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O texto
O romance epistolar, Os sofrimentos do jovem Werther, escrito em 1774 pelo alemão Johann Wolfgang Goethe, é considerado um marco na literatura. O livro é dividido em duas partes: a primeira contém traços autobiográficos, pois Goethe se apaixonou por uma moça casada com seu amigo; já a segunda é inspirada em um amigo do autor que cometera suicídio.
As cartas do jovem Werther foram editadas e compiladas pelo seu amigo Guilherme, também destinatário das mensagens. No início da obra, Werther vai para o campo a fim de resolver negócios. Lá a natureza reflete o humor do protagonista, fato que se repete por todo o livro.
Convidado para um baile, Werther vai acompanhado de uma moça das redondezas e da prima dela, Carlota. Essa moça avisa-o sobre o compromisso que sua prima tem e fala para ele não se apaixonar por ela. Mas ao chegar à casa de Carlota, vendo ela rodeada de seus muitos irmãos, Werther fica encantado. E isso só aumenta enquanto vai conhecendo-a. O primeiro contato físico entre eles se deu durante o baile, na valsa alemã, a qual os dois dançam muito bem juntos. Assim a paixão de Werther só aumenta a cada dia.
O noivo de Carlota, Alberto, volta da viagem que estava fazendo e isso mexe com Werther nos primeiros momentos, porém logo começam a se dar muito bem, inclusive o marido de Carlota tem muita admiração do jovem. Em uma das conversas entre eles, falam sobre suicídio, a opinião de Alberto é que esse é um ato de fraqueza, já para Werther é um ato de coragem. A partir dessa conversa os pensamentos suicidas do protagonista começam a ficar mais explícitos. E ele se retira do campo de volta para a cidade, dando fim a primeira parte.
A segunda parte inicia em 20 de outubro de 1771, data em que Werther está trabalhando com o embaixador. Mas logo ele pede demissão e volta para o campo, onde se encontra com sua amada. Como Alberto estava fora de casa por alguns dias, Werther visitava Carlota com frequência então sua paixão volta a aflorar. E por causa dessa obsessão por Carlota, seus pensamentos suicidas reaparecem.
Para finalizar o texto, temos as palavras do editor e algumas cartas selecionadas. Essas partes deixam claro que o amor de Werther fora correspondido por Carlota. Entretanto, sem esperanças de ficarem juntos de fato, Werther comete suicídio, dando fim as suas angústias.
Citações
“Estabeleci relações de toda espécie, mas ainda não achei companhia efetiva. Não sei o que tenho de atraente aos olhos das pessoas, há tantos que se agradam de mim e a mim se prendem, que chega a me doer ter de abandoná-los, depois de os acompanhar por trechos que às vezes se mostram tão curtos.” - Werther (17 de maio)
“Isso só fez fortalecer meu propósito de doravante me prender apenas à natureza. Só ela é infinitamente rica e só ela é que forma os grandes artistas.” - Werther (26 de maio)
“É verdade que o roubo é um crime; mas e o homem que, para livrar a si e aos seus de morrer de fome, vai e comete um roubo; merece compaixão ou castigo? Quem lançará a primeira pedra ao marido ultrajado que, com justa cólera, abate uma mulher infiel e seu vil sedutor? E a essa moça que num momento de delírio abandona às alegrias arrebatadoras do amor?” - Werther (12 de agosto)
“O que mais me vexa são essas fatais relações burguesas. Sei bem, como qualquer outro, que é necessária a distinção de classes e conheço as vantagens que ela traz para mim mesmo; mas não gostaria que essa mesma distinção atravancasse o meu caminho quando poderia conduzir-me a alcançar um pouco de alegria, ou fazer-me gozar um vislumbre da felicidade deste mundo.” - Werther (24 de dezembro)
“Sim, veste luto, oh, Natureza! O teu filho, o teu amigo, o teu bem-amado se aproxima do fim. Carlota, este é um sentimento sem igual e todavia tão parecido ao torpor de um sonho...Ter de dizer a si próprio: esta manhã é a última! A última, Carlota! Não consigo alcançar o significado desta palavra: a última!” - Werther
Curiosidades·
Além de ser uma das obras precursoras do romantismo literário, o livro foi a primeira obra alemã a ser conhecida internacionalmente;
Na época de sua publicação (1774) houve uma onda de suicídios entre os jovens, acredita-se que por influência do tom realista e melancólico do livro que comoveu seus leitores;
O livro é inspirado nas experiências pessoais de Goethe e de seu amigo Johann Gottfried Herder, também escritor;
Na psicanálise, após a fama do livro, criou-se o termo “Efeito Werther” atribuído àqueles que têm tendências a influenciar atitudes suicidas de alguma forma;
Johann Wolfgang Von Goethe participou de um movimento literário romântico, na Alemanha, que agia como reação ao racionalismo iluminista da época, denominado Sturm und Drang (Tempestade e ímpeto), no qual desenvolveu a história de Werther;
Em 1787, Goethe publicou uma segunda versão da obra, a qual somava algumas cartas e subtituía outras;
A primeira tradução no Brasil saiu apenas em 1932, escrita por Elias Davidovich pela editora Guanabara.
Avaliação
Os Sofrimentos do Jovem Werther foi um livro de grande influência por todo o mundo. Além de ter influenciado diversos escritores, como Álvares de Azevedo, a obra de Goethe teve considerável poder de comoção, inclusive, acredita-se que uma onda de suicídios na Alemanha decorreu do lançamento do livro.
Seu formato epistolar torna a leitura fácil, portanto não demora para nos envolvermos com as histórias de Werther, e tomar seus sofrimentos por nossos. É notável, também, vários questionamentos sobre as convenções sociais da época e um apego à natureza, característica típica do Romantismo.
Por fim, pode-se dizer que é quase impossível não se maravilhar com a obra, a qual nos proporciona belas oportunidades de reflexão, principalmente com relação ao amor e aos padrões sociais.
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vearr-blog1 · 7 years
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O texto
Romance epistolar no qual Robinson Crusoé é descrito como um inglês com muita atração por aventuras desde cedo, no entanto, isso não é visto com bons olhos por seus pais que queriam que ele seguisse uma carreira profissional estável.
Tomado por essa ânsia de aventuras, Robinson embarcou em sua primeira viagem de navio. Porém no percurso uma forte tempestade os atinge e Robinson promete que se retornasse com vida faria faculdade de Direito e construiria uma família, mas assim que o tempo melhora, ele se esquece de suas promessas. Um dia, Crusoé acaba sendo escravizado por piratas que tomaram seu navio, mas consegue fugir usando um bote de pesca, todavia, ele fica a deriva por um tempo, até ser resgatado por um navio de portugueses que o levaram para o Brasil.
Quando chega ao Brasil, Crusoé consegue comprar terras e acaba se tornando um fazendeiro de sucesso, partindo para uma nova viagem, quando outros fazendeiros fazem-lhe a proposta de que se capitaneasse um navio para buscar escravos na África.
Nessa nova aventura de Robinson, o navio naufraga na ida por causa de uma tempestade. Apenas Crusoé sobrevive, nadando até uma ilha. Nesse contexto, Robinson resgata algumas coisas do navio naufragado e começa uma vida ali, esperando por um resgate: constrói duas casas, planta, caça e assim vai vivendo apenas na companhia de um cachorro (que estava no navio) e de um papagaio encontrado na ilha. Até que um dia Robinson encontra uma pegada, uma fogueira recém apagada e ossos humanos, percebendo, então, que se tratava da presença de canibais.
Certo dia, um dos prisioneiros dos canibais foge e Robinson o ajuda na esperança de ter um amigo na ilha, como aquele dia era uma sexta-feira, segundo a contagem de Crusoé, ele passou a chamar o novo amigo de Sexta-Feira.
Crusoé de certa forma coloniza Sexta-Feira, ensinando-lhe costumes de sua cultura: ensina-lhe a chamá-lo de amo, pois, apesar de amigos, achava que este devia-lhe respeito pela vida salva; ensina-lhe que era contra o ritual antropofágico, já que Sexta-Feira vinha de uma tribo com a crença de que comer carne humana era correto; ensina-lhe que era importante andar vestido; ensina-lhe a língua inglesa para facilitar a comunicação; ensina-lhe a usar armas de fogo, para caçar os alimentos e ensina-lhe a comer carne assada e salgada de animais, para que ele não voltasse a desejar carne humana.
Nesse meio tempo, outras pessoas da ilha vizinha são resgatadas, entre eles, o pai de Sexta-Feira e um espanhol naufragado, os quais ficam vivendo na ilha com Sexta- feira e Crusoé. Alguns dias depois é a vez de militares ingleses desembarcarem com prisioneiros: um Capitão e dois auxiliares que ali estão por desobedecerem à ordem dos militares e traficantes para traficar escravos com o navio. Crusoé e Sexta-feira os salvam e garantem abrigo e alimento até o resgate do comando do navio pelo capitão, e é por meio desse navio inglês que Crusoé consegue retornar para Inglaterra depois de tantos anos vivendo na ilha, deixando o pai de Sexta- Feira, os náufragos espanhóis e os traficantes ingleses.
Na Inglaterra, vê que seus pais já haviam falecido, com o tempo refaz sua vida, casa-se e tem dois filhos. Vive financeiramente bem, pois resgata suas terras do Brasil que davam para ele bons rendimentos e ainda recebe uma recompensa do Capitão por sua ajuda.
Quando seus filhos ficam adultos e sua esposa falece, Crusoé visita a ilha e vê que ela se desenvolve, lá também encontra o pai de Sexta-Feira e o espanhol.
Citações
“Como não tinha o que fazer, porque não aprendera ofício algum, dei de encher a cabeça com fantasias. Estudara numa excelente escola pública de York, meu pai desejava que eu seguisse a carreira de advogado, mas o desejo que me consumia era outro. Dedicar-me à vida do mar era coisa que me dominava inteiramente, pondo-me surdo às advertências e às solicitações serenas e doces de minha boa mãe. Meu pai, homem grave e enérgico, deu-me ótimos conselhos, para que deixasse de lado aquelas fantasias, mas tudo foi em vão. O chamamento do mar era coisa poderosa, que me atraía e subjugava.” - Sobre a fascinação de Crusoé por aventuras
“Mais animado, fabriquei pratos, tigelas, travessas, terrinas, potes e bilhas. E, satisfeito, ia vivendo alegremente, completamente afeito àquela solitária vida na ilha deserta. Minha casa, aos poucos, fora-se enchendo de coisas, de riquezas.” - O estabelecimento na ilha
“Compreendi, então, mais do que a primeira vez, que desejava ser meu escravo para sempre, pois trazia o coração verdadeiramente reconhecido.”
