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cellardoor-reviews · 6 years
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VOX LUX (2018) 🌕🌕🌕🌕🌗
Dirigido por Brady Corbet
Vox Lux é o novo filme da Natalie Portman e só por isso já vale assistir. Em uma primeira assistida causa estranhamento com o seu final abrupto. Mas é daqueles que vai crescendo na gente conforme vamos pensando a respeito depois. 
Uma sobrevivente de um atentado em sua escola se torna uma nova pop star com apenas 14 anos. Em resumo é isso. O filme une dois temas aparentemente distintos e cria tantos paralelos que são lentamente digeridos pelo público. Não existe muito uma justificativa para colocar “school shooting” e o universo carregado e corruptivo da fama, a não ser incrementar mais a personagem central. Mas no fim das contas eles se complementam.
Em determinado momento a protagonista, em uma entrevista, diz que existe uma vontade desses atiradores em se tornarem celebridades, e bem ou mal, sempre conseguem seus 5 minutos de fama. Mas vai além disso. Toda a espetacularização da violência que gira em torno desses casos acaba sendo extremamente danosa para toda a sociedade. O filme também trata de como essas experiências, que hoje em dia já se tornaram comuns, podem afetar a vida de uma jovem adolescente, mesmo que aparentemente ela tenha “vencido na vida” e “superado”. Ou seja, são gravíssimos os efeitos colaterais, sim, e isso não pode cair no campo da normalidade apesar de ser recorrente.
Somado a isso colocamos Celeste descobrindo a fama e tudo que vem junto dela. Toda a pressão psicológica, os abusos, as drogas e o álcool. Não são todos que aguentam tudo isso. É nítido que o filme se inspira em casos como Britney Spears e Justin Bieber. Sem contar vários detalhes que pegaram de outras divas do pop atuais como Katy Perry e seus autotunes, Madona e seu jeito de se vestir nos anos 80 e questões de dependência química de Demi Lovato. Existe uma leve inspiração na Lady Gaga também. Tudo isso é jogado no liquidificador e misturado para a construção de Natalie Portman, que faz a segunda parte do filme mostrando um único dia de Celeste no futuro. Uma cantora que já entrou em decadência e está tentando voltar ao estrelato. Fala-se (e mostra-se na parte final) muito sobre o fato de apesar do declínio pessoal e artístico de um ídolo desses, o público ainda consumir e seguir fielmente sua arte (ou falta de). 
Na primeira parte do filme, acompanhamos Celeste em sua ascensão no mundo pop. E através de muitos elementos vemos o início dessa autodestruição, fato confirmado no futuro. O que a falta de de privacidade na vida de uma menina nova afeta muito a sua mentalidade.
Essa autodestruição pessoal também pode ser relacionada à autodestruição de toda uma sociedade que se alimenta de violência e sensacionalismo. E o ciclo que se cria a partir disso, evidenciado no segundo caso de ataque com armas de fogo do filme. O que gera o que? Quais a referências e influências dessas pessoas? Qual o preço da fama pela fama?
É notável, de maneira sútil, como Celeste lidou com esse trauma e inconscientemente incorporou algumas característica de seu colega de classe atirador. A maquiagem que se torna sua assinatura muito similar à de seu algoz. A atração pelo mundo do rock, ao se envolver com um rockeiro e depois o contar que ele faz o mesmo tipo de música que o “terrorista”. Ao se vestir como uma “rockstar” no dia a dia. Tá tudo ali. Todas as referências que fogem de sua intenção. 
Natalie Portman faz um retrato dessa pessoa quebrada, de diversas formas, perfeito. Ela adiciona trejeitos na fala e nos movimentos. O tempo todo ela se alonga em resposta à bala alojada em sua coluna. Realmente Portman some. Só vemos Celeste. E não uma atriz fazendo um ótimo papel. OSCAR JÁ! 
A direção é super especial e autoral. Ele não tem medo de surpreender o público e levar o filme para caminhos inesperados. Vi uma entrevista em que ele diz que hoje em dia maior parte dos filmes que assiste ele já sabe o caminho que vai seguir desde o início. Aqui, ele fez um ótimo trabalho em fugir disso. A narração é uma cerejinha no bolo e que causa a sensação de fábula obscura que o filme possui. A trilha sonora instrumental é linda e assombrosa ao mesmo tempo. Arrepia. Ainda mais quando entram os créditos iniciais (amo letterings de títulos de filmes e aqui ele inverte totalmente a expectativa). 
