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workfromheda · 4 months ago
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Magic Heart - Wandanat e Agathario
Capítulo 2 – A Tragédia de Wanda
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O tempo, esse rio implacável que segue seu curso indiferente às nossas vontades, trouxe consigo mudanças que Wanda jamais imaginou possíveis. Dez anos haviam se passado desde a morte de Hella e a partida de Agatha. Dez anos em que Wanda tentou esquecer a maldição, tentou acreditar que poderia ter uma vida normal, longe da magia que corria em suas veias.
A Casa das Bruxas continuava lá, imponente no topo da colina que dominava Ravenwood, mas Wanda escolheu um caminho diferente. Mudara-se para o centro da cidade, para uma casa de tijolos vermelhos com janelas amplas que permitiam a entrada do sol, tão diferente das sombras perpétuas que habitavam os corredores da mansão de sua família. E não estava sozinha.
Victor Shade entrou em sua vida como uma brisa inesperada em um dia de verão. Alto, com cabelos castanhos que adquiriram tons dourados sob o sol e olhos de um azul claro, ele apareceu em Ravenwood para lecionar física na universidade local. Wanda o conheceu na pequena livraria da cidade, quando ambos alcançaram o mesmo livro ao mesmo tempo – um antigo tratado sobre a natureza da luz e das sombras.
— Perdão — disse ele, com um sorriso que iluminou seu rosto de uma forma que fez o coração de Wanda saltar. — Você estava primeiro.
Havia algo nele, uma calma, uma serenidade que parecia abrandar as tempestades que sempre assolaram a mente de Wanda. Victor era metódico, racional, um homem de ciência que acreditava que todo fenômeno possuía uma explicação lógica. Ainda assim, havia uma abertura em sua visão de mundo, uma disposição para considerar possibilidades além do que seus instrumentos de medição podiam captar.
Na primeira vez que Victor a convidou para jantar, Wanda quase recusou. A sombra da maldição pairava sobre ela como um corvo vigilante, lembrando-a do destino cruel que aguardava qualquer homem que ousasse amá-la.
— Não estou pedindo sua mão em casamento, Wanda — disse ele, rindo diante de sua hesitação. — É apenas um jantar. Uma troca de ideias entre mentes curiosas.
E assim começou. Uma conversa que se estendeu por horas, noites que se transformaram em semanas, em meses. Victor a fascinava com suas teorias sobre a natureza da realidade, a complexidade do universo, e a possibilidade de dimensões além da nossa percepção.
— As leis da física sugerem que o que chamamos de realidade é apenas uma fração do que existe — explicou ele certa noite, enquanto caminhavam sob um céu estrelado. — Há muito mais no universo do que podemos ver ou tocar.
— Isso soa quase como... magia — respondeu Wanda, testando os limites, observando sua reação.
Victor sorriu, aquele sorriso que parecia guardar segredos próprios.
— Talvez a magia seja apenas ciência que ainda não compreendemos totalmente.
Foi nesse momento que Wanda soube que estava perdida. Que, maldição ou não, seu coração havia escolhido, e ela não tinha forças para lutar contra esse sentimento.
A avó Morgana, é claro, tentou alertá-la.
— Você conhece nossa história, menina — disse ela, quando Wanda anunciou seu noivado, seis meses após conhecer Victor. — Conhece o preço que pagamos pelo amor.
— Talvez a maldição não seja mais forte que o amor, vovó — respondeu Wanda, com a convicção de quem acredita que sua história pode ser diferente. — Talvez seja essa a chave para quebrá-la: não fugir, mas enfrentar.
A cerimônia foi simples, realizada no jardim da Casa das Bruxas, sob o mesmo carvalho antigo que testemunhara tantas histórias de sua família. As rosas negras floresceram fora de estação, um sinal que Morgana interpretou com apreensão, mas que Wanda preferiu ver como uma benção.
Victor não se intimidou com o legado das Harkness. Aceitou a estranheza da mansão, os espelhos que às vezes refletiam mais do que deveriam, os livros que pareciam mudar de lugar durante a noite. Aceitou mesmo quando, em um momento de vulnerabilidade, Wanda revelou a verdade sobre sua família, sobre a magia que corria em suas veias.
— Você não acha que sou... estranha? — perguntou ela, após demonstrar como podia mover objetos com a mente, como podia sentir as emoções alheias quando tocava em certas pedras.
Victor pegou suas mãos entre as dele, seus olhos serenos e firmes.
— Acho que você é extraordinária, Wanda. E que existe muito no universo que ainda não compreendemos. Sua... habilidade é apenas parte do que você é. E eu amo cada parte.
Os primeiros anos de casamento foram de uma felicidade quase surreal. Wanda, que sempre vivera sob a sombra do medo, descobriu a liberdade de ser aceita por quem realmente era. Decidiu diminuir o uso de magia, não por medo, mas por escolha – queria experimentar a vida como Victor a via, através das lentes da ciência e da razão.
Quando descobriu a primeira gravidez, o medo voltou a assombrá-la. E se a maldição se estendesse a seus filhos? E se sua felicidade fosse apenas uma ilusão temporária, um intervalo cruel antes da tragédia inevitável?
— O que semeamos com medo, colhemos com dor — disse Morgana, quando Wanda compartilhou suas preocupações. — Mas o que plantamos com amor, mesmo em terra amaldiçoada, pode florescer de maneiras inesperadas.
Thomas chegou em uma noite de tempestade na virada das estações, como se o próprio céu celebrasse sua chegada com trovões e relâmpagos. Um menino saudável, de olhos verdes como os da mãe e uma energia que parecia vibrar ao seu redor. Desde o início, demonstrou uma afinidade com o movimento, uma inquietação que sugeria que, como Wanda, possuía uma conexão especial com o mundo.
Doze horas depois, William nasceu em uma manhã de primavera, sob um céu tão claro e azul que parecia uma bênção. Quieto onde Thomas era agitado, contemplativo onde o irmão era impulsivo, Billy mostrou desde cedo uma sensibilidade aguçada para o mundo ao seu redor, como se pudesse ver além do véu da realidade comum.
A vida seguia seu curso, aparentemente imune à maldição que Wanda temia. Victor continuava seu trabalho na universidade, cada vez mais respeitado por suas teorias inovadoras. Wanda dividiu seu tempo entre criar os filhos e ajudar Morgana com ervas medicinais que forneciam para os moradores da cidade. Os anos de distância haviam suavizado a reputação das Harkness em Ravenwood; agora eram vistas como excêntricas, porém úteis.
Mas o tempo, esse rio implacável, continua seu curso, indiferente às nossas vontades.
O dia começou como qualquer outro. Victor saiu cedo para uma conferência importante em uma universidade vizinha. Os gêmeos, agora com seis anos, brincavam no jardim enquanto Wanda preparava conservas de frutas para o inverno que se aproximava.
Foi apenas ao meio-dia que ela sentiu. Uma dor aguda no peito, como se algo dentro dela se quebrasse. A cigarra que cantava o dia todo em sua janela caiu em um silêncio mortal. A jarra de vidro que segurava estilhaçou-se no chão, mas ela mal notou. Seus joelhos cederam e ela caiu, engasgada com um grito que não conseguia expressar.
Victor. O nome surgiu em sua mente com uma clareza terrível. Não, por favor, não.
O telefone tocou minutos depois. Um acidente na estrada. Uma ponte que desabou sobre o rio exatamente quando Victor passava por ela. Nenhum sobrevivente.
As palavras do oficial de polícia soavam distantes, como se viessem de outro mundo, um mundo onde a maldição era apenas uma história, não uma realidade cruel que acabara de arrancar seu coração.
Os dias que se seguiram foram um borrão de dor e incredulidade. Wanda movia-se como uma sonâmbula, realizando os rituais necessários – identificar o corpo, organizar o funeral, consolar os filhos que não compreendiam por que o pai não voltaria – mas sem realmente estar presente. Era como se uma parte dela tivesse partido com Victor, deixando apenas um invólucro vazio que se movia por hábito.
— Não foi sua culpa — disse Morgana, segurando sua mão no cemitério, enquanto observavam o caixão ser baixado à terra. — A maldição...
— A maldição é minha culpa — interrompeu Wanda, sua voz áspera de tanto chorar. — Eu sabia. Sabia desde o início, e ainda assim permiti... permiti que ele me amasse. Permiti que eu o amasse. Permiti que ele entrasse em minha vida e que esse faz de conta acontecesse. Eu sabia, aquela maldita cigarra cantou o dia todo. — Wanda proferiu as palavras chorosas, o tom entre raiva e desolamento, sua tia Lilia que viera para o enterro apenas a abraçou de lado, deixando as lágrimas de sua sobrinha querida encharcar o tecido grosso de sua blusa.
À noite, quando os gêmeos finalmente adormeceram, exaustos pelo peso do luto que ainda não compreendiam totalmente, Wanda encontrou-se no jardim, sob o mesmo céu estrelado onde Victor uma vez falou sobre as infinitas possibilidades do universo. A raiva substituiu momentaneamente a dor, uma fúria incandescente contra o destino, contra a maldição, contra si mesma.
Com um grito que veio das profundezas de sua alma, ela libertou sua magia como nunca havia feito antes. O solo tremeu, árvores se curvaram como se atingidas por um vento impossível, e cada objeto de vidro na casa estilhaçou-se simultaneamente. Por um momento, a escuridão da noite pareceu se intensificar, como se o próprio universo respondesse à sua dor.
Quando a tempestade de sua magia finalmente diminuiu, Wanda caiu de joelhos, exausta e vazia.
— Mamãe?
A voz pequena a fez se virar. Billy estava parado à porta da casa, seus olhos grandes e assustados fixos nela. Por um terrível instante, Wanda viu medo no olhar do filho – medo dela, do que ela era capaz.
— Está tudo bem, querido — mentiu, abrindo os braços para ele.
Billy hesitou por um momento, mas então correu para ela, enterrando o rosto em seu pescoço.
— Você estava brilhando, mamãe — murmurou ele. — Vermelha como fogo.
Aquela noite marcou o fim da ilusão de normalidade. A magia que Wanda tentará suprimir por anos agora exigia seu espaço, alimentada pela dor e pela raiva. Objetos se moviam por vontade própria quando ela estava distraída. As plantas do jardim cresciam em padrões impossíveis, respondendo às suas emoções caóticas. E os sonhos... os sonhos eram o pior. Neles, Victor ainda estava vivo, ainda sorria com aqueles olhos que pareciam ver através de sua alma, mas sempre terminavam com água, com escuridão, com um grito silencioso que a despertava banhada em suor.
Três meses após o funeral, Wanda tomou uma decisão. Vendeu a casa de tijolos vermelhos – agora um mausoléu de memórias que a sufocavam – e retornou com os filhos para a Casa das Bruxas. Era hora de aceitar quem era, o que era, e o legado que carregava.
A mansão os recebeu como se tivessem partido apenas por um dia, não por anos. O quarto que sempre fora de Wanda estava preparado, as mesmas cortinas de veludo vermelho emoldurando as janelas altas, a mesma colcha bordada com símbolos arcanos cobrindo a cama antiga. Para os gêmeos, quartos adjacentes foram preparados, espaços que pareciam ter aguardado sua chegada por décadas.
— Não é como nossa casa — comentou Thomas na primeira noite, olhando desconfiado para as sombras que dançavam nas paredes iluminadas pela luz das velas acesas pelo cômodo, ajudando a iluminar o ambiente com as lâmpadas amarelas que brilhavam no teto.
— É nossa casa agora — respondeu Wanda, passando os dedos pelos cabelos do filho. — E tem muita... história.
Billy, por outro lado, pareceu se adaptar instantaneamente, como se a casa o reconhecesse, o acolhesse de uma forma que a residência anterior nunca fizera.
— Gosto daqui — declarou ele, observando fascinado como a luz criava padrões complexos no teto do quarto. — Parece... mágico.
A palavra fez Wanda hesitar. Havia prometido a si mesma contar aos filhos sobre seu legado, mas não tão cedo, não enquanto ainda processavam a perda do pai. Mas a mansão tinha outros planos.
Na primeira semana, Billy encontrou um grimório antigo escondido atrás de um painel solto em seu quarto. O livro, escrito em uma linguagem que nenhuma criança de sua idade deveria compreender, parecia "falar" com ele, como disse ao mostrar entusiasmado as ilustrações para a mãe.
— Consigo entender, mamãe! — exclamou, apontando para símbolos complexos que mesmo Wanda, com anos de estudo, ainda achava desafiadores. — Diz que a magia vem do coração, não das palavras.
No mês seguinte, durante uma tempestade particularmente forte, Thomas desapareceu por dez minutos aterrorizantes. Quando finalmente o encontraram, estava no telhado da mansão, sorrindo como se tivesse descoberto o maior dos segredos.
— Eu só pensei em estar lá em cima, e então... estava! — explicou, sem parecer perceber o pânico que causara. — Foi como... correr muito, muito rápido, mas sem realmente correr.
Foi então que Wanda compreendeu que seus filhos não eram apenas portadores do legado Harkness; eles eram manifestações vivas dele, cada um à sua maneira. E não poderia mais adiar a verdade.
Com a ajuda de Morgana e sua tia Lilia – uma irmã mais nova de sua mãe que raramente visitava a mansão, preferindo viajar pelo mundo em busca de conhecimentos arcanos – Wanda começou a educar os gêmeos sobre sua herança. Não apenas sobre a magia, as poções e os encantamentos, mas também sobre a responsabilidade que acompanhava tal poder.
— A magia não é um brinquedo — explicou Morgana aos meninos, enquanto mostrava como preparar uma simples poção para curar resfriados. — É uma extensão de quem vocês são, uma ferramenta, como a mente ou o coração.
— Ou como o martelo do papai — acrescentou Thomas, lembrando-se das vezes em que Victor consertava coisas pela casa.
— Exatamente — concordou Wanda, engolindo o nó na garganta que ainda se formava quando os filhos mencionavam o pai. — E como todo instrumento, pode construir ou destruir. A escolha é sempre sua.
Com o passar dos meses, um novo ritmo se estabeleceu. De manhã, os gêmeos frequentavam a escola local – Wanda insistiu que tivessem uma educação "normal" além das lições mágicas. À tarde, aprendiam com Morgana, Lilia e a própria Wanda os segredos da magia elemental, poções, história das bruxas e como controlar seus dons únicos.
Billy mostrava uma afinidade natural para encantamentos verbais e manipulação de realidade – conseguia criar pequenas ilusões que se tornavam mais complexas a cada tentativa. Thomas, por outro lado, dominava rapidamente a manipulação da energia cinética, movendo-se com velocidade sobrenatural e transferindo essa energia para objetos.
À noite, quando os garotos dormiam, Wanda se dedicava a seu próprio estudo: a busca por uma forma de quebrar a maldição. Não por ela – já havia perdido demais – mas pelos filhos. Temia que, como ela, eles eventualmente encontrassem o amor, apenas para vê-lo ser arrancado de suas vidas.
