p-pasargada

[p-pasargada]

Amarga depressão,

Você apareceu novamente, mais severa, mais sufocante e assustadora. Faltou ar para lidar com o que estava acontecendo e tantos soluços desesperados em meio às lágrimas para transbordar.⁣

Buscar ajuda quando a depressão chega é justificada por ser tão pesada para uma pessoa sozinha carregá-la, mas tão injusto e egoísta querer compartilhá-la com alguém. ⁣

Tantas vezes é melhor se fechar em um casulo, em que só é permitido nossa bagunça. Só nossos pensamentos, só a nossa voz. ⁣

Quando toda euforia está presente nos preenchemos de amores vazios, de noites rápidas e em raros momentos ficamos, uma vez que, sabemos quão doloroso vai ser se despedir, mesmo que naquele momento não se pense em nada, além do desejo de sentir. ⁣

Nunca fui boa em dizer um simples “Tchau”, porque sei que dificilmente alguém vai pretender ficar. ⁣

♡ Catarina (p-pasargada)

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A paz

Custa uma guerra

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“Sinto as palavras vindo e se desmancharem antes que eu possa descrevê-las”

— Livro Quando O Poeta Morre

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Querida bipolaridade,

É complicado te acompanhar, sentar do lado do passageiro e te deixar me levar para qualquer lugar. Há lugares ótimos que visitamos, fazemos compras, bebemos algumas (na maioria das vezes muitas) doses de álcool, marcamos encontros com pessoas desconhecidas para uma noite memorável e momentos únicos. Não pensamos em consequências, só desejamos ir. E vamos.

Tanta energia, tanta libido, tantos projetos e tantos sonhos. Conquistar o mundo? Fácil. Ideias novas? Sempre. Arriscar? Por que não? Se apaixonar por cada encontro? Fato.

Dias se passam.

Não tem mais nada disso. Tem uma caixa de lítio na mesinha do lado da cama. Um estabilizador de humor. Vontade alguma de sair da cama, de tomar banho mesmo quando sabe que precisa, uma casa toda bagunçada e que não faz mais sentido arrumar.

Um travesseiro cheio de lágrimas junto a uma coberta enrolada no corpo. Desejo de tomar todos os remédios possíveis e dormir eternamente. Vontade de fugir de si, por estar ficando sem forças para enfrentar tanto caos. As memórias já estão tão confusas.

O mapa com o caminho nunca existiu, foi mudando em cada rota. Chegamos aqui. Paramos o carro ou estamos dirigindo para a ponta do precipício?

Me deixe ir.

♡ Catarina (p-pasargada).

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Oi, pai.

Eu estou tão longe dos seus planos para mim. Hoje seria seu aniversário de 64 anos e é tão difícil não poder correr para os seus braços e só pedir um abraço forte.

Era tão nova quando você se foi e olha onde estou agora com 25 anos, desejando chutar o balde para ver o que ainda cai.

É tão árduo viver com o seu exemplo de luta, porque você enfrentou tudo até o último batimento cardíaco. E continua doloroso te deixar ir, como precisei deixar naquele dia ensolarado, sentada numa rede e esperando notícias suas.

A pior frase veio "Seu pai faleceu." e lembro até hoje de todo o mundo se ruir, de não ter mais nada. O mundo parou por alguns momentos, as vozes ficaram inaudíveis. Fugi para o quarto e dormi toda a tarde. Não pude estar ao seu lado nos últimos instantes. Uma culpa enorme por dias antes ter te culpado por não cumprir suas promessas. E você não cumpriu, não voltou para casa.

Já passaram 14 anos da sua morte e eu continuo e sempre irei sentir esse vazio. Essa vontade louca de poder te ouvir dizendo "Pinguela, você vai ficar bem", porque só em você acreditaria.

[p-pasargada]

O que está acontecendo com a minha vida? Eu tinha tudo para estar feliz agora. Uma casa. Um casamento com alguém que sabe-se como ainda diz me amar. Mas, cá estou eu, querendo arriscar tudo isso por meu coração não pertencer aqui.

Tudo foi desmoronando à passos lentos, inclusive eu. Cuidado com o que deseja, dizem. Desejei tanto ter alguém, construir uma família, mas não foi o suficiente. Sempre há algo que falta e esse desejo assusta tanto.

Você apostaria tudo para satisfazê-lo? Alguém ainda vai me amar e aceitar a loucura toda que sou? Vai entender minhas fases? Vai me abraçar em dias como esses que só penso em me matar? Vai cuidar em dias que eu estiver tomando decisões impulsivas?

Vai tomar café da manhã comigo? Vai acordar ao meu lado e dizer "Bom dia, linda!"? Vai dedilhar meus sinais e marcas que o corpo possui? Cheirar meu cabelo e me puxar sempre para perto?

Vai me deixar cuidar também? Me mostrar todos os lados vulneráveis?

Vamos crescer juntos? Será que estou arriscando demais para encontrar isso?

♡ Catarina (p-pasargada).

[p-pasargada]

Saí de uma gaiola tão depressa e entrei em uma pequena casa para não me perder no caminho. Quando percebi, estava mobiliando cada cômodo, tentando me colocar em cada espaço, mas nunca fui preenchida por nenhum cantinho.

Alterei as decorações, troquei a mobília de lugar para tentar alcançar a ideia do novo. Nova perspectiva, nova tentativa. E de tanto organizar, chegou uma hora que cansei, porque o que vinha de dentro, já não mudaria.

♡ Catarina (p-pasargada)

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acabe com tudo ou esse tudo acaba com você.

