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#posso dizer que estou orgulhosa dessa playlist
leclerqueensainz · 2 years
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Uma Família de Três (C.L 16) - Parte.II Mudanças serão necessárias o tempo todo
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Paring: Charles Leclerc X Marie Anderson (personagem original) ⚠️Avisos: Tristeza, menção a morte, palavrões, menção a adoção. (+16)
03 de Abril de 2018 - Nice, França
-Vocês estão ansiosos pra Bahrain? - Pergunto aos dois pilotos esparramados no sofá.
Era um dia quente na França e eu e Charles viemos  para Nice curtir alguns dias com Jules,  antes que eles tivessem que ir para a próxima corrida que seria no Bahrain.  
Estamos todos jogados no sofá, Charles e Jules sentados comigo deitada apoiando a cabeça no colo de Charles e as pernas no colo de Jules. 
O YouTube está conectado a Tv e passava alguma playlist aleatória, devido a briga entre eu e Charles para escolher uma música mais cedo, Jules sendo o mediador pacífico que é, tomou o controle de nossas mãos e colocou na primeira playlist que viu pela frente. E agora, aqui estamos nós ouvindo Adele. 
-Será minha segunda corrida na Fórmula 1, então sim.- Charles responde enquanto faz cafuné no meu cabelo. 
-Você adora dizer isso, né? - Pergunto inclinando a cabeça e tendo  a visão dele de baixo para cima. Charles tira os olhos do clipe em preto e branco que passava na Tv e desce seu olhar para mim. 
-Falar o quê? - Ele pergunta com um sorriso divertido. 
-Que você está na Fórmula 1. - Digo e ele ri, as covinhas mais adoráveis aparecendo no seu rosto. 
-Sim, mas juro que dessa vez não foi intencional. - Ele diz e eu nego com a cabeça. 
-Você é um idiota. - eu respondo tentando soar seria, mas o sorriso não sai do meu rosto. 
Eu estou tão orgulhosa dele, é seu ano de estreia na Fórmula 1 e ele se saiu bem na primeira corrida da temporada na Austrália. 
-Sabe, te olhar desse ângulo me traz ótimas lembranças de ontem a noite. - Ele diz e se inclina  para me dar um beijo, mas antes que seus lábios cheguem até os meus, uma almofada atinge a cabeça de charles e cai no meu rosto. 
-Não comecem com essa putaria de vocês na minha frente! - Jules fala com cara de nojo. Eu dou risada e Charles arremessa a almofada nele. - Eu não acredito que vocês transaram no meu quarto de hóspedes, eu troquei os lençóis ontem de manhã. - Jules fala inclinando a cabeça para trás e colocando a almofada contra o rosto.
-É claro, você não deixou a gente fazer de novo na sua cozinha. - Charles responde dando de ombros. Sinto meu corpo pegar fogo de vergonha e estico a mão para dar um tapa na cabeça dele.
-Mas é claro que eu não ia deixar vocês transarem na minha cozinha e…. Espera aí- Jules parece  raciocinar o que Charles disse e tira a almofada do rosto nos encarando com um olhar indignado. - Como assim “de novo”?- Ele pergunta e eu escondo o rosto no abdomen de Charles. - Por favor, fala que vocês não transaram na minha cozinha. - Eu permaneço com o rosto escondido e por uma pequena fresta, posso ver  o pomo de Adão de Charles subir e descer. 
-Bem, é que… sabe ? - Charles tenta dizer mas Jules se levanta na maior velocidade e me faz cair no chão. 
-Ai! - Eu exclamo quando minha bunda bate no piso duro e frio. 
-EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊS TRANSARAM NA MINHA COZINHA! - Ele grita com a expressão de puro horror e nojo. 
 -Fala baixo, Jules! Você quer que o prédio todo saiba ?- Eu digo.
-Seus pilantrinhas filhos da puta! Sorrateiros! Eu abro minha casa para vocês e vocês se abrem na minha cozinha ? - Ele pergunta em pé encarando eu e Charles. 
Eu levanto do chão e me jogo sentada ao lado de Charles no sofá, minha bunda ainda doendo pela queda. 
-Na verdade, só ela que ficou aberta e- Eu interrompo Charles colocando a mão em sua boca. 
-Garoto, pelo amor de Deus, fica quieto! - Eu falo entredentes para ele e ele assente com a cabeça e tenta pronunciar algo que ficou incompreensível com minha mão em sua boca. Viro minha atenção para Jules. - Jules, não foi proposital eu juro! E a gente limpou e desinfetou tudo depois. - Jules continua a nos olhar com aquela cara  de descrença e nojo por alguns segundos e depois desaba no sofá rindo. 
Eu e Charles nos encaramos, eu com a mão ainda em sua boca, tentando entender o que aconteceu. 
-Cara vocw ta beumw? - Charles tenta se comunicar e quando percebe que não dá, ele abre a boca e passa a língua na palma da minha mão, fazendo eu afastá-la rapidamente com cara de nojo. - Não faça essa cara para mim, Marie. Nós dois sabemos que você adora quando eu uso a língua em você. - Ele diz presunçoso. 
-CHEGA! Vocês dois estão proibidos de transar. - Jules diz tentando soar sério, mas não dura muito tempo porque logo ele volta a cair na risada e eu e Charles o acompanhamos. 