Dizem que as letras das músicas cantadas no show no final dizem muito a respeito da psicologia da personagem. A sessão que assisti não tinha legendas e era difícil entender por causa do autotune. Preciso assistir uma segunda vez para sentir esse soco no estômago que dizem ser. 
Enfim, um filmão que jamais será para agradar o público comum que espera uma história convencional com início, meio e fim. Se você está disposto a ver uma estudo sobre personagem com ótimas atuações e um clima “on point”, veja Vox Lux.
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cellardoor-reviews · 6 years
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SE A RUA BEALE FALASSE (2018) 🌕🌕🌕
Dirigido por Barry Jenkins
Novo filme do diretor de Moonlight. As expectativas estavam super altas pra esse. O resultado final não foi à altura mas ainda assim é um filme de uma beleza incrível.
A fotografia é a coisa que mais chama atenção. Os planos de assinatura do diretor estão novamente presentes aqui. E super ajudam na imersão na história e na forma de descrever fatos e personagens. As cores também são lindas. Os contrastes fortes de tons de amarelo, verde, vermelho e azul com a pele negra são de cair o queixo. As opções de câmera lenta também não surpreendem quem já assistiu a Moonlight mas enchem os olhos do mesmo jeito.
O roteiro é super interessante e traz uma história de amor acima de tudo, baseada em um período (não que hoje esteja perfeito nesse quesito) de muito preconceito. Rola nesse filme aqueles momentos que sufocam a gente junto com tal personagem quando rola um olhar torto ou uma repressão policial racista. Esse ano muitos filmes estão trazendo esse tema e todos o fazendo muito bem. Por favor não parem!
O problema maior é que fica difícil entrarmos na história por uma excesso no romantismo que vemos, tanto na direção quanto nas atuações. Todas as falas e diálogos entre o casal principal são muito cordiais, muito poéticas, muito "melosas". Nunca somos sugados para aquele mundinho e aquela história de amor. Ficamos de meros espectadores. Em contraponto temos ótimas cenas mais soltas e cruas do embate das duas famílias, por exemplo ou a própria cena em que Regina King (maravilhosa), que faz a mãe da mocinha tem um momento de grande destaque, funciona brilhantemente.
A trilha sonora também encontra problemas. Um tema instrumental específico usado ao longo do filme é lindo e chega a arrepiar. Mas os outros parecem sempre te distanciar. Não que deveriam ter optado pelo óbvio e clichê, colocando musicas altas e orquestrais que induzem ao choro. Mas no filme que deu o Oscar para Barry Jenkins há dois anos atrás por exemplo, a trilha sonora te pega de jeito. Fica marcada.
Em termos gerais, era pra ser um filme para sairmos roxos de tanto chorar. E a gente tenta, a cada momento, se emocionar. Todos os elementos estão (ou deveriam estar) ali. Só falta a voracidade e a realidade que ele trouxe em Moonlight. A gente sabe que é uma história linda, e o filme é um desbunde visual. Mas paramos aí. Um filme plástico demais, o que seria ótimo se tivesse mais vida. Saímos do cinema com gostinho de "queria ter sentido mais". O que não diminui todas a suas refinadíssimas qualidades técnicas.
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cellardoor-reviews · 6 years
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WHITE BOY RICK (2018) 🌕🌕🌗
Dirigido por Yann Demange
Não tem muito o que falar sobre esse. O que não é algo muito positivo. Nem negativo. É um filme que entretem mas também é esquecível. História bem simples, contada de maneira bem simples, com um final bem simples. Tudo nos conformes. 
Mostra a história real desse menino que com 15 anos dominou a máfia local de Detroit e se tornou informante do FBI nos anos 80. O roteiro é redondo, sem grandes furos nem grandes acertos. Falta um pouco de precisão para contar esse caso e tentam romantizar muito o protagonista. Não conheço a história real mas acho difícil ter sido tão aprazível assim. No final do filme ficamos com raiva da polícia e torcendo pelo menino. Isso não necessariamente é ruim, tendo em vista que um menino de 14/15 anos foi de fato usado pelo FBI e depois punido. Causa um desconforto se a história real é exatamente assim. Mas ainda assim soa como algo estranho no mínimo. 
As atuações estão super competentes, mas o destaque maior ficou para a menina que faz a irmã dele, viciada em crack. Ela arrasa. O resto do elenco só faz o que é exigido. Assim como a trilha sonora e todo o design de produção. Tudo dentro da casinha. 
O final tem uma carga dramática mais pesada e pode conseguir emocionar os mais pacientes, pois bem ou mal, conseguimos entender a psicologia do protagonista e de toda a situação. Mas acho que talvez funcionasse melhor como uma serie de 8 episódios. Teria mais tempo para desenvolver tudo que fica com uma vibe corrida demais. 
