das maiores e mais simples descobertas sobre a natureza social humana é o provérbio beduíno: “Eu contra meu irmão; eu e meu irmão contra nosso primo; eu, meu irmão e meus primos contra o estranho”.
Esse tribalismo nos permitiu criar grandes sociedades e nos unirmos para competir com outros. Isso nos tirou da selva e dos pequenos grupos, mas significa também estarmos em um eterno conflito.
A questão a considerar é: quais aspectos da nossa sociedade tornam isso mais difícil, e quais acalmam esse conflito?
Isso está incutido nos circuitos mentais das pessoas, em certo nível. Isso é só um aspecto básico do conhecimento social humano. Mas também podemos conviver de forma muito pacífica, e inventamos várias formas divertidas de, digamos, “brincar de guerra”. Esportes, política, todos são formas de exercitarmos essa natureza tribal sem realmente ferir ninguém.
Também somos muito bons em negociar, em explorar e em encontrar novas pessoas. O comércio exigiu empatia e paz.
Então, nosso tribalismo como algo que tem altos e baixos: não estamos fadados a estar sempre lutando uns com os outros, mas nunca teremos a paz mundial.
CA: O tamanho dessa tribo pode encolher ou aumentar. O tamanho do que consideramos “nós” e do que consideramos “o outro” ou “eles” pode mudar. Esse processo pode continuar indefinidamente. Sem dúvida, expandimos o sentido de tribo por um tempo.
JH: Estamos chegando, possivelmente, à nova distinção entre esquerda e direita. A esquerda e direita, como nós as conhecemos, vêm da distinção entre trabalho e capital, das classes trabalhadoras e de Marx. Mas o que vemos agora, de maneira crescente, é uma divisão, em todas as democracias ocidentais, entre:
as pessoas que querem ir só até o conceito de nação, as pessoas mais provincianas, e não falo isso de maneira pejorativa, pessoas com um maior senso de ter raízes, que se preocupam com sua cidade, sua comunidade e sua nação, e
os que são anti-provincianos ou cosmopolitas.
Penso na música “Imagine“, de John Lennon: “Imagine que não existem países, nada pelo qual matar ou morrer“. Essas são as pessoas da geração pacifista dos hippies. Elas querem uma governança mais global, elas não gostam de nações nem de fronteiras. Vemos isso por toda a Europa também.
Um cara de grandes metáforas, na verdade seu nome é Shakespeare, escrevia no Reino Unido dez anos atrás. Ele tinha uma metáfora: “Nós vamos levantar ou abaixar a ponte?” Agora, o Reino Unido está dividido na proporção de 52% por 48%. Os Estados Unidos estão divididos nessa proporção, também. E o Brasil: 55% por 45% na eleição de 2018; na primeira pesquisa, em fevereiro de 2019, apenas 39% aprovaram o governo Bolsonaro.
CA: Então, aqueles de nós que cresceram com os Beatles e com esse tipo de filosofia hippie de sonhar com um mundo mais conectado, isso parece tão idealista e “como pode alguém pensar mal a esse respeito?” E o que você está dizendo, na verdade, é hoje milhões de pessoas sentirem isso não ser apenas tolo, na verdade, é perigoso e errado, e elas estão com medo disso.
JH: O grande problema na Europa, e também nos Estados Unidos, é a questão da imigração. Precisamos olhar com muito cuidado para as Ciências Sociais sobre diversidade e imigração. Quando algo é politizado, quando se torna algo que a esquerda ama e a direita odeia, nem mesmo os cientistas sociais conseguem ser imparciais a respeito.
A diversidade é boa em várias maneiras. Ela claramente traz mais inovação. A economia americana cresceu enormemente em função dela. A diversidade e a imigração trazem muitas coisas boas. Mas os globalistas não veem. O que eles não querem ver, é por suporem a diversidade étnica reduzir o capital social e a confiança.
Há um estudo muito importante de Robert Putnam, o autor de “Bowling Alone“: olha bases de dados de capitais sociais. Basicamente, quanto mais as pessoas sentem que são iguais, mais confiam nos outros, e mais podem ter um Estado de bem-estar social. Os países escandinavos são tão maravilhosos porque eles têm esse legado de serem países pequenos e homogêneos. Isso leva a um Estado de bem-estar social progressivo, um conjunto progressivo de valores de esquerda capaz de dizer: “Abaixem a ponte! O mundo é um lugar ótimo. As pessoas na Síria estão sofrendo, devemos recebê-las bem”. Isso é muito bonito.
