Text
Young & Beautiful pt.7

Sinopse: Isabela Ferreira, estudante de medicina veterinária de dia e garçonete em um clube de luxo em Copacabana de noite, leva uma vida difícil após a morte de sua mãe e o desaparecimento de seu irmão. Quando o temido Capitão Nascimento começa a frequentar o bar, ele se torna uma presença dominante e possessiva em sua vida. A relação entre eles se torna um jogo perigoso e enquanto ela luta para manter seus sonhos vivos, Isabela é puxada para o mundo sombrio dele.
Avisos: dark romance, relações toxicas, diferença de idade, capitão nascimento sendo capitão nascimento, crime, violencia, essa historia vai conter temas pesados. Estejam avisados!!!!!
Nota da Autora: Capítulo grandão hoje. Espero que gostem!
⋆. 𐙚 ˚
Ela parou na soleira da porta, e o cheiro pungente de fumaça misturado com gasolina fez seu estômago revirar. O portão estava destrancado quando ela passou, mas Isa estava tão exausta depois de um dia longo da faculdade, que não havia percebido o detalhe na hora. Agora, tudo fazia sentido. A porta da frente estava escancarada, os móveis estavam revirados, cadeiras quebradas, armários completamente saqueados. Gavetas foram arrancadas, seus conteúdos espalhados pelo chão, criando um cenário de vandalismo e violência.
O coração de Isabela disparou, e, sem pensar, ela correu para o único lugar que instintivamente quis proteger: o quarto da mãe. Aquele cômodo era sagrado. Desde a morte de Helena, Isa nunca teve coragem de mover nada. Era como se aquele espaço tivesse congelado no tempo, preservando as memórias e o cheiro da mulher que havia sido tudo para ela.
Mas ao cruzar a porta, Isabela sentiu o chão sumir sob seus pés. O ar ficou mais pesado, e lágrimas instantâneas preencheram seus olhos. Tudo estava destruído. Todas as fotografias que ela tinha guardado com tanto cuidado, rasgadas em pedaços pequenos e pisoteadas. As roupas que ainda carregavam o perfume suave de sua mãe estavam espalhadas, algumas rasgadas, outras manchadas de graxa. Ela se ajoelhou no chão, sentindo as pernas cederem.
Com dedos trêmulos, ela alcançou uma blusa que tinha pertencido à sua mãe. Era uma peça simples, mas carregada de memórias. Agora, estava inutilizada, desfigurada, como se alguém tivesse deliberadamente apagado o passado. Um soluço doloroso escapou de sua garganta antes que ela conseguisse reprimi-lo.
Mas ela sabia que não podia se permitir fraquejar. Não havia tempo. O instinto de sobrevivência começou a gritar em sua mente, empurrando o luto e o choque para o fundo. Ela precisava descobrir o que estava acontecendo. Quem tinha feito aquilo? Por quê?
Isa se levantou com dificuldade e correu para seu próprio quarto, com o cheiro de fumaça e gasolina ficando mais forte a cada passo. Quando abriu a porta, a visão que encontrou foi um golpe direto ao peito. Seu colchão ainda estava queimado, ainda soltando finos fios de fumaça que se dissipavam lentamente pelo ambiente. O ar quente fazia seus olhos arderem, mas o que a atingiu com força foi a visão do que restava de suas coisas.
Livros que ela havia guardado com tanto carinho estavam carbonizados ou destruídos. As roupas que ela lavava e dobrava com cuidado agora não passavam de um amontoado irreconhecível. Seu quarto parecia ter sido foco do incêndio inicial.
As lágrimas quentes escorriam livremente por seu rosto, mas o que queimava em seu peito era mais do que tristeza. Era medo. E uma raiva crescente que ela não conseguia controlar. Quem quer que tivesse feito isso, não apenas invadiu seu lar. Eles atacaram sua vida, destruíram suas memórias e o pouco de normalidade que ela ainda tinha.
Ela respirou fundo, tentando controlar o desespero, mas seu coração não desacelerava. Por um instante, o rosto de Roberto Nascimento cruzou sua mente. Ele tinha inimigos, muitos inimigos. Será que isso tinha a ver com ele? A ideia a fez tremer. Mas, ao mesmo tempo, ela sabia que não fazia sentido... ou fazia?
Ela agarrou o celular com força, os dedos trêmulos quase não conseguindo pressionar as teclas corretas enquanto discava o número de Nascimento. O aparelho parecia mais pesado em suas mãos, quase escorregando devido ao suor frio que escorria pelas palmas. Sua respiração estava descompassada, saindo em arfadas curtas e irregulares, enquanto seus olhos ainda vagavam, relutantes, pelo caos ao seu redor, o cheiro de fumaça começava a queimar seus pulmões.
O som do telefone chamando parecia interminável, cada toque ecoando como um martelo em sua mente já atormentada. Ela pressionou o celular contra o ouvido, tentando conter as lágrimas que insistiam em cair.
"Vamos, atende... atende..." ela murmurou entre dentes, a voz embargada e quase inaudível. O silêncio do outro lado da linha, interrompido apenas pelo som contínuo do toque, era insuportável. A cada segundo que passava, a sensação de vulnerabilidade crescia dentro dela.
Por um instante, a ideia de que ele não atenderia atravessou sua mente, aumentando ainda mais o pânico. "Por favor, Roberto..." Ela apertou os olhos, tentando afastar o medo esmagador que começava a dominá-la. Naquele momento, ele era a única pessoa em quem conseguia
O som de Roberto atendendo ao telefone foi como um alívio imediato, mas o tom grave e direto de sua voz a fez perceber que aquilo não era um sonho. Ele não precisava dizer muito para que Isabela sentisse a seriedade da situação, e a presença dele, mesmo que apenas pelo outro lado da linha, era a única coisa que evitava que ela desmoronasse completamente.
"Isabela?" A voz dele era firme, mas havia um traço quase imperceptível de preocupação, algo que talvez ele próprio não quisesse demonstrar.
"Roberto..." A palavra saiu entrecortada, um reflexo do desespero que ela sentia. Ela tentou respirar fundo, mas o ar parecia preso em sua garganta. Suas palavras saíram em um fio de voz, quase inaudíveis. "Minha casa... invadiram minha casa. Está tudo destruído... queimaram minhas coisas. Eu... eu não sei o que fazer."
Ele ficou em silêncio por um segundo — longo o suficiente para que Isa ouvisse um som abafado do outro lado, provavelmente ele se levantando de onde estava ou pegando algo. Quando Roberto finalmente respondeu, sua voz estava carregada de determinação, uma autoridade inconfundível que só ele tinha.
"Você está ferida?" Ele perguntou, a intensidade em seu tom cortando o ar como uma lâmina.
"Não... não estou. Mas... está tudo destruído, Roberto. Eles... reviraram tudo. Meu quarto... o da minha mãe..." Ao mencionar o quarto de Helena, sua voz falhou completamente, um soluço escapando antes que ela conseguisse segurar. Lágrimas começaram a escorrer novamente, quentes e implacáveis, enquanto ela lutava para manter a calma.
"Escuta bem o que eu vou dizer, Isa." Ele interrompeu, sua voz soando ainda mais firme, mas carregada de algo que parecia um misto de preocupação e urgência. "Não entra mais aí. Não toca em nada. Sai da casa e fica onde você está. Você me ouviu? Eu estou indo pra você agora."
"Por favor... só vem logo..." Ela implorou, a voz embargada de medo. Seus olhos vagavam pelo portão entreaberto e pela casa escura, como se cada sombra pudesse esconder alguém observando.
"Eu já estou a caminho. Dez minutos, no máximo." Ele desligou sem hesitar, e o silêncio repentino na linha fez Isabela sentir o peso de tudo ao seu redor.
Ela permaneceu ali, parada no portão da casa, com as mãos trêmulas segurando o celular. O som do mundo parecia distante — os cachorros latindo ao longe, um carro passando na rua. Seus sentidos estavam entorpecidos, o medo pulsando em seu peito como um tambor descontrolado.
Isabela sentiu como se o tempo tivesse parado enquanto ela permanecia ali, imóvel, diante de sua casa. Seus pensamentos estavam uma bagunça, o coração batendo tão forte que parecia ecoar em seus ouvidos. Ela não sabia exatamente quanto tempo havia se passado, mas a sensação de estar sozinha e vulnerável naquele momento fazia cada segundo parecer uma eternidade.
Foi então que o som grave de um motor se aproximando tirou-a de seu transe. Ela ergueu a cabeça rapidamente, os olhos ainda marejados, e sentiu uma onda de alívio varrer seu corpo ao reconhecer o carro familiar de Roberto. O veículo preto e robusto parou com um movimento brusco na frente da casa, e ele saiu quase antes mesmo de o motor desligar, como se estivesse movido por pura urgência.
Roberto vestia a calça e a blusa preta de seu uniforme do BOPE, com a insígnia dourada no peito, logo acima de seu sobrenome e patente. Ele parecia uma força inabalável ao caminhar até ela, passos firmes e determinados, o olhar frio e calculista percorrendo a cena ao redor.
Isabela não teve nem tempo de formar um pensamento coerente antes de ser envolvida pelas mãos grandes e firmes de Roberto, que seguraram seu rosto com uma mistura de preocupação e autoridade.
"Você tá bem?" Ele perguntou, a voz grave e cheia de tensão.
Isa tentou responder, mas as palavras ficaram presas na garganta. Tudo o que conseguiu fazer foi balançar a cabeça de leve.
"Tá machucada?" Ele insistiu, seus olhos fixos nos dela enquanto analisava cada detalhe de sua expressão, como se buscasse qualquer sinal de dor ou perigo.
"Não... não, eu tô bem." Ela finalmente conseguiu sussurrar, embora sua voz estivesse trêmula.
Roberto respirou fundo, mas não soltou o rosto dela imediatamente. Seu olhar desceu rapidamente pelo corpo dela, verificando-a com precisão quase clínica, como se procurasse por ferimentos ocultos. Quando ele finalmente a soltou, suas mãos deslizaram para os ombros dela, apertando-os levemente.
"O que aconteceu aqui?" Ele perguntou, a voz agora mais dura, com um tom que fazia Isa se sentir ainda menor do que já se sentia naquele momento.
Ela engoliu em seco, tentando organizar os pensamentos confusos. "Eu... eu não sei. Eu acabei de fechar da faculdade, quando cheguei o portão estava destrancado".
Roberto franziu o cenho, a mandíbula travando com força. Sem dizer mais nada, ele deu meia-volta e caminhou em direção à casa, a postura rígida e cheia de propósito. Isa deu um passo à frente, alarmada.
"Roberto, espera!" Ela chamou, mas ele não parou.
Com um movimento rápido, ele tirou a Glock do coldre preso à cintura e entrou na casa com passos silenciosos, como se estivesse em uma de suas operações. Isa ficou parada na calçada, abraçando a si mesma enquanto os sons dos passos dele ecoavam lá dentro, misturados ao som de portas e gavetas sendo abertas.
O tempo pareceu se arrastar novamente enquanto ela esperava. Cada segundo sem notícias fazia seu coração bater mais forte, mas finalmente, depois de alguns minutos, Roberto reapareceu.
"Tá tudo limpo." Ele declarou, guardando a arma no coldre com um movimento ágil. "Quem quer que tenha estado aqui já foi."
Ela assentiu lentamente, mas a tensão no peito não diminuiu. "Você acha que foi um assalto?"
Roberto não respondeu. Ele sabia que se falasse que sim ele estaria mentindo na cara dura. Isabela tinha virado um alvo. Aquele nível de vandalismo e violência não era comum em assaltos, Isa tinha muita sorte de não estar em casa no momento em que a casa foi invadida.
Sem mais uma palavra, ele deu mais um passo à frente e a envolveu em um abraço firme, quase esmagador. O gesto a pegou de surpresa, mas ela não resistiu. Sentir os braços dele ao redor dela trouxe um conforto que ela nem sabia que precisava, e ela permitiu que as lágrimas caíssem, molhando a camisa preta dele.
"Eu tô aqui agora." Ele disse, a voz rouca, mas reconfortante. "Ninguém vai encostar um dedo em você. Eu prometo."
Naquele momento, mesmo com toda a confusão e medo ainda pairando no ar, Isa sentiu uma centelha de segurança. Roberto estava ali, e por mais que ele pudesse ser intimidador, ela sabia que ele era uma barreira intransponível contra qualquer coisa que tentasse machucá-la.
{...}
Roberto dirigia com maestria pelas ruas movimentadas do Leblon, o motor do carro roncando suave enquanto ele trocava de marcha com precisão. O bairro vibrava naquela sexta-feira à noite, cheio de vida, com jovens andando de um lado para o outro e bares lotados, mas o clima dentro do carro era sombrio, quase sufocante.
Ele lançava olhares rápidos e furtivos na direção da mais nova, sentada no banco do passageiro, quase encolhida sobre si mesma. Ela abraçava a mochila com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos, as lágrimas secas ainda manchando seu rosto. Ela não chorava mais, mas o soluço preso na garganta era quase audível.
Roberto sentia algo que ele não sabia que ainda existia dentro dele: um aperto no peito. Um sentimento que ele tinha enterrado há muito tempo, depois de décadas no BOPE, onde vulnerabilidade era um luxo que não podia se dar ao luxo de ter. Mas com Isa era diferente. Ela mexia com algo nele, algo que ele nem queria nomear.
Ele apertou o volante com mais força, tentando organizar os pensamentos enquanto o carro avançava pelos semáforos. Tudo tinha acontecido rápido demais. Rápido até para ele, que era treinado para situações caóticas. Primeiro, ele descobre que Matheus, o irmão por quem Isa tinha sacrificado tanto, estava possivelmente envolvido até o pescoço com uma facção perigosa dias depois de Isa ter sido atraída para uma comunidade que foi dominada pela mesma facção.
E agora, horas depois, a casa dela é atacada? Não era coincidência. Não podia ser.
Ele inspirou profundamente, como se o ar pudesse ajudá-lo a processar o turbilhão de pensamentos. O som da respiração dela, entrecortada e tensa, preencheu o silêncio que as vozes na rua e o motor do carro não conseguiam cobrir.
"Isa." Sua voz grave quebrou o silêncio, mas ela não reagiu.
Ele tentou novamente, dessa vez com mais firmeza:
"Isabela."
Ela finalmente levantou o olhar na direção dele, os olhos castanhos desfocados, como se estivesse ali fisicamente, mas sua mente estivesse em outro lugar, ainda presa aos acontecimentos da noite.
"Você tá segura agora, tá ouvindo?" Ele falou, mantendo o olhar fixo na estrada, mas sua mão encontrou seu joelho, lhe dando um firme aperto. Sua voz era firme, mas havia um tom raro de suavidade que Isa não estava acostumada a ouvir.
Ela abriu a boca, como se fosse dizer algo, mas acabou fechando-a novamente. Parecia estar travando uma batalha interna entre desabafar ou se fechar ainda mais. No fim, ela murmurou, quase inaudível:
"Eu não sei porque essas coisas acontecem comigo."
Ele fechou a mandíbula, os dentes rangendo levemente. Não queria mentir, mas também sabia que a verdade completa poderia ser um fardo pesado demais para ela carregar agora.
"Não pensa nisso agora. Eu disse que vou cuidar de tudo, e vou. Você só precisa confiar em mim."
Ela soltou um suspiro trêmulo, e ele percebeu que ela estava no limite, a fina linha que separava a força da quebra total.
Quando chegaram ao prédio de Roberto, ele estacionou o carro na vaga reservada, o movimento calculado e preciso como tudo que ele fazia. Ele desligou o motor, mas não saiu do carro imediatamente. Ficou ali por alguns segundos, em silêncio, apenas observando-a.
Isa ainda segurava a mochila como se fosse um escudo, os olhos fixos em algo invisível à frente. Ele respirou fundo, passou a mão pelo rosto, e finalmente quebrou o silêncio.
"Vem, vamos subir."
Isa não discutiu, mas sua hesitação era evidente. Enquanto caminhavam pelo estacionamento silencioso, ela olhava ao redor, reparando na segurança visível do local: câmeras em cada canto, um portão eletrônico que só abria com o controle de Roberto, e nenhum sinal de movimento humano além deles dois. Isa assistiu em silêncio enquanto Roberto digitava um código e assim poderia chamar o elevador.
O elevador chegou, e ele segurou a porta aberta para que ela entrasse. Isa hesitou por um segundo, olhando para ele, antes de finalmente dar um passo à frente. Roberto a observou passar por ele, e, por um instante, um pensamento sombrio cruzou sua mente: Agora que ela está aqui, sob o meu teto, se eu quiser, ela não sai mais.
Ele sacudiu a cabeça, afastando a ideia tão rápido quanto ela surgiu. Não era o momento para isso. Não agora.
Dentro do elevador, Isa permaneceu em silêncio, os olhos fixos no chão de aço polido enquanto ele apertava o botão do andar. O espaço pequeno parecia sufocante. Roberto olhou para ela de soslaio, vendo como seus ombros estavam tensos e como ela parecia menor do que nunca. Seu espiríto jovem e vibrante que ele tanto gostava não estava presentes naquele momento.
Quando o elevador chegou ao andar dele, Roberto saiu primeiro, verificando os arredores automaticamente, como fazia por hábito. O corredor era tão silencioso quanto o restante do prédio, e Isa o seguiu em silêncio, quase como uma sombra. Ele abriu a porta do apartamento, gesticulando para que ela entrasse.
Isabela parou na entrada do apartamento, os pés hesitando por um instante no tapete impecável logo após a porta. Ela não conseguiu esconder o pequeno vislumbre que cruzou seu rosto quando absorveu o ambiente ao seu redor. Era maior e mais impressionante do que ela imaginava — mesmo sabendo que Roberto tinha dinheiro, ela não estava preparada para aquele nível de sofisticação.
O primeiro impacto foi o alívio imediato do ar condicionado, que contrastava com o calor abafado da rua lá fora, refrescando sua pele cansada. Mas o que realmente chamou sua atenção foram as enormes janelas de vidro que se estendiam quase do chão ao teto, oferecendo uma vista privilegiada da noite carioca. As luzes do Rio brilhavam como pequenas estrelas, e, ao longe, ela podia ver o contorno da praia de Copacabana.
A decoração era impecável. Minimalista, mas sem perder o charme. Tons neutros predominavam: cinza, branco e preto, com toques ocasionais de madeira que traziam calor ao ambiente. O sofá de couro preto parecia intocado, e uma estante de livros perfeitamente alinhados ocupava uma parede inteira da sala. Uma TV enorme ocupava outro canto, com um som surround discretamente instalado.
Havia algo no ambiente que exalava poder— exatamente como Roberto. Isabela sentiu o peso disso enquanto seus olhos percorria o espaço. Ela podia perceber que aquele era um lugar onde tudo funcionava conforme as regras dele, assim como ele parecia querer que sua vida fosse. Isa não podia evitar se sentir deslocada. Com seus jeans surrados e blusa simples, com o cabelo preso de qualquer jeito e a mochila que usava desde o ensino médio, ela parecia completamente fora de lugar em meio àquele luxo discreto. Aquilo só reforçava o quanto ela e Roberto eram de mundos diferentes.
Roberto deu alguns passos em direção a ela, seu olhar suavizando ao perceber o quão exausta e frágil ela parecia naquele momento. Isabela permanecia imóvel em frente a janela, os braços ainda apertados em torno da mochila como se fosse um colete salva-vidas. Ele parou bem ao seu lado, sua presença firme preenchendo o espaço entre eles.
Com cuidado, Roberto levou uma das mãos até a alça da mochila, os dedos tocando os dela de leve.
"Me dá isso aqui, Isa" ele pediu, a voz mais baixa, quase gentil, mas com um tom que não aceitava recusas.
Hesitante, ela o olhou, seus olhos ainda inchados de chorar, mas acabou soltando a mochila. Ele a pegou, sentindo o peso do material escolar e cadernos que ela carregava. Roberto franziu o cenho brevemente, se perguntando como ela conseguia carregar aquilo todos os dias. Ele colocou a mochila de lado, encostando-a cuidadosamente no sofá próximo.
Antes que Isabela pudesse dizer qualquer coisa, ele se inclinou levemente, a outra mão pousando firme, mas não brusca, em sua cintura, trazendo-a mais para perto. A proximidade entre eles fez o coração dela acelerar, mas ela não tinha forças para reagir.
Roberto abaixou um pouco a cabeça, e, num gesto que a surpreendeu, depositou um beijo rápido, quase carinhoso, no topo de sua cabeça, inalando de leve o perfume discreto dos cabelos dela.
"Tá tudo bem agora, Isa. Eu tô aqui." ele murmurou, sua voz soando quase como uma promessa.
Isabela ficou em silêncio, sentindo o calor dele tão próximo, a firmeza do toque em sua cintura e a intensidade no tom de sua voz. Ela queria acreditar nele, queria aceitar a proteção que ele oferecia, mas algo dentro dela ainda resistia.
Roberto percebeu a hesitação, mas não pressionou. Em vez disso, ele deu um passo para trás, soltando-a lentamente, como se quisesse dar a ela um momento para respirar.
"Você precisa descançar."ele disse, indicando o corredor com um movimento da cabeça. "Amanhã a gente resolve o que precisa."
Isa assentiu quase mecanicamente, a mente ainda tentando processar tudo. Enquanto ela caminhava em direção ao quarto que ele havia indicado, Roberto ficou parado no mesmo lugar, observando-a desaparecer pelo corredor.
Ele sabia que, por mais que tentasse ser mais gentil com ela, havia algo em sua presença que a fazia se encolher. Mas, ao mesmo tempo, ele não podia deixar de pensar: agora que Isabela estava ali, com ele, ele faria o que fosse necessário para protegê-la — mesmo que, no fundo, ele soubesse que talvez ela nunca o visse como o herói que ele acreditava ser para ela.
{...}
Roberto abriu a porta do guarda-roupa com movimentos rápidos e precisos, seus olhos varrendo as prateleiras meticulosamente organizadas. Ele procurava algo simples: uma camiseta e um calção que não usava mais, algo que pudesse emprestar para Isa. No entanto, conforme passava os dedos pelas roupas penduradas, a estranheza da situação se instalava profundamente em sua mente.
Ali estava ele, no meio da noite, separando roupas para uma jovem que estava tomando banho no quarto de hóspedes. Não era algo que ele costumava fazer — na verdade, era algo que nunca tinha feito antes. Seu apartamento sempre fora um espaço estritamente seu, um refúgio onde ele podia se desligar do caos das ruas, das missões do BOPE e de tudo que vinha com sua posição de comando.
As únicas pessoas que haviam cruzado aquela porta eram Rafael, seu filho, que costumava passar alguns finais de semana com ele antes de ir estudar fora, e Rosane, sua ex-esposa, que raramente aparecia após o divórcio. Além deles, apenas alguns poucos amigos de longa data, homens que ele confiava plenamente, tinham pisado ali.
E agora, de repente, havia Isabela.
Enquanto segurava as roupas em mãos, Roberto ficou parado por um momento, encarando o vazio do quarto como se tentasse processar o que estava acontecendo consigo mesmo. Ele era um homem de hábitos rígidos, alguém que sempre valorizou a ordem, tanto no trabalho quanto na vida pessoal. Por isso, a ideia de mudar algo na rotina por outra pessoa — especialmente por Isabela — era, ao mesmo tempo, perturbadora e estranhamente sedutora.
Dobrou a camiseta velha, alisando o tecido com as mãos, mas sua mente continuava vagando. Ele já conseguia imaginar as cenas com clareza quase desconcertante: Isabela sentada à mesa de jantar, rindo de algo bobo que ele teria dito apenas para vê-la sorrir. Ele podia visualizar o som dos passos dela pela casa, preenchendo um espaço que antes era vazio e silencioso. Roberto era um homem metódico, mas começava a perceber que, com Isabela, estava disposto a abrir mão de certos princípios, apenas para tê-la por perto.
A lembrança das roupas que ela usava habitualmente — shorts curtos, vestidos leves que combinavam com o calor do Rio — o fez soltar um suspiro baixo. Ele sabia que não era certo, mas a ideia de vê-la caminhando despreocupadamente pelo apartamento, com aquelas peças que deixavam suas pernas à mostra, fazia seu peito apertar com um desejo obscuro que ele lutava para manter sob controle.
Ainda assim, Roberto sabia que havia uma linha tênue entre seus desejos e a realidade. Ele era um homem marcado pelas responsabilidades e pela necessidade de proteger aqueles que estavam sob seu cuidado. E agora, Isabela fazia parte desse círculo restrito. Ele justificava para si mesmo que tudo o que estava fazendo — trazê-la para sua casa, oferecer segurança, ceder espaço em sua vida tão meticulosamente organizada — era apenas para garantir que ela estivesse bem. Mas, no fundo, sabia que havia algo mais profundo e pessoal o motivando.
Com um suspiro pesado, ele pegou uma toalha felpuda branca de uma gaveta e fechou o guarda-roupa com mais força do que pretendia. A ideia de alguém ocupando um espaço tão pessoal ainda era desconcertante, mas a possibilidade de moldar essa nova dinâmica com Isabela o fazia sentir algo que não experimentava há muito tempo: expectativa.
Ao sair do quarto, com as roupas e a toalha em mãos, Roberto fez um esforço consciente para afastar os pensamentos que rondavam sua mente. Ele precisava ser paciente, precisava respeitar os limites dela. Mas, ao mesmo tempo, não podia evitar o sentimento crescente de que talvez, só talvez, a presença de Isabela em sua vida fosse exatamente o que ele nem sabia que estava procurando.
⋆. 𐙚 ˚
Enfimmm, gostaram??? Não esqueçam de votar, comentar e reagir!
#elite squad#tropa de elite#capitao nascimento#wagner moura#dark romance#romance#roberto nascimento#dark fic
10 notes
·
View notes
Text
Young & Beautiful pt.6

Sinopse: Isabela Ferreira, estudante de medicina veterinária de dia e garçonete em um clube de luxo em Copacabana de noite, leva uma vida difícil após a morte de sua mãe e o desaparecimento de seu irmão. Quando o temido Capitão Nascimento começa a frequentar o bar, ele se torna uma presença dominante e possessiva em sua vida. A relação entre eles se torna um jogo perigoso e enquanto ela luta para manter seus sonhos vivos, Isabela é puxada para o mundo sombrio dele.
Avisos: dark romance, relações toxicas, diferença de idade, capitão nascimento sendo capitão nascimento, crime, violencia, essa historia vai conter temas pesados. Estejam avisados!!!!!
Nota da autora: Capítulo um pouco mais curto, mas com revelações importantes. Espero que gostem! Não esquecam de votar e comentar!!! <3
ྀིྀིྀིྀིྀིྀིྀིྀ
O relógio marcava quase onze horas da noite. O silêncio no quartel era cortado apenas pelo leve zumbido da lâmpada fluorescente e o som rítmico do lápis de Nascimento batendo na mesa. Seu escritório estava desorganizado, como se refletísse seus pensamentos, abarrotado de mapas, relatórios e arquivos confidenciais. No canto, um quadro branco exibia rabiscos apressados, setas conectando nomes e lugares, e fotos presas com fita adesiva que contavam uma história de violência crescente. Sobre a mesa, a fumaça de uma xícara de café subia lentamente, misturando-se ao ar pesado.
Nascimento estava afundado em sua cadeira de couro, os cotovelos apoiados na mesa e a mão direita pressionando sua testa, como se tentasse afastar o cansaço e as dores de cabeça que vinham o atormentando nos últimos dias. Ele deveria estar em casa — sua cama era uma memória distante e convidativa — mas o trabalho não o deixava ir. Cada segundo contava, e pra Capitão Nascimento missão dada era missão cumprida.
E havia uma nova facção crescendo em números no Rio.
As fotos espalhadas na mesa eram a prova de sua frustração. Imagens de corpos carbonizados, armas parcialmente destruídas e pilhas de entulho que um dia foram comunidades inteiras. A última operação havia sido um fiasco. A equipe chegou ao ponto de encontro apenas para encontrar um campo de cinzas. Eles eram rápidos, precisos, e queimavam tudo para não deixar rastros. Era quase uma assinatura. Os criminosos não estavam apenas cometendo crimes; estavam enviando uma mensagem.
Nascimento encarou o mapa à sua frente. Alfinetes vermelhos marcavam as comunidades que já haviam caído sob o domínio da nova facção. Os círculos pretos em volta de algumas indicações mostravam áreas em que a polícia militar não tinha mais acesso, eram zonas de guerra.
Ele tamborilava os dedos na mesa, seu olhar desvou para a foto de Isabela e Matheus que repousava no canto da sua mesa, seus pensamentos e devaneios se desviavam para Isabela Ferreira, como sempre. Por mais que tentasse se concentrar na operação, sua mente sempre voltava para ela.
Desde o momento em que Mathias lhe contou que um desgraçado havia apontado uma arma para o rosto dela, algo dentro dele havia se quebrado. Ele se lembrava de como seus músculos haviam ficado tensos, como seu sangue ferveu. Ele não conseguia pensar em outra coisa senão na possibilidade de perdê-la.
Ele se lembrou do momento em que verificou, com uma frieza característica, que Mathias havia "resolvido o problema". Nascimento exigiu detalhes, como sempre fazia. Queria ter certeza de que nada havia sido deixado para trás — nem evidências, nem risco e nem corpos; queima de arquivo total. Mathias havia seguido suas instruções à risca, como Nascimento o havia ensinado. Isso trouxe um alívio momentâneo, uma satisfação que acalmava o caos dentro dele. Mas era passageira. Não resolvia a questão central: Isabela.
Antes que pudesse se conter, seu braço esticou pra alcaçar a foto para que pudesse estudá-la melhor.
Era quase patético o quanto ela ocupava seus pensamentos, ele tinha quase quarenta anos nas costas. Não era apenas preocupação profissional ou a obsessão que ele se recusava a admitir. Era algo mais profundo e primitivo. Ele odiava a sensação de não ter controle sobre ela, de saber que, por mais que tentasse protegê-la, ela ainda se colocava em situações de risco. Era como se ela desafiasse seus instintos a cada passo, como uma força contrária que ele não conseguia dobrar.
Nascimento fechou os olhos por um momento, apertando os punhos contra a mesa. Ele sabia o que realmente queria. Queria trancar Isabela em um quarto, longe de todo o caos. Queria que ela fosse intocável, sua, protegida de tudo e de todos. Mas sabia que isso era impossível. Isabela tinha uma força silenciosa que o intrigava e o irritava. Ela não era o tipo de mulher que podia ser contida; Isabela tinha sobrevivido sozinha no Rio até agora, por pura teimosia, e era isso que o atraía e o deixava fora de si ao mesmo tempo.