White Boy Rick melhora conforme o tempo. As duas primeiras partes podem ser tediosas mas o terceiro ato é relativamente forte. O balanço geral é: não fede nem cheira.
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cellardoor-reviews · 6 years
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O ANJO (2018) 🌕🌕🌕🌗
Dirigido por Luis Ortega
Esse filme argentino tem um problema logo de cara que pode ser considerado um grande fator negativo na visão geral. É uma biografia sobre um serial killer argentino real dos anos 70. Só que essa biografia é contada nos moldes de Tarantino, o que acaba humanizando e gerando uma enorme empatia do público com o personagem principal. Ou seja, rola uma irresponsabilidade nesse sentido. Mas independente desse valor "moral", o filme é ótimo. 
O estilo Almodóvar que a história é contada funciona muito bem. Closes nas bocas, nos corpos, algumas câmeras lentas e contemplações cheias de luxúria funcionam muito bem nessa storytelling. As cores fortes e contrastantes retratam muito bem a época, assim como todo o figurino e o design de produção. A qualidade da imagem em si é muito viva e colorida.
O ator que faz o protagonista, estreante que nunca fez sequer um curta na vida, está excelente no papel e entrega uma personagem sexy e envolvente ainda que passe uma imaturidade em seu comportamento sociopata. É uma explicação competente de como ele conseguia envolver suas vítimas e comparsas, mas ao mesmo tempo arrepia em como ele usava isso ao seu favor. A cena inicial dele dançando sozinho em uma casa que acabou de invadir é linda e sensual na medida certa. O discurso de que ele não acredita que as coisas materiais devam pertencer exclusivamente à uma determinada pessoa mostra uma deturpação de de um ideal comunista, o que explica muito sobre a mente desse psicopata. O fato da sua sexualidade nunca ser explorada também possui um papel grande em sua resposta em como lidar com esses desejos retraídos e silenciados internamente e por consequência como ele externaliza isso. Me lembrou muito outro serial killer americano famoso, Jeffrey Dahmer, que já ganhou dois filmes (valem a pena serem vistos) à respeito da sua trajetória. 
O roteiro também é bastante redondinho e mostra de forma destrinchada o caminho percorrido pelo bandido/assassino. As cenas mais pesadas são suavizadas com um certo humor e uma estética limpa o que, de novo, pode ser perigoso no que diz respeito a realidade, mas como cinema é uma bela conquista. 
Eu recomendaria esse filme, com a ressalva de que se fosse um personagem fictício poderia ter um reconhecimento e um valor ético mais alto.
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cellardoor-reviews · 6 years
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TINTA BRUTA (2018) 🌕🌕🌗
Dirigido por Felipe Matzembacher e Marcio Reolon
Filme brasileiro dos mesmo diretores de Beira-mar. Conta a história de um menino depressivo com um peso de culpa por um acontecimento no passado que resolve se pintar de tinta neon e fazer shows ao vivo na webcam. 
A gente acompanha essa jornadinha dele com conforme ele vai afundando mais e mais no seu mundinho privado e vai se distanciando de contato com outras pessoas. O filme começa bem, de repente perde o fôlego e o retoma em seus minutos finais (os melhores). A cena final é muito boa assim como uma cena de suspense super bem montada. Mas em contraponto disso a gente tem atuações bem medianas para ruins, que não convencem mesmo. E o filme também sofre do excesso de lentidão nos diálogos. Você pode fazer um filme devagar mas não precisa esfregar isso na nossa cara a cada fala. Passou um pouco do ponto.
É competente, tem um roteiro bom, mas a direção contemplativa em excesso acaba o tornando apenas na média.
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cellardoor-reviews · 6 years
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SHOPLIFTERS (2018) 🌕🌕🌕🌕🌕
Dirigido por Hirokazu Koreeda
Representante do Japão na corrida do Oscar do ano que vem conquistou o primeiro lugar dos filmes que eu vi até agora no Festival do RJ.
Que eu amo cinema oriental todo mundo já sabe. Mas esse filme supera qualquer expectativa. Emocionante e impactante de sobra. Sensível do jeito que só a galera do oriente sabe ser. O filme sabe exatamente o que explorar e como o fazer. Ele pega as menores coisas da vida, simples gestos, ações e reações, olhares e falas corriqueiras e transforma em arte. Koreeda consegue extrair toda a beleza de atitudes cotidianas entre os personagens dessa família disfuncional. 