Sinto meu coração transbordar de amor pelos dois naquele momento. E eu faço uma promessa de nunca, jamais deixar esses momentos acabarem. 
🇫🇷
18 de Janeiro de 2023 - Nice, França.
-Ela quer que nós cuidemos de Vincenzo. - Digo.
O silêncio se faz presente por alguns minutos, o único som sendo da mesa onde Vincenzo e a garçonete brincam alegremente e a respiração descompensada de Cecilia tentando evitar as lágrimas de descer. 
-O quê? - Charles é o primeiro a dizer quebrado o silêncio, mas minha atenção permanece em Cecilia. - Você não pode estar falando sério. - Ele ri de escárnio. 
-Sei que isso é demais. - Ela começa- Mas eu preciso de pessoas confiáveis para tomarem conta de Vincenzo. Eu realmente não posso fazer isso agora. - Ela justifica. 
-Você tá ficando louca? - Charles diz em descrença. - Sério, me diz como foi que você chegou a conclusão que aparecer na vida de dois estranhos que nunca ouviram falar de você, dizendo que tem um filho do melhor amigo morto deles, que por acaso só morreu porque você não soube controlar a porra da SUA vida, e dizer à eles que  precisam tomar conta do SEU filho, que é só mais uma das consequências de atos irresponsáveis que você tomou durante toda a sua existência e que nós simplesmente diríamos sim, com sorrisos e abraços. Por favor me explica como foi que chegou à isso. - Ele diz rapidamente e percebo Cecilia estremecer.
-Eu nunca pensei que vocês fossem aceitar a ideia assim de cara, Charles. - Cecilia o encara séria. - Você acha que eu queria isso? Você acha que eu queria estar pedindo isso para vocês? Não! Eu não queria!- Ela exclama e bate na mesa com a palma da mão aberta. 
Eu olho em direção a mesa onde Vicenzo está e dou graças a deus quando vejo que ele continua entretido com os copos de papel que a garçonete deu a ele. 
-Sei que o mínimo que eu poderia fazer é ser uma mãe decente para ele. Mas eu não consigo. Eu falhei nisso também, igual falhei em tudo que fiz na minha vida. - Os olhos dela enchem de lágrimas e seu tom está cheio de raiva, mas percebo que não é direcionada a Charles ou a mim, é a ela mesma. - Eu prefiro ser uma mãe de merda que abre mão da criação do filho, do que ser uma mãe de merda que estragou qualquer oportunidade de lhe dar um futuro com pessoas confiáveis. - a voz dela treme e algumas lágrimas descem por seu rosto. 
-Você nos conhece a menos de uma hora, Cecília. - Sou eu quem falo dessa vez. - Como você sabe que somos confiáveis ou aptos a tomar conta de Vincenzo?- Pergunto.
-Porque Jules confiava em vocês.- Ela responde simples. - Jules daria a vida por qualquer um de vocês e sei que se fosse ele no meu lugar, ele faria o mesmo.
-Mas não é ele quem está aqui. - Charles responde entre dentes. - É você quem está. E é você a maior causadora disso. Eu não sei quem você pensa que é ou o que te faz achar que iremos concordar com essa loucura que você criou na sua cabeça. Mas preste atenção nas minhas palavras.- ele se inclina na mesa chegando mais perto dela. - Você não vai tirar essa responsabilidade das suas mãos e jogar em cima da gente. Você não quer estragar o futuro do seu filho? Então deixa eu facilitar pra você, você já o fez. - Eu coloco a mão no ombro dele, tentando o acalmar e posso sentir como seu corpo está tenso de raiva. - Você já o estragou a partir do momento que tornou-se a causa da morte do pai de Vincenzo e quando voltou a usar suas merdas. E ter você aqui sentada na minha frente, dizendo que quer abandona-lo, só prova o tipo de mulher que você é. - Cecília engole em seco e se encolhe na cadeira. - Eu nunca pensei que diria que Jules errou em qualquer decisão de ajudar alguém, mas com certeza ele errou quando escolheu você. - Ele termina e se levanta. - Irei pedir para a minha agente entrar em contato com você. Darei a ajuda financeira que for necessário para ajudar com Vincenzo. 
Cecília o acompanha com o olhar e depois o volta para mim. Seu rosto pedindo ajuda, mas nem mesmo eu poderia ajudá-la agora. Isso tudo era demais. Eu pego a minha bolsa que está pendurada ao lado da cadeira e também me levanto.
-Eu quero fazer parte da vida de Vincenzo, Cecília. - Digo e estico meu celular em sua direção. - Por favor, coloca o seu número de telefone, pedirei para a minha secretária entrar em contato com você e lhe enviar uma quantia para Vincenzo e para um centro de reabilitação que você queira para dar continuidade ao seu tratamento. Claro que durante esse tempo, posso contatar a família de Jules para lhes dar a notícia. Eles também moram aqui em Nice e aposto que Christine irá adorar tomar conta dele, enquanto você se recupera. - Cecília encara o telefone por uns segundos e depois empurra minha mão. 
