Tumgik
misantroporn · 10 years
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"Você nunca me fala das coisas que ouve"
Quase um ano daquele café. Ou dois, ou três. Tanto faz. Alguém me diz como eu posso ouvir qualquer coisa agora. A xícara é a mesma, mas hoje foi de chá Mais um bilhete num guardanapo Mas dessa vez, só li de longe, amassei e joguei fora Queria arrancar os cabelos, quebrar a louça, voltar no tempo. Tudo, desde o começo. Apagar essas músicas da mente. Esquecer as cores e ir embora. Quando tudo ao redor virou ódio, meu amigo Não faz sentido escutar canções bonitas.
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misantroporn · 11 years
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vagalumes
Hoje é dia de ouvir aquela música que eu não gosto. Não mais, pelo menos. Já faz tempo que o tempo passou, mas parece que não. E cada verso é uma noite sem dormir, um grito sem sair, uma coisa que quebrou. Um, dois, três, cem cigarros de madrugada em cima da minha mesa. Uma, duas, três, mil palavras jogadas no lixo. E eu não sei se deveria ser grata por saber como é morrer. Quando não acredito mais nas palavras de ninguém. Estou vazia como o dia depois do Natal. por Camila de Souza
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misantroporn · 11 years
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Você sabe que chegou a hora. E não é porque faltou alguma coisa, porque o cansaço é grande ou porque respirar dói, comer dói, olhar pra cá dói. 
Chegou a hora porque sim. Porque, na verdade, antes era só uma preparação. Porque se tivesse acabado antes você ficaria triste. Mesmo não podendo mais sentir, você ficaria triste. E não é porque antes estava tudo bem. É porque não era a hora.
A hora chega quando você percebe. Quando não tem nada. Nada é ruim, nada corrói, nada bloqueia os ouvidos. É quando a paz não resolve. Quando o silêncio, o conforto, a liberdade, nada disso adianta. É aí que você sabe que chegou a hora.
Porque significa que não tem mais nada para consertar e, mesmo assim, não existe motivo pra seguir. Não tem perspectiva. Não tem futuro que valha mais do que o nada. 
Não adianta esperar, mas o único motivo ainda proíbe. Ainda é difícil se convencer de que o nada para você é mais importante do que muito para o outro. Porque vai ser difícil. Nem sempre é egoísmo, mas no seu caso sim. 
E aí você gasta esse tempo considerando os métodos. Ganhando minutos. Alimentando as desculpas. Tudo por falta de coragem. A vontade e a hora certa não bastam. É preciso remédios.
E muitos, para ter certeza. 
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misantroporn · 11 years
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Sobre pontos
odeio essas linhas emaranhadas os nós que não desenlaçam e as costuras fortes demais minhas tesouras, como eu, já cegas eu não consigo cortar os pedaços dos pontos que não cicatrizam
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misantroporn · 11 years
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;
Os fios de cabelo que eu arranquei ficaram no chão do seu quarto, como uma traição comigo mesma. Está lá - uma parte de mim - e eu quero estar aqui. Inteira.
Um dia, eu prometo que vou embora. Eu prometo aos meus pulsos e aos fios que sobrevivem. Se não funcionar, eu prometo que corto as unhas e escondo o estilete. Prometo que uso luvas quando for necessário.
Porque pontos finais já foram colocados muitos.
Masnenhum sem uma vírgula embaixo.
Não dessa vez.
Por Luiza
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misantroporn · 11 years
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desculpe-me
Espero que você tenha a compaixão que eu não tive para aceitar que, em casos como esse, a dor do outro é maior que a sua própria.
Por Luiza
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misantroporn · 11 years
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Tempo
Caminho pra ir pro trabalho. É por volta de uma e pouco da tarde e as colegiais gostosinhas e os adolescentes descolados voltam pra casa, depois de um dia monótono na escola.
Minha mente, que nunca cansa de me torturar, começa a pensar. Queria ter sido quem eu sou hoje aos 15 anos. Talvez eu tivesse aprendido mais cedo que o sofrimento me faria crescer, talvez eu não tivesse que passar tanto tempo sozinho, à mercê da opinião dos outros. Talvez eu não tivesse tentado agradar tanta gente escrota, que só merecia que lhes tivesse mandado tomar no cu.
No entanto... Eu seria quem sou hoje se eu fosse quem sou hoje aos 15 anos? Difícil dizer. Certamente, prefiro o que sou hoje do que quem era naquela época. Mas, realmente, queria ter aprendido mais cedo algumas coisas.
