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Aluguel de Salas
Aluguel de Salas em Novo Hamburgo: Por que escolher o Blend Coworking?
O aluguel de salas em Novo Hamburgo tem se tornado uma solução cada vez mais procurada por empresas e profissionais autônomos. Afinal, trabalhar em um espaço adequado faz toda a diferença no desempenho diário. Nesse sentido, o Blend Coworking surge como a melhor opção para quem busca qualidade, conforto e praticidade em um único lugar.
Infraestrutura moderna e funcional
Primeiramente, é importante destacar que o Blend Coworking oferece salas projetadas para atender diferentes necessidades. Seja para reuniões, atendimentos ou trabalho individual, o espaço se adapta perfeitamente ao seu estilo profissional. Além disso, todas as salas contam com mobiliário ergonômico, internet de alta velocidade e climatização eficiente.
Outro ponto relevante é a localização estratégica. Situado em Novo Hamburgo, o Blend facilita o acesso tanto para quem vem de outras cidades quanto para quem mora na região. Portanto, escolher um local bem localizado significa mais praticidade no dia a dia.
Flexibilidade que se adapta ao seu negócio
No mercado atual, flexibilidade é um diferencial indispensável. Por isso, o Blend Coworking oferece planos variados de aluguel de salas. Dessa forma, você pode optar por contratos de curto ou longo prazo, de acordo com suas demandas específicas. Enquanto algumas empresas precisam de salas diariamente, outras podem preferir utilizá-las apenas algumas vezes por semana.
Além disso, os custos são transparentes e sem surpresas no final do mês. Ou seja, você paga apenas pelo que realmente utiliza, sem gastos extras com manutenção ou contas adicionais.
Atendimento que faz a diferença
Outro aspecto que merece destaque é o atendimento oferecido pelo Blend Coworking. A equipe está sempre disponível para auxiliar em qualquer questão, desde suporte técnico até a organização de eventos corporativos. Assim, você pode focar totalmente em suas atividades, enquanto a administração do espaço cuida dos detalhes.
Além do mais, a experiência proporcionada vai muito além de apenas alugar uma sala. O ambiente colaborativo incentiva o networking, permitindo conexões valiosas entre profissionais de diferentes áreas.
Um ambiente que impulsiona a produtividade
É inegável que o ambiente de trabalho influencia diretamente na produtividade. Salas bem iluminadas, silenciosas e confortáveis são fatores essenciais para manter o foco nas tarefas diárias. Nesse aspecto, o Blend Coworking se destaca, oferecendo um espaço planejado para otimizar seu desempenho.
Ademais, contar com uma sala exclusiva traz mais privacidade para reuniões importantes ou momentos que exigem maior concentração. Portanto, investir em um espaço adequado é uma escolha inteligente.
Blend Coworking: a escolha certa para seu negócio
Atualmente, o Blend Coworking é referência quando o assunto é aluguel de salas em Novo Hamburgo. A combinação de infraestrutura moderna, atendimento de qualidade e ambiente inspirador torna esse espaço ideal para empresas de todos os portes.
Seja para um projeto temporário ou para estabelecer um escritório fixo, o Blend oferece soluções personalizadas para cada necessidade. Afinal, o sucesso do seu negócio começa pelo ambiente onde você trabalha.
Portanto, se você está em busca do melhor lugar para alugar uma sala comercial em Novo Hamburgo, não deixe de conhecer o Blend Coworking. Agende uma visita e descubra como esse espaço pode transformar sua rotina profissional.
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⎯⎯⎯⎯ 𝐒𝐄𝐆𝐑𝐄𝐃𝐈𝐍𝐇𝐎



(Perv!Lisa x Leitora)
⢷⠀Gênero: Smut.
⢷⠀Avisos: MDNI, sáfico, masturbação explícita, palavras de baixo calão, roubo de calcinha, e outras gostosuras impróprias.
⢷⠀Notas: Lalisão sendo uma grande pervertida, amo amo.
Dividir um apartamento com alguém definitivamente não estava nos seus planos quando decidiu se mudar. Você queria seu próprio espaço, seu próprio canto, sem ter que lidar com o caos de outra pessoa. Mas imprevistos acontecem, aluguel caro demais, um emprego perdido no meio do caminho, contas que começaram a pesar mais do que o esperado. O futuro é imprevisível, e encontrar uma colega de apartamento tornou-se uma necessidade.
Para sua sorte, o universo foi generoso e colocou Lisa no seu caminho, uma resposta rápida a um anúncio deveras desesperado, um encontro breve em uma cafeteria qualquer, onde o sorriso gentil e o jeito descomplicado dela fizeram parecer uma boa ideia. Você precisava de alguém para dividir as despesas, e Lisa precisava de um lugar para ficar. Simples.
E, apesar das rotinas conflitantes, a convivência com ela se mostrou tranquila. Pequenos bilhetes colados na geladeira, cada uma com suas tarefas para manter o ambiente organizado, perfumes distintos se misturando no ar. Uma dinâmica prática, sem grandes momentos, sem grandes problemas.
Mas Lisa gosta de observar.
Não de um jeito óbvio, claro. É sutil, escondido nos detalhes. No jeito como os olhos dela a seguem quando você passa pela sala usando um pijama curto, no modo como ela nota os pequenos sinais deixados pela sua presença; uma porta entreaberta, um sutiã jogado sobre a cama, um frasco de hidratante pela metade na cômoda. Lisa absorve tudo, cada detalhe banal se tornando um pequeno estímulo. E é por isso que, nos raros momentos em que o apartamento pertence apenas a ela, a necessidade se torna insuportável.
Ela espera ansiosamente por esses momentos. O eco da porta se fechando atrás de você, os minutos passando lentamente até que ela tenha certeza de que você não voltará tão cedo. Então, Lisa se move, o caminho até seu quarto já é automático, como se fosse dela. O cheiro do seu shampoo ainda paira no ar e a visão da cama desarrumada, dos pequenos vestígios da sua presença, faz o corpo de Lisa esquentar.
O pequeno cesto de roupas aberto no canto do quarto soa como um convite. Lisa desliza os dedos entre os tecidos, sentindo a textura das peças antes de escolher uma, aquela peça delicada específica. O pano macio ainda guarda o calor do seu corpo, o cheiro inconfundível de quem você é. O peito sobe e desce em antecipação, a calcinha tremendo levemente entre a mão de Lisa enquanto ela a leva até o rosto, enterrando-se ali, inspirando fundo como uma viciada desesperada pela próxima dose.
O ar quente que escapa dos lábios faz a pele arder. A buceta pulsa, úmida, faminta. Lisa não perde tempo, ela se joga na sua cama, o coração martelando, os dedos impacientes já levando a calcinha usada de encontro à boca, a língua deslizando pelo tecido na ilusão suja de provar você. Um gemido falho escapa do fundo da garganta enquanto ela desce a outra mão entre as pernas, os dedos mergulhando direto na bucetinha encharcada, afundando-se.
— Porra… — Lisa sussurra, os quadris se movendo, esfregando-se contra os próprios dedos como uma vadiazinha desesperada.
Ela imagina você ali, nua, entregando-se sem resistência. Imagina sua boca na dela, seu corpo quente e suado pressionado contra o seu. Os gemidos são abafados pelo tecido molhado, a língua lambendo cada centímetro, querendo que fosse você se contorcendo sobre a boquinha dela. O prazer domina o corpo feminino como um incêndio, rápido e descontrolado, os dedos de Lisa socando a própria buceta sem dó, a fricção deliciosa do polegar contra o clitóris a levando à beira do abismo.
— Isso… caralho, isso! — Ela geme mais alto, o corpo inteiro tremendo.
O orgasmo a atinge como um choque elétrico, violento e pulsante. As costas se arqueiam da cama, os músculos da buceta espremem os dedinhos encharcados enquanto um jato quente de gozo escorre, sujando suas coxas, manchando os lençóis, os seus lençóis. Lisa grita abafado contra a calcinha que esfrega na boca, encharcando o tecido com sua própria saliva, se fodendo sem dó até que os espasmos a deixem ofegante, o coração batendo frenético, o corpo tremendo como se tivesse sido completamente devastada.
As pernas trêmulas, os dedos sujos de sua própria porra. Lisa abre os olhos, sentindo a umidade pegajosa entre as coxas, o cheiro de sexo e obsessão impregnados no quarto. Um sorriso torto surge sobre os lábios rosados enquanto ela leva a calcinha até o meio das pernas para se limpar, esfregando o tecido por toda sua bucetinha linda lambuzada, deixando a peça marcada por seu gozo, molhada com tudo o que ela sente por você.
E então, com a calma de quem não tem um pingo de arrependimento, Lisa se levanta, limpa os dedos na própria boca, lambendo cada resquício do próprio prazer. Olha para a peça úmida em sua mão, ainda quente do seu próprio orgasmo, e, sem hesitar, leva-a para a gaveta. Como se nada tivesse acontecido. Como se você fosse usá-la depois.
Como se não fosse apenas questão de tempo até que Lisa deixasse de se contentar com tão pouco.
Eu tô amando escrever para mólieres 🫦
Gostou? Dá uma forcinha aí! Uma curtida, um reblog ou um comentário são mais do que suficientes para eu saber que você se agradou com meu conteúdo :)
Até a próxima, bjsss <3
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A primeira transa com o meu amigo (fev-2023)
By; Tati.
Oi, sou a Tati, tenho 23 anos, sou gordinha, morena com cabelos longos e encaracolados.
Final do ano passado resolvi morar sozinha, ter minha liberdade! No começo do ano, meu aluguel aumentou muito e ficou apertado pra mim, conversando com meu melhor amigo Fabrício, ele me deu a ideia de dividir um apto com ele, aceitei, pois ia me ajudar muito, já que faço faculdade.
No começo foi ótimo, já tínhamos intimidade, bebemos todos os dias, conversamos bastante..
Um dia ele me avisou que ia levar uma menina p dormir com ele, e me perguntou se tinha problema, falei que de boa. Ai ele levou, eu estava dormindo acordei com a transa deles, Fabrício batendo na menina, chamando de puta... Fiquei com bastante tesão.
Depois disso comecei a olhar p Fabrício com outros olhos, vontade louca de dar pra ele.
Um certo dia cheguei da faculdade e ele estava bebendo com um amigo, amigo lindo, e eles me chamaram pra beber, nós três ficamos bebendo e o Fabrício resolveu chamar a menina pra beber tambem, ela chegou e todos nós ficamos bebendo, o amigo do Fabrício dando em cima de mim, e eu querendo o Fabrício. Vi que não tinha jeito, resolvi pegar o amigo mesmo rs.
Depois de muita cerveja levei ele pro quarto, Fabrício ficou na sala com a menina, amigo do Fabrício já entrou no quarto me colocando pra mamar, batendo na minha cara, eu adorei, adoro homem agressivo.. Transamos bastante, uma foda bem agressiva.
Fui tomar um banho e Fabrício tava na sala sozinho, perguntei se tinha acontecido algo, ele;
- "comigo não, já com vc, apanhou bastante" fiquei sem graça e fui tomar banho p dormir..
Quando acordei Fabrício estava na sala conversando com esse amigo, ele falando bem da nossa transa, falou que eu tinha um fogo fora do normal, que eu era muito cachorra, eles viram que sair do quarto e acabou o assunto. O amigo foi embora e Fabrício foi jogar bola.
No dia seguinte acordei cedo, e fui preparar nosso café, quando Fabrício acordou tomou o café e disse que ia comprar umas cervejas pra gente e pediu pra eu fazer o almoço, bebemos o dia todo, até que eu perguntei o que o amigo disse sobre nossa transa.
- “ele disse que vc é muito cachorra, fiquei ate com vontade de provar."
Nossa, minha buceta piscou na horaaaaa. Não perdi tempo e falei;
- "vc pode provar a hora que quiser, quando quiser "
Ele ficou sem graça, e perguntou se eu estava falando sério, falei que sim. Na mesma hora ele me deu um beijo, que beijooooooooo... Nunca imaginei estar beijando meu melhor amigo, que homem!
Depois de muito beijo estávamos na cama dele e sem roupa, fui logo chupando ele, aquela piroca maravilhosa, chupei bastante, olhei nos olhos dele e falei;
- "bate com o pau na minha cara"
Ele deu um tapa bem dado, me chamou de cachorra de colocou o pau todo na minha boca, que tesão maravilhoso. Depois me jogou na cama e começou a me chupar, chupando perfeitamente, gozei na boca dele.
Depois me colocou de 4, deu uns tapas na minha bunda, começou a colocar a pica dele bem de vagar, falei;
- "que piroca maravilhosa, fode minha bucetinha"..
Ele começou a fuder, cada vez mais forte e rápido, me chamava de piranha, cachorra, me batendo, puxando meu cabelo, que deliciaaaa.. não aguentei e gozei, ele sentiu eu gozando e falou;
- "caralho, que cachorra gostosa, deixa eu botar no seu cuzinho"
Eu nem pensei duas vezes, pedi logo pra ele fuder meu cuzinho, começou comendo de vagar, depois socando cada vez mais forte, senti dor e tesão ao mesmo tempo.. Ele socando e gritando;
- "que cuzinho gostoso, que piranha maravilhosa"
Eu tava com um tesão inexplicável, nunca dei o cu tão gostoso..
No final pediu pra gozar na minha boquinha, eu deixei.. E fomos tomar banho e dormimos juntos.
Depois desse dia nunca mais dormi no meu quarto kkkk. Faz 2 meses que moramos juntos como amigos, a diferença é que transamos todos os dias e dormimos juntos hahahahah.
Enviado ao Te Contos por Tati
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Imagine Yunho

S/N odiava os pais.
Odiava o modo como tudo que faziam carregava a falsa aparência da perfeição. Odiava como se vestiam com elegância para humilhar, como sorriam diante dos outros apenas para esconder o controle cruel que impunham dentro de casa. E, acima de tudo, odiava a si mesmo por ter cedido.
Há uma semana, ele vivia em um apartamento charmoso no Brooklyn, onde o sol da manhã beijava as janelas com gentileza. Era pequeno, mas era seu — ou ao menos ele acreditava que fosse. Lá, ele podia pintar o quanto quisesse, ouvir música alta, dançar descalço pela sala. Trabalhava em um café aconchegante a duas quadras dali, onde os colegas riam das piadas dele, elogiavam seus quadros e sempre se ofereciam para ajudar com as exposições pequenas que ele fazia em galerias independentes.
Era feliz. Ou o mais próximo que conseguira ser desde que fugira de casa, quatro anos antes.
Ele acreditava que finalmente estava livre.
Até ela aparecer.
A mãe.
S/N chegou em casa depois do expediente, cansado, as roupas manchadas de café, e a encontrou sentada no sofá de linho branco, cruzando as pernas com elegância, como se tivesse todo o direito de estar ali.
— Você não tranca a porta? — ela perguntou, levantando o olhar das pinturas expostas sobre a parede.
— O que você está fazendo aqui? — a voz dele saiu trêmula, mas não de medo. De raiva.
Ela se levantou. Olhou o ateliê improvisado que ele montara na sala. Havia quadros pendurados, outros empilhados, pincéis sujos, potes de tinta pela mesa.
— Continua com essas bobagens — comentou, passando os dedos enluvados por uma tela onde ele pintava um campo de girassóis. — Isso não paga contas, S/N.
— Eu não pedi opinião.
— E, no entanto, vive com tudo pago por mim.
O coração dele afundou.
— O quê?
Ela abriu a bolsa com calma, tirou um maço de papéis e deixou sobre a mesa.
— Este apartamento. As contas. O cartão. Seus estudos. Seus materiais de pintura. Tudo vem da conta da família. Achei que você soubesse, mas talvez esteja tão imerso nessa ilusão de independência que esqueceu que não se constrói uma vida com tinta acrílica.
S/N ficou parado. Os olhos arderam, e ele tentou entender se aquilo era uma piada.
— Você não pode... — ele sussurrou. — Eu trabalho. Eu me sustento. Isso aqui é meu.
— Você trabalha meio período em um café. — Ela riu, sem humor. — Você sabe o quanto isso paga? Sabe o que custou manter essa aparência de independência para você não se envergonhar diante dos seus amigos artistas? Nós fizemos isso por amor, S/N. Mas o amor tem um preço. E chegou a hora de pagar.
Ele deu um passo para trás. O coração disparava. Queria gritar, mas as palavras enroscavam na garganta.
— Eu não vou casar.
— Vai, sim. Já está tudo acertado. Seu noivo é um alfa influente. Tem dinheiro. Poder. Pode sustentar você para o resto da vida. E mais importante: pode sustentar a nossa família. Você tem obrigação com o seu sangue.
S/N socou a mesa.
— Eu não sou uma mercadoria! Você quer me vender como uma barriga de aluguel? Como um enfeite de prateleira pra um alfa qualquer?
— Não é qualquer alfa. É Jeong Yunho.
O nome era conhecido. Ele sentiu o estômago revirar.
— Eu não quero. Eu não aceito. Eu...
— Então está tudo bem. — Ela deu de ombros. — Entregue as chaves até amanhã. Os advogados cuidarão do contrato de despejo. E claro, seu acesso às contas será suspenso. Ah, e quanto ao valor que deve por ter morado aqui todos esses anos às custas da nossa fortuna... há um cálculo aproximado nos papéis. Quase duzentos mil dólares. Vamos processá-lo se não houver pagamento.
S/N não conseguiu conter. O grito veio de dentro, cru, rasgado.
— Você está me ameaçando?!
— Estou te ensinando que a liberdade tem consequência, S/N.
— Eu sou seu filho!
— E você se esqueceu disso quando fugiu. Agora é hora de reparar os danos.
Ele caiu de joelhos. As lágrimas começaram a cair sem permissão.
— Mãe... por favor. Por favor. Eu não quero isso. Não quero essa vida. Eu tenho sonhos. Eu tenho alguém... eu estou com alguém.
Ela o encarou sem piscar.
— Um ômega sonhando é como um passarinho tentando quebrar a gaiola com o bico. Lindo, mas inútil.
Ele tentou segurar as pernas dela. Implorou.
— Eu faço qualquer coisa. Eu trabalho tempo integral. Eu devolvo cada centavo. Só... não me tira daqui. Não me obriga a isso. Por favor. Eu amo pintar. Eu amo minha vida. Eu...
Ela se abaixou, segurou o rosto dele com frieza.
— Se você amasse mesmo a sua vida, teria feito algo útil com ela.
E então, se virou. E foi embora.
O aeroporto em Seul parecia mais cinza do que S/N lembrava.
Tudo estava abafado. Até o céu.
Ele andou em silêncio, cercado por seguranças da família, sem dizer uma palavra. Não tinha malas — só uma mochila com suas tintas mais queridas e uma muda de roupa, o resto havia sido deixado para trás como poeira de um sonho quebrado.
Na saída do terminal, sua mãe o esperava.
Não o abraçou. Não sorriu.
— Entre. O carro está nos esperando.
S/N olhou para ela. A mulher que o deu à luz. Que o ensinou a manter a cabeça erguida mesmo quando tudo ardia por dentro. A mesma mulher que agora o jogava como um cordeiro em sacrifício, esperando que a vida cruel engolisse sua alma e devolvesse lucros.
— Você não sente nada? — ele perguntou. — Não sente vergonha? Tristeza? Culpa?
— Sentimentos não pagam dívidas.
Entraram no carro. Era preto, luxuoso, com bancos de couro e cheiro de novo. Mas para S/N, era um caixão.
O percurso foi longo. O silêncio entre eles, ainda mais.
— Depois de assinar os papéis — ela disse, sem olhar para ele — você estará sob responsabilidade do senhor Jeong Yunho. A aliança será formalizada nos registros alfa-ômega, com validade legal e biológica. Você receberá medicações para estabilizar seus ciclos, até que decidam quando será o primeiro cio conjunto.
— Você está falando como se eu fosse um animal em reprodução.
— Estou falando como mãe de um ômega que falhou. E que agora tem uma última chance de ser útil.
Ele não respondeu.
As janelas mostravam a cidade passando como um borrão. A vida de outros. Pessoas livres. Desconhecidos indo e vindo, alheios à dor de alguém sendo levado como uma oferenda.
Quando o carro dobrou por uma estrada privada cercada de pinheiros, S/N soube: não havia mais volta.
A mansão surgiu como um monstro entre as árvores. Alta. Cinzenta. Silenciosa.
A prisão dele.
O portão se abriu.
E S/N fechou os olhos.
Porque sabia que, dali em diante, não era mais uma pessoa.
Era propriedade.
A mansão era silenciosa demais.
Não o silêncio acolhedor de uma casa onde a paz reina, mas aquele tipo frio e sufocante, onde até os próprios móveis parecem observar. O tipo de silêncio que lembra a um prisioneiro que tudo ali pertence a alguém — e que esse alguém não é você.
S/N caminhava atrás da mãe, com os olhos baixos, os passos medidos. Cada centímetro da mansão era decorado com precisão: quadros caros, tapeçarias pesadas, mármore branco sob os pés. Nada tinha a ver com ele, com sua alma colorida, com as tintas secando em telas manchadas ou as músicas em volume alto enquanto cozinhava dançando de meia.
Aqui tudo era contido.
Frio.
— O senhor Jeong está na biblioteca. — A voz da mãe era limpa, neutra. — Ele o aguarda para assinar os documentos. A cerimônia será registrada pelo sistema digital do clã, validando o vínculo. É o suficiente para oficializar o casamento perante a comunidade alfa-ômega.
S/N não respondeu. Não adiantava mais.
Entraram por uma porta de carvalho escuro. A biblioteca era ainda maior do que imaginava. Estantes cobriam todas as paredes até o teto, recheadas de livros de capas antigas, couro, dourado nas bordas. Havia um sofá de couro preto no centro, uma mesa baixa com uma garrafa de vinho, duas taças — apenas uma usada.
E então o viu.
Jeong Yunho estava de pé diante da janela, de costas, as mãos nos bolsos. O terno preto que vestia se ajustava perfeitamente ao corpo largo, ombros retos, presença firme. Ele não se virou quando ouviram a porta.
A mãe de S/N pigarreou.
— Senhor Jeong. Aqui está o ômega.
Aqueles segundos entre a frase e o movimento foram sufocantes. S/N sentia o sangue pulsar nas têmporas, as mãos trêmulas. Não sabia o que esperava ver — um velho podre de rico? Um alfa carrancudo e grotesco? Um esnobe mimado?
Mas quando Yunho se virou, foi pior.
Porque ele era bonito.
Muito bonito.
O tipo de beleza que impunha respeito antes mesmo de qualquer palavra. Pele clara, traços firmes, olhos profundos como breu. Os lábios eram uma linha fina, neutra. Nenhuma emoção visível. Nenhuma saudação.
Ele apenas o analisou.
De cima a baixo.
Como se estivesse decidindo se o produto comprado valia o preço pago.
S/N sentiu o corpo encolher.
Yunho deu um passo adiante.
— Você é menor do que imaginei.
A voz dele era grave, limpa. Soava como mármore sendo cortado.
S/N ergueu o queixo, tentando manter a postura. Não queria parecer frágil.
— E você é mais... bonito do que imaginei.
O olhar de Yunho se estreitou. A mãe de S/N soltou um suspiro, como se estivesse prestes a repreendê-lo, mas Yunho ergueu uma das mãos.
— Está bem. Eu gosto de honestidade.
Ele foi até a mesa, pegou os papéis e uma caneta prateada.
— Aqui estão os termos. O vínculo é legal. A transferência de responsabilidade passa a ser minha. Você estará sob minha guarda, morando aqui, recebendo o necessário para uma vida adequada. Em troca, mantém-se recatado, educado, representa o nome da minha família em eventos públicos e, quando eu decidir, gera um herdeiro. Pode ler se quiser.
S/N não pegou os papéis.
Olhou para ele.
Diretamente.
— Você fala como se estivesse comprando um animal de estimação.
A mãe se mexeu, furiosa, mas Yunho apenas sorriu. Foi um sorriso pequeno, cortante.
— Você fala como se não soubesse exatamente o que está acontecendo.
— Eu sei. — S/N respondeu, a voz mais firme do que ele esperava. — Eu só não gosto.
Yunho o observou por longos segundos. Depois estendeu a caneta.
— Vai assinar?
S/N olhou para os papéis.
Não havia escolha.
Mas ainda podia deixar um último resquício de si marcado ali.
— Pode me dar tinta?
Yunho arqueou uma sobrancelha.
— Tinta?
— Sim. Eu pinto. Não uso caneta para assinar o que define minha vida.