Mas se o discurso na Suécia é politicamente correto e não se pode falar sobre as desvantagens, você acaba trazendo um monte de pessoas. Isso vai reduzir o capital social, o que torna difícil manter um Estado de bem-estar social, e eles podem terminar, como aqui nos EUA, com uma sociedade visivelmente dividida por pressupostas raças.
Então é muito desconfortável falar sobre tudo isso. Mas isso precisa ser visto, especialmente na Europa, mas também aqui.
CA: Você está dizendo pessoas razoáveis, pessoas sem se considerarem racistas, mas pessoas morais, éticas, têm um lado racional e dizem os animais humanos são muito diferentes entre si. Corremos o risco de exceder nossa percepção sobre o que os humanos são capazes, ao misturar pessoas muito diferentes?
JH: Sim, mas posso tornar isso mais palatável dizendo isso não ter, necessariamente, a ver com raça, porque só existe uma raça humana. Tem a ver com cultura ou etnia. Há um trabalho maravilhoso de uma cientista política chamada Karen Stenner. Ela mostra quando uma pessoa tem a percepção de estarmos todos unidos, sermos todos iguais, há muitas pessoas com predisposição para o autoritarismo. Essas pessoas não são particularmente racistas quando elas sentem não haver uma ameaça à nossa ordem social e moral. Mas se você as colocar de prontidão, pensando em uma situação quando estamos nos dividindo, as pessoas estão ficando mais diferentes, elas se tornam mais racistas, homofóbicas, querem expulsar os diferentes.
Em parte, você obtém uma reação autoritária. A esquerda, seguindo a linha lennonista, a linha de John Lennon, faz coisas motivadoras de geração de uma reação autoritária.
Estamos vendo isso nos Estados Unidos, com a direita alternativa. Vimos isso no Reino Unido e por toda a Europa. Mas a parte positiva disso é os localistas, ou os nacionalistas, terem razão em um ponto: se enfatizarmos nossa similaridade cultural, a raça realmente não significa muito. Então uma abordagem de assimilação dos imigrantes elimina muitos desses problemas. Se você valoriza ter um Estado capaz de oferecer bem-estar social, deve enfatizar o fato de sermos todos iguais.
CA: Certo, então o aumento da imigração e dos medos em relação a isso são duas das causas da atual divisão. Quais são as outras?
JH: O próximo princípio da Psicologia Moral é intuição vem primeiro, raciocínio estratégico vem depois.
Provavelmente você já ouviu o termo “raciocínio motivado” ou “viés de confirmação”. Há trabalhos muito interessantes sobre como nossa inteligência e nossas habilidades verbais podem ter evoluído não para nos ajudar a encontrar a verdade, mas para nos ajudar a manipular os outros, defender nossa reputação…
Somos realmente muito bons em justificar a nós mesmos. E quando você considera interesses de grupos, não é mais apenas eu, é o meu time contra o seu, ainda você avaliando evidências de o seu lado estar errado, simplesmente não podemos aceitar isso. Por isso não se consegue vencer um argumento político. Se você está debatendo política, você não pode persuadir a pessoa com razões e evidências, porque não é assim o funcionamento do raciocínio humano.
Então vamos ver a Internet, vamos ver o Google: “Eu ouvi que Barack Obama nasceu no Kenya. Vou pesquisar isso… Nossa! Dez milhões de resultados! Veja, ele nasceu lá!”. Esse mau argumento é chamado de Viés da Prova Social: o fato de a maioria achar algo não significa isso ser verdade.
CA: Então isso foi uma surpresa desagradável para muita gente. As mídias sociais normalmente são consideradas pelos tecno-otimistas como uma grande força de conexão que vai unir as pessoas. E ocorreram alguns efeitos colaterais inesperados.
JH: Isso mesmo. Por isso estou encantado com a visão yin-yang sobre a natureza humana e a esquerda e direita. Cada lado está certo sobre algumas coisas, mas cego sobre outras.
A esquerda geralmente acredita a natureza humana ser boa: “vamos juntar as pessoas, derrubar as paredes, e tudo ficará bem”. A direita, os conservadores sociais, não os libertários, mas sim os conservadores sociais, em geral, acreditam “as pessoas podem ser gananciosas, sexuais e egoístas, e precisam de regulação e restrições”. Sendo assim, se você derrubar os muros e permitir que as pessoas de todo o mundo se comuniquem, você terá muita pornografia e racismo.
CA: Esses princípios da natureza humana têm estado sempre conosco. O que mudou, que aprofundou esse sentimento de divisão política e moral?
