"Midsize e a hipocrisia"
Esses dias estava vagando pela internet e me deparo com um termo novo (não é tão novo, mas para mim foi) para descrever tipos de corpos. Não me levem a mal, eu gostei (até) de que exista um termo que refina as buscas de looks e inspirações no app vizinho muito usado que começa com a letra P. Aliás essa é a minha rede social preferida pra organização de diversos temas.
Mas então, vocês perguntam: "Vanessa, o que te deixou incomodada afinal?" O modo como vêem esse tipo de corpo.
Fui procurar mais sobre e é exatamente o meu tipo de corpo "tamanho médio" e com certeza de mais da metade da população brasileira. É um corpo nem magro e nem gordo. Não é um 38 e nem um extra grande ou plus-size. Mas porque esse termo só ganhou biscoito agora? Acredito que seja a necessidade de uma organização de padronagens, tais como as numerações. Mas o irritante de ver são os looks e feeds padronizados estilo "gringa" bombando com o termo. Sendo que se você olhar no espelho, procurar na sua família ou na esquina da sua casa, vai encontrar uma mulher midsize. Que é a mulher brasileira, com suas curvas e sendo feliz com isso. É o que deveria acontecer, mas não acontece, porque o padrão "ultra, magra gringa" não está lá e não vai estar, porque somos BRASILEIRAS, não mulheres européias de 1,80 e tá tudo bem não ser.
Aqui vai mais uma história engraçada (era triste, mas eu decidi não dar tanta importância e ficou engraçada). Quando eu tinha meus 15, 16 anos e estava quase que com o corpo totalmente formando e a puberdade quase acabando, eu notei que eu não era uma menina magra como as da minha sala. Eu usava 42/44 e continuo usando (dependendo da roupa é até 46, e tudo bem, corpos existem e mudam). Mas eu odiava meu quadril largo, achava que chamava muito atenção negativa, e ainda tinha minhas coxas grossas, era o pacote do ódio. Eu tinha uma colega que usava 36 e até aí tudo bem, mas ela insistia em me comparar com ela e dizer que minhas pernas grossas eram quase que o tamanho dobrado das dela. Me chamou de gorda na cara dura (como se isso fosse ofensa). E qual o problema de ser gorda? Nenhum. Ninguém é obrigado a ser igual a todo mundo. Mas eu fiquei triste, depois irritada (porque como uma boa ariana com lua em gêmeos, eu funciono assim, KKK)
Mas aí, como eu sabia que queria seguir a carreira em moda, eu assistia aquele programa que passava aos sábados no canal 4, sobre moda e um certo "esquadrão", que se é que me entende é uma bela porcaria, porque cria padrões, desmerece os tipos de corpos e ninguém precisa disso. E por causa desse programa eu inventei de querer uma calça reta pra "disfarçar" o meu quadril, mesmo odiando esse modelo de calça. Achei que ia disfarçar alguma coisa e não mudou nada, meu quadril é largo e estava lá, e hoje eu vejo que não tinha e não tem problema (te amo meu quadril de 112 cm), somos lindes, tendo quadril largo ou não.
E quando entrei no terceiro ano do ensino médio, ainda me achava "gorda", ora pelo quadril, ora pela gordurinha na barriga ou pelo braço de "pãozinho." Todos normais, mas que eu achava todo "errado"! Mas eu procurava não ligar porque eu precisava de uma faculdade, depois eu emagrecia (olha o pensamento doido da pessoa).
Enfim em 2013 entrei na faculdade, com pessoas que não tinham o mesmo padrão financeiro pobre como o meu (e se tinham, escondiam com todas as forças pra não serem zoados e taxados de pobretões). E me deparei com um novo tipo de corpo ideal: usar 34, 36 e no máximo 38. Sabe a conversa que o Nigel tem com a Andy na fila do refeitório no "Diabo veste Prada" sobre os novos tamanhos "padrões"?, pois ela é real e existiu durante a minha faculdade de moda. E casos estejam curiosos eu me formei na universidade de três letras, que misturam dois bairros paulistanos: um com o nome do estádio do SPFC e outro com o nome do sambódromo da cidade de São Paulo. Me digam depois se conseguiram adivinha, KKK.
