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blogdojuanesteves · 5 years ago

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59 Retratos da juventude negra brasileira > EDU SIMÕES

O paulistano Edu Simões conta que a primeira vez que soube da extensão do massacre da juventude negra no Brasil foi nas redes sociais em 2014. Através de jovens paulistas ligados aos movimentos de hip hop que protestavam contra a violenta incidência de jovens negros assassinados no país. Em 2015 ele encontrou Matheus Andrade, como ele mesmo diz "suando e feliz" em uma improvisada academia de box embaixo de um viaduto paulistano. O rapaz foi retratado, iniciando três anos de trabalho e que agora materializa-se no livro 59 Retratos da juventude negra brasileira (Ed.Bazar do Tempo, 2020). O número diz respeito ao assustador número diário de vítimas no país.

Simões reúne experiências de mais de 30 anos no fotojornalismo Hard News e no documentarismo de longa duração, foi um dos pioneiros da consagrada Agência F4, criada em 1979, editor de várias revistas e autor de livros significativos no Brasil e no exterior, além de transitar pelo mercado de arte. Parte destas imagens foram mostradas na SP Foto de 2018, quando começou a captar para a publicação: uma série de belos e contundentes retratos feitos nas periferias de algumas cidades nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Pará e São Paulo.

Os protestos que o autor lembra tiveram origem no estudo O Mapa da Violência: Os jovens do Brasil, 2014, feito pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador dos estudos da violência da Faculdade Latino-americana de ciências sociais (Flacso Brasil), revelando que "os homicídios são hoje a principal causa de morte dos jovens de 15 a 29 anos no Brasil e atingem principalmente os jovens negros do sexo masculino, moradores de periferia e áreas metropolitanas dos centros urbanos." Dados do Ministério da Saúde mostravam que mais da metade dos 56.337 mortos por homicídios , em 2012, no Brasil eram jovens ( 30.072, equivalente a 53,37%) dos quais 77,0% negros ( pretos e pardos) e 93,30% do sexo masculino", continua o relatório. Daí a conta, diz o fotógrafo, de 59 jovens negros assassinados diariamente.

O livro, impresso pela Ipsis em brochura com papel Munken Linx Rough, traz textos de Edu Simões, de Cristianne Rodigues, curadora de fotografia independente, radicada em Paris, França, e Juliana Borges, pesquisadora de Antropologia na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP) e autora do livro O que é encarceramento em massa ( Letramento, 2018), edição bilíngue português-inglês e traz um design do escritório Bloco Gráfico.

O tratamento de imagens foi do próprio autor que deu vida aos retratos em cor cujas principais características são o olhar direto dos fotografados e uma ambientação que ora pode ser uma linha de trem, um caminho de uma palafita, uma sala de estar, um quarto ou um campo abandonado. A grande maioria de pé com as mãos junto ao corpo, em uma posição que lembra a de Sentido, um comando militar, dado pelo comandante de um grupamento e poucas outras diferentes poses, mas principalmente olhares que conjeturam a sociedade em que estão.

Para Juliana Borges, a violência é um fenômeno que preocupa as pessoas: "seja pelo medo de que se aproxime, seja por sua vivência cotidiana tão próxima." A situação acarreta uma espécie de alienação e faz com que elas distanciem-se dessa realidade, apoiando saídas populistas pouco afetivas. Para a pesquisadora, essa distância desses grupos sociais traz segurança. Já a vivência diária produz todo tipo de solução "desde que a distância dessa ameaça seja mantida."

Segundo ainda a pesquisadora, a violência não está distribuída no país de maneira equilibrada. "Os cinco estados com maiores índices estão na região Nordeste, como Alagoas e Ceará; e há controvérsias sobre a queda de homicídios em estados da região sudeste, como São Paulo, conforme aponta o dossiê Chacinas e politização das mortes no Brasil publicado pela Fundação Perseu Abramo em 2019.

