Tumgik
#mas ele comenta em alguma parte do livro como esse homem ser meio que um estranho para ele era um dos motivos dele estar confiando tudo
algumaideia · 2 years
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Sobre o Riobaldo basicamente forçar o Doutor a ficar a escutar a história da vida dele, ele na verdade estava sendo meio educado.
Na questão de que em Minas, até hoje em algumas cidades pequenas (tipo a dos meus avós), era e é comum visitas chegarem sem serem anunciadas e você tinha a obrigação de ser um bom anfitrião. Minha fala que durante a infância dela era falta de educação uma visita chegar na sua casa do nada pra almoçar e você não ter uma sobremesa preparada.
E as visitas ficavam até umas 17, 18 horas.
E a impressão que eu tive era que esse doutor estava viajando, então Riobaldo para ser um bom anfitrião, é claro que ele convidou esse homem para ficar e mais do que era necessário.
Sem contar que esse Doutor era provavelmente respeitado pelo Riobaldo, já que não se usava esse honorífico para qualquer um, normalmente para um homem mais estudado, mais importante que você.
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Outro dia, sentado na varanda da empresa onde trabalho, apreciando um ótimo café importado, que pecaminosamemte escondo para não ter de dividir, refletia sobre como mudamos na vida. Aquela ideia estatística, herdada do orfismo e fixada no cristianismo pelo neoplatonismo, de uma alma imutável não mais me servia. A realidade da minha própria mudança, da minha história, falseava em mim toda tentativa de pensar uma existência que não fosse repleta de mudanças.
Mas preciso ligar o botãozinho da humildade: saí da bolha dogmática, tendo como muleta dois pensadores de grande importância para o ocidente, esses abriram meus olhos para a inocente imaginação teológica dos fundamentalistas. Bertrand Russell com seu domínio da lógica matemática e Nietzsche, com sua filosofia do martelo, golpearam em mim toda pretensão de uma religião limpinha.
Ok, também não foram os únicos responsáveis por isso. Tenho uma formação acadêmica sólida e como professor científico, não posso ignorar a força da pesquisa histórica. Quando eu era um menino metodista, cheio de pureza e inocência, era possível ser levado pela imaginação de um velhinho bondoso (apesar que na adolescência o velhinho se transformara em um belo de diretor escolar, doido para punir depois da aula pestinhas pecadores), que criara com magia um mundo em sete dias, fazendo "pessoinhas" do barro capazes de conversar com uma cobra, ou que fizera uma linda arca feliz para salvar leões e elefantes de uma inundação global. Infelizmente a gente cresce, descobre a pesquisa histórica e todo esse mundo mágico desaba.
Lembro que alguns anos atrás, após tentar salvar meu fundamentalismo de naufragar junto com a ilusão da arca mágica, acabei abandonando qualquer esperança de redimir o Antigo Testamento. Iria ficar apenas com os evangelhos, afinal, até o Paulo fundamentalista, carecia de solidez histórica. Porém, foi nesse ponto, após uma bela aula sobre um dos profetas antigos, com um pastor super entendido das coisas bíblicas, e hoje meu amigo, que descobri ser possível uma teologia histórica, profética contra as injustiças humana. Não havia pretensão gnóstica de encontrar "A Verdade", entretanto, tinha de sobra uma busca teológica de uma relação histórica, uma dança quase mística e entre humanidade e Deus, onde entre oprimidos se desenvolvia uma concepção universal de algo divino.
Depois dessa divina inspiração, resolvi adentrar novamente na teologia do Antigo Testamento. Estudando junto com grandes acadêmicos, e claro, sempre tirando as dúvidas com meu amigo, tento levar até minha pequena bolha de conhecidos, informações que podem quebrar toda ideologia religiosa que nos faz adentrar por posições que deixariam Hitler orgulhoso. Para essa tarefa vou passar por Von Rad, Eichrodt e Bruggemann. Nomes excelentes e críticos dentro da teologia do Antigo Testamento.
Segundo Eichrodt: "Dentre todos os problemas conhecidos referentes ao estudo do Antigo Testamento, o de maior alcance e importância é o da teologia do Antigo Testamento". Ou seja, temos uma grande dificuldade em sistematizar uma teologia ao olharmos para o desenvolvimento histórico dos povos que compunham a antiga Mesopotâmia. É inegável que dentro da concepção de Deus do chamado povo de Israel houveram encontros culturais com as ideias da Suméria, dos babilônicos e da Assíria. Uma crença em um Deus limpinho e exclusivista, não é mais possível depois de tanta solidez histórica. Existem elementos dentro dos livros do Antigo Testamento que são comuns às visões religiosas de outros povos da mesma região. Elementos ou ideias que com o passar dos anos foram interpretados à luz da própria perspectiva teológica de Israel que se desenvolvia em sua realidade histórica.
O papel do teólogo moderno é compreender esse panorama cultural, buscando encontrar alguma base para a fé deste determinado povo. Por meio da Teologia do Antigo Testamento se faz uma tentativa de construir uma imagem completa da fé veterotestamentária, tratando ainda de dar alcance, em toda sua singularidade, ao que constitui o núcleo essencial do Antigo Testamento. O papel é encontrar esse coração da fé israelita que se desenvolveu em um contexto histórico. Para Eichrodt, a religião veterotestamentária é o fruto de uma longa história, por intermédio da qual se consolidou o tesouro que lhe é próprio, por meio de um longo processo de assimilação e de rejeição em seu contato com as diversas formas de religião pagã. Sendo assim, a ferramenta metodológica de se fazer teologia, passa necessariamente por compreender e aceitar essa realidade. O teólogo não impõe ao texto sua lógica, sua cultura ou sua ideologia, como muitas vezes fazem os fundamentalistas.
Eichrodt ainda vai dizer que: "tal estudo seja, necessariamente, um estudo comparado da história das religiões." Não é mais possível fazer uma exposição adequada da teologia do Antigo Testamento sem uma constante referência as suas conexões com o mundo religioso do Oriente conhecido como Mesopotâmia.
Entretanto, o ponto que mais me chamou atenção em Eichrodt foi sua singela conexão histórica entre o Antigo Testamento e a realidade do Jesus de Nazaré. Afinal somos cristãos, discípulos do Nazareno e sua voz profética estava nesse contexto. Nossa teologia tem profundas raízes no panorama histórico de Israel. Para ele: "Devemos contar também com um segundo aspecto, que não é menos essencial: a relação do Antigo com o Novo Testamento.". Jesus está inserido nessa continuidade histórica e teológica, Cristo não está à parte de sua própria realidade cultural e social. Quando deixamos de lado essa perspectiva, esquecemos do lado humano de Cristo, que tem seu lugar de fala: seu Pai, o Deus de Israel e da história, ergue sua voz através de seu filho o qual nasceu e viveu na periferia de seu país, em situação de vulnerabilidade econômica e camponesa, percebendo que dentro de sua elite existia uma outra visão teológica que era permissiva e justificava a opressão política. O Cristo entra nessa história, se tornando Jesus de um lugar chamado Nazaré. Nazaré, Belém ou até mesmo Jerusalém são frutos dessa continuidade política e teológica.
No desenvolvimento histórico da religião veterotestamentária, se observa a presença de uma força interna que a impulsiona poderosa e incessantemente para adiante, comenta Eichrodt. Dento dela há momentos nos quais parece se tornar estática, presa a princípios fixos, mas que se volta a vontade de continuar avançando na história, em busca de uma algo superior, reconhecendo o caráter contingente e provisório de tudo o que era anterior. Há história, transição, conflitos e alternâncias, há um motor que transforma a realidade histórica o qual busca reconciliação. Isso traz uma beleza incrível para a compreensão da revelação final no Homem de Nazaré. Esse movimento não cessou até a vinda de Cristo, em quem encontrarou seu cumprimento as forças mais nobres do Antigo Testamento.
A irrupção e implantação do reinado de Deus nesta terra abrangem, sem buscar dissolução, dois mundos tão diferentes externamente, quanto são o do Antigo e o do Novo Testamento. Porque, ao final, tudo encontra seu fundamento na ação de um único Deus que busca sempre o mesmo fim: a construção de seu reino. E nesse reino vemos a consumação de uma história teológica. Há solidez para uma teologia do Antigo Testamento que se encontra e faz parte da vida dos discípulos de Cristo.
