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asnymoon · 6 months ago

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₊˚. Late at Night - asanoya .˚₊

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• Dia 2 - #asanoyaweek

— Zahir: algo ou alguém que uma vez tocado ou visto jamais será esquecido

(Essa história foi originalmente postada no twitter para a Asanoya Week em 2022)

— Eu não disse que ele enlouqueceu, eu só acho que talvez ele tenha dado uma leve surtada, é isso.

— A gente pode considerar por um momento a chance dele tá falando sério?

Sexta-feira, dez da noite. Enquanto todos os universitários da região se dividiam entre aproveitar as maiores festas regadas à bebidas e outras substâncias, e estudar até seus cérebros pedirem socorro para as provas que se aproximavam, o quarteto aproveitava uma de suas tradicionais festas do pijama, ou como chamavam na presença de outras pessoas, a reunião semanal.

O quarto de Shimizu cheirava a uma mistura de pipoca, chocolates e incenso, a playlist de pop dos anos 2000 tocava alto o suficiente para evitar que escutassem a conversa de fora do dormitório, mas não ao ponto de atrapalhar a conversa.

Deitado sobre a cama, Daichi folheava sem muita atenção uma revista de moda da temporada passada; Kiyoko estava sentada na beira de sua cama, com Asahi sentado no chão entre suas pernas, facilitando para que ela pudesse treinar alguns novos penteados em seus cabelos; Sugawara por sua vez estava deitado de bruços sobre o tapete, testando os esmaltes da amiga e decidindo qual cor passaria em cada um deles. Todos eles tinham diferentes máscaras de argila colorida no rosto, o que apenas dava um charme a mais para a cena.

— Será que vocês podem parar de falar sobre mim como se eu não estivesse aqui? — reclamou Azumane, puxando seus pés para longe de Koushi antes que ele pudesse testar um dos esmaltes fluorescentes em suas unhas.

— Eu não enlouqueci, ok? Eu não tenho controle sobre meus sonhos.

— A gente não acha que tu enlouqueceu, Aza, ignora o Suga. É só que... é estranho dizer que sonha com a mesma pessoa a meses e ainda assim não saber quem é. — Daichi tentou explicar.

— Eu não vejo a diferença entre isso e quando vocês dois se conheceram. — foi a vez de Kiyoko intervir, se referindo a Sawamura e Koushi. — Sugawara passou meses sonhando acordado sobre ti depois que vocês se esbarraram na cafeteria.

— Mas eu pelo menos tinha certeza que o Dai era real, o As nem sequer se lembra onde possivelmente conheceu esse tal garoto.

— Ele disse que foi no bar.

— Não tinha sido na boate?

Azumane apenas suspirou cansado. Ele amava os amigos, mas naquele momento os três estavam mais lhe dando dor de cabeça do que ajudando.

Toda a fonte dessa discussão havia começado alguns meses antes. Os quatro haviam acabado de terminar as provas e tinham decidido celebrar os bons resultados, saindo para os melhores e mais movimentados pontos da cidade.

Do restaurante para o bar, do bar para a boate, da boate para uma rave, da rave para uma lanchonete e então de volta para outra boate. Eles haviam saído dos dormitórios às cinco da tarde e voltaram apenas às onze da noite do dia seguinte.

Deixando de lado toda a ressaca e prejuízo financeiro daquela noite, em algum momento no meio de tudo aquilo, Asahi havia conhecido alguém. Não apenas alguém qualquer, mas um alguém que invadiu seus sonhos e ocupou seus pensamentos desde então.

O único problema era: graças à quantidade excessiva de bebidas e outras coisas que foram consumidas naquela noite, ele não se lembrava quem era a pessoa.

Os flashes de memória eram frequentes, mesmo que a lembrança nunca fosse totalmente clara. Os olhos curiosos e sempre atentos, a mecha loira que insistia em cair sobre eles, em contraste com o restante do cabelo castanho escuro; o sorriso perfeito que parecia iluminar o mundo à sua volta, a risada contagiante. O modo como suas mãos acariciavam o pescoço do maior, ou como seu quadril parecia se encaixar perfeitamente entre as mãos de Asahi; como seus corpos pareciam ter sido feitos para ficarem próximos e cada toque parecia queimar da melhor forma possível.

Azumane podia não saber quem ele era, mas tinha certeza que nunca seria capaz de esquecê-lo.

— Independente de onde foi, a gente deveria confiar no As. Se ele diz que o cara é real, então ele é real.

