Tumgik
#poesia assertiva
marcogiovenale · 7 months
Text
audio completo della presentazione di "cose chiuse fuori" a udine, 16 feb. 2024 - a cura di scart_poesia
_ https://slowforward.files.wordpress.com/2024/02/scart-presenta-marco-giovenale.mp3 _ https://www.ninoaragnoeditore.it/opera/cose-chiuse-fuori
Tumblr media
View On WordPress
0 notes
Text
Tumblr media
ㅤㅤ⸻ TRECHO #OO2 / uma das páginas do diário de guinevere, 2014.
ㅤㅤHoje está chuvoso, o que poderia contribuir para a melancolia geral dos fatos, porém eu não sou poeta e nem gosto muito do floreio da poesia. O que a chuva tem a ver com a minha vida? Talvez algum dia eu consiga olhar a vida com um olhar mais bucólico, mas não hoje e nem quero deixar isso maior do que deveria.
ㅤㅤHoje eu fui encontrar meu pai. Porque? Não faço ideia. A verdade é que desde que fiquei sabendo sobre esse tal Projeto Chronos, estar envolvida sem saber ou consentir a isso e todo o caos causado me fizeram ficar confusa. E eu odeio ficar confusa! Por um momento achei que meu pai podia ajudar a pensar direito nisso já que eu sempre fico alerta perto dele, mais ágil e lógica, mas não sei.
ㅤㅤFoi a dinâmica de sempre. Aproveitei que ele veio palestrar na The Los Angeles Astronomical Society e fui atrás dele; ainda bem porque fiquei sabendo que ele vai ter uma conferência na Noruega em duas semanas e, provavelmente, vai ficar por lá por um bom tempo. Demorou um pouco pra ele me reconhecer, me confundiu com uma assistente e depois falou o mesmo comentário de sempre. "Você é igual a sua mãe" e todo mundo sabe o que isso significa. Demorou mais ainda me fazer entender porque eu simplesmente não podia falar diretamente e ele estava muito preocupado que eu mexesse nos papéis dele. Ás vezes eu me pergunto se ele se dá conta que eu já tenho vinte e dois anos e não sou a menina que ficava como a sombra dele... Eu já sei essa resposta.
ㅤㅤAcabei criando uma situação totalmente aleatória, disse que era um projeto do clube de astronomia e precisávamos de uma entrevista com alguém que entendesse sobre buracos de minhoca e quem poderia ser melhor do que ele? Afagar o ego dele com ciência sempre funcionou. Precisei escutá-lo falar sobre buracos de minhoca, fazer perguntas genéricas que o fizeram revirar os olhos e vê-lo devanear sozinho dentro do assunto; o que, por si só, era algo interessante de ser ver e o motivo de tantos pagarem para vê-lo palestrar. Ou se matarem de estudar para fazer parte das suas equipes de pesquisa. Finalmente, consegui perguntar para ele sobre o que ele faria se tivesse descoberto algo sobre o assunto que mudaria o rumo da humanidade, porém ele não poderia ter certeza se isso teria um resultado positivo ou negativo.
ㅤㅤ"Você é igual a sua mãe", ele falou pela segunda vez naquele dia, "sempre procurando ética e moral dentro da ciência, por isso nunca seria uma boa astrofísica. Não importa o que vai acontecer se é algo intrínseco da natureza do universo. Do que adianta debater se é algo ético, se levará a destruição da humanidade ou algo do tipo? Se é possível de ser descoberto e usado, se existe e só basta que olhemos da forma correta, do que adianta? Uma hora ou outra vão descobrir, que seja por mim." Ele tinha razão, eu percebi isso, porém ele falaria isso se soubesse das coisas que eu sei? Ele perdeu o pouco da paciência depois disso e voltou a fazer seus cálculos. Eu tentei tirar mais alguma coisa, mas eu sei a hora de desistir de uma batalha e vim embora.
ㅤㅤAgora eu estou aqui pensando nisso sem ter muita certeza do porque de ter ido lá, sabendo de tudo que eu sei. Sobre a viagem e, principalmente, sobre meu pai. Do que adiantou saber a opinião dele? Continuo aqui pensando no que fazer e com a ideia ainda mais forte de que não importa muito se eu vou ou se eu fico porque, no fim das contas, quem vai se importar? Talvez seja sobre isso, talvez o pessoal do Chronos esteja certo. Se eu tivesse descoberto a viagem, não iria me aproveitar disso? Até onde vai a minha moral diante de um trunfo tão único? Obviamente, eu seria muito mais assertiva com os cálculos e os testes, mas ainda assim... Será que não vale a pena eu ir para o futuro, caso eu não morra antes disso?
ㅤㅤPelo menos farei isso por mim, mesmo que... Por mais quanto tempo eu vou sentir falta de algo que eu nunca conheci?
5 notes · View notes
Text
18 de agosto, 2023.
Enfrentei com coragem suicida.
Dar a mão é como um ato.
Fiz isso instintivamente ao lembrar do texto de Clarice.
As luzes se acendendo aos poucos pelo corredor.
As sombras do Cícero na parede.
Senti a dor e êxtase de estar ali.
Me senti sorrindo.
Depois senti meu corpo.
De todos os gestos e de todas as cores.
Parecia que todas as lógicas tinham sido quebradas.
Sem protocolos.
Agora mais consciente.
Com a companhia da amizade mais assertiva que tive.
Talvez eu devesse sair mais, penso baixinho.
Logo chego em casa.
E tudo volta ao normal.
Tudo passou.
Mas o estado de poesia ficou.
Volto então a escrever.
Como criança que conheceu o herói real.
O escritor que mora em mim volta.
Já nem ando com canetas.
Elas estão todas aqui.
Ainda escreverei tudo isso em livro.
Senti o mundo sorrindo de novo.
Como a vez que vi um porco pela primeira vez.
Senti como se tivesse dado a mão a alguém.
Eu mesmo me dei a mão de estar ali.
Estamos cansados, digo baixinho.
A verdade é um contato interior e inexplicável.
Sinto que agora estou vivendo de fato.
Sentir o mundo nas mãos.
Apenas por ser eu mesmo.
Talvez eu tenha sido rude comigo, digo baixinho.
A luz do palco se acende.
O meu corpo começa dar indícios de falha.
Preciso tomar o emergencial.
O início de uma crise é evitada.
Junto com o sentimento de estar vivo.
De saber que o corpo vai falhar mesmo.
Que se existir alma, a minha estaria transbordando.
Penso que além das trilhas e de shows do Cícero,
Talvez eu queira passar um tempo longe da tela.
Talvez até longe de casa.
Fora do hiperfoco.
Mas só de pensar,
Agora estou aqui desenvolvendo de novo.
Quero acordar amanhã.
E quero que a rotina quebre.
Sem que isso arda ou cause rebuliço.
Que cause encanto por estar se desfazendo.
E tudo ser mutável.
Pois se assim não fosse,
Não teria tido tanta graça.
De estar ali.
Quero ser feliz.
7 notes · View notes
leituranlouisecruz · 2 years
Text
O fazer poético de João Cabral
João Cabral (JC) é um escritor que, tal como os poetas parnasianos, constrói sua poesia como um engenheiro. Seu fazer poético está voltado para o rigor com a forma e a linguagem.
Segundo o crítico literário João Alexandre Barbosa, JC trabalha com a quantidade mínima de vocábulos utilizando  ‘a linguagem do mínimo’. No que diz respeito ao vocabulário, JC emprega substantivos concretos, privilegiando a impressão palpável sobre a abstração. Em outras palavras: ao desenvolver seu fazer poético, JC aposta na concretude e não na transcendência das palavras. Explicamos: sua poesia passa pelos sentidos mas, é essencialmente racional.
Para outro estudioso, Luiz Costa Lima, JC é anti-lírico posto que não acredita na poesia atrelada ao sentimentalismo e ao irracionalismo, características congênitas do lirismo.
De acordo com o crítico literário Antônio Carlos Secchin, a poética de JC é a poética do menos (e não do pouco), uma vez que diz tudo com o mínimo ou quase nada. Para tanto, JC emprega linguagem árida (seca, dura) e enxuta. Emprega uma linguagem sem excessos; ‘a linguagem do mínimo’. Segundo a tese defendida por Secchin, essa poesia incorpora e propaga o real pobre e miserável; o real de inúmeras carências geográficas e humanas vivenciado no sertão nordestino.
Nesse ponto, nosso entendimento sobre o fazer poético de JC permite-nos afirmar que sua ‘poesia árida’ é utilizada em prol do engajamento social e político do poeta em favor dos desvalidos socioeconomicamente daquela região geográfica do Brasil. Admitida como correta tal assertiva, percebemos que o projeto estético e ético de JC estão interconectados. E, segundo esse nosso entendimento, é fácil entendermos a razão do rigor e do extremo cuidado com o aspecto formal constituírem-se obsessões do poeta: eles constróem sentidos e imagens que se entrelaçam. Dessa forma, para JC, o poema é uma ‘máquina de linguagem’, i.e, cada palavra e imagem adquirem sentidos na interconexão que estabelecem com a vizinhança e, sobretudo, com o poema como um todo.
Vale salientar que a ‘linguagem do mínimo’ de JC não significa linguagem descomplicada; sequer complicada ao extremo. Para entendê-la, o leitor deve se esforçar, uma vez que a poesia de JC é racional.. cerebral... desorientadora... desconcertante. Explicamos: JC não explicita; sugere. Quando nomeia; JC pode estar querendo disfarçar, distorcer ou, até mesmo, confundir.
Por último, mas não em menor importância, comentamos que JC aproxima-se de Graciliano Ramos no que tange à preocupação e à obsessão com a linguagem. Exemplificamos: na obra Vidas Secas, Graciliano Ramos utiliza ‘a linguagem do mínimo’ para exprimir não somente pobreza vocabular das personagens; mas, também, para transmitir uma realidade com muitas carências na qual as personagens estão inseridas. Vejamos: Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos dominavam apenas “as mesmas vinte palavras”, significando que, além de não serem alfabetizados, não precisavam mais que esse restrito vocabulário para dar conta de nomear a duríssima realidade circundante. Isso porque a realidade que os envolvia não era pobre apenas pela miséria, pela falta de trabalho e de comida; mas, também, era carente de conteúdo e de esperança. Uma vida árida (por demais enxuta, seca) que não se renovava, que estava presa ao ciclo das secas.
