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A sacerdotisa de Atena
Medusa foi uma mulher com traços elegantes e longos cabelos negros, vivia no templo de Atena com suas irmãs, todas filhas das divindades Fórcis e Ceto, mas apenas ela era mortal e exercia seu sacerdócio, mantendo-se virgem respeitosa aos ensinamentos da deusa. A única falha de Medusa foi atrair cada vez mais homens para o templo com seus encantos não intencionados, enfurecendo cada vez mais Atena.
A fúria de Atena atingiu o ápice quando Poseidon, seu eterno rival, encantou-se por Medusa. Ele tinha completa noção de que as sacerdotisas de Atena precisavam permanecer puras, mas mesmo assim isso não o impediu de tentar conquistar Medusa, que fugia o quanto podia. Poseidon não conseguindo o que queria, enlouqueceu dominado pela paixão e violentou a sacerdotisa a força, dentro do templo, em frente a estátua de Atena. A deusa cega de ódio e com uma total incapacidade de compreender o que havia realmente ocorrido, optou por castigá-la.

Pelo templo violado, Atena amaldiçoou Medusa a transformando num monstro, as mechas de seus cabelos viraram serpentes, sua pele foi recoberta por escamas e os dentes tornaram-se presas de javali. Como a deusa não suportava como a jovem atraía os homens, além de tudo isso também ordenou que todos que olhassem para ela petrificariam, causando extrema solidão e isolamento. Medusa e as irmãs foram expulsas de seu templo, tiveram de se refugiar em uma caverna para que pudessem viver normalmente, viveram por muito tempo em paz até que guerreiros começaram a circular pelo lugar para confrontar Medusa e usar uma cabeça para transformar em pedra os inimigos. Um desses guerreiros foi Perseu, um semideus que havia sido obrigado a decapitar o monstro senão sua mãe seria violentada pelo rei; ao pedir auxilio para os deuses, Perseu recebeu um elmo que o tornava invisível e uma espada, dessa forma conseguiu se aproximar da Medusa. A sacerdotisa que já havia sido violentada e amaldiçoada, agora tinha sido decapitada.

No momento em que Perseu arrancou a cabeça da Medusa, a gota de sangue que escorreu entrou em contato com a água e pode ser ouvido um estrondoso trovão. Logo depois nasceu na água uma espuma branca e dessa espuma emergiu um cavalo alado branco, era Pégasus. O estupro cometido por Poseidon tinha gerado uma gravidez, Pégasus era filho da Medusa.
Hoje, finalmente, Medusa é considerada um dos símbolos do feminismo por ser uma mulher amaldiçoada por costumes patriarcais e primitivos, trazendo a importância de se ter e de se praticar sororidade. Medusa foi estuprada, expulsa de seu lar e decapitada pelo motivo mais doloroso: existir.
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As Treze Matriarcas
As tradições herdadas por antepassadas das tribos norte-americanas nativas eram repassadas ao longo das gerações nos Conselhos de Mulheres e nas Tendas das Luas, em meio a tantas histórias e ensinamentos a que mais se destaca é a lenda das treze mães das tribos primordiais. Essa lenda traz os princípios da energia feminina que estão manifestados nos arquétipos de Mãe Terra e Vó Lua.

A lenda conta que as treze matriarcas, que regem as treze lunações anuais, são responsáveis por proteger a Mãe Terra e os seres existentes nela, cada uma com seus poderes e energias específicas. O símbolo que representa a Mãe Terra é uma tartaruga que tem seu casco dividido em treze porções, simbolizando as lunações do ano. Nos primórdios da vida no planeta os alimentos eram fartos e a igualdade entre os sexos e as raças era respeitada, mas a cobiça pelo ouro aos poucos tomou o espírito dos humanos e levou a Terra a violentos ataques que a fizeram desviar de sua órbita, causando mudanças climáticas e desastres; esse primeiro mundo havia sido destruído pelo fogo para que uma purificação pudesse ter sido feita. Na tentativa de que o equilíbrio fosse restabelecido, a Mãe Cósmica, que se manifesta na Mãe Terra e na Vó Lua, trouxe a humanidade o perdão e a compaixão, de forma que a pureza desses sentimentos fossem guardadas no coração das mulheres. Esse feito só pode ser feito por meio das matriarcas, treze porções do todo, iniciaram um longo processo de devolver as mulheres a força que seria capaz de redimir a humanidade. Quando as mulheres estivessem prontas e e os filhos da terra tivessem aprendido todas as lições, um novo mundo de paz e igualdade poderia renascer.
“Cada Matriarca detinha no seu coração o conhecimento e a visão e no seu ventre a capacidade de gerar os sonhos. Na Terra, elas formaram um conselho chamado "A Casa da Tartaruga" e, quando voltaram para o interior da Terra, deixaram em seu lugar treze crânios de cristal, contendo toda a sabedoria por elas alcançada. Por meio dos laços de sangue dos ciclos lunares, as Matriarcas criaram uma Irmandade que une todas as mulheres e visa a cura da Terra, começando com a cura das pessoas. Cada uma das Matriarcas detém uma parte da verdade representada, simbolicamente, em uma das treze ancestrais, as mulheres atuais podem recuperar sua força interior, desenvolver seus dons, realizar seus sonhos, compartilhar sua sabedoria e trabalhar em conjunto para curar e beneficiar a humanidade e a Mãe Terra.”
Lunações e poder de cada matriarca

