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#bruna serralha
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As capas de disco do ano de 2017
Com a quantidade de músicas, discos, singles e vídeos produzidos no mundo, seria muito cretino colocar aqui um título como “as melhores capas de disco de 2017″. Nem se eu não tivesse mais nenhuma outra atividade na vida seria capaz de acompanhar, um a um, os lançamentos de todos os discos que saíram no ano, no mundo inteiro. Os discos que chegam pra nós são um misto de um interesse genuíno, nossa história pessoal, as indicações dos amigos e a força dos algoritmos. No Facebook, Youtube, Last.fm e, mais recentemente, Spotify, as descobertas da semana ou o radar de novidades direcionam as nossas escutas para o que tem grande chance de agradar nossos ouvidos. Facilita ao mesmo tempo que limita.
Não sou da geração que ia às lojas de vinis e comprava o disco pela capa sem nem fazer ideia de como seria o som. Mas continuo partindo da lógica de que uma capa interessante (nem bonita nem feia) tem mais chances comigo. Já descobri bandas incríveis por conta deste blog. Também me decepcionei com discos péssimos escondidos atrás de capas incríveis.
Dito isso, a seleção de capas que destaco em 2017 já vem com esse filtro. É um registro, portanto, incompleto. Foi o que apareceu pra mim ao longo do ano em qualquer lugar: internet, sites de música, listas dos amigos, instagram, redes sociais. Muitos destes artistas fizeram os discos que eu de fato ouvi durante o ano. Fiz um recorte para uma técnica específica que considero que brilhou muito em 2017: a fotografia. Foram tantos retratos incríveis, expressivos, reveladores, que ficou difícil não fazer essa correlação. Grandes nomes da música internacional como Kendrick Lamar e SZA, por exemplo, optaram por fotos. Por aqui não foi diferente. As sensacionais capas de Rincon Sapiência e Linn da Quebrada não me deixam mentir. Gosto de pensar na fotografia no que se refere (sdds Dilma) às capas de disco como o diálogo o mais franco possível com o interlocutor, sem muitas viagens ou curvas. 
As 15 que aparecem aqui são a seleção do meu coração. Capas que, aposto, daqui a 5 anos ainda serão icônicas. Até o fim do ano vou postar uma lista bem maior de menções honrosas, ainda seguindo o tema da fotografia.
Vamos às minhas escolhas, ordenadas por data de lançamento, não sem antes fazer um apelo: músicos, estamos em 2017. Convidem mulheres para assinar as capas de vocês, PORRA! [Das 15 capas registradas aqui, 5 têm mina assinando foto ou projeto gráfico e a diferença vai aumentar nas menções honrosas]
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Capas do Brasil
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Djonga - Heresia [13/03]
A capa do primeiro disco do rapper mineiro Djonga é uma homenagem ao Clube da Esquina. A capa traz o rapper duplicado, na mesma pose dos garotos Cacau e Tonho, fotografados por Cafi há mais de 40 anos numa estrada em Friburgo, região serrana do Rio. Atenção aos detalhes: o primeiro Djonga sorri e está descalço, com o pãozinho na mão. O segundo está sério, de tênis, com as mãos por cima dos joelhos. O trabalho é assinado por Daniel Assis (foto) e Bruna Serralha (tratamento/fusão/arte), sócios do 176 Studio. 
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Hamilton de Holanda Quinteto - Casa de Bituca [28/04]
Outro disco de 2017 que faz referência ao Clube da Esquina. Para a capa de Casa de Bituca, do Hamilton de Holanda Quinteto, o carioca Rafaê Silva fotografou algumas casas de inteiro e outras casas soltas pelas florestas. A escolhida para o disco foi feita em Lumiar, distrito de Nova Friburgo. Essa é a mesma região em que Cafi fez alguns dos icônicos registros que foram parar nos discos do Clube da Esquina. 
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Rincon Sapiência - Galanga Livre [25/05]
Não dá pra ficar imune a essa capa. A identidade visual foi feita pela dupla de Lucas (Bacic e Falcão), sócios da Savia Design&Branding. As fotos da capa e do encarte são do Renato Stockler. 
