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É com grande prazer que damos as boas vindas à CORNELIA THEODORA BROWN, de 27 ANOS. As fofocas dizem que ela se parece muito com ADELAIDE KANE, mas ela é apenas uma selecionada vinda de HONDORAGUA que pertence à CASTA SETE. Seja muito bem vinda, NELLIE.

Quando nascera de alguma forma parecia adivinhar a miserável existência que lhe esperava, a criança raquítica e fraca gritara ao topo de seus pequenos pulmões dia e noite sem parar por um ano inteiro. Quieta, era assim que a menina se tornara do dia para a noite, quase como se de alguma forma lhe fosse dado a entender que quanto mais chorasse mais motivos lhe seriam dados para chorar. Ao contrário do que seus pais sempre diziam e resmungavam, Cornelia não era uma criança difícil e sim eles eram terríveis pais, não que um dia ela perceberia isso, afinal quem notaria os maus tratos infringidos as 7 crianças da família Brown que viviam numa pequena fazenda caindo aos pedaços nas terras inférteis de Hondaragua. Afastados de tudo e de todos Cornelia ou melhor, Nellie nunca desconfiara que existia algo de errado em sua família quando seus progenitores os negligenciavam, a falta de comida, o trabalho árduo nas plantações de trigo, muita vez mais cansados e menos alimentados do que os animais que criavam, os sete irmãos dividiam as tarefas entre si, o castigo por não fazer-las era muito pior do que a constante fadiga e exaustão, e de alguma forma no fim do dia mesmo quando faziam todas suas tarefas um dos sete irmãos parecia ser quase que sorteado para mais uma punição. Nellie era sortuda em certas partes, terceira filha do casal, seus dois irmãos mais velhos Nikolau e Markus quase sempre conseguiam proteger-la e quando era inevitável eles estavam sempre ao seu lado enquanto recebia sua sentença. Nem tudo era absolutamente ruim, os irmãos tinham entre si um elo absolutamente puro, com tantas dificuldades em seu caminho eram bastante unidos com um senso de comunidade invejável.

Sonhadora, era assim que seus pais zombavam de Nellie, como se sonhar fosse a maior piada do século “meus sonhos são apenas estúpidos” faziam a menina repetir, e pouco a pouco fora o que Cornelia acabará por acreditar, ela não era ninguém, não tinha nada. Para economizar energia, Cornelia e seus irmãos não eram permitidos de usar nada elétrico sem permissão, por isso assistir televisão era basicamente fora de questão, mas claro que para Dhalia e Charles, seus irmãos caçulas e rebeldes nada era fora dos limites, os dois revezavam a noite para ficar quase que de guarita enquanto o outro assistia o que quer que estivesse passando na televisão. Embora quase sempre petrificada de medo de ser pega com os irmãos, Cornelia parecia não conseguir evitar de assistir mesmo que por alguns segundos a vida no castelo real, tudo parecia tão mais leve e distante de sua realidade que ela não conseguia evitar de sonhar acordada com aquela vida, e para falar a verdade aquilo fora algo que a aproximara bastante de Dhalia que era completamente obcecada pela realeza. Lembra-se como se fora ontem o dia que sua irmã não parava de cantarolar enquanto trabalhavam, até mesmo seus pais acharam anormal o quão feliz Dhalia parecia, e ao fim do longo dia de trabalho dos Browns a mais nova pedira ou melhor, implorara para que seus pais a deixassem se inscrever para a seleção do príncipe, mas como ela poderia ousar em ser tão positiva? Com isto seus pais descobriram o passatempo especial de Charles e Dhalia, mas temendo do que poderia acontecer com eles, Cornelia assumira a culpa, dizendo que os dois apenas sabiam de tudo aquilo por causa dela, com isso a morena lembra apenas de trabalhar por dois dias sem qualquer gota d’água até ouvir o barulho se seu corpo contra o chão, os gritos de seus irmãos tentando a ajudar e em partes o alívio de achar que finalmente tudo aquilo iria acabar. Felizmente ou infelizmente, Nellie apenas havia desmaiado de exaustão, mas aquilo impulsionou certa coragem em Dhalia, que embora não poderia se inscrever para a seleção, inscrevera quem mais amava e admirava Cornelia, sem que a mesma sequer desconfiasse.

Você pode imaginar a surpresa de Cornelia quando ouvira do celeiro seus pais gritarem seu nome, e o completo choque em seu rosto ao ver sua foto na televisão, sendo uma das escolhidas para a seleção, seu coração batia tão rápido que sua cabeça começara a girar, podia jurar que quase sentia um pingo de alegria mas com certeza estava confusa por pela primeira vez em sua vida sentir os braços de sua mãe ao seu redor, um abraço, embora ela soubesse que não era real ela se permitiu descansar ali poucos segundos, estava de fato surpresa que seus pais estavam tão receptivos com a ideia, fora ali que ela entendera o motivo pelo qual eles estavam tão felizes: eles teriam a oportunidade de mudarem de casta, de serem ricos as custas de Nellie. Ela queria se recusar ali a participar ou a expor as tramoias ou falta de caráter e abuso de seus pais, mas claro, eles eram mais espertos do que ela jamais poderia ser: se ela falasse pra qualquer pessoa da realidade que vivera eles iriam sumir com seus irmãos e claro, aquilo era algo que Cornelia não podia arriscar.

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