“Assim que Sexta-Feira passou a falar um inglês mais ou menos, com o qual podia expressar com maior desenvoltura o pensamento, comecei a narrar-lhe as minhas aventuras. Revelei-lhe o mistério da pólvora e das balas. Dei-lhe, rabiscando na areia, uma noção do continente europeu, falando-lhe mais demoradamente da Inglaterra, minha pátria.” - Visão de Robinson sobre Sexta-Feira
“E sorria, interiormente, a um pensamento que me ocorrera e sempre me vinha à lembrança: tinha vassalos; todos, ali, deviam-me a vida e eu me sentia como um grande monarca muito feliz, porque todos, sem exceção, estariam prontos a arriscar-se por mim, apenas a oportunidade se apresentasse.” - Visão de Crusoé sobre o hóspede espanhol
Curiosidades
A obra inaugura o romance moderno;
Uma análise possível da obra é o Crusoé como mediador de um processo divino: constituição de um “mundo” e a ilha como um projeto na sociedade capitalista;
Robinson sempre mostra-se muito cristão, confiando em Deus e na Bíblia;
O trabalho duro seria uma forma de se manter longe dos problemas sociais para Crusoé;
Na obra é possível perceber o pensamento colonizador e escravista de Crusoé quando ele faz de Sexta-Feira seu escravo, aculturando-o;
Sexta-Feira é o primeiro personagem não branco a ser representado em uma obra literária.
Avaliação
A obra Robinson Crusoé de Daniel Defoe é uma aventura de linguagem corrente, portanto sua leitura não implica muitas complicações, no entanto quando Robinson narra seus feitos para sobrevivência (que são muito interessantes) há demasiadas descrições na obra, o que faz dela, em certos momentos, um pouco monótona.
Robinson assume o papel de herói do romance, superando os desafios que vão aparecendo ao longo da narração, os quais aguçam a leitura. Todavia eles demoram para acontecer e são poucos quando consideramos o tamanho da história, o que pode desinteressar um pouco o leitor.
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vearr-blog1 · 7 years
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O texto
Essa peça teatral foi escrita por volta de 1662 por Molière (Jean Baptiste-Poquelin) e trata da infidelidade conjugal. A história se passa no século XVII, Arnolfo e Crisaldo iniciam o ato, discutindo sobre como Arnolfo teme, extremamente, ser traído pela sua suposta futura esposa, em contraponto Crisaldo destaca que esse é um fato imprevisível do casamento, que não valia tanto a preocupação do amigo. Assim, para não fazer parte de uma traição, Arnolfo criou uma menina, Inês, desde os quatro anos de idade, ensinando-a a ser ingênua de maneira a obedecê-lo em tudo, para então se casar com alguém que certamente não o trairia.
Agora Arnolfo encontra Horácio, filho de um amigo, o qual conta que se apaixonou por uma menina chamada Inês, que vive reclusa da sociedade a mando de um homem chamado Vendaval (Arnolfo), porém Horácio não sabia que se tratava do homem com quem estava a falar. Fingindo não se tratar dele, o detentor de Inês continua a ouvir o amigo, esse diz que foi até a casa da menina e acredita que ela também está apaixonada por ele. Assim, Arnolfo vai até Inês e a questiona sobre o ocorrido, se alguém havia entrado na casa enquanto ele estava na fazenda. Ela diz, então, que cumprimentou um homem pela varanda, e, mais tarde, o permitiu que entrasse. Arnolfo então chama sua atenção, dizendo que aquele homem possui más intenções com ela, e que eles iriam se casar, Arnolfo e Inês, entretanto ela entende que se casará com Horácio.
Esse jogo duplo continua pela parte de Arnolfo, que mantém a conversa sobre Inês para descobrir o que o amigo pretende fazer, até que, um dia, Horácio decide ir bater na janela dela durante a noite. Logo, Vendaval manda seus servos, Alain e Georgette, o impedirem. À noite, após receber uma pancada nas costas, Horácio finge estar desacordado, gerando preocupação em Inês, que vai até ele, assim, os dois fogem. Os amigos se encontram na rua a noite e Horácio pede ajuda para esconder Inês em sua casa, Inês vai, estava escuro, então não percebeu quem era.
Horácio agora descobre que seu pai, Oronte, chegou à cidade e que arranjou um casamento para ele com a filha de um amigo. Temendo a concretização desse arranjo, pede ajuda para Arnolfo, amigo de seu pai, que o convença a não realizar esse casamento. Certamente, Arnolfo contraria seu pedido e encoraja Oronte a seguir com o plano. Descobre então, Horácio, quem é realmente Vendaval. Inês é filha de Henrique e Angélica, a mãe faleceu e o pai, sem dinheiro, deixou-a nas mãos de Arnolfo para criá-la. Todavia, Henrique se trata do então amigo de Oronte, logo o casamento arranjado pelo pai de Horácio é com a própria Inês.
Vendo que o casamento entre o amigo e a menina que criara para apenas o obedecer será concretizado, percebe que todos seus esforços foram em vão. Agora o medo de ser traído pela esposa permanecia, já que seu plano não funcionara. Por fim, Crisaldo destaca que para o medo de Arnolfo “não casar é a única maneira de estar bem seguro”.
Citações
“Caso com uma mulher tola pra não bancar o tolo. Acredito, a fé de Deus, que a tua é uma mulher sagaz, mas uma mulher esperta é mau presságio; eu sei o que custou a alguns casarem com mulheres cheias de talento.” – Arnolfo, em conversa com Crisaldo, sobre o ideal de mulher para casar com ele.
“Que eu morra aqui mesmo se não é verdade; ela esperava o patrão a todo instante; cada cavalo, burro ou mula ela pensava que era o senhor voltando.” –Georgette contando a Arnolfo sobre a “saudade” de Inês.
“Uma coisinha linda que vive naquela casa ali, da qual se vê um pedaço do muro avermelhado. Simples; na verdade, de uma simplicidade sem igual. Condenada a viver como vive pela estupidez sem paralelo de um grosseirão que a afasta de qualquer contato com o mundo.” – Horácio mostrando a casa de sua amada, Inês, a Arnolfo sem saber que ele era quem a deixava presa lá.
“Primeira lição:
A mulher que em união legal
Leva ao leito de um homem
Não esqueça esta mortal
Apesar do que se vê por aí
O homem que a tomou,
Tomou-a só para si.” – Inês lendo seus exercícios diários de lições de casamento.
Curiosidades
Molière era um autor do universo da côrte, então costumava fazer um teatro de elite, o qual era mais elaborado, como em quesitos de figurino;
O autor, além de escrever a peça, também atuou na mesma;
Apesar de fazer um teatro mais de elite, Molière foi perseguido por membros da alta sociedade do séc. XVII, devido ao cunho satírico e realista de suas obras;
Escola de Mulheres agradou a maior parte do público, mas sua mensagem de emancipação feminina e questionamento de valores vigentes chocou os setores mais conservadores.
Avaliação
Escola de Mulheres é uma comédia, escrita por Molière, que trata da infidelidade conjugal no século XVII. É uma sátira de como se davam as relações naquela época numa ordem de mundo burguês.
Expõe muito bem a questão de posse no casamento, onde o marido se torna “dono” da mulher e ,como apresentado, se essa não tem dote e mesmo assim o marido aceita se casar, ela deve ter (uma enorme) gratidão a ele.
Molière apresentou majestosamente as questões do século em que vivia, como a ascensão da burguesia, a qual desejava se aproximar da aristocracia por meio de seus bens e posses, sendo uma dessas posses, a própria esposa. Ele consegue, no seu texto, defender uma emancipação feminina, instrução, e poder de escolha amorosa. Assim, fazendo a estrutura machista da época, a sociedade patriarcal, ficar abalada.
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O texto
Macbeth é uma peça de William Shakespeare, escrita em 1606, pelo o que é estimado. Tem como enredo as consequências da ambição demasiada de um general do exército do rei. Também é uma das obras do autor que mais representam o homem moderno.
A peça abre com três bruxas conversando sobre Macbeth. Ele, primo do rei Duncan e general do exército da Escócia, acabara de vencer uma guerra contra a Inglaterra e, por esse motivo, recebeu o título de Barão de Cawdor, mas não soube da notícia até o momento. No caminho para casa, as bruxas aparecem para ele e para seu amigo Banquo, também general do exército, que estava acompanhando ele. Então elas revelam o título que Macbeth recebeu e preveem que ele e o filho de Banquo seriam um dia reis, logo desaparecem. Macbeth começa a ficar deslumbrado com a ideia e pensa no assassínio de Duncan. Após voltarem ao reino, o rei decide visitar a casa de Macbeth, que está em dúvida sobre como proceder com seu primo, mas sua esposa está convicta de que devem chegar ao poder de qualquer maneira.
Na casa de Macbeth, após Lady Macbeth ter embriagado todos, seu marido se dirige aos aposentos do rei e o mata, muito influenciado pela sua esposa. Pela manhã, Macduff, nobre cavaleiro da Escócia, encontra o rei morto e dá a notícia a todos. Macbeth coloca a culpa nos camareiros do rei e os mata. Os filhos de Duncan, sentindo o perigo que correm, fogem do reino e acabam levando a culpa pela morte do pai deles. Sem ninguém na linhagem do rei, Macbeth é coroado.
Já como rei, Macbeth planeja matar Banquo e o filho, Fleance. Então contrata dois assassinos para isso pois, para ele, vale mais manter a coroa segura consigo. Enquanto Macbeth dava um banquete, Banquo foi morto, mas seu filho conseguiu fugir na escuridão. O rei se retira do banquete para receber as notícias, que não o alegram, pois seu rival pelo trono ainda vive, porém quando volta para sentar-se na mesa vê o fantasma de seu amigo no lugar que estava sentado e isso o deixa muito atordoado. Seus convidados percebem que tem algo algo errado pela inquietação do rei, mas a rainha desconversa, dizendo que é uma doença, e dá fim a cerimônia.
Após as visões que teve durante o jantar, Macbeth vai até as bruxas para saber o que deve fazer e descobre que só será morto pelo homem que não foi parido por uma mulher, além de ser alertado sobre Macduff. Esse cavaleiro, entretanto, já se encontra no reino da Inglaterra, para isso ele deixou para trás sua família, a qual foi morta por ordem do rei. Então Macduff se une a um dos filhos de Duncan e monta um exército para derrotar Macbeth.
Na Escócia, Lady Macbeth, doente e delirando, revela os assassinatos para seu médico e sua dama de companhia, enquanto seu marido se preparava para batalha. Chegando a hora de lutar, poucos restaram junto de Macbeth, ao contrário do outro exército que contava com mais de 10.000 soldados. O rei, já numa completa loucura, não sentia mais medo de nada, pois não conhecia ninguém que não nascera de uma mulher, e quando a rainha se suicida ele não demonstra nenhuma dor devido a seu estado.