A gente acompanha o desenrolar na vida de uma família pobre que vive de pequenos furtos quando eles acham uma menina de 5 anos de idade e a levam para morar com eles. A partir daí vemos como ela se encaixa nessa família e também qual o papel de cada um naquela realidade.
Todos os personagens são interessantíssimos e cheios de camadas. Os destaques mesmo são a "avó", "sincerona" demais e com cicatrizes de uma vida não muito feliz, mas que nunca fica escancarado. Pouco é dito mas é tudo muito claro. A "mãe" que a princípio parece durona e desligada de qualquer tipo de carisma e se mostra uma pessoa cheia de amor e carinho para com seus filhos, mesmo que não saiba como o fazer. Atentem para duas cenas em que ela dá um Show, com letra maiúscula, com pouquíssimas palavras. Eu nunca vi uma atuação tão real e sincera quanto a dessa mulher. Dá vontade de chorar alto junto com ela, diferente do seu choro silencioso. Oscar por favor! E o "filho", que além de ser a coisa mais linda (só perde para a menininha) é extremamente carismático e o que apresenta o melhor senso de auto crítica e civilidade da família. É ponto fora da curva. E também um excelente ator mirim.
Na última parte do filme rola um twist que bota tudo de cabeça pra baixo, e o filme que até então era quase um "feel good movie" se torna um drama carregado e que não consegue fazer menos do que te arrancar lágrimas a cada segundo. Pode parecer irreal mas tudo faz sentido naquele momento e sentimos o peso das escolhas e da dualidade que aquelas pessoas tomaram para si, seja proposital ou não. São pessoas à margem da sociedade que tentam a todo custo exercer suas naturezas carinhosas, apesar de tudo. A mensagem é linda. Não posso comentar mais sem dar spoilers. As cenas finais são de cortar o coração de qualquer pessoa que tenha sangue correndo nas veias. 
Um filme desses não pode passar desapercebido. É lindo D E M A I S. Sai nos cinemas em janeiro no Brasil, por favor, ASSISTAM. Dá um banho no que Hollywood faz com filmes familiares dramáticos. Acabem com o preconceito com línguas incompreensíveis e abram-se pro mundo e para novas formas de contar histórias. O oriente sabe fazer isso muito bem e Shoplifters é a prova viva disso.
Apaixonado por esse filme.
PS: E esse cartaz maravilhoso?
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cellardoor-reviews · 6 years
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SKATE KITCHEN (2018) 🌕🌕🌕
Dirigido por Crystal Moselle
Mais um filme coming of age que pega apenas um recorte na vida de um grupo de garotas que andam de skate em NY. 
Lembra muito os filmes do Larry Clark em termos de atuações improvisadas. É quase um documentário feito por alguém que convive com essas pessoas. Sentimos o peso dessa realidade muito bem. A história mantém o foco em uma menina retraída com uma relação com a mãe não muito boa. Ela acha nesse grupo de novas amigas uma nova realidade e se encontra finalmente depois de muito tempo solitária e deslocada. 
As amigas são quem dão o brilho do filme pois são quase todas muito divertidas contando suas histórias cotidianas de vida e experiências mundanas. É tudo muito gostoso de ver. Destaque para a única lésbica do grupo. Personagem muito divertida e excelente atriz. O filme conta ainda com uma trilha sonora muito certeira e precisa para aquele ambiente. 
O final deixa um pouco a desejar pela falta de sal, mas ainda assim, é um belo retrato da vida em si, especialmente desse gueto que pode parecer muito distante para tanta gente. Serve também como um olhar mais cirúrgico para a realidade desses e dessas jovens que beiram a marginalidade. Um grupo muito específico. Nem lá nem cá.
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cellardoor-reviews · 6 years
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MUERE, MONSTRUO, MUERE (2018) 🌕🌕🌗
Dirigido por Alejandro Fadel
Esse terror slow burn se passa nos arredores das Cordilheiras dos Andes. A história tem zero profundidade e tem uma premissa básica. Um monstro ataca moradores dessa região e um policial passa a investigar o caso. 
Nos primeiros 20 minutos um ótimo clima se instaura, tudo no seu tempo. O diretor não tem pressa alguma. Mas as tomadas longas e lentas possuem uma fotografia bastante acurada. Nisso o filme acerta. Até um fato surpreendente e bastante gráfico acontecer e te pegar de surpresa. E é aí que o filme perde sua força até os últimos minutos. Ao invés de pegar fôlego com essa cena brutal, o filme prefere optar por focar na construção de clima. Só que fica construindo eternamente e a resolução que era pra ser tensa e climática continua no mesmo tom. Os diálogos são muito arrastados, é tudo muito devagar. Passa do limite do estilo e caí na monotonia.
