Tumgik
#pov: raison d'etre parte 1
luvdeathrobots · 9 months
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POV: Raison D'Etre (Parte 1)
clique aqui para ler a versão no google docs. *t.w.: tortura, sangue, tom melancólico. 
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[13/12/23. 22h]
   Os ventos frios presentes no Mercado das Maravilhas eram quase indiferentes ao frio que Ren Yamamoto sentia na barriga. No escuro da noite, uma lanterna baixa guiava o corpo do artífice ao ponto mais vazio da região, cujas árvores altas cobriam qualquer território de caráter duvidoso que pudesse existir ali — e como bem conhecido, o mercado ilegal e o refúgio de figuras atípicas pelo entorno de Ouroboros. Naquela noite específica, por exemplo, era o abrigo do velho sangrador especializado em armas e combates orientais, cujo conhecimento inspirava a Ren desde que se via como gente. 
   Três toques na porta de madeira foram dados em padrão de sinalização e identificação. O espadachim tinha em suas costas uma mochila sem fundo quase que vazia, apenas com pertences simples do rapaz, o que contrariava o tamanho daquele acessório. Ainda naquela noite, Yamamoto esperava preencher aquele vazio em sua visita — e não seriam coisas permitidas ou bem aceitas ao brilho do dia. 
— Entre. — Uma sombra surgia e desaparecia frente a porta. O corpo de Ren era puxado para entrar. —  Não é todo mundo que pode saber que você está aqui. — Ou melhor: que aquele senhor estava ali. 
   A figura do sangrador não era tão acabada quanto a que Yamamoto lembrava ser. Tinha em torno de sessenta anos, mas seu físico era semelhante ao padrão de uns cinquenta. Seus cabelos eram bem cuidados e por trás daquele coque firme, havia uma longa cabeleira digna de antigas tradições orientais. Aquele homem carregava consigo trajes chiques apesar do horário, do local e a sua visita em questão; e seu sobretudo cobria parte da única katana que o hidrius levava em suas viagens. Ren, pelo contrário, era só um garoto agasalhado com uma mochila vazia. 
   Havia algo diferente naquele clima. Ren não se sentia nervoso pela busca de objetos ou os perigos da fuga, mas sim pela incredulidade em ver aquela figura que tanto o colocava para andar e puxava assuntos que sequer conseguia prestar atenção. Eles tinham muito o que conversar, imaginava, mas do artífice nenhum som corria o vento. Ele não conseguia falar. Sua boca se abria, sua mente formulava uma frase e a sua garganta travava sempre que qualquer sílaba tentasse escapulir. 
— Ah, sim. Esqueci que não te ensinaram bons modos em casa. — A voz do sangrador se misturava ao som do toque fraco da bainha de sua espada nos cabelos de Ren. Aquele impacto doía mais em suas memórias de infância, mas não naquele momento. 
— Você veio. 
   O velho revirou seus olhos e um riso foi capaz de ser ouvido. Ren se sentiu feliz, mesmo que não expressasse aquilo de maneira literal. 
—  Claro que vim. Sua última carta me convenceu. 
— Pensei que mandaria alguém em seu nome. — Confessou para o hidrius. — Ou que os correios ainda te ajudassem. 
— Se eu soubesse que me encontraria com o mais sem educação de todo o Oriente — Agora a lâmina coberta cutucava as botas de Ren. Ele entendeu seu recado e foi deixá-las no tapete frente a porta. —, teria mandado alguém em meu lugar. 
— Como estão? — Perguntava o artífice ao cumprir a etiqueta tradicional oriental e voltar ao seu diálogo. Seus olhos em momento algum abandonaram o sangrador.  —  Enma e Shusui. 
   O hidrius guardou sua espada no sobretudo e passou a caminhar com Ren diante do terreno. Definitivamente, tinham muito o que conversar. 
— Vamos começar por partes. Primeiro, você foi às minas. 
— E então monstros atacaram. — Falaram basicamente juntos. Aquilo despertou no senhor um olhar de canto. 
   Uma porta foi aberta. A luz baixa da região não revelava muita coisa a não ser uma mesa de centro, uma televisão, duas poltronas e diversos papéis espalhados na mesa. Tinha até mesmo um ventilador. 
— E você, por instinto, atacou-as de volta. — Retomou o sangrador. — E suas espadas começaram a ficar estranhas. 