Quando chega o encontro de Macbeth e Macduff, é revelado que o nobre cavaleiro foi arrancado do ventre da mãe antes do tempo e, portanto, ele acabaria com Macbeth. Após matá-lo, Macduff traz a cabeça dele para ser exibida e poder decretar vitória sobre o autoritarismo que vigorava no antigo reino.
Citações
“...Com a morte de Sinel, eu sei que sou o Barão de Glamis, mas como é possível eu ser Barão de Cawdor? O Barão de Cawdor está vivo, um próspero cavalheiro.” - Macbeth
“Se a sorte de mim fizer Rei, então a Sorte poderá coroar-me sem que em prol disso eu precise agir.” -  Macbeth
“Queres ser grande, e para isso não te falta ambição, mas careces da maldade que deve acompanhar essa ambição.” - Lady Macbeth
“Carregar a coroa não é nada. O importante é carregá-la em segurança. Nossos temores encontram fundas raízes na pessoa de Banquo.” - Macbeth
“Mas agora ocorre-me que estou neste mundo terreno, onde fazer o mal é muitas vezes louvável e fazer o bem algumas vezes foi considerado ato perpetrado por louco perigoso.” - Lady Macduff
“...Empunhemos, rápido, a adaga que mata e, como homens de bem, defendamos nossa pátria maltratada.” - Macduff
“E agora ele começa a sentir que seu título pende, frouxo, sobre sua pessoa, como o manto de um gigante sobre um ladrão nanico.” - Angus
Curiosidades
Macbeth é considerada parte das comédias mais sombrias de Shakespeare;
Shakespeare escreveu a maior parte dos papéis principais de suas tragédias para Richard Burbage, sócio e ator, que primeiro se destacou com Ricardo III;
Macbeth é uma das peças mais curtas de Shakespeare, mesmo tendo, em sua forma original, 5 atos, 21 cenas e mais de 17.000 palavras, o que seria quase a metade de Hamlet;
No meio teatral britânico, diz-se que nem o seu nome pode ser pronunciado, sendo muitas vezes anunciada como “the Scottish play“, devido a uma superstição que se construiu à volta da noção de que a peça atrai azar, já que há vários relatos de acidentes graves relacionados com a mesma, desde mortes de protagonistas até incêndios famosos.
Avaliação
A obra é inteiramente baseada na ambição humana pelo poder, a qual o protagonista, mesmo ouvindo a previsão certa de sua ascensão no reino escocês, busca incessantemente a realização dessa profecia. O enredo mostra o destino dos amigos Macbeth e Banquo estabelecidos pelas bruxas, elemento fantástico que é trazido para a história.
Diante das atitudes dos personagens pelo poder, Macbeth e Lady Macbeth, por exemplo, são dominados pela loucura que a culpa de seus crimes os levou. Essa loucura se mostra por meio de alucinações dos personagens e dos fantasmas que os assombram. Além disso, o destaque de Lady Macbeth como a detentora da idéia de garantir o poder é um destaque na obra, visto que a mulher, aqui retratada, mostra-se com grande destaque e influência no contexto inteiro.
Essa tragédia shakespeariana mostra o desenrolar de uma história que mantém a curiosidade do leitor perante os próximos atos das personagens, até a realização da profecia. Apesar de mais curta em relação às outras obras do autor, Macbeth não deve em nada em matéria de enredo que apesar de escrita por volta de 1603, ainda mantém características ambiciosas na nossa sociedade atual e desperta o interesse nas reviravoltas na vida do(s) rei(s).
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O texto
Dom Quixote foi escrito por Miguel de Cervantes, originalmente na língua espanhola. Trata-se de um tipo de paródia dos romances de cavalaria, os quais naquele momento estavam em declínio. É dividido em duas partes, durante as quais os personagens evoluem.
A história inicia com D. Quixote, um pequeno fidalgo, que vivia na região de La Mancha, na Espanha, perdendo a razão por ter lidos muitos romances de cavalaria, assim, ele acredita ser um cavaleiro da era medieval e parte de sua casa para buscar as aventuras que um cavaleiro precisava viver. Além das aventuras para honrar sua pátria, Dom Quixote precisa de uma amada, um casamento, pois como nas novelas de cavalaria, a mulher amada é quem guarda sua honra após sua morte. Então o fidalgo elege Dulcinéia, uma moça a quem ele conhecera quando ela era apenas uma criança, e que nunca mais havia visto, tornando-a a mulher de sua imaginação, a quem dedicava todas as suas vitórias. Além disso, ele precisava de um cavalo, e o nomeia Rocinante.
Ele parte pela primeira vez, e então sua imaginação passa a ser instrumento de humor ao livro, pois em uma vendinha, ele enxerga um castelo, e suas ações envolvem as pessoas que ele encontra, as quais respondem em um primeiro momento com estranhamento a todo o discurso do fidalgo. Nesse momento, D. Quixote acaba se envolvendo em uma batalha com um grupo de comerciantes, e fica ferido. Um conhecido de sua família o encontra e o leva de volta para casa. Aqui, sua família já havia entendido o motivo de ele estar agindo dessa maneira, e queima todos os seus livros.
Contudo, D. Quixote não se deixa abater, e parte escondido mais uma vez, mas agora com um companheiro, Sancho Pança, que parte com ele em troca de terras, mas com uma visão muito realista, diferente do fidalgo, vendo graça na fértil imaginação do mesmo, que dá vida a objetos inanimados e vê castelos em pequenas hospedagens.
Assim, os dois vivenciam inúmeras aventuras ou desventuras, juntos. A saga do herói chega ao fim no primeiro volume.
No segundo volume, os personagens estão significantemente diferentes em relação as suas posturas, Cervantes qualifica e enriquece o processo existencial dos mesmos. Aqui, ainda vivem mais aventuras fantásticas e curiosas, mas depois de algum tempo, D. Quixote resolve que é hora de voltar para La Mancha e começa a ser tratado em função de sua loucura.
Nesse momento, Sancho já entrou nas fantasias do fidalgo, foi incorporando os seus discursos, enquanto que este passou a voltar para a realidade, ou seja, há uma inversão de papeis. Cervantes passa a guiar D. Quixote para a morte, o que acaba acontecendo pouco depois de voltar para casa, uma das possibilidades disso, é a profunda tristeza que se instaurou no coração do fidalgo por perceber a realidade, principalmente sobre a real Dulcinéia. Contudo, Sancho permanece e nele continua vivendo o engenhoso fidalgo de La Mancha, assim como nos corações de todos que o conheceram.
Citações
“Sonhar o sonho impossível, Sofrer a angústia implacável, Pisar onde os bravos não ousam, Reparar o mal irreparável, Amar um amor casto à distância, Enfrentar o inimigo invencível, Tentar quando as forças se esvaem, alcançar a estrela inatingível: Essa é a minha busca.” - D. Quixote
“Embora eu saiba que não exista magia no mundo que possa mover e forçar a vontade - como alguns simplesmente acreditam -, é livre a nossa vontade, e não existe erva nem encanto que a force.” – D. Quixote
“Dulcinea Eu vejo o céu quando eu te vejo, Dulcinea! E o teu nome é como uma oração Um anjo sussurra... Dulcinea.” - D. Quixote
“Esse meu mestre, por mil sinais, foi visto como um lunático, e também eu não fiquei para trás, pois sou mais pateta que ele, já que o sigo e o sirvo, se é verdadeiro o refrão que diz: ‘diga-me com quem anda e te direi quem és’ e o outro de ‘não com quem nasce, mas com quem passa’.” - Sancho
“A liberdade, Sancho, é um dos mais preciosos dons que os homens receberam dos céus. Com ela não podem igualar-se os tesouros que a terra encerra nem que o mar cobre; pela liberdade, assim como pela honra, se pode e deve aventurar a vida, e, pelo contrário, o cativeiro é o maior mal que pôde vir aos homens.” - D. Quixote
“Adverte, Sancho, que o amor não mira cumprimentos nem guarda termos de razão em seus discursos, e tem a mesma condição da morte: que assim acomete os grandes palácios dos reis como as humildes cabanas dos pastores, e quanto toma posse de uma alma, o primeiro que faz é tirar o medo e a vergonha.” - D. Quixote
"À força de tanto ler e imaginar, fui me distanciando da realidade ao ponto de já não poder distinguir em que dimensão vivo" - D. Quixote
Curiosidades
A primeira publicação de Dom Quixote, foi com um pseudônimo de Cervantes, Cide Hamete Benengeli;
É considerado o expoente máximo da literatura espanhola;
Depois do livro, a expressão “quixotesco” tomou vida, representando alguém com ideias muito sonhadoras;
Há uma referência ao engenhoso fidalgo de La Mancha na obra “Quincas Borba” de Machado de Assis;
Carlos Drummond de Andrade também escreveu poemas sobre D. Quixote;
Entre a publicação do primeiro volume e o segundo, outro autor tomou posse da história e continuou as aventuras do fidalgo, fato que muitos acreditam ter levado Cervantes a continuá-la;
O 3 é um número muito importante na história, e aparece muitas vezes;
É a primeira narrativa que não tem o mito como suporte;
É utilizado por Cervantes como crítica a época em que vivia, final da idade de ouro, em que havia um desajuste do homem com o mundo.
Avaliação
Dom Quixote é uma obra constituída de vários pequenos episódios aventurescos com uma leitura fácil e fluída no geral, apesar de ser uma obra bem extensa. No entanto, se o leitor envolver-se com a história não se dará conta do tamanho e até ficará sensibilizado com a loucura de Quixote, a qual é exposta na obra com tamanha inocência.
Aqueles que são apaixonados por leitura são ainda mais envolvidos pela história, já que o motivo da loucura de Quixote é a leitura demasiada, atrelada a sua imaginação. Logo, quem ama ler identifica-se ainda mais com essa imaginação aguçada da personagem, muitas vezes, até se emocionando com a ingenuidade de Quixote ao justificar suas loucuras e ao acreditar no que as pessoas que o cercam dizem para alimentar sua falta de sanidade.
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O texto
Chrétien compôs “Lancelot” por ordem da condessa Marie de Champagne. No texto narra as aventuras do nosso cavaleiro da charrete, que, por estar apaixonado, faz de tudo pela rainha Genebra. Durante uma festa no castelo do rei Arthur, já um rei velho, acompanhado de toda corte, um cavaleiro entra no castelo e anuncia que está aprisionando cavaleiros, damas e donzelas do reino e só os soltará se a rainha for levada até ele. Aproveitando essa situação o senescal e mordomo, Kai, pede dispensa de suas funções e diz que só mudará de ideia se puder levar a rainha. O rei, sem muitas escolhas, aceita a proposta.
