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midiaqueer · 4 years
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InFamous Queer: como pessoas não-binárias mudaram a história do gênero
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Em 2006 o documentário Gender Rebel colocava em evidência toda uma comunidade de pessoas que não se identificavam com categorias tradicionais de gênero e introduziu alguns temros incomuns para o público como transgênero, genderqueer, agênero e gênero fluído.
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midiaqueer · 4 years
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A bicha enquanto identidade de gênero brasileira (a fluidez de gênero para além dos muros universitários)
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Lázaro Ramos em sua interpretação de Madame Satã para o filme com o mesmo nome, 2002
Algumas questões de gênero vem há muito sendo debatidas com uma roupagem de orientação sexual, fazendo com que deixemos de pensar muitos de nossos posicionamentos enquanto atitudes de resistência à heteronorma, uma vez que socialmente o que se evidencia é a tentativa de assimilação dessas expressões, uma categorização que conforme Mombaça, é reflexo de uma produção de conteúdos dominantes dados a partir do cerceamento de formas alternativas de produção do saber. Dessa forma, historicamente a produção e registro de atividades que não fossem de cunho heterossexual (e por conseguinte adequadas ao sistema) sempre enfrentou dificuldades estruturais no acesso e produção de conteúdos que tenham como objetivo o enfrentamento do regime vigente. Não há, entretanto, uma hegemonia que permita que todas as pessoas vivenciem as mesmas experiências com o mesmo tipo de resposta. Uma pessoa não-cishétero de uma região central da cidade e uma pessoa não-cishétero de uma região periférica desse mesmo local podem apresentar comportamentos opostos frente às mesmas situações.
Ainda pensando na produção de conteúdos, temos que a educação no país tem, desde seu início, função segregatória. De início, apenas a corte recebia aulas, passando após isso para as elites dominantes de regime em regime e afins, sempre como uma moeda de troca. Após isso, quando a educação deixou de ser privilégio de alguns, houve fragmentação dos conteúdos. Não era interessante que se ensinasse a um campesino, por exemplo, faculdades mentais que competissem à administração de fundos e terras ou a uma operária sobre lógica de mercado. Podemos observar então que o acesso e produção de informação é, desde seu início, uma instância de poder. Assim sendo, podemos considerar a produção de Foucault acerca de relações de poder e aliá-la a observação histórica do sujeito retratado enquanto protagonista iluminado, produtor e sábio. Quem possui poder, escreve o que será contado. É essa a origem da dominação, a autorização e legitimação para que se fale sobre (e pelo) outro, ali desautorizado. Não tardará então para que esse sujeito seja repetitivo, cansativo de se enxergar: a narrativa rapidamente assume um tom positivista, cisheterossexual, branco e masculino, herança do iluminismo (lembrando o iluminismo enquanto a revolução que guilhotinou Olympe de Gouges ao apresentar sua “Declaração dos direitos da mulher e cidadã” em contraponto à mesma declaração dos direitos do homem e cidadão naquele período), compasso atual do que é o rumo a ser tomado na academia.
Enegrecido esse ponto inicial e entendendo o espaço da academia não só como um espaço de produção de saberes, há também de se fazer a crítica e percebê-la como sendo um espaço hegemonizador para que então seja possível realizar o resgate histórico das lutas e contraproduções tornadas subalternas em gêneros e sexualidades. Para embasar a invisibilização dessas vozes, me utilizo aqui do conceito de heteronorma apresentado por Butler, que narra a partir do nascimento o conjunto social de regras que compulsoriamente forçam o indivíduo à uma (cis) heterossexualidade a partir do observado em seu genital ao nascer. Por exemplo, uma pessoa nascida com vagina será tida automaticamente como uma mulher heterossexual que desempenhará todos os papeis de gênero à ela atribuídos na sociedade em que está inserida. A norma não permite que essa mesma pessoa se identifique com algo além de mulher ou que sua sexualidade seja vivenciada além do modelo heterossexual instalado, já que na organização social há um espaço já demarcado (e subalterno) para que seja ocupado.
Assim sendo, chega-se à constatação de que há, historicamente, uma lacuna narrativa no que diz respeito à produção voltada para as dissidências da heterossexualidade e dos papéis de gênero, uma vez que sem acesso à informação e com o registro escrito sendo a forma oficial de preservar memórias, tudo se perde como que numa queima de arquivos, pois a sociedade legitima que aquela foi uma existência em vão, que por vezes não seguiu a máxima de “O trabalho enobrece o homem”, visto que não se deixam contribuições consideradas necessárias. Mas como pensar em contribuições necessárias para existências que são de resistência? Há, antes de uma vontade de contribuir para a sociedade, uma constante luta para que se sobreviva na mesma. A produção de heterossexualidades e normas comportamentais não é apenas uma vigência teórica, mas sim um regime aterrorizador, como nos traz Berenice Bento. Desde a gestação, o ultrassom se torna a profecia: será um menino, vestirá azul, beijará meninas e não fugirá de seus papéis sociais enquanto macho alfa. Profecia pois uma vez feita a anunciação, a expectativa se instala. E a cada vez que não for correspondida, uma represália virá. “Não fala dessa forma, age que nem macho!”, “Vira homem, quer apanhar é?” e afins. E as agressões ocorrem, física e psicologicamente. O aval é dado pela própria heteronorma, cunhada a partir do saber científico que embasa a ordem (não tão) natural da heterossexualidade das coisas.
Para sua vigência plena no entanto, a heterocompulsoriedade não poderia se apresentar de forma pura, porque veja, a sociedade é norteada por um ideal de razão, como explicar então o homem iluminista e pensador destilando ódio para com seus “semelhantes”? Importante frisar então que o heteroterrorismo se dá a partir de diluições sociais ocidentais, que se alinham e se remoldam a partir da necessidade da manutenção do status quo. Uma pessoa LGBT não será odiada por ser LGBT puramente, mas por não trabalhar, não estudar, não produzir ou de alguma forma, não estar cumprindo as demais funções sociais. Parece então que há a necessidade de um sistema de compensação, em que por não cumprir com a heteronorma, seja necessário que se cumpra com todas as outras funções sociais ou então aceitar o fatídico destino da condenação por agora, além de ser bicha, ser improdutivo. Uma mulher negra não pode ser lésbica, uma vez que socialmente enquanto negra já possui também papel definido como subalterna. Uma pessoa trans não seria atacada de forma transfóbica se o saber médico não produzisse apenas a validação de dois gêneros conforme pênis ou vagina e cunhasse disforias, inadequações corporais a partir de um padrão estipulado. É preciso então que se frise o ponto central de que não há opressão desconectada ou tampouco uma forma correta de se combater esses regimes, visto que para cada indivíduo suas particularidades serão responsáveis por originar demandas subjetivas específicas.
Compreendendo as transversalidades de dominação, eis que surgiram também os processos de assimilação (importante que seja pontuado que os processos subjetivos de assimilação estão para o processo de inferiorização psicológica do colonizado negro, sendo estes de responsabilidade não do sujeito em si, mas do conjunto vigente de regras que faz com que se enxerguem inferiores ao sujeito dominante, como traz Fanon em seus escritos sobre as relações de raça e dominação). Dessa forma, há o surgimento de fenômenos como o “pink money”, em que há a valorização da mão de obra não-hétero e do profissional que se insere no mercado de trabalho, contribuindo para o giro econômico e adquirindo valor por cumprir um de seus papeis sociais.
Ocasiões como essas seriam ganhos para a comunidade, não fosse a sombra de coisas que velam para que essa afirmação ocorra. Veja, se há a abertura de um espaço para integração, falamos então de um espaço que integra uma pessoa à cultura vigente do local. Não estamos então dialogando sobre empresas e sociedades que dão agora lugares e condições de existência, respeito e plenitude à pessoas que dissidem da norma hétero, mas sim sobre propostas de assimilação dessas pessoas, para que abram mão de partes fundamentais de si para que sejam então toleradas naquele espaço. A lógica de dominação permanece vigente, o padrão dominante provavelmente fará com que o código de conduta da empresa já tenha trajado a heteronorma e questões de esfera sexual e de gênero serão abafadas, visto que não são o foco de atuação do espaço ali ocupado. Retornando a Foucault, percebemos então uma outra instância de encarceramento: o identitário. Identidades são aprisionadas em personas socialmente sufocadas, que a todo tempo tem de lutar para que não seja percebida (e condenada)  a insurgência de se existir.
Para além disso, se falamos de uma população assimilada, necessitamos também que se fale de parcelas dessas populações que não realizaram esse tipo de processo. A população gay precisou mostrar que era produtiva em contraponto à população LGBT que vinha sido desolada com o “câncer gay”. Com os saberes médicos iniciais constatando HIV/AIDS como uma doença sexualmente transmissível e a população LGBT sendo varrida das cidades pela epidemia, o momento parecia propício para que a heteronorma uma vez mais se manifestasse. A biologia então reduziu ao sexo toda a (não) problemática de estigma e apagamento histórico de uma população, já que aparentemente se essa parcela populacional fosse produtiva, não haveria transmissão viral. Desde então, com o desenvolvimento do preservativo e algumas décadas de reafirmação dessa lógica de assimilação e aceitação, o que nos chega pela mídia, história e demais registros tidos como oficiais é a de pessoas homossexuais que até são homossexuais, mas trabalham, não contraem DST’s, de preferência possuem uma vida homonormativa (em que uma rotina de casal hétero ocorre, há comunhão de bens e demais acordos monogâmicos, com a “única” diferença sendo a não-heterossexualidade na relação), ao passo que esses outros seres abjetos continuaram na marginalidade, não perseguiram o sonho de se tornar alguém naquela sociedade, decidiram viver conforme suas próprias vontades que não as habituais e por isso, não possuem o direito de serem socialmente lembradas.
O que ocorre no entanto é um processo de aculturação de identidades de pessoas que a despeito de tanta opressão, não aceitaram essa lógica binária, homem-mulher-reprodução-trabalho e continuaram a existir. Não é incomum que haja narrativas como a de Stonewall como a primeira grande luta do movimento contra as forças policiais. Porém, ao observar a forma como a narrativa se dá, o incomum será ver que Marsha Johnson foi lembrada, uma vez que era uma pessoa trans, moradora de rua, sem trabalho oficial. Como explicar a importância histórica de um ser que é condenado pela definição de mulher da história? Como explicar o trabalho importante realizado com moradoras de rua para sua existência e dignidade serem garantidas uma vez que esse sujeito não possui registro formal no mercado de trabalho? Tornar subalterna a voz parece então a única ação efetiva, uma vez que não permitindo que haja narrativa de uma voz que fala para além da heteronorma, a assimilação está completa e a instância de poder reafirmada.
Partindo desse pressuposto, muitos dos debates e campos explorados na discussão contra o cis-tema acabaram introjetando essa série de elementos de esfera sexual, tornados assim de uma única instância e não permitindo um debate prismático e que permeie o campo das conexões de opressões. É muito comum de se ouvir, por exemplo, “Pode ser até gay, mas não ser bicha!”, já que ser gay competirá apenas em transar com outros homens, ao passo que ser bicha perpassará por muitas outras instâncias. Cito novamente Butler aqui quando a mesma diz da tríade de genital-gênero-sexualidade, uma vez que se pauta, a partir do genital, o gênero que uma pessoa terá e a sua heterossexualidade. Utilizo este conceito para me valer dessa explicação como base para a defesa da bicha enquanto identidade de gênero e não orientação sexual e ilustrar como mesmo em debates LGBT, ainda estamos encobertos de traços patriarcais que precisam a todo tempo ser combatidos.
Pensando nos anos escolares e retomando Guacira Lopes Louro, antes mesmo de haver noção de sexualidade ou da própria sexualidade, é comum que se ouçam comentários como “Olha lá aquele viadinho!” ou “Nossa, essa menina é sapatona, que feio!” e todo tipo de ataque e ofensa à fuga da heteronorma. Mas essa não é uma dedução feita a partir da sexualidade, uma vez que a mesma não está manifestando-se, mas sim dos papéis de gênero atribuídos a cada pessoa a partir de seu genital. Há o ideal vigente de que um dito menino será um homem e essa pessoa será atacada antes mesmo de chegar na ponta final da tríade que diz sobre sexualidade. O ponto de torção da questão é, de fato, o gênero.
Retomando uma vez mais as ofensas escolares, podemos perceber que as mesmas se repetirão em todas as outras esferas sociais da vida do dito sujeito (e nisso Foucault pode ser citado uma vez mais ao se perceber a disputa de biopoder em evidência) e sempre evidenciando que sabe-se da existência de um lugar subalterno de pertencimento àquela pessoa. Dizer alguém bicha é entender que socialmente há pessoas que se dizem bichas e essas rasgaram (ou foram empurradas para) seu espaço social, para além de homem e mulher. Nisso, há um importante resgate da queer em demonstrar as articulações estruturais que permitem o apagamento dessas identidades abjetas, desses seres para além da história oficial e dessa lógica binarista.
Não é necessário, no entanto, que haja sempre esse resgate de teorias nem sempre condizentes às nossas realidades. Veja, o proposto aqui não é ignorar toda a produção até então feita em contraponto ao cis-tema, mas sim de não perder o tato em enxergar o que ocorre ao nosso redor. “Queer” encabeça a teoria como sendo um termo subvertido da linguagem, mas não encontra aplicabilidade em terras tupiniquins por diversos fatores, como não sermos um país de língua natal inglesa e não utilizarmos queer como xingamento em decorrência deste fato. Podemos pensar a queer de Butler e viver a bichisse do Brasil e ainda assim realizar contraproduções à heteronorma e ao patriarcado.
Pensando então em processos de assimilação e entendendo o que vem ocorrendo nas discussões de gênero e sexualidade, se faz necessário que sejam enegrecidos alguns pontos, como por exemplo quem é essa pessoa que após toda sua construção, se diz bicha e não gay. Se há essa identificação, temos então de falar de contexto cultural, porque como se diz na cartilha rosa: “A referência de uma bicha é outra bicha e de uma travesti é uma travesti e por aí vai!”. E há muito, esse referencial vem sendo minado, como que se a referência de outra bicha tivesse de ser um homem gay, como que se pelo pênis ali pendurado na bicha a mesma quisesse de fato ter uma vida como a que lhe foi atribuída e esperada em seu nascimento, como que se sua existência fosse limitada ao sexo e ao “Você tá agindo assim e gosta de homem porque quer ser mulher!”, quando há muito mais para além dessa instância.
Ser bicha é estar no entremeio entre o tido como homem e mulher, dividir a marginalização com as travestis que também transitam por esse limbo social, é utilizar o que se tem vontade sem a importância dada para o que a sociedade dirá sobre ser coisa “de menino” ou “de menina”, é ser decolonialista e não aceitar que se imponha sobre a própria vida um ideal de procura por um parceiro rico e branco que te levará para a Europa quando casarem, é por vezes ter conflitos com a lei por ter brigado em bares e trocado garrafas com pessoas que a atacaram pura e simplesmente por sua bichisse ou por ter roubado mais um mercado ou loja por não conseguir emprego formal e todo lugar afirmar que aquele espaço não é para ela e seu consumo. Ser bicha é, então, uma identidade de gênero e resistência. Não se contentar com o que foi dado, não receber só o esperado e não viver oficialmente. Ser bicha é subverter o papel de subalterna que a sociedade dá e dizer que não irá assimilar, não irá falar grosso se não quiser e não irá também aceitar ser essa voz subalterna e calada. Há, também, em alguns casos, o sexo com homens, mas mesmo isso pode ser opcional, visto que há bichas que sequer estão interessadas em relacionamentos com os indivíduos que há muito vem as oprimindo. Há, mas não é e nunca será o eixo central. Para se transar, é preciso estar viva. E estar viva é a luta da bicha.
Tendo isso em mente, não há como pensar liberdade e plenitude de gênero se o pensamento não acompanhar uma lógica que contemple de fato a realidade da pessoa inserida e para que isso ocorra, é primordial que evitemos mais invisibilizações, deixando os enegrecimentos necessários sempre pontuados e a certeza de que não nos assimilarão, mesmo que a ciência, a medicina, a justiça e todas as demais instâncias da heteronorma se manifestem.
Bibliografia
BENTO, B. Na escola se aprende que a diferença faz a diferença. Rev. Estud. Fem., Florianópolis, v. 19, n. 2, p. 549-559, 2011.
BUTLER, J. Deshacer el género. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica, 2006.
FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.
FOUCALT, M. Microfísica do Poder. Organização e Tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
MACHADO, B. Na pele: Prazeres sem preservativo. São Paulo, 2013.