-Você não entendeu não é, Marie ? - Ela diz e solta um riso nervoso. - Não há recuperação para mim. Eu não vou criar Vincenzo. Eu não posso fazer isso. - Ela implora com os olhos. - Eu sabia que convencer vocês dois não seria fácil, por isso tomei uma outra alternativa. - Ela diz e tira um envelope pardo de dentro de uma bolsa de criança, que só agora eu vi que ela colocará aos seus pés. Ela estende o envelope e eu o pego. 
-O que é isso ?- Charles pergunta e fica ao meu lado tentando ler os documentos que eu tirei de dentro do envelope. 
-São os documentos da adoção de Vincenzo. - Ela diz e eu paro de encarar os papéis e volto meu olhar para ela. - Eu contatei um advogado há semanas e ele fez dois documentos. Um para vocês dois, onde vocês aceitam a tutela total de Vincenzo e o outro é para um centro de adoção. - Ela termina de explicar e minhas mãos tremem e meu corpo fica gelado. Charles pega os papéis da minha mão e os lê por cima rapidamente.
-Você vai mandá-lo para um orfanato ? - Ele pergunta ríspido e assustado. Cecília assente com a cabeça.
-Essas são as únicas opções que eu encontrei. Olha, eu sinto muito por isso. Mas eu preciso mesmo que vocês fiquem com ele. - Ela levanta e súplica. - Eu odiaria ter que deixá-lo em um orfanato para ser adotado por estranhos, mas além de vocês, seria a única opção de esperança para que meu filho possa ser feliz. - Ela chora desconsoladamente. - Por favor, não façam isso por mim e sim por Jules. - Ela apela e sinto meu coração apertar em uma mistura de raiva e tristeza. 
Nada do que ela está fazendo é justo para ninguém. Nem para mim, Charles ou Vincenzo. Ela não está nos dando uma escolha e sim um ultimato. Ou nós aceitamos a guarda de Vincenzo, ou ele irá para a adoção e será criado por deus sabe quem. 
Eu e Charles continuamos a encara-la e vemos ela pegar a bolsa colocando-a sobre o ombro. 
-Vocês tem até amanhã a tarde para decidir. O meu contato está anotado em um desses papéis. - Ela nos olha com a expressão de culpa. - Eu sinto muito por colocá-los nessa posição, mas eu não tive outra escolha. - Ela diz, enxuga as lágrimas e vai até a mesa em que Vincenzo está e o pega no colo. Ela nos da um último olhar e caminha em direção a porta. 
-Tchau, moça com cabelo de fogo!- A voz de Vincenzo soa alta e infantil e sua mãozinha se levanta acenando para a garçonete ruiva que acena de volta.  Antes que eu e Charles possamos reagir, a atenção do garotinho se volta para nós dois e ele nos encara curioso por um segundo e depois abre um sorriso com dentinhos tortos- Tchau, amigos do papai! - Ele acena alegre e Cecília deita a cabecinha dele em seu ombro e sai pela porta o mais rápido possível. 
Meus olhos enchem de lágrimas e toda a emoção que eu senti durante o dia transborda dentro de mim. Olho para Charles pelo canto dos olhos e vejo que ele continua encarando a porta, uma lágrima desce pelo seu rosto. 
[…] 
-Sim, Marcella. Irei ficar mais um tempo por aqui. Infelizmente as coisas não saíram como planejado e a minha tia vai precisar de cuidados por mais um tempo. Sim, isso. Será somente até eu conseguir contratar uma enfermeira de confiança. Isso, sim, obrigada. Não, você pode me enviar por e-mail. Tudo bem, obrigada e não se preocupe. Sim, avise o Sr. Mosby. Obrigado novamente, nos falamos amanhã pela tarde, beijos e buonanotte. - Encerro a chamada e jogo o meu celular na cama do hotel. 
Minha cabeça dói e os motivos são os acontecimentos de hoje mais cedo. 
Assim que saímos da cafeteria, - depois de Charles pagar a conta e mandar  uma gorjeta extra de 50 mil euros para a conta da dona do estabelecimento, que descobrimos ser a morena que deu a água para Cecília- Charles perguntou em que hotel eu havia me hospedado e eu o disse. Ele me ofereceu uma carona e resolveu pegar um quarto para si também, pois de acordo com ele, ele veio direto de outro país que não me lembro agora e que não tinha passado em nenhum outro lugar antes da cafeteria. 
Nós combinamos de conversar sobre nossas opções em relação a Vincenzo em um jantar no meu quarto às 22h.  
Quando subi para o meu quarto, deixando Charles no Lobby, a primeira coisa que fiz foi tirar a roupa e correr para o chuveiro, para tomar um banho demorado e tentar lavar toda a frustração e raiva do dia. Chuveiros em si, sempre foram meu espaço seguro. Não importa o que aconteça,  um bom banho consegue aliviar 75% de qualquer estresse e problema. Ou pelo menos eu pensava que sim. 
Depois do banho, fui até meu armário, a procura de qualquer roupa confortável e decente que eu pudesse utilizar na companhia de Charles. Com o confortável eu descartei jeans e gola alta. E com decente eu descartei meus pijamas e camisolas. Me sobrou então apenas uma calça de moletom que ficava um tanto quanto grande em mim e uma camiseta de banda dos anos 80. 