Indico acessar o vídeo (disponível no LEITURAN® - Youtube) Impressões sobre o Livro Vidas Secas de Graciliano Ramos em diálogo com um poema e hqs.
OBSERVAÇÃO: Amigos leitores, peço-lhes gentilmente que respeitem os direitos autorais. Caso queiram utilizar algumas passagens de quaisquer textos meus aqui postados no Tumblr, por favor, referenciem meu nome e minha página nessa e em outra(s) redes sociais. LEITURAN® agradece! ❤️
2 notes · View notes
sensiveto · 2 years
Text
tal.vez (título provisório)
talvez já não seja esse o momento de desistir? se bem que acho que já é bem tarde para isso né! sempre há pelo menos alguma vez na vida, em que percebemos um certo "bug na matrix" ao estilo a la français de déjà vu, penso do erro cometido repetidas vezes. só que também há uma sensação incompreendida nesse lapso de tempo, estar preso talvez num clip sem nexo e sem retrocesso que na verdade é tudo proposital nesse meu show particular, como já dizia Cazuza, e é bem aqui que me encontro bem perdido para ser sincero (...) gosto desse lugar das reflexões, das músicas e referências cinematográficas. se há alguma razão incerta de ser mensurada por agora, de estar em sintonia com as minhas tomadas de decisões, logo as minhas deveriam me circunstanciar por mais espirais vezes que aconteçam. porque uma vez aprendi e desde então me valho dessa máxima que me convence por demais, que o coração é duvidoso e é tão enganoso quanto aos nossos sentimentos. me permito a continuar a errar e falhar miseravelmente comigo mesmo, repetidas vezes, mesmo sabendo dessa inconstância que me conflita ao perceber a vida acontecendo de novo. se cometo tais escolhas por ventura de viver mais do mesmo ou só de até sobre vivenciar a incoerência certeira de estar intrínseco e introspectivo de mim! tal é a vez que me contenho, talvez! e por vir disso, tá sendo uma consequência dolorosa de assimilar, pois não me falta tempo para arrependimentos, muito pelo contrário, sinto-me que já tardei nessa insistência boba por medo de mudar. erro e sofro para sentir um pouco menos de mim ou continuo para me enganar o suficiente de que ainda não estou pronto, e por isso me perco nesse marasmo viciante que é retomar às minhas sensações enganosas, porém, tão verdadeiras de mim que se torna impossível não prosseguir. mais que complicado é complexo. o que a falta de uma boa terapia intensiva faz, sob receios de erros passados e entre novas vontades de falhar, para encontrar-me menos duvidoso e inseguro destas questões, que vez outra a poesia me convém exortar tais pensamentos medrosos. é curioso como que o passar dos acontecimentos ilusórios da vida não são tão suficientes assim para nos saciar dessa vontade de viver. é como se fosso gostoso permanecer no erro, sendo que não, é desejo de ter outros erros, é contar sobre profundos fracassos como a Pitty me canta, uns silenciados e ignorados sob nosso julgo interno e outros expansivos a ponto de sobre qualquer alusão ao êxito, por mais vil que se sejam, será que nenhuma particularidade é descartada quando toda sentença é assertiva de repetitivos erros?! será que tal consequência de errar bonito e bem feito é um sofrer aceitável de se tornar desagradável?! incerto de até quando não errar mais trará sinônimo sobre sofrer?! errante e satisfeito na sua eloquência indolorosa. até que se prove do contraditório na alternância irracional e sentimental de mudar-se constantemente. pois aqui jaz um desabafo solitário.
0 notes
truthsofaheart · 2 years
Text
Tato para a vida
Naquele dia eu desejei a morte...
Desejar a morte não necessariamente é almejar o fim da vida
Eu amava a vida, eu sabia
Foi isso que me fez hesitar
Mas a vida vem acompanhada de contrastes
A disparidade soa a expressão da unicidade
Pánta Hèn
Você foi meu ponto de paz
Mas agora onde está você?
Te disse que eu odiava estar sempre certa
Mas eu sempre tenho a razão
Gostaria que não fosse assim
Na casa de apostas, todas as fichas são minhas
Eu acerto
Chamo isso de tato pra vida
Sabedoria inata
Observação assertiva
Não morri
Você não está aqui
E o que eu faço com esse despertamento?
Quero dormir
Eles estão todos num sono profundo
Me deixe sonhar
Não quero ganhar 
Pra que serve o tato pra vida ? 
Quero a ignorância e a poesia
Me aparte da filosofia
Renuncio a razão... 
Pesam meus ombros
Não amo o saber
Eu o detesto!
0 notes
Photo
Tumblr media
Nuovo post su https://is.gd/vr7LMN
Celestino Cominale (1722-1785), l'uggianese che osò sfidare Newton
di Armando Polito
Isaac Newton in una stampa del XIX secolo (disegno di Joseph Théodore Richomme (1785-1849), incisione di Ephraïm Conquy (1809-1843) e Celestino Cominale in una incisione di P. Iore tratta da Domenico Martuscelli (a cura di), Biografie degli uomini illustri del Regno di Napoli, tomo IX, Gervasi, Napoli, 1822.
  Probabilmente le giovani generazioni, salentine e non,  di Newton (1642-1726) non conoscono nemmeno il famoso aneddoto della mela, e non per colpa loro …
Taglio la testa al toro ricordando solo che Isacco Newton godette ai suoi tempi di tanto prestigio che, riferito a lui, si può benissimo usare l’ipse dixit (l’ha detto lui), che aveva sancito prima l’autorità di Pitagora (VI-V secolo a. C.) e, poi, nel Medioevo, quella di Aristotele (IV secolo a. C.).
Forse, e ripeto forse …,  la scienza è l’unico campo in cui il successo non suscita invidia e, con l’invidia, l’antipatia. Tutti, o quasi tutti, si rassegnano all’ipse dixit e si guardano bene dal dire la loro, anche quando, magari, sono attrezzati a farlo.
Con Newton, però, Celestino Cominale non si tirò indietro, attrezzato com’era, anche caratterialmente.
Nato a Uggiano la Chiesa (LE), Aveva iniziato gli studi letterari e filosofici a Lecce nel Collegio dei Padri Gesuiti. Continuò poi con la fisica, la matematica, la botanica, l’astronomia e la medicina, studi che perfezionò a Napoli. Esercitò la professione di medico con maestria tanto da essere chiamato anche a Roma per ragioni professionali. Insegnò nelle Università di Roma, Bologna, Padova e Pisa. Nel 1770 ritornò ad Uggiano continuando i suoi studi fino alla morte.
La poliedricità del suo ingegno e l’ampio spettro degli studi fatti si riflettono nelle sue pubblicazioni:
Anti-newtonianismi  in quattro tomi pubblicati da Benedetto Gessari a Napoli nel 1754, nel 1756, nel 1769 e nel 1770.
Historia physico-medica epidemiae neapolitanae anni MDCCLXIV, Francesco Morello, Napoli, 1764
Nel frontespizio della prima, sulla quale torneremo subito, si legge Anti-newtonianismi pars prima, in qua Newtoni de coloribus sistema evertitur, et nova de coloribus theoria luculentissimis experimentis demonstratur opera ac studio Caelestini Cominale m(edicinae) D(octoris) in Regio Archi-gymnasio Neapolitano Philosophiae Professoris (Prima parte dell’Antinewtonianismo, nella quale a Newton in base alla geometria viene demolito a partire dai propri principi  il sistema sui colori e una nuova teoria sui colori viene dimostrata con eccellenti esempi dall’opera e dallo studio di Celestino Cominale Dottore di Medicina, Professore di Filosofia nel Regio Archiginnasio napoletano).
In quello della seconda: Historia Phisico-medica e pidemiae neapolitanae an(no) MDCCLXIV opera ac studio Caelestini Cominale in Regio Archi-gymnasio neapolitano Philosophiae, et Matheseos Professoris elucubrata ( Storia fisico-medica dell’epidemia napoletana nell’anno 1764 elaborata ad opera e cura di Celestino Cominale Professore di Filosofia e Matematica nel Regio Archiginnasio napoletano).
Il lettore avrà già capito che connessa col titolo di questo post è la prima opera nella quale già dal titolo traspare una coraggiosa vis polemica nei confronti delle teorie dello scienziato inglese.
L’ugentino appartiene alla ristrettissima schiera di antinewtoniani1, ma è l’unico a dichiararlo senza mezzi termini a partire dal titolo. Dovette vedersela, fra l’altro, anche con un conterraneo, Oronzo Amorosi di Galatone, newtoniano sfegatato, come all’epoca erano, l’ho già detto, i più. Dello scontro tra i due nulla sapremmo,  se nel 1821 Vincenzo Lillo non avesse copiato l’autografo del galatonese e se Gabriella Guerrieri non ne avesse curato la pubblicazione (titolo: Gara letteraria inedita tra i signori Oronzo Amorosi di Galatone e Celestino Cominale di Uggiano della Chiesa copiata dall’autografo di esso Amorosi da Vincenzo Lillo, 1821) per i tipi di Conte a Lecce nel 1999.
Bisogna dire, però, che pur nella marea di critiche2 al nostro basate sulla cieca fiducia nell’Anglo che tanta ala vi stese (Ugo Foscolo, Dei sepolcri, 163), si levò qualche voce più prudente, invocando per lui una sorta di beneficio d’inventario.
La più autorevole fu senz’altro quella dell’abate Giovanni Antonio Battarra3 di Rimini in una lettera del 22 luglio 16704: … Vengo in secondo luogo a dirvi, come nel Settembre del 1754 io mi ritrovava una mattina in Cagli presso Monsig. Bertocci Vescovo degnissimo di quella Città, e che, a dirvela senza adulazione, è uno di quei Vescovi , che mi piace, perché oltre molte belle sue doti , ha quella di esser molto portato per la buona letteratura, e stima molto le persone di lettere. Discorrendo pertanto insieme di cose erudite, in compagnia dell’Abate Agostini mio amicissimo, Prevosto di quella Cattedrale, presso del quale io mi trattenni alcuni giorni, esso Monsignore mi comunicò un articolo delle Novelle Letterarie di Venezia5, in cui si dava ragguaglio, che un certo  Dottor Celestino Cominale Lettor di Fisica nell’Università di Napoli aveva pubblicato il primo Tomo d’una sua Opera intitolata Anti-Newtonianismi Pars prima, in qua Newtoni de Coloribus systema ex propriis principis geometrice evertitur, et nova de Coloribus historia luculentissimis experimentis demonstratur, etc.