Lembrou-se do tom de voz que usou quando falou com ela depois do ocorrido. Foi áspero, quase cruel. Ele não queria, mas o medo de que algo pudesse acontecer a ela o fazia reagir de forma descontrolada. Ela o olhou com os olhos arregalados, a mistura de indignação e mágoa evidente. Ele sabia que havia sido injusto, mas não conseguia evitar.
{...}
O tick-tack do relógio era quase ensurdecedor no silêncio do escritório. Cada segundo parecia bater com mais força, como se estivesse acompanhando a turbulência nos pensamentos de Nascimento. Ele permaneceu sentado à mesa, as mãos apoiadas na cabeça, enquanto o peso das horas e das decisões o esmagava..
Enquanto o relógio continuava seu tick-tack, Nascimento abriu os olhos e olhou novamente para a foto de Isabela e Matheus. Ele sabia que precisava agir, que precisava tomar decisões racionais, mas seus pensamentos permaneciam presos nela. Mais do que nunca, ele estava ciente de que, no jogo que estava jogando, Isabela tinha se tornado sua fraqueza.
Segurando a foto, ele a inclinou levemente sob a luz amarelada da luminária, como se esperasse encontrar algo que não estava evidente à primeira vista. Os traços de Matheus começaram a chamar sua atenção. Um incômodo crescia em seu peito, uma intuição que ele não podia ignorar. O menino na foto parecia familiar... mas de onde?
Então, como um estalo, a ficha caiu.
"Merda," Nascimento murmurou, levantando-se abruptamente da cadeira, quase derrubando a pilha de relatórios ao seu lado. Sua mente conectava os pontos com uma clareza que era quase assustadora. Ele atravessou o escritório em passos rápidos, segurando a foto firmemente, e foi direto para o quadro de evidências que cobria boa parte da parede.
Sem perder tempo, ele começou a empurrar fotos, papéis e mapas para fora do caminho, procurando por algo específico entre as evidências mais antigas. Seus movimentos eram urgentes, quase desesperados, enquanto folheava os arquivos e puxava imagens de câmeras de segurança arquivadas há meses. Finalmente, ele encontrou o que procurava.
Lá estava: uma das únicas fotos nítidas dos meliantes, tirada por uma câmera de segurança durante uma operação fracassada meses atrás. Era do tipo que ele havia olhado dezenas de vezes, mas agora parecia diferente. No centro da imagem estava um grupo de rapazes, carregando caixas de armamento pesado e mochilas em direção a um veículo velho. Um deles, de boné e rosto o virado pra camêra, tinha algo familiar nos traços. Nascimento aproximou a imagem de seus olhos, comparando-a com a foto de Matheus que ainda segurava.
Era ele.
O mesmo nariz, os mesmos olhos. Matheus estava na cena. Ele fazia parte da facção que ele investigava.
Seu coração batia com força no peito, e sua mente estava a mil. Comunidade da Alvorada. Ele parou, encarando o mapa com os olhos estreitos, como se estivesse tentando perfurar o papel com o olhar. O círculo vermelho que ele mesmo havia marcado indicava a mais recente atividade da facção criminosa que vinha sendo monitorada pelo BOPE. Tudo fazia sentido agora. Aquela ligação misteriosa... alguém tinha armado para ela. Isso não era obra do acaso, e Roberto sentia o sangue ferver em suas veias só de imaginar que haviam usado Isa como peça em um jogo sujo.
Ele pegou o telefone sobre a mesa com força, os dedos digitando o número de um de seus homens com rapidez e precisão. A raiva e a tensão faziam sua mão tremer levemente, mas ele não podia se dar ao luxo de hesitar. Assim que a chamada foi atendida, ele não perdeu tempo com formalidades:
— Silva, o que você tem pra mim? — Sua voz era baixa, mas carregada de autoridade e impaciência.
— Capitão, estamos no processo de desbloquear o celular que a senhorita entregou. Mas o número da ligação suspeita já foi identificado. Só precisamos de mais tempo pra rastrear.
Nascimento cerrou os dentes, os nós dos dedos ficando brancos ao apertar o telefone com força.
— Tempo? Eu não quero "mais tempo", Silva. Quero isso pra ontem! — ele praticamente rosnou. — Rastreie esse número agora. Localizem o dono e me passem tudo. Nome, endereço, até a marca do cigarro que ele fuma. Entendido?
Do outro lado da linha, Silva não ousou questionar.
— Entendido, Capitão. Vou acelerar o processo.
Nascimento desligou antes que Silva pudesse dizer mais alguma coisa. Ele passou a mão pelos cabelos curtos, respirando fundo para tentar acalmar a tempestade interna que rugia dentro de si. A ideia de alguém manipulando Isa, colocando-a em perigo, fazia seu sangue ferver como poucas coisas faziam.
As implicações eram sérias demais para ignorar. Matheus não era apenas um jovem que havia desaparecido. Ele estava envolvido diretamente com a facção que Nascimento estava tentando derrubar. Pior, a conexão com Isabela era inevitável. Isso colocava ela ainda mais no centro de um perigo que ele não podia ignorar.
Ele ficou parado por um momento, o olhar fixo entre as duas fotos, o peso da descoberta pressionando seus ombros. Precisava de respostas — e precisava delas rápido. Mas, acima de tudo, sabia que proteger Isabela seria ainda mais difícil do que imaginava. A situação havia se tornado pessoal de um jeito que ele nunca esperava.
{...}
Isabela sentiu o peito apertar, como se o ar tivesse sido arrancado violentamente de seus pulmões. Seus olhos estavam fixos no caos ao redor, mas seu corpo permanecia imóvel, congelado, enquanto sua mente tentava processar o que havia acontecido. O que antes era seu refúgio, seu único lugar de paz em meio à tempestade que sua vida havia se tornado, agora estava destruído. E queimando.
ྀིྀིྀིྀིྀིྀིྀིྀི
Espero que gostem!
#elite squad#tropa de elite#capitao nascimento#wagner moura#dark romance#romance#roberto nascimento#dark fic
6 notes
·
View notes
Text
Young & Beautiful pt.5 (II)

Sinopse: Isabela Ferreira, estudante de medicina veterinária de dia e garçonete em um clube de luxo em Copacabana de noite, leva uma vida difícil após a morte de sua mãe e o desaparecimento de seu irmão. Quando o temido Capitão Nascimento começa a frequentar o bar, ele se torna uma presença dominante e possessiva em sua vida. A relação entre eles se torna um jogo perigoso e enquanto ela luta para manter seus sonhos vivos, Isabela é puxada para o mundo sombrio dele.
Avisos: dark romance, relações toxicas, diferença de idade, capitão nascimento sendo capitão nascimento, crime, violencia, essa historia vai conter temas pesados. Estejam avisados!!!!!
Nota da Autora: Tem muito gente nova chegando! Muito obrigada gente, principalmente pra que está comentando, reagindo e votando! Se vocês quiserem me seguir no Tumblr (rede social morta) e interagir mais de perto comigo e me dar biscoito nas minhas fics em inglês, eu facaria muito feliz!!!
delusionalmishka
˚₊‧꒰ა ♡ ໒꒱ ‧₊˚
Quando a viatura parou diante do batalhão do BOPE, Isa soltou um suspiro derrotado. O lugar tinha uma aura quase opressora, como se carregasse em si o peso das operações brutais e das histórias que circulavam sobre aquele esquadrão. A bandeira com a insígnia da faca cravada na caveira era enorme, ondulando ao lado da bandeira do Brasil. O prédio era austero, feito de concreto sólido, sem adornos, como se não precisasse de mais nada para demonstrar sua força.
Isa desceu da viatura com passos hesitantes, já desconfortável. Assim que seus pés tocaram o chão, foi imediatamente atingida pela energia do lugar. Um grupo de homens marchava em formação perfeita, todos vestidos de preto, botas pesadas batendo no chão em uníssono, enquanto o líder gritava: "Nunca serão!" A frase foi repetida com fervor pelos outros, como um mantra, ressoando pelos corredores e pelo pátio. Isa sentiu um arrepio na espinha, uma mistura de desconforto e curiosidade.
Mathias andava à sua frente, o passo rápido e decidido, como se quisesse evitar que ela tivesse tempo para processar onde estava. Isa seguia tentando manter o ritmo, mas sua cabeça girava. Aquele lugar não era para ela; era um mundo claramente feito por e para homens. A testosterona parecia palpável no ar. Olhares a seguiam, alguns de curiosidade, outros descaradamente avaliativos. Ela apertou a mochila na frente do corpo, tentando se proteger de algo que sabia ser inevitável. Quando ouviu um assobio vindo de algum canto, seu estômago revirou. Sentiu vontade de girar os olhos, irritada, mas se conteve. Não podia demonstrar fraqueza ali, não naquele lugar.
O barulho das botas, dos comandos sendo gritados, das vozes ecoando pelos corredores, tudo contribuía para a atmosfera caótica que parecia girar ao redor dela. Mathias finalmente parou em frente a uma grande janela de vidro, onde Isa pôde ver o interior de uma sala de reuniões. Seus olhos foram imediatamente atraídos para o grande mapa do Rio de Janeiro que ocupava a maior parte da parede. Homens, alguns engravatados e outros em fardas impecáveis, estavam reunidos ao redor da mesa, enquanto um deles falava em tom sério, apontando para locais específicos no mapa. Era evidente que uma operação estava sendo discutida, mas Isa não conseguia se concentrar nos detalhes.
Porque ali, na ponta da mesa, estava ele.
Nascimento.
Ele se destacava, mesmo em silêncio. Vestindo um terno cinza, o semblante era sério, mas não tenso; parecia até um pouco cansado, como se a reunião não fosse um desafio, mas algo rotineiro. Ele estava recostado na cadeira, com uma perna ligeiramente esticada e uma postura que transbordava confiança. Com uma mão, girava uma caneta entre os dedos, enquanto a outra descansava sobre a mesa.
Isa sentiu o estômago apertar ao vê-lo assim. Era impossível ignorá-lo. A força que ele exalava parecia dominar o ambiente, mesmo que ele não estivesse falando no momento. Seus olhos seguiram para a Glock preta presa no coldre em sua lateral.
Enquanto Mathias parecia esperava a reunião terminar, Isa tentava desviar o olhar, mas ele sempre voltava para Nascimento. Havia algo magnético nele, uma mistura de perigo e poder que parecia puxá-la para mais perto, mesmo que ela soubesse que deveria manter distância. Vê-lo ali, em seu elemento, no coração do BOPE, só tornava sua presença ainda mais esmagadora. Ela tentou se convencer de que era apenas nervosismo, mas, no fundo, sabia que era mais do que isso. Ver Nascimento assim — tão dominador, tão no controle — a deixava inquieta.
E, mesmo que ela nunca admitisse, também a deixava excitada.
Foi quando os olhos castanhos de Roberto encontraram os dela, seu coração acelerou. Ele parecia despreocupado no início, mas sua expressão neutra rapidamente mudou para algo mais sombrio e confuso ao notá-los. As sobrancelhas se franziram, e ele murmurou algo para os homens à mesa antes de sair da sala com passos firmes em direção à porta de vidro.
Quando Roberto saiu da sala de reuniões, sua presença se impôs imediatamente. Os passos firmes e confiantes fizeram o ambiente parecer mais tenso, sua postura imaculada refletindo a autoridade que ele carregava. Mathias tentou cumprir com o protocolo, batendo continência, mas foi praticamente ignorado por Nascimento. Toda a atenção de Roberto estava voltada para Isa.
Ela percebeu, num primeiro momento, uma suavidade em seu olhar. Era como se, ao vê-la ali, algo no seu semblante se alterasse. O olhar que antes estava focado no trabalho, agora se voltava para ela com um brilho inesperado. Isa, um tanto confusa, tentou processar o que estava acontecendo. Nascimento parecia... quase feliz? Não, ela não podia ter interpretado aquilo direito. Talvez fosse só uma ilusão. Mas, quando ele se aproximou, qualquer dúvida desapareceu.
Roberto não perdeu tempo. Sem cerimônias, uma de suas mãos foi direto à mochila que Isa carregava, arrancando-a de seus braços sem o menor esforço, como se aquilo fosse um objeto insignificante que a estava atrapalhando. Isa mal teve tempo de reagir antes de sentir a outra mão dele, firme e quente, deslizar pela sua cintura. O toque era quase gentil, mas decidido, carregado de autoridade. Antes que ela percebesse, ele a puxou para mais perto, eliminando qualquer distância entre eles. Seu nariz quase foi de encontro ao seu peito, coberto pela camisa social branca. O cheiro de seu perfume e o calor do seu corpo a envolviam, e, naquele momento, a única coisa que parecia existir entre eles era a tensão carregada no ar.
Isa engoliu em seco, o coração acelerado, enquanto seus olhos, mais verdes do que nunca, buscavam a calma nas profundezas dos olhos castanhos de Roberto. Para sua surpresa, o olhar dele não era severo, mas sim suave, quase... curioso. Um toque de algo que ela não conseguia identificar. Ela sentiu como se estivesse sendo lida, estudada de uma forma que a fazia se sentir exposta e, ao mesmo tempo, estranhamente conectada a ele.
Mas, antes que Isa pudesse processar qualquer coisa, Roberto se virou levemente, ainda mantendo uma mão firme em sua cintura, como se estivesse ancorando-a ali. A outra mão, que segurava a mochila que ele havia tirado dela, agora estava largada ao lado do corpo, mas sua presença era tão pesada quanto seu toque.
Seus olhos castanhos escuros se voltaram para Mathias, que permanecia parado como uma estátua. A postura do subordinado era impecável, com os braços firmes cruzados atrás do corpo, o queixo erguido, o olhar fixo para a frente, como se estivesse esperando uma ordem a qualquer momento. Mesmo assim, Isa percebeu uma tensão sutil em Mathias, como se o peso da presença de Nascimento fosse esmagador até mesmo para ele.
Roberto apertou um pouco mais a cintura de Isa, um movimento quase imperceptível, mas que fez o ar parecer mais pesado para ela. Então, ele finalmente quebrou o silêncio, sua voz baixa e firme, carregada com a autoridade que parecia natural para ele.
"O que vocês dois estão fazendo aqui? E juntos?" A pergunta foi feita com calma, mas havia algo de afiado em seu tom, como se quisesse deixar claro que não estava gostando da cena.
Mathias não hesitou, mas Isa pôde perceber a leve tensão em sua resposta, como se escolhesse as palavras com cuidado.
"A moça quase foi assaltada na Alvorada. Achei melhor trazê-la direto pro senhor."
Foi como se o mundo tivesse parado. Isa sentiu os dedos de Roberto afundarem ainda mais em sua cintura, a força bruta daquele toque enviando uma onda de dor que ela mal conseguiu disfarçar. Ela tinha certeza de que os hematomas surgiriam ali mais tarde. Quando ele se virou novamente para ela, seus olhos não eram mais suaves. A expressão neutra de antes havia desaparecido, dando lugar a algo muito mais sombrio: uma mistura de surpresa irônica e irritação prestes a explodir.
"E que porra a princesa tava fazendo na Alvorada?" As palavras saíram baixas, cortantes, como um sussurro ameaçador. Com a proximidade, Isa quase podia sentir a vibração de sua voz no ar. Roberto a encarava de cima, os olhos castanhos queimando de raiva contida, uma intensidade que fazia sua respiração acelerar. Ele era muito mais alto que ela, e a diferença de altura parecia tornar sua presença ainda mais esmagadora.
Isa podia jurar que podia ouvir o ritmo do coração dele, rápido e pesado, como um tambor que acompanhava sua fúria crescente.
Ela sentiu sua garganta fechar. Nenhuma palavra saiu, por mais que quisesse se explicar. Os olhos verdes de Isa, sempre tão expressivos, agora estavam fixos em seus tênis All-Star surrados. Eles, de repente, se tornaram muito mais interessantes do que o olhar flamejante de Nascimento.
Mas Roberto não se deu por satisfeito. Ele se inclinou ainda mais para ela, a mão firme em sua cintura, os dedos como garras cravando-se em sua pele.
"Vamos conversar no meu escritório." A voz dele era baixa, quase gentil, mas carregada de uma ameaça tão óbvia que fez os pelos da nuca de Isa se arrepiarem. Aquelas palavras não eram um pedido.
{...}
Sentada em frente à mesa impecável do Tenente-Coronel, Isa sentia-se como uma aluna que foi mandada a sala do diretor, esperando sua punição.
O escritório era espaçoso, com uma organização impecável que parecia refletir a personalidade de Nascimento. A enorme janela atrás da mesa tinha uma vista privilegiada da praia. O sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e dourado, enquanto a brisa salgada entrava pelas frestas, balançando levemente as cortinas. Por um breve momento, Isa deixou-se relaxar. O cheiro do mar e o som distante das ondas pareciam quase suficientes para acalmá-la, apesar do caos que tinha vivido naquele dia.
Mas o alívio foi passageiro. Ela sabia que o pior ainda estava por vir. Isa tinha escapado da morte na Alvorada, mas agora precisava enfrentar algo que, de certa forma, parecia igualmente aterrorizante: a ira de Roberto Nascimento. Ela apertou os dedos nervosamente, sentindo a tensão se espalhar por seu corpo. A cada segundo que passava, ela tentava ensaiar mentalmente o que diria, mas nenhuma desculpa parecia boa o suficiente. Não havia justificativa que apagasse sua burrada. Ela sabia que tinha feito besteira e agora teria que lidar com as consequências.
Do lado de fora, ela conseguia ouvir as vozes abafadas de Mathias e Nascimento conversando. Não conseguia entender as palavras, mas era impossível não sentir o peso da autoridade de Roberto até mesmo em seu tom. Ele não estava gritando — ainda —, mas havia algo assustador na calma firme e controlada que emanava, como o prelúdio de uma tempestade prestes a desabar.
Isa tentou desviar sua mente da conversa do lado de fora. Observou o ambiente ao seu redor: A mesa impecável, os papéis organizados, a caneta cara no suporte; na parade Roberto tinha mais medalhas de honra do que podia contar, no entanto no canto, uma moldura chamou sua atenção: a foto de um garoto mais ou menos da sua idade, vestindo um uniforme de judô, sentado ao lado de um troféu. O rosto era familiar — ela já o tinha visto antes. Talvez nas feições de Nascimento, que compartilhava os mesmos traços marcantes. Ao lado da foto, uma pilha de documentos parecia denunciar a carga de trabalho pesada que ele carregava. No outro lado do escritório um sofá-cama, com o tecido gasto e algumas dobras que denunciavam o quanto havia sido usado. Isa podia quase imaginar Roberto ali, dormindo algumas horas entre uma operação e outra. E a mochila. Sua mochila. Jogada casualmente no sofá, como se fosse um objeto insignificante. Mas, para Isa, aquilo era tudo. Lá estavam as fotos de Matheus, o celular — o maldito celular que tinha colocado ela nessa enrascada e o material da faculdade. Ela mordeu o lábio, tentando resistir à vontade de se levantar e pegar a mochila. Sabia que isso só pioraria as coisas.
De repente, a porta se abriu com força, batendo contra a parede antes de ser fechada com a mesma intensidade. Isa sobressaltou-se, o coração disparando no peito. Todo o ambiente pareceu mudar no instante em que Roberto entrou na sala. A calma que ela havia sentido momentos antes desapareceu como fumaça. Ele estava furioso, isso era evidente. Seus olhos castanhos, que pareciam suaves momentos antes, agora eram duros e penetrantes. Isa sentiu seu estômago afundar.
Roberto não disse nada no início. Ele se virou lentamente, apoiando o quadril contra a borda da mesa, bem ao lado dela. Suas mãos subiram até o rosto, esfregando os olhos e passando pelos cabelos com um movimento que transbordava frustração. Ele respirou fundo, o peito subindo e descendo visivelmente enquanto tentava conter a raiva que queimava dentro dele.
Isa sentia o ar pesado na sala, quase sufocante. Suas mãos estavam entrelaçadas sobre o colo, apertando com força o tecido do jeans surrado enquanto ela mantinha os olhos fixos nos all-stars desgastados em seus pés. Ela sabia que, se levantasse o olhar, encontraria as íris castanhas dele carregadas de desaprovação e algo pior: decepção.
Roberto permaneceu em silêncio por mais alguns segundos, que pareceram uma eternidade para Isa. Cada segundo que ele ficava calado era uma tortura, como se o peso da expectativa estivesse esmagando seu peito. Ela sabia que ele estava pensando no que dizer, escolhendo as palavras com cuidado — o que era muito pior do que um ataque direto.
Quando finalmente ele quebrou o silêncio, sua voz saiu grave, baixa, mas carregada de um tom que a fez tremer. "Você não tem ideia da merda que você fez, tem?"
Ela se encolheu ligeiramente, ainda sem coragem de erguer os olhos. Ele riu seco, um som breve que não tinha humor algum.
"Olha pra mim, Isabela," ele ordenou, a voz não deixando espaço para desobediência.
Ela hesitou, mas finalmente levantou a cabeça, encontrando o olhar dele. Era um misto de raiva e exaustão, mas havia algo mais ali, uma preocupação mal disfarçada que a pegou de surpresa.
"Você tem noção de quantas pessoas não voltam da Alvorada? Quantas acabam mortas ou desaparecidas de verdade?"
Isa congelou no lugar. Ele respirou fundo, tentando conter a evidente raiva que borbulhava dentro dele. Suas palavras eram frias e calculadas, cada uma atingindo Isa como uma faca no peito.
"Eu achava que você era inteligente," ele começou, sua voz baixa, mas carregada de desprezo. "Mas, pelo jeito, só é mais um rostinho bonito, só tem vento na cabeça."
A humilhação caiu sobre Isa como uma avalanche. Seu estômago afundou, e ela sentiu o calor subir ao rosto enquanto sua cabeça baixava automaticamente. Isa respirou fundo, tentando reunir coragem para falar. Sua voz saiu mais baixa e hesitante do que ela gostaria.
"Eu... eu só fui visitar uma clínica veterinária na comunidade," ela começou, tentando desesperadamente soar convincente. "Eu ouvi falar que eles—"
"—Cala a boca," Roberto interrompeu, sua voz cortante como uma lâmina.
Roberto se ergueu, seu silêncio mais assustador do que qualquer grito. Isa permaneceu sentada, incapaz de reagir enquanto Roberto caminhava até o sofá onde sua mochila repousava. Ele pegou o objeto como se já fosse seu por direito, o zíper sendo aberto com um único movimento decidido.
Ele derrubou o conteúdo da mochila sobre a mesa com precisão, sem cuidado nenhum. Cadernos, algumas canetas, uma carteira surrada, fotos do irmão que Isa guardava com carinho, os posters — tudo se espalhou diante dele. Roberto pegou cada item com cuidado, inspecionando como se procurasse algo escondido, algo que pudesse incriminá-la. Quando seus olhos pousaram no celular antigo, ele o pegou e passou os dedos pela tela, mas por um momento, sua expressão ficou confusa.
"Você tá levando o quê, hein?" ele perguntou, olhando para os pertences espalhados e voltando sua atenção para ela. "Eu achava que você tinha mais juízo, mas agora tô começando a achar que você tá carregando coisa que não devia."
Isa sentiu o calor subir pelo corpo, uma sensação diferente do medo que a havia dominado o dia inteiro. Era raiva. Uma indignação que começava a borbulhar por dentro, quente e desconfortável. Suas mãos tremiam, e ela não tinha certeza se era pelo medo ou pela fúria.
"Eu não sou mula de droga," ela respondeu antes de conseguir se conter, sua voz saindo firme, mas baixa, carregada de uma raiva controlada.
Roberto parou em frente sua mesa, as sobrancelhas arqueando em incredulidade. Ele largou o celular na mesa com um leve estalo e cruzou os braços, inclinando-se levemente para frente, sua figura ainda mais imponente.
Ele respirou fundo, como se estivesse tentando buscar paciência no fundo de seu ser, e levou uma das mãos à ponte do nariz, massageando-a com força. Quando finalmente falou, sua voz estava mais baixa, mas carregada de tensão.
"Eu realmente estou me segurando pra não virar você nessa mesa agora e deixar sua bunda roxa," ele disse, soltando uma risada seca pelo nariz, como se a ideia fosse absurda e, ao mesmo tempo, tentadora. "Eu juro por Deus, Isabela, você testa a minha paciência de propósito."
Isa sentiu o choque das palavras atingindo-a como um tapa. Ela piscou rapidamente, a respiração presa na garganta. Não era só o conteúdo da frase que a desarmou, mas a intensidade contida nela — uma mistura de raiva, frustração e algo mais.
Roberto continuava inspecionando os itens da mochila espalhados pela mesa como um predador analisando sua presa. Foi quando ele pegou um pequeno maço de papéis cuidadosamente dobrados e abriu com movimentos precisos. As fotos de Matheus estavam ali, e a palavra DESAPARECIDO em letras grandes e vermelhas estampava os cartazes amassados que Isa carregava consigo aonde fosse.
"Quem é esse?" ele perguntou, sua voz grave cortando o silêncio da sala.
Isa engoliu em seco, desviando o olhar novamente, tentando ignorar o nó que crescia em sua garganta. "Meu irmão," ela murmurou, a voz quase falhando. "Matheus Ferreira."
Roberto franziu o cenho, o silêncio da sala sendo interrompido apenas pelo som de sua respiração. Ele pegou o celular cor-de-rosa entre os pertences de Isa, destravando-o com a facilidade de quem já tinha feito isso mil vezes antes com celulares confiscados. Seus olhos analisavam as chamadas recentes e mensagens, procurando alguma pista que explicasse sua teimosia e imprudência. Mas então, algo o fez parar: o plano de fundo do celular.
Era uma foto de tempos melhores. Matheus, Isa e uma mulher que ele deduziu ser a mãe deles. Eles estavam abraçados, sorrindo como se o mundo lá fora não pudesse tocá-los. Isa estava no centro, o rosto iluminado por um sorriso que ele nunca tinha visto nela antes, e isso o fez sentir um aperto inesperado no peito. Aquela era uma Isabela diferente — mais cheia de vida, mais leve. Ele desviou o olhar para a jovem à sua frente, agora cabisbaixa, com os ombros curvados como se carregasse o peso do mundo.
Roberto sentiu a culpa crescer dentro de si, se misturando com uma pontada de arrependimento pelas palavras duras que havia dito minutos atrás. Ele sabia que tinha sido cruel, mas era assim que sempre lidava com as situações — firme, direto, sem deixar brechas para as emoções interferirem. Afinal, ele era um soldado. Tinha sido treinado para isso. Mas, como sempre, Isabela parecia furar essa armadura cuidadosamente construída.
Ele colocou o celular na mesa e suspirou, passando a mão pelo rosto e depois pelos cabelos novamente. Quando levantou os olhos novamente, encontrou Isa derramando lágrimas silenciosas. Seus olhos estavam fixos em uma das fotos sobre a mesa, e ele seguiu o olhar dela. Era uma foto de Matheus, tirada em um daqueles postos de registro de desaparecidos que ele conhecia tão bem.
Roberto sentiu algo diferente dessa vez — pena, sim, mas também algo mais profundo. Ele secretamente queria que Isa tivesse confiado nele. Que tivesse compartilhado seus fardos, antes de simplesmente subir no morro sozinha, como tantas outras pessoas desesperadas que já tinham passado por sua vida. Familiares em busca de notícias, de uma resposta ou, na pior das hipóteses, de um corpo para enterrar.
Mas então seus olhos captaram outra foto na mesa. Uma em que estavam apenas Isa e Matheus. Ele nunca tinha visto aquela imagem antes. Os dois estavam sorrindo, os rostos tão paracidos que poderiam ser confundidos com gêmeos. Tinham os mesmos olhos verdes com toques de castanho, os mesmos cabelos negros e a mesma pele bronzeada. O aperto no peito de Roberto só aumentou.
"Matheus, não é?" ele perguntou, a voz mais baixa agora. Era quase um murmúrio, como se as palavras fossem apenas para si mesmo.
Isa não respondeu, o modo como desviou o olhar, tentando limpar as lágrimas foram resposta suficiente.
"Você tá procurando ele?" Roberto perguntou, levantando os cartazes novamente. "É isso que você tava fazendo na Alvorada?"
Eu... eu não queria causar nenhum problema...Eu estava atrás de respostas."
Sua cabeça baixou automaticamente, os cabelos caindo em cascata ao redor do rosto enquanto as lágrimas finalmente escapavam, quentes e rápidas, deslizando por suas bochechas. Ela mordeu o lábio com força, tentando conter os soluços que ameaçavam escapar.
Roberto a observava em silêncio, os braços cruzados sobre o peito enquanto a tensão no ar parecia quase palpável. Quando ele finalmente se moveu, foi com uma lentidão deliberada, aproximando-se da cadeira onde ela estava sentada. Ele parou ao lado dela, tão próximo que Isa sentiu o calor do corpo dele irradiando, mesmo sem tocá-la.
"Chorar não vai resolver nada," Roberto disse, a voz ainda grave, mas com uma leve suavidade que ele não costumava deixar transparecer. Ele se aproximou de Isa e, sem hesitar, se abaixou na frente dela. "Você quer respostas, Isa? Você quer encontrar seu irmão? Então para de agir como uma criança teimosa e começa a usar a porra da cabeça."
A dureza nas palavras fez Isabela se encolher, mas algo na sua voz a fez prender a respiração. Ele nunca falara assim com ela. Nunca falara com tanta... preocupação. Aquele homem que ela temia agora parecia ser o único que podia talvez ajudá-la. Ela não sabia como se sentia em relação a isso, mas não podia negar que a ferocidade de suas palavras tinha um efeito profundo nela.
Roberto estendeu a mão e, com um gesto inesperadamente gentil, colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha, os dedos roçando a pele delicada e quente de Isa. Quando fez isso, a luz dourada do pôr do sol, que atravessava a janela do escritório, iluminou o rosto dela, destacando cada curva de suas feições. A pele bronzeada parecia brilhar sob a luz suave, e os olhos úmidos de lágrimas refletiam um tom quase sobrenatural, uma mistura de verde e castanho que o fez parar por um instante.
Ele engoliu em seco, sentindo uma estranha mistura de emoções que não conseguia nomear. Por um momento, Roberto quase se perdeu na beleza dela, na vulnerabilidade que ela carregava sem nem perceber. Era como se, apenas com um olhar — um olhar cheio de dor e inocência, misturado com uma força silenciosa — Isa tivesse cortado a muralha que ele construíra ao redor de si com a facilidade de uma lâmina quente atravessando manteiga.
Roberto sabia que ela não tinha ideia do poder que exercia sobre ele e talvez fosse melhor assim.