— Alguns fardos são passados de mãe para filho — comentou Lilia certa noite, encontrando Wanda na biblioteca, cercada por tomos antigos sobre maldições ancestrais. — Mas nem todos os caminhos estão predeterminados.
Lilia era diferente das outras Harkness. Onde Morgana era tradicional e solene, Lilia era irreverente e pragmática. Seus cabelos grisalhos eram mantidos em um corte curto e moderno, e preferia jeans e camisetas a vestidos longos. Viajara pelo mundo estudando diferentes tradições mágicas, e seu conhecimento se estendia muito além dos grimórios familiares.
— Fala por experiência? — perguntou Wanda, erguendo os olhos do livro que examinava.
Lilia sorriu, um sorriso enigmático que lembrava vagamente o de Agatha.
— Digamos que nem todas as mulheres Harkness seguiram o mesmo caminho. Algumas encontraram alternativas.
Antes que Wanda pudesse questionar mais, um estrondo na porta principal da mansão interrompeu a conversa. Não era uma batida comum – era como se alguém tivesse jogado algo pesado contra a madeira centenária.
Lilia e Wanda trocaram olhares tensos antes de se dirigirem ao hall de entrada. Morgana já estava lá, uma expressão de surpresa raramente vista em seu rosto enrugado.
— Abram essa maldita porta antes que eu a derreta! — gritou uma voz familiar do outro lado.
Agatha.
Morgana moveu a mão em um gesto fluido, e as pesadas trancas da porta se desfizeram por vontade própria. A porta se abriu para revelar uma figura que Wanda não via há quase uma década, mas que reconheceria em qualquer lugar.
Agatha parecia ao mesmo tempo igual e completamente diferente. Os mesmos cabelos negros, agora com uma mecha prateada que não estava lá antes. Os mesmos olhos penetrantes, mas agora com uma dureza, uma frieza que era nova. Vestia-se completamente de preto, um estilo que lembrava vagamente o gótico, mas mais sofisticado, mais adulto.
— Você está atrasada para o funeral — disse Wanda, as palavras saindo mais amargas do que pretendia.
Agatha entrou, ignorando o comentário, seus olhos percorrendo o hall como se procurasse por armadilhas.
— Soube do que aconteceu com seu marido — disse finalmente, seu tom neutro, quase desinteressado. — A maldição não faz exceções, como avisei.
Wanda sentiu o sangue ferver, a dor ainda fresca sendo cutucada sem cerimônia.
— Você nem conheceu o Victor.
— Não precisava. Conheci a maldição. Conheço nossa história. — Agatha finalmente olhou diretamente para Wanda, e algo em seus olhos suavizou por um instante. — Lamento sua perda, irmã. De verdade.
Antes que Wanda pudesse responder, uma segunda figura entrou pela porta. Uma jovem mulher asiática, talvez alguns anos mais nova que Agatha, com cabelos negros cortados assimetricamente e olhos delineados em preto intenso. Havia algo inquietante em seu olhar, uma intensidade que parecia avaliar e julgar simultaneamente.
— Você deve ser a famosa Wanda — disse a desconhecida, sua voz melodiosa contrastando com sua aparência afiada. — Agatha fala tanto de você.
— Nico, não agora — cortou Agatha, em um tom que surpreendeu Wanda por sua aspereza.
Nico sorriu, mas o sorriso não alcançou seus olhos.
— Apenas sendo educada, querida. — Ela se virou para Morgana e Lilia. — E vocês devem ser a avó e a tia. Encantada.
Houve algo na maneira como ela pronunciou "encantada" que fez um arrepio percorrer a espinha de Wanda. Não era apenas uma formalidade; havia poder por trás daquela palavra, como se ela estivesse tentando literalmente encantar a quem ouvia.
— O que faz aqui, Agatha? — perguntou Morgana, seu tom deixando claro que a pergunta se estendia também à acompanhante indesejada.
— Notícias viajam rápido nos círculos certos — respondeu Agatha, deixando cair uma mala pesada no chão com um baque surdo. — Soube que minha irmã perdeu o marido para a maldição familiar e voltou para a casa ancestral. Pensei que talvez ela pudesse usar algum... apoio.
A palavra "apoio" saiu estranha dos lábios de Agatha, como se fosse um conceito com o qual não estivesse mais familiarizada.
— Ou talvez você precise de um lugar para se esconder — comentou Lilia, seus olhos astutos avaliando tanto Agatha quanto Nico. — Problemas te seguindo novamente, sobrinha?
Um músculo se contraiu no rosto de Agatha, e Nico deu um passo à frente, como um predador pronto para atacar.
— Cuidado com o que insinua, velha — sibilou Nico. — Agatha não se esconde de nada nem ninguém.
— Nico — a voz de Agatha era baixa, mas carregada de autoridade. — Eu disse não agora.
O clima na sala era tenso, carregado de palavras não ditas e suspeitas não expressas. Wanda olhou de sua irmã para a estranha que a acompanhava, sentindo que havia muito mais acontecendo do que aparentava.
— Mamãe?
A voz sonolenta de Billy quebrou a tensão. Ele estava no topo da escada, esfregando os olhos, seu pijama azul grande demais para seu corpo pequeno.
— Quem são elas? — perguntou, olhando curiosamente para as recém-chegadas.
Wanda foi rapidamente até ele, colocando-se instintivamente entre o filho e as visitantes.
— Esta é sua tia Agatha, querido. Minha irmã. E esta é... — ela hesitou, olhando para a jovem de aparência inquietante.
— Nico Minoru — completou a própria, com um sorriso que parecia sincero pela primeira vez desde que chegara. — Prazer em conhecê-lo, pequeno.
Algo na maneira como Nico olhou para Billy – com uma curiosidade quase científica – fez Wanda apertar o ombro do filho de maneira protetora.
— Você tem magia — disse Billy subitamente, surpreendendo a todos. — Diferente da nossa. Mais... escura.
Nico riu, um som melodioso que ecoou nas paredes antigas como uma promessa perigosa.
— Esperto, o menino — comentou, seus olhos nunca deixando o rosto de Billy. — Vamos nos dar muito bem, tenho certeza.
— Hora de dormir, Billy — disse Wanda firmemente, guiando-o de volta ao corredor. — Você pode conhecer melhor sua tia amanhã.
Quando retornou ao hall, Morgana já havia conduzido as visitantes para a sala de estar, onde um fogo baixo crepitava na lareira. Lilia estava encostada no batente da porta, observando a cena com olhos vigilantes.
— Então, você tem filhos — comentou Agatha, aceitando a taça de vinho que Morgana lhe ofereceu. — Gêmeos, pelo que soube.
— Thomas e William — confirmou Wanda, sentando-se em uma poltrona afastada, preferindo manter distância. — Seis anos.
— E eles têm o dom — não era uma pergunta.
Wanda assentiu lentamente.
— Billy tem afinidade com a realidade e energia mística. Tommy com energia cinética. Estão aprendendo a controlar.
Agatha tomou um longo gole do vinho, seus olhos nunca deixando o rosto da irmã.
— Então você contou a eles. Sobre o que somos.
— Não tive escolha — respondeu Wanda. — Os poderes começaram a se manifestar espontaneamente após... após Victor.
Nico, que estava examinando os artefatos expostos nas prateleiras da sala, virou-se com interesse renovado.
— Trauma como gatilho — comentou, como se analisasse um espécime intrigante. — Clássico, mas eficiente. A dor libera bloqueios que a mente consciente impõe.
— Falando por experiência? — perguntou Lilia, seu tom casual, mas seus olhos afiados.
Algo sombrio passou pelo rosto de Nico, tão rápido que Wanda quase não captou.
— Todos temos nossas histórias, não é? — respondeu ela, pegando um pequeno objeto da prateleira – um amuleto antigo que pertenceu à bisavó delas. — Fascinante, como vocês Harkness preservam sua história. Minha família prefere enterrar a nossa.
— Nico vem de uma linhagem antiga — explicou Agatha, percebendo a confusão no rosto de Wanda. — Os Minoru são uma das famílias fundadoras do que se tornou o Coven Oeste na Costa do Pacífico.
— Ex-fundadora — corrigiu Nico com amargura. — Fomos... afastados há duas gerações. Política mágica. Sabe como é.
Havia algo na maneira como ela disse isso que sugeria uma história muito mais complexa e provavelmente violenta do que suas palavras indicavam.
— O que realmente as traz aqui? — perguntou Morgana, indo direto ao ponto. — Você não visita há quase dez anos, Agatha. Por que agora?
Agatha e Nico trocaram um olhar rápido, uma comunicação silenciosa que não passou despercebida por ninguém na sala.
— Como disse, soube da perda de Wanda — respondeu Agatha finalmente. — E achei que talvez fosse hora de reconectar com minhas raízes.
— E o fato de que vocês parecem estar fugindo de algo não tem nada a ver com isso? — insistiu Lilia.
Nico se moveu com uma velocidade surpreendente, repentinamente a centímetros do rosto de Lilia, seus olhos brilhando com uma luz sobrenatural.
— Sugiro que cuide de seus próprios assuntos, bruxa — sibilou, sua voz carregada com uma energia que fez as luzes da sala vacilarem.
— Nico, basta! — a voz de Agatha cortou o ar como um chicote.
Por um momento, pareceu que Nico não obedeceria. Havia uma tensão em seus ombros, uma rigidez que sugeria que estava pronta para atacar. Então, lentamente, ela recuou, mas seus olhos permaneceram fixos em Lilia, desafiadores e ameaçadores.
— Peço desculpas pelo comportamento de minha... companheira — disse Agatha, seu tom formal, controlado. — Tivemos uma viagem longa e estressante.
— Tenho certeza que sim — respondeu Morgana, sua voz calma, mas seus olhos alertas. — Mostraremos seus quartos. Vocês devem descansar.
Enquanto Morgana conduzia Agatha e Nico para o andar superior, Wanda permaneceu na sala com Lilia, ambas em silêncio até que os passos desapareceram no corredor. Fazia anos que Wanda não via a irmã e ela sentia falta dessa conexão, mas Agatha pelo visto havia se tornado outra pessoa.
— Há algo errado com essa garota — comentou Lilia finalmente. — Uma energia perturbada. Desequilibrada.
Wanda assentiu lentamente.
— E Agatha parece... diferente. Mais dura. Mais fria.
— A dor faz isso com as pessoas — respondeu Lilia, seus olhos fixos nas chamas da lareira. — Transforma amor em amargura, esperança em cinismo. A questão é: que tipo de dor transformou sua irmã? E por que essa garota Minoru a segue como uma sombra?
As respostas começaram a se revelar nos dias seguintes. Agatha se instalou na mansão como se nunca tivesse partido, retomando seus estudos na biblioteca, praticando rituais no jardim, ocasionalmente ajudando Morgana com poções mais complexas. Para os gêmeos, mostrou-se uma professora surpreendentemente paciente, ensinando técnicas avançadas de controle mágico que Wanda ainda não dominava completamente era atenciosa e cuidava dos meninos como seu, ela os amava imensamente assim como sua irmã, essa que por sua vez parecia não conseguir se conectar mais como antes..
Nico, por outro lado, era uma presença inquietante. Raramente ficava sozinha com qualquer membro da família, sempre próxima de Agatha, como se temesse perdê-la de vista. Havia uma possessividade em seu comportamento que ia além da devoção – era uma obsessão que se manifestava em pequenos gestos: olhares afiados quando alguém ocupava demais a atenção de Agatha, comentários cortantes disfarçados de brincadeiras, toques que pareciam marcar território mais do que expressar afeto.
Uma tarde, Wanda encontrou Agatha sozinha na estufa, catalogando ervas raras que Morgana cultivava para rituais específicos.
— Onde está sua sombra? — perguntou, referindo-se a Nico.
Agatha sorriu levemente, o primeiro sorriso genuíno que Wanda vira desde sua chegada.
— Consegui convencê-la a ir à cidade buscar alguns suprimentos. Precisava de alguns momentos... sem supervisão.
Wanda sentou-se no banco de pedra ao lado da irmã, observando como seus dedos trabalhavam com a mesma precisão meticulosa.
— Ela parece gostar bastante de você — Wanda comenta cutucando a grama com a ponta dos dedos dos pés, Agatha solta um bufo em meio a uma risada carregada de ironia.
— Uhum, mas ela é boa, eu prometo — a Harkness mais velha ergue a cabeça, olhos azuis escuros se encontrando com os verdes de Wanda que analisa o rosto da irmã, pensando se deixaria ou não esse assunto passar e acaba dando de ombros, estavam começando a se conectar novamente e não queria estragar esse momento.
— Se você diz — Wanda se abaixa ao lado de Agatha a ajudando, silêncio recai sobre elas por alguns momentos até que Agatha o corte novamente.
— Eu senti sua falta — comentou erguendo um punhado de alfazema examinando-os — Sinto muito por não ter chegado a tempo do funeral, e por não estar aqui pra você quando mais precisou.
Wanda ficou em silêncio, as poucas palavras de sua irmã mais velha batendo em seus ouvidos, não queria negar, tão pouco admitir que o afastamento e frieza de Agatha tornaram tudo mais difícil para ela. A Harkness mais nova sentia tanta falta de sua irmã que chegava a lhe causar dor física, mas não sabia qual seria a reação dessa nova mulher diante dela, então apenas aceitou as palavras com um aceno de cabeça.
— Por favor, não seja assim…
— Assim como, Agatha?
— Não se feche para mim, Wandy.
— Você sumiu por anos, me abandonou como se eu fosse nada com um corte na mão jurando que estávamos conectadas, mas todas as vezes em que eu tentei chegar até você tudo o que recebi do outro lado foi nada — Wanda parou puxando uma respiração afiada olhos verdes cobertos por lágrimas não derramadas, os deixando vítreos — e quando retorna é uma estranha, uma mulher a qual não reconheço. Tudo o que eu queria era minha irmã carinhosa que cuidava de mim, mas recebi o total oposto, existe um muro entre nós Agatha, não é justo você me cobrar algo que você mesma impôs em nosso relacionamento.
— Wanda — Agatha chama deixando as plantas de lado, se virando de frente para a irmã, mãos buscando pelas pálidas de Wanda, olhos azuis buscando os verdes — Por favor, sestra — a morena implora olhos grudados em Wanda esperando por uma conexão, essa que acontece segundo depois quando a ruiva a encara.
Palavras não são necessárias enquanto as irmãs se olham, pensamentos desconexos e palavras confusas sendo compartilhadas em suas mentes.
— Você é minha irmã, nunca mais faça isso — Wanda acusa, mas cede.
— Eu prometo — Agatha diz abraçando a mais nova, o cheiro de plantas medicinais e baunilha, característico de Wanda, enchendo seus pulmões.
Naquele mesmo dia, Nico insistiu que elas deveriam ir em busca de algo que não conseguira encontrar na pequena ilha, seus olhos escuros e palavras incisivas não dando margem para uma recusa. Horas mais tarde, no calar da noite Agatha entrava com uma mala de mão no carro escuro sem olhar para trás, uma pequena lágrima escorrendo em sua bochecha, mas ela não poderia e nem mesmo queria colocar em risco sua família. 