In questo articolo si riferivano tutti i Capitoli dell’opera, dove con mia maraviglia veniva attaccato il Newton nelle dottrine più sode e più sublimi, e corroborate anche colle più decisive sperienze, che ha nell’opere sue. A tale avviso mi voltai a quel Prelato sorridendo e dissi: -Potrebbe il Cominale aver addentato un osso più duro de’ suoi denti? -. Due anni dopo l’Autore pubblicò la seconda Parte di questa sua opera spiritosa, e con un cambio della mia operetta de’Funghi6 feci acquisto fra altri libri anche di quest’opera da me cotanto desiderata. La lessi, e rilessi, con attenzione; e se debbo dirvela schietta, è vero che l’Autore si conosce che è un giovane intraprendente e pien di fuoco, e un po’ troppo Metafisico, che non lascia nemmeno sulle spalle del Newton  fermar le mosche; tuttavia vi ho lette molte buone cose, et quidem7 molto ben ragionate, e se si fosse contentato di distruggere soltanto, e di non edificare altrimenti, avrebbe fatto miglior colpo. Io qui mi protesto in quanto al merito della causa di parlare in aria, perciocché, come sapete, io mi trovo in una Città, che è senza presidii di macchine fisiche,e non ho potuto aver il contento di rifar quelle sperienze, che son contrarie alle conclusioni del Newton. Ho tentato di farle rifare nelle più culte Università d’Italia, e toltone una, che a stento mi è riuscito di avere per la parte di Bologna, per cui il Cominale parmi che vada al di sotto, io non ho potuto aver altro. Anzi consultati vari Lettori primari di Fisica di queste più celebri Università d’Italia per opera de’ miei amici, quattro anni dopo che l’opera del Cominale era alle stampe, chi mi facea dire che il Cominale non l’avea incentrata, chi mi dicea che, avendo letto l’uno e l’altro Autore, non cessava d’esser Newtoiiano, e chi perfino ebbe il coraggio di asserire che ancorché le sperienze del Cominale fossero vere, tanto la dottrina del Newton non sarebbe a terra; ma a certi dubbi proposti a questa assertiva, da due anni in qua, ho ancora d’aver risposta.
Ora dico io: la nostra Italia, che è la madre della Letteratura Europea, che bella figura farà presso gli Oltramontani nel lasciar correre quest’opera ingiudicata? Io ho sempre creduto che fosse principalmente dovere de’ Professori delle Università nostre esaminare somiglievol causa, e riconoscendola trattata con imposture, e vaniloqui, castigarne l’Autore con la dovuta censura; e se il Sig. Cominale è veridico nelle sue sperienze, e non sono soggette a critica, perché non inalzarlo all’onor della palma8 sopra un Eroe, le cui dottrine vengono tanto venerate da tutto il mondo letterario? Vedete un poco di risvegliare questa premura in codesti vostri Fisici, che son quasi i soli, che mi restano da stimolare in Italia. Addio. 
Ci fu pure chi stigmatizzò in versi l’audacia di Celestino. Di seguito un sonetto del salentino Leonardo Antonio Forleo9, con cui chiudo questo lavoro.
 – L’Anglo paventia – ardito uomb dicea
 – che leggi imporre all’universo ardisce:
vedrà, vedrà se il labbro mio mentisce
e il gran valor di mia sublime idea -.
– Ferma! – disse ragion. Ma quei volgea
la penna incauta, che sistemi ordisce;
ma credendo ferir ei non ferisce,
creduto vincitor vinto cadea.
Quest’inutili assalti espose al riso:
segni di suo valor furono allora,
ma d’un valor dalla ragion diviso.
Musac abbenchéd perditore l’onora,
che ad Annibale ugual vinto, e conquisof,
nelle perditeg sue fu grande ancora.
  a Newton tema
b Celestino Cominale
c la poesia
d sebbene
e perdente
f conquistato, sconfitto
g sconfitte
__________
1 Prima di lui Giovanni Rizzetti aveva pubblicato il De luminibus affectionibus (Gli stati della luce) per i tipi di Bergamo a Travisio e di Pavino a Venezia nel 1726; dopo di lui Ignazio Gajone il Nuovo sistema fisico universale per i tipi della Stamperia Raimondiana a Napoli nel 1779 e Tommaso Fasano  l’Esame della compenetrabilità della luce esposto in dialoghi, per i tipi di Raimondi a Napoli nel 1870. Una recensione dell’opera del Fasano è in Efemeridi letterarie di Roma, tomo IX, Zempel, Roma, 1780, pp. 299-301, dove alla fine si legge: Ci giova sperare che la nuova Reale Accademia delle scienze dissiperà finalmente tutti questi filosofici sogni, de’ quali sembra che siansi un po’ troppo finora pasciuti i belli, e vivaci, ma alcune volte un po’ troppo fervidi ingegni Partenopei, e che farà un po’ meglio rispettare nell’avvenire le sublimi scoperte dell’immortale Newtono (sic), troppo indegnamente state finora attaccate dall’Anti-Newtonianismo del Sig. Cominale, dal Nuovo Sistema Fisico del Sig. Gajone, dalla nuova penetrabilità della luce, e da altrettali filosofiche stravaganze.
Solo il Rizzetti era stato difeso a spada tratta dalla voce isolata di Iacopo Riccati in due sue lunghe lettere (Opere del conte Jacopo Riccati, Rocchi, Lucca, 1765, pp. 109-122).
2 In Storia letteraria d’Italia, Remondini, Modena, 1757, v. X, le pp. 143-153 sono dedicate ad un’analitica recensione dell’opera del Cominale. Fin dall’inizio appare chiara la posizione decisamente newtoniana: Noi ci congratuliamo col dotto Professore del Collegio romano [Carlo Benvenuti, convinto newtoniano, autore di Synopsis physicae generalis, e di De lumine dissertatio physica usciti entrambi per i tipi di Antonio de’ Rossi a Roma nel 1754], a cui però non è ne’ sentimenti a Newton favorevoli conforme un professore di Napoli, il quale, anziché ammirare e seguire il Newton, impugnalo con tutte le forze sue. Seguono gli estremi bibliografici della pubblicazione del Cominale del 1754 e, punto per punto, la contrapposizione tra le tesi del Newton e quelle del Cominale (con prevalenza assoluta delle prime ). Una nota (la 37 alle pp. 152-153), tuttavia, costituisce una sorta di riconoscimento delle potenziali (se indirizzate diversamente …) capacità del nostro: Preghiamo per ultimo il Nostro Autore che non voglia offendersi, se noi con filosofica libertà abbiamo alcune cose nel suo libro notate, e diciamo ingenuamente, essere presso noi di maggior peso le dottrine dei Newtoniani, che le sue impugnazioni, benché non siamo tra quelli, che credono impossibili  gli errori del Newton. Se non altro varranno a meglio rischiarare la verità, e a dare al fervido ingegno del Nostro Autore campo d’esercitarsi.  E Celestino nella prefazione della terza parte dei suoi Anti-newtonianismi (Morelli, Napoli, 1769) replicò allo Zaccaria (autore della Storia insieme con Leonardo Ximenes, Domenico Troili e Gioacchino Gabardi) dicendo che egli non poteva ergersi a giudice in questa materia e che non aveva letto neppure i titoli delle sue opere.
3 (1714-1789) Naturalista micologo, autore di Fungorum agri Ariminensis historia, Ballante, Faenza, 1755;  Pratica agraria distribuita in vari dialoghi,Casaletti, Roma, 1778; Naturalis historiae elementa, Marsonerio, Rimini, 1789.
4 In Novelle letterarie pubblicate in Firenze l’anno MDCCLX,  Albizzini, Firenze, 1760, tomo XXI, colonne 570-573.
5 Novelle della repubblica letteraria per l’anno MDCCLV, Occhi, Venezia, 1755, pp. 260-263. Fra l’altro vi si legge: Se tanto romore fece il nuovo sistema Neutoniano circa la luce ed i colori, non minor grido ottener dovrebbe la nuova confutazione data al medesimo dal Sig. Cominale, il quale nulla paventando la gran turba de’ ciechi seguaci dell’Inglese Filosofo, si protesta di atterrar colle stesse macchine o arme Neutoniane  il preteso sistema de’ Colori.
6 È la prima opera citata nella nota n. 2.
7 certamente
8 vittoria.
9 Era nato a Francavilla Fontana (BR). Il sonetto è in Vari ritratti poetici storici critici di alcuni moderni uomini di lettere sul gusto di Agatopisto Cromaziano e per servire di prosieguo all’opera del medesimo di Leonardo Antonio Forleo, Raimondi, Napoli, 1816, p. 32. Agatopisto Cromaziano è il nome pastorale del monaco celestino Appiano Bonafede che fu socio dell’accademia romana dell’Arcadia a partire dal 1791. Il Forleo, che era socio dell’Accademia Pontaniana di Napoli, fu autore prolificissimo. Si riportano qui solo alcune delle altre pubblicazioni: Amenità dell’etica, Rusconi, Napoli, 1827; 1827; Ragionamento critico intorno alla moderna comedia, Rusconi, Napoli, 1830; La lira Iapigia, Società Filomatica, Napoli, 1831; I politici, Cataneo, Napoli, 1832; Il manoscritto di Sterne, Cataneo, Napoli, 1832; Manfredi, Rusconi, Napoli, 1833; Certamen ad cathedram archeologiae, poesis Romamaeque eloquentiae in Regio Neapolitano Archigymnasio obtinandam perfectum, Russo, Foggia, 1834; Il Colombo, ovvero l’America ritrovata, Russo, Foggia, 1834; La statua del grande, Russo, Foggia, 1835; Il racconto di una vedova, Agianese, Lecce, 1836; L’arpa cristiana, Agianese, Lecce, 1839; Cause e ragioni che fanno classico il poema di Dante, Cannone, Bari, 1842; Liceo dantesco, Petruzzelli, Bari,1844; Napoli nel XVI secolo. S. Sebastiano, Migliaccio, Cosenza, 1846.