JH: Você deve ver seis a dez linhas diferentes se unindo. Vou listar apenas algumas delas. Nos Estados Unidos, e na verdade também na Europa, uma das maiores é a Segunda Guerra Mundial.
Há uma pesquisa interessante, feita por Joe Henrich e outros. Diz: se seu país esteve em guerra, especialmente quando você era jovem, e 30 anos depois você for testado na Tragédia dos Comuns ou no Dilema dos Prisioneiros, você é mais cooperativo, devido à nossa natureza tribal Quando seus pais eram adolescentes, durante a Segunda Guerra Mundial, eles saíam à procura de pedaços de alumínio para ajudar nos esforços de guerra. Todo mundo pegava junto. Assim essas pessoas seguiram em frente, cresceram nos negócios e governos, assumiram posições de liderança. Elas são muito boas em compromisso e cooperação. Todas elas se aposentaram na década de 90.
Fomos deixados com os “baby boomers” no fim da década de 90. Eles passaram a juventude lutando entre si por sua rebeldia cultural, ou com outros países na Guerra do Vietnam, em 1968, e depois.
A perda da geração da Segunda Guerra, a “Geração Grandiosa”, é enorme. Essa é uma delas.
Outra, nos Estados Unidos, é a purificação dos dois partidos. Usualmente, havia republicanos liberais e democratas conservadores. Então, os Estados Unidos em meados do século 20, era realmente bipartidário. Mas devido a uma série de fatores as coisas se modificaram. Na década de 90, os norte-americanos passaram a ter um partido liberal e um partido conservador puros.
Então, agora, as pessoas em cada partido são de fato diferentes. Não queremos nossos filhos casados com elas, pessoas de outra cultura ou costumes, o que, na década de 60, não importava muito. Então, isso é denominado “a purificação dos partidos”.
A terceira inovação disruptiva (ou “destruição criadora”) é a internet. Ela é a causa e efeito: pouco estimula o raciocínio e muito a demonização.
CA: O tom do que está acontecendo na internet é muito inquietante. Eu fiz uma pesquisa rápida no Twitter sobre a eleição e vi dois tuítes próximos um do outro. Um, sobre uma imagem de um grafite racista: “Isso é nojento! A feiura nesse país foi trazida por #Trump”. E o outro é: “Página da Hillary Desonesta. Repulsiva!” Essa ideia de “repulsa”, para mim, é perturbadora. Se você tem um argumento ou uma discordância sobre alguma coisa, você pode ficar raivoso com alguém. A repulsa, ouvi você dizer, leva as coisas a um nível bem mais baixo.
JH: Isso mesmo. Repulsa é diferente. Raiva… veja, eu tenho filhos. Eles brigam dez vezes por dia, e se amam trinta vezes por dia. Você só fica no vai e vem: fica brabo, deixa de ficar, fica brabo, deixa de ficar. Mas repulsa é diferente. Repulsa dá a ideia de pessoa sub-humana, monstruosa, deformada, moralmente deformada. Repulsa é como tinta permanente.
Há uma pesquisa de John Gottman sobre terapia de casal. Se você olhar os rostos e um deles expressar repulsa ou desprezo, é um indício de que em breve eles irão se separar, mas se eles demonstram raiva, isso não indica nada, porque se você souber lidar com a raiva, ela é até uma coisa boa.
Então, a eleição de 2016 foi diferente. O próprio Donald Trump usava muito a palavra “repulsivo”. Ele é muito sensível a germes, então a repulsa importa muito a ele para ele é algo bem pessoal, mas se demonizamos uns aos outros, e de novo, através de uma visão maniqueísta na qual o mundo é uma batalha entre o bem e o mal.
Isso tem aumentado, em vez de apenas dizer “eles estão errados” ou “não gostamos deles,” dizemos “eles são malignos, satânicos, são repulsivos, revoltantes”. Não queremos ter nada com eles!
Temos visto muito disso nas universidades. Temos visto a necessidade de manter as pessoas fora dos campus, silenciá-las, mantê-las distantes. Receio toda essa geração de jovens, se a introdução deles na política envolve tanta repulsa, eles não vão querer envolver-se com política quando ficarem mais velhos.
CA: E como lidamos com isso? Repulsa. Como se combate a repulsa?
JH: Você não consegue fazer isso com bom senso. Eu estudei a repulsa por muitos anos e penso muito sobre emoções. O oposto da repulsa é, na verdade, o amor. Amor é o contrário. Repulsa é criar barreiras, fronteiras. Amor é derrubar muros. Então, as relações pessoais são, provavelmente, os meios mais poderosos disponíveis.