MOMBAÇA, J. Pode um cu mestiço falar? Disponível em: <https://medium.com/@jotamombaca/pode-um-cu-mestico-falar-e915ed9c61ee>
MORRIS, C. Now meet the real gay mafia. Londres, 1999. Disponível em: <http://www.newstatesman.com/now-meet-real-gay-mafia>
SANTOS, D. O poder do pink money e o surgimento das empresas “gay friendly”. Fortaleza, 2013.
Esse texto foi originalmente publicado no site Transfeminismo Por Ariel Silva
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midiaqueer · 4 years
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Advogade NB recria ' kit gay' com apoio de Fernanda Gentil e Thales Breta
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Na semana do Dia Internacional da Luta contra a discriminação sobre a diversidade sexual, romântica e de gênero, celebrado domingo, dia 17, Fêh Oliveira, advogade trans não-binárie, lança a primeira obra jurídica que traz uma compilação de todas as leis vigentes no Brasil relacionados aos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e ademais tipos de demandas, chamada por Fêh de “Kit Gay”. Kit Gay foi como ficou conhecido o projeto Escola Sem Homofobia que estava dentro dos planos do governo federal para o programa Brasil Sem Homofobia em 2004 e esteve em construção até 2011, quando foi vetado. Vale lembrar que o projeto era voltado para a formação de educadores, quem leciona na escola, para alertar sobre o preconceito enfrentabdo por pessoas LGBT e em nenhum momento chegou a ter previsão de distribuição para alunos. Dentre os materiais aliás continha 3 vídeos socioeducativos bem no estilo "brasil anos 2000" mesmo - assistam inclusive. O projeto estava além do seu tempo obviamente, e o programa sequer foi colocado em prática infelizmente. Desde então políticos e setores mais conservadores da sociedade inclui nosso atual presidente e ministro da educação, vem utilizado o termo de forma esdrúxula para acusar qualquer pessoa, instituição ou entidade pró-diversidade de distribuir "kit gay" para crianças, como se fosse algum crime falar de diversidade para crianças, pasmem. Bolsonaro, durante sua recente campanha presidencial também citou Haddad como 'criador' e mandante do "Kit Gay", utilizando um livro suíço como suposta prova. Mas essa não foi a única crise de surto de Bolsonaro em relação ao tal "kit". É algo antigo... Em Maio de 2011 Bolsonaro mandou distribuir panfletos "antigays" nas saídas da estação do metrô Copacabana, no Rio de Janeiro. O panfleto criticava o projeto e "alertava" sobre seus "riscos". br> O Escola sem Homofobia foi encomendado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados ao Ministério da Educação (MEC) e produzido por um grupo de ONGs especializadas. Apesar das críticas, o material foi aprovado pela comunidade LGBT e pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura). Na época, a Unesco se mostrou favorável à sua distribuição br> Siga Fêh no Instagram | https://instagram.com/portalfeh?igshid=1j7g3hquclmyi br> Fê, que mora no Rio, registrou o domínio kitgay.org.br e disbonibilizará o material à venda na plataforma Hotmart. Fêh explica que toda a renda adquirida será destinada à criação de um Instituto Digital de Combate a LGBTIfobia na Internet. “Pretendo que que esse ‘Kit Gay’ seja uma obra de referência, que sirva como instrumento de luta por direitos. Resolvi criá-lo para empoderar pessoas sobre a existência de seus direitos e obrigar o poder público a efetivá-los. Já temos muita legislação, o que falta é cumprir a lei. Trata-se de uma obra jurídica, a primeira a sistematizar a nível nacional, toda a legislação aplicável à pessoas LGBTIl+”, explica. Por quê a ideia de criar um "Kit gay"? Ao longo da história, a comunidade LGBTIAPN tem ressignificado diversos termos antes considerados pejorativos como uma estratégia de resistência, o que aconteceu com a palavra “viado”, por exemplo, que antes expressava vergonha e hoje é motivo de orgulho e empoderamento. De tanto o Presidente da República esbravejar a existência de um famigerado ‘kit gay’, eu resolvi criá-lo, não para servir como um instrumento de doutrinação e sim para empoderar pessoas sobre a existência de seus direitos e obrigar o poder público, incluído aí o próprio Presidente Bolsonaro, a efetivá-los.
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O que pretende com esse projeto? Pretendo que ele seja uma obra de referência, que sirva como instrumento de luta por direitos. A maioria dos ativistas repete exaustivamente que o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBT+ no mundo, poucos esquecem de mencionar o fato de que fomos a primeira nação das Américas e uma das primeiras do mundo a descriminalizar a homossexualidade em 1830, já temos muita legislação, o que falta é cumprir a lei. Você tentou algum apoio do Governo? Sim, em todos os âmbitos possíveis, a nível federal existe uma Diretoria subordinada à Ministra Damares, que nada faz; no âmbito estadual, o Governador Wilson Witzel ainda mantém na gestão das demandas LGBT+ pessoas ligadas ao antigo governador Sérgio Cabral, e no município do Rio, a Coordenadoria Especial da Diversidade está aparelhada pelo fundamentalismo religioso. Em nenhum dos âmbitos consegui qualquer apoio porque não temos nenhum chefe do poder executivo verdadeiramente comprometidos com os direitos LGBT+. Como ter acesso ao kit? O material pode ser acessado por computadores e smartphones. O lançamento será feito de forma inovadora através de uma live em minha rede social @portalfeh e todos os valores arrecadados serão destinados a criação do Instituto Digital de Combate à LGBTIfobia na Internet. O ‘kitgay’estará disponível na plataforma hotmart e no link: kitgay.kpages.online. Quais os pontos importantes do kit? É um obra jurídica pioneira e inovadora, primeira a sistematizar a nível nacional toda a legislação aplicável a pessoas lgbti+, tornando-se um marco e referência para profissionais de diversas áreas, pesquisadores e cidadãos; O ‘kitgay’ será periodicamente atualizado, uma vez adquirido, não ficará defasado; A obra inclui a Lei Geral de Proteção de Dados, que ainda não está em vigor, mas que será de fundamental importância para a comunidade lgbti+, especialmente para pessoas trans. Fêh Oliveira é advogade, transgênero não-binárie e criadore do 'Kit Gay' Foto: Arquivo pessoal
Fonte: https://extra.globo.com/famosos/advogado-trans-cria-kit-gay-com-apoio-de-fernanda-gentil-marido-de-paulo-gustavo-rv1-1-24425202.html
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midiaqueer · 4 years
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O apoio superficial às pessoas não-binárias
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Uma série de questões me incomoda faz tempo, e inclusive já falei dessas coisas em momentos e lugares separados. Mas acho que todas essas questões são conectadas a dois problemas específicos (que também se complementam), e por isto estou aqui fazendo este texto que conecta tudo.
Com o aumento da visibilidade de pessoas não-binárias nos últimos tempos, houve não só um aumento na quantidade de pessoas se identificando como não-binárias, como também as pessoas que tentam incluir pessoas não-binárias em seus trabalhos, mesmo que de formas pequenas. Eu entendo que para um grupo tão abandonado como das pessoas não-binárias, qualquer representação ou inclusão possa virar motivo para comemoração, mas há duas raízes principais que acredito que sejam a causa de muitos problemas:
A exaltação da figura não-binária "justificável"
Existe uma exigência em vários graus de que exista um motivo para pessoas ou personagens serem não-bináries. Isso não é algo novo: desde gamers querendo justificativas para personagens principais serem mulheres ou negres até pessoas queermísicas procurando motivos para alguém real ser multi, lésbica, trans ou de outras identidades NHINCQ+, é um problema de pelo menos muitas décadas. Mas não significa que não possa ser apontado mesmo quando pessoas não-binárias ou supostes aliades fazem isso.
Muites personagens não-bináries são não-bináries por essencialmente "não terem sexo" ou "serem fusões de homem com mulher". Não me venham com "alô Steven Universe, hehehe", porque tem muitos outros lugares onde isso ocorre. Os poucos papeis não-binários de séries que precisam de atories reais geralmente são preenchidos por pessoas consideradas "fisicamente andróginas". Muitas matérias sobre pessoas não-binárias entram em detalhes sobre a corporalidade intersexo de tais pessoas, sendo que, ainda que pessoas não-binárias possam sentir que são não-binárias apenas por serem intersexo, focar nisso é um desserviço a pessoas binárias intersexo e a pessoas não-binárias perissexo.
Especialmente na ficção, parece que há uma tentativa de construir uma narrativa de "personagens não-bináries cis"; não há nenhuma pessoa trans binária na história, mas há personagens que são não-bináries por motivos que não seriam possíveis por pessoas não-binárias reais. Tais personagens também geralmente possuem suas identidades e seus conjuntos de linguagem respeitades por todo mundo.
Não é como se todas as mídias que retratassem pessoas não-binárias precisassem ter personagens não-bináries humanes, que não sejam fusões e/ou altersexo, e que sofressem discriminação; mas há uma ausência de mídia popular que possa ensinar pessoas binárias a tratarem/entenderem melhor pessoas não-binárias.
O apoio a um trinário de gênero
A maioria das pessoas - e isso inclui muita gente não-binária - quer que pessoas não-binárias tenham os mesmos direitos básicos de pessoas binárias, mas não querem ter o "trabalho" de realmente reconhecer uma diversidade de vivências não-binárias.
São as pessoas que falam que rótulos como homem não-binárie e mulher não-binárie não fazem sentido, ainda que não se importem com explicações que digam que pessoas não-binárias "estejam em qualquer ponto no espectro de gênero entre homem e mulher". São as pessoas que só conseguem descrever pessoas não-binárias como "aquelas que não gostam de rótulos", ou como "sem gênero nenhum", ou como "entre homem e mulher". São as pessoas que apoiam a existência de um conjunto como le/elu/e ou ê/elu/e e que querem que vire oficial, mas que tiram sarro de ou criticam fortemente qualquer outra forma de neolinguagem.
(Também podem ser as pessoas que apoiam e se referem a pessoas não-binárias com a linguagem correta, mas que não ousariam usar -/elu/e ou similar para se referir a grupos que contém pessoas binárias, preferindo usar @/el@/@, x/elx/x ou "todes, todas e todos" ou outra coisa que seja mais aceita entre gente binária.)
São as pessoas que "acham problemático" se alguém se disser não-binárie por causa de trauma, neurodivergência, intersexualidade, raça, orientação ou outras experiências, porque querem que todas as pessoas não-binárias só se identifiquem assim porque "nasceram não-binárias". São as pessoas que falam que os rótulos que ajudam pessoas a localizar as próprias identidades de gênero de formas menos genéricas são nocivos para a comunidade. São as pessoas que se recusam a não categorizar pessoas que não são homens e nem mulheres de alguma forma que não seja não-binárie, mesmo que isso não faça sentido dentro da cultura de tais pessoas.
Isso tudo porque querem que não-binárie seja apenas mais uma categoria ao lado (ou no meio) de homem e de mulher, sem nenhuma sobreposição ou complicação ou diversificação. Querem aceitação não-binária, mas só num trinário de gênero restrito que também atrapalha muita gente não-binária.
Acho que já deu pra entender porque considero que estes problemas existem, mas quero elaborar mais sobre o motivo desses problemas serem problemas. Porque muita gente passa pano demais pra essas coisas, afinal, novamente, representação e inclusão não-binária é rara. E tudo bem considerar isso um progresso a um exorsexismo ou apagamento total, mas também não dá pra ignorar que ainda existem problemas aí.
Não-binaridade não é uma teoria ou hipótese; é a experiência vivida de muita gente. E há uma quantidade imensa de pessoas intolerantes ou ignorantes em relação à não-binaridade, o que causa inúmeros problemas pra nós.
Por isso, é importante ter mídia que normalize pessoas não-binárias com as mais diversas experiências: pessoas não-binárias racializadas, gordas, que usam o/ele/o, que usam a/ela/a, que usam -/-/-, que são perissexo, que são intersexo, que fazem transição corporal, que não fazem transição corporal, que foram designadas com gêneros diferentes ao nascimento, que usam diversos rótulos além de não-binárie, que usam neolinguagem em seus conjuntos, que usam mais de um conjunto, que decidem mudar de nome, que possuem nomes tipicamente "de homem" ou "de mulher", que inventam seu próprio nome ou usam um nome "estranho" para que não haja gênero associado com ele, que possuem as mais diversas expressões de gênero, e afins. E, por mais que outras possibilidades também sejam interessantes e possam ser boas representações, precisamos sim ter personagens não-bináries que sejam humanes e que sejam abertamente não-bináries na história. A ausência disso faz com que muitas pessoas nem tenham um ponto de partida quando alguém diz que é não-binárie, o que dificulta a comunicação e aceitação.
Também é importante espalhar que não-binaridade não é uma coisa só. Existem pessoas gênero-fluido, ambigênero, aporagênero, xenogênero, neurogênero, gênero-orientação, gênero-cinza, agênero, gênero neutro e afins, e isso tudo pode coexistir. Rótulos mais específicos fazem parte das identidades de várias pessoas não-binárias, e tentar censurá-los também é rejeitar partes das identidades de pessoas não-binárias, por mais que "de resto esteja tudo bem ser não-binárie".
Se existem pessoas sem gênero que usam a/ela/a e demimulheres que usam o/ele/o, também não faz sentido insistir em categorizar a/ela/a como conjunto feminino e o/ele/o como conjunto masculino. E, visto que um trinário de conjuntos de linguagem ignora as necessidades e expressões identitárias de muitas pessoas não-binárias, insistir que neolinguagem precise ser restrita a um conjunto só também machuca e invalida muita gente não-binária. Não somos de um gênero só, de uma expressão de gênero só ou de uma corporalidade ou corporalidade desejada só, então não há porque nos tratar como se só merecêssemos uma linguagem só (muito menos uma que também seria usada para pessoas de linguagem indefinida, como se não pudéssemos ter identidades próprias separadas da indefinição).
Orientações voltadas a pessoas não-binárias também precisam ser divulgadas. Muita gente parece ter a noção de que identidades não-binárias "não contam para atração", e que pessoas atraídas por pessoas não-binárias sem serem atraídas pelos dois gêneros não-binários só podem usar identidades como gay, lésbica e hétero. Isso é apagamento, não importa o quanto você acha que a pessoa binária só pode se atrair por pessoas não-binárias que "pareçam tal coisa". Pessoas toren e trixen são multi, e também podem se dizer bi e/ou poli se quiserem.
E muita gente acha que pessoas não-binárias são "sempre bi ou pan ou assexuais/arromânticas" porque "não conseguem diferenciar entre gêneros" ou "não ligam pra gênero". Isso novamente é um reducionismo da variedade de experiências não-binárias ao que pessoas binárias quer que nós sejamos; uma massa só que não gosta de rótulos ou que só é não-binária por não entender gênero (ou, em certos casos, por não sentir atração por ninguém). Existem pessoas não-binárias viramóricas, feminamóricas, cetero/medisso e/ou que preferem certo gênero a outros. Existem muitas pessoas não-binárias multi e/ou a-espectrais, inclusive pessoas que ligam isso com sua não-binaridade de alguma forma, mas, novamente, isso não vale pra todo mundo.
Como pessoa não-binária, vejo muita gente só usando alguma linguagem que não seja o/ele/o como neutra quando têm certeza ou certa suposição de que existem pessoas não-binárias na audiência, e eu não acho isso muito legal. Geralmente essas pessoas tropeçam bastante (como em "es pessoes" ou "todes os alunos"), e, além de passarem vexame, também demonstram que só ligam para fazer mudanças no vocabulário quando podem performar para uma audiência que aprecie isso, e não se esforçam para normalizar isso entre pessoas binárias. Também existe a presunção de que pessoas não-binárias só existem em espaços "LGBT", espaços ativistas e/ou alternativos com maioria jovem ou redes sociais, e não em outros ambientes.
Como administradore de espaços como Orientando.org e Colorid.es, também percebo a quantidade de gente que se interessa nestes projetos e que quer se socializar nestes lugares, até que percebe que neles há alguma exigência de respeitar conjuntos diferentes de a/ela/a e de o/ele/o, e de respeitar identidades diferentes de lésbica, gay, bi, trans, e talvez intersexo e/ou assexual. Porque daí é "coisa demais", é "estranho", é "desconfortável", é "anti-LGBTs de verdade", é "militância demais", porque aparentemente respeito à diversidade só conta se a pessoa já conhecia tal diversidade antes e não precisaria se preocupar em conhecer vivências novas.
Independentemente de você ser não-binárie ou não, pense se seu apoio à causa não-binária acaba ou freia quando você tem que botar conforto não-binário acima do conforto binário. Quando vivemos em uma sociedade exorsexista, falar de exorsexismo casual vai ser desconfortável para quem quer ser "livre de preconceito" e "à favor da diversidade" (e isso vale para diversas outras questões também).