-É, terá que servir.- Foi o que eu disse para mim mesma, enquanto encarava meu reflexo no espelho. - Ora, não é como se você precisasse se arrumar para um jantar com seu ex namorado em um quarto de hotel. Ele não está vindo aqui para te achar sexy, Marie. - Digo para meu reflexo. - ele está vindo aqui porque seu melhor amigo morto teve um filho com uma lunática viciada e agora vocês tem que tomar a decisão de  que se vão criá-lo ou deixá-lo ir para um orfanato onde ele pode ser adotado por uma versão recente da família Benders. - Eu sinto meu peito apertar em ansiedade e balanço a cabeça tentando afastar os pensamentos. 
Horas depois e a  imagem de Vincenzo encarando a mim e a Charles, continua repassando pela minha mente. Os olhinhos escuros e brilhantes, o sorriso alegre e a mãozinha gordinha. Ele é tão lindo, a cópia de Jules, sua miniatura fofa e inocente que não faz ideia de como sua vida iria mudar. As palavrinhas emboladas, mas muito corretas para uma criança de 3 anos proferir, fez com que meu coração se enchesse de amor e culpa. Além de uma preocupação extrema. 
-Porra Jules, o que é que você fez ? - Digo me revirando na cama. - Como que um cara tão responsável como você, foi se meter com alguém como ela ? - Eu encaro o teto como se  Jules fosse aparecer ali e me responder. 
Jules sempre foi o tipo de homem que não gostava de encrencas. Ele era passivo, doce, um pouco mandão as vezes, mas sempre gentil. Mas também, sempre gostou de ajudar e defender os mais fracos e indefesos e talvez tenha sido isso. Ele achou a donzela em perigo que era a Cecília e a salvou.
-E depois enfiou o pinto nela, seu pilantra. Agora olha o que temos aqui! - murmuro com raiva.- Se você ao menos estivesse aqui…- mas ele não está. Eu penso 
“Jules confiava em vocês.” “Jules daria a vida por qualquer um de vocês e sei que se fosse ele no meu lugar, ele faria o mesmo.” As palavras de Cecília reaparecem na minha cabeça.
-Você faria, não faria ? Se tivesse sido o Charles no seu lugar e eu no lugar dela, você cuidaria do nosso filho não é?- Continuo perguntando para o teto e sinto uma lágrima quente escorrer do canto dos meus olhos até o travesseiro macio. - Eu não sei ser mãe, Jules. Eu nem ao menos tive uma mãe decente para me ensinar coisas do tipo. Sempre foram você e Charles e a família de vocês que eu pegava emprestada. - Eu confesso. - E se eu for uma péssima influencia para ele ? Ele é tão pequeno e tão bonito. Se parece com você, sabe ? Sua cópia. Mas uma versão mais bonita. - Dou risada. - Você iria amá-lo. Iria cuidar tão bem dele. Igual você cuidava de mim e do Charles, mesmo a gente não querendo. - eu limpo as lágrimas que vão escorrendo com mais intensidade. - Eu sinto muito por você não poder estar aqui. Por não poder vê-lo. Isso não é justo Jules, nada disse é. Você merecia mais que isso. Era para você estar com sua família agora e não…Não em um cemitério. - Suspiro em frustração. 
Eu levanto da cama e vou até o banheiro, sentindo cada parte do meu corpo pesado e tentando conter os meus pensamentos. 
Eu lavo o rosto com a água fria e prendo meus cachos em um rabo de cavalo alto. Volto para o quarto e sento na cama, pegando meu celular e vendo que há uma mensagem de texto de Charles.
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Dou risada de sua mensagem e me estico na cama para pegar o telefone que fica em cima da mesinha de cabeceira, disco o número do serviço de quarto do Hotel, que está anotado em uma agendinha ao lado do telefone. Eu peço dois hambúrgueres com bastante batata frita e molho Ketchup - pois conheço o paladar infantil de Charles-  e duas coca-colas para beber. A recepcionista responde que ficaria pronto em meia hora e eu agradeço antes de desligar. 
Assim que eu coloco o telefone de volta ao gancho, ouço o barulho de batidas na porta e me levanto já sabendo que era Charles. Abro a porta e dou de cara com o piloto que me olha e da um sorriso. Seu semblante demonstra que está tão cansado quanto eu, e se eu ainda o conheço bem, posso garantir que sua mente não o está deixando em paz nem por um segundo. 
-Oi.- Ele diz. 
-Oi. - Eu responde e me afasto para o canto para que ele possa entrar - Entra ai. - Ele entra no quarto e olha ao redor. 
Por um momento eu posso jurar que vi ele respirar fundo, mas eu finjo que não reparei.
-Eu pedi a comida, meia hora até ficar pronta. - passo por ele me sentando na cama. 
Charles assente com a cabeça e se senta na pequena poltrona que tinha ao lado da cama, virada para a mesma. 
-É um quarto agradável. - Ele diz e eu percebo que ele está nervoso, talvez tanto quanto eu. Só não sabia dizer se era por ter que ficar em um quarto comigo, ou devido à situação de mais cedo. Ou talvez seja ambos. 
-Sim, é confortável. - respondo simples e também olho ao redor. O quarto não é grande, nem luxuoso, mas atende as minhas necessidades e é realmente aconchegante. 