Você pode sentir repulsa por um grupo de pessoas, mas então conhece uma pessoa em particular e descobre “os outros” (familiares e amigos dela) serem adoráveis. Isso gradualmente vai mudando sua percepção política de generalização por estereotipo.
Os americanos costumavam ser bem mais misturados, em suas cidades, entre direita e esquerda, sem separação política locacional. Agora isso se tornou uma grande divisão moral, existem muitas evidências der estarmos nos aproximando só de pessoas politicamente como nós. É difícil encontrar alguém do outro lado. Eles estão lá, bem distantes. É difícil conhecê-los.
CA: O que você diria para os americanos, para as pessoas em geral, sobre o que devemos entender sobre os outros de modo a nos fazer repensar, por um minuto, essa “repulsa” instintiva.
JH: Uma coisa muito importante de ter em mente é o resultado das pesquisas feitas pelo cientista político Alan Abramowitz mostrando cada vez mais a democracia americana ser governada pela chamada “negação partidária”. Isso significa você pensar: tudo bem, há um candidato, você gosta dele e vota nele. Mas com o aumento da propaganda negativa das mídias sociais e diversas outras tendências, cada vez mais as eleições acontecem de forma a cada lado fazer o outro parecer tão horrível, tão medonho, a ponto de, por falta de opção, você votar no candidato dos odientos. Quanto mais votamos contra o outro lado e não pelo nosso lado, temos de ter em mente sermos manipulados.
As pessoas de esquerda vão pensar: “Bem, eu sempre achei que os republicanos eram ruins, agora o Donald Trump comprova isso. Agora posso atribuir a todos os republicanos essas coisas que penso sobre o Trump”. Isso não é necessariamente verdade. Normalmente, os eleitores não estão satisfeitos com seus candidatos. Essa é a eleição de maior negação partidária da história dos Estados Unidos.
Então, primeiro você precisa separar seus sentimentos sobre o candidato dos seus sentimentos sobre as pessoas sem escolha. Você tem de perceber, como todos nós vivemos em um mundo moral à parte (a metáfora usada no meu livro é estarmos presos em “Matrix”, ou cada comunidade moral é uma Matrix, uma alucinação coletiva), se você está do lado dos azuis, tudo apresentado por eles comprova do outro lado todos serem trogloditas, racistas, são as piores pessoas do mundo, e você tem todos os fatos para comprovar isso.
Alguém na casa ao lado vive em um mundo moral diferente do seu. Eles vivem um videogame diferente, e veem um conjunto de fatos completamente diferente. E cada um vê ameaças diferentes ao seu país.
O que eu descobri por estar no meio e tentar entender os dois lados é: os dois lados estão certos, quando culpam os outros! Existem várias ameaças a este país, mas cada lado é incapaz de ver todas elas, mas apenas a ameaça referente aos outros.
CA: Todos nós precisamos de um novo tipo de empatia? A empatia tradicionalmente é enquadrada como: “Oh, eu sinto a sua dor e consigo me colocar nos seus sapatos”. E aplicamos isso aos pobres, aos necessitados, aos sofredores. Normalmente não aplicamos isso a pessoas que sentimos como opostas ou por quem sentimos repulsa. Como seria se conseguíssemos construir esse tipo de empatia?
JH: Empatia é um tópico muito em alta na Psicologia. É um termo muito popular, especialmente, na esquerda. Empatia para as classes preferidas de vítimas é uma coisa boa. Então é importante sentir empatia pelos grupos que nós, da esquerda, achamos importantes. Isso é fácil fazer, porque você ganha pontos por isso. Você deveria receber pontos ao ter empatia em situações difíceis de tê-la.
Tivemos um longo período de 50 anos lidando com nossos problemas de raça e discriminação legal. Essa foi uma das nossas prioridades por muito tempo e ainda é importante. Com a divisão política as pessoas necessitam ver uma ameaça existencial em nossas mãos. A divisão em esquerda e direita é a divisão mais importante qaue enfrentarmos. Ainda temos questões sobre raça, gênero e LGBTs, mas essa é a necessidade urgente dos próximos 50 anos.
As coisas não vão melhorar sozinhas. Precisaremos fazer muitas reformas institucionais e podemos falar sobre isso, mas essa é uma conversa longa e tortuosa. Ela começa com as pessoas percebendo esse ser um ponto de virada.
Precisamos de um novo tipo de empatia. Temos de nos dar conta: disso o nosso país precisa – e disso você precisa, se não quiser passar os próximos quatro anos tão raivoso e preocupado como esteve no último ano eleitoral.