O tempo passou e, agora, aos 22 anos, eu nunca mais vou ser um punk de dezesseis. Eu nunca vou ter pego todas as gostosinhas do colégio. Eu nunca fiz todas aquelas coisas que queria ter feito e agora, a cada dia que passa, eu fico mais velho, mais atarefado, mais responsável, mais cheio de coisas de uma pretensa vida adulta.
Queria morrer enquanto ainda era jovem, mas agora eu já estou velho demais pra isso.
Por Thiago Lavado
Misantroporn
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misantroporn · 11 years
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Quero você. A aura de mistério que te envolve me faz quase ir além. Algo me faz sentir flutuando quando está perto. Acho que o não saber torna a experiência mais surreal. Ou talvez seja normal demais, cotidiano demais. 
Sabe, perdi a conta das vezes em que me impedi, quase no último instante, de tocar qualquer parte do teu corpo. Enumerar qualidades ou descrever as sensações que você me causa soa adolescentemente bobo, talvez até infantil. Mas existe outro jeito de confessar que...?
Não entendo você. Tento juntar as peças que correspondem às vezes em que percebi a recíproca de um sentimento. São poucas. Os sorrisos não contam; foram, quase sempre, reflexos de bondade e gentileza amiga. Quem sabe houve alguns olhares, de soslaio, timidez, ou, na última das hipóteses, tentativas de mostrar que sim, você também sente. Não consigo pensar em algo para dizer além de...
 Sonhei com você. Não lembro onde estávamos, com quem estávamos. Mas sonhos são assim, não? Lembro apenas de me perder brincando com o jeito como falava, como sorria com os olhos. O céu estava negro e infinito quando você me tocou e logo levantou, foi embora. Acordei. Acho que aconteceu... Amo você.
  Participação especial de Marina Mori
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misantroporn · 11 years
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rádio
Todas as noites ódio. Aprendeu a fechar os ouvidos. Ficou surda para o mundo em volta. Hoje não consegue prestar atenção nas notícias do rádio.
Por Luiza ]
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misantroporn · 11 years
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Invisível
Eu não entendo você.
Ou é mentira e entendo. Só quer dizer que quando entendi você fiquei assustada.
Quando mais perto eu chego, mais grandioso você parece. Tão dedicado, tão carinhoso.
Seu coração é muito grande mesmo, mas… O que é estranho é que…
Você ama mais os mais tortos, os alquebrados, os caídos.
Você quer consertar as pessoas, como se fosse o seu dever.
Você é trincado por dentro também, talvez seja por isso.
Mas você espera pelo objeto do seu amor supremo, aquela que mais precise de você. Alguém tão destruído que a missão da sua vida vai ser amar essa pessoa.
E eu fico me perguntando: por que não eu?
Por que eu sou invisível? Será que sou tão repulsiva ou será meu coração não é quebrado o suficiente pra você? Será que são os meus problemas que já não interessam mais você? Eu sei que você já precisou de mim, que já se importou comigo. Mas não é mais assim e eu posso ir embora sem falta.
Eu quero os seus cuidados, eu quero me entregar a você, que você me segure e me prometa que vai estar tudo bem.
Mas você não quer saber disso, você nem me enxerga. Cada palavra inocente da sua boca sobre o amor e a compaixão, cada palavra me corta e me mata, porque não posso preencher você. Não, ninguém do universo dos saudáveis poderia e, querendo ou não, eu estou no limite dele. Não estou no fundo do poço, não mais, e já entrei em termos com a minha escuridão. Eu devo ter esperanças demais para você.
Às vezes eu me pergunto se cada vez que eu morro por você, cada vez que eu me trinco mais, eu chego mais perto do seu coração. Mas isso é triste demais, doente demais. E se é doente demais para mim, acho que não sou digna do seu amor.
Eu queria segurar os seus pedacinhos, não ligo o quanto eles cortariam minhas calejadas mãos. Acho que na verdade somos parecidos, então por que você não olha pra mim?
Por quê?
Por que logo você?
Você, que como eu, gosta dos brinquedos quebrados.