Houve um segundo de silêncio. Depois Yunho deu um passo até a estante, puxou uma gaveta embutida e tirou um pequeno frasco de tinta preta com pincel.
— Faça como quiser.
S/N pegou o pincel. A mãe estava tensa ao lado, em silêncio absoluto.
Com os dedos firmes, desenhou o próprio nome com tinta no papel, de forma precisa, fluida, como se estivesse assinando uma obra.
Era isso. A última.
Quando ergueu o olhar, Yunho o encarava. Mas o olhar havia mudado.
Não muito. Mas havia uma sombra ali. De interesse.
Talvez surpresa.
A mãe então pigarreou de novo.
— Com isso, o contrato está fechado. Eu me retiro. Obrigada pela hospitalidade, senhor Jeong. Espero que S/N se comporte conforme o esperado.
Ela olhou para o filho. E foi embora sem abraços. Sem adeus.
A porta se fechou com um clique.
Silêncio.
Yunho girou a taça de vinho recém posta com os dedos longos. Observou o líquido escuro.
— Você realmente não queria isso, não é?
S/N sentou-se no sofá, devagar. Queria chorar, mas não daria esse gosto a ele.
— Você queria?
Yunho sorriu sem humor.
— Eu não queria casar. Mas precisava de uma aliança. Seu sobrenome ainda vale alguma coisa no mundo corporativo. Foi um bom acordo.
— E eu sou só o bônus.
— Exato.
S/N olhou para ele.
— Pretende me tratar como uma peça de mobília?
Yunho o encarou por longos segundos. Depois bebeu o vinho e se aproximou.
— Você pode facilitar as coisas, ou tornar tudo mais difícil. Vai depender de você.
S/N não respondeu. Apenas olhou pela janela.
A noite havia caído. O céu estava escuro.
Ele se sentia como aquele céu: vasto, sem estrelas, e cheio de silêncio.
Mas dentro dele, uma fagulha ainda queimava.
Mesmo enjaulado.
Mesmo vendido.
Ele ainda era S/N.
E ninguém apagaria isso tão fácil.
A manhã chegou sem cerimônia.
O sol invadiu o quarto de S/N pelas grandes janelas de vidro, iluminando o chão de madeira polida com uma luz fria, azulada. O silêncio era quase ensurdecedor. Não havia som de carros na rua, não havia vizinhos barulhentos, não havia o chiado da cafeteira que ele tanto gostava. A casa era grande demais para qualquer ruído se propagar além de suas paredes.
Ele havia dormido mal.
O colchão era confortável, os lençóis de algodão egípcio, tudo impecável. Mas não era sua cama. Nada ali era seu. Nenhuma almofada colorida, nenhum quadro com uma de suas pinturas, nenhum vestígio da vida que tivera até alguns dias atrás.
A primeira coisa que fez foi abrir a janela.
O jardim era enorme. Bem cuidado, com fileiras de arbustos milimetricamente podados, árvores frutíferas alinhadas como peças de xadrez. Mais à frente, podia-se ver um pequeno lago artificial, cercado por pedras e flores de lótus. Parecia um cartão-postal.
Mas nada daquilo era liberdade.
Ele se trocou devagar, escolhendo uma calça leve e uma blusa branca, confortável. Saiu do quarto sem fazer barulho, não que precisasse — o lugar era tão silencioso que qualquer som se tornava quase um grito.
Do lado de fora do quarto, encontrou uma das empregadas pela primeira vez.
Ela parecia ter uns quarenta anos, usava um uniforme simples e um coque apertado no alto da cabeça. Quando o viu, curvou-se levemente.
— Bom dia, senhor S/N.
— Você pode me chamar só de S/N.
Ela ergueu os olhos com cuidado, como se não soubesse se podia mesmo aceitar aquilo.
— Claro, senhor... Digo, S/N. Deseja café da manhã?
— Posso preparar o meu?
— Há um chef responsável por isso, mas posso levá-lo até a cozinha, se desejar.
— Quero ver, se não for incômodo.
Foi a primeira de muitas pequenas “desobediências” que cometera naquele lugar.
A cozinha era moderna, cheia de equipamentos caros. O chef, um homem baixo e simpático, estranhou sua presença no início, mas logo estava mostrando onde ficavam os temperos, como funcionava a máquina de café e rindo da tentativa de S/N em fritar ovos sem que eles grudassem na frigideira de cerâmica.
— O senhor Jeong não costuma tomar café em casa — comentou o chef, enquanto preparava uma bandeja para ser levada ao escritório —. Sai cedo e volta tarde. Às vezes nem volta.
S/N apenas assentiu, tentando não parecer aliviado.
E assim começaram os dias.
Yunho desaparecia com a manhã, antes mesmo que S/N acordasse. Às vezes ele ouvia passos pela madrugada, o abrir e fechar de uma porta mais distante — provavelmente o quarto do outro lado do corredor — mas nunca o via. Não nos corredores, não nos jardins, nem mesmo nos jantares.
Era como viver com um fantasma.
Mas ao contrário do que esperava, aquilo era um alívio.
S/N não sabia o que seria pior: estar preso naquela mansão luxuosa com um alfa frio constantemente vigiando seus passos... ou com a ausência dele lhe lembrando, a cada minuto, que estava sozinho.
Com o tempo, ele começou a explorar.
A mansão era maior do que parecia. O hall de entrada se abria para vários corredores diferentes, cada um levando a uma ala nova. Aos poucos, foi descobrindo cada espaço como quem mapeia um território estrangeiro.
Havia uma sala de música, com um piano de cauda negro reluzente. Quando passou por lá pela primeira vez, os dedos coçaram para tocar, mas não sabia nada de piano. Ainda assim, sentou-se no banco e deixou os dedos deslizarem pelas teclas. Notas soltas, dissonantes. Um som estranho, mas... bonito, de algum modo. Como ele se sentia por dentro.
Depois descobriu os jardins internos, com bancos de pedra e pequenas esculturas escondidas entre a vegetação. Havia uma estufa com plantas tropicais, onde um dos jardineiros cuidava de orquídeas com uma delicadeza quase sagrada.
— O senhor Jeong as trouxe do Japão — disse o homem, orgulhoso. — Tem nomes para cada uma delas, acredita?
S/N riu, surpreso.
Talvez Yunho não fosse tão impenetrável quanto parecia. Ou talvez sim. Apenas se importava com flores, não com pessoas.
Uma das maiores descobertas foi nos fundos da casa: as termas.
Era uma estrutura subterrânea, com entrada discreta por uma escada de pedra. Dentro, o teto era abobadado, as paredes de pedra natural, e havia uma grande piscina com águas termais que exalavam um vapor agradável, quase terapêutico. Toalhas macias, luzes baixas, e o som da água borbulhando enchiam o lugar de uma paz estranha.
Ele começou a ir para lá todas as tardes.
Sentava-se dentro da água quente, a cabeça recostada na borda, os olhos fechados, e fingia, por alguns minutos, que estava em outro lugar. Que não havia assinado papel algum. Que não havia perdido tudo.
E durante esses mergulhos silenciosos, começou a se perguntar algo doloroso:
Será que ainda era ele mesmo?
Uma semana.
Sete dias.
E já conhecia todos os cômodos da casa.
Menos um.
O quarto de Yunho.
Era o único cuja porta permanecia sempre fechada. Às vezes, passava por ali tarde da noite e ouvia passos, ruídos de tecido, o som distante de uma torneira aberta. Mas nunca viu luz por baixo da porta, nunca cruzou com ele ao sair.
Era como se Yunho tivesse projetado a própria existência para não se cruzarem.
E estava tudo bem.
Mas... ele sentia falta de algo.
Algo pequeno, mas doloroso.
As mãos ansiavam pelas tintas, pelos pincéis, pelas telas. Ele sentia uma espécie de comichão nos dedos, como se o corpo todo gritasse por expressão. Andava até a sala de estar, olhava a lareira vazia, o chão limpo demais. Aquele lugar precisava de cor. De alma. Mas ele não tinha nenhum dos seus materiais.
Tudo havia ficado em Nova York.
Tudo.
E ele não sabia se podia pedir.
— A biblioteca tem livros sobre arte — comentou uma das empregadas, numa tarde em que o viu olhando para os quadros frios nas paredes.
S/N assentiu.
— Obrigado. Mas não é a mesma coisa.
— Quer que tentemos comprar algo? Pincéis? Tintas?
Ele hesitou.
— Não quero incomodar o senhor Jeong com isso.
Ela sorriu gentilmente.
— Tenho certeza de que ele nem perceberia.
S/N deu uma risada baixa, amarga. Ela não estava errada.
Era isso, afinal: viver uma vida bonita, silenciosa, e completamente vazia.
Era como ser uma pintura num museu.
Bem emoldurada.
Bem iluminada.
E morta por dentro.
As tardes na mansão se arrastavam como tinta escorrendo de um pincel cansado.
Naquela quinta-feira em especial, o silêncio parecia mais denso que o habitual. Os empregados haviam saído mais cedo, a mansão repousava em penumbra, o céu cinza lançava uma luz azulada sobre o chão de madeira. S/N não conseguia pensar em mais nada além da frustração latejando nos dedos.
Ele precisava pintar.
Precisava criar.
Mas tudo o que tinha eram livros, escadas vazias e pensamentos repetitivos.
A sala de música chamava seu nome como um sussurro constante, e antes que percebesse, estava lá de novo, parado diante do imponente piano preto.
Era lindo. Reluzente. E assustador.
Mas seus dedos doíam por fazer algo.
Sentou-se no banco devagar. Abriu a tampa. As teclas estavam frias ao toque.
Respirou fundo. Pressionou algumas notas.
Soltas.
Dissonantes.
Fez uma sequência qualquer — duas, três notas — e então tentou seguir com alguma melodia antiga, uma que ouvira na infância. Não lembrava o nome. Só o sentimento.
Mas a música saía errada. Acordes quebrados. Desajeitados. O som não tinha direção.
Ele estava prestes a desistir quando uma sombra surgiu atrás dele, silenciosa.
— Essa é Clair de Lune, de Debussy. Ou, pelo menos, era para ser.
S/N gelou.
Virou o rosto devagar.
Jeong Yunho estava ali, apoiado no batente da porta, com uma taça de vinho numa mão e um livro na outra. Não usava o habitual terno — vestia uma camisa preta simples, os dois primeiros botões abertos, e a calça de tecido escuro. Estava mais... humano. Menos esculpido em pedra.
— Você toca? — S/N perguntou, surpreso.
— Sempre toquei. — Yunho se aproximou com passos suaves. — Aprendi com minha mãe.
— Ah. Então... você tem mãe.
Yunho soltou um riso baixo. Foi a primeira vez que S/N ouviu aquele som.
— Ainda tenho. Ela só vive em Genebra e prefere as montanhas suíças ao filho problemático.
— Que coincidência. A minha prefere dinheiro a mim.
Eles riram. Um riso pequeno. Um riso triste.
Yunho então colocou a taça sobre o piano, sentou-se ao lado dele no banco, os ombros largos roçando discretamente nos de S/N. O calor do corpo do alfa era intenso. A energia era estranha, magnética.
— Pode tentar de novo, se quiser — disse Yunho, olhando as teclas. — Eu guio.
— Vai rir de mim?
— Provavelmente.
S/N revirou os olhos.
— Obrigado pela honestidade.
— Honestidade é o mínimo que posso te dar... depois de comprar você.
O comentário foi seco, mas Yunho não riu. Apenas o encarou por um segundo. S/N abaixou os olhos, sem saber o que responder. Mas Yunho não recuou. Pegou as mãos de S/N com gentileza, posicionando os dedos sobre as teclas corretas.
— Comece aqui.
S/N seguiu o toque. Pressionou a nota.
— Agora essa. Depois essas duas juntas.
Os sons começaram a se formar. Yunho tocava junto, seus dedos deslizando pelas teclas com elegância. Cada movimento era preciso, fluido. Ele tocava como se conversasse em outra língua. Uma língua feita de som.
— Você é... muito bom nisso — sussurrou S/N.
— É o que dizem. Mas nunca me serve pra nada além de impressionar velhinhas em jantares de negócios.
S/N riu baixinho.
— Então... você tem amigos?
Yunho o olhou, fingindo ofensa.
— Claro que tenho.
— Jura?
— Não muitos. Mas alguns. E vão vir amanhã à noite. Teremos um jantar. Queria te avisar.
S/N parou de tocar.
— Eu... tenho que estar presente?
— Se você quiser. Ninguém vai te obrigar. Mas como agora você é, teoricamente, meu ômega, seria bom te apresentar.
— Como... decoração de mesa?
Yunho sorriu torto.
— Se quiser jogar vinho no rosto de algum deles, autorizo.
Eles riram de novo. E então, silêncio.
Era confortável. Assustadoramente confortável.
S/N olhou para a própria mão. Os dedos ainda tremiam levemente, não pelo piano, mas pela tensão contida.
— Posso te pedir algo?
— Pode tentar.
— Eu queria... — S/N mordeu o lábio. — Materiais de pintura. Tintas, pincéis... telas. Se for possível, claro. Se não... tudo bem também.
Yunho não respondeu de imediato.
Apenas olhou para ele. Os olhos escuros pareciam varrer S/N por dentro.
Então, num tom quase leve:
— Você não precisa pedir permissão para isso.
— Mas eu achei que...
— Essa casa é sua agora também.
S/N corou. Baixou o olhar. Sentia as bochechas queimarem.
— Obrigado.
Yunho assentiu. Mas havia algo diferente no olhar dele agora. Um brilho discreto. Uma tensão mal contida. Como se algo dentro dele tivesse se movido — milímetros, mas se movido.
Ele se levantou devagar. Pegou a taça de vinho.
— As tintas chegam amanhã cedo.
— Obrigado de novo...
— S/N?
— Sim?
— Você não toca bem. Mas... — Yunho sorriu de leve, quase sincero — tem algo bonito na sua bagunça.
S/N piscou, sem saber se era um elogio ou não.
Yunho deu meia-volta. Já ia saindo da sala quando a voz dele mudou.
Ficou mais baixa. Mais dura.
— Não crie expectativas, S/N.
S/N virou o rosto devagar.
— Desculpa?
Yunho já não o olhava mais.
— Sobre mim. Não me veja como alguém bom. Não estou tentando te iludir.
— Eu não estou...
— Ótimo. Melhor assim.
E então foi embora.
Sem mais explicações.
S/N ficou sozinho no banco do piano.
As teclas ainda quentes sob os dedos. A música ainda ecoando no peito.
Mas agora havia algo novo ali, algo que ele não sabia nomear.
E talvez fosse exatamente isso que o assustava tanto.
A mansão parecia ter engolido uma constelação naquela noite. Lustres acesos, corredores perfumados, velas e luzes âmbar. Os empregados corriam em silêncio como sombras vestidas de preto e prata, arrumando cada detalhe do salão de jantar.
S/N estava no topo da escadaria, hesitante.
Usava um conjunto social claro, elegante, caro demais. O tecido era macio contra a pele, mas o aperto em seu estômago não vinha do cinto. Era ansiedade.
Ele suspirou e desceu devagar. Yunho o esperava no pé da escada, impecável como sempre. Terno escuro, cabelo milimetricamente arrumado, perfume sofisticado. Mas havia algo mais — algo que S/N ainda não sabia reconhecer. Uma expectativa silenciosa.
— Você está... bonito — disse Yunho.
— Obrigado.
— Nervoso?
— Um pouco. Nunca conheci um grupo de alfas milionários antes.
Yunho sorriu.
— Eles babam muito e gostam de falar de si mesmos. Você vai se encaixar perfeitamente.
S/N soltou um riso nervoso.
A campainha tocou e não demorou até o salão se encher de vozes. Três homens bem vestidos entraram primeiro, seguidos de uma mulher de vestido rubi. Todos amigos de Yunho — empresários, investidores, socialites. Eles riram alto, beberam ainda mais alto. Brindes, elogios, perguntas fúteis.
Yunho os apresentava com frases breves.
— Esse é Minjae. Acredita que golfe é esporte.
— Heejin. Conhece todos os escândalos do mundo — e não hesita em criá-los.
— Seongchan. Advogado. Melhor evitar discussões.
S/N riu educadamente, sem saber exatamente onde colocar as mãos. Sentia-se pequeno, mas logo o vinho ajudou. Respondeu às perguntas sobre sua vida com leveza. Inventou parte das respostas.
Não contou sobre a mãe fria. Nem sobre as noites em claro chorando de raiva. Disse apenas que pintava. E que agora... estava tentando se ajustar à nova rotina.
— Então você é artista? — perguntou Heejin, inclinando-se com interesse genuíno.
— Tentava ser, ao menos.
— Espero que Yunho compre suas obras. Ele precisa de cor naquela biblioteca sombria.
Todos riram. Yunho apenas sorriu com os lábios.
Mas seu olhar... mudou.
Fixou-se em S/N como se estudasse algo que não aprovava.
Mais tarde, quando a sobremesa chegou, Yunho já estava calado.
Enquanto os amigos conversavam sobre viagens e fusões, S/N comentou, em tom baixo:
— Você tem bons amigos. Fiquei surpreso.
— Surpreso por quê?
— Achei que preferia ficar sozinho. Ou que não deixaria ninguém se aproximar.
Yunho não respondeu. Pegou a taça, bebeu num só gole.
— Você riu muito com Minjae — disse depois.
— Ele é engraçado.
— Ele é idiota.
— Está com ciúmes?
— Estou irritado.
— Por quê?
Yunho o encarou.
— Vamos conversar lá em cima.
O quarto estava escuro, apenas uma luz baixa no canto. S/N tirou o paletó, sem entender ainda o que havia feito de tão errado.
— Você quer me explicar o que aconteceu? — perguntou ele.
Yunho fechou a porta com mais força do que deveria.
— Acha engraçado flertar com meus amigos?
— O quê? Eu não flertei com ninguém!
— Ficou corado com cada elogio. Tocava no braço de Minjae. Ria como se estivesse encantado.
— Porque eu estava nervoso! Eu estava tentando ser educado! Meu Deus, eu nem gosto dele!
— Não grite comigo.
S/N recuou um passo.
Yunho se aproximou.
— Não foi para isso que eu te trouxe aqui. Não para brincar de artista. Ou fingir que é um convidado.
— Você me disse que eu poderia pintar...
— E estava errado. O pedido foi cancelado.
— O quê?
— As tintas, as telas. Esqueça isso.
S/N piscou, sem acreditar.
— Você prometeu.
— Eu me enganei. Achei que talvez... você soubesse o seu lugar.
— Meu lugar? — A voz dele tremeu. — Eu sou um prisioneiro aqui, não um boneco decorativo!
— E ainda assim vive sob meu teto. Com meu nome.
— Eu nunca pedi isso! Você me comprou, Yunho!
— Sim. E já que comprei, quero retorno.
S/N estava imóvel. Os olhos marejados.
— Então... o que você quer?
Yunho respirou fundo.
— A partir de agora, você vai agir como o ômega que sua família prometeu. Vai sair comigo, participar dos eventos, sorrir quando eu sorrir. Vai dormir na cama certa, usar o que eu mandar, falar quando for chamado. Nada de tintas, nem de sonhos, nem de liberdade.
S/N sentiu algo quebrar por dentro.
Um caco de si mesmo se desprender.
— Entendido? — perguntou Yunho, a voz baixa, perigosa.
— Sim, senhor — respondeu S/N.
Os meses seguintes foram longos.
E frios.
S/N virou uma sombra elegante. Acompanhava Yunho em eventos, jantares, cerimônias. Usava roupas caras, sorria com perfeição. Era fotografado. Elogiado. Chamado de "o ômega perfeito".
Mas por dentro, estava oco.
As tintas jamais chegaram. As telas foram esquecidas.
As mãos que antes criavam agora apenas seguravam taças e assinavam presença.
Yunho o tratava bem em público. Um marido exemplar. Mas em casa... a distância crescia.
Havia noites em que Yunho o abraçava como quem segura algo valioso. Mas também havia outras em que ele nem aparecia. Apenas deixava bilhetes curtos. Instruções. Horários. Nada mais.
S/N dormia no quarto decorado, com almofadas de seda, e chorava em silêncio.
Ele havia se tornado o ômega perfeito.
E por isso, havia desaparecido.
O café estava sobre a mesa, ainda quente, mas intocado.
S/N girava a colher dentro da xícara, distraído, enquanto a mansão ao redor seguia em silêncio. Era sempre assim nas manhãs. Silêncio. Ordem. Nada fora do lugar.
Exceto ele.
Ele estava fora de lugar há meses.
O reflexo na janela mostrava um ômega elegante, bem cuidado, com pele macia, roupas impecáveis, cabelo brilhando sob a luz da manhã.
Mas aquele não era ele.
Era apenas o que restou.
Desde a noite do jantar, Yunho havia mantido sua palavra. Nada de tintas, telas, cores. Nenhum pedido era atendido. Ele apenas sorria em público e obedecia em silêncio. Dormia em camas cheias de almofadas que mais pareciam jaulas disfarçadas.
Sorria no espelho, ensaiava falas antes de sair.
Com o tempo, começou a falar pouco. A pensar menos.
Como uma flor esquecida em vaso de cristal, bonita, porém morrendo em silêncio.
Yunho notava.
Mesmo que fingisse não ver, notava.
Notava os silêncios longos de S/N no carro. O modo como ele olhava pela janela, como se esperasse o mundo acabar lá fora. Notava a maneira como ele sorria com os olhos baixos, sem levantar o queixo.
Notava a ausência da cor nos passos dele.
Uma tarde, ao chegar mais cedo, passou pela sala e o viu sentado na escadaria, abraçado aos próprios joelhos, a cabeça encostada na parede. Estava com o roupão de seda claro, e parecia pequeno ali. Tão pequeno. Tão fora do próprio corpo.
Yunho não disse nada.
Apenas voltou ao carro e saiu outra vez.
Na manhã seguinte, ele ligou para a administradora da casa.
— Prepare o antigo salão de chá. Livre tudo. Eu quero um ateliê.
— Um ateliê, senhor?
— Sim. Iluminação natural. Estantes novas. Cavaletes. Tintas importadas. Tudo.
— Para o senhor?
Silêncio.
Yunho apertou o celular com força.
— Não. Para ele.
Demorou dois dias.
Duas manhãs de trabalho silencioso, carregamento, organização. As janelas foram abertas, as cortinas trocadas por uma translúcida. A madeira encerada foi coberta por tapetes neutros, pincéis de todos os tipos alinhados, tintas a óleo e aquarela divididas por paletas.
A luz entrava como num santuário.
E havia um único bilhete sobre a mesa central:
Faça o que quiser com isso. Use. Destrua. Ignore. Y.
Yunho não teve coragem de entregar pessoalmente.
Ordenou à empregada mais discreta da casa:
— Leve-o até o salão reformado. Diga apenas que é dele. Não responda perguntas. E não diga quem mandou.
— Sim, senhor.
S/N estranhou o convite.
Era raro alguém da casa se dirigir a ele. Todos o tratavam com cuidado, mas à distância, como se soubessem da coleira invisível que o cercava.
— Me acompanhar, por quê? — perguntou ele, com a voz baixa.
— Apenas venha, senhor. Está autorizado.
Atravessaram o corredor do lado leste, onde ninguém andava há semanas. As portas duplas do salão de chá estavam entreabertas.
Quando a empregada empurrou uma delas, S/N sentiu o coração desacelerar. Como se tudo ao redor perdesse o som.
Lá dentro, ele viu.
As telas. Os cavaletes. As tintas. As estantes com blocos de papel, as luzes bem posicionadas, o cheiro de madeira e óleo misturado ao da liberdade.
Por um momento, ele achou que estivesse sonhando.
Deu dois passos lentos para dentro.
Depois mais um.
Tocou um tubo de tinta azul cobalto, girou entre os dedos. Umedecidos. Tremendo.
— Quem...?
— Apenas disseram que é seu, senhor — respondeu a empregada, com um meio sorriso respeitoso.
E então ela saiu.
S/N ficou ali, em silêncio.
Sozinho com o que antes era sua alma.
Sentou-se diante da tela branca, pegou um pincel.
Não pintava há meses.
A mão tremia.
A tinta parecia estranha. O cheiro era familiar demais. Como visitar o quarto de uma infância feliz e esquecida.
Ele começou devagar.
Primeiro um traço tímido.
Depois outro. Mais um. Cores testadas. Tons que se misturavam.
E então algo explodiu. Como um suspiro longo e engasgado.