A relação é diametralmente oposta ao processo empreendido por Edu Simões, que se aproxima de seus retratados. A escolha do uso da cor, em contrapartida ao preto e branco que é mais dramático, a validar uma possível realidade mais informal, facilita a empatia, a relação explícita de comprometimento entre retratado e autor em uma relação dialógica. Podemos pensar nos retratos feitos pelo americano Joel Meyerowitz ou pela holandesa Rineke Dijkstra cujos olhares distante da câmera encaram seus personagens. Teleologicamente pensando, esta relação torna-se essencial.

Este trato verifica-se na profundidade que Edu Simões sempre impôs ao trabalho. Ele conta que Paulo Henrique, fotografado na Av. Brasil, no Rio de Janeiro, em 2018 e recém-formado em Economia "experimentava pela primeira vez pertencer a um universo cultural que, por duas centenas de anos, teima em ser exclusividade das elites brancas do país." Dois anos depois, Paulo comemora com muito samba a conclusão da pós-graduação na Universidade Federal Fluminense ( UFF)."

Sucessivamente o autor discorre sobre os fotografados a nos lembrar desta experiência que deu relevância a estes jovens. Ele me conta que, apesar disso, dois retratados que moravam na favela da Maré, no Rio de Janeiro, tristemente acabaram por fazer parte desta estatística lamentável, fruto da ausência de políticas públicas eficazes na Segurança e Saúde e de um negacionismo ao racismo estrutural que até mesmo o próprio presidente da república teima em esconder e que se espalha por toda s sociedade brasileira sem exceção.

Há uma afetividade tanto na imagem quanto nas lembranças do fotógrafo: Bruno Coelho, de São Paulo "foi calçando um par de de sapatos de saltos muito altos e finos que o dançarino se apresentou para figurar em seu retrato." Entre outros o lutador vitorioso de jiu-jitsu Lobato, em Belém do Pará. Choco, que se dividia entre o bodyboard e os clientes da barraca de praia próxima da favela da Rocinha. Uma relação que desagua em uma necessária crítica implícita a sociedade que ignora essa parte significativa de seus componentes, os tornando praticamente invisíveis.

"Por mais de três anos percorri estreitas passagens que serpenteiam por entre as centenas de milhares de barracos e das favelas brasileiras. Visitei casas sem janelas ou com janelas voltadas para o “valão” ou para o lixão. Lugares onde muitas vezes o tráfico de drogas exibe diuturnamente seu armamento pesado e a polícia tem regras próprias nunca vistas nos bairros de classe média, iguais ao que moro em São Paulo." conta Edu Simões. Para avaliar essa sensação do fotógrafo é preciso lembrar que o mesmo é um veterano, que desde de o final dos anos 1970 estava produzindo imagens com cenários não muito diferentes, como aquelas publicadas no livro A questão do Menor (Agência F4, 1980) um coletivo dos fotógrafos da agência, entre eles a paulistana Nair Benedicto e o português Juca Martins.

A curadora Cristianne Rodrigues nos lembra que a violência contra os negros está no imaginário artístico brasileiro há exatos 200 anos, como as aquarelas do londrino Augustus Earle (1793-1838) mostrando o cotidiano dos escravos no Rio de Janeiro. Entretanto, quando se trata de fotografia essas representações atravessam toda a história do meio no Brasil, iniciando com os retratos no formato dos cartões de visita, as chamadas Cartes de Visite, que tornariam-se um sucesso na afrancezada elite da capital do império.

"Fotografias realizadas nesse período serão também utilizadas como base iconográfica de teorias racistas que se popularizaram na Europa ao longo do século XIX. " conta Rodrigues. Ela cita o caso das imagens antropométricas do italiano Auguste Stahl (1828-1877) feitas no Rio de Janeiro por encomenda do naturalista suíço Louis Agassiz (1807-1873) para servir como fundamentos para sua tese sobre os perigos da mestiçagem e a degeneração das raças. Zoólogo e Geólogo o mesmo foi um dos principais promotores e defensores do racismo científico e do criacionismo no século em que viveu.

O fotógrafo rejeita o ato fotográfico miserabilista, que aprofunda o abismo social, confinando os indivíduos em uma visão de sociedade estática e estereotipada, diz a curadora. "Edu Simões parte de uma fotografia crítica rumo a uma fotografia empoderadora, aquela que possibilitará as crianças negras do Brasil se reconhecerem em imagens positivas, nascidas da delicadeza. Seus retratos da juventude negra, antes de constituirem um passo no sentido da contrução do afeto pela imagem, nascem da indignação."