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workfromheda · 4 months ago
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Capítulo 1 – A Maldição das Irmãs
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Wanda sempre soube que a magia corria em suas veias, um legado profundo e imortal, mas o que realmente a marcava não era o poder, nem as poções secretas que ela aprendia a preparar com sua avó. O que mais a consumia era a história da maldição que assombrava sua linhagem — uma maldição cruel e insidiosa, que dizia que nenhuma mulher de sua família poderia encontrar o amor verdadeiro sem pagar um preço amargo. E, desde muito jovem, Wanda temia que esse preço fosse mais alto do que ela poderia suportar.
A Casa das Bruxas, como os moradores da pequena cidade de Ravenwood chamavam a mansão de sua família, parecia respirar a maldição por cada fresta de suas paredes antigas. Os corredores eram decorados com retratos de mulheres de olhares intensos e sorrisos contidos, todas marcadas pelo mesmo destino: encontrar o amor apenas para perdê-lo tragicamente. Wanda costumava passar horas olhando para esses retratos, procurando em seus rostos algum sinal de que haviam conseguido ser felizes, mesmo que brevemente.
— Não adianta ficar olhando para elas como se fossem te dar alguma resposta — a voz de Agatha sempre a tirava desses momentos contemplativos. — Elas estão mortas, Wanda. E seus amores também.
— Isso não significa que devemos esquecer suas histórias — respondeu Wanda, enquanto seus dedos traçavam delicadamente a moldura dourada do retrato de sua bisavó, Serafina, cujo marido havia desaparecido misteriosamente durante uma tempestade. — Talvez possamos aprender algo com elas.
Agatha revirou os olhos, ajustando as luvas de couro preto que sempre usava, como uma barreira entre ela e o mundo.
— O que há para aprender? Que o amor mata? Isso eu já sei sem precisar ficar contemplando fotos antigas.
A maldição, como contavam os diários escondidos no sótão da mansão, teve início há sete gerações, quando Elisabeta, a primeira bruxa da linhagem a se estabelecer em Ravenwood, apaixonou-se por um caçador de bruxas. Cega pelo amor, ela revelou os segredos de seu círculo, resultando na morte de doze bruxas inocentes. Antes de ser condenada à fogueira, a mais velha das bruxas sobreviventes lançou a maldição: "Que o amor que traiu nosso sangue jamais encontre paz. Que cada mulher de sua linhagem que amar verdadeiramente veja seu amor transformado em cinzas. Somente quando o amor for mais forte que o medo, quando o sacrifício não for por desespero, mas por escolha consciente, o feitiço será quebrado."
Wanda encontrou esse relato quando tinha apenas nove anos, escondido em um livro encadernado em veludo vermelho. Daquela noite em diante, seus sonhos foram povoados por imagens de fogueiras e mãos suplicantes, e a palavra "sacrifício" parecia ecoar em sua mente nos momentos mais inesperados.
Ainda criança, quando as dúvidas começaram a se formar em seu peito, Wanda estava em um canto escondido do jardim, sentada sobre uma manta de veludo, pés descalços enterrados no orvalho da grama fresca, as mãos suando enquanto a brisa leve brincava com seus cabelos. O local cercado por flores, essas que Wanda usaria em seu encantamento. Ela tinha uma pequena pedra de ágata de fogo, um presente da mãe, entre os dedos. Os olhos, tão cheios de insegurança, procuraram as estrelas, e ela, com um suspiro carregado de desejo, sussurrou palavras de um feitiço que não entendia totalmente, mas que sabia, de algum modo, que tinha o poder de transformar sua vida.
— Venha até mim, o amor perfeito, aquele que nunca me abandonará — sua voz era apenas um murmúrio, misturando-se com o canto dos grilos e o sussurro das folhas.
As palavras ecoaram no silêncio da noite. A ágata brilhou em suas mãos, um fulgor vermelho que iluminou seu rosto por um instante fugaz. Não houve trovões, nem ventanias, nem sinais grandiosos. Apenas aquela luz suave e, no céu, uma estrela cadente que cortou a escuridão como uma lágrima de prata. Esticando o braço, a menina pegou uma cambuca de conchas, moldada por anos nas profundezas de uma caverna e começou a enchê-la com pétalas de flores. 
Wanda deixou as pétalas caírem suavemente na cambuca, uma a uma, sentindo o cheiro doce das flores preencher o ar ao seu redor. Cada pétala parecia carregar com ela uma promessa, uma parte do desejo mais profundo da criança que estava ali, no jardim, tentando chamar algo que ela mal compreendia, mas que sentia com cada batimento do coração. As flores estavam ao seu redor, vibrando com a energia do momento, como se soubessem que algo estava prestes a acontecer.
Ela fechou os olhos, deixando a brisa acariciar seu rosto, e pensou no que desejava. O feitiço que pronunciava não era apenas uma invocação, era uma tentativa de evitar a dor, o sofrimento do amor que ela temia. Wanda sabia que o amor poderia ser cruel, que o amor verdadeiro trazia consigo a dor e o sacrifício. E, como sempre, ela estava determinada a proteger-se disso, a se blindar contra qualquer tipo de apego que a fizesse sofrer.
— Venha até mim, o amor perfeito... — sua voz foi um sussurro quase tímido, mas carregado de uma dor sutil, como se ela estivesse pedindo por algo que, no fundo, já temia. Aquele que nunca me abandonará, que será como o fogo, quente e seguro, que me acolherá quando o mundo parecer vazio...
Ela imaginava essa pessoa, um ser que não poderia a machucar, alguém que fosse tudo o que ela quisesse, mas sem a intensidade destrutiva do amor real. Seus pensamentos viajavam enquanto ela falava, criando a figura que desejava criar, alguém sem falhas, sem problemas, sem medos. Não seria real, não poderia ser, mas ela ainda precisava acreditar que podia controlar isso.
Controlar seus sentimentos.
— Que sua pele seja pálida como a neve, fria e suave ao toque, mas que seu coração seja quente como o sol que nasce no horizonte. — As palavras saíam mais firmes, a necessidade de criar uma figura que fosse perfeita para ela, sem sombras de dor ou de despedidas. — Que seus cabelos sejam vermelhos, como o fogo que dança nas chamas, brilhando à luz da lua e do amanhecer.
A cambucá estava agora cheia de pétalas, e Wanda sentiu o vento acariciar sua pele, uma sensação de magia crescente, mas ela não queria se deixar enganar. Não queria cair na armadilha que o amor trazia. Ela estava apenas brincando. Isso não era real. Era só um feitiço, um feitiço infantil, sem poder.
— E que seus olhos sejam como a floresta... verdes e profundos, cheios de mistérios, mas claros o suficiente para me entender, para me ver. Que, quando eu olhar para eles, eu saiba que encontrei a minha casa, o meu lar.
Era uma imagem perfeita. Perfeita porque era impossível. Impossível, como ela mesma sabia que seria. A pessoa que ela estava criando não existiria, nunca existiria. Esse era o ponto. Ela não queria alguém real, não queria se apaixonar e sofrer como as mulheres de sua linhagem. Queria algo seguro, algo que não a deixasse vulnerável.
— Eu te chamo, e que você venha até mim! — As palavras foram ditas com mais força, mais decidida agora, mas Wanda sentia uma leve tristeza em seu coração. Que você se materialize, que sua forma tome conta do mundo, e que me ame como eu te amarei, para sempre, sem fim...
As pétalas começaram a flutuar ao seu redor, dançando no ar, como se obedecessem ao seu chamado. A cambucá estava vazia agora, e Wanda sentiu o vento mais forte, como se ele estivesse carregando as pétalas para longe. A maioria delas se desprendeu da cambuca e foi levada pelo vento, subindo, girando no ar antes de seguir seu caminho, sendo arrastadas para o mar distante, como se seguissem uma força além de seu controle. Apenas algumas poucas pétalas restaram, caindo suavemente aos pés de Wanda, como pequenos fragmentos de um sonho que estava se desfazendo.
Ela esperou, seu coração acelerado, mas o silêncio se arrastou por um momento que parecia interminável. Nada mais aconteceu. Não houve trovões, não houve uma presença sobrenatural. Apenas o som suave da noite preenchendo o vazio.
Ela olhou para as pétalas caídas aos seus pés, uma pequena porção delas, como um lembrete de que nada havia realmente acontecido. As outras haviam sido levadas para longe, para o mar, onde desapareceriam, como a ilusão de um amor perfeito, inatingível e impossível. Wanda não pôde evitar uma risada suave que escapou de seus lábios.
— Isso é tão bobo, ela pensou, balançando a cabeça. Quem é que acredita em uma coisa dessas? A pessoa perfeita...
Ela olhou para o mar à distância, onde as pétalas se perdiam no horizonte, e um sorriso sarcástico curvou seus lábios. Não haveria alguém assim, tão perfeito, tão sem falhas. Isso nunca aconteceria. Ela nunca se apaixonaria, nunca deixaria alguém se aproximar o suficiente para causar a dor que ela temia. E o feitiço... o feitiço era apenas uma fantasia. Uma tentativa ingênua de evitar o inevitável.
A risada de Wanda ecoou no jardim, misturando-se com os sons da noite. Ela se levantou, pisando nas poucas pétalas que ainda estavam aos seus pés, e saiu dali com um suspiro profundo. O feitiço não havia funcionado. Não havia nenhuma pessoa perfeita esperando por ela. Ela nunca se apaixonaria. Isso era só um jogo infantil, pensou com uma sensação amarga na garganta, o coração pesado com a ideia de que o amor nunca seria para ela.
O que ela não percebeu foi o modo como a terra sob seus pés tremeu levemente, como se algo profundo tivesse sido despertado, ou a forma como as pétalas nunca afundaram nas águas calmas do mar que ladeava o penhasco abaixo de sua casa, mas sim, continuou correndo, voando levadas pelo vento.
Na mansão dos Maximoff, a magia não era apenas um dom ou uma habilidade; era uma linguagem, um sistema complexo que se manifestava de maneiras distintas em cada membro da família. A avó Morgana era mestra em poções e encantamentos antigos, capazes de curar doenças que médicos consideravam terminais ou invocar tempestades em dias de seca extrema. Sua mãe, antes de desaparecer em uma viagem à Romênia quando as meninas eram pequenas, dominava a arte da clarividência – seus sonhos previam acontecimentos com precisão assustadora, e suas leituras de cartas eram procuradas por pessoas de todas as partes do país.
As irmãs, entretanto, desenvolveram talentos distintos. Wanda descobriu seu dom para a magia elemental e telecinese ainda jovem, quando, durante uma crise de raiva, fez todos os objetos de vidro de seu quarto explodirem simultaneamente. Desde então, aprendera a canalizar essa energia, moldando-a através de cristais e pedras preciosas que funcionavam como amplificadores. A ágata que carregava naquela noite no jardim não era apenas um presente; era um canalizador especialmente sintonizado com suas emoções mais profundas, o que a ajudava a não entrar na mente das pessoas sem permissão.
Agatha, por outro lado, tinha afinidade com as sombras. Sua magia era sutil, trabalhando nos recantos escuros da mente e da matéria. Podia ver através de disfarces, detectar mentiras com um simples olhar, e, quando realmente se concentrava, podia fazer com que as sombras ganhassem forma e substância, criando ilusões tão perfeitas que enganavam até os olhos mais treinados.
— A magia não é boa nem má — costumava dizer a avó Morgana. — É como a água: pode matar de sede ou afogar, dependendo de como a utilizamos. O verdadeiro poder está na intenção, na consciência por trás do gesto.
Na manhã seguinte ao feitiço de Wanda, a avó Morgana olhou para ela de um jeito diferente durante o café da manhã, seus olhos astutos como os de um corvo avaliando algo interessante.
— Você esteve brincando com magia ontem à noite, menina? — perguntou a anciã, enquanto mexia uma xícara de chá de ervas com uma colher de prata.
Wanda engoliu em seco, sentindo o rosto esquentar.
— Eu só... eu queria...
— Entendo — interrompeu a avó, com um suspiro pesado que parecia carregar o peso de muitos anos. — Saiba que os desejos do coração são os mais perigosos, Wanda. O universo sempre ouve, mesmo quando pensamos que nossas palavras se perdem no vento.
A avó olhou pela janela da cozinha, observando como os raios de sol matinais faziam o orvalho brilhar nas pétalas das rosas negras que cultivava no jardim – flores raras que, segundo a tradição familiar, só floresciam quando grandes mudanças estavam prestes a ocorrer.
— Há três tipos de magia que exigem cuidado extremo — continuou Morgana, voltando a encarar a neta. — A magia de sangue, que cobra seu preço em dor; a magia de tempo, que distorce o que foi e o que será; e a magia do coração, que interfere no livre-arbítrio. O que você fez ontem à noite, minha querida, foi uma combinação perigosa da primeira e da terceira.
Wanda arregalou os olhos, sentindo o estômago afundar.
— Eu não usei sangue, vovó. Juro.
Morgana sorriu, um sorriso triste e conhecedor.
— Há sangue e sangue, Wanda. O sangue que corre em suas veias é o mesmo que carrega nossa história, nossa maldição. Quando você invocou o amor, usando a ágata que pertenceu à sua mãe, você conectou seu desejo à linhagem inteira. As consequências disso... — ela fez uma pausa, como se buscasse as palavras certas — podem não ser imediatas, mas serão inevitáveis.
Agatha, sua irmã mais velha, sempre foi diferente. Rebelde e indiferente, ela preferia o mistério da magia que não envolvia sentimentos ou corações partidos. Sentada do outro lado da mesa, cortava uma maçã com uma faca afiada, dividindo-a em pedaços perfeitos e simétricos.
— Deixe-a, vovó. Todo mundo tem o direito de cometer seus próprios erros — disse Agatha, levando um pedaço da fruta aos lábios. — Além disso, a maldição é apenas uma história para assustar crianças.
Morgana lançou um olhar severo para a neta mais velha.
— Você, mais do que qualquer outra, deveria saber que não existe "apenas" quando se trata das histórias da nossa família, Agatha. Cada palavra é uma semente, cada gesto uma promessa. E as promessas feitas ao destino sempre são cobradas.
As irmãs não poderiam ser mais diferentes, não apenas em personalidade, mas também em aparência. Wanda herdara os cabelos ruivos vibrantes da mãe, olhos verdes como esmeraldas e uma pele clara que corava facilmente. Era aberta, emotiva, seus sentimentos tão visíveis quanto as constelações em uma noite sem nuvens. Acreditava no bem inerente das pessoas e guardava no peito a esperança de que, de alguma forma, sua história seria diferente das mulheres que a precederam.
Agatha, três anos mais velha, possuía cabelos negros como a meia-noite e olhos verdes tão escuros que, sob certa luz, pareciam inteiramente pretos. Seu rosto anguloso raramente revelava o que se passava em sua mente, e ela cultivava essa aura de mistério como quem cultiva uma planta rara. Desde a infância, assumiu uma postura de guardiã em relação à irmã mais nova, embora demonstrasse esse cuidado através de provocações constantes e observações mordazes.
