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#autoconstrução
calmificar · 4 months
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No eco das decepções, encontrei a sinfonia da minha própria redescoberta. Como uma fênix emergindo das cinzas da desilusão, percebi que as lágrimas derramadas eram a água que alimentava as raízes da minha renovação.
A decepção, embora amarga, foi a chama que queimou as amarras do passado, libertando-me para um voo mais alto, rumo à autenticidade. No caleidoscópio das emoções, descobri as cores vibrantes da minha verdadeira essência, antes oculta sob as sombras da conformidade.
Não sou mais a sombra da pessoa que fui, mas uma versão iluminada e fortalecida por cicatrizes que contam a história da minha resiliência. As lágrimas que um dia foram de tristeza agora são testemunhas da minha capacidade de transformar dor em poder.
Caminhando sobre os fragmentos do passado, encontrei a coragem de me reconstruir, pedra por pedra, até erguer um edifício sólido de autoconhecimento. Descobri que a vulnerabilidade não é fraqueza, mas a porta de entrada para a autenticidade, e nela encontrei a liberdade de ser verdadeiramente eu.
Hoje, sou um ser em evolução, um jardim em constante floração. A decepção não foi o fim, mas o prólogo de uma narrativa mais autêntica e empoderada. A cada passo, a cada escolha, reafirmo a minha nova essência, moldada pelo fogo da adversidade.
Não sou mais refém das expectativas alheias, mas uma arquiteta da minha própria felicidade. Descobri que o amor-próprio é a bússola que guia meu caminho, e na aceitação de quem sou, encontrei a paz que outrora buscava em vãs promessas.
Assim, ergo-me como uma testemunha da minha própria metamorfose, honrando a jornada que me trouxe até aqui. Na decepção, encontrei a dádiva da autoconstrução, e na descoberta de quem sou hoje, celebro a beleza da reinvenção contínua.
Calmificar
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Notas sobre o comunitarismo
Por comunitarismo entende-se uma corrente da teoria política anglo-saxã que se desenvolveu a partir dos anos 1980 como contraponto ao chamado liberalismo procedimental ou liberalismo igualitário de autores como Rawls, Dworkin ou Amartya Sen.
Seus principais exponentes são:
Michael Sandel, autor de Liberalismo e os limites da Justiça, 1982; Chales Taylor, autor de Hegel, 1975; As Fontes do Self, 1983, e Argumentos Filosóficos, 1995; Asladair Macintyre, autor de Depois da Virtude, 1980; e Michael Walzer, autor de Esferas da Justiça, de 1983.
 Do atomismo ao holismo como ontologia do social
Embora não possua uma unidade doutrinária ou institucional, e acolha uma diversidade de abordagens e referenciais teóricos, o comunitarismo pode ser identificado, a menos para fins didáticos, como uma teoria moral e política que enfatiza os elementos comunitários e dialógicos na construção da identidade dos sujeitos morais. Com efeito, o comunitarismo coloca em xeque os postulados e fundamentos individualistas e utilitários que caracterizam as correntes filosóficas modernas, sejam elas de matriz utilitária ou neokantiana, e enfatizam os vínculos comunitários e históricos que configuram as relações sociais.
Assim, o debate liberal-comunitarista se dá em grande medida, como notou Charles Taylor (1995), em torno de definições ontológicas sobre a condição humana. O liberalismo ou o utilitarismo tendem para as fundações atomistas, em que o coletivo é consequência das ações dos indivíduos, ao passo que os comunitaristas tenderiam a uma visão de tipo holista, em que o todo precede as partes. 
Assim, Michael Sandel critica a figura do indivíduo desencarnado, ou o self liberto que protagoniza as teorias do liberalismo procedimental. Asladair MacIntyre, por sua vez, lança mão de uma definição do indivíduo como unidade narrativa. Já Charles Taylor condena os fundamentos monológicos da teoria social individualista em favor de uma concepção dialógica do sujeito, cuja identidade depende da relação de reconhecimento recíproco como um Outro. 
As relações de alteridade e troca são enfatizadas nessas teorias morais e políticas. 
 A construção do self: singularidade de autenticidade
Como nota Taylor, uma das formas de negação da dignidade humana se manifesta na privação do reconhecimento da identidade singular de cada um. Nos constituímos em relação com os outros. Não somos mônodas incomunicáveis e autocentradas, mas seres cujas histórias e expectativas estão entrelaçadas em complexas redes e vínculos sociais. A identidade reclama reconhecimento porque ela se constrói numa relação dialógica.
Taylor identifica a mordernidade como um novo tipo de sociedade que reclama a identidade como autoconstrução de si, como um aprofundamento no seu próprio ser. A autenticidade configura-se como um valor próprio de sociedades em que os status fixos e aristocráticos perdem vigência. A “virada subjetivista” se manifesta na filosofia de Rousseau, no romantismo e num ideal de vida com sinceridade em relação aos seus próprios valores.
Do universalismo abstrato à pluralidade das culturas
Os comunitaristas também se inclinam para uma concepção convencionalista dos princípios morais e políticos. Eles nutrem um ceticismo em relação á possibilidade de critérios universais e atemporais para definição do justo e do injusto, do certo e do errado. 
