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#Esse livro veio pro Português???
mairamacri · 11 months
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Côca, o cabeça de abóbora!
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[CURIOSIDADE FOLCLÓRICA]
O costume infantil e divertido, em Outubro, de esvaziar abóboras e cortar olhos, nariz e boca buscando uma expressão medonha e iluminar por dentro, está bem longe de ser uma tradição importada americana.
É uma característica cultural milenar da Península Ibérica, que remonta ao tempo dos 'celtiberos'¹, relacionada com o culto celta das "cabeças cortadas", representando as cabeças dos inimigos que foram cortada durante uma guerra ou batalha, em tempos a.C..
Na antiga Beira Alta (província de Portugal) era costume os rapazes levarem espetada num pau, uma abóbora esculpida em forma de cara, com uma vela acesa dentro, lembrando uma caveira, como símbolo das almas do outro mundo.
Em outras regiões de Portugal, essa abóbora cortada em forma de cara levava o nome de coco, que era nome dado à cabeça (com variações de um coco fruta, que tem três orifícios). Por isso, aqui no Brasil, quando vc era criança pentelha e batia ou machucava a cabeça, a vó ou tia avó vinha e falava: "- Bateu o coco? Tadinho..."
Etimologicamente falando, coco é usada em linguagem coloquial para significar a cabeça humana em português e espanhol. Deriva de "crouca" na Galiza, que significa 'cabeça', que por sua vez deriva de "krowkā" em proto-celta com variante "croca", que significa 'cabeça'. Outros cognatos: "crogen" significa 'crânio' na antiga Península da Cornualha - Inglaterra. E "clocan" também significa 'crânio' em Irlandês.
Unindo todos esses elementos ao longo dos séculos... milênios até (por terem variações históricas antes de cristo), acredito que os antigos começaram a atribuir "coco" para uma coisa do mau.
O nome "coco" era um aviso de um mal iminente nos países de língua castelhana e portuguesa, quando as crianças desobedeciam seus pais, não queriam dormir, não queriam comer, ou mesmo colocar medo para não irem à lugares perigosos ou afastados de casa.
Aos poucos "coco" variou para "coca", a coisa do mau, que comia crianças, ou um sequestrador. A coca vigiava as crianças mal educadas em cima do telhado.
A coca funcionava tão bem para assustar a criançada pentelha, que entrou para o folclore lusitano/castelhano. Até ganhou citações em livros, quadros de pintores, e uma cantiga:
“Vai-te coca vai-te coca, para cima do telhado, deixa dormir o menino, um soninho descansado.”
E, eis que a lenda atravessou o oceano e veio parar no Brasil Colônia... E a coca virou cuca, o bicho-papão, a personificação do medo, um ser mutante que assume qualquer forma monstruosa, para assustar as crianças, um papa-crianças. E tinha que cantar pra botar medo na criança, pro pentelho dormir logo e não atrapalhar o namoro dos pais.
Assim, crescemos com essa cantiga, variação lusitana, unindo a cuca e o bicho-papão numa só:
"Nana nenê, que a cuca vem pegar, papai foi na roça e mamãe no cafezal. Bicho papão, sai de cima do telhado deixe esse menino dormir sossegado."
Aí, veio o Monteiro Lobato, em 1921, e transformou a lenda incrível do cabeça de abóbora num personagem totalmente desconstruído.
No livro O Saci, de Monteiro Lobato, ele descreve a cuca como uma velha amedrontadora, que tem "cara de jacaré e garras nos dedos como os gaviões" (broxante...).
Então, com o passar das décadas, as pessoas se esqueceram da coca/cuca cabeça de abóbora e trouxeram a cuca jacaré para assustar a prole desobediente.
PRONTO!
Quando tiver vontade de pegar uma abóbora, cortar olhos, boca e acender uma vela dentro, LEMBRE-SE, NÃO É SÓ UM COSTUME AMERICANO. Ele viajou milênios entre os povos para chegar em sua forma como vemos hoje.
Sabe, né, aquela velha história: Quem conta um conto, aumenta um ponto.
Maira Macri.
____
¹. Celtiberos: Povos ibéricos pré-romanos celtas ou celtizados que habitavam a Península Ibérica desde finais da Idade do Bronze, no século XIII a.C., até à romanização da Hispânia, desde o século II a.C. ao século I.
(fonte: Arquivos Provençais de Beira Alta, Wikipédia - Coco/Coca, Bicho-Papão, Cuca, Folclore - Imagem: Google)
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skepticalarrie · 2 years
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oi Allie :) Você pode falar um pouco sobre como aprendeu inglês? Tem sido um pouco difícil pra mim, mas gostaria muito de ser fluente igual você, tem alguma dica?
Oi anon! Eu respondi uma pergunta super parecida esses dias mas eu não consegui achar o post 😭 Enfim, sinceramente, não tem nenhuma formula mágica, é prática e treino. Você precisa se expor o máximo à língua. Eu falava pouquíssimo inglês até ter uns 18/19 anos +/-, mas aí eu entendi a necessidade e comecei a correr atrás, basicamente. Então ver filmes e séries sempre com legenda em inglês ajuda demais, prestar atenção no que estão falando, prestar atenção em letra de música. Para mim, foi basicamente uma chavinha que virou e eu parei de ficar “passiva” quando eu ouvia algo em inglês, eu comecei a prestar atenção, e ir atrás do significado, e entender o contexto, etc etc. Quando eu estava melhor nisso, eu comecei a ler livros em inglês, então comecei com livros bem fáceis, ou que eu já tinha lido em pt antes, e fui evoluindo aos poucos. No começo vc n entende tudo e é meio frustrante, mas com o tempo esses “espaços” de coisas que vc não entende vão diminuindo cada vez mais e tudo vai fazendo sentido! Acho que hoje em dia a internet é excelente para isso também, então se vc já está tentando ler o meu blog em inglês é um super passo, vc pode tentar começar a falar com as pessoas e praticar. Para mim a palavra-chave para aprender línguas é imersão, de verdade!
A minha fluência veio mesmo quando eu fui morar na Inglaterra. Eu já falava super bem quando mudei, mas é no dia a dia é quando vem a prática real, não tem jeito. Morei várias anos lá e aí é obvio que ficou bem mais fácil. Mas sempre precisa continuar praticando, pq vc perde e isso é REAL. Eu voltei pro BR em 2018 e no começo de 2020 meu ingles tava podre 😭😭 eu sentia que eu tinha que gastar o dobro de energia toda vez que eu tinha que falar/escrever alguma coisa, eu tinha que pensar demais. Ai me dei um tapa na cara e voltei a praticar mais no meu dia a dia kkkk hoje em dia tento consumir tudo que eu consigo em inglês, não vejo nada com legenda, só leio livro em ingles, podcasts.. enfim. E meu blog aqui tbm ajuda muito! O speaking e o writing são obviamente os mais difíceis e eu pratico minha escrita aqui todos os dias, então, sinceramente eu acho que tenho mais facilidade para escrever em ingles do que em português esses dias. Mas meu speaking tá meio capenga comparado com o que era kkkkk mas enfim! Boa sorte, anon, espero que isso tenha ajudado <3
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flavia0vasco · 8 months
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PRIMEIRA PARTE
Fome de livro, nas franjas do mistério
Com fome, parei na porta da livraria e disse: que pena, não posso comprar
Falou a mulher como quem olha uma peça de carne na vitrine do açougue.
São duas fomes diferentes: uma do corpo, outra do espírito
A gente não pode sucumbir a nenhuma delas
Dirigiu-se pro açougue. Me dá um pedaço de carne? Disse pro açougueiro. Qual? Qualquer uma. Toma. Mas essa eu não posso pagar. É a mais barata. O estômago contorceu. Um azedume já saía da boca. Na saliva. Voltou na livraria. O livro já não estava mais ali. Na vitrine. Sentiu um estremecimento. Mais esgares sacudiram-lhe o estômago. Salivou. Era quase baba. Parecia que ia entrar em convulsão. Preciso comer, disse.
Entrou na livraria. Pediu. Me dá um livro. Qual? Qualquer um. Mas, tem que ser algum. Me dá o mais barato. Toma. Não posso pagar. O livreiro olhou nos olhos dela. Arrepio. As órbitas saltaram. Correu, sôfrego. Toma.  Esse é de graça. Um brinde. Lançamento. É um conto. Embrulhou o livro num pedaço de papel. Ela o pôs debaixo do braço. Foi pra casa. No caminho viu gotas de sangue pingando pelo chão, do pacote. Deliciou-se. A fome já não a devorava. Era uma sensação boa. Aquele intenso buraco profundo, doído, nauseabundo, comendo-lhe as entranhas, ali. Subiu as escadas. Abriu o papel. Devorou o livro. Estava esquálida, pálida. Voltaram-lhe as cores na face. Limpou os cantos da boca. Arrotou. Pensou um pouco. Não era costume. Deu com os olhos na parede desbotada. Rosa. Não sabia. Alegrou-se. Veio-lhe outro pensamento. Mas, não sabia de onde. Parecia fresco como o sangue que brotava de suas mãos, ainda úmido do papel a pouco desembrulhado. Lambeu os dedos. Delicadamente. Uma vontade súbita incontrolável de fumar a tomou. Nunca fumava. Odiava cigarro. O jeito era ir na padaria comprar um. Levantou da cadeira, ajeitou o vestido, amarrou de novo o cabelo, apalpando-o. A caminho da porta revirou os bolsos, e catou umas moedas em meio a uns tostões. Dispensou a casimira do frio da manhã, girou a maçaneta e saiu.
No hall deu com o português do 103. A barriga dele a comprimiu contra a parede na estreita passagem. Houve uma leve troca de olhares, e um breve aceno de cabeça. Logo estava na rua sob o sol a pino do meio dia. Voaram-lhe pelo rosto folhas ao vento a que espantou. Trouxe a cabeça baixa. Um leve encurvar de ombros. Virou a esquina e uma golfada morna, levantou-lhe o vestido. Deixou. A vista apertada, longe de deter-se sobre a próxima folha a atingi-la, refletia na testa e sobrancelhas franzidas uma ligeira soma de inteligência. Recentemente adquirida. Via mais longe. E diferente. Mais vivo. Sons. Cores. Formas. Sombras. De tanto concentrar-se no cotidianamente perdido, distraiu-se. Uma buzina estridente acordou-a da dormência ao atravessar a rua sem olhar. No susto, tentou correr, tropeçou. Recompôs-se. A toleima voltara.
Na padaria.
Me dá um cigarro. Qual? Qualquer um. A mulher do caixa olhou pra ela, impacientemente abestalhada, sem acreditar naquela burrice à sua frente. Mascava um chicletes, barulhentamente. E fazia bolas. O olho revirado, sob os cílios. Pegou uma unidade. Arrastou pela abertura do guichê. Quero um maço. - Olho revirado/Bola. Ainda mais deeeevaaaagar ... escorregando na ponta dos dedos, depositou-o na beirada. A outra apanhou um punhado de moedas no bolso. Despejou sobre o guichê. A caixa contou:
- Não dá.
- Falta quanto.
- R$ 3.
Chacoalhou de novo, o bolso. --- acho que dá.
- Tá faltando.
- Dá um cigarro
- compra 10.
- Dá 10.
Na saída, viu sair da chaleira da máquina de café a fumaça quente. Se deu conta do aroma no ar. Alguns clientes se acotovelavam no balcão estreito. Vertiam xícaras maquinalmente dos seus lábios aquecidos, entre um tilintar e outro do pirex. O café pairava na prateleira. Pega um. Disse pra si. Mas, não disse. Não podia.
Atravessou a rua de volta. Dobrou a esquina. Deu na portaria do prédio. Cruzou o hall. No fundo ficava o 103. Pensou rápido. Mais uns passos. Cedeu aos pés recalcitrantes. Entre um avanço e outro, retrocedeu. Girou os pés, de novo. Avançou. Alcançada a porta, permaneceu assim por uns instantes, parada. No ar. Num abrir e fechar de mãos, contínuo, como a ativar a circulação, cuja cor foi de um vermelho ao branco da marca dos dedos. Manteve os braços esticados, hirtos, ao longo do corpo. A cabeça meio inclinada pra frente.  Empertigou-se, por fim, passando a mão por sobre a barriga, de modo a compor-se, e puxou o vestido pra baixo na altura dos quadris.
Tocou a campainha. O som reverberou lá dentro entre as paredes ocas, num eco vazio. Ocorreu-lhe, então, não ter ninguém ali. Conteve o impulso de tocar novamente. Resolveu esperar. Demorou um pouco, e a chave logo virou. Do outro lado apareceu o português sem camisa a perguntar com o olhar do que se tratava. Estava com espuma de barbear no rosto, segurando uma navalha na mão, enrolado na cintura por uma toalha branca.
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Sim. Disse ele. O Sr. tem café? Ele ficou calado. Olhou do canto do olho. Desprevenido do pedido estranho. Tirado repentinamente da imobilidade, ganhou vida nos gestos, novamente, e disse: vou ver. Saiu de cena. Voltando logo em seguida com um pote de café nas mãos. Toma.
-  Brigada.
Ele deu com um sorriso amarelo.
Ela subiu as escadas. Abriu a porta. Sentou-se na mesa. O suor pregava-lhe na penugem preta ensopada, atrás da nuca. E colava-se-lhe às costas do vestido. Baforou. Abanou as mãos no pescoço, e atrás da nuca. Soprou o ar, ventilando. Quase num assovio. A aliviar do quentume. Reparou de novo as paredes. Nuas. Nenhum quadro. Agora não entendia como passava os dias ali. Sentada. Quis chorar. Interrompeu-a uma música ao longe. Os ouvidos não estavam treinados, e não reconheceu de que tipo era. Era um barulho. Foi se acostumando. Diferente dos sons da rua ouvidos a pouco, virgens e não trabalhados, estes descolavam-se da realidade tomando natureza  própria e complexa, pensada, transmutada a partir da matéria básica constituinte das notas musicais, dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó reagrupadas em acordes, arranjos, melodias, ritmo, composição e tema. Mas, pra ela nada disso existia. Era só fluxo. Coçou a cabeça. Desfez um fio solto do cabelo e encaracolou-o. Várias vezes. Enquanto imperceptivelmente seus pés começaram a tamborilar no chão. Os dedos primeiro. Os do dedão. E as mãos na mecha. Assim longamente. A música se aprofundava. Ensaiou um estribilho. Um meneio de ombros com a cabeça, a tomou. O cotovelo apoiado na mesa, perpendicular ao antebraço direito a descansar. Fungou. Não soube em que momento sofria. Só que de repente irrompeu-lhe o choro convulso. Desmedido. Foi intercotado pela Voz. De perto. À moda do pensamento fresco, não sabe-se de onde. A Voz se escondia. Clara. Sinistra. Ordenou. Fume. Obedeceu. Tirou o cigarro do bolso. Pôs na boca. Não tinha fogo, lembrou. Correu na boca do fogão. Acendeu. Não tossiu. Era um velho amigo. Uma longa tragada, dada sentada, a fez demorar-se. Os olhos semi-cerrados. Os dedos a segurar na cavidade V da mão esquerda, quase toda aberta, quase toda espalmada próxima ao rosto. A boca entreaberta, expulsa dali, a golfada no encontro da língua com a garganta, deixando escapar toda a fumaça, muita... Longe.                                                    
- Bom, né! 
Assustou. Olhou para o papel, manchado. Seu sangue ainda fresco, quando já era pra ser coagulado. A Voz vinha dali. Podia escutar a gargalhada. Não achou graça. Mas não teve medo, a princípio. Já reconhecia sua natureza malévola.
- Não me surpreende que não tenhas me reconhecido logo de cara, em meio aos seus pensamentos. Leva tempo para que a consciência venha à tona. Sou eu que cala a sua fome. Por natureza, inesgotável. Implacavelmente saciada à custa de reiterada miséria provinda de suas profundezas toda vez que lanças luz parcial sobre o mistério de sua vida. Estamos em simbiose. Num mecanismo de retroalimentação. Tenho existência própria. Mas, em sua mente, ganho contornos novos. Originais. Não vês como seguras o cigarro? Isso é meu. Mas, o prazer é seu. Vai, fuma. Aproveita. Antes que acabe.
Refletiu de onde vinha o prazer. Mais uma baforada, foi-se. Uma cinza a ponto de cair, formara-se. A música parara. No silêncio entrecortado pela sua solitária silhueta posta de lado sobre a cadeira, a certa distância da mesa era OUTRA mulher: os cabelos meio curtos castanhos ondulados, macios da escova, com o brilho natural, exalando um suave perfume de benjoim. Era bela. Refinada. A outra mão pousada relaxada sobre a coxa da perna, direita, sobre a qual a outra perna pendia. Estava de calça branca e camisa quadriculada em cubos de 5 cm x 5 cm, multicolorida, lembrando uma mini colcha de retalhos. Uma graça. E sandálias de couro brancas, de tiras. Um leve balanço embalava o pé a partir do joelho esquerdo. A cinza que se formara a ponto de cair, foi depositada com calma na palma da mão direita. Iluminou com uma tragada o cigarro. Uma, duas, três vezes, na ponta. Mais cinza. Na mão. Até acabar. Jogou a bituca fora. Na janela. Tinha o cinzeiro, a mulher bela. Seria o caso dela apagar nele o cigarro. Pensou a desclassificada. Mas, a bela mulher não lhe deu ouvidos. Pigarreou. Rude. A dividir espaço com essa pobre que lhe dera vida. A que não tinha cinzeiro, como a mulher bela. A feia. A que teria apagado o cigarro espremido e fedorento no cinzeiro se o tivesse. Mas, não tinha. E além do quê, quer saber, não era esse o seu estilo. Tragado o cigarro, percebeu que vinha sendo o seu sonho também aos poucos. O prazer vinha dessa outra Mulher. A que ela no fundo queria ser. Uma foto da orelha do livro que lia. A escritora mesma, sua projeção ideal. Fumando.
Depois veio a sede. A boca seca. Negra. Da nicotina. Fétida e rançosa. O café. Bebe o café, murmurou a Voz. É tão bom! Relaxa e reanima. Abriu o pote. Botou duas colheradas no filtro, e esperou a água ferver. Despejou sobre o copo americano. Tragou. O amargo. Precisava. Só assim pra tirar a rudeza da língua da nicotina. O ranço. Bebeu em pé, na cozinha. Olhando a janela esguia, retangular. Aproximou mais. A luz a atravessou. Não à janela, ela. Como num prisma a revelar-lhe as cores do arco-íris, imediatamente, começou a se sentir linda. Buscou seu reflexo. Não achou. Era mais gorda. Não gorda. Gostosa. Também não era a escritora mais: outra mulher, agora. Mordeu os lábios. Carnudos. Sentiu-se voraz. O vestido que lhe cabia não a pertencia mais. Teve urgência de tirá-lo. Ali mesmo ficou nua. O vizinho do prédio ao lado a veria, sem reservas. Sentiu falta de outro cigarro. Que volúpia! Queria ser observada. Inteira. Pôs a perna no parapeito da janela, e se deu. Com as mãos passando por sobre as coxas, os seios, o púbis cabeludo ... a mostra. Sentiu-se observada. Sim.                                                Do outro lado, a lhe olhar, ... não era nada.
Só um pássaro, na sacada, de lá.
