Tumgik
fantasticdelusionheart · 11 months
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Quando Alfred disse que você e Jason Todd desempenhavam um papel de Romeu e Julieta, ele não imaginava o quão semelhante a história vocês seriam.
Seu relacionamento com o, até então, Robin começou depois de uma fuga de Arkaham, onde Alerquina chamou uma ajuda inesperada para a festa.
___ Quinzel era o seu nome, a filha da Alerquina. Conhecida no mundo do crime como Puppet.
A filha do Coringa.
Foi quando o seu relacionamento com Jason começou.
Talvez tenha sido ali o seu erro.
Se apaixonar pelo belo Capuleto.
Vocês se enfrentaram algumas vezes mais antes de Alerquina ser presa novamente e Coringa desaparecer.
E então, Batman se viu na obrigação de recebê-la em suas asas.
Foi quando o amor brotou.
Antes eram rivais poderosos, treinavam dias e dias, apenas para em um determinado momento se enfrentarem e no fim, ficarem empatados, começando então a treinar novamente.
Quando começou a escola, vocês eram loucos dos estudos, buscando as notas mais perfeitas, você sempre ganhava, mesmo odiando todo o processo estudantil de chegar até ali.
Mas quando se tratava de livros, Jason brilhava.
E foi seu encanto pelos livros que começou a fazer você se apaixonar.
Quando menos percebeu, toques e abraços demorados começaram a fazer parte da rotina de vocês, flertes deixados no ar enquanto vocês lutavam, ele fazendo os criminosos se curvarem diante de você e sua nova persona de Gaio Azul.
Graças ao amor um do outro, vocês foram capazes de evoluir como nunca.
Mas também, foi graças a esse amor que os olhos do coringa brilharam em crueldade para vocês.
Sua sede insaciável de chamar a atenção do Batman e se vingar profundamente de sua palhacinha princesa do crime foi tão sedenta, que foi impossível para-lo.
Quando Jason desapareceu naquele dia, deixando apenas uma nota, foi o suficiente para você entender que tudo jamais seria o mesmo.
Nem mesmo Bruce foi capaz de te segurar quando você roubou uma de suas motos e saiu em disparada pelas ruas invernais de Gotham, derrapando pela neve enquanto sua capa azul do uniforme tremulava violentamente a suas costas.
Você sentia tanta raiva enquanto apertava o acelerador, voando pelas ruas, como Jason poderia ter sido tão estúpido em acreditar nas palavras de Coringa? Era óbvio que tudo era uma tremenda mentira.
Mas logo a raiva foi substituída por medo quando um boneco de Robin foi avistado por si, este que estava enforcado em um poste, com uma caixa de som na boca, ecoando a risada de seu pai.
Distraída, você acabou derrapando e caindo com a moto, essa que bolou para longe enquanto você tentava ficar de pé.
Foi quando você se levantou e pôde perceber uma escrita esgarranchada no peito do boneco.
"Espero que aprecie a vista, bonequinha."
E então, você percebeu o armazém e sua mente deu um estralo.
Era ali que Jason estava.
Mas você não teve tempo de reagir, em um segundo o armazém estava ali, e então, em um piscar de olhos, ele estava indo aos ares.
O grito que ecoou pelas ruas foi estrondoso e embebido de puro ódio e dor, esse que fez os moradores se encolherem e arrepiarem.
Quando você pegou a moto e dirigiu de na direção do armazém, você não esperava ver Bruce ali, ajoelhando no fogo.
Mas bastou vê-lo com o corpo de Jason nos braços que você despencou.
Depois daquele dia, nada foi o mesmo.
Você foi atormentada dia após dia com a imagem de Jason morto nos braços de Bruce, as risadas do Coringa foram a trilha sonora de seus pesadelos e a culpa de ter os arrastado para a bagunça que você era foi demais para suportar.
Um ano tinha se passado desde a morte de Jason, e foi no dia do aniversário de morte dele que a história voltou a continuar.
Naquela noite, novamente, você se despediu de Bruce, depois da partida de Jason foi impossível para você usar seu manto sem seu fiel companheiro de galho, não existia Gaio Azul sem Robin, e não existia você sem Jason.
Bruce nem desconfiou de suas ações antes de partir, não desconfiou do seu abraço apertado e demorado, do seu beijo de despedida no rosto ou do quase nunca pronunciado "Eu te amo".
Mas ele devia ter desconfiado.