I. Janeiro: A primeira matriarca é conhecida como “Mãe da Natureza, aquela que ensina a verdade e fala com todos os seres”, sendo a guardiã das necessidades da Terra. Ela nos mostra como nosso parentesco se alonga entre todos os seres da criação, trata de ensinar a conexão e o respeito pelo espaço em que estamos, trazendo a idéia de que é um lugar sagrado e que todos que vivem, incluindo nós mesmas, precisamos de cuidados. A conexão gerada entre a mulher e o espaço sagrado ao seu redor, incluindo todas energias viventes, é o que fará florescer o pertencimento.
II. Fevereiro: A segunda matriarca é conhecida como “Mãe da Sabedoria, aquela que honra a verdade e guarda os antigos conhecimentos”, sendo a guardiã dos antigos ensinamentos é a protetora das tradições sagradas e da memória. Ela tem grande conexão e contato com o Povo das Pedras, já que estes registraram todas as experiências já vividas pela Mãe Terra. A lição que ela tem a oferecer é sobre a tolerância, aprender a honrar e compreender que existe verdade em todos os pontos de vista sagrados e existe verdade em toda forma de vida, trazendo a idéia de que não faz sentido sobrepor nossas opiniões, nem nossos valores ou conceitos.
III. Março: A terceira matriarca é conhecida como “Mãe da Verdade, aquela que avalia e ensina leis divinas”, sendo a guardiã da justiça, ela vem para ensinar os princípios da Lei Divina, o equilíbrio, o efeito de ação e reação, apreender e reter o conhecimento da nossa própia força e fraqueza, nos fazendo explorar e utilizar nossas qualidades para que sejam criadas diversas possibilidades para cada obstáculo encontrado; essa energia de compaixão com nós mesmas é o que faz nossa essência expandir.
IV. Abril: A quarta matriarca é conhecida como “Mãe das Visões, aquela que vê a verdade em tudo e enxerga longe”, sendo a guardiã das profecias é ela quem guia os espíritos para outras dimensões durante os sonhos, ensinando como entender o que foi visto. Essa matriarca ajuda as mulheres a desenvolver a visão interna e acreditar mais na nossa intuição, nos leva a superar nossos medos através da confiança; devemos confiar no que foi visto e sentido.
V. Maio: A quinta matriarca é conhecida como “Mãe da Quietude, aquela que ouve as verdades e escuta a mensagem”, sendo a guardiã do silêncio, seu ensinamento é sobre se aquietar para poder ouvir as mensagens dos outros mundos, da natureza, dos seres de luz e do nosso coração. Ela explica como fazer esse discernimento do que é realmente verdade e do que foi mentido como forma de defesa, para isso é preciso que fiquemos em silêncio.
VI. Junho: A sexta matriarca é conhecida como “Mãe da Fala, aquela que diz a verdade e conta as histórias que curam”, sendo a guardiã das histórias seu papel é ensinar a fala do coração, ensinar a contar verdades ancestrais com amor e sem incluir a nossa perspectiva sobre o assunto, sem julgar nada. Essa matriarca traz o poder da palavra, ensina métodos de usar nosso humor para afastar os medos, equilibrar nosso sagrado com nosso desleixo, preservando sempre esse hábito de contar histórias.
VII.Julho: A sétima matriarca é conhecida como “Mãe do Amor, aquela que ama a verdade de todas as manifestações de vida”, sendo a guardiã da compaixão, essa matriarca nos ensina a amar incondicionalmente todo o nosso ser; é preciso amar nosso corpo, nosso prazer, nosso trabalho, nossa dança interna. Com toda essa energia de acalento também nos ensina a amar sem olhar a quem, aprendendo a cada dia de que não devemos julgar nossas iguais e devemos nos amar acima de tudo, desapegando das visões distorcidas sobre nós mesmas.
VIII. Agosto: A oitava guardiã é conhecida como “Mãe da Morte, aquela serve à verdade e cura os filhos da Terra”, sendo a guardiã dos mistérios da vida e da morte, ela ensina sobre a arte da cura e sobre o conhecimento dos ciclos da natureza, tendo a capacidade de curar as feridas abertas tanto do corpo como da alma. Essa matriarca cuida de todos os momentos desde o nosso nascimento até a nossa morte, trazendo a lição de autocura.
IX. Setembro: A nona matriarca é conhecida como “Mãe da Vontade, aquela que ensina como viver a verdade”, sendo a guardiã das gerações futuras e dos nossos sonhos, ela rege a direção Oeste, onde está localizado o principio feminino. Essa matriarca nos ensina a olhar para dentro de si e buscar a nossa própria verdade, dessa forma podemos encarar o futuro sem temer e sendo capazes de manifestarmos nossos sonhos na Terra.
X. Outubro: A décima matriarca é conhecida como “Mãe da Criatividade, aquela que tece a teia da verdade”, sendo a guardiã da força criativa, ela nos ensina sobre como desenvolver soluções, habilidades e aprender a materializar nossos sonhos e idéias, de forma a fugir da estagnação e destruir todas as limitações. A energia que essa matriarca traz é a de auto-expressão, é preciso ter o desejo de criar um sonho, decidir fazê-lo e usar nossa força vital para que esse sonho possa ser materializado.
XI. Novembro: A décima primeira matriarca é conhecida como “Mãe da Beleza, aquela que caminha com verdade, dignidade e firmeza”, sendo a guardiã da liderança e mãe da perseverança, ela nos ensina valorizar os nossos feitos e quem nós somos, reafirmar nossa importância e nossa integridade. Essa matriarca é quem nos ensina sobre sermos dignos de ter uma vida satisfatória, ela traz novas soluções para todos os caminhos e carrega a verdade dos ancestrais, foi a criadora da Tenda da Lua.
XII. Dezembro: A décima segunda matriarca é conhecida como “Mãe da Coragem, aquela que louva a verdade e ensina a gratidão”, sendo a guardiã da abundância, ela nos ensina a agradecer tudo que já foi recebido para que possamos abrir espaço para mais abundância. Ela nos mostra que através de testes e provações seguimos progredindo e mesmo com todos os desafios que aparecem, é preciso ser grata sempre por todas as oportunidades que nos permitem evoluir e aprimorar nossa força.
XIII. Lua azul: A décima terceira matriarca é conhecida como “Mãe da Transformação, aquela que se torna a visão e ensina a mudança”, é a guardiã dos ciclos de transformação, a senhora da mudança. Essa matriarca carrega todas as outras matriarcas consigo e além de ser a união, ela é quem pode realizar a missão espiritual e criar o saber. A lição que podemos aprender é a de passar através de todos os ensinamentos adquiridos nas outras lunações sem nos iludirmos pelo caminho ou nos perdemos, de forma a alcançar constantemente a evolução espiritual para que possa haver a realização da nossa essência.
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Cy, o arquétipo da deusa-mãe brasileira