1 note · View note
Text
Entrevista com Yochan Beck, organizador do SLAM do Pedregal
Em entrevista com um dos poetas colaboradores do SLAM do Pedrega, buscamos entender de perto as motivações deste movimento tão crescente entre jovens Brasileiros…Yochan Beck, 31 anos, Natural do Rio de Janeiro, técnico administrativo e estudante de filosofia nos conta um pouco sobre sua experiência:
Tumblr media
Yochan Beck na 1º Batalha do Pedregal. Foto: Hellen Ferreira.
CEF: Beck, quando e de que forma você teve o primeiro contato com o SLAM poesia? 
Yochan Beck: Meu primeiro contato com o SLAM foi em Recife a partir do SLAM das mina, que no início me deixou bem assustado pelo tom mais hostil e angustiante (foi a primeira vez que me deparei com a manifestação lírica da resistência manifestada pela dor), admito que não consegui ficar tranquilo depois daquela experiência, eu via um novo tipo de texto.
CEF:  Como vc começou a participar dos SLAMs? Você compete como poeta, fica na organização? Como é pra você participar desse movimento?
Yochan Beck: Eu participo do slam de todas as maneiras possíveis, mesmo na organização do pedrega, eu procuro sempre contribuir, costumo pensar que somos no mínimo 2, cada pessoa, e portanto é como se eu trabalhasse em equipe comigo mesmo, a parte criativa e lírica da poesia com a parte mais pragmática e assertiva da organização, acho importante participar pelos dois vieses sempre, não pela competição que pra mim é simbólica, mas para demonstrar que sou parte desse organismo artístico que vem fluindo lá.
CEF: Como surgiu a ideia da organização do SLAM do Pedrega?
Yochan Beck: A ideia do SLAM no Pedregal, por outro lado se deu em processos. Assim que cheguei em campina grande vim morar no bairro vizinho, conjunto dos professores. Mas passei a frequentar o pedregal por uma questão de rotina, padaria, farmácia.. aos poucos observei como a comunidade tinha uma atividade comercial mais intensa, sendo que por outro lado não tinha nenhum elemento cultural inserido ali. Você não chega no Pedregal e encontra uma livraria, um teatro ou uma agenda de atividades, vim saber de uma amiga que havia um projeto de criar uma biblioteca, o Muda Pedregal, mas fora isso, não havia mais iniciativas. Foi daí que senti a necessidade de atrelar os interesses, entre o universo cultural que a gente convive na universidade com a comunidade, a ideia a princípio era ligar os pontos, unir os universitários interessados em promover a cultura com a comunidade interessada em receber, mas foi aí que entendi outro conceito da poesia, recente isso, vivendo entre os poetas do pedregal.
CEF: Aproximadamente quantas pessoas colaboram ativamente na realização das atividades no pedregal?
Yochan Beck: Atualmente somos 4, na organização. Claro que temos um suporte ou outro, alguém que oferece recurso, outro que cobre os custos de alguma coisa, mas na prática quem tem agido a esse respeito é o Ismael (Rimael), que é morador do pedrega e tem uma história com a comunidade desde pequeno, a minha esposa, Jéssica, que também é poetisa e alguém bem mais pragmática que eu seria em mil anos, e a Hellen, que colabora na questão fotográfica e pós produção, pois é fundamental para o Slam tanto produzir o efeito imediato, como também registrar esse movimento, isso estimula os poetas, permite que outros sejam alcançados depois e fornece pro evento uma identidade virtual, expandindo os efeitos do movimento.
CEF: Qual a sua perspectiva sobre o crescimento do movimento SLAM em Campina Grande?
Yochan Beck: Sobre o crescimento do slam em Campina Grande.. bem, aqui eu vejo poetas a cada instante, chega ser engraçado, estou indo comprar um café, encontro o rapaz que vende parabrisa para carro e ele me diz "beck, fiz um poema e vou dar pro meu amigo apresentar pra mim, daí eu pergunto porque ele não apresenta, ele diz, não sou poeta, eu digo mas você não fez a poesia? e ele diz que sempre foi assim." o que é ser poeta? o slam me permitiu questionar essa pergunta, sinto um grande potencial em campina grande, e acho que em pouco tempo ela vai ficar pequena.
CEF: Quais SLAMs em Campina Grande você já participou competindo como poeta? E na organização?
Yochan Beck: De outros slams, eu participo da organização do SLAM da Balbúrdia, que rola na UEPB, esse rolé inclusive faz ponte para alguns poetas da comunidade, então digamos que sinto uma proximidade entre todos os movimentos, inclusive o Slam da Balbúrdia também foi um movimento que trouxe muitas "primeiras vezes", foi engraçado, na primeira edição mais do que 50% dos que entraram foram pela primeira vez, sentiram coragem e foram. Isso é bárbaro, por isso acho que só faz crescer. Do SLAM no Prado, que rola na praça ao lado do Luiza Mota no catolé, do SLAM dos Feras (um evento que rola periodicamente na UEPB), do SLAM da Balbúrdia (apesar de recente, esse é mais constante na UEPB) e do SLAM do Pedrega (indo agora pra segunda edição).
CEF: E por fim, como participar desse movimento, tanto enquanto poeta como enquanto organização tem mudado sua vida? O que é mais gratificante pra você?
Yochan Beck: Então, eu sempre vivi em crise, penso assim, perdi minha mãe cedo demais pra violência no rio, de lá eu passei a sentir uma revolta muito grande, ainda de pequeno, na medida que crescia essa revolta só aumentava, mas eu não sentia a necessidade de devolver com ódio o que recebi, mas sentia a necessidade de interagir de alguma forma, vi muitas coisas no RJ, milicianos, bandidos, mafiosos, a porra toda, e era tão impotente, a poesia pra mim era só uma válvula de escape. Mas quando percebi o que o slam permitia, foi como pela se primeira vez eu pudesse colocar pra fora essa dor, ver outros fazerem o mesmo, a gente compartilha a dor e fica mais forte a cada movimento.Isso que rola, eu sinto como se houvesse algo além de mim, algo vivo no espírito das pessoas, que se conecta a mim, a singularidade de cada pessoa, como se dançassem, se acalentasse, se cuidassem.. e fazer parte disso é uma necessidade pra mim.
Entrevista: Hellen Ferreira
1 note · View note
poesia · 6 years
Photo
Tumblr media
DOWNLOAD GRATUITO - Este livro é um pequenino mimo. Poemas e livro possuem uma única leitora efetiva ou assertiva, que acumula as vezes de musa e destinatária dos versos – minha Érika.      O título do livro decorre de a franca maioria dos poemas ter sido escrita em trânsito – dentro de ônibus e, em geral, quando eu atravessava a baía de Guanabara em regresso para a São Gonçalo de meu desmazelo, vindo dos encontros no Rio de Janeiro com a minha então (primeiro) amiga, depois namorada, hoje esposa, consorte, âncora de Deus e fofa metade.                                                                       Poemas não ‘trabalhados’, mas instantâneos, escritos no celular e imediatamente remetidos de volta à sua origem – e nisso mesmo mais preciosos, frutos do puro e espontâneo enlevo poético e sua escrita quase automática, irrefreável (e os poetas sabem do que falo).      Passeios no Jardim Botânico (onde os bancos guardam nossos nomes), na praia de Copacabana – onde enfrentamos duas tempestades climáticas e uma relacional... Tours regados a café expresso pelos museus diversos do centro da cidade... Nossos beijos entre os livros (onde mais?) da aprazível Biblioteca Parque Estadual, e uma tarde edênica, elísia, no Jardim Suspenso do Valongo... A distância e a incompatibilidade de horários tornavam os encontros poucos e esparramados pelo calendário, mas eram sempre repletos daquela magia arcana do amor que já julguei extinta (até vivenciá-la) e que hoje se perde (ou já nem chega a ser divisada) nos relacionamentos líquidos – e redundaram quase todos em poemas.      Esse livrinho despretensioso é só para ela. Se o torno público, é tão-só para alegrá-la, e porque reza a justiça que compete, aos amores grandes, quando realizados, a comunicação de seu sucesso. No mais, sou um poeta na acepção mais triste do termo: mal tenho onde cair morto. Entanto, se muitas ganham joias e viagens, Pajeros e poodles, quão poucas hoje em dia podem ganhar um humílimo poema que se sustente – ou as sustenha desse ar eletrificado que a poesia insufla... E quão ínfimo é o time daquelas musas, quando musas, que possuem um livro pra chamar de seu.      E, assim, acerto minha gravata borboleta, meu terno surrado de poeta falido – e declaro sem cerimônias meu profundo e grato amor. Sammis Reachers PARA REALIZAR O DOWNLOAD PELO SITE GOOGLE DRIVE, CLIQUE AQUI.
12 notes · View notes
Text
O Relacionamento Do Homem Com Deus
Embora as ligações entre amor romântico e a intimidade tenham sido suprimidas, apaixonar-se como conquistar um canceriano permaneceu intimamente vinculado à idéia de acesso a mulheres cuja virtude ou reputação era protegida até que pelo menos uma união fosse santificada pelo casamento.
Para Pedro Lyra (1986:06) a poesia é situada de modo problemática em dois grandes grupos conceituais: ora como uma pura e complexa substância imaterial, anterior ao poeta e independente do poema e da linguagem, e que apenas se concretiza em palavras como conteúdo do poema, mediante a atividade humana; ora como a condição dessa indefinida e absorvente atividade humana.
Também se costuma afirmar que: Mãe há só uma” sendo esta assertiva muito dirigida à mãe biológica, contudo, nem sempre corresponde à verdade, no sentido de esta mãe ser a melhor do mundo, porque também nas mães adotivas se encontram exemplos de autêntico e abnegado amor profundo, para sempre.
trabalho dos profissionais da educação em especial da supervisão educacional é traduzir novo processo pedagógico em curso na sociedade mundial, elucidar a quem ele serve explicitar suas contradições e, com base nas condições concretas dadas, promover necessárias articulações para construir alternativas que ponham a educação a serviço do desenvolvimento de relações verdadeiramente democráticas.