Melhor ainda, no pensamento do autor, talvez, além da invisibilidade que a sociedade submete aos negros, uma outra arma mais poderosa e eficaz para a continuidade do genocídio jovem negro: " a associação constante de imagens, promovida pela imprensa, ligando os jovens negros ao crime e a morte. Este procedimento tem como consequência a naturalização de assassinatos em massa e termina por justificar os recorrentes atos de violência cometidos contra a juventudade negra." diz Edu Simões.

Para não ser seduzido por um ideal, que Edu Simões chama de "fotógrafo-herói", que arrisca a própria segurança para revelar ao mundo o universo da violência e em geral "a violência dos "menos-brancos", "menos-ricos", "menos-cultos" ou "menos civilizados" que nós." um jogo semântico perverso que reforça o genocídio a que assistimos no Brasil, ele optou por fugir dessa "armadilha", singularizando, como ele mesmo diz, cada um dos retratados, "destacando-os como pessoas providas de identidade, potência e vida. Não são números, mas pessoas."

A edição de mil exemplares traz 59 capas diferentes. Cada uma celebrando um integrante, em suas diferentes cores, roupas, moradias, poses e também seus sonhos que podemos vislumbrar através de seus olhares. São apenas 17 livros com o mesmo retratado na capa. Uma listagem na contra-capa com todos os nomes e realçado em negrito o jovem homenageado, para que ele seja visível e que sua importância seja reconhecida, assim como a de todos. Como diz Edu Simões, "Que suas vidas sejam preservadas e legitimadas."

Imagens © Edu Simões Texto © Juan Esteves

* O lançamento do livro será online, hoje sexta feira, dia 27/11 às 19 hs. Para participar tem que se inscrever no link https://bazardotempo.com/59 Participam com Edu Simões, Juliana Borges, Luiz Eduardo Soares, Cristianne Rodrigues, Bruno Capão e Succo Emici.

* nestes tempos bicudos de pandemia e irresponsabilidade política com a cultura vamos apoiar artistas, pesquisadores, editoras, gráficas e toda nossa cultura. A contribuição deles é essencial para além da nossa existência e conforto doméstico nesta quarentena *

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brasilsa · 4 years ago

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Com quebras de sigilos, CPI da Covid 'fecha o cerco' contra Bolsonaro

Com quebras de sigilos, CPI da Covid ‘fecha o cerco’ contra Bolsonaro

Cientista político Paulo Niccoli Ramirez (Fesp-SP) aposta nas quebras de sigilos contra aliados de Bolsonaro para avançar as investigações da CPI da Covid Fonte: Com quebras de sigilos, CPI da Covid ‘fecha o cerco’ contra Bolsonaro

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zonasulsaopaulo · 6 years ago

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Hospital Santa Rita SP

O Hospital Santa Rita tem, ao longo de sua história, o compromisso de oferecer atendimento humanizado, completo.

Investindo em uma equipe interdisciplinar extremamente especializada e competente e uma estrutura física baseada nas mais modernas tecnologias.

A atuação do Santa Rita se dá por meio de tecnologia de ponta empregada em sua estrutura física e equipamentos hospitalares modernos, além de investimento em uma equipe profissional especializada e capacitada no atendimento clínico, cirúrgico, emergencial e pós-operatório.

Além disso, o hospital conta com Pronto Socorro 24 horas, ambulância UTI, suporte para remoções emergenciais e bloco para cirurgias nas mais diversas especialidades.

O atendimento do Hospital Santa Rita é realizado de maneira particular ou por meio de convênios médicos.

O Hospital Santa Rita foi homenageado na Câmara Municipal de São Paulo, no dia 27 de agosto de 2018, em sessão solene dedicada aos 80 anos do SINHOSP (Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas do Estado de São Paulo).