Chorou.
Chorou sobre a paleta.
Chorou como quem volta a respirar depois de um afogamento.
No fim do dia, havia cor por toda parte.
Na tela. Nas mãos. Na boca, onde o pincel havia encostado sem querer. No chão. No peito.
Yunho não apareceu.
Mas havia passado pela porta à noite, em silêncio.
Olhou por entre a fresta da madeira, viu S/N pintando de costas, cabelos presos de qualquer jeito, tinta até no pescoço. Rindo baixinho. Conversando com a tela como se ela entendesse.
Yunho ficou ali por três minutos.
Não entrou.
Nem bateu.
Apenas voltou para o quarto dele com um peso estranho no peito.
Naquela noite, dormiu mal.
O rosto manchado de tinta de S/N não saía de sua mente.
Nem os olhos brilhando enquanto ele misturava verde com dourado.
Havia devolvido a liberdade.
Mas não teve coragem de pedir desculpas.
Ainda não.
No dia seguinte, uma nova remessa de materiais chegou à mansão.
Mais tintas.
Mais telas.
Mais liberdade.
E S/N, enfim, voltou a sonhar em silêncio — entre pinceladas e sorrisos contidos, mesmo sem entender se aquele gesto era amor... ou apenas uma tentativa de perdão que ainda não tinha nome.
Os dias tinham se tornado diferentes.
Não exatamente felizes — mas vivos. E isso era mais do que S/N ousava pedir.
Yunho havia sumido por horas e horas a fio, como sempre, mas agora, ele passava. Às vezes, ao longe, pela porta do ateliê. Às vezes, deixava um pacote novo, fingindo que não fora ele. Uma aquarela especial, pincéis de pelos raros. Tudo sem nome. Mas S/N sabia.
Sabia que vinha dele.
Sabia que só podia ser dele.
E aos poucos, sem se dar conta, começou a pintar Yunho.
Primeiro em traços sutis, quase imperceptíveis. A curva da mandíbula. O modo como ele cruzava os dedos ao pensar. O olhar sério. O peso nos ombros. O terno sempre sóbrio.
Era como se, entre pinceladas, S/N aprendesse a decifrá-lo.
E então, decidiu fazer algo por ele também.
A ideia surgiu ao ouvi-lo tocar piano numa noite, escondido atrás da porta da sala de música.
Yunho não sabia que estava sendo observado.
S/N tinha descido para beber água e passou pela porta entreaberta. A luz amarelada iluminava a ponta dos dedos longos do alfa sobre as teclas. Tocava com precisão — mas havia emoção ali, e isso o surpreendeu.
A música era profunda. Triste. Mas real.
E foi naquele instante que S/N soube: queria retribuir.
Passou três dias seguidos treinando sozinho.
A empregada que havia lhe mostrado o ateliê o ajudou a conseguir partituras. S/N era péssimo com leitura musical, mas aprendia pelo ouvido, pela repetição. As pontas dos dedos ficaram vermelhas, a paciência quase se esgotou — mas ele persistiu.
E quando achou que estava pronto... decidiu arriscar.
Naquela manhã, acordou cedo.
Muito cedo.
A casa ainda dormia quando ele desceu, vestindo uma camisa branca de algodão leve e calça de linho clara. O cabelo solto, natural, com algumas ondas desfeitas da noite anterior.
Na sala de música, ele organizou uma pequena mesa com croissants, geleias e café moído à mão — lembrava que Yunho sempre bebia amargo, sem açúcar. Frutas frescas, um suco de laranja. Talheres de prata alinhados com perfeição.
Estava nervoso.
Mas também esperançoso.
Sentou-se ao piano.
Esperou.
Yunho chegou pontualmente às oito, como sempre.
Mas, ao dobrar o corredor, notou o cheiro de café.
E música.
Parou.
A mão pousou na maçaneta, hesitante. Não soube o que esperar.
Quando empurrou a porta... ficou sem fala.
S/N estava ali.
Sentado ao piano.
Tocando.
A melodia era simples, com pequenos erros, mas cheia de esforço. As mãos hesitavam, tropeçavam às vezes, mas o coração estava inteiro em cada nota. Era um convite. Um gesto. Um pedido silencioso.
— Eu... — S/N sorriu, corando, sem parar de tocar. — Eu achei que poderíamos tomar café da manhã juntos hoje.
Yunho demorou a responder.
Apenas entrou, fechando a porta atrás de si. Os olhos correram do piano para a mesa posta. O rosto de S/N estava levemente vermelho. Havia até uma florzinha no centro da mesa.
— Foi você quem fez tudo isso? — perguntou, com voz baixa.
S/N assentiu, ainda tocando. — Eu aprendi esta música só para hoje. Queria... tocar com você.
Yunho se aproximou devagar.
Olhou para ele. Depois para as teclas.
E então sentou-se ao lado.
— Posso? — murmurou.
S/N sorriu, aliviado. — Claro.
Os dedos de Yunho tomaram lugar ao lado dos dele, e então ele começou a acompanhar, suavemente, guiando o ritmo. S/N se ajeitou no banco, tocando com mais firmeza.
A música, ainda tímida, ganhou corpo.
Por instantes, não havia nada no mundo além daquele som, daqueles dois corpos tão próximos, dividindo o mesmo banco estreito.
S/N sentia o calor do braço de Yunho tocar o seu de leve. O cheiro do perfume dele. O leve roçar das coxas.
E o coração acelerado, desesperado por aprovação.
— Você se dedicou — murmurou Yunho, enquanto tocavam. — Está muito melhor do que eu esperava.
— Eu queria... te agradar. — S/N respondeu, virando o rosto para ele, com sinceridade.
Yunho parou de tocar.
Os dedos dele ainda estavam sobre as teclas.
Mas os olhos se voltaram, lentamente, para os de S/N.
— Por quê?
A pergunta saiu mais grave do que ele gostaria. Mais carregada. Como se fosse uma acusação, e não uma curiosidade.
S/N hesitou.
Mordeu o lábio inferior.
E então respondeu, num sussurro quase infantil:
— Porque foi você quem me deu o ateliê. Porque eu sei que... mesmo quando está distante, está sempre me vendo. Porque por um instante... quando estou com você... sinto que ainda posso existir como eu sou. E não só como... o ômega perfeito que esperam que eu seja.
Yunho sentiu o estômago apertar.
Quis dizer algo.
Mas ao invés disso... se aproximou.
E o beijou.
Foi devagar. Como se pedisse permissão. Mas também como se não aguentasse mais.
Os lábios tocaram os de S/N de forma gentil, íntima, intensa. E S/N retribuiu com surpresa, mas sem medo. Os dedos dele escorregaram das teclas, parando sobre o colo, e os olhos se fecharam com doçura.
Era o primeiro beijo deles.
Mas carregava meses de silêncio, de tensão, de espera. De medo. De desejo. De coisas nunca ditas.
Yunho afastou-se devagar, com a respiração trêmula.
— Eu... desculpe. Eu não devia...
— Não. — S/N segurou o pulso dele, rápido. — Não precisa pedir desculpas.
O silêncio se instalou entre os dois, delicado.
Mas havia algo novo nele agora.
Algo morno.
Algo real.
Yunho desviou o olhar, confuso. — Eu marquei um jantar... esta noite. Com alguns amigos. Empresários. Homens que podem ajudar nos negócios da família.
— Oh... — S/N piscou, tentando esconder o desânimo. — Claro. Devo ficar no quarto?
— Não. — Yunho o encarou. — Eu quero que você vá comigo.
S/N ficou surpreso. — Você... quer?
— Sim. Quero que eles te vejam. Quero que saibam quem você é. — Ele fez uma pausa. — Quero que saibam que... você é meu.
S/N sentiu o coração pular no peito.
— Tudo bem.
E pela primeira vez, sorriu com sinceridade.
O jantar foi... diferente do que S/N esperava.
Não houve apresentações secas, olhares de desdém ou desconforto forçado. Yunho, de terno escuro impecável, conduziu a noite com elegância — e com S/N ao seu lado. Orgulhoso. Atento. Cuidando.
— Este é S/N — disse logo ao primeiro aperto de mão — meu ômega. E meu companheiro.
As palavras foram claras. E firmes.
Alguns dos convidados o olharam com surpresa, mas Yunho não vacilou. S/N, inicialmente tímido, permaneceu ao lado dele com um sorriso leve, tentando esconder a ansiedade. Mas conforme os minutos passaram, ele se soltou.
Riu de piadas.
Fez observações gentis.
Compartilhou histórias de Nova York, das pinturas, da arte que amava. E não houve censura.
Yunho o escutava com atenção real, os olhos fixos, e quando alguém ousava interrompê-lo, ele fazia questão de retomar o fio para que S/N pudesse concluir. Era nítido: ele queria que todos vissem. Não um ômega decorativo. Mas alguém de valor. Alguém por quem valia a pena sentir orgulho.
E isso... mexeu com S/N mais do que qualquer carinho físico poderia.
Porque era liberdade.
E respeito.
E amor — mesmo que ainda não dito.
A bebida correu solta. Taças de vinho. Champanhe. Um brinde aqui, outro ali.
S/N não costumava beber muito, mas se sentia leve, solto, como não há muito tempo.
Yunho, ao lado, também estava diferente.
Mais relaxado. O sorriso mais fácil, os olhos mais escuros, o corpo levemente inclinado, como se tudo nele estivesse voltado apenas para S/N.
— Você foi perfeito esta noite — ele murmurou, ao entrarem na casa já silenciosa, quase madrugada.
— Você me deixou ser quem eu sou — S/N respondeu, rindo baixinho, tropeçando no tapete. — Isso é mais do que eu achei que teria.
— E é tudo o que você merece — completou Yunho.
O silêncio caiu por um segundo.
Mas era um silêncio bom.
Denso de intenção.
Yunho o guiou até o quarto com um toque leve nas costas, e S/N sentiu o calor irradiar sob o tecido da roupa. O cheiro dele... estava mais forte. Um pouco do álcool, um pouco da noite, e muito da proximidade.
Dentro do quarto, Yunho tirou o paletó devagar, desabotoando os punhos da camisa.
S/N parou perto da cama, os olhos fixos nos movimentos do alfa.
Ele estava tão bonito ali, sob a luz baixa, com o cabelo um pouco bagunçado e o colarinho aberto. E o cheiro... o cheiro só aumentava. Era um perfume amadeirado misturado com algo mais — o próprio cheiro de Yunho, puro, quente, masculino.
— Você está duro — sussurrou S/N, com um sorriso torto, os olhos fixos na calça que mal escondia a ereção.
Yunho engoliu em seco.
— É o vinho — mentiu, ou tentou mentir.
S/N deu um passo à frente.
— É o cheiro do meu corpo, não é?
A pergunta foi feita com a voz baixa, atrevida, carregada de algo doce e perigoso. Yunho não respondeu, mas o olhar disse tudo. S/N se aproximou mais, colando o corpo no dele.
— Posso...? — perguntou, com as mãos já tocando o cós da calça social.
— S/N... — a voz de Yunho falhou. — Isso é perigoso. Se você começar... eu não vou conseguir parar.
— Eu não quero que pare.
E então se ajoelhou.
Devagar.
Sem desviar o olhar.
As mãos subiram até o zíper, abriram com delicadeza. A ereção dele pulsava sob a cueca, quente, espessa, pesada. S/N engoliu em seco ao ver. Corado, mas decidido, puxou o tecido para baixo.
O membro de Yunho saltou livre.
E era tudo o que ele imaginava. E mais.
S/N se inclinou.
Beijou a base, depois o meio, depois a ponta. Lentamente, como se memorizasse cada detalhe com os lábios. Sentia o calor, o cheiro, o peso. Sentia Yunho tremer de leve, com os músculos da coxa contraindo sob as mãos dele.
E então, num sussurro rouco, disse:
— Me deixa te agradar...
E abocanhou.
Yunho gemeu baixo.
As mãos dele foram para os cabelos de S/N, puxando com suavidade, como se não acreditasse no que estava acontecendo. S/N o engolia devagar, sentindo a boca se moldar à forma dele, aprendendo a cada segundo como deixá-lo louco.
Os movimentos eram lentos, sensuais, a língua dançava na ponta, descia com firmeza pela lateral, subia até envolver tudo outra vez.
Yunho tentava manter o controle. Respirava fundo, deixava os olhos fecharem. Mas era impossível. O calor da boca de S/N, os sons úmidos, a entrega total...
Ele sabia que não conseguiria aguentar por muito tempo.
— S/N... — gemeu, com a voz rouca, quase suplicante. — Você vai me deixar louco.
S/N o olhou de baixo, com os olhos brilhando, as bochechas coradas, o lábio úmido ao sair um pouco só para sorrir.
— Já é tarde pra voltar atrás, Yunho...
E afundou de novo, mais fundo.
Yunho jogou a cabeça para trás, soltando um palavrão abafado.
Aquela noite marcava um antes e depois. Um toque. Um gosto. Uma rendição.
Yunho não resistiu.
Quando viu S/N de joelhos, com o pau dele entre os lábios, a boca quente o sugando com tanto carinho e safadeza, soube que já era tarde demais. Aquele ômega que ele achava frágil era a perdição dele. Cada gemidinho abafado, cada lambida lenta na glande... era a morte e o paraíso ao mesmo tempo.
S/N sentia o pau pulsar pesado na boca, e não queria parar. Sentia o gosto do pré-gozo, sentia o corpo do alfa tremer. Mas era mais que físico. Ele queria dar prazer. Queria vê-lo perder o controle.
Yunho segurou firme nos cabelos de S/N, puxando com urgência até ele largar o pau com um fio de saliva brilhando.
— Vem aqui — rosnou.
S/N mal teve tempo de levantar. Yunho já o puxava pela cintura, colava os corpos e o beijava com a boca quente e dominadora. Os dois ainda meio bêbados, meio entorpecidos um do outro.
As roupas foram arrancadas no meio do caminho, o paletó jogado no sofá, a blusa de S/N puxada por cima da cabeça, os beijos descendo pelo pescoço, ombros, peito. Yunho o deitou na cama devagar, mas os olhos ardiam de desejo.
— Você é meu, S/N... — disse contra a pele do abdômen dele, beijando cada pedaço. — E hoje eu vou te fazer lembrar disso a noite toda.
S/N sorriu manhoso, as pernas se abrindo devagar, convidando.
— Então me marca... me fode, Yunho...
Yunho gemeu rouco. O alfa dentro dele já tinha assumido completamente. Subiu no corpo de S/N, beijou sua boca com força e encaixou os quadris entre suas pernas.
Os corpos colavam com facilidade, pele quente contra pele quente.
Yunho tocou entre as pernas de S/N e encontrou o buraquinho molhado, pulsando, já quase se abrindo sozinho. S/N estava completamente pronto, o cheiro do cio se intensificando.
Ele não precisava nem preparar.
Mas ele queria.
— Vai devagar... — S/N pediu entre suspiros. — Só no começo.
Yunho obedeceu. Passou os dedos no meio das nádegas, sentindo o buraquinho se contrair. Lubrificou com o próprio gozo, depois com a língua. Beijou, lambeu, chupou com força, fazendo S/N gritar, gemer e rebolar contra sua boca.
— Ahh... Yunho... p-para de provocar...
— Então aguenta.
Ele se posicionou, o pau grosso e duro apontado pro cuzinho molhado de S/N. E empurrou.
Devagar.
Mas fundo.
S/N gemeu alto, a cabeça tombando pra trás, os olhos fechados. Sentia o pau de Yunho abrir caminho, esticar, tomar. Era tanto, tão grosso, tão quente...
— Isso... isso, Yunho... enfia tudo...
Yunho mordeu o lábio, segurando o controle. Mas quando sentiu o corpo de S/N aceitar tudo, ele não aguentou. Começou a meter. Fundo. Rápido. Fortemente.
— Ouve esses sons, S/N... — gemia contra o ouvido dele — ouve como seu cuzinho chupa meu pau...
E era verdade. As estocadas faziam barulho de pele contra pele, o som da cama batendo na parede, os gemidos doces de S/N misturados com os grunhidos roucos de Yunho. O cheiro de alfa e ômega tomava o quarto.
Yunho fodia como quem queria marcar.
Como quem queria ficar ali pra sempre.
Virou S/N de bruços e puxou ele pela cintura, metendo por trás. A visão do bumbum sendo aberto, o pau entrando e saindo, molhado, rijo... era demais.
— Eu vou gozar... — S/N gemeu, ofegante.
— Não antes de mim — Yunho rosnou e meteu mais rápido, mais fundo.
Até o nó formar.
Até os dois sentirem o encaixe explodir num gozo quente, interminável. S/N sentia o pau latejando dentro de si, o nó inchado travado lá dentro, e gemeu com força enquanto gozada jorrava embaixo dele também, sujando a barriga, a cama, tudo.
Mas Yunho não parou.
Mesmo preso, ainda se movia devagar, fazendo S/N gozar de novo, gemer, chorar de prazer.
— Você é perfeito — sussurrou. — Meu ômega... meu tudo.
A noite só terminaria ao amanhecer.
E eles sabiam disso.
Porque o que começou ali... nunca mais seria só sexo.
Era amor. E era só o começo.
Depois daquela noite, algo quebrou dentro de Yunho.
Ou melhor: algo se libertou.
Aquela coisa que ele achava que sabia controlar. O desejo. A posse. O afeto. Tudo aquilo tomou forma, cheiro, gemido — e nome. S/N.
Era impossível ficar longe. No começo, ele ainda tentava seguir a agenda. Reuniões, ligações, projetos. Mas bastava ouvir um sussurro vindo do ateliê, ou pegar o cheiro de S/N vindo da cozinha, do jardim, da escada, da porra do piano — e pronto. Acabava.
Largava tudo.
E ia atrás.
Atrás daquele corpo que parecia feito pra ele, daquele cuzinho apertado que já reconhecia o pau dele com fome, daquela boca que sabia gemer no tom exato entre manhoso e safado.
— Yunho… você não tem uma conferência agora? — S/N sussurrou um dia, com a camiseta larga de dormir, sem cueca por baixo, empoleirado na bancada da cozinha.
— Tenho. — ele respondeu, se aproximando devagar.
— Então vá.
— Vai se sentar bem aí, sem cueca, com essas pernas abertas, e me dizer que eu devo ir?
S/N sorriu.
E em menos de três minutos, já estava de bruços na bancada fria, a camiseta erguida, e o pau de Yunho enfiando fundo, sem piedade.
— Ai… ai, Yunho… — gemia baixinho, com os olhos revirando. — A porta tá aberta…
— Deixa. Que vejam que você é meu.
E eles viram.
Na semana seguinte, o mordomo bateu na porta da biblioteca e, ao abrir, deu de cara com S/N no colo de Yunho, quicando no pau dele, gemendo contra o ombro do alfa.
— M-me desculpem, eu... volto depois...
Na outra, foi a cozinheira que encontrou os dois na despensa, Yunho com a mão na garganta de S/N, estocando fundo enquanto sussurrava safadezas no ouvido dele, o leite entornado no chão ao lado.
— Senhores! Pelo amor de Deus! — ela gritou, cobrindo os olhos e correndo pra fora.
Yunho só riu.
— Vão ter que se acostumar.
E ele estava falando sério.
Porque depois da primeira vez, não havia mais “distância elegante”. Yunho queria tudo. Todos os dias. Acordar com S/N aninhado no peito. Tomar café com ele sentado no colo. Andar pelo jardim com os dedos entrelaçados.
— Você era frio antes — S/N comentou certo dia, enquanto desenhava Yunho deitado, nu, apenas com o lençol até a cintura.
— Você era um fantasma — respondeu ele. — Agora você sorri. Agora você geme pra mim. Agora você é meu.
— Eu sempre fui meu.
— E agora você escolhe ser meu. — Yunho se levantou e pegou S/N no colo. — E eu vou te lembrar disso todos os dias.
E lembrava.
Na cama.
No sofá.
Na varanda do quarto, com o céu estrelado testemunhando S/N de quatro, gritando de prazer enquanto o pau grosso de Yunho entrava e saía com força, o som do corpo dele batendo contra a bunda ecoando no silêncio da noite.
— Você me mata — S/N dizia, entre beijos ofegantes. — E eu gosto.
— Você é minha perdição — Yunho respondia, lambendo a coluna dele. — E eu nunca mais quero me encontrar.
As semanas passaram assim.
Fodiam tanto que perderam a noção.
Sexo com café. Sexo antes do banho. Sexo depois do banho. Sexo fingindo que estavam só lendo juntos no sofá. Sexo até mesmo com as mãos dadas, no silêncio da biblioteca, quando Yunho simplesmente não resistia em meter devagar enquanto os dois se olhavam.
Mas mais do que isso...
Eles riam. Juntos.
Dividiam comida. Dormiam enroscados. Se ouviam.
Yunho agora fazia questão de ver os desenhos de S/N, comprava livros que ele talvez gostasse, mandava buscar pigmentos raros só pra surpreendê-lo no ateliê.
— Por que você faz tudo isso agora? — S/N perguntou um dia, deitado com a cabeça no colo dele.
Yunho olhou nos olhos dele, sério.
— Porque me apaixonei pela sua liberdade. E depois me apaixonei por você.
S/N ficou em silêncio. Engoliu em seco.
— Você é um idiota por ter demorado tanto.
— Mas agora você é meu idiota — Yunho murmurou, descendo a mão pelas coxas do ômega. — E vai ser o meu ômegazinho gostoso pra sempre.
S/N riu.
Mas logo gemeu.
Porque Yunho o virou na cama e abriu as pernas de novo, pronto pra outra rodada.
E o sol ainda nem tinha nascido.
O “eu te amo” veio num dia comum.
Sem flores, sem velas, sem roupas caras.
S/N estava de pé no ateliê, uma mancha de tinta vermelha no queixo, usando uma camisa velha de Yunho e um short minúsculo que deixava metade da bunda à mostra. Ele segurava um pincel com a boca, os cabelos presos de qualquer jeito, cantarolando baixinho enquanto terminava uma tela nova.
Yunho observava tudo da porta, os braços cruzados, a gravata meio frouxa, o coração explodindo no peito.
E foi ali que ele soube.
— Eu te amo — ele disse.
Simples assim.
S/N virou, com o pincel ainda preso entre os lábios, piscou confuso. Tirou o pincel com os dedos sujos de tinta e arregalou os olhos.
— O quê?
— Eu te amo, S/N.
S/N largou tudo. Foi até ele devagar. Tocou o rosto dele com mãos sujas de tinta e sorriu.
— Até que enfim, Yunho.
— Você já sabia?
— Eu só estava esperando você criar coragem.
— Arrogante...
— É por isso que você me ama... e eu... te amo também — ele sussurrou, colando os lábios nos dele.
Casaram-se dois meses depois. Dessa vez de verdade, sem obrigação, sem papeis, sem mães manipuladoras, nada de mídia, nada de festa.
Só eles dois, sob as estrelas, no jardim da mansão, rodeados pelas luzes amareladas penduradas entre as árvores, com a grama cheirosa sob os pés e os dedos entrelaçados. Yunho usava uma camisa branca simples, aberta no peito. S/N usava branco também, mas o tecido leve dançava com o vento, como se o vestisse e despisse ao mesmo tempo.
— Pronto pra ser meu oficialmente? — Yunho sussurrou, com os olhos marejando.
— Eu já sou seu desde que você me deixou pintar de novo — S/N respondeu, sorrindo, emocionado. — Mas agora… agora o mundo todo vai saber.
E sabiam.
Porque na noite estrelada, eles assinaram os novos papéis.
Nada de contratos empresariais.
Dessa vez, assinaram com os corações nus.
A noite de núpcias?
Ah... não poderia ser diferente.
S/N nem teve tempo de tirar a roupa sozinho. Yunho o deitou na cama e despiu cada peça com os dentes, com as mãos, com a boca. Beijou cada centímetro, lambeu a clavícula, mordeu os mamilos, espalhou beijos pela barriga.
— Hoje você é meu marido. E eu vou te foder como tal.
— Então fode logo, Yunho...
O alfa sorriu. Enfiou dois dedos no cuzinho dele, devagar, enquanto o olhava nos olhos.
— Você se abre tão bem pra mim... tá quente... tá apertado...
S/N gemia, manhoso, se revirando nos lençóis brancos, pedindo mais.
Yunho se posicionou, o pau grosso e latejante roçando na entrada do ômega.
— Hoje eu vou gozar dentro de você e te fazer meu até no DNA...
E fez.