— Você é ingênua demais para o seu próprio bem — dizia frequentemente para Wanda. — O mundo não é um lugar gentil, especialmente para pessoas como nós.
Havia um episódio da infância que ilustrava perfeitamente a dinâmica entre elas. Quando Wanda tinha sete anos e Agatha dez, um grupo de meninos da cidade começou a perseguir Wanda na volta da escola, chamando-a de "bruxa" e "aberração". A menina chegou em casa aos prantos, recusando-se a sair novamente. No dia seguinte, Agatha voltou da escola com os nós dos dedos feridos e um sorriso satisfeito. Os meninos nunca mais importunaram Wanda, embora circulassem rumores sobre pesadelos terríveis que os faziam acordar gritando no meio da noite.
— Você fez algo com eles? — perguntou Wanda, curiosa e um pouco assustada.
Agatha apenas deu de ombros, abrindo um livro de feitiços avançados.
— Digamos apenas que eles aprenderam que algumas bruxas merecem respeito.
Esse evento cimentou um padrão que se repetiria pela vida: Agatha protegia Wanda, mesmo quando negava fazê-lo; Wanda admirava e temia a irmã em igual medida.
Agatha ria disso, achando que o amor era uma fraqueza, uma distração desnecessária em um mundo cheio de feitiçarias e intrigas. Ela jamais se importou com o que a maldição significava. Para ela, amar era um conceito fraco, desnecessário. Preferia dedicar seu tempo a explorar os limites da magia, a desvendar segredos ancestrais, a buscar poder em manuscritos antigos e rituais esquecidos.
Os anos passaram e sua obsessão com o conhecimento proibido a levou a locais perigosos, tanto física quanto metaforicamente. Aos dezesseis anos, desapareceu por três dias inteiros, retornando com um símbolo estranho tatuado no pulso e recusando-se a explicar onde estivera. Aos dezoito, passou meses trocando correspondências com um ocultista de reputação duvidosa em Nova Orleans, cartas que queimou sistematicamente assim que foram respondidas. Aos vinte, começou a conduzir experimentos no porão da mansão, experimentos que às vezes faziam a casa inteira tremer e enchiam os cômodos com aromas inexplicáveis de enxofre, mel e cinzas.
Mas isso mudou quando conheceu Hella.
Foi em uma noite de tempestade, quando uma forasteira bateu à porta da Casa das Bruxas, pedindo abrigo. Hella tinha cabelos como chamas escuras e olhos que pareciam conter universos inteiros. Agatha, que normalmente dispensaria qualquer estranho com palavras afiadas, ficou sem fala diante daquela presença magnética.
— É apenas por uma noite — havia dito Hella, água escorrendo por seu rosto como lágrimas. — Prometo não incomodar.
Hella não era apenas bonita; havia algo nela que parecia responder à magia do próprio lugar. As velas se inclinavam em sua direção quando ela passava, como flores buscando o sol. Os espelhos embaçaram levemente quando refletiam sua imagem. E, o mais intrigante, o gato preto de Morgana, um animal notoriamente arredio que tolerava apenas a presença da dona, seguia Hella pelos corredores como um guardião silencioso.
— Há algo nela que não é... comum — comentou Wanda em voz baixa, observando como Hella examinava os livros na biblioteca com familiaridade desconcertante.
— Há algo em todos nós que não é comum — respondeu Agatha, com um tom defensivo que surpreendeu a irmã. — Isso a torna interessante, não suspeita.
Mas uma noite se transformou em duas, depois em uma semana, e logo Hella estava envolvida na rotina da casa como se sempre tivesse pertencido ali. Era habilidosa com ervas, conhecia rituais que nem mesmo a avó Morgana dominava, e parecia entender o coração de Agatha melhor do que ela mesma.
A transformação em Agatha foi sutil no início. Um sorriso que durava alguns segundos a mais. Um cuidado incomum com a aparência antes do café da manhã. Livros que permaneciam fechados enquanto ela ouvia, fascinada, as histórias que Hella contava sobre terras distantes e magias esquecidas. Mas, com o passar das semanas, a mudança se tornou inegável.
Wanda observava, fascinada, como sua irmã mudava na presença de Hella. O sorriso de Agatha, antes tão raro, agora aparecia com frequência. Suas mãos, sempre ocupadas com livros de feitiços ou instrumentos mágicos, agora buscavam tocar Hella a cada oportunidade — um toque no ombro, dedos que se entrelaçavam discretamente sob a mesa durante as refeições, uma mecha de cabelo ajeitada com cuidado.
Uma tarde, Wanda encontrou as duas no jardim de inverno, sentadas tão próximas que seus ombros se tocavam, folheando um grimório antigo. A expressão no rosto de Agatha era algo que Wanda jamais vira: uma vulnerabilidade quase dolorosa, como se algo dentro dela tivesse sido desenterrado depois de anos de esquecimento.
— Você realmente acredita que é possível? — perguntava Agatha, apontando para um diagrama complexo na página amarelada.
— Acredito que com a companhia certa, tudo é possível — respondeu Hella, sua voz melodiosa carregando um tom que fez Wanda corar e recuar, sentindo-se uma intrusa em um momento íntimo.
Agatha não costumava falar de Hella com Wanda, mas esta sabia que havia algo naquelas palavras não ditas, algo em seus olhos quando o nome era mencionado. Hella era complicada, uma presença que Agatha nunca soubera como lidar.
— Ela me perguntou sobre a maldição hoje — disse Agatha certa noite, entrando no quarto de Wanda sem bater. Seu rosto estava pálido, os lábios apertados em uma linha fina.
Wanda, que estava trançando o cabelo na frente do espelho, parou o movimento de suas mãos.
— E o que você disse?
— A verdade. Que é bobagem, superstição antiga. — Agatha sentou-se na cama de Wanda, retorcendo um anel de prata em seu dedo. — Mas ela olhou para mim como se soubesse algo que eu não sei.
Agatha levantou-se abruptamente, caminhando até a janela. Lá fora, a lua crescente lançava uma luz prateada sobre o jardim, transformando as rosas negras em silhuetas misteriosas.
— Ela me perguntou sobre todas elas — continuou, apontando para a parede onde vários retratos das antepassadas estavam pendurados. — Queria saber como morreram seus amores. Se havia um padrão, uma... assinatura na maldição.
Wanda sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
— E há?
Agatha virou-se, seus olhos brilhando estranhamente na penumbra do quarto.
— É isso que me assusta, Wanda. Eu nunca tinha pensado nisso antes, mas... — ela hesitou, como se as palavras fossem difíceis de formular. — Cada morte foi diferente: afogamento, fogo, doença, acidente. Mas todas ocorreram quando a mulher em questão estava prestes a tomar uma decisão importante sobre o relacionamento. Casamento, filhos, ou...
— Ou o quê? — insistiu Wanda, sentindo o coração acelerar.
— Ou quando estava prestes a revelar algum segredo significativo — completou Agatha, sua voz quase um sussurro. — Como se a maldição não permitisse que o amor se aprofundasse além de certo ponto. Como se houvesse um limite para quanto de nós mesmas podemos compartilhar antes que o preço seja cobrado.
Wanda sentiu que sua irmã estava dividida, amando e desprezando ao mesmo tempo, perdida entre o desejo e o medo. O orgulho de Agatha sempre a impedia de admitir seus sentimentos, mas Wanda via como seu olhar seguia Hella, como sua respiração mudava quando a outra entrava em um cômodo.
— Talvez você devesse perguntar a ela o que sabe — sugeriu Wanda, sentando-se ao lado da irmã. — Talvez...
— Talvez o quê? — cortou Agatha, seu tom afiado como uma lâmina. — Talvez ela saiba como quebrar a maldição? Talvez exista um final feliz para nós? — Ela riu, um som amargo e quebrado. — Não seja ingênua, Wanda. Algumas coisas são como são.
Naquela noite, enquanto a casa dormia, Wanda observou pela janela de seu quarto como Agatha e Hella se encontravam no jardim, sob o carvalho antigo que, segundo a tradição, havia sido plantado pela própria Elisabeta. As duas conversavam intensamente, os gestos de Agatha revelando uma agitação incomum. Em determinado momento, Hella segurou o rosto de Agatha entre as mãos e a beijou, um beijo que pareceu acalmar a tempestade visível no corpo da irmã.
Wanda afastou-se da janela, sentindo-se simultaneamente esperançosa e apreensiva. Se Agatha havia encontrado amor, talvez a maldição pudesse ser quebrada afinal. Ou talvez, como todas as histórias que precederam esta, o destino estivesse apenas preparando o palco para outra tragédia.
As semanas seguintes trouxeram uma paz aparente à Casa das Bruxas. Agatha e Hella passavam horas juntas na biblioteca, decifrando textos antigos e discutindo teorias mágicas avançadas. Hella ensinou a Agatha técnicas de magia elementar que complementavam sua afinidade com as sombras, criando um equilíbrio que tornava seus feitiços mais poderosos e precisos. Em troca, Agatha compartilhou segredos familiares que jamais revelara a ninguém, nem mesmo à avó.
Mas, como todas as histórias de sua família, o fim de Hella seria marcado por tragédia, e Wanda teve de assistir, impotente, enquanto o amor e a magia, mais uma vez, se tornavam forças devastadoras. Foi durante o solstício de verão, quando a barreira entre os mundos estava mais fina. Hella havia convencido Agatha a realizar um ritual antigo, algo para fortalecer seus poderes.
— É um ritual de união — explicou Hella a Wanda e Morgana, enquanto desenhava símbolos complexos no chão da clareira na floresta atrás da mansão. — Nossas magias se complementam perfeitamente. Juntas, poderemos fazer coisas que individualmente seriam impossíveis.
— Inclui a quebra da maldição? — perguntou Wanda, não conseguindo conter a esperança em sua voz.
Hella sorriu, um sorriso enigmático que não alcançou seus olhos.
— Toda maldição tem seu ponto fraco, Wanda. E toda regra tem suas exceções.
Morgana observava em silêncio, seus olhos astutos avaliando cada movimento de Hella com desconfiança velada. Mais tarde, quando estavam sozinhas na cozinha, preparando as ervas que seriam usadas no ritual, ela falou.
— Há algo nela que não compreendo totalmente. Uma energia antiga... familiar, mas distorcida.
— Acha que devemos impedir o ritual? — perguntou Wanda, preocupada.
A avó suspirou, parecendo subitamente muito mais velha do que seus setenta anos.
— O coração de Agatha está envolvido agora. Impedí-la apenas a afastaria de nós. No entanto — ela pegou um pequeno frasco de cristal azul de uma prateleira alta — tome isto. Se as coisas saírem do controle, quebre-o dentro do círculo. Não resolverá tudo, mas dará tempo para que vocês escapem.
O ritual começou ao pôr do sol. Agatha e Hella, vestidas com túnicas brancas, posicionaram-se no centro do círculo desenhado com cinzas de madeira de carvalho e sal lunar. As velas dispostas nos pontos cardeais ardiam com chamas de cores diferentes: azul ao norte, vermelha ao sul, verde a leste e violeta a oeste.
Wanda e Morgana observavam de fora, prontas para intervir se necessário, mas respeitando o espaço sagrado que as praticantes haviam criado. O cântico começou baixo, uma melodia antiga em uma língua que Wanda não reconhecia, mas que fazia seu sangue pulsar como se respondesse a um chamado primordial.
À medida que o ritual avançava, a energia no círculo crescia, manifestando-se como filamentos luminosos que conectavam Agatha e Hella. Suas vozes se elevaram, tornando-se mais urgentes, mais intensas. O vento aumentou, fazendo as árvores ao redor gemerem e as velas oscilarem perigosamente.
Foi quando Hella alterou o cântico, introduzindo palavras que não estavam no texto que haviam estudado. Agatha hesitou por um momento, mas logo retomou, confiando na parceira. Os filamentos de luz mudaram de cor, de um dourado suave para um vermelho sangue pulsante. O ar dentro do círculo pareceu se condensar, formando uma névoa espessa que obscurece parcialmente as silhuetas das duas mulheres.
— Algo está errado — murmurou Morgana, dando um passo à frente.
Nesse instante, Hella ergueu as mãos acima da cabeça e gritou uma palavra de poder tão antiga que fez a terra tremer. Um clarão ofuscante preencheu o círculo, seguido por um estrondo ensurdecedor. Quando a luz diminuiu, onde antes havia duas figuras, agora só restava uma de pé.
Hella jazia no chão, seus olhos outrora tão vivos agora vazios, e Agatha, pela primeira vez desde que Wanda podia se lembrar, chorava abertamente, seu corpo sacudido por soluços que pareciam arrancar pedaços de sua alma.
— O que aconteceu? — perguntou Wanda, correndo para o círculo quebrado, ignorando os avisos de Morgana sobre energias residuais perigosas.
Agatha levantou o olhar, seus olhos não mais completamente humanos. Veias negras marcavam seu rosto, como linhas de tinta se espalhando sob a pele.
— A maldição — murmurou Agatha, entre lágrimas. — Ela é real. Sempre foi real.
E então, com um grito que parecia conter toda a dor de sete gerações de mulheres condenadas, Agatha se lançou sobre o corpo de Hella, abraçando-o com força, como se pudesse transferir sua própria vida para a amada.
— Ela queria quebrar a maldição — explicou mais tarde, quando já haviam enterrado Hella sob o carvalho antigo, em uma cerimônia simples marcada pelo silêncio pesado e pela chuva que caía sem parar, como se o próprio céu chorasse a perda. — Acreditava que, se reuníssemos nossas magias em um vínculo permanente, criaríamos algo mais forte que a maldição. Mas no momento crucial, quando nossas energias se fundiram... foi como se algo interviesse. Uma força antiga, implacável.
Wanda apertou a mão da irmã, sentindo como estavam frias, quase como se parte de Agatha tivesse partido junto com Hella.
— Vamos encontrar uma maneira, Aggie. Vamos quebrar essa maldição.
Agatha sorriu, um sorriso vazio que não alcançava seus olhos.
— Não existe maneira, Wanda. A maldição é mais antiga e mais poderosa do que qualquer magia que possamos conjurar. Tudo o que podemos fazer é... evitar o amor. É a única forma de sobreviver.
O que Wanda não sabia, naquele momento, era que seu desejo, sua súplica ingênua pela presença do amor, estava prestes a se concretizar de uma forma que ela jamais poderia prever. O amor perfeito que ela chamara ainda criança estava a caminho, mas como todas as magias feitas às pressas e sem compreensão completa, traria consigo consequências inesperadas.
Nas semanas que se seguiram à morte de Hella, a Casa das Bruxas pareceu se retrair sobre si mesma. As flores no jardim murcharam, apesar dos cuidados de Morgana. Espelhos racharam sem motivo aparente. O mel nos potes da despensa cristalizou-se em formas estranhas, semelhantes a lágrimas. E Agatha... Agatha mudou. Sua magia, antes controlada e precisa, tornou-se volátil, imprevisível. Suas pesquisas, antes metódicas, assumiram um caráter obsessivo, focadas exclusivamente em encontrar falhas em maldições ancestrais.