Esse diálogo poético entre Romeu e Julieta serve para captar a intensidade da paixão que existe no coração dos dois jovens, paixão que os arrebatas e os leva para uma outra dimensão da realidade, embora reconheçam que formalmente sejam inimigos por conta da desentendimentos entre suas famílias, mesmo assim eles não resistem ao amor que os une, e muito mais que isso, os transforma.
Percebemos também, assim como no soneto, algumas características Humanistas, como por exemplo, a utopia de conceber por meio da conciliação do amor físico e do amor carnal, encontro do homem e da natureza, a realização, harmoniosa e ilimitada dos desejos sem descarregados de culpa, inocentes.
Desse modo, Rita Terezinha Schmidt, vem acrescentar que de um modo geral a negação da mulher como como conquistar um canceriano sujeito do discurso no contexto da literatura brasileira até a década de 70, levou a escritoras como Raquel de Queiroz, Cecília Meireles e Clarice Lispector a contradizer por parte de suas obras críticas, a tradição estética de base que excluiu a mulher da produção artística, dando lugar unicamente ao homem, alegando ser a arte um dom essencialmente masculino.
1 note · View note
kinkascarvalho · 3 years
Text
Tumblr media
OLIVEIRA VERDEJANTE NO SENHOR!
””””””””˙‟‟‟‟‟‟‟‟
________Salmo 52:8
O Salmista se compara a uma oliveira, que floresce na Casa de Deus. Isso é lindo, puro lirismo e poesia. Tenho um amigo Judeu, que acredita em Jesus como Messias de Deus, e, certo dia, eu enviei a ele uma fotografia de um ramo de oliveira, com várias olivas pretas em contraste com o verde-prata de suas folhas e a cor cinza claro dos galhos, num deslumbrante céu azul de fundo. Ele depois me disse que ficou emocionado, e que a oliveira “mexia” muito com ele. Eu mesmo, a primeira vez que vi e toquei uma oliveira, fiquei comovido. Aos poucos fui aprendendo a importância dessa árvore (que é linda demais – como o semblante de um crente em Jesus), bem como algumas de suas características. Por exemplo, uma curiosidade que talvez muitos não saibam: não existem oliveiras que dão olivas verdes e outras que dão as pretas. A oliva preta é a oliva verde madura, e não outro tipo de fruto. Mas, por que será que o Salmista, que era, no caso, o Rei Davi, Judeu, fez essa comparação justamente com uma oliveira?
Eu tenho uma “teoria”. A oliveira é uma árvore fantástica, por ser “multiuso” (e tal assertiva nos leva à percepção de “servilismo”, de servil, servo, justamente como se sentia Davi diante de Deus: esta foi a sua comparação, isto é, ele, Davi, servo de Deus). É claro que o ímpio, aquele que não conhece a Deus e não anda com Ele, e sequer se preocupa com o Criador, também se beneficia das “propriedades” de uma oliveira, que é rica em todos os sentidos (Deus faz com que o sol se levante sobre os maus e os bons, e envia chuva sobre justos e injustos). A oliveira agrada aos olhos de quem a vê, em qualquer de suas condições e estações do ano – suas folhas não caem no inverno (essa afirmação traz consigo uma metáfora de estabilidade diante de Deus, que bem pode ser a nossa, especialmente porque Davi fala de uma oliveira que “floresce na Casa de Deus”). Há o renovo de suas folhas, claro, mas a planta não fica desfolhada nunca. Outro ponto importante se cinge no fato de que a oliveira não é muito alta (cerca de dois metros, ou um pouco mais), mas suas raízes ultrapassam seis metros profundidade, no solo, até alcançar a água (Ahh… Se todos nós tivéssemos raízes tão profundas em Deus Pai…). Isso nos remete à firmeza (de caráter), e ao esforço e determinação (busca pela “água” – Palavra de Deus).
A oliveira dá muito fruto, no tempo certo, e não falha, e o conhecemos por azeitona (nós também devemos dar frutos, a cem, a sessenta, a trinta por um, em Jesus, não?). Mas não é só isso: com as azeitonas se faz o óleo ou o azeite, que serve e é útil para muitas finalidades, v.g., como unguento para ferimentos, como combustível para iluminação em candeias, como alimento extremante saudável e nutritivo Etc. (lembro-me aqui dos dons de Deus, e que cada pessoa possui vários desses dons, de modo que devemos pô-los a serviço da Obra do Senhor – ora, pois, não “enterremos” os talentos e/ou as minas de prata que nos foram dados pelo Senhor!). O azeite, diz-se ainda, suaviza a dor de feridas (não somos nós, os cristãos, que devemos chorar com os que choram, e socorrer as viúvas e os órfãos, e consolar os aflitos e os angustiados de espírito?). A madeira obtida do tronco da oliveira é forte e sólida (como deve ser o nosso caráter diante de Deus – íntegro e reto). Suas folhas, depois de secas, se prestam à feitura de infusões (chás), com extensas propriedades medicinais e curativas (Quem levou sobre Si as nossas enfermidades?). Suas flores são autossuficientes, e não dependem de nenhum fator externo para a polinização (lembram o nosso Deus e Pai: Autossuficiente e Soberano). E nem mesmo o caroço da azeitona é desperdiçado, sendo empregado em diversos usos, incluindo a geração de energia – aquecedores são “alimentados” com caroços de azeitonas (nada há em nós que o Senhor não possa utilizar para a Sua honra e Glória).
Como bem se nota, a oliveira é uma árvore preciosa e cheia de potencial – tudo nela se aproveita e dela “emana” somente virtude (como nós somos preciosos e potencialmente virtuosos aos olhos do Pai, e como cada um de nós tem muito potencial nas mãos de Deus). Na Itália se colhem azeitonas, para com elas se fazer o valedoiro óleo, até de árvores que estão em praças, prédios públicos e em casas particulares – nenhuma escapa (assim somos nós para Deus: inestimáveis e singulares, e o desejo do Senhor é que nenhum se perca). Existem empresas, no “País da Bota”, especializadas em processar as azeitonas de terceiros, geralmente pouca quantidade, transformando-as em azeite (nós sempre seremos úteis ao próximo, de algum modo, mesmo que a ajuda seja pouca – o “pouco” de uns pode ser muita coisa para outros, menos favorecidos ou em apuros). A oliveira é duradoura e longeva, sendo que é bem possível (segundo consta) que existam árvores da época de Jesus, com mais de 2.000 anos de idade (o que nos dá ideia de eternidade, da Presença de Deus e da confiança que devemos Nele ter, ontem, hoje e sempre, além de nos trazer esperança e Paz, pela salvação e pela Vida Eterna). Tudo na oliveira é bom e útil, sob qualquer aspecto e ângulo de análise, e nada nela é ruim (nós devemos ser “inteiros” – como a oliveira – bons e úteis ao Senhor, e nos apartarmos do mal e de toda injustiça). E assim, com consciência viva e pulsante de Seu constante e imenso Amor por nós, havemos de “florescer” e de “frutificar” diante do Pai (e dos homens), plenamente seguros e confiantes em Seu Poder, Misericórdia, Graça, e inefável Justiça.
❤No Amor de Cristo,
1 note · View note
marcogiovenale · 9 months
Text
pod al popolo, #25: bene la poesia, anche assertiva, ma non la religione della poesia, per favore
Appena 4 minuti di notille sulla devozione alla maiuscola, ora in Pod al popolo. Il podcast irregolare, ennesimo fail again fail better dell’occidente postremo. Buon ascolto.
Tumblr media
View On WordPress
1 note · View note
blogdoispernods · 3 years
Video
instagram
👉 NOTA: Esse não é um simples post. Em sua natureza é, na verdade, um agradecimento do autor que vos escreve aos amigos e parceiros que a vida lhe trouxe. A assertiva que figura neste cartão poético sempre esteve em minha mente. Nada construímos na vida ou na arte sem o outro, sem alguém que enfrente as batalhas ao nosso lado e divida os momentos extraordinários ou ruins que a vida nos proporciona. Num mundo inconstante, volúvel, volátil, insensível, implacável e mutante, o que vale mesmo não é o que você tem, mas QUEM você tem ao seu lado. Contudo, é preciso um olhar atento para observar os detalhes, posto que é neles que a verdade sobre todas as coisas do mundo existe ou se apresenta. Aos amigos e parceiros que me cercam e que me procuram por quem eu sou e não pelo que posso oferecer, minha mais profunda gratidão por serem quem são. Contem sempre comigo para qualquer jornada, pra qualquer parada em qualquer circunstância e ocasião. Quanto mais os conheço, mais o amor e a admiração que tenho por vocês se solidifica no meu coração. Atenciosamente; @OscarCalixto 🏷 TAGS: @academiapalmeirensedeletrascienciaseartes #blog #blogger #pensamentos #poesia #prosapoetica #psicologia #filosofia #filosofiamoderna #literaturabrasileiracontemporanea  #literaturalatinoamericana #bloggerwriter #instablog #wixbrasil #wixpublisher #wixblog #wixbloggers #versos #autor #brasil #cartoespoeticos #frasesinspiradoras #artedigital #euescrevo #cultura #arte #educação #ser #universo #academiapalmeirensedeletrascienciaseartes #oscarcalixto
1 note · View note
Photo
Tumblr media
Passei semanas tentando bancar esse desejo só pra mim, se chamaria " Azul bordados" seria uma homenagem a minha Zuzul, ainda é. Em um domingo conturbado e bonito, encaminhei subitamente um convite pra dividir essa ideia com quem eu sabia que também tinha esse desejo, nossas sintonias sempre tão assertivas se alinharam com nome e idealizações e em dois dias o ateliê ganhou descrição e nos transbordou com quentinho no coração. Essa foi a primeira vez nesse ano que eu senti estar fazendo algo para além de mim com todo o meu coração. 