Metendo fundo, estocando com força, com tesão, com amor. Beijava S/N enquanto o fodia, dizia que o amava enquanto sentia o nó se formar, e gozou gemendo o nome dele, colado, marcado, tremendo inteiro.
E S/N chorou de prazer.
Porque aquilo era mais do que sexo.
Era lar.
Meses depois, o lar ganhou outro nome: Taeyun.
O bebê veio pequeno, rechonchudo, com cabelos pretos como o do pai e os olhos doces como os de S/N. Chorava alto, mamava com força e tinha um olfato aguçado — que só se acalmava com o cheiro do alfa.
Yunho, aquele homem de negócios impiedoso, que fazia reuniões com banqueiros e CEOs, virou um completo idiota por aquela criaturinha.
— Amor, você já trocou cinco fraldas seguidas — S/N disse rindo, sentado na cama com o cabelo bagunçado.
— Ele prefere que eu troque — Yunho respondeu sério, embalando Taeyun nos braços. — Olha isso. Ele me ama.
Taeyun, de fato, soltou um pequeno barulho e esfregou o rostinho no peito do pai, onde o cheiro era mais forte.
— Você é um babão, Yunho.
— Eu sou o pai. É diferente. Eu sou... um babão de autoridade.
S/N riu.
Yunho se aproximou da cama e deitou com o bebê entre os dois, Taeyun todo enrolado na mantinha azul.
— Somos uma família — ele murmurou, com os olhos fechando.
— Uma família esquisita, safada e maravilhosa.
— E eu amo tudo isso — Yunho respondeu, puxando S/N pra um beijo leve.
E Taeyun soltou um arroto bem no meio do momento fofo.
— Pronto, puxou o pai — S/N disse, rindo alto.
— Qual dos dois?
— Você. O safado.
Yunho sorriu.
Era o final feliz que nenhum contrato tinha prometido.
Mas que a vida, imprevisível como ela é, entregou no fim.
A ligação veio numa tarde de céu limpo.
S/N estava sentado no jardim da mansão, debaixo da árvore onde se casaram, com Taeyun adormecido em seu colo. O menino tinha acabado de fazer dois anos, e o cabelo preto ondulado cobria metade do rosto enquanto dormia profundamente.
O celular vibrava no braço da poltrona de madeira, o nome que piscava na tela fazia o coração de S/N endurecer.
Mãe.
Fazia mais de dois anos desde que não se falavam.
E ela insistia em ligar todo mês, como se de alguma forma aquele gesto apagasse tudo o que tinha feito. Como se agora, por ser avó, ela tivesse algum tipo de perdão garantido.
Mas S/N não era mais o mesmo ômega frágil que um dia implorou com a garganta doendo para não ser jogado num casamento por conveniência.
Ele era um ômega livre. Amado. Escolhido. E pai.
Apertou o botão vermelho.
Sem hesitar.
Yunho apareceu na porta de vidro da sala e observou em silêncio, como fazia sempre que aquele número aparecia. Ele sabia que não era a hora de forçar nada — aquele corte, S/N precisava fazer com as próprias mãos.
S/N levantou, com Taeyun ainda no colo, e caminhou devagar até Yunho, que estendeu os braços.
— Tá tudo bem? — ele perguntou baixinho.
— Agora tá.
Yunho beijou sua testa, e os dois voltaram pra dentro com o filho entre eles.
A vida ali era simples. Simples e cheia.
Taeyun crescia rápido, esperto como o pai ômega e birrento como o pai alfa. Sabia exatamente quando manipular um e conquistar o outro. Com dois anos, já dizia palavras como “não”, “meu” e “quero agora” com a autoridade de um pequeno rei.
— Esse menino vai mandar na gente até os dezoito — S/N resmungava, colocando o uniforme de dinossauro que o filho insistia em usar todo dia, mesmo no calor.
— Ele é só expressivo — Yunho dizia, segurando o riso enquanto fingia cortar morangos em formato de corações para o lanche.
— Expressivo? Amor, ele me chamou de "chato" porque eu não deixei ele jogar suco na planta!
— Bem... você foi um pouco chato — ele provocava, piscando um olho.
S/N mostrava a língua e os dois riam como adolescentes, Taeyun entre eles, rindo também, mesmo sem entender a piada.
E era sempre assim.
Risos, brincadeiras, pequenas birras, noites mal dormidas, sorrisos babados. E amor. Amor por todos os lados.
Nos fins de semana, iam juntos ao parque.
Yunho empurrava o carrinho com uma mão e segurava a de S/N com a outra. Taeyun andava entre eles com a mochilinha de sapo nas costas, as perninhas apressadas tentando acompanhar.
— Papai, corre! — ele gritava para Yunho, e o alfa obedecia na hora.
Corria com ele no ombro, como um foguete, arrancando gargalhadas de Taeyun que ecoavam pelo parque inteiro.
S/N ficava para trás, as mãos no bolso do casaco, observando os dois com os olhos brilhando.
— Você tem ideia do quanto eu amo vocês? — ele murmurava pra si mesmo.
Durante as noites, o trio se amontoava no sofá da sala.
Taeyun entre os dois, coberto por um cobertor enorme, com os olhos arregalados enquanto assistia desenhos ou pedia para S/N contar histórias. Às vezes, S/N inventava finais felizes para contos de fadas, onde o lobo virava florista e a bruxa se tornava professora de poções boas.
— E o príncipe? — Taeyun perguntava.
— Ele abriu uma padaria com o namorado e agora faz os melhores bolos da floresta — S/N respondia, rindo.
Yunho apertava sua cintura com carinho.
— Seu cérebro é uma fábrica de açúcar, sabia?
— E o seu é o forno que assa tudo com perfeição — S/N rebatia, se virando para beijar o queixo dele.
Quando Taeyun dormia, o casal se redescobria.
Às vezes, o sexo era lento, cheio de carícias, sussurros e suspiros abafados. Outras vezes, Yunho pegava S/N de surpresa na cozinha, ou o puxava para o escritório, trancando a porta e fodendo como se ainda estivessem apaixonados pela primeira vez.
Mas o que nunca mudava era o depois.
A forma como Yunho abraçava S/N, como beijava seus ombros e dizia que o amava. Como dormiam colados, entrelaçados, com os dedos unidos até de madrugada.
— Eu não trocaria isso por nada no mundo — Yunho sussurrava.
— Nem eu — S/N respondia, com os olhos quase fechando.
Um dia, S/N recebeu uma carta da mãe. Sem endereço de volta, sem promessas.
“Queria conhecê-lo. Saber como você está. Dizer que sinto muito.”
S/N dobrou a carta com calma e a guardou numa caixa no fundo do armário.
Não rasgou.
Não respondeu.
A ferida ainda existia. Mas ela não definia mais quem ele era.
Porque agora ele era o pai do menino mais esperto da casa.
O marido do homem que um dia teve medo de amar.
O coração vivo de um lar inteiro.
Na primavera, fizeram um piquenique no jardim.
Taeyun, com três anos agora, corria pelo gramado com o cachorro novo da família, um vira-lata enorme e estabanado que Yunho resgatou sem contar pra ninguém.
— Esse cachorro fede — S/N reclamava.
— Ele te ama — Yunho dizia, rindo. — Que nem eu.
— Então fede também.
Yunho puxou o marido pro colo.
— Mas você me ama mesmo assim.
— Amo. Até com cheiro de cachorro molhado.
Riram. Beijaram-se. E observaram Taeyun tentando alimentar o cachorro com pedacinhos de bolo.
— Vocês são tudo que eu sempre quis — S/N murmurou, com a cabeça encostada no ombro do marido.
— Vocês são tudo que eu nem sabia que precisava — Yunho respondeu, apertando a mão dele.
A tarde caiu devagar, pintando o céu de rosa e dourado.
Taeyun se cansou e veio correndo, caindo entre os pais com a respiração acelerada, os cabelos grudados na testa.
— Cansou, bebê? — S/N perguntou, beijando sua bochecha.
— Não sou bebê. Sou alfa! — ele respondeu bravo, os bracinhos cruzados.
— O alfa mais lindo que eu conheço — Yunho disse, levantando-o com facilidade e fazendo cócegas até ele rir alto.
— Papai! Não! — ele gritava, se contorcendo de rir.
S/N deitou de lado na toalha e observou a cena.
Era ali.
O universo dele inteiro.
Naquele jardim, naquela risada, naquele homem e naquele filho.
Nada mais importava.
Nem o passado. Nem os erros. Nem os fantasmas.
Só o agora.
E aquele agora era perfeito.
— Eu amo vocês — ele disse, com a voz baixa.
Yunho o olhou, ainda com Taeyun nos braços, e sorriu.
— Nós também te amamos.
Taeyun esticou o braço pequeno e tocou o rosto de S/N.
— Papai feliz?
S/N segurou a mãozinha e a beijou.
— Muito.
E foi ali, com o sol se escondendo, o cachorro roncando ao lado e os risos dos dois enchendo o coração dele, que S/N soube:
Ele nunca mais estaria sozinho.
Porque aquela era a família que o amor construiu.
E o amor... nunca abandonava.
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🎃 kinktober - day thirty: peeking com esteban kukuriczka.
— aviso: DARK ROMANCE. não é um smut. creepy (?).
— word count: 2,1k.
— nota: a penúltima história do nosso mês especial. espero que vocês estejam gostando tanto quanto eu gostei! a interação de vocês fez toda a diferença para me motivar durante esse período.
verificou a própria estrutura no espelho mais uma vez. se perdesse aquele trabalho, ficaria sem pagar o aluguel daquele mês. desta maneira, era importante que você estivesse perfeita. ajeitou os cabelos mais uma vez, puxou a blusa para que ela ficasse bem justa e delimitasse os seios no lugar certo, ajeitou a calça jeans e conferiu unha por unha, das mãos e dos pés. quando se era uma modelo, não podia correr o risco de parecer desleixada. já tinha passado bons minutos conferindo a lingerie, já que teria que tirar a roupa.
era um dia ensolarado em Buenos Aires. você agradeceu mentalmente por não estar chovendo ou o look e o seu cabelo seriam arruinados. se sentia uma garotinha superficial por pensar tanto na própria aparência, mas era aquilo que restava como ferramenta para pagar as contas. era estudante de enfermagem e, na maioria do tempo, estava se matando de estudar para a faculdade. não podia trabalhar nem mesmo nos empregos de meio período. sua imagem fora a única coisa que restara para colocar comida na mesa. já não tinha a mãe para lhe dar uma ajuda e nunca conhecera o pai.
você morava em um pensionato. era uma casinha simples de uma senhora que, assim como você, não tinha condições o suficiente para morar sozinha. a casa era velha, mas a senhora sempre a mantinha limpa e a comida sempre era maravilhosa. você ajudava pagar as contas e o mercado e vivia bem (o tanto quanto podia). mas, era inegável que a vontade de ter o seu próprio lugar só crescia.
esperava na calçada quando o vizinho estacionou um carro do ano na vaga da garagem. a criança que estava sentada no banco de trás abriu a porta e pulou do assento na primeira oportunidade, correndo em direção à porta de entrada. o pai, que desceu logo em seguida, sorriu gentilmente para você. era Esteban, o farmacêutico que morava na casa ao lado. estava recém divorciado e na metade da semana era responsável por cuidar do filho. você se lembrava bem do dia que o caminhão de mudança tinha vindo buscar as coisas da ex-mulher dele. recordou o sentimento de pena que teve ao vê-lo assistir o caminhão indo embora.
"bom dia, senhor Kukuriczka." você o cumprimentou. Esteban tinha aberto o porta-malas e lutava para equilibrar as bolsas e os brinquedos do próprio filho. você, vendo que o motorista do aplicativo ainda estava distante do seu endereço, resolveu ajudá-lo.
"bom dia. já disse que não precisa me chamar assim, somos vizinhos." ele sorriu, agradecendo pela sua ajuda. ele era um homem muito bonito. tinha olhos cor de mel, sardinhas por todo o rosto branquinho e, mesmo que aparentasse tentar pentear os cabelos, eles sempre estavam bagunçados. "obrigado pela ajuda."
"de nada. manda um beijo para o Daniel." Daniel era o filho de Esteban, que era tão fofo quanto ele. algumas vezes tivera o prazer de servir de babá para o filho do casal. Esteban e a sua ex-mulher sabiam o quanto você vivia apertada e sempre a priorizavam quando tinham que chamar uma babá. você nunca se importou.
o carro de aplicativo chegou e você se despediu do seu vizinho. se preparou mentalmente para o fato de que iria para um lugar desconhecido, entrar em uma sala fria de calcinha e sutiã e desfilar para uma banca de pessoas que você nunca tinha visto na vida. com sorte, sairia de lá com um bico. o processo era vergonhoso, mas valia pena, no final.
tinha sido mais cansativo do que vergonhoso, afinal. uma fila imensa de mulheres de todos os tipos esperavam no corredor do prédio da assessoria. você teve tempo o suficiente para realizar as atividades e estudar tudo o que precisava. conseguiu até mesmo se distrair jogando Sudoku enquanto a fila interminável ia ficando cada vez mais reduzida. na hora da sua apresentação, você nem estava mais nervosa. um pouco entediada, mas relaxada. retirou as peças de roupa, respondeu as perguntas de queixo erguido e quando foi convidada para o trabalho, já sabia que não teria como não ser convidada para aquela oportunidade. de longe, tinha sido uma das suas melhores entrevistas.
usou o resto do dinheiro que tinha no cartão de débito para comprar um vinho barato na mercearia perto de casa. comprou também alguns produtos que estavam em falta em casa para ajudar com as despesas e um cigarro vagabundo. enquanto tragava em direção a casa, não pôde evitar de sorrir. o cachê seria bom o suficiente para que você pagasse suas contas sem problemas. não teria maiores regalias, mas o essencial seria coberto.
em casa, a senhorinha com quem você dividia a casa já tinha preparado o jantar. ela sabia sobre a entrevista e se certificou em preparar o seu prato favorito: macarrão à bolonhesa com almôndegas. ao saber da notícia de que você tinha conseguido o emprego, se permitiu até tomar uma taça de vinho com você. jantaram, assistiram à novela e uma taça de vinho se tornaram várias. você gostava da companhia da viúva e vice-versa. quando decidiu ir para o quarto, já passava da meia-noite.
seu quarto estava como você havia deixado. a luz do luar somada à luz dos postes iluminava alguns dos móveis no seu cômodo particular. algumas roupas estavam jogadas pelo chão, demonstrando a sua preocupação em parecer apresentável naquele dia. você guardou de volta as peças, além do salto que tinha te torturado durante todo o dia.
sentia-se exausta, mas realizada. todos as pendências da faculdade estavam feitas, você tinha conseguido o trabalho no qual pensara durante semanas. tinha comido uma ótima refeição e se sentia bem como nunca. retirou a roupa que estava usando, a enfiando no cestinho de roupas sujas que tinha no canto do quarto. pegou o fone de ouvido, colocando um em cada meato e dando play em uma música qualquer.
observou-se com admiração no espelho. depois daquele dia, era justo um pouco de adoração à si mesma. tinha ganhado tantos elogios da banca avaliadora que se perguntou se era mesmo aquilo tudo que eles diziam. se vendo no espelho naquele exato momento, pôde confirmar que sim. era um verdadeiro mulherão.
e Esteban concordava, vendo tudo da janela do próprio quarto. era um castigo e uma dádiva ter a janela virada para a sua casa. há muito ele te observava sem que você soubesse. não conseguia tirar os olhos e a mente de você. seus cabelos longos, seus lábios marcantes, seus olhos profundos, tudo eram objeto de desejo e admiração. quando você se desnudava, era ainda melhor. seus seios firmes, empinadinhos, a bunda redonda e voluptuosa. seus quadris e cintura, onde ele poderia se perder por horas. você tinha todo o direito de ser uma modelo, pois na opinião dele, você era a mulher mais linda do mundo.
ele se lembrava bem de quando tudo começara. tinha acabado de se divorciar e os primeiros meses tinham sido difíceis. às vezes ele tinha que trabalhar no turno da noite e não tinha ninguém para ficar com Daniel enquanto ele estivesse fora. ninguém além de você. tinha sido em uma noite de quinta-feira, ele chegou do trabalho e encontrou você, de bruços, com as pernas cruzadas e os pézinhos lindos balançando enquanto montava um quebra-cabeças com Daniel (que nos primeiros meses, se recusava à dormir antes que o pai chegasse). desde então surgira a obsessão por você.
descobrira que tinha acesso à vista do seu quarto por acidente. consertava uma das persianas da janela lateral do próprio quarto quando percebeu que conseguia ver você sentada à escrivaninha, estudando alguma coisa. com o passar do tempo, tinha se tornado um passatempo descobrir o que você estava fazendo. vez ou outra, espiava pela janela. às vezes, você estava fazendo yoga, nas maiorias das vezes estava estudando ou dormindo. e em alguns raros momentos ele tinha a oportunidade de te ver nua ou seminua.
e aquele era um daqueles deliciosos momentos. você segurava o cabelo entre as mãos, empinava a bunda em direção ao espelho ou observava seus seios, embasbacada com a própria beleza. os dedos corriam pela cintura, pelas coxas, se tocando e exaltando à própria sensualidade. estava cheia de si até que os olhos focalizaram algo mais no espelho: Esteban.
virou de costas quase que imediatamente, como um reflexo. estava assustada e os olhos arregalados refletiam aquilo. Esteban fez o mesmo, arregalando os olhos e se afastando do espelho rapidamente. suas mãos tremeram e o corpo foi imerso em um calafrio, suor descendo pela nuca. você se escorou no parapeito da janela, ainda chocada.
sua mente nem considerava a possibilidade daquilo ser algo comum. pensava que, por ventura, Esteban estava passando pela janela e viu você se trocando. o estado alarmado dele confirmava que tinha sido pego numa situação da qual ele se envergonhava. aquilo fez você sorrir. não se importava de ter um homem bonito como ele olhando pela sua janela. e o esperou voltar até lá para que pudesse confirmar aquela informação.
Kuku voltou a olhar pela janela, apenas para confirmar que você tinha o visto e que ele não tinha ficado louco. você acenou, sorridente. ainda trêmulo, Esteban a cumprimentou com um mesmo aceno. não acreditava que você estava tão calma com a situação. não tinha nem mesmo forças para olhá-la no rosto depois de ter sido pego. se sentia como uma criança malvada.
você não fez nada nos primeiros minutos, apenas se certificando de que estava tudo bem para você que ele espiasse um pouquinho. não era nada terrível demais, na sua opinião. quando ele se acostumou e estava prestes a fechar a persiana, você desabotoou o sutiã e deixou os seios à mostra. Esteban parou o que estava fazendo no meio do caminho.
o membro enrijeceu na samba canção quase que de imediato. já estava semiereto ao observar você se admirando, mas quando teve a confirmação de que você queria mesmo se exibir para ele, endureceu como nunca. causou até mesmo um desconforto, mesmo que o tecido fosse fluido. as mãos agarraram o parapeito da janela com força, a respiração falhando enquanto te estudava. já tinha visto você nua algumas vezes, mas nunca com a sua consciência. aquilo era totalmente diferente. aquilo era você, o recebendo e dando um pouco de si também.
estava prestes a fazer algo que revelasse como ele era louco por você. um sinal de fumaça, talvez. um convite para a casa dele, aquela hora da noite. estava prestes a chamá-la com uma aceno quando ouviu a voz de Daniel chamar por ele no outro quarto, choroso. o filho estava na fase terrível dos pesadelos e Esteban não pensou duas vezes antes de se recompor e sair em direção ao quarto do filho, se amaldiçoando pelo péssimo timing.
você, um pouco sem graça, vestiu um pijama qualquer pego as pressas no guarda-roupa. não tinha entendido se algo havia acontecido ou se Esteban tinha odiado aquela interação. nos primeiros momentos, você tinha jurado vislumbrar um pequeno sorriso. quase sentiu a tensão entre os dois. e no outro, ele estava correndo pelo quarto.
sua curiosidade foi maior. você pegou o telescópio astronômico que ganhara de aniversário de 10 anos, que estava bem guardado no fundo do guarda-roupa. depois de levar minutos montando a geringonça, precisou reaprender como utilizar. levou alguns minutos e a visão não estava lá essas coisas, mas você foi capaz de ver a janela do quarto de Daniel com facilidade, a sombra de Esteban o ninando na cama. sentiu-se menos envergonhada. pelo menos, ele estava cuidando do filho.
seus olhos estudaram um pouquinho mais da arquitetura da casa. visualizou o quarto de Esteban, vendo apenas as paredes. depois que a ex-mulher dele tinha ido embora, a casa parecia menos colorida. vislumbrou também alguns outros cômodos, embora estes estivessem mergulhados na penumbra.
o único cômodo que tinha uma luz solitária acesa era o escritório do primeiro andar. você forçou para ver o que tinha lá dentro. a mesa estava repleta de papéis e a poltrona de couro era enorme. algumas fotos grandes da família estavam sobre a mesa. quando você correu o olho pelas paredes, pôde ver outras fotos penduradas. mas, estas estavam pregadas na parede de maneira desleixada e pouco lisonjeira. não possuíam moldura. suas mãos tremeram quando você se deu conta do conteúdo das imagens.
era você.
por todos os lados, de todas as formas. de lingerie, nua, dormindo, praticando yoga. reconhecia cada centímetro seu pregado pelas paredes dele. suas mãos tremeram e você se afastou do telescópio, um pouco chocada. a vontade de antes tinha se transformado em um desespero apertando a garganta.
se deu conta de que a luz do quarto de Daniel tinha voltado a se apagar. e Esteban estava à janela, de novo.
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𝐞𝐧𝐝𝐨𝐫𝐟𝐢𝐧𝐚 𝐜𝐨𝐦 𝐦𝐨𝐫𝐟𝐢𝐧𝐚



tangerine x leitora!grávida
avisos: conteúdo sexual, linguagem explícita, gravidez, professores de faculdade!au. palavras: 1.4k
Você e Tangerine mantinham um relacionamento estável há muito tempo. Ele te amava mais do que tudo no mundo, então era natural ele primeiramente achar estranho o fato de querer esconder a relação. Pelo simples fato de ter um grande impedimento: vocês eram professores na mesma faculdade.
Não que isso fosse errado, não existia regra pra esse tipo de coisa que impeça dois professores de namorarem, ainda mais em um ambiente que prevaleçam adultos e ninguém ligava muito para vida um do outro. Mas por algum motivo parecia errado. E mais do que tudo, que aluno não amaria saber que o professor durão de criminalística estava pegando a professora de farmacologia? Era um prato cheio para fofoca nos corredores.
Porém, algo havia mudado para sempre a maneira do que os alunos já haviam desconfiado mediante as entradas aleatórias de Tangerine na sala de aula para deixar comida ou avisar que o carro estava destravado no estacionamento: você estava grávida.
Grávida.
Quem diria que isso tudo aparecia depois de 6 meses?
Bom, não foi planejado, mas vocês já eram adultos e já sabiam das consequências de se envolver tanto fisicamente, com um fetiche de gozar dentro de ambas as partes. Tinham emprego estável, se amavam, moravam juntos. Só não previram as risadinhas dos alunos e burburinhos no corredor com suposições que vocês no mínimo achavam graça.
“Eu acho que a professora de farmacologia estava com ele desde o ensino médio.”
“Eu soube que Tangerine tinha três filhos, mas eles estão casados há 17 anos.”
“Eu soube que ela nem pode engravidar e Tangerine arrumou uma barriga de aluguel.”
Era uma coisa mais bizarra do que a outra que você e Tangerine acabaram tomando com leveza, rindo no fim da tarde das coisas que alguém escutava no corredor e comunicava para vocês. Você apenas sorria e murmurava um “queria que esses alunos fossem criaticos assim na sala de aula…”. Tangerine já era mais direto, soltando um “quando eu pegar essa peste que espalhou isso…”, mas depois suavizava, afinal, era ele quem tinha você.
“Oi, meu amor. Trabalhou muito hoje?” Tangerine cumprimentou, dando um beijo na sua bochecha quando entrou em casa, andando para deixar a pasta largada no sofá.
“Não… só tive umas aulas de manhã e corrigi as provas dos veteranos.” Você disse trancando a porta e andando até ele para um abraço preguiçoso. “E você? Chegou mais tarde.”
“Estudo de caso.” Ele respondeu, envolvendo sua cintura, puxando seu corpo levemente para mais perto para não machucar sua barriga. “Incrível como aqueles burros do caralho não conseguem interpretar um simples teste de paternidade.”