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quadrinizante · 5 years
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Heroínas com luz própria
Mulheres roteiristas, desenhistas, letristas e coloristas de HQs ainda enfrentam o machismo em busca da visibilidade no mundo geek
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Onde estão, quem são e o que estão fazendo as mulheres quadrinistas? Sem dúvidas, há muito mais mulheres que fazem quadrinhos do que a maioria das pessoas conhece. Seus trabalhos estão aí para serem lidos e apreciados. Acontece que muitos estão disponíveis somente online e de forma independente, em virtude de estarem inseridos num mercado editorial ainda machista. Aliás, num universo geek ainda sexista. Mesmo que isso esteja mudando, não é à toa que existe uma estranha discrepância entre o número de mulheres quadrinistas e a atenção que elas recebem. Se essas roteiristas e desenhistas não estão sendo publicadas ou estão ficando de fora das premiações especializadas, não é por falta de representatividade, mas de reconhecimento. De visibilidade.
Uma das poucas representantes da nona arte em Pernambuco é Roberta Cirne, roteirista e desenhista das HQs de terror Sombras do Recife, publicadas no site homônimo. Além de cuidar de toda a parte literária e do design, a quadrinista também faz um resgate histórico da capital pernambucana. “A pesquisa que estou fazendo com os quadrinhos já existe há 19 anos, mas nunca consegui publicá-los por meios tradicionais”, declara, ao mencionar que a internet teve papel fundamental no seu trabalho. “Tudo o que produzi foi lançado online. Isso fez com que o projeto chegasse a todo Brasil, de um jeito que ainda me surpreende”, afirma. Atualmente, Roberta se dedica inteiramente aos quadrinhos, mas nem sempre foi assim. “Me formei como arte educadora e passei a dar aulas para me sustentar, mas sempre quis ser dona do meu próprio projeto. Hoje, não leciono mais graças ao poder da internet na minha carreira”, conta.
Germana Viana, quadrinista pernambucana radicada em São Paulo, por sua vez, teve a oportunidade de trabalhar no mercado de HQs antes de começar a fazer os seus próprios quadrinhos. Ela foi e é designer e letrista (a pessoa que coloca as letras nos balões e desenha ou redesenha as onomatopeias) de diversas publicações de empresas como a Panini, a Riot e Jambô editora. Ainda no ramo da arte sequencial, Germana trabalhou como agente de desenhistas para o mercado americano, auxiliando o Joe Prado, na Art&Comics. O negócio é que quando se é mulher e quadrinista, o ambiente de trabalho pode se tornar algo particularmente inóspito. “Eu já ouvi caras dizendo ‘nossa, você desenha feito homem’, como se isso fosse um elogio. Também me aconteceu o fato de um colega, numa feira de quadrinhos, sair da mesa dele, atravessar a área dos artistas e puxar um leitor que estava falando comigo para ver o material dele”, comenta.
Recentemente, Heather Antos, editora da Marvel Comics, postou uma selfie em seu perfil no Twitter, onde ela e colegas de trabalho estavam tomando milkshake juntas, o que intitulou de “Marvel Milkshake Crew”. O que parecia ser uma simples foto de rotina virou alvo de ataque nas redes sociais. Essas mulheres receberam insultos, boa parte de cunho sexual, por alguns homens que atribuíram a elas uma suposta queda de qualidade nos quadrinhos da Marvel. Quem traz luz à essa história é a roteirista paulista Carol Pimentel, única mulher trabalhando na redação da Panini/Marvel. “O mundo nerd ainda é cruel com as mulheres lá fora, mas, por outro lado, vemos trabalhos lindos como o da iraniana Marjane Satrapi, autora de Persépolis, HQ que deveria ser lida por todas as mulheres do mundo”, pondera. A própria Carol, inclusive, foi questionada por sua competência profissional. “O susto veio de mensagens inbox com algumas agressões logo nos primeiros meses que eu estava no cargo de editora aracno-mutante. Foram poucas, mas ainda assim assustadoras”, revela a editora, que cuida de uma linha completa de publicações do Homem-Aranha.
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Pesquisadora de representação de gênero em HQs, Rayza Bazante esclarece que o imaginário negativo a respeito das mulheres nos quadrinhos ainda existe porque “grande parte dos homens leitores do gênero não aceita o fato de haver mulheres habitando o universo geek e ainda ilustrando ou editando quadrinhos”. Seu posicionamento é embasado no livro que utiliza em sua pesquisa, intitulado Homens do Amanhã - geeks, gângsteres e o nascimento dos gibis, de Gerard Jones. Em nota à edição brasileira, essa obra traz as seguintes palavras: “Tanto ‘nerd’ como ‘geek’ são, de maneira geral, termos usados para definir indivíduos do sexo masculino. Até porque o mundo dos nerds é, por princípio, um mundo masculino, onde mulheres não entram”.
Problema sócio-cultural
Para Rayza, a explicação para esse impasse é inteiramente sócio-político/cultural. "Na infância, os meninos eram instigados a ler histórias cheias de aventura, heroísmo e ficção científica, enquanto as garotas eram instruídas a ler fábulas e contos de fadas, as quais servem como um verdadeiro manual para criar a mulher 'bela, recatada e do lar'", explica, enfatizando que é preciso também entender a origem dessa forma de literatura. “As HQs basicamente surgiram nos fandoms, onde só tinham garotos, nos anos 1920. Depois vieram os Syndicates, que eram empresas com dinheiro para comprar, produzir e distribuir o material que era criado. Esse meio também era dominado por homens”, pontua a pesquisadora. Tudo isso influenciou na indústria das HQs. Afinal, quadro a quadro, as mulheres eram criadas e representadas majoritariamente por eles. “Talvez esse fato tenha relação com o imaginário que os quadrinhos são literatura para garotos”, acredita Rayza.
É por essas e outras que algumas artistas desistem. Abandonam os quadrinhos e buscam caminhos menos áridos. “Boa parte das quadrinistas mulheres ficam em casa e compartilham seus trabalhos apenas com amigas. Que eu saiba, apenas umas três ou quatro (a maioria ilustradoras) estão atuando de forma visível no Recife”, constata a criadora do Sombras do Recife, Roberta Cirne. Em sua opinião, o modo como a indústria categorizou as HQs teve grande parte na questão da problemática de gênero que envolve o meio no País, geração após geração. “Havia quadrinhos para meninas até certa idade, depois apenas super-heróis, o que focava no público adolescente masculino”, relembra Roberta sobre o que encontrava nas bancas e livrarias em sua infância. É uma reação em cadeia. Se as meninas eram instruídas a lerem contos de fadas, certamente os bibliotecários e livreiros acabariam separando os livros de autoras ou os considerando como “feitos para meninas” quando eles organizavam suas estantes. Mas, afinal, o que define uma mulher para se ter um universo feminino? Se gêneros são construídos, nada é intrinsecamente feminino. É aí que o mercado erra: quando considera essa produção como gênero narrativo e a deixa de fora do universal. As publicações tem que olhar para os artistas da mesma maneira. E não de acordo com o nome ou gênero de cada um.
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Na década de 1960, algumas mulheres já coloriam ou arte-finalizavam HQs, mas usavam somente as iniciais de seus nomes com o intuito de disfarçá-los no meio das demais assinaturas de homens que apareciam nos créditos. Petra Goldberg, por exemplo, era creditada como P. Goldberg nas histórias do Drácula. Essa já era uma marca de como a indústria se comportaria por anos. Até mesmo a Sheena, uma das personagens mais conhecidas da Era de Ouro das HQs, fica no imaginário geek como se tivesse sido produzida apenas por homens. “Sheena já chegou a ter muitas mulheres envolvidas em sua revista, como a Ruth Roche e a Jean M. Press. Elas trabalharam como produtoras para a Fiction House (1920-1950), editora americana que ficou conhecida por ser a que mais contratou mulheres durante a Segunda Guerra Mundial”, lembra Rayza, citando mulheres quadrinistas pioneiras como Jackie Ormes, que criou a tirinha Torchy Brown in Dixie Harlem entre 1937-1938; Dale Messick, criadora da personagem jornalista Brenda Starr nos anos 1950; e June Tarpé Mills, a primeira mulher a escrever e ilustrar uma HQ com uma super-heroína, que era a Miss Fury (Mulher Pantera no Brasil).