— Você precisa deixá-la ir — disse Morgana certa noite, encontrando Agatha na biblioteca, cercada por livros abertos e velas quase consumidas. — A dor não diminuirá se você continuar alimentando-a com obsessão.
— Não estou buscando diminuir a dor — respondeu Agatha, sem erguer os olhos do texto que estudava. — Estou buscando entender por que. Por que a maldição existe. Por que ela escolheu Hella. Por que... — sua voz falhou por um momento — por que eu permiti que me importasse o suficiente para perdê-la.
E, enquanto observava sua irmã destruída pela mesma maldição que tanto temiam, Wanda fez uma promessa silenciosa a si mesma: ela encontraria um modo de quebrar esse ciclo, de libertar sua família desse destino cruel. Mesmo que isso significasse confrontar forças ancestrais, mesmo que significasse desafiar o próprio destino.
Foi no aniversário da morte de Hella que Agatha tomou uma decisão, Ela iria embora dessa cidade maldita.
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workfromheda · 4 months ago
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Magic Heart - Wandanat e Agathario Fanfiction
O amor pode ser uma bênção ou uma maldição. Por gerações, as mulheres da família Harkness carregaram o peso de uma magia antiga e uma sina cruel: toda bruxa da família está fadada a perder quem mais ama. Ligadas por um destino inevitável, Wanda e Agatha nunca puderam fugir da herança de sua linhagem - mas agora, juntas, elas precisam enfrentar algo muito pior. Quando um ritual dá errado, uma entidade sombria retorna para reivindicar sua vingança, trazendo consigo segredos enterrados e verdades que foram mantidas escondidas por tempo demais. Presa entre o passado e o presente, Wanda se vê diante de uma escolha impossível: aceitar o legado que corre em suas veias e abraçar seu verdadeiro poder, ou assistir enquanto tudo o que ama é consumido pela escuridão. Entre feitiços perigosos, laços familiares inquebráveis e um romance que desafia o tempo, essa história é sobre bruxas que amam, lutam e escrevem seu próprio destino, mas a magia sempre cobra seu preço. E o coração de uma feiticeira nunca pertence apenas a ela. Wandanat (wantasha) e Agathario Fanfiction. Todos os Direitos Reservados O amor pode ser uma bênção ou uma maldição. Por gerações, as mulheres da família Harkness carregaram o peso de uma magia antiga e uma sina cruel: toda bruxa da família está fadada a perder quem mais ama. Ligadas por um destino inevitável, Wanda e Agatha nunca puderam fugir da herança de sua linhagem - mas agora, juntas, elas precisam enfrentar algo muito pior. Quando um ritual dá errado, uma entidade sombria retorna para reivindicar sua vingança, trazendo consigo segredos enterrados e verdades que foram mantidas escondidas por tempo demais. Presa entre o passado e o presente, Wanda se vê diante de uma escolha impossível: aceitar o legado que corre em suas veias e abraçar seu verdadeiro poder, ou assistir enquanto tudo o que ama é consumido pela escuridão. Entre feitiços perigosos, laços familiares inquebráveis e um romance que desafia o tempo, essa história é sobre bruxas que amam, lutam e escrevem seu próprio destino, mas a magia sempre cobra seu preço. E o coração de uma feiticeira nunca pertence apenas a ela. Wandanat (wantasha) e Agathario Fanfiction. Todos os Direitos Reservados
Capítulo 1 ✦ Capítulo 2
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workfromheda · 5 months ago
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this trend but agathario 😳✨💞
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workfromheda · 5 months ago
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tear in my heart
#agathario au
agatha harkness x rio vidal
sinopse: entre feitiços que protegem e segredos que queimam, as linhas que distinguem inimigas de cúmplices se confundem em um momento intenso que pode mudar tudo – ou condená-las ainda mais.
avisos: - não recomendado para menores de idade; - por deus que tá no céu e a agatha sete palmos abaixo da terra, NÃO REPITAM os atos do que está escrito aqui em casa!
palavras: 3.1k
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A casa estava um caos, móveis quebrados, os cacos de vidro esparramados pelo chão brilhavam como estrelas no céu. Rio soltou uma risada profunda, sentindo o corpo de Agatha encaixado no seu, enquanto a morena que segurava em seu pescoço arfava recuperando a respiração. O robe de seda abrindo revelando pele branca e sedosa de coxas torneadas. Rio sentiu vontade de lamber, mas não se moveu. 
Olhos escuros encontraram azuis quando Agatha começou seu discurso, dizendo que é uma cena humilhante, Rio a subjugando quando nem seus poderes a Harkness tem.
— Você adora isso, a espera — Agatha diz com a mão ainda no pescoço de Rio que se moveu fazendo Agatha mexer, a bunda deslizou pressionando a parte baixa de Rio, mas quem suspirou foi Agatha ao sentir a fricção de seu centro contra o couro da roupa escura.
— Que garantia eu teria que cumpriria com sua palavra? — A morte questiona sorrindo, olhos descendo pelo corpo de Agatha — Preciso de uma. — Diz subindo o olhar para o de Agatha que bufou.
— É claro que precisa — Harkness diz se mexendo.
Vidal aproveitou deslizando o braço que estava preso entre a perna de Agatha e o chão. A ponta da faca deslizou pela coxa de Agatha, pontinhos vermelhos com gotículas de sangue surgindo até parar na barra do robe.
Agatha gemeu, a picada da adaga causando calor na parte baixa de sua barriga. Brigar fisicamente com Rio era a preliminar delas, sempre foi. Harkness jamais admitiria, mas estava pronta para ser fodida. A briga que tiveram momentos atrás fez crescer calor e umidade entre suas pernas, umidade essa que Rio sente atravessando o tecido mais fino de sua roupa.
— Eu prometo que você pode vir, quando eu recuperar meu roxo — Agatha diz jogando um pouco de cabelo sobre o ombro, o movimento expôs a abertura do tecido fino que cobria seu corpo, mais pele aparecendo, atiçando Rio.
— Suas palavras não valem muito — Vidal acusa — Mas tem algo que pode garantir esse acordo — Ela continua subindo a ponta da lâmina, empurrando mais ainda o tecido preto para fora do corpo de Agatha que a encarou, olhos escuros nos azuis travando uma batalha há muito perdida.
A confirmação veio quando Agatha arrastou a mão do pescoço para os seios da mulher os acariciando, Agatha desceu o corpo, lábios se chocando em um beijo faminto, aguardado há décadas.
As línguas se entrelaçaram e elas sentiam os dentes se chocando, mas isso não era importante. As mãos de Agatha desceram pelo corpo de Rio apalpando como se sua vida dependesse disso, Rio por sua vez usou a mão livre para afastar a parte superior do robe, expondo seios pálidos, empinados em sua direção como se estivesse implorando por atenção.
Em um movimento, Rio estava sentada com Agatha montada em seu colo, ela mordeu o lábio inferior com força até sentir o gosto de sangue explodir em sua boca, era doce e forte igual em suas memórias, não tinha a corrupção do darkhold, era apenas Agatha.
Ela se soltou de Agatha, lábios trilhando beijos molhados pela mandíbula afiada, deixando um rastro de sangue e saliva.
Agatha se inclina para trás, pescoço exposto liberando acesso para Rio que aproveita, lábios quentes e macios deixando beijos na pele até chegar ao topo dos seios, onde mordiscou raspando os dentes na pele sensível.
— Se você não quiser isso, precisa me dizer agora — As palavras flutuam da boca de Rio sem seu consentimento se chocando contra a pela de Agatha.
O calor de sua respiração causando arrepios na morena montada em seu colo,  ela se bate internamente com o quanto seu subconsciente ainda se importa com Agatha.
— Quero você, e te dar uma garantia de que pode confiar em mim — Harkness diz, nunca algo tão errado pareceu tão certo aos seus olhos. 
Ela sentia seu corpo queimar, seus ossos implorando por isso. O calor em sua boceta escorrendo, deixando um rastro quente e úmido em sua coxa. Rio rosnou se inclinando como se fosse beijá-la novamente, mas se esquivou quando Agatha ia de encontro a ela, os lábios de Vidal pegaram o pescoço de Agatha, os dentes afundando na carne macia em pequenas mordidas que deixariam algumas marcas.
Agatha choramingou o desejo por Rio se tornando cada vez mais intenso à medida que a mulher abaixo de si se tornava mais dominante em suas ações. 
— Se soubesse que você seria tão receptiva teria te fodido ontem naquele necrotério mesmo — A bruxa verde diz, mordiscando o lóbulo da orelha de Agatha que se contorce em seu colo.
As mãos descem pelo corpo de Agatha, apertando quando chegam em sua cintura, forçando a mulher a rebolar esfregando o sexo encharcado contra a calça de Rio. Agatha gemeu quando uma das costuras esfregou em seu clitóris inchado, a cabeça tombando um pouco mais para trás.
O zumbido baixo que saiu de Rio era quase inaudível, mas Agatha sentiu as vibrações contra o seio, seus lábios e língua trabalhando seu caminho até o mamilo intumescido. As mãos de Agatha foram para os ombros de rio, grudando na roupa, amassando o tecido entre os dedos, reagindo abertamente ao prazer que Rio lhe estava proporcionando.
Movendo uma das mãos, Rio a enfiou debaixo do robe subindo até encontrar a bagunça molhada que a lubrificação natural de Agatha havia feito. Ela colocou a mão entre sua perna e Agatha, a palma em forma de concha, o calcanhar da mão firme contra o colitóres de Agatha, que sentiu necessidade por mais.
A harkness queria, precisava, que Rio a preenchesse com seus dedos, empurrando seus dedos até que estivessem enterrados dentro dela. Suas preces são ouvidas quando Rio separa os dedos introduzindo nela, entrando com tamanha facilidade, deslizando até estar completamente dentro.
Agatha estava tão necessitada e carente que apenas isso quase a empurrou para a borda. Três anos presa em um feitiço a privaram de mais do que usar seus poderes. Se ajustando ela ergueu o quadril e desceu com força, o som de carne molhada contra a palma de Rio ecoou pela cozinha e o gemido que saiu do fundo dela foi nada menos que gutural.
Rio observou, apreciando a vista dos seios balançando diante de si enquanto Agatha cavalgava em sua mão. Cansada de esperar, Rio empurrou o corpo de agatha a deitando no chão, se colocando sobre a Harkness que protestou com a interrupção, mas ficou quieta quando Rio forçou suas pernas abertas, uma sendo erguida enquanto a outra enlaçou a cintura fina da mulher sobre si.
O movimento deu mais espaço, permitindo que os dedos fossem mais fundos, se possível. Rio retirou e retornou com um há mais, a adição estirando as paredes da boceta de Agatha que apertou os dedos dentro de si, a ardência bem vinda enquanto a mulher gemeu mordendo os lábios já machucados.
— Diga-me se for demais — Rio ronronou, os dentes raspando a pele abaixo da orelha, dor e prazer se misturando tão lindamente enquanto ela afundava os dedos em Agatha.
Agatha era uma bagunça entre gemidos e dizer que estava tudo bem, os dedos de Rio a faziam se sentir tão bem, tão completa.
Os três dígitos dentro de Agatha se curvaram atingindo aquele ponto gostoso que Rio conhecia bem, Agatha ofegou se contorcendo, o ar fugiu de seus pulmões e ela agarrou os braços de Rio, unhas cravando na pele. Ela estava tão perto, mas o rio parou. Ela parou e Agatha quase, ela quase implorou, mas bateu os dentes a boca tão fechada quando viu o sorriso presunçoso estampado nos lábios manchados de sangue de Rio. Seu sangue, e isso fez acumular saliva em sua boca.
Rio terminou de empurrar o robe, pele macia e curvas que ela bem conhecia expostos diante de seus olhos, que desceram até o meio das pernas da mulher, os poucos pelos escuros brilhavam com a umidade esparramada ali. 
Agatha podia sentir sua pele queimar por onde os olhos famintos passavam, isso a fez querer fechar as pernas, esfregando uma na outra, mas ela permaneceu como estava, escarranchada no chão, seios com mamilos duros subindo e descendo, se exibindo diante o olhar faminto de Rio.
Vidal se deliciou, alimentando a fome com a visão da mulher esparramada a sua frente. Tinha tantas opções do que fazer que não sabia nem por onde começar. Os olhos pararam no corte feito entre a clavícula, o sangue que escorreu agora seco entre os seios, decidida ela se inclinou, seios pressionando os de Agatha, arrancando suspiros da mulher.
Os mamilos sensíveis enrugando cada vez mais com o toque áspero do couro. Ela lambeu, a língua afundando no buraco no pé da garganta de Agatha, descendo até o corte, sugando a pele, levando o sangue em sua boca. 
Super estimulada Agatha gemeu, mãos agarrando os ombros de Rio, fechando as pernas, travando a mulher em seu lugar. Insatisfeita, a bruxa bufou cravando unhas de uma das mãos no quadril de Agatha, quebrando a pele delicada fazendo a morena gemer de dor.
— Solte. — A palavra era nada mais que um sussurro, mas o tom foi de comando. 
Soltando-se, olhos azuis dilatados encontraram os escuros de Rio. Uma sobrancelha foi erguida e Rio ainda entre as pernas se apoiou em seus joelhos.
— Abra as pernas. — Pede dando tapinhas nos joelhos de Harkness que bufou revirando os olhos, atitude que não passa despercebida pela morte que morde o interior da bochecha. Olhos se estreitando.
Em segundos a adaga estava em sua mão direita, olhos grudados no de Agatha quando ela levou a lâmina até os lábios, lambendo a mancha de sangue que havia ficado na ponta.
— Quem propôs esse acordo foi você, e ainda assim sinto que não quer colaborar muito com ele. — Rio diz arrastando as pontas dos dedos da mão esquerda no osso do quadril de Agatha enquanto a direita ainda tinha a lâmina perto de seu rosto. — Acho que preciso de algo que te deixe mais… Entretida. — Ela termina a frase com um sorriso maldoso.
A mão com a adaga desce até encontrar a pele macia no interior das coxas de Agatha, essa que arregala os olhos azuis, estavam tão dilatados que mal se dava para ver o azul escuro.
A ponta da lâmina arranhou a pele abrindo um corte fino, Agatha gemeu e antes que ela pudesse se mover a mão bronzeada que estava em seu quadril apertou mais, a mantinha presa no chão.
— Não se mexa, M’lady. Não queremos causar um acidente e rasgar sua linda perna, não é mesmo? — A morte sorri continuando com seu trabalho.
Os cortes eram superficiais, a ardência enviando estímulos para a boceta de Agatha que se antes estava encharcada, agora pingava. O cheiro dela era inebriante para Rio que se segurava para não cair logo de boca onde mais desejava, comendo tudo o que Agatha estava oferecendo. Mas ela preza pelo autocontrole nesse momento, a espera valeria a pena.