“Tan, são novatos.” Você suavizou, levantando as mãos para sentir o rosto dele em sua palma. “Eles ainda tão pegando o jeito. Mas e aí, como andam suas outras quatro esposas?”
“Estão bem, juntos com seus outros quinze filhos escondidos.” Ele retribuiu a brincadeira, dando uma risada alta antes de calar-se para beijar a linha de seu cabelo.
“Quinze é?” Você riu, levantando o rosto para beijar os lábios dele, o bigode roçando nos seus.
“Quinze e todos meus. Ouvi isso da turma de Direito.” Ele sorriu, plantando longos selinhos no seu rosto. “Acho que eu tenho um super esperma pelo visto.”
“Ah, você tem sim. Sou prova disso.” Você flertou em voz baixa, mordendo o lábio, ficando na ponta dos pés para dar um beijo mais longo. “Acho que quero experimentar mais dele.”
“Ei, calminha aí.” Ele sussurrou, balançou a cabeça, descendo as mãos para o vão de suas costas até os seus quadris, apertando a carne suave. “Sabe que tenho que me segurar com você desse jeito. Desde que soube de sua gravidez, eu tô me vigiando. Você tem mais três meses pela frente.”
“O bebê aguenta.” Você sorriu, dando mais um beijo lento nele.
As mãos de Tangerine desceram até a polpa de sua bunda, dando um aperto generoso e ao mesmo tempo gentil, enquanto retribuía o seu beijo com gosto. Quando sentiu a respiração ficar um pouco desregulada, ele se afastou, voltando ao pequeno selinho.
“Não me provoque.” Ele advertiu, puxando seu lábio inferior entre os dentes antes de selar. “Quero ter cuidado com nosso filho.”
“Relaxa. Existe algo envolvendo ele. Ele tá seguro.” Você confortou, passando os braços ao redor do pescoço dele para puxá-lo para mais perto. “Além disso… fazer sexo no período da gravidez ajuda no parto. Auxilia na parte das contrações no futuro com os hormônios e tudo.”
“Bom saber…” ele sorriu manhoso, balançando seus corpos de um lado para o outro lentamente, descendo a mão para apertar suavemente seu seio, sem intenção de machucar. Gentil e suave, como seu Tangerine. “Sabe como eu amo ajudar, não é?”
“Eu amo tanto isso em você.” você sussurrou, fechando o espaço entre vocês em mais um beijo suave, onde seus dedos seguiram para desabotoar o colete.
“Onde aprendeu sobre isso?” Ele perguntou, tirando o terno dos ombros, seguido do colete aberto, seus dedos trabalhando para retirar a camisa por baixo.
“O que? Do sexo?” Você perguntou, espalmando do peito desnudo de Tangerine, puxando o tecido da camisa pelos braços fortes, com ele te ajudando no caminho.
“É.” Ele respirou fundo, relembrando a maciez do toque de seus dedos na pele quente dele, procurando sentir sua pele, passando o vestido por sobre sua cabeça.
“Internet.” Você respondeu simples, estalando a língua, levantando os braços para passar a roupa. Ele levantou a sobrancelha. “Brincadeira. Estava lendo uns artigos sobre gravidez. Queria me manter informada o tempo todo. Prevenir umas coisas, aumentar outras.”
“Hmmmm… e qual a explicação pro sexo?” Ele questionou, agora tocando seus seios coberto pelo fino sutiã em um modelo mais confortável para acomodar seus seios que cresciam conforme os meses passavam. “Nossa, como você tá gostosa.”
Você riu, fingindo empurrá-lo pelo braço, mas apenas apertou os bíceps, direcionando vocês para o quarto. Tangerine seguiu você, se livrando das calças enquanto observava você tirando seu sutiã e jogando em algum canto do quarto. Ele sentou na beira da cama, sorrindo ao ver você em pé se encaixando entre as pernas dele para continuar a explicação.
“Bom, não é todo sexo na gravidez que é seguro, mas andei pesquisando e indo no médico.” Você começou, pausando um pouco na respiração mais profunda quando ele tocou suas coxas, as mãos subindo para agarrar seus seios novamente e depositar um pequeno beijo no bico enrijecido. “Meu caso vai ajudar. Produz ocitocina, endorfina. O esperma tem prostaglandinas que ajudam nas contrações.”
“Minha nossa. Você fica sexy pra caralho falando essas coisas. Não entendo nada.” Ele elogiou, serpenteando com as mãos até seu quadril para te puxar para mais perto. “Fica tão gostosa dessa maneira. Tão perfeita… com nosso filho. Você é tão… porra.”
“Tá falando isso só pra me comer?” Você brincou, levando sua mão para os densos cabelos castanhos dele, sua coluna se arrepiando ao senti-lo beijar sua barriga.
“Um pouco. Amo a ideia de comer a professora, sabia?” Ele flertou, fechando os olhos para se deleitar com seus lábios mais uma vez antes de você se endireitar e continuar.
“Bom, nosso bebê está seguro. Envolvido em líquido amniótico. Sem preocupações de emprego, faculdade, salário, crime...” Você prosseguiu, mordendo o lábio ao sentir Tangerine abocanhar seu seio com cuidado, chupando o pequeno ponto, o frio batendo ao calor da boca dele sair, envolvido novamente pela língua. “Ele… está bem.”
“Então ele não vai ficar surpreso com sei lá. A rola do pai dele do nada?” Ele riu, mas a preocupação era notória no meio do sarcasmo. Você não evitou a risada baixa, descendo para beijar o rosto dele.
“Não. Apenas a mamãe aqui.” Você falou quase como um feitiço para ele, que riu, molhando os lábios.
“Eu te amo.” Ele firmou, em contraste a cada provocação suja e altamente científica de antes. Era puro, tal como o amor de Tangerine e o coração que batia entre vocês.
“Eu também te amo.” Você respondeu, beijando-o com calma, com a cautela dele, como se você fosse quebrar a cada simples toque rude embaixo daqueles calos.
#tangerina x reader#tangerina x leitora#tangerina x s/n#trem bala#aaron taylor johnson x leitora#aaron taylor johnson#tangerine x you#tangerine x reader#leitora#brasil#imagines#português
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Oiii, vim aqui de novo pra fazer um pedido, porque gostei muito do último que você fez.
Enfim, eu gostaria um com que o Harry e a S/n são cirurgiões e casados (um com o outro óbvio ksksk) e aí chega um interno que da em cima da S/n (ele não sabia que ela é casada) então eu queria uma cena engraçada e vergonhosa do Harry querendo marcar território. É isso... ❤️
Casados com aliança e tudo!
S/n estava debruçada sobre um tablet, revisando os exames de um paciente complicado, quando a porta da sala se abriu e um rosto novo entrou. Alto, sorriso branco demais pra ser honesto, e com um jaleco recém-passado que cheirava a ambição.
— Dra. S/N? — ele se aproximou com aquele andar meio ensaiado, cheio de autoconfiança. — Sou o interno Luca. Só queria dizer que… uau. Você é ainda mais impressionante pessoalmente.
S/n ergueu uma sobrancelha, mas manteve o profissionalismo. — Obrigada, Luca. Está designado pra neuro hoje?
— Estou, mas se quiser, posso ir pra onde você estiver — disse ele, piscando um olho com um sorriso que provavelmente achava irresistível.
Nesse momento, como se convocado por uma força sobrenatural (ou o radar que acompanha todo marido ciumento), Harry entrou na sala com sua prancheta e a cara fechada. Usava seu jaleco com o nome bordado Dr. Harry Styles – Cirurgião Chefe, como se fosse uma armadura.
Ele parou ao lado de S/n e colocou a mão na cintura dela com a naturalidade de quem pagou um aluguel vitalício para estar ali.
— Amor, você viu o resultado da angio do paciente da 302? — disse ele, com um tom levemente mais alto do que o necessário, e enfatizando bem o “amor”.
Luca congelou.
S/n segurou o riso, olhando de relance pra Harry com uma expressão de “sério isso?”
Harry virou pra Luca com um sorriso amistoso... mas dos que parecem dizer “eu sei como acabar com uma carreira que ainda nem começou”.
— Ah, não me apresentei! Dr. Styles. Cirurgião... e marido da Dra. S/n. Marido real. Com aliança e tudo. — Ele ergueu a mão e balançou a aliança bem na frente do rosto de Luca, que agora parecia estar suando mais do que no primeiro dia de residência.
— Ahn... claro. É... prazer, doutor — murmurou Luca, claramente arrependido de todas as suas escolhas.
S/n, já segurando o riso, completou:
— Pode deixar, Luca. Te encontro na enfermaria. — disse, com um olhar divertido pro marido que agora estava de pé atrás dela como um Doberman em plantão.
Quando Luca saiu, Harry resmungou:
— Ele piscou pra você. Quem ainda pisca pra conquistar alguém em 2025? Ele não sua aliança?
S/n riu e puxou ele pela gola do jaleco.
— Relaxa, doutor. Só tenho olhos pro meu cirurgião-chefe preferido.
A expressão de Harry suavizou, finalmente mais tranquilo.
— Bom saber. Mas se ele piscar pra você outra vez, juro que marco um plantão de 36 horas só com ele no necrotério.
.
Harry e S/n caminhavam lado a lado em direção aos vestiários. Ele estava exausto, mas atento — ainda de olho em possíveis internos paqueradores aleatórios saindo das sombras.
S/n, por outro lado, parecia bem... divertida com a situação.
— Engraçado como hoje o ambiente de trabalho estava... competitivo — comentou, casualmente, mexendo no crachá.
Harry franziu o cenho, sem entender.
— Competitivo?
— É. Tipo... todo mundo tentando mostrar quem tem mais autoridade, quem tem mais intimidade, quem fala mais alto no meio da sala dos médicos.
Harry jogou um olhar de lado pra ela, desconfiado.
— Você tá falando de mim?
Ela fez uma carinha de surpresa muito falsa.
— De você? Imagina! Eu me referia ao clima geral... embora agora que você mencionou...
Harry parou de andar. — Eu não falei alto. Eu projetei a voz. Técnica de liderança.
S/n assentiu com um ar sapeca.
— Claro. E aquela parte em que você girou a aliança bem devagar na frente do Luca... era o quê? Técnica de hipnose?
Harry suspirou, sem graça, ajeitando o jaleco como se fosse escudo.
— Eu só achei que ele precisava de... contexto.
— Uhum. Informativo. Quase um tutorial: “Como não flertar com cirurgiãs casadas, volume 1: conheça um marido com instinto assassino.”
Harry arqueou a sobrancelha.
— Você tá rindo de mim?
Ela sorriu, inocente.
— Rindo com você.
— Eu não tô rindo.
— Justamente.
Harry balançou a cabeça, e apesar da cara emburrada, não conseguiu esconder o sorriso no canto da boca. Sabia que ela estava se divertindo às custas dele, mas também sabia que isso era sinal de que tudo estava exatamente como deveria.
— Só pra constar — ele disse, parando diante da porta do vestiário feminino — você nunca vai ouvir outra pessoa te chamar de “amor”. Só eu. E eu posso gritar mais alto, se quiser.
S/n se inclinou, deu um beijo rápido no canto da boca dele e murmurou com um sorriso provocante:
— Vou fingir que não achei isso levemente sexy. Mas se for gritar, só não faz na frente do chefe de residência, tá bom?
Ela entrou no vestiário antes que ele pudesse responder — mas a risadinha dela ecoando pelo corredor deixou Harry com aquele misto de irritação e adoração.
Ele passou a mão no rosto, suspirou... e sorriu.
— Essa mulher ainda me mata.
xx
Espero que goste!
All the love <3
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And I never saw you coming - part 2 (feat. Meredith Lee)
Notes: Uma tragédia desse tamanho, que também é um debut. Mdni, pelo amor de deus, tem prostituição nesse texto. E não, não tô difamando a querida usada como cast, vão problematizar isso pra lá.
Não deveria estar fazendo isso na sala do seu orientador, mas ele estava em reunião e ela tinha que gravar conteúdo mais tarde. Tinha até comentado por alto na ligação que hoje não ia poder sair para comer aburo soba com seu melhor amigo porque tinha comprado uma lingerie nova e um dildo enorme para filmar conteúdo naquela noite e ela precisava estar em paz para isso. O celular estava ligado em viva-voz enquanto lixava as unhas que tinha acabado de colar, a lixa de vidro ajustando no formato perfeito, na maior calma, para contrastar com o tom de voz dela que era rápido e irritado.
— Bestie, todo dia é isso, sabe? Todo dia. Você não sabe o que é sofrer porque é filho único, porque se você tivesse dois irmãos mais novos também estaria prestes a coringar e sair gritando na rua que não aguenta mais. Eu te contei da última?
Sim, tinha contado, mas Ryunjin ia escutar porque amizade feita na creche da Senhora Bae era para toda a vida; eles dividiram piolhos, agora dividiam as tragédias do dia a dia.
— Yeosang agora inventou que ele não vai fazer faculdade, né? Tá tem bem uns dois anos enrolando nossos pais falando que vai decidir o que vai fazer e até agora. Mas pergunta se ele tomou alguma decisão. Claro que não tomou, e tá lá enchendo o cu de maconha... — ela continua falando até sua voz morrer no meio do caminho.
Porque em um tom abafado, ela conseguia ouvir a própria voz. A voz dela falando naquele tom sujo que usava apenas quando estava dominada pelo tesão, embriagada pela necessidade de ser alargada por alguma coisa. Ela sabe exatamente que tom é esse porque ela costumava usar quando se divertia em frente a uma câmera para seus assinantes, usando uma máscara cobrindo todo seu rosto e um codinome para disfarçar ainda mais a sua identidade.
Abrir a conta no site de conteúdo adulto foi uma escolha que ela fez quando percebeu que não poderia contar com os seus pais nisso. Os Lee tinham uma quantia razoável de dinheiro, donos de uma loja movimentada no coração de Koreatown, mas mandar um filho para estudar na Itália, sustentar outro que não tinha muitas ambições na vida e pagar a pós graduação de uma filha que tinha ambições até demais era um rombo enorme nas finanças daquele núcleo familiar. Era ela quem queria aquela vida, não tinha porquê eles pagarem, literalmente, pelas consequências dela. Então foi dar o seu próprio jeito de sustentar um padrão de vida e as despesas extras que a bolsa da pós não alcançavam.
Todo mundo a conhecia como Meredith Lee, então quando abriu a conta, escolheu usar o seu segundo nome - Yerim - e um trocadilho com o significado para que não chegassem até ele. "O brilhante mundo de Yerim". Parecia um nome de blog normal até você abrir o link e assisti-la sendo masturbada a distância por gente que pagava quantias absurdas em suas lives. Quanto maior a obscenidade, mais alta a quantia doada para seu canal. E era assim que ela tinha conseguido pagar o aluguel do local onde ela faria a sua pesquisa de campo para sua tese. Os fins justificavam os meios, desde que os meios nunca fossem descobertos.
Por isso que ouvir a própria voz na sala ao lado congelou o sangue em suas veias. Não, ela tinha se precavido para isso não acontecer.
— Eu falo com você outra hora. Acho que meu chefe tá chegando — informa a Ryunjin, desligando a ligação sem muitas satisfações, os olhos enormes enquanto guardava apressadamente tudo que ela tinha usado, tentando fingir normalidade. Como se a sua voz não estivesse ainda vindo do outro lado do corredor, os gemidos roucos falando sobre como ela seria uma boa garota e que merecia gozar.
Com cuidado, Meredith abriu a porta e espiou o corredor, encontrando a porta da frente aberta, os estagiários do outro professor reunidos em frente a um computador, assistindo ao vídeo enquanto riam de frente para a tela. A cor sumiu do rosto dela, enquanto eles lentamente levantavam a cabeça e a encaravam. A ação toda levou apenas uns dois segundos, mas para ela pareceu uma eternidade até o momento em que eles abaixaram a tampa do notebook e abriram sorrisos para ela, que deveriam ser de conforto, mas ela leu como ameaça imediatamente.
— Meredith! Pensamos que você estivesse junto com o Professor Kyong na reunião — um deles diz, sem se levantar da mesa. Mas ele olha diretamente para ela, como se fosse uma presa.
— Pensei que vocês estivessem juntos com o Professor Luthor — rebateu, querendo correr para dentro do escritório e trancar a porta quando um deles se levanta e vai em sua direção, mas ela se obriga a manter o corpo ereto e firme. — Mas aí ouvi alguma coisa...
— Ah, só estávamos vendo algumas coisas no computador pra passar o tempo — o que estava mais perto afirmou, parando no batente da porta e a olhando de cima abaixo. — Mas seria legal se você se juntasse a gente.
— É, Meredith, não fique aí fora sozinha, a gente não morde — um terceiro falou, abrindo um sorriso que mostrava seus caninos e claramente indicava que ele morderia sim. Iria lhe estraçalhar se ela desse um passo em falso.
— Hm, não. Acho que não. A gente pode se ver em outra hora, na verdade... — ela começou a arranjar a desculpa, tentando voltar para dentro da sala.
— Vamos lá, não seja tímida — o primeiro a falar com ela encara suas pernas visíveis pela saia envelope curta antes de se voltar para seu rosto. — Nós sabemos entreter.
— Eu-Eu não acho que seria uma boa ideia — a voz dela ainda é firme, mas ela treme.
Ali estão três homens que estavam assistindo pornografia juntos, no local de trabalho, tecendo comentários sobre, carregados de desejo e soberba. Ela sempre soube que seus assinantes eram duvidosos, sendo dominadores a distância, pagando quantias exorbitantes para dizer que eram eles quem controlavam seu corpo e suas reações, mas ali, ao vivo, era um pouco demais para ela.
Gravar de seu quarto era seguro. E naquele momento ela não se sentia segura.
— Qual é, prometemos que vai ser divertido — o mais próximo tenta agarrar seu pulso, e é o momento em que ela dá um passo para trás, quase tropeçando nos próprios pés.
Vai ser horrível. As coisas escalaram muito da possibilidade de saberem que ela era a Yerim até aquele momento e ela tinha certeza que não iria sobreviver mesmo que ainda respirasse quando tudo aquilo terminasse. O pânico crescia em seu peito e se manifestava na forma como ela tremia tateando a porta atrás de si, torcendo para que eles mudassem de ideia mesmo que eles estivessem marchando na sua direção.
E então aquela voz veio, como um trovão, perguntando o que eles estavam fazendo vadiando no corredor.
Mesmo que Meredith encarasse Draven, não era para ela quem ele dirigia aquela pergunta. Ele olhava com seriedade para aqueles garotos, e com uma coisa a mais brilhando no olhar dele. Obviamente ela não queria se iludir, mas Professor Kyong parecia... Furioso com eles.
Desculpas foram lançadas e aqueles garotos correram para dentro da sala e fecharam a porta, um silêncio nervoso da parte deles deixando tudo quieto. E então Meredith estava sozinha com seu chefe no corredor, ainda trêmula, ainda congelada no mesmo lugar. Quando ele parou em sua frente, sem encostar um dedo nela, o semblante preocupado, perguntando se eles tinham feito alguma coisa com ela, Meredith sentiu finalmente o peso de todos os meses de uma vida dupla que ela estava escondendo da maioria das pessoas.
— Sim. Não. Mais ou menos — ela falou, antes de engasgar com o próprio choro.
A forma como ele a carregou para dentro do escritório e fechou a porta, a colocando sentada no sofá e então pedindo para ela ficar calma, porque ele ia resolver aquela situação a fez chorar ainda mais. Porque Draven era a última pessoa que ela queria que soubesse que era criadora de conteúdo adulto. Porque ela tinha medo do que isso ia causar na pós graduação dela naquela faculdade. Porque ela temia que ele não a levasse a sério depois de descobrir a verdade. Porque ela era silenciosamente apaixonada por ele tinha um tempo e ele nunca iria querer se envolver com uma pessoa que fazia sexo na frente de uma câmera em troca de dinheiro para fazer suas viagens de campo.
"Vai ficar tudo bem". "Eles não vão machucar você". "Ninguém vai machucar você ".
— Você promete? — ela perguntou, a voz embargada.
E a forma como ele se abaixou na frente dela, ficando na mesma altura, ainda respeitando o espaço pessoal dela, jamais olhando para seu decote ou sua saia curta, sem sequer encostar nela sem ela dizer que podia, mexeu com toda a química do seu cérebro antes de ouvir um "prometo" sair dos lábios dele.
Foi nesse momento em que ela buscou ar e então falou. Sobre tudo.
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Boletim de Anelândia: Bônus #11 - Mais um Capítulo de Mãe de Aluguel (História Inacabada)
Olá, pessoas! Boas-vindas a mais uma edição do Boletim de Anelândia.
Trazendo mais um bônus, que é continuação de uma história inacabada, chamada Mãe de Aluguel (um nome provisório). Que é mais uma das histórias doidas que eu escrevia de puro fogo.
Quem quiser ver o começo, só entrar na outra edição bônus onde coloquei o Prólogo.
Hoje, fiquem com o primeiro capítulo - que é até bem curtinho.
Capítulo 1 – Grávida do Rei Emil cumprimentou-me novamente e pediu para que o acompanhasse, pois mostraria os meus aposentos e pelo visto o caminho seria longo, pois logo ele começou a falar: - Então, você é a moça que teve o bebê da Lady Rebecca e agora terá o bebê real? - Não sei se posso falar sobre isto com você, não tenho autorização de suas majestades. - Não se preocupe com isso. Eu serei seu guarda-costas pessoal enquanto estiver aqui. Apresentar-lhe-ei o castelo. - Então serás minha companhia pelos próximos nove meses? - Sim. O rei designou-me esta função. Só não posso prometer que será boa companhia. - Será sim, com toda a certeza. – ri Até aquele momento não tinha parado para prestar atenção em Emil. Ele tinha os cabelos compridos e uma barba rala, seu corpo aparentava ser atlético mesmo em baixo dos tecidos das roupas. Do tipo que me atraia e muito. Mas, nunca pude atender minhas necessidades carnais, pois estou sempre com bebê atrás de bebê. Apenas conheci alguns homens nas tavernas e dormimos uma noite (ou duas) juntos, naquele período em que não tinha chance alguma de acabar com uma barriga. Meu ventre é exclusivo para ajudar essas outras mulheres e para, num futuro, meu próprio filho. Alias, o meu sonho é encontrar alguém para ser o pai deste bebê que eu quero ter. Só que está difícil de encontrar. Então, Emil me tirou dos meus devaneios ao imaginar como ele fica sem todas aquelas roupas. - Senhorita Mary, quando irá ao quarto do Rei Igor? Sei que é uma pergunta íntima. - Não é. – corrigi – Irei já está noite. - Assim tão cedo? As majestades estão realmente com pressa. - Eu também estaria se fosse a Rainha com a pressão de ter um herdeiro. Eles estão casados já tem uns bons anos, apesar de ainda serem monarcas jovens. - E você? Tem família? - Eu tinha. Apenas a minha mãe. Ela morreu um ano atrás. - Eu sinto muito. – um breve silêncio constrangedor – E chegamos. Não sei o porquê de ser o menor quarto e neste canto tão afastado de tudo. - Porque eles querem me esconder. É isso! - Vai ficar nove meses trancafiada neste quarto? - Com você. – ri – Vamos entrar! Abri a porta e mesmo sendo o menor quarto do castelo era ainda maior do que a minha casa. Com enormes janelas, duas camas – uma maior e outro bem menor, para um criado -, uma penteadeira e uma estante com livros. E também já tinha uma tina para o banho, mas ela se encontrava vazia. - O Rei já mandou trazer para mais tarde.
-Deixe as coisas aqui, Emil. Quero ver o palácio.
-Claro, ia fazer exatamente isso. Meus pertences ficaram e nós fomos passear pelos corredores. Ele me mostrou a Sala do Trono, o Salão de Jantar, o Salão de Treino, a Cozinha e depois caminhamos até o jardim e resolvemos ver a fonte no centro do labirinto.
Aqui é tão lindo! – comentei – Uma pena que não poderei vir muito aqui.
Aproveite enquanto pode. Alias, posso perguntar-lhe uma coisa?
-Claro!
-Quanto tempo leva até você descobrir que tem uma criança ai dentro? – e apontou
-Entre três semanas a um mês, isso porque tenho mais experiência nisso. Quando se tem muitos filhos você sabe desse tipo de coisa.
-Entendo. – ele sorriu, meio sem graça – Isso tudo ainda é estranho para mim. Você vai ter o filho do Rei e não vai ter direito nenhum sobre ele. Muitas moças dariam tudo para se beneficiar disso.