Este artigo está sob a licença CC-BY-NC-SA.
Escrito por Aster
Fonte: https://amplifi.casa/~/Asterismos/o-apoio-superficial-%C3%A0s-pessoas-n%C3%A3o-bin%C3%A1rias?fbclid=IwAR1nhJjt05YYdjy770wQvHRbUOuZR7vLZSHqQBizfHyvLRvlkW5UWCe4ObE
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midiaqueer · 4 years
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Transição não é como simples fotos de "antes" e "depois"
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Imagem: uma ilustração de corpos nus de várias raças nadando em um lago. Xavier Schipani
Um segredo: às vezes, olho no espelho - imóvel - e vejo um estranho.
Eu não deveria sentir nada além de alegria quando olho para o meu reflexo. Quero dizer, estou em testosterona há sete anos. Nos 30 anos anteriores ao início dos hormônios, esse mesmo sentimento dissonante - talvez na melhor trilha sonora da famosa música do Talking Heads, “Once in a Lifetime” ( E você pode se perguntar, bem / Como eu cheguei aqui?) - me perseguiu diariamente, o volume aumentando até que finalmente tomei a decisão de fazer a transição. Meu corpo “antes” se fundiu neste “depois”. Não me entenda mal - quando olho o cara barbudo no espelho agora, sinto-me mais claro, mais calmo, mais familiar. Mas às vezes, especialmente depois de um dia difícil - um mal-entendido com minha esposa, talvez, ou uma tensão contida com um cara na plataforma do metrô - eu me vejo e penso: “Quem diabos é esse cara olhando para mim?” para me assustar. Isso não acontece mais.
Partilho isso porque comecei a questionar onde pensei em enquadrar meu corpo trans nesses termos puros de “antes” e “depois” em primeiro lugar. Não é que eu me pego olhando para trás e espero ou quero ver o “antes”. É apenas que pensar em mim em termos de “depois” às vezes obscurece toda a história. Essa passagem - como um homem cis, um homem que teve uma infância, um homem que outros podem estereotipar e fazer julgamentos rápidos - também nunca pareceu muito certo. Apesar de minha definição muscular conquistada com força e voz grave, a melhor maneira de acalmar minha dissonância estridente sempre foi me ver como uma soma das vidas que vivi, não como um homem divorciado do meu passado. Eu nunca fui bom em me encaixar em caixas; não quando eu era adolescente masculino enfiando um boné de beisebol, e agora também não.
A noção de que existe um “depois” da minha transição - ou que completei uma grande jornada nos anos desde que comecei a injetar testosterona - parece a narrativa de outra pessoa. Cheguei a vê-lo como um atalho, uma história sobre o meu corpo para fazer com que outras pessoas se sintam mais confortáveis ​​com ele e, às vezes, talvez eu também. Como é bom pensar que as transições têm um final definitivo e não enfrentam a verdade mais assustadora, independentemente do sexo: que a vida não é senão uma série de transições - nascimentos e mortes e rompimentos e novos amores e novos empregos e mudanças nos campos - com novas partes de nós mesmos iluminadas e integradas ao longo do caminho. Na verdade, esses pequenos momentos de calma entre transições são as exceções. Eles certamente não são o destino.
Sabemos disso em outros contextos, é claro. Mães que dão à luz não deixam a maternidade quando seus filhes chegam; vão entrar em uma fase nova e mais bagunçada na verdade. Infelizmente, a votação não nos torna adultes. Quando as pessoas com mais de 18 anos de idade afirmam ser “adultas”, reconhecem maliciosamente que a idade adulta é um estado que se ocupa gradualmente e de uma maneira que às vezes nos surpreende.
Depois de telefonar para suas perguntas mais confusas e vulneráveis ​​sobre gênero na semana passada, recebi mais de uma dúzia de cartas de pessoas de todos os gêneros e identidades. Vários temas surgiram, mas o que mais me chamou a atenção foi uma pergunta que recebi em muitos e-mails diferentes: Quando é que a transição está “terminada”?
Talvez isso tenha sido melhor exemplificado por um leitore corajose que captou seus sentimentos como tais:
Eu sou não-binárie e me sinto muito sólide nessa parte da minha identidade … Também estou constantemente frustrade pelo fato de nunca parecer que eu possa realmente ser eu mesme, porque assim que eu cumprimento uma pessoa estranha, ela provavelmente já me identificou de uma maneira ou de outra. Eu sei que não é culpa dela, mas às vezes me sinto escondide em mim mesmo. Fiquei me perguntando se há uma maneira de finalmente me sentir completamente em todos os momentos, apesar de tudo isso? Ou se o questionamento realmente vai parar?
Para responder à pergunta déle, eu queria examinar meu próprio relacionamento com a idéia de “depois”. Mais retratos positivos da mídia sobre corpos trans se apoiam fortemente nesse tropeço “antes” e “depois”, e sempre me recusei a fornecer aes repórteres fotos “antes” de mim mesmo por esse motivo exato. Há algo lúgubre nisso, uma espécie de nudez visual: “Veja como esse cara é bem-sucedido em se passar por homem!” , Sugere, insinuando que meu corpo é estranho, outra coisa. Mas dentro da comunidade trans, as mesmas fotos “antes” e “depois” podem ser motivo de comemoração ou uma maneira de tranquilizar alguém no início de sua jornada de que há coisas maiores por vir. Antes de começar a testosterona, fiquei grato aos homens trans que ofereceram tais imagens; eles me deram uma noção das possibilidades para o meu futuro.
Para muites de nós, no entanto, essas fotos se tornam um bastão de medição, onde a passagem se torna (literalmente) o objetivo final. Criam uma narrativa restritiva sobre nossos corpos para o consumo do público em geral. Apagam a verdadeira luta que pessoas trans e não-conformes ao gênero que não usam hormônios, que não passam por transição corporal, ou que não querem passar, experimentam. E, no processo, essas histórias também negam as histórias daquéles que passam, pressionando-nos a obedecer às expectativas de gênero com as quais podemos não concordar, a fim de continuar sendo recompensades ​​por nosso “sucesso”, em vez de insistir no real valor de nossas diferenças e identidades. Então, de onde se originou esse enquadramento da mídia de “antes” e “depois”? E por que persistiu?
Para descobrir, conversei com Carolyn Marvin, professora emérita na Escola de Comunicação Annenberg da Universidade da Pensilvânia. Marvin aponta para a história da “reforma da beleza” que se estabeleceu nos retratos brilhantes das mulheres na década de 1950, “que vendeu a esperança do glamour consumista para as donas de casa e as mães trabalhadoras com pouco tempo e dinheiro para gastar em si mesmas - a transformação da moda. Empregadas de copa em princesas glamourosas, com a intervenção mágica de madrinhas de fada em forma corporativa. ”Crucialmente, ela aponta, essa nova imagem surgiu após a Segunda Guerra Mundial, quando as mulheres eram empurradas para fora dos locais de trabalho e de volta para casa. Em 1950, Cinderela, a melhor história do antes e depois, foi um enorme sucesso do cinema americano. Os mitos da beleza permeiam onde Rosie, a Rebitadora, prevaleceu.
Na mesma época, como Susan Stryker aponta em seu trabalho seminal Transgender History, a primeira celebridade transgênero surgiu na forma de Christine Jorgensen. Jorgensen, uma mulher trans e ex-gastrointestinal tornou-se reconhecida internacionalmente após concluir a “cirurgia de transformação genital” em Copenhague, apesar de muitas dessas cirurgias já terem sido realizadas em outras pessoas antes dela. Stryker observa que Jorgensen foi “o tópico mais escrito em 1953” e postula que isso se deve pelo menos em parte ao fato de que “poderia se apresentar em público como jovem, bonita, graciosa e digna”. A celebridade de Jorgensen também exemplifica a onipresença das ansiedades de gênero durante a era do pós-guerra, onde “as perguntas sobre o que faz de um homem um homem ou uma mulher uma mulher e quais deveriam ser seus respectivos papéis na vida eram muito comuns”, como escreve Stryker.
As implicações tecnológicas e sociais dessas questões ainda não foram resolvidas, mas a idéia de que os dois pólos do binário de gênero são as únicas opções disponíveis criou uma narrativa em que “transição” significava apenas ir de um extremo ao outro o mais rápido possível. Nosso fascínio cultural por encontrar “provas” dessa jornada ainda não diminuiu. Nesse processo, nosse escritore de cartas, ao lado de muitas outras pessoas trans e não-conformadas de gênero, ficam pensando sobre o que está perdido nessa história baseada no destino. Eu certamente me pergunto.
Afinal, Cinderela é fundamentalmente um conto popular sobre uma jovem que aprende a passar para fazer a transição de um papel marginalizado para outra célebre. Sua recompensa é o casamento, e a presunção de que ela viverá feliz para sempre na terra do patriarcado com seu príncipe encantado. Mas Cinderela se olha no espelho e vê a garota coberta de fuligem, abusada por sua família, descartada pela cultura?
“Histórias de transformação geralmente não vão além de resultados vitoriosos”, diz Marvin. “Não seguimos herói de guerra após sua vitória, nem cientista após o Prêmio Nobel, nem o casal feliz em uma comédia romântica após o casamento. A vida em andamento é uma bagunça”.
De fato é. E transformações geram transformações que geram transformações. Integrá-las é o trabalho de ser humano. A maioria das pessoas prefere se contentar com o conto de fadas, mesmo sabendo que não é algo honesto. Pessoas como nosse escritor de cartas - uma pessoa disposta a se sentir desconfortável, a se sentar com as maneiras que não se sentem vistas, a insistir no direito de existir apesar da falta de imaginação da nossa cultura - essas são as histórias que me inspiram a procurar um versão mais honesta de mim mesmo, mesmo que ocasionalmente me deixem desconfortável, ainda, com meu próprio reflexo.
Você se pergunta se existe uma maneira de se sentir “completamente eu”, e a resposta é que duvido que muitas pessoas se sintam “completamente” o tempo todo, e isso é exponencialmente verdadeiro para pessoas cujos corpos não são considerados “legíveis” por aquéles que faz dieta há muito tempo nas narrativas “antes” e “depois”. Mas sua identidade complexa e seu belo gênero continuarão expandindo e desafiando os limites do gênero binário, juntamente com a falsa narrativa de “antes” e “depois”. Você não está sozinhe nesse desafio. Todes devemos isso a você e a nós mesmos, para tornar nossa própria bagunça muito mais visível
Fonte: Them
Tradução do incrível texto de Thomas Page para Them, 2018
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midiaqueer · 4 years
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Dicionário Merriam-Webster declara o pronome neutro 'they' como palavra do ano
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Merriam-Webster anunciou que o pronome pessoal "they" é a palavra do ano de 2019, com o maior aumento de pesquisas no site do dicionário.
Especialistas em idiomas da Merriam-Webster declararam o pronome pessoal a palavra do ano com base em um aumento de 313% nas pesquisas no site este ano em comparação com 2018.
Uma pequena palavra comum, mas cada vez mais poderosa e muito ocupada, "they", tem um elogio próprio.
Em setembro deste ano, o dicionário de inglês americano  seguiu os passos  do Oxford English Dictionary  e  Dictionary.com adicionando "they" como um pronome singular para refletir seu uso pela maioria das pessoas não binárias.
De acordo com o anúncio feito pela Merriam-Webster : “Embora nossas pesquisas são muitas vezes impulsionadas por eventos e notícias, o dicionário também é um recurso fundamental para obter informações sobre a própria linguagem, e uso de mudança de que tem sido objeto de crescente estudo e comentários nos últimos anos."
O uso de pronomes não binários they/them tem sido tema de uma enorme quantidade de discussão em 2019.
Os picos durante o ano, segundo o Merriam-Webster, foram:
Em janeiro, durante a Paris Fashin Week, a presença de Oslo Grace, modelo não-binárie, pode ter motivados as buscas pelo termo. Outro momento foi em abril
Em abril, a congressista americana Pramila Jayapal falou sobre seu filhe não seguir regras referentes a gênero
Em junho, durante as celebrações do Pride Month (Mês do Orgulho, em inglês). No Brasil, pode ser entendido como 'Orgulho LGBTIAPN+' (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, intersexo, pansexuais, assexuais, arromânticos e não-binários, entre outros)
E em setembro
Em setembro, Sam Smith anunciou que seus pronomes eram they/them, o que causou indignação entre as pessoas excludentes que simplesmente não conseguiam lidar com o uso de "they" como singular.
Mas seu uso como pronome singular não é um fenômeno novo e, na verdade, remonta a mais de 600 anos.
O Oxford English Dictionary remonta até ao ano  de 1375, o primeiro uso escrito de um singular "they", no poema romântico medieval William and the Werewolf (William e o Lobisomem),  no entanto, é provável que tenha sido usado na fala muito antes disso.
Também existem outros exemplos de pronomes usados ​​com singular e plural, por exemplo, o “royal we” e o “you” (você).
"You"  agora é usado de forma intercambiável para se referir a indivíduos e várias pessoas no inglês, mas originalmente era apenas um pronome plural que evoluiu para ter um uso singular.
O uso singular de "you" se desenvolveu no século XVII (17) para substituir "você", e a mudança foi recebida com resistência de maneira semelhante a quantas pessoas afirmam ter dificuldade em usar um "they" singular.
"They" não era a única palavra relacionada a LGBT na lista Merriam-Webster, com o número de pesquisas por " camp" disparando após a exibição do Metropolitan Museum of Art 'Camp: Notes on Fashion' em maio.
O site também avalia o uso do termo “nonbinary” (não-binárie) desde de 1800, surgido de um uso matemático com 'binary' evoluido do latim 'bini'. Essa recente grande busca pelo termo “they” e outras palavras do meio LGBTIAPN+, se alia ao progresso na luta pela diversidade, como o termo “pansexual” que já foi considerado uma das palavra do ano de 2018 pelo dicionário também.
Obs: pronome ‘neutro’ é uma forma comum de explicar o significado de they nesse contexto para quem não conhece. Pronomes não têm gênero, pronomes são pronomes.
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midiaqueer · 4 years
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Argentina: não haverá mais menção de sexo ou gênero (binário) no registro civil
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O projeto da deputada Silvia Horne (FdT) que rejeita a atribuição obrigatória da categoria sexo no Documento de Identidade Nacional, permitindo o reconhecimento de identidades não binárias, avança no Congresso. Ontem, ele foi tratado na comissão de legislação geral, presidida por Daniel Lipovesky (do Juntos Pela Mudança). A discussão representa na Argentina um passo na luta à favor das pessoas trans, não-binária e intersexo como do feminismo em geral sob o título de inclusão. Lembrando que na Argentina já é possível também não fazer menção de gênero e sexo ou optar por outros marcadores por meio judicial, administrativa e da lei de identidade de gênero (2012) tendo dois casos expressivos de reconhecimento no fim do ano passado para uma pessoa agênero e no começo desse ano para uma travesti.
Atualmente, a Lei de Identidade de Gênero permite que o sexo seja alterado no DNI, mantendo as categorias de binárias homem-mulher. O projeto poderá ser tratado no relatório da última sessão do ano com a composição real da Câmara de Deputados, no próximo dia 30 de novembro. 
O projeto propõe a eliminação da categoria sexo, porque oferece a opção de outras categorias no registro "gera uma multiplicidade de variantes, o que a inviabiliza". Havia vontade e coincidência em abordar o problema na comissão, com visões diferentes quando se tratava de encontrar uma solução. Outras alternativas são o reconhecimento de categorias de gênero como 'fluidas', 'indefinidas' ou 'não binárias', adotadas em províncias como Neuquén ou Mendoza ou em outros países, como é o caso da Alemanha, Austrália, Nova Zelândia, Nepal , Índia e Canadá, entre outros. 
 “Estamos lidando com um projeto de lei que tende a responder à violação da integridade das pessoas pela atribuição compulsória de sexo, em documentos públicos e privados. Entendemos que essa tarefa compulsiva afeta a integridade, autonomia e diversidade corporal das pessoas. Essa atribuição compulsiva responde a uma falsa noção de sexo, baseada na morfologia biológica e nas características físicas no momento do nascimento, e que tem entre outras consequências a tentativa de "normalizar" por tratamentos médicos irreversíveis e intrusivos, para adaptar as pessoas a padrões que surgem da necessidade de adaptar os corpos a uma estética funcional, com base em padrões médicos de atribuição sexual ou "normalidade". Essas práticas invasivas e mutiladoras, aplicadas sem o consentimento livre e esclarecido e com riscos à saúde integral, física e psicossocial, constituem prática de tortura, tratamento desumano ou penas cruéis, que devem ser erradicadas ”, afirmou a deputada nacional Silvia Horne na reunião da comissão.