Sir Gawain, sobrinho de Arthur, decide segui-los. No caminho encontra um cavaleiro indo a pé e vê mais adiante charretes, lugar em que se levam ladrões. Se aproximando do charreteiro, Gawain e o cavaleiro que encontrara perguntam se ele tinha visto passar a rainha, mas ele apenas dá um sinal para subir na charrete. O cavaleiro que ia a pé, por amor a rainha, sobe, já Gawain se nega a passar tal humilhação, então os segue no seu cavalo.
O charreteiro conduz os cavaleiros até o outro lado da cidade, onde uma donzela os abriga e revela que quem levou a rainha foi o cavaleiro Melegant. Então ela os ensina dois caminhos para chegar ao reino dele, a ponte-sob-água, a qual sir Gawain segue, e a ponte-da-espada, ponte tão estreita como uma lâmina, a qual Lancelot, cavaleiro da charrete, segue.
Na viagem do último cavaleiro, ele passa por um cemitério, onde há túmulos dos mais gloriosos cavaleiros e mais um grande túmulo trancado por uma enorme pedra, que tinha inscrita que quem a tirasse dali libertaria todos os prisioneiros daquela terra. Lancelot, prontamente, ergue a laje sem nenhum esforço, o que impressiona a todos. Tal ação é sem dúvida seu grande feito, por ter libertado tantos forasteiros e restabelecido, por isso, sua honra, já que havia dúvidas sobre ela após subir na charrete. Mas, para ele, não bastava, pois ainda devia libertar a rainha, então segue até a ponte-da-espada para atravessá-la.
O rei Bandemagnus, homem honroso e leal, junto de seu filho, Melegant, muito traiçoeiro, vê a travessia do cavaleiro. Quando Lancelot, finalmente, chega ao outro lado para buscar a rainha, o filho do rei não aceita e pede uma batalha, a qual é vencida por Lancelot, porém sem matar o rival, por bondade ao rei e obediência à sua rainha. Ainda não aceitando a derrota, Melegant pede revanche, que é marcada dali um ano no reino de Arthur.
Enfim Lancelot foi conduzido até a rainha, que o desprezou por diversão e disse que só voltaria com sir Gawain. O cavaleiro, desapontado, foi, prontamente, buscá-lo, acompanhado dos forasteiros que libertara. Entretanto, durante a busca, gente da terra de Bandemagnus prende Lancelot para agradar o rei, porém o rei não queria nada disso, e fica mais irritado pois chega aos seus ouvidos que os nativos mataram o cavaleiro. A rainha fica muito triste com essa notícia.
Mas Lancelot consegue voltar ao castelo e se acertar com a rainha Genebre. Os dois combinam de se encontrar na janela do quarto dela. Quando Lancelot vai ao local combinado, acaba se cortando e suja de sangue os lençóis do senescal, que fazia a guarda da rainha, e os dela, só que nem mesmo vê as manchas que deixou depois de passar a noite com sua amada. Pela manhã, Melegant vai até o quarto e, ao ver as manchas, acusa Kai de desonrar a rainha, esta nega, dizendo que sangrara pelo nariz na noite. Lancelot então aparece e pede para combater no lugar do senescal, para assim provar a honra dos dois, já que vencer uma batalha é como uma resposta divina.
Depois de derrotar Melegant, o cavaleiro da charrete se dirige à ponte-sob-água à procura de Gawain, que ainda não apareceu. Mas sua viagem foi, novamente, interrompida, desta vez por um anão que sequestrou Lancelot, mandado pelo cavaleiro derrotado. Pessoas que estavam acompanhando o cavaleiro encontram sir Gawain, que quase morrera após cair da ponte, e voltam ao reino para dar as novas notícias. Todos ficaram preocupados com o ocorrido e durante uma refeição receberam um valete que trazia recado de Lancelot, avisando que já havia voltado para casa.
Pela manhã, todos partiram para o reino de Arthur. Porém, chegando lá, se surpreenderam ao saber que Lancelot não estava no reino e logo compreenderam que tudo era uma mentira de quem o sequestrara. Damas, sabendo da volta da rainha, resolvem fazer um torneio a fim de arranjar casamento e pedem a presença da majestade. No reino de Bandemagnus, o senescal de Melegant, que mantém Lancelot no cárcere por ordem do seu senhor, conta ao prisioneiro do torneio e da presença da rainha, que emociona-o demais. A esposa do senescal, vendo a tristeza do cavaleiro, liberta ele para ir no torneio, com a condição de que volte depois de acabar as disputas.
Ele cavalga até o local e logo recebe um recado da rainha de que deve fazer a pior performance possível, parecendo covarde a todos e não sendo escolhido por nenhuma donzela para casar. Após as donzelas discutirem quem escolheriam, a rainha manda recado que ele deve fazer sua melhor performance e é obedecida. Lancelot é escolhido como melhor cavaleiro do torneio, mas não é coroado porque volta rapidamente à sua prisão, mantendo a palavra de cavaleiro.
Citações
“É que a Razão, separada de Amor, diz-lhe que evite subir. Ela ralha lhe ensina a nada fazer nem empreender que possa levar a desonra ou exprobração. Essa Razão não está no coração, mas na boca. Porém Amor está no coração encerrado e lhe manda e ordena que suba depressa à charrete. Amo assim quer, e o cavaleiro sobe. Não lhe importa a vergonha, pois Amor ordena e quer.” – narrador
“Que Deus tenha mercê de mim, não por orgulho o digo, se prefiro morrer com honra a viver com vergonha.” – Lancelot
“Sabe agora que lhe é desafiada a rainha. Mas é tão valente cavaleiro que não teme força e coragem de qualquer outro no mundo. Em verdade, se não fosse traidor e desleal não haveria melhor cavaleiro. Mas tinha um coração de pedra, sem doçura nem piedade. O rei estava jubiloso do que acabava de ver. O filho sentia grande tristeza. O rei sabia com certeza que esse que acabava de passar a ponte não tinha na igual na terra.” – narrador
“Nenhum outro além de vós jamais tentou tal empresa. Nenhum foi tão ousado para se meter em tal perigo. Sabei que vos aprecio mais por isso, pois que fizestes o que ninguém ousava realizar sequer em pensamento.” - Rei Bandemagus
“Quando Lancelot ouve chamar, não tarda a se voltar. Vira-se. Vê no alto a pessoa que, no mundo todo, mais desejava ver, sentada na bancada da janela. Desde o momento em que a avista não se move mais nem desvia o rosto.” – Narrador
“Se é verdade que a rainha amor Lancelot com amor ardente, ele a amou mil e mil vezes mais, pois seguramente amor desertou todos os outros corações para cumular a tal ponto o de Lancelot. Sim, nesse coração amor encontrou todo seu ardor, e se empobreceu em outros corações.” – Narrador
“Ao fazer-me honra me envergonhais: quando lá cheguei tudo estava terminado. Fui lento demais e fracassei. Lancelot é que chegou como devia ser. Ele adquiriu maior renome do que jamais teve cavaleiro algum.” – Gawain
“Cometemos grande erro em o desprezar e difamar. Ele venceu e sobrepujou todos os cavaleiros do mundo! A ele ninguém pode se comparar!” – Todos que dele zombaram
Curiosidades
Escrito por Chrétien de Troyes, é um romance arturiano (durante o reinado do Rei Artur);
Dizem que a história foi “encomendada” por Marie de Champagne, protetor de Chrétien, e que o mesmo não era entusiasta quanto a como esta se desenvolvia;
É uma novela de cavalaria, esse tipo de literatura teve formação no fim do Império Romano, pois ouve então abertura de espaço político e a busca da Igreja Romana de alcançar novos fiéis com o cristianismo, que era promulgado com as histórias dos valentes cavaleiros que lutavam pela fé cristã;
O cavaleiro estava ligado ao sistema de vassalagem, pois era fiel e obediente ao rei;
A figura do feiticeiro Merlin estava muito presente, mas diferente de como é representado atualmente em filmes, ele incorporava nas novelas um sentido sacerdotal, o universo criador e destruidor da natureza;
O elemento feminino traz para a história de Lancelot a ambiguidade entre bem e mal, e era parte da afirmação do herói;
Lancelot e todas as novelas de cavalaria foram baseadas no mito Celta, trazendo figuras da natureza como fadas e duendes;
Os torneios que ocorriam nessa literatura, em contexto da realidade da época, foram criados para ocupar os guerreiros, que não viviam sempre em guerra, e sua vida era permeada por bastante ócio;
Praticamente todas as novelas de cavalaria estavam ligadas ao reinado do Rei Artur e à busca do Santo Graal;
A marca do cristianismo está presente também em Excalibur, a espada que só poderia ser retirada da pedra pelo homem designado por Deus.
Avaliação
Lancelot, o cavaleiro da charrete,  é uma das novelas de cavalaria mais conhecidas pelo mundo, a qual rendeu diversas adaptações para o cinema. As aventuras do herói da história são instigantes e divertidas, causando, assim, uma vontade de ler rápido para descobrir se ele conseguiria ou não se dar bem. Esta obra é útil para se familiarizar com o contexto da época, o reinado do Rei Arthur, e com as características das novelas de cavalaria, as quais se fariam presentes posteriormente em Dom Quixote de La Mancha.
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O texto
A Divina Comédia, de Dante Alighieri, é um poema épico teológico italiano escrito no século XIV. A obra é dividida em três grandes partes: Inferno, Purgatório e Paraíso e pretende tratar da jornada do protagonista até o terceiro. O texto inicia no Inferno, onde Dante se vê perdido em uma selva escura, então, sem saber explicar como chegara ali, avista uma grande colina sobre a qual esmaecia a escuridão do local, iniciada a subida já se depara com uma pantera, seguida de um leão e mais a frente uma loba. Os perigos encontrados fazem com que ele retorne ao bosque, assim, percebe um vulto e pede para tal que se apresente, era Virgílio, poeta romano clássico, o qual, visando sua salvação, atende aos prantos de Dante e acompanha-o na jornada.
O inferno aqui foi dividido em nove círculos, cada um com uma casta de pecadores. Os cinco primeiros compõem o Alto Inferno e os demais o Baixo Inferno (Dite). Já no início Dante demonstra grande receio em seguir o caminho, então o poeta decide contá-lo o porquê de estar ali: Virgílio estava recluso em seu círculo quando foi convocado por formosa dama que estava no paraíso, Beatriz (grande amor de Dante na terra) clama para o poeta protegê-lo. Assim, sua coragem se alterou renovada.
O primeiro dos nove círculos estava bem à frente deles, abismo escuro e profundo de onde se ouviam lastimosos choros e suspiros, um sofrer sem amargura, onde se sentia leve brisa. Lá estavam aqueles que não foram batizados, incluindo os que nasceram antes mesmo da religião cristã. Denominado Limbo, lá estavam poetas como Homero, Horácio e o próprio Virgílio, por louvarem mais os feitos humanos do que os sagrados. De lá, o guia levou Dante ao próximo sítio, menor em tamanho, porém maior em sofrimento, o segundo círculo era anunciado por gritos. Na entrada postava-se Minos, media ele as culpas das almas e distribuía suas respectivas punições, aqui se encontravam os sensuais, os que antepuseram a paixão à razão. Como nos próximos círculos, Dante desejava sempre conhecer alguma das almas, tentando entender como seu destino o levara até ali. Dentre essas encontrara figuras como Cleópatra e Helena. Ainda nesse círculo, almas contam como morreram por amor, despertando piedade e tristeza.