Alfred também não desconfiou de suas ações naquela noite, era comum para ele ver você vulnerável e necessitada de carinho e compreensão, então para ele, ser abraçado e beijado não foi uma surpresa.
Mas ele queria que tivesse sido.
Naquela madrugada, após uma noite tranquila, quando Bruce retornou para casa, ele não esperava encontrar o que encontrou.
Não te encontrar em seu quarto era comum, então ele não se preocupou muito antes de andar lentamente para o quarto de Jason, lugar onde você passava boa parte do dia.
Foi quando ele abriu a porta que os pesadelos de Bruce ganharam um novo cenário.
Ele não esperava te ver ali, na cama de Jason, vestida com as roupas dele, abraçada ao primeiro livro que ele deu a você, pálida.
Com os pulsos mutilados.
No dia de seu enterro, onde foi enterrada ao lado do túmulo de Jason, Bruce abriu sua carta de suicídio.
"Bruce. Alfred. Dick.
Principalemte você Bruce, oi.
Eu sei que será o primeiro a ter coragem de ler isso, então eu lhe dou meus amados cumprimentos.
Você deve estar chocado, sinto muito, eu não queria que nada disso realmente acontecesse, eu não queria que fosse você a me encontrar.
Sim, eu sempre soube que seria você, você sempre é o primeiro a me encontrar.
Me desculpe.
Mas eu estava tão cansada.
Cansada de ter tudo tirado de mim, cansada de tudo o que aconteceu ter sido minha culpa.
Eu devia ter ido embora a muitos anos, eu sabia que não devia ter confiado apenas em você, eu devia ter suspeitado que Coringa nunca me deixaria em paz.
Mas eu amava tanto vocês.
Dick, você foi um irmão mais velho muito divertido, obrigada por tudo o que fez por mim, pelos sorvetes e conselhos, mesmo sabendo que você estava desconfiado de mim e distante, você ainda me deu um voto de confiança.
Eu amei você de verdade, eu acredito que você será maravilhoso em seu caminho, que logo sairá permanentemente da sombra do B e brilhará como o sol na escuridão.
Afinal, você é o menino maravilha, o garoto prodígio.
Tenha fé, meu irmão amado.
Alfred.
Me perdoe. Você foi um grande amigo, alguém que guardarei para sempre no meu coração, uma pessoa que vou amar eternamente.
Eu te amo, Obrigada por cada coisa que me fez, eu nunca serei capaz de expressar minha gratidão e meu amor por você.
Espero que permaneça saudável e feliz.
Eu te amo.
E Bruce.
Não se culpe.
Eu fui a única culpada.
Foi tudo minha culpa.
Você não foi nada além de perfeito.
Você foi o pai que eu nunca tive, o amigo que sempre desejei, o cavaleiro de armadura, que eu sempre implorei para me salvar.
Você me deu uma oportunidade, confiou em mim e mostro que eu podia ser salva.
Eu aproveitei cada segundo.
Muito obrigada.
Eu nem posso descrever tudo o que sinto, mas o principal é...
Eu te amo, pai.
Eu te amo.
E me perdoe.
Eu não consigo viver sabendo que foi tudo por minha causa.
Eu não consigo viver sem o Jay.
Não consigo viver sem minha Julieta."
Com lágrimas nos olhos, Bruce fechou o livro Romeu e Julieta novamente, este que escondia sua carta entre as páginas sujas de sangue.
Você era realmente o Romeu.
O filho dos inimigos da família, que se apaixonou pela filha da família Capuleto.
Ah, como ele queria que as coincidências findassem ali.
Mas não, pouco tempo depois, lá estava Julieta, vendo seu amado realmente morto, este que não aguentou viver em um mundo sem sua amada.
Lá estava Jason, ajoelhado e abraçado ao seu túmulo, completamente desolado.
Mas infelizmente, para aquela Capuleto, a morte demoraria muito para unir o jovem casal novamente.
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fantasticdelusionheart · 11 months
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▪Dick Grayson▪
Imaginar que não foi bom o bastante, que não foi o suficiente para alguém era tão deprimente, tão medíocre, tão vergonhoso, mas era exatamente assim que você se sentia.
Você sempre se achou difícil de se amar, você era cuidadosa, carinhosa, compreensiva e uma boa ouvinte, considerava isso ótimas qualidades, mas não parecia para todos os caras que já namorou.