— Nele eu confio, no que eu não confio é na quantidade de bebidas que a gente tomou naquele final de semana. — resmungou Sugawara, começando a pintar as unhas dos pés de Asahi.

— A gente pode trocar de assunto, por favor? Kiyoko tu não tinha algo que queria nos falar?

Os três apenas se olharam, decidindo por deixar o assunto morrer dessa vez, mesmo sabendo que não duraria muito até que voltasse à tona.

— Certo... — Shimizu suspirou, demorando um instante até se lembrar do motivo pelo qual havia chamado os amigos para a festa do pijama. — Ah, sim, lembrei. Então, vocês lembram do Tanaka?

— Teu ficante?

— Teu namorado ainda não oficial?

— O careca?

Daichi, Asahi e Suga perguntaram ao mesmo tempo. As dúvidas eram genuínas, mas definitivamente tinham um fundo de provocação.

— Vocês são impossíveis. — os três apenas riram. — Ele tá de aniversário essa semana e vai fazer a festa naquela boate nova no centro. Vocês estão convidados.

— A gente? Por quê?

— Porque nós conversamos e chegamos a conclusão de que seria interessante meu namorado conhecer meus melhores amigos. — debochou Kiyoko. — Mas é sério, eu realmente queria que vocês se conhecessem e ele parece bem animado com a ideia também.

— É claro que a gente vai, Kiy. — respondeu Sawamura, sorrindo ao ver a animação da amiga.

— A gente vai amar ir.

— Tudo por ti. — completou Asahi, deixando um beijo casto sobre a mão dela.

Os quatro então sorriram. Na loucura ou nos novos relacionamentos, eles sabiam que podiam sempre contar uns com os outros.

×××××

Mais um final de semana havia chegado e junto dele a festa de Tanaka.

Durante a semana, entre a correria de ir para a faculdade, achar um presente e comprar uma roupa decente para sair, Azumane mal teve tempo de pensar sobre a conversa que teve com os amigos, nem mesmo havia sonhado com os olhos já tão familiares, mas naquele dia parecia que tudo estava pior. Além do sonho já conhecido, desde o momento em que acordou, Asahi teve flashes mais claros de lembranças, detalhes que até então estavam apagados no fundo de sua mente agora o perseguiam a todos os instantes.

— Acho que seria melhor se nós dividíssemos um uber, vai ser mais barato e assim todo mundo pode beber. Kiy já avisou que nos encontra lá.

— É uma boa, eu posso encontrar com vocês aí no dormitório do Suga, aí nós já saímos juntos. — sugeriu o maior, escutando Sawamura concordar do outro lado da linha. — Certo, a gente se vê daqui a pouco então.

— Beleza, até Aza.

— Dai, espera. Tu também tá com a sensação de que tem algo estranho hoje?

— Como assim estranho? — era clara a confusão na voz do outro — Tá tudo bem, Asahi?

— Tá sim, é só que- quer saber, esquece, é besteira. Te vejo mais tarde, até.

Sem esperar por uma resposta, Asahi apenas encerrou a ligação, começando enfim a se arrumar. Horas mais tarde, quando já estava no carro com os outros, ignorando todos os olhares de Daichi, agradeceu internamente por ele não ter tocado no assunto na frente de Suga.

Já dentro da festa o trio foi apresentado oficialmente ao aniversariante que, apesar de ser um pouco mais agitado do que esperavam, ainda era uma pessoa maravilhosa, além de tratar Shimizu como rainha.

— A área VIP tá reservada só pros convidados e a bebida é liberada, aproveitem! — disse Tanaka rapidamente, em seguida se afastando para falar com algum outro conhecido que havia chegado.

— Teu homem tá podendo em, Kiyoko. Esse lugar é incrível. — Suga brincou.

— A irmã dele é uma das donas. — explicou enquanto caminhavam em direção ao bar, suas vozes mais altas que o normal para serem ouvidas por cima da música.

— Apresenta a cunhadinha, novos amigos são sempre bem-vindos.

Enquanto os dois continuavam com a conversa, Daichi puxou Asahi mais para o canto, ficando longe o suficiente para que tivessem privacidade.

— Tá tudo bem, As? Tu parecia nervoso hoje mais cedo no telefone.

— Eu só tava com uma sensação estranha sobre hoje, mas não era nada ruim.