Ela também observou que “por outro lado, consideramos que o registro da categoria de sexo em documentos públicos é irrelevante, não apenas porque está em contradição com o direito consagrado na lei de identidade de gênero, que preserva o gênero autopercebido, mas porque a sexualidade de uma pessoa corresponde à sua esfera privada. A categoria sexo é falsa, pois falha em conceituar uma verdade. As características sexuais variam de acordo com cada pessoa e incluem a genitalidade e qualquer outra anatomia sexual e reprodutiva (cromossomos, gônadas, hormônios, capacidade hormonal) e caracteres físicos secundários que emergem da puberdade” 
 “Quando o conjunto de dados não corresponde ao falso binário homem-mulher, ou mesmo quando a correspondência entre 'características sexuais' não se verifica, em vez de questionar a construção conceitual (disso), se violenta a diversidade corporal com práticas de registros e médicas, que se referem a violações graves de direitos. É por isso que este projeto não apenas aponta a irrelevância legal e a improcedência da categorização e registro de pessoas devido em razão de algumas de suas categorias sexuais, mas também visa erradicar o uso dessa falsa noção que favorece a discriminações históricas”, afirmou a deputada. Ela também apontou que "atualmente, além de questionar a legitimidade dos estereótipos construídos, devido a preconceitos sociais baseados em supostas" diferenças sexuais ", é questionada a natureza da materialidade inapelável do sexo". 
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(Deputada Silvia na inauguração de um banheiro neutro no IFDC de General Roca - https://www.instagram.com/p/B5SsVXNDLH7/)
Finalmente, a deputada do Frente de Todos (FDT) disse que “os estudos de gênero e sexualidade colocam o sexo como uma interpretação histórica e cultural feita sobre certas diferenças anatômicas ou fisiológicas, especialmente sobre a genitalidade. Essas leituras do corpo são baseadas em paradigmas médico-científicos e são concedidas à biologia. No entanto, o sexo anatômico, sua própria alegada dicotomia, é o produto de uma leitura ideológica. Uma ideologia de gênero, que precede a própria leitura dos órgãos genitais, que é forte o suficiente para disciplinar os corpos quando eles não se adaptam à leitura esperada deles. É por isso que é importante, e este projeto entende isso, não apenas para desarmar o binário homem-mulher do registro por causa da diversidade corporal, mas também para desconstruir a categoria falsa de sexo e desbiologizar a sexualidade. ” 
Fonte: https://www.adnrionegro.com.ar/2019/11/no-habra-mas-registro-binario-de-genero-en-el-dni/
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midiaqueer · 5 years
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Ama Synth Pop? Agradeça a Wendy Carlos, a mulher trans que inventou isso.
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A musicista pioneira vencedora do Grammy nos anos 60 ajudou a pavimentar o caminho para a New Wave, EDM e Kim Petras.
por Sam Manzella
É impossível imaginar a música popular contemporânea sem os sintetizadores. O instrumento, que gera sinais de áudio que são convertidos em som, permeia quase todos os gêneros musicais modernos. Pop, dance pop, hip-hop, EDM, experimental - se for baseado em eletrônica, pode ser rastreado até à invenção do sintetizador comercial. E sim, isso inclui a maioria de artistas LGBTQ que compõem suas listas de reprodução assumides (ou não - Kim Petras ou Sophie. alguém mais?)
Mas por trás de seus sons familiares (embora ainda aparentemente fora de órbita) está um nome que você pode não reconhecer: Wendy Carlos , uma talentosa artista musical, engenheira de produção e transgênero cujo uso de sintetizadores com sua visão do futuro os ajudou a torná-los onipresentes.
Wendy, agora com quase 80 anos, possui dois diplomas da Ivy League, três Grammy Awards (todos pelo clássico Switched-On Bach de 1968 ) e um punhado de trilhas sonoras aclamadas pela crítica (para A Clockwork Orange de 1971 e The Shining , entre outros) sob o cinto dela. Sua ascensão à fama na indústria da música começou em Nova York. Depois de se formar na Universidade de Columbia com um mestrado em composição musical na década de 1960, Carlos, de 20 e poucos anos, trabalhou ao lado de inovadores de música eletrônica e professores de Columbia como Vladimir Ussachevsky e Otto Luening .
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Leonard M. DeLessio / Corbis via Getty Images Carlos em seu estúdio de gravação em Nova York por volta de 1979.
Lá, ela também conheceu Robert “Bob” Moog, um colega engenheiro de áudio e homônimo do sintetizador Moog , uma versão analógica clássica do instrumento. Os dois se tornaram amigos rapidamente, e seu relacionamento de trabalho durou cerca de 40 anos.
"Foi um encaixe perfeito", lembrou Wendy em um blog dedicado a Moog em 2005, depois que o pioneiro de sintetizador de 71 anos morreu de câncer. “Ele era um engenheiro criativo que falava música; Eu era uma musicista que falava ciência. Parecia uma reunião de mentes simpáticas, como se ele fosse meu irmão mais velho, talvez".
Em 1964, Moog estreou seu sintetizador sob medida - uma versão menor e mais portátil dos sintetizadores de parede a parede que a maioria de técnicos de áudio e engenheiros de gravação usava - na convenção anual da Audio Engineering Society (AES) de Nova York. Ele se tornaria o primeiro sintetizador comercial do mundo, e Wendy Carlos o usaria para gravar Switched-On Bach, uma reimaginação eletrônica das composições clássicas de Johann Sebastian Bach. O disco de música clássica vencedor de três prêmios Grammy - que vendeu 1.000.000 cópias - é amplamente creditado por mesclar músicas populares e sintetizadores. (Antes do Switched-Bach , os instrumentos eram relegados a músicas mais experimentais e com menos sucesso comercial).
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SSPL / Getty Images Um sintetizador Moog de 1968.
De lado suas honras de prestígio, Wendy estava lutando. Na verdade, ela lutava com a disforia de gênero desde a infância e começou a se sentir desesperada e suicida na faculdade.
Somente em 1979 - dez anos depois de ela ter varrido as categorias de Música Clássica no Grammy de 1969 - ela se assumiu publicamente como mulher em uma entrevista à revista Playboy. Carlos lembrou como ela se sentiu ansiosa demais para se apresentar ao vivo quando iniciou a terapia de reposição hormonal (TRH) e iniciou sua transição física em segredo. Mas ela não podia mais negar quem ela era. Quando a Playboy perguntou se ela “tinha alguma ideia” do que teria acontecido se ela não tivesse começado a viver sua vida como mulher, Carlos foi sincero: “Sim. Eu estaria morta."
É difícil extrapolar a magnitude de seu anúncio. Em 2019, em uma época em que questões trans são abordadas explicitamente por candidates à presidência em estágio de debates, uma pessoa pioneira da indústria que aparece em uma revista popular é motivo de comemoração. Mas na América da década de 1970, não era apenas algo inédito, mas potencialmente um fim de carreira (para não mencionar perigoso). A conversa cultural sobre aceitação de pessoas transgêneros, e muito menos de igualdade para transgêneros, ainda estava florescendo nos espaços LGBTIAPN+; quase não existia em espaços predominantemente heterossexuais cisgêneros.
Desde seu anúncio inicial, Wendy Carlos raramente abordou sua identidade de gênero em entrevistas (ela se recusou a ser entrevistada para esta história.) Isso pode ter algo a ver com a maneira como sua história foi contada. Em 1979, a Playboy fez algumas perguntas bastante invasivas, se não genuinamente curiosas. Mesmo depois de discutir detalhadamente sua transição, repórteres e editores continuaram a imprimir seu nome morto (nome de registro). Mas também em um artigo de 1985 da People, Carlos disse que ela conseguiu compor novas músicas depois de se abrir publicamente sobre quem ela realmente era. O fardo foi tirado; estava na hora de produzir.
"O público acabou sendo incrivelmente tolerante ou, se você desejar, indiferente", disse ela à revista. “Nunca houve a necessidade dessa ~charada~. Provou um desperdício monstruoso de anos da minha vida."
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Leonard M. DeLessio / Corbis via Getty Images Carlos em 1979.
A sinceridade de Carlos em um momento em que a transparência ou a não-conformidade de gênero não estavam presentes nos radares da maioria da mentalidade  norte-americana,  preparou o caminho para uma geração de artistas eletrôniques LGBTQ. Décadas após o Switched-Bach , a trilha sonora do Tron e suas outras contribuições para a música sintetizada dos anos 70 e 80, uma nova onda de músicos queer pode criar o tipo de música e álbum que visualiza e ama sem a identidade deles.
Uns desses artistas é a Kiran Gandhi, também conhecida como Madame Gandhi , uma artista e ativista de música eletrônica de Los Angeles que credita a Carlos a mudança do jogo para pessoas marginalizadas na música eletrônica.
"Normalmente, imaginamos a comunidade de entusiastas de sintetizadores analógicos como uma comunidade muito homogênea", ela diz ao NewNowNext. Mas para Gandhi - uma mulher de cor, queer, cujas músicas como "O Futuro é Feminino" e "Top Knot Turn Up" são destinadas a empoderar pessoas marginalizadas - descobrir o papel central de Carlos na popularização da música sintetizada foi "tão inspirador e um alívio." Isso a fez querer pegar o instrumento muito mais.
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Em 2018, Gandhi se apresentou no Moogfest, um encontro anual para entusiastas de sintetizadores e profissionais da indústria da música que ocorre na Carolina do Norte, onde Bob Moog passou os últimos 30 anos de sua vida. Ela se juntou ao palco para uma programação com outres artistas musiciais da eletrônica - todas mulheres ou pessoas não conformes de gênero - em homenagem ao 50º aniversário de Wendy Carlos e Switched On Bach .
Gandhi ficou emocionada com o fato de os organizadores do Moogfest terem prestado uma homenagem a Carlos, mas ela ficou especialmente agradecida por prestarem homenagem a sua transparência - um fato que ela desconhecia antes do evento.
“[Wendy Carlos] tornou as pessoas que estão agendando festivais mais interessadas em alcançar pessoas não-conformes de gênero, queer e mulheres de uma maneira que eu não acho que teria acontecido se ela não tivesse sido uma das maiores colaboradoras da música eletrônica" ela diz. “Então essa mudança - na verdade, colocando Wendy Carlos no mapa - nos deixou mais abertes a dizer: 'Uau, esse gênero (eletrônica) não é realmente o que pensávamos que era. É outra coisa. E isso é realmente muito mais legal."
Fonte: Logo
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midiaqueer · 5 years
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EUA: Mais de 7.000 já possuem carteiras de identidade não-binária, uma vitória para os direitos não-binário
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Um extenso levantamento feito pelo daily jornal USA TODAY​ mostrou que o número de pessoas não-binárias atualmente registradas como não pertencente á um gênero binário passa dos 7 mil. E o número de pessoas que se identificam como sendo de um gênero não-binário é ainda maior, sendo de 500 mil pessoas no país segundo dados coleatados em 2016 pela Universidade da Califórnia em Los Angeles UCLA​.
 São dez estados oferecendo as chamadas IDs de X gênero: Arkansas, Oregon, Minnesota, Maine, Utah, Colorado, Califórnia, Indiana, Nevada e Vermont. Nos próximos meses, as políticas em Maryland, New Hampshire e Havaí entrarão em vigor. Pelo menos 7.251 carteiras de identidade e motorista foram emitidas em nove estados, além de Washington, DC, de acordo com registros obtidos pelo USA Today
Há três, quatro, anos atrás, ninguém nos EUA era legalmente reconhecide como não sendo nem homem ou mulher.
Hoje, milhares de pessoas podem optar por um  marcador de gênero neutro em carteiras de motorista e carteiras de identidade, de acordo com registros obtidos pelo USA Today.  
Depois que mais dois estados anunciaram planos na semana passada para oferecer um marcador de gênero X ou não-binário , es defensores da causa disseram que o momento para a opção pode ajudar a validar as identidades de gênero.
O Centro Nacional para a Igualdade Trans incentiva as pessoas a escolherem o marcador com qual mais se sentem mais adequade e confortável, disse Arli Christian, diretore de política estatal da organização. Mais estados oferecendo a designação neutra em termos de gênero, disse Christian, permite que mais pessoas tenham acesso á identificações precisas.
Pelo menos 7.251  carteiras de identidade e motorista foram emitidas em nove estados, além de Washington, DC, de acordo com registros obtidos pelo USA Today, dos departamentos estaduais, Indiana foi o único estado, que emite IDs de gênero X, que não respondeu à solicitação de registros do USA TODAY.
Embora o número de pessoas, que tem o marcador e maior privacidade em torno de seu gênero versus o número de pessoas que o fizeram refletir sua identidade não-binária, seja desconhecido, algumas pessoas descrevem o progresso como excitante.
"Eu estou realmente feliz com todas essas pessoas, e eu nem estou surpreso que há muito pouca gente pra mim", disse Dana Zzyym,  ativista intersexo e não-binárie que processou o Departamento de Estado para que seu passaporte fosse de gênero neutro. "Eu acho que a população não-binária vai surpreender muita gente neste país".
Estados emissores de IDs não-binária de gênero
Dez estados oferecem as chamadas IDs de x gênero: Arkansas, Oregon, Minnesota, Maine, Utah, Colorado, Califórnia, Indiana, Nevada e Vermont. Nos próximos meses, as políticas em Maryland, New Hampshire e Havaí entrarão em vigor.
Washington e Pensilvânia anunciaram planos na semana passada para lançar uma terceira opção de gênero nos documentos, e seus departamentos provavelmente aprovarão as mudanças de regras.
Em julho de 2017, o Oregon foi considerado o primeiro estado a começar a emitir IDs de gênero X, logo após que Washington, DC, iniciou sua política. No entanto, o Arkansas adotou uma política que permite que as pessoas mudem seu marcador de gênero sem fazer perguntas em 2010, e permanece em vigor, disse o porta-voz Scott Hardin, do Departamento de Finanças e Administração (uma vitória especialmente para a comunidade trans em geral).
Carteiras de motorista que oferecem opção neutra em relação ao gênero
Estados que emitem carteiras de habilitação ou cartões de identificação com marcadores não binários - nem masc nem fem - ou de gênero X para proprietáries: (visualize o mapa aqui)
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Cinco outros estados se juntam ao Arkansas para permitir que as pessoas auto-certifiquem ou designem seu próprio gênero, enquanto Maine, Utah, Colorado e Indiana exigem que residentes forneçam documentação para mudanças de gênero. Os requisitos incluem a aprovação de médicos, o que pode ser difícil de obter em locais onde poucos médicos são treinados para fornecer  atendimento de afirmação de gênero para pessoas trans, disse Christian.
"Para obter o marcador de gênero mais preciso em um documento de identidade, esse relatório deve vir diretamente da pessoa sem barreiras adicionais, como laudo médico e permissão médica", disse Christian.
Validação? Ou discriminação?
Mari Wroblewski, de 22 anos, tem a oportunidade de autocertificar o marcador de gênero na Califórnia.
Uma pessoa não-binária e intersexual, Wroblewski manteve a papelada para conseguir o gênero X por meses, enquanto a proibição de transgêneros nas forças armadas entrou em vigor e o governo Trump anunciou planos para descartar as regras que protegem as pessoas trans da discriminação em  abrigos e cuidados de saúde .
O sentimento de excitação pelo marcador deu lugar a preocupação, disse Wroblewski, que temia que a designação X pudesse forçar pessoas não-binárias á transições não-consentidas ou marcá-las como "outras" no clima político de hoje.
Wroblewski considerou todas as pessoas que examinam IDs - de agentes da TSA, seguranças a bancários - e se perguntou: Eu quero me sentir validade no meu gênero, ou eu quero me sentir segure?
"Damos nossa identidade a tantas pessoas que têm tanto poder sobre nossas vidas", disse Wroblewski. "ÉLes têm o poder de decidir se podemos obter um empréstimo ou se podemos continuar a dirigir e tantas outras coisas. Essas pessoas nem sempre expressam sua intolerância em relação a pessoas que são trans, intersexuais e não-binárias, mas certamente podem ter visões homofóbicas, transfóbicas e que são essencialmente perigosas para nós ".
Wroblewski está pensando sobre o marcador X por enquanto, mas descreveu a oportunidade de obter uma ID de gênero neutra como "incrível" e respeita as pessoas que escolhem o "X".
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O marcador de identificação correto,  pode afirmar a identidade das pessoas e beneficiar sua saúde mental, disse Jules Baldino, que coordena o micro-subsídios da Trans Lifeline , uma organização sem fins lucrativos de apoio a transgêneres. As pessoas olham sua IDentidade as vezes na vida cotidiana, de modo que ver um documento oficial refletir quem ély é, pode ser encorajador.