"Olha pra mim," ele ordenou, a voz mais baixa agora, quase um sussurro.
Isabela levantou os olhos, encontrando o olhar dele. Havia preocupação, uma preocupação que ele nunca havia demonstrado antes. E essa preocupação a fez sentir um nó no estômago, como se, pela primeira vez, ela estivesse vendo um lado de Roberto que ela não sabia que existia.
"Se você quer que eu te ajude, se você quer que eu faça qualquer coisa por você, eu vou fazer em um piscar de olhos," ele continuou, sua voz suave agora, mas ainda carregada de uma promessa firme. "Mas você precisa começar a confiar em mim."
Isa sentiu o peso das palavras dele, como se fossem uma oferta que ela nunca imaginou que teria. Ela queria dizer algo, mas não sabia o que. Queria acreditar nele, mas ao mesmo tempo, havia um medo profundo, um medo de se entregar, de confiar em alguém que já a tinha empurrado para um canto escuro.
"Porque, do jeito que tá indo, Isabela," ele disse, a voz agora mais séria, "você vai morrer antes de saber o que aconteceu com seu irmão."
Ela engoliu em seco, o medo e a raiva se misturando dentro dela. Não era só uma ameaça. Ele acreditava nisso. A dor do pensamento de perder Matheus foi sufocante, mas ainda mais difícil de suportar foi perceber que ele estava certo.
Isa pensou que ele iria se afastar mas pelo contrário, ele inclinou-se mais perto, seus lábios se movendo de forma quase instintiva, hesitantes, mas decididos. Não era algo planejado, não era uma manobra calculada, como tantas de suas ações. Era algo genuíno, impulsivo, nascido de um momento de vulnerabilidade que ele raramente deixava transparecer. Seus lábios tocaram os dela, suaves no início, como se testassem o terreno, mas em seguida se tornaram firmes, cheios de uma intensidade que parecia carregada de tudo que ele não dizia.
O gesto foi tão... humano. Tão desarmado. Tão oposto à imagem impenetrável que ele projetava ao mundo. Isa ficou paralisada por um instante, mal conseguindo processar o que estava acontecendo. Havia gosto de sal no beijo, misturado às lágrimas que ela havia derramado poucos momentos antes. Suas lágrimas. Roberto não parecia se importar, ou talvez ele quisesse aquele gosto, como se fosse a única forma de compreender a dor dela.
Ela deixou que ele liderasse, incapaz de reagir de outra forma. Era um beijo lento, profundo, mas carregado de algo que Isa não conseguia nomear. Não era apenas desejo. Havia uma espécie de urgência ali, mas também algo mais suave, como se ele estivesse pedindo permissão para se aproximar de um lugar dentro dela que ninguém jamais havia alcançado.
E, por um momento, Isa sentiu que poderia desabar.
A barreira que ela havia erguido ao longo dos últimos meses—talvez anos—parecia prestes a ruir. Era como se todo o peso que ela carregava estivesse subitamente à beira de desmoronar. As noites sem dormir, a busca incansável pelo irmão, o vazio deixado pela morte da mãe, a pressão de sobreviver sozinha em um mundo que parecia cada vez mais cruel... Tudo isso ameaçava sair em um turbilhão incontrolável.
Ela queria ceder. Queria permitir que ele a segurasse, que fosse a âncora que a impedisse de afundar de vez. Porque, naquele instante, enquanto o beijo aprofundava e o calor das mãos dele segurava firme a lateral de seu rosto, Isa teve a sensação de que ele queria ser mais do que apenas um espectador. Ele queria ajudar. Ele queria carregar parte do fardo.
E isso a assustava mais do que qualquer outra coisa.
˖ . ݁𝜗𝜚. ݁₊
O que vocês acham????? Capitulo longíssimo mais super importante.
Só queria reinterar aqui que os relacionamento dos dois NÃO é um exemplo do que você deve procurar na vida real! Além do fato dele ser mais de uma década mais velho, nós vimos mais de uma vez que ele não se importa muito com a opnião dela e que a acha ingênua, alguém que não sabe tomar decisões sozinha. Essa história é de Dark Romance, então Nascimento não vai ser nenhum mocinho e Isa vai sofrer um poquinho na mão dele também. Não procurem homens como Roberto, na ficção é gostoso mas nunca na vida real kkkk.
#elite squad#tropa de elite#capitao nascimento#wagner moura#dark romance#romance#roberto nascimento#dark fic
10 notes
·
View notes
Text
Young & Beautiful pt.5(I)

Sinopse: Isabela Ferreira, estudante de medicina veterinária de dia e garçonete em um clube de luxo em Copacabana de noite, leva uma vida difícil após a morte de sua mãe e o desaparecimento de seu irmão. Quando o temido Capitão Nascimento começa a frequentar o bar, ele se torna uma presença dominante e possessiva em sua vida. A relação entre eles se torna um jogo perigoso e enquanto ela luta para manter seus sonhos vivos, Isabela é puxada para o mundo sombrio dele.
Avisos: dark romance, relações toxicas, diferença de idade, capitão nascimento sendo capitão nascimento, crime, violencia, essa historia vai conter temas pesados. Estejam avisados!!!!!
Nota da Autora: Eu super me empolguei com essa parte então eu tive que dividir em duas partes hihi. Espero que gostem!!!
Isa sentiu o coração martelar tão forte no peito que parecia ecoar nos ouvidos. Ela se sentou na cama num impulso, os olhos arregalados fixos no celular que vibrava incessantemente sobre a cômoda ao lado. A tela brilhava, quebrando a escuridão do quarto pequeno e abafado. O relógio digital ao lado marcava 2h47 da manhã. Era quase sempre a única fonte de luz no espaço modesto, mas agora, aquele celular tocando – o som inesperado e insistente – parecia trazer uma tensão que enchia o ambiente inteiro.
A sensação era surreal. Fazia pelo menos um ano que aquele celular não tocava. Desde o desaparecimento de Matheus, aquele celular tinha se tornado um símbolo de esperança e desespero para Isa. Era o aparelho que ele usava antes de sumir, e ela manteve o número ativo por pura insistência. Ele estava nos pôsteres que ela espalhou por becos, praças, postes e paradas de ônibus em toda a cidade do Rio. A imagem do rosto sorridente de Matheus, com os olhos castanhos esverdeados, tão parecidos com os dela, era uma memória dolorosa que ela carregava a cada esquina que passava. Mas, ao longo dos meses, o número permaneceu em silêncio – até agora.
Por um instante que pareceu eterno, Isa congelou. O som do toque parecia crescer e ocupar todo o espaço ao seu redor, como se estivesse gritando para ela tomar uma atitude. Era real? Era um engano? Ou seria finalmente a resposta que ela esperava há tanto tempo?
Acordando do torpor, Isa praticamente se jogou para frente, agarrando o aparelho com dedos trêmulos. O toque insistente cessou assim que ela pressionou o botão verde para atender a ligação.
— Alô? — Sua voz saiu mais alta do que pretendia, carregada de urgência.
Por um momento, tudo que ouviu do outro lado foi silêncio. Um silêncio pesado, carregado, mas claramente humano. Ela prendeu a respiração, o coração pulsando tão rápido que chegava a doer.
— Comunidade da Alvorada. — A voz masculina soou baixa e direta, com um sotaque que Isa reconheceu imediatamente como típico das favelas do Rio. Era firme, mas não agressiva, como alguém que sabia exatamente o que estava fazendo.
Antes que pudesse dizer qualquer coisa, a ligação foi encerrada abruptamente. O som do desligar pareceu ainda mais alto do que o toque do celular, deixando o quarto mergulhado em um silêncio desconfortável.
Isa ficou olhando para o aparelho na mão, como se a resposta estivesse gravada na tela. As palavras ecoaram em sua mente: Comunidade da Alvorada. Era só isso? Nenhum detalhe, nenhuma explicação? Ela apertou os dedos ao redor do celular, sentindo o suor frio começar a escorrer pela nuca.
A confusão se misturava com a decepção. Depois de tanto tempo esperando um sinal, algo, qualquer coisa, a única coisa que recebeu foi uma frase enigmática e um silêncio abrupto. Ela queria gritar, jogar o celular na parede, mas, ao mesmo tempo, sentiu um fio de esperança acender no fundo do peito. Era um lugar, um nome. Era mais do que ela tinha há meses.
Isa respirou fundo, tentando se recompor. Seus dedos tremeram enquanto ela desbloqueava o aparelho e conferia o histórico de chamadas. O número que ligou estava lá, mas era desconhecido, sem identificação, sem pistas.
Ela passou a mão pelo rosto, sentindo a pele quente e as lágrimas se acumulando nos cantos dos olhos. A mente dela estava um caos. Quem tinha ligado? Por que agora? E o que queriam dizer com "Comunidade da Alvorada"?
Sua mente começou a trabalhar a mil por hora. A Comunidade da Alvorada era uma favela conhecida na Zona Oeste do Rio, um território disputado entre facções criminosas. O simples pensamento de Matheus ter passado por lá ou, pior, ainda estar lá a deixou com um nó no estômago. Mas, ao mesmo tempo, não podia ignorar o fato de que alguém sabia quem ela era – ou pelo menos sabia o suficiente para ligar para aquele número.
Isa se levantou, as pernas instáveis enquanto andava pelo quarto. Ela olhou para a janela, onde o som distante da cidade ainda ativa naquela madrugada chegava abafado. E agora?
Ela pensou em ligar de volta, mas hesitou. E se fosse perigoso? E se fosse um aviso, ou uma armadilha? Mas, por outro lado, como poderia ignorar aquilo? Era Matheus. Ou, pelo menos, era o único rastro que ela tinha dele em meses.
Sentando-se novamente na cama, Isa sentiu o cansaço tomar conta do corpo, mas a mente não parava. O olhar dela voltou para o celular na mão. A frase "Comunidade da Alvorada" continuava ecoando em sua mente, junto com a voz do homem que ligou. O tom dele não parecia ameaçador, mas também não oferecia nenhuma segurança.
{...}
Isa acordou com o corpo tenso e a cabeça pesada. A ligação que recebera na madrugada ainda pulsava em sua mente. O nome “Comunidade da Alvorada” era um farol que a guiava, mas também um peso no peito. Ela se levantou da cama lentamente, e ficou sentada por alguns minutos, encarando o pequeno celular em suas mãos como se fosse uma bomba prestes a explodir. Sabia que a decisão que estava prestes a tomar era perigosa, mas não tinha escolha.
Depois de longos minutos, Isa pegou o próprio telefone e discou o número da chefe. Sua voz saiu trêmula, mas ela disfarçou com uma tosse exagerada.
“Oi, Clara... Acho que peguei alguma coisa. Não tô me sentindo bem e não vou conseguir ir hoje.”
Clara suspirou do outro lado, claramente insatisfeita.
“Isa, você sabe que hoje é dia de movimento, né?” A voz de Clara estava cheia de frustração, mas ela acabou cedendo com um suspiro. “Tudo bem, se cuida.”
Isa desligou antes que a conversa pudesse se prolongar. Em seguida, ligou para Rafaela, sua amiga mais confiável na faculdade.
“Isa? Que milagre é esse?” Rafaela brincou com a voz ainda carregada de sono.
“Rafi, preciso que você assine a lista pra mim hoje. Dá pra fazer isso?”
“Claro, mas o que tá pegando?” Rafaela perguntou, a preocupação começando a aparecer em seu tom. “Não vai aprontar, hein!”
Isa tentou rir, mas o som saiu nervoso.
“Nada disso, amiga. Só preciso resolver umas coisas. Obrigada, viu?”
Desligou rapidamente, sem dar espaço para mais perguntas. Sentou-se na cama novamente e respirou fundo. Por um momento, ficou encarando as paredes simples de seu quarto, tentando organizar os pensamentos. Seu coração estava acelerado, e sua mente, cheia de dúvidas.
Depois de se vestir, pegou sua mochila e colocou dentro dela o mínimo necessário: um pouco de dinheiro, o celular, fotos do irmãoe os poster de desaparecido, o antigo aparelho de Matheus e uma garrafa de água. Enquanto trancava a porta da pequena casa, o frio na barriga ficou mais forte.
Já no ponto de ônibus, Isa sentou-se no banco de cimento desgastado, abraçando a mochila contra o peito. O céu começava a clarear, mas a luz do dia não fazia nada para aliviar a sensação de peso que ela sentia. Sua mente vagava por cenários possíveis, e quase todos terminavam mal.
“E se for uma armadilha?”
A ideia a assombrava. Quem ligaria para ela usando aquele celular, depois de tanto tempo? E por que dizer apenas um nome, tão específico, antes de desligar? Alguém sabia que ela atenderia, que aquilo significava algo para ela. O problema era que Isa não fazia ideia de quem poderia estar do outro lado dessa história – e o que queriam.
Se Roberto soubesse…
A imagem do Capitão surgiu em sua mente. Ele ficaria furioso. E não seria apenas porque ela estava colocando a si mesma em perigo – embora soubesse que ele era, de alguma forma, protetor com ela. Roberto ficaria furioso porque Isa havia tomado a decisão sozinha, sem consultá-lo. Ele a achava ingênua, incapaz de lidar com algo tão perigoso, e ela sabia disso.
Ela podia até imaginar a expressão dele, o maxilar apertado, os olhos ardendo de raiva. Ele provavelmente diria que ela estava fazendo merda, que não fazia ideia no que estava se metendo. E, de certo modo, ele estaria certo. Isa não fazia ideia do que encontraria na Comunidade da Alvorada.
O ônibus chegou, e ela subiu hesitante. Escolheu um assento no fundo, longe dos outros passageiros, e apertou a mochila contra o corpo como se fosse um escudo. O coração dela parecia um tambor, batendo rápido e alto.
Enquanto o ônibus avançava pelas ruas da cidade, Isa observava pela janela. A paisagem mudava gradualmente, passando das ruas movimentadas e prédios altos do centro para bairros mais simples e, por fim, as áreas periféricas da Zona Oeste. O sol começava a iluminar o cenário, mas Isa se sentia como se ainda estivesse presa na escuridão da madrugada.
Ela tentou se distrair colocando os fones de ouvido, mas nenhuma música conseguia acalmar sua mente. O nervosismo fazia suas mãos suarem, e seus pensamentos eram um turbilhão.
E se não for nada?
E se for algo?
Quando sua mãe, Helena Ferreira, adoeceu, Matheus mudou. O irmão que antes era carinhoso e presente tornou-se distante, quase um estranho. Ele mal parava em casa, e, quando aparecia, seu comportamento era estranho e preocupante. Chegava alterado, com os olhos vermelhos e os gestos inquietos, frequentemente irritado, como se carregasse um peso invisível que o afastava ainda mais de Isabela e da realidade que compartilhavam.
Ela percebeu as coisas começarem a sumir — pequenos objetos de valor, dinheiro que ela deixava guardado para as contas, até alguns pertences da mãe. Mas Isa decidiu não dizer nada. Não queria que Helena, já tão fragilizada pela doença, carregasse mais essa preocupação. Então, ela suportou sozinha. Pagava as contas como podia, dividindo o tempo entre cuidar da mãe, estudar para o vestibular e segurar a casa que parecia desmoronar aos poucos.
Dois dias após o falecimento de Helena no hospital, uma forte tempestade castigava a cidade. Matheus parecia alheio à chuva que desabava, decidido a ir embora. Isa tentou impedi-lo, segurando seu braço com desespero, as lágrimas misturando-se com as gotas que escorriam de seus cabelos molhados.
— Matheus, por favor! Não faz isso... — implorou, a voz embargada pela dor e pela angústia.
Ele se desvencilhou de seu toque com um movimento brusco, sem sequer olhar para trás. Nem mesmo o peso da perda recente ou os apelos da irmã o fizeram hesitar. Ele saiu porta afora, desaparecendo na escuridão da noite, sob a chuva torrencial que abafava o som dos soluços de Isa.
Somente horas depois, enquanto tentava juntar os cacos de sua vida despedaçada, Isabela percebeu o que ele havia feito. A casa parecia vazia de uma forma cruel e irreversível. Alguns eletrodomésticos tinham sumido, junto com as joias de sua mãe e todo o dinheiro que Isa havia conseguido guardar — cinco mil reais, fruto de meses de sacrifício e esforço.
Ele tinha levado tudo.
Quando o ônibus finalmente parou próximo ao destino, Isa desceu com passos hesitantes, mas determinados. Ela olhou ao redor, tentando se situar. A entrada da favela era um emaranhado de casas empilhadas, vielas estreitas e becos que pareciam levar a lugar nenhum. A movimentação era intensa, com crianças brincando, vendedores ambulantes gritando suas ofertas e motos e carros passando em alta velocidade.
Isa sentiu os olhares curiosos e desconfiados das pessoas ao seu redor. Ela não era dali, isso era óbvio. Sua pele arrepiou ao perceber que estava completamente fora de seu território.
{...}
O campo de futebol, que antes parecia apenas um ponto de referência neutro, agora era um sinal de sua falta de direção. Quando passou pelo mesmo lugar novamente, o coração dela apertou com uma certeza inescapável: estava perdida. Perdida dentro da Comunidade da Alvorada, cercada por vielas estreitas, escadarias íngremes e olhares que ela não conseguia interpretar.
O desespero começou a crescer em seu peito, queimando como um fogo lento. Ela tentou se convencer de que ainda tinha controle, mas a sensação de estar sendo vigiada fazia sua pele arrepiar. Sentia-se estúpida por estar ali, agindo por impulso, como se alguma coisa mágica fosse acontecer e o paradeiro de seu irmão surgisse diante dela. Se tivesse parado para pensar, nem que por um minuto, teria percebido o risco absurdo que estava correndo.
"Eu nunca deveria ter entrado naquele ônibus," pensou, engolindo seco. A cada passo, a ansiedade apertava como uma corda em torno de sua garganta. Descendo uma escadaria estreita, ela começou a sentir que não estava sozinha. O ar parecia mais denso, pesado, como se algo invisível a estivesse cercando. Seu coração acelerou quando sentiu aquele calafrio familiar. Olhando por cima do ombro, Isa viu o que pareciam ser sombras movendo-se rapidamente. Uma. Não. Duas.
Apertou o passo, tentando manter a cabeça erguida, como se soubesse exatamente para onde estava indo. Passou pela frente de uma praça pequena e vazia, o silêncio apenas aumentando a sensação de perigo. Foi quando sentiu um puxão firme na alça de sua mochila.
"Merda," ela pensou, o corpo congelando por um segundo antes de se virar.
Dois meninos, adolescentes, estavam em sua frente. Devem ter, no máximo, 16 anos, mas havia algo em seus olhos que fez o sangue dela gelar. Eles estavam armados. Um deles tinha uma pistola visível na cintura, e o outro mantinha uma postura relaxada, mas seus olhos não deixavam de analisar Isa.
“A moça bonita tá perdida?” perguntou o que estava mais próximo, com um sorriso torto que não parecia amigável ainda sim sem soltar a alça de sua mochila.
Isa tentou manter a calma, mas seu coração batia como um tambor. "Não, eu... só tô indo embora," respondeu, a voz mais fraca do que gostaria.
O segundo garoto, o que carregava a pistola, deu um passo à frente, os olhos escuros fixos nela enquanto a analisava de cima a baixo. Isa sentiu o corpo inteiro enrijecer, o coração disparado, como se estivesse a segundos de explodir. Sua respiração ficou presa na garganta quando seus olhos se prenderam no bracelete de prata em seu pulso. Algo nele parecia familiar, mas o pânico que corria em suas veias não deixava espaço para raciocínios claros.
Sem dizer uma palavra, o garoto ergueu a pistola de maneira quase casual, a ponta fria da arma tocando suavemente o queixo de Isa. O movimento foi lento, quase calculado, forçando-a a levantar o rosto e encará-lo. A tensão no ar era sufocante.
O menino franziu a testa, os olhos atentos e desconfiados. O cabelo descolorido, com as pontas ressecadas pelo excesso de química, combinava com a pele bronzeada pelo sol intenso das vielas e a camisa de time surrada era o uniforme não oficial de quem crescia nas quebradas e já tinha um papel definido no jogo perigoso que comandava a comunidade.
Tudo nele denunciava sua função: um olheiro ou fogueteiro. Os chinelos gastos, a postura inquieta, sempre pronto para correr ou dar o aviso. O olhar vivo não parava, observando tudo ao redor como se tivesse mapeado cada canto da rua. Ele era jovem, talvez não mais do que desesseis anos, mas carregava a experiência de quem já vira coisas demais para a pouca idade.
Ele tirou a pistola da baia da calça, com um movimento lento e calculado, usou o cano da arma para virar o rosto de Isabela em sua direção. O metal gelado contra sua pele fez um arrepio percorrer sua espinha, e seu corpo inteiro congelou no lugar.
Ela respirava de forma superficial, o pânico sufocando qualquer tentativa de manter a calma. O cheiro pungente de pólvora que emanava da arma invadiu suas narinas, misturado ao suor frio que escorria por sua testa. Cada batida de seu coração parecia um tamborim ensurdecedor, enquanto ela era forçada a encará-lo, seus olhos arregalados refletindo puro terror.
O silêncio que seguiu era cortante, pesado demais para ser suportado. Ela sabia que ele estava no controle, e o gesto, embora simples, carregava a ameaça de algo muito mais sombrio.
Por um instante, a marra de bandido desapareceu de sua expressão. Ele parecia... confuso, ou talvez intrigado. Seus olhos ficaram um pouco mais suaves, como se algo em Isa tivesse disparado uma memória, algo que ele estava tentando lembrar.
Isa, por outro lado, não tinha ideia de quem ele era, mas o contato gelado da pistola em sua pele e o olhar intenso dele eram suficientes para deixá-la paralisada. O silêncio entre eles parecia eterno, até que o garoto murmurou, quase inaudível:
"Você..."
A palavra morreu nos lábios dele, como se estivesse hesitante em completá-la. Ele abaixou a pistola lentamente, mas não tirou os olhos dela. Isa percebeu que, naquele momento, ele tinha reconhecido algo sobre ela, mas ela ainda não conseguia juntar as peças.
"Eu te conheço, né?" ele perguntou, a voz baixa, mas carregada de uma incerteza que contrastava com sua postura ameaçadora de antes.
Isa engoliu em seco, sem saber o que responder. Ela mal conseguia pensar, quanto mais lembrar de onde poderia conhecê-lo. Sua mente estava focada no perigo imediato e no fato de que ela precisava sair dali.
"Não... não faço ideia do que você tá falando," respondeu finalmente, tentando manter a voz firme, mas falhando miseravelmente.
O garoto inclinou a cabeça mais uma vez, o olhar desconfiado, mas algo nele ainda parecia hesitante. Ele abriu a boca para dizer algo, mas antes que pudesse, um estampido alto cortou o ar. Um tiro.
O som foi suficiente para fazer Isa dar um salto para trás, o coração quase saindo pela boca. O garoto com o bracelete e o outro se viraram instantaneamente na direção do barulho, a postura agora tensa e alerta.
A figura de um homem de pele negra e óculos ovais surgiu, a farda preta e a arma em punho deixando claro que ele não estava ali para negociar. Atrás dele, outros dois Caveiras, igualmente armados, moviam-se com precisão.
Isa fechou os olhos quando os tiros ecoaram pela viela estreita. O som foi rápido, brutal e ensurdecedor, tão próximo que seus ouvidos começaram a zumbir imediatamente. Mesmo de olhos fechados, ela sentia a brutalidade do que estava acontecendo, o cheiro de pólvora e o grito abafado dos garotos feridos cortando o ar.
Quando ela finalmente teve coragem de abrir os olhos novamente, o chão de cimento à sua frente estava manchado de sangue. Os dois garotos estavam caídos, vivos, mas contorcendo-se de dor. Um deles pressionava a perna, que sangrava intensamente, enquanto o outro gemia, com a mão cobrindo o ombro ferido. A cena parecia desfocar diante dela, como se o choque estivesse criando uma barreira entre sua mente e a realidade horrível.
O estômago de Isa revirou. Ela engoliu em seco, tentando conter o impulso de vomitar. Foi então que sentiu uma mão firme agarrar seu braço, não com força, mas com o suficiente para puxá-la gentilmente para longe da carnificina.
"Vem comigo," disse uma voz grave, e Isa foi guiada, quase sem perceber, até uma área mais afastada, perto de um muro alto que oferecia algum abrigo do que estava acontecendo. Seus passos eram quase automáticos, o corpo ainda em estado de choque.
Ela levantou os olhos lentamente, ainda atordoada, e leu o nome bordado na farda do homem que a segurava: Mathias. Ele era alto, com uma expressão séria e óculos que refletiam a luz do sol. Foi naquele momento que ela o reconheceu.
Mathias. O aspirante que estava na festa, aquela que acabou se transformando em uma operação de apreensão de drogas. Ela se lembrou de como, naquela noite, Roberto tinha ordenado que a separassem da multidão caótica da festa e foi escoltada pessoalmente pelo Coronel, garantindo sua segurança
O choque foi ainda maior quando ela lembrou o que Nascimento havia mencionado casualmente em uma das noites no Copacabana Club: "Mathias é um bom garoto. Me lembra de mim mesmo quando entrei na academia. Leal, competente e com sangue nos olhos." O elogio era raro vindo de Roberto, e aquilo havia ficado gravado em sua memória.
Mathias parecia reconhecer Isa ao mesmo tempo. A maneira como ele a olhou, primeiro de cima a baixo, avaliando-a, e depois fixou os olhos no rosto dela, não deixava dúvidas. Sua expressão endureceu, e algo mudou na postura dele, como se estivesse ligando os pontos.
"Você é a menina do Capitão Nascimento, né?" ele disse finalmente, a voz seca e quase indiferente, como se estivesse constatando um fato óbvio.
A pergunta fez Isa sentir as bochechas queimarem de vergonha e irritação. Ela sentiu vontade de dizer que não era "de ninguém", mas sabia que aquele não era o momento.
"Eu..." Isa começou, mas as palavras morreram em sua garganta. A brutalidade da cena que ela acabara de testemunhar, somada à tensão do momento, fazia com que fosse difícil até respirar direito. Ela simplesmente assentiu, sabendo que negar seria inútil.
Mathias suspirou, cruzando os braços e lançando-lhe um olhar crítico. Era como se ele estivesse se perguntando o que ela estava fazendo ali e por que precisava ser o responsável por lidar com aquela situação. Afinal, uma coisa era obedecer ao Capitão Nascimento; outra era lidar com sua... protegida.
"Que porra você tá fazendo aqui, menina?" ele perguntou, a voz baixa, mas carregada de reprovação.
Isa tentou pensar em uma resposta, mas sua mente estava um caos. Ela sabia que mentir seria inútil, mas a verdade também parecia perigosa demais para ser dita. Tudo o que conseguiu fazer foi balbuciar algo incoerente, os olhos fixos no chão enquanto tentava controlar as lágrimas que ameaçavam cair.
Mathias balançou a cabeça, claramente irritado, mas também resignado. Ele pegou o rádio preso ao colete e falou algo rápido, provavelmente dando ordens aos outros Caveiras para encerrar a situação. Então, ele virou-se novamente para Isa.
"Olha, a gente vai sair daqui agora. E eu vou escoltar você de volta pro batalhão, pra pegar seu depoimento e eu vou deixar o Coronel lidar o seu BO."
Isa arregalou os olhos, o desespero voltando com força total.
"Por favor, não!" Isa deu dois passos rápidos, segurando o braço de Mathias com ambas as mãos, como se sua vida dependesse disso. A urgência em sua voz era quase palpável, e seus olhos verdes, brilhando de medo e desespero, fixaram-se nos dele. "Você conhece seu Capitão, aspirante Mathias. Ele vai me matar!" Ela falou em um tom baixo, quase implorando, com a voz embargada pela mistura de pavor e vergonha.
Mathias, olhando para baixo, já que sua altura a fazia parecer ainda menor e mais vulnerável. O rosto dele permaneceu sério, a mandíbula cerrada, mas os olhos demonstraram um lampejo de curiosidade enquanto ele a observava por mais alguns segundos, como se estivesse avaliando tudo o que acabara de ouvir.
Ele não podia negar que a expressão assutada e as bochechas coradas da garota o desconcertavam. Nascimento havia mencionado Isa antes, mas nunca de forma explícita ou sentimental. Apenas o suficiente para deixar claro que ela era importante para ele e que dessa forma era intocável. Mathias sempre assumiu que o Capitão Nascimento, o homem mais duro que ele conhecia, era o tipo de pessoa que escolheria mulheres com atitude, confiança e uma presença marcante — alguém como sua ex-esposa, Rosane, que Mathias havia encontrado em algumas ocasiões e que transpirava autoridade e independência.
Mas Isa era completamente diferente. Ela tinha uma doçura e um ar de ingenuidade que pareciam deslocados em um mundo tão cruel. Os olhos verdes grandes, cheios de lágrimas contidas, o suor que brilhava em sua clavículas delicadas expostas pelo blusa simple, e o jeito como ela parecia tão desesperada enquanto segurava o braço dele... Mathias finalmente entendeu o apelo. Nascimento não era só um líder implacável, ele também era um homem. E homens como ele, mesmo os mais duros, não eram imunes a mulheres que despertavam um instinto protetor.
Mathias respirou fundo, desviando o olhar dela por um momento, como se quisesse afastar esses pensamentos. Ele sentia que não era seu lugar questionar as escolhas do Capitão. Ainda assim, o contraste entre a imagem que ele tinha de Nascimento e a jovem à sua frente era impossível de ignorar.
Isa, sentindo o peso do silêncio, apertou o braço dele com mais força. "Por favor," ela repetiu, sua voz quase um sussurro agora. "Eu não queria causar problemas."
Mathias olhou para ela novamente, mas sua expressão continuava implacável. Ele era um soldado do BOPE, treinado para não se deixar levar por emoções. Para ele, seguir ordens era a prioridade, e proteger Isa era uma extensão da lealdade que sentia por Nascimento. Mas isso não significava que ele não tivesse puto.
Com um leve suspiro, Mathias balançou a cabeça. "Negativo," ele respondeu finalmente, em um tom firme e direto, como se não houvesse espaço para discussão.
O coração de Isa afundou, e as lágrimas ardiam em seus olhos enquanto o peso do que havia feito a atingia. Subir sozinha na Comunidade da Alvorada foi uma decisão estúpida, ela sabia disso. Colocou-se em perigo, ficou cara a cara com uma pistola, e agora não tinha dúvidas de que Roberto ia descobrir.
Ele ficaria furioso.
Isa já tinha presenciado a raiva de Nascimento antes, sempre direcionada a outros, nunca a ela. Mas agora, não tinha como evitar. Só de imaginar aquele olhar severo, a voz cortante e o controle absoluto que ele sempre parecia ter, Isa sentiu um nó apertar em sua garganta.