A tradição de colocar arquétipos em personagens tampouco ajudava as mulheres a saírem da invisibilidade no meio das HQs. “Enquanto os personagens masculinos costumam representar coragem, justiça, sacrifício, paradigma moral e concretude social, as personagens femininas sempre seguiam os arquétipos de donzela, mãe e anciã, mesmo quando ela é guerreira”, constata Rayza. Esse imaginário estereotipado fez com que os homens não conseguissem se identificar com HQs protagonizadas por mulheres, o que ocorre até hoje. “Eu, enquanto mulher, não me identifico com esse tipo de personagem, imagina os homens”, declara Rayza. Por isso é preciso fazer circular as experiências e as criações das novas artistas e manter a memória daquelas que fizeram parte dessa história ainda pouco democrática.
Texto originalmente publicado no JC Online, em 6 de novembro de 2017.
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CASTILLO, José, M. A Ética de Cristo. Trad. Alda da Anunciação Machado. Editora Loyola, São Paulo, 2016.
Resenhado por Rodrigo de Almeida Pimenta
José Maria Castillo (nasc. 1929) é doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma. Foi professor na Faculdade de Teologia de Granada (Espanha), na Universidade Centro-americana José Simeón Cañas de El Salvador, e convidado da Universidade Gregoriana da Roma e da Pontifícia Comillas de Madrid. Fundador e membro da Associação de Teólogos e Teólogas João XXIII. Tem numerosas publicações na área de Cristologia, Eclesiologia e Espiritualidade.
Em sua obra A Ética de cristo Padre José trabalha de forma critica o conceito e a aplicação da moral feita pelos cristãos, é um livro dirigido aqueles que desejam conhecer e configurar-se mais com Jesus de Nazaré, ouso em dizer que além de ser um livro de moral fundamental, também é um livro de cristologia. O que pode ser visto nos inúmeros tópicos em que ele busca a raiz cristológica para entendermos a ação de Cristo
Em seu primeiro capítulo ele traz o título que poderia também ser atribuído a capa do livro, Uma ética desconcertante, realmente o livro tende a ser desconcertante, em suas amplas críticas é difícil o leitor cujo não tenha algo delas para aplicar na vida. E isso é o cristianismo, pois o que Jesus nos trouxe e viveu foi um modo de vida que cobrava do seu interlocutor uma mudança, vale lembrar que os interlocutores de Jesus foram muitos, pecadores públicos, homem da religião, pobres, ricos, enfermos e etc.; então desde o inicio podemos dizer que esse pedido de mudança é a todos.
Quando dizemos que tem que mudar, de imediato já nos perguntamos para onde? Para responder essa pergunta penso que seja necessário conhecer o centro da missão de Jesus. Com convicção podemos dizer que o cerne da missão de Jesus é o anúncio e aplicação do Reino de Deus, reino esse que tem como centralidade a promoção da vida em todos os seus aspectos, sobretudo onde ela é mais afetada, nos pobres. A ética de Cristo é a ética da humanização onde o transcendente se encontra no imanente como pode ser visto em Mt25.
Contrário a isso alguns poderiam tentar sua fuga pela desculpa de que Deus é o absoluto, o transcendente o inalcançável e etc. mas quando falamos em cristianismo devemos lembrar que o nosso de Deus se encarnou e ó se pode compreender Deus a partir daquele que o revelou. Também da encarnação tiramos uma lição moral, Ele não quis se encarnar no meio dos poderosos, dos grandes dos ricos, mas sim no meio dos pobres, do povo simples. Até mesmo quando opta por iniciar o anuncio do reino ele escolhe por esse caminho dos pobres, quando escolhe a Galileia para ser seu primeiro interlocutor, mostra que o seu anuncio é para os desgraçados, quebra a ideia de que quando o santo entra em contato com o profano, ele é profanado, Ele mostra que quando o sagrado toca o profano, esse é santificado. É uma moral do contato, do toque nas feridas, uma moral do encontro com a dor do outro.
Voltando a falar da necessidade de ser ter base na escritura o autor dedica o seu quarto capítulo para comentar a forma que Jesus de Nazaré ficou marcado para aqueles que estiveram com Ele. No livro dos atos dos apóstolos no capítulo 10 versículo 38 vai dizer que Ele passou por toda a parte fazendo o bem. Mas se realmente queremos entender como foi a práxis de Jesus devemos nos perguntar, o que é fazer o bem? Os fariseus dentro de sua bolha religiosa pensavam que apenas no cumprimento dos preceitos religiosos já faziam o bem, bem esse amplamente associado a pureza, também na contemporaneidade não são poucos os que tem atitudes que dizem ser boas, mas que na realidade são prejudiciais. Se queremos saber se algo é bom devemos indagar aqueles que foram receptores de tal ação, pois o bem não está limitado a minha consciência, mas no semblante do que convive comigo. Jesus nunca disse para aqueles que estavam com Ele, eu os amo muito, mas por suas atitudes todos que conviveram com Ele saíram se sentindo muito amado.
Ainda que até aqui o assunto tenha sido pontuado de forma quase sistemática, sabemos que na realidade do dia a dia não é assim, quando passamos por um irmão de rua não abrimos a Bíblia para ver que ação devemos ter, a nossa resposta deve ser algo que já esta interiorizado em nós, e o que esta mais em nós de que nossa humanidade? O que Jesus nos pede é que sejamos humanos, que não enxerguemos apenas o dever, mas que consigamos ver a necessidade do outro. É o princípio da compaixão se doar até mesmo por aqueles que não podem retribuir.
No oitavo capítulo o autor começa a trabalhar uma temática muito importante e muito prática para nossa vida, como devem ser nossas atitudes frente a situações que podem nos gerar poder? Um dos temas que Jesus é mais enérgico para combater é a busca de poder por parte dos discípulos, a vontade de ser o primeiro, de ser o que manda nos outros etc. Jesus assim como diz o autor no nono capítulo traz uma proposta de felicidade, exposta nas bem-aventuranças, lá o que sofre, o que fica em último etc., ou seja, aqueles que não estão com o poder, que não estão acima dos outros. O autor também gasta algumas linhas para compara Jesus e Moisés, em está a lei e é uma obrigação segui-las, em Jesus estão as bem-aventuranças(makariói) e são uma proposta. Aqui cabe questionas se o grande número de preceitos que temos hoje tem gerado alegria ou fardo na vida das pessoas? Por vezes atrás da “perfeição” alguns líderes acabam colocando tanto peso sobre as pessoas que essas ao invés de se aproximar da alegria ficam cada vez mais amarguradas. Também é justo analisar se em nossas comunidades temos buscado mais o poder ou o serviço?
Pode ser que nós estejamos buscando o serviço, mas quando encontramos realidades que contrariam o evangelho como temos agido? Segundo o autor, a violência também provoca dor e se queremos um exemplo podemos ver Jesus que não permaneceu indiferente a nossa realidade, o bem que deixamos de fazer também é um mau. Diante dos outros deveríamos ter um estremecimento das entranhas (splagehnizomai), um desejo interno de que os outros saiam, mais felizes e mais próximos do evangelho depois de encontrarem conosco.
Confesso que o capítulo 10 foi um dos que mais me chamaram a atenção, nele o autor vai tratar sobre Jesus e o dinheiro, é comum que escutemos alguns que de modo radical demonizam o dinheiro, outros contariam essa interpretação e dizem que não tem problema nenhum o dinheiro, mas qual é a verdadeira interpretação que devemos fazer? Para responder essa questão o autor vai bem afundo e explica o que é capital, como Jesus reagiu diante dos ricos e até mesmo como funciona o sistema capitalista.
O centro do problema não está no dinheiro, mas sim no apego, no fato de acumular para si, de não buscar o beneficio do outro com a rotatividade desse. Que é muito comum no capitalismo, em um século que quase tudo é polarizado, qualquer livro que critique a “direita” já seria visto como obra de comunista, mas penso que não seja bem assim, o pensamento marxista já foi condenado muitas vezes e não faltam escritos eclesiásticos que falem disso. Já com relação ao capitalismo se fala muito pouco e acabou ficando normal a pregação onde Jesus torna a pessoa rica, poderosa, superior etc. o que me parece após a leitura do livro, uma situação distante do que Jesus de Nazaré escolheu.