Quando as identidade não combinam com a forma como as pessoas apresentam seu gênero, Baldino disse que a necessidade de “demonstrá-lo” pode desencadear sentimentos de depressão, ansiedade e disforia de sexo e gênero, um desconforto ou desconforto causado por uma discrepância entre a identidade de gênero de uma pessoa e o sexo atribuído ao nascimento. Autoridades que checam a identidade podem confrontar a pessoa pela discrepância, disse Baldino, possivelmente concluindo que o cartão não pertence a éles
Na maior pesquisa sobre experiências de pessoas trans nos EUA, cerca de um terço de entrevistades mostraram uma ID com um nome ou gênero que não correspondia à apresentação pessoal de seu gênero, disseram que foram assediades verbalmente, e tiveram seus benefícios ou serviços negados, pedidos para viajar ou agredides. O Centro Nacional para a Igualdade Trans que conduziu a pesquisa, não recebeu nenhum relato de pessoas que enfrentam discriminação por ter um marcador de gênero X, disse Christian.
Enquanto trabalhava com pessoas trans solicitando subsídios para atualizar suas identificações governamentais , Baldino disse que a Trans Lifeline já ouviu falar de preocupações de segurança. Alguns temem que as autoridades que verificam os documentos de identificação possam não entender o que significa um marcador de gênero X, disse Baldino, possivelmente levando a perguntas invasivas sobre seu gênero, corpo ou assédio.
"Eu acho que haverá um momento em que muitas pessoas podem interagir com essas IDs e não saber o que é isso", disse Baldino. "Isso poderia potencialmente colocar a segurança das pessoas em questão."
Quão grande é a população não-binária?
Mais de um terço das pessoas trans identificam-se como não-binárias ou genderqueer , termos que descrevem pessoas cujo gênero não é masculino ou feminino, em uma pesquisa dos EUA pelo Centro Nacional para Igualdade Transgênero em 2015.
Cerca de 1,4 milhão de adultes americanes se identificam como transgêneros , de acordo com um relatório do think tank da UCLA de 2016, e se 35% dessas pessoas são não-binárias, isso poderia colocar a população não-binária em cerca de 490.000 pessoas.
Adutes que se identificam como transgênero
Porcentagem de adultes que se identificam como transgêneros, por estado, a partir de 2016. O Havaí tem a porcentagem mais alta e a Dakota do Norte tem a menor. Visualize o mapa aqui
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NOTA Distrito de Columbia é de 2,8%, com uma população de 14.550. FONTE UCLA Escola de Direito / The Williams Institute Transgender Population Report, junho de 2016
A pesquisa e o estudo não incluem menores, o que significa que os números poderiam ser maiores, uma vez que pesquisas mostram que os membros da Geração Z estão mais familiarizados com a identidade não-binária.
Cerca de 35% das pessoas com idades entre 7 e 22 anos dizem conhecer pessoalmente alguém que prefere falar com pronomes de gênero neutro  , como "eles" (they/éle) de acordo com o Pew Research Center. Esse número é de 12% entre baby boomers, e um em 4 millennials.
Pessoas não binárias existiam muito antes de estados começarem a reconhecê-las legalmente, disse Zzyym, 61.
Zzyym primeiro tentou colocar o marcador de gênero X na carteira de motorista por volta de 2012, antes que alguns ativistas não-veteranes da geração Z tivessem idade suficiente para dirigir. Como uma das primeiras a obter uma licença de gênero neutro no Colorado no ano passado, Zzyym descreveu um sentimento de profunda satisfação ao USA TODAY: enfim, um documento que reconhecia a identidade de Zzyym!
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(E ativista intersexual e não-binárie Dana Zzyym, de 61 anos, processou o Departamento de Estado por uma designação neutra em termos de gênero em um passaporte. O caso está no Tribunal de Apelações dos EUA para o 10º Circuito).
Futuros avanços, melhorias
À medida que mais estados considerem marcadores de gênero neutro para identidades, Baldino descreve o presente como um momento crucial para o reconhecimento das identidades não-binária. A Trans Lifeline continuará a oferecer subsídios para atualizar as identidades e rastrear os processos e taxas para atualizar os fabricantes de gêneros em diferentes estados, disse Baldino.
Políticas de atualização de IDs podem ser melhoradas, disse Christian, que trabalha com governos estaduais e municipais para tornar as mudanças de gênero em documentos mais acessíveis, oferecendo autocertificação. A remoção de requisitos, como documentos médicos ou ordens judiciais, pode eliminar etapas dispendiosas e demoradas do processo, especialmente para pessoas em áreas rurais/suburbanas.
Várias agências podem atualizar seus bancos de dados para oferecer uma opção neutra em termos de gênero, da mesma forma que a United Airlines lançou uma opção de reserva não-binária .
No nível federal,  defensores observam o caso de Zzyym de uma designação neutra em termos de gênero nos passaportes no 10º Circuito do Tribunal de Apelações dos EUA. Um juiz do tribunal distrital julgou em favor de Zzyym em setembro de 2018, dizendo que o Departamento de Estado excedeu sua autoridade quando negou o pedido de passaporte de Zzyym e não tomou sua decisão de forma razoável. O departamento entrou com um recurso.
"É um absurdo que o Departamento de Estado prefira que eu apenas marque aleatoriamente uma caixa: masculina ou feminina", disse Zzyym em um comunicado da Lambda Legal , que representa Zzyym no caso. "Não é quem eu sou, e me expõe a maior escrutínio quando a minha carteira de motorista do Colorado agora mostra 'X'."
Fonte artigo e pesquisa completa em USA Today
Traduzido e postado por Dani Bt.Medrado Camel
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midiaqueer · 5 years
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Universidade de Buenos Aires aprova o uso da linguagem inclusiva com ‘e’
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A Faculdade de Ciências Sociais desta universidade na argentina substituirá o "o" e "a" pelo "e" para erradicar a marca gramatical de gênero.
A Faculdade de Ciências Sociais da prestigiada Universidade de Buenos Aires (UBA) reconhecerá o uso da neolinguagem em 'e' - popularmente conhecida como linguagem neutra - nas produções feitas por alunes de graduação e pós-graduação, de acordo com uma resolução aprovada pelo seu Conselho de Administração.
Ao justificar a medida, es gerentes levaram em conta que "a linguagem com a qual nos comunicamos e nos relacionamos comporta sentidos que refletem as desigualdades de gênero, naturalizando a segregação, a discriminação ou a exclusão" .
A linguagem inclusiva de gênero busca erradicar o que é considerado como uso sexista da linguagem e propõe, por exemplo, erradicar a marca gramatical de gênero e o masculino universal, substituindo a letra "o" e o "a" pelo  "e".
(Obs da MQ: substituindo por qualquer outra opção ou nem, focando principalmente em rever e desconstruir o uso normativo sexista e binarista da língua comum)
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https://twitter.com/ubasociales/status/1156670552679092224
Este modo de falar, que não aprova a Academia Real, é cada vez mais difundido na Argentina , particularmente entre adolescentes e jovens que naturalizam seu uso, ainda sendo resistido por muitos adultos que o atribuem a um capricho.
A resolução assinada pelo decano da Faculdade, Carolina Mera, e o Secretário de Gestão Institucional, Javier Hermo, também confia à Subsecretaria de Políticas de Gênero da escola para implementar ações de treinamento e disseminação "para engajar a comunidade universitária" para se comunicar com um tratamento respeitoso sobre os direitos das mulheres, da diversidade sexual e de gênero " .
É a primeira vez na Argentina que essa linguagem é reconhecida para uso acadêmico. A Faculdade de Ciências Políticas da UBA tem cerca de 25.000 alunes.
youtube
A resolução foi assinada em 2 de julho, mas só foi conhecida nas últimas horas após sua publicação oficial no site da instituição. 
Fonte:https://peru21.pe/
Editado e Postado por Dani B. Medrado Camel
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midiaqueer · 5 years
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Quénia inclui a categoria intersexo nos próximos censos
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As autoridades do Quénia vão incluir uma categoria intersexual, junto com "masculino" e "feminino", na secção sobre género nos censos do próximo mês, foi hoje divulgado.
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Há sete anos, uma parteira no Quênia ajudou uma criança que tinha órgãos genitais intersexo a nascer. O pai ordenou que ela matasse o bebê, mas, em vez disso, ela escondeu e criou a criança como se fosse dela.... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2017/05/21/a-mulher-que-fugiu-para-salvar-dois-bebes-intersexuais-de-seus-proprios-pais.htm?cmpid=copiaecola
Esta decisão foi confirmada por um funcionário do departamento de estatísticas do país à BBC.
Este é um esforço das autoridades do Quénia para recolher dados sobre o número de pessoas intersexuais no país.
"Intersexo" é o termo comummente usado para designar uma variedade de condições em que uma pessoa nasce com uma anatomia reprodutiva ou sexual que não se encaixa na definição típica de sexo feminino ou masculino.
A Organização das Nações Unidas acredita que cerca de 1.7% da população mundial tem traços intersexuais.
Segundo a BBC, foi criada uma força-tarefa especial pelo Governo do Quénia para analisar os interesses das pessoas intersexuais e identificar as reformas [na lei] necessárias para respeitar e proteger os seus direitos como quenianos.
Os censos devem ser realizados no final do próximo mês.
Postado e editado por Dani Camel
Fonte https://www.lusa.pt/article/26732580/autoridades-do-qu%C3%A9nia-incluem-a-categoria-intersexo-nos-pr%C3%B3ximos-censos
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midiaqueer · 5 years
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Tribunal indiano proíbe cirurgias abusivas em crianças intersexo
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Asia |  Tamil Nadu ordenou ao governo local que proíba cirurgias de “normalização” desnecessárias em crianças nascidas com variações intersexuais
Um tribunal do estado indiano de Tamil Nadu ordenou ao governo local que proíba cirurgias de “normalização” desnecessárias em crianças nascidas com variações intersexuais até que os próprios pacientes possam consentir.
“Intersexo” refere-se à população nascida com traços sexuais corporais intermediários ou mesclados que não se encaixam nas expectativas convencionais de sexo feminino ou masculino. Suas características sexuais - como cromossomos, gônadas, fenótipo ou genitais - diferem das expectativas sociais de macho e fêmea. Exceto em casos muito raros em que a criança não pode urinar ou os órgãos internos são expostos, essas variações são medicamente benignas, variações naturais da anatomia humana incluí pessoas endossexo.
No entanto, na década de 1960, cirurgiões nos Estados Unidos popularizaram "normalizar" as operações cosméticas, como procedimentos para reduzir o tamanho do clitóris e coisas do tipo. Essa abordagem foi efetivamente exportada globalmente.
Esses procedimentos não são projetados para tratar um problema médico e não há evidências de que tais operações ajudem as crianças a se “encaixarem” ou “funcionarem na sociedade”, o que alguns cirurgiões dizem ser seu objetivo. As operações, no entanto, acarretam altos riscos de cicatrização, perda da sensação sexual, incontinência, esterilização e trauma psicológico.
Durante décadas, os pacientes intersexuais e seus defensores pediram aos governos e à comunidade médica para desenvolver padrões para adiar procedimentos eletivos até que os pacientes pudessem decidir por si mesmos - exatamente o que o Ministro GR Swaminathan fez em seu julgamento em 22 de abril.
O julgamento cita a decisão da Suprema Corte de 2014, na Índia, defendendo os direitos de pessoas transgênero e outras diversidade de gêneros. Também se referiu à lei de identidade de gênero de 2015 e de características sexuais de Malta , que consagrou o reconhecimento legal des pessoas trans e proibiu cirurgias desnecessárias em crianças intersexuais, e a Organização Mundial da Saúde , que pediu o fim dessas operações, o defensor intersexo indiano Gopi Shankar .
Shankar escreveu para a Comissão Nacional de Direitos Humanos da Índia e recebeu uma resposta do Ministério da Saúde em 2017, que o julgamento cita na íntegra.
A resposta do ministério apresenta uma ofuscação sutil, mas importante. As autoridades negam a alegação de Shankar de que cirurgias não consensuais médicas desnecessárias estão sendo realizadas, alegando que “qualquer tipo de procedimento médico invasivo, incluindo cirurgias de redesignação de sexo, são feitas somente após uma avaliação completa do paciente”, e “somente após o consentimento por escrito. do paciente / responsável. ”
Mas, como documentado em minha pesquisa para a Human Rights Watch sobre a questão nos EUA, os pais às vezes dão seu consentimento com base apenas em informações limitadas ou tendenciosas dos médiques. E o consentimento dos pais para cirurgias médicas desnecessárias em crianças muito novas para falar dificilmente é suficiente para proteger as crianças dos riscos dessas cirurgias. Pesquisas acadêmicas sobre o assunto descobriram , da mesma forma, que as equipes médicas muitas vezes coagulam o consentimento dos pais apresentando cirurgias “normalizadoras” como a opção preferida, ou usando táticas de intimidação, como medos suicidas baseados em dados irrelevantes.
Nos últimos anos, os órgãos nacionais, regionais e internacionais de saúde e direitos humanos têm reivindicado cada vez mais a proteção dos direitos de consentimento livre e esclarecido das crianças intersexo.
“O consentimento dos pais não pode ser considerado como o consentimento da criança”, declarou a decisão do juiz Swaminathan.
Nos últimos anos, os órgãos nacionais, regionais e internacionais de saúde e direitos humanos têm reivindicado cada vez mais a proteção dos direitos de consentimento livre e esclarecido dos menores. Em 2015, 12 agências das Nações Unidas divulgaram uma declaração conjunta referindo “cirurgias e tratamentos desnecessários em crianças intersexo sem o seu consentimento”. Em 2017, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa aprovou uma resolução pedindo a proteção de crianças intersexuais de cirurgias desnecessárias e irreversíveis consentimento, e em 2019 o Parlamento Europeu complementou esse apelo com a sua própria resolução.
Médicos dos Direitos Humano, a Anistia Internacional e organizações lideradas por intersexo em todo o mundo pediram proteções legais para assegurar que tal cirurgia seja conduzida somente quando os próprios pacientes consentirem. As comissões de direitos humanos da ONU, que supervisionam tratados internacionais, condenaram a prática de operações de "normalização" não consensuais em crianças intersexuais 40 vezes desde 2011.
As palavras do juiz Swaminathan serão verdadeiras para ativistas intersexuais, médicos defensores de pacientes e pais em todo o mundo que demonstraram, por experiência própria, que o apoio de colegas e conversas honestas são a melhor forma de cuidado. E como ele disse: "Os pais devem ser encorajados a sentir que o nascimento de um filho intersexo não é uma questão de constrangimento ou vergonha".
O Departamento de Saúde e Bem-Estar Familiar de Tamil Nadu tem oito semanas para responder com sua política de proteção dos direitos de consentimento informado de crianças nascidas com características intersexuais. Eles fariam bem em consultar grupos de advocacia intersexuais e seguiriam os padrões internacionais de direitos humanos na elaboração de suas políticas e seriam um exemplo que o restante da Índia deveria seguir. Todos têm o direito ao consentimento informado - mesmo aqueles que nasceram com corpos ligeiramente diferentes.
Fonte https://www.asiatimes.com/2019/04/opinion/court-bans-normalization-of-intersex-children/?fbclid=IwAR1rkCNLcJd-Op2fweI6gXuSqXFNwq4_rv6KS809WqguDmXCDPVYAWjZLGI
Traduzido por  Hermafrodita não, intersexo
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midiaqueer · 5 years
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Competições mistas e a diversidade nos esportes
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Descrição de imagem: Tiffany abreu comparada com Tandara e Paola Egonu, mulheres cis com desempenhos até maiores que o de Tiffany e corpos na mesma proporção. Abaixo a foto de um time de futebol masculino onde destacamos a diferença entre os jogadores desde o mais baixo ao mais alto e forte. Interessante observar as diferenças também entre Tandara e Paola, como altura.
A divisão binária de gênero e sexo nos esportes (times masculino e feminino), não faz sentido. As diferenças entre jogadores  até então têm sido algo normal e até competitivo quando se trata de homens e mulheres cis. Mas quando se trata de pessoas trans, não-binárias e intersexo a realidade que encontramos é bem outra, a de suposta desvantagem e roubo. 
Mesmo muitas mulheres cis há anos falando que esse sistema não presta nem pra elas nem pra ninguém, as pessoas ainda insistem na defesa desse único sistema, como se tratasse de uma divisão justa. Mas justa pra quem ? Se esse sistema construiu uma estrutura totalmente fechada para as minorias. Toda uma classificação pseudo-justa e científica com base em dados que na prática vão variar muito de pessoa pra pessoa, sendo dados de pouca probabilidade, e não dados justos. Se fosse sobre justiça e igualdade social não haveria tanta exclusão.