Mesmo assim exibiu-se para o pássaro, mostrando-lhe ferina a língua. Acintosa e Sensual. Esse, era preto. Parecia um urubu. À espreita de algum mau agouro. Da cozinha, ela andou até o quarto escuro, de janelas fechadas. A pouca luz vinha da sala. Abriu o guarda-roupa. Enfrentou o espelho, mudo. Em sombras.                                                        Ascendeu a luz.                          O Susto.
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Como podia? A sua figura esquelética, quase cadavérica se revelava. Os olhos escuros fundos, a boca fixa num traço só, as maçãs eram sugadas, e o ventre esquisitamente estufado, como quem sofre de vermes. As canelas eram dois cambitos, ligados aos pés chatos, a se sustentarem no vão das pernas penosamente separadas. Horror.
Não sentia um pingo de amor por si própria. Tomou de um cajado do pai, guardado de herança, à beira do móvel, e com fúria repentina e incontrolável atirou contra o espelho espedaçando-o em mil cacos. Alguns ainda a atingiram. Estava imune a dor dos estilhaços. Tamanha a raiva. Insana, pela primeira vez em anos, como nunca se conhecera. E achou isso bom. Sorriu, até. Sentira. O pai a seduzira pequena. Por um décimo de segundo a sua imagem asquerosa de bigode a roçar-lhe o proibido reviveu no espelho a ponto de quebrá-lo inteiro. Até que ponto era responsável por sua figura subnutrida, sua inércia existencial.                                                                                                                                                 /Passou.
Num certo sentido estava momentaneamente exaurida. Da catarse. E se tocou. Acariciou o corpo todo. Que avolumou-se. Na pele da mulher de lábios carnudos. O clitóris também. Cresceu. Inchou. Umedeceu-se. Suspiros. Houve uma convulsão. Prazerosa. Então era assim que uma mulher de verdade se sentia. Queria sentir isso mais vezes. E a primeira providência que tomou foi vestir-se provocante. Mas, não tinha um vestido decotado. Fuçou numa das gavetas de onde tirou uma peça de pano, vermelho, de cetim cheirando a mofo. Três botões, agulha e linha. Espetou alguns alfinetes no pano ao redor do quadril, frouxamente. E deixou a curta minissaia cair até o chão. Pacientemente se pôs a coser. Com natural dom. Abriu as casas, à ponta da tesoura enferrujada, e pregou os botões. Pronto. Tudo certo. Agora era a blusa. Branca, cavada, dava um nó na frente. Deixando aparente a barriga branquela. Assim queria. Foi comprar o pano: assim só de pensar. Que nada. Catou mesmo foi o lençol, arrancado à força da cama, e com o velho marcador azul, das tralhas de costura, traçou um molde de bustiê sobre o lençol - no corpo, do contorno dos seios ao sovaco. Fazia questão de umas pregas, mas não sabia. Desistiu também do nó na frente, não sabia. Enxertou uma tira de pano pras costas. Arrematou depois a costura das bordas pra dar o acabamento rudimentar. Foi pra prova. Sentiu falta do enchimento. A saia abotoou. No final pareceu-lhe tudo uma aberração de carnaval. Calçou o chinelo de tira. Por ora tudo isso era o que tinha pra se virar. Queria agora sair do interior daquelas paredes. Desertas. E quem sabe zerar a sensação de sucção a vácuo a que era submetida sua existência sem cotidiano, enquanto dragada em meio à bomba mecânica.
Não sabia por onde começar. Olhou ao redor e se deu conta de que não tinha memória. Só o cajado do pai, com que às vezes era ameaçada na infância. Foto nenhuma. Uma planta sequer. Um animal. Nada. Vida? Só a que tinha. Um pedaço de pau como aquele, o cajado, tinha mais sorte. Não tinha que lidar com o dilema, a sina, a condição de viver. De certa forma era bom parecer um pedaço de pau. Não tomava consciência de si. Da sua miséria. Mas ela era de outra espécie. Sofria. E tinha que pagar o pato por isso: chegada a hora inarredável algo cutuca, incomoda o tampão que protege da dor. Vivia com fome, soubera. Fome que atravessou a manhã e foi aplacada no almoço. Aplacada. Não fome de coisas banais, superficiais, coisas que de alguma forma permanecem sólidas no mundo, e que nos enganam por não serem verdadeiras; não serem essência. Carecia das coisas mais diáfanas, indeléveis, indizíveis, compartilhadas, vindas da saudade, do amor, da dor, do sonho. A Fome era mesmo dela. Do que não tem nome. Que tal começar por aí. Pelo nome. Um nome. Mas não estava pronta. Ainda.
Faltava a bolsa. Revirou no fundo do armário, no meio dos poucos sapatos velhos e esquecidas quinquilharias, uma velha pochete, que supunha, não ter jogado fora. Achou fácil. Voltou na cozinha, catou o vestido no chão, pondo-o no tanquinho, e pôs a calcinha. As moedas de dez centavos do bolso do vestido, deslizaram parando no ralo. Deixou-as lá. Pegou foi um dinheiro que deixara em cima do tampo da pia, e guardou-o na pochete. Lembrou dos cigarros no vestido, e voltou no tanquinho pra pegar dois. Pôs na Pochete. Parecia que estava tudo em ordem. Só o copo do café, que jogou uma água. E a borra do filtro fora. E fechou o pote. O papel desembrulhado ficou sem mexer em cima da mesa. Não teve coragem de olhar.
Girou a maçaneta e saiu. A pochete trazia no ombro. Enquanto descia suas pernas iam engrossando. Os peitos inchando. A fala amaciando. Os lábios avermelhando, e ficando maiores. Um cheiro diferente, doce, mais parecido com as flores, fez abrir suas narinas aos poucos, os abdutores inflaram. Puxou dos cabelos, e soltou-os de uma vez no ar. Sacudiu-os ferozmente, de um lado pro outro. Ainda os chacoalhou com as mãos. Era uma gata, à portaria. Seu lado onça ainda não se manifestara. O andar macio. Mais requebrante. Não tinha destino certo. Mirou na direção da praça. Um plano sórdido desfigurou-lhe o semblante. Indecifrável. Sentia falta de maquiagem. Talvez pudesse melhor disfarçá-la de suas reais intenções. Um táxi passou a segui-la. Tinha um passageiro atrás. Trazia a janela fechada. E lá dentro o personagem permanecia imóvel. Parecia alto. A lenta perseguição durou mais que um quarteirão, depois do quê um fiapo de janela desceu e, depois de um instante, mais um pouco. Uns olhos cinzentos de peluda sobrancelha grisalha, disse, imperativo: Entra.
Foi a primeira vez. Na loja segurava a carteira nas mãos. Contando os tostões da compra. Na esteira, a mulher olhou o cacetete. Recebeu o dinheiro, invocada. Devolveu o troco. Pegou da sacola, e rumou pra casa, de volta. Já se fazia escuro. Deixou a compra na cadeira de cabeceira, e sobre a mesa o porrete. Foi tomar banho. Deixou a água cair sem culpa sobre o corpo moído, sem enxágüe, há tempos. Lavava também a alma. Que há muito não despia. Voltara a ser a mesma. Mas não a mesma. Algo mudara. Sentia. Ao lavar os cabelos achou o toque mais suave, o braço mais solto, o movimento mais leve. Também olhou com repugnância para o sabão. Rachado, de velho. Com fissuras pretas - e seco - a ponto de produzir lascas à menor queda. Sua pele necessitada de carinho, quebradiça ao menor toque, sugava da água, sedenta, a seiva necessária para sua sobrevivência. Era no fundo a secura que ia em sua alma. Como o sabão, a pele, o maior órgão do corpo, dizia que ele todo sofria de falta de uso. Deu com o olhar em escamas. Teve nojo de si. Quis vomitar. De vergonha, de penúria, de dó, de desprezo, de asco. Da de ainda a pouco, vinda do curso da tarde, repugnada nua ao espelho. Da de tempos imemoriais morta de fome do interregno da hora da manhã.
Secou-se. Dos pés à cabeça. Vigiando os movimentos. Contra a dor. Enrolada na toalha botou os chinelos. No quarto, os cacos estavam no chão. Teve que passar uma vassoura. Catou uma calcinha; e uma blusa velha, a única, grande, de dormir. Soltou a toalha. Dessa vez sentiu de novo sua esqualidez. Algo a incomodou profundamente. Automaticamente, cobriu-se. Havia atenção demais àquele corpo desvalido, desprovido de graça a afligi-la. Toda a falta havida nela como se refletia nele. Nenhuma bondade apaziguava-lhe o olhar. Sempre cruel. Punitivo. Nenhuma ternura. Muito menos gratidão. A casca ditava o ser. Quando na verdade não dita nada. O ser é quem dita. Nem dita, É, simplesmente. Sentou na cama, um momento, desconcertada. Desse pensamento. Que nem era seu. Sentiu falta do espelho. Sentiu falta dela. “Não haveria alguém ALÉM de só carne e osso por trás daqueles traços?” Mas, não verbalizou essas insurgências. Eram apenas uma sensação formigante. Impávida, permanecia parada no vago. A toalha ainda no corpo, ali, sentada na cama. Numa de suas primeiras insurgências. Em seu mutismo parecia intuir que o modo como se via era fruto de uma construção interna. E era preciso modificar o olhar. Mas, não sabia como. Intuía que era a partir de pequenas mudanças. Até se tornarem hábitos. Cuidados. Autocuidados. Beleza era um estado de espírito, e todo bom estado de espírito dava uma mãozinha à carcaça. Quis muito então do nada um estojo de maquiagem.
Após sua pequena iluminação trocou a toalha pela roupa, e foi até a SACOLA. Só bisbilhotou.                                                                     Num susto, deu pra trás num só solavanco. Soltou de uma vez a alça. Era a Voz: Linda! Mulher! Ela olhou meio de esguelha, e arfou baixinho, arregalando um pouco os olhos. O sangue ainda estava ali, úmido. No papel. Continuou: Você vai longe! Me conte as novas. Há algo que se passe em sua cabeça que eu desconheça? GARGALHADA.
Voou no papel, ainda com as marcas das dobras feitas pelo livro, e irritadiçamente amassou-o com todas as suas forças, fazendo uma bola bem apertada, indo jogá-lo rispidamente no lixo, debaixo da pia. Imediatamente uma pontada de alívio alcançou-a. De costas, com as mãos apoiadas na borda da pia, puxou mais forte o ar, inflando o peito. E, relaxando, exalou-o, fechando brevemente os olhos, e abrindo-os logo em seguida. Sentia-se livre. Deu meia volta pra pegar um copo de água, e entorpeceu. As mãos estavam vivas de sangue. Como em carne viva. Pingavam. A mancha vermelha de ambas as palmas ficara gravada na pedra branca. A blusa inadvertidamente encostada nela, ao tentar alcançar o copo americano, estava agora suja também. Num movimento violento pôs-se compulsivamente a lavar o sangue vivente em água corrente, esfregando freneticamente uma mão na outra, na tentativa de fazer o sangue estancar. Mas, a água vermelha ainda corria. O desespero subiu pelo rosto. E instintivamente ela agarrou um pano de prato à mão, e passou a enxugá-las com forte pressão como se tira uma graxa entranhada. Aos poucos, viu que já não molhava mais. E passou a secar entre os dedos. Ao final era só uma mão suja seca de tinta.
(Música: Suspense/Terror).
Suíte 19. Teto espelhado. Fumaça de cigarro. Do lado da mesa, alto, a mão no bolso, tragava. Havia o vaso de flores. O uísque. Depois de gravar essa cena em suas retinas, cerrou a fresta restante da porta do banheiro. Usou o vaso sanitário. Ali mesmo tirou a calcinha, e a minissaia. Em pé tirou o bustiê. A lingerie caiu-lhe bem. Ele fazia questão da cinta. Pôs. Antes a meia calça comprida até os joelhos, transparente. Evitou o espelho. Inconscientemente. Saiu. As grossas sobrancelhas a acompanharam. Tirou um cigarro do bolso da camisa dele de linho branca. Ele acendeu. Ela tragou. Sustentou o olhar. Passou a tirar-lhe o cinto. Devagar. Mais perto, ele grudou o meio da coxa nela. Entre as pernas. Esfregou. Teve uma ereção. Tomou um gole do uísque. Com o cigarro pendurado no canto da boca, desabotoou o botão de cima da camisa. Ela o ajudou com os demais. Alisou a mão no peito meio cabeludo, e o deixou sentir os cabelos longos, loiros, enquanto beijava-lhe os ombros, prendendo-o pela cintura. Ao fumar, uma fagulha acendeu sua pupila. Largou o cigarro. Ele a imitou. Um beijo estonteante e sôfrego tirou-os do jogo de sedução. Era animal. Deram com a língua na língua. Fora. Esfregando. Ele pressionou o glúteo dela com uma mão e deslizou a braguilha da calça pra baixo, botando o pênis pra fora. Ela sentiu pulsar na vagina o toque grosso sobre a sua calcinha. Molhou. Ele começou a tirá-la. Desfez as ligas. Ela tirou a blusa. Dele. Desceu a calcinha até o chão. Foram pra cama, abraçados. Aos beijos. Ele tirou a calça antes de deitar, e ficou de cueca. A sensação era absurda. Ela teve um forte desejo ao ver o acentuado volume. Sentiu o toque. Duro. Queria ser engolida. Atormentada. Alguma dor em meio ao prazer. Pegou na cômoda o cacetete, do sex shop, onde passaram antes de ir pro motel, agora ali ao alcance das mãos, e entregou a ele. O olhar depravado que ele lançou sobre ela jogou-a no delírio entre o medo e a excitação. Virou de lado, a bunda. Em doses homeopáticas, com pequenas batidas, ele atiçou uma pequena sensação de dor. Uma pancada bem dada aumentou a potência. Formou-se uma vermelhidão. Mudou o lado do açoite, e repetiu o ritual. Num golpe que pegou toda a bunda tirou um alívio excitante de dor. Também pego na provocante submissão, ele sentiu crescer o poder. O pau.  Aumentaram os golpes. Os gemidos cresceram. Os golpes. Das nádegas, subiram pras costas. Aumentaram os barulhos. Foram perdendo o controle. Os gemidos viraram gritos e os gritos viraram urros. Ele tirou o sutiã dela. Deitou-a na cama. E abriu-lhe as pernas. Ela olhou-o no alto do espelho e, sem querer, viu a própria imagem refletida, asquerosa, sobrepujada pelas costas sardentas dele, e foi tomada de um grande horror. Num misto de espanto e prazer, já não mais era a atraente loira de cabelos compridos. Era a torpe morena embranquecida, feia e esquálida, do espelho do guarda-roupa. Ouviu sem rodeio a Voz invadir o seu  cérebro, sem espaço pra luta: acerte-o/
Ele inseriu forte o pênis em sua vagina e ela gemeu. Longamente. Se contorceu. Ouviu novamente a ordem. Acerte-o. Na cabeça. Apenas a cabeça. Ele contorceu sobre ela em pequenos e vigorosos movimentos ondulatórios, aumentando o ritmo. Em um minuto uma chuva de líquidos chegou ao seu clitóris. Um frio gélido intenso subiu pela sua barriga, em meio a suas pernas, cada vez mais avassalador. Sentia uma descontrolada convulsão tomar todo o seu corpo como se fosse enlouquecer. Um frêmito insuportável a sacudiu pelo corpo inteiro, em agonia e êxtase. Soltou um grito dilacerado e incontido, e irrompeu numa dor intensa e aguda .                                                    Tinha gozado.      
Ele virou-se meio sem fôlego pro lado, de costas. Pôs a mão na testa, pouco suada. Ela acalmou. Não se olharam. Ele levantou e foi pegar um cigarro. Na cama, acendeu. Deu uma tragada. Passou pra ela. Ficaram assim por um tempo, fumando. Só aí ela se deu conta do inchaço nas costas. A bunda latejando. Sentou-se junto à cabeceira sem encostar. Ele deu um último trago, e apagou. Sem avisar, virou pro lado e dormiu.
Lembrou da Voz. De alguma forma ela se vinculava ao plano já traçado precocemente, contido naquele semblante outrora indecifrável. Era Ela por trás de tudo. Sem perder tempo, pulou da cama, cuidadosamente; a dor a moer seus ossos, e músculos. Sem pestanejar, pegou o cacetete na beirada da cama, e com força descomunal, vinda sabe-se lá de onde, acertou em cheio a cabeça do homem.                                                                                /Sentiu-se bem.
 Leve. Fuçou o bolso de trás da calça, caída no chão, e tirou de lá a carteira de couro. Abriu. Um maço de notas a enchia. Era o que queria. Correu pro banheiro. Vestiu a roupa. O chinelo. Pegou a pochete. Enfiou nela a carteira. Voltou na cama. Tirou a meia calça. Botou a calcinha. Trouxe o cacetete na mão. Foi até a mesa, redonda. Tomou num gole o resto do uísque. E dirigiu-se pra porta, por onde saiu.
Agora acordada do transe, ainda na cozinha, dava-se conta do alvoroço vindo da portaria. Abriu a porta e, da pequena abertura, viu a polícia junto do português, que batia boca com uma mulher de quinta categoria. Queriam levá-lo pra interrogatório. Ele esbaforava pelo bigode, o rosto gorducho vermelho, arrematando os braços, exigindo o direito de ficar calado, e só falar com um pedido de intimação. Ela sem aceitar, insistia com a polícia que o levasse, e o chamava de escória da sociedade e porco mentiroso. Prometeu na saída botá-lo na cadeia. A polícia explicou que não podia fazer nada no momento, e puxou-a até a viatura, prometendo deixá-la na pensão. Esbravejando, ela relutou ainda, e foi vencida, enfim. Botaram ela na viatura e, junto com as luzes da sirene, sumiram. O português fechou a porta de vidro, e esbaforido, deu com a cara da vizinha de cima, metida na porta, a bisbilhotar. Subiu-lhe o sangue à cabeça, de vergonha de vê-lo ali, parado, a fitá-la com o olhar franzido, de reprovação. Bufou, e entrou pelo corredor. Bateu a porta.
Ela também fechou a porta, e foi dormir. O cabelo ainda úmido. Fazia um pouco de frio, e cobriu-se com uma manta de lã, fina. Ao esgueirar-se sobre a cama, quis esticar o corpo, e não conseguiu. Encolheu. O resultado da sova a punia. Também não tirou a mancha da blusa antes de deitar. Dormiu com ela no corpo, sem ligar.
Meia hora depois.