Sawamura apenas concordou. Mesmo sabendo que ele não falava toda a verdade, resolveu deixar de lado, afinal, eles estavam ali para aproveitar, mais tarde poderiam lidar com o que quer que estivesse incomodando o maior. Koushi e Shimizu então se aproximaram com alguns copos em mãos e logo os quatro já estavam seguindo em direção à pista de dança, dispostos a aproveitar ao máximo aquela noite.

No meio da pista, cercado por seus amigos e diversos desconhecidos, sendo iluminado pelos canhões de luzes coloridas e embalado pela música pulsante, Azumane se permitiu se desligar de seus pensamentos por uma noite. Pela primeira vez em meses, se permitiu deixar todas as preocupações, inseguranças e dúvidas de lado, esquecer dos compromissos futuros e das obrigações passadas, e simplesmente aproveitar o momento.

Estava tão distraído fazendo a coreografia boba de Suga que nem ao menos notou a chegada de mais gente ao grupinho deles.

Mas então ali estava ele. Parado ao lado de Tanaka, rindo de algo que Kiyoko havia dito, estava o rosto que vinha invadindo seus sonhos e ocupando seus pensamentos a meses. Assim que seus olhares se cruzaram e uma expressão surpresa tomou a face do menor, Asahi tevecerteza de que era ele, e enfim as lembranças daquele dia pareceram retornar a sua mente.

Fazia pouco tempo desde que haviam chegado à boate, mas Azumane já havia se separado de seus amigos. Sentado próximo ao balcão, conseguia observar Shimizu e Daichi participando de alguma competição de beber cerveja, enquanto Koushi chamava a atenção de todos na pista de dança ao tentar ensinar dois bêbados a coreografia de alguma música pop do momento. Todos se divertiam e o maior estava mais feliz do que já havia estado há um longo tempo.

— Com licença, esse lugar tá ocupado?

Talvez fosse o efeito da bebida aumentando sua reação, mas Asahi tinha certeza que nunca havia visto alguém tão magnífico quanto aquele garoto parado ao seu lado. O modo como os cabelos bagunçados pareciam emoldurar a face encantava qualquer sortudo que tivesse a chance de olhá-lo.

— Hm, não. Tá livre.

— Que sorte a minha. — o menor sorriu, puxando o banco para mais perto dele. — Eu sou Nishinoya Yuu, é um prazer.

— Azumane Asahi, e o prazer é todo meu. — um breve arrepio correu por seus corpos assim que apertaram as mãos.

— Então, você vem sempre aqui?

Em qualquer outra situação Azumane provavelmente teria achado aquela tentativa de flerte uma besteira, mas o jeito como Nishinoya disse aquilo, tão confiante, de algum modo ele gostou.

— Primeira vez por aqui, na verdade. E você?

— Oh, definitivamente não é minha primeira vez aqui. — o menor riu sozinho. — Mas já que é sua primeira vez por aqui, o que acha de eu te dar um tour? Eu posso te pagar uma bebida depois, se aceitar.

Asahi apenas lhe encarou por um instante, avaliando a oferta. Seus amigos não dariam sua falta por um bom tempo e entre ficar sentado no bar ou aproveitar sua noite na companhia do menor, a resposta era fácil. Sem dizer mais nada, o mais velho apenas aceitou a mão que lhe era oferecida e se deixou ser guiado pela boate.

Mais tarde, enquanto ambos saíam de um dos banheiros, arrumando suas roupas e tentando ao máximo ajeitar seus cabelos, os sorrisos não deixavam seus lábios nem por um instante sequer. Apesar do tour completo pelo lugar, aquela definitivamente havia sido a melhor parte da noite.

— Me liga qualquer hora dessas. Eu ainda to te devendo uma bebida. — Yuu colocou um pequeno pedaço de papel com seu número anotado em um dos bolsos de Azumane, dando um último selinho nele antes de se afastar.

Não demorou muito até que seus amigos o achassem e os quatro partissem para uma rave que Koushi havia descoberto ali perto. E apesar de estar se divertindo, pelo restante da noite Nishinoya foi a única pessoa em que Asahi conseguia pensar.

Sem saber como reagir a situação e temendo que o clima ficasse estranho entre o grupinho que havia se formado, Azumane deu uma desculpa qualquer sobre buscar mais bebidas e sumiu entre a multidão, sem realmente saber para onde estava indo, mas por sorte, logo avistou a placa do banheiro.

Assim que entrou, suspirou aliviado, agradecendo mentalmente aos céus por ser o único ali. Lá dentro a música soava abafada e as luzes pareciam mais fortes que o normal, o que era um tanto incômodo, mas não ao ponto de fazê-lo voltar para o lado de fora.