Nasceu, existe cheia de criatividade, arte e sonho. Pim bordados amanheceu nos primeiros dias de Maio com dedicação, afeto e poesia. 
Epílogo: "Pim bordados nasce das coincidências da vida, um apelido de brincadeira se tornou o nome do ateliê, não foi preciso pensar muito, alinhavamos a sintonia em um domingo de sol entre uma mensagem e outra e a idéia por hora tão nova já tinha nome e significado - Pim - carrega no nome laços de duas amigas cheias de idéias, inspirações malucas, desejos parecidos, opiniões iguais e por hora controversas e aqui no bordado não poderia ser diferente, enquanto uma usa todas as linhas coloridas para produzir, a outra usa só linha preta para ficar tudo bem minimalista, enquanto uma decora a casa com "lar doce lar" em aquarela, a outra borda pontos turísticos da cidade e é entre um ponto haste e o arremate que essas inspirações de uma e de outra se complementam para caber aqui, nesse desejo sonho, cheio de afeto e doçura. É com muito carinho que juntas, iniciamos esse projeto."
0 notes
recomendar · 7 years
Quote
Um dia vou me casar com um escritor, ela disse, enquanto nos empenhávamos há mais ou menos três horas numa acalorada conversação informal sobre literatura latino-americana. Falou-me dos espanhóis e uruguaios que eu não conhecia. Carlos Ruiz Zafón. Maria Dueñas. Arturo Pérez-Reverte. Juan Carlos Onetti. Mais dois ou três nomes contemporâneos que me eram estranhos. Falei-lhe dos chilenos e dos argentinos que ela tinha ouvido falar mas não havia lido. Arturo Pérez-Reverte. Roberto Bolaño. Alejandro Zambra. Cortázar. Borges. Voltamos aos clássicos brasileiros quando ela, de súbito, fez a pergunta traiçoeira com um sorriso entre expectante e provocativo: Você escreve? Deixei o olhar nômade flutuar entre os vultos dos demais notívagos que abarrotavam o bar. Sou um escritor de ocasião, respondi, levemente intimidado, e enquanto respondia começava a me arrepender da assertiva. Quem escreve ocasionalmente não é escritor, retorquiu ela. Escritor é escritor o tempo todo. Ri meio trêmulo e não concordei de imediato, mas lembrei-me de Borges e reconsiderei, passei a dar-lhe razão. Talvez escritores de ocasião não sejam mesmo escritores, afinal, talvez só mereçam o título de escritores os que se veem continuamente assaltados pela necessidade de escrever mesmo quando longe do papel ou da máquina, mesmo na repartição ou no passeio com a família aos sábados, se é que alguém ainda passeia com a família aos sábados, mesmo em momentos como esse, aqui, num bar às três e meia da manhã, mesmo nessas condições que fazem o exercício literário parecer uma vaidade descabida, um diletantismo doentio, uma espécie de monomania. Escritores são aqueles que estão sempre a escrever ou que estão minuto a minuto pensando em algo para escrever, então. Devaneava, o raciocínio levemente turvado pelo encantamento e pelo álcool. Pensei nos escritores que se exilaram para dar andamento em algum projeto — escritores estão sempre trabalhando em projetos —, quando ela, novamente de súbito, depositou a mão sobre a minha e com um sorriso afável disse que precisava ir embora. Sem objeções, a acompanhei-a até o carro e a vi sumir na alvorada. Em duas semanas, havia me dito antecipadamente, estaria nos EUA. Passaria três meses na casa de um amigo da Califórnia. Não tinha telefone, e-mail, redes sociais, qualquer meio de comunicação direta. Não era muito dada à tecnologia, dissera. Deixou-me apenas o número da caixa postal e disse que voltaria, que me procuraria aqui, nesse bar, independentemente do que acontecesse, decorridos exatos três meses. Completamente bêbado, levei dez minutos para acertar a chave na fechadura, desabotoei a camisa, acendi um cigarro e sentei-me à máquina. Pus-me a escrever uma longa, longuíssima carta de amor. Quinze páginas em quarenta minutos. A produção facilitada pela paixão ardente e pelo álcool. Reli todas elas, ignorei Hemingway e fiz algumas correções assim mesmo, escrevi mais dez, mais quinze, bebi mais um copo de gim e acabei sendo vencido pelo sono. Às cinco da tarde, meio de ressaca, passei um café, reli a carta mais uma vez, descobri anomalias sintáticas, expressões imperfeitas, excitações desnecessárias, um arranjo que me pareceu um tanto quanto esquisito, uma carta de amor ridícula, enfim, mas todas as cartas de amor são ridículas, ouvi o poeta português responder, pois bem, pois bem, se não for realmente ridícula não há razão de ser. Entornei o último gole do café e guardei a papelada na gaveta da escrivaninha. Passados vinte dias, submetidas a mais seis ou sete correções, assinei e remeti-lhe a pomposa correspondência. Revelei meus sentimentos mais profundos, meus anseios mais íntimos, minhas aspirações quixotescas, minhas ideias disparatadas a respeito do mundo sensível e do mundo das ideias (meio platônica, ela) minhas meditações metafísicas e uma infinidade de inflexões e deflexões obscuras sobre o tempo, sobre o Ser, sobre o Nada. Demoraria a chegar nos Estados Unidos, imaginei. Esperei, então. Três meses depois, como combinado, esperava Marcela num dos bancos do mesmo bar. Transcorridas 2 horas de atraso, lamentei e convenci-me de que não vinha. Ressentido, voltei para casa amargando o sabor das horas desperdiçadas. Restava esperar alguma resposta à carta que enviei. Mais dois meses. Sete. Um ano. Três anos. Voltei várias vezes ao bar, inutilmente. Escrevi muitas outras cartas nesse meio-tempo. Ao longo dos três anos que se seguiram devo ter-lhe enviado umas cento e vinte cartas, uma mais extravagante que a outra, cada vez mais longas, desesperadas, destituídas de bom-senso, mas muito mais apaixonadas, ternas e impecáveis em termos literários. Me via inteiramente subjugado por uma inédita fixação romântica. Ela disse que se casaria com um escritor. Sem resposta, reli todas as cópias e, num assomo de ambição, me ocorreu a ideia de organizá-lo num romance. O argumento: a paixão profunda de um jovem escritor amador que trabalha todas as noites num romance para conquistar uma jovem mulher que sonha em se casar com um escritor, um escritor maduro, verdadeiro. Na última página do romance o jovem escritor mostra-lhe a obra acabada, cai definitivamente nas graças da amada e ambos se entregam às volúpias de um amor emoldurado pelas letras. Dito assim, resumidamente, soa piegas, mas as cartas foram tornando-se cada vez melhores e me pareceram perfeitamente dignas de serem formatadas num romance epistolar. Só seria preciso retocar uma coisa aqui e outra ali, adulterar algumas frases, explorar melhor algumas passagens. No segundo mês do quarto ano sem resposta, no entanto, já em grande medida resignado, com o livro recém-finalizado e pronto para publicação, recebi um telefonema internacional. O coração pôs-se a bater violentamente. — André? — Pois não? — Me chamo Rafael. — Rafael? — Bem, nós não nos conhecemos, mas conheci alguém que você conheceu... e, bem... estou te ligando porque me senti na obrigação de entrar em contato contigo para avisar-lhe do incidente. — Incidente? — Sou o ex-namorado da Marcela. Hoje encontrei um caderno dela escondido num dos cômodos da minha casa. Vi seu nome em algumas margens. Saí à procura de informações a seu respeito e consegui seu número. Vocês namoravam? — Ex-namorado da Marcela? — Sim. Vocês já foram namorados? — Não. Vocês namoram há quanto tempo? — Ficamos juntos por um mês. Nos conhecemos aqui na Califórnia. — Não se conheciam antes? — Não. — Você disse 'incidente'? — É. Veja, André... como devo dizer isso?... A Marcela... bem... a Marcela se jogou da Golden Gate há mais ou menos três anos. Acho que quase quatro. Um mês depois de ter saído do Brasil. Esse foi o tempo em que ficamos juntos. Teria entrado em contato antes se soubesse da ligação entre vocês, se tivesse encontrado o caderno mais cedo e tal... Enfim.. olha, André... bem... ela não parecia triste, deprimida, nem... bem, não sei, não sei. Ainda é difícil entender. Silêncio. Imagens sobrepondo-se em fluxo contínuo. — André? Ainda está na linha? Silêncio. Imagens sobrepondo-se em fluxo contínuo. — Rafael? — Sim? — Você escreve? — Não. — Que faz da vida? — Trabalho num escritório de contabilidade. — Gosta de literatura? — Por quê? — Gosta de literatura, Rafael? — Trabalho muito, André. Não tenho tempo pra isso. — Que me diz sobre literatura? — Bem... eu... para quê falar sobre literatura agora, André? Desliguei. Marcela, doce Marcela. Marcela, adorável Marcela. Marcela, imponente, altiva, incomparável Marcela. Marcela, que conjugava beleza e inteligência e inúmeras outras qualidades que extrapolavam até mesmo minhas expectativas — e minhas expectativas, asseguro, eram irreais como o diabo. Marcela, que amava Rimbaud e Baudeleire, que achava a poética Leminskiana meio tosca, que sabia de cor uns 20 poemas do Drummond e do Pessoa, que tinha ''Eu e outras poesias'' como livro de cabeceira, que fazia de Emily Dickinson sua deusa pessoal. Marcela, que gostava de muitos dos mesmos escritores de que gosto e detestava muitos dos mesmos escritores que detesto. Marcela, com quem em pouco tempo descobri um sem-número de afinidades eletivas impensáveis. Marcela, Marcela, Marcela. Morta. Se jogou da Golden Gate há quatro anos, disse o contador. Perto das vinte duas horas do mesmo dia em que recebi o telefonema de Rafael recebi outra ligação. O editor a quem mostrei os manuscritos há um mês e meio se interessou pelo trabalho que enviei e me mandaria 35 exemplares em uma semana. No sétimo dia útil bateram na porta. Sentei-me à mesa da cozinha, abri a caixa, retirei um dos exemplares, depositei-o na poltrona, acendi a lareira e entreguei os 34 restantes às chamas. Enquanto deixavam-se consumir pelas cinzas deslizei-me na poltrona e passei a noite e a manhã do dia seguinte lendo o que restara. Bela capa, bela diagramação, belo papel. Um bom trabalho editorial. No início do ano havia ganhado uma boa grana com as traduções de algumas obras de poesia e prosa francesa e com a produção de algumas críticas literárias publicadas em uma revista especializada do país. No fim da tarde fui ao banco, retirei uma parte do dinheiro e em quinze dias estava na Califórnia. A Golden Gate era bonita como nos filmes. A atmosfera, no entanto, era de fato pesada, densa, carregada. Lembrei-me de ''The Bridge''. O triste The Bridge. A ponte tem sido há muitos anos o lugar preferido de uma enorme variedade de suicidas. Quase todos os dias registram-se quedas voluntárias. Fiquei ali observando os carros passarem, os transeuntes indo e voltando, o retinir de alguns pássaros rasgando o céu impassível. Permaneci umas seis horas num silêncio meditativo, cutucando a ferida, remoendo o acontecido, realimentando a dor. A tarde dava lugar à noite e a semi-escuridão começou a infundir em mim um desalento ainda maior, de modo que aproximei-me ainda mais de uma das extremidades, ultrapassei a linha de segurança e pus-me a assistir de perto o concerto sinfônico das águas procelosas. Um passo. E eu cairia para sempre nos braços de Marcela. Pensava, pensava, pensava sem parar, até que uma voz resgatou-me do transe e devolveu-me à realidade. — Tudo bem, amigo? Demorei para perceber que dirigia-se a mim. — Você está praticamente na beira da ponte. Ignorei-o e detive-me novamente na contemplação do movimento das águas. — Está tudo bem, amigo? Não acha melhor dar alguns passos pra trás? Lancei-lhe um olhar entre vazio e furioso e voltei à contemplação. — Amigo? — Está tudo bem, meu velho. Deixe-me em paz. O sujeito permanecia às minhas costas numa vigilância obstinada. Abaixei-me sob os joelhos e abri a pequena mala que levava comigo. Retirei o maço de cigarros, um lenço e o ''Nos vemos amanhã, no infinito''. Abri a primeira página e escrevi uma pequena dedicatória. ''Espero que aprove, Marcela. Amo você. Com carinho, André.'' — Amigo? Levantei-me, acendi um cigarro e deixei o olhar descansar novamente no horizonte. O sujeito ainda às minhas costas. — Aceita um cigarro? — Não fumo, amigo. Muito obrigado. Não quer dar alguns passos pra trás? Devolvi o maço à maleta, guardei o lenço, dei dois passos para trás e atirei o livro com uma força violenta, uma força que não sabia que tinha. — Amigo? Virei-me antes que a Baía de São Francisco começasse a engolir a outra parte que de mim restava e fui embora.