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As Bahias e a Cozinha Mineira - Bixa [01/09]
Fazer música no Brasil de 2017 parece ser complicado até para quem tem o mundo a seu favor. No caso dessa histórica geração que temos visto de perto, não basta um som extremamente poderoso, com letras ácidas e necessárias. Cada passo é uma afirmação. Sendo assim, estampar a capa de Bixa, segundo disco d’As Bahias e a Cozinha Mineira, com este belo retrato de Assucena Assucena e Raquel Virgínia é, para elas, devolver o tapa que recebem da sociedade todo santo dia. "Um antídoto contra reacionário”. O título Bixa é uma homenagem aos 40 anos do álbum Bicho, de Caetano Veloso. A capa é assinada pelo fotógrafo Gui Paganini.
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Baco Exú do Blues - Esú [04/09]
Em Esú, o rapper soteropolitano Diogo Moncorvo trava uma batalha entre o divino e o humano. Com letras ao mesmo tempo rasgadas e curiosamente românticas, apresenta uma provocação mais que necessária nos dias atuais - e que se completa com a imagem da capa. Nela, o homem ergue os braços aos céus em frente à Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, em Salvador. A foto é assinada por David Campbell. Tipografia é de Gabriel Sicuro e a edição de Eric Mello.
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Xênia França - Xenia [29/09]
O ano também foi dela. Tomando emprestadas as referências que compõem o Aláfia, grupo da qual Xênia França é vocalista, passando pela profundidade e estética de Solange com um toque de dendê, a cantora entrega 13 faixas em que afirma que “do lado de dentro rainha sou eu”. Disco bem brasileiro, mas que a grafia sem acento circunflexo no nome Xenia na capa já indica um olhar ao público internacional. Os responsáveis por nos apresentarem esta deusa são Oga Mendonça, assinando direção artística e design gráfico, e o fotógrafo Tomás Arthuzzi.
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Macaco Bong - Deixa Quieto [04/10]
Aos 45 do segundo tempo, essa foto pipoca no meu celular. A banda mato grossense Macaco Bong acerta na homenagem ao clássico Nevermind do Nirvana equilibrando releitura sem pesar na reverência - o fato de ser todo instrumental ajuda. Smells like teen spirit, por exemplo, vira Smiles Nike Tim Sprite! O pulo do gato é a capa. A foto do bebê catando a nota de um dólar, ícone da cultura pop e reproduzida à exaustão, foi substituída por um velho pronto para o ataque. A imagem é creditada a Chris Sparshott. Sem essa capa, seria apenas mais um disco de covers do Nirvana.
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Linn da Quebrada - Pajubá [06/10]
Já que é para lançar disco, que seja com 16 faixas e com vídeo para cada uma delas. Se visual album é uma moda retomada por Beyoncé, a rainha Linn da Quebrada segue logo o exemplo de quem interessa. As páginas do encarte de Pajubá, seu disco de estreia, se dividem em letras explícitas e uma série de imagens feitas na Casa Nem, lar de acolhimento de pessoas trans, na Lapa (Rio de Janeiro). A capa é um retrato da combinação de afirmação e bom humor que são uma marca de Linn: uma mulher que adota a clássica técnica de alisar o cabelo com ferro quente. As fotos são de Nu Abe e o design gráfico de Kako Arancibia.
Gringas
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Lula Pena - Archivo Pittoresco (Portugal) [27/01]
Não aparecer para ser ouvida. Como em [phados] e troubadour, os dois lançamentos anteriores da portuguesa Lula Pena, Archivo Pittoresco soa como um convite. Parece ser um disco que não se encerra ali: ela canta em grego, francês, Elomar, Violeta Parra. Tão experimental quanto a música, a capa é, de certa maneira, assinada por três pessoas, como explica Lula Pena em uma entrevista feita por inbox: 
“A imagem da capa é uma 'selfie', digamos. Recorri ao vídeo, seleccionando um frame. Não era minha intenção 'aparecer', só queria mesmo a sombra do Ganso, mas a editora insistiu. A Silvia Baldan é a designer da editora que fez a arte final a partir desses elementos e a Catarina Limão filmou esse clip a partir de ideias que visualizei, mas também onde não queria 'aparecer'. Foi um trabalho a várias mãos e braços, semeado por mim, mas que tive que deixar ganhar forma sem mim".