Nos dois últimos capítulos padre Castillo volta tratar sobre o poder e apresenta como era a autoridade de Jesus e por fim cometa sobre a realidade da religião frente a diversidade que se vive na contemporaneidade; o cristianismo não pode fugir da realidade e viver alienado ao mundo, assim o autor comenta a forma que a religião tratou o sexo e como isso podes ser visto em uma visão de controle.
Creio que o tema central desse ultimo capitulo seja a critica as pessoas que buscam na religião motivos e desculpas para excluir o outro, a religião vira uma bolha e quem não se configura as leis dessa bolha deve ser excluído, se transforma em um grande puritanismo, mas Jesus não foi assim, ele acolhia o pecador, dividia a mesa com eles.
A reflexão sobre a ética é algo central e de necessidade imediata para o cristianismo, sobretudo em nosso século que passa por milhares de mudanças em um tempo muito curto, pensando assim creio que a forma como o livro trata ética seja de grande importância, pois ele não traz situações já fechadas, não traz uma lista de leis a serem seguidas, mas traz uma base cristologica para que sejamos capazes de refletir de forma ética frente as mais variadas situações.
Confesso que sendo fruto de uma geração religiosa marcada pelo “conservadorismo” da religião católica onde se valoriza a Tradição e muitas tradições, não é fácil ler e dialogar com um texto tão crítico, mas a ética de Cristo é um a ética desconcertante e se temos em nós um desejo real de estar no seguimento de Jesus devemos estar aberto a críticas e a conversão.
Concluo essa resenha lembrando que a ética de Jesus, é a ética da felicidade, a ética da escolha pelos últimos lugares e não a escolha pelos tronos e pelo poder, voltando as bases bíblicas podemos dizer que – se alguém quiser ser o primeiro seja aquele que serve a todos- Mc 9,35, em nosso tempo como é necessário que a igreja lembre da diaconia, por vezes focamos em conhecer todas as necessidades do templo e nunca lembramos da necessidade do irmão que esta caído na calçada, interpretamos a Palavra de Deus de centenas de forma, mas nunca deixamos que ela nos converta e nos leve aos outros. Esquecemos que para entender Deus devemos conhecer Jesus, conhecer o Deus que se fez humano, e lembrar que para fazer a vontade de Deus não devemos ficar tentando de tornar divino, mas nos doarmos com todas as forças para sermos humanos e gerarmos humanidade nos outros.
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nafiladopao · 11 years
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A incomunibilidade de Antonioni
Para alguns o cinema de Michelangelo Antonioni é parado e pode levar ser um pouco cansativo. Bergman considerava alguns de seus filmes "masterpieces" mas outros deles, entediantes. Orson Welles uma vez disse algo mais ou menos assim "...ele filma uma mulher andando pela estrada. Aí você pensa: ele não vai filma-la até chegar ao fim da estrada. Mas ele filma, e depois que a mulher some, ele continua a filmar a estrada". Já Tarkovski o tinha como um de seus diretores preferidos, para Scorcese ele libertou o cinema. Eu o acho sem dúvida um dos mais interessantes, um cineasta que criou sua própria linguagem, e fez filmes belíssimos, e não só do ponto de vista estético. Essas características que muitos desgostam estão em seus filme propositalmente, e fazem parte de seu estilo. "Blow Up" e "A Aventura" giram em torno de mistérios que não são resolvidos, o foco e a mensagem não estão na resolução desses mistérios, ou fazer um grande filme de suspense. A monotomia e as imagens estáticas tem algo a dizer, se comunicam tanto quanto diálogos. Apesar de eu ter uma queda meio que inconsciente por diálogos intermináveis em roteiros (vide Woody Allen) não acho difícil me entreter no silêncio de Antonioni.
A TRILOGIA DA INCOMUNIBILIDADE
Na realidade Antonioni nunca falou sobre uma trilogia, mas os filme "L'avventura" (1960) "La Notte" (1961) e "L'eclisse" (1962) foram assim chamados. Eles estão de fato ligados uns aos outros, então faz sentido serem chamados assim. Antonioni ainda diz que na verdade não são três filmes ligados por uma mesma temática, e sim quatro, referindo-se a "Deserto Rosso" (1964). Todos com sua musa: Monica Vitti, não tão conhecida internacionalmente quanto as estrelas do cinema italiano: Sophia Loren e Claudia Cardinalle, mas ótima atriz e tão bonita quanto (já que que para uma mulher e atriz, a beleza -dentro de padrões- é quase uma obrigatoriedade). A trilogia de Antonioni me deixou instigada, e resolvei escrever sobre esses filmes pra mim mesma. Para colocar pra fora o que absorvi como telespectadora e estudante de cinema.
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A Aventura
A história começa quando Ana sai para uma viagem com sua amiga Cláudia (Monica Vitti), elas irão para uma ilha com amigos e o noivo de Anna, Sandro. Percebemos Ana pensativa desde quando aparece. Na ilha, em uma conversa com Sandro, ela fala que não sabe mais se ainda quer se casar, ou o que quer fazer. Sandro não lhe da muita atenção ou tem uma conversa de verdade com ela e tira um cochilo, todos fazem o mesmo, Ana desaparece.
Quando lançado, "A Aventura" não foi compreendido por público e imprensa (apesar de ter vencido o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 1960). Não é um filme que fala sobre um único assunto, fiquei ligando esses pontos que ele nos deixa e pensando no que ele realmente quis dizer. Mas a questão é que as vezes entendemos algo diferente do que o autor esta propondo, é como música, pode ter um significado diferente pra quem fez e pra quem escuta, porque a obra passa a se tornar também do público. Não acho que devemos ficar prestando atenção em cada detalhe analisando "isso quer dizer aquilo, e aquilo quer dizer isso" as vezes aquilo e isso não querem dizer nada, mas também podem estar dizendo tudo. Mas a verdade é que há certos autores, como o próprio Antonioni, que sabemos que não colocaram certas coisas na tela, à toa.
A Aventura (assim como os outros filmes da trilogia) trata de crise existencial, alienação, superficialidade, e o homem contemporâneo, o que de certa forma implica na falta de comunicação. A falta de comunicação acontece principalmente entre os casais, que estão presentes nos três filmes. Anna e seu noivo não conseguem se entender e ela que se mostra em crise, desaparece. Em pouco tempo, depois de procurá-la, seu noivo e amigos logo a esquecem e voltam a se distrair com superficialidades. Antonioni mencionava alienação e crise existencial em suas entrevistas, mas falava principalmente da falta de comunicação entre os casais da atualidade (em que vivia), o machismo dos homens italianos (é muito claro sua visão sobre os gêneros em seus filmes) e a doença de Eros (quando o sexo, erotismo substituem ou/e preenchem sentimentos, ou a falta deles) principalmente no sexo masculino, exceto por uma personagem ninfomaníaca, no início de La Notte.
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Monica Vitti, como Cláudia.
Quando Ana discute a relação com Sandro ele pergunta se está tudo bem, e comenta sobre o encontro que tiveram mais cedo naquele dia, referindo-se a hora em que transaram. E ainda na ilha, pouco depois do desaparecimento de Anna, ele já começa a investir em Cláudia (personagem de Vitti) amiga de Anna e a menos alienada e preocupada com o sumiço da amiga, pelo menos até certo ponto do filme. Mais pra frente a preocupação de Sandro passa a ser transar com ela. Assim como Anna, os outros personagens do filme também estão infelizes com suas vidas, mas estão sem forças pra fazer alguma coisa a respeito. Assim como nós, que assistimos ao filme. As ilhas mostradas e citadas em algumas cenas, são metáforas para o vazio dos personagens. Por ser um filme para instigar o telespectador, que pode se entediar ou captar a mensagem, não nos é dado uma solução. Ele não dará de graça um final, ou só mais uma história para nos entreter, quando ele mostra os personagens apáticos, está falando conosco. Se prestarmos atenção, vamos nos pegar esquecendo Ana também.
Muitas pessoas após assistirem à Blow Up (talvez seu filme mais famoso, e acho que único em língua inglesa e gravado fora da Itália) disseram que ficaram decepcionados por aquele mistério com potencial para um bom filme de suspense, não ter tido uma resolução. Bem vindo ao mundo de "Antô" e deixe o bom suspense para Hitchcock. Ana não é achada no fim do filme, e o que importa? Ela é só um pretexto para nos fazer pensar em outras questões, ela sumiu para que prestássemos atenção no que seu sumiço causou, ou não causou.