Nós caímos em um silêncio um tanto desconfortável. Sabíamos o porquê de estarmos ali, mas a conversa parece que ficou presa a nossa garganta. Era uma decisão difícil, o destino de uma criança que soubemos da existência a menos de uma semana, está em nossas mãos e nem eu nem Charles sabemos como lidar com isso. Ambos não estávamos esperando pelo ultimato de Cecília. Na verdade, eu nem ao menos sabia o que iria acontecer naquela conversa, muito menos ter que decidir criar uma criança. O filho do meu melhor amigo. 
-Eu liguei para a minha agente de relações públicas. - Charles quebra o silêncio e eu o encaro surpresa. - Eu sei que foi meio precipitado , mas o que quer que aconteça, achei melhor entrar em contato com ela e pedir para que ela venha até aqui. Ela chega amanhã. - Ele desvia o olhar para as mãos e começa a brincar com os anéis em seus dedos. 
-Você fez o certo.- Digo e ele volta a me encarar. - Nós não sabemos o que nos espera e você é uma figura pública. Tem uma carreira que precisa ficar longe de qualquer escândalo. - Ele assente e eu dou um meio sorriso tranquilizador para ele. 
-Você pensou sobre? - Ele pergunta e sou eu quem assinto dessa vez. 
-Na verdade, não parei de pensar nisso um minuto se quer. - Respondo. 
-Eu fiquei me perguntando o que ele faria se estivesse no nosso lugar. - Charles diz se referindo a Jules. - E eu sei o que ele faria. - Ele termina e vejo seus olhos brilharem com lágrimas , mas ele desvia o olhar de volta para as mãos. 
-Eu também sei. - Respondo e solto uma respiração pesada. - Jules não pensaria duas vezes em salvar o dia. Ele adorava ser o herói - Solto uma risada baixa e Charles acompanha. 
-Você lembra quando ele subiu na árvore para salvar o gato da minha vizinha? - Ele pergunta e eu dou risada mais alto. 
-Sim! Aquele idiota quase quebrou o braço tentando descer com o gato. - Eu digo e Charles joga a cabeça para trás rindo mais.
 - E ainda foi arranhado. - Ele completa. 
A gente ri  lembrando de Jules sendo atacado pelo gato assim que pisou no chão. 
-Confesso que eu queria ser mais como ele. - Charles diz e eu o encaro, o sorriso caindo de seu rosto e percebo que ele está entrando na parte escura de sua mente. 
-Eu também. - Respondo tentando puxar ele de volta. - Acho que na verdade, todos deveriam querer ser mais como Jules. Ele era ótimo. As vezes um babaca mandão, mas era ótimo. - Eu o encaro e ele assente. 
Caímos mais uma vez no silêncio, mas dessa vez eu sou a primeira a quebrá-lo. 
-Você não chamou sua agente, apenas para manter as coisas baixo. Você já tomou a sua decisão não é? - Eu digo e ele tira os olhos das mãos e me encara. Seu pomo de Adão sobe e desce e eu tenho a confirmação que preciso e ele sabe disso, pois seus olhos ficaram mais firmes. 
-Ele faria o mesmo por nós. - Ele responde e eu afirmo com a cabeça. - Sei que não é assim que funciona, mas sinto que devo isso a ele. E se você não quiser, eu vou dar um jeito nisso sozinho. Irei fazer o máximo que eu puder, vou contratar babás, governantas, professores particulares. Irei arcar com tudo. Mas eu não posso deixar ele ir para um orfanato, Marie. - Ele diz com a voz baixa e eu afirmo novamente com a cabeça. 
-Acho que nós dois devemos isso a ele, sabe ? Por termos continuado vivos. - Eu desabafo. - Jules teve a vida interrompida sem nem ao menos entender o que estava acontecendo. Ele morreu sem saber da existência do filho. Mas nós estamos aqui, vivos. E agora sabemos que Vincenzo existe e que precisa de nós. - Mantenho meu olhar firme no de Charles e sinto meus próprios olhos arderem. 
Charles se levanta do sofá e se senta ao meu lado na cama, eu acompanho o seus movimentos, com os olhos. Ele passa o braço pelo meu ombro um tanto quanto relutante e se não fosse pelo momento eu teria rido dele. Mas acontece que nada naquela situação era engraçada. E quando ele me puxa em direção ao seu peito, em um abraço acolhedor é quando eu desabo. 
Deixo todas as frustrações, a raiva e a angústia, serem levadas ali. Era assustador para caralho ter que encarar as coisas assim e entender que eu e Charles concordamos mutuamente com essa situação só faz a minha cabeça girar. Nenhum de nós dois temos experiência em como criar uma criança, mas agora teríamos que aprender na marra. 
Mas o que fazer? Por onde começar ? Temos que contratar um advogado ? O charles provavelmente tem um. E como que iríamos fazer para criar essa criança? Eu moro na Itália, Charles mora em Mônaco, mas passa a maior parte do tempo viajando pelo mundo. Isso não vai dar certo. Não tem como dar certo. 