Ele soltou o braço dela gentilmente e começou a andar, olhando por cima do ombro para se certificar de que ela o seguia. Isa não teve outra escolha a não ser acompanhá-lo, sentindo um peso esmagador no peito.
#elite squad#tropa de elite#capitao nascimento#wagner moura#dark romance#romance#roberto nascimento#dark fic
9 notes
·
View notes
Text
Young & Beautiful pt.4

Sinopse: Isabela Ferreira, estudante de medicina veterinária de dia e garçonete em um clube de luxo em Copacabana de noite, leva uma vida difícil após a morte de sua mãe e o desaparecimento de seu irmão. Quando o temido Capitão Nascimento começa a frequentar o bar, ele se torna uma presença dominante e possessiva em sua vida. A relação entre eles se torna um jogo perigoso e enquanto ela luta para manter seus sonhos vivos, Isabela é puxada para o mundo sombrio dele.
Avisos: dark romance, relações toxicas, diferença de idade, capitão nascimento sendo capitão nascimento, crime, violencia, essa historia vai conter temas pesados. Estejam avisados!!!!!
O despertador marcava 5h00 da manhã quando Nascimento abriu os olhos, o corpo rígido, o coração batendo forte contra o peito. Outra noite difícil. Os pesadelos tinham se tornado uma constante em sua vida, assombrando-o com cenas que ele preferia esquecer. Tiros, gritos, sangue... flashbacks de operações passadas, especialmente a fracassada no presídio de Bangu I.
Ele sentou na beira da cama, a respiração pesada, os olhos fixos no chão frio de madeira. As paredes brancas e impessoais do apartamento refletiam a solidão que ele mal admitia para si. Com uma mão trêmula, passou os dedos pelos cabelos curtos, sentindo a textura mais grossa dos fios que começavam a ganhar tons grisalhos.
Roberto sempre fora metódico, e sua rotina não dava espaço para deslizes. Ele se levantou, foi direto para o banheiro e lavou o rosto com água gelada, tentando apagar os resquícios do sonho ruim. No espelho, encarou o homem que havia se tornado: um veterano calejado, com cicatrizes invisíveis que ninguém podia ver, mas que ele carregava todos os dias.
A rotina matinal de exercícios começava pontualmente às 5h30. Roberto colocou o uniforme de treino e saiu para correr pelas ruas ainda desertas. O ar fresco da manhã era seu alívio, um momento em que ele podia clarear a mente antes de enfrentar outro dia no BOPE.
Depois da corrida, ele voltou para casa e passou direto para os exercícios de força. Flexões, barras, abdominais. Movimentos perfeitos, executados com precisão militar. Apesar da idade, Roberto ainda tinha a resistência de um jovem soldado. Mas, por mais que seu corpo estivesse no auge, sua mente vagava por lugares distantes.
Ele pensava no vazio do apartamento. Após anos e anos na linha de frente da polícia militar, ele finalmente tinha dinheiro e estabilidade para construir uma vida confortável, talvez até aumentar a família. Mas era tarde demais. Seu casamento já havia acabado há anos, consumido pela pressão do trabalho e pela ausência constante; ele via seu filho Rafael só uma ou duas vezes por mês, tinham uma relação distante mas respeitosa.
E agora, o silêncio do apartamento o lembrava de que, mesmo com poder e conquistas, ele não tinha ninguém para dividir tudo isso.
{...}
No QG do BOPE, Roberto era respeitado como uma lenda viva. Ele havia liderado as operações mais difíceis, enfrentado traficantes nos lugares mais perigosos do Rio de Janeiro, e saído vitorioso. Mas sua reputação vinha com um peso. Ele sabia que muitos o viam como um símbolo de violência. Principalmente depois da missão no Cambuí. A situação envolvendo o Governador Fraga tinha piorado as coisas.
A papelada no escritório era um alívio bem-vindo às vezes. Ele não precisava olhar nos olhos dos jovens policiais que o idolatravam, nem sentir a pressão constante de estar no campo. No entanto, mesmo ali, sua mente vagava.
Ele se pegava pensando nela.
Era intrigante como Isabela Ferreira havia tomado conta de seus pensamentos, ocupando um espaço que ele nunca planejou ceder a ninguém. Ele via nela duas versões: Angel, a garota confiante e irresistível do Copacabana Club, e Isabela, a jovem vulnerável e cheia de mistérios. Ambas despertávam um desejo quase instintivo de mantê-la por perto e protegê-la.
Angel era hipnotizante. Havia algo em seu jeito que combinava inocência e provocação na medida certa, algo que o fisgou desde o primeiro instante. Ele já era cliente do Copacabana Club há algum tempo, desde sua promoção a Tenente-Coronel, mas jamais havia se importado com nenhuma das outras garotas que trabalhavam ali. Eram lindas, é claro, verdadeiros símbolos da beleza carioca, mas nada nelas o fazia sequer desviar o olhar. Então, veio ela. Bastou o cruzar de olhares com aqueles olhos verdes brilhantes para ele saber que Angel era diferente, única.
Mas ele imaginava Isabela como alguém diferente. Em suas fantasias, ela não era a garota de cropped e saia curta, sempre pronta com um sorriso para os clientes do bar. Ele a via de cara lavada, com os cabelos negros e longos, talvez um pouco desgrenhados. A Isabela que ele imaginava era preocupada, desconfiada da própria sombra, mas forte à sua maneira.
Era essa versão que ele queria.
Ele teve um vislumbre desse poder sempre que deslizava notas de R$100 em direção a Clara, pedindo Angel para sua mesa. Por trás dos sorrisos ensaiados e dos flertes calculados, Roberto percebia algo mais. Ele via como ela realmente prestava atenção às suas palavras, como se buscasse entender além do que era dito. E, apesar da fachada de confiança impecável, havia momentos em que ele conseguia atravessar essa barreira, notando o leve rubor que surgia em suas bochechas, mesmo sob o brilho do glitter da maquiagem. Esses pequenos sinais de vulnerabilidade eram como uma recompensa que ele não admitia precisar, mas que o fazia querer mais.
Ele fantasiava acordar com ela ao seu lado, em sua cama, a luz da manhã iluminando seus cabelos bagunçados. Imaginava chegar em casa depois de um dia longo e ouvi-la dizer: "Como foi seu dia?" com aquela curiosidade genuína que ele sentia faltar no resto do mundo.
Às vezes, ele se sentia culpado por esses pensamentos. Isabela era tão jovem, uma universitária cheia de sonhos e um futuro inteiro pela frente. Mas, quanto mais tempo passava ao lado dela, mais essa culpa parecia evaporar. Era como se algo dentro dele justificasse o que sentia — talvez Isabela fosse a recompensa por todos os anos de luta e sacrifício, por todo o inferno que o sistema o fez atravessar. Uma recompensa quase divina, ele ousava pensar.
Enquanto analisava relatórios no escritório, ele se pegou desviando o olhar para a janela. A cidade do Rio de Janeiro estava viva lá fora, mas tudo o que ele via era o rosto dela e seu tom de voz doce.
"Você está distraído, Capitão."
A voz de um colega o trouxe de volta à realidade. Ele se recompôs rapidamente, escondendo qualquer traço de vulnerabilidade.
"Não é nada. Vamos terminar isso."
Mas ele sabia que não era "nada". Era Isabela.
{...}
Quando o dia finalmente terminou, Roberto voltou para casa. Ele abriu a geladeira e pegou uma garrafa de whisky, servindo-se de um copo enquanto se sentava na poltrona da sala. O apartamento estava tão silencioso que o som do gelo contra o vidro parecia um eco.
Ele tentou se concentrar na televisão, mas as imagens passavam sem sentido. Seus pensamentos estavam nela. Era estranho como Isabela tinha invadido sua mente de uma forma que ele não esperava. Ele, que sempre se orgulhou de ser disciplinado, de manter tudo sob controle, agora se via consumido por um desejo que parecia crescer a cada dia.
Ele pegou o celular, passando o dedo pelas mensagens. Nenhuma era dela, é claro. Mas isso não o impediu de pensar em como seria se fosse.
Ele se inclinou para trás na poltrona, o copo de whisky na mão, e fechou os olhos. Naquele momento, ele deixou que a imagem de Isabela preenchesse seus pensamentos novamente.
A culpa ainda estava lá, mas agora, ela era um sussurro distante. Roberto sabia que estava cruzando uma linha perigosa, mas, pela primeira vez em muito tempo, ele não se importava.
{...}
Isabela checou o relógio na parede pela décima vez naquela noite. A ansiedade fazia o tempo parecer arrastar-se. Roberto era conhecido por sua pontualidade quase militar, e ela sabia que ele já deveria estar a caminho. Cada minuto que passava parecia intensificar o nó no estômago dela.
Ela se virou para o espelho mais uma vez, ajustando pequenos detalhes que, na verdade, já estavam perfeitos. O vestido azul pastel que havia escolhido era simples, mas carregava uma elegância discreta que a fazia se sentir bem. O tecido leve fluía com graça, moldando-se suavemente ao seu corpo sem chamar demasiada atenção.
Nos pés, Isabela havia optado por uma sandália preta de tiras finas. O salto, baixo o suficiente para garantir conforto, ainda oferecia um toque de classe que completava o visual. Ela se inclinou, ajeitando a última fivela no tornozelo e endireitando-se com um leve suspiro.
Sua maquiagem era leve e natural, um contraste com as produções mais chamativas que usava no Copacabana Club. Desta vez, ela tinha escolhido um batom rosado discreto e um delineador fino que destacava seus olhos verdes-castanhos de forma sutil.
Ela checou o relógio mais uma vez, sentindo seu coração acelerar ao ouvir o som de um carro parando em frente à sua casa. Roberto estava ali.
Com um último olhar no espelho, Isabela endireitou a postura, ajeitou os brincos - que haviam pertecido a sua mãe - e foi em direção a porta. Ela sabia que a noite seria um desafio, mas não havia mais como voltar atrás e Roberto tinha a livrado de ser levada pra delegacia na noite da festa e consequentemente salvou sua bolsa da UFRJ e Isa seria enernalmente grata. Ajustando a alça do vestido, caminhou até a porta, sentindo o salto da sandália ecoar suavemente pelo piso, e abriu a porta para encontrá-lo esperando por ela.
{...}
Isa hesitou ao atravessar o portão de sua casa humilde, sentindo o frio na barriga aumentar a cada passo. O carro preto estacionado na rua parecia algo saído de um filme — grande, imponente e, com certeza, blindado. Isa quase podia ouvir os pensamentos de seus vizinhos curiosos, escondidos atrás de suas cortinas. Ela engoliu em seco, sentindo o rosto queimar quando seus olhos pousaram em Roberto.
Ele estava de terno. Isa não podia negar que, para um homem com quase o dobro de sua idade, Roberto carregava uma presença difícil de ignorar. Ela se pegou pensando que, em qualquer outro contexto, ele seria o tipo de homem que ela jamais ousaria se aproximar. Ele era rígido, autoritário, mas havia algo nele que a intrigava — uma força que ela ainda não conseguia decifrar completamente.
Quando Isabela entrou no carro, o silêncio tomou conta imediatamente, envolvendo-a como uma segunda pele. O aroma familiar de couro e o leve perfume amadeirado de Roberto preenchiam o interior do veículo, deixando a atmosfera ainda mais carregada. Ela ajeitou o cinto de segurança e, ao erguer os olhos, encontrou o olhar fixo dele. Roberto a observava com uma intensidade que fazia seus dedos tremerem levemente enquanto ela ajustava a barra do vestido azul pastel.
Seus olhos percorreram-na lentamente.
“Você está linda, Isa” ele disse finalmente, a voz grave preenchendo o espaço pequeno entre eles. Não era só um elogio; havia algo mais profundo, mais possessivo, nas palavras dele, como se a beleza dela agora fosse algo que ele reivindicava.
Isabela desviou o olhar por um instante, brincando com a barra do vestido para disfarçar o desconforto que sentia sob o olhar intenso dele.
“Obrigada…” disse, quase em um sussurro. E, para aliviar o peso do momento, acrescentou com um leve sorriso: “Acho que fiz uma boa escolha, né?”
Roberto inclinou a cabeça levemente, ainda com aquele sorriso de canto de boca. “Fez sim. Melhor do que eu teria escolhido.”
Ela soltou uma risada curta, nervosa, enquanto ajustava a alça do vestido. Depois de alguns segundos de silêncio, Isa decidiu perguntar, tentando parecer descontraída: “E pra onde você está me levando?”
Ele não tirou os olhos da estrada, mas o sorriso em seu rosto cresceu levemente, transformando-se em algo quase enigmático. “Surpresa. Mas eu espero que você goste.”
Isa assentiu, mordendo levemente o lábio enquanto tentava decifrar o tom misterioso de Roberto. O silêncio confortável se instalou entre eles enquanto ele dirigia pelas ruas iluminadas do Rio, mas Isa não conseguiu evitar a necessidade de preencher aquele vazio. Depois de um tempo, ela olhou para ele e, hesitante, resolveu tocar em um assunto que a incomodava desde a noite na delegacia.
“Obrigada por não ter me levado pra delegacia aquela noite…”disse, com a voz baixa, mas carregada de sinceridade.
Roberto manteve os olhos na estrada por um momento, seu maxilar tensionando levemente antes de responder. “Eu sei do seu caráter. Sei que você não tem culpa de nada.”
Ela sentiu um alívio sutil, mas antes que pudesse agradecer novamente, ele continuou, sua voz ficando mais séria e firme
“Só que tem uma coisa. Em faculdade federal, tem muita gente que não presta. Vagabundo que financia o tráfico que eu e meus homens combatemos todos os dias.”
A mudança no tom dele a pegou de surpresa, e Isa o olhou de lado, tentando medir a gravidade de suas palavras. Roberto desviou o olhar por um breve segundo, fixando-o nela antes de voltar à direção.
“Eu apreciaria muito se você se mantivesse longe desse tipo de gente, Isabela. Não quero que você acabe no lugar errado, na hora errada de novo.”
Ela franziu o cenho, sentindo-se um pouco desconfortável com o que parecia ser uma ordem disfarçada de conselho. Mas, ao mesmo tempo, reconhecia a preocupação genuína por trás das palavras dele. Tentando aliviar a tensão, respondeu em tom casual: “Eu não converso com muita gente do meu curso, de qualquer forma. Então, acho que você não precisa se preocupar com isso.”
Ele fez um leve aceno de cabeça, aparentemente satisfeito com a resposta, mas o peso das palavras dele ainda pairava no ar. Isa olhou para a janela, observando as luzes da cidade enquanto o carro seguia em frente. Apesar do desconforto que sentia com o tom possessivo e controlador de Roberto, havia algo em sua preocupação que também mexia com ela.
Era estranho, mas uma parte dela não conseguia ignorar a sensação de segurança que ele parecia trazer, mesmo quando suas palavras e ações beiravam o sufocante.
{...}
Assim que desceu do carro, Isabela foi tomada por um desconforto imediato. Seus olhos varreram o local à sua frente: Isabela tentou não demonstrar surpresa quando o carro de Roberto parou em frente ao renomado restaurante Mar e Brasa, um dos mais sofisticados do centro de Copacabana. Ela passava quase todos os dias pela fachada daquele lugar enquanto voltava para casa no ônibus lotado. O letreiro elegante com luzes suaves sempre chamava sua atenção, mas ela sabia que nem em seus sonhos mais otimistas teria dinheiro suficiente para sequer considerar entrar ali.
Agora, parada na entrada, sentiu uma mistura de curiosidade e desconforto. Era o tipo de lugar que parecia feito para pessoas como Roberto – homens poderosos, com seus ternos bem cortados e relógios caros –, não para ela.
Roberto, por outro lado, parecia perfeitamente à vontade. Ele lançou as chaves do carro para o valet com um gesto casual e, em seguida, colocou a mão esquerda em sua cintura, guiando-a com firmeza para a entrada. O toque dele, que parecia ser um gesto de proteção, acabou deixando Isa ainda mais consciente de sua própria postura.
Enquanto caminhavam, ela olhava de relance para os outros clientes. Mulheres elegantes trocavam sorrisos discretos, ajustando seus vestidos impecáveis, enquanto homens conversavam em tons baixos, mas cheios de autoridade. Isa, tentando parecer o mais invisível possível, manteve o olhar baixo, focando nos próprios passos e na barra do vestido que balançava levemente com o caminhar.
Ao chegarem à entrada, foram recebidos por um host jovem, de terno preto e aparência impecável. Assim que seus olhos pousaram em Roberto, sua expressão mudou instantaneamente, passando de profissional para algo que Isa quase poderia chamar de reverência.
"Boa noite, Tenente-Coronel," o homem cumprimentou com uma ligeira inclinação de cabeça. Sua voz era firme, mas Isa notou um leve traço de nervosismo. Era evidente que a presença de Roberto causava impacto, mesmo ali, em um ambiente frequentado por pessoas influentes.
Roberto apenas assentiu, com aquele ar natural de quem já estava acostumado a ser tratado com respeito. "Boa noite. Minha reserva." Sua voz firme e direta fez o host endireitar a postura imediatamente.
"Claro, senhor. Acompanhem-me."
Eles foram guiados por um longo corredor que levava a uma área mais reservada do restaurante, ainda mais impressionante do que a entrada. O salão era decorado com lustres imponentes, cujos cristais reluziam sob a luz das velas, criando um brilho suave e acolhedor. Mesas espaçadas garantiam privacidade, enquanto enormes janelas davam vista para as luzes da cidade ao longe. Isa quase perdeu o fôlego ao observar cada detalhe, desde o chão de mármore polido até os arranjos de flores frescas estrategicamente posicionados, o ar era fresco e gélido, o ar quente e abafado tinha ficado do lado de fora.
Ao se sentarem, Isa tentou se recompor. Sentiu-se um pouco aliviada pela escolha do espaço mais afastado, mas ainda assim, o ambiente parecia exigir mais dela do que estava acostumada a oferecer. O som discreto de música instrumental preenchia o espaço, e o perfume das flores misturado ao leve aroma dos pratos sofisticados flutuava no ar.
Roberto olhou para ela do outro lado da mesa, observando cada movimento seu. Ele sabia que ela estava desconfortável — via isso na maneira como brincava com a barra do vestido ou evitava manter o olhar fixo em algum ponto por muito tempo. Mas, em vez de pressioná-la, ele deixou que Isa tivesse tempo para se ajustar.
"Tudo bem?" ele perguntou, a voz baixa, quase um sussurro.
Isa ergueu os olhos rapidamente e assentiu, ainda tímida. "Sim, tudo bem. É... lindo aqui."
Roberto sorriu de canto, satisfeito com a resposta dela. "Achei que você fosse gostar."
Ela abaixou o olhar novamente, sentindo as bochechas queimarem com o jeito intenso como ele a olhava. Não estava acostumada a tanto luxo, a ser colocada em um lugar como aquele. Sentia-se deslocada, mas, ao mesmo tempo, havia algo tranquilizador na presença de Roberto, algo que ela não conseguia explicar.
Isa respirou fundo e tentou relaxar. Era uma noite diferente e, mesmo que ainda se sentisse fora de lugar, decidiu tentar aproveitar a experiência.
A mesa em que Isabela e Roberto estavam parecia isolada do burburinho do restaurante, mas ela sabia que isso era uma ilusão. A verdade era que o Capitão Nascimento sempre chamava atenção onde quer que fosse, com sua presença imponente e a postura rígida, como se estivesse constantemente em alerta. Para Isabela, era desconcertante estar ali com ele, sentada à frente de um homem cuja reputação pesava tanto quanto seu olhar intenso.
Ela sabia que aquele jantar não era um encontro comum. Era mais uma extensão da relação estranha e confusa que haviam desenvolvido. Na maioria das vezes, ela não tinha escolha. Ele sempre a colocava em situações em que era mais fácil concordar do que resistir. Ainda assim, havia momentos como aquele, quando ele parecia mais humano, quase vulnerável, que a deixavam confusa sobre como se sentia.
“Então, me conta... como vão as coisas na faculdade?” Roberto perguntou casualmente, enquanto girava o copo de uísque em suas mãos. Ele parecia relaxado, quase despreocupado, e Isabela se surpreendeu com o tom.
Ela hesitou por um momento, mas decidiu responder. “Vão bem. As provas estão chegando, e eu tenho me esforçado bastante.”
Roberto arqueou uma sobrancelha, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios. “Veterinária, não é? Sempre achei interessante o quanto você fala com paixão sobre os bichos.”
Isabela relaxou um pouco com o comentário. Durante as muitas conversas que tiveram no Copacabana Club, ela havia compartilhado pequenos detalhes sobre sua vida. Era estranho perceber que ele havia realmente prestado atenção.
“É um curso difícil, mas eu gosto. Trabalhar com animais sempre foi o que eu quis fazer, sabe? Desde criança, eu...” Ela parou de falar, percebendo que estava se soltando mais do que deveria.
Roberto não a interrompeu, apenas continuou olhando para ela com interesse genuíno. Sua expressão era mais suave do que de costume, o que a fez baixar um pouco a guarda.
“Não é qualquer um que consegue manter um trabalho e ainda tirar boas notas na faculdade.” Ele inclinou-se ligeiramente para frente, como se quisesse se aproximar mais. “Eu admiro isso em você, Isabela.”
Ela corou levemente com o elogio, mesmo sabendo que ele tinha um jeito de dizer as coisas que a fazia sentir-se presa em suas palavras.
Mas, mesmo naquele momento mais leve, a tensão em seu corpo não passou despercebida. Roberto era um homem treinado para observar os mínimos detalhes, e os ombros encolhidos de Isabela, a maneira como suas mãos estavam firmemente pousadas no colo, tudo aquilo gritava que algo não estava completamente certo.
“Tá tudo bem?” ele perguntou de repente, seu tom ainda tranquilo, mas com uma ponta de preocupação.
Isabela hesitou. Parte dela queria mentir, dizer que estava tudo ótimo e mudar de assunto. Mas, por alguma razão, talvez pelo tom mais gentil dele, ela se sentiu confortável o suficiente para ser honesta.
“É só... muita coisa na minha cabeça,” admitiu, dando de ombros. “A faculdade, o trabalho... às vezes é difícil equilibrar tudo.”
Seu irmão.
Roberto assentiu lentamente, como se entendesse mais do que ela esperava. Então, de repente, ele estendeu a mão e envolveu a dela com firmeza, mas de um jeito que não parecia agressivo.
“Você é forte, Isabela. Eu vejo isso. Não é qualquer um que consegue passar por tudo que você passou e ainda continuar firme.” Ele fez uma pausa, olhando fundo nos olhos dela, como se quisesse ter certeza de que ela acreditaria no que ele estava prestes a dizer. “Eu me sinto o velhote mais sortudo do mundo por uma garota como você ter aceitado sair comigo.”
O coração de Isabela deu um salto, não pelo que ele disse, mas pela intensidade em sua voz e em seu olhar. Roberto era um homem violento e bruto, disso ela tinha certeza. Mas naquele momento, ele parecia sincero de uma maneira que a desarmou completamente.
Ela sabia, lá no fundo, que não estava ali por escolha própria. Ele praticamente a havia coagido a aceitar aquele jantar, e isso a incomodava. Ainda assim, a maneira como ele a olhava, como segurava sua mão com firmeza, fazia o sangue subir em suas bochechas. Contra sua vontade, ela corou.
"O sorriso convencido que brincava nos lábios do capitão, enquanto ele observava cada mínima reação dela e casualmente tomava mais um gole de seu whiskey caro, fez o coração de Isabela disparar de um jeito que nunca havia sentido antes."
⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀ ⠀ :¨ ·.· ¨: ⋆ ˚。 ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ `· . 𐙚
#elite squad#tropa de elite#capitao nascimento#wagner moura#dark romance#romance#roberto nascimento#dark fic
10 notes
·
View notes
Text
Young & Beautiful pt.3

Sinopse: Isabela Ferreira, estudante de medicina veterinária de dia e garçonete em um clube de luxo em Copacabana de noite, leva uma vida difícil após a morte de sua mãe e o desaparecimento de seu irmão. Quando o temido Capitão Nascimento começa a frequentar o bar, ele se torna uma presença dominante e possessiva em sua vida. A relação entre eles se torna um jogo perigoso e enquanto ela luta para manter seus sonhos vivos, Isabela é puxada para o mundo sombrio dele.
Avisos: dark romance, relações toxicas, diferença de idade, capitão nascimento sendo capitão nascimento, crime, violencia, essa historia vai conter temas pesados. Estejam avisados!!!!!
Language: Português (Brasil)
Word Count: 1.742 words
Isa se sentia estranha, como se estivesse desconectada de si mesma. Seu rosto estava dormente, e o corpo parecia pesado, como se cada movimento exigisse um esforço colossal. O estômago revirava de forma violenta, como se estivesse em um barco perdido no meio de uma tempestade. A visão turva se misturava à pulsação frenética em suas têmporas, enquanto o coração batia descontrolado, empurrando adrenalina por suas veias. Era uma mistura de euforia e náusea tão intensa que a fazia se perguntar se era o efeito do álcool ou algo mais que tinha sido colocado na bebida.
Encostada em um canto, com as algemas apertando seus pulsos, Isa observava a cena com um nó crescendo na garganta. Os homens de uniforme empurravam Rafaela, sempre tão confiante e cheia de si, para dentro de uma viatura. Mas, curiosamente, Isa não sentiu culpa nem pena ao ver a amiga sendo levada. Rafaela era filha do Ministro da Secretaria-Geral do Rio de Janeiro, alguém intocável, e provavelmente estaria de volta em casa antes mesmo de amanhecer, sem qualquer consequência real.
Isa, por outro lado, sentia-se cada vez mais vulnerável. A realidade de sua própria situação pesava mais do que qualquer indignação pela sorte de Rafa.
Caixas e mais caixas de substâncias ilícitas eram retiradas da casa onde a festa acontecia. Isa tinha certeza de que nada daquilo tinha a ver com Rafaela ou os outros colegas de faculdade, mas ali ninguém parecia querer ouvir explicações.
Quando finalmente Roberto se aproximou, ele estava com uma expressão neutra, mas dura, que ela não conseguia decifrar. Sem dizer nada, ele colocou uma mão firme, mas discreta, nas suas costas e a conduziu para longe do caos. Isa mal teve tempo de protestar antes de ser levada até um sedan preto, que tinha sirenes discretas sobre o teto, mas não parecia exatamente um carro de polícia comum.
Isa entrou no sedan preto com passos hesitantes, o silêncio de Roberto pairando pesado ao seu redor. O ar condicionado do carro trouxe um alívio momentâneo ao calor da noite carioca, mas não acalmou o turbilhão que se agitava dentro dela. As algemas ainda apertavam seus pulsos, e cada movimento parecia mais desajeitado do que o normal.
Roberto deu a volta e entrou no carro. Sem dizer uma palavra, ligou o motor, e o ronco suave preencheu o silêncio carregado entre eles. Seus dedos se moveram com precisão pelo painel, ajustando calmamente os controles. Isa o observava pelo canto do olho, tentando ignorar a presença imponente ao seu lado.
Ela sentiu uma vontade absurda de cair na risada. A situação em que se encontrava era tão surreal que parecia uma piada de mau gosto. Sua única tentativa de ser uma estudante de 21 anos normal, de sair e esquecer por uma noite os fardos que carregava, terminava com ela algemada, colocada em um carro por Roberto Nascimento, e vinda de uma festa cheia de drogas. Era quase cômico, se não fosse trágico.
Isa apertou os olhos, tentando ignorar o nó na garganta e a sensação crescente de que aquele homem ao seu lado era ao mesmo tempo seu algoz e, de alguma forma, seu salvador.
Roberto se inclinou em sua direção, e por um instante, Isa ficou tensa, o coração disparando como se quisesse escapar do peito. Se ela não tivesse se afastado instintivamente, seus rostos teriam se encontrado. O braço esquerdo dele passou por trás das costas dela, o movimento lento e calculado, como se ele estivesse ciente do impacto que sua proximidade causava.
Isa congelou, incapaz de desviar o olhar. O espaço apertado do carro tornava tudo ainda mais sufocante. Quando ele puxou o cinto de segurança para prendê-lo no encaixe, o braço dele roçou de leve no dela, fazendo sua pele se arrepiar. O cheiro dele — uma mistura de couro, tabaco e um toque amadeirado — envolveu Isa, invadindo seus sentidos e deixando-a ainda mais atordoada.
Por um breve momento, os olhos de Roberto encontraram os dela. Era um olhar penetrante, intenso, que parecia despir cada pensamento confuso que passava por sua mente. Isa desviou o rosto rapidamente, sentindo as bochechas queimarem, tentando ignorar a onda de calor que tomou conta do seu corpo.
"Pronto," ele disse, recuando com um movimento calculado. A voz dele parecia carregada de uma calma quase inquietante, como se o momento de proximidade entre eles tivesse sido insignificante — ao menos para ele.
Isa manteve os olhos fixos no vidro, sentindo o coração martelar no peito. Não sabia ao certo o que a deixava mais nervosa: o álcool, a tensão daquela noite, ou o fato de que, por um segundo, o simples gesto dele a tinha desarmado por completo.
Roberto, por outro lado, permaneceu impassível, o rosto duro como pedra enquanto manobrava o carro pelas ruas escuras. Mas Isa sabia que, por baixo daquela fachada controlada, havia algo nele que ela não conseguia decifrar. E isso a assustava tanto quanto a atraía.
{...}
Isa nem percebeu o tempo passar. A longa viagem até a cidade do Rio de Janeiro parecia ter sido consumida por um turbilhão de pensamentos confusos e a sensação de estar em um limbo entre a realidade e a distorção da bebida que ainda pulsava em suas veias. Seus olhos estavam turvos, e seu corpo, ainda quente por conta do álcool, parecia vibrar com uma energia estranha. Ela apenas olhou pela janela, tentando se ancorar na paisagem que deslizava ao lado do carro.
Roberto, por outro lado, parecia tentar manter uma postura profissional, mas Isa podia sentir os olhares furtivos que ele lhe lançava de vez em quando. Discretos, mas inegáveis. A expressão dele permanecia imperturbável, mas o corpo dele, sutilmente tenso, não passava despercebido. A fina camada de suor que cobria sua pele dourada era visível sob a luz fraca do carro, e Isa sabia que a saia curta e o cropped que ela usava não eram exatamente discretos. Eles expunham demais, mas de algum modo, ela sentia que ele estava ciente disso. Ele a observava, tentando se manter profissional, mas o olhar dele a traía.