Edson Junior.
77 notes · View notes
cinemadecupado · 4 years
Text
A vivacidade da velhice feminina no cinema latino-americano
Tumblr media
Qual o limite da longevidade? Se for pensar em termos teóricos, estudos apontam para uma média entre 60 e 80 anos na América Latina. Na prática, a realidade é outra, principalmente pelos olhos de uma mulher. Diante de uma sociedade misógina e conservadora, poluída por ideais que servem apenas para inferiorizar o ser humano a serviço de uma cultura capitalista e homogênea, as mulheres a partir, digamos, dos seus 50 anos são esquecidas em sua plenitude da sociedade. Suas presenças tornam-se limitadas à imposições sociais, como ser avó, ter um casamento duradouro, sofrer com a menopausa, preparar a aposentadoria, e suas instâncias básicas enquanto seres humanos pensantes, como desejos, sonhos e pensamentos, são descartados. Não é uma mera coincidência, portanto, não haver um número satisfatório de obras que representem as diferentes facetas desta fase da vida feminina. Contudo, algumas obras voltaram o seu olhar para este rico momento, quase como um renascimento feminino diante de todos os obstáculos físicos e sociais, uma reinvenção do que é ser mulher e humano, e se propuseram a explorar este universo: o dominicano Dólares de Areia, o chileno Gloria, o paraguaio As Herdeiras e o brasileiro Aquarius são alguns desses exemplos que ousaram e criaram roteiros, com certos simbolismos, que elevam as particulares de cada personagem, mostrando que não há um jeito certo de viver a meia ou terceira idade. Em comum, estes filmes trataram de utilizar os significados simbólicos e literais da dança e do sexo/intimidade. Desde que a sociedade entende-se como tal, há uma construção em torno do sexo que o coloca enquanto transição da inocência para o amadurecimento, de uma moeda que invalida o valor de uma mulher. Quando, então, a prática sexual é iniciada, ela não serve aos desejos femininos: é apenas um caminho para reproduzir os padrões machistas: engravidar, ser mãe e oferecer prazer ao homem. Uma mulher que assume uma postura contrária da imposta, é logo silenciada e difamada. Afinal, está ousando de uma liberdade que não lhe pertence. É um julgamento preto no branco, ponto final. Nos filmes citados acima, esse jogo se inverte e o sexo ganha outros significados sociais e individuais. São ferramentas de conhecimento próprio e de empoderamento. 
Em Aquarius, filme dirigido por Kleber Mendonça Filho, que aborda a luta de Clara contra o sistema mobiliário em prol da preservação do prédio no qual mora e é visto como monumento histórico, a personagem de Sônia Braga é independente em muitos sentidos da palavra. Sua trajetória desde o início é marcada por uma irreverência e consciência de si, de modo que ela sempre defende seu lugar na sociedade, seus pensamentos e desejos. Contra a maré do moralismo barato, Clara é uma mulher que abraça a sua sexualidade e não tem a mínima intenção de abandoná-la. Sua libido é uma das suas características que refletem na discussão contemporânea acerca da liberdade sexual feminina. Em uma das cenas, a personagem convida um garoto de programa para ir à sua casa, uma atitude que por si poderia ser vista sob maus olhares. Em controle total do seu objetivo para a noite, Clara não perde tempo e faz questão de deixar claro quem estará dando as cartas naquela noite. Sentados no sofá, os dois conversam rapidamente antes do início do sexo e suas palavras definem o tom da cena. Com uma taça de vinho na mão, símbolo da liberdade dionisíaca, ela, em total compreensão do seu poder enquanto contratante do serviço, diz “Eu quero que você vá para embora”, surpreendendo o prostituto. Essa frase é um indício da vantagem da personagem sob o outro, o que inverte as noções predispostas do ser mulher e ser homem. Na maioria das vezes, é o homem que tem o poder de comprar o prazer da mulher por meio da prostituição, seja ela de luxo ou não, de modo que pouco fala-se da situação inversa para além dos questionamentos válidos sobre o efeito da profissão em si. Logo depois, Clara o desafia ao dizer “Eu quero que você me coma”, reafirmando a ideia de que o homem esta noite é apenas um joguete em sua mão. Vestida em apenas uma blusa branca, ela senta em seu colo para iniciar o coito que é representado de forma muito realista e coerente para a idade dela: ele cospe em sua mão para esfregar no órgão genital, criando a lubrificação que o corpo feminino já não produz com tanta eficácia. Apesar de passar despercebido por muitos, este detalhe atenta para o fato de que, apesar das dificuldades corporais oriundas do envelhecimento, nada há de impedir que ela suprima o seu desejo ao mesmo tempo que reafirma a sua idade, normalizando-a e evidenciando uma vivacidade que muitos relacionam apenas com a juventude. 
youtube
Em um dado momento, o jovem tenta acariciar os seios de Clara, que o impede direcionando ao seio esquerdo por conta de uma mastectomia. De forma muito natural e honesta, a cena mostra que Clara está confortável em seu corpo e a escolha de não exibir suas cicatrizes não é um ato de fraqueza ou vergonha, mas sim de privacidade. É algo que apenas diz respeito a ela e em nenhum momento diminui a sua feminilidade, algo que nesses casos é constantemente invalidada. Pelo elemento do sexo, que é apresentado sem nenhum teor íntimo, o roteiro constrói uma personagem que usufrui do seu direito de liberdade e exalta a personalidade desta mulher que é independente, com fortes opiniões sobre o mundo ao seu redor e com controle total de diversos aspectos da sua vida que para muitas é negada. Aqui, o sexo é um elemento que contribui para o paralelo entre o controle pessoal e coletivo por parte de Clara. Já em Gloria, cuja direção é assinada por Sebastián Lelio, o sexo tem uma conotação um tanto quanto diferente, embora ainda caminhe na linguagem libertária. No auge dos seus 58 anos, Gloria é uma mulher que, divorciada há mais de 10 anos, segue uma vida solitária e, no entanto, consegue se manter esperançosa em busca de mais um grande amor entre as idas aos bailes de dança. Uma noite, a personagem conhece Rodolfo, com quem começa um romance marcado por clichês, aventuras, decepções e, acima de tudo, entrega. Uma das cenas mais marcantes da relação dos dois e que reflete muito essa postura destemida da personagem, que na primeira oportunidade se aventurou em bungee jumps e paintballs, acontece em um quarto de hotel durante uma viagem do casal. Cansada de insistir para que Rodolfo imponha mais limites entre ele e sua ex-mulher, Gloria desiste de ir embora quando o parceiro assume uma atitude mais assertiva. Assim como Clara, visto que a reação do homem foi por conta da sua imposição, Gloria se sente validada ao ter seus sentimentos respeitados e assume também total controle da situação. De frente para ele, a mulher fica completamente despida, com todos os efeitos do tempo no seu corpo a mostra, como uma reafirmação da sua forte presença enquanto uma mulher com quase 60 anos. A ideia que transpassa pela cena é de súplica ao mesmo tempo que é de uma entrega extremamente empoderadora. 