Nem mesmo a ciência está preocupada em questionar essas diferenças, visto os poucos estudos na área e a rara participação de pessoas trans, não-binárias e intersexo nos esportes. Assim como não se preocupa por exemplo em fazer estudos sobre as diferenças entre atletas que compõe times binário. Só vieram prestar muita atenção nisso agora, que Tiffany chegou nas paradas de sucesso em um desses times - e mais uma vez pessoas trans contribuindo para o avanço científico. 
Criticam a presença das pessoas trans nos esporte como se fosse uma questão de "desvantagem", e "fisiologia", com coitadismos até o saco, quando a desigualdade está na própria formação de times no sistema binário de classificação. Não existe uma divisão binária de gênero/sexo "justa" e "igual" pra todes! O esporte é justamente sobre diferenças de desempenho e corporalidade. 
Partindo de um pressuposto irracional de que "meninos e meninas" não se misturam em nome da "tradição", absurdo este comentado pelo até então diretor de esportes de São Paulo Marco Antônio Cardoso em 2016 no caso da Laura que foi impedida de participar de um torneio de futebol por ser menina, essa lógica passou a ser sustentada pelas administrações esportivas, sendo as garotas cis as que mais saem prejudicadas dessa decisão binarista, já que se vêem excluídas de competições oficiais na maioria das vezes por falta de apoio, visibilidade, representação e coisas assim. E o mesmo se repete em dobro para pessoas trans, não-binárias de gênero e intersexo, que diferentemente das meninas cis já não podem participar dos esportes tendo seu corpo e identidade devidamente reconhecido. Essa classificação de times por gênero e sexo masculino e feminino não faz sentido porque:
Primeiro, biologia sexual não prevê desvantagens ou vantagens em praticar esporte e ser de um determinado gênero, quem prevê isso são pesquisadores e teóricos de gênero e classe, e sim se você é uma minoria de gênero (de 1 ou 2 salário mínimo ou nada!) você está em desvantagem social por exemplo, o quê vai ser um dos fatores decisivo ao seu acesso à certos esportes ou ao próprio mundo dos esportes. Já biologia sexual prevê apenas diferenças ligado ao sexo, que sim existem obviamente diferenças de desempenho e rendimento entre os sexos, mas só sexo não vai determinar se você está apto ou não para praticar um esporte, e quais as vantagens e desvantagens. Isso é puro essencialismo sexual biológico (sexismo). Quem mais faz isso são as pessoas e o sistema que avaliam se sim ou não. Ser cis ou trans não significa vantagem ou desvantagens, por quê estamos falando de pessoas de gênero e sexo variados, e nossos corpos, seja lá o que somos, vão variar de ume pra outre por diversas questões que não inclui (só) o que temos entre nossas pernas, nossa combinação cromossômica ou nossos níveis hormonais. Ninguém vai jogar futebol com a genitália assim como uma pessoa trans não vai jogar com uma bandeira do orgulho trans na mão e um laudo médico na testa. E depois que gênero não é só dois, em nenhum lugar do mundo e da existência humana. Sexo também não, o quê é mais aceito pelos essencialistas biológico. São coisas obvias que nem precisamos explicar porque de tudo nesse texto 70% é sobre isso. Todo esse texto seria muito mais simples aliás se as pessoas compreendesse corretamente o que é uma pessoa trans, nao-binária de gênero e intersexo. 
A gente vai faz esporte com as pernas, mãos, braços, pés, barriga, pulmão, coração etc (constatando um corpo e não uma identidade de gênero ou sexo) além da profissionalidade que inclui práticas e conhecimento em técnicas, estratégias, habilidades, treinamento, inteligência, força, e garra. Alguns esporte vai recomendar mais força, outros mais técnicas, alguns velocidade. Não existe por exemplo isso de você ter níveis hormonais androgênicos elevado e automaticamente ser melhor que alguém com níveis menores em um determinado esporte. Um exemplo são as próprias mulheres transgênero que fazem Th que têm seus níveis androgenicos, como a testosterona, totalmente reduzidos e baixos se comparado com uma mulher cis com níveis hormonais "comum". Até porque não nascemos com corpos idênticos por sexo e os hormônios acabam tendo impactos diferentes em nossos corpos, você pode nem ter esses níveis exatos mas por ser cis tanto faz pra esse sistema. Não existe um corpo padrão de mulher cis ou pessoas do "sexo feminino" (pessoa endossexo com sistema estro-ovari) aptas pra jogar vôlei até onde sabemos. Mulheres podem ser fortes, grandes, baixas, pequenas, magras, gordas, xxy, xx, xy, cis, trans... Há sim características semelhantes entre os sexos e gênero que tipificam grupos. O mesmo para homens e pessoas não-binárias de gênero e demais espectros com diferentes corpos. Por isso Tifanny Abreu está lá apenas fazendo seu papel como uma mulher. Por isso Tandara e Paola Egonu que são mulheres também com o mesmo porte físico e desempenho de Tifanny estão lá apenas ocupando um lugar que assim como pra Tiffany, é seu por direito. Mas duas são cis e outra é trans. E a transfobia, e o racismo, adiciona uma espécie de lente dismórfica nessas pessoas para fazer com que elas vejam tudo como "demais" quando se trata de pessoas trans e de cor. Thaísa Menezes, bi-campeã olímpica, jogadora do Barueri e amiga de tiffany inclusive declarou:
"Quando a gente enfrenta a Egonu, da Itália, a gente não fica reclamando que ela bate por cima e dá uma pancada, a gente vai lá e tenta bloquear e defender. Não pode ficar lamentando. Temos de fazer nossa parte, jogar e deixar para quem tem de resolver decidir o futuro dela, se pode ou não".https://odia.ig.com.br/esporte/2018/02/5514945-thaisa-sai-em-defesa-de-tifanny-no-volei--imagina-o-que-ela-esta-passando.html
Segundo, porque se fosse dividir times pra cada gênero que criam e existe, seria insustentável, e mais complexo ainda os requisitos - sim a solução de algumas pessoas ILUMINADISSIMAS é que criem times genéricos só "pras trans"; mas como podemos imaginar Liniker contra a Tiffany por exemplo? O samu vêm - quando você simplesmente pode optar por modelos de classificações menos excludentes ou segregados. E mesmo que você não reconheça a existência de mais 2 gênero (o quê é algo abstrato e tanto fez tanto faz) não têm como negar a diferença físicas entre as pessoas que compõem os tradicionais times binário e a existência da intersexualidade. E por intersexualidade, a classificação pra vários sexos intermediários, mais especificamente. Então teria que criar times pra cada condição intersexo ou qualquer outro tipo de sexo que existe - que se fosse reduzir seriam 6 sexos mais ou menos por exemplo, mas elevem 6x pra cada diferença na estrutura do sexo biológico como gônadas, genótipo, fenótipo e genitais -, e os requisitos básicos tradicionais como gênero e porte físico (peso, altura, massa muscular etc). 
Seria por exemplo um time só pra homens cis, endossexo com sistema testo-testicular, magros, baixos, brancos, caucasianos, e quem sabe hetero se criarem um estudo de desempenho de gays, bi e heteros no esporte e como os jogos entre homens gays e bi são mais "apaixonados" (Neymar e Ganso 2010 -q) pra ser desvantagem ou não de acordo com pessoas formada na empresa Biologia. 
Eu falei branco e caucasiano? Sim. Existem também dados e estudos sobre diferenças de desempenho étnico-raciais no esporte entre as pessoas, que é de conhecimento público há anos. Segundo alguns desses estudos temos tantas pessoas negras recordistas em corrida por exemplo assim como brancas em natação. O primeiro recorde mundial de 100 metros rasos abaixo dos 10 segundos foi realizado pelo norte americano Jim Himes, que é negro, marcando 9,95 segundos nos Jogos Olímpicos do México em 1968. Em 2010, Christophe Lemaitre foi o primeiro e único branco, a correr os 100 metros rasos abaixo dos 10 segundos, marcando só 9,98 segundos na final do campeonato europeu de atletismo. Foram necessários 42 anos para que um branco conseguisse realizar esse feito, veja bem 42 anos, não foram 5 nem 6... E ninguém até hoje surgiu de uma plantação com a genial idéia racista de que pessoas brancas e negras sejam separadas por times causa de sua cor e as devantagens. https://www.nexojornal.com.br/grafico/2016/07/18/A-evolu%C3%A7%C3%A3o-dos-recordes-de-atletismo-de-homens-e-mulheres
Simplesmente também porquê nem toda pessoa negra é um Jim Himes e Usain Bolt da vida. Assim como nem toda pessoa trans esportista, especificamente uma mulher trans, é como Tifanny, que alias está em um ponto muito estratégico do voleibol. E todo mundo fala como se Tiffany fosse realmente " igual a todas mulheres trans". Por isso usei Liniker de exemplo pra mostrar que não. Assim como Egonu e Tandara não são como todas mulheres cis. Assim também como nem todas melhores jogadora de voleibol possuem a mesma estrutura física, rendimento e desempenho que Tandara e Tiffany. Porque como lembrado, isso é sobre profissionalidade também. Pessoas cis, binária e diádicas (não-intersexo) fora do padrão de atleta ideal como Neymar, Tandara e Marta estão aí pra provar que essa lógica transfóbica, machista e binarista não faz sentido algum. Simplesmente porque a realidade é outra. Cite quantos dados e pesquisas quiser e a biodiversidade irá provar do contrário. Não é possível prever o desempenho de ume atleta analisando fatores étnicos, genéticos, fisiológicos, psicológicos, antropométricos e socioculturais de forma isolada!
"Fatores socioeconômicos, culturais, composição corporal, genética, e ajustamentos são bem distintos em relação as populações de nosso planeta, a dominância de negros nas provas de atletismo e brancos nas provas de natação, comprovam questões culturais de nossa sociedade sobre esses esportes. O elemento socioeconômico é um forte denominador que comprova a participação de grupos étnicos nos esportes pista e piscinas. Em nosso país, negros ainda estão em sua maioria nos níveis de baixa renda e com uma certa dificuldade de acesso às aulas de natação, assim sendo estes tendem a procurar esportes mais baratos, como o atletismo, para a sua prática."https://www.efdeportes.com/efd180/desempenho-de-atletas-negros-e-brancos.htm
É chato ter que tocar nesse assunto, eu sei, imagina ter que fazer esse textão. Não é algo legal. Tá, mas qual seria a solução? O que podemos fazer? Pra quem devemos redirecionar essas propostas? Bom, na verdade a solução é bem mais simples do que parece. Um bom jeito de ilustrar isso, é lembrar como o sistema foi formado pra nós aprisionar em caixinhas, Lembrando da sua infância/adolescência quando você ia brincar com as outras crianças - e caso seja uma pessoa mais velha já, pense sobre os esporte que você pratica com gente próxima: vocês faziam/fazem separação por gênero e sexo? Havia ou há essa enorme preocupação? Ou muita das vezes alguém em alguma posição de desvantagem sabia e jogava mais que você? Divisão binária pra brincar de pega-pega? Vôlei? Pelada? Corrida? Ou era aquela divisão básica por pura e espontânea amizade, entendimento, afinidade e quantidade? Independente do gênero, físico, ou até mesmo das vantagens de outra pessoa? Essa foi a realidade da grande maioria de nós. Quando se fala das meninas por exemplo nos esporte surge bastante essa questão dos times mistos. Os times mistos ou o modelo de classificação mista no quesito gênero e sexo resolveriam grande parte desses problemas. Resolveria o problemas das supostas "desvantagens", da desigualdade entre os gêneros e sexo, da exclusão das pessoas trans, não-binárias e intersexo, das diferenças físicas, biológicas, entre outras divergências técnicas. Porque estaríamos em um números de pessoas onde todas são estritamente diferentes uma das outras - ou iguais - sem haver qualquer tipo de pré-requisito sexista que nos exprimam em caixinhas de gênero e sexo. Na verdade, vários países já permitem times mistos. A lista contém Holanda, Suíca, Japão, Austrália, Estados Unidos e Inglaterra. No Brasil assim como em outras partes do mundo, em torneios de entidades privadas também é possível inscrever times mistos sem problema algum, mas é na competição organizada pelo Estado que não, e é aí que mora o problema. Quando falamos de opressão estrutural contra pessoas trans, não-binárias, mulheres e pessoas intersexo estamos falando disso, de coisas movidas à base de crenças e tradições, tidas como verdades absolutas pelas instituições de poder. Não que o fim de times binários seja uma solução ou possível diante da estrutura que se tornou, mas as dos times mistos, como uma forma de inclusão, garantindo o espaço nos esportes para todas as pessoas aptas para um determinado esporte sem discriminação com base em gênero, sexo ou raça. Até porque sabemos que não é qualquer pessoa que consegue e aptidão faz muita diferença. Isso também não significa a abolição das cotas por exemplo, muito pelo contrário, se estamos falando de equidade social nos esporte estamos falando também de emancipação social através das reservas de vagas e o protagonismo representado pelas mesmas. 
No caso de Laura por exemplo, um abaixo assinado foi criado por um amigo do Pai de Laura, ao pedido do mesmo, para pressionar a Secretária de Esportes e Turismo do Estado de São Paulo a mudar o regulamento. O abaixo assinando recebeu quase 12 mil assinaturas e Laura se tornou a primeira menina a participar dos torneios com os meninos, em um time misto. E ninguém foi cobrar desvantagem, porque a menina é foda! Mas também porque é uma criança cis. Em próximos posts daremos mais visibilidade a questão das competições mistas nos esportes. É um questão de extrema importância que afeta diretamente nossa comunidade
Caso Laura: https://www.google.com.br/amp/s/www.buzzfeed.com/amphtml/susanacristalli/laura-pode-ser-excluida-de-campeonato-de-futebol-por-ser-men https://www.ludopedio.com.br/arquibancada/laura-proibida-pela-norma/
Texto por Dani Camel 
@rexistencianaobinaria
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midiaqueer · 5 years
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Países americanos já reconhecem os direitos das pessoas não-binárias e Intersexo
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No total 6 Países já reconhecem a existência e o direito das pessoas não-binárias de gênero e intersexo em algum grau (em colorido)
Desde 2015 temos acompanhado um grande aumento no debate sobre não binariedade de gênero e intersexualidade (intersexuação). E de lá pra cá a América têm dados passos significativos para o reconhecimento legal e pleno da não-binariedade de gênero e demais dissidências. O processo de reconhecimento da identidade de gênero não-binária e dos corpos intersexo também têm levantado diferentes tipos de debates, como um terceiro marcador de gênero e sexo em documentos pessoais.
Se a 20 ou 10 anos atrás, estávamos além da margem da sociedade, muitas das vezes vivendo atrás de máscaras, e quase não se falava sobre a gente, hoje podemos dizer com toda convicção de que somos resistência e nossa existência é válida. Estimando que fecharemos a década de 2010 com o maior número de conquistas para a comunidade LGBTQIAPN+, especialmente para comunidade trans, intersexo e não-binária que nos últimos anos deram saltos quantitativos na história na busca de mais direitos e dignidade.
Na América do Sul e Central a luta ainda é pequena se comparada com o hemisfério norte, onde 2 dos maiores países do mundo e do continente já reconhecem em algum grau a existência das pessoas trans, não-binária e intersexo. Mas ainda há exemplos importantes na América do Sul.
O Uruguai foi o primeiro país da América do Sul a criar uma legislação sobre identidade de gênero. E Ano passado a Câmara de Deputades do Uruguai aprovou, no dia 19 de Outubro, uma lei integral para pessoas trans. Essa Nova legislação estabelece várias medidas em combate a discriminação, a exclusão, e garantia de direitos humanos básicos para a população trans/não-binária, como reparação histórica. Medidas essas que inclui também o reconhecimento de outras identidades, fora as identidades de gênero binária. A nova lei permite que as pessoas alterem seus dados pessoais, como de gênero e sexo por via administrativa, de forma autônoma, incluindo a possibilidade de marcar um outro gênero além dos binário conforme o requerimento da pessoa, sem a necessidade de laudos e comprovação. O mesmo para acesso à saúde, cirurgias e TH. O Uruguai além de tentar reconhecer a existência das pessoas não-binárias de gênero e demais identidades, também proibiu procedimentos médico desnecessários em bebês, crianças e adolescentes intersexo sob a lei da violência com base em gênero e sexo, dando um passo importante na luta pela integridade física e autonomia corporal das crianças.