-Eu não quero ascender socialmente. Antes, minha mãe fazia isso para me dar de comer. Começou com alguns comerciantes e depois com pessoas com mais posses e claro, alguns nobres. Quando ela não pode mais, eu assumi o lugar dela e mesmo assim, ainda não consegui o que quero.
-E o que você quer?
-Uma família e claro algum lugar que possa chamar de meu. Uma pequena casa ou algo assim. Eu só quero viver bem e sem ter que me preocupar. Encontramos logo a fonte e nos sentamos. Fiquei olhando aquele bela paisagem e ouvindo os pássaros cantando. Até que senti a mão dele tocar na minha e um calafrio subir pelas minhas costas e eu me assustei.
-Desculpe-me, foi sem querer. – ele disse Eu ia responder, mas eu fintei aqueles olhos castanhos e não resisti ao impulso que o calafrio me dera. Estávamos sozinhos e sei que se alguém visse poderia dar algum problema. E, eu o beijei. Sem pudor! Porém, ele não correspondeu, como esperava. Assim que nossos lábios se tocaram, ele me afastou.
-Senhorita Mary, o que estás fazendo? Alguém pode nos ver e isso não lhe será bom. – ele ainda segurava meu rosto com as mãos
-Perdoe-me. Eu… Ele não me permitiu completar a frase ao ocupar minha boca com seu beijo. Meu primeiro dia no castelo e é claro que eu me sentir atraída por meu guarda pessoal.
-Acho que não podemos fazer isso. Pelo menos não aqui! - ele disse por fim
-Eu me senti atraída, desculpe-me. Não acontecerá mais.
-Eu senti a mesma coisa. – sorriu -Nós não podemos…
-Eu sei! Isso fica só entre nós!
Claro! Ninguém precisa saber. E com isso nosso passeio acabou. Retornamos ao meu quarto. O resto do dia transcorreu com a arrumação dos meus pertences. Eu trouxe alguns dos meus vestidos que uso quando estou com a barriga já grande. Emil estranhou. -Para que vestidos enormes assim?
É para daqui alguns meses, precisa de espaço para a barriga aqui. O clima ainda estava estranho por conta do beijo do jardim. Resolvi conversar com ele sobre isso:
-Olha, Emil, não quero que pense nada errado sobre mim…
-Só porque me beijou? Você não é nenhuma donzela e nem uma mulher comum.
Eu sei, mas, eu não quero que esse mínimo acontecimento interfira no que devo fazer. Prefiro que não nos preocupemos com isso agora e sim, quando tudo terminar.
Tudo bem! – ele riu – Fique tranquila quanto a isso. Eu sou um servo do Rei acima de tudo.
O jantar foi servido em meu quarto. Pouco depois, entraram algumas criadas, trazendo água, toalhas e uma roupa para usar na visita ao Rei naquela noite. Emil saiu um pouco do quarto para que pudesse ficar mais a vontade. Tomei banho sozinha e me vesti sozinha também. Não precisava de ajuda para isso. Sentei em minha penteadeira e comecei a pentear meus cabelos, fazendo também uma oração para que - que segundo minhas contas era a melhor época para conceber uma criança – desse tudo certo. Provavelmente passaria bem mais que uma só noite com o Rei. Sai do quarto e encontrei com Emil, que me levou ao quarto, que já estava a minha espera. Eu trajava uma longa camisola e um roupão. Despedi-me de Emil, que disse:
-Ficarei aqui para acompanhá-la de volta ao quarto.
-Obrigada! Abri a porta, sem precisar ser anunciada e lá estava o Rei Igor, com sua pele um pouco mais acobreada, cabelos e olhos castanhos. Ele vestia apenas uma calça e uma camisa de mangas compridas e estava sentado em sua cama.
-Boa noite, Senhorita Mary. Venha! Aproximei-me e parei diante dele. Ele abriu o meu roupão, que caiu no chão. Ele me puxou para si, me lançando na cama e vindo para cima de mim, me beijou. Nossos corpos ficaram atracados por uns minutos, até que o Rei tirou a parte de baixo de sua roupa e me possuiu, com vontade. Eu abri as pernas, deitada na cama e eu não estava ali, eu sempre desligava nesse momento, pensava em outra coisa. Gemia pela questão física mesmo, porque sentir algo eu nem sentia. Acabei pensando em Emil, ali no lugar do Rei e não fiquei mal por isso. Mal podia esperar para poder fazer isso com ele também. O Rei me possuiu mais algumas vezes antes de adormecer. Sendo assim, apenas me levantei, vesti-me e sai. Emil me esperava na porta e talvez meio constrangido pelos sons que saíram do quarto antes, nem olhou para mim. Apenas pediu para que seguisse. Chegamos ao quarto e dormimos.
***
Os dias se passaram e eu ia ao quarto do Rei todas as noites, depois a Rainha ia para lá para acordar com ele de manhã, para todos acreditarem na história da gravidez dela. Assim, passaram três semanas e eu já estava me sentindo diferente, eu sabia que já estava grávida, mas decidi esperar um episódio mais claro para que os outros percebessem. Passava meus dias na companhia do meu guarda-costas. Estávamos construindo uma relação nesse meio tempo. Líamos, conversamos, passeávamos pelo castelo, ele me ensinava umas técnicas de luta, era bem divertido. Nem tocamos novamente no momento do beijo, mas eu já nutria um pequeno sentimento por ele. E foi para ele quem contei primeiro sobre a gravidez. - Eu estou grávida, Emil. - Sério? Como sabe? - Já estou sentindo meu corpo mais sensível e as minhas roupas estão ficando apertadas. - Assim tão rápido? - Já tem quase um mês. - Precisa contar ao Rei e a Rainha. - Prefiro esperar um pouco, pelo menos até meu corpo dar um sinal mais forte e que possa ser percebido pelos outros. - Como o quê? - Como... Não consegui completar a frase, porque me veio uma vontade de vomitar e eu apenas vomitei todo o café da manhã que acabará de comer. Emil veio desesperadamente ao meu socorro. - Estás bem? - Algo como isso. – sorri – Eu estou bem! Agora podemos falar aos monarcas sobre a criança. Emil convocou uma audiência com os governantes imediatamente. E os sintomas resolveram me afetar todos de uma vez. Eu já estava enjoada e me sentindo um pouco tonta, tive que pedir ajuda dele para chegar ao gabinete do Rei, onde tanto ele quanto a esposa e o conselheiro esperavam. - Senhorita Mary, vossa alteza. – ele me anunciou - Entre, querida. – disse a Rainha Gorana ao ver meu estado – Por que está tão pálida? O que aconteceu? O guarda-costas colocou-me numa cadeira e eu pude responder as perguntas deles. - Eu estou grávida, majestades. - Assim tão rápido? – reclamou o conselheiro – Não tem nem um mês. - Conselheiro, eu conheço o meu corpo e dormi com o Rei sabendo bem a possibilidade alta de conceber a criança. - E os sintomas? Grávidas tem sintomas. – retrucou novamente - Vocês os estão vendo. Acabei de vomitar no jardim. Emil, inclusive, viu. - Sim, senhor. E depois disso, ela ficou tonta. - Isso é maravilhoso! – comemorou a Rainha – Meu bebê está ai! - Sim, majestade. – peguei a mão dela e coloquei na minha barriga – Bem pequenino, mas está aqui. - Agora precisamos montar o plano para que essa gravidez passe despercebida. - Simples, é só a Senhorita Mary ficar apenas no quarto, ninguém suspeitará. Enquanto isso, a Rainha forja os sintomas por uns dias e anunciamos a gravidez dela. Emil olhou para mim com pena, estava condenada a ficar trancada num quarto pelos próximos meses, porém eu já estava acostumada com aquilo, não era nem a primeira e nem a última vez que aquilo aconteceria.
Bem, pessoal, é isto!
Ainda tenho mais um capítulo dela - ou melhor, parte de um capítulo, pois não terminei - e quem sabe não o traga aqui, talvez só para deixar vocês mais curiosos.
Até a próxima!
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#1
Não sou bom com textos, mas deixarei meus pensamentos registrados aqui de qualquer jeito.
É estranho pensar que, desde o momento em que comecei a mexer na Internet, minha vida social tem piorado desde então.
Eu iniciei minha jornada por volta de 2005 com um trabalho de escola, era sobre o folclore brasileiro e nem foi eu que fiz a pesquisa, foi a minha mãe. Nessa época eu amava jogar no meu PS2, era meu passatempo preferido, então não me deixei levar de ficar sentado na frente de um computador, até por que, nesse período, a Internet no Brasil ainda estava chegando com a famosa "Internet Discada". No meu quarto com um PS2, eu jogava até a hora de ir dormir, não passava das 23h, eu tinha horários e meus país faziam questão de controlar meus horários pra não ir mal na escola.
Em um certo momento a minha vida virou de cabeça para baixo. Num dia, eu estava no meu quarto, na frente de uma TV de tubo jogando no meu PS2, e no outro, eu estava morando de aluguel com a minha mãe e minha irmã em um local longe pra caralho da escola. Sim, meus pais se separaram depois de 2 anos casado, por volta de 2007/2008. Fiquei tão confuso que meu rendimento nos estudos pioraram, e eu fui de um aluno excelente em matemática e português, pra um dos piores da turma.
2010 foi um ano mágico pra mim, conheci pessoas novas, joguei futebol com pessoas de fora da escola no qual era raro, e algumas dessas pessoas me apresentou as primeiras redes sociais da época, vulgo Orkut e MSN. Pra quem quiser saber o nome dessas pessoas, são: Larissa, Luciana e Matheus.
Matheus eu conheci e me aproximei muito, viramos grandes amigos na época, hoje não tenho mais contato, uma pena. Larissa e Luciana são irmãs do Matheus e, por consequência, acabei virando amigo delas também. Larissa e Luciana me apresentaram meio por cima sobre esse mundo virtual. No MSN, você podia conversar com pessoas, bastava você adicionar ela por e-mail e ela aceitar a solicitação de amizade. Além disso, o MSN tinha uma parada de personalizar seu perfil com letras coloridas e os caralho, era bem legal e dava pra colocar caracteres diferenciados. O Orkut era um Facebook piorado, mas pros padrões da época era insano, você adicionava pessoas, comentava nas fotos delas, tinha as comunidades onde você entrava e debatia sobre assuntos que era o ponto central daquela comunidade e entre outras coisas. Até aqui, tudo continuava tranquilo...
Passou alguns anos e comecei a gostar dessa parada de internet. Comecei a ter outras redes sociais que foram surgindo na época, como: Facebook, Twitter e Instagram. O Facebook era o mais usada em 2012/2013 aqui no Brasil, então todos tinham. Essa parte da minha vida não teve tantas coisas interessantes, mas vi como a Internet era perigosa até pros mais espertos.
Eu jogava Habbo nessa época e comecei a jogar Habbos Piratas. Habbo é um jogo 2D que você consegue criar um personagem todo pixelado e aquele personagem seria sua representação ali. O jogo se baseia em um grande hotel, onde as "salas" são quartos, e esses quartos são criados pelos próprios jogadores. Você pode controlar seu personagem clicando com o mouse. Chat do jogo era ao vivo, não existia Bots para dialogar, todos os bonecos ali eram pessoas reais. Pouco tempo depois, eu conheci algumas pessoas que criavam Habbos Piratas, e eu comecei a me envolver com isso, mas tenha calma, isso não é ilegal, seriam outros hoteis alternativos pra quem quiser jogar. Essas pessoas não eram identificadas, eles usavam um nickname fictício na Internet, eu também tinha o meu, porém era mais tosco que os deles. Conversando com eles pareciam ser pessoas de bom caráter e que não fariam mal a ninguém, mas eu estava enganado, os mesmo faziam parte de um grupo de hackers que roubavam contas de Habbo (isso no jogo original), e um dos líderes me chamou pra entrar pro grupo, disse que iria me ensinar como fazer o delito e de todas as arte manhas que eles usavam pra roubar as contas. Eu pensei bem e disse que não, literalmente estava em choque e comecei a pensar sobre o que acontecia com pessoas que se envolvessem com isso. Após a minha recusa, eles não quiseram mais conversar comigo, creio que eles realmente só queriam recrutar pessoas pro grupo, caso a pessoa recusasse, eles se afastariam independentemente se a pessoa é gente boa e de bom caráter.
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Trabalho de diarista e puta para o meu patrão
By; Viviane
Oi, meu nome é Viviane, tenho 29 anos, sou morena, tenho olhos castanhos claros e 1,65 de altura.
Eu trabalho como diarista. De uns tempos pra cá eu acabei ficando sem trabalho, ninguém me chamava nem pra fazer faxina, e eu precisava do dinheiro pra poder pagar o aluguel. Até que estava tão desesperada que acabei postando em todas as redes sociais que precisava de um emprego. Surgiu vários comentários dando apoio e indicando lugares, mas as vagas eram preenchidas muito rápido.
Dias se passaram até um homem me chamando no direct, perguntando se estou interessada em trabalhar para ele e pra sua família. Olhei o perfil, e ele parecia ser gente boa. Sabe aqueles homens de classe?! Vi que era casado e sua esposa era muito linda, daquelas que tem um sorriso que invade o peito. Enfim, acabei aceitando esse emprego. Começava na segunda. Fiquei o fim de semana ansiosa pra ir. Muito nervosa e louca pra trabalhar pois, como disse, precisava do dinheiro.
Segunda chegou. Vou logo preparando minha bolsa e tomando meu café, pra não chegar atrasada no meu primeiro dia.
Chegando lá, eu toco a campainha e vem o Carlos abrir a porta para mim
-Oi, você deve ser a Viviane, pode entrar.
-Obrigada.
Entro um pouco envergonhada. Ele era alto, robusto, tinha um olhar como se olhasse no fundo da minha alma e soubesse o que eu queria.
A casa era linda, fui entrando e ele pediu pra eu sentar no sofá pra ele me explicar como seria. Hoje seria um teste pra ver como me sairia. Eu não conseguia prestar muita atenção no que ele falava, os movimentos dos lábios enquanto falava me deixava molhada. A única coisa que consegui responder era acenando a cabeça concordando com o que ele dizia.
Depois de acertarmos tudo, fui pra cozinha e comecei a limpar de lá. Depois fui pra sala, e para os outros cômodos. Quando enfim cheguei em seu quarto, tinha várias fotos de viagem com sua esposa, roupas deles jogadas pelo chão. Fui recolhendo e pensando: que mulher de sorte, ter esse homem só pra ela. Deve ser maravilhoso na cama. Na mesma hora eu contive meus pensamentos e voltei ao trabalho.
O dia passou, acabei meu horário de teste e Carlos chegou até mim dizendo que gostou do meu trabalho. Mandou que voltasse amanhã.
Fiquei ansiosa pelo dia seguinte. Como combinado chego às 9 da manhã. Toco a campainha, mas dessa vez quem atende é a esposa dele.
– Oi, sou a Roberta, Viviane né?! Carlos me disse que viria hoje. Ele está no escritório. Deixei as coisas para o café na mesa. Estou atrasada. Digo que sem problemas e desejo um ótimo dia. Entrei e já fui direto preparar o café.
Após deixar tudo pronto vou ao escritório do Carlos saber se ele precisava de alguma coisa. Como a porta estava semi aberta resolvi entrar sem bater. E pra minha surpresa eu encontro o senhor Carlos se masturbando. Me virei com tudo e fui logo me desculpando. Ele se assustou mas logo deu um sorriso e disse:
-Que bom que é você, e não a Roberta.
Eu fiquei sem reação. Ele veio chegando perto, parou na minha frente e fechou a porta atrás de mim com um sorriso malicioso. Me agarrou pela cintura e disse:
-Pode me ajudar a terminar o que eu comecei aqui?
Eu fiquei molhada na mesma hora. Sem reação. Aquelas mãos firmes me agarrando daquele jeito me deixou fraca. Sua voz no meu ouvido me deixou extasiada, não conseguia dizer uma palavra, mas as expressões no meu rosto já dizia que sim. Ele foi logo tirando minha blusa e minha calça, enquanto beijava cada traço do meu corpo, e dizendo que queria ter feito isso ontem. Que me queria desde a hora que me conheceu. Ele me sentou em cima da mesa dele, e começou a me chupar todinha (que língua maravilhosa). A cada chupada eu gemia mais.
Depois ele me colocou na cadeira, segurou o meu cabelo e me fez chupar aquele pau enorme que mal cabia na minha boca. E eu chupei com tanta sede.
Quando menos esperava ele me colocou de quatro e começou a meter na minha buceta. Dava tapas fortes na minha bunda, me deixava louca de prazer. Quanto mais ele me socova mais molhada eu ficava. Ele me virou várias vezes. De frente, de lado, me colocou pra sentar, de costas, levantou minhas pernas e enquanto metia em mim, me masturbava, e eu gozava horrores naquele delicioso pau. Eu nunca tinha tremido tanto na minha vida.
Ele me jogou deitada na mesa e continuava a me socar, e quando foi gozar jogou tudo em meus peitos.
Ficamos sem ar por alguns minutos, e depois ele disse
-Vai fazer o meu almoço, estou com fome depois dessa rs.
-Como quiser.
Vesti minha roupa e fui pra cozinha com as pernas tremendo. Bebi muita água. Não me arrependi de ter fudido com um homem casado.
Deu a hora de ir embora. Eu fui como se nada tivesse acontecido. Me despedi do casal e segui meu caminho.
No dia seguinte a mesma coisa se repete, e continuo assim, t tive as melhores experiências, e ainda ganhando dinheiro pra isso.
Enviado ao Te Contos por Viviane
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Anacoreta (você ainda aparece nos meus sonhos, mas não faz mal, é só de vez em quando)
Ela veio no sábado e partiu no sábado, oito meses mais tarde. É assim que funciona: tudo cronometrado.
Estava escuro e estava encharcada. Chegou a tirar os sapatos. Em seu coração, já tinha acontecido. Só isso importa. Sem frases ou acordos. Sem súplicas, ideias ou curas. Sem paz necessária. Já tinha...
Choveu o dia inteiro, naquele dia. Eu pensei que pegaríamos um resfriado.
Ele entrou no Tipo 1.6 e pisou no acelerador. Rasgou pela Aurélia num impulso dramático. Poderia ter evitado o aluguel mensal com a geladeira, a bota e as chaves da moto. Não evitou. Força do hábito.
Ela esperava na sala de emergência, preparando-se emocionalmente. Dezoito anos. Dezoito anos eternos de casamento. Naquela época, esse número era muito maior do que o que eu conhecia por existência.
Em abril, ele foi embora justo dessa maneira: no meu quarto e na minha cama. Deixou para trás cordas de piano e promessas de pesca ao ar livre, ao oceano. Descrições vívidas e detalhadas dos peixes inocentes que jamais fisgamos.
Oitenta e seis e contando. Três derrames. Incapaz de levantar o próprio braço. Gostava de ficar na garagem, alimentando pombos.
Ela veio no sábado, e nossos assentos eram distantes no ônibus que compartilhamos.
Quantas vezes errarei até acertar de novo?
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April 9, 2024.
got a secret. can you keep it?
Eloise encontrava-se na biblioteca vazia, pela primeira vez no ano, estava matando aula, sua mente estava inquieta e não fazia ideia do porquê. Talvez isso se desse ao fato de não ter conseguido gravar nada nos últimos dias, por mais que fosse uma das atividades mais prazerosas para a garota, sempre que ligava o gravador, as palavras pareciam fugir de sua cabeça e, consequentemente, de sua boca. Com os cotovelos escorados na mesa, levou as mãos até a cabeça, arrastando os dedos compridos pelos cabelos pretos, enquanto seus olhos se mantinham fixos no gravador portátil. Ou apenas estava cansada demais. Colocou os fones de ouvido e ali, ligou o pequeno aparelho mais uma vez naquela semana.
— Gravação do dia nove de abril de dois mil e vinte e quatro. Fazem alguns dias desde que não consigo gravar nada, acho que esgotei todas as minhas energias vagabundando por aí.
Liberou um riso fraco, colocando o eletrônico em seu bolso ao se levantar para explorar a grande biblioteca da Ewha. Passou alguns minutos em silêncio, enquanto caminhava pelos corredores vazios, escorregando a ponta de seu indicador pelos incontáveis livros, alguns gastos, outros intocados.
— Acordei mais cedo do que o habitual hoje, estava de pé antes das seis. Fiz minha rotina, como sempre e quase perdi a hora por ter ficado em deitada em silêncio ouvindo música a manhã inteira. Esse humor mórbido não é muito comum na minha rotina, então vou culpar o fim do período menstrual!
Puxou um dos livros, encarando a capa por alguns segundos, apesar de saber que sua universidade apoiava diversas causas abertamente, nunca pensou que encontraria um romance lésbico nas prateleiras, principalmente estrangeiro, o que a fez sorrir, iria pegar o exemplar emprestado. Vitoriosa, segurou o livro em mãos e caminhou até a mesa em que estava sentada, pegando sua mochila e caminhando até o balcão para computar o aluguel do livro. Colocou o livro na mochila e se retirou da biblioteca, caminhando agora pelos corredores vazios da universidade. Todas estavam em aula, o que a fez se sentir um tanto imprudente por quebrar o próprio código de ser uma aluna exemplar.
— Eloise, Eloise... Quebrar regras não é muito sua cara.
Murmurou para si mesma, caminhando para fora do campus. Planejava ir até a loja de conveniência mais próxima a pé, talvez caminhar a fizesse bem, o trajeto seria longo, a universidade era imensa. Por mais que houvessem pontos positivos e se sentisse lisonjeada por tamanho reconhecimento por parte das colegas, deveria admitir que a deixava um tanto assustada a ideia de um fansite, não sabia quem era, quais intenções tinha, menos ainda em quais momentos poderia ser flagrada por aí; Eloise sempre prezou por sua privacidade, mesmo que tenha tido muita gente ao redor de si durante toda sua vida, sempre foi uma pessoa privada. Talvez, esse fosse um fator e tanto para se fechar até mesmo para os míseros microSD's que carregava em sua rotina desde pequena. Nunca sabia o que esperar.
Os arredores da Ewha contavam com shopping, restaurantes, cafeterias e pequenas lojas de conveniência; a universidade era também quase como um ponto turístico, o que fazia com que estivesse quase sempre lotada. Dadas as circunstâncias, foi para o ponto de ônibus, iria até o karaokê que costumava frequentar, desta vez para ficar um pouco sozinha. Não demorou muito para chegar no destino escolhido depois que entrou no transporte público, caminhou poucos metros e então, entrou no estabelecimento. Pediu por uma sala, sendo recepcionada com uma risada divertida seguida da pergunta "Sozinha? O que há? Está triste?" que a fez revirar os olhos e soltar um suspiro.
— Ei, qual foi?! Não se pode mais querer passar um tempo sozinha? Vai, quero uma sala, uma garrafa de soju e... Dois cigarros. Mentolados.
As últimas palavras saíram quase como um sussurro, não era algo que se orgulhava de pedir em estabelecimentos, o que a deixava quase sempre com as bochechas vermelhas. Ao ter a liberação da sala em questão, caminhou para dentro e sua primeira atitude ao entrar ali, foi deixar sua mochila sobre o espaçoso sofá, sentando-se ali em silêncio. Tirou o gravador do bolso e ajeitou os fones em seus ouvidos novamente. O aparelho esteve gravando durante todo aquele tempo continuamente, com pouquíssimo conteúdo de voz, já que se manteve em silêncio por boa parte do tempo. Por mais que suas gravações fossem inteiramente privadas, nunca conseguia colocar para fora tudo o que sentia, prezava sempre por levar o mais superficial em suas falas, talvez porque sempre tinha alguém por perto de alguma forma, mesmo que escolhesse os momentos mais tranquilos e isolados para seu fiel diário falado.
— Okay... Agora que estou sozinha e, distante de tudo, talvez eu consiga expelir tudo que está na minha garganta.
Escutou duas batidas na porta, era seu pedido, assim que a bebida, copo e cigarros foram postos a mesa, a morena apenas agradeceu e ofereceu um sorriso gentil antes de o atendente sair pela porta. Serviu-se de um bom copo de soju, cujo bebeu sem pestanejar, sentindo a bebida descer queimando por sua garganta.
— Honestamente, apesar de saber que esse diário não é acessível a ninguém, não é sempre que me sinto apta a soltar sequer meus próprios segredos. Então hoje vou fazer um monólogo!