— Começaram a brilhar. Na primeira noite, não consegui tirar as gosmas das lâminas. Tive que deixá-las em quarentena. Na segunda noite, brilhavam no caixote. Na terceira, o caixote começou a corroer. Quando fui ver, a gosma agia como um ácido. — Lembrou-se Ren. As memórias faziam seus pelos se arrepiarem. 
— Sangue. — Corrigiu. — A gosma era sangue. E  você e eu sabemos que aquele sangue não era puro, muito menos as criaturas. 
— Não, senhor. Eram terríveis e descontroladas. Pareciam predadores de eterna fome. 
— E eram. Nada naquele lugar está em boa forma, garoto, e você viu com teus olhos. — O velho suspirou. Em passos curtos, dava a volta pelo quarto para revelar a Ren o par de katanas brilhantes e cobertas por seus estojos, mesmo que o brilho avermelhado sobressaísse o couro. — Olhe-as com cuidado. 
   Ren ficou parado por alguns segundos. Sentiu receio de abrir o estojo, de não vê-las ou ser algo totalmente novo — e tinha medo de não ser mais digno daquela dupla. Seu medo foi farejado pelo sangrador. 
— Me diga o que aconteceu com elas, com Enma e Shusui. 
— Primeiramente, a lâmina de Shusui quebrou. — Era separada a mesma katana para demonstração. Ren o olhou torto. — Veja bem, a gosma, como você mesmo chama, não foi muito bem aceita. Materiais fracos levam a fins óbvios, e com o tempo Shusui vem se degradando. Peço para que me deixe analisá-la por mais tempo, inclusive, para que eu consiga te explicar melhor os efeitos do DNA animal modificado com cinábrio. E eu acredito que não vá querer uma espada quebrada… 
   O artífice suspirou. Ele pensou em passar os dedos diante da chapa partida, mas se conteve. Era o mesmo que ignorar toda explicação. O velho retomou: 
— Agora, Enma é outro caso. — Shusui foi devolvida para dar espaço a espada denominada Enma. Seu brilho era ofuscante, cujo vermelho era capaz de cegar caso o ambiente fosse um pouco mais mal iluminado. Até sua curvatura parecia mais afiada.  — Veja bem, sua lâmina está mais pontuda e a espada está mais pesada. — Com cuidado, passou-a para Ren, que quase deixou-a cair  ao não reconhecer seu novo peso. — E está mais forte. Minha teoria é que quando entrou em contato direto com as criaturas, com as minas… por alguma razão o tamahagane se fundiu ao cinábrio. 
Yamamoto levou seus olhos ao senhor. 
— Como um tratamento térmico. — Adivinhou. 
— Se preferir entender assim, sim. — O velho tomou a arma pelo cabo outra vez. — Acredito que com a alta exposição do cristal e até mesmo o clima das minas com o incidente ocorrido tenha ajudado a aquecer o cinábrio e o fixado. — Os olhos de tom quase cinza se encontraram aos pretos de Ren. — Um presente e tanto de graça, eu diria. 
   Felizmente ou não, o ocorrido de Enma não era uma maldição — hipótese essa presente por certo tempo incômodo nos pensamentos do espadachim. Aquilo ainda não era um alívio e tampouco algo simples: era de tamanha agonia que o artífice se sentiu ofendido ao ter sua arma distanciada de si. Ele se aproximou de seu superior com feições inquietas, tentando identificar visualmente todos os detalhes descritos, mas falhando. Imaginação não era bem seu forte. 
   O sangrador saltou para trás e deixou uma mão frente ao corpo de Ren. O espadachim não entendeu muito bem aquele feito e deu outro passo à procura de tomar sua espada. Foi bloqueado por uma tela d’água. 
 — Por que não me deixa chegar perto dela?!  — Yamamoto exclamou em irritação. Suas sobrancelhas se encolheram e ele trouxe ao momento um olhar confuso. 
 — Marimo — Aquele apelido o arrepiou. O assunto agora não era mais sobre estudos. —, você precisa merecê-la. Ela é sua, não há para quem mentir. Você a comprou, pertence a você; mas você realmente a merece? 
 — Claro que mereço! — Bateu a mão na mesa, cuja resposta foi um olhar de morte vindo do sangrador. Ren ajeitou a sua postura e corrigiu seu tom de voz.  — Por favor, senhor, me devolva Enma.  
 — Quando recebeu Wano — Era referenciada a katana recebida após a morte de Hinata, seu pai. —, por que a recebeu? 
— Para proteger meus irmãos. — Adivinhou.
   A lâmina desembainhada encontrou o queixo desprotegido de Yamamoto e o ergueu não em movimentação, mas em ameaça. Ele engoliu seco. O senhor riu.