Agatha não estava aguentando mais, cada arrastar da lâmina sobre sua pele a fazia suspirar, ela queria grudar nos cabelos de Rio e a obrigar a enfiar o rosto entre suas pernas e levar tudo de si, sugando até a última gota do líquido quente que escorria de sua boceta. Mas ela não podia.
Em contrapartida, Rio inclinou-se para baixo, deixando um beijo estalado na coxa de Agatha onde a adaga havia passado recentemente. Cheiro de sangue e Agatha se misturando fizeram suas papilas gustativas salivarem, com todo autocontrole que havia em si, a  bruxa arrastou a lâmina até que chegou na virilha de Agatha.
Ela continuou subindo, a ponta afiada brindou entre os lábios escorregadios. Rio respirou fundo e com um movimento rápido virou a adaga, a lâmina agora contra a palma de sua mão, o cabo robusto e ondulado pressionando contra o clítoris sensível e inchado de Agatha, que chiou em surpresa.
— Você será boa e levará tudo para mim, M’lady? — Rio pergunta, olhos grudados no cabo da faca que girava em círculos no monte de nervo.
Agatha era uma bagunça de gemidos, suspiros e palavras desconexas quando concordou. Rio beijou seu caminho pela coxa enquanto ela ainda estimulava o clítoris com a faca. Se erguendo ela capturou os lábios de Agatha em um beijo faminto.
A adaga entre seus corpos, brincando com a entrada da boceta encharcada de Agatha, o gemido da mesma sendo engolido por lábios exigentes. Com cuidado, Rio empurrou, deslizando o cabo para dentro. 
Harkness ergueu as costas, seios pressionados em Rio, pernas tremendo ao redor dos quadris da morena que sugou o lábio carnudo e maltratado entre os dentes.
Rio soltou Agatha, olhos escuros e dilatados descendo até o local em que o cabo da adaga desaparecia na boceta faminta. A textura dos desenhos intrincados no cabo fazendo maravilhas nas paredes de Agatha que agarravam o material escuro.
— Olha como essa boceta gulosa engole tudo. — Rio diz debochada, olhos brilhando — É tão lindo. — Conclui mordendo o lábio.
A voz rouca causando arrepios em Agatha, que rebola contra o cabo curvilíneo da adaga.
— Oh sim, se foda contra ela, como a vagabunda que você é, sim M’lady. — Rio instrui, a mão que mantinha Agatha presa agora a guiando de encontro contra o cabo da adaga.
Sua mão não doía por segurar a lâmina e ver os sulcos da excitação de Agatha se misturando com o sangue só aumentava sua fome. Ela queria quebrar Agatha. Queria que a mulher chorasse enquanto pedia por mais.
Vidal intercalou entre aumentar e diminuir o ritmo e intensidade de suas estocadas, o polegar batendo no clitóris de Agatha todas as vezes que o cabo entrava mais fundo em sua vagina, a imagem era maravilhosa e os sons de gemidos e carne molhada faziam maravilhas em suas entranhas.
Suada e desesperada Agatha gemeu pedindo por favor para que Rio a deixasse gozar. Palavras embaralhadas e chorosas.
Rio esperou tanto tempo por isso, ver Agatha se contorcendo e implorando sendo fodida por sua adaga, a adaga que a própria Agatha havia lhe dado, apenas uma vez disso não seria o suficiente, porém por agora ela estava satisfeita com isso.
Satisfeita em ver Agatha se movendo buscando por mais contra a mão que a fodia, Rio girou o pulso, o cabo ondulado virou e a ponta mais grossa torceu tocando no ponto sensível que ela por vezes alcançou com as pontas dos dedos.
As pernas de Agatha tremeram e ela gemeu o nome de Rio como uma lamúria, Rio desceu sugando um dos seios em sua boca. A língua habilidosa batendo e circulando o mamilo duro contra a língua achatada.
Cacos de vidro arrastaram nas costas de Agatha, rasgando o tecido fino e escuro que há muito havia sido aberto por Rio, o ardor da picada do vidro apenas intensificava o calor desenfreado que crescia no pé de sua barriga. O estiramento causado pelo cabo da adaga era tão gostoso e ardido que, quando Rio aumentou a intensidade da estocada, os olhos azuis rolaram para trás.
Agatha agarrou os fios escuros forçando a boca maldosa em seu peito,a mão entre os corpos quentes e suados ainda ministrando a penetração da obsidiana escura que fodia Agatha sem pudor.
— Vamos, você está chegando lá, coisa bonita. — Rio ronrona contra a pele de Agatha. Ela se desvencilhou do aperto, olhos grudados nas feições da mulher abaixo de si.
Vidal força o dedo contra o clitóris e gira novamente o cabo da faca, a torção fez os dedos dos pés de Agatha dobrarem quando ela ergueu o corpo tremendo.
Seios empurrados contra a frente quente de Rio, quadril chacoalhando e clitóris esfregando contra a mão. O cabo da adaga enterrada entre suas pernas enquanto o líquido quente de seu orgasmo escorria para fora, fazendo a mão de Rio deslizar um pouco.
Agatha não conseguia distinguir o som de sua respiração da de Rio, os sons se misturavam e por alguns segundos ela pensou que desmaiaria. O calor que a cobria sumiu, e ela choramingou quando o ar frio bateu em seus seios.
Ela sentiu quando uma de suas pernas foi erguida e quando a língua quente lambeu uma trilha até sua virilha onde mordiscou e sugou a pele sensível, sua boceta apertou o nada e ela gemeu em desgosto, que logo se tornou de prazer quando a língua quente e achatada de Rio pressionar o nervo inchado entre os lábios vaginais.
Com um dos braços cobrindo os olhos, Agatha esticou o outro, dedos ansiosos e firmes enroscaram em fios escuros forçando mais ainda o rosto de Rio em sua boceta.
O puxão arrancou um gemido da mulher que reverberou contra o clitóris, com graça e calma a língua desceu se enfiando no buraco quente e molhado, o sangue que Rio chupou na coxa de Agatha se misturando com o gosto picante dançou em sua língua, causando êxtase na bruxa.
Rio lambeu e chupou, comendo tudo o que tinha direito. Ela mordiscou os lábios e os beijou, e quando se deu por minimamente satisfeita rolou a língua no monte de nervos o prendendo entre os lábios, dando pinceladas firmes e certeiras.
Inseriu dois dedos na entrada e os dobrou, pressionando a parede, aquele ponto doce que ela sabia que levaria Agatha às alturas.
A língua continuou trabalhando, Harkness moendo em seu rosto, nariz e queixo molhados com a mancha doce da mulher que buscava mais uma vez por libertação, essa que veio com o nome de Rio sendo clamado para quem quisesse ouvir.
Costas inclinadas com seios apontando para o alto, coxas sedosas prendendo a cabeça de Rio que sorriu sem parar com a ministração na mulher. Mesmo com sua audição diminuída pela pressão de ser presa entre as pernas de Agatha, Vidal era capaz de ouvir seu nome sendo derramado em doces gemidos.
Quando Agatha voltou, a primeira coisa que viu ao abrir os olhos foi Rio sentada em seus joelhos, língua limpando o cabo da adaga que até poucos minutos atrás estava enterrada dentro de si. A visão a fez gemer, mas ela não se mexeu.
Seus ossos eram como líquido. Ela sentiu Rio erguer sua mão que estava machucada, a morte lambeu a palma, seus olhos mais uma vez conectados.
Vidal se inclinou e deu-lhe um beijo casto, a língua saiu acariciando o lábio rachado que instantaneamente se curou. E assim ela soube que Rio estava partindo.
— Te veo. — A voz sussurrou em seus pensamentos assim que Rio atravessou a soleira do que uma vez foi sua porta.
Trêmula, Agatha se sentou olhando a bagunça ao seu redor. Elas realmente haviam feito um estrago dessa vez, constatando com um sorriso carinhoso em seus lábios.
Respirando, ela fechou com dedos trêmulos o que restou do robe, precisava se trocar pois ainda tinha um adolescente trancado no armário de seu corredor.
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workfromheda · 5 months ago
Text
titanic
#agathario au
agatha harkness x rio vidal
sinopse: agatha está a bordo do titanic, e ao lembrar que o aniversário de casamento com rio se aproxima, decide, apesar do ressentimento, oferecer-lhe um 'presente' mostrando que, mesmo com sentimentos conflitantes, ainda se importa com lady death.
avisos: - não recomendado para -18 anos - o conteúdo pode causar gatilho em quem tem medo de água ou afogamento então não recomendo - tem muito sexo então não leia caso não goste desse tipo de conteúdo - o cenário se passa durante o naufrágio do titanic então tem mortes
palavras: 6k
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A brisa fria cortava a noite estrelada enquanto Agatha Harkness observava do convés do Titanic. Ela estava ali, em meio àquela majestosa travessia, como uma espectadora distante de um evento que se desenrolava, uma tragédia iminente que ela mesma causaria.
O navio, considerado invencível, navegava tranquilo em suas águas geladas, mas Agatha sabia, nada é imune à magia, especialmente a magia dela, e o Titanic, assim como tudo, tinha um fim marcado. O seu feitiço estava prestes a ser lançado.
A bruxa olhou ao redor, seu vestido chique esvoaçando com o vento. Ela sentia o poder acumulando-se dentro de si, se revirando assim como as águas geladas do mar sob o navio.
Agatha ergueu a mão, as palmas abertas para o vasto oceano à frente. Seus dedos se curvaram em movimentos precisos e quase sensuais, como se ela estivesse dançando com as forças do universo. Poder roxo brilhou.
— Causo o fim do que não pode ser salvo...
As palavras que saíam de sua boca eram silenciosas, mas poderosas. A magia roxa foi se espalhando como uma corrente invisível por todo o Titanic, enredando as vigas de aço, a madeira polida e as velas que iluminavam o salão.
Ela murmurou mais meia dúzia de palavras em uma língua esquecida, palavras que ressoavam com a própria essência da morte. A água, antes calma, começou a se agitar, como se sentisse a presença do poder da mulher.
Agatha sentia o impacto da maldição invadir o próprio coração do navio, suas engrenagens, suas fundações. E então, como uma promessa feita aos ventos, o Titanic começou a se inclinar, imperceptivelmente para aqueles que não sabiam o fim que encontrariam daqui algumas horas.
O Titanic, uma maravilha da engenharia, parecia minúsculo diante da vontade de Agatha.
E tudo isso porque ela desejou dar um presente para sua amada.
O som distante e quase imperceptível do estalo das primeiras rachaduras quase se perdeu diante do som das ondas do mar abaixo do navio. O mar, que antes estava calmo, agora parecia se agitar, como se respondesse ao feitiço de Agatha. O casco do Titanic estremeceu com uma força assustadora. Um estalo terrível ecoou pelo navio enquanto a água começava a invadir as fissuras e os gritos começaram a ecoar pelos corredores.
As pessoas, assustadas e confusas, corriam de um lado para o outro, gritando por ajuda, tentando desesperadamente encontrar um bote salva-vidas. Mulheres e crianças foram empurradas para a frente, enquanto os homens tentavam organizar a evacuação.
Agatha, misturava-se à multidão, se perdendo entre as pessoas. Sua feição imperturbável estava imersa em um tumulto de almas aterrorizadas.
Ela sorriu ao perceber a imensidão do caos que havia causado, uma expressão amarga em seus lábios.
Isso era o que ela merecia. Um presente, algo grandioso, algo que alcançaria Rio, ela gostando ou não.
Preciso sair daqui, ela pensou, movendo-se com passos rápidos entre os passageiros em pânico. Não queria ser vista, não queria que a recebedora de seu presente soubesse que ela era a causa do desastre.
Ela estava longe de ser uma vítima da tragédia — ela não estava ali por medo ou desespero. Era apenas mais uma viajante, uma viajante que decidiu dar um presente para sua amada e acabou gerando o caos, o pânico que se espalhou como um incêndio.
Não importava os termos em que seu relacionamento se encontrava, a bruxa apenas desejou presentear aquela que roubou-lhe o coração, porém, agora enquanto fugia com os outros viajantes, Agatha se questionou se havia tomado a decisão correta.
As vozes das pessoas se misturavam em um mar de desespero, e Agatha sentiu uma dor sutil, como se estivesse observando um reflexo distorcido de si mesma. Sua mão foi até o peito, onde o ressentimento e a saudade se encontravam, uma tempestade emocional dentro dela.
Rio... A imagem da esposa, a mulher que ela amava e odiava ao mesmo tempo, surgiu em sua mente, como uma sombra que se aproximava. Agatha tropeçou e quase caiu, porém um loiro de olhos claros a firmou em seu pé, dizendo-lhe para tomar cuidado.
Ela soltou o braço e estava agradecendo quando uma mulher ruiva gritou o nome Jack, o homem se despediu e correu em direção a mulher que Agatha julgou ser sua amada. Agatha voltou a caminhar e estava a alguns passos de um bote e então, como uma brisa gelada que cortava a alma, ela sentiu.
Rio estava ali.
A presença de Lady Death foi quase tangível, como uma sombra que se estendia pelas passagens iluminadas do navio. Rio estava lá, de pé do ponto mais alto, observando a cena com seus olhos profundos.
Não havia espaço para enganos. A Morte estava lá, em toda sua majestade e silêncio imutável, olhando para ela de uma maneira que parecia atravessar o véu da realidade. Não havia palavras entre elas, não havia necessidade.
O simples ato de se verem ali, no mesmo espaço, foi suficiente para fazer o coração de Agatha acelerar. Agatha sentiu a presença de Rio como uma lâmina fria em seu coração.
— Você… — Agatha diz, sua voz baixa e quase sufocada pela emoção, mas Rio a interrompeu com um gesto, um simples movimento de sua mão sem deixar seu lugar de espectadora, e a pressão da morte ao redor delas se intensificou.
— Você fez isso? — Rio perguntou mesmo já sabendo a resposta, a voz suave, mas carregada de uma autoridade antiga.
Sua figura estava parada no meio do salão, sua capa escura flutuando ao redor dela como se fosse parte da própria noite. Ela estava calma, como sempre, mas havia uma tristeza profunda em seus olhos ao encarar Agatha.
Agatha se virou, seu olhar cruzando com o de Rio, e por um momento, tudo ao redor delas parecia parar. A água subia rapidamente, o Titanic estava afundando, e o grito dos passageiros ecoava em todas as direções, as almas começavam a ser tomadas, mas naquele instante, o que importava era apenas a presença de Rio.
Entre elas, havia apenas silêncio. Agatha e Rio, distantes, mas conectadas por algo mais profundo do que qualquer feitiço ou tragédia.
— Eu fiz — Agatha responde, sua voz baixa, quase inaudível, palavras carregadas pelo vento, mas ainda assim Rio a ouviu.
— Porquê? — as palavras flutuaram, caindo como um sussurro nos ouvidos de Agatha, que sentiu um tremor em sua espinha.
— Fiz isso por você. Um presente.
— Um presente? — Rio ergue uma sobrancelha, os gritos ao redor se desfazendo conforme sua atenção foca ainda mais em Agatha.