Não existe, nessa perspectiva, um critério neutro e uma fundação universal para a justiça ou a moralidade. A moralidade ou a justiça derivam de concepções partilhadas do bem. Elas são, portanto, convencionais. Não há um céu platônico onde o filósofo pode contemplar uma ideia atemporal e neutra da justiça. O discurso sobre o que é justo está enredado na particularidade da nossa linguagem, nas relações concretas que se estabelecem, nas tradições e expectativas compartilhadas. Em outras palavras, os critérios de justiça derivam das particularidades históricas em que os próprios termos do justo e injusto, do certo e do errado são elaboradas e ganham significação. 
Essa inclinação para o particular marca uma afinidade entre o comunitarismo e o pensamento conservador. No século XIX, o apelo ao particular que caracteriza a forma de pensar conservadora tinha como inimigo a igualdade universal pregada pela Revolução Francesa e por seus adeptos no estrangeiro. Assim, figuras como Burke na Inglaterra, Savigni ou Herder na Alemanha, cerravam fileiras contra o igualitarismo abstrato da Revolução em defesa da força normativa tradição das culturas nacionais particulares de seus países (cf. Mannheim, O Pensamento Conservador).
 Dois modos da emancipação: igualdade/distribuição vs. reconhecimento
Para Taylor, o liberalismo seria “cego às diferenças”. Sua estratégia emancipotoria seria fundamentalmente ignorar as qualidades concretas dos sujeitos históricos em nome de uma cidadania tão igual quanto abstrata. A legitimidade de uma ordem política consiste precisamente em mandamentos de alcance universal que ignore as diferenças.
“Todos são iguais perante as leis, independentemente da raça, orientação sexual, classe, etc”.
Essa é a formulação mais emblemática da estratégia liberal de uma igualdade de status. A diferença de tratamento seria própria de sociedades aristocráticas, baseadas no privilégio hereditário.
A igualdade de direitos (que pode incluir também direitos sociais) é formulada com base nessa legitimidade universal e imparcial.
As teorias comunitaristas ou multiculuturalistas enfatizam a diferença concreta e não a similaridade. Tal como os conservadores mobilizavam a nação e a nacionalidade contra as pretensões universalistas do cidadão abstrato das Declarações, os teóricos do reconhecimento enfatizarão a inscrição particular do indivíduo.
Essa dimensão conservadora e até mesmo reacionária da linguagem comunitarista e identitária não passará desapercebida pelos adeptos do liberalismo e sua linguagem dos direitos universais. Alvaro de Vita nota que
“em tempos idos, a crítica social (liberal ou socialista) costumava se exprimir em um discurso universalizante e em uma linguagem igualitária, cabendo a expoentes do reacionarismo político, como Herder e de Maistre, invocar identidades e diferenças culturais contra o racionalismo iluminista. É perturbador como isso hoje parece ter se invertido ou no mínimo se tornado muito mais confuso. Em virtude da crítica multiculturalista, aqueles que, na academia e no mundo político, entendem que a concepção de cidadania de T.H. Marshall (ou idéias similares) fornece um ideal plausível de progresso social para as sociedades democráticas, têm sua convicção abalada pela suspeita de que o componente universalista e igualitário desse ideal normativo é indiferente a formas significativas de inferiorização social. E os herdeiros multiculturalistas de Herder se concebem como teóricos de esquerda, que dão o peso moral apropriado às exigências de reconhecimento de grupos discriminados” (Vita, 2002, p. 07-08).
A conversão da linguagem da diferença e da identidade - originalmente conservadora e reacionária - à esquerda e ao progressismo se dá a partir de uma nova sensibilidade em relação às desigualdades e violência contra grupos sociais específicos. A vulnerabilização e marginalização de minorias étnicas, religiosas, linguísticas, mulheres, gays, negros, (imigrantes latinos ou orientais nos EUA), evidenciaria os limites do modelo de emancipação como igualdade de direitos. 
Os chamados novos movimentos sociais pleiteiam precisamente o reconhecimento de sua singularidade, de seu modo de vida, suas crenças, seus valores, sua história. Não se trata de reivindicar a integração na cultura dominante, mas de ser reconhecido pela autenticidade e singularidade de seu próprio grupo social (Young, Justice and the Politics of Difference). 
Mulheres negras, reconhecidas como mulheres negras, não como “cidadãs”. Reconhecidas pelas suas histórias particulares, suas vivências, suas particularidades, suas lutas e expectativas de emancipação. 
Assim, a linguagem da identidade e do reconhecimento, inicialmente forjada em território anti-iluminista e conservador, adquire uma tonalidade crítica e emancipatória. Crítica por reconhece no discurso universalista e inclusiva do liberalismo, uma ideologia no sentido marxiano do termo, isto é, a falsificação do real para justificar o domínio de um grupo sobre outro. No caso exemplificado acima, o domínio do patriarcado heteronormativo branco. Emancipatória porque se dirige contra o status quo e se compromete com as demandas das classes subalternas. 