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Thundercat - Drunk (U.S.A.) [24/02]
"Tem um ar totalmente natural... Me senti bem, como se estivesse buscando por alguém", contou em entrevista ao Independent o músico e produtor Thundercat sobre a capa de Drunk, seu terceiro disco. A brilhante foto da capa foi feita por seu amigo, o ilustrador e comediante Zack Fox, na piscina do músico Flying Lotus.
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Kendrick Lamar - Damn (U.S.A.) [14/04]
Diferentemente do tom político da capa de To Pimp a Butterfliy, o retrato de Damn alcança, nas palavras do designer Vlad Sepetov, um tom “escandaloso e abrasivo”. Toda a expressividade da voz e interpretação de Kendrick também sai por cada poro na foto. O adesivo de conteúdo explícito também foi posicionado num local não convencional para que ele pudesse fazer parte do design.
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Feist - Pleasure (Canadá) [28/04]
Feist parece não caber dentro de uma foto digital. Toda a sensibilidade de sua música só floresce em papeis, microfones e máquinas fotográficas analógicas. “Obrigada por me deixar seguir você por aí depois de anoitecer”, disse a fotógrafa Cass Bird sobre a produção da foto da capa de Pleasure.
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SZA - Ctrl (U.S.A.) [09/06]
A capa de Ctrl, disco de estreia de SZA, mostra a cantora sentada em frente a uma coleção de computadores, teclados e impressoras antigos. A foto foi feita por sua amiga e parceira criativa Sage Adams (Sage Art Stuff).
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Brand New - Science Fiction (U.S.A.) [17/08]
Vale a pena passear uns minutinhos no portfólio do sueco Thobias Fäldt. O seu trabalho é cheio de fotos que te fazem olhar, e depois olhar de novo só pra tentar entender o que tá acontecendo. Ele assina a foto da capa de Science Fiction, primeiro álbum de inéditas do Brand New após 8 anos sem discos.
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Benjamin Clementine - I Tell A Fly (Inglaterra) [29/09]
Um dos retratos mais expressivos da temporada. A ideia de Benjamin Clementine é que este disco seja ouvido como uma peça. O tom teatral das músicas de I Tell A Fly se transporta magicamente para a capa com o cabelo meio de lado, a forma como Clementine segura a mala, os ombros duros e a expressão séria e atenta. A foto é de Craig McDean e o design do estúdio Akatre.
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portfoliodoreal · 6 years
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Artista - Don Cesão  Música - Destino Albúm - Don Produção Musical - Gee Rocha / GO Direção - Assis176 / Bruna Serralha / Marco P. Grilo Direção de Fotografia - Assis176 Câmera - Marco P Grilo Edição/Cor - Bruna Serralha Beleza - Tati Bressan Bailarinos - Isabella Rodriguez / Michael Fideles Assistente Gerais - Nicole Balestro / Rogério Real Produção - 176 Studio 
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cover-jpg · 7 years
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Capas do Brasil: Clube da Esquina
Enquanto tirava fotos de nuvens ciganas no céu de Nova Friburgo, o fotógrafo pernambucano Cafi flagrou o descanso de dois amigos à beira de uma estrada. A imagem foi parar na capa do vinil de Clube da Esquina.
Apesar da diferença de idade de 10 anos entre Bituca e Lô, a semelhança física dos personagens da foto e os músicos fez a lenda de que os fotografados eram, de fato, Milton e Lô, perdurar por quarenta anos. Um dos discos mais importantes da cultura brasileira é também dono de uma das mais icônicas capas de disco da nossa música.
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Em 2017 vimos duas capas fazerem reverência ao Clube da Esquina, disco de Milton Nascimento e Lô Borges, de 1972.