Seus dígitos alcançaram um dos cigarros sobre a mesa, segurou o item na cor preta e o encarou por alguns segundos, pensando se deveria sacrificar o quão cheirosa estava para acabar com o cheiro da fumaça mentolada em suas vestes. Admitindo para si mesma que a vida era uma só, apenas deu de ombros, acendendo-o. Fechou seus olhos por alguns instantes, tragando profundamente, segurando a fumaça por alguns segundos antes de solta-la vagarosamente. Fumar não era um hábito recorrente, mas lhe ocorria em momentos de alto estresse e aquele dia, era um dos dias em que havia acordado com o pé esquerdo, sequer sabia de onde tinha surgido tamanho desconforto consigo mesma quando teve tantos momentos divertidos naquele fim de semana. Talvez fosse o cansaço batendo, sobrecarga da quantidade de atividades que vinha pegando, fim do período menstrual ou até mesmo efeito do eclipse solar e mercúrio retrógrado em áries.
— Me mudar para Seoul foi uma decisão bem pensada, tinha grandes planos, algumas coisas deram certo, outras deram errado. Devo admitir que a adaptação foi muito mais fácil e receptiva do que eu esperava que fosse, fiz bons laços, tenho colegas de dormitório incríveis, ótimas notas, tenho socializado bastante e até mesmo tenho... Fãs?! De modo geral, tenho tido motivos o bastante para sorrir, então acordar de mau humor, por mais normal que seja, me deixa puta pra caralho comigo mesma.
Houve uma pequena pausa ao falar "fãs", ainda lhe era confuso tudo aquilo. Nunca gostou de grandes exposições, o que explicava também o fato de nunca comentar sobre a situação financeira de sua família que, por mais simples que fosse, poderia facilmente se dizer rica, ao menos era o que ouvia quando raramente mencionava que a família Ko era proprietária da vinícola GODORI. A ideia de ser tratada de maneira diferente por nada que não fossem suas próprias conquistas deixavam-na irritada. Eloise era orgulhosa o bastante para tal comportamento.
— Acho que não admito mau humor partindo de mim mesma sem que tenha um bom motivo. Então, para acalmar meus ânimos, o cigarro ajuda. Eu deveria odiar cigarros, tenho motivações para isso e talvez eu odeie! Mas eventualmente que mal faz?! Sei que faz muito mal, mas é isso aí, fica subentendido.. Odeio acordar mal-humorada, odeio não conseguir gravar, não conseguir colocar pra fora o que quero falar, odeio me atrasar para meus compromissos e odeio me sentir ingrata... Acho que foi o combo do meu estresse de hoje. Mas me sinto mais leve. Ser imprudente nem sempre é ruim. Mas não matarei aulas novamente, eu espero, pelo menos. Ficarei por aqui, vou terminar de beber essa garrafa, cantar algumas músicas e voltar para Ewha. Preciso estudar hoje. See u!
E com isso, a garota levou o cigarro de cor preta até a boca, usando as duas mãos livres para desligar o gravador e retirar os fones. Irei aproveitar aqueles minutos de fim de tarde sozinha.
ⓒ 𝟤𝟣𝗌𝗍 𝖢𝖤𝖭𝖳𝖴𝖱𝖸 𝖦𝖨𝖱𝖫'𝗌 𝖵𝖮𝖨𝖢𝖤 𝖱𝖤𝖢 ● ──┈ 고부미의 마음속에 무슨 일이 있는 걸까요? 한번 알아봅시다!고부미 씨의 머릿속에 무슨 일이 일어나고 있는지 생각해 본 적이 있나요? 한번 알아봅시다!~~ ㅋㅋㅋ
ᅟᅟ
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GuapoXFamily: AU
Comecei a assistir um anime! O primeiro depois de anos sem assistir nenhum e adorei! Então…Pq não uma AU Guapoverso inspirada nessa anime?
XxX
The Mafia Family? (Inicialmente pensei em fazer versão Balanar e Roger, mas achei melhor deixar pra quem lê-se definir qual versão guapoverso seria essa pq eu n sei)
XxX
Em um mundo dividido em duas grandes regiões, dominada por políticos corruptos, segredos e muito sangue, uma guerra pode explodir em qualquer momento! g!Cell viu isso de perto quando criança, um mundo destruído e que não era misericordioso nem mesmo com os seres mais inocentes.
A divisão havia sido feita em uma tentativa quase falha do mundo entrar em paz e agora, tudo poderia voar pelos ares e por isso, ele lutava nas sombras. Havia se tornado um espião trabalhando pro lado Oeste, encarregado de vigiar políticos, se infiltrar, roubar informações ou o quer que fosse preciso.
Ele estava acostumado a estar no meio de tiros e perseguições, afinal faria de tudo pela paz! Bom…Ele não sabia o que “tudo” poderia ser. Um grande político do lado Leste recentemente havia descoberto segredos do Oeste e conspirava pela guerra. Isso não poderia acontecer e, por esse motivo, g!Cell deveria se infiltrar no leste e se encontrar com esse político, fazendo o que for preciso para impedi-lo.
O único problema? Esse homem quase nunca aparecia em público, a não ser que fosse nas reuniões escolares de sua filhe Leonarda. Logo, a missão de g!Cell deveria ser encontrar um “filho” para si, coloca-lo nessa escola de elite e se aproximar do político misterioso. Isso sendo g!Cell uma pessoa isolada, que se considerava um monstro e que era melhor sozinho.
O que ele não sabia é que haviam duas crianças muito especiais na mesma condição que o veriam como um verdadeiro super herói (Richas e Pepito).
XxX
c!Roier/g!Roier é um assassino de aluguel contratado, fazendo missões para manter a paz no leste, impedindo deturpações que poderiam destruir ainda mais o pequeno equilíbrio do qual viviam. Porém, ele também era um jovem rapaz, irmão de um servidor público (g!Doied) que queria muito ser promovido, mas se preocupava com seu irmãozinho esquisito vivendo sozinho…
E bom, c!Roier/g!Roier também não gostava de como todos o olhavam e como o mundo parecia ser apenas um lugar vazio que ele era obrigado a estar, tentando sempre manter as aparências, escondendo quem ele era, acreditando que só era bom em matar.
Mal ele sabia que um rapaz curioso apareceria em sua vida também precisando de alguém para que as aparências deixassem de ser essas.
Mal sabia ele que haviam pessoas que o veriam mais do que uma ferramenta, mais do que o elefante na sala.
XxX
(Inspirado em SpyXFamily - vi 3 episódios então me esforcei para adaptar pra guapoverso como deu. Espero que gostem!
————————— ENG ————————-
In a world divided into two large regions, dominated by corrupt politicians, secrets and a lot of blood, a war could start at any moment! g!Cell saw this up close as a child, a destroyed world that was not merciful to even the most innocent beings.
The division had been made in an almost failed attempt for the world to come to peace and now, everything could fly into the air and therefore, he fought in the shadows. He had become a spy working for the West side, in charge of watching politicians, infiltrating, stealing information or whatever was necessary. He was used to being in the middle of gunfire and chases, after all he would do anything for peace!
Well…He didn't know what “anything” could be.
A great politician from the East recently discovered secrets from the West and was plotting war. This could not happen and for this reason, g!Cell should infiltrate the east and meet with this politician, doing whatever it takes to stop him. The only problem? This man almost never appeared in public, unless it was at his daughter Leonarda's school meetings.
Therefore, g!Cell's mission should be to find a “son” for himself, place him in this elite school and get closer to the mysterious man. For g!Cell, he was in great trouble, because he thinks that he is an isolated person, who considered himself a monstrous person and who was better off alone.
What he didn't know is that there were two very special children in the same condition who would see him as a true superhero (Richas and Pepito).
Xxx
c!Roier/g!Roier is a hired assassin, doing missions to keep the peace in the east, preventing disturbances that could further destroy the small balance they lived on.
However, he was also a young boy, the brother of a civil servant (g!Doied) who really wanted to be promoted, but worried about his weird little brother living alone... And well, c!Roier/g!Roier also didn't like how everyone looked at him and how the world seemed to be just an empty place that he was forced to be in, always trying to keep up appearances, hiding who he was, believing that he was just good at killing.
Little did he know that a curious man would appeared in his life, also needing someone so that appearances would stop being like that. Little did he know that there were people who would see him as more than a tool, more than the elephant in the room.
XxX (Inspired by SpyXFamily - I saw 3 episodes so I made an effort to adapt it to the guapoverso as it happened. I hope you like it
#qsmp#q!cellbit#qsmp cellbit#headcanon#guapoduo#q!theory#q!roier#guapoduo au#spiderbit au#spiderbit#cellbit qsmp#qsmp doied#qsmp roier
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Belo Desastre - Sinal de alerta
Era como se tudo naquela saída berrasse para mim dizendo que ali não era o meu lugar. As escadas se desfazendo, aquele alvoroço de clientes briguentos, e o ar, uma mescla de suor, sangue e mofo. As vozes viravam borrões enquanto as pessoas gritavam números e nomes, num constante vaivém, acotovelando-se para trocar dinheiro e gesticulando para se comunicar em meio a tanto barulho. Passei espremida pela multidão, logo atrás da minha melhor amiga.
— Deixe o dinheiro na carteira, Mila! — Dinah gritou para mim.
Seu largo sorriso reluzia mesmo sob aquela fraca iluminação.
— Fiquem por perto! Vai ficar pior assim que começar! — Normani avisou, bem alto para ser ouvida.
Dinah segurou a mão dela e depois a minha, enquanto Normani nos guiava em meio àquele mar de gente.
O som agudo de um megafone cortou o ar repleto de fumaça. O ruído me deixou alarmada. Tive um sobressalto e comecei a procurar de onde vinha aquela rajada sonora. Um homem estava em pé sobre uma cadeira de madeira, com um rolo de dinheiro em uma das mãos e o megafone na outra, colado à boca.
— Sejam bem-vindos ao banho de sangue! Se estão em busca de uma aula de economia... estão na merda do lugar errado, meus amigos! Mas se buscam O Círculo, aqui é a meca! Meu nome é Adam. Sou eu que faço as regras e convoco as lutas. As apostas terminam assim que os oponentes estiverem no chão. Nada de encostar nos lutadores, nem ajudar, nem mudar a aposta no meio da luta, muito menos invadir o ringue. Se quebrarem essas regras, vocês serão esmagados, espancados e jogados pra fora sem nenhum dinheiro e isso vale pra vocês também, meninas. Então, não usem suas putinhas para fraudar o sistema, caras!
Normani balançou a cabeça.
— Que é isso, Adam! — ela gritou para o mestre de cerimônias, em clara desaprovação à escolha de palavras do amigo.
Meu coração batia forte dentro do peito. Com um cardigã de cashmere cor-de-rosa e brincos de pérola, me sentia uma velha professora nas praias da Normandia. Eu havia prometido a Dinah que conseguiria lidar com o que quer que acontecesse com a gente, mas, naquele lugar imundo, senti uma necessidade urgente de agarrar seu braço magro com ambas as mãos. Ela não me colocaria em perigo, mas estar em um porão com mais ou menos cinquenta universitários bêbados, sedentos por sangue e dinheiro... Bem, eu não estava exatamente confiante quanto às nossas chances de sair dali ilesas.
Depois que Dinah conheceu Normani durante a recepção aos calouros, com frequência ela a acompanhava às lutas secretas que aconteciam em diferentes porões da Universidade Eastern. Cada evento era realizado em um local diferente, que permanecia secreto até exatamente uma hora antes da luta.
Como eu frequentava círculos bem mais comportados, fiquei surpresa ao tomar conhecimento do submundo da Eastern; mas Normani já sabia daquele mundo antes mesmo de ter se juntado a ele. Lauren, a prima e colega de quarto dela, participara de sua primeira luta sete meses atrás. Como caloura, os rumores diziam que ela era a competidora mais letal que Adam tinha visto nos três anos desde a criação do Círculo.
Quando começou o segundo ano, Lauren era imbatível. Juntos, ela e Normani pagavam o aluguel e as contas com o que ganhavam nas lutas, fácil, fácil.
Adam levou o megafone à boca de novo, e os gritos e movimentos aumentaram em um ritmo febril.
— Nesta noite temos um novo desafiante! A lutadora de luta livre e astro da Bastem, Marek Young!
Seguiram-se aplausos e gritos eufóricos da torcida. A multidão se partiu como o mar Vermelho quando Marek entrou na sala. Formou-se um círculo, como uma clareira, e a galera assobiava, vaiava e zombava do concorrente. Ela deu uns pulinhos para se preparar e girou o pescoço de um lado para o outro; o rosto estava sério e compenetrado. A multidão se aquietou, só restando um rugido abafado. Levantei as mãos depressa para tampar os ouvidos quando a música começou a retumbar, altíssima, nos grandes alto-falantes do outro lado da sala.
— Nossa próxima lutadora dispensa apresentações, mas, como eu morro de medo dela, vou apresentar a mulher mesmo assim! Tremam nas bases, rapazes, e fiquem de quatro, meninas! Com vocês, Lauren “Cachorra Louca” Jauregui!
Houve uma explosão de sons quando Lauren apareceu do outro lado da sala, relaxada e confiante. Foi caminhando a passos largos até o centro do círculo, como se estivesse se apresentando para mais um dia de trabalho. Com os músculos firmes estirados sob a pele tatuada, cumprimentou Marek, estalando os punhos cerrados nos nós dos dedos do oponente. Lauren se inclinou para frente e sussurrou algo no ouvido de Marek, que fez um grande esforço para manter a expressão austera. Ela estava muito próxima de Lauren, pronto para o combate. As duas se encaravam. A expressão de Marek era assassina; Lauren parecia achar um pouco de graça em tudo aquilo.
As adversárias deram uns passos para trás, e Adam fez o som que dava início à luta.
Marek assumiu uma postura defensiva e Lauren partiu para o ataque. Fiquei na ponta dos pés quando perdi a linha de visão, apoiando-me em quem quer que fosse para conseguir enxergar melhor o que estava acontecendo. Consegui ver alguns centímetros acima, deslizando por entre a multidão que gritava. Cotovelos golpeavam as laterais do meu corpo e ombros esbarravam em mim, fazendo com que eu ricocheteasse de um lado para o outro, como uma bolinha de pinball. Quando consegui ver o topo da cabeça de Marek e Lauren, continuei abrindo caminho na base do empurrão.
Quando enfim cheguei lá na frente, Marek tinha agarrado Lauren com seus braços grossos e tentava jogá-la no chão. Quando ela se inclinou para fazer esse movimento, Lauren deu uma joelhada no rosto de Marek. Antes que ela pudesse se recuperar, Lauren a atacou repetidas vezes, os punhos cerrados socavam o rosto ensanguentado de Marek.
Senti cinco dedos se afundarem em meu braço e virei à cabeça para ver quem era.
— Que diabos você está fazendo aqui, Mila? — disse Normani.
— Não consigo ver nada lá de trás!— gritei em resposta.
E então me virei bem a tempo de ver Marek tentar acertar Lauren com um soco poderoso, ao que esta se virou. Por um instante, achei que ela tinha desviado de outro golpe, mas ela fez um círculo completo e esmagou com o cotovelo o nariz do adversário. Cotas de sangue borrifaram o meu rosto e se espalharam no meu cardigã. Marek caiu no chão de cimento com um som oco, e, por um breve momento, a sala ficou totalmente em silêncio.
Adam jogou um quadrado de pano vermelho sobre o corpo caído de Marek, e a multidão explodiu. O dinheiro mudou de mãos novamente, e as expressões se dividiam entre orgulhosos e frustrados.
Fui empurrada com todo aquele movimento de gente indo e vindo. Dinah gritou meu nome de algum lugar lá atrás, mas eu estava hipnotizada pela trilha vermelha que ia do meu peito até a cintura.
Um pesado par de botas pretas parou diante de mim, desviando minha atenção para o chão. Meus olhos foram se voltando para cima: jeans manchado de sangue, músculos abdominais bem definidos, um peito tatuado ensopado de suor e, finalmente, um par de cálidos olhos verdes. Fui empurrada, mas Lairen me segurou pelo braço antes que eu caísse.
— Ei! Cuidado com ela! — ela franziu a testa, enxotando qualquer um que chegasse perto de mim.
A expressão séria se derreteu em um sorriso quando ela viu minha blusa. Limpando meu rosto com uma toalha, ela me disse:
— Desculpe por isso, Beija-Flor.
Adam deu uns tapinhas na nuca de Lauren.
— Vamos lá, Cachorra Louca! Tem uma galera esperando por você!
Os olhos dela não se desviaram dos meus.
— Uma pena ter manchado seu suéter. Fica tão bem em você...
No instante seguinte, ela foi engolfada pelos fãs, desaparecendo da mesma maneira como tinha aparecido.
— No que você estava pensando, sua imbecil? — gritou Dinah, me puxando pelo braço.
— Vim até aqui para ver uma luta, não foi? — respondi, sorrindo.
— Você nem devia estar aqui, Mila — disse Normani em tom de bronca.
— Nem a Dinah — retruquei.
— Mas ela não tenta pular dentro do círculo! — disse ela, franzindo a testa. —Vamos!
Dinah sorriu para mim e limpou meu rosto.
— Você é um pé no saco, Chancho, mas mesmo assim eu te amo! – Ela me abraçou e fomos embora.
Dinah me acompanhou até o quarto, no dormitório da faculdade, e olhou com desprezo para minha colega, Ariana. Imediatamente tirei o cardigã e o joguei no cesto de roupa suja.
— Que nojo! Por onde você andou? — Ariana perguntou, sem sair da cama.
Olhei para Dinah, que deu de ombros.
— Sangramento de nariz. Você nunca viu os famosos sangramentos de nariz da Camila?
Ariana ajeitou os óculos e balançou a cabeça em negativa.
— Ah, então vai ver — ela disse, dando uma piscadela para mim e fechando a porta depois de sair.
Nem um minuto tinha se passado e ouvi o som indicando uma mensagem de texto no meu celular. Como de costume, era Dinah me enviando uma mensagem segundos depois de nos despedirmos.
vou ficar com o shep t vejo amanhã rainha do ringue!
Dei uma espiada em Ariana, que me olhava como se sangue fosse jorrar do meu nariz a qualquer instante.
— Ela estava brincando — falei.
Ariana assentiu com indiferença e depois baixou o olhar para a bagunça de livros espalhados na cama.
— Acho que vou tomar um banho — falei, pegando uma toalha e meu nécessaire.
— Vou avisar os jornais — ela respondeu, sem emoção alguma na voz e mantendo a cabeça baixa.
No dia seguinte, fui almoçar com Normani e Dinah. Eu queria ficar sozinha, mas, conforme os alunos foram entrando no refeitório, as cadeiras à minha volta foram ficando cheias de amigos da fraternidade da Normani e de membros do time de futebol americano. Alguns estavam na luta, mas ninguém mencionou minha experiência na beira do ringue.
— Mani — disse alguém que passava.
Normani assentiu, e tanto Dinah quanto eu nos viramos e vimos Lauren se sentando em um lugar na ponta oposta da mesa. Duas voluptuosas loiras tingidas com camiseta da Sigma Kappa o acompanhavam. Uma delas se sentou no colo dela, e a outra lhe acariciava a camisa.
— Acho que acabei de vomitar um pouquinho — murmurou Dinah.
A loira que estava no colo da Lauren se virou para ela:
— Eu ouvi o que você disse, piranha.
Dinah pegou um pãozinho e o jogou, errando por muito pouco o rosto da garota. Antes que a loira pudesse dizer mais alguma coisa, Lauren abriu as pernas e a garota caiu no chão.
— Ai! — disse ela em um grito agudo, erguendo o olhar para Lauren.
— A Dinah é minha amiga. Você precisa encontrar outro colo pra se sentar, Lex.
— Lauren! — ela reclamou, esforçando-se para ficar em pé.
Ela voltou à atenção para o prato, ignorando a garota, que olhou para a irmã e bufou de raiva. As duas foram embora de mãos dadas.
Lauren deu uma piscadela para Dinah e, como se nada tivesse acontecido, enfiou mais uma garfada na boca. Foi aí que notei um pequeno corte na sobrancelha dela. Ela e Normani trocaram olhares de relance, e então ela começou uma conversa com um dos caras do futebol do outro lado da mesa.
Embora a quantidade de pessoas à mesa tivesse diminuído, Dinah, Normani e eu ficamos lá ainda um tempo para discutir nossos planos para o fim de semana.
Lauren se levantou como se fosse embora, mas parou na nossa ponta da mesa.
— Que foi? — Normani perguntou em voz alta, colocando a mão perto do ouvido.
Tentei ignorá-la quanto pude, mas, quando ergui o olhar, Lauren estava me encarando.
— Você conhece ela, Laur. A melhor amiga da Dinah, lembra? Ela estava com a gente na outra noite — disse Normani.
Lauren sorriu para mim, no que presumi ser sua expressão mais charmosa. Ela transbordava sexo e rebeldia, com aqueles antebraços tatuados e os cabelos castanhos jogados sob os ombros. Revirei os olhos à sua tentativa de me seduzir.
— Desde quando você tem uma melhor amiga, Dinah? — perguntou Lauren.
— Desde o penúltimo ano da escola — ela respondeu, pressionando os lábios enquanto sorria na minha direção. — Você não lembra, Lauren? Você destruiu o suéter dela.
Ela sorriu.
— Eu destruo muitos suéteres.
— Que nojo - murmurei.
Lauren girou a cadeira vazia que estava ao meu lado e se sentou, descansando os braços à sua frente.
— Então você é a Beija-Flor, né?
— Não — respondi com raiva —, eu tenho nome.
Ela parecia se divertir com a forma como eu a encarava, o que só servia para me deixar mais irritada.
— Tá. E qual é seu nome? — ela me perguntou.
Dei uma mordida no que tinha sobrado da maçã no meu prato, ignorando-o.
— Então vai ser Beija-Flor — disse ela, dando de ombros.
Ergui o olhar de relance para a Dinah, depois me virei para a Lauren:
— Estou tentando comer.
Ela topou o desafio que apresentei.
— Meu nome é Lauren. Lauren Jauregui.
Revirei os olhos.
— Sei quem você é.
— Sabe, é? — ela falou, erguendo a sobrancelha ferida.
— Não seja tão convencida. É difícil não perceber quando cinquenta bêbados entoam seu nome.
Lauren se endireitou na cadeira, ficando um pouquinho mais alta.
— Isso acontece muito comigo.
Revirei os olhos de novo e ela deu uma risadinha abafada.
— Você tem um tique?
— Um quê?
— Um tique. Seus olhos ficam se revirando.
Lauren riu de novo quando olhei com ódio para ela.
— Mas são olhos incríveis — ela disse, inclinando-se e ficando a pouquíssimos centímetros do meu rosto. — De que cor eles são? Castanhos?
Baixei o olhar para o prato, criando uma espécie de cortina entre a gente com as longas mechas do meu cabelo. Eu não gostava da forma como ela me fazia sentir quando estava tão perto. Não queria ser como as outras milhares de garotas da Eastern, que ficavam ruborizadas na presença dela. Não queria que ela mexesse comigo daquele jeito. De jeito nenhum.
— Nem pense nisso, Lauren. Ela é como uma irmã pra mim — Dinah avisou.
— Baby — Normani disse a ela —, você acabou de lhe dizer não. Agora é que ela não vai parar.
— Você não faz o tipo dela — Dinah disse, mudando de estratégia.
Lauren se fez de ofendida.
— Eu faço o tipo de todas!
Lancei um olhar para ela e sorri.
— Ah! Um sorriso. Não sou uma canalha completa no fim das contas — ela disse e piscou. — Foi um prazer conhecer você, Flor.
E, dando a volta na mesa, ela se inclinou para dizer algo no ouvido de Dinah.
Normani jogou uma batata frita no primo.
— Tire a boca da orelha da minha garota, Laur!
— Conexões! Estou criando conexões — Lauren foi andando de costas, com as mãos para cima em um gesto inocente.
Algumas garotas a seguiram, dando risadinhas e passando os dedos nos cabelos na tentativa de chamar sua atenção. Ela abriu a porta para elas, que quase gritaram de prazer.
Dinah deu risada.
— Ah, não. Você está numa enrascada, Mila.
— O que foi que ela disse? — perguntei, temerosa.
— Ela quer que você leve a Camila ao nosso apartamento, não é? — disse Normani.
Dinah confirmou com um sinal de cabeça e ela negou com outro.
— Você é uma garota inteligente, Mila. Estou te avisando. Se você cair no papo dela e depois acabar ficando brava, não venha descontar em mim e na Dinah, certo?