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brasilsa · 1 year
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arqbrasil · 1 year
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Construção popular mineira é destaque internacional - O Coletivo Levante construiu o “Barraco do Kdu” sobre tijolos expostos, elementos de autoconstrução das favelas, sem reboco e pintura - @iab_brasil, #LuizSarmento, #FernandoMaculan, #JoanaMagalhães, @kdudosanjos, @coletivo.levante, @mach.arquitetos, #ArchDailyBuilding, Fotografia Leonardo Finotti, @leonardofinotti / Publicado #Arqbrasil #ArqbrasilPortal » Texto completo em https://arqbrasil.com.br/25959/construcao-popular-mineira-e-destaque-internacional/
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lucamoreirareal · 2 years
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82% das moradias do país são feitas sem arquitetos ou engenheiros
82% das moradias do país são feitas sem arquitetos ou engenheiros
Os dados acendem um alerta sobre a autoconstrução desassistida e a importância de soluções democráticas, gratuitas e acessíveis para residências Desde 2008 é assegurado, por lei federal, a assistência técnica pública e gratuita para projeto e construção de moradias para famílias de baixa renda. Apesar da determinação existir há 14 anos, a população pouco sabe sobre esse direito e como…
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adelantecomunicacao · 2 years
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Fredone Fone (Bom Jesus do Itabapoana, RJ, Brasil, 1981. Reside em Serra, ES, Brasil). Puxadinho (2020). Vídeo. Duração 15'25’’. Divulgação
Cresceu no bairro Serra Dourada, na periferia de Serra (ES), um bairro operário-ocupado onde ajudou o pai no trabalho de pedreiro e pintor construindo e reformando casas, por mais de dez anos, desde a infância, enquanto ajudava a mãe a fazer salgadinhos para vender­ e complementar a renda da família. Foi neste contexto, correndo riscos de ter a casa leiloada, que, em meados dos anos 1990, que começou a construir seu nome na cidade, com uma lata de spray, através da pixação, do graffiti; conheceu o skate, o rap, e consequentemente o movimento hip-hop, com o qual tanto se identificou. Também trabalhou em almoxarifado da construção civil e fez os cursos Operador de Empilhadeira e Autocad.
Boa parte de seu trabalho é braçal, e fala sobre o sonho da casa própria, sobre o hip-hop e a autoconstrução como táticas subversivas de existência, ocupação e sobrevivência da população preta e periférica: que é maioria no trabalho da construção civil, que levanta, de forma terceirizada e precarizada, paredes de uma cidade rude, que os empurra de volta para os bairros onde vivem.
Além de técnicas, ferramentas, materiais, Fredone utiliza cores que aprendeu a usar com o pai: o preto, o branco e o cinza -pintando paredes, grades, janelas, portas e portões- e o vermelho-sangue, da vida, da morte e da luta enfrentada diariamente nas periferias das cidades que ele busca demolir, antes de ser demolido por elas, ao mesmo tempo em que sonha, projeta, constrói, reforma e pinta futuras cidades antirracistas. É pra ontem!
Participou dos festivais Street Arts Festival Mostar, Bósnia; The Board Dripper, México; Maracay se Activa, Venezuela; Concegraff, Chile; das residências artísticas Guilmi Art Project (grupo Pêndulo), Itália; Artist’s Menu, Sérvia; Arte Contra el Olvido, Espanha; Memoria Compartida, Paraguai; Espirito Mundo Residences, Bélgica; das exposições Alvenaria (individual) - Espaço Cultural SESI (ES), Brasil; FONTE (dupla como Pêndulo) - Casa Porto das Artes Plásticas, ES, Brasil; Tríade (trio) - Museu Vale, ES, Brasil; Impronta (coletiva) - Galería Libertad, México; Bienal Internacional de Graffiti (coletiva) - Serraria Souza Pinto, MG, Brasil; Organizou o livro Rap: A Força da Fala e recebeu os prêmios Doggueto - Personalidade Hip-Hop, ES, Brasil e Cultura Hip Hop - Edição Preto Ghóez, MINC, Brasil, e recentemente o Pollock-Krasner Foundation Grant - New York/NY, USA 2020/21.
Fonte: https://fredonefone.com/Puxadinho
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seasickpoetry · 4 years
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[ENTRE A O MURRO E A PONTA DE FACA - E SE ESTIVERMOS OLHANDO PARA O LUGAR ERRADO?]
FATOS
Hoje acordamos com a notícia de que o presidente editou uma Medida Provisória que permite suspensão do contrato de emprego por até 4 meses. O empregador precisa continuar pagando benefícios, mas não o salário. Isso caberia à negociação entre trabalhador e empregador. O governo prevê algum tipo de auxílio que também não está claro: se será proporcional ao salário recebido, se será um salário mínimo, ou se será próximo dos R$200/mês oferecidos aos trabalhadores informais.
Como você já sabem, quem poderia mediar essa negociação é o sindicato. Mas os sindicatos estão enfraquecidos desde a reforma trabalhista.
Além disso, o presidente já havia editado outra MP que permite redução tanto da jornada quanto do salário.
É possível concluir, portanto, que a preocupação do presidente é obviamente reduzir o impacto de como aparecerão os números de desemprego nos jornais, revistas e compilações de dados. Leia-se: maquiar dados.
IRONIAS
Na última semana, observamos a imagem do presidente derreter. Agindo ora como negacionista da crise, ora como conspiracionista, Bolsonaro acabou entrando em choque não apenas com o parlamento - que apoia todas as suas medidas, o que é mais bizarro - mas com todos os governadores. É possível dizer que o poder executivo também se fragmentou.
Ainda por cima, indo na contramão de tudo que havia dito sobre autonomia dos governadores, edita outra MP e decreta que qualquer ação estadual que afete distribuição dos insumos e serviços essenciais (também definidos pela medida) precisa passar pela Anvisa. Na prática, subordinou governador à união.
Dentre suas ações irresponsáveis e irreais - como a produção em massa do cloroquina, remédio ainda em testes, pelo exército; ou o anúncio mentiroso de aumento de distribuição do bolsa família sendo que o que vem ocorrendo são cortes - chama atenção o tempo. Suspensão de contrato por quatro meses.