Ela não sabia o que pensava exatamente, mas algo no ar, naquela atmosfera carregada de tensão e expectativas não ditas, fazia com que ela se sentisse viva de uma maneira desconfortável. O simples fato de saber que ele a observava, que ele notava cada movimento seu, a fazia sentir um calor crescente, algo que a incomodava, mas ao mesmo tempo a fazia se sentir... desejada? Era confuso e contraditório. Ela não queria essa atenção, mas não conseguia negar que havia algo intensamente envolvente naquela troca silenciosa de olhares.
Ela se forçou a desviar o olhar e focar no que passava pela janela, mas sabia que algo estava acontecendo ali, algo que ela ainda não conseguia entender totalmente. E o pior era que, de alguma forma, esse jogo de olhares e tensão entre os dois a fazia sentir um poder estranho, algo que ela jamais imaginaria sentir na presença de alguém como Roberto Nascimento.
O carro estacionou na frente da casa de Isa, a rua vazia e silenciosa, marcada pela quietude da madrugada. Isa sentiu um suspiro de alívio escapar de seus lábios. Finalmente, estava em casa. A tensão do momento parecia começar a derreter com a sensação de segurança de estar de volta ao seu próprio espaço. Ela podia se permitir relaxar, respirar fundo e sentir gratidão por não ter que passar a noite em uma delegacia.
Roberto desligou o motor e, como um reflexo automático, permaneceu em silêncio por um instante, a mesma expressão de controle e imperturbabilidade no rosto. Quando finalmente saiu do carro, ele deu a volta e abriu a porta de Isa. Mas não deu espaço para que ela saísse imediatamente. Em vez disso, ele se encostou no carro, os braços cruzados, adotando uma postura autoritária, mas com aquele sorriso de lado que Isa começava a reconhecer.
"Eu te salvei de uma puta furada gigantesca, Angel", ele disse, com a voz firme, mas com uma leveza que ela não podia ignorar.
Isa finalmente virou o rosto na direção dele, os olhos verdes quase brilhando, a dilatação das pupilas inconfundível, seu rosto ainda tingido pelas marcas da bebida e o calor que sentia. As bochechas coradas não ajudavam a esconder o quanto ela estava longe de seu normal. Roberto, atento a cada detalhe, percebeu a mudança no rosto dela, a reação sutil mas evidente que ela não conseguia controlar.
Roberto permaneceu ali, com a postura imutável, mas com um olhar penetrante.
"Eu vou te levar pra jantar esse fim de semana", ele disse, a voz firme, sem dúvida. Não parecia uma sugestão, muito menos um convite. Era uma declaração, um fato consumado. "Eu venho te buscar às 21."
Isa sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Não havia espaço para argumentação, para recusar. A maneira como ele falava não deixava dúvidas sobre o que ele queria, e Isa não podia deixar de notar o tom de autoridade em suas palavras. Era como se ele já tivesse tomado a decisão por ela, como se não fosse nem uma opção considerar o contrário.
Isa engoliu seco, sentindo uma onda de nervosismo crescer dentro de si. Ela não queria ser rude, mas não sabia como escapar da situação. Tentou, então, usar uma desculpa, algo que talvez fosse respeitado por Roberto.
"Eu... Eu não sei, Roberto", ela começou, hesitante. "É contra as regras do meu trabalho, sabe? A Clara... minha chefe, ela ficaria furiosa. É estritamente proibido encontrar clientes fora do bar. Eu poderia até perder o emprego por isso."
Roberto manteve o olhar fixo nela por um momento, uma expressão de desdém estampada em seu rosto enquanto mencionava Clara.
"Clara..." Ele disse com um leve sorriso, quase como se o nome fosse um peso. "Não se preocupe com ela, Isabela. Se ela te dar problema, ela vai ter que lidar comigo."
Ele fez uma pausa, observando-a de maneira ainda mais intensa, como se ponderasse o que diria a seguir. Por um instante, o silêncio entre os dois se esticou, e Isabela sentiu um peso crescente. Ela estava tentando entender onde ele queria chegar, mas antes que pudesse refletir mais sobre isso, Roberto falou novamente, dessa vez com uma firmeza inegável.
"Agora, me diz seu nome. O verdadeiro."
Não era uma pergunta, mas uma exigência disfarçada, e o tom de sua voz não dava espaço para recusa. Isabela hesitou por um momento, mas sabia que não poderia escapar. O peso da situação estava se tornando cada vez mais difícil de suportar, e com um suspiro, ela finalmente cedeu.
"Isabela... Isabela Ferreira."
Ao dizer seu nome, ela sentiu uma mistura de alívio e apreensão. Não sabia o que viria a seguir, mas sabia que aquele momento mudava tudo. Não havia mais espaço para máscaras ou disfarces.
Roberto ficou em silêncio por um momento, o olhar ainda fixo nela, e então, de forma surpreendentemente suave, ele tirou as algemas de seus pulsos. A gentileza de seu gesto foi inesperada, quase contraditória, dada a natureza do que acontecera até ali. Isabela não pôde evitar observar suas mãos grandes enquanto ele realizava o movimento, sentindo uma tensão crescente em seu peito.
"Então, tenha uma boa noite, Isabela", ele disse com um sorriso discreto, ainda mantendo a expressão de autoridade.
Ela não respondeu de imediato, observando-o sair do carro e fechando a porta suavemente. A rua estava quieta, a noite ainda pesada, e Isabela sentiu uma mistura de emoções que ela não sabia como lidar.
#elite squad#tropa de elite#capitao nascimento#wagner moura#dark romance#romance#roberto nascimento#dark fic
13 notes
·
View notes
Text
Young and Beautiful pt.2

Sinopse: Isabela Ferreira, estudante de medicina veterinária de dia e garçonete em um clube de luxo em Copacabana de noite, leva uma vida difícil após a morte de sua mãe e o desaparecimento de seu irmão. Quando o temido Capitão Nascimento começa a frequentar o bar, ele se torna uma presença dominante e possessiva em sua vida. A relação entre eles se torna um jogo perigoso e enquanto ela luta para manter seus sonhos vivos, Isabela é puxada para o mundo sombrio dele.
Avisos: dark romance, relações toxicas, diferença de idade, capitão nascimento sendo capitão nascimento, crime, violencia, essa historia vai conter temas pesados. Estejam avisados!!!!!
Language: Português (Brasil)
Word Count: 4084 words
O ônibus balançava pelas ruas quentes do Rio de Janeiro, sua estrutura desgastada rangendo a cada curva. Isabela ocupava um dos bancos próximos à janela, o corpo encostado no metal quente. A mochila repousava em seu colo, e ela segurava as alças com as duas mãos, tentando manter o equilíbrio enquanto o veículo ziguezagueava no trânsito caótico.
O calor daquele dia parecia insuportável, uma onda sufocante que fazia com que até mesmo o ar que entrava pela janela aberta parecesse pesado. Isabela suspirou, era só mais uma manhã normal para a cidade, mas na mente de Isa, nada parecia comum.
Ela fitava as ruas embaçadas pela luz do sol, mas seus pensamentos estavam longe dali.
Roberto Nascimento.
Sempre ele. Um cliente fixo, importantíssimo para o bar onde trabalhava. Desde que ele apareceu em sua vida, parecia ocupar mais espaço do que deveria. Um homem sério, de olhar firme, mas que a observava de uma forma que Isa não conseguia decifrar. Seus olhos castanhos escuros pareciam enxergar mais do que ela queria mostrar.
Isa mordeu o lábio inferior, incomodada com a memória da última noite. Roberto sempre tocava sua cintura quando ela entrava no carro dele no fim da noite. Um gesto casual para qualquer um que visse, mas que para ela carregava algo mais. Algo que a fazia corar e desviar o olhar, incapaz de confrontar diretamente aquele toque. Ele agora a levava para casa todos os dias após o trabalho.
Ela nunca concordou de verdade, mas também nunca protestou. "Se eu disser não, o que ele faria?"
Mais do que isso, Isa ponderava sobre o que ele queria dela. No bar, ele requisitava sua companhia todas as noites, ignorando qualquer desculpa que Clara, sua chefe, tentava oferecer para poupá-la. "Eu pedi a Angel," ele dizia com firmeza, e Isa sabia que não havia espaço para recusar, e Isa assim fazia: conversava casualmente com ele, cruzava suas pernas, sorrindo de forma de doce e corava quando o olhar dele parecia lhe despir. No final da noite ele sempre lhe deixava uma gorjeta generosa, depois de retirar pro seu carro preto, e aguardava por ela até seu turno terminar.
O ônibus parou bruscamente, e Isa agarrou a alça da mochila para não se desequilibrar. Olhou para as pessoas entrando e saindo, mas logo voltou a mergulhar nos próprios pensamentos. Ela sabia que Roberto tinha poder, mais do que ela poderia imaginar. Ouviu rumores no bar, conversas sussurradas sobre como ele estava envolvido com as operações da Tropa de Elite. Era um homem com influência, capaz de conseguir o que queria.
Foi aí que a ideia surgiu novamente, uma ideia tão tentadora quanto perigosa: "E se eu usar o interesse dele pra achar meu irmão?" Isa sabia que era arriscado. Roberto não parecia o tipo de homem que ajudava alguém sem cobrar algo em troca. Mas seu irmão estava desaparecido há quase um ano. Isabela estava ficando desesperada.
Nem que fosse um corpo pra enterrar.
Ela fechou os olhos por um instante, tentando afastar o turbilhão de pensamentos. Quando os abriu novamente, o ônibus já estava se aproximando da faculdade. Era ali, entre as paredes daquela sala de aula, que Isa conseguia esquecer por algumas horas a confusão de sua vida. Mas naquele dia, algo dizia que a sombra de Roberto Nascimento a seguiria onde quer que fosse.
{...}
Depois de horas de aulas e anotações intermináveis, o calor do dia parecia ter dado lugar a uma brisa mais amena, mas Isabela sentia-se exausta. A mochila parecia pesar o dobro enquanto ela caminhava pelo corredor em direção à saída do campus. Era sexta-feira, e a maioria dos alunos estava mais animada do que o normal, se organizando para sair e aproveitar a noite.
Isa não era muito de festas. Nunca foi. Além de suas responsabilidades no bar, sempre achou que tinha coisas mais importantes para fazer do que beber e socializar. Isso era uma das muitas coisas que Roberto comentava sobre ela. "Você é uma boa menina, Angel," ele dissera uma vez, com aquele sorriso que parecia tão natural, mas ao mesmo tempo tão premeditado. "Se comporta, não é como essas garotas da sua idade."
A lembrança ainda a fazia ferver por dentro. Quem ele pensava que era para julgá-la? Para decidir o que ela era ou não era? Roberto não sabia nada sobre ela. Nada sobre sua vida, suas lutas, o irmão desaparecido. Mas ele sempre falava como se soubesse tudo. Como se tivesse o direito de saber tudo sobre ela.
Isabela às vezes se sentia como uma criança perto de Roberto, como se estivesse em um constante teste para agradar uma figura de autoridade implacável. Ele nunca precisava levantar a voz ou fazer grandes gestos para demonstrar seu domínio; bastava um olhar intenso ou uma palavra escolhida com precisão para que ela sentisse o peso do controle que ele exercia.
Era como se ele estivesse sempre por perto, observando-a de algum canto invisível, esperando pelo menor deslize. Cada movimento, cada palavra, parecia ser avaliado. Ela tinha a desconfortável sensação de que, caso cometesse um erro, ele estaria pronto para puni-la de alguma forma, com uma calma que a deixava ainda mais inquieta.
Essa pressão constante era sufocante, e Isabela odiava o efeito que Roberto tinha sobre ela. Odiava como, às vezes, encontrava-se tentando parecer perfeita, evitando qualquer comportamento que pudesse desapontá-lo, Isa queria agradá-lo.
— Isa! — Uma voz a tirou de seus pensamentos.
Era Rafaela, uma colega de classe que às vezes trocava algumas palavras com ela nos intervalos. Rafaela tinha um jeito expansivo, o oposto de Isa, e estava sempre rodeada de amigos. Ela se aproximou com um sorriso largo, acompanhada de outras duas garotas e um rapaz, todos rindo de algo.
— A gente tá indo em uma festinha ali perto mais tarde. Você vem com a gente? — perguntou Rafaela, casualmente.
Isabela hesitou. Não era o tipo de convite que recebia com frequência. Normalmente, mantinha-se o mais invisível possível na faculdade, interagindo o mínimo necessário. Mas naquele momento, algo dentro dela queria aceitar. Talvez fosse cansaço, talvez fosse revolta. Talvez fosse só uma maneira de se sentir, por uma vez, no controle.
"Boa menina, hein?" A voz de Roberto ecoou em sua mente, e um impulso a fez tomar a decisão.
— Eu vou, sim.
As palavras saíram rápidas, antes que pudesse se arrepender. Rafaela sorriu ainda mais, como se não estivesse esperando por isso.
— Que bom! Vamos, vai ser divertido, eu vou passar pra te buscar as nove!
Enquanto caminhava em direção ao ponto de ônibus, Isabela sentiu uma mistura de emoções. Não era só a ideia de sair da rotina que a fazia sentir algo diferente; era a sensação de estar, mesmo que por um momento, contrariando aquela imagem que Roberto tinha dela.
Ele não vai saber. E, mesmo se souber, não é da conta dele." Ela pensou, tentando ignorar a pontada de ansiedade que vinha com a ideia. Por uma noite, Isabela queria esquecer que Roberto existia, esquecer o peso que ele colocava sobre seus ombros e sentir que tinha controle sobre a própria vida.
{...}
Isabela se encarava no espelho pequeno do banheiro. A luz amarelada iluminava seu rosto enquanto ela passava o gloss vermelho nos lábios com cuidado. Os shorts curtos e o cropped brilhante justo destacavam sua silhueta esguia, e o cabelo preto, solto, caía como uma moldura sobre os ombros. Ela quase não reconhecia a própria imagem. Havia algo diferente nela naquela noite, algo que não sentia havia muito tempo: uma leveza, uma faísca de felicidade por sair da rotina que a sufocava desde que sua vida havia virado de cabeça para baixo.
Ela sorriu, algo raro nos últimos tempos, mas a alegria foi rapidamente tingida de melancolia. Seu coração apertou ao pensar no irmão mais novo, Matheus. A última lembrança que tinha dele era marcada por gritos e lágrimas. Estavam na rua, embaixo de uma chuva torrencial, discutindo por causa do dinheiro que ele havia roubado dela. Ele levara tudo — as economias que Isabela guardava debaixo do colchão e o pouco que tinha na carteira.
Matheus estava diferente naquela época, mais calado, mais distante, envolvido com pessoas que Isa sabia serem perigosas. A mãe deles havia falecido há poucos meses, e o vazio que ela deixara pareceu transformar Matheus em alguém que Isa mal reconhecia.
A lembrança da última troca de palavras entre eles ainda ecoava em sua mente.
— Você não entende nada, Isa! Eu vou resolver isso sozinho! — ele gritou, antes de desaparecer na chuva, sem olhar para trás.
Desde aquele dia, Isa ficou completamente sozinha. Tinha 19 anos e nenhum apoio, apenas as próprias pernas para se sustentar. Ela engoliu em seco, os olhos marejando levemente ao pensar em como sua vida havia mudado desde então.
A buzina de um carro a tirou de seus pensamentos. Isa piscou algumas vezes, tentando afastar as memórias que insistiam em assombrá-la. Pegou a bolsa que deixara sobre a cama e saiu para a rua, onde o carro luxuoso de Rafaela a esperava.
Rafaela abaixou o vidro da janela e sorriu animada. — Entra aí, Isa!
O interior do carro era impecável, com bancos de couro que exalavam o cheiro de novo. Rafaela, que tinha pais ricos e vivia uma realidade completamente diferente da de Isa, dirigia com facilidade e despreocupação, como se o mundo fosse um lugar seguro e simples.
Isabela hesitou por um momento antes de abrir a porta e entrar. Enquanto colocava o cinto de segurança, um pensamento inesperado atravessou sua mente: O que Roberto diria se me visse assim?
Ela quase podia ouvir a voz dele em sua cabeça, com aquele tom grave que parecia sempre julgar e controlar. "Então, a 'boa menina' resolveu se soltar?" Talvez ele lançasse um daqueles olhares intensos que a faziam desviar o rosto, ou talvez fizesse um comentário sarcástico que a deixasse constrangida.
Isa balançou a cabeça, tentando afastar a ideia. Roberto já ocupava muito espaço em seus pensamentos, mais do que ela gostaria. Aquela noite era dela, e ela não queria se preocupar com o que ele pensaria ou diria.
— Tá pronta pra se divertir? — Rafaela perguntou, ligando o som alto do carro.
Isa forçou um sorriso, tentando se convencer de que sim. Talvez, por algumas horas, ela pudesse fingir que sua vida não estava cheia de incertezas, e que o peso que carregava não era tão insuportável assim.
Isabela não fazia ideia de que o convite de Rafaela a levaria para algo que poderia ser descrito como uma festinha. O local era afastado da cidade, uma casa grande e mal iluminada, cercada por árvores e com uma música pulsante que parecia vibrar até no chão. Durante o trajeto, já havia notado algo estranho no grupo. Rafaela e seus amigos estavam mais soltos do que o habitual, rindo alto e agindo como se já tivessem bebido demais — mesmo Rafaela, que estava dirigindo.
Quando chegaram, Isabela desceu do carro e olhou ao redor, reconhecendo alguns rostos da faculdade, mas nenhum com quem tivesse qualquer proximidade. A sensação de deslocamento cresceu rapidamente. As luzes dentro da casa eram fracas, piscando de vez em quando, e a música alta tornava difícil qualquer tipo de conversa.
Ela tentou se misturar, mas cada movimento parecia errado, como se não pertencesse àquele ambiente. Sentia-se fora de lugar, sua postura rígida contrastando com a descontração quase exagerada das outras pessoas. Um arrependimento começou a crescer em seu peito. Por que aceitei vir?
Depois de alguns minutos circulando, Isabela saiu para o lado de fora da casa, buscando um pouco de ar fresco. O som abafado da música ainda ecoava, mas ali estava menos sufocante. Encostou-se na parede, cruzando os braços enquanto olhava o céu. Sentia-se boba, como se tivesse cometido um erro óbvio ao aceitar o convite de Rafaela.
Não demorou muito para que o grupo de Rafaela a encontrasse. A amiga estava mais animada do que nunca, com as bochechas coradas e os olhos brilhando, claramente alterada.
— Isa! Tá curtindo? — Rafaela perguntou, se aproximando com uma bebida em um copo de plástico nas mãos.
A bebida tinha uma cor vibrante, um rosa choque quase artificial, e parecia nebulosa, como se tivesse sido misturada com algo. Rafaela estendeu o copo para Isabela com um sorriso travesso.
— Toma, isso aqui é a salvação da noite! — Rafaela disse, rindo.
Isabela balançou a cabeça, desconfortável. — Eu não costumo beber, Rafa. Não sou muito de álcool.
Um dos rapazes do grupo, que estava apoiado contra a parede ao lado de Rafaela, riu e disse com um tom persuasivo: — Relaxe, Isa. É só pra se soltar um pouco. Prometo que vai fazer todas as suas preocupações desaparecerem por uma noite.
Isabela hesitou, olhando para o copo. Suas preocupações eram tantas que a ideia de se livrar delas, mesmo que temporariamente, parecia tentadora. A pressão dos olhares ao redor e o tom leve e insistente dos colegas pesavam sobre ela.
— Só um gole, vai! — Rafaela incentivou, balançando o copo na frente dela.
Com um suspiro, Isabela pegou o copo das mãos da amiga e deu um pequeno gole. O gosto era doce e forte, uma mistura de frutas e álcool que queimava suavemente na garganta. A tensão em seus ombros não desapareceu imediatamente, mas ela tentou relaxar, forçando um sorriso enquanto Rafaela e o grupo comemoravam como se ela tivesse feito algo grandioso.
"Talvez só por uma noite," pensou Isabela, tentando acreditar que aquilo poderia, de fato, ajudar a esquecer um pouco da sua realidade.
{...}
Isabela nem percebeu como chegou ao terceiro copo daquela bebida vibrante e duvidosa. O gosto doce e artificial parecia deslizar mais fácil a cada gole, e o calor do álcool subia, fazendo sua cabeça leve e os pensamentos distantes. Sob as luzes neon que piscavam em tons de azul e rosa, ela dançava ao lado de Rafaela e seus amigos, sentindo o suor formar uma fina camada sobre sua pele dourada, que brilhava sob o efeito da iluminação. Suas pupilas dilatadas refletiam a confusão e a euforia do momento, como se, pela primeira vez em muito tempo, Isabela tivesse se permitido esquecer de tudo.
Mas então, a música parou abruptamente, cortando o ambiente de forma brutal. O burburinho de vozes cresceu, enquanto sons de comandos autoritários vinham de fora. Uma sensação de desconforto rapidamente se espalhou pela multidão.
— Que porra tá acontecendo? — Rafaela perguntou, os olhos arregalados enquanto segurava o braço de Isabela.
A resposta veio como uma onda de pânico que tomou conta do lugar. Lá fora, luzes de sirenes piscavam em vermelho e azul, e vozes firmes ecoavam.
— Isa, corre! — Rafaela gritou, puxando-a pela mão.
Elas correram juntas pela multidão confusa, tentando chegar até o carro de Rafaela. O som de passos apressados, vozes exaltadas e ordens gritadas tomava conta do espaço. Algumas pessoas já estavam sendo enquadradas no chão, os rostos virados contra a terra enquanto os soldados armados mantinham a ordem com precisão assustadora.
Quando finalmente conseguiram chegar à saída, Isabela congelou. Ali, no meio do caos, estava ele: Capitão Roberto Nascimento.
Ele se destacava na cena, vestindo o uniforme negro que parecia feito sob medida, seu rosto duro e inexpressivo enquanto supervisionava o desenrolar da operação. Seu olhar intenso cruzou o dela, e naquele instante, a euforia de Isabela evaporou como fumaça.
O tempo pareceu parar enquanto os olhos de Roberto deslizavam sobre sua figura. Ele notou tudo: o cabelo desgrenhado, o brilho da pele úmida de suor, os lábios ainda manchados pelo gloss vermelho e os traços inconfundíveis de quem havia bebido mais do que deveria.
{...}
Isabela sentiu um alívio silencioso quando percebeu que Roberto não parecia reconhecer quem ela era. Talvez fosse uma pequena benção, pois o BOPE, com sua fama de métodos brutais, não era exatamente uma presença bem-vinda por estuantes de uma faculdade federal.
Ainda assim, não havia tempo para pensar em como ela foi ou não reconhecida. Sem aviso, uma das figuras autoritárias do BOPE se aproximou e, sem dizer uma palavra a mais, algemou Isabela. A frieza do metal em seus pulsos fez seu estômago revirar.
— Fica quieta e senta ali — o policial disse de maneira ríspida, apontando para um canto afastado, onde uma luz tênue e pouco acolhedora iluminava o espaço.
Isabela foi empurrada até o local designado, ao lado de Rafaela, que murmurava para si mesma, visivelmente nervosa. A garota tentava disfarçar o pânico, mas não conseguiu esconder a expressão de choque e indignação.
— Isso é violência demais! Tratando estudantes assim... — Rafaela resmungou.
Isabela se encolheu no canto, com a cabeça baixa, tentando esconder o quanto estava assustada. Seus dedos ainda estavam tremendo levemente nas algemas, e o peso de sua respiração apertava seu peito. Ela não sabia o que Roberto pensava sobre ela naquele momento. Ele estava ali, a poucos metros de distância, observando o desenrolar de tudo como um espectador impassível.
O que realmente a desconcertava, no entanto, era o fato de que Roberto não parecia nem um pouco furioso ou desapontado com ela, como ela imaginaria. Pelo contrário, seu olhar sempre recaía sobre ela, mas não havia raiva, nem julgamento visível. Apenas uma calma fria que a fazia sentir um medo ainda mais profundo.
Ela não sabia o que ele queria, nem o que ele pensava, mas o que mais a consumia naquele momento era o quanto ele parecia controlar tudo. Mesmo ali, enquanto o BOPE fazia sua ronda pela festa, seu poder parecia pairar sobre a cena, sobre ela. E esse pensamento, essa sensação de ser observada, fazia seu estômago revirar.
Depois daquele momento tenso, o caos da festa continuou ao redor de Isabela e Rafaela e logo policiais começaram a levar algumas pessoas para fora do local e lhe empurrando para dentro de viaturas, tratando as ocorrências com brutalidade e frieza. Rafaela foi arrastada pra dentro de uma das viaturas momentos depois e Isabela for deixada pra tras. Ela manteve a cabeça baixa, tentando desaparecer no meio daquilo tudo.
Enquanto isso, Roberto Nascimento observava a cena de longe, como se fosse o comandante de toda aquela operação, seu olhar ainda fixo em Isabela. Ele não estava mais perto dela, mas seu peso parecia pesar ainda mais sobre a jovem. Quando ele finalmente se aproximou, o tempo parecia se arrastar.
Era a primeira vez que Isabela via Roberto Nascimento com o uniforme de policial. Até aquele momento, ele sempre havia sido o homem de terno, o cliente do bar, aquele que flertava com ela com seu olhar penetrante e que dava caronas sem ser realmente questionado. Mas agora, com a farda preta do BOPE, ele parecia diferente. A postura, a autoridade que emanava de cada movimento, a forma como ele observava o ambiente com uma frieza calculada… tudo o tornava ainda mais imponente, mais inacessível.
Isabela não sabia explicar exatamente o que sentia, mas ele estava ainda mais distante dela do que nunca. O uniforme policial, com a arma na cintura e a insígnia da faca na caveira brilhando, fazia com que ele parecesse intocável, como se ele fosse uma figura que pertencia a um mundo completamente separado do dela, um mundo onde ela não tinha espaço para entrar.
A tensão que sempre sentiu ao estar perto dele aumentava. Ele não estava mais apenas sendo o homem que a observava em silêncio nos encontros ocasionais, ou o "Roberto" que a elogiava, que flertava com ela em sua carona, que fazia com que ela se sentisse desconfortavelmente atraída por sua atenção. Agora ele era o Capitão, e ela era apenas mais uma estudante algemada, à mercê do seu julgamento. Não havia mais sorrisos sedutores ou conversas sobre seu comportamento exemplar. A presença dele ali, com o poder estampado na farda, fazia com que Isabela se sentisse ainda mais pequena.
Ela se pegou pensando no quão frágil ela parecia ao lado dele agora. Antes, ela tentava controlar o que sentia quando ele se aproximava, mas com a postura rígida do uniforme, Roberto parecia não ser mais um homem comum. Ele era um representante do sistema que a oprimia, uma figura de autoridade que observava com olhos avaliadores.
Isabela sentiu seu estômago apertar. Como ele poderia ser o mesmo homem que fazia piadas e brincava com ela, tocando sua cintura com uma leveza que agora parecia completamente distante? Agora ele era uma força imponente, quase intransponível, e ela estava diante dele, algemada e sem saber qual seria o próximo passo.
— Levanta — ele disse, com uma autoridade calma, mas inquestionável. Sua voz não parecia irritada ou enfurecida, o que confundia ainda mais Isabela. Ela olhou para ele, seus olhos tentando entender a mistura de sentimentos que ele estava tentando esconder.
O silêncio se arrastou por alguns segundos. Isabela tentou engolir a seco, mas as palavras pareciam embaçadas em sua mente. Ela sabia que estava perdida, mas também não sabia se ele a puniria. Seu peito apertava enquanto ela se levantava, ainda com as mãos algemadas.
— O que você está fazendo aqui? — Roberto questionou de novo, mais uma vez sem expressar raiva, apenas uma curiosidade gelada.
Isabela não sabia se poderia responder. Ela estava entre o medo e a as substâncias que bagunçavam seus pensamentos.
— Eu... Eu não sabia que seria assim — ela tentou, sua voz fraca e trêmula.
Roberto apenas a observou, os olhos fixos nela, sem responder. Durante um momento, o silêncio pairou entre eles.
Então, um dos policiais se aproximou, interrompendo o momento. Ele trouxe consigo a necessidade de seguir adiante com a operação, mas antes de se afastar.
Ele tinha pele negra, usava óculos e parecia mais sério do que o ambiente ao redor sugeria, mas ainda sim jovial. Isabela notou o olhar dele, carregado de julgamento. Ele a observava como se ela fosse a maior criminosa ali, como se a presença dela naquele local fosse uma infração gravíssima. Sua expressão era fria, desinteressada na situação, como se já tivesse uma sentença pronta em sua mente.
— Capitão — o policial falou, quebrando o silêncio tenso entre eles. Sua voz era dura e direta, sem rodeios. — Quer que eu coloque ela em uma viatura e a leve pra delegacia com os outros?
Isabela sentiu seu corpo endurecer com as palavras. O medo tomou conta dela, o frio gelado na espinha, a garganta apertada. Ela não queria ser levada, não queria ser vista como mais uma detida em uma operação que não era sua. O que mais a aterrorizava era o impacto disso em seu futuro, principalmente com relação à sua bolsa de estudos. Sem ela, ela não tinha como seguir na faculdade, como conseguir o que queria para mudar sua vida. Seu irmão tinha sumido, sua mãe já não estava mais ali… O que restava para ela?
Ela lançou um olhar desesperado para Roberto, seu corpo tremendo imperceptivelmente. Os olhos dela imploravam, mesmo sem palavras, para que ele usasse o poder que tinha sobre a situação. Ela sabia que ele podia, de algum modo, interceder por ela.
Se ele realmente se importasse com ela.
Se havia alguém que poderia evitar que ela fosse levada para a delegacia, era ele. Mas ela não sabia como ele reagiria. Ele nunca havia demonstrado nenhum tipo de misericórdia ou clemência até aquele momento.
Roberto parecia ponderar por um breve momento. Ele olhou para o policial jovem, que aguardava sua resposta com expectativa, e depois se voltou para Isabela. Seus olhos, agora escondidos sob a dureza do seu cargo, pareciam avaliar a situação. O silêncio entre eles se estendeu, tornando-se ainda mais sufocante.
Finalmente, Roberto quebrou o silêncio com sua voz grave e impessoal.
— Deixa, essa aqui eu mesmo levo.— ele disse, sem hesitar.
Aquelas palavras caíram como um peso sobre Isabela. Era uma ordem direta, uma decisão tomada com a mesma frieza que ele usava para lidar com qualquer outro assunto. O policial jovem olhou para Roberto, aparentemente sem questionar, e se afastou, retornando ao seu posto.