-Shh, ta tudo bem. Vai ficar tudo bem. - Ele esfrega o meu braço, seu queixo encosta na minha cabeça e eu sinto o seu peito tremer. Ele também está chorando. - Eu também estou apavorado, mas vamos fazer isso juntos, tudo bem?- Ele pergunta e eu tiro o rosto de seu peito e o encaro. 
Nossos rostos estão a centímetros de distância um do outro. Seus olhos verdes estão inchados e vermelhos assim como suas bochechas e pescoço . Meus olhos vão até a sua boca e depois voltar tentando encontrar os seus e percebo que ele também encara meus lábios antes de voltar a encarar meus olhos. 
É aquela maldita atração, mesmo sabendo que não era o momento certo, aquela coisa que cutuca o peito fazendo o coração acelerar, as mãos suarem e o estômago encher com aquelas malditas borboletas. O impulso aparece e me atrai a tudo que se diz respeito a ele. É tudo que se trata sobre Charles. Seu cheiro, sua pele, seu toque, aqueles olhos que enxergam suas piores e melhores versões e aquela boca. Malditos lábios macios e perfeitos que um dia eu tive o prazer de experimentar. Isso é uma maldição. Um castigo. 
Charles se aproxima devagar, seus olhos focados nos meus lábios e eu fecho os olhos, esperando o contato. O contato que provavelmente vai nos trazer vergonha e constrangimento no dia seguinte, mas que agora parece tão certo, mesmo sendo tão errado.
O som das batidas na porta nos tira daquele transe e eu pulo da cama em um instante, assustada. Charles está com a respiração pesada e olhos arregalados me encarando. 
-Serviço de quarto. - a camareira diz do outro lado da porta e eu apenas fico lá parada encarando Charles. Suas bochechas ficaram mais vermelhas do que estavam e ele se levanta da cama e vai até a porta atender quando percebe que eu não iria fazer. 
-Boa noite, por favor entre. - Ele diz para a camareira e eu permaneço de costas para eles. Por favor você pode deixar ali em cima, obrigada. - Enquanto ele atende eu vou a passos largos e rápidos até o banheiro e fecho a porta com força. 
Abro a torneira da pia e faço conchas com as mãos enchendo-as de água e jogando contra o rosto, afim de tentar refrescar o calor que se espalha pelo corpo. 
-Mas qual é seu problema, porra!?- pergunto para o meu reflexo no pequeno espelho em cima da pia. - Você ia deixar ele te beijar! Você ia beijar ele de volta! Cacete, isso não tá certo! Vocês dois estão em um puta momento delicado e iam se deixar levar! Cresce, Marie! Ele não é mais o seu Charles e vocês só estão aqui por terem sido colocados nessa situação ruim pra caralho!- Eu fecho os olhos com força e respiro fundo. 
Puxar. Um, dois, três. Soltar.  
-Chega. Acabou. - Digo uma última vez para meu reflexo e me viro em direção a porta do banheiro. Respiro fundo uma última vez antes de girar a maçaneta e abrir a porta, saindo logo em seguida. 
-Você pediu hambúrgueres.- Tomo um susto com a voz de Charles e eu olho ao redor do quarto não o encontrando. - No terraço. - Ele diz e eu olho para a pequena porta de vidro que separa o quarto do terraço vendo-a aberta. Caminho até la   à passos lentos, com medo de voltar à encara-lo. 
Charles está sentado em uma das duas cadeiras disponíveis, e à sua frente, em cima da mesa, nosso jantar está posto em pratos de porcelana. 
-Você disse que queria hambúrguer. - Respondo me sentando a cadeira de frente para ele na mesa. Meu estômago da uma leve estremecida quando o cheiro do lanche fresco e das batatas recém fritadas atingem meu olfato.
-Eu sei. Mas você me disse que iria pedir pizza. - Ele rebate e eu tiro os olhos da comida à minha frente e o encaro. 
-Mas eu decidi pedir hambúrgueres. - Eu o respondo atravessado. Meu deus eu preciso comer. 
Pego uma batata com a mão e a levo a boca. Está quentinha e crocante, delícia.
-Sim. Sou a favor de decisões que voltam atrás. - Ele responde e eu o encaro. 
Charles está pegando o recipiente de Ketchup e o apertando para que o molho caia por cima de suas batatas. Paladar infantil. 
-Ainda estamos falando da comida? - Pergunto enfiando mais uma batata na boca. 
-Do que mais estaríamos falando? - Ele rebate me encarando. Seus lábios pintam um sorriso malicioso e eu sei que ele está se referindo ao que quase acontecerá no quarto a minutos atrás. 
Me finjo de boba e dou de ombros. Dois podem jogar esse jogo. 
-Sei lá, talvez do fato de que depois de todos esses anos você ainda prefira comer hambúrgueres, mesmo sabendo que há outras coisas no cardápio. - Eu digo e ele para de mastigar a batata lambuzada de Ketchup por um momento e me encara. 
-Faz muito tempo que eu não comia hambúrgueres e eu senti falta do sabor. Passamos por muitas coisas novas hoje. Talvez eu só queira algo que eu já tenha provado antes e que eu sei que me trará conforto.- Seus olhos ficam fixos no meu. 
