Escritor amador mostrando seus trabalhos Ele/dele; elu/delu [they/them]
Don't wanna be here? Send us removal request.
Note
biromantic ace writer culture is wanting to write a bunch of stories with ace characters, including heteroromantic asexual characters, bc all my fellow aces are valid as fuck
268 notes
·
View notes
Note
ace culture is write poems about how you feel about sex and cry when you read it
86 notes
·
View notes
Text
Ficha dos personagens
Ellen 17 anos ela/dela, elu/delu
Aromantica, heterossexual, demigirl
1,75, afrodescendente, gorda com longas tranças azuis.
É viciada em redes sociais, é curiosa por natureza e adora uma fofoca. Seu animal favorito é coelho e tem tudo que consiga pensar estampado de coelho.
Natália 16 anos ela/dela
Heteroromantica, demissexual, mulher cis
1,63, de família indígena e espanhola, magra de cabelos castanho claro ondulado
Leitora ávida, está sempre carregando um livro novo. Sincera e dedicada aos sus amigues. Tem mania de usar palavras antiquadas.
Yukito 16 anos ele/dele
(?), homem trans
1,59, nipo-brasileiro, magro, cabelos pretos cortados numa tentativa de mullet feito sozinho
Sua personalidade é usar preto e desenhar com traços de mangá. Sabe tocar violino e piano, mas largou na pré-adolescência.
Admirador (?) 17 anos, ele/dele
Biromantico, assexual, homem cis
1,78, afrodescendente, corpo definido, dreads curtos
Participa do time de basquete, se interessa por arte expressionista e tem o hobby de esculpir em madeira. Está sempre com fone pendurado no pescoço ouvindo músicas.
Um clichê não tão clichê
-Valentine's day que dia horrível. - Ellen fazia caretas para a tela. - Ninguém se importa com sua vida amorosa, aqui nem comemoramos esse dia!
-Ellen, sai do Instagram. - Natália colocou a mão sobre o celular dela e eu só pude pensar como seus dedos delicados eram bonitos. - Você está se torturando.
-Concordo com a Nat, você fica tempo demais no celular. Hello? - Eu ergui o braço chamando a atenção dela. - Estamos aqui, sabia? Converse direito com sus amigues.
-Cala boca, Yukito. - Ela volta a usar o aparelho. - Olha só o que encontrei aqui…
O sinal tocou e o que restava de alunes nas mesas da cantina, lentamente começaram a ir em direção às salas.
-O que é? - Natália perguntou curiosa inclinando o corpo sobre a mesa para tentar ver a tela do celular do nosso lado.
Na luz forte refletia o pequeno pássaro azul e vi a imagem do Levi com meu username. Ellen sorriu maliciosa e estendeu o celular para Nat, mas me desesperei para impedi-la.
-Não dá tempo agora. Vamos para sala. - Exclamei nervoso.
-Tá bom. - Nat fez beicinho decepcionada se levantando. - Depois me conta, tá?
Na sala cheia e sufocante não tinha como me sentir pior. Me afundei na cadeira para não ser percebido pela professora e por ninguém. Mas não saiu da minha cabeça que a Ellen achou algo constrangedor sobre mim para me humilhar com a Nat. Natália, o cheiro frutado de seu cabelo me levava para um lugar de conforto, sua figura sentada na cadeira em minha frente não poderia nunca ter nenhum motivo para me achar idiota. Quando a professora virou as costas para a turma para escrever no quadro, mandei uma mensagem para Ellen perguntando o que ela ia mostrar.
O brilho da notificação apareceu e eu ia pegar o celular quando duas garotas entraram na sala. Elas estavam no último ano e carregavam uma cesta decorada de corações. A mais alta chamava os nomes e ia até a carteira das pessoas entregando um cartão rosa com um pirulito.
Ellen, sentada na minha diagonal esquerda, virou para minha direção e revirou os olhos pela situação. Eu sorri vendo ela claramente incomodada, como amigues de infância, nos entendemos por olhares.
-Natália? - A garota pronunciou o nome e o mundo começou a se mover lentamente.
Observei a outra garota se aproximando como se o tempo fosse uma eternidade e Natália sorriu envergonhada recebendo o bilhete do admirador secreto. Engoli em seco e me cobri com o capuz do moletom querendo desaparecer mais do que nunca.