Quer dizer que minimamente existe uma noção do tamanho e da gravidade da crise. 4 meses, contando a partir de agora, encosta em agosto. É mais ou menos o período que devem oscilar os picos de contaminação e mortos pelo coronavírus.
Apesar de ter noção do tamanho da crise, Bolsonaro continua negando o papel do isolamento e da quarentena, o que revela um tom sádico e reforça: o que importa são dados sobre desemprego e recessão econômica. Bolsonaro só pode estar pensando em dois pontos: garantir o lucro médio de parte do empresariado - que se mantém em silêncio - e também nas eleições de 2022, sabendo que os dados sobre o desemprego e a economia são o que movem a classe média. Ignora que ser responsável por uma crise que pode chegar a milhões de mortos tenha algum papel em sua queda de popularidade.
Se existe uma preocupação tamanha com 2022, quer dizer que as chances de um golpe de estado autoritário, por parte dele, não existem. Prestem atenção, por parte dele.
REALIDADE
Segundo o IBGE, existem 71 milhões de domicílios no Brasil. 20% (12,9 milhões) são alugados. Porém, esses dados sofrem um ruído: quase 60% dos imóveis do país não possuem escritura e possuem algum tipo de irregularidade, segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional.
Essas irregularidades abarcam um guarda-chuva difícil de mensurar: envolvem desde pagamentos em aberto de impostos, até terrenos ocupados ilegalmente.
Destes, não existem dados suficientes para saber se a maioria dos moradores alugam ou 'possuem' o imóvel (seja ele um barraco em uma favela ou não). Existem diversos estudos sobre a amplitude do fenômeno da ilegalidade dos imóveis e moradias irregulares, mas dada a existência de uma dinâmica migratória de alto fluxo, seria preciso um esforço contínuo dos institutos de pesquisa para ter uma dimensão de quantas pessoas alugam imóveis no mercado informal.
Este é o Brasil real.
Sabemos que uma casa de dois quartos em Paraisópolis (favela da zona sul de São Paulo) pode chegar a mais de R$600,00. Quem é o proprietário? Quantos alugam? Quanto ganha aquele que está alugando?
Segundo o IBGE, mais da metade dos brasileiros da População Economicamente Ativa recebeu, entre 2017-2018, R$998 mensais.11% segue desempregado. Desses, em 2018-2019, 6 milhões entraram com pedido de seguro-desemprego. Se conseguiu, e o tempo de benefício recebido, são dados também difíceis de mensurar.
Pelo menos 20% da população paga aluguel. Esse número deve ser consideravelmente maior, como demonstramos acima, considerando o fenômeno da ilegalidade. Imagine como pagar aluguel, contas, e comer, se você recebe R$998. Digamos que pelo menos duas pessoas da casa recebam esse valor - como é comum nas famílias. Imagine que uma das duas fica desempregada, ou as duas.
Imagine agora se tem seu contrato suspenso por quatro meses. Pagando R$600 em um imóvel na favela. Condições de higiene e saneamento precárias. Pessoas aglomeradas. Digamos que o governo mantenha um dos dois salários da família - mas não temos nem indicações, nem porcentagens, nem noção do volume de verba direcionada para isso.
Estamos diante de um massacre sem precedentes.
Leia o que eu escrevi sobre favelas e periferias aqui:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2782408465148061&set=a.298418426880423&type=3&theater
GOLPES
(aqui é análise/chutômetro)
Frente a esse quadro desesperador, a popularidade de Bolsonaro vem sendo forçada para baixo. Isolado, tentando jogar para a torcida fomentando a polarização com evidente objetivo eleitoreiro, as suas opções parecem se esgotar.
A mídia de grande circulação, como representante do mercado e do que restou do capital produtivo, finalmente adotou uma postura minimamente crítica diante das trapalhadas desse governo. Isso ganha ainda mais força quando Eduardo Bolsonaro gera um conflito inacreditável com a China através de acusações infundadas no twitter. Vocês viram o editorial do Grupo Band? É um sintoma que tanto agronegócio quanto empresariado/indústria estão abandonando o barco furado (assista aqui: https://www.youtube.com/watch?v=VeNCehaybRE).
Dentre toda essa situação que beira o caos social, um único poder parece coeso: as Forças Armadas. Se Bolsonaro renunciar ou se afastar - por vontade própria ou não - quem assume é Mourão, general da reserva.
Se não quiser se afastar mas mesmo assim o mercado queira muito, como tudo indica, o impeachment é um processo longo e que envolverá todo o legislativo em um esforço que é impossível de ocorrer concomitante à crise humanitária e social do coronavírus.
Por outro lado, para evitar o agravamento dessa crise e reduzir a projeção de milhões de mortos, a saída de Bolsonaro ou sua passagem para o segundo plano é essencial.
Sem um impeachment e sem o bom senso, qual é a única maneira para que o Bolsonaro saia de cena?
Entendeu?
Se isso acontecer, fica pior. Quem vai ser contra?
OBS: Além disso, apesar de todas as medidas provisórias terem a carinha de Paulo Guedes, perceberam como este anda silencioso? Será que já não abandonou o barco?