Isabela ficou ali, parada, em um estado de choque silencioso. Ela não sabia o que isso significava, mas sentia que sua vida estava nas mãos de Roberto agora. Ele a encarava, sua expressão impassível, mas havia algo na maneira como ele se aproximava dela que fazia seu coração bater mais rápido. Ela não sabia se aquilo era uma chance, um favor, ou algo ainda mais perigoso. Mas sabia que não poderia mais fugir da situação. Ela tinha apenas que esperar para ver o que ele faria com ela agora.
[...]
ps. Matias esta vivo nessa timeline :) eu adoro ele!
#elite squad#tropa de elite#capitao nascimento#wagner moura#dark romance#romance#roberto nascimento#dark fic
41 notes
·
View notes
Text
Blue Blood (pt.5)
(pt.4)
Summary: After the turmoil at Driftmark, King Viserys attempted to mend family divisions by arranging a marriage between Alicent's son, Aemond Targaryen, and Rhaenyra's daughter, Lucenya Velaryon; when King Viserys died and the Greens and the Blacks war began to unravel, the arrangement fell through. On the brink of war, Lucenya was sent to Storm's End as an envoy. Aemond didn’t plan on letting his bastard bride slip through his fingers one more time. She’d owned him for his left eye.
Warnings for this chapter: blood, violence, Aemond being crazy.
Lucenya's nerves were fraying by the minute as she sat at the breakfast table with Aemond. The grand chamber was filled with the clinking of fine porcelain and the muted chatter of the maids attending to their duties. The morning light filtered through the large windows, casting a soft glow over the richly decorated room, but for Lucenya, it felt as though she was trapped in a gilded cage.
Aemond sat across from her, a rare, genuine smile gracing his lips. His satisfaction was palpable, and his eyes followed her every move with an intensity that made her skin crawl. His eagerness for their upcoming marriage was clear, and the anticipation in his demeanor was both unsettling and unnerving.
"I've spoken with the High Septon," he said, his voice filled with a quiet excitement. "He will bless our wedding. Although I wanted to marry you in the old Valyrian tradition, I will follow my mother's wishes and marry you under the Faith of the Seven."
Lucenya's heart sank further. The reality of her impending marriage to Aemond was closing in on her. She felt trapped, her options dwindling. She nodded absently, barely registering Aemond's words.
He reached out, his hand gently lift her chin, turning her face toward him. "Are you listening?" His voice was softer, a rare gentleness that only made her feel more trapped.
She forced herself to meet his gaze, swallowing her fear. "Yes, uncle. I'm listening. It's... it's just a lot to take in."
She thought about the note under her pillow.
Lucenya tried to focus on the task at hand—eating and maintaining a semblance of normalcy—but her anxiety was overwhelming. Her hands trembled as she reached for the milk, and her grip was unsteady. As she poured the milk into her goblet, her nerves got the better of her, and she accidentally spilled a generous amount over the table.
The milk pooled around the edges of the fine tablecloth, and the sight made Lucy flush with embarrassment. She quickly began to apologize, her voice wavering with fear. Aemond’s eyes narrowed, but he remained calm, a faint smile playing on his lips. He snapped his fingers, summoning a young blonde maid who had been quietly attending to them. She was quick to respond, her kind eyes filled with sympathy as she approached the mess.
Lucenya watched as the maid began to clean up the spill, noting how the girl had been one of the few sources of kindness since her arrival, her name was Dyana; she had tented to Lucy’s wounds, working closely with the Maester to care for her burns.
As the maid worked, Lucenya caught Aemond’s gaze, but he did not press her about the spill or her obvious anxiety. Instead, he seemed content, a sense of satisfaction evident in his posture.
"Are you feeling unwell, niece?" Aemond asked, his tone gentle yet probing. He reached out and placed a hand on her wrist, his touch lingering longer than necessary. Lucenya could barely meet his gaze.
"I'm just cold," she replied, forcing a weak smile. Her voice trembled despite her best efforts to sound steady.
Aemond studied her for a moment. “I’m sure you’ll warm up soon,” he said. “We’ve made all the preparations for the wedding. I want you to be comfortable and ready for the ceremony.” he smiled in her direction although it did not reached his eye.
Lucenya nodded, her mind racing with the implications of his words. Despite her anxiety, she managed to keep her composure as best as she could. She could feel the weight of Aemond’s gaze on her.
As the meal continued, she focused on the task of eating. Each bite felt like a chore, each sip of milk a reminder of her precarious situation. Her mind was fixed on the plan for her escape that night, and she could hardly think of anything else.
Aemond's demeanor remained unchanged throughout breakfast. He spoke of the wedding with an almost reverent tone, his excitement for their union apparent. His focus was entirely on her, and although he was suspicious of her nervousness, he chose not to press her further. Instead, he seemed content in the knowledge that their marriage was drawing near, a goal that had consumed him for some time.
Lucenya, meanwhile, felt a pang of fear and desperation. The stakes were high, and the possibility of failure was not an option. As the breakfast came to an end and Aemond prepared to leave, she took a deep breath, trying to steady herself for the night ahead. The time for action was fast approaching, and she could only hope that everything would go according to plan.
{...}
The afternoon sun cast long shadows across the stone walls of Lucenya’s chamber, painting the room in a warm, golden hue. The door creaked open and Dyana, who had been assigned to tend to Lucenya, stepped inside. Her eyes, filled with a mixture of curiosity and concern, settled on Lucenya, who was pacing the room nervously.
“Is there something you need, my lady?” the maid asked, her voice gentle.
Lucenya turned, trying to keep her composure despite the turmoil brewing inside her. “Yes,” she said quietly, taking a deep breath to steady herself. “I could use some assistance. Would you help me with something?”
Dyana nodded, stepping closer. “Of course, my lady. What do you need?”
Lucenya glanced around to ensure they were alone. She moved to her dressing table and carefully retrieved a small, velvet-lined box from one of the drawers. Her hands trembled slightly as she opened it to reveal a magnificent ruby ring, its deep red hue shimmering in the light.
“This ring,” Lucenya said, holding it out to Dyana, “is worth a small fortune. I need your help to escape from the Red Keep tonight.”
The maid’s eyes widened in shock and apprehension as she looked at the ring. “Escape? But—”
Lucenya quickly lowered her voice, glancing nervously at the door. “Please, listen. I’m desperate. Aemond has no intention of letting me go, and I cannot remain here any longer. I need you to bring me some male clothing and a cloak. Tonight, after dark, I plan to leave, through the kitchen. Please leave my door unlocked before you retire from you duties tonight.”
The maid’s gaze flickered between the ring and Lucenya’s pleading eyes. She seemed to weigh the risk against the reward, the silence of the room making the decision all the more pressing.
Finally, with a hesitant nod, she took the ring from Lucenya’s hand. “I’ll get what you need. But please, be careful.”
“Thank you,” Lucenya whispered, relief flooding through her. “I’ll be ready.”
The maid gave a final nod before slipping our of the chamber, leaving Lucenya alone with her thoughts. As the door closed behind her, Lucenya took a moment to collect herself. She paced the room, her mind racing with plans and contingencies. The sound of her footsteps was the only noise in the quiet chamber, a stark contrast to the noise and activity she would soon leave behind.
Lucenya’s heart pounded. She knew the risks of her plan, but the promise of freedom was too great to ignore. Every moment counted, and she had to make sure everything was in place for her escape.
{...}
Later that day, as the sun was setting in the horizon, she heard a sharp knock at the door. Her pulse quickened, expecting Aemond to enter, but instead, Ser Criston Cole stepped inside, his armor gleaming in the orange sunlight that engulfed her chamber.
He looked at her with the same disdain he had always held for her mother, Rhaenyra, and by extension, for her. Lucenya could feel the chill in his gaze, the man was not Captain of the King’s Guard, Lucy knew he was dangerous. She straightened herself, trying to appear as composed as possible, though her hands still trembled slightly from the tension that had gripped her since morning.
"Prince Aemond sends his regards," Ser Criston said, his tone flat, "and wishes to inform you that he will not be joining you today. He is occupied with his duties on the Small Council."
Lucenya blinked in surprise. Aemond was on the Small Council? It was unexpected news, and it unsettled her more than she cared to admit. The idea of Aemond holding a position of power within Aegon’s court only made her situation more precarious. His influence was growing, and with it, his control over her life.
But as Ser Criston delivered the message, an unexpected sense of relief washed over her. Aemond’s absence tonight will work in her favor. If he was occupied with council matters, he would be less likely to notice anything amiss until it was too late. The timing couldn’t have been more fortuitous.
Ser Criston, however, lingered for a moment longer, his cold eyes sweeping over her with an expression that made Lucenya’s skin crawl. "I would advise you to remember your place, Lady Lucenya," he added with a sneer, his voice dripping with the same venom he had always reserved for her family. "Prince Aemond is very fond of you, but that affection has its limits."
Lucenya held his gaze, refusing to flinch under the weight of his words. "I understand," she replied quietly, masking the turmoil that churned within her.
With a final, contemptuous glance, Ser Criston turned on his heel and left, the door closing with a resounding thud behind him. Lucenya exhaled slowly, her mind racing. She knew that tonight had to be the night. There was no telling when she would have another opportunity like this, with Aemond preoccupied and the guards perhaps less vigilant.
The hours dragged by painfully slowly as Lucenya went through the motions of the day, trying to act as if nothing was amiss.
Lucy hoped Dyana would keep her part of the deal.
As dusk settled over King’s Landing, Lucenya’s anxiety grew. The fear of being caught was overwhelming, but it was nothing compared to the dread of what awaited her if she stayed. Lucy missed Dragonstone, her mother and her brothers endlessly.
Finally, as the Red Keep grew quiet and the sounds of the bustling castle faded into the night and the sky turned pitch black outside, Lucenya knew it was time.
Lucenya's heart pounded in her chest as she approached the door of her chamber, her nerves fraying with every step. She hesitated for a moment, her hand hovering over the handle, terrified of what she might find on the other side. If the door was locked, her escape plan would fall apart before it even began. She took a deep breath, steeling herself, and pushed the handle down.
Relief washed over her when the door creaked open, unlocked. A wave of hope surged through her, a fragile but precious thing in the suffocating misery that had become her life in King’s Landing. She peered outside, her eyes scanning the dimly lit corridor. There, just as she had hoped, was a small bundle on the cold stone floor, and more importantly, the corridor was empty. The guards who usually stood vigil outside her room were nowhere to be seen.
Lucenya silently thanked Dyana, for keeping her part of the deal. The maid had managed to lure the guards away, just as she had promised. Lucenya knew she had little time to spare. Quickly and quietly, she slipped back into her chamber, shutting the door softly behind her. She untied the bundle with trembling hands, revealing the dark pants, tunic, and cloak that Dyana had left for her.
She wasted no time in changing, discarding her feminine garments in favor of the rough, masculine clothing. The tunic hung loosely on her frame, the pants a bit too large, but she made do, tightening the belt around her waist. The cloak was heavy and coarse, but it would help her blend into the shadows. Lucenya pulled the hood low over her face, hiding her brown hair, and darted out of the door, her heart pounding in her ears.
The Red Keep was a maze of corridors and hidden passages, but Lucenya had spent enough time here to know some of its secrets. She moved swiftly, staying close to the walls, her footsteps muffled by the thick soles of her boots. The castle seemed to swallow her whole, the darkness pressing in on all sides as she made her way toward the exit.
Every sound made her flinch, every creak of the floorboards and distant murmur of voices sending her heart racing. She couldn’t afford to be caught now, not when she was so close. Her mind raced with thoughts of her family, of her mother and brothers who were surely waiting for her return. The hope of seeing them again, of escaping this nightmare, drove her forward.
The journey through the Red Keep felt endless, each corner turned revealing another stretch of shadowy corridor. But Lucy was determined, her fear overshadowed by the desperation to be free. She moved with purpose, guided by the sliver of hope that Dyana had given her, praying to the gods that she would reach Allun Caswell before it was too late.
As she neared the exit, the cold night air hit her face, filling her with a renewed sense of urgency. She was almost there, almost free. Lucenya quickened her pace, the promise of freedom just within reach.
Lucenya reached the docks of the Red Keep, her breath coming in ragged gasps, her body trembling with exhaustion and fear. The sight of Allun Caswell standing by a small fishing boat filled her with a rush of relief. Her nightmare was almost over. The older man’s face was grim, and there was no time for courtesies; he immediately gestured for her to hurry.
"Quickly, my lady," Allun urged, his voice low and urgent.
Lucenya didn't need to be told twice. She scrambled into the boat, her hands moving frantically to untie the rope that secured it to the dock. The knot was stubborn, but her desperation gave her strength. With a final tug, the rope came loose, and she turned around to help Lord Caswell into the boat.
But before she could reach out to him, a sickening sound tore through the night—a sharp, wet thud. Lucenya froze, her blood turning to ice. Allun’s eyes widened in shock, his hand instinctively reaching for his chest where an arrow had pierced through him. His knees buckled, and he collapsed onto the dock.
"No!" Lucenya's scream was choked with horror. She lunged toward him, but the boat rocked dangerously, and she was forced to steady herself.
Allun’s eyes locked with hers as another arrow pierced thought his neck, blood gushing out of the wound. His lips moved as if to say something, but no sound came out. The light in his eyes faded quickly, leaving only a lifeless stare. His body fell with a heavy thud.
Lucenya was paralyzed, her mind unable to process what had just happened. This couldn't be real. This couldn't be happening. Her teary brown eyes stared at his lifeless body. The only men who stood up to help her, the man who was loyal to her mother was now dead.
Panic surged through her. She had to move, desperation yelling at her to get away, but the boat was still tied to the dock. She fumbled with the oars, her hands shaking uncontrollably as she tried to push the boat away from the dock.
Tears streamed down her face as she finally managed to shove the boat away, the gap between the dock and the boat widening. The water beneath her was dark and cold, the current pulling her farther from the shore. But it was too late
They would catch her. They would drag her back to that gilded cage.
Then, she saw him.
Aemond Targaryen walked towards her with an unsettling calm, a bow slung over his shoulder and a quiver of arrows strapped to his back. His face was illuminated by the flickering torchlight, and a wide smile spread across his lips. It was a smile that sent a shiver down Lucenya's spine. He looked almost... pleased, as if this was a game and she had given him exactly what he wanted.
"A little sport in the night, hm?" Aemond's voice was smooth, almost playful. He paused at the edge of the dock, watching her with a predatory gaze from above. "I haven't hunted in quite some time, thanks to the state of the realm. But this... this gave me a thrill I’ve missed."
Lucenya’s breath caught in her throat. The realization that he had been the one to shoot Allun—her only hope of escape—hit her like a physical blow. The older man’s body still lay on the dock, blood staining the stone, and yet Aemond’s eyes never wavered from her.
He was savoring this moment.
“You thought you could just slip away, didn’t you?” Aemond continued, his voice laced with mockery. He stepped closer to the edge, looking down at her with a mix of amusement and something darker. “You’re smarter than that, Lucenya. Or at least, I thought you were.”
Lucenya’s hands tightened around the oars, her knuckles white. She wanted to scream, to curse him, but the words stuck in her throat. The boat was drifting farther out now, the water widening the distance between them, but it wasn’t enough. It would never be enough.
Aemond didn’t seem to be in any hurry. He reached for an arrow, his movements slow, deliberate. He nocked it to the bowstring and drew it back, the wood creaking under the tension.
Lucenya’s heart pounded in her chest, her eyes locked on the arrow aimed at her. She could feel the terror rising within her, but she refused to give him the satisfaction of seeing her fear.
Aemond tilted his head slightly, his smile never fading. “Run all you like, Lucenya. But you’ll never be able to escape me.”
With that, he released the arrow. It whistled through the air, missing the boat by inches. He was toying with her, showing her that even if she managed to flee, she would always be within his reach.
Lucenya fell to her knees, her heart sinking as the full weight of her failed escape crashed down on her. The cold realization that there was no way out, no hope of returning to her family, was like a dagger to her chest. Her limbs felt heavy, drained of strength and resolve. She couldn’t even muster the will to fight when Aemond brought the boat closer to the shore.
She climbed out of the boat on her own, her eyes fixed on the ground, avoiding the sight of Allun’s lifeless body. The man who had risked everything to save her now lay dead, and it was all because of her. Her hands trembled, and tears welled up in her eyes, but she refused to let them fall. She couldn’t afford to show any more weakness in front of Aemond.
Aemond stood before her, towering over her like a vengeful shadow. His pale silver hair framed a face twisted in a dark mix of fury and satisfaction. The thrill of the hunt had faded, replaced by the cold, simmering anger that now burned in his violet eye. Lucenya dared not look up at him, but she could feel the intensity of his gaze, like a predator who had finally cornered its prey.
Without a word, Aemond reached down and grabbed a handful of her hair, yanking her head back. Lucenya gasped, her scalp burning with pain, but she remained silent, too shocked and defeated to resist. He started dragging her back toward the Red Keep, each step a painful reminder of her failure.
They passed by Criston Cole, who stood with a smug expression, clearly pleased with the sight before him. His eyes gleamed with a twisted sense of satisfaction as he watched Aemond pull Lucenya along like a rag doll. There was no pity, no sympathy in his gaze—only the cold, calculated pleasure of a man who had watched his enemy’s child be brought to heel.
Lucenya’s vision blurred with tears, her mind racing with fear and despair. She could barely process the situation, her thoughts a chaotic swirl of guilt, anger, and hopelessness. Aemond’s grip on her hair tightened as they approached the entrance to the Red Keep, and she could feel the fury radiating off him in waves.
Aemond’s grip on Lucenya’s hair tightened as he dragged her through the winding corridors of the Red Keep, his steps quick and determined. Lucenya stumbled along behind him, barely able to keep her feet under her as he led her deeper into the castle. Her heart pounded with fear and dread, each step echoing in the cold, unforgiving stone of the fortress. She could feel the walls closing in around her.
Finally, they arrived at the chamber of the Grand Septon, who had been summoned to the Red Keep for the impending marriage ceremony. The heavy door swung open, and Aemond shoved Lucenya inside, throwing her to the floor at the Septon’s feet. She landed hard on her knees, the impact jarring through her already trembling body.
The Grand Septon, an elderly man with a face lined with age and wisdom, looked down at Lucenya with shock and concern. His pale blue eyes widened as he took in the sight of the disheveled young woman before him, tears running down her face. He glanced up at Aemond, who stood looming over her, his expression dark and unyielding.
“Prince Aemond,” the Septon began, his voice quivering slightly with unease, “what is the meaning of this? What has happened?”
Aemond’s voice was cold and commanding as he spoke, his eye never leaving Lucenya. “You are to marry us, right here, right now.”
The Grand Septon blinked in astonishment, his hands trembling slightly as he clutched the edges of his robes. “But… but, Your Grace, the ceremony is not yet prepared. There are rites to be observed, blessings to be given—”
Aemond cut him off with a sharp glare, his patience worn thin. “You will marry us now, or I will find someone else who will. This wedding will happen tonight.”
Lucenya’s heart sank even further as she heard the finality in his words. There was no escape, no hope left. She was trapped in this nightmare, with no way out. She could feel the Septon’s hesitant gaze on her, as if silently asking her for confirmation, but she couldn’t bring herself to look up at him. She didn’t have the strength to protest, nor the will to resist.
The Grand Septon hesitated, clearly torn between his duty and the unsettling circumstances. But the fear of defying a Targaryen prince—a man known for his ruthless determination—overpowered his reservations. With a solemn nod, he finally relented, his voice shaking slightly as he spoke.
“Very well, Your Grace. If this is your wish… I will perform the ceremony.”
Aemond’s lips curled into a satisfied smile, and he reached down, grabbing Lucenya by the arm and hauling her to her feet. She felt like a puppet on strings, her body moving without her consent, her mind numb with despair. The Grand Septon began to recite the vows, his voice wavering as he performed the sacred rites in the cold, impersonal chamber.
As the words of the ceremony filled the room, Lucenya’s mind drifted, her thoughts far away from the scene unfolding before her. She thought of her mother, her brothers, and the life she had been so cruelly torn away from. The hope she had clung to, the sliver of a chance at freedom, was now gone, extinguished by the harsh reality of her situation.
When the Grand Septon finished the vows, he hesitated once more before declaring them man and wife, the weight of the moment heavy on his shoulders. Aemond wasted no time, pulling Lucenya close and pressing a possessive kiss to her lips. The kiss was harsh and forceful, lacking any tenderness or warmth like he had when they shared a kiss before. It was a claim, a final assertion of his control over her.
Lucenya didn’t resist, didn’t fight back. She was too numb, too broken to do anything but endure. As Aemond released her, the reality of her new life began to sink in. She was now bound to him.
The Grand Septon stepped back, his expression a mix of pity and resignation as he looked at Lucenya.
Aemond turned to leave, dragging Lucenya along with him, his grip on her arm firm and unrelenting. As they exited the chamber, the heavy door closing behind them, Lucenya felt the last remnants of her hope slip away, leaving her with nothing but the cold, suffocating reality of her new life as Aemond’s wife.
#aemond targaryen#aemond fic#aemond fanfiction#hotd aemond#aemond one eye#prince aemond#prince aemond targaryen#aemond angst#aemond x oc#aemond x female#aemond x fem!oc#aemond x original female character#aemond x original character#hotd fanfic#hotd fanfiction#hotd fic#hotd angst#aemond the kinslayer#aemond targaryen angst#house of the dragon#aemond targaryen smut#dark fic
28 notes
·
View notes
Text
Young & Beautiful (Capitão Nascimento x Personal Original)
Sinopse: Isabela Ferreira, estudante de medicina veterinária de dia e garçonete em um clube de luxo em Copacabana de noite, leva uma vida difícil após a morte de sua mãe e o desaparecimento de seu irmão. Quando o temido Capitão Nascimento começa a frequentar o bar, ele se torna uma presença dominante e possessiva em sua vida. A relação entre eles se torna um jogo perigoso e enquanto ela luta para manter seus sonhos vivos, Isabela é puxada para o mundo sombrio dele.
Avisos: dark romance, relações toxicas, diferença de idade, capitão nascimento sendo capitão nascimento, crime, violencia, essa historia vai conter temas pesados. Estejam avisados!!!!!
Language: Português (Brasil)
O bar de luxo em Copacabana, banhado pelas luzes douradas da cidade, era um refúgio para a elite. Homens poderosos e mulheres elegantes se misturavam à meia-luz, compartilhando risos abafados e conversas discretas. O som de copos tilintando e a música ambiente suave preenchiam o espaço, mas para Isabela Ferreira – ou Angel, como todos ali a conheciam – aquele cenário era apenas parte da sua rotina.
Angel ajustou a peruca rosa, uma assinatura que sua chefe insistia que ela usasse. Com seus longos cabelos negros presos por baixo, ela parecia outra pessoa, algo que a fazia se sentir, de certa forma, protegida. A peruca, com sua franja curta, caía levemente sobre seus olhos verdes amarronzados, mascarando sua verdadeira identidade. A maquiagem pesada com glitter era uma parte essencial do disfarce, escondendo seu rosto e adicionando um brilho chamativo que ajudava a completar a transformação. A escolha de uma aparência tão exagerada também servia para desviar o olhar de possíveis rumores sobre a reputação duvidosa das funcionárias do bar, uma camada de proteção que Isabela, em sua humildade, usava para evitar julgamentos e associações indesejadas.
Naquela noite, como tantas outras, ela servia conhaque para um dos clientes mais reservados do bar: Capitão Nascimento. Ele sempre se sentava no mesmo lugar, um canto isolado perto da janela, com vista para o mar escuro e as luzes da cidade ao longe e sempre estava sozinho. Ele não falava muito, apenas fazia seu pedido habitual – um conhaque caro, servido sem gelo. Ela havia aprendido que ele gostava do silêncio, algo que combinava perfeitamente com sua presença imponente e distante.
Era um homem de poucas palavras, mas seu olhar pesado e as linhas de seu rosto endurecido diziam muito mais do que ele precisava verbalizar. Isabela não sabia muito sobre ele, exceto que era um policial de alto escalão e que era extremamente respeitado, até pela sua chefe, Clara, que não gostava de dar satisfação a ninguém. Mas, mesmo sem saber os detalhes, algo no jeito como ele observava o bar, sempre atento a tudo, sugeria que ele carregava uma responsabilidade muito maior do que aquele copo de conhaque poderia aliviar.
Enquanto caminhava com a bandeja em mãos, sentiu os olhares de alguns clientes recaindo sobre ela. Não era incomum. Isabela sabia que chamava atenção. Sua pele dourada, os olhos que mudavam de cor à luz do bar, às vezes mais verdes, outras vezes mais castanhos, e sua maneira doce de interagir com os clientes no ambiente faziam dela um ponto de foco. Ela não gostava de ser o centro das atenções, mas havia aprendido a lidar com isso, a encarar como parte do trabalho. Era assim que conseguia pagar as contas e seguir com seus estudos, mesmo que sua vida estivesse virando de cabeça para baixo desde o desaparecimento de seu irmão mais novo.
Ao chegar à mesa do Capitão Nascimento, ela colocou o copo de conhaque cuidadosamente à frente dele, oferecendo um sorriso educado, como sempre fazia. "Seu conhaque, Capitão", disse com suavidade.
Ele ergueu os olhos lentamente, como se saísse de um pensamento profundo, e deu um leve aceno de cabeça em agradecimento. Não havia necessidade de palavras entre eles. A dinâmica era simples: ela servia, ele bebia, e o silêncio era respeitado. Era uma das razões pelas quais Isabela sentia uma estranha segurança ao seu redor. Ele parecia preferir a calma, como se o barulho ao redor fosse apenas uma distração.
Naquela noite, no entanto, algo inesperado aconteceu. Um dos garçons trouxe uma mensagem para Angel: Capitão Nascimento queria a companhia dela em sua mesa. Ela sentiu um frio na espinha. Ele nunca havia requisitado a companhia de nenhuma das outras garotas que trabalhavam ali, e Clara, havia sempre deixado claro que um pedido do Capitão Nascimento não poderia ser recusado.
Clara se aproximou e sussurrou para Angel com um olhar severo. "Nunca se recusa um pedido do Roberto. Se ele quer sua companhia, você ficará com ele pelo resto da noite."
Angel tentou esconder sua apreensão e se aproximou da mesa, as mãos suadas puxaram a barro do vestido preto, curto e colado pra baixo, o coração batendo mais rápido. Quando chegou perto, ele fez um gesto para que ela se sentasse.
"Angel", ele começou, sua voz grave e autoritária, cortando o silêncio. "Senta, fica a vontade."
Ela hesitou, mas sentou-se, seu desconforto palpável. O Capitão a observava com uma intensidade que a fazia sentir-se como se estivesse sendo avaliada, desprotegida. Isa tentava manter o contato visual como sempre fazia com os clientes do clube, que em sua maioria eram homens solitários que estavam em busca de alguém que ouvissem seus problemas, que lhe dessem atenção, e Angel era muito boa nisso, mas alguma coisa sobre como o policial lhe encarava lhe dava um frio estranho na barriga.
"Como você veio parar em um lugar como esse, minha filha?"
Isa não conseguiu esconder a surpresa com a pergunta. Isa já estava acostumada com os clientes do clube tentando arrancar alguma coisa sobre a vida pessoal dela, mas a maneira curta e direta do Capitão foi inesperada.
"Sou estudante senhor, estou tentando pagar as contas." Isa se sentia como se estivesse se explicando. Ela sabia da reputação que suas colegas de trabalho tinham mas Angel não prestava esse tipo de serviço.
"Estuda o que?"
"Medicina veterinária." Isa se arrependeu assim que as palavras saíram da sua boca; eles estavam entrando em um território muito pessoal pro seu conforto.
"E seus pais sabem que você trabalha aqui?" ele pressionou mais um pouco, tomando um gole de ser conhaque. Isa não deixou de notar como seus olhos castanhos lhe encaravam, de cima a baixo.
Isa decide ficar mais atenta, ele era um homem inteligente, sabia arrancar as respostas que ele queria. "É só eu por mim mesma, Capitão." Angel disse, sorrindo docemente, piscando lentamente e cruzando suas pernas. "E o senhor? É casado?"
Ele soltou uma risada fraca pelo nariz. Isa sabia que era uma pergunta ousada, mas sua alter ego Angel era ousada, por dentro Isabela sentiu um frio na espinha.; a autoridade que ele exalava com sua linguagem corporal era difícil de ignorar, Isa senti-se como se tivesse sido pega em flagrante.
"Divorciado." ele respondeu calmamente, sua voz um pouco menos dura. "E eu tenho um filho da sua idade. Quantos anos você tem? Vinte? Vinte um?"
"Vinte um, senhor."
Só falta bater continência, uma vozinha debochada sussurrou em sua cabeça. Isabela sentia o peso do abismo entre suas realidades agora que ela estava mais perto dele. Ele, com seus anos de experiência como um policial de elite e agora quase um deputado, exalava poder e controle. Tudo nele, desde seu jeito de falar até o modo como se comportava, deixava claro que ele estava acostumado a dar ordens e ser obedecido. O mundo de Nascimento era feito de decisões rápidas e inquestionáveis, algo que Isabela nunca tinha vivenciado em sua vida simples de estudante.
Cada pergunta e comentário dele parecia como se ele estivesse tentando descobrir algo mais profundo sobre ela, algo que ela não estava disposta a revelar.
"Qual é seu nome verdadeiro, Angel?" ele perguntou diretamente. O tom de voz quando ele disse seu nome falso era debochado, como se ele achasse graça da situação.
A pergunta a pegou de surpresa. Ela se forçou a manter a compostura e sorriu, embora o sorriso estivesse carregado de nervosismo. "É contra as regras revelar meu nome verdadeiro, senhor. Pra você, apenas sou Angel."
Ele a olhou com uma expressão que misturava curiosidade e algo mais, mas não insistiu. A conversa continuou com um tom menos pessoal e, embora Nascimento parecesse relaxar um pouco, a tensão entre eles era palpável. Isabela sentia-se como se estivesse jogando um jogo que não compreendia completamente.
{...}
Quando a noite avançou e o bar foi esvaziando, Angel se preparou para encerrar seu turno. A maquiagem pesada e a peruca rosa eram removidas com cuidado, e ela se sentia aliviada ao recuperar sua aparência natural e finalmente poder voltar pra casa.
Ao sair do bar, ela viu Nascimento à beira da rua, encostado em um carro preto e elegante, com vidros escurecidos. O ambiente ao redor parecia vazio e sombrio em contraste com o brilho que ele exalava. Ele a esperava com um olhar firme, mas não sem uma ponta de gentileza.
"Angel", ele chamou novamente, e ela se virou, um misto de surpresa e nervosismo na expressão. "Quer uma carona?"