O português. Fechando a porta trouxe o chapéu na mão. “Um Pork Pie aba curva preto, de lã super macia”: fazia sempre questão de explicar à inquirente freguesia da botica onde trabalhava, durante o dia, como vendeiro. Fazia questão de tirá-lo sempre que atendia. Descansava-o sobre a barriga, enquanto segurava-lhe as abas. Gravada na fita, uma Caveira prata, níquel, o personalizava. Trancou a porta. Botou o chapéu. Na cabeça, calva. Segurou. Soltou. Balançando os braços abertos dada a circunferência abdominal, foi até a portaria. Tinha colocado suspensório, e um paletó preto puído. A blusa branca de algodão, sem manga, vinha enfiada na calça, pega-frango, que mostrava na barra, dobrada, a grossa botina preta descortinada através da meia. Fina, marrom. A pé, atravessou o trecho do bairro que levava até o metrô, na altura da praça. Desceu no centro. Parou na tabacaria. Pediu um charuto. Pôs no bolso. Saiu. Caminhou até o bordéu. Na mesa redonda de jogo se reuniam os amigos. Foi recebido pela escolta de meninas à entrada. Distribuiu gracejos, dentre os dentes amarelos. Era um bom vivã. Os amigos o esperavam. Tirou o chapéu. O paletó pôs sobre o braço da cadeira. Tomou o seu lugar. A primeira rodada do carteado teve início. As conversas deram lugar às piscadelas, aos sinais furtivos, aos acenos de cabeça, à fumaça dos cigarros, ao trinado das pedras de gelo nos copos de vidro, ora de uísque, ora de menta. À leitura labial. Na mesa soavam os sons dos descartes das cartas. Zaps e flushs se sucederam. Parecia estar num bom dia. Nas outras mesas quadradas, de madeira, ao lado, os clientes faziam falta. Ainda não se aprofundara a noite para vê-los chegar. À esquerda, o balcão de tampo de madeira, pesado, acompanhado de banquetas redondas, servia os drinks pedidos, já velhos conhecidos. Pediu um conhaque. Acariciou o bigode. Chevron. Um cacoete. Acendeu o charuto. Até o fim manteve-o no canto da boca, vez ou outra, segurando-o, entre o indicador e o polegar, para dar espaçadas baforadas. Urros. Murros. Gritos. Risadas. Passaram boa parte da noite assim. Por fim, veio o derradeiro final. Tinha quebrado a mesa. Saía com uma bagatela de causar inveja. Levantou. Espicaçou os companheiros abanando um maço de notas, no ar, e foi até o balcão. Paletó e chapéu na mão: pediu outro conhaque, e virou de uma vez. Pegou outro. Virou. Pegou no braço de uma das meninas -- a de sempre – e, já tonto, levou-a na direção do quarto. Atravessou entre os freqüentadores do salão já cheio, e subiu as escadas. Cambaleando. Pisou a sacada, cercada pela balaustrada. Entrou no quarto do meio. A moça ficou nua. Tirou então a alça do suspensório, e o resto da roupa, ficando só de cueca e meia. Montou em cima dela. Sem deixá-la respirar. Esfregou a cara na dela, espalhando beijos e o hálito de álcool, segurando em torno dos ombros. Apossou-se do seu corpo, desajeitadamente, fazendo subir e descer as pernas, alternadamente, como se a escalasse. Enfim, com esforço, tombou pro lado, fez uma ginástica pra liberar a cueca bege de debaixo da bunda, e baixou-a até os joelhos. Empurrando mais um pouco, desvencilhou-se dela, num último movimento de pernas, com chutes. Subiu de novo em cima da moça, e cavalgou-a, até penetrar sua vagina, e gozar. Virou pro lado, e tomou ar. Bem cansado. Pôs a mão no peito liso, e deixou o ar voltar. Recuperado, beijou a ponta dos dedos da mão da moça. Com devera devassidão. Um a um, e direcionou a ela um olhar malicioso, perverso. Deu com um sorriso amarelo. O prazer a despertar-lhe os instintos mais insólitos e febris. Pensou na navalha, que trazia no bolso interno de seu paletó, junto ao lenço encardido de sangue escarlate repisado. Com sofreguidão, resistiu. Não a usaria ali. Nem poderia. Todos o conheciam no prostíbulo. Dando-se conta da bebida, ainda meio zonzo, bateu com a cabeça no travesseiro, e sem ceder ao seu oscilante temperamento, irrascível, ao extremo, virou de bruços e dormiu. Roncou o resto da noite.
Pela manhã, desviou a rota habitual. Foi ter à porta da pensão. Empunhou a navalha por debaixo da manga do paletó. Os raios da manhã, mal despontavam. A mulher desqualificada da noite passada estava na gerência, sozinha, atrás da bancada. Ficou sem ação, ao vê-lo repentinamente. A fisionomia dele se transformou. Ficaram duros os vincos entre as sobrancelhas. ­­---- Despenteadas, pareciam mais pretas e abastadas. Um olhar maligno, odioso, em meio aos veios ---- rajados e chispantes ----- das órbitas, clamava por vingança. A boca comprimida tencionava todo o rosto, hirto. Colérico. Em poucos passos, alcançou lépido, de um jeito quase nunca visto, a cabeça da vítima, puxada violentamente, pra trás, pelos cabelos, e desfechou-lhe certeiro o corte preciso. Na garganta. Ela tombou inconsciente, sem chance de reação.  
07:00. Abriu os olhos. A noite não dormiu direito. A dor não deixou. Imóvel na cama. Agora queria um café. Tentou pôr o pé pra fora da colcha. O outro. As costas reclamaram ao tentar levantar. Fez um esforço. Ao sentar, urrou. A bunda a impedia. Voltou a deitar. Acordou só no outro dia.
Ao passar pela mesa, meio manquitola, teve raiva do cacetete. Quis num ímpeto se desfazer dele. Pôs sobre ele a mão. Mas, desistiu, ao toque. Duro. Como quando tocara por sobre a cueca. Uma onda de prazer a tomou. Podia repetir a dose. O Gozo. Lembrou. Ficara em si a inebriante sensação. Agora tinha uma memória. Começava a ser alguém. Mesmo sendo objeto de uso. Mas, era seu o prazer. Ninguém o tirava.
Fez um café. Associou com o cigarro. Era si própria de novo. Não quis antes da bebida, um. Voltara-lhe a aversão. Prendeu o cabelo. Lavou o vestido no tanquinho. Pegara antes as moedas, já sem precisão, do ralo. E os sete cigarros, que pôs na pochete. Do banheiro veio com a calcinha. Lavou. Curva. Durou três dias, assim. No quarto, aliviou. Não tinha fome desde que comera o livro. Reparou.
No quinto, no caminho da cozinha, ao passar pela sala, se deu conta da SACOLA. Deu de abrir. Nesse instante, bateu-lhe a Voz sem saber bem distinguir se era a de antes, a da sangria desatada - quando jogou o papel debaixo da pia - ou outra, de alguma outra natureza. Era mesmo a de outrora, a tal Misteriosa, espreitando-lhe o pressentido vigiado movimento. Esteve certa então que o seu inconsciente à luz do conto se movia. E a prova disso, era o papel desembrulhado à sua frente, que se abria novamente e de forma inexplicável sobre a mesa. Linda Mulher! Vamos dar uma volta...
HIPINOTIZADA, tirou o vestido NOVO da sacola. Decotado. Tomara que caia. Justo. Na altura do meio da coxa. Vermelho, florido, delicado. A sandália era de um dourado metálico, acompanhando os detalhes dele. Trespassada, com uma tira pra cima dos dedos. O salto era médio, como de um tamanco. Confortável. Botou o vestido. Enfiou o pé na sandália. A bolsinha a tiracolo, também dourada, fez o resto. Soltou o cabelo, escovou com as mãos. Colocou de molho a blusa suja de sangue esguichado da porrada na cabeça do cara, e pôs de molho também a calcinha. Pegou uma outra no varal, vestiu. Apontou pra porta, e saiu.
A roupa nova moldou-lhe o caminhar. Tolo, débil, destreinado, apalermado, desenxabido para natural. Faltava-lhe a graça, contudo. Mas, progredia. Tanto que descolou logo o pretendente. Na praça. Fechou o valor. Valia o estojo de maquiagem, mais um vestido. Dispôs do próprio apartamento para o intercurso. A cama de solteiro dispensava manobras. Encurtava os movimentos. Mas, queria mesmo era se experimentar, na verdade. Decidiu, ali, com as mãos apertadas nas nádegas do sujeito, os olhos abertos, e as pernas engolfadas nas dele, comprar uma cama de casal. Dito isso, o ato foi mecânico. Rápido. Concentrou. Relaxou. Gozou.
O mês trouxe presentes. Enfeites. Caprichos.  Mimos. Para a casa. Cujo cenário entorpecido pela sua mente era a metáfora para o vazio existencial em que vivia. As paredes vazias ganharam quadros, o parapeito da janela, suculentas, o centro da mesa, magnólias, o quarto de cama de solteiro deu lugar à cama de casal, com duplo jogo de cama, o vão abaixo da pia, ganhou cortinado, o filtro de barro, capa. O rosto, vida. Com a maquiagem. O corpo, roupa. Faltava, o espelho. Do guarda-roupa. Aquele em que se reconheceria. Ficou intocado o copo americano. Costume. Paralelamente, a cada luxúria a que se entregava aflorava seu sexo feminino, suas vontades ardiam mais, seus encantos eclodiam. Aos poucos, sua transformação se evidenciava em sua nova pele de meretriz contumaz em troca de pequenas epifanias cotidianas que ressignificavam sua vida insignificante. Esse movimento se fazia ao contrário da devassidão e usual decrepitude atribuída à vida mundana do meretrício. Adquiria traços de exuberância, lascívia, independência, mordacidade, feminilidade e perversidade. Subia-lhe instâncias mórbidas de fetichismo. Tragava-lhe a surra de porrete, de chicote, o jogo de venda, o quente e o frio, a pistola, o prendedor de mamilos, a corda, e o insulto.
Em um dia, na monotonia de um domingo, repetiu-se sentada na sala. A olhar o vazio. Mas, não era nada. Só imensidão. As paredes róseas já não lhe desbotavam os olhos, os quadros enchiam suas vistas, a música vinda de fora, de manso, chegou então até seus ouvidos, agora desvelada. Era um bolero. Soube em cheio pelo velho radinho de pilha, quebrado, esquecido no meio das quinquilharias do armário. Lembrou: era amante desse tipo de música, além da brega, em outros tempos sempre presente em meio à faina da máquina de costura da mãe. Um ofício herdado só amadoristicamente por ela para proveito próprio. Agora a máquina estava ali, no quarto, encostada, ao lado do armário, silenciada, quase empenada, enferrujada, carecendo de óleo. E da agulha. A teia de aranha a avançar-lhe porta adentro, na caixinha vazia de aviamentos, e sobre o descansado pedal. Os pais, agora mais velhos, mudaram de cidade. Foram morar com o filho primogênito no interior. Venderam a casa antiga de três quartos, com puxadinho e quintal grande, coberto de árvores, em troca do apartamento no bairro de periferia, para a filha esquisita, e guardaram o restante do dinheiro para os imprevistos do futuro. Aos poucos, ela se lembrava de quem era. Mas, essa lembrança ainda doía. Lhe ocorreria ainda descobrir, em si, o que ainda não sabia. Uma autodescoberta. 
Como da outra vez a música se aprofundava, o bolero. Ensaiou um estribilho. Um meneio de ombros com a cabeça, a tomou. O cotovelo apoiado na mesa, e perpendicular ao antebraço direito a descansar. Não soube em que momento, percebeu que quase não mais sofria. O choro convulso não lhe irrompeu. Nem a Voz, perto, intercotou seu íntimo. Estava de algum modo já acostumada a ela, como que amalgamada em suas torpezas e à luz de suas revelações epifânicas, cheias de subjetividade. Às vezes, a Voz se pronunciava. Cada vez menos.
O papel, contudo, permanecia ali. Encharcado. Mas, mudo. Como uma reminiscência constante e indubitável da metamórfica refeição. O conto. A música ainda não acabara. Talvez pela prazerosa invocação vinda do cigarro atrelada à escritora, fumou um. E dançou. Flutuando, colheu no peito o arranjo de magnólias, e fez delas seu par. O laivo de aroma inundou-lhe as narinas, impregnando-lhe os cabelos, como outrora fizera o benjoim. Agora, era pega de surpresa, por vezes, a alisá-los, como supunha o fizesse a escritora. Cortara-os até. Esse refinamento contrariava, curiosamente, sua agressividade crescente.
A campainha tocou. Era o português. Trazia uma garrafa de vinho barato debaixo do braço, e uma carteira aberta nas mãos. Exibiu uma nota de 100. Passado algum tempo, desde a última vez que vira a bisbilhoteira, testemunhara a entrada e saída de homens, com habitual freqüência, no espaço destinado ao vuco-vuco. Estava certo da impossibilidade de recusa. Encostando-se à porta, sem antes puxar do braço dele o vinho, deu passagem ao vizinho, supostamente acusado, de algo, e jurado de ser posto atrás das grades. Deixou a porta atrás de si, na cozinha, e foi direto ao copo americano. Despejou nele um tanto que o encheu, e deu um gole. Passou para o visitante misterioso. Sentiu falta do outro copo. Não atentou para o seu uso eventual. Pesando o silêncio, entre olhares a se estudarem, ele tragou do bico da garrafa o gole a mais. Pousou-a na pia, e tocou os ombros da rameira. Massageou-os, de frente. Esfregando com a ponta dos dedos. Ela se deixou facilmente. Não demorou estavam no quarto semi-nus. Ele de cueca e meias. Ela de calcinha e sutiã. Na cadeira com almofada, da velha máquina de costura, deixou o paletó, dependurado, e sobre a almofada, a calça, a blusa e o suspensório. Aos pés, a botina. Ficaram bolinando no espaço entre a quina da cama e a cadeira. Um vulto intrigante, pétreo, correu-lhe o olhar, pestanudo, subitamente transtornado. Agora era estranho o homem à sua frente. De repente, eram os olhos de um assassino. Ao sentir-se a próxima vítima, o excitante perigo percorreu-lhe a espinha. Como há muito não experimentava. Lembrou do cacetete. Suas evocações. Sadomasoquistas. Uma lâmina atravessou o seu rosto. Ágil, vinda do paletó. A mesma que vira levantada naquela mão, no momento em que o conhecera com a espuma de barbear no rosto, e a toalha pendurada na cintura. Arredaram, os corpos colados, até o meio da cama. Deitaram. Ele percorreu o corpo dela, todo, com a navalha. De cima pra baixo, de baixo pra cima. Na altura do pescoço, pronto para insuspeitadamente desferir o golpe. A vista embaralhou-se. Um bocado dela escureceu. Uma por uma, foram surgindo à sua frente todas as suas vítimas. Todas prostitutas. Um tremor subiu-lhe o pulso, em seguida tomou-lhe todo o corpo. Foi forçado a achar um jeito de se sentar. Na tentativa, a navalha escapou-lhe, trêmula, até o chão, sob o tilintar do choque metálico. O mal-estar súbito o deixou à beira da cama, com extrema falta de ar e confusão mental, a ponto de uma síncope. Engasgava e tossia. Enquanto agonizava, ela levantou-se, foi até a carteira, abriu-a. A nota de 100 estava lá. Verdadeira. As outras eram falsas. Cédulas de jogo. A mentira despertou-lhe a ira incontida. De novo a Voz comandou seus movimentos, que já não mais dominava, e a imagem do porrete veio-lhe à cabeça, no momento em que acertava o homem na suíte. Voltou hipnótica, sabendo o que fazer. A Voz não mais precisava ditar-lhe. Num giro, avançou sobre o meliante, que já engatinhava sufocado e, segurando–o pelo pescoço, desferiu com a navalha, retomada do chão, de viés, um golpe certeiro na jugular. O sangue esguichou curvo no ar empoçando o piso. Rapidamente, abriu o guarda-roupa, e retirou de lá um retalho de lençol, que apertou sobre o corte, de modo a estancar o vazamento. Depois de perder os sentidos, sem um grito, o corpo deu como morto no chão.
Publicado neste blog: 09/02/2024
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descendoorio · 1 year
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Mais uma da genialidade que não veio
Não raro, debrucei-me sobre escritos que clamavam por certa genialidade. Sim, com esta exata palavra descrita. Sim, explícito no próprio texto, como se os deuses da metalinguagem fossem atender minha súplica neste formato.
Na última sessão, tivemos verdades bem doídas, das quais o corretor do celular teria total licença poética para retirar o acento agudo. Como poderia imaginar estar presa num paradoxo em que eu preciso me sentir amada para não ser aniquilada, mas aceito uma espécie de amor que não é nem perto do que eu acredito merecer, apenas em nome de continuar na incumbência de amar alguém para não aniquilá-lo? Tem algum sentido isso? O pior é que sim. Não teve um dia dessa semana em que eu não pensei sobre a bizarrice que eu me impus. E ainda: em nome de quê? Ou de quem? Bom, de mim não tem sido.
No entanto, estou na posição mais difícil da minha carreira de escritora de tumblr: a de redigir algo sobre mim mesma pra mostrar pra uma das pessoas mais geniais que conheço. Ela me deixou à vontade para não fazê-lo, mas até parece que eu me utilizaria dessa opção.
Assim como sigo com a lógica dos temas dos meus escritos, parece muito menos doloroso olhar pro outro como objeto de desejo ou de asco do que olhar pra mim mesma de forma honesta com as dores e as delícias de ser quem eu sou (meu Deus que brega). Fiquei esperando Giulia Be entrar e cantar menina solta acapella.
Mas vamos lá falar sobre mim, mas já aviso que tenho pouca prática nisso, porque na época do Orkut eu era adepta do “quem se descreve se limita”. Ou talvez não fosse, mas achei que seria um bom começo de parágrafo. Talvez eu comece dizendo que eu sou uma antítese de mim mesma: meu lado racional me domina enquanto todos me veem como emocional (ou sou eu manipulando pra que vejam isso?); me veem como uma pessoa super extrovertida, mas eu só quero passar o dia inteiro no meu quarto, debaixo de 286 lençóis; certo público me acha totalmente infantil (e eu sou), enquanto outros me acham a fonte da maturidade (o que eu também sou).
Pausa para uma anedota: quando era bem pequena, em torno de 4 ou 5 anos, eu tinha tantos pensamentos que julgava incomuns pra minha idade que eu pensava “não tenho como ficar mais madura que isso”. E, logo em seguida, tratava de pensar “mas se você tá pensando assim é porque ainda tem muuuuuito pra amadurecer”. Ao que eu já me corrigia: “mas, se você tem consciência disso, é porque você é madura o suficiente já”. E foi assim que, aparentemente, criou-se o paradoxo da maturidade.
Mas voltando: eu sou a pessoa que aprende a letra inteirinha em inglês, mas canta tudo errado em português. Eu comecei a aprender esperanto antes de aprender outra língua mais “útil”. Eu gosto de repetir que a pronúncia certa é yoga por ser uma palavra masculina em sânscrito, mas ninguém sabe que eu aprendi isso do jeito mais aleatório, lendo o livro de ensino religioso na escola. Falando nisso, eu sei de quase todas as histórias bíblicas porque, por algum motivo, gostava muito de ler a Bíblia, além de dicionários e gramáticas quando era criança. Ninguém pensou em dar uma coleção da Disney pra essa menina?
Eu lembro de querer tentar explorar o mundo, mas de ser sempre muito barrada, como se fosse uma maldade fazê-lo - muitas vezes, até hoje, isso é tratado como egoísmo da minha parte. Hoje, eu sei que meus atos de concessão têm muito a ver com o medo de perder esse “amor” ou essa validação que me foram impostos (agora eu acertei a concordância, percebeu?). Eu ainda quero isso, lógico que a minha maneira e da maneira que me é possível hoje, mas talvez eu não mais saiba como.
Eu sempre tive o sonho de ser atriz, dubladora ou cantora. Talvez hoje em dia eu secretamente sonhe em ser roteirista ou algo do tipo, mas podemos fingir que você não ouviu isso porque ainda não estou pronta pra falar sobre. Eu sempre achei que minha vida não precisaria seguir a receita que mostram nas novelas, mas isso tudo porque eu achava que, afinal, ela seguiria esse curso naturalmente. É difícil pra mim me deparar com medos puramente humanos - como o de ficar “sozinha”, outrora mencionado - pela minha constante tentativa de não me reconhecer como tal.