Ao se recuperar do sentimento apiedado, novos tormentos e atormentados estavam ao seu redor, por todo lado. No terceiro círculo caia eterna chuva escura, gélida e pesada. Cérbero, monstro cruel de três cabeças, descobriu-os, o guia então joga punhados de terra pela boca da fera, fazendo-o se calar. O chão que pisavam alastrava-se das almas punidas pela gula, que padeciam enregelados e fracos. Aqui é que Dante pergunta a Virgílio como serão as punições após o Juízo Final, “aumentadas sentirão suas dores” recebe como resposta. Cruzando a extensão até o ponto onde entrariam no quarto círculo está Plutão, o inimigo tenta impedi-los de baixar até a rocha, eis que o poeta enfrenta-o com ríspidas palavras, tombando-o por terra. Puderam, então, baixar ao círculo dos avarentos e pródigos, um número de almas jamais visto rolava de um lado para outro se chocando e gritavam incessantemente. Seus pecados na terra o tornaram-nos ocultos a qualquer identidade.
Dirigiam-se agora para o último círculo do Alto Inferno, seguiram o curso até chegarem a um pântano, a Esfinge era formada por tristes ribeiros e possuía sombras, desnudas, cobertas de lodo e de irritado semblante. Essas eram as sombras vencidas pela ira, os iracundos. Então, o guia entrou em uma barca e nosso protagonista em seguida, só aí que foi percebido que Dante era vivo, de carne e osso e logo pesava. Mais adiante o mestre avistara a Dite já próxima, moveram-se em direção à cidade, atravessando altas muralhas encontraram inúmeros túmulos sobre o chão desigual. O Baixo Inferno era tomado por chamas e profundos fossos, no sexto círculo estavam reclusos os hereges e os incrédulos.
Chegando a alta penedia formada por um círculo de rochas que divide em três o sétimo local de punições, encontram uma multidão de almas sujeitas a castigos mais violentos e atrozes. Todos aqui enviados praticaram algum tipo de violência ou fraude, no primeiro compartimento ficam os que ofenderam violentamente outro alguém ou os bens que ela possuía. O segundo era aos que em si mesmos violentaram, privando-se de continuar a viver. Por fim, no terceiro estavam os que praticaram violência contra Deus, se o negaram com blasfêmia e menosprezo. Circundados por muralhas de ferro havia um poço largo e profundo, estavam em Malebolge (as covas malditas) onde estavam as almas divididas em dez fossas, respectivamente: sedutores, aduladores, simoníacos, adivinhos, fraudulentos, hipócritas, ladrões, maus conselheiros, fundadores de seitas e os falsários. Neste oitavo círculo, à medida que avançavam pelas covas, piores eram as punições das almas, chicoteados enquanto marchavam nus até se contorcerem sobre o próprio corpo decomposto.
No ponto mais baixo do inferno estavam os pecadores com o maior dos castigos até ali, os traidores, o nono círculo era também divido, três eram seus compartimentos, o primeiro destinado àqueles que traíram a família, o segundo traidores da pátria e no terceiro penavam os traidores dos amigos e dos benfeitores. Lá as almas congelavam, eram estripadas e decapitadas. O centro da terra enfim estava à frente, o mestre então indicou para Dante a avistar a criatura de formoso semblante: “Eis aí Lúcifer! Este é o local onde de extrema fortaleza me convém que armes o espírito”, apresentava três faces e três bocas, em cada uma triturava um pecador: Judas, Cássio e Bruto. Virgílio agora em vez de descer, subia. Voltava para seus circulo, pois chegara ao fim do caminho que poderia acompanhar Dante, pelo menos foi o que ele supôs.
Citações
“Neste sítio convém deixar toda suspeita, bem como afastar toda tibieza. Pois chegamos, como já anunciara, ao lugar onde verás atormentada gente, cujo castigo é a perda da razão.” - Virgílio 
“Ó vós, que sois capaz de entender os preceitos das leis e da razão, buscai perceber o sentido exato que nestes versos, por vezes, está oculto!” - Dante
“Antes de haver na terra o meu tempo de vida cumprido, vi-me perdido em vale desolado. Ontem pela madrugada é que deixá-lo, quando do caminho já voltava desanimado e este que vai comigo me socorreu e me reconduz a casa” - Dante
“Aqui, é virtuoso o que piedade não sente – pois quem pode ser tão perverso quanto o que se apieda do mal castigado pela Justiça Divina? Ergue, pois, a fronte e fita aquele que se abismou na terra ante os tebanos que lhe fitava” - Virgílio
“Coragem! Animou-me o Mestre: “não é cedendo ao ócio nem refestelando-se sobre plumas que se conquistam os prêmios ao valor. Aqueles que à inatividade se entregar, de si deixará sobre a terra memória igual ao traço que o fumo risca no ar e a espuma traça na onda.” - Virgílio 
“Supera a fadiga, vence o torpor, recobra o ânimo que das vitórias sobre os perigos, a primeira é a da vontade sobre o corpo.” - Virgílio 
“Quem poderia jamais, em prosa ou verso, descrever suficientemente o sangue e as espantosas chagas que nesse lugar vi? Nenhum poderia tanto, parca é a palavra, inábil o talento para horror tamanho compreender e expor completamente” - Dante 
“Ainda não é morto, nem sentença há que o condene. Vem para conhecer como aqui se sofre. E eu, já morto, devo conduzi-lo através do inferno de fosso em fosso. E tal como refiro, é tudo verdadeiro.” - Virgílio 
Curiosidades
Originalmente o nome da obra era apenas “Comédia”. Possui esse nome não por ter um viés satírico como atualmente, mas porque na época eram comédias todas as obras com finais felizes;
Foi escrito em italiano, língua considerada como vulgar na época;
Para Dante a obra trata do fim supremo do homem, que se antepõe em demonstrar o que ele vale no mundo terreno;
O conjunto das três partes da obra é formado em um sistema metrificado: 9 círculos, 9 patamares e 9 céus e todas terminam com a palavra “ estrelas”;
Em uma passagem no texto: “fez mil duzentos e sessenta e seis anos que a ponte para o fundo decaiu” fica-se sabendo que este ocorrido se dá em 26 de março de 1300. A morte de Jesus é o ponto de referência;
Dante cita mais de 500 nomes ao longo do texto, trazendo figuras reais para sua obra como Cleópatra, Homero e Maomé;
Não se sabe ao certo quem foi Beatriz, mas acredita-se que quando Dante tinha 9 anos encontrou-a pelas ruas de Florença e se apaixonou imediatamente por ela, sendo esse seu único encontro.
Avaliação
A Divina Comédia como um todo traz o mito cristão para a literatura, a questão central da obra trata do lugar limitado que o homem ocupa no universo, criado, circunscrito e dominado por Deus. A obra é muito descritiva sobre o cenário em questão, a leitura assim, pode ser um pouco dificultosa, o leitor pode encontrar complicações ao tentar se situar no local narrado. Essa primeira parte, O Inferno, é das três a mais rica em detalhamentos e descrições e de suma importância para a visão atual sobre o inferno, disseminada não apenas para aqueles que seguem a religião cristã.
Ao longo da jornada de Dante e Virgílio é fácil compreender o desenrolar da história, apesar das muitas descrições, entretanto, o início do texto possui algumas questões em aberto. A escassa explicação da personagem Beatriz traz dúvidas ao leitor que se estendem ao por que de Dante estar vivo e mesmo assim se encontrar em meio o mundo dos mortos. Apesar disso, a leitura é de extrema peculiaridade, pois traz definições e ideias muito originais sobre o inferno, o leitor é movido até o final, pois é inevitável querer descobrir como será o próximo círculo, assim até chegar em Lúcifer.
A aventura a qual Dante se encontra traz curiosidade sobre as próximas duas partes da obra, passando pelo inferno, agora sem Virgílio, seu guia, surge a pergunta de como seria o desfecho do personagem até o Paraíso e quais seriam os porquês de sua chegada até ali mesmo estando vivo.
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O texto
No início do texto, Atena conversa com Zeus, seu pai, para ajudar Odisseu a voltar para casa, pois este está preso em uma ilha com a ninfa Calipso. Enquanto isso, Telêmaco, filho de Odisseu, se encontra irritado com os pretendentes de sua mãe, Penélope, que devoravam as riquezas de sua mansão após vinte anos da partida de seu pai.
Então, Zeus manda Calipso soltar Odisseu e ela, por não dispor de barcos, mostra-lhe como fazer uma jangada. Ele parte, finalmente, e depois de vinte dias no mar, com muitas turbulências causadas por Poseidon, chega na Feácia. Lá encontra Nausicaa, que ensina-lhe como ir para a casa de seu pai, o rei Alcínoo. Com sua oratória, Odisseu convence o rei e os feácios a emprestarem barco e tripulação para ele poder voltar à Ítaca, sua casa. Mas, antes de partir, narra toda sua trajetória desde que saiu de Tróia até a ilha com a ninfa. Entre as aventuras narradas ele conta sobre a ilha de Éolo, deus dos ventos, sobre os lestrigões, gigantes comedores de gente, Cila e Caríbdis, desafios dos navegadores e sobre o ciclope, o qual ele furou o olho e despertou a fúria de Poseidon, dificultando depois disso a viagem do herói.
Com ajuda dos feácios ele chega à Ítaca, logo encontra-se com o porcariço, Eumeu, que o abriga. Algum tempo depois, Telêmaco, que chegou da Lacedemônia, onde visitava o amigo de seu pai, Menelau, foi também ao porqueiro, mandar que ele fosse avisar na cidade que havia chegado. Mas Telêmaco, em um primeiro momento, não reconheceu Odisseu, somente quando Eumeu saiu e este se revelou que houve o reencontro de pai e filho.
Dali foram para a mansão na cidade, onde Odisseu ficou como visita. Então conversando com a anfitriã, Penélope, descobriu que ela planejava um torneio, que consistia em armar o arco que fora de Odisseu, para decidir qual dos pretendentes levaria sua mão. Neste momento, Odisseu começou a planejar a vingança dos pretendentes.
Já no torneio, nenhum dos pretendentes conseguiu armar o arco, então Odisseu o fez e deu um sinal para Telêmaco de que começaria a matança. Após acabarem com todos, mandaram chamar Penélope, que dormia, para contar que seu marido havia voltado. Enfim, Atena apareceu, novamente, como mentor, para promover um juramento de paz entre Odisseu e as famílias dos pretendentes para que não houvesse mais guerra.