— Porque perdi para Wano — O artífice retificou sua memória e suspirou fundo em sua confissão. — E prometi um dia ser digno. 
   O velho hidrius parecia disposto a fazê-lo falar mais daquela história, mas conhecia ela o suficiente para negar lapsos de lembranças adicionais. As botas de Yamamoto foram observadas por curtos segundos e ele se recordou de suas manchas. 
 — Ren Yamamoto  — A voz que antes ocupava sua frente então diminuía à direita e aumentava à esquerda. Ren relaxou seu corpo por um instante.  — Por que não fala de suas boas memórias? 
   Antes que ele pudesse responder, seus olhos se arregalaram e suas costas foram arqueadas em reflexo. O tom doce e calmo do sangrador não era nada parecido com o toque da ponta de Enma em seu ombro e muito menos do corte que se estendia na pele. Sua boca se abriu, mas nada saiu. Seus músculos se contraíram em nervoso, as mãos tocaram os ventos e ele pôde jurar que por um momento, sua visão ficou turva. 
— Por que não fala de quando a roubou de seu pai para treinar nas árvores? — A espada permaneceu parada na pele. Para Ren, as palavras ouvidas eram mais torturantes do que a dor que sentia. — Ou quando largou a espada de bambu para brincar com uma de verdade? 
   Yamamoto tremeu. Como no início da noite, não conseguia falar — e naquele momento, não era contentamento que o tirava todo tipo de expressão. Ele fechou seus olhos, desejou com que aquilo acabasse e que finalmente pudesse voltar para casa; mesmo que casa já não tivesse o mesmo significado para ele há muito tempo. 
   O velho esperou um olhar. O silêncio de Ren não era respeitado e quanto mais memórias de sua infância eram jogadas ao ar, mais Ren sentia o frio da lâmina em sua pele. 
— Eu mereço Enma! — Gritou a voz grossa e firme do artífice. Finalmente a coragem tomou forma ao vento e ele deu um passo em distância da katana para se virar frente a o sangrador. Mesmo que seus olhos lacrimejassem em eterna melancolia, ainda era possível flagrar em suas orbes o brilho feroz refletido da espada. O tecido de sua camiseta era pressionado por uma das mãos no ombros na tentativa idiota de conter o sangue. — Mereço as vezes que a ergui, que a deixei cair, que a fiz conhecer os duelos mais estranhos que poderíamos ter na vida! — Quão mais sua mente enchia, mais era a raiva presente nos atos de Ren. Ele largou seu ferimento e com as mãos manchadas, tomou a base de Enma para segurá-la com força. O brilho do cristal presente na arma aumentou e ela foi devidamente posicionada frente ao corpo do velho, quase a mesma posição de quando conheceu o amargo do cinábrio. E mereço toda cicatriz de todo erro que tive com ela. Mereço a desgraça que a minha vida virou quando entreguei ela a você e mereço a sua marca de agora. 
   Um lapso de memória correu a mente do hidrius. Ele sorriu, ou pelo menos trouxe à suas expressões algo similar a tal enquanto, sem Ren perceber, deixava com que o sangue do artifíce esquecesse a saída do corte em rumos distantes. Pelo menos era o que conseguia fazer enquanto seu garoto tinha seu momento de honra. 
— E eu mereço a tua visita. Eu mereço que você esteja aqui agora, Yi, porque pensei que em algum momento não aguentaria mais. — E então, a mesma postura antes forte e raivosa desabrochava. O artífice caiu de joelhos ao chão e deixou com que sua espada fizesse o mesmo, ainda que a tivesse em mãos. A verdade é que Yamamoto seria uma eterna criança frente ao velho combatente e sangrador. — E mereço teus treinos, teus ensinamentos… E eu mereço uma chance. Yi-sensei, eu mereço viver! 
   Palavras não eram mais necessárias. Da garganta de Ren, o choro tomava final liberdade e sua voz podia falhar sem o medo de se sentir fraco. Ren Yamamoto não era fraco. Por mais que ouvisse muito e sentisse muito, Ren Yamamoto não era fraco. Por mais que a Essência o esquecesse, Ren Yamamoto não era fraco. Por mais que o cinábrio o matasse cada dia  a outro, Ren Yamamoto não era fraco e nunca seria. O sangue agora cuidado em seu ombro, suas cicatrizes e seus feitos no mundo comprovavam cada momento de que sua existência não era à toa — por mais que aquele fosse seu desejo por muitos anos. 