Os povos da pele vermelha ao longo do tempo começaram a decair e houve uma grande dispersão dos remanescentes para muitas regiões do continente americano. Na América do Sul, especialmente no Brasil, estes remanescentes originaram os tupinambás e os tupi-guarani. Apesar de haver variações nas histórias sobre a mitologia devido a imposição da religião cristã e ocultação de toda uma religião indígena, é bem relatado que eles acreditavam que todos os seres possuíam uma mãe. Essa mãe não seria apenas uma mãe única para o todo, mas ela era fragmentada para cada ser, seja mineral, animal, plantas e até mesmo fogo, vento, rio e terra. Cada elemento da natureza era cuidado por uma Cy, que quer dizer "Mãe Criadora" , ela é capaz de gerar, modelar, criar, governar e alimentar seus filhos permanentemente sem necessidade de haver um elemento masculino. Os povos indígenas brasileiros não tinham o costume de cultuar um pai gerador, pois não entendiam o papel do masculino na geração da vida, levando-os a crer que as mulheres tidas como virgens eram fecundadas por energias luminosas em forma de animais (como o caso do boto), por forças da natureza (como a chuva ou o vento), seres ancestrais ou suas próprias divindades. Os homens respeitam imensamente o sangue menstrual e o fim da menstruação era visto como um milagre, já que se transformava em filhos. Sendo Cy a mãe criadora, na sua ausência não poderia existir a manutenção da vida e da morte. Na língua Tupi existem vários nomes da deusa que enaltecem suas qualidades maternas, como Yacy ou Jaci, a mãe Lua; Amanacy, a mãe da chuva; Aracy, mãe do dia, a origem dos pássaros; Iracy, mãe do mel; Itaycy, mãe do rio da pedra. Uma curiosidade sobre a palavra Cy e seu significado é que Guaracy, considerado o deus do sol e companheiro de Yacy, poderia ser, na verdade, uma deusa. Guará quer dizer "vivente", logo seu nome significaria "Mãe dos seres viventes", a força vital, a luz, que cria a vida animal e vegetal.
Mitologia
Por ter sofrido modificações ao longo do tempo com os ataques cristãos, a origem de Yacy é muito discutida nas lendas, mas a mais aceita é que ela teria sido criada por Tupã, o grande gerador e deus dos trovões. Tupã teria criado Yacy para ser a Senhora da Noite e trazer calmaria para os homens, mas ele acabaria por se apaixonar por ela também. Outra lenda diz que Yacy teria sido criada junto com Guaracy, sendo ambos manifestações visíveis de Tupã; a crença relata que Yacy teria sido criada enquanto Guaracy dormia, gerou-a para que pudesse iluminar a escuridão que surgia toda vez em que fechava os olhos, e assim a Lua assumiria seu papel. Guaracy se apaixonou pela beleza de Yacy e se frustrou por ela desaparecer toda vez em que abria seus olhos, desse amor nasceu Rudá, o mensageiro do amor, para que pudesse contar a Yacy o quanto ele a amava, Guaracy também criou as estrelas para estarem com ela enquanto ele dormia.