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FONTES BIBLIOGRÁFICAS
(tudo você acha online se procurar PDF's)
Kowarick, L. 1993. A espoliação Urbana. (esse aqui fala sobre ilegalidade, autoconstrução e favela em SP)
Gonçalves, R. S. O mercado de aluguel nas favelas cariocas e sua regularização numa perspectiva histórica. (esse trata desse fenômeno e por se tratar, provavelmente, de um artigo de TCC ou trabalho de disciplina, tem uma boa base de dados e fontes para pesquisa como revisão bibliográfica)
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FONTES JORNALÍSTICAS
Redução de carga https://g1.globo.com/…/em-programa-antidesemprego-governo-p…
Suspensão de contrato https://oglobo.globo.com/…/governo-autoriza-suspensao-de-co…
Cortes no bolsa família https://congressoemfoco.uol.com.br/…/com-crise-e-cortes-no…/
Conflito com governadores
https://oglobo.globo.com/…/bolsonaro-edita-regras-que-contr…
Regularização fundiária
https://oglobo.globo.com/…/regularizacao-fundiaria-base-do-…
Imóveis em favelas são concorridos no mercado informal http://www.faperj.br/?id=808.2.8
Renda média de mais de metade dos brasileiros é 1 salário mínimo https://epocanegocios.globo.com/…/renda-media-de-mais-da-me…
Seguro desemprego https://g1.globo.com/…/seguro-desemprego-e-mais-pedido-por-…
Processo de afastamento de Bolsonaro pode ser rápido https://congressoemfoco.uol.com.br/…/processo-de-afastamen…/
Bolsonaro quer que tentem impeachment https://noticias.uol.com.br/…/para-o-congresso-bolsonaro-qu…
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Hoje eu me vi
Me vi em um futuro que eu nunca imaginei
Em um reflexo altamente embaçado
Em um mundo com fogo e gasolina
Como se tudo fosse quente de mais pra mim
E eu nunca tinha me visto desse lado
Situações que eu nunca cogitei em estar
E o futuro é uma autoconstrução pessoal
Mas eu te vi
Bem ali
Me auto sabotei em toda madrugada
Me aLto sabotei até sabendo dos nós
E o certo foi quando tomei café pensando no meio de livros que nunca abri
Portas que eu mesmo tranquei
A chave? A eu sei que queimei junto do meu ego inflado
E se tudo for vão?
Mas você sabe ne?
Você sabe que eu nunca acreditei em um pingo de si
Sempre disse que nunca foi certeza te ter
Mas se eu te amar
Ignora o fato de ter me cedido
Em ti eu não consigo
Não
Não
E não
Não me sinto
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the-hypestuff · 3 years
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Indy Naíse lança EP visual "Esse É Sobre Você", em parceria com Rincon Sapiência
Chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (18), "Esse É Sobre Você", o novo EP visual de Indy Naíse, em parceria com Rincon Sapiência. O EP é um projeto que resgata o R&B como base sonora e narrativa para apresentar memórias, afetos, alegrias, autoconstrução e liberdade dentro de um relacionamento.
Chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (18), “Esse É Sobre Você”, o novo EP visual de Indy Naíse, em parceria com Rincon Sapiência. O EP é um projeto que resgata o R&B como base sonora e narrativa para apresentar memórias, afetos, alegrias, autoconstrução e liberdade dentro de um relacionamento. Ouça “Esse É Sobre Você” “Esse É Sobre Você” narra, a cada música, uma jornada íntima,…
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momentonia · 3 years
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24/08/2020
“O indivíduo Carolina não é mais algo, ela é o que faz e, portanto, é considerada produto e produtora, autora e personagem, que se constrói através da atividade social, num determinado momento histórico.” - Lara Gabriella Alves dos Santos
Boris Groys trabalha com a mesma discussão só que dentro do âmbito da arte e a 'produção pública do Eu' refletindo sobra uma autopoética do ser. Cecília Salles também abre uma questão metalinguística de autoconstrução em 'O gesto inacabado' ao mencionar a forma diário como armazenamento e experimentação.
Além disso, até onde seria possível expandir a noção do surgimento da autora Carolina a uma prática de profissional designer? Pois, ao nos colocarmos como intermediadores entre o Estético e o Tecnológico por meio da materialidade, também somos propositores de atividade social...
“[...] considerar a obra de Carolina apenas como documento é falha ao deixar escapar a sutileza de uma escritora que aliou a matéria histórica de sua experiência social à sua criação narrativa.” - Lara Gabriella Alves dos Santos
Historicamente, o espaço artístico e intelectual brasileiro passava também por uma efervescência crítica ao que seria uma arte brasileira genuína e também ao modelo econômico capitalista. A obra de Carolina se interpõe entre estes dois espaços que foram-lhes negados desde sempre devido a sua situação socio-econômica. Seu livro também nasce dos restos sociais daqueles que nunca puderam ter mais do que os restos do sistema.
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ta132 · 3 years
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Adobe na História e Aplicação na Arquitetura
O Adobe como material de construção para uso habitacional tem sido usado há milhares de anos pelos povos indígenas da América, tanto no sudoeste dos Estados Unidos quanto na América Central e na região andina da América do Sul. Atualmente, 50% das casas do mundo são construídas com esse material. O uso da adobe representa uma alternativa viável para resolver o problema da falta de moradia, através da proposta de um lar autoconstruído (definição de autoconstrução no final do texto) de baixo custo. No entanto, uma limitação para o desenvolvimento dessa alternativa é que a maioria das técnicas tradicionais de construção que utilizam materiais obtidos do solo são resultado do conhecimento empírico. Tais conhecimentos são geralmente assintomáticos, varia em cada cultura e região e carece de terminologia interdisciplinar. Portanto, essa opção dificilmente oferece, diretamente, uma base tecnológica universalmente válida.