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misantroporn · 11 years
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Dois mortos e quatro feridos
Um homem se envolve numa briga de bar e leva um tiro
Vinte minutos antes estava despreocupado e vivo
Uma mulher recebe uma ligação contando sobre o marido baleado
Vinte minutos antes estava feliz, cuidando do filho
 Um menino vê a mãe chorando e percebe algo errado
 Vinte minutos antes brincava e era anos mais jovem
 Um irmão descobre o culpado e busca vingança
 Vinte minutos antes era trabalhador e inocente
Uma mãe vê o filho ser levado pela policia
Vinte minutos antes tinha dois filhos e era desocupada aos domingos
                          Por Lucas Sales
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misantroporn · 11 years
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Haunted
It's at night, alone, facing pixels and the mental images of burning dreams that the scary thoughts of the future and the damn big deception that the present is, it's at this time of day that they come haunt me. I will always be haunted. 
Por Victor Parolin
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misantroporn · 11 years
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Delírios de um Suicida
Quem disse que o suicídio não pode ser bonito? Morrer por acreditar que já fez o que podia, por saber que já ajudou a salvar alguém, por querer estar em paz, libertar a si e aos outros. Numa madrugada de céu limpo, pular da janela e sentir-se abandonando o sofrimento da alma na situação extrema de sofrimento do corpo. No momento do baque com a calçada dura, fria e úmida da chuva, após inalar pela última vez o ar gelado da noite, ar que tantas vezes buscou ao abrir as janelas do quarto e sentir o sopro que esfria e traz vida. Morrer com um sorriso nos lábios, o sorriso triste que sempre esteve lá, lágrimas nos olhos e uma música amada na mente. Soa lindo para mim. “…pulou da janela enquanto testavam as luzes do carnaval” Por Camila de Souza
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misantroporn · 11 years
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Parei na esquina e deixei meus amigos atravessarem. O sol estava baixo e muito vermelho. Era o mesmo astro de sempre, mas diferente, era o sol de Campo Grande. Fiquei olhando para o céu, o contorno das nuvens e as luzes alaranjadas, não pensei em nada, só senti. Por alguns segundos fui transportado para outro lugar, à cidade da minha infância.
Aproveitei o encanto mais um pouco, meu tempo diminuía à medida que eles se afastavam. Dei uma última olhada, fechei os olhos, abri os braços e inspirei tentando guardar o máximo daquele momento.
Tomei coragem e voltei correndo até eles. Contei uma piada e falei uma gíria local, que soou vazia pra mim. Assim voltei à vida curitibana.
Por Lucas Sales
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misantroporn · 11 years
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Roupas-de-cama secando no varal
           Acordou tarde aquele dia. Tão tarde que já era o final da tarde. Quatro e meia não é bem a hora mais normal do mundo pra se levantar.
         Levantou da cama, de samba-canção e regata branca, calçou as pantufas e foi na cozinha passar um café. Puro e forte. Como sempre fazia. Ficou olhando a cafeteira elétrica passar o café, pensando no que já tinha perdido do seu dia. Não tinha ido à aula, tampouco trabalhar.
         — Foda-se. — pensou. Essse era o seu bom dia matinal agora. Tudo era “foda-se essa merda”.
         Não tinha mais vontade de comer, de sair, de falar com outras pessoas. Só queria comprar mais livros, fazer mais tatuagens, sentir mais dor. Se isolar em outros universos, fugir do que lhe aprisionava. O cheiro de café tomou conta da casa.
         Serviu uma caneca grande com uma imagem de Johnny Cash no interior da porcelana. Se machucara na noite anterior, pra ver se ainda sentia algo. Como na música, que não era de autoria do velho, mas tinha sido imortalizada por ele.
         Com a sua xícara, foi até a janela grande da sala, se apoiou no parapeito, mexeu na terra do canteiro com o dedo e ficou olhando pra cidade, que já se despedia de um dia de trabalho, enquanto ele dava olá a um novo dia seu. Lá fora, o vento soprava roupas-de-cama coloridas no varal que ficava no topo de um prédio, do outro lado da rua. Aquela cena lhe recordou tempos melhores, menos preocupantes, menos atormentado. As roupas dançavam ao vento como flâmulas. Lindas, molhadas, vibrantes, lembravam-no de sorrisos em tardes de verão. Tardes de infância que nunca mais voltariam. A despreocupação e o sossego desse sentimento jamais o completaria de novo.
         No prédio em frente, uma mulher limpava as janelas do sexto andar com um rodo e um pano. O sol brilhava forte e era um típica tarde de verão numa cidade fria. Sol brilhante, vento gelado. Aquela noite ia ser fria. Ficou olhando a mulher limpar a janela, até ela perder o equilíbrio e cair.