   Mestre Yi, o sangrador, aproximou-se de Ren. Assim como o artífice, seus joelhos tocaram o chão e suas mãos, o rosto de seu aprendiz. Na pele do oriental, a luz ofuscante de Enma era refletida e o cinza dos olhos de Yi tomavam vermelhidão não cruel, mas sim cuidadosa. Por mais que nada dissesse o velho, muito sentia por seus cuidados. O sangue contido, a espada não reclamada, os xingamentos não censurados e a vinda do oriental eram formas de que Yi tinha de se expressar ao no lugar de simplesmente dizer:
— Ren Yamamoto, você merece viver. 
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e-vasong · 4 years
Note
Can I ask about your writing process?
Huge fan of your TUA fics here - the way you just GET the characters is incredible - its almost like reading a novel written by the actual show writers!
How do you go about your characterisation and your drafting process? Any tips on nailing the complexities of the characters (specifically five)?
Thanks!!!
:') This is literally so nice I don't know how to respond, oh my goodness. I wish I had, like, life-altering writing wisdom for you here, but I honestly feel like my entire process is kind of a mess. I'll share it with you anyways, though, just in case you can glean anything helpful from it. I’ll tuck it below a cut, but here it is (ft. some of my specific characterization notes on Five, since you asked :D).
Pre-draft: Concept stage! This can be a variety of things -- sometimes it's a specific scene. For me it's usually a challenge of some sort. I like to take things that I think are unlikely for a character (under what circumstances would [x] character ever become a bad guy? How would [x] character’s secrets get revealed if they never talk willingly about their emotions?) Then I build out from there. I outline sometimes now, but I’ve been winging all my pieces for so long that it’s pretty tough for me. 
Draft one: Throw things at the wall. If I let myself, I will spend way too long agonizing on making every word perfect on the first go around, and I’ll never write anything. So draft one has permission to be as bad as it needs to be: sentence fragments, OOC dialogue/actions, clunky word choice, the whole nine yards. The most important thing is getting the words/scenes on the page.
Draft two: What sticks? Everyone is different -- I find it easier to edit than to write in the first place. So here’s where I look over my work from draft one. Is my sentence structure variable enough? How are their voices? Their actions? Does the narration work with the POV I’m using for the scene? 
Like, okay. I’m working on chapter two of the end of the war right now. Currently, it includes this line:
“How did you even—” Five starts, then shakes himself.  Absolutely not.  He isn’t entertaining this.  “Luther.”
In retrospect, I’m not wild about it. It doesn’t sound in character to me. I’m not pulling out receipts right now or anything, but the more I think about it, the more that I feel certain that Five rarely expresses surprise unless really shocked. Part of this is likely the contrast between him in his siblings (all the stuff about the Apocalypse and time travel is familiar to him and new to them, so the show has a lot of “Five explains [x] to his siblings while they look flabbergasted by him.”)
Anyways, it doesn’t sit right. So maybe, instead:
Five frowns, taken off guard. He could ask, but--quite frankly--he’s starting to think that he doesn’t want to know. He does, however, know what this is a preface to -- Luther is going to meddle. 
“Luther,” Five says it like a warning. Luther either doesn’t hear it or doesn’t care.
Anyways, rinse and repeat step two as much as necessary, and you basically have my entire drafting process.
Characterization, though, I have a more thorough process for!
Fanon and meta is super, super helpful, but I definitely prefer to look at canon first and foremost. I find it easiest to build characterization by asking myself questions about the character! I mean, don’t get me wrong. The first step is just to...get your own read on their personality? And there’s no trick to that. Everyone comes away from watching a show/reading a book with a slightly different interpretation of a character’s personality. But when building off of that to write them, I find questions helpful. They vary from fandom to fandom, but, like, here are some of the questions I’ve asked myself while writing Five.
What motivates them? For Five, this is a super easy one. He literally says it at multiple points throughout the show. He’s motivated by his family. To the point of wanting to save the world because they’re a part of it. Five troops through injury and pain and discomfort, but one reference from Handler about a deal to save his family is enough to coerce Five into 1 - working with her when he doesn’t want to and 2 - taking a job that he doesn’t seem like he wants to take.
How far are they willing to go to get it? For Five, he’s willing to do pretty much anything.