Criação do Rio Amazonas
Uma outra versão da mitologia indígena de Guaracy e Yacy conta que ela estaria vagando pela floresta amazônica quando Guaracy apareceu, descreveu-o como um guerreiro de olhos de fogo e energia radiante. Ele teria se rendido aos encantos de Jaci, que é descrita como tendo uma beleza prateada e tímida. Com a efervescência do amor dos dois, Guaracy pôs a terra em perigo ao queimar com o fogo de sua paixão, enquanto Jaci estava tão feliz e dominada pelo amor que suas lágrimas de felicidade quase inundaram a terra. Incapazes de lidar com seus próprios sentimentos, os amantes decidiram que seria perigoso demais permanecerem juntos e nunca mais voltaram a se encontrar. Yacy nunca mais apareceu antes que Guaracy estivesse completamente adormecido, sua tristeza era tamanha que todas as noites suas lágrimas escorriam pela copa das árvores formando poças enormes no chão da floresta que por fim desciam pelas montanhas, nascendo assim o grande Rio Amazonas.
Lenda da Vitória-Régia
A índia Naiá teria caído de amores ao contemplar a Lua que brilhava estonteante no céu todas as noites. Os índios contam que Jaci descia até a terra para buscar virgens e transformá-las em estrelas, Naiá quando soube dessa história pôs-se a sonhar com o dia em que viraria uma estrela no céu de Jaci. Todas as noites a índia saía de casa para contemplar Jaci e esperar o momento em que a Lua desceria no horizonte para alcançá-la. Naiá repetia essa espera toda noite, mas acabava adormecendo e não encontrava Jaci. Um dia Naiá vê o reflexo da lua nas águas do rio e tenta tocá-lo, mas acaba caindo e se afogando, Jaci padece com a cena do esforço da índia e a transforma numa grande flor do Amazonas, que só abre suas pétalas nas noites de luar, a chamada Vitória-Régia.

Outros arquétipos de Cy
Em outro mito amazônico a Cobra Grande é um dos aspectos da Mãe Ancestral indígena, sendo esta a dona dos rios e dos mistérios da noite. Ela é apresentada como um monstro que vive escondido nas águas escuras e profundas do rio e ataca embarcações; a Cobra Grande é, na verdade, a face escura da deusa, a Mãe Ceifadora, que gera a vida em lugares sombrios como também traz a morte, ciclando entre criação, destruição, decomposição e transformação. Outro aspecto da Mãe Escura é Caamanha, a "Mãe do Mato" , deusa que nutre e protege as florestas e os animais silvestres, sendo a maior inimiga de quem agride a natureza, essa deusa pouco conhecida foi transformada em personagens populares como Curupira e Caapora.
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La Loba, a mulher-lobo
Capítulo 1 - Mulheres que correm com os lobos
O alerta para ouvir com a “escuta da alma” começa logo no primeiro capítulo do livro, é um toque da autora para que os leitores entendam a importância das histórias antigas e como elas atuam na nossa vida quando bem interpretadas. A Mulher Selvagem está sendo ressuscitada conforme ouvimos os uivos, os contos e os cânticos, ela pode te visitar em sonhos, nos impasses e nos sentimentos injustiçados. A história contada nesse capítulo vem de povos que se dedicam aos ossos para que os mortos sejam ressuscitados e se chama “La Loba”.