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Imagem: https://br.pinterest.com/pin/572660908840096127/ 
Significado de Autoconstrução: http://www.arqpop.arq.ufba.br/autoconstru%C3%A7%C3%A3o-arquitetura-poss%C3%ADvel#:~:text=A%20autoconstru%C3%A7%C3%A3o%20surge%20ent%C3%A3o%20como%20alternativa%20ou%20arquitetura,o%20que%20impacta%20o%20seu%20estado%20de%20conserva%C3%A7%C3%A3o.
Artigo base: http://www.scielo.org.mx/scielo.php?pid=S1405-33222012000200003&script=sci_arttext 
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SAAL_Lisboa
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Os moradores rejeitaram a autoconstrução (simbolizava a continuação da exploração) e revindicaram a tipologia multifamiliar. Houve 39 pedidos de intervenção do SAAL no concelho de Lisboa, que se traduziram em 11 projetos, dos quais 7 foram construídos (mesmo que não totalmente), resultando num total de cerca 2600 fogos. Em termos sociais, as operações SAAL em Lisboa não tiveram o mesmo carácter de movimento social organizado que tiveram, por exemplo, na cidade do Porto. Nuno Portas atribui o “falhanço operacional” em Lisboa ao clima de “excessiva radicalização política” que se fazia sentir na capital, retratando as reuniões realizadas nessa altura como constantemente conflituosas. 
Bairro das Fonsecas e Calçada
Neste processo do pós-25 de Abril que preconizou o realojamento das populações que viviam em bairros degradados, o autor aprofunda os objetivos do plano UNOR 40, realizado para a área de Lisboa em conjunto com Jorge Gaspar e Gonçalo Ribeiro Telles. Apenas se construiu cerca de um terço do projeto original, que executa um desenho urbano cuidado sobre duas decisões partilhadas com os moradores: a tipologia baseada no quarteirão e a altura média do edificado. O desenvolvimento deste projeto assenta na diversidade de escalas, proporções e usos do espaço público — praças, largos, ruas, galerias térreas —, bem como no trabalho de volumes, planos de fachada, diversidade de fenestrações, luz, sombra e profundidade, consequente da flexibilidade da orientação dos módulos habitacionais na estruturação dos edifícios
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flavioximenes-blog · 3 years
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Primeira temporada de Filtr Next chega ao fim com episódio emocionante mostrando a trajetória de Benjamín na construção de sua carreira musical Todos os episódios seguem disponíveis no canal Filtr Brasil no Youtube, para quem não pôde acompanhar os lançamentos em tempo real Ao longo das últimas semanas o público pôde acompanhar a primeira temporada de Filtr Next, que chegou hoje ao fim com o sexto episódio. Assista aqui. Benjamín e a apresentadora Foquinha relembraram os momentos mais marcantes da trajetória do cantor no programa, com cenas de flashback. O episódio também mostrou os bastidores da primeira entrevista de Benjamín ao Popline. Benjamín contou sobre a experiência: “Participar do programa foi algo muito desafiador e muito agregador. Me permiti ficar imerso nesse processo de autoconstrução do meu eu artista, e isso foi tão importante pra mim...foi de fato uma oportunidade única, profissional e pessoalmente falando!” O episódio também falou sobre o clipe de “gela”, primeiro single de Benjamín, lançado na semana passada. “E sobre o lançamento, sinto que foi a realização de um sonho. Esperei muitos anos por esse momento e finalmente pude concretizar isso. Foi uma mistura de sentimentos e sensações. Estou dando início a um ciclo muito especial e importante pra mim. Fazer música é minha maior motivação. Sou muito grato por poder exercer essa profissão”, finaliza o cantor. Retrospectiva: Nos episódios de Filtr Next, Benjamín contou sobre sua história e trajetória, de como se interessou desde cedo pela música e sobre sua transição de gênero. O cantor também compartilhou seu processo criativo na hora de compor e recebeu dicas do coletivo de produtores Los Brasileiros. Trocou ideia com o rapper Rashid e com o escritor, educador e produtor de conteúdo sobre gênero e transexualidade Jonas Maria. O jovem talento também recebeu dicas preciosas sobre redes sociais, além de uma transformação com especialistas em imagem. Benjamín mudou o cabelo com Rodrigo Lima, com mais de 25 anos de experiência e idealizador do Circus Hair; refinou seu estilo com o produtor de moda e stylist Rodrigo Barros e fez um cuidadoso ensaio fotográfico com Rodolfo Magalhães. (em Goiânia, Goiás, Brasil) https://www.instagram.com/p/CI8mUJZDVQO/?igshid=tbyhfmp4iohl
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lovacedon · 4 years
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Duratex vê cenário 'muito positivo' para 2021 e 2022
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O presidente da empresa, Antonio Joaquim de Oliveira, disse que, no início da pandemia de covid-19, viveu seu momento mais difícil como executivo Carol Carquejeiro/Valor A retomada “muito forte” das operações da Duratex, a partir de julho, permitiu que a companhia tivesse, no terceiro trimestre, o melhor da sua história, segundo o presidente, Antonio Joaquim de Oliveira disse no ”Duratex Day”. Lucro da Duratex cresce 347% no terceiro trimestre Duratex foi "do inferno ao paraíso em três meses", diz presidente O desempenho foi puxado pela compra de materiais, no varejo, para reformas e para autoconstrução. “A queda de juros ajuda muito o setor”, disse o executivo. De acordo com Oliveira, a Duratex vê um cenário “muito positivo” para 2021 e 2022, em função do grande volume de lançamentos de imóveis residenciais que vem ocorrendo. O executivo ressaltou que, no início da pandemia de covid-19, viveu seu momento mais difícil como executivo. Todas as fábricas chegaram a ter as atividades paralisadas. “Não sabíamos quando voltaríamos. Trabalhamos todos os dias para preparar a companhia para o novo normal. Houve uma recuperação em V, muito rápida”, disse Oliveira. No terceiro trimestre, a Duratex registrou Ebitda ajustado recorrente recorde de R$ 433,8 milhões, com incremento de 82,3%. Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Henrique Haddad, o Ebitda ajustado da companhia pode superar, neste ano, o de 2013, o melhor da história. Lojas digitais Todas as marcas da Duratex terão lojas digitais até 2021, segundo diretor de Tecnologia da Informação e de Inovação Digital da companhia, Daniel Franco. Neste ano, a Duratex entrou no varejo digital, com loja da Deca, divisão de louças, metais sanitários e chuveiros. “Estamos só no início da jornada de transformação digital”, disse Franco. No evento, Oliveira, disse estar “bastante satisfeito com as operações de todas as divisões de negócios”. “Temos visão de que o quarto trimestre deverá seguir de maneira positiva”, disse Oliveira. O presidente ressaltou que o setor vive um momento positivo, mas que a companhia também está colhendo os resultados dos esforços dos últimos anos, como redução de custos. Duratex vê cenário 'muito positivo' para 2021 e 2022
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fefefernandes80 · 4 years
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Duratex vê cenário ‘muito positivo’ para 2021 e 2022
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O presidente da empresa, Antonio Joaquim de Oliveira, disse que, no início da pandemia de covid-19, viveu seu momento mais difícil como executivo Carol Carquejeiro/Valor A retomada “muito forte” das operações da Duratex, a partir de julho, permitiu que a companhia tivesse, no terceiro trimestre, o melhor da sua história, segundo o presidente, Antonio Joaquim de Oliveira disse no ”Duratex Day”. Lucro da Duratex cresce 347% no terceiro trimestre Duratex foi “do inferno ao paraíso em três meses”, diz presidente O desempenho foi puxado pela compra de materiais, no varejo, para reformas e para autoconstrução. “A queda de juros ajuda muito o setor”, disse o executivo. De acordo com Oliveira, a Duratex vê um cenário “muito positivo” para 2021 e 2022, em função do grande volume de lançamentos de imóveis residenciais que vem ocorrendo. O executivo ressaltou que, no início da pandemia de covid-19, viveu seu momento mais difícil como executivo. Todas as fábricas chegaram a ter as atividades paralisadas.
“Não sabíamos quando voltaríamos. Trabalhamos todos os dias para preparar a companhia para o novo normal. Houve uma recuperação em V, muito rápida”, disse Oliveira. No terceiro trimestre, a Duratex registrou Ebitda ajustado recorrente recorde de R$ 433,8 milhões, com incremento de 82,3%. Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Henrique Haddad, o Ebitda ajustado da companhia pode superar, neste ano, o de 2013, o melhor da história.
Leia o artigo original em: Valor.com.br
Via: Blog da Fefe
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acropolisvirtual · 4 years
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A suposta universalização do saneamento básico
Ontem, dia 24 de junho de 2020, foi aprovada o PL 4.162/19 no Senado Federal que tem por fim facilitar a privatização de estatais do setor de saneamento básico e extinguir o modelo atual de contrato entre municípios e empresas estaduais de água e esgoto. Supostamente, esse é um marco para universalizar esse serviço para todas as cidades brasileiras até 2033.
Mas como eu disse. Supostamente. E vamos compreender essa narrativa hipotética e falaciosa, que reforça a invisibilidade, a desigualdade de acesso à recursos e à exclusão nas cidades.  
A formação urbana no Brasil foi organizada à luz de relações de poder díspares, em bases do que foi produzido pela dominação de alguns interesses político-econômicos. Apesar da suposta modernidade, o universo urbano não superou algumas características dos períodos colonial e imperial, marcados pela concentração de terra, renda e poder, no exercício do coronelismo de uma sociedade patrimonialista. A industrialização e a urbanização caminharam juntas sob o lema do progresso e da ordem, e as regulamentações que se estabeleceram desde os primórdios do século XX foram destinadas a esse processo que organizou a sociedade de maneira higienista, onde os centros eram destinados aos estratos mais privilegiados e as populações mais vulneráveis ficaram ainda mais desprovidas com o processo brutal de expulsões nas cidades.
O início desse processo se dá desde o marco da Lei da Terra no Brasil em 1850 com as hipotecas dos fazendeiros que obtinham as terras por regime de concessão em loteamentos que valorizaram para propriedades imobiliárias. As demandas de habitação crescem pelos investimentos vindos da lavoura cafeeira nas atividades urbanas, o que aumentou a necessidade de moradias aos trabalhadores vindos do campo. Esses locais estavam estabelecidos e organizados, em sua maioria, na concentração fundiária pelo aluguel de vilas operárias controladas pelos poucos empresários, assim como nos cortiços cuja exploração era destinada aos senhorios donos daqueles locais insalubres. Esses locais, posteriormente passaram por serem proibidos, supostamente em nome da limpeza urbana, removendo os seus frequentadores para áreas longes dos centros.