Are there any contradictions in their characterization? This is a weirdly specific question, but! People are inherently contradictory. Sometimes in TV or movies or books, it’s just bad writing. But sometimes it’s because people are complicated. So, in TUA, Five is consistently a big-picture thinker throughout the series. He seems to view his job at the Commission with apathy because he knows that it’s part of maintaining the timeline and necessary for him to get back home and stop the Apocalypse. He plans to kill an innocent person because he believes the butterfly effect of their death could stop the end of the world. He is, in many ways, a utilitarian -- the needs of the many outweigh the needs of the few. The greater good sometimes requires a lesser evil. Pull the lever in the trolley problem, and kill the one to save the five. Unless that one is one of Five’s siblings. 
For instance, his dialogue with the Handler in season one seems to imply that he is willing to give up fighting the Apocalypse if and only if she can guarantee his siblings’ safety (though this admittedly turns on how honest you think he was being with her -- I think he was honest, but smart enough to know she’d never follow through, but a fair argument can be made either way.) There are a million ways to read this, and the fun of playing with characterization is that you get to experiment with them! I read it as proof that Five is so driven by his desire to save his siblings that he actually places their wellbeing above his own moral compass (whether his moral compass is right or wrong is a whole other debate.)
What are they like at their best vs. at their worst? At his best, Five is strategic, driven, independent, determined, loyal, and protective. At his worst, he’s controlling, suspicious, bloodthirsty, temperamental, and obsessive. Of course, most people don’t just switch between these two extremes, and these traits frequently coexist, interact, and manifest in milder ways.  Five being suspicious usually manifests as him being cautious until he’s confronted with a character (in season two, Lila) that strikes him the wrong way. Him being obsessive is often just a side product of the fact that he is determined, loyal, and protective.  The fact that he can be controlling is connected to how independent he can be -- the same reason that Five tries to keep Diego in the mental hospital, never tells people that he’s injured, and hides things from them is the same reason he’s so quick and effective at getting things done. This is just a handy way of compiling a flaws/virtues list, and I like to look at it in terms of the potential extremes because I think it makes it easier to see how they interact to create the middle ground where the character actually exists.
How do they talk? Arguably the most important question for actually getting their voice, and the easiest way to nail this down is to just...look at the canon dialogue. Does the character use really big words? Do they talk in long gusts or in short, clipped sentences?  Do they use contractions more or do they not shorten things? This is the hardest part of writing Five for me, because my first impulse is to make him talk like an Intellectual (tm) and Very Erudite Adult. Like, I default to that when writing him, and it’s a horrible habit (in my opinion) because...while he does speak that way sometimes (usually when explaining things to his siblings) that’s not actually how he talks most of the time.  (Like, for instance, I tend to default away from Five using contractions in my first drafts of things. He actually uses contractions a lot, and frequently shortens words--”got to” is “gotta” for Five, “because” becomes “‘cause”, etc.) 
Other examples:
Five: Billions of people are about to die tonight. You can change that.
The Handler: Tonight, tomorrow. So little difference in the scheme of things. Don't you remember the Commission's raison d'etre? What's meant to be is meant to be, or, as I like to say, que será, será.
Five: It's bullshit in any language.
I love this exchange so much :D. And it establishes some great things about the way Five talks! He doesn’t dance around the issue or debate her or try and prove her wrong. He just tells her he thinks that that opinion is dumb, obviously.  He’s blunt, straightforward, and honest. (This seems to tie into the thing I was saying about Five and contractions -- he picks the most straightforward way of saying things unless he’s giving a technical explanation.)
Five: Okay, Luther, but be careful. I mean, I've... I've lived a long life, but you're still a young man. You got your whole life ahead of you. Don't waste it.
Five talks like an old man. Not all the time (though there’s a wonderful gif set out there somewhere of Five using old timer slang -- wait, I found it here.) He doesn’t use the old-timey slang all the time -- and I personally like the idea of mixing up Five’s slang habits and including slang from all sorts of eras because he’s a time traveler whose primary source of interaction after four decades alone was other time traveling assassins. But! He also talks in a way where he shows his age. 
Regardless of where you think Five’s psychological age falls (I have my own Opinions on this), he seems to unilaterally view himself as the Big Sibling, and by a very large margin at that. That’s reflected in how he talks. Not always, since not every line of dialogue is relevant to his age. But stuff like this, or related to it, crops up a fair amount. He counsels his siblings on their problems (as when he comforted Diego post-Eudora’s death), and there are little moments like the quote above, where the point is that Five has indeed seen many more years than his siblings and has the perspective to reflect that.
Well, this is way too long now, and it’s really late where I’m at. I feel like the comprehensibility of this post has been steadily declining the whole time, but if other writers have tips that they want to add onto this, please go ahead! 
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