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Eclipse
O filme começa com o término de um relacionamento, e podemos dizer que termina do mesmo jeito. Nesse filme é mais visível a dificuldade de comunicação entre os casais, é um filme mais difícil e cheio de metáforas, principalmente com a arquitetura da cidade.
O mal estar da sociedade burguesa e elitista está tão presente em Eclipse quanto em A Aventura. Se Pasolini tinha pavor e repulsa à burguesia (fez apenas um filme que se passava ao redor dessa, Teorema. De uma forma crítica, claro) Antonioni só falava dela, porque era o que conhecia, dizia ele, e fazia com sensibilidade e criticidade. Porém se dizia um intelectual marxista.
Vitória (Monica Vitti) está perdida e confusa como Lídia de A Noite, e é sensível como Cláudia de A Aventura, mas mais parecida com Valentina, também de A Noite. E está em crise, como Giuliana de Deserto Vermelho, aliás a crise é o conecta todas essas personagens. Piero, personagem de Delon, representa o lado vazio e alienado da modernidade. Talvez Eclipse mostre mais o tédio do homem contemporâneo, e as características da sociedade que o faz assim. Tédio que é também mostrado em Blow Up.
A sequência final de uns 7 minutos é meio abstrata, planos de cantos da cidade em momentos que antecedem um eclipse. Muitos acabariam logo com o filme quando o casal se despede, mas não seria um filme de Antonioni.
"Porque não seria exagero algum afirmar que o final de O Eclipse, no qual Antonioni elimina os personagens de cena para fotografar pequenos cantos vazios da cidade, vagando sem rumo com sua câmera densa, inquieta, através de esgotos, sarjetas e construções incompletas, e terminando o desfecho com a imagem do sol se apagando para dar espaço às luzes da cidade, é o melhor, mais simbólico, representativo e impressionante de todo o cinema. Porque o eclipse, período durante o qual o mundo pára, estagna, foi transportado da natureza para a sociedade contemporânea, através da automatização das relações humanas. E o alvo do encobrimento, desta forma, são os próprios sentimentos" (DALPIZZOLO, Daniel - http://multiplot.wordpress.com/2008/05/12/o-eclipse-michelangelo-antonioni-1962/)
Esse filme poderia ser visto só pela fotografia de Gianni Di Venanzo. Na verdade, todos os filmes da trilogia devem ser vistos pelas belas imagens e por acima de tudo falarem sobre estar vivo, e nas dores e confusões que isso implica.
"Enquanto houve amor, houve entendimento...Nada havia a entender"
“Estou cansada, deprimida. Chateada e desorientada.(...) Há dias em que ter na mão um tecido, um livro, um homem, é a mesma coisa”
"Alguma certeza deve porém existir, se não a de amar bem, ao menos a de não amar". Dylan Thomas
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A Noite
É o filme com mais diálogos. Os principais personagens são atores de primeira: Monica Vitti (mais uma vez, dessa vez apenas como uma coadjuvante da noite) a francesa Jeanne Moreau e Marcello Mastronioni.
Trata-se de um casal em um relacionamento morno, quase esfriando. Marcello Mastroianni é um escritor com um bloqueio criativo para escrever seu próximo livro (assim como Guido, seu personagem em Otto e Mezzo, de Fellini). Jeanne Moreau é sua mulher e está com um amigo próximo a beira da morte. Uma noite eles vão para uma festa e acabam enxergando o que na verdade já enxergavam há um tempo.
Lídia: Você não sabe o que significa sentir todos esses anos pesando em você e não entendê-los mais. Essa noite, eu quero morrer. Eu juro. Pelo menos essa ansiedade acabaria e algo novo poderia começar.
Valentina: Talvez nada.
Lídia: Sim, talvez nada.
Em um das melhores cenas do filme, a cena final, Lídia tira uma carta da bolsa e começa lê-la para Giovanni:
"Hoje, quando acordei, você ainda dormia. Aos poucos, acordando, senti sua respiração leve. E através dos cabelos que escondiam seu rosto, vi seus olhos fechados e senti uma comoção subindo à garganta. Tive vontade de gritar e acordá-la pois o seu cansaço era profundo e mortal. Na penumbra, a pele dos seus braços e pescoço estava viva e eu a sentia morna e seca.
Queria os lábios nela mas o pensamento de perturbar seu sono e de ainda tê-la em meus braços, me impedia. Preferia tê-la assim, como algo que ninguém tiraria de mim, pois só eu a possuía. Uma imagem sua para sempre. Além do seu rosto, via algo mais puro e mais profundo onde eu me refletia. Eu via você numa dimensão que englobava todo o tempo da minha vida.
Todos os anos futuros e os que vivi antes de conhecê-la, mas já pronto para encontrá-la. Este era o pequeno milagre de um despertar. Sentir pela primeira vez que você me pertencia, não só naquele momento, e que a noite era eterna ao seu lado.
No calor de seu sangue, de seus pensamentos, da sua vontade, que se confundia com a minha. Por um momento, entendi o quanto a amava, Lídia, e foi uma sensação tão intensa que meus olhos se encheram de lágrimas.
Eu pensava que isso jamais deveria terminar. Que toda nossa vida deveria ser como esse despertar. Senti-la não minha... mas como uma parte de mim. Uma coisa que respira comigo e que nada pode destruir, a não a ser a indiferença de um hábito que considero a única ameaça. Então, você acordou, e sorrindo, ainda adormecida, me beijou e eu senti que não havia nada a temer. Que seríamos sempre como naquele momento, unidos por algo que é mais forte que o tempo e o hábito."
Giovanni: Quem escreveu isso? Lídia: Você."
de fevereiro de 2010.
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gurgel70 · 7 years
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A “Vibe” do Suicídio.
          No momento em que o suicídio é revelado entre as principais causas de morte de adolescentes, o mundo começa a sentir a necessidade de renunciar ao método da cegueira voluntária para enfrentar a problemática com a atenção que o tema requer. A preocupação com os filhos, acima de qualquer outra aflição, se destaca nessa guerra do homem contra si mesmo. O que parecia isolado, agora nos desafia como uma tragédia que recai sobre uma juventude inteira. A Geração Beat sugeria jogar tudo pela janela, mas a atual vai além, ela se joga pela janela.
          O desejo pela autodestruição pode advir de uma série de fatores, desde as simples decepções amorosas até as concepções fanáticas em nome de um deus ou de certas convicções políticas. O fato é que nem sempre o fatídico decorre de um estado depressivo que ultrapassa os limites do suportável, embora este seja o diagnóstico mais frequente. Em alguns casos, o indivíduo é levado a suprimir a sua vida ou a permitir que alguém o faça em um rompante altruísta, no sentido de salvar a sua família ou a própria nação. São os casos, por exemplo, do pai que trava luta corporal com um animal feroz até que seus filhos cheguem a um local seguro, do mesmo modo que um soldado, no isolamento da trincheira, retarda o avanço do inimigo a fim de viabilizar a inteira retirada dos seus colegas de farda. Contudo, dispensável o embasamento em dados estatísticos para se admitir que não são as manifestações de amor que costumeiramente levam alguém ao encontro com a morte.
          Alguns dizem que a capacidade de se matar não é restrita aos seres humanos. Há discussões no âmbito científico se realmente o escorpião lança o ferrão em seu próprio dorso quando encurralado por um círculo de fogo ou se essa reação somente ocorre no imaginário popular. Igual debate se dá em relação às baleias, que inspiram o nome do covarde jogo da Blue Whale. Controvérsias à parte, jamais esquecerei os relatos de um veterano da Guerra do Vietnã, que em seu livro sobre o front comenta a respeito do suicídio dos elefantes após presenciarem a execução brutal dos seus donos como efeito da bestialidade da guerra. Segundo o autor, esses animais costumavam se projetar contra as árvores até sucumbirem. De qualquer modo, o certo é que os irracionais também reagem de forma surpreendente diante do medo, do desespero e da solidão. O desfecho mais comum é a morte por inanição.