-Talvez não seja saudável. Há uma razão pela qual você ficou tanto tempo sem comê-lo. - Eu digo e abrindo a lata de Coca-Cola e levando até os lábios. Tomo um gole do líquido gasoso e doce . A todo tempo, Charles me encara e mesmo com a luz fraca da área do terraço ainda consigo ver as dezenas de emoções diferentes que passa pelos seus olhos. 
-Sim, você está certa. Não é saudável, mas mesmo assim você os pediu. Você quis comer hambúrgueres tanto quanto eu.- Ele rebate. 
Eu coloco a Lata de Coca-Cola na mesa e pego o meu hambúrguer com a mãos e a outra eu pego uma batata. 
-Essa é a última vez que irei trocar a pizza pelo Hambúrguer, Charles. E você está certo, passamos por muitas coisas hoje e talvez o sabor do hambúrguer seja algo em que já chegamos a nos acostumar uma vez e que nos trazia conforto. Mas não podemos esquecer que ele ainda continua sendo não saudável e que por mais que seja gostoso agora, será muito prejudicial lá na frente. - Eu dou uma mordida no lanche. 
Charles assente com a cabeça e faz o mesmo com o seu lanche, não sem antes por Ketchup nele.
-Então um brinde ao que é bom, mas não saudável. - Ele levanta a lata de Coca Cola e eu faço o mesmo. 
É, aquilo literalmente não era uma conversa sobre a comida. 
(…)
-Eu não posso sair da Itália, Charles. Minha vida inteira está lá. - Digo andando de um lado para o outro no quarto. 
Charles está sentado esparramado no pequeno sofá, suas esferas castanhas esverdeadas me acompanhando a cada passo. 
-E eu não posso sair de Mônaco, Marie. E para termos mais chances em relação a adoção de Vincenzo, será necessário que nós dois desempenhamos o papel de casal feliz que vive sob o mesmo teto. -Ele diz e eu suspiro. 
-Você mal fica em Mônaco, Charles. Está sempre viajando. - Eu paro em pé em frente ao sofá e o encaro cruzando os braços. - Então me diz o por que  deveríamos ir para Mônaco? - Charles arruma a postura no sofá e me encara sério. 
-Porque é nossa casa. - Ele diz simples. 
-Mônaco já deixou de ser a minha casa há muito tempo.- Digo desviando o olhar dele. 
- Foi em Mônaco que crescemos e tivemos os melhores momentos de nossas vidas, inclusive com Jules. Minha família vive em Mônaco e tudo o que tenho está lá também. - Ele responde. - Sei que parece idiota, mas acho que seria ótimo criar Vincenzo lá. E prometo que irei fazer de tudo para ser o mais presente possível. - Eu volto a encara-lo e por um momento eu tenho vontade de pegar minha bolsa e sair correndo para fora do hotel. - Por favor, Marie. Confie em mim. - Ele pede e eu engulo em seco. Maldito olhar de cachorrinho sem dono. 
Eu suspiro alto e passo as mãos pelo rosto. Eu sei que poderia trabalhar a distância, e talvez consiga convencer os diretores a pagar um apartamento para Marcella, caso ela aceite a proposta de se mudar para Mônaco. Mas sinto um pequeno incomodo em pensar que estou desistindo tão facilmente de tudo o que conquistei na Itália. 
-Eu sei que é pedir muito para que você abandone tudo o que conseguiu nesses anos. - Charles comenta como se adivinhasse o que eu penso. - Mas pensa no que podemos construir com Vincenzo. Poder mostrar a ele cada lugar em que fomos com o Jules e fizemos as maiores burradas. - Ele ri e eu sinto meus lábios formarem um pequeno sorriso com o pensamento de mostra a Vincenzo um pouco mais da vida de seu pai. - Sei que você não considera mais Mônaco o seu lar, mas  um dia ele  já foi e você era feliz lá. - Ele se levanta e põe a mão no meu ombro. - Deixe-me te provar que lá ainda pode valer a pena. - Sua voz é terna e quente e eu sinto aquele mesmo impulso de mais cedo tomar conta de mim. Porém, antes que eu deixe ser controlada por aquelas emoções, dou alguns passos para trás até bater na lateral da cama. A mão de Charles cai do meu ombro e eu encaro meus pés.
-Tudo bem. - Digo por fim e respiro fundo. - Mas precisaremos de regras. - Volto a encara-lo e não consigo conter o sorriso quando vejo o dele tão abertamente estampado naquele rostinho perfeito. 
-Quantas regras você precisar, mon ange. - Ele diz com os olhos brilhando e um arrepio desce pela minha coluna. 
Deus me ajude, pois esse será o maior desafio da minha vida.
🇫🇷
20 de Janeiro de 2023 - Nice, França. 
-Então é por livre e espontânea vontade que a senhora quer entregar a guarda para o Sr. Leclerc e a Srta. Anderson, certo? - Giovanni,  o advogado que Krista, Diretora de comunicações e RP da Ferrari e de Charles, indicou, pergunta a Cecilia. 
-Sim. Charles e Marie são de minha mais alta confiança. - Cecilia diz e encara a mim e a Charles do outro lado da mesa. - Sei que eles poderão cuidar do meu filho como mais ninguém seria capaz e isso inclui a mim também. - Ela diz e um pequeno sorriso triste mas confiante aparece em seus lábios. 
Charles a encara sério mas afirma com a cabeça e eu dou um sorriso reconfortante para ela. 