Citações
“Porém, com volver dos tempos, chegou, enfim, o ano em que, segundo teceram os deuses, voltaria a seu lar em Ítaca, mas nem então se viu livre de lutas, embora entre seus entes queridos. Todos os deuses condoíam-se dele, menos Posidão, cuja cólera só deu quartel ao divinal Odisseu quando ele chegou à sua terra.” - Início da narrativa que sintetiza o texto.
“Eu já pude conhecer os desígnios e a mente de muitos bravos guerreiros e visitei muitas terras, mas os meus olhos ainda não viram ninguém de alma igual à do intrépido Odisseu.” - Em conversa com sua esposa, Helena, Menelau elogia o herói Odisseu por tudo que contribuiu nas guerras.
“Odisseu, quando pomos os olhos em ti, não nos parece um mentiroso e dissimulado, como tantas pessoas nutridas por aí afora pela negra terra, que inventam mentiras porque ninguém as pode verificar. Tuas palavras têm beleza; teu coração, honradez. Narraste com a arte de um aedo a história das tristes aventuras dos argivos em geral e tuas próprias.” - Rei Alcínoo se impressiona com o poder que têm as palavras de Odisseu.
“Quão astucioso e dissimulado seria quem te superasse em tudo que é ardil, mesmo que fosse um deus a competir contigo! Mísero! Artificioso! Insaciável de enganos! Então, nem mesmo em tua própria terra, que amas do fundo da alma, havias de abandonar a linguagem enganosa e astuta? Eia, porém, basta de falácias, versados que somos ambos em ardis, pois tu és, entre todos os mortais, incomparavelmente o melhor na persuasão e na eloquência e eu sou formosa, entre todos os deuses, pela inteligência e astúcia” - Atena compara Odisseu a um deus por tantas histórias que este é capaz de criar.
“Ainda e sempre o mesmo espírito em teu peito! Por isso não te posso abandonar em tua desdita; porque és afável, vivo e prudente. Outro qualquer, em chegando de seus horrores, correria contente e ansiosos a ver o filho e a esposa na mansão; mas a ti não apraz por enquanto ser informado e indagar; queres, antes, pôr tua esposa a prova.” - Atena elogia a determinação de Odisseu de voltar para sua casa e a prudência com que lida com as situações por que passa.
Curiosidades
Escrita supostamente por Homero, é uma sequência da Ilíada, do mesmo autor;
A Odisseia é um dos principais poemas épicos da Grécia antiga;
A história era contada oralmente portanto não se tem certeza sobre a autoria total de Homero, pois devido a essa qualidade, pode ter sido alterada por terceiros até vir a ser escrita;
É repartida em 24 cantos, com um total de 12 mil versos;
A palavra odisseia, após o texto, passou a designar “jornadas/aventuras heróicas” no Ocidente;
Antes da Odisseia, Odisseu era considerado um herói épico, do tipo que não tem aventuras como as que ele viveu, por essa razão, é um texto inovador, trazendo um herói com aventuras fantásticas envolvendo seres da mitologia.
Avaliação
O texto original da Odisseia pode ser de leitura complicada, pois sendo em verso dificulta o entendimento para pessoas que não estão acostumadas com esse tipo. Entretanto, o texto em narrativa é facilmente compreensível. A leitura é sempre movida pela curiosidade de saber qual a próxima aventura de Ulisses/Odisseu e a que destino esta o levará, já que ele busca retornar para casa.
Além disso, é necessário certo conhecimento, mesmo que geral, da mitologia grega, para não ficar perdido na história, pois os deuses e seres desta são de extrema importância para o desenrolar da jornada do herói.
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O texto
          Essa obra platônica foi escrita por volta de 380 a.c e pretende indagar a definição de amor por meio de discursos filosóficos. Platão não participou ou presenciou diretamente da cena em questão, apenas tem conhecimento do ocorrido por meio de terceiros. Assim, é retratado de forma narrativa e identificando o espaço físico vivido, ao contrário da maioria das obras filosóficas.
             O texto inicia com o Apolodoro e seu companheiro andando em direção à sua casa, quando Glauco os interrompe indagando sobre o Banquete de que ouvira falar, no qual houve vários discursos proferidos sobre o amor, na casa de Agatão. Após o questionamento, Apolodoro (que também soube da história via terceiros) inicia então seu relato sobre o evento: Aristodemo após encontrar Sócrates o indaga sobre onde ele estaria indo, este ia ao encontro marcado na casa de Agatão. Assim, depois de alguns desentendimentos sobre os convidados, Aristodemo o acompanha até o local e, ao chegar lá, Sócrates tem um de seus momentos estáticos o qual tira para pensar, demorando então para entrar na casa.  
          Enfim, ao término do Banquete é iniciada uma discussão da ordem em que seriam feitos os discursos, decidido assim: Fedro, Pausânias, Erixímaco, Aristófanes, Agatão e Sócrates.
          Fedro refere-se a Eros (deus do amor) como um dos deuses mais antigos, ditador de todo o bem, e com sua ausência seria impossível criar qualquer coisa bela. Todos os homens que desejarem viver nobremente deveriam deixar o amor guiá-los. O amor nos torna corajosos e moralmente inspirados. Tem sorte aqueles que amam e são correspondidos, mas amar é mais divino do que ser amado.
          Pausânias, seguindo, critica o elogio de Fedro. Diz que a simples prática do amar não pode ser considerada nem bela nem feia, mas sim a ação, na maneira como é feito o ato de amar. Ele então revela duas formas de amor, Afrodite Urânia (celestial) que é o amor de corpo e alma, verdadeiro e sublime e Afrodite Pandêmia (vulgar) que é o amor comum, carnal, dos desejos incontroláveis.
          Erixímaco, educado nas artes médicas, completa o discurso anterior dizendo que o amor não é exclusivo dos homens, mas também nos corpos dos animais, nas plantas em toda a natureza. Para ele, a natureza dos corpos comporta um duplo Amor: o sadio e o mórbido. Aos homens bons é belo aquiescer, e aos intemperantes é feio. E novamente traz a idéia de que o amor belo e celestial é para aqueles que amam verdadeiramente, e o amor popular é para aqueles que desejam apenas o prazer. Logo, como a natureza, o amor deve sempre buscar um equilíbrio entre necessidades físicas e espirituais.
          Aristófanes, o quarto orador, conta o mito dos andróginos, das “almas gêmeas”. Existiam três gêneros, masculino, feminino e andrógino (feminino e masculino). Eles eram duplicados e unidos (sendo dois homens, duas mulheres ou qualquer que fosse a combinação) então, Zeus, temendo a auto-suficiência deles, os separa em dois para seu enfraquecimento e cada uma das partes passará a eternidade buscando por sua metade original. Para Aristófanes o amor é isso, a busca incessante por nossas metades, não sendo esse um amor apenas carnal, mas espiritual também.
          Agatão contraria seus antecessores explicando que o Amor é o mais jovem dos deuses, o mais feliz e mais belo, justo, corajoso, sábio e perfeito. Aclamado e conquistado pelos afortunados e invejado pelos desafortunados, pertencente e sempre ao lado dos bons. Seu benefício vem de sua natureza e está presente em todos os corpos e almas não rudes, no delicado ele faz sua morada.
          Sócrates, por fim, caracteriza o amor por um discurso que ouvira de Diotima. Ele é pobre, seco e longe de ser belo. No meio da sabedoria e da ignorância o amor não é desejado, apenas quando se percebe sua falta. Amamos aquilo que não temos e aquilo que não somos e que o amado é o que é realmente belo, não o amante, não o amor.
          Ao final da cena, após os discursos, aparece a figura de Alcebíades (discípulo de Sócrates), embriagado ele adentra o Banquete e profere também palavras que lhe definem o amor, especificando as palavras para sua grande paixão: Sócrates.
Citações
“O Amor é um dos deuses mais antigo, o mais honrado e o mais poderoso para a aquisição da virtude e da felicidade entre os homens, tanto em sua vida como após sua morte” - Fedro
“Assim é que o Amor não é todo ele belo e digno de ser louvado, mas apenas o que leva a amar belamente” - Pausânias
“Universal é o poder que em geral tem todo o Amor, mas aquele que em torno do que é bom se consuma com sabedoria e justiça” - Erixímaco
“E então de há tanto tempo que o amor de um pelo outro está implantado nos homens, restaurador da nossa antiga natureza, em sua tentativa de fazer um só de dois e de curar a natureza humana”  - Aristófanes
“É portanto ao desejo e procura do todo que se dá o nome Amor” - Aristófanes
“(...) Protetor e salvador supremo, adorno de todos os deuses e homens, guia belíssimo e excelente, que todo homem deve seguir, celebrando-o em belos hinos, e compartilhando do canto com ele encanta o pensamento de todos os deuses e homens” - Agatão
“E de fato o que é amável é que é realmente belo, delicado, perfeito e bem-aventurado; o amante, porém é outro o seu caráter” - Sócrates
Curiosidades
Escrito por Platão, tinha a pretensão de ser um texto tanto filosófico, quanto trágico e cômico.
Não foi presenciado por Platão, portanto não pode ser considerado completamente verossímil do ponto de vista histórico.
Sócrates é a figura de maior destaque presente, é quem desenvolve o diálogo.
Pode ser considerado mais um debate do que um diálogo, uma disputa para provar qual dos homens sabe mais sobre Eros, o amor.
Platão “ataca” os sofistas (homens que defendiam que não existe uma verdade, mas argumentos que convencem), defendendo que há uma verdade no plano das ideias, tira muito da poesia (que ele é contra) como o diálogo, que implica reflexão, na réplica constrói-se uma verdade.
Avaliação
          O que move o leitor até o final nessa obra de Platão são as distintas opiniões sobre o amor: assunto universal e atemporal, ou seja, ocorre uma tentativa de identificação do leitor com a obra, de modo que ele passa toda a leitura discordando e concordando com uma ou outra definição descrita. Além disso, a maneira como os discursos ocorrem implicam identificação do leitor por ser um modo de discussão atemporal, já que ainda hoje nos reunimos com nossos amigos para beber e discutir um assunto cotidiano. O Banquete também se mostra como uma obra muito passível de identificação do leitor por abordar a polifonia, ou seja, um discurso de outrem contado por alguém, contexto no qual ocorrem modificações da fala primeira e alguns acréscimos muitas vezes. Por fim a identificação, o universalismo e a atemporalidade excitam o leitor a ler até a última página da obra dialogando, inconscientemente, entre seus pensamentos, opiniões e os discursos filosóficos e poéticos descritos.
