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Ele não era religioso, mas sabia respeitar um bom espetáculo. Sentado num dos bancos da igreja, Vittorio Vittorio tentava não se mover, respirando com o cuidado de quem carrega dinamite no colo — ou uma recém-nascida com sono leve. A filha dormia encostada no ombro dele, o rostinho apertado contra a gola da camisa. E talvez fosse por isso que ele estava ali: não para ouvir sobre ressurreições milagrosas, mas para agradecer o seu pequeno milagre. O sermão ecoava em latim, e ele temia que o som do órgão pudesse acordá-la, mas estava feliz em tê-la em seus braços. O sino tocou, e ele imediatamente tapou o ouvidinho de Ludovica. As velhas à sua frente se levantaram e se benzeram, dando sorrisinhos para ele enquanto saiam da igreja. E então, uma criança espirrou tão alto que ele quase respondeu com um “salute”, porém, tudo o que fizera foi direcionar um olhar fechado ao mesmo tempo em que o chorinho de Vica o alarmava. ❛ Mio Dio. Papà è qui, piccola. ¹ ❜ Chiava, tentando acalmá-la, enquanto saia para o frescor de Monteluna.
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Monteluna estava em festa. E Vittorio Gaggero estava... presente. Usava um suéter bege de cashmere com as mangas cuidadosamente dobradas até os antebraços, e seus sapatos reluziam mesmo pisando no paralelepípedo antigo. Uma mão segurava uma pequena cestinha rosa com orelhas de coelho — que era de Ludovica, óbvio —, e a outra segurava a criança em seu colo. ❛ Tutta questa scenografia per gente che maltrata persino a simetria dos beirais…¹ ❜ Murmurou, baixinho, mais para si do que para alguém em específico. Estava cercado por barracas, risos e vozes que não conhecia. Novos rostos, novas intenções. Alguns vinham de fora com seus sonhos de recomeço e ideias mirabolantes para “renovar” Monteluna. Segundo Vittorio, o que esses amadores queriam mesmo era mutilar o que existia de belo com tons pastéis, janelas redondas e azulejos baratos. Toscani de Pinterest, todos eles. ❛ Ti piace, figlia? ² ❜ Questionou com um sorriso para a bebê em seu colo, que apesar de não entender, devolveu o sorriso banguela para ele. Era sua primeira páscoa, e isso era o que amenizava o mau humor de Vittorio.
#1- Toda essa cena para quem maltrata até a simetria dos beirais…#mluna:starters#2- está gostando; filha?
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As três Antonias disseram que viram VITTORIO GAGGERO PASTERNAK passando na praça de manhã, você ouviu? Não é de se espantar, já que VITTORIO tem 30 ANOS e quase todo mundo aqui já conhece a rotina dele por estar em Monteluna HÁ 30 ANOS. A cidade pode até estar mudando, mas ele segue firme sendo bastante CRIATIVO, mas também tendo seu lado ARROGANTE. Ele continua se parecendo com GIUSEPPE MAGGIO e NÃO ESTÁ ansioso para conhecer os novos moradores!
Studio Gaggero: Ele é dono de um escritório de arquitetura, o Studio Gaggero. Um casarão de esquina no centro antigo de Monteluna, restaurado por ele mesmo. Fachada de pedra clara, com janelas arqueadas e trepadeiras crescendo ao redor. Por dentro, o minimalismo reina: cimento queimado, vigas aparentes e muita luz natural filtrada por cortinas de linho cru. No fundo do imóvel, um jardim interno com oliveiras — onde ele às vezes trabalha à mão livre, longe do barulho. Os projetos de Vittorio consistem em casas de campo reformadas com sofisticação silenciosa, vilas familiares transformadas em refúgios arquitetônicos e mansões modernistas escondidas por muralhas de pedra. Ele atende, quase exclusivamente, uma clientela rica — artistas reclusos, magnatas aposentados e estrangeiros excêntricos que sonham com a Toscana perfeita… mas querem wi-fi de fibra e piscina com borda infinita. Vittorio tem 5 colaboradores em seu escritório, sendo: 1 gerente de projetos, 1 arquiteto júnior, 1 designer de interiores, 1 estagiário e 1 secretário.
Aesthetic: carros caros, copo de whiskey, óculos escuros, lapiseira e folhas de A3.
Orientação sexual: heterossexual.
Nascido com a sorte de carregar um sobrenome bonito — ainda que tenha escolhido o da mãe, não por vaidade, mas por uma espécie de vingança silenciosa — Vittorio é o tipo de homem que as revistas chamariam de “herdeiro de um império arquitetônico”. Embora, se você perguntar pra ele, vai dizer que herdou só a pressão e a amargura. Filho de uma modelo que largou os holofotes pela promessa romântica de uma vida em família, e de um arquiteto carismático demais pra ser fiel, Vittorio cresceu entre os jantares de gala e as ausências que deixavam gosto metálico. Federica era beleza e doçura. Giacomo, grandiosidade e ego. Um casamento com cheiro de manchete e gosto de fracasso.
A primeira traição foi pública. A segunda, dolorida. A terceira, veio com um olho roxo. Tinha só oito anos quando aprendeu que o sangue pode ser mais espesso que a água, mas também pode doer mais. A mãe morreu no dia do seu décimo terceiro aniversário, e ele nunca mais celebrou a data. Dizem que foi um acidente de carro. Ele diz que foi um descuido do destino. Estudou arquitetura, claro. Uma espécie de condenação hereditária. Mas em vez de herdar a empresa do pai, tenta construir a própria — devagar, meticuloso, exigente. Criou fama de arrogante, mas é só um perfeccionista traumatizado. Tem uma coleção absurda de óculos escuros, relógios de pulso e carros que ele raramente dirige. Evita dirigir, aliás.
Há três meses, a vida — sempre dramática, sempre criativa — lhe trouxe uma reviravolta em forma de bebê: Ludovica. Uma menina de dois anos deixada à porta do seu apartamento por uma ex-affair que, depois disso, evaporou. Sem exame de DNA, sem instruções. Só um bilhete e um sorriso que lembrava o dele. Vittorio aceitou sem pestanejar. Não porque achou bonito. Mas porque, pela primeira vez, algo parecia fazer sentido. Hoje, é o pai mais inapto e apaixonado que se pode imaginar. Leva a menina pra todo canto com ele, inclusive pra reuniões importantes onde ela já quebrou dois vasos e desenhou em um contrato. Sorri pouco, mas quando ela tá no colo, o mundo fica menos torto.
E sobre Monteluna? Detesta o programa das casas por um euro. Detesta a ideia de gente esquisita reformando construções centenárias com tinta barata e ideias ainda piores. Tem pesadelos com fachadas coloridas, neons e padarias gourmet invadindo sua cidade natal. Acredita que o lugar vai virar um circo de gente mal-intencionada — ou, pior, bem-intencionada e desastrosa. Ele não quer turistas. Ele quer história preservada. E quietude. E talvez um pouco de paz.
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Giuseppe Maggio
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