Então, se você quer fugir disso, leia Buda, Jesus, Marcus Aurelius. Eles têm todo tipo de conselhos sobre como acabar com o medo, repensar tudo, parar de ver os outros como inimigos. Há muita orientação para esse tipo de empatia nas sabedorias antigas.
CA: Minha última pergunta: Pessoalmente, o que as pessoas podem fazer para ajudar nessa cura política e psicológica?
JH: Sim, é muito difícil decidir abrir mão de seus preconceitos mais profundos. As pesquisas mostram hoje os preconceitos políticos serem mais fortes e profundos se comparados aos de raça em nosso país.
É preciso fazer um esforço, isso é o principal. Esforçar-se para realmente encontrar alguém. Todo mundo tem um primo, um cunhado, alguém que é do outro lado. Então, depois dessa eleição, espere uma semana ou duas, porque provavelmente vai ser horrível para um de vocês, mas espere por umas semanas e então diga que você quer conversar.
E antes de fazê-lo, leia Dale Carnegie: “Como fazer amigos e influenciar pessoas“. (Risos) Estou falando sério. Você vai aprender técnicas, se você começar reconhecendo e dizendo: “Veja, não concordamos em muita coisa, mas uma coisa eu realmente respeito em você, tio”, ou “… em seu conservadorismo…” Você consegue achar alguma coisa. Se você começar com algum elogio, é como mágica.
Essa é uma das principais coisas aprendida por mim e levo-a para minhas relações humanas. Ainda cometo muitos erros tolos, mas sou incrivelmente bom em pedir desculpas e em reconhecer que alguém tinha razão em alguma coisa. E se você faz isso, o diálogo realmente flui bem e é divertido.
CA: Jon, é absolutamente fascinante conversar com você. Realmente parece que o terreno sobre o qual estamos pisando é habitado por profundas questões sobre a moral e a natureza humana. Sua sabedoria não poderia ser mais relevante. Muito obrigado por compartilhar esse tempo conosco.
JH: Obrigado, Chris. JH: Obrigado a todos. (Aplausos)
Há cura para a divisão política entre discursos de ódio? publicado primeiro em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com
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O país está se despedaçando, e isso é consequência da forma de pensar do brasileiro Nada vai adiantar enquanto os brasileiros não entenderem que eles não são vítimas da sociedade, mas são parte da sociedade +David Coimbra Olhei para a foto enviada por uma amiga e suspirei de desânimo. Tratava-se de uma fileira de bicicletas de aluguel, dessas que são postas na rua para serem usadas a baixo preço. Quase todas estavam mutiladas – as rodas haviam sido roubadas durante a noite. A foto, disse-me a amiga, foi tirada dias atrás, em uma via de Porto Alegre. Fiquei genuinamente triste porque, momentos antes, vira cenas do metrô de São Paulo sendo depredado por "foliões", de um supermercado do Rio sendo saqueado por um grupo de homens sem camisa que queriam cerveja, de arrastões nas praias cariocas, de turistas chorando porque foram espancados em Ipanema. Nenhuma dessas ações foi patrocinada pelo crime organizado, razão da intervenção do Exército no Rio de Janeiro. Nada disso está na pauta de Temer, dos partidos, do Ministério da Justiça ou do futuro Ministério da Segurança Pública. Mas isso é o Brasil. O Brasil está se despedaçando, e não por acaso. Esse esfacelamento é consequência. Não consequência da pobreza, como alguns devem ter concluído. Há países muito mais pobres do que o Brasil, e muito mais pacíficos. Isso é consequência da forma de pensar do brasileiro. Do que ele pensa do Estado, das outras pessoas com quem convive, da cidade em que vive e, sobretudo, do que ele pensa de si mesmo. Isso é filosofia. E, quando falo em filosofia, não estou me referindo a um sistema de pensamento organizado, como quando Kant teorizava a respeito do que existe além da razão. Essa filosofia se forma na cabeça das pessoas com pequenos fragmentos de conceitos que outros expressam e, principalmente, com mensagens que elas recebem da sua realidade. O que a vida no Brasil diz para os brasileiros? O que significa viver no Brasil? Quem observa o que está acontecendo conclui que o brasileiro é um povo de ladrões. Essa, inclusive, é a nossa fama no resto do mundo. No Uruguai, corre uma anedota que diz que o pior sul-americano seria aquele dotado da humildade dos argentinos, da alegria dos uruguaios e da honestidade dos brasileiros. É engraçado, mas não é verdadeiro. Aqui mesmo, em Massachusetts, moram milhares de brasileiros. Trabalham duro, esforçam-se, formam famílias. São honestos. Nos Estados Unidos, os brasileiros cumprem regras, são educados, gentis