Os anos 30 do período Vargas determinaram a intervenção do Estado que promoveu o acesso do povo à propriedade, mas sem afetar os interesses das oligarquias. Isso levou a criação do Instituo de Aposentadorias e Pensões que financiaram a aquisição da moradia ou construção em terreno próprio. O aporte de recursos abriu os olhos das incorporadoras imobiliárias privadas que tentavam receber esse investimento via crédito hipotecário.
As posteriores medidas de políticas restritivas para combate à inflação durante o período democrático de 1946 a 1964 não auxiliaram para medidas de política social cuja demanda vinha crescendo. Além do mais, esse quadro somente aumenta a concentração de renda pelo novo sistema de financiamento habitacional criado durante a ditadura militar. O único modelo de opção era o de acumulação e legitimação tratando a habitação como mercadoria a ser produzida e comercializada. O fluxo de crédito via FGTS e BNH foi fundamental para vincular uma dependência estratégica da indústria de construção com o Estado, de origem privada e de grande heterogeneidade em termos da estrutura do mercado em que convivem empresas gigantescas com aquelas de precária organização empresarial, dando margem para qualquer nível de corrupção.
A contínua demanda por moradias, para uma população desprovida de recursos não foi atendida por essas medidas, criando cada vez mais ocupações ilegais da terra urbana, negligenciadas pelo aparelho Estatal. Não houve atendimento do mercado imobiliário privado, nem por políticas públicas de habitação, sendo a única alternativa a autoconstrução em terras de grileiros. Supostamente, constata-se que era admitido o direito à ocupação, mas longe, em condições inóspitas, sem infraestrutura nem serviços urbanos, ou seja, sem a relevância dada ao direito à cidade.
O drama social metropolitano é escancarado ao retomarmos o regime democrático. Os recursos federais diminuíram drasticamente o que fez estados tentarem executar alguns programas habitacionais. À nível federal foram poucas e tímidos programas de habitações populares nos governos que se seguiram no fim do século XX, já se inclinando para reformas pró-mercado, de sistemas financeiros imobiliários para ativos com maior liquidez e de financiamento internacional junto de programas destinados a populações de baixa renda.
Esse cenário de regulamentações e lógica fiduciárias tem o seu primeiro rompimento desde o processo de urbanização no Brasil a partir do Estatuto da Cidade, em 2001 pela lei 10.257, que regulamenta o capítulo "Política urbana" da Constituição brasileira sob os princípios básicos do planejamento participativo e da função social da propriedade. Ampliou-se o mercado privado ao mesmo tempo em que se ampliaram recursos e subsídios para a habitação de interesse social combinando diversas fontes administradas pelo Ministério das Cidades. Entretanto, as tentativas de adoção de programas democráticos para demandas organizadas à população sem teto não tiveram grandes inflexões para as lutas sociais. A esperança de programas como Minha Casa Minha Vida não se propôs a enfrentar a questão fundiária, tema central da reforma urbana, e não mobilizou os instrumentos do Estatuto da Cidade. Ao contrário, procurou maximizar os ganhos por meio de operações especulativas com a terra; apesar de colocar a moradia como um direito, só que na prática negocia.
Foram necessidades sociais revertidas em necessidades de acumulação de capital, consubstanciada por uma ideologia do crescimento e do desenvolvimento para legitimar as cidades corporativas atuais. E o saneamento básico está atrelado diretamente a esse resultado de segregação e exclusão dos mais desprovidos nas cidades brasileiras. São nas vilas e favelas onde o principal serviço, já determinado como básico, de direito à água e ao esgoto que não lhes é providenciado de maneira digna em suas moradias.
A falta de água constantes ou inadequação de coleta de esgotos aumenta ainda mais para qualquer impacto de doença nesses locais marginalizados. Em uma época de pandemia, essas pessoas invisibilidades ficam evidenciadas pelo número de mortes mais elevados na falta de recursos básicos em condições mínimas de recomendação para se ‘lavar as mãos’ ou se distanciar socialmente. As taxas de saneamento básico atuais no Brasil são assustadoras, um exemplo é a região Norte do país que tem somente 10% do esgoto tratado, tendo essa maior negligência principalmente nas zonas rurais, periferia das grandes cidades, cidades pequenas, em geral de baixa atratividade para o capital.
Portanto, utilizar essa nova lei somente serve para manutenção e fortalecimento de poder e privilégio, providenciando esse patrimônio à lógica do mercado restrito, especulativo, discriminatório e concentrado nas cidades brasileiras. A sua aprovação demonstra essa inflexão ultra-liberal, de colonização de todos os elementos provindo das Terra em uma formação predatória, privilegiando alguns setores econômicos, e remarcando as expulsões, os meios de sobrevivência, e a falta de um pertencimento ao contrato social de direito à vida. Além disso, distancia o Brasil das tendências mundiais de reestatizações desses serviços que por meio privado não tiveram bons resultados. Essa suposta universalização é uma concessão somente para alguns. Ao utilizar um direito como a água e o tratamento do esgoto para alavancar um instrumento de concorrência, reforça a dificuldade do exercício de construir direitos à cidadania em políticas sociais, substituindo-os por um ativo financeiro ao consumidor.
@luizhapollo
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#estatutodacidade #direitoaagua #direitoavida
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