Mas apesar disso, nada tão ruim aconteceu com você, sim, um coração partido e algumas lágrimas foram arrancadas de si, você sempre superou, conformada de que sempre seria vista mais como uma amiga do que uma namorada.
Mas você nunca acreditaria que algo assim aconteceria com você.
Traição.
Não, você nunca havia sido traído em toda sua vida, nunca, mas tudo mudou naquele dia.
Você namorava Richard Grayson a quase cinco anos, sim, foi maior relacionamento que você já teve na vida, e por causa disso, você acreditou que este era para ser, você finalmente conheceu o cara certo, ele seria o cara para você se casar, criar alguns animais e que cuidaria de você assim como você cuidaria dele durante seus anos de vigilância.
Dick era uma luz, ele foi um herói para você, te salvando de um assalto, ele foi um amigo, seu melhor amigo! Ele foi seu amante nas noites frias e finalmente, ele se tornou seu namorado.
A princípio você ficou temerosa, foi difícil entregar seu coração por completo a ele, você estava tão cansada de se machucar, tão cansada de ser abandonada, mas mesmo assim, você tentou, e entregou a ele seu maior tesouro, seu coração machucado e desesperado por amar.
Dick cuidou dele como nunca ninguém tinha cuidado na vida, ele afastou seus medos, o esquentou em dias frios, o confortou quando esteve triste, ah, ele parecia tão certo.
Mas então, estranhamente, ele começou a agir estranho, nos últimos meses ele passou a ficar nervoso, ansioso, mentindo sobre pequenas coisas como alguns ferimentos estranhos, mas não prejudiciais à ele.
Como arranhões estranhos que ele insistiu serem de quando acabou esbarrando com força em uma parede, ou pequenas queimaduras nos ombros, que ele pouco se esforçou para dar uma desculpa descente.
A princípio você achou que se fosse algo sério, ele teria te contado, certo? Afinal ele era Dick Grayson, sempre tão preocupado em não te preocupar, não era a primeira vez que ele trabalhava em um caso e ficava nervoso em te dar detalhes, mesmo quando esse caso troexesse danos ao seu corpo.
Mas tudo estava tão diferente, tudo tão estranho, foi quando suas viagens começaram.
Ele viajava com mais frequência nos últimos meses, sempre dizendo que tinha casos longe que precisava resolver, ou um amigo que pediu auxílio, suas viagens eram breves, mas cada vez mais constantes.
Você se sentia tão mal em pensar que ele estava mentindo para você, se sentia tão podre em imaginar que ele poderia estar com outra mulher, que ele usava suas noites de vigilância para estar com outras, afinal, você não era como ele, você trabalhava com design de interiores, amava seu trabalho, mas não se equiparava a ele, detetive durante o dia, Asa Noturna a noite.
Também existia sua insegurança com o próprio corpo, você também não se achava bonita como as outras vigilantes e heroinas que ele conhecia ou namorou, você tinha algumas estrias que tiravam toda a sua confiança, seu rosto possuía algumas manchas da acne que a atingiu durante a adolescência e você detestava aquela barriguinha saliente que persistia em ficar com você, mesmo que emagrecesse.
Mas ainda assim, Dick tirava toda a sua insegurança, ele dizia as coisas certas, fazia as coisas certas, e isso só te deixava mais culpada por desconfiar tanto dele.
Foi por isso que você decidiu confiar nele.
E essa foi o maior erro da sua vida.
Você tinha tido um encontro com alguns clientes em Gotham, iria levar o dia todo e por isso iria dormir na casa de uma amiga, mas algumas mudanças de plano aconteceram e você ficou livre para voltar a Bludheaver antes do por do sol, tentou ligar para Dick, mas ele não atendeu, imaginou que ele estava descansando antes da vigília e não se preocupou.
Você estacionou seu carro na garagem de seu apartamento e cumprimentou o vigia noturno e trocou algumas palavras com ele.
E depois de uma curta conversa, você subiu para seu apartamento no sétimo andar, era o último antes do telhado, e foi por isso que Dick o escolheu, ficava mais fácil para si.
Tentando não acordar seu namorado possivelmente dorminhoco, você tentou ser o mais silenciosa possível, se sentiu orgulhosa quando girou a chave e abriu a porta sem ranger ou estalar nada.
Mas então alguns barulhos estranhos chegaram até si, você ficou confusa, estavam abafados demais para distinguir, mas sabia que vinha do seu quarto.