          Para Erich Fromm, psicanalista, filósofo e sociólogo alemão (1900-1980), a solidão é o principal motivo do suicídio e é por isso que o homem tende a se associar a alguma coisa maior do que ele, como uma igreja, um partido político, um movimento qualquer, um sindicato ou até mesmo a uma torcida organizada. É claro que alguns exemplos de suicídios coletivos, como os ocorridos no Gueto de Varsóvia, colocam em xeque essa tese, mas é fundamental ponderar que a solidão também pode atingir a coletividade, independentemente de suas vítimas compartilharem o mesmo espaço físico. O mundo tecnológico tem afastado o homem dos seus semelhantes. Ao longo do dia, disparamos inúmeras mensagens via wathsapp, e-mail ou SMS com a sensação de que estamos cumprindo a nossa cota de socialização. Jogamos videogame com o mundo inteiro pelo multiplayer na companhia de parceiros sem rosto, enquanto a televisão se impõe como a principal interlocutora, construindo, em conluio com a Internet, verdades raramente contestadas. Como efeito, o homem vai se isolando paulatinamente, em razão de não possuir mais a condição de entender o processo de evolução tecnológica que o atropela. Pensar parece não ser mais um de seus atributos. Quem sabe, em um dia qualquer, o vazio agravado pela perda do sinal WI-FI não o convidará à covardia da morte?
          A expressão máxima do suicídio foi alcançada por Mary Shelley (1797-1851), em seu romance Frankenstein, escrito por ocasião da disputa com Lord Byron (1788-1824) sobre quem conseguiria escrever o conto mais horripilante. Levando em consideração a época que antecedia a Revolução Industrial, nada mais assustador quanto à discussão sobre os limites entre o divino e o humano, reabrindo o que há de mais elementar no campo filosófico: de onde vim, para onde vou?
          O ser criado pelo cientista Victor Frankenstein não era um monstro, exceto na sua aparência, o que bastou para ser rejeitado pelo seu criador e por todos com quem teve o desprazer de se expor. Por essa razão, passou a viver recluso na floresta, onde pôde contemplar, à distância, a rotina de uma família de camponeses, experimentando, esporadicamente, a companhia generosa de um ancião completamente cego. Porém, quando visto pelos demais, foi atacado e banido em razão de suas feições. Assim, dedicou-se a perseguir o seu criador para exigir o direito que lhe foi negado, ou seja, o de ser feliz no convívio com o próximo. A intransigente recusa do cientista fez com que a criatura fosse tomada de cólera e assassinasse os parentes mais próximos do seu criador. Experimentada a dor da perda, Victor Frankenstein se sente castigado por Deus e acaba reduzindo sua vida ao desiderato da vingança, morrendo ao relento. Para a criatura, a ausência do seu criador significava que estava totalmente só, sem qualquer esperança de salvação. Perdido em meio a intenso sofrimento, conspira para o próprio martírio.
          Obviamente, Shelley venceu o concurso de contos tenebrosos. Pior do que o sobrenatural, só o que diz respeito à natureza humana. A capacidade de autodestruição é inerente a todos e não há quem possa se sentir imune às razões que nos levam a antecipar o inevitável. Prudente é aquele que não paga para ver e não vacila ao vigiar seus impulsos, pois muitos iniciam o processo suicida sem ao menos perceber, seja pelo álcool, drogas, esportes ultrarradicais, excesso de velocidade ou de trabalho. Podem chamar de fuga, mas na realidade é suicídio.
       O homem que se mata, entende a morte menos traumática do que a vida; pretende escapar da angústia que as circunstâncias lhe causam; extermina o corpo para aniquilar as lembranças que degeneram os seus pensamentos e comprometem tudo o que tende a vir pela frente. Com exceção daqueles que ceifam a própria vida sem querer, na tentativa histérica de chamar a atenção, o suicida procura consumar a tragédia com perfeição, muitas vezes digna de um espetáculo cinematográfico, requinte fúnebre que nos faz lembrar alguns versos de Bocage: “quando a morte a luz me roube, ganhe um momento o que perderam anos, saiba morrer o que viver não soube.”.
       A modernidade fez com que o suicídio saísse dos livros e ganhasse espaço nos filmes. Impossível esquecer o realismo com que o problema é tratado na obra Setembro, de Woody Allen. Na mesma linha, outros ganharam mais notoriedade como os aclamados Ensina-me À Viver, Justiça Para Todos, Nascido Para Matar e Sociedade dos Poetas Mortos. Na música, a banda inglesa Pink Floyd chocou o mundo com as cenas de autoflagelação, mas foram os conterrâneos do Judas Priest que acabaram condenados pela justiça, em razão de um jovem ter se enforcado enquanto ouvia a faixa de um dos seus mais famosos álbuns. Nos anos noventa, o grupo Suicidal Tendenceschegou a estar no Top Ten dos Estados Unidos. Entretanto, nada se compara à maneira como o assunto vem se destacando nos dias atuais. Apenas como exemplo, uma das séries com mais audiência no mundo em 2017, produzida pela Netflix, chama-se 13 Reasons Why, cujo enredo versa sobre uma adolescente que corta os pulsos em consequência do incessante bulling sofrido na escola, além de outras formas de violência.
      A onda de suicídios promovida pelo jogo Baleia Azul forçou a quebra do tabu na imprensa. Desde então, uma série de matérias vem sendo publicadas para provocar o debate. Pesquisas apontam que no Brasil o suicídio já deve ser compreendido como uma questão de saúde pública, envolvendo pessoas de todas as idades, incluindo até mesmo crianças na faixa etária de nove anos. No caso brasileiro, a miséria humana chega a níveis tais que chega a ser tão difícil saber o que leva uma pessoa a se matar quanto a querer estar viva. Claro que eu não estou me referindo ao grupo que corresponde a menos de um por cento da população, que possui emprego, recebe um salário digno, tem plano de saúde e possui casa própria. Penso na quase totalidade que quando empregada se pergunta por quanto tempo terá o privilégio de exercer atividade laboral, vive para pagar as despesas ordinárias e mantém o telefone desligado para não ser importunada pelas empresas de cobrança. Quando fica sem trabalhar, entra na disputa para virar as latas de lixo da cidade em busca de comida.
      É verdade que a desgraça financeira não pode ser a única responsável por tirar o brilho da vida. Mesmo entre os mais ricos é possível encontrar muito mais do que treze razões para não desejá-la. Nesse meio é também crescente a desagregação familiar e o estranho orgulho de ser desapegado a tudo e a todos, com exceção daquilo que tenha valor de mercado. Não podemos nos ludibriar pelo que se vê no Instagram o no Facebook, nos quais não somos constituídos de carne e osso, mas por uma massa desforme cuja futilidade é o ingrediente principal. As fotos que intrinsicamente nos enviam mensagens de “olha o meu carro novo”; “vejam que hotel luxuoso eu estou”, “vejam como sou sexualmente irresistível”, “vejam como o meu abdômen está definido”, “vejam como sou destemido” só comprovam a necessidade de camuflar o conhecido vazio que conduz ao suicídio.
      Detalhe curioso é que para esse mal que agora nos assola não temos o Direito Penal como aliado. Nos últimos anos, os brasileiros vêm defendendo a criminalização de todos os comportamentos indesejáveis, como se a ameaça da imposição da pena fosse a solução para todos os pecados. Ocorre que segundo a legislação pátria, o suicídio não é crime, e nem poderia ser. Segundo a corrente doutrinária dominante, para que um fato ganhe o status de infração penal, deve ser típico, antijurídico e culpável, ou seja, definido em lei, contrário ao ordenamento jurídico e que possa recair sobre o autor a responsabilidade penal. A análise quanto à existência do delito precisa ser realizada pela verificação da presença desses elementos, rigorosamente nessa ordem. Não obstante o suicídio ser considerado um fato antijurídico - porque não é dado a ninguém o direito de se matar, levando-se em conta que o Estado deve proteger a vida, bem jurídico indisponível - não é típico. O que está prevista no Código Penal Brasileiro é a conduta daquele que induz, instiga ou auxilia alguém ao suicídio. O indivíduo que o consuma, consequentemente extingue a punibilidade pela morte. A tentativa também não é punível, pois se o suicídio consumado não é crime, a sua forma frustrada não poderia ter outro tratamento. Se o agente pode mais, forçoso concluir que também pode menos. E por amor ao debate, se existisse uma brecha legal para punir o suicida mal sucedido, certamente ele encontraria o motivo para renovar o intento ainda com mais precisão.