— Sim, você sabe… Casamento. — A última palavra é sussurrada, o gosto agridoce na garganta seca de Agatha.
Rio a observa por um longo momento, a frieza em seu olhar não era acusatória, mas sim profundamente melancólica. Ela sabia o que Agatha havia feito, e o motivo, mas também ainda estava magoada. É difícil ser ignorada por anos e do nada isso.
Agatha havia dado o que poderia ser o maior presente — um presente de almas, de sofrimento, de tragédia. Um presente que, de certa forma, falava de amor, mesmo que esse amor fosse distorcido, amargo, marcado pela dor de uma perda insuportável.
— Não achei que ainda se importasse. — Rio falou, a dor nas palavras velada pela sua impassibilidade.
Agatha não respondeu de imediato. A resposta estava ali, entre as duas, no caos ao redor, nas vidas que se apagavam.
Ela odiava a ideia de ainda sentir algo por Rio, odiava a realidade de que, mesmo depois de tudo, ela ainda pensava nela, ainda se preocupava, ainda a desejava e acima de tudo, ainda a queria.
Como a morte que Rio representava, o amor de Agatha por ela também era inevitável. Ela sabia disso, sabia que não poderia escapar,  mas isso era impossível e talvez a situação atual delas nunca tenha conserto.
— É claro que me importo, só é difícil… —  Agatha disse finalmente, sua voz carregada de resignação. —Eu só... só queria que você soubesse. Não contei que ainda estaria aqui quando você aparecesse, pensei que demoraria mais para chegar.
Rio olhou para ela, as almas ao seu redor começando a se juntar aos montes, enquanto o Titanic afundava cada vez mais rápido. As águas gélidas começavam a engolir o navio, e o som do metal retorcendo e se quebrando preenchia o ar.
— Eu sei, Agatha. Eu sei. — a morte desce de onde estava observando caminhando até Agatha, o caos no convés diminuiu conforme pessoas caiam para fora ou entravam em botes salva vidas. — Mas não é assim que as coisas funcionam.
Agatha percebendo que Rio se aproximava, deu passos para trás na intenção de fugir, porém magia verde a cercou a mantendo em seu lugar. O navio rangeu e tremeu, ele dobrou e partiu, pessoas começaram a cair aos montes no mar, mas Agatha não se moveu um centímetro sequer, pois a magia de Rio a mantinha estável em seu lugar.
Com um brilho no olhar, Rio a avaliava enquanto caminhava. Agatha permaneceu ali, dividida entre assistir à destruição, à tragédia que ela havia causado, e olhar para Rio.
O Titanic afundava, e com ele, as esperanças de fugir de Rio junto com os botes.
Rio estava além do caos. Ela era a Morte, e o pânico ao redor não tocava sua essência.
Seus olhos estavam fixos em Agatha, como se o navio e as almas que deslizavam para as profundezas não fossem nada diante do que realmente importava.
Rio observava sua esposa, que, mesmo com a dor e a raiva evidentes em seus olhos, não conseguia se desvencilhar da força que ela própria havia atraído até si.
Agatha tentou se mover, tentou escapar da pressão da magia que Rio a impunha, mas era inútil. A Morte, com um movimento sutil, criou uma prisão ao redor dela, suas correntes apertando, mas não de maneira que a machucasse, pelo contrário.
Era mais como uma carícia fria, uma força irresistível, que a envolvia em uma rede de emoções conflitantes.
Então, sem pressa, Rio chegou até ela. Cada passo dela era como o silêncio de uma noite sem estrelas. Agatha sentia a presença dela, o peso da Morte preenchendo o ar ao seu redor, como uma sombra que consumia a luz.
A sensação de proximidade de Rio a arrepiava, um frio que percorria sua espinha e fazia seu coração bater mais rápido, como se, mesmo na adversidade, houvesse algo indiscutivelmente atraente na forma como Rio a observava.
Quando Rio finalmente parou atrás de Agatha, o cheiro de flores e terra molhada tomou conta de seus sentidos, a magia ao redor de Agatha se intensificou, a pressão da presença de Rio e sentimentos se misturando em uma força quase tangível.
Agatha mal conseguiu respirar quando Rio sussurrou, sua voz um murmúrio suave, mas que parecia cortar o silêncio como uma lâmina afiada.
— Eu também tenho um presente para você, Agatha… Já que estamos comemorando, não é?
As palavras de Rio eram como uma maldição doce. Comemorando, ela disse. Era uma provocação, mas também uma promessa.
Um arrepio percorreu a pele de Agatha, e seus olhos se fecharam por um instante, como se ela tentasse bloquear a intensidade do que estava sentindo, mas era impossível.
A expectativa crescia, o ar entre elas ficava mais denso, o coração de Agatha disparava como se ela estivesse à beira de um abismo, temerosa, e ao mesmo tempo, ansiosa para cair.
Cair nas mãos da morte e nunca mais sair.
O toque de Rio foi suave, mas poderoso. A Morte, em toda sua soberania, tocou o rosto de Agatha com a ponta dos dedos, deslizando até seu pescoço, onde seu pulso acelerado pulsava como um sinal de que o controle havia ido embora.
A respiração de Agatha estava entrecortada, o calor do corpo dela contrastando com o frio que irradiava de Rio.
E então, sem mais palavras, Rio a beijou.
Primeiro, foi um toque delicado. Um beijo que parecia ser quase uma carícia, uma promessa silenciosa de que, por mais que a Morte estivesse ali, ainda havia algo de humano entre elas.
Agatha sentiu o gosto de Rio, o frio e o calor se misturando de maneira inesperada, e o mundo ao redor delas pareceu desaparecer, tudo se resumindo ao toque dos lábios, mas como sempre, Rio não se contentava com o simples.
O beijo se aprofundou, e a paixão de anos de amor e ódio se refletiu nas mãos que se agarraram, no corpo que se aproximou. Rio a puxou para mais perto, seus lábios se enroscando nos de Agatha, suas línguas se encontrando com uma urgência inesperada, como se o destino delas estivesse atado naquele momento, naquela dança de desejo e poder.
Agatha sentiu o calor causado por Rio em cada centímetro do corpo, mas ao mesmo tempo, algo dentro dela se congelava, se misturando as lembranças de dor e do ressentimento da perda, de anos fugindo e se encontrando, porém o beijo… O beijo era outra coisa.
Era arrebatador. Quando as línguas se encontraram e se entrelaçaram, Agatha não pôde deixar de se entregar, mesmo que sua mente gritasse contra isso.
O coração, no entanto, não obedeceu. Ele batia em um ritmo acelerado, como se soubesse que esse momento — esse beijo — fosse a única coisa que importava agora. Como se tudo, seu ser, sua existência, pertencesse apenas a Rio.
Enquanto a água subia conforme o navio continuava a naufragar e o caos se estendia ao redor delas, com vidas sendo levadas para a eternidade, Agatha e Rio estavam ali, no epicentro de suas próprias tempestades internas.
A Morte e a Bruxa, tão distantes, tão próximas, e por um breve instante, tudo o que existia entre elas era o calor daquele toque, sem a interferência de acontecimentos passados. A promessa de que, mesmo nas profundezas de seus pensamentos conflitantes, elas nunca estariam realmente separadas.
Quando finalmente se separaram, seus olhos se encontraram, ambos carregados com uma mistura de sentimentos.
Os dedos de Rio deslizaram pela pele de Agatha, traçando as curvas de seu corpo. A cada toque, um arrepio diferente percorria a espinha de Agatha, intensificando o desejo que as consumia.
Elas se beijam novamente. Uma explosão de emoções contidas por anos. Dentro do pequeno espaço criado por elas, um calor intenso as envolvia. As mãos de Rio deslizaram pelas costas de Agatha, seus dedos traçando a curva de sua espinha, enquanto a bruxa se agarrava aos cabelos da Morte, puxando-a para mais perto.
Enquanto seus lábios se encontravam nos de Agatha, Rio se permitiu sentir coisas que há muito havia enterrado no canto mais esquecido de seu coração.
A eternidade que a cercava, a frieza da morte carregada em seus passos, tudo parecia se diluir naquele momento. O toque de Agatha era quente, vivo, e a fazia sentir amor.
A bruxa, com seus olhos brilhantes, lábios macios e quentes, a hipnotizava. Por um instante, Rio se permitiu esquecer de seu trabalho.
Agatha passou as pontas dos dedos na nuca de sua amada e sentiu o corpo de Rio tremer levemente sob o seu toque. A Morte, a encarnação da finitude, demonstrava fragilidade diante o toque de uma mera humana. A bruxa sorriu, um sorriso amargo e doce ao mesmo tempo.
Ela aprofundou o beijo, sentindo o gosto doce de Rio em sua língua, era como provar uma fruta fresca que acabara de ser colhida. Agatha nunca havia se sentido tão viva nas últimas décadas.
A proximidade de Rio a eletrizava, a fazia sentir uma intensidade que ela nunca havia experimentado antes. A morte, a encarnação da escuridão, a fazia sentir uma paixão avassaladora. Era uma contradição, mas era real.
O beijo se intensificou, dentes se chocaram e línguas se entrelaçaram, Agatha gemeu na boca de Rio, o som se perdendo no interior da mulher que a devorava a paixão se transformando em algo mais profundo, mais obscuro.
Era um desejo primitivo, uma conexão visceral que as unia. As mãos de Rio se moveram para os seios de Agatha, apertando-os levemente. A bruxa arqueou as costas, um gemido escapando de seus lábios.
A cada segundo que passava, Agatha desejava mais. A sensação de afogamento era física e metafórica, mas era nesse afogamento que elas se encontravam. A morte e a vida, ódio e amor, tudo se confundia naquele momento.
Rio quebrou o beijo, seus olhos fixos nos de Agatha. A bruxa estava ofegante, os cabelos soltos emolduravam seu rosto, e seus olhos brilhavam com uma intensidade que a assustava e a atraía ao mesmo tempo.
Rio arrastou os lábios pela pele macia, dentes mordiscam o lugar sensível na clavícula de Agatha que suspirou, dedos erráticos subindo até os fios escuros da cabeça de Rio.
— Você é minha, Agatha, — sussurrou Rio, sua voz rouca e sedutora sendo abafada pela pele quente. — Sempre foi e sempre será.
Agatha sentiu um arrepio percorrer sua espinha. As palavras de Rio eram como uma adaga, cravando-se em seu coração. Ela não conseguia negar a verdade contida nelas.
— Tome-me. — sussurrou Agatha, sua voz rouca e cheia de desejo, palavras escorrem pelos sem sua permissão.
— Deixe-me te levar. — Lady Death sussurra. A corrente formada pelos poderes de Rio que mantinham Agatha presa se desfez, dando mais liberdade para seus movimentos.
— Mostre-me o que a morte tem a oferecer. — A Bruxa diz, dedos trêmulos tocando fios de cabelo escuros e sedosos.
Agatha fechou os olhos e se entregou completamente. Ela se permitiu afogar-se na paixão, na dor, na beleza e na destruição. Era um ato de entrega total, um abandono de si mesma.
Rio a beijou, lábios se chocando com aspereza, tornando-se algo visceral e primitivo. As mãos de Rio exploravam cada centímetro que conseguia tocar do corpo de Agatha, dividindo a atenção entre brincar com os seios sensíveis e arranhar a pele através da renda de seu vestido, despertando sensações que Agatha há muito não sentia. A bruxa gemia baixinho, seu corpo se contorcendo em êxtase sob o toque de sua amante. 
Elas deslizaram até estarem deitadas nas madeiras úmidas e lisas do chão do convés, o vestido de Agatha se espalhando como um véu ao redor de seu corpo, se misturando com o próprio de Rio.
Agatha sentiu a mão de Rio deslizar pela sua coxa, um toque leve que a fez estremecer. Os dedos subiram lentamente debaixo de seu vestido até alcançar a umidade entre suas pernas. Ambas as mulheres gemeram ao contato, Agatha estava tão molhada e quente.
A bruxa abriu mais as pernas, convidando Rio para entrar. A Morte não hesitou, deslizando dois dedos para dentro dela com uma suavidade que contrastava com a força de seu desejo.
Seu polegar roçou o clitóris inchado e um arrepio percorreu o corpo da mulher abaixo do dela, intensificando o desejo que a consumia. Os olhos azuis se fecharam, e Agatha se entregou completamente àquela sensação.
Rio sorriu, um sorriso aguado, banhado em diversão e desejo. Com um gesto suave, ela ergueu o vestido de Agatha liberando mais espaço para seu braço, tornando seus movimentos mais fluidos.
As estocadas de seus dedos aumentando gradualmente em intensidade, a cada entrar e sair de seus dedos na boceta encharcada de Agatha seu polegar batia no clitóris sensível, levando a Bruxa cada vez mais perto de gozar. 
Rio torceu os dedos para cima, dentro de Agatha, esfregando a carne esponjosa e sensível que ela sabia ser um ponto de ruptura para a Harkness que se contorceu. Unhas cumpridas cravaram nos braços da morte.
Tomada por desejo, e sentindo a intensidade crescente em Agatha, Rio aprofundou seus movimentos, Agatha ergueu os quadris indo de encontro às estocadas, um ritmo frenético se instalando entre elas. A cada estocada, a cada gemido e arranhar, a cada beijo e mordida, a Bruxa se aproximava de seu ápice.
Rio tesourou os dedos e esfregou o clitóris mais uma vez, a boceta de Agatha sugou seus dedos e os apertou.
Agatha gritou o nome de sua amada, o som se misturou com os gritos de socorro e puro desespero de um dos passageiros que pedia por ajuda no mar, aquilo enviou uma onda animalesca de desejo por Rio, fazendo seu corpo tremer.
Ela mordeu o pescoço de Harkness que cravou as unhas em suas costas, o orgasmo sacudindo o corpo da Bruxa, ela mal havia descido e já queria mais, apenas isso não seria o suficiente.
Agatha segurou o rosto de Rio a guiando para seus lábios, elas se beijaram fervorosamente até que a morte quebrou o contato, lábios inchados e molhados desceram pelo corpo de Agatha, o caminha há muito decorado, parando apenas quando encontrou os seios com mamilos rígidos cobertos por tecido fino.
Rio os abriu com desleixo, perdendo alguns devido a agressividade usada, o ar ajudando a deixar os seios ainda mais intumescidos, se é que isso era capaz.
Sem pensar, Rio os cobriu com sua boca, língua e dentes trabalhando arrancando gemidos e suspiros de Agatha que apenas arqueava empurrando mais ainda a carne na boca de Vidal que aceitou com prazer.
Satisfeita, Rio desceu, fazendo um caminho sensual, deixando rastros de saliva e círculos com marcas de dentes e chupões. Ela mordeu o osso do quadril e arrastou o nariz na virilha de Agatha sentindo a fragrância encher seus pulmões, saliva acumulou em sua boca e a morte suspirou contente.
Rio lambeu, a primeira batida de sua língua foi superficial e os poucos pelos pubianos ali fizeram cócegas. Ela ergueu uma das pernas de Agatha a abrindo, deixando-a exposta.