Você caminhou até lá, a porta estava fechada, por isso você não tinha entendido o que estava acontecendo, afinal, foi por isso que você gostou tanto do apartamento, por causa do isolamento acústico no quarto.
Você o adorava, apesar de velho e quase não abafar nada, ainda permitia que ela pudesse fazer o que quisesse, conversas particulares, cantar enquanto dobra as roupas, deixar no volume máximo da televisão durante os filmes e principalmente, não incomodar ninguém durante as noites quentes.
Você amava aquele isolamento, mas depois que abriu aquela porta, você passou a odia-lo.
Foi a cena mais dolorosa que teve.
Dick, o homem que você confiou cegamente, estava na cama, a cama de vocês, com outra mulher.
Você ficou paralisada, enquanto eles mal percebiam sua presença, concentrados demais um no outro, mas isso mudou quando a porta rangeu e sua bolsa bateu no chão, em um baque pesado de sua agenda, revistas de amostras e tablet.
O casal pulou, se assustando com a nova presença, e você jurou que nunca viu Richard tão pálido em toda sua vida.
Abaixo dele, você reconheceu Kori, a princesa alienígena, membro dos Jovens Titãs, a mulher que mais esmagou sua confiança de seu próprio corpo.
Enquanto estava ali, paralisada, com o seu peito sendo esmagado lentamente, você lembrou das palavras de Dick.
"Eu te amo, querida, só você."
"Você é perfeita do jeito que você é _____, nunca trocaria você, então pare de pensar assim."
"Você é única, meu amor."
Você se sentiu doente.
Apressada, você apanhou a bolsa e saiu, arrancando os brincos que ele deu das orelhas descuidadamente, quase rasgando a carne, mas naquele momento, você só conseguia pensar no rastreador que ele colocou neles.
Você continuou andando, ignorando os chamados de Richard, ignorando o vizinho que a cumprimentou enquanto entrava no elevador, ignorando o vigia que perguntou se estava tudo bem, ignorando as lágrimas que te faziam engasgar.
Se sentia patética, se sentia enjoada, enojada, doente, humilhada, destroçada, sentiu seu peito doer como nunca enquanto acelerava o carro para fora da garagem, para longe daquele lugar.
Deus, como ele pôde? Era só o que você conseguia pensar, você não era o suficiente? Ele não te amava? Como ele poderia fazer aquilo com alguém que amava?
Você queria vomitar, a cena se repetia em sua mente como uma tatuagem em seu cérebro, que mesmo tentando afastar, não sumia.
Você não conseguia acreditar, enquanto dirigia sem rumo pelas ruas de Bludheaver, você não conseguia acreditar que Dick fez aquilo com você, que ele cuidou tão bem de seu coração, para simplesmente esfaquea-lo no final.
Você dirigiu por horas antes de ter que abastecer e voltar pra casa.
Casa.
Aquela não era mais sua casa. Não mais.
Quando você chegou, se sentia como um zumbi, um robô, mas ainda assim, levantou a cabeça, decidida que era a última vez que pisava naquele prédio.
Você ligou o celular, você nem lembrava de tê-lo desligado, e mandou uma mensagem para uma amiga na cidade vizinha, uma das pouquíssimas amigas que Dick não conhecia, apenas por que a jovem era tão ocupada e reclusa quanto um adulto poderia ser.
Ela não hesitou antes de confirmar, mesmo sendo tão tarde, não era uma surpresa ela ainda estar acordada.
Quando o elevador abriu, ela caminhou até o apartamento enquanto mais e mais notificações chegavam, chamadas perdidas, recados de voz, mensagens não lidas.
Todas dele.
Você as ignorou, destrancou a porta para encontrar o apartamento vazio, você deixou a bolsa na porta, para levá-la quando estivesse saindo, e enquanto cruzava a sala ouviu a secretaria eletrônica apitar.
"Olá! No momento não podemos atender, então por favor, deixe sua mensagem após o Bi-
EI! Você ligou para a residência Grayson! Ignore a última mensagem! Estamos ocupados, deixe sua mensagem após o sinal! Bip!"
Você quase chorou, vocês estavam tão felizes quando ele quis programar aquela secretaria. E quis chorar ainda mais quando a voz dele soou logo em seguida.
"Querida, você está em casa? Por favor, por favor, por favor, me diga onde você está? Você não entende o telefone, você não visualiza minhas mensagens... mesmo que tenha razão em não fazer. Mas por favor, por favor, só... me diz se você está bem."