O tom dele era direto, quase convidativo, mas carregado de uma autoridade que ela não podia ignorar. Isa hesitou, sentindo-se encurralada, mas a ideia de caminhar sozinha pelas ruas desertas de Copacabana a fez reconsiderar, era uma boa caminhada até o ponto de ônibus e mais uma hora e meia até sua casa. Ao mesmo tempo ela se sentia insegura sobre aquele homem praticamente desconhecido tomar conhecimento de onde ela morava.
Mas ele era policíal, certo?
"Claro", ela respondeu, sua voz um pouco trêmula. "Agradeço, Capitão."
Ele abriu e porta do carro e Isa rapidamente entrou no carro.
#elite squad#tropa de elite#capitao nascimento#wagner moura#dark romance#romance#roberto nascimento#dark fic
32 notes
·
View notes
Text
Blue Blood pt.4
(pt1)(pt2)(pt3)
Summary: After the turmoil at Driftmark, King Viserys attempted to mend family divisions by arranging a marriage between Alicent's son, Aemond Targaryen, and Rhaenyra's daughter, Lucenya Velaryon; when King Viserys died and the Greens and the Blacks war began to unravel, the arrangement fell through. On the brink of war, Lucenya was sent to Storm's End as an envoy. Aemond didn’t plan on letting his bastard bride slip through his fingers one more time. She’d owned him for his left eye.
warnings for this chapter: none for now.
The day of Lucenya's presentation to Aegon's court had come too quickly. Her body was still frail, her bruises fading to a shade of light green and purples and there was a sharp pain in her right side, but she had to endure, it was Alicent’s command.
The maids dressed her in an emerald green velvet gown that clung to her slender frame, the deep color contrasting starkly with her pale skin. The gown's bodice was intricately embroidered with silver thread, tracing delicate patterns of vines and flowers. The sleeves were long and fitted, ending in graceful points at her wrists, while the skirt flowed down in soft, sweeping folds that brushed against the floor with each step.
Her hair, a rich dark brown hair had been carefully arranged into loose waves cascading down her back. Atop her head, she wore a Valyrian steel tiara that had belonged to her grandmother, Aemma. The tiara was a masterpiece of craftsmanship, its delicate filigree design adorned with small, sparkling gems that caught the light with every movement.
Lucenya glanced in the mirror, her reflection a painful reminder of her current situation. The gown was exquisite but symbolized everything she despised about her captivity, although the tiara she wore, as a token of her lineage and strength gave her a small measure of comfort.
Aemond was in the dressing room with her, as he always seemed to be, his presence a constant shadow. His single eye tracked her every movement, a mix of possessiveness and something she couldn't quite identify.
He was also dressed impeccably in rich fabrics and his long silver hair was braided. A sword hung from his belt, a constant reminder of his martial prowess and the threat he posed.
"It's time," Aemond said quietly, offering her his arm. She hesitated for a moment before taking it, feeling his strength and warmth through the fabric of his sleeve. His touch was steady, grounding her amid this nightmare.
As they slowly walked through the grand hall towards the Iron Throne room, respecting Lucy’s slow pace, Aemond's mind wandered. He imagined himself sitting on the Iron Throne, with Lucenya by his side as his queen. He pictured her in the same emerald green gown, her tiara gleaming as she looked down upon their united realm. The thought filled him with bitterness. If only he were the eldest son, he could have had all this without the need for bloodbath and betrayal.
They approached their destination, and the sound of bards and conversation from within made Lucenya's heart pound inside her chest. She hated the spectacle that was being made of her, a clear display of power to show that they had Rhaenyra's daughter.
As they entered the packed throne room, Lucenya's eyes immediately found Haelena, who sat quietly to the side, right next to Otto Hightower. There was a softness in Haelena's expression, a sympathy that Lucenya found herself grateful for. It was a small comfort in this, amid endless hostility.
The Iron Throne room was packed with nobles and supporters of Aegon, their presence suffocating as Aegon lounged on the Iron Throne, a smug smile playing on his lips. Alicent stood nearby, her face serene but her eyes sharp, dressed in green from head to toe. The courtiers whispered among themselves, the air filled with pity and curiosity. Lucenya's eyes scanned the room, desperate for a familiar face among the sea of enemies. The looks of other noblemen, hungry and curious, made her skin crawl. She tried to maintain her composure, but the pressure was immense.
Her eyes widened when she caught the eyes of no other than Allun Caswell. The bald and older man has been a fierce supporter of her mother’s cause, he and Lady Caswell even visited Dragonstone a couple of times. She quickly turned her gaze away but Lucy felt Caswell’s eyes on her.
Aemond's presence was stifling, Lucy knew his presence was there to keep her in check, his single eye always coming back to her. To Aemond, Lucenya was the prettiest lady in the room by far. Despite being a bastard, she carried herself with a regal grace that matched his own. In his eyes, she was royalty - she was even fluent in High Valiryan- and the thought filled him with a twisted sense of pride. She was officially his in the eyes of the court, and he relished the idea of having her by his side.
As they moved closer to the throne, Aegon's gaze settled on them, his amusement evident. "Welcome, Lucenya Velaryon," he said, his voice dripping with condescension. "You honor us with your presence," Lucy noticed his slurred words.
Lucenya could not quite grasp the belief that Aegon would be a better ruler than her mother.
Lucy forced herself to meet his gaze, her chin held high despite the fear and anger boiling inside her. "Your Grace," she replied, her voice steady. "I am here under duress, not by choice."
Aegon's smile widened, a predatory gleam in his eyes. "Nevertheless, you are here. And you look quite ravishing in green, niece. It suits you!"
Lucenya's grip on Aemond's arm tightened, but she kept her expression neutral. "I wear it as I must," she said coldly.
Alicent stepped forward. "You will find that duty often comes with sacrifice," she said. "Embrace the honor you have been given."
Lucenya's stomach churned with anger and helplessness. She wanted to lash out, to scream at them for their arrogance and cruelty. But she knew that now was not the time. She needed to bide her time. Aemond sensed her turmoil and squeezed her waist gently, a silent reminder of his presence and support. She glanced at him, seeing the conflict in his eye. There was a part of him that genuinely cared for her, despite the obvious distaste for her and her family.
It was a twisted, possessive kind of care, but he still cared.
The Iron Throne room had been transformed for the banquet, filled with the sound of music and the clinking of goblets. Tables were laden with an extravagant feast, the finest food, and endless supplies of wine and ale. The atmosphere was one of forced merriment, an attempt to celebrate the frail strength and unity of Aegon's rule. Lucy felt anything but festive.
Lucenya took her seat next to Aemond, who sat close. The wine flowed freely, and she welcomed it, downing several goblets to numb the discomfort of her injuries and the ache of her heart. Each sip dulled the pain, both physical and emotional, but it did little to quiet the storm of thoughts in her mind.
Across the room, Aegon reveled in the attention, his laughter loud and grating. Alicent sat beside him, her face a mask of composed satisfaction. Lucenya caught her eye briefly and saw the woman nodding her head at her.
She’s been behaving well.
Her eyes turned to Allun Caswell again, the older man’s eyes still on her and a glimpse of worry crossed his features when their eyes met.
{...}
The music played on, a lively tune that felt out of place in the oppressive atmosphere. Lucenya forced herself to smile and play the part of the compliant captive. She engaged in polite conversation with the nobles who approached her, their thinly veiled curiosity and disdain evident. Every so often, she glanced at Allun Caswell, who lingered at the edges of the room. His presence was a small comfort, a reminder that she wasn't entirely alone.
"Are you enjoying the feast?" Aemond's voice broke through her thoughts, his tone was rushed and gentle.
She turned to him, offering a strained smile. "It's... quite a spectacle," she replied, choosing her words carefully.
Aemond nodded, his gaze lingering on her for a moment longer before shifting back to the room. "You look beautiful tonight," he said, his voice so low she almost didn't catch it.
"Thank you," she responded, her heart not in the compliment. "It's the dress your mother chose for me."
Aemond's expression darkened briefly, but he said nothing more. Instead, he reached for her hand, squeezing it gently. Lucy noticed how his hand was much bigger than hers, his skin covered in thin scars and roughness, years of training behind them. "Stay close to me tonight," he said, his voice firmer. "I won't let anyone hurt you."
Lucenya's thoughts raced. She knew his protection came at a cost, but for now, she needed to play along. "I appreciate that," she said softly, her eyes meeting his. "But why are you doing this? Why care so much?"
Aemond's jaw tightened, his gaze intense. "It's my duty as your future husband," he replied. "We've been promised to each other since we were children. I will uphold that promise."
Before she could respond, Aegon called for a toast, raising his goblet high. "To the future of our realm!" he declared, his eyes glittering with malice as he stared in Lucy’s direction. "May we crush our enemies and secure our legacy!"
The room erupted in cheers, the sound ringing in Lucenya's ears. She raised her goblet reluctantly, her heart heavy with the weight of her predicament. As she took another big sip, she caught Aegon's eye, his smile was chilling as he downed his own golden goblet. Lucy broke the eye contact, she did not have time to let Aegon get under her skin.
After the toast, the banquet continued, the revelry growing louder and more chaotic. Lucy leaned back in her chair, her head spinning from the wine. She glanced at Allun again, trying to convey her desperation with a look. He gave her a small nod and started to walk in their direction.
Her heart raced. Did he misunderstand her silent signals?
When Allun reached Lucenya, he extended a courteous hand, as was customary. With a practiced grace, he took her hand in his, bringing it to his lips for a respectful kiss. It was during this seemingly innocent gesture that Allun made his move. With a subtle shift of his fingers, he managed to slip a small, folded note into Lucenya’s hand, his touch light but deliberate.
The note was tiny and folded tightly. Lucy’s heart raced as she felt the paper’s weight in her hand. She quickly closed her fingers around it, ensuring it was hidden from view.
“It is a relief to see you in good health, Princess Lucenya.”
Aemond’s keen eyes were on them, his expression unreadable but alert. As Allun withdrew with a bow directed to the prince, his gaze lingered a moment longer than necessary, filled with a hint of concern that Lucenya hoped was genuine. Aemond’s irritation flared when he noticed the interaction, and he immediately moved to interject, his hand closing around Lucenya’s wrist with a possessive grip.
“What was that about?” Aemond’s voice was low and edged with frustration as he pulled Lucy’s attention away from Caswell. His eye was sharp, searching for any hint of deceit or hidden meaning.
Lucenya forced herself to maintain a calm facade, though her pulse quickened and her stomach churned. “Nothing of importance,” she replied, her voice steady despite the tension. “He was just being polite.”
Aemond’s scrutiny did not waver, but he chose not to press the matter further. Instead,he took another sip of how wine, but his hand did not left her wrist, his grip firm but not harsh. The conversation continued around them, but Lucy’s thoughts were consumed by the note clutched tightly in her hand.
{...}
As the banquet drew to a close, Lucy found herself feeling the effects of the wine she had consumed throughout the evening. The alcohol buzzed in her veins, dulling the sharp edges of her fear and anger but leaving her mind in a haze. She stumbled slightly as she rose from the table, and Aemond was immediately at her side, his arm steadying her.
“Careful,” he murmured, his tone softer than she expected and she felt heat rising to her cheeks when she caught a glimpse of his smirking lips. Aemond was overwhelming, his height and the aura of command he exuded making him seem larger than life. As much as Lucy hated herself for it, she had to admit her uncle had grown into a fine man, much taller than her and even taller than her brother Jace. It was a realization that hit her with a mix of emotions she couldn’t fully process in her inebriated state.
Aemond guided her through the winding and corridors of the Red Keep, his hand firm but gentle around her. She felt the warmth of his touch through the fabric of her dress, a sensation that confused her muddled thoughts. When they reached her chambers, he led her inside and carefully closed the door behind them.
Lucenya expected Aemond to call the maids to help her undress and get ready for bed, but she was not surprised when he started to work on the laces and ties of her dress himself. She stood still, feeling the wine's warmth in her veins and the buzz of the banquet still lingering in her mind.
Aemond’s fingers moved deftly, loosening the intricate bindings of her emerald green dress. His touch was firm yet unexpectedly gentle, and Lucenya couldn’t help but notice the careful way he handled her. The fabric slowly slid off her shoulders, leaving her on with the thin and see-through undertunic. Chills raised in her skin when she felt his cold fingers brush along her skin, his touch lingering. The was silence thick between then, the only thing heard in the room was the crackling of the fire.
“You should rest,” Aemond murmured as he continued his work, his voice low and soothing. He moved behind her, untangling the ribbons and curls of her hair with the same careful precision. She watched his reflection in the mirror, noting the intensity of his gaze, the way his single eye focused on the task at hand.
Her mind drifted as he worked, and she thought about the note Allun Caswell had slipped into her hand earlier in the evening. It was hidden beneath her pillow now, a small sliver of hope blooming in her chest.
Aemond’s hands lingered on her shoulders for a moment before he guided her to the bed, his expression softening as he looked at her. Lucenya’s thoughts were a whirlwind of confusion and exhaustion, the alcohol in her system making it hard to think clearly.
She was surprised when he didn’t immediately leave. Instead, he hesitated, standing over her with a conflicted look in his eye. Then, without warning, he leaned down and held her face, his hand cupping her chin as strands of his silver hair tickled her skin. He pressed his lips to hers in a kiss.
Lucenya’s thoughts were swirling in her head, the strong wine she'd consumed blurred the lines between her desires and her will. For a moment, she let her wants speak louder and kissed him back. Her lips moved against his, responding to the unexpected tenderness. There was a part of her that craved the connection, the comfort, even if it was from him.
The kiss deepened, a swirl of conflicting emotions as Aemond's hand moved to the back of her neck, pulling her closer. The intensity of the moment made her heart race, and for a brief, intoxicating instant, she let herself get lost in it. The world outside their kiss faded away, leaving only the heat between them.
But as quickly as it began, it ended. Aemond pulled away, his breath warm against her skin. His gaze lingered on her face, his thumb brushing against her rose tinted cheeks. "I will see you in the morrow," he said quietly, turning to leave.
Lucy lay there, her mind a mess of regret and confusion as the door closed behind him with a soft click. The reality of what had just happened sank in, and she felt a pang of guilt and anger at herself. She had given in, even if just for a moment, and she knew it would only feed into Aemond's feelings of possession he had over her.
She touched her lips, still feeling the ghost of his kiss, and her resolve hardened. She couldn’t afford to let her guard down, no matter how desperate or lonely she felt.
Instead of wallowing in those feelings, she forced herself to take a deep breath. She had to stay focused. She searched the room, her eyes darting around until she found Allun's note tucked under her pillow.
Allun's note, hastily scribbled but clear, read:
Lady Lucenya,
Do not lose hope. There are those loyal to your mother even here. At midnight tomorrow, find a way to the servants' entrance near the kitchens. A small boat will be waiting for you. We must move quickly and quietly.
Stay strong.
— Allun Caswell
Holding it in her hands, she felt the tears well up in her eyes.
As she read the note again, tears spilled over. Allun's message gave her a glimmer of hope, a chance to escape and return to her family. She had to be strong, not just for herself but for her mother, her brother, and everyone who depended on her.
Lucenya tucked the note back under her pillow and wiped her tears away. She would have to be clever and resourceful to pull off the escape. The servants' entrance near the kitchens—it was her only chance. She had to find a way to slip past Aemond and the guards.
She lay back on her bed, her mind racing with plans and possibilities. The thought of freedom, of reuniting with her family, fueled her determination. She would not let Aemond trap her any longer. She had to escape, no matter the cost.
(AO3)
#aemond targaryen#aemond fic#aemond fanfiction#hotd aemond#aemond one eye#prince aemond#prince aemond targaryen#aemond angst#aemond x oc#aemond x female#aemond x fem!oc#aemond x original female character#aemond x original character#hotd fanfic#hotd fanfiction#hotd fic#hotd angst#aemond the kinslayer#aemond targaryen angst#house of the dragon#aemond targaryen smut#dark fic
36 notes
·
View notes
Text
Blue Blood pt.3
(pt.1)(pt.2)
Summary: After the turmoil at Driftmark, King Viserys attempted to mend family divisions by arranging a marriage between Alicent's son, Aemond Targaryen, and Rhaenyra's daughter, Lucenya Velaryon; when King Viserys died and the Greens and the Blacks war began to unravel, the arrangement fell through. On the brink of war, Lucenya was sent to Storm's End as an envoy. Aemond didn’t plan on letting his bastard bride slip through his fingers one more time. She’d owned him for his left eye.
warnings for this chapter: none for now.
In the dimly lit chamber of Dragonstone, tension crackled in the air like the lightning that danced beyond the windows. Jacaerys paced back and forth, his normally composed demeanor shattered by the recent events. The journey through the Vale and the North had left him visibly changed; the weight of responsibility and the raw anger of the past days had hardened him. His boots thudded against the stone floor, a rhythmic reminder of his pent-up frustration and anxiety.
Rhaenyra stood before the Painted Table, her face a mask of fury as she clutched the letter in her hand. Their shadows cast long shadows that danced ominously on the stone walls. The thunderous roars of a distant storm seemed to echo the turmoil within her. Daemon, standing beside her, watched silently.
The letter, written in Lucenya’s delicate handwriting, was filled with words that belonged to Alicent. It was a demand for Rhaenyra; to bend the knee to Aegon and recognize him as king, ending the war. The underlying threat was clear, and Rhaenyra’s fury was barely contained.
“They dare use my daughter against me,” Rhaenyra hissed, her voice a fierce whisper. “Alicent’s words in my Lucenya’s hand. I will not stand for this.”
The room was filled with silence again.
Having stepped back after reading the letter, Daemon watched the scene with a measured expression, leaning in at the heart. His presence was a calming anchor amidst the storm of emotions that swirled around the chamber.
Jacaerys stopped abruptly, turning to face his mother. “We can’t just wait and do nothing. I need to act—I need to do something now!”
Daemon’s eyes, cold and unyielding, met his. “This is not a time for reckless action. Any mistake could cost Lucenya’s life.”
Jace’s frustration was evident in his voice, his words tinged with desperation. “But we can’t just sit here while Aemond and the Greens plot against us. They’ve attacked our family!”
Daemon stepped forward, his voice calm but firm. “We must be strategic. Our goal is to protect Lucenya and use this situation to our advantage.” his eyes moved to his wife, cautiously approaching her. “But we must act quickly, Lucenya might not have too much time.” Daemon looked at her expectantly.
Rhaenyra’s fury was palpable. Any chances of reconciliation between the two branches of the family were gone.
“I want Aemond’s head.” She declared quietly. “He should pay for what he did to my daughter.” Her eyes fixed on the elaborate table in front of her.
Daemon grinned discreetly.
{...}
Lucenya lay on the bed, staring at the ceiling, the ache in her wounds dulled by the numbing salves applied by the Maester. She constantly thought of her mother and brother, longing for their comforting presence. The words she was forced to write filled her thoughts with anxiety. Could her mother think she was betraying her?
As the Maester worked on her wounds, Lucenya could feel Aemond’s eyes on her. He was always there, silent and watchful, his presence a constant reminder of her captivity. She knew she was recovering quickly, and as much as she wanted her strength back to plan an escape, she feared what would happen once she was able to stand on her own. Aemond seemed to be waiting for that moment, ready to claim her as his bride and bring her into Aegon's court.
The Maester finished his work, carefully bandaging the last of her injuries. He stood, gave Lucenya a brief bow, and then turned to Aemond, who had been standing in the shadows, his face unreadable.
"She is healing well, my prince," the Maester reported. "Her fever has broken, and the wounds are closing. She should regain her full strength in a matter of days."
Aemond nodded, his gaze never leaving Lucenya. "Thank you, Maester. You may leave us."
The Maester bowed and exited the room, leaving Lucenya alone with Aemond. She felt a shiver of unease as he stepped closer to her bed, his expression still blank.
Lucenya’s mind raced. She needed to play her cards carefully, to bide her time until she could find a way to escape. She couldn’t afford to show too much strength or defiance yet. She lowered her eyes, trying to appear more vulnerable than she felt.
"How do you feel?" Aemond asked, his voice surprisingly gentle.
Lucenya swallowed, her throat dry. "Better," she whispered, her voice barely audible.
Aemond nodded, reaching out to gently caress her face. The touch was surprisingly tender, but it did little to ease her fear. "Good," he said softly. "I will have the maids draw a bath for you."
He turned and walked to the door as Lucy watched him, her mind a whirl of thoughts and emotions. She needed to find a way to contact her family. But for now, all she could do was wait and hope that an opportunity would present itself.
Later that evening, Lucenya sank into the steaming bath, the warm water enveloped her aching body, and the medical herbs in it offered a brief respite from the constant throbbing pain. The maids worked diligently and quietly around her, their hands moving with practiced ease as they tended to her. Despite the soothing warmth of the bath, her mind was tumultuous, drifting through the painful memories of the attack.
She recalled the moment her dragon, Arrax, had plummeted from the sky and the desperate, jarring impact of the sand beneath them. The world had seemed to collapse into a blur of noise and sensation. Through the confusion and pain, she recalled the fear and agony she felt.
But amid those memories, there was also a strange, unexpected detail. The recollection of Aemond's presence during that time. She had been so vulnerable, her body battered and broken, yet his hands had been surprisingly gentle as he lifted her from the wreckage. His touch had been careful, almost tender, in stark contrast to the anger and hostility that had led them both to that situation.
As she rested in the bath, the warmth of the water did little to ease the tumult of her thoughts. Aemond's presence was a constant, unspoken reality in the room. His eye, she could feel, were always there, watching her from a distance. It was a sensation she had grown accustomed to.
She realized that, in some odd way, she didn’t entirely mind his presence now. He had witnessed her at her most vulnerable when she was suffering and helpless, when she was on the cliff of death. It was a state of being that had stripped away all pretense, leaving her raw and exposed. And in those moments of utter vulnerability, there had been a part of Aemond that had acted with a surprising degree of care, even if he - or his family- were the cause of her distress.
Lucy found herself wondering about his thoughts, and what he saw when he looked at her. Did he see the same vulnerability she felt? Did he recall the moments of tenderness he had shown her amidst the chaos? Or was he merely a predator, focused on the prize of his conquest, indifferent to the other people involved?
The warmth of the bath was both comforting and unsettling, a momentary escape from the harshness of her reality. As she closed her eyes and let the water soothe her aching body, she couldn’t help but think that perhaps there was a sliver of humanity within Aemond, a part of him that might yet be reached. It was a dangerous hope, but amid her situation, it was one she clung to.
Lucenya's thoughts were interrupted by Aemond's voice. "Leave us," he commanded the maids, his tone leaving no room for argument. They hurriedly finished their tasks, bowing slightly before exiting the room, leaving the two of them alone.
Aemond moved closer, his presence dominating the space. He stood at the edge of the tub, his intense gaze fixed on her. Lucenya met his eyes, a hint of defiance and appreciation in her own. The silence stretched between them.
"Aegon has ordered you to be presented in his court," Aemond finally said, his voice low and measured. "Before our wedding."
Lucenya's heart sank at his words. The thought of standing before Aegon and his court filled her with dread. She knew it was a display of power, a way to show the realm that they held Rhaenyra's daughter captive. It was a calculated move, designed to humiliate her mother and weaken their side in the war.
"I don't care what Aegon wants," Lucenya said, her voice steadier than she felt. "I won't be paraded around like some trophy."
Aemond's expression remained blank, his eye locked onto hers. "You don't have a choice," he replied, his tone devoid of sympathy. "This is the reality of your situation. The sooner you accept it, the easier it will be."
Lucenya clenched her fists under the water, feeling the anger simmering within her. "You think this will break me?" she asked, her voice tinged with bitterness. "You think parading me around in front of your brother's court will make me submit?"
Aemond's gaze softened, just for a moment. "This isn't about breaking you, Lucenya," he said quietly. "This is about survival. For both of us."
She looked away, the vulnerability in his voice unsettling her. "Survival?" she repeated, her voice barely above a whisper. "Is that what you think this is?"
Aemond stepped closer, his hand reaching out to brush a strand of wet hair from her face. His touch was gentle, "You are a valuable asset," he said softly. "But you're also more than that."
Lucenya felt a pang of confusion at his words, the conflicting emotions swirling within her. She wanted to hate him, to see him only as her captor. But there was a part of her that couldn't ignore the moments of tenderness, the glimpses of a man who was more than just a ruthless prince.
"You'll be presented in court," Aemond continued his voice firm once more. "And then we will be wed. This is the path that has been chosen for us."
Lucenya met his gaze again, her eyes searching his for any sign of weakness. "And what if I refuse?" she asked, challenging him.
Aemond's expression hardened, a flicker of frustration crossing his features. "You won't," he said simply. "Because you know what's at stake."
She wanted to argue, to defy him, but the reality of her situation was inescapable. Although being in Aegon’s court also meant the opportunity to contact her family could present itself, maybe she could find her mother’s supporters in the shadows. Lucy needed to be patient.
"I hate you," she whispered, the words escaping before she could stop them.
Aemond's eye darkened, but he didn’t flinch. "Perhaps," he said softly. "But hate won't change our reality."
Lucenya noticed the faint blush on Aemond's pale cheeks when he caught a glimpse of her collarbones. It was a small detail, but it revealed more than he probably intended. For a moment, she understood the effect she had on him. Beneath the layers of hostility and control, there was a human vulnerability that he couldn’t completely hide.
She shifted slightly in the bath, the movement drawing his eye back to her. "Does it bother you?" she asked, her tone calculatedly soft. "Seeing me like this?"
Aemond’s gaze snapped back to her face, the blush deepening slightly. "It does not matter," he replied, trying to sound unaffected, but the tension in his voice betrayed him.
"It matters," Lucenya countered, her voice gaining strength. "To you, it matters."
Aemond looked away, his jaw tightening. "You should focus on recovering," he said, sidestepping her question. "Your presence in court is important."
She leaned back, letting the warmth of the water soothe her aching body. "I'll recover," she said, her eyes never leaving his. "But don't think for a moment that I'll make this easy for you."
He met her gaze again, the intensity in his eye mirroring her own determination. "I don't expect it to be easy," he said. "But you will do what is necessary."
Lucenya held his stare, a silent challenge passing between them. She was beginning to see the cracks in his armor, the conflicted emotions he tried so hard to suppress. It gave her a small measure of hope, a belief that she could use those vulnerabilities to her advantage.
As Aemond turned to leave, she called out to him one last time. "Uncle," she said, her voice stopping him in his tracks. "Why are you doing this?"
He hesitated, his back still turned to her. "Because it's the only way," he said quietly, before walking out of the room.
Lucenya watched him go, a mixture of anger and curiosity swirling within her. She didn't know what the future held, but she was determined to face it with strength and cunning. For now, she would play their game, biding her time and gathering her strength. But she would never forget who she was or the family she fought for. And one day, she would find a way to turn the tables on her captors.
#aemond targaryen#aemond fic#aemond fanfiction#hotd aemond#aemond one eye#prince aemond#prince aemond targaryen#aemond angst#aemond x oc#aemond x female#aemond x fem!oc#aemond x original female character#aemond x original character#hotd fanfic#hotd fanfiction#hotd fic#hotd angst#aemond the kinslayer#aemond targaryen angst#house of the dragon#aemond targaryen smut#dark fic
32 notes
·
View notes
Text
Blue Blood pt.2
(pt.1)
Summary: After the turmoil at Driftmark, King Viserys attempted to mend family divisions by arranging a marriage between Alicent's son, Aemond Targaryen, and Rhaenyra's daughter, Lucenya Velaryon; when King Viserys died and the Greens and the Blacks war began to unravel, the arrangement fell through. On the brink of war, Lucenya was sent to Storm's End as an envoy. Aemond didn’t plan on letting his bastard bride slip through his fingers one more time. She’d owned him for his left eye.
WARNINGS: Criston Cole and Alicent being assholes!
The news from the attack in Storm’s End arrived in Dragonstone like a storm crashing against the shore.
Daemon arrived late to the council meeting after the Lords had retired for the night and Rhaenyra was left by herself, staring at the Painted Table. He carefully approached her, gently grabbing his wife’s arm, his expression was unreadable, but there was a sense of urgency to his actions.
“Parts of a dragon have been found at Storm’s End,” Daemon said quietly, his expression turned somber as he delivered the grim tidings to his wife. “And Lucy is missing.”
Rhaenyra staggered back, shocked.
For a moment, the world seemed to stop. The realization that her daughter could be gone, taken from her in such a brutal manner, was a blow that left Rhaenyra reeling. She stumbled forward, her hands trembling. Daemon leaned beside her, his own grief barely concealed beneath his stern exterior. "We will find her," he vowed. "Or we will make them pay for it."
Rhaenyra’s sorrow overwhelmed her, tears spilling from her grey eyes and breathing became harder. Her whole body trembled now, guilt rising in her chest as she closed her eyes, blinking her tears away, remembering the last encounter she had with her daughter. Rhaenyra recalled kissing her forehead tenderly, brushing her rebel curls away from her delicate face.
“The Baratheons will welcome you, Boremund Baratheon was a great supporter of my father.”
Rhaenyra had sent her directly into a trap.
Quickly her grief turned into rage. Her eyes hardened as she looked at her husband.
"Jace must return," she ordered her voice hard with determination. "We will gather our supporters. They will pay for this."
That same evening messages were dispatched, and the wheels of war began to turn. The fires of war were rekindled, and Dragonstone became a hive of activity as preparations were made. Rhaenyra, almost blinded by rage and sorrow, was driven by a singular purpose: to make the Greens suffer for what they had done.
Daemon was her steadfast supporter, his own thirst for war matching her desire for revenge.
{...}
Lucenya woke slowly, her body aching and her mind foggy. She lay still for a moment, disoriented by the unfamiliar surroundings. The room around her was dimly lit by the weak morning light seeping through heavy curtains. She blinked, trying to remember where she was and how she had come to be there.
Her last clear memory was of the attack at Storm’s End. The fierce battle, the screams of her dragon, Arrax, as he fell. The pain of her injuries, the desperation as she tried to escape. Then darkness had claimed her, and she had been lost in fevered dreams, drifting in and out of consciousness.
She could hear the distant sounds of the castle waking up, and the clatter of servants starting their day. The pain in her body was a constant, dull throb, but the fever that had plagued her seemed to have broken. She felt weak, her muscles trembling as she tried to sit up.
A knock at the door pulled her from her thoughts. Before she could respond, the door opened, and Aemond stepped into the room. His presence was commanding, his expression stern and unreadable as usual. He approached the bed with a deliberate calmness that made her skin prickle with unease.
"Good morrow, Lucenya," he said, his voice low and smooth. "How are you feeling today?"
She swallowed, her throat dry. "Better," she managed to whisper, though the word felt like a lie. She was still in pain, still disoriented, but she did not want to show weakness in front of him, she could not let him - or anyone - inside her head.