A luz da lua criava um halo luminoso ao redor de seus corpos, a carne vermelha brilhava convidativa sulcos escorrendo, se perdendo entre as bandas de sua bunda e Rio desceu, lambendo a excitação de Agatha como se fosse seu alimento.
Ela chupou o clitóris e desceu cutucando a entrada molhada a penetrando, sua língua entrou acariciando e seus lábios se fecharam ao redor da boceta, ela estocou a Bruxa e saiu, lambendo e sugando, sorvendo o sabor de Agatha em sua língua, essa por sua vez que se esfregou em seu rosto, rebolando fazendo o nariz de Rio se enterrar na carne quente.
A bruxa sentiu uma onda de prazer a consumir, um calor intenso que se espalhava por todo o seu corpo. Seus músculos se contraíram involuntariamente, e ela se agarrou aos cabelos de Rio, puxando-a para mais perto.
— Mais! — implorou ela, sua voz rouca e cheia de desejo.
O navio quase todo submerso estalou abaixo de seus corpos, a água as alcançou, mas não totalmente. As pontas das madeixas escuras de Agatha que estavam espalhadas ao redor de sua cabeça agora estavam encharcadas por água salgada.
Rio a penetrou com dois dedos e chupou uma última vez seu clítoris antes de se serguer, majestosa sobre Agatha. Sua outra mão serpenteia até o pescoço de Harkness, dedos finos circulando a garganta delicada, cortando levemente a respiração da mulher que gemia a cada estocada que recebia em sua boceta, o som pornográfico de seus corpos se chocando enviando ondas de prazer, fazendo mais líquido escorrer entre os dígitos de rio.
A água as acariciava, uma carícia fria e gentil que contrastava com o calor que as consumia por dentro e por fora. Agatha se preocupa um pouco quando percebe que dentro de pouco tempo sua cabeça pode estar submersa e Rio sorri, a face iluminada parcialmente deixando um aspecto cruel em suas feições.
Ela continua com sua ministração em Agatha. A mão de Rio, firme em seu pescoço, a impedia de se mover, aprisionando-a enquanto a água gelada tocou seu couro cabeludo. A cada estocada, a cada toque, a bruxa sentia uma mistura de prazer e terror.
A água escorria por debaixo de seus corpos, criando uma sensação única, Agatha se viu submergindo, seus ouvidos tampados, faltando muito pouco para alcançar seus lábios e narinas.
Seus olhos se arregalaram buscando os escuros de Rio e quando os encontrou ela entendeu as intenções por trás deles.
— Agarre o meu pulso com as mãos. — Rio ordenou. — Se você olhar para longe de mim, eu vou soltá-la, não desvie o olhar, a menos que  seja muito. Essa será sua palavra segura, uma vez que você não será capaz de falar. 
Harkness balançou a cabeça, observando o belo par de olhos escuros.  Rio usou seu poder para empurrar as pernas as abrindo mais, enquanto a mão no pescoço começou a apertar.
Ela empurrou novamente os dedos para  dentro e para fora da bruxa, em estocadas fortes, e profundas, fazendo Agatha suspirar e fechar os olhos tentando se concentrar. Rio abriu os dedos liberando o aperto no pescoço, ela se curvou deixando um beijo em cada pálpebra fechada.
— Olhos abertos, meu Amor. — Murmurou contra os lábios inchados de Agatha que os abriu focando-os nos seus.
Rio voltou a cortar aos poucos a respiração de Agatha.
As mãos de Agatha grudam em seus pulsos, cravando as unhas em sua pele, mas quando a pressão aumentou, e a água cobriu sua cabeça, a Bruxa cravou contra Rio desesperadamente, tonta com a sensação.
A ardência em seus olhos devido a água salgada nunca veio e em meio a pensamentos confusos ela deduziu ser magia.
Rio brincou um pouco, aumentando e diminuindo a pressão no pescoço da Agatha, essa que por sua vez tentava desesperadamente não respirar debaixo d'agua.
Rio a observou com uma mistura de desejo e preocupação. Ela sabia que estava levando Agatha ao limite, mas ver a bruxa se contorcendo abaixo de si enquanto sua boceta apertava seus dedos cada vez mais era fascinante.
Rio nunca teve uma visão tão bela quanto essa. 
Os seios, agora livres do tecido, balançavam suavemente com o movimento da água gelada que pinicava os bicos rosados e rio usou sua magia para brincar com eles, os torcendo levemente, a boceta de Agatha se contraiu com a carícia e ela esfregou o clitoris com força.
Agatha sentiu-se levitar, enquanto Rio a levava para um lugar além do tempo e do espaço. Era um lugar de puro prazer, onde todos os seus sentidos eram amplificados.
Os dígitos apertaram a garganta de Agatha ao mesmo tempo em que os músculos da boceta da mulher ordenharam os dedos que a penetravam e líquido quente jorrou na palma da mão de Rio.
A morte liberou o aperto na garganta e Agatha imediatamente se sentou, respiração entrecortada se misturando aos gemidos sôfregos que saiam de seus lábios, dentes batendo como consequência ao contato com a água fria do mar.
Seus seios orgulhosamente empinados se enrugam mais ainda com o choque do ar contra a pele molhada, braços a circularam a puxando para um beijo desleixado e faminto, temperado com água salgada.
Os dedos ainda dentro de Agatha se mexem e a Bruxa morde Rio com tanta força que sangue jorra da pele rachada, o sabor de ferro se mistura ao beijo.
O som horripilante do navio sendo consumido pela água do oceano as tiram de sua bolha e os gritos chegam novamente até elas. Rio puxa a mão de entre as pernas de Agatha que choraminga frustrada ao se sentir vazia, Rio leva os dedos brilhando com a umidade do gozo aos lábios da mulher.
Ela acaricia espalhando gozo, manchando o líquido branco, quase transparente com sangue.
Seu sangue.
Rio se aproxima novamente lambendo o lábio judiado de Agatha, ela suspira, cantarolando com o sabor .
O toque delicado fez a Harkness sentir a necessidade de se fundir com Rio, de se tornar uma só com ela. Por um momento, o mundo parou de existir. Só havia elas duas, imersas em um mar de calmaria e paixão, mas essa paz foi quebrada novamente por um choro sôfrego e gritos, às fazendo procurar a origem do som.
Rio tirou o manto colocando-o nos ombros de Agatha, cobrindo sua nudez. Com um movimento simples de sua mão, magia verde escura as colocou de pé, Agatha soltando uma risadinha ao perceber as pernas trêmulas e a ardência em sua intimidade.
Caminharam até a borda do convés lado a lado, a mão de Rio no fundo das costas de Agatha a guiando e logo localizaram de onde vinha o som. Uma mulher ruiva chorava, seus dentes batiam, os lábios estavam azuis e sua pele pálida, dedos trêmulos entrelaçados aos de seu amado, que boiava se segurando ao pedaço de madeira onde ela estava, minimamente segura da água congelante do mar.
A cena era tragicamente bonita.
— É o jovem que me ajudou — Agatha murmura as palavras ao reconhecer as feições do homem.
— Jack e Rose — Rio fornece a informação.
— Eles perecerão? — Harkness questiona apertando o manto grosso com cheiro de frutas e flores ao seu redor, o frio estava batendo nela.
— Apenas ele, gostaria de salvá-lo, meu amor? — Rio pergunta, estava tão benevolente naquele momento com Agatha que salvaria o rapaz caso sua esposa pedisse, embora aparentemente esse fosse seu fim, ele só estava nessa situação por consequência dos atos de Agatha.
— Não, não podemos nos esquecer que às vezes, garotos morrem. — Ela sussurra, sua voz tomada por uma tristeza que havia sido esquecida em seu momento de paixão com Rio.
Rio olhou para Agatha com os olhos cheios de uma tristeza silenciosa, sentindo o peso daquelas palavras. Ela afastou um fio de cabelo grudado  no rosto da mulher, como se o gesto pudesse de algum modo aliviar a dor que sentia, mas sabia que nada poderia.
— Me perdoe — ela disse, a voz embargada pela emoção que transbordava, tentando entender como saíram fugaz de um momento cheio de desejo e paixão como o que compartilharam para algo que a machucava profundamente. — Não há desculpas suficientes para o que fiz, não há perdão que eu possa pedir que apague o que aconteceu, o que fomos... Eu falhei, Agatha. Falhei por não poder deixar de cumprir com meu dever, a negligenciando e machucando. Se puder, quero que saiba que me arrependo profundamente. Todo dia, a cada segundo.
Agatha ficou em silêncio por um momento, observando o mar distante, os olhos perdidos em nada específico, botes flutuavam empilhados de pessoas, corpos se agarravam a fragmentos que boiavam do navio. O choro dos passageiros junto com o som do chocar das ondas do mar nos destroços sendo sua melodia particular.
A dor em seu peito parecia se expandir, sufocando-a. Não sabia se o perdão era possível, mas sabia que a ferida em seu coração não se apagaria com palavras, nem com promessas que talvez fossem vazias. Rio não poderia lhe dar garantia alguma, de nada.
Ela respirou fundo, as mãos trêmulas segurando o manto de Rio com força.
— Eu sei — Agatha murmurou. — Eu sei que você se arrepende. Mas, ainda assim, é tão difícil... Olhar pra você, Rio. — a voz da bruxa falhou e ela fungou, espantando com dedos rudes lágrimas que ameaçavam escorrer em suas bochechas — Nicky... Ele era tão parecido com você. Tão igual. E cada vez que eu te vejo, é como se visse ele de novo, como se tudo que eu perdi fosse se repetir, como se a dor voltasse. Não sei o que fazer com isso, não sei como lidar.
O rosto de Rio se contorceu, a angústia tomando conta de seu peito. Ela sabia que, por mais que tentasse, jamais poderia preencher o vazio deixado pela perda de Nicky. Perda que ela causou. Jamais poderia substituir o filho de Agatha, ou apagar a dor de sua ausência causada por suas obrigações, a mulher que ela amava estava em sofrimento e a culpa disso é única e exclusivamente dela.
— Eu... — Rio pausou, a garganta fechada. — Eu não quero ser um lembrete da dor. Eu queria que tivesse sido diferente, queria ter lhes dado tempo o suficiente, uma vida toda juntos, ter feito mais por você, Agatha, mas... eu sou tão pequena diante do meu propósito. Eu sou a morte, a ordem natural de todas as coisas e gerei um filho em seu ventre. Nosso amor quase foi a cauda de um dos maiores desequilíbrios naturais e ainda assim, lhe dei algo que não podia — Rio acariciou o rosto de Agatha colhendo lágrimas em seus dedos, olhos fixos guardando cada expressão — Infelizmente foi tudo o que consegui fazer e sinto muito por tudo que te dei ter sido tão pouco perto do que você precisava.
Agatha fechou os olhos, tentando segurar as lágrimas que teimavam em cair. Ela queria ser forte, queria acreditar que poderia encontrar paz, mas a sombra do passado ainda a perseguia. As palavras de Rio, as desculpas, não eram suficientes para curar uma dor que havia se instalado e criado raízes tão sólidas em seu coração há tanto tempo.
— Não há cura, Rio. Não há cura para mães que enterram seus filhos. Não há palavras que façam isso desaparecer. E eu... Eu não posso esquecer o que eu perdi. Não posso olhar pra você e não ver ele, não sentir a saudade, a dor do que não volta mais. Isso não é culpa sua, mas ainda assim, dói.
As duas ficaram em silêncio, cada uma imersa em sua própria dor, em sua própria tragédia. O som do mar e os lamentos dos sobreviventes era o único que preenchia o vazio, como um lamento distante que ecoava naquelas almas perdidas.
Agatha olhou para Rio com uma tristeza resignada, como se soubesse que o momento estava se aproximando, a presença de Rio necessária ali em seu trabalho.
O vento parecia sussurrar, como se as almas do além estivessem chamando a Morte para cumprir seu dever. A tristeza preenchia os olhos de Agatha, mas ela sabia o que tinha que ser feito.
— Você deveria ir, suas almas estão te esperando. — ela disse suavemente, com a voz carregada de melancolia. — Você tem mais a fazer. Eu não posso mais te segurar aqui.
A Morte olhou para Agatha, uma dor silenciosa no olhar. O peso daquelas palavras a atingiram, mais do que ela imaginava. Mesmo sendo a Morte, ela tinha sentimentos, tinha saudades, e o peso de ter que partir para cumprir sua função doía, especialmente quando se tratava de Agatha, principalmente quando estavam falando sobre o filho delas, algo tão raro de acontecer.
Com um suspiro longo, Rio deu um passo à frente, tocando levemente o rosto de Agatha, como se quisesse gravar aquele momento na memória, como se fosse o último que poderiam compartilhar. Ela sabia que a despedida seria dolorosa, e que demoraria até se verem novamente, mas não poderia evitar.
— Eu realmente sinto sua falta — Rio sussurrou, a voz carregada de um pesar que era impossível ignorar. — Eu sinto, Agatha. Mais do que você imagina.
Agatha fechou os olhos por um momento, como se tentasse se proteger da dor que aquelas palavras provocavam.
— Também sinto sua falta. — A bruxa admitiu baixinho, como se proferir tais palavras alto fosse um crime. — Você tem que ir. As almas não podem esperar.
A Morte assentiu silenciosamente, e, por um breve instante, deixou escapar um gesto que parecia quase humano. Ela beijou a testa de Agatha, um beijo que estava impregnado de carinho, de todo o amor não dito, e da saudade que ficava entre elas.
Antes de se afastar, Agatha a olhou, uma mistura de sentimento em seus olhos.
— Feliz aniversário, Rio. Que sua jornada seja bem sucedida e te traga paz — ela disse, quase como uma benção, sua voz suave e cheia de amor silencioso que só quem já passou por tantas perdas juntas poderia compreender.
Rio fechou os olhos por um momento, tocada pelas palavras de Agatha.
Sua resposta foi um sorriso triste.
— E para você, minha querida, que você encontre o que procura, onde quer que esteja. — Rio diz referindo-se ao livro que sua amada tanto deseja.
Com o coração pesado, Agatha deu um último olhar para Rio, já sabendo que esse seria o adeus.
As almas estavam chamando, e a Morte não poderia mais hesitar. Ela deu um passo atrás, mas antes de se afastar, olhou uma última vez para Agatha, com um olhar que carregava amor eterno e uma promessa silenciosa.
Agatha, com o misto agridoce de sentimentos por saber que aquele momento estava chegando ao fim, se despediu com um sussurrado:
— Adeus, Meu amor.
As palavras carregadas pelo vento atingiram Rio.
Por um momento, as duas ficaram em silêncio, o peso da despedida pesando no ar, até que a Morte virou-se, e com um último olhar, despediu-se.
— Te veo, m'lady... — as palavras, pesarosas e suaves, desapareceram na brisa.
Agatha assistiu a Morte partir, o flutuar de Rio ficando mais distantes até ela desaparecer na névoa que se erguia do mar. As sombras da noite envolviam o lugar, e, enquanto Agatha ficava ali, uma pergunta pairava em sua mente: quando será que se veriam novamente?
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