Você ignorou, se ele estava te procurando, ele logo iria seguir o sinal do seu celular.
Quando abriu a porta do quarto, foi como ser baleada. Você nunca tinha sido ferida assim, mas tinha certeza que poderia doer tanto quanto seu peito doía agora.
As lágrimas caíram desenfreadas, você não tinha forças, olhar para aquela cama, a cama que dividiu com ele por tanto tempo, a cama que os acolhia em seus melhores e piores momentos, doía tanto. Era seu conforto, o lugar onde, agora, você queria enterrar a cabeça e chorar como nunca, mas você não podia, não podia por que ele destruiu aquilo também.
Movida pela força do ódio repentino, você marchou pelo quarto, puxando sua mala de dentro do closet e a abriu no chão, jogando suas roupas dentro, em se importar se iriam ou não amassar.
Você juntou tudo o que tinha, claro, deixando para trás tudo que ele tinha te dado, você não sairia dali com nada relacionado a ele.
Depois de juntar tudo, você puxou seu celular do bolso e arrancou o chip do mesmo, colocando o eletrônico no colchão logo depois, havia sido ele que tinha te dado ele, e você não estava disposta a levar qualquer pedaço de Dick Grayson com você.
Puxando suas coisas até a porta, você o ouviu.
Ouviu seus passos apressados na escada de incêndio, ouviu quando a janela abriu, e viu quando seu corpo emergiu da sala para a encontrar no corredor próximo à porta de madeira.
Vocês travaram.
Você não tinha forças para dizer qualquer coisa, mesmo que sua garganta ardecesse como ácido, buscando gritar, xingar e berrar com ele, e ele não tinha nenhuma coragem de encara-la.
Vocês ficaram assim por um tempo, ouvindo o tic tac do relógio de parede.
Que vocês escolheram juntos.
Engolindo o choro, se recusando a desabar na frente dele, você puxou sua mala para longe, sem se dirigir a ele.
Dick se sentia destruído, se sentia repugnante, ele mesmo não conseguia acreditar no que fez.
Ele te amava, ele amava! Você foi a melhor coisa que aconteceu em sua vida, sua melhor amiga, sua âncora, você não podia ir embora. O que seria dele sem você.
- Por favor.
Você parou. De costas para ele, sem coragem de se virar, você ouviu sua voz.
Embargada, inundada de dor e tristeza, ela sabia disso, pois você conhece ele.
Não. Você conhecia.
Agora você não sabia quem ele era. Não mais.
- Por favor. Por favor. Por favor. Não vá.
Você respirou fundo, engolindo o nó monstruoso na garganta.
- Eu te amo.
Foi a gota d'água.
Você virou com toda sua indignação, pegando a coisa mais próxima de você e jogou nele, este que ele nem se esforçou para desviar. Você percebeu que era uma moldura, ela caiu no chão com a foto para cima, o vidro trincado.
Era uma foto de vocês dois, tirada a alguns meses, quando tudo estava bem, sem nenhuma desconfiança, sem mentiras, sem traições. Era apenas vocês, dois amantes felizes que se amavam incondicionalmente.
Que piada.
- Me ama? Me ama?! - Você berrou, os olhos ardendo, a garganta apertando, você nunca odiou tanto chorar de raiva enquanto discutia quanto agora. - Que bela forma de mostrar que me ama, Grayson, dormindo com outra mulher, NA NOSSA CAMA! - Você finalmente gritou, pegando uma luminária, você amava aquela luminária, e jogou na direção dele.
Desta vez, ele nem precisou desviar, o objeto apenas passou centímetros de distância de seu rosto antes de se destroçar na parece atrás dele.
Ele se sentia tão mal, tão culpado, tão sujo, ele não conseguia olhar para você, não conseguia encarar suas lágrimas, seu rosto contorsido em tristeza e dor, não. Ele não conseguia acreditar que ele tinha te machucado.
- Eu confiei em você, eu te dei tudo que eu podia! Eu cuidei de você quando ninguém mais cuidou! Eu tratei das suas feridas! Eu te consolei quando você chorou! Te amparei nos dias difíceis! Eu quem estava lá para celebrar com você nos dias felizes! E é assim que você mostra que me ama?! Jogando meu coração na parede e pisando nele?!
Grayson não respondeu, seu peito estava pesado, Deus, ele poderia morrer só com esta dor, ouvindo seus gritos histéricos e furiosos, enquanto encarava o quadro em seus pés.