Eu venho tentando ser sobre-humana, extraordinária, genial, única, especial, à frente do meu tempo e tantas outras coisas que nem mesmo uma sobre-humana-extraordinária-genial-única- especial poderia citar aqui. Só que eu tô cansada. O que é um claro sinal do mais puro suco de humanidade que habita aqui.
Eu ainda não sei muito bem como me amar, muito menos como dizer algo desse tipo sem parecer arrogante, mas algo me diz que estou no caminho certo. E a prova disso é que encerro por aqui, sem palavras rebuscadas, sem frases de efeito, só eu, sentindo que acabou.
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jaredletobrasil · 4 years
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ENTREVISTA: Jared conversa com SAG-AFTRA Foundation sobre The Little Things.
A TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS DESTA ENTREVISTA É PROPRIEDADE DA EQUIPE JARED LETO BRASIL, SE REPOSTAR, POR FAVOR NOS DEÊM OS CRÉDITOS, É UM TRABALHO QUE DEMANDA TEMPO E DISPOSIÇÃO E GOSTARÍAMOS QUE RESPEITASSE, OBRIGADO.
Segue a tradução abaixo:
“Jared: Obrigado, estou lisonjeado por estar aqui. Quero dizer que ouvir sua introdução me fez pensar no quão incrível uma organização coloca tudo junto para as pessoas. Eu gostaria de fazer algum tipo de doação porque eu ainda não fiz. Eu não estava ciente do que estava acontecendo mas isso meio que me comoveu e eu adoraria participar. Então depois disso quero ter certeza que iremos juntar as partes. Mas eu adoraria contribuir para as pessoas que estão necessitadas agora.
Muito obrigado. Depois confira o vídeo postado e ir para os comentários, está tudo lá. Então Jared, quero te perguntar sobre seu último filme, The Little Things, dirigido por John Lee Hancock. Como isso veio À tona? Qual foi seu primeira cena dessa história?
Jared: Quando eu li a primeira vez, pensei que isso provavelmente não era para mim, eu fiz muitos personagens um tanto sombrios, talvez eu deveria explorar novos territórios. Mas depois de conversar com John Lee Hancock, e depois de pensar que poderia trabalhar com Denzel Washington e Rami Malek, apenas foi inviável dizer não. Eu disse ao John Lee na primeira vez que nos encontramos e começamos a falar sobre o projeto que se vamos estar juntos nisso eu adoraria levar as coisas o mais longe que podemos ir, até o limite. Ser o mais transformador possível para construir um personagem dos pés à cabeça. É muito diferente de qualquer coisa que já fiz antes. Ele foi realmente um jogo que meio que me fez tirar as algemas e mergulhar nisso profundamente. Explorar, experimentar, criar e falhar, que é outro material, mas é um diretor maravilhoso. Foi um verdadeiro sonho para mim estar nesse projeto.
Quando você chegou para colaborar com John, você mencionou que ele é um ótimo diretor de atores, eu adoraria ouvir mais sobre isso porque especialmente quando você vai para um lado escuro como esse, você meio que precisa dessa confiança do seu diretor para adicionar aos outros atores que estão trabalhando também.
Jared: John faz algo incrível, ele te presenteia. A fé que ele tem em seus atores. Sabe, quando você caminha no set dele, não importa o que será, você irá falhar e falhar novamente e acho que isso é importante. Todos nós meio que sabemos disso. Eu tento me lembrar de que a maioria dos grandes riscos que nos recompensam. Isso é meio que um engajamento da possível falha nos faz encontrar resultados animadores. Então ele é incrível nesse aspecto, ele contrata atores e têm muita confiança e fé, ele também tem uma opinião muito forte, é decidido, o que é sempre muito bem-vindo. Especialmente como escritor, ele não é apenas diretor, isso requer um pouco de confiança para as pessoas entrar. Levar as coisas para frente, bagunçar um pouco e atuar como fizemos. Então ele é fantástico. É uma pessoa muito legal. Na maioria das vezes quando fazemos filmes, seja para televisão ou qualquer coisa, que tenha muita pressão, isso pode ser muito estressante. O tempo é valioso e isso se torna uma grande coisa imediatamente, então quando você tem pessoas como John Lee, Denzel ou Rami, você tem um envolvimento que realmente ama. É meio que algo lindo.
Qual sua conexão, qual é a sua abordagem quando interpreta um personagem como Albert Sparma. Qual seu ponto de entrada?
Jared: Boa pergunta. Nós não sabemos. Eu pesquisei muito, experimentei muito, passei muito tempo com o personagem, com histórias e circunstâncias como todo mundo, eu suponho. Eu gosto de tomar vantagem no tempo de preparação o tanto quanto for possível. As vezes você coloca um par de sapatos e isso muda o jeito que você anda e depois isso muda o resto do seu corpo. É uma reeducação ou chave para caminhar a essa pessoa que pode se comportar ou se agitar, ou ter pessoas interagindo com você. Para o Albert Sparma, a voz foi realmente importante. Essa foi a verdadeira chave para o personagem, seu corpo, o jeito que ele anda e a interação com o senso de humor das pessoas, o jeito que ele se relaciona com a sociedade. As pessoas o experimentam e reagem. É meio que um caminho para o personagem. Eu me diverti muito, tivemos muita experiência em transformação aqui, eu tive olhos castanhos, mudei o nariz e os dentes, algumas próteses, mudei o andar, o jeito de falar, mudei dos pés à cabeça, algumas coisas são sombrias. Estava feliz em ser o bastante pois é um tanto pesado, mas também é muito animador, eu me senti verdadeiramente livre e vivo quando estava sendo o Albert, estava grato por isso.
Como você descreveu as próteses, o macacão, enfim. Isso trouxe algo para a sua performance que nem mesmo muito ensaio pudesse trazer? Sobre a mudança física para a sua performance que te fez  vir daqui para cá.
Jared: Acho que isso te faz perguntar, acho que isso pode ser uma faísca para a criatividade. É meio que voltar para a sua infância e se vestir para o halloween. Você começa a agir diferente, você brinca com seus amigos, assusta sua mãe ou qualquer coisa que a faça rolar os olhos. Eu acho que isso é uma brincadeira, uma descoberta de um lado diferente de você, ver a si mesmo de forma diferente, e na maioria das vezes se você muda seus olhos é uma dessas grandes coisas. Você muda seu cabelo, o jeito que anda, o jeito que toma conta de si, sua postura. Todas essas formas de experimento e exploração, claro que nada disso é necessário, depende apenas da história, do personagem e das circunstâncias. Mas é interessante como Sparma toma todo o tipo de vida nas sombras da sociedade. Ele é um cara brilhante, eu achei ele é muito engraçado em meio a um sombrio senso de humor. Mas ele meio que não tem uma conexão com as pessoas, ele é uma espécie de detetive amador, um fã de crimes como ele disse. Foi fascinante olhar o Sparma e moldar essa pessoa para a vida.
Sabe, uma das coisas que eu sempre admirei nas suas performances é o quão comprometido você é, como mergulha profundamente, voltando para Requiem for a Dream que aconteceu há 20 anos atrás. Mas pergunto se com toda essa preparação que você faz, quando é hora de filmar e você tem que entrar no personagem, como é esse processo pra você?
Jared: Achei que você ia dizer "toda a merda em prática depois de tanto ensaio". Não é algo apropriado esse jeito de colocar toda a merda em prática, mas acho que 90%... Talvez não 90% mas 84% do que eu faço meses e semanas antes de filmar acaba indo pro lixo. Eu falho tanto na preparação. O Sparma que eu conheci com o John Lee se nós tivéssemos filmado aquele dia não teria nada. É como se tudo viesse junto, você faz o trabalho como um louco e tudo apenas chega na hora certa. Mas eu li bastante arquivos do FBI, passei muito tempo assistindo documentários, ensaiei, li livros que eram apropriados, conversei com profissionais, você meio que vira um detetive, eu gostei muito dessa parte, fiquei fascinado por isso, acho que sou apenas fascinado pelas pessoas, foi muito divertido para mim.
Quando você fala em tentar coisas, fazer coisas diferentes, falhar até acertar, quero falar sobre a confiança em seu diretor, em seus colegas de elenco, a importância de estabelecer essa confiança.
Jared: Tanto Denzel quanto Rami me presentearam, assim como John Lee, eles confiaram em mim, é um gesto tão poderoso. Eu e Albert e todas aquelas coisas. Trabalhar com Denzel para mim, ele é como "Brando", De Niro, Pacino, tudo isso. Eu disse isso antes, ele é como meu herói, eu fiquei tão maravilhado em ter essa oportunidade. Olha para a carreira dele, ele nunca foi um ator ruim. Quero dizer, ele sempre excelente. É um prazer absoluto trabalhar com ele, não pela carreira mas emocionalmente, ele coloca o corpo inteiro nisso, é um ótimo exemplo que uma carreira pode ser. Ele é praticamente o mundo, é animador quando ele entra no set, o poder que ele tem como pessoa e como ator, a voz que ele tem. Eu me lembro da primeira vez que o vi. Eu tive muita preparação e  eu cheguei com muitas opiniões e opções, o que Sparma faz, utiliza surpresas para manter as pessoas instável, foi algo que eu quis manter. A primeira vez que eu entrei, estava apenas assistindo e foi muito intimidador, a minha parte foi um pouco intenso. Quando eu falo para ele naquela cena da sala de interrogação soando um tanto irônico, algo tipo "bom te ver novamente" ou "senti sua falta", ele agarrou bem isso, e naquele momento eu pensei que naquele momento Albert teria um problema com o detetive. Atirar em mim, ou ser duro comigo. Mas seus olhos cerraram e ele sorriu e me disse algo com tanta afinidade e conexão que foi brilhante, porque com certeza seria algo que um detetive iria fazer com um suspeito, um bom polícia. E isso me deu uma explosão de energia e eu pensei "uau", cada nuance, estava lá, era como o Mcenroe jogando tênis ou algo assim. Incrível.
Estar nessa zona com um ator, improvisar algo, não é um objetivo que transcende o ensaio. É um bom sentimento?
Jared: Sim, sem ofender os roteiristas. Mas existem roteiros que te dão oportunidade de fazer isso e as vezes acontece. Mas é prazeroso quando você chega em um novo território que funciona. E Hancock nos proporcionou isso. Escrever personagens e moldar eles foi uma exploração de um novo território.
Como você se despede de personagens como esse?
Jared: Não é sempre fácil. Mas simplesmente porque você imagina como agir como um assassino e estudar esse tipo de material por meses pode afetar seus dias. Seus sonhos começam a te assombrar. Você passa muito tempo em momentos sombrios. Eu ouvi a Nicole Kidman dizer algo que eu concordei uma vez que "sua imunidade, seu corpo, partes do seu cérebro talvez não sabe a diferença entre falso e verdadeiro. Mas em uma circunstância emocionalmente criada, você chora porque o seu corpo não conhece a diferença entre um medo real ou imaginado. Acho que isso é uma pequena ferramenta de seu corpo. Eu invejo pessoas que podem estrala os dedos e pronto, é incrível. Mas para mim eu tento me manter o mais perto possível do personagem porque assim eu consigo me focar e esperando fazer o melhor trabalho que posso para todos que estão evolvidos. Mas claro, pode ser um pouco difícil, você faz mudanças físicas como ganhar ou perder peso, você muda sua voz, o qual é apenas um conjunto de músculos, boca e hábitos. Isso pode se tornar um hábito e por isso é um pouco difícil deixar essas coisas, acho que depende do filme, as vezes você só precisa aparecer. Eu nunca fiz uma comédia romântica por outro lado tenho que dizer que Sparma é muito engraçado. Fico pensando se depois de uma comédia romântica é como você acabar sendo amado por todos, sei lá.
Acho que está na hora.
Jared: Estou pronto. Venho dizendo isso antes de tentar fazer o oposto de McConaughey, e voltar direto para as comédias românticas dos anos 90. Veremos.
Falando sobre a carreira de Denzel, que é incrível. E olho para a sua e sinto a mesma coisa porque, como eu disse, como você é dedicado, comprometido, se aprofunda nessas performances. Estou apenas curioso sobre o que você ama sobre atuar.
Jared: Eu costumo dizer que não havia muita coisa que eu gostasse sobre atuar porque eu não entendia, eu aprendi muito sobre cuidar melhor de mim mesmo. Acho que antes de eu superar isso, era um pouco abusivo como eu permitia as coisas... Talvez me sobrecarregasse e, claro, como você iria apreciar isso? Mas eu aprendi que não são todas as partes da atuação que eu amo, claro, tem certas partes que eu não gosto. Não sei quem ama filmar. Eu acho que eu falei para algumas pessoas que amo filmagens noturnas, mas certamente eu não amo. Existem coisas que você precisar enfrentar, mas também existem coisas que te ensinam a amar ou reconhecer que eu amo. A preparação para mim é uma linda parte, experimento, eu amo improvisação, quebrar algumas regras, me surpreender. Eu amo até o Sparma, diria que ele é um grande improvisador, a equipe não esperava, você meio que vê a câmera mexendo por causa da mão do camera man, as pessoas começam a rir depois disso. Isso é legal porque uma cena sombria se torna divertida, meio que entretém a equipe. Mas existem coisas que eu gosto. Costumo brincar dizendo que existem duas coisas que eu amo sobre atuar que são conseguir e finalizar o trabalho. Mas sabe, certamente não é assim como me sinto hoje.
É tipo George Harrison, ele tem uma frase famosa que é "A melhor coisa que aconteceu foi entrar para Beatles e a segunda coisa foi sair dos beatles"
Jared: Eu sei que é difícil entender isso mas eu entendo mesmo assim.
Sobre música, como é ser músico, como o Mars te ajudou a ser um bom ator?
Jared: Te ensina sobre bravura, não sou a pessoa que tem mais bravura no mundo mas você é tocado por isso. Uma parte de você está disposto a tomar riscos, e todas as noites quando eu e meu irmão está no palco com o Mars é tudo sobre a te colocar além dos limites, transparece quem você realmente é e te conecta com o público. É o oposto de atuação, porque ao invés de construir um personagem, na verdade você se revela, meio que te leva através de um disfarce de personagem. Mas enfim, você aprende bastante com isso, eu definitivamente penso que eu me tornei um ator melhor tendo que estar em muitos palcos pelo mundo.
Sobre seus antigos filmes, me diga a primeira coisa que vem a sua mente. Pode ser sobre sua performance, sobre o diretor, ou algo que seu colega de elenco te disse, qualquer coisa que vem na sua cabeça. Adoraria começar com Prefontaine.
Jared: Bigode. Tenho muitas lembranças com Prefontaine, foi o segundo filme que protagonizei. Acredito que foi em 97, não protagonizei muitos filmes. Não é algo que faço muito em minha carreira. Eu realmente levei a corrida a sério. Comecei a correr o mais rápido que pude e em dois dias algo aconteceu com meus joelhos ou meus calcanhares. Foi rápido demais, eu aprendi a lição. Mas realmente apreciei o físico dessa performance, eu meio que me apaixonei por Steve Prefontaine, passei muito tempo com a família dele o que foi muito emocionante, porque a família dele estava o tempo todo no set, eles moram em Oregon. Então foi meio que uma jornada emocional conhecer Steve e sua família, ele foi muito recompensado, meio que senti obrigação de representá-lo da melhor forma possível. Acho que nunca mais terei aquele físico novamente, eu corri muito.
Requiem For A Dream
Jared: Acho que Requiem For a Dream, o elenco, o diretor, são especiais. Me lembro de estar em uma ligação tarde da noite antes de conseguir o papel, era uma ou duas horas da manhã, em uma ligação com o Darren, eu estava implorando pelo trabalho, eu tentei o convencer de que eu era a pessoa ideal para aquele trabalho, ele me fez trabalhar por isso. Mas quando eu consegui o papel ele foi um parceiro incrível, ele é meu amigo atualmente, nós conversamos muito. Acho que todos nós vimos que isso se tornaria algo muito especial, foi um tempo mágico, foi uma Era onde filmes independentes estavam em alta e você podia ter uma carreira apenas em filmes independentes. É como você não precisar olhar para fora dessa arena de objetivos e sonhos, tenho muitas lembranças disso. Nós sabíamos que ele fez uma obra arrebatadora. Um filme tão desafiador. Quando eu li o roteiro do Hubert Selby e tudo, eu achei que tinha que fazer isso não importa o que fosse. Foi algo que eu absolutamente achei que tinha que fazer parte desse filme e sou apenas grato por ter tido a oportunidade, foi uma experiência de mudança de vida. Me lembro do filme como se fosse ontem, me lembro de andar pelas ruas de nova york, pesquisando, passando tempo com as pessoas, aprendendo coisas, o sotaque, perder peso. Foi muito especial.
O próximo diretor, o qual você trabalhou algumas vezes em Clube da Luta e Quarto do Pânico, então qual a primeira coisa que vem na sua cabeça sobre David Fincher.
Jared: Ele é um mestre. Ele te dá esse grande presente também, quando você caminha no set dele sabe que as coisas irão ficar tudo bem não importa o que. Ninguém se sente aterrorizado fazendo os filmes do Fincher, ninguém. Mesmo se você perder, ele te eleva apenas pelo fato de você estar no set dele. Ele é muito engraçado, tem senso de humor. Agradeço por fazer Quarto do Pânico com ele, eu não sei, foi um momento interessante na minha vida, mas sou apenas grato por isso. Em Clube da Luta, obviamente foi incrível, eles fizeram grandes filmes naqueles tempos, aconteceu de estar em um desses filmes como Requiem ou Clube da Luta, eles fizeram alguns filmes que eu gostei bastante naqueles tempos. Eu sempre o chamo de Dr. Fincher.
Achei curioso ele ter senso de humor, porque sempre achei que ele fosse intenso.
Jared: Não. Ele é um cara tão engraçado. Ele é um diretor dos atores, ele ama seus atores. Ele ama entrar no processo, o roteiro, a atuação, os ensaios. Ele é alguém que eu continuo conversando atualmente. É lindo continuar essa relação com seus diretores.
Dallas Buyers Club
Jared: Eu não fazia filmes há cerca de 5 ou 6 anos. Eu estava em turnê e alguém me enviou o roteiro. Eu não estava procurando por isso, na verdade eu não estava planejando voltar a atuar. Eu estava muito ocupado, passei muito tempo na estrada durante anos. Naquele tempo eu não estava planejando trabalhar com isso. Mas quando eu li o roteiro achei lindo, os personagens, as circunstâncias. Matthew estava fazendo ótimas escolhas, ele já estava nesse projeto. Eu assisti o primeiro filme desse diretor e era um filme incrível. Foi uma incrível oportunidade, uma mudança de vida, sou grato por fazer parte desse filme, me senti muito sortudo.
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sextaventura · 4 years
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Entrevista com a roteirista Giuliana Heberle
Se você estiver lendo isso do computador, talvez queira dar um CRTL+/COMMAND+ na tela, porque o texto nesse template fica menorzinho.
Você lembra da primeira vez que escreveu uma história? 
Talvez “primeira” vez seja uma coisa meio difícil, né. Nem todo mundo lembra da primeira vez. Mas, assim... algo que você lembre hoje e pense “nossa, eu já curtia escrever naquela época!”. Ou qualquer outra atividade, caso você esteja lendo isso e não escreva. Eu nunca escrevi muitas histórias quando era criança, mas lembro de fazer músicas pra lembrar os assuntos de provas da escola. Tenho aqui em destaque a música que fiz sobre o Minotauro, com arranjo original, e uma sobre os seis filos de algas marinhas, na melodia de “Raindrops Keep Falling on My Head”. 