        Chegou a hora de colocar a sociedade no banco dos réus. Quando um jovem é asfixiado pelo nó de forca ou se lança em voo eterno do alto de um prédio, não há sequer um único inocente. Qualquer pessoa poderia ter feito algo para tentar evitar. O silêncio diante da agonia alheia constitui a prova que nos incrimina e nos condena. Aquele que nega a sua parcela de culpa poderá ver a própria imagem refletida no espelho sorrindo de desdém, como a personagem criada por Albert Camus (1913-1960), no livro A Queda, que ao passar por uma ponte, ouve o som do mergulho de uma pessoa que se lança às profundezas do rio, mas nada faz.
       Dependendo da concepção que possamos ter da vida, realmente fica impossível compreender o suicídio, e mais ainda desviar alguém desse caminho. Viver significa simplesmente respirar. Tendo sorte, conseguimos amar, e com mais sorte ainda, alcançamos o êxtase de sermos amados. Quando a ideia do que seja viver passa a ter o mesmo sentido de alcançar sucesso no campo profissional, amoroso e financeiro, o suicídio caminha ao lado e nos espera na curva.
Sergio Ricardo do Amaral Gurgel é advogado na AMARAL GURGEL ADVOGADOS, palestrante, autor da Editora Impetus, especialista em Direito Penal e Processo Penal e professor. 
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eliseumachado11 · 7 years
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“Deus ama quem dá com alegria”
Muitos pregadores em inúmeras igrejas pervertem o ensina-mento bíblico sobre ofertas e responsabilidades financeiras dos fiéis. Alguns o fazem por ignorância, e outros por simples ganância. Vamos examinar, neste artigo, o ensinamento das Escrituras sobre as nossas ofertas. Depois, consideraremos diversas maneiras que os servos de Deus podem errar o alvo em relação às ofertas e o uso do dinheiro no reino do Senhor.
Um resumo do ensinamento bíblico sobre a oferta
Na época dos patriarcas: Não temos relato de alguma regra sobre ofertas antes da lei de Moisés. Sabemos que a oferta de Abel agradou a Deus, e a de Caim, não lhe agradou. É interessante observar que Deus não achou necessário nos revelar o motivo de seu desprezo. Sabemos que Abrão pagou a Melquisedeque o dízimo (10%) dos despojos de uma vitória militar (Gênesis 14:18-24). Neste caso, também, Deus não nos revelou o motivo e não falou se era ou não o costume de Abrão dar o dízimo de tudo que recebia. Se houve alguma lei atrás disso, exigindo que Abrão desse o dízimo, as Escrituras não a relatam. As pessoas que alegam algum tipo de lei geral do dízimo de tal exemplo estão ultrapassando a palavra do Senhor. Jacó jurou que, se Deus fosse com ele na sua jornada, daria o dízimo depois de voltar (Gênesis 28:20-22). Aqui, o texto se trata de um voto, ou uma obrigação que a própria pessoa assumiu, e nada diz de lei ou dever imposto por Deus (veja a natureza voluntária de votos em Números 30:1-16; Deuteronômio 23:21-23; Provérbios 20:25).
Na Lei de Moisés: Na Lei de Deus dada pela mão de Moisés, o dízimo se tornou obrigação dos israelitas. Eles fizeram, também, várias outras ofertas, diversos sacrifícios, etc. Os dízimos são mencionados em mais de 20 versículos, de Levítico a Malaquias. Todas essas citações se referem ao povo de Israel. No trecho de Malaquias 3:6-12, freqüentemente citado em algumas igrejas, hoje em dia, para obrigar as pessoas a dar o dízimo, podemos ver que um povo material (os israelitas, 1:1) habitava numa terra material (Israel) onde produzia frutos do campo e tinha obrigação de dar os dízimos. Assim fazendo, este povo seria abençoado materialmente por Deus. Quando o povo não deu a devida importância aos dízimos, foi repreendido pelo Senhor por meio do profeta Malaquias. Quem utiliza as palavras de Malaquias para fazer regras sobre dízimos, hoje, está distorcendo as Escrituras. A igreja de Jesus é um povo espiritual que habita noEspírito e recebe bênçãos espirituais. Há, sim, um aspecto material ao nosso trabalho, que será abordado ainda neste artigo, mas temos que reconhecer a diferença entre a igreja do Novo Testamento e o povo de Israel do Velho Testamento. Deus, por intermédio de Moisés e diversos profetas (Hebreus 1:1), revelou a sua vontade ao povo de Israel. Aquela lei (observe que Jesus ensinou que a lei não fosse limitada aos livros de Moisés, veja João 10:34-35) governou o povo de Israel durante 1.500 anos. Hoje, ele tem falado pelo Filho e seus apóstolos, e a sua Nova Aliança é o que governa os cristãos (Hebreus 1:2; 2:1-4; 7:12; 8:6-13; 9:15). Aprendemos muitas coisas importantes das promessas e dos exemplos do Velho Testamento (Romanos 15:4; 1 Coríntios 10:6). Mas, as doutrinas que a igreja ensina e as regras que ela segue vêm da Nova Aliança, e não da Antiga. Quem volta à Antiga para se justificar perde a sua comunhão com Cristo (Gálatas 5:4).
Na Igreja do Novo Testamento: A Nova Aliança coloca a oferta no contexto de um reino espiritual com uma grande e urgente missão. As contribuições feitas na igreja não são impostos pagos num sistema teocrático. No ensinamento dado aos discípulos de Cristo, não encontramos tributação obrigatória. Em contraste com as leis específicas do Velho Testamento, o Novo nos ensina sobre a importância das nossas ofertas para cumprir a missão que Deus deu à igreja. Cada pessoa verdadeiramente convertida a Cristo dará conforme as suas condições por querer participar do trabalho importantíssimo da igreja. No que segue neste artigo, vamos examinar esses ensinamentos sobre as ofertas dos cristãos.
O que Deus pede aos cristãos
Ofertas conforme a nossa prosperidade (1 Coríntios 16:1-2). Embora este trecho trata de uma necessidade específica (os santos necessitados em Jerusalém), ele ensina um princípio importante que ajuda em outras circunstâncias. As necessidades podem ser diferentes, mas a regra de ofertas continua a mesma. Devemos dar conforme nossa prosperidade. Quem não possui nada e não ganha nada não terá condições de ofertar (veja 2 Coríntios 8:12). Mas, qualquer servo do Senhor que goza de alguma prosperidade deve ofertar.
Ofertas feitas com amor e sinceridade (2 Coríntios 8:8-15). Paulo comenta sobre as contribuições dos coríntios: “Não vos falo na forma de mandamento, mas para provar, pela diligência de outros, a sinceridade do vosso amor; pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (versículos 8 e 9). Algumas pessoas, querendo fugir da responsabilidade de ofertar, distorcem o sentido deste trecho: “Está vendo? Não é mandamento Então, eu posso ofertar ou não; não faz diferença” Tal interpretação está totalmente errada por, pelo menos, dois motivos: 1. Distorce o sentido do versículo. A construção gramatical “Não isso, mas aquilo” é usada várias vezes no Novo Testamento para enfatizar uma coisa, sem negar a outra. É uma comparação de duas coisas, dizendo que uma é mais importante. Assim, a missão de Jesus enfatizava a salvação, sem negar o aspecto de julgamento (João 3:17; 5:22). O homem deve trabalhar para a vida espiritual, sem deixar de sustentar a sua família (João 6:27; 2 Tessalonicenses 3:10; 1 Timóteo 5:8). Paulo pregou o evangelho, mas nunca negou a importância do batismo (1 Coríntios 1:17; Gálatas 3:27). Ele não condenou o uso de vestimentas ou jóias, mas enfatizou o homem interior (1 Timóteo 2:9-10; veja 1 Pedro 3:3-4). Voltando ao texto de 2 Coríntios 8:8, Paulo está dizendo que o motivo maior é o amor, sem negar a responsabilidade já dada por mandamento. 2. O cristão que recusa dar, dizendo que não é mandamento, não mostra o amor que Deus pede. A pessoa que tem prosperidade tem obrigação de ofertar? Sim. Deve fazê-lo principalmente por obrigação? Não. O amor sincero é motivo muito maior. O amor é citado inúmeras vezes nas Escrituras como motivo para nosso serviço. Isso inclui as ofertas.