Você quem tinha escolhido aquela moldura de madeira clara, você tinha gostado de como parecia madeira legítima, nela, uma foto de vocês dois residia, uma foto que ele tirou quando a levou para um piquenique no parque, foi antes de tudo isso acontecer, antes de ele estragar tudo.
Na foto, ele estava com o braço esticado, segurando o celular, enquanto seu outro braço a abraçava pelos ombros, ela o abraçava pela cintura sorrindo, mas ele não conseguia ver o sorriso que ele tanto amava, pois bem onde estava seu rosto, havia uma grande rachadura, trincando tudo ao redor.
Lágrimas se acumularam em seus olhos. Ele não podia te perder, não podia, não por causa de uma estupidez tão grande.
- Eu sinto muito! Eu não queria ter feito isso! Eu te amo! Eu te amo! Por favor, acredite em mim! - implorou ele.
Mas você não queria ouvir.
- Acreditar em você? Em que porra de mundo você está vivendo?! - Você gritou. - Depois do que eu vi, não acreditaria em você, nem mesmo se minha vida dependesse disso! - dessa vez você jogou um jarro.
Os vizinhos que costumavam reclamar de qualquer barulho estavam calados, provavelmente eles estavam querendo ouvir o que aconteceria a seguir.
- Amor, me deixe explicar. - implorou ele.
Não havia nada para explicar, mas ele não sabia mais o que fazer.
- Quanto tempo? - Você perguntou sem ar.
Silêncio. Você esperou que ele dissesse alguma coisa, afinal, ele abria e fechava a boca como um peixe morrendo fora d'água, mas nada disse.
- Vamos, Grayson! Você não queria se explicar? Então se explique!
- Três meses... - respondeu ele, em um fio de voz, tão baixo que teria se perdido se algum carro tivesse passado.
- Três meses. - Você repetiu, soltando uma risada amarga que o fez se arrepiar de vergonha. - Você esteve dormindo com ela por todo esse tempo? - Você perguntou, mesmo não querendo saber a resposta. - Você esteve dormindo com ela durante um mês?
- Sim.
Você acenou, suas mãos correndo por seus cabelos bagunçados, rindo sem humor, rindo da sua própria desgraça.
- Deus, você esteve aqui, dormindo do meu lado, acordando comigo, dividimos as refeições, Deus, nós fizemos amor! - Você dizia sem ar, os olhos arregalados enquanto seu corpo tremia, meu Deus, você tinha dormido com ele, enquanto ele estava transando com outra mulher! - E você esteve me enganando! Eu sou uma piada pra você?! Você esteve brincando com os meus sentimentos por todo esse tempo? - Você perguntou em desespero, fazendo os olhos dele se arregalarem.
- Não! - Ele gritou em resposta, se sentindo sujo dentro de seu traje. - Eu nunca faria isso com você!
- MAS FEZ!
Finalmente você explodiu, gritando em plenos pulmões enquanto fazia o homem se encolher em suas roupas escuras, o traje que você tanto amava, que cobria o corpo do homem que amava, um corpo que você pensava ser tocado apenas por si.
- VOCÊ FEZ! ME ENGANOU! ME ILUDIU! BRINCOU COM OS MEUS SENTIMENTOS! AGIL COMO SE EU FOSSE ESTUPIDA! PORRA! VOCÊ TROUXE ELA PRA NOSSA CASA! - Você gritava, Dick a essa altura já tremia, lágrimas escorrendo por baixo da máscara. - E VOCÊ AINDA TEM A AUDÁCIA DE CHORAR? PARA DE CHORAR SEU MERDA!
Você jogou o relógio, finalmente o acertando na perna.
- VOCÊ DISSE QUE EU ERA A ÚNICA! QUE NUNCA ME ABANDONARIA! QUE ME AMAVA!
- E EU TE AMO! - ele gritou mais alto, a voz grave, quase impossível de ser solta pelo nó em sua garganta. - Eu te amo, eu te amo, eu te amo! Eu te amo! - ele chorou, tentando te alcançar enquanto você apenas se afastava, não querendo que ele te tocasse. - Me perdoe, meu amor, me perdoe, me perdoe. Eu te amo! Eu não posso ficar sem você, eu não posso perder você, por favor.