-Nat! - Gritou Ellen na saída da sala, recebendo uma expressão de censura da professora. - Me mostre o que foi escrito.
Mordi o lábio irritado e fixei olhar para o chão, eu não tinha coragem de encarar ela e tinha medo que sorrisse por outro alguém. Me senti tolo por estar incomodado, um peso sufocava meu peito. Eu queria chorar. Mas não tinha como explicar a elas que estava mal. Talvez devesse ir ao banheiro tirar, pensei.
-Você sabe qual é o motivo do meu sorriso todos os dias? A primeira palavra dessa frase. - Ellen leu e gargalhou.
-Eu sei, muito piegas - Disse Nat.
-Querida, tu não ajuda muito usando piegas. Piegas! - Ela devolveu o papel e roubou o pirulito. - Você passa tempo demais com a cara nos livros e não percebe que tem gente interessada em você. Quem será que é?
-O que você está fazendo? - Perguntou Natália espiando o celular da outra.
-Investigando. - Sorriu diabólica.
-Mas eu não quero saber, Ellen! - Ela declarou e ergui o olhar com certa esperança de que não iria perder ela ainda. - A pessoa nem teve coragem de dizer na minha cara. Não estou interessada.
Ela nos deu as costas. Soltei um suspiro aliviado por saber que não iria dar em nada aquela história. Mas Ellen estava ocupada demais com o celular e isso nunca era bom sinal.
-Ela pode não querer saber, mas eu quero. - Um sorriso se abre no rosto dela e senti um arrepio na espinha como premonição do desastre. - Descobri! Vem comigo. Pelas minhas fontes ele está no treino do time de basquete da escola.
Fui arrastado pelo braço sem que eu pudesse opinar. A próxima coisa que se lembro, é de estar diante do ginásio barulhento.
-Vamos ver quem é o bonitão que acha que pode se engraçar pra cima da minha amiga.
Ela se aproxima de uns alunes sentades encostades na parede do ginásio usando roupa do time. Acompanhei ela pois no fundo eu queria saber quem era o admirador secreto.
Um dos reservas do time apontou para uma pessoa participando do jogo de basquete com muito afinco.
-Ok, ele realmente é muito bonitão.
Não sei se alguém se interessaria por essa história e leria. Estou numa crise de insegurança que não sei se devo continuar escrevendo
3 notes
·
View notes
Text
Um clichê não tão clichê
-Valentine's day que dia horrível. - Ellen fazia caretas para a tela. - Ninguém se importa com sua vida amorosa, aqui nem comemoramos esse dia!
-Ellen, sai do Instagram. - Natália colocou a mão sobre o celular dela e eu só pude pensar como seus dedos delicados eram bonitos. - Você está se torturando.
-Concordo com a Nat, você fica tempo demais no celular. Hello? - Eu ergui o braço chamando a atenção dela. - Estamos aqui, sabia? Converse direito com sus amigues.
-Cala boca, Yukito. - Ela volta a usar o aparelho. - Olha só o que encontrei aqui…
O sinal tocou e o que restava de alunes nas mesas da cantina, lentamente começaram a ir em direção às salas.
-O que é? - Natália perguntou curiosa inclinando o corpo sobre a mesa para tentar ver a tela do celular do nosso lado.
Na luz forte refletia o pequeno pássaro azul e vi a imagem do Levi com meu username. Ellen sorriu maliciosa e estendeu o celular para Nat, mas me desesperei para impedi-la.
-Não dá tempo agora. Vamos para sala. - Exclamei nervoso.
-Tá bom. - Nat fez beicinho decepcionada se levantando. - Depois me conta, tá?
Na sala cheia e sufocante não tinha como me sentir pior. Me afundei na cadeira para não ser percebido pela professora e por ninguém. Mas não saiu da minha cabeça que a Ellen achou algo constrangedor sobre mim para me humilhar com a Nat. Natália, o cheiro frutado de seu cabelo me levava para um lugar de conforto, sua figura sentada na cadeira em minha frente não poderia nunca ter nenhum motivo para me achar idiota. Quando a professora virou as costas para a turma para escrever no quadro, mandei uma mensagem para Ellen perguntando o que ela ia mostrar.