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O texto
          O texto de As Bacantes gira em torno do deus Dionísio, o qual buscava ser reconhecido pelos homens como deus para ser cultuado. Além disso, tinha desejo de vingar sua mãe Sêmele, filha do rei Cadmo de Tebas, cenário da história, que era “desprezada”, já morta, por sua família, pois todos acreditavam que seu filho era um bastardo e não resultado de seu caso com Zeus.
          Dionísio não foi bem recebido pelos tebanos, entretanto, muitas mulheres da cidade uniram-se às bacantes, grupo de seguidoras do deus que o seguia a qualquer lugar que fosse. Elas viviam em um transe permanente, como se estivessem possuídas, em uma vida lasciva e por isso eram obrigadas a praticar seus rituais no alto das montanhas, longe da reprovação dos cidadãos.
          Nesse cenário, Penteu, primo-irmão de Dionísio, aparece com falas negando a existência da divindade em Dionísio, criticando o fato de até mesmo sua mãe Agave ter sido corrompida a juntar-se às bacantes. Cresce então no deus o desejo de vingar-se do parente, e a partir daí traça seu plano para humilhá-lo diante da cidade e provocar o fim de sua vida pelas mãos da própria mãe, enfeitiçada, causando também o fim do reinado de Cadmo, pois Penteu era seu único herdeiro.
          Dessa forma, influenciados pela história da vingança de Dionísio, e também por ele ter trazido o saboroso vinho, os gregos passaram a homenagear anualmente o deus estrangeiro com as festas bacantes, as quais deram origem ao teatro.
Citações
“Oh!
Bem-aventurado, feliz quem
nos divinos mistérios instruído,
seus dias piedosamente dirige
e a alma nobilita
nas montanhas, pelas purificações
sagradas das Bacantes!
De Cibele, a Grande Mãe,
celebrando as orgias,
o tirso agitando freneticamente
e coroando-se de hera,
a Dioniso atende.
Ide, Bacantes! Ide, Bacantes!
A Brômio, deus filho de deus,
a Dioniso fazei descer
das frígias montanhas
para as amplas ruas
da Hélade, a Brômio!
Foi a ele
que noutro tempo, acometida
das violentas dores do parto
sob o trovão alado de Zeus,
fora do ventre a mãe
lançou, deixando a vida
por ação do raio fulminante.
Logo, para que ele pudesse nascer,
em um abrigo Zeus Cronida o acolheu,
e a sua coxa dissimulou
com fíbulas de ouro a prender,
a ocultas de Hera.
Deu à luz, quando os Destinos
se cumpriram, o deus ornado de chifres
e com uma coroa de serpentes o coroou.
Desde então, com tal despojo
selvagem, as Ménades
seus anelados cabelos cingem.” 
- Fala do Coro, fazendo referência à origem de Baco
“Duas são, ó jovem,
entre os homens as coisas primeiras: a deusa Deméter
- é a terra; por um destes nomes invoco-a, a teu grado -
aos mortais os alimentos secos proporciona.
Vem depois o seu émulo, o filho de Sêmele,
que da uva o fluído líquido achou e trouxe
aos mortais; aquieta aos homens míseros
suas penas, quando do suco da vinha estão saciados,
o sono e o olvido dos males cotidianos
lhes concede; para as dores outro lenitivo não há.” 
- Fala de Tirésias, que ressalta a importância do vinho e, por conseguinte, de Dionísio
“Mulheres, caído na rede está o homem.
Vai alcançar as Bacantes, mas será punido com a morte.
Dioniso, a ti compete agir; não longe te encontras.
O castigo não tarda! Penetre primeiro seu espírito
um impetuoso delírio... Se conservar o bom senso,
não quererá envergar uma veste de mulher;
se desaparecer o bom senso, envergá-la-á.
Ao escárnio dos Tebanos pretendo expô-lo,
conduzindo-o pela cidade, disfarçado de mulher,
ele, de ameaças tão pródigo outrora!
Tenho de ir ajustar a Penteu a veste, com que há de
alcançar o Hades, às mãos da mãe
estrangulado. Reconhecerá o filho de Zeus,
Dioniso, que se mostra, no fim, o mais temível
dos deuses, ele, o mais clemente para os humanos!” 
- Fala de Dionísio em que ele arquiteta sua vingança contra Penteu, o qual se recusava a reconhecê-lo como deus.
Curiosidades
Dionísio é chamado de Baco pelos romanos, por isso suas seguidoras eram chamadas Bacantes;
Dionísio era filho de Zeus com a princesa tebana e mortal Sêmele e, sendo o único deus filho de um mortal existente, se vê em Dionísio muitas ambiguidades entre o divino e o humano;
Dionísio precisou, até mesmo antes de nascer, ser escondido de Hera, a mulher de Zeus. Para isso, quando Sêmele morre Zeus o coloca em sua coxa para terminar de gestá-lo;
Em certo período dessa fuga de Hera, Dionísio foi enviado por Zeus para o vale do Nisa, onde foi educado por ninfas e sátiros, e foi nessa fase que Dionísio descobriu a arte de fabricar o vinho;
Essa tragédia contém diversas alusões mítico-rituais à religião dionisíaca, apresentando a natureza do culto dionisíaco em oposição a ordem social e com os valores morais defendidos pelo rei tebano Penteu;
Hera, esposa de Zeus, ainda vingativa, inclusive acometeu Dionísio de uma insanidade para que ele não pudesse participar da assembléia olímpica, nesse período ele viaja pelo mundo ensinando aos homens o cultivo da uva e a fabricação de vinhos, por isso Dionísio fica conhecido como o deus da loucura e da embriaguez, já que a embriaguez causada pelo vinho era atribuída a algum efeito divino.
Avaliação
          A curiosidade em torno das bacantes, seguidoras de Baco, é o que engrena a leitura no início do texto, pois queremos saber o que é verdade ou boato sobre elas e o que, de fato, fazem. Durante a história se esclarece que elas estão em transe, como se estivessem possuídas pelo Deus, e fazem atrocidades quando tentam vigiá-las.
          Além disso, há um drama familiar na história, pois Baco quer se vingar da família, por não o considerarem um Deus, gerando até aí um sentimento de justiça por Baco e de revolta com o rei Cadmo e seus descendentes. Mas isso muda após o ponto focal da obra, quando Penteu é morto pela sua mãe, Agave, a qual está em transe junto das bacantes. Desta cena até ela tomar conta do que fez, os papéis vão se invertendo, pois agora sentimos pena de Penteu e da família e temor do deus Baco.
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vearr-blog1 · 7 years
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O texto
          Antígona (ou Antígone) é a terceira peça da trilogia tebana de Sófocles, dramaturgo grego do século V. A tragédia tem como protagonista Antígona, filha de Jocasta e Édipo, seu pai e irmão, a qual se encontra em uma situação controvérsa com o atual rei Creonte. Após a morte de seus dois irmãos Etéocles e Polinices, que se mataram mutuamente em uma luta pelo trono da cidade de Tebas, Creonte, que também é seu tio, estipula que o corpo de Etéocles seja devidamente sepultado em cerimônia, entretanto o corpo de Polinices deveria ser exposto às aves do céu e aos cães na terra, isso porque o mesmo traiu o rei e a cidade ao aliar-se ao rei de Argos.
          Após o decreto, Antígona confronta a atitude de Creonte, crendo nas leis divinas fica determinada a sepultar o irmão com os ritos sagrados dos deuses, apesar de qualquer consequência. Em seguida, um dos guardas de Creonte aparece trazendo a notícia de que o corpo estava coberto e, logo, suas ordens desobedecidas. Descobre-se que o ato foi de Antígona, ela é levada até o rei e ocorre uma discussão entre ambos sobre os motivos de suas atitudes. Novamente, como em Édipo Rei, a crença na lei dos homens e nas leis divinas se choca entre personagens.
          Ordena Creonte chamar também Ismênia, irmã de Antígone, que apesar de ter recusado a participar da infração é julgada. Assim, ambas são condenadas a morte. O rei é alertado por seu filho Hêmon, futuro marido da protagonista, que o povo de Tebas concorda que as leis divinas devem ser obedecidas. Hêmon ameaça suicidar-se caso o pai não revogue a condenação, o que faz com que ele apenas piore a sentença e ordene deixar Antígona presa para uma morte lenta.
          Tirésias, conhecido adivinho da cidade, aparece e alerta do mal que as atitudes de  Creonte podem fazer, entretanto ele só é convencido pelas aclamações do Coro a libertar a prisioneira. Ao final da obra, a cena trágica se da com o suicídio de Antígona e Hêmon e também de Eurídice, esposa de Creonte, ao descobrir sobre a morte do filho. O rei, então, vive com o peso de ter se arrependido de seus atos petulantes tarde demais.
Citações
“Pobre de mim! Pensa primeiro em nosso pai, em seu destino, abominado e desonrado, cegando os próprios olhos com as frementes mãos ao descobrir os seus pecados monstruosos; também, valendo-se de um laço retorcido, matou-se a mãe e esposa dele — era uma só — e, num terceiro golpe, nossos dois irmãos num mesmo dia entremataram-se (coitados!), fraternas mãos em ato de extinção recíproca. Agora que restamos eu e tu, sozinhas, pensa na morte inda pior que nos aguarda se contra a lei desacatarmos a vontade do rei e a sua força. E não nos esqueçamos de que somos mulheres e, por conseguinte, não poderemos enfrentar, só nós, os homens. Enfim, somos mandadas por mais poderosos e só nos resta obedecer a essas ordens e até a outras inda mais desoladoras. Peço indulgência aos nossos mortos enterrados mas obedeço, constrangida, aos governantes;”
- Fala de Ismene para a sua irmã Antígona que faz uma retrospectiva das mortes, que ocorrem ao longo da trilogia tebana, em sua família.
“Mas Zeus não foi o arauto delas para mim, nem essas leis são as ditadas entre os homens pela Justiça, companheira de morada dos deuses infernais; e não me pareceu que tuas determinações tivessem força para impor aos mortais até a obrigação de transgredir normas divinas, não escritas, inevitáveis; não é de hoje, não é de ontem, é desde os tempos mais remotos que elas vigem, sem que ninguém possa dizer quando surgiram.”
- Fala de Antígona que destaca o contraste das leis divinas e das leis dos homens, conflito esse que é central na peça.
“Levem para bem longe este demente que sem querer te assassinou, meu filho, e a ti também, mulher! Ai! Ai de mim! Não sei qual dos dois mortos devo olhar nem para onde devo encaminhar-me!”
- Fala de Creonte depois que Hêmon, seu filho, mata-se sabendo o destino cruel de Antígona e depois que Eurídice, sua mulher, também comete suicídio sabendo que seu filho já não vivia mais.
“Destaca-se a prudência sobremodo como a primeira condição para a felicidade. Não se deve ofender os deuses em nada. A desmedida empáfia nas palavras reverte em desmedidos golpes contra os soberbos que, já na velhice, aprendem afinal prudência.”