Eu sorri e disse:
— Não vou cair na dela, Mani. Você acha que eu pareço uma daquelas Barbies gêmeas?
— Camila não vai cair na dela — Dinah confirmou, tranquilizando Normani e encostando no braço dela.
— Não é a primeira vez que passo por uma dessas, amor. Você sabe quantas vezes ela ferrou as coisas pro meu lado por causa de transas de uma noite com a melhor amiga da minha namorada? De repente, vira conflito de interesse sair comigo, porque seria confraternizar com o inimigo! Estou te falando, Mila — ela olhou para mim. — Não venha me dizer depois que a Dinah não pode ir no meu apartamento nem ser minha namorada porque você caiu no papo da Lauren. Considere-se avisada.
— Desnecessário, mas obrigada — respondi.
Tentei tranquilizar Normani com um sorriso, mas o pessimismo dela era resultado de muitos anos de prejuízo por causa da Lauren.
Dinah se despediu de mim com um aceno, saindo com Normani enquanto eu seguia para a aula da tarde.
Apertei os olhos para enxergar sob o sol brilhante, segurando com força as tiras da mochila. A Eastern era exatamente o que eu esperava, desde as salas de aula menores até os rostos desconhecidos. Era um novo começo para mim. Finalmente eu podia andar em algum lugar sem os sussurros daqueles que sabiam — ou achavam que sabiam — alguma coisa do meu passado. Eu era tão comum quanto qualquer outra caloura ingênua e estudiosa, sem ninguém para me encarar, sem boatos, nada de pena ou julgamento. Apenas a ilusão do que eu queria que vissem: a Camila Estrabão que vestia cashmere sem nenhum resquício de insensatez.
Coloquei a mochila no chão e desabei na cadeira, me curvando para pegar o laptop na mochila. Quando ergui a cabeça para colocá-lo na mesa, Lauren se sentou sorrateiramente na carteira ao lado.
— Que bom. Você pode tomar notas pra mim — disse ela, mordendo uma caneta e sorrindo, sem dúvida com o máximo de seu charme.
Meu olhar para ela foi de desprezo.
— Você nem está matriculada nessa aula...
— Claro que estou! Geralmente eu sento lá — disse ela, apontando com a cabeça para a última fileira.
Um pequeno grupo de garotas estava me encarando, e percebi que havia uma cadeira vazia bem no meio delas.
— Não vou anotar nada pra você — eu disse, ligando o computador. Lauren se inclinou tão perto de mim que eu podia sentir sua respiração na minha bochecha.
— Me desculpa... Ofendi você de alguma maneira?
Soltei um suspiro e fiz que não com a cabeça.
— Então qual é o problema?
Mantive o tom de voz baixo.
— Não vou transar com você. Pode desistir.
Um lento sorriso se formou em seu rosto antes de ela se pronunciar.
— Não pedi para você transar comigo — pensativa, os olhos dela se voltaram para o teto — ou pedi?
— Não sou uma dessas Barbies gêmeas nem uma de suas fãs ali — respondi, olhando de relance para as garotas atrás de nós. — Não estou impressionada com as suas tatuagens, nem com o seu charme de garotinha, nem com a sua indiferença forçada, então pode parar com as gracinhas, ok?
— Ok, Beija-Flor.
Ela ficou impassível diante da minha atitude rude, de um jeito que me enfureceu.
— Por que você não passa lá no meu apê com a Dinah hoje à noite?
Olhei com desdém para ela, que se aproximou ainda mais.
— Não estou tentando te comer. Só quero passar um tempo com você.
— Me comer? Como você consegue fazer sexo falando assim?
Lauren caiu na gargalhada, balançando a cabeça.
— Só vem, tá? Não vou nem te paquerar, prometo.
— Vou pensar
O professor Chaney entrou a passos largos, e Lauren voltou à atenção para frente da sala. Resquícios de um sorriso permaneciam em seu rosto, tomando mais nítida a covinha da bochecha. Quanto mais ela sorria, mais eu queria odiá-la, e no entanto era esse o motivo pelo qual odiá-la era impossível.
— Quem sabe me dizer que presidente teve uma esposa vesga e feia de doer? — perguntou Chaney.
— Anota isso — sussurrou Lauren. — Vou precisar saber disso pra usar nas entrevistas de emprego.
— Shhh — falei, digitando cada palavra dita pelo professor.
Lauren abriu um largo sorriso e relaxou na cadeira. Conforme a hora passava, ela alternava entre bocejar e se apoiar no meu braço para dar uma olhada no monitor do meu laptop. Eu me concentrei, me esforcei para ignorá-la, mas a proximidade dela e aqueles olhos tornavam a tarefa difícil. Ela ficou mexendo na faixa de couro preta que tinha em volta do pulso até que Chaney nos dispensou.
Eu me apressei porta afora e atravessei o corredor. Justo quando tive certeza de que estava a uma distância segura, Lauren Jauregui apareceu ao meu lado.
— Já pensou no assunto? — ela quis saber, colocando os óculos de sol.
Uma morena baixinha parou à nossa frente, ingênua e cheia de esperança.
— Oi, Lauren — ela disse em um tom cantado e brincando com os cabelos.
Parei, exasperada com o tom meloso dela, e então desviei da garota, que eu já tinha visto antes, conversando de maneira normal na área comum do dormitório das meninas, o Morgan Hall. O tom que ela usava lá soava muito mais maduro, e fiquei me perguntando por que ela acharia que a voz de uma criancinha seria atraente para Lauren. Ela continuou tagarelando uma oitava acima por mais um tempo, até que Lauren estava ao meu lado de novo.
Puxando um isqueiro do bolso, ela acendeu um cigarro e soprou uma espessa nuvem de fumaça.
— Onde eu estava? Ah, é... você estava pensando.
Fiz uma careta.
— Do que você está falando?
— Já pensou se vai dar uma passada lá em casa hoje?
— Se eu disser que vou, você para de me seguir?
Ela ponderou sobre a minha condição e então assentiu.
— Sim.
— Então eu vou.
— Quando?
Soltei um suspiro.
— Hoje à noite. Vou passar lá hoje à noite.
Lauren sorriu e parou de andar por um instante.
— Legal. A gente se vê depois então, Flor — ela me disse.
Virei uma esquina e vi Dinah parada com Finch do lado de fora do nosso dormitório. Nós três acabamos ficando na mesma mesa durante a orientação aos calouros, e eu soube na hora que ele seria o providencial terceiro elemento da nossa amizade. Ele não era muito alto, mas passava bem dos meus 1,62 metro. Os olhos redondos equilibravam as feições longas e esguias, e os cabelos descoloridos geralmente estavam espetados na parte da frente.
— Lauren Jauregui? Meu Deus, Mila, desde quando você começou a pescar nas profundezas do oceano? — Finch perguntou, com um olhar de desaprovação.
Dinah puxou o chiclete da boca, fazendo um fio bem longo.
— Você só está piorando as coisas ao rejeitar o cara. Ela não está acostumada com isso.
— O que você sugere que eu faça? Durma com ela?
Dinah deu de ombros.
— Vai poupar tempo.
— Eu disse pra ela que vou lá hoje à noite.
Finch e Dinah trocaram olhares de relance.
— Que foi? Ela prometeu parar de me encher se eu dissesse que ia. Você vai lá hoje à noite, não é?
— É, vou — disse Dinah. — Você vem mesmo?
Sorri e fui andando. Passei por eles e entrei no dormitório, me perguntando se Lauren cumpriria a promessa de não flertar comigo. Não era difícil sacar qual era a dela: ou ela me via como um desafio, ou como sem graça o bastante para ser apenas uma boa amiga. Eu não tinha certeza de qual das alternativas me incomodava mais.
Quatro horas depois, Dinah bateu à minha porta para me levar até o apartamento da Normani e da Lauren. Ela não se conteve quando apareci no corredor.
— Credo, Mila! Você está parecendo uma mendiga
— Que bom — eu disse, sorrindo para o meu visual.
Meus cabelos estavam aglomerados no topo da cabeça em um coque bagunçado. Eu tinha tirado a maquiagem e substituído às lentes de contato por óculos retangulares de aros pretos. Vestindo uma camiseta bem velha e gasta e uma calça de moletom, eu me arrastava em um par de chinelos. A ideia me viera à mente horas antes: parecer desinteressante era a melhor estratégia. O ideal seria que Lauren perdesse instantaneamente o interesse em mim e colocasse um ponto final em sua ridícula persistência. E, se ela estivesse em busca de uma amiga, meu objetivo era parecer desleixada demais até para isso.
Dinah baixou a janela do carro e cuspiu o chiclete.
— Você é óbvia demais. Por que não rolou no cocô de cachorro para completar o visual?
— Não estou tentando impressionar ninguém — falei.
— É óbvio que não.
Paramos o carro no estacionamento do conjunto de apartamentos onde a Normani morava e segui América até a escadaria. Ela abriu a porta, rindo enquanto eu entrava.
— O que aconteceu com você?
— Ela está tentando não impressionar — disse Dinah.
Ela seguiu Normani em direção ao quarto dela. Elas fecharam a porta e eu fiquei ali parada, sozinha, me sentindo deslocada.
Sentei-me na cadeira reclinável mais próxima da porta e chutei longe os chinelos.
Em termos estéticos, o apartamento delas era mais agradável do que eu imaginava. Sim, os previsíveis pôsteres de mulheres seminuas e sinais de rua roubados estavam nas paredes, mas o lugar era limpo, os móveis, novos, e o cheiro de cerveja velha e roupa suja notavelmente não existia.
— Já estava na hora de você aparecer — disse Lauren, se jogando no sofá.
Sorri e ajeitei os óculos, esperando que ela recuasse diante da minha aparência.
— A Dinah teve que terminar um trabalho da faculdade.
— Falando em trabalhos de faculdade, você já começou aquele de história?
Ela nem pestanejou ao ver meu cabelo despenteado, e franzi a testa com a reação dele.
— Você já?
— Terminei hoje à tarde.
— Mas é pra ser entregue só na próxima quarta-feira — falei, surpresa.
— Achei melhor fazer logo. Um ensaio de duas páginas sobre o Grant não é tão difícil assim.
— Acho que sou dessas que ficam adiando — dei de ombros. — Provavelmente só vou começar no fim de semana.
— Bom, se precisar de ajuda, é só me falar.
Esperei que ela desse risada ou fizesse algum sinal de que estava brincando, mas sua expressão era sincera. Ergui uma sobrancelha.
— Você vai me ajudar com o meu trabalho?
— Eu só tiro A nessa matéria — ela disse, um pouco ofendida com a minha descrença.
— Ela tira A em todas as matérias. Ela é uma droga de um gênio! Odeio essa porrra — disse Normani, enquanto levava Dinah pela mão até a sala de estar.
Fiquei olhando para Lauren com uma expressão dúbia e ela ergueu as sobrancelhas.
— Que foi? Você não acha que uma menina cheia de tatuagens e que ganha dinheiro brigando pode ter boas notas? Não estou na faculdade por não ter nada melhor pra fazer.
— Mas então por que você tem que lutar? Por que não tentou uma bolsa de estudos? — perguntei.
— Eu tentei. Consegui meia bolsa. Mas tem os livros, as despesas com moradia, e tenho que conseguir a outra metade do dinheiro de algum jeito. Estou falando sério, Flor. Se precisar de ajuda com alguma coisa, é só me pedir.
— Não preciso da sua ajuda. Consigo fazer um trabalho sozinha.
Eu queria deixar aquilo pra lá. Devia ter deixado, mas aquele novo lado dela me matava de curiosidade.
— Você não consegue fazer outra coisa para ganhar dinheiro? Menos... sei lá... sádica?
Lauren deu de ombros.
— É um jeito fácil de ganhar uma grana. Não conseguiria tanto assim trabalhando no shopping.
— Eu não diria que é fácil apanhar.
— O quê? Você está preocupada comigo? — ela deu uma piscadela. Fiz uma careta e ela deu uma risadinha abafada. — Não apanho com tanta frequência assim. Quando o adversário dá um golpe, eu desvio. Não é tão difícil como parece.
Dei risada.
— Você age como se ninguém mais tivesse chegado a essa conclusão.
— Quando dou um soco, elas levam o soco e tentam me bater de volta. Não é assim que se ganha uma luta.
Revirei os olhos.
— Quem é você... o garoto do Karate Kid? Onde aprendeu a lutar?
Normani e Dinah olharam de relance uma para a outra e depois para o chão. Não demorou muito para eu perceber que tinha dito algo errado.
Lauren não pareceu se incomodar.
— Meu pai tinha problemas com bebida e um péssimo temperamento, e meus quatro irmãos mais velhos herdaram o gene da idiotice.
— Ah.
Minhas orelhas ardiam.
— Não fique constrangida, Flor. Meu pai parou de beber e meus irmãos cresceram.
— Não estou constrangida.
Fiquei mexendo nas mechas que se desprendiam do meu cabelo e então decidi soltar tudo e fazer outro coque, tentando ignorar o silêncio embaraçoso.
— Gosto desse seu lance natural. As garotas não costumam vir aqui assim.
— Fui coagida a vir até aqui. Não me passou pela cabeça impressionar você. — respondi, irritada por meu plano ter falhado.
Ela abriu aquele sorriso largo dela, divertido, meio infantil, e fiquei com mais raiva, na esperança de disfarçar minha inquietação. Eu não sabia como as garotas se sentiam quando estavam perto dela, mas tinha visto como se comportavam. Eu estava vivenciando algo mais parecido com uma sensação de náusea e desorientação, em vez de paixonite mesclada com risadinhas tolas, e, quanto mais ela tentava me fazer sorrir, mais perturbada eu ficava.
— Já estou impressionada. Normalmente não tenho para que as garotas venham até o meu apartamento.
— Tenho certeza disso — falei, contorcendo o rosto em repulsa.
Ela era o pior tipo de pessoa confiante. Não era apenas descaradamente ciente de seu poder de atração, mas estava acostumada com o fato de as mulheres se jogarem pra cima dela, de modo que via meu comportamento frio como um alívio em vez de um insulto. Eu teria que mudar minha estratégia.
Dinah apontou o controle remoto para a televisão e a ligou.
— Tem um filme bom passando hoje na TV. Alguém quer descobrir o que aconteceu a Baby Jane?
Lauren se levantou.
— Eu já estava saindo para jantar. Está com fome, Flor?
— Já comi — dei de ombros.
— Não comeu, não — disse Dinah, antes de se dar conta de seu erro. — Ah... hum... é mesmo, esqueci que você comeu... pizza, né? Antes de sairmos.
Fiz uma careta para ela, pela tentativa frustrada de consertar a gafe, e então esperei para ver a reação da Lauren. Ela cruzou a sala e abriu a porta.
— Vamos. Você deve estar com fome
— Aonde você vai?
— Aonde você quiser. Podemos ir a uma pizzaria.
Olhei para minhas roupas.
— Não estou vestida para isso...
Ela me analisou por um instante e então abriu um sorriso.
— Você está ótima. Vamos, estou morrendo de fome.
Eu me levantei e fiz um aceno de despedida para Dinah, passando por Lauren para descer as escadas. Parei no estacionamento, olhando horrorizada enquanto ele subia em uma moto preta fosca.
— Hum... — minha voz foi sumindo, enquanto eu comprimia os dedos dos pés expostos.
Ela olhou com impaciência na minha direção.
— Ah, sobe aí. Eu vou devagar.
— Que moto é essa? — perguntei, lendo tarde demais o que estava escrito no tanque de gasolina.
— É uma Harley Night Rod. É o amor da minha vida, então vê se não arranha a pintura quando subir.
— Estou de chinelo!
Lauren ficou me encarando como se eu estivesse falando outra língua.
— E eu estou de botas. Sobe aí.
Ela colocou os óculos de sol, e o motor da Harley rugiu ao ser ligado. Subi na moto e estiquei a mão para trás buscando algo em que me segurar, mas meus dedos deslizaram do couro para a cobertura de plástico da lanterna traseira.
Lauren agarrou meus pulsos e envolveu sua cintura com eles.
— Não tem nada em que se segurar além de mim, Flor. Não solte — ela disse, empurrando a moto para trás com os pés. Com um leve movimento de pulso, já estávamos na rua, disparando feito um foguete. As mechas soltas do meu cabelo batiam no meu rosto, e eu me escondia atrás de Lauren, sabendo que acabaria com entranhas de insetos nos óculos se olhasse por cima do ombro dela.
Ela acelerou quando chegamos na frente do restaurante e, assim que diminuiu a velocidade para parar, não perdi tempo e fui correndo para a segurança do concreto.
— Você é louca!
Lauren deu uma risadinha, apoiando a moto no estribo lateral antes de descer.
— Fui no limite de velocidade.
— É, se estivéssemos numa estrada da Alemanha! — falei, desfazendo o coque para separar com os dedos os fios embaraçados.
Lauren me olhou enquanto eu tirava o cabelo do rosto e depois foi andando até a porta, mantendo-a aberta.
— Eu não deixaria nada acontecer com você, Beija-Flor
Passei por ela pisando duro e entrei no restaurante. Minha cabeça não estava muito em sincronia com meus pés. Um cheiro de gordura e ervas enchia o ar enquanto eu o seguia pelo carpete vermelho, sujo de migalhas de pão. Ela escolheu uma mesa no canto, longe dos grupos de alunos e das famílias, e então pediu duas cervejas. Fiz uma varredura no ambiente, observando os pais que tentavam persuadir os filhos barulhentos a comer e desviando dos olhares curiosos dos alunos da Eastern.
— Claro, Lauren — disse a garçonete, anotando nosso pedido. Ela parecia um pouco exaltada com a presença dele ali.
Prendi os cabelos bagunçados pelo vento atrás das orelhas, repentinamente com vergonha da minha aparência.
— Você vem sempre aqui? — perguntei em tom áspero.
Lauren apoiou os cotovelos na mesa e fixou os olhos castanhos em mim.
— Então, qual é a sua história, Flor? Você odeia pessoas em geral ou é só comigo?
— Acho que é só com você — resmunguei.
Ela riu, divertindo-se com meu estado de humor
— Não consigo sacar qual é a sua. Você é a primeira garota que já sentiu desprezo por mim antes do sexo. Você não fica toda desorientada quando conversa comigo e não tenta chamar minha atenção.
— Não é uma manobra tática. Eu só não gosto de você.
— Você não estaria aqui se não gostasse de mim.
Involuntariamente, minha testa franzida ficou lisa e soltei um suspiro.
— Eu não disse que você é uma má pessoa. Só não gosto de ser tratada de determinada maneira pelo simples fato de ter uma vagina.
E me concentrei nos grãos de sal na mesa até que ouvi um ruído vindo da direção da Lauren, parecido com um engasgo.
Os olhos dela estavam arregalados e ela tremia de tanto rir.
— Ah, meu Deus! Assim você me mata! É isso aí, nós temos que ser amigas. Não aceito não como resposta.
— Não me incomodo em sermos amigas, mas isso não quer dizer que você tenha que tentar transar comigo a cada cinco segundos.
— Você não vai pra cama comigo. Já entendi.
Tentei não sorrir, mas falhei. Os olhos dela ficaram brilhantes.
— Eu dou a minha palavra. Não vou nem pensar em transar com você... a menos que você queira.
Descansei os cotovelos na mesa para me apoiar.
— Como isso não vai acontecer, então podemos ser amigas.
Um sorriso travesso ressaltou ainda mais suas feições quando ela se inclinou um pouquinho mais perto de mim.
— Nunca diga nunca.
— Então, qual é a sua história? — foi minha vez de perguntar. — Você sempre foi Lauren “Cachorra Louca” Jauregui, ou isso é só desde que veio pra cá?
Usei dois dedos de cada mão para fazer sinal de aspas no ar quando mencionei o apelido dela, e pela primeira vez sua autoconfiança diminuiu.
Lauren parecia um pouco envergonhada.
— Não. Foi o Adam que começou com esse lance do apelido depois da minha primeira luta.
Suas respostas curtas estavam começando a me incomodar.
— É isso? Você não vai me dizer nada sobre você?
— O que você quer saber?
— O de sempre. De onde você veio, o que você quer ser quando crescer... coisas do tipo.
— Sou daqui, nascida e criada, e estudo direito penal.
Com um suspiro, ela desembrulhou os talheres e os endireitou ao lado do prato. Olhou por cima do ombro com o maxilar tenso. Duas mesas adiante, o time de futebol da Eastern irrompeu em uma gargalhada.
Lauren pareceu incomodada pelo fato de eles estarem rindo.
— Você está de brincadeira — eu disse, sem acreditar.
— Não, sou daqui mesmo — ela confirmou, distraída.
— Não, eu quis dizer sobre o seu curso. Você não parece o tipo de pessoa que estuda direito penal.
Ela juntou as sobrancelhas, repentinamente focado em nossa conversa.
— Por que não?
Passei os olhos pelas tatuagens que cobriam seus braços.
— Eu diria que você parece mais do tipo criminosa.
— Não me meto em confusão... na maior parte do tempo. Meu pai era muito rígido.
— E sua mãe?
— Ela morreu quando eu era criança — ela disse sem rodeios.
— Eu... eu sinto muito — falei, balançando a cabeça. A resposta dela me pegou de surpresa.
Ela dispensou minha solidariedade.
— Não me lembro dela. Meus irmãos sim, mas eu só tinha três anos quando ela morreu.
— Quatro irmãos, hein? Como você os mantinha na linha? — brinquei.
— Com base em quem batia com mais força, que era do mais velho para o mais novo. Thomas, os gêmeos... Taylor e Tyler, depois o Trenton. Nunca, nunca mesmo fique numa sala sozinha com o Taylor e o Ty. Aprendi com eles metade do que faço no Círculo. O Trenton era o menor, mas ele é rápido. É o único que hoje em dia consegue me acertar um soco.
Balancei a cabeça, chocada só de pensar em cinco versões da Lauren em uma única casa.
— Todos eles têm tatuagens?
— Quase todos, menos o Thomas. Ele é executivo na área de publicidade na Califórnia.
— E o seu pai? Por onde ele anda?
— Por aí — disse Lauren.
Seu maxilar estava tenso de novo, e sua irritação com o time de futebol aumentava.
— Do que eles estão rindo? — perguntei, fazendo um gesto para indicar a mesa ruidosa.
Ela balançou a cabeça, claramente não querendo me contar do que se tratava. Cruzei os braços e fiquei me contorcendo, nervosa de pensar no que eles poderiam estar dizendo para deixá-la tão irritada.
— Me conta.
— Eles estão rindo de eu ter trazido você para jantar primeiro. Não é geralmente... meu lance.
— Primeiro?
Quando me dei conta do que se passava e isso ficou claro na expressão do meu rosto, Lauren se encolheu, mas eu falei sem pensar:
— Eu aqui, com medo de eles estarem rindo por você ser vista comigo vestida assim, e eles acham que eu vou transar com você — resmunguei.
— Qual é o problema de eu ser vista com você?
— Do que estávamos falando? — perguntei, afastando o calor que subia pelo meu rosto.
— De você. Está estudando o quê? — ela me perguntou.
— Ah, hum... estudos gerais, por enquanto. Ainda estou indecisa, mas estou pensando em fazer contabilidade.
— Mas você não é daqui. De onde você veio?
— De Cuba. Que nem a Dinah.
— Como você veio de Cuba pra cá?
Comecei a puxar o rótulo da garrafa de cerveja.
— Só queríamos fugir.
— Do quê?
— Dos meus pais.
— Ah. E a Dinah? Ela tem problemas com os pais também?
— Não, o Mark e a Pam são o máximo. Eles praticamente me criaram. Ela meio que me acompanhou, não queria que eu viesse pra cá sozinha.
Lauren assentiu.
— Qual é a do interrogatório? — perguntei.
As perguntas estavam passando de uma conversa sobre assuntos gerais e partindo para o lado pessoal, e eu estava começando a me sentir desconfortável.
Diversas cadeiras bateram umas nas outras quando o time de futebol levantou. Eles fizeram mais uma piada antes de irem andando lentamente até a porta e aceleraram o passo quando Lauren se levantou. Os que estavam atrás empurraram os da frente para fugir antes que Lauren conseguisse alcançá-los. Ela se sentou, fazendo força para espantar a frustração e a raiva.
Ergui uma sobrancelha
— Você ia me dizer por que optou pela Eastern — Lauren continuou.
— É difícil explicar — respondi, dando de ombros. — Só parecia certo.
Ela sorriu e abriu o cardápio.
— Sei o que você quer dizer.
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