Debruçado sobre a pia, Asahi não prestou atenção quando a porta foi aberta e fechada novamente, muito menos notou quando o menor parava ao seu lado, apoiado de costas para a pia.

— Tudo bem aí? — agora que havia se lembrado, o mais velho reconheceria aquela voz em qualquer lugar. — Tu saiu bem apressado de lá... teus amigos ficaram preocupados.

Por mais que tentasse, Azumane não conseguia decifrar o tom do outro.

— Desculpa, eu precisava de um pouco de ar.

— Tu não ligou. — murmurou Noya após alguns minutos de puro silêncio entre eles.

— Eu queria ligar, eu juro, é só que-

— Tá tudo bem, Azumane, tu não precisa se explicar. — o mais novo interrompeu. Era idiotice de sua parte querer ser correspondido na mesma intensidade por alguém com que apenas havia tido um caso de uma noite.

— Não, Yuu, me escuta, por favor. — Asahi segurou com cuidado o rosto de Nishinoya, fazendo com que ele o olhasse, decidindo explicar a situação toda, por mais estranha que fosse, torcendo para que o menor não achasse que ele havia enlouquecido. — Eu queria ligar, eu realmente queria. Naquela noite depois que eu saí da boate, meus amigos e eu fomos a outra festa e acabamos perdendo a linha com a bebida.

Noya apenas escutava tudo com atenção, tentando ao máximo ignorar o ritmo acelerado de seu coração graças a proximidade entre eles.

— O ponto é, eu acabei perdendo teu número e a única coisa que eu me lembrava daquela noite era teu rosto. Eu sonhei com o teu rosto todas as noites desde então e eu tentei te achar, mas eu não tinha conseguido nada, pelo menos não até hoje.

Logo que parou de falar, Azumane percebeu o quão bobo parecia falando tudo aquilo. Se ele já não tinha perdido sua chance com Nishinoya antes, ele definitivamente tinha agora. Mas ao invés disso, a única reação do mais novo foi sorrir; um sorriso tão grande e sincero que Asahi podia jurar que seu coração havia errado algumas batidas.

— Quer dizer então que tu sonhou comigo? — provocou, levando suas mãos até o pescoço do maior.

— Mais do que eu deveria, provavelmente.

— Isso é bom, considerando que tu não sai da minha cabeça desde a última vez que a gente se viu.

Ambos sorriram, seus rostos cada vez mais próximos, suas respirações se misturando. Antes que seus lábios pudessem se encostar, um alto estrondo vindo da entrada do banheiro chamou a atenção de ambos, que acabaram se separando pelo susto.

— Ah, achei vocês. Gente, eu achei eles! — Sugawara gritou feliz e claramente mais bêbado do que estava na pista de dança. Não demorou muito até que Daichi, Kiyoko e Tanaka se juntassem a ele na porta, observando a cena em uma mistura de surpresa e choque. — Achei eles, viu?

— Será que vocês poderiam, hm..., sair? — em outro momento Azumane definitivamente ficaria envergonhado pela situação, mas agora só havia uma coisa em sua mente e seus amigos estavam atrapalhando.

Todos rapidamente concordaram, saindo em um coro de "desculpa" e "aproveitem", por fim os deixando a sós de novo. Logo que a porta se fechou os dois se encararam, seus rostos vermelhos pela vergonha logo foram tomados pelas risadas.

— Eu deveria ter uma conversa com os teus amigos. Já é a segunda vez que eles e a bebida atrapalham meus planos contigo. — brincou Yuu, fazendo uma caricía leve sobre o pescoço alheio.

—Mais tarde tu pode reclamar com eles o quanto quiser. — a resposta veio em um murmuro, não sendo necessário mais que isso graças a proximidade entre eles. As mãos de Asahi agora repousavam sobre a cintura fina do mais novo, puxado-o para si, até que não houvesse mais espaço entre seus corpos.

— Definitivamente mais tarde.

Quando enfim se beijaram, foi como se aquela primeira noite tivesse acabado.

O sentimento, a conexão, tudo entre eles parecia apenas certo; era certo que estivessem juntos, era certo o modo como se encaixavam um ao outro e era apenas certo que continuassem daquele modo.

Naquela noite, depois de diversos beijos e várias piadinhas vindas de seus amigos, Azumane prometeu a si mesmo que jamais esqueceria alguém tão importante quanto Yuu, Asahi nem mesmo teria como esquecê-lo, já que ele não planejava se separar do maior tão cedo.

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