Ler o iniciozinho da primeira resposta da Giulianna me fez lembrar disso. Ela foi lá atrás pra buscar a resposta, e eu achei sensacional! Porque são lembranças que ficam com marca-texto na memória! A gente pode voltar nelas e perceber que ainda fazem sentido.
Eu conheci a Giuliana Heberle nos créditos da série Paralelo 30, uma sitcom sobre seis universitários que dividem um apartamento em Porto Alegre. E eu adorei conhecer essa cidade pelos olhos do Dodô, da Tina, Calzone, Val, Geraldo e Montse(!), além de me ajudar a entender o ritmo e enredos de uma sitcom no português brasileiro. 
Para assistir à Paralelo 30, é só clicar aqui
A Giuliana foi uma das roteiristas nessa série, junto com Alessandro Engroff, Felipe Boff, Felipe Longhi, Giulia Góes e Leo Garcia. Nós falamos sobre isso e outras cositas na entrevista a seguir.
***
Como foi que você começou a escrever roteiros?
Giuliana Heberle: Na segunda série, escrevi para minha professora, Fátima, uma história sobre um gatinho que fugiu da casa dos donos. Ainda guardo essa história em um arquivo morto, que mora com a minha irmã em Porto Alegre nesse momento.
Na minha cidade no Rio Grande do Sul não tem muita oferta de cursos de roteiro. Eu tava na faculdade, no curso de Design Visual, e pedi transferência pra Jornalismo, por achar que teria mais oportunidade de escrever. E tive, mas muito no freestyle. Todos trabalhos eu colocava como um desafio audiovisual.
Tendo em consideração que tem apenas duas Universidades pagas que oferecem o curso de cinema na cidade, e que na minha família sempre me colocaram no rumo do ensino público, desde o fundamental, me formei em Jornalismo mesmo. Então fui frequentadora de cursos livres, workshops etc.
Em 2015, a Eleonora e a Maria Elena, que tinham recém se formado na EICTV, ao retornarem resolveram dar um curso de Roteiro Audiovisual para Mulheres. Tinha que mandar uma carta de motivação. Fui aceita, e o curso, que custava cem reais simbólicos por mês, mais para ajudar na manutenção da Associação de Pesquisas e Práticas em Humanidades, onde aconteciam as aulas, durou seis meses. Aí que tudo começou nesse formato de roteiro.
Qual gênero você mais gosta de escrever? E por que você gosta?
Giuliana Heberle: É difícil essa. Escrevo muito fluxo de pensamento, poesia no papel, prosa, contos. No roteiro mais comédia, drama e animação. Gosto de poder ser crítica e reflexiva no drama. Na comédia é legal poder ser irônica e autodepreciativa. Na animação dá pra sair muito fora da caixa, pode acontecer tudo.
O que é mais prazeroso pra você nesse processo de escrita? E o que você não curte?
Giuliana Heberle: Como sou jornalista, minha escrita tem muito de fragmentos do cotidiano. Eu escuto muito. E adoro essa parte. De flanar, observar, contemplar. Colher material. Gosto de fazer fotografias do que me chama atenção, ficar filosofando sobre o porquê daquilo ter me fisgado. Às vezes alguém me pega para conversar, gosto muito disso. Do contato humano, de se colocar no lugar do outro, escutar essa voz e entender onde ela reverbera dentro de mim.
Já o contrário, o que não curto no processo, é quando sinto que me obrigo a escrever, que me espremo em prol de uma produtividade. Às vezes é necessário, mas é uma pressão, que acaba se repetindo por causa do sistema.
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No início da quarentena eu recebi vários links de filmes e séries para assistir gratuitamente. Encontrei muita coisa legal, e a Paralelo 30 foi uma! Fiquei curiosa para saber do projeto. :) Você pode contar sobre como surgiu a ideia dessa série?
Giuliana Heberle: Fiquei feliz quando liberaram! Os criadores da série são o Leo Garcia, que coordenou a sala de roteiro que fiz parte, o Fred Ruas, que dirigiu, e o Beto, que produziu. Surgiu em 2010 e veio a se concretizar em 2017. A ideia foi falar sobre a cidade de Porto Alegre, que fica no paralelo 30, e por isso o nome da série, do ponto de vista de uma pessoa que não é gaúcha. E a partir disso fazer uma zoeira por não ser uma cidade nada turística, mas nós bairristas sermos apegados. Ao pôr do sol no Guaíba, por exemplo, e às pessoas.
Uma outra coisa que eu também curti é o fato de ser uma série de comédia! Como foi a preparação de vocês (roteiristas) nesse sentido? Vocês procuraram livros, séries ou filmes que ajudaram?
Giuliana Heberle: Com certeza! Várias referências sim. Friends é uma clássica de sitcom, assim como Seinfeld. Aí fomos buscando umas atuais, como Fresh Meat, que tava passando na Netflix, Easy também, e várias séries de comédia de 30 minutos que fomos levantando na época. Tem muita coisa que é legal saber também para se comunicar em grupo. Do tipo, personagem tal é tipo a Phoebe, sabe? Aí todos se entendem. É bom estar cheia de referências sempre.
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Tina (Hayline Vitória) em “Genial!”, quarto episódio de Paralelo 30
Como foi a dinâmica de vocês na sala de roteiro? Como vocês organizaram as etapas e funções de cada um?
Giuliana Heberle: Tinha um briefing que eram seis personagens. Fomos discutindo, trazendo pontos para cada um, e eles foram tomando forma. Durante as tardes íamos anotando tudo num arquivo, não tinha assistente. Depois fizemos as escaletas, que é o processo que mais leva tempo. Criamos as tramas, as relações entre os personagens. É incrível como a coisa vai se edificando. Entram experiências próprias também. Teve um dia em que antes da sala fui almoçar na casa de uma amiga, e tava sem luz. Contei e acabou virando trama. O desenvolvimento de roteiro tem disso, acho uma alquimia louca a forma como isso acontece entre os autores. Cada um tem uma experiência, uma voz que complementa.
Depois de feitas as tramas, e as escaletas completas (ou quase), pegamos um episódio cada um (como eram seis, justo como o número de roteiristas, funcionou assim), e escrevemos. Depois lemos tudo junto, discutimos, aí trocamos, reescrevemos, e assim sucessivamente até o último tratamento.
Foram seis meses de tardes de criação com gaúchos, no frio, tomando mate. Eu curto sala de roteiro. Agora com a pandemia, temos que reinventar.
O que você considera importante na hora de escrever uma sitcom?
Giuliana Heberle: Acho que o clima entre as pessoas tem que ser de abertura e não de julgamento. A gente tem que abrir espaço pra bobagem, pra improvisação, pra espontaneidade. O Leo foi muito massa nesse sentido, nos deixando super à vontade, dando água quente pro mate e tal, pra gente se esquentar.
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Dodô (Rodolfo Ruscheinsky) em “Genial!”, quarto episódio de Paralelo 30.
Eu sempre fico curiosa com a construção dos personagens. No início eu achei que era uma série de multiprotagonismo, mas depois pensei “talvez o Dodô seja o protagonista”. É isso mesmo? Qual raciocínio vocês usaram na construção dos personagens?
Giuliana Heberle: Engraçada essa percepção de o Dodô ser protagonista. Na sala a gente pensou que era o Calzone, de uma forma geral, por ele ser coxinha e a gente zuar muito ele. Mas no primeiro episódio é a Montse, por exemplo. Na construção das tramas, a gente tentou colocar uma A de cada personagem em cada episódio. No terceiro da Val. No quarto da Tina. No quinto do Geraldo. São sempre 3 tramas, A, B e C.
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Você pode deixar aqui um livro, filme e/ou série que foram importantes pra você (como roteirista)? Pode ser mais de um!
Giuliana Heberle: Claro, com prazer! Palavra de Roteirista, do Lucas Paraizo, é uma enciclopédia coloquial de roteiro. Eu adoro ler entrevistas, então esse tá no meu TOP 1. Super recomendo. E um filme que me marcou muito foi A Excêntrica Família de Antônia, da Marleen Gorris. Adoro narrativas femininas.
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Obrigada, Giu, por ter topado a entrevista! E por ter trazido um pouco do que foi o processo criativo da Paralelo 30. E se você quer assistir a série, saiba que ela vai ficar online gratuitamente por tempo limitado! É só acessar aquele link que eu coloquei lá em cima, ou procurar “Paralelo 30″ no Vimeo.
Até a próxima :)
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lastwords-stuff · 5 years
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Domingo, 01 de Setembro de 2019
Okay muitos dias se passaram e muitas coisas aconteceram. Eu vou tentar contar tudo cronologicamente, mas honestamente não garanto nada.
Bem, eu curso Letras-português/inglês em uma faculdade particular perto da minha casa, e nesses últimos dias eu recebi 17289 trabalhos pra fazer, incluindo aquela famigerada resenha sobre Dead poets society que ainda está tirando o meu sono. Mas como sou obrigada a escrever, talvez eu poste minha reflexão sobre o filme aqui, acho que vai ser mais fácil pra mim.
Não tenho me sentido muito bonita também, nos últimos dias parece que tudo em mim fica extremamente ridículo. Meu cabelo, minhas roupas. Toda essa auto estima lá em baixo me faz olhar para as garotas da minha sala e ficar me comparando. Isso toma tanto meu tempo que chega ser desgastante.
Maaaas para não dizer que eu vim aqui só reclamar, coisas boas, excelentes até, aconteceram comigo nessa semana. Na quarta feira meu pai vendeu uma propriedade nossa, propriedade essa que dava mais dor de cabeça do que felicidades, e deu um bom dinheiro pra mim e para os meus irmãos. Não vou dizer o quanto, mas foi o suficiente pra me fazer surtar e performar 7 rings no meu quarto depois. O dinheiro veio mais do que em boa hora pois caso eu não tenha mencionado aqui anteriormente, eu não trabalho. Nesse dia eu fui muito feliz pra faculdade e nenhum dos 72838383 trabalhos me abalou.
Ainda na quarta feira a noite, fui assistir um jogo com o meu namorado na casa da mãe dele. Alguns amigos dele foram assistir lá também e aí já sabe né, a barulheira tava feita. E como há poucas coisas no mundo que eu odeie mais do jogos de futebol fiquei lendo meu livro. É, eu sei. Eu disse que não ia ler mais nada depois de ter abandonado o diário de Anne Frank, mas acabei por começar a ler O Morro dos ventos uivantes, e preciso dizer que tô amando muito esse livro, ainda não sei dizer o porquê, mas sei que ele me prende de uma forma que há muito tempo um livro não conseguia fazer isso comigo. Acho até que gosto mais da Emily Brontë do que de Jane Austen. Enfim, nessa mesma noite do jogo acabei me "desentendendo" com um amigo antigo, que não acho que convém dizer seu nome aqui, não por enquanto. E é isto. Quem sabe daqui mais para frente eu fale um pouco mais sobre ele.
Na sexta feira saiu álbum novo da Lana Del Rey, eu simplesmente amei todas as músicas originais do álbum. E como Lana del Rey sempre me inspira, eu senti falta de escrever. Minha nossa, você não sabe o quanto tô sentindo saudade de escrever, me mata estar afastada da escrita, mas sei que preciso dessa pausa.
Bem, no sábado eu saí pra gastar uma parte do dinheiro que o meu pai me deu. Eu tava precisando de um celular novo e algumas roupas, então minha mãe e meus irmãos fomos ao shopping comprar coisas e almoçar. Minha mãe ainda passou um pouco mal enquanto almoçavamos, algo com a vista dela, mas logo voltou ao normal, ainda bem. No shopping meu irmão mais velho que é um daqueles garotos viciados em jogos, gastou um dinheirão num fone de ouvido gamer. Minha mãe comprou algumas roupas e lençóis de cama. Meu irmão do meio não gastou um centavo. Já eu comprei três camisetas LINDAS, duas calças jeans MARAVILHOSAS e um celular novinho em folha, um Samsung A20 que é de onde eu estou escrevendo agora mesmo. A câmera da frente deixa um pouco a desejar, mas a de trás até que não é tão ruim. Na hora de comprar ele foi uma confusão que eu acho que pra compensar tudo, essas câmeras deveriam ser ESTUPEMDAS.
O que aconteceu foi o seguinte, eu fui nessa loja que prefiro não dizer o nome, e o celular tava custando 1.099, e eu meio que não tava disposta a gastar tanto, então perguntei se tinha desconto, a vendora disse que se eu trouxesse a foto do preço desse celular mais barato em outro lugar, ela cobria minha oferta. Pois bem, fui saracotear pelo shopping e acabei encontrando o mesmo celular por 999 em outra loja, só que não tinha mais o celular, só tava lá a plaquinha de 999 então como eu não sou boba nem nada, eu tirei foto da plaquinha e fui pegar meu desconto na outra loja. Chegando lá tomei um chá de cadeira, eles me deixaram esperando pra falar com o gerente tanto tempo que eu fiquei com raiva, fui embora, depois voltei porque eu queria muito esse celular. Quando eu voltei o gerente apareceu e disse que ia me vender o celular por 999 também. Naturalmente eu fiquei ???? Quer dizer, pense comigo, qual o ponto de eu levar um preço da concorrência pra eles se não for pra eles me venderem mais barato? Pois é, não faz sentido, por isso eu olhei pro gerente e perguntei:
— Você quer me vender pelo mesmo preço da concorrência?
— Exatamente — ele disse. — O celular estava 1,099, com esse desconto fica 999. Um desconto de 100 reais é o máximo que posso dar.
Bem, ele me explicando o óbvio como se eu fosse burra me irritou ainda mais.
— Entendi. — falei, com a maior quantidade de deboche que eu consegui. — Agora me diz porquê é que eu devo comprar aqui e não na concorrência?
A cara do homem foi lá no chão. Ele riu de nervoso e como eu adoro ver homem tremendo na base, aquilo aliviou meu mal humor pela demora dele em aparecer. Ele começou a balbuciar um papinho de garantia que eu refutei MENTINDO DISCARADAMENTE falando que o celular da concorrência também tinha isso. O homem tava suando, e eu queria rir, mas pra ser levada a sério mantive minha expressão séria. Ele então me deu um desconto de mais 10 reais, desconto esse que ele disse que ia sair do próprio salário, coisa que eu não acreditei nem por um segundo. Eu já ia levar o celular de qualquer jeito, mas ver ele dançando as calças pra manter a venda foi divertido, principalmente porque enquanto ele não chegava para falar comigo escutei as vendedoras falando muito mal da gestão dele.
E agora eu estou aqui deitada escutando uma música do Harry Styles, enquanto meu namorado joga algum jogo besta no computador. Espero escrever aqui com mais frequência pra poder contar as coisas mais certinhas, não que tudo que eu esteja vivendo seja extremamente interessante que precise ser documentado, mas algumas dessas coisas merecerem ser lembradas e registradas. Por isso vou tentar ser mais presente, prometo.
Até breve!
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bicofinosemsalto · 6 years
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Devaneios
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Sempre escrevi. Até quando eu não escrevia eu já escrevia, contando estórias ...
A pergunta que não quer calar: por que deixamos de fazer as coisas que tanto gostamos? Por que eu parei de escrever? Por que eu parei de fazer artesanato? Por que? Por que?  
Tenho uma pasta com “zilhões” de papéis preciosos. Cada um de um momento, com diferentes datas e todos, com muita originalidade.
Também escrevia contos quando era mais jovem. Sabe aquelas “porcarias” estilo revista “Sabrina”? Então ... parecido com aquilo, só que rápidos. Eu tinha uma professora de português que vivia dizendo para publica-los, mas eu morria de vergonha. Vou procura-los, e, caso encontre algum eu posto.  
A gente fala que a adolescência é a fase mais complicada da existência humana, mas confesso que acredito que todas são. Cada um com sua particularidade.
Quando chegamos na vida adulta e começamos a nos deparar com as verdadeiras responsabilidades, aquele brilho no olhar, aquela vontade de mudar o mundo, desvendar o universo vai adormecendo ... as brigas são outras nessa fase, os leões são maiores e mais robustos e matá-los requer muito mais pé no chão do que quando éramos adolescentes.
Isso deveria ser proibido. Definitivamente.
Quando perdemos um pouco desse brilho pela vida, quando perdemos o “tesão” pela descoberta morremos um pouco.
Aliás, viver é morrer um pouco à cada dia. Cada dia à mais na verdade é um dia à menos. Por isso considero essa “evolução” meio criminosa.
Eu nunca quis ser uma pessoa de extremo sucesso (profissionalmente falando). Gosto do simples. Gosto de passar despercebido. Eu deveria ter ouvido minha mãe e optado pelo magistrado. Teria me tornado professora (apesar de não ser uma profissão com o reconhecimento merecido) e a situação atual da educação do brasil (sim, letra minúscula mesmo, não foi um erro) justificaria minha frustração.
Porque frustração? Porque sim. Explicações só pra mim mesma.
No auge dos meus 40 anos já caminhei por inúmeros caminhos. Já me reinventei milhões de vezes. Já dei nó em pingo d’água, vi as situações de diversos ângulos e hoje, consigo ser expectadora da minha vida, realizar uma auto analise e tento buscar algumas respostas no meu passado e, principalmente, dentro de mim.
Não que eu consiga mas, de alguma forma eu tento (e como sempre digo – faço meu melhor).
Pois eu parei de escrever gradativamente. Fui deixando esse prazer de lado assim como outros prazeres. Aquela velha pasta com os elásticos já frouxos e sem funcionalidade alguma ficou trancafiado dentro do armário por anos e anos à fio. Eu nem sequer lembrava mais o que tinha ali dentro.
O livro que escrevi então ... coitado. Esquecido.
Mas a alma grita. Uma hora ou outra ela grita e bem alto. Nos envolvemos tanto com a rotina, nos distanciamos tanto da nossa própria essência que, antes de sucumbir,  recebemos um pedido de resgate (interno).
Não me lembro ao certo quem comentou que a fase adulta é “esquecível”.
Concordo.
Você está tão preso à obrigações, à preparar-se para sua aposentadoria (ou estava, porque agora, esquece!), à pensar no que será melhor pro seu filho(a), à pagar contas, conquistar uma casa, um carro, um emprego estável, em manter a casa em ordem, em falar inglês, espanhol, francês, mandarim ... que você trabalha, trabalha e trabalha. Então, quando se dá conta ... o tempo passou ...
Caso não tenha sofrido um infarto fulminante no meio do caminho ou tido outra situação que interrompeu a jornada, você finalmente chega à tal terceira idade e ... não viu a vida passar.
Você tem as incríveis lembranças da adolescência/juventude e então ... então ...
Pois bem, caso tenha feito a coisa certa (?), agora é hora de aproveitar.
Será que é isso que quero pra mim?                
Essa balela de que “faça o que ama e nunca terá que trabalhar na vida” é frase de quem nasceu em berço de ouro. Ninguém sobrevive só com amor. 
Eu quis ser socióloga. Dá dinheiro? Não. Então próximo.
Quis cursar filosofia. Dá dinheiro? Claro que não!! Então próximo.
Eu quis ser médica (neuropsiquiatra – desde pequena). Dá dinheiro? Depende. Passou em universidade pública? Não. Meu pai tinha dinheiro pra me bancar? Também não. Próximo.