- Fala final do coro que resume a moral da peça, Creonte, imprudente, desrespeita as leis divinas para fazer valer as leis dos homens e no final ele aprende do pior modo que seu ato era audacioso.
Curiosidades
• Antígona (ou Antígone) faz parte da Trilogia Tebana juntamente com Édipo Rei e Édipo em Colono, da qual é a última obra. Apesar de ser cronologicamente a terceira peça, considera-se que foi a primeira a ser escrita por Sófocles.
• Assim como Édipo, o nome Antígone traz um significado que pode ser relacionado com a obra, pois significa “aquela que se coloca diante de sua família ou do meio em que vive” (anti = diante de + goné = nascimento/origem), fazendo referência à atitude da filha/irmã e Édipo de contrariar Creonte para sepultar seu irmão Polinice.
• A coragem (ou temeridade, como ela mesma diz) de Antígone é especialmente admirável pois, além de não ter medo de morrer por alguém da família, ela é uma mulher desafiando um rei em uma época que eram considerados cidadãos apenas os homens e as mulheres eram sempre personagens secundárias. 
• Nessa obra fica bastante evidente o conflito leis divinas versus leis dos homens. A personagem principal se empenha para seguir as leis divinas, as quais previam que seu irmão deveria ser sepultado, contrariando os mandos de Creonte, rei de Tebas que condenava as ações de Polinice e por isso acreditava que o corpo dele deveria “ser exposto às aves do céu e aos cães na terra”, representando as leis dos homens.
• A peça se estrutura em cinco episódios, cinco estásimos (entradas do coro em cena trazendo informações ao público sobre o assunto da peça) e o êxodo, a parte final.
Avaliação
          Também livro da trilogia tebana, de Sófocles, na “Antígone” há diversas questões que movem a leitura da obra, por exemplo: como ocorre a disputa e morte dos irmãos (Etéocles e Polinice), se Antígone sepultaria o irmão e, após tê-lo feito, se Creonte cederia ou não sobre a ordem que dera de matar o autor do “crime”. Outra interessante discussão do texto é o atrito entre a lei dos homens e a lei dos deuses. Pois as decisões de Creonte não são bem recebidas pelos imortais já que, para eles, todos têm o direito do sepultamento, inclusive Polinice. E isso passa a sensação de heroísmo por parte da personagem Antígone por ela respeitar as leis divinas e sepultar o irmão e de tirania da personagem Creonte por ignorá-las. Todos esses fatos intrigam o leitor e fazem, pela curiosidade causada, com que a leitura flua naturalmente. Além de gerar surpresa nas cenas trágicas, já que não só Antígone morre como, também, o filho e a esposa de Creonte, tornando o tirano um coitado.
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vearr-blog1 · 7 years
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O texto
    Édipo Rei é uma tragédia grega do século V, do dramaturgo Sófocles. Essa peça conta o drama de Édipo, rei de Tebas, sucessor de Laio (rei assassinado) e sua família. Nesse contexto Tebas passa por muitas dificuldades, por isso Édipo manda Creonte, seu cunhado, ao oráculo para saber o porquê disso estar acontecendo. Por meio do deus Apolo eles descobrem que o problema é a permanência do assassino de Laio na cidade e, para resolver a questão, Édipo sentencia que o criminoso seja exilado de Tebas a fim de  “purificar” a cidade.
     O objetivo que surge, a partir disso, é descobrir quem matou Laio e para resolver o enigma Édipo manda chamar Tirésias, o adivinho da cidade, que revela o assassino: ele é o próprio rei de Tebas (Édipo), e que além de ter matado o próprio pai, ainda teria se casado com a mãe. Nesse momento Édipo fica horrorizado e diz que isso só poderia ser alguma brincadeira de seu cunhado Creonte para tirá-lo do poder.
     No entanto, após algumas descobertas e reflexões, Édipo começa a pensar que a visão de Tirésias poderia estar correta. O primeiro fato que o levou a refletir foi o que a rainha Jocasta, sua mulher e viúva de Laio, disse-lhe; ela contou que, quando casada com o falecido marido, eles tiveram um filho e livraram-se da criança, pois o oráculo teria previsto que Laio seria morto por seu próprio filho. O segundo fato, refletido e relacionado com o anterior, foi o de Édipo ter sido adotado e fugido de casa, pois o oráculo previra que ele mataria o próprio pai, no entanto seu pai adotivo morre de velhice, por isso ele fica tranquilo,  já que pensa ter se livrado da maldição.
      Aos poucos, os fatos vão se relacionando no texto e nós leitores surpreendentemente descobrimos,  junto com o Édipo, que ele é o filho sumido de Laio e, além disso, casou-se com a sua mãe Jocasta e matou seu pai, e que, portanto, teve seu destino cumprido. O destino dos personagens principais no final da história, como em toda boa tragédia, é extremamente perturbador:  Édipo sente-se tão culpado que fura seus olhos e fica condenado a própria sentença de exílio e a rainha Jocasta é levada por sua tristeza a cometer suicídio. Assim termina essa tragédia grega instigadora: deixando essa sensação dúbia de piedade e terror, provocando uma catarse única em seus leitores.
Citações
“Me revelo filho de quem não deveria nascer,
o esposo de quem não deveria ser,
o assassino de quem não deveria matar” 
- Édipo
“Desde esse tempo, Édipo heroico,
nós te chamamos de nosso rei
e nos curvamos diante de ti,
senhor supremo da grande Tebas.
E existe hoje qualquer mortal
cuja desdita seja maior?
Quem foi ferido por um flagelo
e um sofrimento mais violentos?
Quem teve a vida tão transtornada?
Édipo ilustre, muito querido!
Tu és o filho que atravessou
a mesma porta por onde antes
teu pai entrara; nela te abrigas
num matrimônio jamais pensado!” 
- Coro. Resume a glória que teve Édipo e sua decadência.
“Com as próprias mãos ela deu fim à existência.
Talvez fosse melhor poupar-vos dos detalhes
mais dolorosos, pois os fatos lastimáveis
não se desenrolaram em vossa presença.
Contudo sabereis o que sofreu Jocasta,
até onde eu puder forçar minha memória.
...
Então, depois de dar um grito horripilante,
como se alguém o conduzisse ele (Édipo) atirou-se
de encontro à dupla porta: fez girar os gonzos,
e se precipitou no interior da alcova.
Pudemos ver, pendente de uma corda, a esposa;
o laço retorcido ainda a estrangulava.
Ao contemplar o quadro, entre urros horrorosos
o desditoso rei desfez depressa o laço
que a suspendia; a infeliz caiu por terra.
Vimos, então, coisas terríveis. De repente
o rei tirou das roupas dela uns broches de ouro
que as adornavam, segurou-os firmemente
e sem vacilação furou os próprios olhos,
gritando que eles não seriam testemunhas
nem de seus infortúnios nem de seus pecados:
‘nas sombras em que viverei de agora em diante’” 
- Criado, o qual narra ao povo as decisões mais desesperadas e trágicas da obra que são tomadas pelas personagens.
“Mostraste ao mundo um pai irmão dos próprios filhos,
filhos-irmãos do próprio pai, esposa e mãe
de um mesmo homem, as torpezas mais terríveis
que alguém consiga imaginar. Mostraste-as todas!” 
- Édipo. Fragmento que resume o mal que aconteceu para ele e que gerava a peste em Tebas. 
“Lança-me fora desta terra bem depressa,
em um lugar onde jamais me seja dado
falar a ser humano algum e ser ouvido.” 
- Édipo. A ironia nessa fala, em que Édipo exige que seja dado a ele a sentença que ele mesmo proferiu, é trágica.
Curiosidades
          O livro Édipo Rei é uma tragédia grega, escrita por Sófocles, datada do século V a.C, que foi o grande momento para as peças de teatro gregas. O autor foi um dos mais bem sucedidos em quantidade de prêmios dentre os três grandes da época (Ésquilo, Eurípedes, e o próprio Sófocles). A obra foi considerada por Aristóteles, em sua Poética, em meados do século IV a.C, o exemplo mais perfeito de tragédia grega, além de ser utilizada por Freud, no século XIX, para designar o “Complexo de Édipo” que caracteriza-se por denominar desejos amorosos que um menino possa ter por sua mãe.
           Esta é a primeira obra de uma trilogia, composta também por Antígona e Édipo em Colono. Podemos utilizar a obra para observar várias das características de uma tragédia, como por exemplo, a presença do Coro, que pode exercer diferentes funções em cada produção, e nessa tem papel de uma consciência. No coro ainda é possível observar-se o Corifeu, uma espécie de chefe, figura que destaca-se da cena trazendo a fala. Além disso, podemos ressaltar as seguintes propriedades:
As cenas catastróficas nunca são encenadas, apenas relatadas;
Na representação teatral da peça, há a utilização de máscaras por todas as personagens;
Os acontecimentos se passam em apenas um cenário, normalmente no período de um dia;
Poucas personagens entram em cena, no máximo 3;
As tragédias são sempre familiares, a dor causada por aqueles que mais deveriam se amar;
Há um declínio de emoções, começando com felicidade e chegando à angústia, dor e tristeza;
As personagens não são muito boas ou muito ruins, não conseguimos tomar posicionamento quanto à elas, mas estão sempre em posição elevada e acabam perdendo tudo (aqui Édipo é um grande exemplo);
Existe sempre um erro que o principal acaba cometendo, a chamada Ibris, comumente a prepotência, colocar-se acima dos deuses. O coro tem a responsabilidade de regularizar, controlar isso.
          É conhecido que as traduções (do grego) nos fazem perder muito da grandiosidade das obras, como o nome Édipo: em grego, Oídipous, significa “o de pés furados” ou “inchados”, e na obra original existem diversas referências a esse fato.
Avaliação
          A continuidade com que os fatos se completam e a fluidez natural da história, do início ao fim, prendem o leitor no desenrolar do mistério tratado nessa tragédia. Sófocles traz uma eterna duvida em relação a Édipo, o que desperta um sentimento de dualidade. A petulância do rei é um fato contrariado pelo leitor, mas ao observar o destino inevitável o qual ele se encontra, desperta piedade.
          Ao final da obra, umas das punições que Édipo propicia a si mesmo é a de cegar-se, alegando que se recusou a ver os pecados que tinha cometido. Assim, agora cego poderia ver mais claramente o que há dentro de si, como Tirésias. Atitude essa chama atenção e resume as atitudes da personagem, que se encontrava em uma luta de valores morais: a dos deuses e a dos homens.
  O conhecimento prévio da história possibilitou uma maior facilidade na leitura, entretanto a construção da obra fez com que o interesse de chegar à cena trágica (ponto focal das tragédias gregas) não se perdesse, e mesmo no final da leitura, depois de revelado o mistério das origens de Édipo e o desfecho da profecia do oráculo, o questionamento sobre as atitudes do rei permanece.
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