O brilho da notificação apareceu e eu ia pegar o celular quando duas garotas entraram na sala. Elas estavam no último ano e carregavam uma cesta decorada de corações. A mais alta chamava os nomes e ia até a carteira das pessoas entregando um cartão rosa com um pirulito.
Ellen, sentada na minha diagonal esquerda, virou para minha direção e revirou os olhos pela situação. Eu sorri vendo ela claramente incomodada, como amigues de infância, nos entendemos por olhares.
-Natália? - A garota pronunciou o nome e o mundo começou a se mover lentamente.
Observei a outra garota se aproximando como se o tempo fosse uma eternidade e Natália sorriu envergonhada recebendo o bilhete do admirador secreto. Engoli em seco e me cobri com o capuz do moletom querendo desaparecer mais do que nunca.
-Nat! - Gritou Ellen na saída da sala, recebendo uma expressão de censura da professora. - Me mostre o que foi escrito.
Mordi o lábio irritado e fixei olhar para o chão, eu não tinha coragem de encarar ela e tinha medo que sorrisse por outro alguém. Me senti tolo por estar incomodado, um peso sufocava meu peito. Eu queria chorar. Mas não tinha como explicar a elas que estava mal. Talvez devesse ir ao banheiro tirar, pensei.
-Você sabe qual é o motivo do meu sorriso todos os dias? A primeira palavra dessa frase. - Ellen leu e gargalhou.
-Eu sei, muito piegas - Disse Nat.
-Querida, tu não ajuda muito usando piegas. Piegas! - Ela devolveu o papel e roubou o pirulito. - Você passa tempo demais com a cara nos livros e não percebe que tem gente interessada em você. Quem será que é?
-O que você está fazendo? - Perguntou Natália espiando o celular da outra.
-Investigando. - Sorriu diabólica.
-Mas eu não quero saber, Ellen! - Ela declarou e ergui o olhar com certa esperança de que não iria perder ela ainda. - A pessoa nem teve coragem de dizer na minha cara. Não estou interessada.
Ela nos deu as costas. Soltei um suspiro aliviado por saber que não iria dar em nada aquela história. Mas Ellen estava ocupada demais com o celular e isso nunca era bom sinal.
-Ela pode não querer saber, mas eu quero. - Um sorriso se abre no rosto dela e senti um arrepio na espinha como premonição do desastre. - Descobri! Vem comigo. Pelas minhas fontes ele está no treino do time de basquete da escola.
Fui arrastado pelo braço sem que eu pudesse opinar. A próxima coisa que se lembro, é de estar diante do ginásio barulhento.
-Vamos ver quem é o bonitão que acha que pode se engraçar pra cima da minha amiga.
Ela se aproxima de uns alunes sentades encostades na parede do ginásio usando roupa do time. Acompanhei ela pois no fundo eu queria saber quem era o admirador secreto.
Um dos reservas do time apontou para uma pessoa participando do jogo de basquete com muito afinco.
-Ok, ele realmente é muito bonitão.
Não sei se alguém se interessaria por essa história e leria. Estou numa crise de insegurança que não sei se devo continuar escrevendo
#coisas que escrevo#escrevi#escrita#short story#writers on tumblr#writing#lgbtq#trans man#transgender#trans love#love triangle#romance#português
3 notes
·
View notes
Note
Afab nonbinary culture is being okay with presenting femininely because presentation has nothing to do with one's gender.
131 notes
·
View notes
Text
Realeza solitária
(Título provisório)

Créditos da arte por @KelsiJoSilva no Twitter
Capítulo 1: Encontro
O silêncio era opressivo naquele enorme salão. Os ruídos metálicos ecoavam pelo ambiente sempre que um guarda trocava a perna de apoio pelo cansaço de ficar os longos turnos parados perante a porta de entrada. Uma sombra, vestida de um robe preto mal preso na cintura subiu os degraus de mármore até a área circular no fundo do salão. Duas faixas deslizavam pela parede de pedras, uma com o brasão da família real atual e outra com as cores da bandeira do país.
A cauda do tecido transparente se arrastava pelo chão e ela teve que puxar para desengatar de uma falha do piso. Sentou-se no trono de ouro desgastado de estofado vermelho e colocou as pernas sobre os braços do móvel. A bela donzela levava uma taça de vinho aos lábios rosados e finos.