— substanciado

[p-pasargada]

A beleza das memórias existem por serem apenas memórias. Quem eu fui em cada instante daquele presente, já não existe mais. Quem tu foi, não existe mais. Quem nós fomos, já se perdeu.

E eu me agarrei tanto nessas memórias e o mais difícil, é que são boas. Mas, são só memórias, o sentimento não perdura. Eu já fui embora daquele instante, talvez tu esteja no processo de se prender à elas. Não faça isso. Não me permita te machucar tanto. Desprenda-se e me deixe ir.

A rotina vai doer, porque são coisas que nos apegamos, mas o mundo tá aí, tenha novos hábitos, acorde do outro lado da cama e não revisite os lugares em que fomos. Espera um pouquinho, porque dói bastante. Vai por mim.

Desmoronamos um castelo de cartas, construído com tantas expectativas, colocamos numa redoma e não deixamos ninguém assoprar, nem o vento. Talvez, esse tenha sido o problema. Protegemos demais o que viria de fora, mas o que tava dentro, se desmoronou aos poucos. Só demorou o processo, porque as cartas foram sendo retiradas uma de cada vez.

Quem vai tirar a última carta?

♡ Catarina (p-pasargada)

[p-pasargada]

E aí, você percebe que felicidade é só um estado, como qualquer outro. Não dura, quando se vê, já foi.

Por que isso não ocorre com a tristeza? Não se vai, mas acompanha pra todos os cantinhos, pelas frestas e por onde conseguir entrar.

Eu me apaixono facilmente pelo que fica em meio ao meu caos interno, por quem abraça todos os meus cacos e não tem pretensão de recolhê-los e me consertar, já que talvez eu não tenha mais jeito.

Será que me apaixonei pela minha própria tristeza, porque ela não vai? É o que tenho de mais seguro, por mais assombroso e torturante que seja viver assim.

O copo d'água já transbordou tantas vezes e segue o seu respingar em várias áreas. Mas, eu tô aqui, se consigo ficar em meio à tudo isso, talvez seja a razão para meus olhos brilharem, quando alguém escolhe ficar.

Isso serve para qualquer tipo de relação, desde românticas a amizades. Se fui suficiente boa para você estar aqui, significa tanto. Mas tanto.

Vez ou outra, nem eu quero ficar em mim. Vez ou outra, só quero ir e não voltar. Vez ou outra, só quero me despedir da minha bagunça e não tentar organizá-la. Vez ou outra, eu só quero desistir.

Entretanto, isso não pode acontecer, não é? Eu não desisto, as minhas escolhas batem na porta e me relembram que estou aqui por conta delas. Ser consciente é duro.

Entender todo o caminho que te trouxe até esse momento, até essas palavras e tomar consciência de que você foi o único que escolheu estar onde está.

Ainda assim, dói.

♡ Catarina (p-pasargada)

[p-pasargada]

nós estrangulamos nossos próprios corações.

bukowski. 

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gosto de gente que fica: coração é casa e não rua

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não era primavera quando você chegou, mas eu não achei que alguém pudesse se parecer tanto com ela.

eu não duvido que seja uma mentira de abril, você é demais para caber aqui. é irreal o que a essência do seu amor florescendo desperta em mim.

você é uma mentira de abril.

você é quem eu esperava mesmo sem saber. eu precisava da chegada de alguém tão você – fragmentado, reescrito, completo, bonito – alguém que me tirasse os limites dos pés plantados ao chão.

alguém que semeia, cresce, floresce e murcha. e semeia de novo, e cresce, e floresce e murcha.

alguém de recomeços.

alguém de afetos tão reais que torna as palavras difíceis de serem escritas.

alguém paradoxal, de caos e paz, que causa frio e dá calor.

alguém que traz a primavera em uma mentira de abril e nos faz mais fortes por fazer a gente se inundar em amor e depois ir embora.

mentira de abril.

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E no abismo eu me colapso

Acordei na beira do abismo novamente. Fazia um tempo que eu não me encontrava aqui. Naquela época eu pularia por você. Atualmente, eu pulo por causa de você.

E neste abismo avassalador e nostálgico, você me jogou sem saber. Acabei voando, mas desejando cair. Pois não suporto, em vida, o peso de um vôo solo, em um céu compartilhado de estrelas.

E no fim dessa relação, eu me tornei Ícaro. Almejei felicidade igual criança deseja doce. Tive queda, asas podadas, chame do que quiser.

Me tornei um abismo colapsando sobre si mesmo.

Escrito por @elciovicent no Instagram

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Acabou minha fantasia com você. Acabou as longas noites querendo te ter do meu lado, dividindo alguns lençóis. Acabou a espera de mensagens suas, durante o dia. É, acabou.

O velho discurso:

"Você é maravilhosa, linda e foi gostoso. Mas por isso mesmo não vou arriscar perder o que nós temos e isso já tá decidido para mim."

No fundo, isso importa? Mas, prometi a mim mesma: não vou insistir mais. Não vou te procurar mais.

Ontem, eu tive meu primeiro encontro casual foi ótimo e afirmou o que você disse na segunda-feira.

Cheguei em casa, um pouco mais tarde que o habitual, um pouco mais bêbada do que devia e viva, feliz.

Porém, sonhei com você. Acordei com tanta raiva, porque tinha acabado de conhecer outro homem e você ainda invadiu meus sonhos.

Nessa hora, me dei conta que não importa mesmo a performance de um encontro, mas é uma série de outras coisas sendo encaixadas também.

— Pasárgada

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domingo

é a monotonia sentimental.

é quando a saudade de quem partiu, se faz mais presente.

é quando o vazio no peito, grita.

[p-pasargada]

Eu te odiei por todas as coisas que você fez eu amar em você.