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Foto: Uruguai
No Chile a questão ainda é complicada se pensarmos que em 2015, por um breve momento, o Chile se tornou o SEGUNDO PAÍS NO MUNDO a proteger crianças intersexo de intervenções médicas invasivas e desnecessárias, depois de Malta. No entanto os regulamentos foram todos substituídos no ano seguinte por uma Circular que infelizmente, rescindiu a circular anterior, citando uma declaração clínica de “consenso” de 2006. Em particular, a nova circular permite intervenções cirúrgicas para tornar os genitais infantis mais típicos, apesar da falta de evidências em apoio a tais intervenções, e muitas evidências de danos a longo prazo. A declaração clínica de 2006 permite cirurgias precoces para controlar o “sofrimento dos pais” e alegações de potencial confusão de identidade de gênero. O Chile também não oferece proteção legal à essas pessoas nem reconhece de forma plena um terceiro gênero e sexo. Ainda assim emite certidões de nascimento com marcador de sexo "indefinido" para algumas crianças intersexo.  Após cinco anos de debate no Congresso, em 5 de setembro de 2018, o Senado aprovou o projeto de lei que reconhece e protege o direito à identidade de gênero por 26 votos a favor e 14 contra. Em 12 de setembro, a Câmara des Deputades fez o mesmo com 95 a favor e 46 contra. Em 25 de outubro de 2018, o Tribunal Constitucional declara a constitucionalidade da lei aprovada.  Em 28 de novembro de 2018, o presidente Sebastián Piñera assina e promulgou a lei. Em 10 de dezembro de 2018, a lei é publicada no Diário Oficial .
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"Sem mutilação genital intersexo" Foto: Camilo Godoy Peña que apresentou uma carta à presidente do Chile, Michelle Bachelet, sobre o Dia da Conscientização Intersex em 2015.
Em novembro de 2018, na província de Mendoza, que fica cerca de mil quilômetros de distância da capital Buenos Aires, aconteceu a primeira emissão de certidão de nascimento sem gênero da história da Argentina. Uma pessoa não-binária teve por meio do acesso à Lei de Identidade de Gênero 26.743 (sancionada na Argentina em 2012), a vitória em um processo para o reconhecimento de sua identidade como uma pessoa não-binária. Foi Gerónimo Carolina González Devesa, de 32 anos, médique e agênero que possibilitou esse momento histórico para nós.
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Foto de Gero Caro em entrevista a La Nación na sua casa “na encantadora e tranquila cidade de Chacras de Coria”
Gero Caro consultou  Eleonora Lamm que é subdiretora de Direitos Humanos da Suprema Corte de Justiça de Mendoza. Lamm deu-lhe a chave para começar com um processo burocrático que estabeleceria um precedente histórico: legalmente, não poderia ser identificado como nem um e nem outro. São três pilares que atravessam a argumentação do reconhecimento da sua identidade de gênero: o livre desenvolvimento da pessoa conforme sua identidade de gênero, o direito de ser tratade de acordo com sua identidade de gênero e, em particular, ser identificade desse modo nos instrumentos que creditam sua identidade. “Primeiro fomos ao registro civil para preencher o formulário. O registro civil põe os nomes que a pessoa elege como primeiro nome e, onde diz sexo, diz que não quer consignar nenhum, como está autorizado pela Lei de Identidade de Gênero, no art. 2”, disse Geronimo ao LATFEM. Lamm, a partir daí, como vice-diretora de Direitos Humanos da Corte de Mendoza, elaborou uma opinião explicando como a Lei de Identidade de Gênero não apoia uma concepção binária de identidade, permitindo a aprovação de um para outro, mas que possibilita a experiência individual interna de gênero de cada pessoa. Isto é, permite tantos gêneros quanto identidades, e identidades como pessoas. “Com essa opinião, todo um processo começou dentro do Código Civil, onde o interrogatório, as reuniões, as negociações começaram e isso foi para o governador, que tomou a decisão”, disse a autoridade ao LATFEM
“Muitas pessoas se perguntam com que idade eu vou me aposentar e esses tipos de coisas. Daqui pra frente teremos que colocar uma única idade de aposentadoria ou repensar a questão das cotas para finalizar essas questões. O binarismo marca uma diferença, que uma coisa é oposta da outra; quando a realidade é que somos todes iguais” diz éle a Los Andes.
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Foto: Gerónimo Carolina González Devesa feliz com seu novo documento 
Outro marco histórico na Argentina se deu no inicio deste ano. Lara María Bertolini, de 48 anos, também entrou na Justiça pedindo que respeitassem sua verdadeira identidade de gênero em sua certidão de nascimento e sua DNI: feminilidade travesti. A juíza Myriam Cataldi considerou que a Lei de Identidade de Gênero aplicava-se ao caso de Bertolini, citando uma das definições de identidade de gênero. Em uma decisão inédita na cidade de Buenos Aires, a juiza disse que "no campo reservado para o sexo, deve ser consignado 'feminilidade travesti', em vez de 'feminino'". Além disso, o Registro Civil foi ordenado a resolver esses casos por via administrativa, colocando uma multiplicidade de marcadores como opções de gênero. 
“Muitos dos conceitos relacionados ao gênero que são usados ​​nas culturas ocidentais são baseados em uma concepção binária do sexo, que considera que existem dois pólos opostos: homem e mulher, masculino e feminino, fêmea e macho. Não há dois gêneros que correspondam a dois sexos, existem tantos gêneros quanto identidades e, portanto, tantas identidades de gênero quanto pessoas ", disse a  juíza Myriam Cataldi na decisão 
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Foto: Lara Bertolini discursando em um protesto. Ela é uma ativista travesti e participa do Coletivo Lohana Berkins
Já o tribunal constitucional da Colômbia. restringiu a capacidade de médiques e parentes permitir cirurgias cosméticas não consensuais em crianças intersexo. Em quatro decisões separadas, os tribunais determinaram que os procedimentos de “normalização” de sexo não podem ocorrer sem o consentimento informado da própria criança. Na Colômbia também , o referido decreto de 2015, 1227, permite mudar o marcador de gênero apenas com uma exigência administrativa e sem requisitos médicos específicos. Este procedimento pode ser feito duas vezes na vida, com 10 anos de diferença. Inclusive menores de idade podem solicitar a ação porém sem muita autonomia.
No Brasil não há nenhum tipo de reconhecimento e só recentemente, e com muita dificuldade ainda, pessoas trans-binárias puderam garantir o direto de retificarem seus documentos sem laudos  e outros tipos comprovações abusivas, através de uma decisão histórica do STF (Supremo Tribunal Federal) em Março de 2018. O máximo que se chegou perto foi o projeto de Lei de Identidade de Gênero João W. Nery ( PL 5002/2013  de autoria des Dep. Jean Wyllys e Érika Kokay), e mais recentemente no estado de Minas Gerais um projeto de lei (PL 136/2019 de autoria do Dep. Alencar da Silveira Jr.do PDT)  que autoriza os cartórios competentes a emitir certidão de nascimento com a inserção do gênero X, bem como a alterar o gênero na certidão de nascimento a pedido de declarantes, sem a necessidade de laudo médico. Texto Original
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Foto: A militante travesti Anny Lima, que alterou seus documentos somente aos 60 anos, segurando a bandeira do orgulho trans.
O Canadá, apesar de sua fama de país progressista pelo mundo a fora - e com razão - ainda não reconhece por todo território a não-binariedade de gênero em documentos oficiais. Mas, a não-binariedade ainda sim é reconhecida no país. Isso porque o sistema político do Canadá funciona de uma forma muito diferente do que costumamos a pensar: as províncias possuem muita autonomia sobre leis. Em resumo, Ontário, Terra Nova e Labrador e os Territórios do Noroeste são uma das principais referências no reconhecimento ou pelo menos discussão do assunto. Em 2016 o governo, de uma das dez províncias do Canadá, Ontário, anunciou mudanças na forma como o sexo e gênero seria exibido nas carteiras de saúde e motorista. E em Junho do mesmo ano, Ontário excluiu qualquer tipo de designação "sexual" das carteiras de saúde. No início de 2017 motoristas de Ontário passaram a ter a opção de marcar um "X" como um identificador de gênero em suas carteiras. Em Julho de 2017 os Territórios do Noroeste passaram a emitir certidões de nascimento com uma opção não-binária no marcador de gênero, o "X" também . Já na província de Newfoundland and Labrador a reviravolta foi o seguinte: Gemma Hickey, que é um ativista e advogade não-binárie de gênero, em junho de 2017 entrou na justiça solicitando uma nova certidão de nascimento pois Hickey se recusou a marcar as caixinhas M e F como definidores de seu gênero. Pegou uma caneta fez um rascunho na identidade e mostrou como queria que fosse feita. Hickey fez isso por meio da Lei Canadense de Direitos Humanos e a Carta Canadense de Direitos e Liberdades. E não é que o governo da província aceitou sem problema nenhum? Sim. A missão de Hickey era desafiar a lei de estatísticas vitais de Newfoundland. Mas como informa a CBC News, a província emendou a Lei de Estatísticas Vitais para adicionar uma opção de gênero adicional ao pedido de certidão de nascimento. A caixa vêm com o popular “X” e uma seção para especificar qual gênero/sexo. E em Dezembro do mesmo ano Hickey se apresentou aos estabelecimentos requeridos e recebeu sua nova certidão de nascimento se tornando a primeira pessoa do Canadá a ter uma certidão de nascimento não-binária na história. 
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O Canadá em geral também permite o marcador de gênero "X" para passaportes, e recentemente foi noticiado que o país deve incluir um terceiro gênero em censos oficiais que já estão sendo testados. Ainda, infelizmente, peca muito em relação as pessoas intersexo como outros países, mas o país foi o primeiro a registrar uma criança,  Searyl Atli Doty, com marcador de gênero/sexo “U” (aparentemente de neutralidade) em sua carteira de saúde, na Colúmbia Britânica. O pai, Kori Doty, que é uma pessoa não-binária, queria dar à criança a oportunidade de descobrir sua própria identidade de gênero . A província recusou-se a emitir uma certidão de nascimento à criança sem especificar feminino ou masculino; Kori entrou com um desafio legal. Kori Doty e outras sete pessoas trans e intersexo entraram com uma ação de direitos humanos contra a província.
Nos Estados Unidos já se somam 11 estados com jurisdições e legislações em pró da população trans, não binária e intersexo. Legislações que vai de carteira de motorista à um reconhecimento legal e amplo de 1 marcador de gênero unificado ou variados para pessoas não-binárias e ademais. Entre esses Estados estão os estados de Arkansas, Califórnia, Colorado, Washington, Maine, Minnesota, Nova York, Ohio, Oregon e Utah. São 11 de 50 estados. E no momento pode parecer muito pouco mas devemos considerar que esses números surgiram muito recentemente, de 2016 pra cá, o que mostra a rapidez com que isso vêm acontecendo e como os números podem crescer mais e mais daqui pra frente, mesmo com uma administração conservadora com a população trans, não-binária e intersexo de Donald Trump. Entre esses Estados vale destacar a Califórnia, que em Setembro de 2017 aprovou uma legislação reconhecendo a não-binariedade de gênero, com um terceiro marcador de gênero nas certidões de nascimento, carteiras de motorista e carteiras de identidade em geral. O projeto de lei, SB 179, também acabou com os requisitos de laudo médico e audiências obrigatórias para o requerimento de mudança de gênero para pessoas trans. Quase como a lei integral do Uruguai.
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Foto: Toni Atkins (San Diego) e Scott Wiener (São Francisco) senadorés autores da lei SB 179, que o governador Jerry Brown assinou em outubro. No Escritório do Estado Senador Toni Atkins.
Em agosto de 2018, no estado da Califórnia, o SCR-110 solicitou a criação de uma política clara que incentivasse o atraso dos procedimentos estéticos até que a pessoa intersexo tivesse idade suficiente para tomar uma decisão consensual. o SCR-110, se tratta de uma resolução aprovada pelo estado da Califórnia em agosto de 2018, foi a primeira legislação na história dos EUA a identificar os danos das intervenções médicas não consensuais em pessoas intersexuais. A resolução não vinculante, de autoria do interACT, Equality California , e do Senador do Estado da Califórnia, Scott Wiener , conclama a profissão médica a seguir as diretrizes internacionais de direitos humanos e adiar procedimentos não consensuais que afetariam a função sexual futura de uma pessoa - como vaginoplastias, orquiectomias, e reduções clitoridianas - até que ela possa participar da decisão. Representa um primeiro passo histórico em direção a políticas que centralizam os direitos e vozes dos intersexuais. Outros estados em reconhecimento e proteção legal das pessoas intersexo estão Washington D.C., New York, Ohio, Oregon, Utah, Washington State, New Jersey e Colorado.
O ‘X’ da questão 
Muitas dessas aplicações são questionáveis, e muitas nem se quer estão de acordo com nossas identidades e corpos, como o uso do X que indica uma nulidade. Por isso a importância da atenção e o diálogo das autoridades e profissionais com a nossa comunidade. Em 2018 tivemos mais casos do que anos anteriores. Se seguirmos no mesmo ritmo, em 9 ou 8 anos, mais da metade do território estadunidense terão reconhecido legalmente a não-binariedade em algum grau. E na América em geral serão 18 países aproximadamente de 35 países que compõe as Américas. E em 2031? Ou 2050? Será se estaremos olhando para esse passado, como quem olha uma má relíquia?
Texto por Dani Camel
Publicação para Mídia Queer
(@rexistencianaobinaria)
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midiaqueer · 5 years
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Sobre a matéria da BBC News Brasil
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TW: exorsexismo, definições equivocadas, apagamento de identidades, validação academicista, ironia.
Bem, mais uma vez perpetua-se a ideia de que pessoas não-binárias não são 'nem homem nem mulher'. Até porque não existem pessoas que são desses gêneros, e que fluem entre eles, que têm identidades relacionadas, né? Detalhe: só pessoas agênero ou sem uma identidade específica foram chamadas para as entrevistas. Hm...
Chamaram a primeira pessoa, que é agênero, de "indivíduo sem gênero definido". Sabe, não tem como você ter um gênero indefinido quando você não tem um gênero. 
"São pessoas que podem se sentir transitando entre os dois gêneros, sem necessariamente estar em um deles. São os indivíduos que resistem à normalização de gêneros. São pessoas cujos corpos denunciam uma resistência à imposição de normas". Uau, mais uma matéria sobre pessoas transgênero que botam uma pessoa cis da área da psiquiatria pra nos definir, e ainda de forma incompleta/equivocada. Incrível.
"A partir da década de 80, os estudos de gêneros passaram a abordar uma vertente que não incluía somente masculino ou feminino. Desde então, conforme especialistas consultados pela BBC News Brasil, surgiu o termo não-binários - também denominado por estudiosos como 'genderqueer'." Huh... o termo genderqueer não é propriedade de "estudiosos", tá? E não é apenas um sinônimo de não-bináries.
Bem, achei até positivo citarem a existência da neolinguagem. Porém, podiam ter explicado que existe uma linguagem universal e as linguagens pessoais, não? Não existe só o pronome elu e flexão com e. Resumir neolinguagem a "gênero neutro" é algo até esperável, mas ainda errado.
É importante falar sobre perguntar a linguagem da pessoa e respeitá-la. Só que existem pesos diferentes para pessoas que usam uma ou ambas as linguagens padrão e pessoas que usam neolinguagem. O fato da matéria tratar a única pessoa que usa pra si neolinguagem com a sintaxe neutra é uma evidência disso.
Eu até entendo por que ainda colocam esses detalhes. Mas seria tão bom ler uma matéria sobre pessoas trans/n-b sem menções a nomes mortos e gênero designado. E sem dar tanto foco a modificações corporais.
A parte de orientação sexual é bem ruim. "Entre os não-binários, assim como em casos de pessoas binárias", linguagem desumanizadora. Ninguém prestou atenção nisso? 
Ok... como pessoas que "não são nem homem ou mulher" podem se identificar como hétero ou homo? Só pra constar, sim, existem gays e lésbiques não-bináries. Mas dentro do contexto da matéria isso não é nada explicado. E a identidade heterossexual não funciona para pessoas n-b. A psiquiatra falou uma coisa bem sem sentido. Sério que ninguém parou um minuto pra se preocupar sobre a identidade sexual de pessoas n-b, sendo que as definições/ideias do senso comum de hétero, homo e bi são centradas em pessoas binárias?
"Alguns não-binários se definem como assexual - característica que, conforme estudiosos, também pode ser considerada uma orientação sexual." Assexualidade não precisa de "especialistas" pra ser validada, tá? E... precisava mesmo dizer que a pessoa "nunca beijou na boca"?