e não diferem do comportamento de todos os outros que estão levando suas vidas por aqui. O brasileiro que, em Porto Alegre, rouba uma roda de bicicleta pública muda-se para os Estados Unidos e não ousa pisar no jardim de uma casa sem cerca. Por que essa diferença? Por que o homem que no Brasil é vândalo e cínico se transforma em cidadão ordeiro nos Estados Unidos ou na Europa? Não foi ele que mudou. Foi o país. É o recado que lhe passa o lugar em que ele está. No Exterior, o brasileiro imediatamente sabe que é responsável pelos seus atos. Ele sabe que não será tratado como coitadinho, e sim como um adulto consciente do que deve ou não fazer. O governo pode botar o Exército inteiro nas ruas, como está acontecendo no Rio de Janeiro. Pode coalhar os bairros das capitais de polícia. Pode encher os presídios. Nada vai adiantar, enquanto os brasileiros não entenderem que eles não são vítimas da sociedade. Eles são parte da sociedade. --- Fonte: https://goo.gl/8vqoEe { via Fred Rego }
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diamanteunickforex · 5 years
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Mentor da indústria de fundos, Jakurski vê mercado virar cassino
(Bloomberg) — André Roberto Jakurski, 71, um dos pais da gestão ativa de fundos no Brasil, vê sua influência crescer em meio a uma explosão da indústria no país.
Em uma carreira de mais de 45 anos, ele negociou ações para George Soros, foi mentor do banqueiro bilionário Andre Esteves e fez parceria com o então futuro ministro da economia Paulo Guedes para fundar o hoje chamado Banco BTG Pactual. Em 1998, Jakurski e Guedes iniciaram a JGP Asset Management, uma das primeiras gestoras independentes do Brasil, no momento em que colegas diziam: para que se preocupar?
“Na época em que eu comecei a operar a bolsa aqui, eu tinha um olho e o resto todo mundo era cego”, disse Jakurski, que ficou famoso na década de 90 com um trade arriscado com ações de empresas de telecomunicações que multiplicou dezesseis vezes o capital proprietário do Pactual em um ano. “Naquela época, era quase impossível se movimentar no mercado. Tinha épocas nas quais eu levava três meses comprando, depois mais três meses vendendo. Passava a maioria dos dias no telefone – gritando.”
Vários dos principais gestores de ações no país citam a “escola Jakurski” como fundamental para ajudá-los a atrair dinheiro novo enquanto seus pares no exterior perdem cada vez mais para fundos passivos ou estratégias quantitativas.
Em uma rara entrevista, Jakurski se senta em uma sala de reunião na sede da JGP no bairro de Humaitá, no Rio de Janeiro, sob os auspícios da estátua do Cristo Redentor. De fala mansa e comedido, ele está com um resfriado forte, contra o qual está tomando antibióticos, e reclama para um fotógrafo que começa a tirar fotos enquanto ele está falando. O fotógrafo, no entanto, é convidado a sentar-se e a tomar parte da conversa, que vai do pessoal ao profissional e – às vezes – ao filosófico.
Os juros altos no Brasil significavam que investidores não precisavam fazer quase nada para obter um retorno considerável, enquanto pioneiros da indústria de fundos, como Jakurski, tinham que fazer muito para superá-los negociando ações. A taxa básica de juros, que na média ficou em 14% nas últimas duas décadas e, a certa altura, atingiu 45%, agora está em um nível recorde de baixa, a 4,25%.
Não é coincidência, então, que a cada redução nos juros básicos, mais gestoras de fundos nasçam e mais dinheiro flua em direção a elas. Os fundos brasileiros somavam R$ 5,4 trilhões no final do ano passado, um aumento de quase cinco vezes em relação a uma década, de acordo com a Associação do Mercado de Capitais Anbima. Somente R$ 28 bilhões eram de gestão passiva, os chamados ETFs.
“O Brasil sempre foi uma nação na qual você tinha títulos do governo de risco zero, liquidez imediata e retornos garantidos – então ninguém queria mexer com isso”, diz Jakurski. “O que estamos vendo agora é uma revolução na forma como o dinheiro é alocado.”
Entre conhecidas gestoras que se beneficiam com o novo ambiente estão a Constellation Investimentos, a Verde Asset Management e a BlueLine Asset Management – e cada uma tem um aprendiz de Jakurski. E enquanto o mestre é frequentemente ofuscado pelos seus alunos famosos ou ex-sócios, o fundo JGP Equity Master FIA retornou 34,65% no ano passado, 3,5 pontos percentuais a mais do que o índice de referência do Ibovespa. Com R$ 20 bilhões em ativos sob gestão, a JGP ainda é uma das maiores gestoras independentes de fundos de investimentos no Brasil.