         A cena podia ter durado uma eternidade, mas durou só a efemeridade da vida. Vendo-o tomar sua xícara de café a mulher olha para ele, enquanto cai da janela do sexto andar naquela tarde quente de verão com brisa fria. Nos seus olhos, somente a súplica por mais um minuto de vida. Por mais uma chance. Ele se comove, por um breve instante, o instante que dura a queda. E então ela cai, atirada à calçada com a parte superior das costas. Contorcida, rasgada, arrebentada. A cidade percebe a tragédia. Um grito agudo de horror salta ao fundo.
         — Que merda. — A noite vai ser fria. Mais uma tragédia, menos comoção da parte dele.
         Resolve ligar a TV. As notícias não são melhores. Boate pega fogo e mata mais de duzentas pessoas, carbonizadas, asfixiadas; mais uma tragédia, menos comoção da parte dele. Atentado no oriente médio mata cem crianças em escola de ensino básico; mais uma tragédia, menos comoção da parte dele.
         Desligou a TV. Voltou pro quarto. Sentou na cama. Queria chorar, mas não conseguia. Queria sentir qualquer coisa, mas isso parecia impossível. Essa noite vai ser fria. Vai se machucar hoje à noite. Só pra ver se ainda sente algo.
  Por Thiago Lavado.
  www.misantroporn.tumblr.com
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misantroporn · 11 years
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mensagem/meio
O que importa mais: O que está escrito no pedaço de papel colado com fita no painel do carro em que você morreu, ou o fato que existe um papel colado com fita no painel? A música que toca, toca e toca enquanto seus pulmões lotam de água, ou o fato que existe uma música tocando? Por Victor Parolin
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misantroporn · 11 years
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Sobre Fogo
Os porteiros daquele prédio já me conhecem. Todas as noites, ao menos meia-hora naquele parquinho, sentada no banco ao lado do escorregador, às vezes com outro corpo, mas sempre sozinha. Todos as noites naquele mesmo banco, sento pra queimar quando minha alma pede fogo. Sinto um frio incurável, que só é aliviado pela chama que desce pela garganta ardendo e se aloja no meu peito, temporariamente, pra sair quando eu não a quiser mais. O trago longo, daqueles que dá pra ouvir, que fazem o cigarro brilhar forte, desliga meu cérebro por alguns minutos. Sinto o sangue correr com menos força, e parece que a dor no coração enfraquece também, enquanto me levanto tonta para tomar aquele caminho tradicionalmente meu. Levemente cambaleando, ando sob luzes amarelas até o portão do colégio onde estudei, pra sentar junto de um poste que tem meu nome escrito debaixo de algumas camadas de tinta. O fogo nos meus pulmões me acalma e machuca, como tantas outras coisas que adotei pela dualidade da qual nunca consegui fugir. Lembro de quando era criança, sentada naqueles bancos da escola, e não consigo não me perguntar quando foi que tudo desandou. Será que foi ali, onde vivi por 10 anos, que percebi pela primeira vez que gostava de queimar? Na cabine do banheiro em que matava aulas, no túnel escondido em que brincava de beijar, naquela mesa no canto da biblioteca onde podia passar o intervalo tranquila, na árvore que sentava pra alimentar meus diários, nos corredores escuros que aparecem em meus sonhos até hoje? Demorei pra entender as razões da destruição, que começou com traços incertos em mãos de criança e termina aqui, nessa praça, com mãos adultas que tremem de fraqueza - parte de fumar, parte da incapacidade de manter comida no estômago. Olho pra calçada e lembro de um fim de tarde e uma sacola, roubada da sala dos professores e cheia de giz colorido, que esmagamos na calçada pra deixar a praça sombria mais alegre. Choveu naquela semana. Gosto de destruir. Matando meus pulmões aos poucos, brinco de ser dona de mim mesma ao alternar tragadas longas e cigarros jamais fumados, deixados pra queimar sozinhos. Gosto do controle, de poder expelir o mal numa simples nuvem de fumaça e passar dias puros, só pra materializar novamente a dor em fogo depois. Dali a pouco, eles acabam, ou meu corpo já não aguenta mais e sinto o vômito bater na garganta, do jeito que bate todas as noites. É hora de soltar os cabelos, recolher o lixo e ir pra casa. Com a pressão baixa, é mais fácil de dormir, quem sabe não precise de remédios. Lanço o último olhar da noite para aqueles portões, e sigo novamente o meu caminho. Sempre voltando com passos incertos. Sempre perguntando se, dessa vez, o fogo conseguiu matar o que me mata. Sempre sabendo que só alimenta. Por Camila de Souza
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