-E vocês dois concordam? - O advogado de Cecilia se dirige a nós dois. 
Charles e eu nos entreolhamos por um minuto, nosso olhar fazendo  mesma pergunta um para o outro. Nós dois sabemos que muitas coisas deverão ser sacrificadas em pró dos cuidados de Vincenzo. Eu tenho uma carreira ao qual dedico a vida e Charles também. Mas nós dois concordamos com tudo. Colocaremos Vincenzo em primeiro lugar e conciliaremos o resto. Será um desafio e um processo de readaptação para nós três, mas iremos fazer funcionar. Seremos bons nisso. 
-Sim. - Charles responde, seus olhos ainda grudados nos meus. 
-Sim.- Eu respondo e meu coração falha  uma batida e eu faço uma nota mental de marcar um cardiologista. Depois de tantas emoções nesses últimos dias, eu não me surpreenderia se sofresse um ataque cardíaco. 
Charles sorri e eu retribuo.
-Tudo bem. Então seguiremos com as documentações pela guarda. E após três anos, vocês poderão entrar legalmente com o processo de adoção direta - O advogado de Cecilia diz.
-Três anos? - Charles pergunta.
-Há alguns procedimentos os quais serão necessários durante esse período. - Giovani passa  duas cópias de documentos para mim e Charles. - Como Cecilia e vocês recorreram pela adoção direta, Legalmente vocês dois precisarão ter a guarda de Vincenzo por um período de três anos antes de poder entrar com o processo de adoção. - Ele termina e eu tiro meus olhos do documento e o encaro. 
-Mas a guarda seria provisória, certo? Isso não trará futuras complicações ? - Pergunto para Giovanni e para o outro advogado. 
-Para ser sincero, por mais que esta seja a forma mais rápida de vocês conseguirem a adoção legal de Vincenzo, além de impedir que ele seja levado para um centro de adoção, onde pode ser entregue à famílias que já estão na fila a mais tempo, esse processo implica em alguns problemas que possam ocorrer futuramente sim. - Giovanni responde. 
-Como quais ? - Charles pergunta. 
-São vários fatores diferentes, mas os mais comuns são mães biológicas que se arrependem de ter entrego a guarda e recorrem à justiça para uma nova sentença. - Giovanni diz e tanto eu quanto Charles encaramos Cecília. 
-Eu não farei isso. - Ela afirma duramente. - Não seria justo com vocês e nem com Vincenzo. - Ela completa. 
-Há também, tutores que após um período de convívio com a criança, percebem que há mais desafios do que os previstos e não se acham capazes de dar continuidade sendo responsáveis pelos menores. E assim, optam pela devolução da criança aos genitores ou a um centro de adoção. -   Dessa vez é o outro advogado que diz. 
-Nós iremos encarar da melhor forma que pudermos. - Charles o responde meio atravessado. - Sei que somos novos nisso e claramente não esperamos que seja apenas flores e algodão doce. Vincenzo é uma criança mais velha e sabe quem é a mãe e o pai, mesmo não o tendo conhecido. - os olhos dele encaram Cecília por um tempo, seu tom com um toque de ressentimento. - Iremos lidar com todos os procedimentos necessários e garantir a Vincenzo a oportunidade de ter uma vida feliz e confortável, além da melhor educação possível. Ele diz firme. 
Minhas mãos pinicam com a vontade de toca-lo mas eu me contenho e as aperto em punho. Quando foi que Charles se tornou um homem tão decidido? Isso o deixa sexy.  Se contenha, Marie! Isso não é hora nem lugar. 
-Então não vejo problema em seguirmos com o pedido de guarda provisória. - o Advogado de Cecília responde encarando Charles. 
-Se essa for a melhor forma de garantir que Vincenzo fique conosco, então tudo bem. - Respondo e Charles apenas afirma. - Mas há alguma possibilidade de conseguirmos a guarda mais rápido ? Eu e Charles ainda temos muito a fazer para receber Vincenzo, além de não querermos que essa notícia se espalhe e interrompa a nossa privacidade. - pergunto. 
-Sendo honesto e até soando um pouco anti-profissional, mas realista, para vocês dois o processo pode ser bem mais rápido. - Giovanni diz. - Charles é um atleta mundialmente famoso e milionário. Falando com as pessoas certas, não tenho dúvidas de que leve mais do que alguns dias para que Vincenzo já esteja sobre os cuidados de vocês. - Ele esclarece o ponto de vista dele e eu posso apenas concordar. Claro que a influência de Charles mexeria alguns pauzinhos e por mais que eu sempre repudie esse tipo de ato quando eu o presencio, dessa vez eu só pude me sentir grata. Faremos o que for preciso para ter Vincenzo seguro conosco. Até mesmo utilizar dos privilégios que a fama e o dinheiro de Charles pode proporcionar. 
-Então o que vocês ainda estão esperando para encontrar essas pessoas? - Charles pergunta e eu tento disfarçar o sorriso. 
É, isso será mais excitante e assustador do que eu pensei. 
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vcnessy-blog · 6 years
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❛ ⁞ ° ‣   Vanessa Astor’s playlist. 
(clique em qualquer lugar dessa frase para ouvir as músicas.)
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