Mas, então, exatamente, o que é a “escola Jakurski”?
Luciano Brandão, chefe de renda variável na BlueLine, define assim: consistência, alavancagem e preservação de capital. Na BlueLine, empresa de fundos de investimento com R$ 220 milhões fundada por ex-executivos do JPMorgan Chase & Co., cerca de 30% da carteira de ações é gerida com isso em mente – em oposição à usual “estratégia de double alpha”, que visa ganhos por meio de posições vendidas e compradas, diz Brandão. O fundo Blue Alpha Master FIM da BlueLine teve retorno de 10,32% desde a sua criação, em 31 de maio, até 12 de fevereiro, em comparação com os 3,82% do seu benchmark.
Pedro Sales, sócio e gestor de estratégia de ações da Verde, fala mais sobre o método: “Jakurski tem uma visão macro, que vale para o médio a longo prazo, mas, no dia-a-dia, ele usa muito o feeling do mercado”, afirma Sales, cujo fundo Verde Am Long Bias Master FIA registrou um ganho de 37,66% em 2019. “Não é incomum para ele fazer apostas de curto prazo contrárias à visão de longo prazo.”
Leia também: • Mercado começa a trabalhar com novo corte da Selic em meio a preocupações com coronavírus • Márcio Appel: gestor espera novos cortes de juros no Brasil e tem ouro e dólar na carteira
Ao longo da entrevista, enquanto fala, Jakurski compartilha algumas dessas visões e sua própria história, e explica por que escolheu Harvard em vez de Stanford (“Não tínhamos muito dinheiro na época, e descobrimos que a passagem de avião para Harvard era mais barata”), como é sua carreira (“Vinte anos em uma mesa de negociação e era sempre um barulho infernal – agora é um silêncio sepulcral”) e por que ele nunca se mudou para São Paulo, o centro financeiro da América Latina (“Eu quero ficar no Rio, fazendo o meu trabalho, me divertindo”).
Jakurski tem um carinho especial pelo Rio de Janeiro, a cidade onde nasceu e para onde seus pais imigraram após a Segunda Guerra Mundial. Eles casaram antes da guerra e foram do movimento de resistência polonês, tendo sido presos em campos nazistas na Polônia, diz ele.
Jakurski se formou em engenharia mecânica na Pontifícia Universidade Católica do Rio e cursou MBA na Harvard Business School. Foi seu pai quem lhe convenceu a obter um diploma em administração, pois ele precisava de Jakurski para gerenciar sua empresa de iluminação pública, que instalava luzes para ruas e estádios de futebol. Quando o jovem Jakurski voltou ao Brasil depois de terminar Harvard, ele estava “apaixonado” por finanças e decidiu não trabalhar na empresa de seu pai. Foi logo recrutado para uma carreira como executivo de banco.
Jakurski começou no Unibanco, que se fundiu com o Banco Itaú em 2008 e agora é o maior banco da América Latina em valor de mercado. Depois de passagens nas áreas de leasing, banco de investimento e comercial, ele recebeu a oferta de uma grande promoção: tornar-se o chefe de tesouraria e trading proprietário do banco. Mas com uma ressalva: ele teria de se mudar para São Paulo. “Eu disse que não, e isso foi o fim da minha carreira no Unibanco”, lembra.
Em 1983, o banqueiro Luiz Cezar Fernandes convenceu Jakurski e Guedes a ajudarem na fundação do Banco Pactual, que se tornou a potência BTG Pactual. Guedes e Jakurski tinham a mesma química de outras duplas famosas de negócios – Jobs e Wozniak ou Gates e Allen -, com Guedes como o visionário temperamental e Jakurski, o trader pragmático.
Em 1991, após um colapso de 70% do mercado de ações com o Plano Collor, Jakurski fez seu negócio mais lendário: ele alavancou fortemente e investiu todo o capital proprietário do Pactual em duas ações de empresas de telecomunicações – a Telesp e a Telebras. As duas subiram de preço, com uma delas, a Telebras, passando de US$ 2 a US$ 32 em um ano, diz ele, entregando ao Pactual e seus clientes um retorno de dezesseis vezes sobre o capital investido.
Tais apostas extremas, nas quais a carteira toda é concentrada em um ou dois ativos, devem ser feitas apenas em “momentos nos quais todas as variáveis ​​estão a seu favor”, diz ele. “Oportunidades como essa são muito raras. Quando elas aparecem, você não pode hesitar — tem de ir para matar.”