Ele soluçou, caindo de joelhos aos seus pés, agarrando sua cintura enquanto enterrava o rosto em seu estômago, molhando sua camisa e sua pele de lágrimas quentes e soluços, ele só queria que você ficasse, que você não o deixasse, que você o abraçasse forte, do jeito que ele amava, e o perdoasse, que esquecessem que esse dia existiu.
Mas você não o fez, suas mãos se desviaram dele como se fossem explodir, você não teve reação, você não acreditava mais nele.
Você o deixou chorar, nunca desviando seus olhos da janela por onde ele entrou, abraçando o próprio corpo enquanto seu aperto de ferro não se aliviava, em outros tempos, você o consolaria, e ele queria, ele queria ser consolado, mas você não faria isso.
Quando você se cansou, você o afastou, e ele não tinha forças para a segurar por mais tempo, ele arrancou sua máscara e a olhou, finalmente desejando olhar em seus olhos, você olhou para ele, na imensidão azul que um dia a encantou.
Você segurou seu rosto, afastando suas lágrimas com os polegares, ouvindo ele soluçar enquanto mais lágrimas o inundavam, ele estava quebrado enquanto segurava suas mãos, olhando em seus olhos sem o brilho que ele amava, cheios de tristeza e traição.
Ele soluçou, foi culpa dele. Tudo culpa dele.
- Por favor... - ele sussurrou desolado, apertando os olhos com dor. - Não vá...
Mas suas súplicas não adiantariam.
Você puxou suas mãos de volta, enquanto os braços dele caiam ao lado do corpo, você olhou para sua mão, observando o anel que ele colocou em seu dedo. Lembrando de quando ele o colocou lá, foi um dia tão especial, que agora não significava nada.
Você puxou o anel, o soltando a frente dele quando ele não ergueu as mãos para recebê-lo, fazendo a jóia colidir com o assoalho.
- Adeus, Richard. - Você disse, pegando sua mala e virando as costas, indo embora.
E não voltou, mesmo que Dick tenha esperado, se iludindo na falsa esperança de que você mudaria de ideia, mas você não voltou, você o bloqueou de tudo 24 horas depois daquele maldito dia, trocou todos os aparelhos, deixou todas as joias que tinham rastreadores, saiu da cidade, se demitiu de seu emprego, simplesmente sumiu.
Depois daquele dia, Dick se sentiu vazio, tão arrependido, ele não foi mais o mesmo, sua família nunca o viu tão sombrio e triste.
E ele não te viu de novo até alguns anos depois, quando em uma missão com os Titãs, ele te viu de cima de um telhado.
Ele procurava seu alvo quando seus olhos caíram em você, estava nevando e você saía de uma confeitaria com um chocolate quente, ele sabia pois você sempre amou a bebida em dias gelados, mas não foi isso que esmagou seu coração.
Você estava tão linda, depois de cinco anos, você apenas ficou mais bela, mas também não foi isso que o feriu tanto.
Você brilhava, o famoso brilho da gravidez.
Mesmo por baixo do vestido azul e pesado casaco, era possível ver a protuberância óbvia de sua barriga ornamental, você já devia estar quase no fim da gestação, ele pensou.
Você tinha um sorriso brilhante no rosto, felicidade radiante em seu olhos, e você se virou quando a porta se abriu mais uma vez, mostrando um homem parecendo derrotado.
Ele estava perto suficiente para ouvir a conversa que eles tiveram naquela rua calma.
- Eu tenho que parar de deixar você fazer o que quiser, querida. - disse seu companheiro, enquanto passava seu braço por seus ombros, dando um suspiro derrotado.
Dick viu você rir, se inclinando contra ele, buscando seu calor, e viu com o coração apertado quando você puxou seu queixo com a mão para beijar sua bochecha, e viu a brilhante aliança em seu dedo.
- Você sempre diz a mesma coisa, James, parece um disco arranhado. - respondeu ela brincalhona, fazendo o homem sorrir enquanto começavam a andar, a mão dele repousando sobre sua barriga.
- Você está ouvindo como ela fala comigo? É, seu pai sofre na mão da sua mãe. - afirmou o homem enquanto recebia um tapa da mulher, o fazendo gargalhar.
- Não ouça o idiota do seu pai, Seline, mamãe é a melhor. - resmungou você, antes de sumir em uma esquina.
Dick observou você ir, sem poder fazer nada além de observar, observar você ser feliz com outra pessoa. Ser feliz sem ele.
Tendo tudo que ele sonhava para vocês enquanto estavam juntos.
Uma família.
E ele estragou tudo.
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