Nos últimos 10 minutos o monstro finalmente aparece e nos brinda com uma maquiagem criativa ao extremo. O sorriso no rosto volta a aparecer depois de um longo período de sono. Queremos ficar olhando cada detalhe daquela criatura de tão interessante que é. E ele aparece bastante, em closes e planos gerais. Exploram bem aquela imagem, e não é a toa. Inclusive a última cena em que sobem os créditos é linda pra quem curte o gênero e o sub-gênero "monster movies". 
Em resumo, o filme tem uma cena inicial que indica que será uma porrada na cara, daí começa a criar um excelente clima soturno até um ótimo momento. Para aí e depois cai no tédio até os 10 minutos finais. Esses minutos conseguem salvar o filme particularmente, mas duvido que seja assim para qualquer um.
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cellardoor-reviews · 6 years
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TARDE PARA MORIR JOVEN (2018) 🌕🌕🌕
Dirigido por Dominga Sotomayor
Filme produzido pelo Rodrigo Teixeira, produtor brasileiro de Call Me By Your Name e que tem um clima muito parecido. 
O filme se passa em uma comunidade isolada, meio hippie. Acompanhamos o dia a dia dessas diversas famílias durante os dias que antecedem o reveillon de 1990. O filme é basicamente um recorte da vida dessas pessoas. Sem grandes acontecimentos ou clímax. A história é cotidiana e passageira. O foco fica em duas meninas. Uma que está passando pela puberdade, então dentro do filme temos um "coming of age", e uma menina mais nova que perde sua cachorra no início do filme. Nas entrelinhas alguns temas mais profundos são abordados. Abandono familiar, sexualidade precoce, liberdade em excesso na educação de jovens e crianças, desenvolvimento de compaixão e senso crítico e moral na infância e até mesmo umas pinceladas em feminismo. Temos muitos outros personagens, todos contribuindo para moldar bem aquela realidade. Os atores aliás estão ótimos e super naturais o que ajuda a entrar nesse retrato familiar. Esse tipo de filme pede que todos os elementos sejam trabalhados de forma naturalista. 
Gostosíssimo de se assistir e que traz, assim como Me Chame Pelo Seu Nome, sentimentos que trazem a sensação de estar naquele ambiente. Até o cheiro do lugar conseguimos sentir. Isso se dá pela direção muita rica em detalhes e pelo design de produção meticuloso.
Simples, bonito e honesto.
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cellardoor-reviews · 6 years
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ASAKO I & II (2018) 🌕🌗
Dirigido por Ryûsuke Hamaguchi
Eu sou super fã de filmes asiáticos. Mas esse aqui realmente não desceu. Encontro dificuldade até para falar sobre.Uma mulher se apaixona por um cara que um belo dia desaparece. 2 anos e meio depois um cara igual ao primeiro (interpretado pelo mesmo ator) surge na vida dela, e depois de relutar muito ela se envolve com ele. Um belo dia o primeiro reaparece em sua vida. Fim.
A premissa é boa mas não serve de nada. Sentimos no final que fomos do nada à lugar nenhum. Se o filme quisesse sair do ponto A para o ponto A mas tivesse uma jornada no mínimo interessante, tudo bem. Mas não. O que há de interessante é a ideia por trás só que simplesmente não a exploram de forma alguma. Se voc�� espera ver a confusão mental e sentimental que a protagonista poderia ter e a sua escolha a partir disso, desista.
Existem vários momentos jogados aleatoriamente e que em nada colaboram para a história. Tem um terremoto em determinada cena que até agora me pergunto qual foi a intenção ali. O pior que o filme encontra diversos momentos na última parte que poderiam levantar muito a bola do resultado final e se tornar pelo menos um filme mediano. Só que ele se prolonga mais do que necessário e volta pra casa sem sal de ser. De positivo acho que só algumas piadinhas que funcionam e só. 
Japão decepcionou nesse aqui. Oportunidade jogada fora desnecessariamente.  
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cellardoor-reviews · 6 years
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LONG DAY’S JOURNEY INTO NIGHT (2018) 🌕🌕🌕🌕
Dirigido por Gan Bi
Imagina o cenário: David Lych dirigindo uma mistura de Blade Runner, God Only Forgives e Enter The Void, em chinês. Dá mais ou menos isso. 