E poxa falaram de uma pessoa transmasculina e não usaram esse termo. Perderam a oportunidade de falar sobre  pessoas n-b transmasculinas e transfemininas.
"Tal característica, conforme especialistas no tema, não altera o fato de o indivíduo considerar que não pertence ao gênero masculino ou ao feminino." Precisou de especialistas pra afirmar isso? A palavra das próprias pessoas n-b não era suficiente? Já não é sabido que expressão de gênero e identidade de gênero são coisas distintas?
Pessoas não-binárias passam por muita coisa. Inclusive serem exotificadas em matérias sobre o tema feitas por pessoas cis que usam seus próprios parâmetros, mesmo quando não incluem o próprio grupo foco da matéria. "Hm, onde vi isso?"
Por fim, a psiquiatra frisa que pessoas n-b precisam ser vistas com base em estudos do tema. Mas, estudos com as vivências e terminologias dessas pessoas? Só assim para serem estudos de qualidade. Ah, e não é necessário estudos para validar o grupo, só ressaltando.
Então... que bom que existem espaços nos dando alguma voz ou visibilidade. Mas até quando seremos só criaturas exóticas dignas de uma matéria que fala em seus próprios termos, e não nos termos do grupo que ela se propõe a mostrar?
Assim como os tais estudos acadêmicos, me parece que somos só teoria, não somos as referências. Essa necessidade de botar "especialistas" nessas matérias me parece só uma forma de nos validar, porque só nossas vivências e palavras não bastam.
Mencionaram a neolinguagem, deram exemplos, mas optaram em usar a sintaxe neutra pra se referir a única pessoa da entrevista que usa pronome elu e flexão com e. Fazem uma matéria sobre pessoas que "não são homem ou mulher" e não podem usar devidamente a linguagem de uma pessoa que não usa as duas linguagens associadas aos gêneros binários?
Enfim, é isso que tenho a dizer sobre a matéria.
Estou escrevendo isso como uma análise a uma matéria lançada sobre pessoas não-binárias pela bbc news brasil. Fiz pontuações e comentei as faltas dela. Portanto recomendo que leiam essa matéria antes de prosseguir aqui, assim o artigo fará mais sentido: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47675093.
Já adianto que não achei a matéria ruim. Ela está boa em comparação a outras matérias sobre o assunto. Mas tem seus defeitos e esse blogue não existiria se fosse tudo perfeito.
Critica por Vitor Rubião em seu blog
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midiaqueer · 5 years
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Pessoas trans em projeto da Nasa: No Brasil me desrespeitam; nos EUA faço satélite
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(Imagem: Vivian Miranda é pesquisadora da Universidade do Arizona. Arquivo pessoal)
Em conversa com a Universa UOL, a carioca Vivian Miranda conta um pouco de sua história como a única brasileira trans em um projeto com a Nasa em que desenvolve um foguete avaliado em US$ 3,5 bilhões (R$ 13 bilhões). É também a primeira pessoa trans a fazer pós-doutorado em astrofísica na Universidade do Arizona, onde estuda atualmente. 
Vivian passou a transicionar a partir de 2016: gradativamente. Até mudar de nome. Na época, fazia o pós-doutorado na Universidade da Pensilvânia - sim, ela fez dois pós docs. Um ano depois, foi conversar com o chefe do departamento de física, onde estudava, sobre sua identidade de gênero. "Falei que queria mudar meu nome e usar o banheiro correspondente à quem eu sou. Ele disse que não tinha problema algum e que iria providenciar a sinalização adequada e discretamente conversar com meus colegas de trabalho", conta Vivian.
A astrofísica compara a visão das universidades americanas com o assunto à maneira como se fala do tema da identidade de gênero no Brasil - chamado de "ideologia" e de "doutrinação ideológica" pelo presidente Jair Bolsonaro. "Há o discurso de que a academia brasileira é ideologizada, de que lidar com transexualidade e abrir caminho para pesquisadores e professoras trans é uma patologia brasileira. A maneira como fui tratada nos Estados Unidos mostra que o respeitar pessoas trans é só uma questão de civilização."
Leia um pouco do relato de Vivian à Universa: 
"Fiz a graduação e o mestrado em física na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) de 2003 a 2010. Na época, ainda me chamava Vinicius. Não é um problema para mim falar do meu nome de registro. Tenho muito orgulho do que fiz como Vinicius; mas esse tempo passou. Hoje me chamo Vivian, sou pesquisadora do departamento de astrofísica da Universidade do Arizona, e única brasileira em um projeto com a Nasa para construção de um satélite. Ele se chama WFirst, tem previsão de lançamento para 2025 e deve ficar cinco anos no espaço, em um ponto localizado atrás da Lua, capturando imagens. Eu faço estudos que simulam como o satélite pode ter mais potencial de descobertas. Integro um grupo de pesquisa liderado pelo físico Adam Riess, ganhador do Nobel de 2011. 
Desde criança eu tinha consciência de que queria mudar de gênero.
Em 2016, comecei minha transição social gradual. Primeiro nos arredores de casa, expandindo pouco a pouco para meu bairro. Eu ia devagar, com roupas neutras e maquiagem leve. Às vezes um batom. Tudo planejado. No trabalho eu chegava com uma maquiagem leve, deixava as pessoas olharem e depois ficava alguns dias sem maquiagem nenhuma. Aí usava um brinco, tudo com delicadeza e cuidado. 
Minha abertura para a academia como um todo também ocorreu em dezembro de 2017, numa séria de e-mails para colaboradores e alunos mais próximos. O diretor do departamento de física da Universidade da Pensilvânia, quando soube, colocou cartazes nos banheiros dizendo que cada um usaria o sanitário de acordo com sua autoidentificação.
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("Ninguém jamais ousou opinar sobre a velocidade e a intensidade da minha transição", diz Vivian sobre tratamento dos colegas americanes)
Todes me apoiaram, desejaram felicidades na nova caminhada e continuaram a conversar e a trabalhar comigo normalmente. Ninguém jamais ousou opinar sobre a velocidade e a intensidade da minha transição. Esta era uma decisão pessoal e o papel deles era respeitar minha identidade gênero. Em junho de 2018, seis meses após minha abertura para academia, eu já era tratada como Vivian 100% do tempo, sem qualquer erro ou deslize. 
"Colegas no Brasil me deixaram desconfortável" 
No Brasil, tudo foi mais difícil. Ans pesquisadores com es quais trabalhava ficaram muito surpreses e externaram esse sentimento de um modo que me deixou desconfortável. Hoje em dia todes me apoiam abertamente, mas é importante enfatizar a diferença do tratamento inicial com relação ao que ocorreu nos Estados Unidos...  Fiz concursos em universidades brasileiras e meu nome social não foi respeitado nos documentos.
Em fevereiro de 2019 eu participei de um concurso para a Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e o tratamento foi o oposto. Eu fui entrevistada por mais de vinte professores, mas apenas uma única pessoa do RH tinha acesso ao meu nome de registro. Para todos os efeitos, o nome da candidata era Vivian Miranda e ponto final.
Fonte: Universa 
Editado e postado por Dani Camel
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midiaqueer · 5 years
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Manual sobre a linguagem de pessoas não-binárias em mídias traduzidas
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(Descrição de imagem: a palavra They escrita com letras grandes e acima dela há três símbolos; o símbolo de Marte, o símbolo de Vênus, e entre eles um símbolo misto.)
Equipes de dublagem e legendagem de mídias necessitam de cuidado com a linguagem pessoal de pessoas trans e não-binárias, dois grupos marginalizados que estão tendo mais e mais aparições e representações.
Personagens mulheres trans e homens trans estão há um tempo conquistando espaço. Pessoas não-binárias estão há pouco tempo ainda, com representações menores e bem menos frequentes em comparação às pessoas trans binárias.
Com mulheres trans e homens trans não há tanto segredo:
- mulheres usam artigo a, pronome ela, flexão com a, e marcadores de gênero socialmente femininos (ex: mãe).
- homens usam artigo o, pronome ele, flexão com o, e marcadores de gênero socialmente masculinos (ex: padre).
Agora quando se trata da questão de pessoas não-binárias, temos uma variedade que pode ou não estar dentro do convencional. Pessoas não-binárias podem adotar uma ou ambas linguagens aceitas pelas normas de nosso idioma, o português.
Porém é comum pessoas não-binárias que utilizam linguagens não aceitas pelas normas, como pronome elu e palavras flexionadas com e (linde, menine, etc). Para isso existe a proposta das neolinguagens, que visam incluir e validar essas linguagens fora do padrão.
Aqui vou falar especificamente de traduções de mídias estrangeiras para a língua portuguesa.
Em inglês existem os pronomes he (ele) e she (ela). E também o pronome they, que é o plural dos outros dois. Mas também tem um segundo uso previsto há séculos pelo idioma: como pronome singular neutro.
They é muito usado em situações em que o gênero de uma pessoa é desconhecido ou escondido. Assim como falamos no português “esqueceram esse objeto aqui” ou “me contaram uma coisa ontem”, they é usado com essa mesma finalidade.
E também é um pronome muito comum entre pessoas não-binárias que não se sentem contempladas por nenhuma das linguagens do padrão. Esse uso esteve crescente. E pessoas não-binárias que usam they estão aparecendo mais e mais.
Bem, vamos ao problema que quero discutir aqui, que é um grande vácuo entre a língua inglesa e a língua portuguesa. Uma pessoa que usa pronome they: que linguagem ela deve ter em nosso idioma?
Existe uma resposta certa? Bem, não exatamente.
Acredito que podemos separar as soluções, a princípio, em duas partes:
1- Se o estúdio responsável pela dublagem/legendagem estiver disposto, pode-se adotar a neolinguagem. Um exemplo recente disso é a dublagem da série Degrassi, que adotou o pronome elu para Yael, uma pessoa genderqueer. Ainda existe muita resistência à neolinguagem (mesmo que seja apenas uma pessoa num elenco inteiro que usa uma linguagem diferente). Por isso tomar esse caminho é se expor a críticas, chacotas, talvez boicotes. Mas, em comparação ao outro caminho, é menos trabalhoso para a equipe e mais ético.
Qual linguagem a ser utilizada vai precisar de discussão e pesquisa. Minha sugestão, se me perguntassem, seria usar a linguagem que esteve sendo mais aceita e difundida por grupos não-binários, que é a utilização do pronome elu e palavras flexionadas com e. Pode não haver artigo (algo até previsto pelas normas da língua), ou pode haver algum neoartigo (e, le, etc). Porém é possível pensar em outros neopronomes, como ile, el, e il.
2- Se o estúdio não estiver disposto a sair das normas da língua (e não acho que todo caso assim deveria ser julgado como apenas discriminação ou preguiça de enfrentar o sistema), bem, então acredito que temos três soluções:
A) adotar a outra linguagem designada para a pessoa.
B) utilizar ambas as linguagens.
C) optar por uma das linguagens usando um motivo pessoal.
O maior problema de se lidar com pessoas não-binárias é que muita gente prefere manter a linguagem designada, seguindo uma lógica de “a pessoa nasceu homem/mulher, então será essa tal linguagem”, o que perpetua opressão ao impor linguagens de acordo com o sexo biológico (algo que atinge pessoas trans binárias também).
Um exemplo disso foi o caso recente de Syd, ume* personagem da série Um Dia de Cada Vez (One Day At a Time). E para perceberem a ignorância e o despreparo ainda existentes, depois de reclamações apareceu legenda traduzindo they como “eles”, o que no contexto não fez o menor sentido e ficou ridículo.
E, falando disso, já vi essa mesma gafe sendo cometida em alguns outros espaços, onde numa tentativa falha de traduzir o pronome they, mesmo estando evidente que era um pronome individual, traduziram-no como eles. Isso inclusive aconteceu no Facebook.
O mínimo que um estúdio que não quer romper com normas limitantes e excludentes pode fazer é procurar a alternativa mais ética possível. Por isso, creio eu, que essas soluções podem ser viáveis, mesmo que modifiquem a particularidade original des personagens. Vou explicar cada uma.
A) Muitas pessoas não-binárias que desconhecem ou que rejeitam a neolinguagem procuram se encaixar como podem nas duas linguagens padrão. É muito comum então adotarem a outra linguagem designada a elas. Seria possível então colocar a pessoa declarando sua linguagem e talvez dizendo algum motivo (ex: “não quero a linguagem associada a meu gênero designado”).
Obs: Apenas fico com um pequeno receio de que essas pessoas sejam confundidas com pessoas trans binárias, ainda mais se não houver uma constatação explícita sobre a não-binariedade delas.
B) Há também pessoas não-binárias que preferem por muitos motivos adotar para si ambas as linguagens, podendo ter uma preferência maior por uma, podendo alternar com frequência entre elas. Uma pessoa não-binária usando linguagens diferentes em cenas diferentes pode ser uma boa referência, aliás.
Talvez seja interessante colocar a pessoa mostrando indiferença com a linguagem (assim aceitando qualquer uma) ou mostrando gostar de ambas.
C) Existem também pessoas não-binárias que utilizam as linguagens padrão associando-as com neutralidade ou disassociando-as de gêneros binários/qualidades femininas e masculinas. Como a norma usa a linguagem “masculina” para também neutralizar palavras e frases (“um homem e uma mulher são eles”), teoricamente, essa linguagem também é neutra por si só. Um personagem, mesmo designado homem, poderia usar essa linguagem seguindo essa lógica. E há pessoas que associam a linguagem “feminina” com a palavra pessoa, que é um termo neutro. Uma personagem, mesmo designada mulher, poderia explicar sua escolha assim, além de fazer muito uso da palavra pessoa para si para reforçar isso.
Aqui farei uma observação usando o exemplo da animação Steven Universe. Na história existe uma raça alienígena chamada Gem. E esses seres usam para si somente a linguagem “feminina”. Poderíamos talvez deduzir que para essa raça essa linguagem é única e sem gênero, visto que é uma raça sem sexo e sem concepções de gênero. Quando o personagem Steven, um menino meio-humano e meio-Gem, se funde magicamente com sua amiga Connie, se forma um novo ser chamado Stevonnie. Elu* usa originalmente pronome they. A dublagem optou em utilizar a linguagem “feminina”. Considero isso muito válido tanto por dar preferência à linguagem das Gems (Stevonnie ainda é 1/4 Gem) quanto por romper com o senso comum de usar a outra linguagem por haver um menino envolvido.
A solução C pode ainda abrir brecha para se manter a linguagem designada, mas antes tendo essas motivações do que seguindo a lógica opressiva do sexo biológico. O mínimo que os estúdios podem (e devem) fazer é respeitar a criação e a retratação das pessoas não-binárias. A representatividade é importante, assim como respeitar as individualidades.
Também considero muito válido e versátil usar a sintaxe neutra sempre que possível (ex: “você tem formação em qual área?”), usar palavras neutras para a pessoa, fazendo uso de outras palavras como “de” e “lhe” (“casa de Ariel”, “entregou-lhe o objeto”), evitar sempre que possível os pronomes. É uma alternativa que se torna mais difícil quanto mais recorrente for seu uso, mas não é algo impossível. Por isso quem não quiser se dar esse trabalho pode optar só pelas sugestões dadas acima, ou combinar essa alternativa com as demais.
Por mais que eu tenha dado alternativas dentro das normas, a tendência é que a neolinguagem se torne uma demanda impossível de se ignorar. Porque, bem, eu falei só de personagens que usam they. Agora como proceder com personagens que usam neopronomes como ze, ve, ey?
E mesmo personagens que usam they deveriam ter direito total e indiscutível a um neopronome do nosso idioma, considerando que o inglês prevê um pronome neutro e nossa língua, não. Quem merece mais respeito; um indivíduo ou uma língua? Lembrando que línguas podem mudar e estão aqui para criar comunicação, não excluir pessoas. Isso é uma gigantesca falta da língua portuguesa (e outras línguas) que denota um dos principais motivos da proposta da neolinguagem. Até quando vamos nos recusar a sermos fiéis às particularidades de personagens transgênero, sendo que mais e mais essa fidelidade será cobrada? Pensem no futuro.
Por enquanto acredito que isso é tudo que tenho a dizer sobre esse tópico. Gostaria muito que as ideias desse texto chegassem aos estúdios (e quem mais tiver interesse) e auxiliassem em representações dignas de pessoas não-binárias nas mídias.
*Para personagens que usam pronome they adapto o pronome para elu e uso flexão com e.
Fonte https://medium.com/@vitor_rubiao/manual-sobre-a-linguagem-de-pessoas-n%C3%A3o-bin%C3%A1rias-em-m%C3%ADdias-traduzidas-63b896928c93
Texto por  Vitor Rubião Vieira
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