Djonga
Lançado em março, o primeiro disco do rapper mineiro Djonga é uma homenagem explícita à capa do Clube.
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A capa traz o rapper duplicado, na mesma pose dos garotos, com atenção aos detalhes: o primeiro Djonga sorri e está descalço com o pãozinho na mão. O segundo está sério, de tênis com as mãos por cima dos joelhos.
O trabalho é assinado por Daniel Assis (foto) e Bruna Serralha (tratamento/fusão/arte), sócios do 176studio.
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Djonga e a referência
Casa de Bituca
Saindo do rap e indo até o choro, o Hamilton de Holanda Quinteto lançou em abril Casa de Bituca, disco quase todo instrumental que passeia pelo universo de Milton Nascimento. 
Carioca de nascimento, Bituca mudou-se para Três Pontas ainda criança, e soube cantar como poucos o que significa ser mineiro - essa coisa difícil de explicar. 
Assim como o disco, a imagem que ilustra Casa de Bituca busca fazer uma referência direta, mas não óbvia, ao universo de Milton. Para mim, como mineira, foi impossível não enxergar nessa foto as inúmeras casinhas do Maquiné, Ravena, Barão de Cocais, Caeté e Santa Bárbara, lugares onde meus pais e avós nasceram e foram criados. 
Desde então também ficou difícil andar de carro pela Serra do Cipó ou Oliveira sem encontrar diversas casas de bituca pelas estradas de terra. 
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Foi difícil achar o fotógrafo Rafaê Silva nas interwebs, viu? Isso porque a imprensa insiste em creditá-lo como Rafael Silva nas fotos de Hamilton de Holanda Quinteto e outros artistas da música.
O Rafaê me relatou por e-mail aquela que é a mais incrível de todas as coincidências: 
“A ideia inicial deles até então seria uma casinha de passarinho João de Barro. Depois conversamos bastante e o Marcos [Portinari, empresário do grupo] me pediu uma foto de algumas casas de inteiro, casas soltas pela florestas também. A foto foi feita em uma casa muito especial em Lumiar. Foi feita em película 35 mm eu só tinha 3 fotos no filme e foram exatamente as 3 fotos que tem”.
Lumiar, o lugar onde esta foto foi tirada é um dos distritos de Nova Friburgo. Foi nesse caminho de região serrana de mata atlântica, na separação entre Rio e Belo Horizonte, que Cafi registrou tantas imagens que foram parar em alguns encartes do clube. 
Tonho e Cacau
Publicado originalmente em 15 de março de 2012, o caderno especial do Jornal Estado de Minas fez uma homenagem aos 40 anos do lançamento que pegou até Milton e Lô (os reais oficiais) de surpresa. O grande destaque era a reportagem de Ana Clara Brant (sobrinha de Fernando Brant, também do Clube) que relata a busca pelos dois meninos desconhecidos. 
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A busca envolveu uma viagem a Nova Friburgo, a ajuda de 53 pessoas, anúncio numa rádio local e algumas reviravoltas. O reencontro dos amigos de infância foi registrado pelo fotógrafo do jornal, Túlio Santos. Tonho, o “Lô” da foto, trabalhava a um quarteirão do hotel onde estava a equipe do jornal. 
“Alguém do carro me gritou e eu sorri. Estava comendo um pedaço de pão que alguém tinha me dado, porque eu estava morrendo de fome, e para variar descalço. Até hoje não gosto muito de usar sapato. Mas nunca soube que estava na capa de um disco. A minha mãe vai ficar até emocionada. A gente nunca teve foto de quando era menino”.
Cacau, o “Milton”, mudou-se para Rio das Ostras, mas foi até Nova Friburgo para passar a história a limpo. Ele contou à reportagem que não se lembrava do exato momento da foto, mas que anos depois, em Macaé, se deparou com a capa do Clube da Esquina e desconfiou. 
“Coloquei a mão sobre a minha foto e fiquei reparando aquele olhar. Achei que era eu mesmo e acabei comprando o CD, porque o LP não tinha mais. Até queria um para poder guardar”.
Para ler a reportagem completa, é só clicar aqui.
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