Um experiência audiovisual como nada que já tinha passado antes. Um filme "neon neo noir" com um ritmo lento, colorido, escuro e melancólico. Não espere explicações ou uma história linear. Não tem nada disso aqui. A idéia é se entregar ao que você está vendo e se deliciar com as imagens maravilhosas que surgem na tela. A fotografia é a coisa mais linda. Riquíssima em cores e textura. E toda a montagem do filme é brilhante. 
Quando entramos no cinema nos dão óculos 3D, mas no início do filme surge uma mensagem dizendo que não é um filme 3D, porém nos convida a colocar os óculos quando o protagonista der a entender. Só aí já cria-se a expectativa e a ansiedade.
Durante os primeiros 70 minutos de filme vemos presente, passado, lembranças e imaginação. Tudo misturado. As peças estão lá, nós que temos que montar o quebra-cabeças. Eu ainda não consegui resolver tudo, e já tem dois dias que assisti. Preciso ver de novo. Filmes assim que intrigam e fazem a magia valer realmente a pena. 
Depois dos 70 minutos, o personagem entra em um cinema para ver um filme 3D. Sabemos ai que o convite chegou. E é aí que entra o título do filme. Cheguei a arrepiar. O que vem a seguir é um plano sequência (DE VERDADE) de 50 minutos. E um daqueles extremamente elaborado em termos do que a câmera faz. Acompanhamos o caminho de uma moto por uma estrada de terra, descemos de tirolesa para uma cidade em ruínas, jogamos sinuca, voamos pelo céu e seguimos os personagens pelas ruas e escadas dessa cidade. É literalmente surreal. Não só a técnica usada mas também o roteiro que embarca em um sonho nessa segunda metade do filme. A ousadia da proposta como um todo é algo reconfortante. Precisamos de gente assim fazendo filmes assim, saindo da casinha. Isso sim traz inovação.
Ficaremos de olho nesse diretor chinês que tem apenas 29 anos e já está dando um show de maturidade e precisão atrás das lentes.
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cellardoor-reviews · 6 years
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THREE IDENTICAL STRANGERS (2018) 🌕🌕🌕🌕🌕
Dirigido por Tim Wardle
Já estava louco pra ver esse documentário mas mesmo assim conseguiu me pegar de surpresa. Em apenas 15 minutos de filme eu já estava 100% imerso na história e com lágrimas escorrendo pelo rosto. 
Que história incrível! Evitando ao máximo os spoilers, fala sobre trigêmeos separados no orfanato e que se reencontram por acaso 20 anos depois. Não sou grande conhecedor de documentários então tecnicamente é difícil falar sobre. Só que acho que a forma que construíram o roteiro instiga a nossa curiosidade a cada momento. É uma histórinha sendo contada mesmo. Com os seus vários plot twists. Tem até direito a reencenação de acontecimentos. Sempre mesclados com imagens reais do passado, seja de programas de TV que noticiavam a história ou vídeos caseiros. É um filme muito rico em informação. Li que tentaram diversas vezes fazer um documentário sobre isso mas sempre desistiram por não saber juntar as peças. Pelo visto o projeto caiu nas mãos certa.
Quanto a história em si não da para dizer menos do que fascinante. Nem o melhor dos roteiristas pensaria nesse desfecho. A cada virada a gente é pego de surpresa. Tudo começa muito agradável e divertido para entrar em território mais sombrio na segunda metade. Muito legal também a reflexão que gera no espectador. Existe uma discussão a ser feita após o filme. Até onde temos poder de escolha e livre arbítrio? O que tem mais influência, nossa criação e o ambiente onde crescemos ou é tudo genético. Durante o filme você se pega fazendo essa análise a todo momento. E no final chegamos, emocionados, à uma conclusão junto com a história e seus "personagens". 
Uma das melhores coisas que assisti nesse Festival do RJ até agora e uma montanha russa de sentimentos, pensamentos, auto-reflexões. E até mesmo serve para aguçar nossa visão sobre o próximo e seu papel na sociedade.
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cellardoor-reviews · 6 years
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LAST CHILD (2017) 🌕🌕🌕
Dirigido por Dong-seok Shin
O primeiro asiático de 4 que vou assistir no Festival do RJ. Comecei bem. Filmão com um drama intenso e visceral feito da forma mais sutil possível. Coisa que só o oriente consegue.