Uma batida na porta fez ela soltar um suspiro cansado. Um homem extravagante entrou e declarou mais alto do que necessário dentro de um recinto semi vazio.
-Princesa Rayssa, da família Roseli do reino de Swine, exige uma audiência com vossa alteza. - O arauto olhava para o chão evitando a rainha.
-Princesa Rayssa, você disse? - Ela disse como se tentasse descobrir o sabor de cada palavra. - Deixe-a entrar.
Novamente o homem anunciou, porém dessa vez uma nobre jovem entrou com elegância e o rosto erguido como alguém que conhece seu lugar acima dos outros. A porta se fechou atrás dela e os guardas saíram a pedido da rainha que sorriu interessada ao ver sua visitante.
-Fico lisonjeada pela bondade de vossa alteza permitir a audiência. - Após sua reverência demorada, a princesa ergueu o olhar para a rainha e teve um leve sobressalto como se só naquele momento tivesse reparado nela.
A mulher não havia mudado sua posição no assento fazendo com que suas pernas se revelassem entre a larga fenda do robe. E o laço se afrouxava, deixando amostra o vale entre seios. Seu longo cabelo preto cobria seus ombros e escondiam parte do rosto branco e as longas olheiras abaixo dos olhos verdes como musgo.
-Meus sinceros pêsames. - Disse a moça num fio. O estado da rainha era decadente para a orgulhosa jovem. - Disponibilizo meus criados para que tenha menos trabalho para manter esse Palácio. A senhora precisa descansar.
-Descansar? Há! - Ela soltou a taça com força sobre a mesa ao lado do trono. - Minha querida, não preciso de seus criados. Já tenho damas da corte o suficiente para organizar o trabalho que aliás eu não sou mais responsável. Esqueceste que sou chefe do país?
A princesa encarou-a confusa, como se estivesse ouvindo ruídos incômodos.
-Criança, o que acha que acontece quando o rei morre? - Ela se ergueu e caminhou lentamente se aproximando da jovem. - Seu reino realmente é muito arcaico para não entender o conceito de descendência direta. Eu sou a verdadeira monarca desse país, meu marido era apenas o príncipe consorte. - Sua face se tornou escuro. - Agora que meu marido faleceu, eu tenho tudo isso para mim. Parece maravilhoso, não é minha querida?
-Me parece solitário. - Respondeu firme olhando a viúva diretamente nos olhos.
-A senhorita não foi a donzela que humilhou o conde de Lyons dizendo que era um velho sem vergonha? - A rainha estava desconcertada. - O que entende de solidão, se aos plenos 20 anos não está casada e despreza convites? Deve mais gostar de estar sozinha.
-O que eu disse a ele não me arrependo. Mas creio que para ter passado seus anos casada, amor seja o elo fundamental. - O tom presunçoso da princesa irritava a monarca.
-E a senhorita, não amou ninguém? - Perguntou dando a volta por trás dela e passeando seus dedos ossudos sobre os ombros delicados dela.
-Se tivesse estaria casada, senhora. - Disse sem reagir ao toque dela.
-Hmm. - Murmurou a rainha. - Não me chame de senhora, não sou tão mais velha que você. - Ela segurou a cintura fina presa no espartilho grosso e sussurrou no ouvido dela. - Me chame de Joanne.
***
#coisas que escrevo#escrevi#escrita#short story#writers on tumblr#writing#portuguese#lgbtlove#lgbtq#sapphic#girlslovinggirls#girl love
5 notes
·
View notes
Text
Dependente de cafeína
A luz amarelada da lâmpada deixava tudo mais calmo. Olhando sobre as mesas você veria eles dormindo, rígidos e inertes sobre o balcão de madeira envelhecida. Mas longe de olhares recobram o movimento…
-Ei, Kaffi! - Bradou dispensador de molho shoyu se aproximando batendo duro na madeira. - Por que você não está mais funcionando? Timothy não faz café faz três dias! Bowlu está triste por não ser mais usada.
-Por que eu estraguei, Shiori. - Retrucou o moedor de café com olhar baixo e a manivela inclinada demonstrando seu estado de espírito. - Desculpa, Bow.
-Está tudo bem, mo. - A xícara se balançava de um lado para o outro tentando de colocar de cabeça pra cima. - Espero que te consertem logo.
Shiori suspirou e uma gota escura escorreu do dispensador.