Então eu quis ser psicóloga. Dá dinheiro? Não. O mercado está precisando do profissional da área? Não. Próximo.
Cara, que absurdo um jovem ter que submeter-se à tamanha pressão como se isso fosse definir seu sucesso pelo o resto da sua vida ...
Por fim ... “nossa, você é tão criativa, escreve bem, tem idéias boas ... vai fazer publicidade e propaganda” ... e eu fui.
Fiz.
Hummm ... (silêncio).
 Valeu à pena só por ter conhecido o Henrique ... (olha eu aqui denovo falando dele) ... e para que, caso necessário, eu fique em cela especial (nem sei se ainda é válida essa regra).
Anos se passaram. Meu expertise com pessoas nunca veio por conta da faculdade. Ou você tem, ou você não tem. Ponto.
Fui atendente de telemarketing. Fui analista. Fui cabeleireira. Fui faxineira. Vendedora (odiei).  Fui chefiada e já liderei (são coisas diferentes, pode acreditar). Deixei legado por onde passei, fiz amigos. Fui esquecida. Fui (sou lembrada). Já elogiei e fui elogiada. Me senti a pior mas também já me senti bem (nunca a melhor, porque ninguém é melhor do que ninguém).
Noooooooooooooooossa ... 
Qual o caminho então?
Estou feliz que tenha tido a oportunidade de ouvir meus berros internos ainda aos 40. Tenho metade ou pouco menos da metade ainda pela frente e não quero chegar no fim da vida pensando que tive uma fase “esquecível”.  
Quero lembrar de cada evolução do crescimento da minha filha. Quero pensar que fiz coisas que eu gosto porque as resgatei à tempo.
Não tem problema se deixei de comprar um quadro de XXXX reais e comprei um similar de X reais porque o dinheiro não alcançou, o importante é que o de X reais desempenhou o mesmo papel do outro e o melhor, eu tive o prazer de desfrutar de muitas horas a mais com pessoas que eu amo, fazendo coisas que eu gosto.
Não quero perder minha paz de espírito. Não mais uma vez.
Vou me reinventar (denovo). Estou tentando. Volto a dar nó em pingo d’água se necessário. Quero lidar com pessoas como sempre fiz, mas quero faze-las feliz. E ser feliz ...
(pausa)
E então eu resgatei aquela velha pasta esquecida no armário.
Coloquei meus dotes de datilografia em xeque, resolvi fazer os dedos trabalharem na velocidade dos meus pensamentos ...
- pausa aqui para um agradecimento especial ao amigo Rodrigo Bueno, dono do Coluna Torta do 15, que me redespertou a paixão pela escrita e me fez perceber o quanto isso me fazia falta –
... estou buscando uma plataforma para publicar meu livro (sim, mesmo tendo sido escrito há mais de 20 anos eu vou publica-lo) e preciso descobrir também uma plataforma que permita leitores não cadastrados comentar as postagens e contabilize os acessos (antigamente isso era possível – vou entrar de cabeça e reaprender html).
Uma coisa que amo de verdade é moda. Gostaria muito de entrar pro mundo da moda. Moda Plus Size, claro. Acho que as opções são péssimas e o preço é abusivo. Acredito no estilo e estou estudando carinhosamente a possibilidade de começar a prestar coaching. Quem sabe ... vou usar da minha experiência para fazer as pessoas felizes e claro, ser feliz !!
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xmirtisx · 2 years
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Por Cima do Balcão
Ainda me lembro daquele dia, há mais de onze anos. Eu estava prestes a iniciar a segunda série do ensino fundamental, e era época de comprar o material escolar. Naquele tempo, o bar do colégio se transformava em papelaria nas férias de verão, e, como numa praia em meados de janeiro, um turbulento mar de pais e crianças vinha em ondas volumosas para garantir os livros do novo ano letivo. Sem sombra de dúvida, aquele era o ponto alto das minhas férias; quando a gente é tão pequeno, um ano traz evoluções astronômicas, e era ali que isso ficava mais evidente. Livros didáticos apresentavam conteúdos de aparência mais complexa, livros paradidáticos tinham mais páginas do que se podia contar; um mundo novo se abria a cada janeiro.
De mãos dadas com a minha mãe, me aproximei do balcão para retirar os materiais. Naquela ocasião, o Seu Zé, que normalmente vendia salgados e outras gostosuras para crianças famintas no recreio, estava vendendo o combustível do conhecimento. Quando ele nos entregou a pequena pilha de coisas, eu não pude conter o choque; entre livros de matemática e português, estavam dois cadernos de capa roxa. Ao questionar Zé sobre a quantidade de cadernos, sua resposta veio certeira: "Pois é, parece que alguém está ficando grande! Só os pequenos ganham apenas um caderno." — ao ouvir isso, sorri com confiança; ele tinha razão, eu era grande o suficiente para preencher dois cadernos inteiros com conhecimentos, e naquele momento, esse entendimento bastou para que eu me tornasse invencível.
Agora, acabo de iniciar a terceira série… do ensino médio. Me vejo rodeada por torres de cadernos que acumulam quase o meu tamanho, mergulho em livros de vocabulário rebuscado e com mais páginas do que seria necessário. Sou constantemente questionada de maneira banal sobre o que pretendo fazer pelo resto da minha vida, e a obviedade na voz de quem me pergunta só aumenta o desespero que suas palavras me trazem. Eu não tenho resposta alguma que pudesse agradar meu interlocutor, pois de nada do que me faz viver eu poderia fazer minha vida; fosse ao dedilhar um violão, rabiscar alguns desenhos ou escrever meus sentimentos, nunca fui capaz de ultrapassar a linha da mediocridade naquilo que faço. No mundo da arte, só vejo lugar para os prodígios e os bem relacionados, e eu não sou nenhum dos dois. Sou apenas uma adolescente que sente mais do que o corpo consegue carregar, e que no espelho não vê alguém maior do que a menina que ficava na ponta dos pés para enxergar seus livros no balcão.
Entre testes vocacionais e palestras sobre saúde mental, busco incessantemente pela confiança de outrora. Sou capaz de preencher bem mais do que dois cadernos com tudo que aprendi, mas isso não me faz mais sorrir; aliás, me dá mais vontade de chorar do que qualquer outra coisa. Porque aprendi um pouco de um bocado de assuntos, e nenhum deles me guiou pra um caminho definitivo; por que não posso construir as pontes ou curar os feridos ou criar os carros voadores? As estradas que me iluminam os olhos são tortuosas e incertas e eu tenho medo de assumir o risco e dizer que quero ir por lá — até pra mim mesma. Cada dia que passa é um dia a menos que tenho para definir meu rótulo pelos próximos quatro anos, possivelmente pro resto da vida. Se eu escolher o caminho de tijolinhos faltantes, essa escolha será um voto de confiança na assertividade de meus passos, e, confie em mim, não há nesse mundo alguém que duvide mais de mim do que eu mesma. Não chego até a esquina sem tropeçar, imagina alcançar meus sonhos?!
De todos os medos que esse ano fatídico me traz, o que mais me assombra é a possibilidade de decepcionar minha pequena eu de sete anos de idade. Ela, de sorriso iluminado e autoestima incomparável, que dizia "Eu quero pintar quadros e atuar em filmes e abrir um restaurante. Talvez eu seja cantora também." com a convicção de que, para ela, tudo aquilo era possível. E era. Quero que ela olhe pra mim e veja pelo menos um pouquinho do que tinha sonhado; quero olhar pra ela e reconhecer nossa essência brincalhona tão particular. Acima de tudo, quero olhar pra mim e enxergar algo que se aproxime de quem realmente sou, porque, quer saber? Tenho dezessete anos e uma vida que ainda nem começou, então eu digo: quero escrever livros pra pessoas grandes e pequenas e quero traduzi-los pra todos poderem ler. Ah, talvez eu seja ilustradora também. E quero crer que, pra mim, tudo isso é possível. E é.
Há pouco mais de onze anos, descobri que crescer podia ser muito legal. Agora, estou prestes a deixar pra trás os verões no bar do Zé e os livros de matemática e os cadernos que preenchi, mas levo comigo pra sempre a sensação de cada nova porta que se abriu nos meus anos de colégio — a esperança, a liberdade, e também o medo; todos essenciais para me mostrar que eu sou capaz de lidar com os passos e os voos que a vida pede. Tem um voo grande me esperando, mas estou tentando olhar pra ele e esboçar um sorriso, pois costurei bem minhas asas e sou grande o suficiente pra voar longe. E eu (finalmente!) não preciso mais ficar na ponta dos pés pra enxergar minha vida depois do balcão.
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to-nnie · 3 years
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O dia em que conheci Deus e o Diabo.
Era um breu interminável, nada atingia minhas papilas gustativas, eu não tinha mãos, nem pés, não tinha cabeça, o breu não cheirava a nada, era algo entre mim e o breu, eu sequer tinha sentimento algum, não tinha febre também, não tinha nada, nada até uma voz me dizer “oi”, eu respondi, e perguntei quem era, ele me disse “sou Deus”, eu respondi “prazer Deus, sou Tonnie”- eu te conheço já Tonnie – eu também te conheço, minha avó fala sempre do senhor – eu sei Tonnie, sei que você tem medo de mim também – não me leve a mal meu senhor, eu tenho medo de tudo que não posso tocar – pois é, eu como um ser todo poderoso, onisciente, onipresente realmente não tenho um corpo físico – entende o porquê do medo? – é claro que sim meu filho, pois bem, estou aqui, alguma pergunta? – algumas sim – então diga, que eu responderei – por que a lua? Por que o Sol? Por que braços, pernas e outros adereços? Por que tenho que ir pra escola? O senhor é mesmo bom? O senhor me perdoa quando não presto atenção na missa, ou quando minto para o padre no confessionário dizendo que sou um bom garoto? – São muitas perguntas meu filho, posso responde-las todas à você com uma só frase. Porque tudo isso que vivemos não faz sentido.
Ouvi o barulho do relógio me acordando, eram 6:30, abri os olhos rapidamente e, diferente das outras vezes em que sonhei com algo supostamente espiritual, eu não tive medo, acordei, escovei os dentes, peguei meu material e fui para a escola. Meu pais não acordavam mais para me preparar pois eu já tinha 11 anos, então tomei um copo d’agua e parti com meu material sem café da manhã mesmo, café da manhã nunca foi meu forte, me dava sono. Cheguei na escola e me encostei no pilar, vi Gutti vindo até mim, fazendo um alongamento bucal, ele tinha essa mania, talvez fosse algum tipo de tique, ele adorava fazer alongamento bucal várias vezes por minuto, uma outra mania dele e que eu encarava como um dom era de jogar saliva nos outros, ele tinha total controle de sua saliva, ele abria a boca e jogava saliva em quem quer que fosse, e ria pra caralho. As meninas amavam o Guti, os pais dele tinham grana e ele jogava bem futebol, então todas as vezes em que ele jogava saliva nas meninas elas fingiam cara de nojo, mas logo depois eu as olhava atentamente, e via elas sorrateiramente passando a língua na bochecha, puxando a saliva e cerrando os olhos, via o pelo das pernas ainda não depiladas se ouriçarem toda, as tremidinhas na perna por causa da saliva, por causa de Guti.
Eu não era o cara mais craque da escola mas era titular do time, tinha um bom passe e era trabalhador em campo, marcação forte e bom passe, portanto Gutti precisava de mim, ele sabia disso, não dá pra fazer gols sem um bom passador, não tem como se destacar sem um cara que segura a tropa ali atrás, e de alguma forma eu precisava de Gutti também, éramos uma ótima dupla, por isso ele veio até mim, fez seu alongamento bucal e me disse “e ai”, e eu disse “e ai”, fizemos o toque do time, e ficamos ali 15 minutos rindo de quem o gutti conseguia acertar sua saliva até o sino tocar e entramos na sala.
Era a professora de português, Gilvana, mulher alta para os meus 11 anos, de sardas, seios e bundas fartas, talvez Gilvana não fosse tão linda assim, apesar de todos os caras da escola dizer o quanto ela era gostosa, mas talvez ela nem fosse tudo isso, o problema era minha paixão por professoras, elas eram tão lindas quando arrumavam o cabelo para trás e diziam aquelas palavras difíceis, quando diziam Ornitorrinco, Otorrinolaringologista, quando liam trava línguas sem titubear, e eu, é claro, era perdidamente apaixonado pela Gilvana, e aquele dia ela estava com a mesma calça jeans e a mesma blusa de semanas atrás, quando ela me fez declamar um poema meu pra escola toda. Alguns caras me chamaram de bichinha, viadinho, mas as meninas do 3° ano me descobriram naquele momento, elas me olhavam e diziam que queriam cuidar de mim, que eu seria um escritor famoso e pediram meu autógrafo. As mais novas morreram de ciúmes pois as mais velhas haviam me descoberto, e pobre de mim, eu nunca havia colocado meu pinto em nada, nem em cano PVC, nunca havia batido uma punhetinha sequer, nada, mas meu pau já ficava duro quando eu via uma bela moça, e eu sabia que as meninas mais velhas usavam um sutiã maior e tinham as pernas menos esquisitas, e eu pensava em beija-las todo santo dia, mas minha meta sempre foi a professora Gilvana, ela sorria dois sorrisos pra mim, ela seria meu cigarro matutino anos depois.
Gilvana entrou na sala segurando seu fichário que escondia um seio apenas, olhou para a sala, nos deu bom dia e começou a falar da beleza da literatura, que só a arte poderia nos salvar de um mundo facista e misógino, que para termos pensamento critico precisávamos ler livros e por isso todos teriam que ir na biblioteca e pegar um livro para ler, fomos até a biblioteca. Eu e o Guti esperamos a sala toda sair e fomos os ultimos só para poder ver o requebrado da professora. Não falávamos sobre ele, apenas víamos aquele requebrado sobre aquele salto e ficávamos imaginando ela cuidando de nós, nos dando mamadeira pra dormir e acariciando nossos rostos.
Chegamos na biblioteca e eu escolhi “Frankstein”, guti pegou “Viajantes do infinito” e me mostrou um livro, “contos do diabo”, com uma capa vermelha e o satanás de chifrinho, com cara de tigre, segurando um tridente na mão. Guti sabia que aquilo era errado, todo domingo nos encontrávamos nas missas, íamos juntos para a catequese e sempre tínhamos que nos confessar uma vez por mês, eu e ele combinávamos não falar nada que fazíamos ao padre, não confiávamos em homens que tinham aquele ar de superioridade, ele nos olhava com aquele rosto angelical e sabíamos que havia algo errado ali, sem contar que ele podia contar aos nossos pais o que fazíamos, não era interessante, contávamos o básico, dizíamos que éramos bons com nossos pais, era o bastante e eu sentia que toda vez Deus ficava puto comigo por ter mentido, mas melhor Deus do que meus pais, era mais fácil assim. Eu peguei o livro da mão de Guti e escondi em minha bolsa, queria saber quem era esse tal de Diabo, e porque ele era tão ruim assim, Guti me olhou atônito, ele ficou dois minutos sem fazer seu alongamento bucal, e passou a aula toda me olhando preocupado.
Assim que o sinal bateu ele disse, - Você vai ler? – Sim, eu preciso saber quem é esse tal de diabo- Ele me olhou com medo, mas ele era o guti, o guti não podia demonstrar medo, e então ele disse – boa, leia e me dá depois, vamos descobrir quem é esse cara.
Cheguei em casa, almocei, meus pais perguntaram como foi a aula, e eu só respondia em uma palavra, com medo, tinha o diabo dentro de minha bolsa, e Deus poderia me delatar, a bibliotecária poderia ter visto e ligado para os meus pais, eu estaria fodido se eles soubessem que a história do diabo estava dentro de minha bolsa, meus olhos não fitaram os olhos dos meus pais naquele almoço, mas fui firme, e percebi que eles realmente não sabiam de nada, Deus não era um X9, X9 é uma raça muito podre para Deus, ele jamais faria isso.
Meus pais foram embora, me tranquei no quarto, peguei o livro e comecei comer todas aquelas palavras, e cada página eram risos e mais risos, o Diabo era um puta cara legal pra caralho, ele errava igual nós, bebia pinga, falava mal das pessoas e se metia em encrenca, acabou a distância minha com ele, o Diabo podia ser o lateral esquerdo do nosso time, bater tazos com a gente tranquilamente, a gente riria dele, na adolescência ele tomaria vários corotes com a gente e nos daria opções de um monte de literatura que não estão acessíveis aos cristãos, Mallarmé, Rimbaud, Allen Guingsberg, ele falaria sobre todas essas literaturas e dizia: “A poesia surrealista é a melhor de todas”. E eu havia conversado com Deus e o Diabo no mesmo dia, e ri mais com o cramulhão do que riria com qualquer outra pessoa, eu havia feito minha escolha. O Diabo era um cara realmente bacana.
Terminei de ler o livro em duas horas, fechei a última página e o peso da vida veio em cima de mim, Deus jamais me perdoaria por ter lido sobre a vida de Satanás, e pior, Deus sabia que eu havia gostado dele, minha passagem pro inferno já ficou marcada aos 11 anos, e não havia o que fazer. Liguei pra Guti e disse: “cara precisamos fazer algo sobre esse livro” – O que mano? O livro fala sobre o que? – Coisas terríveis cara, precisamos queima-lo – quais coisas? – Não queira saber mano, são coisas terríveis, houve um silencio, Guti recuou – ok passa em casa. Coloquei o livro na bolsa, calçei algo confortável em meus calcanhares, peguei minha bike e fui correndo até a casa do Guti, ele saiu com sua bike e fomos até um terreno no fundo do bosque municipal, eu e Guti juntamos alguns galhos e colocamos o livro em cima, Guti pegou um isqueiro que ele havia roubado de seu pai e disse “Por Deus?” eu acenei, “por Deus”, e ele colocou fogo na capa, fomos vendo Satanás derretendo e o fogo lendo todas as folhas, enquanto olhávamos um para o outro com o reflexo do fogo em nossas íris. Por Deus, destruímos uma literatura por nosso senhor Jesus Cristo, amem.
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Entrevista: Bianca (killyem)
Chegamos novamente!!!
A entrevistada dessa semana vem como um pacote completo: autora e artista! Vamos conhecer um pouco das criações da @killyem que, inclusive, como administradora, está por trás da nossa incrível parceria com a CSwan Div(as)ulgação!
Simbora pra leitura?!
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01. Inicialmente, você pode nos falar um pouco mais de você, das suas fanfics e seus desenhos?! Gostaríamos de que se apresentasse um pouquinho para os nossos leitores.
Claro!