Ofertas segundo tiver proposto no coração (2 Coríntios 9:7). O amor, a generosidade e a prontidão para a obra do Senhor são características do servo de Deus. Antes de ofertar o nosso dinheiro, devemos nos entregar ao Senhor (2 Coríntios 8:5).
Ofertas feitas para participar da graça de Deus (2 Coríntios 8:1-7). Tendemos a pensar em graças concedidas como bênçãos para nosso próprio consumo. Mas, biblicamente, graças concedidas são oportunidades para servir e glorificar ao nosso Senhor. O privilégio de participar do trabalho do reino de Deus é uma enorme bênção.
Ofertas feitas como sacrifícios agradáveis a Deus (Filipenses 4:17-18). As ofertas do cristão não são apenas o que sobra depois de satisfazer os nossos próprios desejos. Pessoas que sempre querem receber, ao invés de procurar dar liberalmente, não servem a Cristo (veja a repreensão forte de Tiago 4:1-4). Paulo disse que as ofertas são sacrifícios. Dinheiro que poderíamos empregar em outras coisas, até coisas egoístas, será doado para fazer a obra do Senhor.
Ofertas feitas para completar a obra começada (2 Coríntios 8:11). É uma coisa querer fazer uma boa obra. Podemos pensar, planejar, conversar, etc. Mas, uma vez que assumimos compromisso para fazer uma obra, devemos fazer tudo possível para cumprir a nossa palavra. Uma igreja que segue o ensinamento do Novo Testamento naturalmente assumirá compromissos. Além de cuidar dos santos necessitados (veja, além destes trechos nas cartas aos coríntios, os exemplos de Atos 4:32-37; 6:1-7; etc.), uma igreja que entende a importância de sua missão espiritual se dedicará à divulgação do evangelho e à edificação dos santos. Naturalmente, procurará oportunidades para sustentar evangelistas e presbíteros fiéis que se dedicam ao trabalho do Senhor (1 Coríntios 9:4-14; 2 Coríntios 11:8; Filipenses 4:10,15-18; 1 Timóteo 5:17-18). Uma vez que a congregação aceita a responsabilidade de sustentar um desses homens, ela deve se esforçar para completar a obra. Não seria justo pedir para um homem se dedicar ao evangelho, deixando seu emprego ou profissão, só para passar fome meses ou anos depois. Quando o povo na época de Neemias não cumpriu seus compromissos e deixou os servos de Deus desamparados, Neemias o repreendeu fortemente (veja Neemias 13:10-11).
Perguntas práticas
Quando? Em termos de ofertas na igreja, a única passagem que fala sobre quando fazê-las é 1 Coríntios 16:1-2. Cada discípulo viria de casa já preparado para ofertar no primeiro dia da semana, o mesmo dia que reunimos para participar da Ceia do Senhor (veja Atos 20:7).
Quanto? Já observamos que a lei do dízimo fazia parte da Antiga Aliança. Mas, antes de concluir que qualquer ofertinha serve, mesmo sendo uma parte muito pequena de sua renda, considere alguns fatos sobre o nosso serviço a Cristo no Novo Testamento:
A missão da igreja na Nova Aliança é maior.
As bênçãos em Cristo são muito superiores às bênçãos do Velho Testamento.
As coisas de Deus devem ser primeiras nas nossas prioridades.
É mais abençoado dar do que receber.
Deus ama quem dá com alegria.
Nenhum homem hoje tem direito de estipular para os outros a quantia ou porcentagem da renda que o cristão deve ofertar. Mas, cada discípulo deve pensar bem sobre o privilégio e a responsabilidade de contribuir ao trabalho do Senhor. Uma vez que tudo é melhor na nova aliança, será que Deus quer que demos ofertas menores?
Como aplicado? Dinheiro dado para o trabalho da igreja deve ser aplicado exclusivamente nas coisas que Deus autorizou que a igreja fizesse. Os homens que desviam o dinheiro da oferta para criar ou manter instituições humanas ou outras obras não ordenadas pelo Senhor estão ultrapassando a doutrina dele (veja 1 Coríntios 4:6; 2 João 9).
Administrado por quem? No Novo Testamento, o dinheiro da igreja sempre foi administrado por homens fiéis e responsáveis. No início, os apóstolos recebiam as ofertas (Atos 4:37; 5:2). Mais tarde, os presbíteros recebiam o dinheiro dado (Atos 11:30). Sabemos que o trabalho de administrar, supervisionar e guiar a igreja local cabe aos presbíteros (veja 1 Timóteo 3:5; 5:17). Em Atos 6:1-7, homens sábios, espirituais e de boa reputação foram escolhidos para administrar um aspecto do trabalho da congregação. Quando dinheiro foi levado de uma cidade para outra, mensageiros fiéis foram eleitos nas igrejas, assim evitando qualquer tipo de escândalo (2 Coríntios 8:19-23).
Conclusão
Os seguidores de Cristo gozam do grande privilégio de participar do trabalho do reino do Senhor. Sejamos fiéis em cumprir este compromisso com Deus.
-por Dennis Allan D102
http://www.estudosdabiblia.net/d102.htm
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algumaideia · 1 year
Note
tenho uma pequena divagação sobre grande sertão veredas que eu acabei de ter e eu achei que seria interessante compartilhar com vc. gostaria de falar também, que eu acabei de ler o livro, primeira leitura. hahah importante levar isso em consideração
fala-se muito sobre os sentimentos de não aceitação do riobaldo na história, mas eu parei para pensar no que diadorim pensava. pois vamos imaginar que ele fosse mesmo uma mulher que se vestia de homem por quaisquer razão que fosse: o que diadorim pensava sobre os sentimentos que riobaldo tinha por si? se ela sendo mulher e desconfiando que aquele amigo dela a via como homem e isso não o impedia de sentir atração e afeto por ela? pq ela também teria, dado as circunstâncias, a ideia que o próprio riobaldo disse algumas vezes: que o amor entre dois homens não podia acontecer; era impossível. e ela via no riobaldo momentos de ciúme que ele teve (lá no começo qnd alguém mencionou um fulano que era amigo do diadorim e o riobaldo deu umas voltas mas no fim confessou que o que ele sentia era ciúmes e até "confrontou" o diadorim, sabe? eu adoro essa cena) - e o que será que ela pensava? tipo algo, "esse homem que me vê como homem e age desse jeito comigo?"
ou ainda. diadorim que não era mulher - não se sentia, não queria ser - encima de todas essas questões que eu falei. além disso ainda o fato de ele não se sentir mulher e viver como homem pq era o que ele era de fato, e como se já não bastasse isso olha só: ele gosta de homens também.
eu fiquei me perguntando isso sem nenhum fim ou conclusão então as ideias estão meio jogadas mesmo hahah
Oii!!!
Sua pergunta me deixou muito feliz!!
Então eu fui reler a parte em que o Riobaldo chama o Diadorim de meu bem sem querer e a reação do Diadorim é de desprazer. Depois parece q ele dá uma risada sem graça.
Além disso eu não consigo chegar na conclusão se o Diadorim sabia que o Riobaldo gostava dele, pq apesar do Riobaldo ser muito romântico na cabeça dele, fora dela ele não é.
Eu não tenho uma boa resposta pra essa pergunta até agora, desculpa :(
Mas assim, se vc ler a parte em que o Riobaldo chama o Diadorim de meu bem e comenta sobre os olhos dele, você vê o Diadorim desconfortável e desprazido. Qnd eu leio essa parte eu me lembro de quando aqueles homens chamaram ele de delicado e ele saiu na porrada. Não posso dizer como o Diadorim viu esse momento, mas qualquer que foi a interpretação dele, ele não gostou.
Eu acho que independe de do Diadorim ser homem ou mulher ele teria que ter uma pequena jornada para entender e aceitar que o Riobaldo gostava dele como homem e tá tudo bem com isso, de mesmo modo que o Riobaldo precisava lidar com sua homofobia internalizada.
Eu pessoalmente, vendo o Diadorim como um homem trans, acho que se o Riobaldo beijasse o Diadorim ou tornasse os sentimentos dele claros como água o Diadorim ia empurrar ele e ir embora. Depois dele processar tudo ele iria voltar e então eles teriam um relacionamento amoroso.
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