-Não, não, não. Injusto isso. - Disse girando a tampa quase perdendo a cabeça. - Vocês têm oportunidade de ficar juntos, isso nunca acontece comigo!
Shiori arruma a cabeça e congela. Um homem entra na cozinha e pega a xícara Bowlu e enche de chá. Logo sai levando o recipiente junto.
-Oh no. - Murmurou tristemente Kaffi encarando o corredor escuro.
-Mesmo assim ela se foi. - Shiori chorava sujando a mesa.
-Sozinha. - A manivela girou. - estou preocupado.
-Mas me deixar sozinho você não liga! - Exclamou o dispensador de vidro.
-Claro que me importo, por que você está agindo assim hoje?
-Hum - Shiori deu as costas para ele.
-O que posso fazer por você?
O dispensador virou a ponta em direção do moedor prateado e saltitou para perto.
-Seja só meu. - O corpo se inclinou pra um lado. - Eu quero poder se aproximar de você também.
-Não tem como você chegar aqui em cima da estante. - Disse Kaffi.
-Mas você pode cair daí.
-Irei me machucar! - Exclamou chocado.
-Mas você já está quebrado. - Afirmou Shiori. - Você não me quer mesmo.
-Está bem, eu faço. - Kaffi se aproxima da beirada e olha para baixo.
Desequilibra quando o homem volta e é pego rapidamente na queda. Ele analisa o objeto em suas mãos e parece se lembrar de algo. Sem que eles pudessem fazer nada, Kaffi vai parar no lixo, longe para sempre de seus companheiros.
O que aprendi hoje? Não escrever tarde da noite com sono. Por que todes até agora acharam essa história triste? Utensílios domésticos!
3 notes
·
View notes
Text
Deusa da Lua
-Olha a lua. Está meio escondida. - Disse Tomoko apontando para o céu escuro da noite.
-Não está escondida. É apenas uma leve neblina. Se você está identificando onde a lua está, significa que não está escondido. - Retrucou Bahati observando com seus profundos olhos cor de mel.
-Então onde você está? - Tomoko esticou a mão para alcançar ele que desaparecia como uma miragem.
O corpo tremia suado sentado sobre a cama dura. Lágrimas se misturavam aos fluidos corporais. Elu apertava com força seus joelhos enquanto sentia um grito silêncio preso na garganta. Já perdera a conta de quantas vezes havia tido aquele sonho.
Tomoko olhou para fora pela janela de madeira pintada de verde turquesa. A lua não aparecia com o céu obscurecido pela tempestade que fazia sons estrondosos com o vento batendo nas janelas escancaradas. Com grande esforço, elu se levantou e caminhou letárgico até a abertura que encharcava o chão da casa.
A pessoa se jogou na cama como um peso ancorado e ficou na insônia esperando o sol nascer para iniciar sua rotina sempre igual.
Tomoko deixou cair um pano sobre o chão molhado e esticou de qualquer jeito com a ponta do pé. Colocou uma calça de moletom cinza e uma regata branca manchada de tintas diversas. Enrolou uma pochete roxa cruzada sobre seu ombro e tórax e chutou alguns pratos de cerâmica em seu caminho enquanto tentava chegar na porta para sair.
No metrô descansou a cabeça no vidro da janela e conferiu as mensagens das redes sociais. Viu Suellen avisando que precisava contar algo para elu. Tomoko estranhou e franziu o cenho. Antes que conseguisse perguntar mais, viu de relance a estação chegando e viu toda fila se formando para os passageiros saírem. Se apressou e guardou o celular no bolso de trás da calça.
"Não venha hoje. Invente uma desculpa. Ele voltou." - Suellen enviou naquele momento, mas não foi visto por Tomoko.
-Bom dia, Fábio. - Cumprimentou o guarda na entrada do museu de arte.
Atravessando o hall de entrada, subiu as escadas de mármore e pendurou sua pochete em uma estátua branca de um deus grego. Elu sentou-se em uma cadeira giratória em frente a sua mesa de metal e pegou uma peça de madeira esculpida e analisou com uma lupa.
-Posso entrar? - Perguntou alguém batendo na porta.
-Pode. - Resmungou elu.
-Parece que nada mudou.