Meu nome é Bianca, eu tenho dezessete anos e quero virar historiadora. Eu desenho desde que me conheço por gente, eu tinha uma mesinha no escritório do meu pai que eu ficava desenhando enquanto ele fazia relatórios pro trabalho kkkkkkkkkk
Quanto as fanfics, eu sempre fui muito criativa desde pequena para contar histórias porque eu sempre gostei de ouvir histórias (minha família tem uma piada com o estereótipo de que pessoas mais velhas enchem o saco das pessoas falando sobre coisas do passado; nela quem enche os mais velhos pedindo por histórias SOU EU kkkkkkkk) e isso, somado ao meu grande interesse à livros e gibis da Turma da Mônica, me tornou cada vez mais inspirada. Aos oito anos, as aulas de redação consistiam em escrever historinhas de trinta linhas e eu sempre passava delas enquanto os meus amiguinhos sofriam pra chegar na vigésima kkkkkk
Quando eu tinha dez anos me apaixonei por iCarly (NÃO RIAM) e fiquei pesquisando coisas na internet sobre eles, encontrando um fórum onde encontrei fics. A primeira que eu li eu achava ser um roteiro vazado, lembro de pensar “O ICARLY TA VIRANDO UM PORNÔ?!?!?” KKKKKKKKK Rapidamente passei a escrever fanfics também e por mais que tenha lido fics em vários fandoms, nenhum me fez estar tão conectada e interessada em escrever quanto OUAT :)
02. Há quanto tempo está no fandom de OUAT? E você se lembra quando foi que começou a shippar CS?
Ih, rapaz, complicado. A primeira vez que vi OUAT foi em dois mil e treze numa festa do pijama. Detestei a Emma e por isso fiquei indiferente à CS, meu OTP era rumbelle. Porém, com o pedido da adaga falsa em dois mil e catorze parei de ver.
Alguns anos depois, em dois mil e dezesseis (acho), estava revendo HIMYM, minha série favorita, pela milésima vez e percebi que Zoey, a namorada do Ted que eu mais gostei além da Mother, era a mesma atriz da Emma e me questionei se eu mudaria de ideia sobre o que eu sentia por ela.
Sim.
Eu mudei de ideia.
Quando eu vi o Hook, eu fiquei CARALHO COMO ASSIM EU ESQUECI QUE O FUCKING CAPITÃO GANCHO TÁ NESSA SÉRIE EU AMO ESSE VILÃO ah pera ele e a emma vão se pegar, deve ser por isso kkkkkkkkkkk
Não detestando a Emma, gostei muito do Hook e antes da terceira temporada ele já havia virado meu favorito. Eu estava tipo “ai se peguem logo quanta enrolação que saco”, mas quando eles se pegaram eu vibrei e fiquei tipo “ué será que estou shippando????”. Só fui admitir que estava na quarta temporada e na quinta eles já eram meu otp. O primeiro ep que eu vi ao vivo foi Firebird e, sim, eu morri após vê-lo.
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(Nós entendemos Bianca, aquele episódio foi só facada no peito mesmo... mas IT’S TRUE LOVE!!!!!1)
03. Você se lembra quando foi seu primeiro contato com fanfics CS? Se sim, pode nos falar um pouco a respeito?
Olha, depois de iCarly (e Percy Jackson) eu participei de fandoms que no Brasil eram muito pequenos e não tinham fics em português, por isso eu lia em inglês – o que foi muito bom pro meu domínio da língua heheheh. Entretanto decidi ler fics em português. Li a da littlelindy (aos que não sabem: “littlelindy” é a Marina, nossa última entrevistada) na primeira versão e adorei (to tomando coragem pra ler na segunda risos), mas depois me recomendaram uma que diziam ser ótima, mas……. não era.
Li tipo uns ¾ pensando que melhoraria e que talvez fosse a primeira fic da menina e por isso ela estava pegando o jeito, mas não. Era simplesmente horrível. Mas, isso me deixou com vontade de escrever fics porque eu fiquei meio “eu escreveria TÃO melhor do que isso”, então teve um lado positivo.
04. Você é uma das criadoras do CSwan Div(as)ulgação, certo? Por esse motivo, podemos perceber seu engajamento com fanfics brasileiras, e queremos saber: o que te atrai em uma história? O que, inicialmente, garante teu clique? E o que te faz continuar lendo?
Eu adoro fanfics modernas que eles são best-friends to lovers ou fanfics que ela é princesa e ele é pirata. Aquelas que se passam no canon ou que divergem em algum ponto me interessam muito. Fanfics de gravidez ou com bebês são donas do meu coração.
Continuo lendo quando escrevem personagens com três dimensões, detesto tramas meio “ex malvado sem nada de bom enche o saco” ou “filho sendo babaca sem motivo”. Gosto que Emma e Killian errem e que os antagonistas sejam mostrados como nem tão malvados assim. Adoro quando desenvolvem personagens secundários e o foco da fic não é 100% CS o tempo todo. Pessoas tem amizades e família além de relacionamentos românticos, sabe?
05. Por outro lado, sabemos que nem sempre nos identificamos com história. O que te faz desistir de uma fanfic?
Eu gosto de vários tipos de história, mas no geral prefiro histórias em que os personagens não fiquem muito diferentes de como são no canon, mesmo que a fic talvez seja um AU. Não gosto de um Killian muito possessivo, dominador ou desistente igual detesto uma Emma muito fresca, cheia de amigos/popular ou cruel.
Erros de português me fazem fechar a fic na hora.
Milah é meu amorzinho por isso detesto quando a vilanizam, mas posso continuar lendo (com meu coração partido em mil pedacinhos porque meu neném merece mais do que isso :c) se for bem escrito.
06. Existe alguma fanfic que você quis (ou quer) ler e você ainda não teve oportunidade? Se sim, quais razões te fazem (ou fizeram) adiar uma leitura?
Tem um monte na minha biblioteca kkkkkkk preguiça pura
07. Podemos ver também que, além das fanfics, você desenha/faz ilustrações (pelo perfil @killyemfanart), o que veio primeiro: a vontade de fazer esses desenhos ou a escrita?
Olha, eu entrei no fandom num dos piores momentos da minha depressão. Eu não fazia nenhum dos dois há muito tempo e amo os dois, por isso quando eu voltei a fazer coisas e lutar contra a doença, eu enfiei o pé na jaca e fiz os dois.
Pessoalmente é mais fácil pra mim escrever, porém quando eu junto fic + ilustração, faço a ilustração primeiro porque se ficar diferente do que eu queria descrever eu não preciso reescrever kkkk.
08. Na sua escrita, sua preferência de POV é Emma ou Killian?
Killian. Me identifico muito com ele em coisas boas, Emma tem mais os meus defeitos.
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09. Existe alguma temática ou trama que você não se vê escrevendo? Por qual motivo?
Honestamente, não. Eu tenho uma fic de prompts que as pessoas me pedem para escrever coisas sexuais e me dão o casal, já escrevi até swan queen mano kkkkkkkk
Talvez swanfire de forma positiva porque tenho ranço do casal? Kkkkkkkk Slá, eu realmente me vejo escrevendo qualquer coisa, só tenho as minhas preferências sabe? Mas, era esse mesmo o propósito dessa fic de prompts me tirar da minha zona de conforto e fazer escrever diversas coisas e assim melhorar minha escrita.
Antes de fazermos nossas perguntas finais, gostaríamos de colocar os questionamentos recebidos pelas nossas leitoras. Algumas mais específicas de suas criações e outras mais gerais, esperamos que aproveite!
10. Quando eu estava lendo Por Trás das Câmeras você sempre comentava nas notas finais que a história tinha se alargado mais que o previsto. Como você planeja suas fanfics e como lida com esse tipo de imprevisto?
Eu anotei todos os acontecimentos até o beijo antes de começar e pensei “deve dar uns trinta capítulos”.
Deu cinquenta.
Lido escrevendo mesmo. Quanto mais melhor, não? Honestamente por mais que se alargue não sinto que escrevi algo sem motivo, sabe?
11. As leitoras questionaram bastante sobre a influência de sua escrita. Pode nos dizer se tem algum autor que você se espelha? E, para além de disso, além de suas experiências pessoais, o que mais te influenciou na escrita?
Eu sempre tive minha própria voz, nunca me inspirei em ninguém, mas gosto do humor aleatório e inteligente do Rick Riordan. Sinto que, sem que eu percebesse, ele me influenciou. Ayn Rand é o amor da minha vida, vário valores eu me inspiro com os livros dela. Filosofia existencialista, niilista e absurdista em geral também.
12. Em Por Trás das Câmeras, alguns capítulos são chamados de “Rockstar no sofá”, qual a história por trás desse conteúdo?
Eu queria lidar a fundo com a depressão do Killian porque estava tentando lidar com a minha. Como na fic ele é um rockstar, nesses capítulos ele está “no sofá” da psicóloga, saca? Eu sempre adorei minha psicóloga (me consulto com ela desde os doze anos) então eu queria que Killian também tivesse um relacionamento assim também e por isso escrevi com a Belle sendo a psicóloga do mesmo.
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13. Como surgiu a adorável ideia de escrever e ilustrar Coroas e Navios?
Eu estava sem inspiração para escrever, por isso decidi fazer um desenho por capítulo. Às vezes eu postava o desenho depois, mas todo capítulo tem um desenho. Mesmo assim, teve um que eu não conseguia e implorei para uma leitora desenhar kkkkkkkk foda
14. Uma de suas histórias se chama Era Uma Vez, Mas Virou Duas, por que esse nome?
Ela é a de prompts eróticas. “Era uma vez (uma foda), mas virou duas (duas fodas)”. Só isso. Porém, na real tem várias fodas lkkkkkkkkk
15. Felizes Para Sempre tem o intuito de dar um final adequado para a maioria dos personagens de OUAT que foram esquecidos num churrasco. Se você pudesse escolher apenas um final digno para ir ao ar (aka virar canon), qual seria?
MALÉVOLA SERIA O INTERESSE AMOROSO DA REGINA NA S7!!!
Mas nem só de perguntas específicas das histórias se faz um leitor. Se segura na cadeirinha, Bianca, lá vem mais questionamento dos bastidores! 16. Qual método de escrita/estruturação te deixa mais confortável de ler e escrever?
Gosto muito de terceira pessoa. Acho estranho como que em primeira pessoa o personagem sabe tudo e na vida real não é assim kkkkkkk esse só é bom para mistério (na minha opinião). Gosto de capítulos curtos, mas com finais meio “OH!” mesmo sendo bobo. Uma revelação, um cliffhanger sempre algo interessante. Mas, nunca foçado. No meu caso, quando não tem nada de mais no final do capítulo eu só termino com uma frase interessante.
17. Você confidencia suas histórias para alguém antes de postá=las ou espera um feedback dos seus leitores?
Feedback. Às vezes dou spoiler pras amigas próximas, mas no geral elas descobrem tudo que importa junto com os leitores que nem falam comigo.
18. Sem ser do ponto de vista de autora, você já leu suas próprias histórias? Se sim, o que achou?
Sim. “Jesus foi eu que escrevi isso? Cadê o próxi- ah eu parei ai” ou “AI MEU DEUS QUE PRESUNÇOSO PQ EU TENTO FAZER TUDO SER PROFUNDO QUE DRAMÁTICO SE FUDER BIANCA SE FUDER!”.
19. Poderia nos dizer um erro que cometeu, como autora, e que te fez aprender com ele para alertar outras a não repetirem isso?
Resposta: Em PTDC foquei muito no Killian e pouco na Emma. Recomendo que desenvolva-se os personagens sem favoritismo e igualmente. Se não possível que pelo menos não seja escancarado como eu fiz kkkkkk
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20. Você tem algum projeto futuro em produção ou para colocar no papel?
Sim, mas eu deveria focar no enem ou terminar os antigos kkkkkkk
21. Por fim, você pode nos contar um pouco da sua experiência como autora? Sabemos que, por trás de tudo, há muita dedicação e esforço, horas e mais horas investidas… O que você tira de bom e que te faz pensar que valeu a pena?
O melhor é o feedback, o que faz valer a pena é o feedback, ainda mais aquele “nossa, me identifico tanto na sua história, te admiro tanto”, etc. É meio  que (TOTALMENTE) doentio como que eu dependo de feedback ou que as pessoas comentem sobre o que eu fiz. Gosto de atenção e não vou negar. Acho que por isso parei de escrever as fics antigas. Preciso que meu ego seja massageado, soa escroto falar isso, mas é verdade. Estou sendo honesta sobre mim mesma eu sou uma nojenta, tem jeito não kkkkkkk
Se eu escrevo, se eu desenho, eu faço primeiro pra mim mesma. Se eu gostei o suficiente para compartilhar com outros é porque eu quero elogios. Porque eu quero que me façam sentir melhor sobre mim mesma. Que me façam esquecer da realidade merda. Por isso, quando não falam nada, quando leem sem comentar, eu fico bem triste :/ mas, tudo vale a pena quando eu vejo que toquei as pessoas, sabe? Ser capaz de fazer isso com sua arte é tudo que qualquer artista podia pedir.
22. Como já virou uma tradição (não combinada), você tem algo a dizer para seus leitores e/ou autoras que estão lendo essa entrevista?
Resposta: Por favor não me achem uma egocêntrica ou diva de merda por conta do que eu disse na outra resposta? KKKKKKKKKK
Falando sério: se não gostaram da entrevista, paciência, mau gosto tá aí. Mas, se gostaram muitos beijinhos e sexo selvagem pra vcs minhas safadinhas de plantão <3
                                                                           ✖✖✖
Nós queríamos agradecer à paciência e disponibilidade da Bianca! Pedimos de antemão desculpas à ela por alguns probleminhas técnicos e a vocês, leitores, pela demora com essa entrevista. 
Espero que vocês tenham aproveitado mais essa entrevista e que tenham entrado nos bastidores das criações da Bianca! Essa experiência está sendo incrível pra gente, e torcemos para que esteja sendo com vocês também.
Alguns recados:
- O sorteio segue e já temos nossa próxima entrevistada: BruuhJones! Lembrando que vocês podem nos mandar perguntas via grupo da nossa parceria, por reply ou DM no Twitter, também por ask aqui ou pelos comentários da postagem da entrevista no Wattpad.
- Aceitamos sugestões de novas autoras para realizar o sorteio, bem como possíveis melhorias e críticas.
- Queremos agradecer às participações também, saber que vocês estão conhecendo mais o projeto e se interessando em participar é muito bom.
Espero que tenham gostado e até semana que vem ♥
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sarabareillesbrasil · 4 years
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“Kaleidoscope Heart” completa 10 anos!
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Hoje o álbum “Kaleidoscope Heart” completa 10 anos de lançamento!
Lançado em 7 de Setembro de 2010, é o terceiro álbum de estúdio de Sara Bareilles, com 13 músicas e uma faixa bônus. O álbum estreiou em número um na Billboard 200, vendendo 90.000 cópias em sua primeira semana.
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O álbum contou com três singles: “King of Anything”, que rendeu uma nomeação ao Grammy por Best Female Pop Vocal Performance, “Uncharted” e “Gonna Get Over You”, que ganhou uma versão com o cantor Ryan Tedder, do OneRepublic. Também tivemos o “Kaleidoscope EP”, com uma versão demo de “Gonna Get Over You”, “Send me the Moon” e a versão em cordas de ”King of Anything”.
Lançamento dos singles:
King of Anything: 10 de Maio de 2010.
Uncharted: 13 de Janeiro de 2011.
Gonna Get Over You: 16 de Setembro de 2011.
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Em 1 de Julho de 2010, Sara divulgou em seu site:
“Eu estou oficialmente divulgando o nome do Álbum! (rufem os tambores, por favor).
Chama “Kaleidoscope Heart”.
(aplausos ruidosos e ooohs e aaahs como se o público estivesse olhando para um elefante rosa flutuante que fala português, por favor.)
Eu escolhi o nome do álbum meses antes de eu sequer ter terminado de escrever as músicas. Eu amo as imagens que essas palavras geram, e elas são realmente representativas de como eu visualizo meu coração. É uma soma colorida mas fragmentada, sempre em mutação de todos os pedaços que o formam. Um caleidoscópio é a ferramenta que ajuda a bagunça a fazer sentido. Ou que pelo menos faz com que seja bonito de olhá-la. :)
Mais importante, eu chamei o álbum de “Kaleidoscope Heart” porque, assim como meu sobrenome, as pessoas vão errar a ortografia pra caramba.
Há beleza nisso.
Ou pelo menos eu continuo me divertindo com isso.
Eu espero que você goste…
Beijos e abraços,
Sara”
Nós certamente gostamos!
Foi através da música “Uncharted” que o álbum nasceu. Sara estava no meio de um bloqueio criativo terrível “Eu começava várias músicas e não conseguia terminar nenhuma delas.” “Começou como uma nuance até se tornar muito assustador. Eu estava tendo pensamentos irracionais de “talvez eu nunca mais escreva uma música novamente.” Você começa a adentrar nessas novas profundidades de autodúvida e aí numa tarde, “Uncharted” surgiu do nada. Foi um lugar para que eu me soltasse de todos esses medos, e foi como um relâmpago. Assim que eu terminei de escrevê-la, o resto do álbum veio junto”.
Em “Kaleidoscope Heart”, Sara buscou se arriscar mais: “Eu fiz a escolha consciente de fazer isso porque eu acho que é quando você está se alongando e crescendo que realmente consegue se ver brilhar e não tentando mudar, mas apenas se desafiando a ser seu melhor. Então eu escolhi escrever músicas que fossem mais difíceis de tocar e mais difíceis de cantar, porque eu gosto da ideia de que eu ainda posso crescer e me desenvolver como uma performer.” “Eu não queria me limitar ou me auto editar muito então eu fiz o que me trouxe uma sensação boa. Eu me diverti muito gravando esse álbum.”
“Eu sou uma pessoa muito mais confiante agora do que eu era quando eu gravei meu primeiro álbum. Eu estou mais velha, obviamente, e ganhei mais experiência. Eu não estava tão assustada dessa vez e eu acho que a música reflete isso. Eu tentei escrever músicas em que eu estava empolgada com a mensagem mas que parecem um pouco mais pra cima. Eu acho que o álbum reflete isso de um jeito bem autobiográfico. É totalmente o que eu tenho passado, estive preocupada com mudanças e com o que passei em relacionamentos e como um ser humano mesmo.”
“Esse álbum tem um som diferente, e eu atribuo isso ao meu produtor Neal Avron, ele tem um background de rock e eu não, e o que eu amo nele é que ele é um casamento natural entre uma sonoridade mais agressiva e ainda sim minha composição e estilo. Eu não sinto que eu tenha feito um álbum rock e sim uma versão mais acelerada do que já estava lá.” Avron também a incentivou a se manter fiel a seus instintos e fazer de “Kaleidoscope Heart” tão pessoal quanto “Little Voice”.
“Pra mim, sempre foi sobre ser honesta e me permitir ser vulnerável e mostrar todas as minhas partes feias, o medo, a ansiedade e a tristeza. Eu acho que isso dá as pessoas a coragem de partilhar uma com os outras.”
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Foto: Heidi Ross.
Confira Sara falando sobre alguma das músicas do álbum:
King of Anything
Essa é uma música em que ela dá um chega pra lá nas pessoas que gostam de “dizer tudo que você está fazendo de errado”.
Devido ao bloqueio criativo que está passando, Sara estava “com medo de voltar porque tendo o sucesso inesperado que tive com o primeiro álbum e o sucesso acidental de “Love Song” – que ninguém, incluindo eu mesma e a gravadora, estava esperando – eu simplesmente não sabia o que fazer ou o que falar depois disso.”
Após ter começado a escrever novamente, ela mandou músicas para os executivos da gravadora pra ver o que eles achavam. E logo ela descobriu que eles tinham muitos pensamentos – e não apenas sobre as músicas.
“Foi a última música que eu escrevi antes de ir pro estúdio, e foi nesse momento que eu comecei a compartilhar a música com meu círculo interno e comecei a receber feedback. Eu lembro de perceber vividamente “Ah, eu esqueci que isso fazia parte. Todo mundo te fala o que eles acham que você deveria fazer”. Eu percebi que estava ficando defensiva. Essa música foi um tipo de conversa motivacional e foi o que “Love Song” foi.”