A Mulher dos Ossos ou a Mulher-lobo, como é conhecida, habita um lugar que poucas pessoas tiveram a chance de conhecer, mas todos já ouviram falar. Normalmente ela cruza com pessoas perdidas, andarilhos ou exploradores de algo que preencha o âmago. La Loba é retratada como uma mulher que vive à espreita, com vastos cabelos e com corpo largo. Ela possui costume de evitar grande parte das pessoas e vive para uma única utilidade: recolher ossos. Apesar da sua morada ser repleta de variados ossos de várias espécies, ela tem preferência por lobos. Quando consegue reunir o esqueleto por completo, senta a beira de uma fogueira e prepara uma canção. Assim que a voz de La Loba e os braços caem sobre os ossos, lentamente vai sendo revestido por músculos e carne e depois pêlos, até que a criatura retome a vida. Seu canto permite que o ar entre nos pulmões do lobo, permite que seus olhos se abram e que a magia aconteça. O lobo sente toda a energia do canto e corre livremente pelo desfiladeiro, não se sabe exatamente o quê, se é a velocidade das suas patas, se é a lua banhando seu corpo ou a dança que a chuva faz em seus pêlos, mas repentinamente o animal torna-se uma mulher que se põe a rir enquanto corre sem amarras na direção do horizonte.
E é por isso que dizem que no entardecer, se estiver perdido, pode ter a sorte de aprender algo da alma com La Loba.

A Mulher Selvagem renasce quando mulheres se unem aos seus destinos de loba, à sua psique virgem e sem civilização. O cantar sobre os ossos se trata de resgatar fragmentos perdidos de nós mesmas e dar vida ao nosso todo, fazendo com que o selvagem nos guie. La Loba também é conhecida como "Aquela que Sabe", uma anciã que resguarda o destino de todas as mulheres e também as cria a partir de uma ruga na sola de seu pé divino. A sola do pé é percebida por muitos indígenas e povos da mata como se fossem seus olhos, sua conexão com a terra e sua energia, então caminhar com sapatos seria como estar de olhos vendados, e é por isso que Aquela que Sabe criou as mulheres assim, para lhes dar sabedoria inata e capacidade de se conectar.
Seja a Mulher Selvagem, La Loba ou Aquela que Sabe, esse arquétipo é mais velho do que o tempo e vive dentro de cada mulher como uma memória intrínseca do instinto feminino. É um espaço-tempo onde encontramos a fusão entre a delimitação do corpo e a alma, a racionalidade e o instinto, é onde mulheres e lobos correm sem mordaças. Esse lugar, essa força selvagem, pode ser vislumbrado na nossa busca pelo divino, no interesse pelos mistérios e pelo obscuro, pode ser sentido quando nosso coração acelera com uma música ou quando lágrimas caem ao ver uma criança correndo livre, sendo apenas o que é... La Loba ressurge toda vez que tocamos no nosso âmago algum lugar que nunca foi tocado antes, alguma parte que não sofreu influências das conjecturas sociais e nem foi corrompido e adestrado pelo mundo. La Loba é o que é, livre e inocente para ser, e não há nada que seja capaz de alterar sua natureza inefável e atemporal.
A brecha no espaço-tempo onde a Mulher Selvagem habita foi chamado por Jung de inconsciente coletivo, sendo retratado como o lugar onde as respostas são achadas, onde a cura mora. Esse mundo-entre-mundos requer muita sabedoria, já que é uma outra realidade onde tudo se encaixa e faz sentido, o que gera fantasias e desequilíbrios, por isso o mergulho interno se torna uma dificuldade para muitas; essa experiência precisa ser percebida como um mergulho em águas divinas, onde saímos mais sábias e esclarecidas do que antes de entrar. Todas as mulheres possuem capacidade em potencial de acessar o mundo-entre-mundos, rio por baixo do rio, nossa Atlântida, e é possível chegar até lá por meio da meditação, de sonhos intensos, da dança da alma, do canto que sai do peito, da escrita, de qualquer coisa que faça perder a noção da realidade em volta e apenas deixe imersa em magia... é nesse momento que pisamos no território de La Loba.
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