Tomoko ergueu seu olhar e ficou em choque com quem estava diante delu. O mesmo olhar dourado destacado na pele marrom e os cachos perfeitos caiam sobre os ombros largos. O tempo parou e ele sentia-se vendo um fantasma.
-Por que está aqui? - Gaguejou ele.
-Eu voltei da Holanda ontem. Pensei em dar uma passadinha para ver como você estava. - Disse olhando os quadros presos nas paredes brancas.
-Em 3 anos você não se lembrou de mandar uma mensagem se quer. - Bradou elu tentando segurar o choro. - O que você quer? Já não foi o suficiente pegar todo nosso dinheiro para fugir de casa e me largar naquele inferno?
-Eu me arrependo de ter te deixado, irmãzinha. Mas eu precisava sair, nossos pais me sufocavam. Eles nunca aceitaram minha sexualidade.
-Eu não sou sua irmã, nunca fui. E me trate com respeito, você sabe meus pronomes. - Lágrimas escorriam de seu rosto. Elu usou seu último resquício de força para dizer. - Você é um narcisista. Fugiu na primeira oportunidade que teve. Você não tem ideia do que é ser sufocade de verdade. Vai embora, se esconda bem dessa vez!
-Tomoko, não seja assim. - Começou ele. - Eu preciso de um lugar para ficar agora que voltei e…
-Vai embora, Bahati! - Berrou Tomoko jogando uma pedra rara que estava sobre sua mesa. - Sai daqui!
-Sua descontrolada. - O rosto sempre tão caloroso se fechou em uma expressão enojada.
A porta bateu com força quando Bahati saiu. Tomoko juntou seus joelhos perto do peito e abraçou as pernas. Sentia dificuldade para respirar, seus olhos estavam embaçados de lágrimas. Até o ar parecia fazer pressão sobre seu corpo.
A porta abriu de leve e com passos leves uma mulher entrou no escritório. Seu vestido amarelo longo balançava parecendo a presença de uma fada. Os cabelos louros pinicavam o rosto delu quando ela abraçou Tomoko.
-Eu disse para você não vir. - A mulher chorava como se sentisse a dor delu também. Envolveu delicadamente os ombros largos de Tomoko e acariciou seus cabelos grossos. - Desculpa por não ter conseguido impedir que ele entrasse. Sinto muito, meu amor… Me desculpa…
Tomoko ouvia a voz como se fosse distante e etérea. Sabia a quem pertencia, mas não conseguia alcançá-la. Seus olhos pretos como a noite secaram e estavam fixos na estátua de Artemis. Algo naquela figura trazia conforto a elu.
"Por que ele fugiu? Porque sempre sou abandonade? Sou só escuridão, não mereço apagar a luz de ninguém. Não deveria existir." - Repetia em sua mente.
-Eu estou aqui, Tomoko. - Sussurrou ela- Não vou te abandonar.
Tomoko estremece e pisca como se saíde de um transe. Segurou a mão firme que estava sobre seu ombro e sentiu o toque quente passando sobre seu corpo. Era como se ela tivesse adivinhado o que falar.
-Suellen? - Perguntou elu. - Por que você está aqui? Por que você sempre fica?
-Por que eu gosto de estar com você. Por que eu quero seu bem. Por que você é minhe parceire na vida. - Ela estendeu a mão mostrando o anel de madeira talhado com as iniciais delus.
-É como se eu fosse o céu e você a lua. - Tomoko sentiu o cheiro frutado do perfume dela e apoiou-se nela. - Minha Artemis.

#art#short story#writers on tumblr#writing#escrevi#coisas que escrevo#história#lgbtq#queer history#queerplatonic#nonbinary#portuguese
3 notes
·
View notes
Text
Sons baixos e ritmados sob a carne
Um tambor interior vibrando a pele
Tremor corporal buscando o cerne
Para expulsar o mal que me impele
Uma dor no ventre, como renascer
Sem fôlego, sem noção de tempo
Sangue foge, membros a se torcer
Mente corre atrás do contratempo
Os dedos finos e agitados gelam
Um toque delicado destrói a paz
Vivo e doce como arte que revelam
Esconder emoções, sou incapaz
Turbilhão aberto de reconhecimento
Lágrimas escapam muito quente
Alma preenchida de pertencimento
A dor pálida grita ao sorriso rente
2 notes
·
View notes