A personagem desafia o parceiro a enxergá-la exatamente como ela é, sem mais nem menos, pois seu corpo, sua alma, é tudo o que ela tem a oferecer e são entradas para algo muito maior que ambos podem viver. A sexualidade em si torna-se secundária e oferece espaço para uma intimidade, para um desejo de estar com o outro não só fisicamente como espiritualmente. Diferente de Aquarius, o filme de Lelio aborda a naturalização do corpo e o controle sobre o próprio corpo a partir de um outro viés, embora também baseado no realismo. Sem simbolismos poéticos, a escolha de não exibir naquele momento uma parte do corpo de Clara mostra, de forma prática, que ter conhecimento daquilo seria uma exibição sem propósito, pois o encontro era apenas carnal e poderia ser alcançado sem que ela tivesse que despir suas intimidades. Em contrapartida, a poesia do filme chileno é sutil e ao mesmo tempo grandiosa: o corpo nu da personagem ecoa o descortinamento de quaisquer cortinas entre os dois; é uma quebra das barreiras emocionais que pudessem entrar entre os dois. Em As Herdeiras, o desejo sexual já é explorado por uma via ainda menos explorada no cinema e na vida real: pelo ato da masturbarção, ainda visto como um tabu. Chela, interpretada por Ana Brun, é uma mulher provavelmente na faixa dos 60 anos que precisa reinventar a sua vida quando sua parceira de anos é presa por acúmulo de dívidas. Para conseguir arcar com as demandas financeiras, ela, por conta de uma observação de uma amiga, vira taxista e em durante uma das tardes de trabalho conhece a jovem Angy. As duas logo se conectam e o vigor da jovem começa a influenciar nos interesses e sentimentos da mais velha. Em uma das cenas, logo após alguns momentos de tensão sexual, como quando Angy ensina Chela a tragar um cigarro no carro, de modo que as duas trocam olhares em um clima sensual atribuído ao fumo, a mais velha se masturba antes de dormir. O ato, em sua primeira instância, é uma forma de reconhecimento da libido, que é despertada por esta nova relação com a qual Chela percebe que ainda tem desejos que, na correria da vida, foram esquecidos no meio do caminho. É como se Angy fosse um espelho de Chela que constantemente a faz relembrar de quem ela já foi um dia e que, se ela ainda é capaz de sentir certas emoções, é sinal de que ainda há tempo de viver. Além disso, a masturbação, embora seja um reconhecimento direto da sexualidade da personagem, é uma forma também que o roteiro encontra, implicitamente, de mostrar como a personagem é reprimida, tendo que recorrer a este ato solo porque ainda tem amarras que a impedem de agir sobre essas vontades que estão retornando. 
Tumblr media
Ao mesmo tempo que há a ânsia, há inseguranças que foram acumuladas com o decorrer da vida e não são tão fáceis de serem descartados. A linguagem corporal da personagem reforça ainda mais essa noção: sentada, com uma luz quente no canto da cama acesa, em uma posição retida de costas para a câmera. É um retrato do desconforto, que fica claro que não é algo que ela performa com frequência, e da sensação de inferioridade com relação à Angy. Afinal, ela se enxerga como uma senhora que nada terá para oferecer a esta jovem. é uma senhora e, portanto, não terá nada a oferecer para esta jovem. Com todas essas nuances, o simbolismo da masturbação é totalmente ressignificado para além do sentido relacionado à descoberta do seu corpo na adolescência e da libido excessiva durante grande parte da juventude e início da fase adulta. Neste filme, a performance masturbatória evidencia que a personagem, apesar do medo, está disposta a reconhecer o seu corpo e todas as sensações que transpassam por ele. Assim como os jovens, as mulheres na terceira idade precisam compreender, novamente, o funcionamento do seu corpo e qual a melhor forma de lidar com ele. É como um renascimento, um despertar de uma vivacidade que está morta dentro dela. É o primeiro passo para ela ir ao reencontro de si mesma e, embora ela não consiga se entregar a ponto de praticar o coito, já é o bastante para que ela comece a ver o mundo a partir de novas perspectivas, de impulsos que ainda vão permitir que ela viva de forma plena os anos que ainda lhe restam. Ela sabe agora que é capaz de sentir como qualquer ser humano, independente de idade. Distante da representação de todos os outros três filmes, o dominicano Dólares de Areia, que aborda a desigualdade social do local por meio de um relacionamento homoafetivo, se debruça sobre uma sutileza e poesia e o sexo abre espaço para uma intimidade que se manifesta para além do encontro literal dos corpos. Juntas, a jovem Noemi e Anne, uma francesa de bastante idade pertencente da classe alta, mantém um jogo de interesses: solitária, a mais velha contrata os serviços de acompanhante da jovem e acaba se apaixonando por ela, mesmo sabendo que Noemi não necessariamente retribui o sentimento. 
Durante todo o filme, no entanto, há detalhes que evidenciam sentimentos que permeiam o envelhecimento, principalmente com relação a solidão enquanto ainda há o desejo de se ter alguém ao seu lado para criar novas memórias. Entre as cenas, como elas nadando juntas no rio, caminhando pela praia ou andando de moto abraçadas, algumas se destacam pela delicadeza e pela potência emotiva que carrega. No quarto, Anne, completamente nua, filmada de costas, evidenciando a fragilidade de seu corpo, deita no colo de Noemi, que começa a fazer carinho no seu cabelo. Para além do diálogo, no qual elas comentam sobre cansaço e sair para o centro, a cena mostra como Anne se sente confortável ao lado da jovem e que, apesar da diferença de idades, não tem inibição alguma em mostrar o seu corpo como ela é. Uma intimidade que vale para Anne muito mais do que qualquer encontro sexual. É o fato de ser tocada com carinho, de se sentir segura ao lado daquela pessoa, de ter alguém com quem confiar as banalidades do dia, que impregnam o seu corpo com um frescor de vida e paixão que anulam, nem que seja somente por alguns momentos, a constante solidão da velhice. Ela se sente vista pela única pessoa que ela quer que a veja e, por isso, não importa se o espectador não está vendo por completo. É algo que pertence somente a elas duas. A relação das duas o tempo inteiro é pautada pelo primor dos detalhes e suas simbologias para além do que é dito explicitamente. Quando elas estão em um lago, sozinhas, há uma beleza em ver as duas compartilhando a vida, compartilhando elas mesmas. As duas entram no lago de mãos dados, como um ato de carinho e convite para viverem momentos simples da vida. A intimidade é representada a alegria, confiança e reconhecimento enquanto ser humano que Anne vive com a jovem. O lago, junto a esse nado compartilhado, também incita certas simbologias que fortalecem essa troca pessoal entre duas, como a imagem de renovação e paz que naquele espaço ainda é de direito completo de Anne. Elas nadam como se não tivessem nenhuma preocupação no mundo, a não ser permitir que elas vivam esse momento em todo seu esplendor sem as censuras da vida real com relação a elas serem um casal de uma idosa e jovem que vende a sua companhia.
Assim como o sexo/intimidade, a dança promove diferentes perspectivas sobre um mesmo assunto. Enquanto uma atividade pautada no movimento, a disposição do corpo pode exprimir a ideia de liberdade, controle, insanidade, autoconhecimento, sensualidade e assim por diante. Na maioria dos filmes analisados, a dança é inserida mais de uma vez com o mesmo propósito de retratar as nuances da personalidade de cada personagem. Em Aquarius, Clara, sozinha em casa, coloca Roberto Carlos para tocar e começa a dançar sozinha, de forma lenta, crescente e serena. Considerando todo o background da personagem, cujo alguns elementos foram citados acima, a movimentação mostra como ela se sente em paz com a sua companhia e não tem uma necessidade de ter alguém constantemente ao seu lado. Sua presença, enquanto mulher no auge da sua terceira idade, é suficiente para ela mesma, para sua felicidade, e quando há um desejo maior, como transar, há sempre outros meios para obtê-lo. Além de potencializar essa individualidade, o fato dela estar dançando ao som de uma música antiga pontua ainda mais a conexão que ela tem com o seu passado, com a sua história, com momentos que a fizeram quem ela é. Ela não anula o que já viveu, pois é preciso olhar para trás para continuar a transformação enquanto ser humano, aprendendo com os erros, acertos e vivências gerais. Aqui, de forma menos explícita do que a luta da personagem em manter uma construção histórica de pé como resquício de um tempo que já passou, esse elemento do roteiro remete ao traço revolucionário da personagem: assim como ela resiste pela preservação histórica do seu bairro, ela também se resigna a acharem que velhice é sinônimo de dependência, acomodação e decadência. Mais do que nunca, pode ser um momento de valorizar e evoluir quem se é. Afinal, assim como na contemporaneidade, só há crescimento existe se houver respeito e reconhecimento do passado. Em As Herdeiras, a dança tem o mesmo teor de leveza que no brasileiro. 
Apesar de ser uma cena rápida, que passa despercebida por olhares distraídos, quando Chiquita, que será presa, dança no quarto há uma referência à despreocupação da personagem. Ela dança porque está em paz, porque não tem medo e, mais importante, porque ainda está viva. O fato dela ir presa não irá anular isso e ela enxerga esse revés como apenas mais um contratempo que faz parte da vida. É uma representação da sua personalidade desprendida, otimista e corajosa, que muitos acreditam que é esvaecida pelo tempo, como se apenas jovens pudessem ter o direito de arriscar, errar, aprender com o erro e ansiar por dias melhores e mais oportunos. Para Chiquita, sua dança é a esperança viva de que tudo irá passar e ela não precisa perder o bom humor, o olhar entusiasmo e o deleite pela vida por conta disso. No filme de Sebastián Lelio, a dança é um hibridismo das nuances exploradas nas duas obras. Se em grande parte do filme a arte era usada como uma forma de controle sobre a aquisição do romance e de representação da personagem, na cena final era é atribuída de um significado totalmente diferente. No meio dos convidados do casamento da filha da sua melhor amiga, Gloria, ao som da música homônima, lentamente vai se soltando no ritmo da canção, como se estivesse em um processo de libertação de todo o peso que carregou consigo durante todos os anos em busca de de um romance e do romance em si com Rodolfo. Dessa vez, ela dança sozinha e se sente completa. Ela percebe que não precisa necessariamente estar com alguém para sentir íntegra; sua presença basta para lhe dar esperança no futuro, desde que ela nunca se abandone e deposite a saída para a solidão necessariamente em um amor. Ela pode viver todas as aventuras que se propõe sozinha, com amigas e, se assim for, com um parceiro ao seu lado. É um momento libertador para ela.
0 notes