Esse filme coreano conta a história de um pai e uma mãe que perdem o filho afogado em um acidente. Eles tentam lidar com o luto e começam a se apegar a um outro menino da vizinhança. Que história de tirar o fôlego. Triste e denso, o filme conta com uma fotografia totalmente desaturada e pesada. As atuações tem um peso enorme pois são muito reais. A gente sente no olhar do casal principal a dor que estão sentindo. E o desenrolar da trama é complexo, não muito surpreendente mas ainda assim te deixa apreensivo com o desfecho. Talvez gostaria mais se o filme tivesse acabado minutos antes do que acabou. Teria mais força e causado um impacto maior. Mas ainda assim, diz a que veio e entrega um belo estudo sobre luto. 
Viva a Coréia por entregar sempre filmaços que falam muito de humanidade e sentimentos cotidianos.
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cellardoor-reviews · 6 years
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MORTO NÃO FALA (2018) 🌕🌕🌗
Dirigido por Dennison Ramalho
Um terror brasileiro. Dennison Ramalho já provou que sabe fazer isso direitinho. Esse filme não deixa a desejar para os fãs do gênero.
Com Daniel De Oliveira como protagonista, super bem escalado, o filme trata de um legista que fala com os mortos. Toda a estética, fotografia e o gore fazem jus a filmes hollywoodianos. Mas sem perder a mão pra vibe mais autoral. A maquiagem da um showzão a parte. Extremamente convincente, temos membros decepados de sobra aqui. 
Claro que tem um probleminhas. O roteiro no final parece “vendido” demais. Talvez pelo fato da Globo filmes ter o dedo nisso. A resolução grita mainstream e acaba deixando a lógica do próprio roteiro de lado. As regras mudam do nada e você não entende porque acontece o que acontece no final, só aceita, porque a última cena é linda. Outro ponto que estranha um pouco é o fato de terem usado CGI para fazer os mortos falarem. Não entendi a opção sendo que claramente eles tinham domínio de uma excelente maquiagem. 
Fora isso, é um ótima representante de filmes de gênero pro país.
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cellardoor-reviews · 6 years
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O ÓDIO QUE VOCÊ SEMEIA (2018)
Dirigido por George Tillman Jr.
The Hate U Give fala de racismo. Simples assim. E joga na nossa cara todo o racismo enraizado na sociedade desde a primeira cena.
A mensagem, obviamente, é super on point e imediata, no mundo todo. O roteiro é muito esperto em despertar auto críticas em todos nós. Rolam vários momentos que você tem vergonha alheia por comentários desnecessários que os personagens tem que escutar. Em outros ficamos em choque e com o coração na mão pela brutalidade policial contra negros. É triste demais. A maneira como eles mesmos sabem e lidam com essa realidade. Suas vidas são baseadas em como lidar em um possível encontro policial. A reflexão que o filme gera realmente funciona. É um tapão de empatia na cara.
Infelizmente as qualidades do filme acabam aí. A direção é higienizada demais, didática demais, piegas e infantil demais. Nada funciona. A não ser as tais cenas tensas de injustiça policial, nenhuma outra cena salva. Tem uma passeata em determinado momento com direito a discursinho melodramático com megafone em cima de um carro. Tudo muito clean. O filme inteiro joga todas as críticas mastigadinhas não te dando a oportunidade de pensar um pouco. Literalmente parece uma temporada de Malhação resumida e para um público um pouco (só um pouco) mais velho. Diria facilmente que o filme foi produzido pela MTV. O filme possui muitos subplotzinhos desnecessários e que não convencem ninguém. Tenta ser algo grandioso mas o faz de maneira equivocada. A mistura de filme adulto com filme adolescente, do jeito que foi feito, não me convenceu mesmo. Sem contar a fotografia escancarada que coloca um filtro extremamente azulado quando a menina está no colégio com amigos brancos e uma cor super quente quando ela está em seu bairro. Devia ser MUITO mais suave. Pesaram muito a mão e ficou feio, apenas. Meus olhos rolavam para cima de 5 em 5 minutos.
Um filme que tem todo seu peso morto carregado nas costas de um roteiro que tem muito a dizer mas não sabe muito bem como a não ser desenhando pro público. A reflexão que gerou e talvez melhore minha visão do filme é uma comparação com Love, Simon. Ambos trazem temas de preconceito de forma polida demais e dentro do pacote “hollywood para jovens”. Acredito e espero que pra essa parcela a mensagem seja muito bem passada. Eu gostei muito mais de Com Amor, Simon do que O Ódio Que Você Semeia, muito provavelmente porque um filme conversa diretamente comigo e o outro não. De qualquer forma, existem muitos filmes que lidam com racismo que fazem um trabalho cinematográfico muito mais competente. Mas como cinema é um filme, tecnicamente falando, fraquíssimo.