Representado pelo diretor presidente, Carlos Eduardo Lichtenberguer, o Santa Rita recebeu uma placa em reconhecimento aos serviços prestados com excelência na área de saúde.

Tem orgulho em ser reconhecidos como referência em intervenções cirúrgicas de alta e média complexidades, como, por exemplo, a cirurgia bariátrica, cirurgias por vídeo e diversas outras.

A avançada Unidade de Terapia Intensiva (UTI) também é capaz de atender os pacientes no pós-operatório com os mais altos padrões de exigência, qualidade e segurança.

Sempre em busca da excelência no atendimento, o Hospital Santa Rita, investe em tecnologias modernas e práticas que levem à melhoria do cuidado e segurança do paciente.

Por isso, é reconhecidos pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) com a renovação do Certificado de Acreditação, Nível 2 Pleno. O documento é identificado em todo o País e chancelado pela International Society for Quality in Health Care (ISQua).

O Hospital Santa Rita é certificados desde 2011 e faz parte do grupo de 51 hospitais do munícipio de São Paulo que possuem alguma certificação da ONA. Esse resultado valoriza o envolvimento integral da Diretoria Executiva e a dedicação de todos os parceiros, médicos, enfermeiros, colaboradores e prestadores de serviços.

Assim, segue com o compromisso em oferecer atendimento humanizado, com uma equipe especializada e equipamentos hospitalares com a mais alta tecnologia, resultando em segurança e conforto aos nossos pacientes.

Hospital Santa Rita SP Convênios

Os beneficiários dos melhores planos de saúde têm atendimento no Hospital Santa Rita.

Confira a relação de operadoras credenciadas:

Afresp

Allianz

Amil / Medial/ Lincx/ Dix Amico

Banco Central

Biovida Saúde

Bradesco

Caberj

Cabesp

Care Plus

Cassi

Central Nacional Unimed

Cet

Cetesb

Economus

Fundação Cesp

Gama

Golden Cross

Hospitau

Intermédica

Life Empresarial

Mapfre Saúde

Medisanitas /Universal Saúde

Mediservice

Metrus

Notre Dame

Omint

Petrobras Distribuidora

Petrobras Petroleo

Plena

Porto Seguro

Prevent Senior

Santa Amália

São Cristovão

São Paulo Transporte

Saúde Caixa

Sbc Saúde

Seisa

Serpro

Sistemas Planos De Saúde Ltda

Sompo Saúde

Spa Saúde

Sulamérica

Unihosp Saúde

Unimed Fesp

Unimed Seguros

Volkswagen

Hospital Santa Rita SP Especialidades

Conheça as especialidades médicas que o Hospital Santa Rita disponibiliza para você:

Angiologia

Cancerologia

Cardiologia

Cirurgia Cardiovascular

Cirurgia Geral

Cirurgias Laparoscópicas

Cirurgias Plásticas

Cirurgia Torácica

Gastroplastia

Neurocirurgia

Neurologia

Ortopedia e Traumatologia

Pneumologia

Hospital Santa Rita SP Exames

No Hospital Santa Rita, os pacientes podem realizar diversos exames especializados, entre eles:

Anatomia Patológica (inclusive congelação)

Biópsias Guiadas por Tomografia

Biópsias Guiadas por Ultrassonografia

Ecocardiograma

Endoscopia Diagnóstica

Holter

Análises Clínicas

Radiologia Diagnóstica

Ressonância Magnética

Tomografia

Ultrassonografia

Hospital Santa Rita SP Trabalhe Conosco

Para aqueles que almejam trabalhar em uma empresa que preza por realizar serviços da mais alta qualidade, e que zela por seus colaboradores e profissionalismo sempre, estes profissionais devem trabalhar no Hospital Santa Rita SP , acesse o site para enviar seu currículo.

Horário de Funcionamento Hospital Santa Rita SP

Atendimento 24 horas

Onde Fica, Endereço e Telefone Hospital Santa Rita SP

R. Cubatão, 1190 – Vila Mariana – São Paulo – SP

Telefone: (11) 5908-6000

Outras informações e site

Mais informações: www.hospitalsantarita.com.br

Mapa de localização

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zona-oeste-sp · 6 years ago