Numa época em que os bancos centrais estão injetando liquidez e um tweet do presidente dos EUA, Donald Trump, pode enviar mercados a uma queda livre, essas oportunidades únicas estão ficando cada vez mais difíceis de achar, diz Jakurski.
Graças à aposta nas ações da Telesp e Telebras, o Pactual se tornou um importante participante nos mercados brasileiros. O banco pôde assumir grandes posições proprietárias em transações de arbitragem que exploravam a diferença entre taxas de juros internacionais e domésticas por meio de empréstimos em dólares para investir em reais, com ganhos de até 60% ao ano.
A reputação de Jakurski e Guedes crescia na época na qual cerca de 90% dos lucros do Pactual vinham do trading. A dupla decidiu aproveitar sua fama e deixou o banco para criar sua própria gestora. Foi na JGP que o relacionamento entre eles se deteriorou, levando à saída de Guedes, que não quis fazer comentários para essa matéria. Jakurski não quis falar sobre a saída de Guedes da JGP.
Uma geração de gestores e banqueiros famosos teve o início de sua carreira no Pactual sob Jakurski, incluindo Esteves, que começou como técnico em informática em 1989, e Florian Bartunek, ex-estagiário que agora é sócio e diretor de investimentos da Constellation.
Esteves, o maior acionista do BTG, falou sobre a influência de Jakurski em painel durante evento para investidores do banco em julho: “Jakurski foi meu sócio durante muitos anos, meu chefe, e o pai do DNA de gestão de risco do banco, o que deve te dar orgulho até hoje, não é?”
Bartunek diz que também usa parte da metodologia de gestão de risco que Jakurski lhe ensinou. “Com Jakurski, nunca foi apenas uma questão de ensinar o ofício, mas também moldar personalidades”, diz ele. “Ele sempre foi muito duro, mas justo. Não podia ter erro. Ele sempre encontraria o erro, por menor que fosse.” Com um ceticismo que domina grande parte do mundo da gestão ativa de fundos em meio ao aumento do investimento passivo, Bartunek acrescenta: “Ele é uma raça em extinção”.
Mesmo enquanto a indústria cresce no Brasil, os gestores de fundos no país estão bem conscientes sobre o que está acontecendo no exterior. Os EUA tiveram em 2019 mais fechamentos de fundos de hedge do que lançamentos pelo quinto ano, um baque para um mercado de US$ 3 trilhões que já fez nascer muitos milionários. Os investidores tiraram quase US$ 98 bilhões no ano passado, mais do que o dobro do valor em 2018, pois taxas de administração elevadas e retornos medíocres levaram à busca por rendimento em outro lugar, de acordo com os dados do eVestment.
A corrida para os ETFs é apenas uma das mudanças sísmicas que abalam o mundo dos investimentos desde que Jakurski começou. A “obsessão” por investimentos passivos, ele adverte, traz riscos sistêmicos. “Os ETFs oferecem liquidez imediata, mas os ativos que replicam os índices não têm necessariamente esse tipo de liquidez”, diz ele.
Ele fala sobre outras mudanças, que diz terem transformado o mercado em um “cassino”. O relaxamento quantitativo é outro tema que merece críticas de Jakurski. “Só as pessoas mais ricas que têm ativos financeiros se beneficiam”, diz ele. “As pessoas pobres estão bravas, dizendo: ‘Este sistema aí não me interessa.’”
O próprio Jakurski parou de negociar ações fora do Brasil e, em vez disso, planeja retornar às suas raízes de crédito. Ele deseja continuar a desenvolver negócios na JGP para coletar informações sobre preços e volume de negócios da dívida corporativa brasileira no mercado secundário. A empresa já usa hoje esses dados para criar um índice.
Sete minutos depois do início da entrevista de duas horas, o telefone de Jakurski toca. “Espere, espere”, diz ele. No outro extremo da linha, o filho mais novo de Jakurski está ligando de Harvard. Paulo Roberto, nome em homenagem a Guedes, planeja seguir os passos de seu pai de outras maneiras também: ele deve assumir a gestão dos investimentos da família.
Jakurski escuta por um momento. “Eu disse para você não ficar vendido no S&P na véspera de uma reunião do Fed. Você viu a mensagem, mas não tomou atitude, né?” – diz ele, sem mudar seu tom de voz. Outra pausa. “Bem, então zera esse troço.”
O lendário gestor de fundos, ao que parece, ainda tem seus aprendizes – mesmo que nem todos sigam sistematicamente a “escola Jakurski.”
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