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cellardoor-reviews · 6 years
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UTØYA - JULY 22 (2018)
Dirigido por Erik Poppe
Saiu um filme do Paul Greengrass na Netflix esses dias sobre o mesmo assunto. Só que as abordagens são bem diferentes. O da Netflix tem 2h e pouca de duração e é filmado como um filme convencional. Acho até que parte dele segue a linha filme de tribunal. Ainda não assisti então não vou compará-los ainda. Mas esse aqui trata de te teletransportar para o que deve ter sido esse inferno.
Em 22 de julho de 2011 aconteceu um ataque de um extremista de direita na ilha de Utøya, na Noruega, onde estava acontecendo um acampamento para jovens de uma universidade promovido pelo Partido Trabalhista Norueguês. Ele assassinou 69 jovens. O filme tenta recriar o que aconteceu e segue a linha de filmes como Vôo 99. Mas de maneira genial ele o faz através de um plano sequência durante 72 minutos, tempo que durou o ataque na vida real.
Planos sequência servem para potencializar os sentimentos de quem assiste a cena e assim aumentam a imersão na história. Aqui não apenas ele faz uso dessa técnica como também coloca a câmera, e nós por consequência, como sendo uma daquelas pessoas. A câmera se joga no chão junto com os personagens, olha de um lado para o outro quando escuta algum barulho, se esconde e observa através de frestas de plantas. Nunca temos uma visão geograficamente privilegiada. Somos só nós e a protagonista. Tudo isso é feito de forma impecável e sem nenhuma dúvida, incomoda. Muito. Nos primeiros minutos em que começa o ataque eu já me senti sufocado fisicamente e lágrimas subiram, tamanho o senso de empatia pelo desespero que esses jovens devem ter sofrido. Missão cumprida já nos primeiros 15 minutos. Agora é só se segurar na cadeira e suar frio a cada segundo. O filme é tenso e intenso mas tem os seus momentos “parados” (alguns vão dizer, eu não), porém super plausíveis. Afinal de contas estão retratando um caso real e devem ser o mais realistas possível. Não é um filme de ação. 
Existem leves excessos cinematográficos e forçadamente emotivos. Mas com atuações convincentes, uma câmera nervosa na mão, um plot fictício espertamente construído para nos ajudar a navegar pela ilha com justificativa, Utøya - 22 de Julho consegue nos fazer sentir o que ninguém deveria sentir e com apenas uma frase no final joga uma discussão que tem que ser feita PARA ONTEM no mundo e principalmente no Brasil de 2019. Desce seco e quadrado.
PRECISA SER VISTO.
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cellardoor-reviews · 6 years
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DIAMANTINO (2018)
Dirigido por Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt
Esse filme português foi uma bela surpresa. Sabia bem pouco ao entrar na sessão e me surpreendi. 
Quem já assistiu Kaboom do Greg Araki vai entender a comparação. É um filme com um valor “kitsch” absurdo. Efeitos aparentemente toscos mas que fazem parte do universo criado. Talvez pela falta de verba para fazer um CGI mais crível, eles optaram por abraçar o cinema raiz e transformar o que seria ruim em um produto, e porque não, em arte. As viagens que o protagonista, um jogador de futebol, muito bem retrato e interpretado por sinal (quem não lembrar de Cristiano Ronaldo está mentindo) com cães gigantes e uma nuvem de poeira cósmica brilhante invadindo o campo em suas partidas de futebol são como quadros surrealistas. É esse nível de loucura! O roteiro também é uma viagem só. Uma história sem pé nem cabeça, com personagens caricatos saídos de um conto de fadas adulto com tons lisérgicos. Como não se divertir com isso? Tem cenas que arrancam gargalhadas. 
Os diretores pegam um tema atual na Europa e fazem uma crítica com um humor inocente e fácil. A saída do Reino Unido da União Européia inspirou esse trabalho para criar uma história fantástica em cima de um posicionamento controverso. Eles insinuam uma lavagem cerebral em uma população que vive de pão e circo, o circo sendo o futebol nesse caso (link fácil com Brasil não é mesmo). Me lembrou até mesmo a forma como John Carpenter passou a mensagem de manipulação de massa em They Live. Só que ao invés do terror, ficção e ação tipicamente americano a gente tem uma comédia portuguesa leve e engraçadíssima. 
Uma descontraída forma de abordar um assunto sério e político. E só de colocar uma parte da trilha instrumental de The Shining em determinada cena, já valeu o ingresso. Uma mistureba alucinante que deu muito certo. 
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