Aemond nodded, his gaze sweeping over her with an intensity that made her shiver; Lucy wore a very simple and thin nightgown, and although it was comfortable against her wounds, it exposed too much for her liking. He turned to the door and beckoned to someone outside. A moment later, two maids and a Maester entered, carrying supplies to tend to her wounds.
The Maester set his tools on a nearby table and began to examine her injuries. Lucenya winced as he probed at the cuts and bruises, the pain sharp and immediate. Aemond watched everything like a hawk, his eyes never leaving her.
Lucenya hesitated when she caught a glimpse of the Maester preparing a dose of milk of the poppy; she knew what it would ease her pain but leave her vulnerable. The small cup was handed to her with a gentle but firm command to drink. She hesitated, glancing at Aemond, who gave her a curt nod. She drank the bitter liquid, feeling the familiar numbness begin to spread through her body.
Lucy needed relief for now.
As the Maester and maids worked, changing her bandages and cleaning her wounds, Aemond remained silent, his presence a constant weight on her mind. She tried to focus on anything other than the pain, but it was impossible to ignore the intensity of his gaze.
When they were done, the Maester gathered his tools and quietly left, the maids following behind. Aemond lingered, his eyes never leaving her face.
"You are recovering well," he said finally, his tone almost clinical.
The words struck her like a blow, immediately catching the implication of his words. She had known this was coming, but hearing it spoken aloud made it real in a way that filled her with dread. She tried to muster the strength to respond, but her voice was barely a whisper. "My mother and brother will come for me."
She hated how it felt like she was trying to convince herself.
Aemond’s expression hardened a cold glint in his eye. "Let them try," he said softly. "You will soon be my wife, Lucenya. You cannot escape from your duty" his voice lowered "I won't allow you to."
He stepped closer, his hand reaching out to brush a strand of hair from her face. She flinched at his touch, but he did not withdraw. Instead, he leaned in, his voice a low murmur. "Rest now. My mother wishes to pay you a visit later."
With that, he turned and left the room, leaving Lucenya alone with her thoughts. She lay back against the pillows, her mind racing. The tears came against her will, her sobs echoing through the stone walls. She missed her mom, Jace, and her little siblings Joffrey and Aegon, her cousins Baela and Rhaena. She missed her joined room with Jace in Dragonstone and the salty breeze on her face when she used to fly with Arrax above the waters below.
Gods, she even missed Daemon!
Her feverish nightmares were filled with the roars and cries of Arrax and the gut-wrenching sound of Vaghar’s massive jaws ripping her dragon’s wing, hot blood spilling everywhere. It was like a part of her died when the dragon fell; Arrax was fast and swift but they never stood a chance against Aemond and Vhagar, Arrax was still young and quite small.
For now, all she could do was wait and endure. The future was uncertain, but she would face it with the courage and cunning that her mother had taught her. She was a Targaryen, and she would not be broken.
{...}
Later that day, the door to Lucenya's chamber opened again, this time to admit Alicent Hightower, Otto Hightower, and Aemond. Their expressions were stern, their eyes cold as they entered. Alicent carried a piece of parchment and a quill, her demeanor commanding and resolute.
Lucenya's heart sank at the sight of them. She knew this visit boded ill. Alicent approached the bed, placing the parchment and quill on the small table.
Memories of her past encounters with Alicent resurfaced, and each one of them was bitter. Alicent had always managed to disguise her disdain with a veneer of sweetness, making backhanded comments about Lucy's and Jace's appearance.
"My dear, you look so... different from the rest of your family," Alicent would say with a saccharine smile, her eyes gleaming with hidden malice. "Such unique beauty. Although is a shame you did not take after your mother."
The memories made Lucy’s stomach churn. She had endured those veiled insults for years, always maintaining a semblance of composure out of respect for her mother. But now, here she was, at the mercy of Alicent.
"You will write a letter to your mother," Alicent said, her voice firm and unyielding. "You will tell her to come to King’s Landing, to bend the knee to King Aegon, and to recognize him as the rightful ruler of the Seven Kingdoms."
Lucenya stared at her, panic rising in her chest. "I can't do that," she whispered, shaking her head. "I won’t betray my mother."
Otto stepped forward, his eyes narrowing. "You have no choice in this matter, girl. Refusing will only bring more suffering to your family and yourself."
Lucenya’s hands trembled as she gripped the sheets, her mind racing. She couldn’t bring herself to write such a letter. Tears welled in her eyes as she struggled to find the strength to refuse.
Aemond watched her silently. Alicent sat on the bed and placed the quill in Lucenya’s hand, her grip firm and insistent. "Do it, Lucenya," she commanded. "For your family’s sake."
Lucy swallowed the anger rising in the throat.
“I would rather have Vhagar swallow me whole than ask the Queen to bend her knee to the usurper,” Lucenya said quietly, almost immediately regretting her words.
Alicent rolled her eyes and signed, impatient. The Queen Dowager exchanged a quick glance with Otto. For a moment, Lucenya thought she had won this small battle.
Her sudden courage was abruptly shattered by the sound of the door opening once more. This time, Ser Criston Cole entered and he looked angry. Without a word, he crossed the room in swift strides and yanked Lucy from the bed, ignoring her cries of pain and protest.
"What are you doing?" Lucy gasped, her body still weak and aching from her injuries.
"Ensuring you fulfill your duty," Criston replied curtly, dragging her toward the table where the parchment and quill awaited. "You will write the letter now."
Lucy struggled against his grip, but her strength was no match for his. He forced her into the chair, his hand gripping her shoulder with bruising force. "Do it," he commanded, his tone brooking no argument. Lucy glanced at Aemond, hoping for some sign of intervention. She saw the flicker of irritation in his eye, the way his jaw tightened, but he remained silent, his hands clenched into fists at his sides.
She had no choice.
Her hands trembled as she picked up the quill, her vision blurring with tears of frustration and helplessness. The weight of her situation bore down on her, making it hard to breathe. She could barely focus on the words as Alicent began to dictate the letter, her voice a chilling contrast to her sweet demeanor.
Lucy's tears fell onto the parchment, smudging the ink. The pain in her shoulder where Criston gripped her was a constant reminder of her powerlessness. She hated herself for yielding, for being used against her own family.
Finally, the letter was finished. Alicent took it from her, a satisfied smile playing on her lips. "Well done, Lucenya," she said, her tone patronizing. "You’ve done the right thing."
Lucy felt a surge of anger and shame, but she was too exhausted to protest further. Criston released her shoulder, and she slumped back in the chair, feeling utterly defeated.
As Alicent, Otto, and Criston left the room, Aemond lingered behind. Lucy was lost in her own frustration and fear to notice him approaching her.
His gaze softened ever so slightly as he carefully placed a hand on her shoulder, guiding her gently away from the desk. His touch, though firm, was surprisingly tender—a stark contrast to the roughness she had just endured.
“Come,” Aemond said quietly, his voice low and almost soothing despite the harshness of the circumstances. “Let me get you back to bed.”
Lucy’s eyes met his, a surge of anger as she saw the flicker of concern in his eye, but it was overshadowed by her deep disappointment. She wanted to scream at him and push him away, ask why he had stood by while his own mother humiliated her. Yet, the exhaustion and pain made it difficult to muster the strength for confrontation.
Aemond carefully lifted her from the chair, his hands gentle. He wrapped one arm around her back and another beneath her knees, cradling her with a practiced ease. The closeness of his body was both unsettling and oddly comforting.
As he carried her across the room, Lucy could feel the steady rhythm of his heartbeat against her. The journey to the bed seemed endless, each step amplifying the ache in her muscles and the throbbing pain in her injuries. Despite her discomfort, she found herself leaning into him slightly, seeking any small comfort she could find.
When they reached the bed, Aemond carefully lowered her onto the soft mattress. He adjusted her position with a gentleness that belied the harshness of his surroundings. His movements were deliberate as if he were handling something precious and fragile.
For a moment, their eyes met again. Aemond’s gaze was intense, his expression a mixture of frustration and something that resembled regret. Lucy wanted to believe that there was more to his silence, that perhaps he was struggling with the same inner turmoil she felt. But the reality of the situation made it difficult to hold onto any hope.
“Is there anything else you need?” Aemond asked, his voice carrying a hint of genuine concern. The question felt like an afterthought, a formality amidst the tension.
Lucy shook her head, her voice barely a whisper. “No, just—just leave me.”
With a final, fleeting look, Aemond left the room, closing the door softly behind him. The room fell into a heavy silence, the echoes of the day’s events still resonating in the dim light.
In the stillness of the room, Lucy closed her eyes and tried to find solace in the rare moment of calm. For now, she would rest and gather her strength, waiting for the opportunity to turn her circumstances to her advantage.
{...}
Later that night, the palace was draped in a shroud of darkness, the quiet interrupted only by the occasional murmur of distant servants and the soft rustle of the night breeze. Aemond moved through the halls with a deliberate, purposeful stride. His mind was a whirl of conflicting emotions—guilt, anger, and a dark determination. His visit to Lucy’s chamber had been brief but troubling; she had stirred in her sleep, trapped in a nightmare, her cries echoing faintly through the room. Her distress had struck a chord deep within him.
He could not ignore the fierce protectiveness that surged within him, nor the burning need to confront those who had dared to harm her.
Aemond made his way to the training grounds, the night air cool against his skin. The grounds were a shadowy expanse, illuminated only by the faint glow of lanterns scattered around. It was here that Ser Criston Cole was known to spend his off-hours.
As Aemond approached, he saw Cole in the distance, engaged in a solitary practice with a wooden sword. The knight’s movements were methodical, almost mechanical, his focus entirely on his training. It was clear he was trying to maintain a sense of normalcy, to distract himself from the turmoil of recent events.
Aemond’s presence was like a storm looming on the horizon. He approached Cole with an unmistakable aura of authority and menace. The soft crunch of gravel underfoot announced his arrival, and Cole looked up, his face registering surprise.
“Ser Criston,” Aemond’s voice cut through the night air, cold and edged with anger. “A moment of your time.”
Cole straightened, his hand resting on the hilt of his sword as he faced Aemond. “Prince Aemond,” he acknowledged, his tone neutral but with a hint of unease.
Aemond did not waste time with pleasantries. “You have a lot to answer for,” he said, his voice low and controlled. “What happened in Lucenya’s chamber was unacceptable.”
Cole’s expression remained guarded. “I was following orders,” he said, though there was a flicker of discomfort in his eyes.
Aemond took a step closer, his gaze hardening. “Orders? What orders could possibly justify laying hands on her like that? She is a prisoner under our protection and she is soon to be my wife.”
Cole shifted uncomfortably, his gaze dropping to the ground. Criston had trained Aemond himself, he was aware of the Prince’s temper. “The situation was handled poorly, but I was simply enforcing the will of Lady Alicent and the council.”
Aemond’s anger flared, his hands curling into fists. “You think that justifies your actions? I don’t care who gave the orders. You will not touch her again, not in any manner. If I see you lay a finger on her or mistreat her in any way, I will feed you to Vaghar myself.”
The weight of Aemond’s threat hung heavily in the air, the tension palpable. Cole met Aemond’s gaze, and for a moment, there was a flicker of fear in his eyes. He nodded slowly, acknowledging the seriousness of the warning.
“Understood,” Cole said quietly, his voice betraying his apprehension.
Aemond turned on his heel, his resolve solidified by the confrontation. He walked away from the training grounds, the cool night air brushing against his face as he left. Returning to his chambers, Aemond’s mind was still a storm of emotions, but there was a newfound clarity in his resolve.
As he prepared for the night, Aemond’s thoughts turned to Lucy, her image haunting him as he lay down to rest.
(AO3)
#aemond targaryen x oc#alicent hightower#dark fic#dark aemond targaryen#criston cole#house of the dragon
21 notes
·
View notes
Text
Blue Blood
Summary: After the turmoil at Driftmark, King Viserys attempted to mend family divisions by arranging a marriage between Alicent's son, Aemond Targaryen, and Rhaenyra's daughter, Lucenya Velaryon; when King Viserys died and the greens and the blacks war began to unravel, the arrangement fell through. On the brink of war, Lucenya was sent to Storm's End as an envoy. Aemond didn’t plan on letting his bastard bride slip through his fingers one more time. She’d owned him for his left eye.
Warning: uncle x niece relationship, extremely dubious consent, targcest, canon-typical violence, mild Fire and Blood spoilers, my warnings are not exhaustive, if you don't like it, don't open it!
Word count: 3,565 words.
Context: *A couple of things before getting into the chapter. Lucenya is basically the female version of Lucerys but a little older, a year younger than Jace, to be more exact and Rhaenyra was never pregnant with Visenya. Very dark fic, lowkey reverse harem-ish (i'm fully indulging myself, sorry not sorry) I don't sugarcoat things. Usual ASOIF violence and incest weirdness!!! You know what you are getting into!!! A couple of spoilers from the Fire and Blood book but nothing that will ruin your experience. Enjoy!!
Aemond Targaryen stood on the balcony of his chamber, his mind racing. The breeze licked his face and hair as his fist crumbled the piece of parchment in his hand, the crow that had just delivered it, quickly flew away, leaving no witnesses to the meeting with the prince, like it was carefully trained for; these special crows meant news from his spies in Dragonstone.
He had just received word of Lucenya's impending departure to the North. A cold determination tempered combined with his rage, fire rushing through his veins. His predictions were right; as soon as Aegon rose to the throne, Lucenya Velaryon would be sent to Storm’s End to Beratherons as an envoy of war, them possibly North to the Starks.
Aemond had promised himself that he would not let his promised bride slip through his fingers again, like she had done years ago, and he intended to keep that promise.
As the first light of dawn broke over King's Landing, Aemond exited his chambers and descended the steps with purpose.
This was valuable news. Aemond considered his plan carefully; There were great risks, but great rewards as well. Rhaenyra loved all of her bastard children, although everyone knew her only daughter was the one closest to her. Having Lucenya as a political hostage could make Rhaenyra and her loyalists bend.
Maybe he could take her eye as well. It would make his mother happy.
His grandsire and his mother would appreciate his quick thinking, he would end the war before it started. Vaghar was fast, he would be able to reach Storm’s End in less than a day.
{...}
Lucenya's eyes fluttered open, barely focusing on her surroundings. Pain coursed through her body with every harbored breath, each movement sending fresh waves of agony through her limbs. The room around her blurred and swayed, her ears ringed, the lingering grit of sand and blood from Storm's End still clinging to her skin and clothes.
Her feverish mind conjured vivid visions, blurring the lines between reality and hallucination. In one moment, she saw her mother, Rhaenyra, pacing the halls of Dragonstone, her face etched with worry and regret. Rhaenyra's voice echoed in her ears, calling out her name, the desperation in her tone piercing through Lucenya’s haze. She could almost feel her mother's arms around her, a ghostly comfort in her feverish state.
In another vision, Lucenya found herself in the great hall of Winterfell. Her brother Jace stood beside Cregan Stark, Jace’s eyes were filled with a mixture of anger and sorrow, his voice a distant murmur as he spoke of rescuing her. She reached out, trying to call to him, but her voice was lost in the void, her fingers grasping at empty air.
The scenes shifted and twisted, leaving her disoriented and lost. She sees herself on a beach under a raging storm, the clouds looming ominously above her as she stumbled away from where she had landed, away from Arrax’s body. Shadows danced at the edge of her vision, and she heard the distant roar of dragons, their cries mingling with the howling wind. An enormous figure emerged from above, Vaghar landing —her uncle, Aemond, his sapphire eye gleaming with cold malice. He reached for her, and she recoiled, her heart pounding with fear.
Through the haze, she became vaguely aware of voices— sometimes muffled by the ringing in her ear, sharp and insistent.
"How soon can it be done?" it was Aemond's voice, impatient, edged with urgency.
Lucenya struggled to comprehend his words, her fevered mind grasping at fragments of conversation. Another voice responded, softer and measured—it was the Maester.
"Prince Aemond, the lady is gravely ill. She needs rest and proper care if she is to recover. To discuss a wedding at this time is highly inappropriate. It is a miracle she survived."
Aemond's figure loomed closer, his face coming into sharp focus for a moment before blurring again. His expression was one of cold determination. "She will recover. And when she does, I want the wedding to take place immediately."
A new voice entered the conversation, sharp and urgent. "This was reckless, Aemond," Lucy recognized that voice immediately. It was Alicent Hightower. "Attacking and kidnapping Rhaenyra’s daughter? Do you have any idea what this will provoke?"
"It had to be done," Aemond replied, his voice cold and unyielding. "We need leverage in this war. Lucenya is that leverage."
"You’ve endangered us all!" Alicent argued. "Rhaenyra will stop at nothing to get her daughter back. She'll burn King’s Landing to the ground!"
Before Aemond could respond, another voice joined the fray— Lucy also recognized this voice, it was Otto Hightower. "Aemond is right," he said calmly, his tone measured. "This move gives us a significant advantage. With Lucenya as our hostage, we have a powerful bargaining chip. Rhaenyra and her followers will be forced to negotiate."
Alicent turned to Otto, her gaze observed the girl in bed for a second. It was like Lucenya had gone to the battlefield: cuts, bruises, and burns were scattered around her face and limbs, her skin was still dirty with sand and blood and a thin layer of sweat covered her exposed skin. It was indeed a miracle that she had survived.
"Father, you can’t be serious. This could escalate the war beyond our control."
Otto met her gaze, his expression resolute. "War is already upon us, Alicent. We must use every advantage we have. Lucenya’s presence here gives us a strong hand to play."
Alicent took a deep breath, clearly torn between her fury and the harsh reality of their situation. Rhaenyra would never forgive her for letting her son hurt her daughter like this. Their old affinity with each other was officially dead.
After a long pause, the Queen Dowager spoke again.
"We must move forward with our plans. Lucenya must be integrated into our family."
Lucenya’s blood ran cold at their words. She was a pawn in their game, a tool to be used in their quest to steal her mother’s throne. Her mind raced, trying to think of a way out, but her body was weak, her injuries severe.
Aemond's gaze flicked down to her, his eyes narrowing. For a moment, his expression softened, but it quickly hardened again. "You will pay, Lucenya," he murmured, more to himself than to her. "This is your destiny."
As the room spun and the fever tightened its grip, Lucenya’s mind drifted back into the depths of unconsciousness, her body unable to fight any longer. The last thing she heard was Aemond’s voice, resolute and unyielding.
Her visions returned, more vivid and desperate. She saw her mother, Rhaenyra, scouring the air, her eyes wild with panic as she called out Lucenya’s name.
{...}
The knowledge of the secret ways behind the walls of the Red Keep had come in aid for Aemond and his purpose. Turning a few corners, he quickly arrived at his desired destiny: the temporary chambers of his bastard niece and the newest heir to Driftmark, Lucenya Velaryon.
It was quite the evening at the Red Keep. Someone finally had the courage to say it out loud; his older sister was a whore and her children are bastards. Vaemond Velaryon lost his head because of it, but it did gave Aemond the satisfaction of having his niece and nephews around again.
With silent, deliberate movements, Aemond gently pushed the false wall, the hidden mechanism yielding to his touch. He slipped through the small opening, his steps as quiet as a predator stalking its prey. The cold sapphire in his eye socket gleamed faintly in the dimly lit space, the flames of candlelight and the fireplace licked his skin lightly. His heart pounded with a mixture of anticipation and rage, the obsidian shadows of the Red Keep cloaking his approach.
As he entered the chamber, Aemond's mind buzzed with thoughts, the jewel in his pocket seemed more heavy now. Aemond himself was not sure what drove him to invade his niece’s chambers. They both could get into trouble if they were caught, no matter his intentions.
Lucy was not asleep, as he had expected, despise the late hour. Instead, she was awake, brushing her long brown curls at her vanity. The rhythmic strokes of the brush through her hair seemed almost hypnotic, a stark contrast to the storm brewing within Aemond. For just a second, Aemond allowed himself the luxury of observing Lucenya's beauty.
Unfortunately, his niece had grown into her bastard features; the long brown hair and the almond brown eyes complimented her delicate face. She wore a long white nightgown that exposed her sharp collarbones and was see-through enough that Aemound could see the silhouette of her body through the fabric. She was indeed as beautiful as the rumors and whispers that made to King’s Landing and the rest of Westeros. Bards in King's Landing were kin to singing about her.
He stepped into her camp of vision, his presence announced by the cold gleam of his sapphire eye. Lucenya's hand froze mid-stroke, her almond brown eyes meeting his in the mirror. For a moment, silence hung heavy in the air, thick with unspoken words and buried emotions.
"Aemond," she said quietly, her voice steady but with an edge of wariness. "What brings you here at this hour?" Unfazed by her uncle's sudden appearance.
Aemond's lips curled into a semblance of a smile, though it was devoid of warmth. "You know why I am here, Lucenya. We have unfinished business."
Lucy turned to face him, her gaze unwavering, but Aemond could spot the hesitation in her eyes. "Is this about Driftmark again? About what happened when we were children?"
Aemond's jaw tightened, the sapphire in his eye socket catching the candlelight and reflecting a cold, malevolent glint. "You took my eye, Lucenya. You humiliated me and took my destiny. King Viserys promised you to me, yet your mother schemes to wed you to you bastard brother."
Lucenya's expression hardened slightly and her eyes remained guarded, aware."I was a child, Aemond. We both were. It was an accident, a moment of fear and anger. I was defending my brother! You cannot hold me responsible for the rest of our lives!" she paused and lowered the copper hairbrush, her neck turning slightly in his direction. “And we both are aware our Grandsire was not off sound mind, an arrangement between us would never work, uncle.”
Aemond could tell she tried to be assertive, but there was almost a unnoticeable tremor to her voice. Aemond was a terrific hunter, he knew when his prey was wavering in fear; she feared him, but was not afraid to confront him. Since she had arrived, Lucenya was always looking over her shoulder and seemed on edge. She knew she was in enemy territory.
Aemond also had rumours that reached Dragonstone. How the prince had grown and had became a lethal weapon like his dragon; not only great in his academics but had enviable skills with a sword. Lucy was not stupid or hopeful like her brother Jace; she needed to have her guard up around the greens, especially Aemond.
Their little misunderstanding over dinner tonight just confirmed how Aemond still felt bitter towards her.
Aemond stepped closer, his presence looming over her. His hands grabbing her naked shoulder firmly, he could feel Lucy slightly shivering underneath his fingertips.
How cute.
"You owe me, Lucenya Velaryon. Your future, your destiny—they belong to me. You were promised to me, and I intend to collect what is rightfully mine."
Lucenya maintained eye contact although the pink tint that rose to her cheeks gave her away. "And what do you propose, Aemond? How do you intend to settle this score?"
She watched with attention when he placed his right hand in his pocket, the left one still holding her in place. Lucy was expecting a dagger, but Aemond’s long fingers fished a necklace from his pocket. With an unusual gentle touch, Lucy gazed as her uncle placed the tear-drop-shaped sapphire - that looked awfully similar to the jewel that replaced his left eye - his hand holding the unusual gift around her neck.
"You will honor the arrangement King Viserys made. You will be mine, as it was always meant to be. I will have your loyalty, your obedience, and your heart. You will make amends for the pain and humiliation you've caused me."
Lucenya's eyes flickered with a mixture of defiance and resignation. The fear she felt was gone, getting replaced by outrage, fire dissolving the fear and hesitance she felt towards the man behind her. "And if I refuse?"
Aemond's grip tightened slightly, his voice dropping to a dangerous whisper. "Then you will face the full extent of my wrath. I have waited too long, and suffered too much. You will not deny me any longer."
The room seemed to close in around them, the weight of their past and the intensity of their emotions creating an almost palpable tension. Not another word was spoken among them, Aemond finished his threat and promise by clasping the necklace around her neck, taking his time with it and leaving, disappearing in the shadows from where he had appeared.
{...}
Lucy woke with a start, her breath coming in shallow, rapid gasps. The fever that had plagued her seemed to have broken, leaving her drenched in sweat but more clear-headed. She took a moment to orient herself, the dim light of the room revealing the familiar, yet oppressive surroundings of King’s Landing.
The memory of her last encounter with Aemond haunted her for many years. After leaving King’s Landing that day, she intended to never look back. The sapphire in her neck was still intact despite the brutal attack she had suffered.
Pain still radiated through her body, a constant reminder of her injuries from Storm’s End. She winced as she tried to move, every muscle protesting in agony. Slowly, she turned her head and her body froze in fear when she saw Aemond. He was slumped in a chair beside her bed, fast asleep, his usually stern features softened in repose. A dagger hung from his belt, a silent threat even in slumber.
Tears burned in Lucy’s eyes but she quickly blinked them away.
It was not the time to show weakness. She needed to go back to her mother, where she belonged.
The room was quiet, save for the faint crackling of a fire in the hearth. Lucy took in her surroundings, noting the lavish tapestries and heavy curtains that adorned the walls. Lucy’s bed was a grand four-poster, its canopy draped in silks and velvets of green and golden, the Hightower colors. The sheets, though currently disheveled and stained with sweat and blood, were of the finest quality, soft against her bruised skin. The bedposts were carved with dragon motifs, their eyes seeming to watch over her protectively.
Despite the grandeur, the room felt like a cage, a prison where she was held against her will.
Her gaze returned to Aemond. Even in sleep, he seemed imposing, a figure of both protection and danger. She watched him for a moment, her thoughts a tangled mess of fear, anger, and confusion. Why had he done this? What did he truly want from her?
Summoning what little strength she had, Lucenya shifted slightly in bed, trying to assess her condition without making too much noise. Her body was bruised and battered, and the bandages wrapped around her wounds were a stark reminder of her recent ordeal. Yet, the clarity of her mind brought with it a renewed sense of determination. She was no longer lost in the fog of fever and hallucination. She needed to think, to plan, to find a way out of this nightmare.
As she lay there, her thoughts racing, Aemond stirred. His eyelids fluttered open, and he blinked a few times before focusing on her. For a moment, they simply stared at each other, the silence heavy.
“You’re awake,” Aemond said, his voice rough with sleep but carrying a note of relief. He straightened in his chair, his eyes never leaving her face.
Lucy opened her mouth, but suddenly her mouth and throat felt dry, a parched feeling that made her wince in discomfort.
Aemond stood up immediately. Without a word, he reached for a goblet of water on the nearby table. His fingers, usually so sure and authoritative, were gentle as he lifted the goblet and approached her.
As he carefully propped her up in bed, his touch was surprisingly tender, though his demeanor remained stoic. Lucy’s heart raced with fear and confusion. What did Aemond intend to do next?
He held the goblet to her lips, his gaze steady but distant. Lucenya drank slowly, each sip soothing her parched throat, but she could not shake the underlying tension. Aemond’s silence was oppressive, adding to her anxiety. The room was filled with the faint sounds of the crackling fire and her labored breathing, but otherwise, the silence between them was thick and heavy.
Aemond's eyes remained fixed on her as she drank, his expression betraying nothing of his thoughts. He was careful not to rush her, allowing her to take her time. His silence spoke volumes, and Lucenya could sense his contemplation.
As the goblet was finally lowered, Lucenya’s throat felt less constricted, but her fear remained. She dared not meet his gaze directly, unsure of what emotions or intentions lay behind those piercing eyes. The way he looked at her, with that unsettling calmness, left her on edge.
Once she had finished, he set the glass down with deliberate calmness and settled back into his chair. The quiet tension in the room was palpable.
Finally, Aemond broke the silence, his voice smooth and calm. “Once you’ve fully recovered, Lucenya, we will proceed with the arrangements for our marriage.” His tone was measured, devoid of emotion but carrying an unmistakable weight.
Lucenya's eyes widened in shock and disbelief, her hand gripping the bedclothes as she tried to process his words. “Married?” she echoed, her voice barely above a whisper. “To you?”
“Yes,” Aemond replied, his gaze steady. “You will enter Aegon’s court as my wife. Your presence there will serve to solidify our position and provide leverage in the ongoing conflict.”
His words felt like a heavy blow, and Lucenya’s mind raced with the implications. The idea of being wed to Aemond, and becoming part of Aegon’s court, was overwhelming. She would be in enemy territory; they would punish her mother for her missteps and she would be punished if her mother decided to retaliate.
She needed to get out of King’s Landing.
Besides her fear and uncertainty, anger also boiled inside her.
“You think this is the end of it?” she said, her tone edged with determination despite her frail state. “My brother Jacaerys and my mother—they won’t just sit idly by. They will come for me. They’ll come for you and they will come for your traitor brother!”
Aemond's gaze remained steady, a hint of amusement flickering in his eye. He regarded her with curiosity and indifference as if weighing the validity of her threat.
“I’m well aware of the lengths your family might go to,” Aemond said calmly, his voice devoid of concern. “But by the time they realize what’s happened, our plans will already be in motion. Their efforts will be in vain.”
He stood up and walked closer to her bed.
As Aemond approached Lucy’s bed, the room's dim light accentuated the sharp lines of his face, casting shadows that highlighted the intensity of his gaze. His footsteps were soft, and deliberate, and his movements were infused with a strange, almost unsettling calmness.
Reaching the side of the bed, he looked down at Lucenya with a gaze of usual coldness and disdain but there was something more elusive—perhaps a fleeting hint of tenderness or possessiveness. With a practiced grace, he extended his hand and gently brushed the stray strands of her dark hair away from her face.
His touch was surprisingly tender, a stark contrast to the steely resolve he had shown earlier. He moved her hair with delicate precision, his fingers lightly grazing her forehead. The action was almost intimate, a silent acknowledgment of her vulnerability.
Lucy, though still weak and disoriented, could feel the warmth of his hand near her skin. The juxtaposition of his cold demeanor with this gentle touch only deepened the confusion and fear she felt. The tenderness in his actions seemed almost incongruous with the harsh reality of her captivity and the dire threats he had just made.
Aemond’s expression remained blank as he continued to smooth her hair back, his movements slow and deliberate. There was a methodical nature to his actions as if he was contemplating the weight of his decisions while attending to this personal detail. His touch lingered for a moment longer than necessary, and then he pulled his hand away.
“I’ve made preparations for such eventualities. I assure you, niece, everything is under control.”
As he finished speaking, he stood up, the faint glint of the dagger at his belt catching the light. His posture was firm, resolute, and indifferent to her protests. “Rest now,” he said, his tone final. “Once you’re well, we will proceed with our plans. Until then, there’s nothing more to discuss.”
(Part Two)
AO3
#house of the dragon#aemond targaryen x oc#dark fic#jacerys velaryon#cregan stark#aemond targaryen x original female character
44 notes
·
View notes
Text
↳˳🐚;; ❝ like or reblog if u use/save, dont repost or copy ᵕ̈ ೫˚∗: @flighticons
images arent mine
968 notes
·
View notes