Mas voltando, eu fiquei chocada com esse padrão, porque com 18 anos claramente não iria conseguir aquela numeração. Como uma pessoa que usa 42 vai alcançar o 34 sem prejudicar o seu corpo? Isso de modo "saudável" no mínimo assusta. Detalhe éramos estudantes de moda, porque diacho era necessário ter medidas de modelos de 1,70 da Victoria Secret's??? Eu nem estava sendo paga por aquilo.
Eu até procurava umas dietas doidas e uma exercícios, mas nunca colocava em prática. Graças a Deus e minha mamãe que sempre dizia que era linda daquele tamanho e que se falavam mal era inveja. Hahaha.
Na minha sala tinha um grupo no Facebook de uns 3 ou 4 alunos que se achavam o próprio Christian Dior e a Chanel pra discutir sobre os looks dos colegas da sala e falar mal das roupas de "pobres" repetidas e dos "pesos" fora da tabela. Resultado: todo mundo se pegava se policiando nos seus looks pra não ir parar no grupo e ser mal comentado.
Eu sei que eu peguei um ódio daqueles três, que sempre evitava eles pra evitar um barraco no meio da universidade. Sim, eu desço do salto bonito e discuti inúmeras vezes na faculdade.
Mas eu não sei o que se deu com esse grupo, tanto de pessoas quanto de Facebook, porque eles deixaram o curso no segundo semestre. E a paz reinou. Ou não. Realmente não. Pois sempre rolava as comparações entre as meninas do curso: por altura, tamanho do busto, cintura, quadril, enfim a festa toda errada.
Lembro que passei de soutien 42 pra 46 (porque meu corpo terminou de formar) e toda a hora tinha alguma menina me perguntando se era silicone, quantas ml era (tipo, hum?) Sendo que eu morro de medo de cirurgia. E até parece que de um dia pro outro eu teria feito uma cirurgia tão invasiva. Deus me free. Eu sempre achei bonito busto grande e quando finalmente tive (porque na minha família tinha) eu comecei a achar exagerado por causa desses comentários. Virou meu quadril parte II. Mas não liguei muito, eu liguei o "dane-se" e tá ligado até agora sobre esse assunto.
Essa foi uma das minhas histórias sobre padrões corporais na minha vida e carreira.
Por isso acho chato seguir o padrão Pinterest da gringa, só porque ganhou um nome do que toda brasileira tem. Porque em resumo não tem biscoito pro seu, pro nosso tipo de corpo. Todos somos lindes e perfeites do jeito que somos e bem entendemos ser.
Não importa o que você seje ou escolheu ser, mas se ame. Procure se amar. Aceite seu belo corpo. Seja ele do jeito que for.
Não existe padrão de corpo bonite pra você. Seje você mesmo e se curta do jeito que é.
Não se importe com o termo sobre o seu corpo, "dentro ou fora" se moda. Use o que bem entenda e se quiser usar o midsize ou plus size pra se inspirar, use, mas não deixe isso te definir.
Afinal, o corpo é seu e cada um cuida como quiser. Apenas se ame.
É isso, fades.
Comenta sua história com "padrões" pra gente bater uns papos.
Por hoje é só. Fiquem bem e saudáveis. Até a próxima.
Abraços de BR!
Vanessa. Fada 1.
:: Playlist 1# ::
Pra esse texto eu separei duas músicas que ouvi faz pouco tempo, tá, nem tanto tempo assim. Kkkk
1. Just Right - GOT7. Ouvi em 2017 e fez um bem danado pra minha auto estima pós graduação. Que é em resumo que somos lindes do jeito que somos.
2. Healing - Seventeen. É sobre cura e de aproveitar o que realmente importa para nós mesmos. E deixar de lado tanto comentário e situação negativa.
Link da Playlist:
https://open.spotify.com/playlist/731AnWHu34d4WMF6SmzLbr?si=f1006ec39cd542b9
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