“O ataque de opinião externa, que é algo difícil de metabolizar de qualquer modo, fez com que “King of Anything” se tornasse uma resposta bem específica pra um sentimento geral de feedback que eu simplesmente não estava interessada.”
“Eu era meio teimosa, de um modo, e aquela parte de mim que eu realmente aprecio, que se manteve intacta, é esse eu teimoso.”
“Eu não estava mais pedindo permissão. Eu estava tentando guiar minha visão.”
Say You’re Sorry
Em uma entrevista, é comentado que Sara havia começado o processo de gravação com quatro músicas que a empolgavam e que o resto do álbum ainda não estava desenvolvido. Ela comenta um pouco sobre isso e se foi mais difícil escrever algumas delas.
“’Tem uma música chamada “Say You’re Sorry” que é na verdade uma segunda encarnação. Foi uns dois anos atrás quando eu a escrevi pela primeira vez, mas era mais uma balada. Para esse álbum, eu estava pensando nela de um jeito novo. Eu não diria que nenhuma dessas músicas foram particularmente difíceis de escrever. Se elas chegaram a entrar pro álbum, elas são as que vieram mais fáceis, eu acho. Tiveram várias músicas que não entraram pro álbum que eram ruins e foram difíceis de escrever. Mas, essas músicas de um modo geral, foram as minhas favoritas da fornada. Elas foram na verdade as mais fáceis de me conectar.”
Let The Rain
“Para esse álbum, eu estava lidando com muito ansiedade e preocupação sobre o que estava por vir. Quando eu olho para esse corpo de trabalho, eu vejo um tema de abraçar a mudança, e como eu passei por toda aquela ansiedade foi um pouco como pisar no fogo. “’Let the Rain” é toda sobre confrontar o seu medo, e abraçar a ideia de renascimento, e meio que ir se soltando do passado. Se permitir renascer em seja o que for que você deva ser nesse momento. O primeiro verso meio que diz tudo. São todas essas coisas que passam pela sua cabeça: “Eu gostaria de ser bonita/ gostaria de ser corajosa…”. Sabe, se eu pudesse fazer todas essas coisas do jeito que eu gostaria, eu me sentiria como um tipo de super-herói. Mas, isso não é realidade ao menos que você realmente sucumba às suas próprias falhas e as abrace e ame a si mesma por elas.”
Bluebird
““Bluebird” é, em um modo, sobre renascimento num sentido diferente. “Let The Rain” é meio que uma ideia muito mais ampla e abrangente. “Bluebird” é especificamente sobre o que isso significa quando está relacionado com um fim de relacionamento. É se deixar voar de uma situação que não funciona mais ou não é mais feliz, e meio que se despedaçou. Sabe, é ir embora de algo não de uma maneira derrotada, de uma maneira que te faz sentir otimista sobre as possibilidades.”
Hold My Heart
De acordo com a apresentação de Sara live at ITunes Soho, “Hold My Heart” é sobre o medo de que ninguém vai entender você e seus segredos escondidos, e sobre tentar ter esperança que as pessoas irão entender. Essa música foi brevemente falada sobre no capítulo “Many the Miles” no livro que Sara escreveu “Sounds Like Me: My Life (So Far) in Song”.
Not Alone
Essa música aborda sua nova casa - onde ela morava sozinha. “Eu escrevi essa música para mim mesma. Faz com que eu me sinta construtiva com algo que pode ser muito debilitante. Se você pegar teu medo e torná-lo em algo que seja útil, aí não parece que ele venceu.”
Curiosidade
No minuto 2:32 da música “Not Alone”, Sara utilizou uma frase dita por Alfred Hitchcock em uma entrevista. É a própria voz do diretor que diz:
“You see, nothing has changed since Red Riding Hood. So, what they’re frightened of today are exactly the same things they were frightened of yesterday.”
“Veja, nada mudou desde a Chapeuzinho Vermelho. Então, o que eles temem hoje são exatamente as mesmas coisas que eles temiam ontem.”
Machine Gun
“Eu escrevi “Machine Gun” como uma ajuda a mim mesma pra construir minhas defesas de voltar ao mundo de ser criticado.“
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Foto: Heidi Ross.  
Escute o álbum!
youtube
Referências
https://www.youtube.com/watch?v=Vyci2AQpZKI http://popdirt.com/sara-bareilles-names-her-new-album-kaleidoscope-heart/79025/ https://genius.com/albums/Sara-bareilles/Kaleidoscope-heart https://americansongwriter.com/qa-sara-bareilles/ https://www.seventeen.com/celebrity/a11702/sara-bareilles-interview/ https://www.youtube.com/watch?v=FYpu2W2rJ6s https://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=129607541 https://www.bustle.com/p/sara-bareilles-on-the-stories-behind-8-of-her-most-personal-songs-17008410 https://sarabmusic.com/music/ https://www.music-news.com/news/UK/39711/news https://www.reuters.com/article/us-bareilles/sara-bareilles-learning-to-enjoy-mainstream-success-idUSTRE67R0N820100828 https://www.huffingtonpost.com.au/entry/sara-bareilles-talks-sing-off_n_1016060
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relatabrasil · 5 years
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'Quid pro quo': A expressão medieval que hoje domina a discussão de impeachment nos EUA
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"Não houve nenhum quid pro quo" é uma das frases mais repetidas pelo presidente americano Donald Trump nas últimas semanas, desde que veio a público o telefonema realizado entre ele e seu par ucraniano. Trump diz que não prometeu ajuda militar à Ucrânia em troca de investigações contra seu rival Joe Biden Andrew Caballero-Reynolds/AFP "Não houve nenhum quid pro quo" é uma das frases mais repetidas pelo presidente americano Donald Trump nas últimas semanas, desde que veio a público o telefonema realizado entre ele e seu par ucraniano. A expressão, que significa "algo dado a uma pessoa em troca de outra coisa" (na definição do dicionário de Cambridge), vem do latim e acabou ganhando um significado um pouco diferente na língua portuguesa, e o motivo disso você descobrirá ao final desta reportagem. Nos EUA, enquanto isso, essa expressão está no centro do debate em torno do pedido de impeachment que a oposição democrata abriu contra Trump. No telefonema entre Trump e Volodymyr Zelensky, em 25 de julho, segundo documento divulgado pela própria Casa Branca, Trump pede que o presidente ucraniano "dê uma olhada" no suposto envolvimento da família de Joe Biden (pré-candidato democrata nas eleições presidenciais do ano que vem) em casos de corrupção na Ucrânia. Trump também admitiu ter retido quase US$ 400 milhões em auxílio militar a Kiev alguns dias antes de sua conversa com Zelensky, mas negou que isso fosse para pressioná-lo — e sim para forçar a "Europa e outros países a também contribuírem" com o governo ucraniano. Assim, quando afirma que "não houve nenhum quid pro quo", Trump defende que não usou a ajuda militar para pressionar o governo ucraniano a investigar Biden. Initial plugin text Mas essa linha de argumento foi colocada em xeque no último dia 3 de outubro, quando vieram à tona mensagens que indicam que alguns dos diplomatas americanos envolvidos com a Ucrânia temiam que houvesse, justamente, um "toma lá dá cá" na relação com o governo de Kiev. No mesmo dia da ligação entre Trump e Zelensky, o então enviado especial do Departamento de Estado americano à Ucrânia, Kurt Volker, afirmou a um assessor de Zelensky: —"Bom almoço, obrigado. Tive retorno da Casa Branca — presumindo que o Presidente Z convença Trump de que vai investigar/"chegar ao fundo do que ocorreu em 2016" (aparente referência ao ano em que um procurador-geral ucraniano foi expulso, sob pressão de Biden), vamos decidir uma data para uma visita a Washington". A conversa foi tornada pública em 3 de outubro pelo próprio Congresso americano, junto a uma troca de mensagens de 1º de setembro entre Bill Taylor, diplomata de alto escalão na Ucrânia, e Gordon Sondland, embaixador americano na União Europeia: —"Estamos agora dizendo que assistência de segurança e reuniões com a WH [sigla de Casa Branca] estão condicionadas a investigações?", disse Taylor em mensagem de texto a Sondland. Depois, no dia 9 de setembro, o mesmo Taylor disse a Sondland: —"Como disse por telefone, acho que é uma loucura reter ajuda de segurança (em aparente referência aos quase US$ 400 milhões de ajuda militar retidos à Ucrânia) em troca de ajuda com uma campanha política". Sondland respondeu: —"Bill, acho que você está incorreto quanto às intenções do presidente Trump. O presidente foi claríssimo sobre nenhum quid pro quo de nenhum tipo. O presidente está tentando avaliar se a Ucrânia vai realmente adotar as reformas e a transparência que o presidente Zelensky prometeu durante sua campanha e sugiro que nós paremos essa ida e vinda de textos". 'Interesse da nação' Trump tem afirmado que essa mensagem de Sondland deixa claro que não houve quid pro quo entre ele e Zelensky. Do outro lado, democratas têm dito que a ação do presidente visava a interferência de um país estrangeiro no pleito do ano que vem, com potenciais ganhos eleitorais para o republicano. Como exemplo disso, críticos afirmam que Trump pedia, no telefonema, que Zelensky lidasse com seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, no referente às investigações sobre Biden, e não pelos canais diplomáticos tradicionais. "Alguém acha que esse telefonema era do interesse da nação, ou do interesse pessoal e político do presidente?", afirmou em setembro o senador democrata Chuck Schumer. Além disso, alguns democratas têm dito que não é necessário um "toma lá dá cá" explícito para dar continuidade ao processo de impeachment. "O governo argumenta que o documento (em referência ao memorando do telefonema entre Trump e Zelensky) não contém um quid pro quo explícito. Não é preciso que haja esse 'quid pro quo' explícito para quebrar o juramento (presidencial) e a lei, quando você próprio conduziu o 'quid pro quo' e reteve ajuda militar", afirmou no plenário da Câmara dos Representantes o deputado democrata Sean Patrick Maloney. Muitos republicanos, porém, mantiveram a defesa de Trump. "Uau. Pedido de impeachment por causa disso?", afirmou pelo Twitter o senador republicano Lindsay Graham quando a Casa Branca divulgou o memorando sobre o telefonema de 25 de julho. "Que (ausência de) quid pro quo. Os democratas perderam a cabeça no que se refere ao presidente Donald Trump." Initial plugin text Agora, os comitês da Câmara de Representantes envolvidos no inquérito do impeachment estão emitindo intimações para oficiais da Casa Branca e do Pentágono, em busca de informações relacionadas à retenção da ajuda militar à Ucrânia - que evidenciem, ou não, o possível quid pro quo. Em português, quiprocó: uma confusão farmacêutica A expressão latina vem da era medieval e originalmente se escrevia qui pro quo, o que ajuda a explicar por que na língua portuguesa acabou se transformando na palavra "quiprocó", diz à BBC News Brasil José Rodrigues Seabra Filho, professor do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Só que, em português, a palavra tem um significado diferente: em vez de significar "dar-se algo em troca de outra coisa", como no original latino, significa, segundo o Houaiss, "equívoco que consiste em tomar-se uma coisa por outra; confusão criada por esse equívoco: 'o fato de serem gêmeos gerou um enorme quiprocó'". Como o "toma lá dá cá" original virou uma "confusão"? O serviço de dúvidas da língua portuguesa do Instituto Universitário de Lisboa cita uma explicação: os boticários, que eram os antigos farmacêuticos, nem sempre tinham em mãos os componentes necessários para produzir os medicamentos receitados pelos médicos. Na ausência desses componentes, recorriam a um livro chamado Quid pro quo, que era basicamente um livro com equivalentes medicinais que pudessem substituir os ingredientes em falta. Um dicionário datado de 1720 diz, segundo o instituto lisboeta, que "quando os boticários não têm uma droga, acham nele (livro) outra para porem em seu lugar. Daí veio o dizer 'livre-nos Deus de um quid pro quo, porque às vezes há erros nas drogas e, em lugar de (remédio), os boticários dão um veneno". Ou seja, o quid pro quo às vezes levava a confusões cometidas em remédios, com desfechos pouco agradáveis.
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a-mig · 8 years
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Cassius A. nasceu no Lins de Vasconcelos, Zona Norte do Rio de Janeiro, e é ativo no cenário musical carioca/brasileiro desde 2009. Começou sua jornada como membro da banda Dorgas, em seguida atuou como DJ residente e produtor de algumas festas pela cidade, como o Bota na Roda, Festa do Dia, Rave Gótica, Gota, e foi produtor/curador da Comuna até início de 2016. Atualmente, toca como parte do trio de djs Gente Trabalhando e no projeto Tinta Preta. Apresenta também um projeto solo de canções, um live quase 100% analógico e discoteca de vez em quando. É Fundador do selo A Onda Errada.
01 - Como surgiu seu interesse por música ?
Eu nasci em uma família bem tipicamente suburbana carioca, aonde o gosto por música era baseado no que se ouvia no rádio. Então meus primeiros anos de vida passaram ouvindo pagode, samba, o que tocava bastante nos anos 90. Eu tinha um tio que amava Legião Urbana que foi quem me deu o meu primeiro violão, aos nove anos, hehe. E a minha mãe adorava grandes cantoras, Elis, Gal, Bethânia e a Rita Lee, e também gostava do Belchior e do Taiguara. Minha vó costumava cantar uns sambas da década de 30, lembro sempre de "Se Acaso Você Chegasse", do Cyro Monteiro, sei a letra de cor até hoje. Tinha uma grande coleção de vinis da minha irmã mais velha com algumas bandas de pop e rock dos anos 80, brasileiras e estrangeiras, e um primo que tinha uns vinis de progressivo e britpop. Muito funk e miami bass nas ruas, perto de casa era só esse o som. Um professor de matemática da oitava série que adorava Tim Maia e Cassiano, e a gente fazia os exercícios de álgebra ouvindo esses grooves brasileiros. Nisso, já tinha uns 11 ou 12 anos, e a internet discada começou a acontecer, e o Kazaa começou a me levar pra muitos outros lugares. Mais ou menos na mesma época, gravei uma série de fitas com violão num Meu Primeiro Gradiente que era da minha irmã. Foi mais ou menos quando comecei a compor.
02 - Você já esteve presente em diversos projetos e festas da cena musical carioca e do brasil, você poderia falar mais sobre eles?
Acho que eu posso começar falando do Dorgas (https://www.youtube.com/user/dorgasvideo/videos…), que foi o primeiro projeto que me fez circular e conhecer pessoas. Começamos a tocar em 2009, era uma banda baixo/teclado/bateria/2 guitarras e voz, e fizemos uma boa quantidade de shows no Rio e em São Paulo, e de certa forma fomos inseridos em uma cena que estava acontecendo na época - falando de um jeito mais prático, entramos em um circuito, tocávamos regularmente, e isso me fez querer começar a produzir eventos, me envolver com cavar espaço para essas apresentações de música ao vivo. Há mais ou menos quatro anos, comecei a produzir uma série de eventos na Comuna (https://www.facebook.com/comunacc/), um espaço em Botafogo, no Rio de Janeiro. Aonde hoje fica o escritório servia de um palco para os shows, no segundo andar, e em parceria com a minha amiga e também produtora Tay Nascimento começamos a produzir uma noite chamada Creme (https://www.facebook.com/cremedomingo/); a gente tinha total liberdade tanto pra produção sonora quanto cenográfica. Experimentávamos muito. E nós dois começamos a fazer parte de um coletivo chamado Bota na Roda(https://www.facebook.com/botanaroda/), que por um ano fez, mensalmente, as festas mais malucas e mais interessantes da última década no Rio de Janeiro.
O coletivo chegou a ter cerca de 40 pessoas, então imagine que era muita, muita gente, e não só músicos e produtores, artistas plásticos, performers, todo tipo de expressão. Então cada festa era um acontecimento, tinha temática, momentos distintos - uma vez em uma edição cujo tema era Rituais, a festa parou às 2h da manhã e seguiu com uma procissão de carro de som até a Praia de Botafogo, aonde um artista fez uma perfomance embaixo de uma árvore enorme na qual ele recriava o próprio rosto com argila, esfregava a argila no rosto, amassava, destruía, construía outra cara, num clima todo particular, com uma luz e uma música combinando - pra logo depois voltar a festa embaixo de uma passarela na praia. Olha, não sei se deu pra entender, mas o que eu quero dizer é que eram tempos muito divertidos, muito loucos, muito abertos, e a minha impressão é que depois disso o Rio “encaretou um tanto. Enfim...Com a Tay e o Nuno, amigo português que morava no Brasil, comecei a produzir a Rave Gótica (https://www.facebook.com/ravegotica/), que sem muita constância botou uma galera boa pra dançar lá no Rio, fizemos algumas edições e sempre foi muito divertido, mas nunca foi um rolê que se propôs a se levar a sério a ponto de acontecer muito regularmente. Eu continuei trabalhando na Comuna por um bom tempo, e ajudei eles a se conectar com uma rede de artistas através de shows regulares que promovíamos semanalmente, às vezes às quintas, sextas e sábados - às vezes domingos, às vezes dois ou três dias na mesma semana. Normalmente eu fazia o corre praticamente 100% - a gente não tinha muita grana, então eu era o cara que fazia o contato com o artista, produzia o espaço, técnico de som e ficava na porta chamando e cobrando pro show. Era um espaço bem pequeno, então era um treco bem divertido. Mas problemas com a vizinhança bem sérios fizeram essa coisa de show dar uma miada por lá, mas ela tem ressurgido nos últimos tempos. Volta e meia tem algum showzinho, esses dias toquei por lá, e acho que toda semana tem alguem colocando música no segundo andar.
Nessa pausa, eu comecei a produzir a Festa do Dia, lá em 2014, que teve umas seis edições e rolava num estúdio no Cosme Velho, que era um estúdio pra figurões tipo Chico Buarque, O Rappa, eu já vi a Maria Bethânia no corredor e é verdade o que dizem, ela não olha na cara de ninguém. Essa festa surgiu porque eu tinha programado uma série de shows na Comuna e tivemos um problema que impediu de realizar um deles, que era com o Omulu, então surgiu esse contato no estúdio através de um cara, o Rafa, que me alugava som pra um rolê que eu fazia na rua chamado Sabão Africano, que tocava música da África, Caribe, enfim. Só que isso acabou virando uma festa com 3 pistas, chamada 06do09 (https://www.facebook.com/events/293650807474190/), e a partir dessa começou uma parceria minha com a Helô Duran, a Isis Passos e a Melissa Daher que durou por um tempo e circulou muita gente boa - pegavamos aquele estúdio que era meio bege cafoneira noventa e virava um inferninho, com luz negra e som alto. A gente tinha uma pista de chamada aberta aonde uma galera fez seus primeiros sets. Teve bastante gente que passou pelo nosso rolê : Akin (https://soundcloud.com/akindeckard), Seixlack (https://soundcloud.com/innsyter/tracks), Psilosamples (https://soundcloud.com/psilosamples), Thingamajicks (https://soundcloud.com/thingamajicks), A Macaca e a Urubu (https://soundcloud.com/urubumarinka), da Voodoohop (https://www.facebook.com/voodoohop/), Domina (https://dominalabel.bandcamp.com), o 40% Foda/Maneirissimo (https://40porcentofodabarramaneirissimo.bandcamp.com), o Eduardo Magalhães da Somm (https://www.facebook.com/festasomm/), o Gama (https://soundcloud.com/gvmv), o Millos da Selvagem (https://soundcloud.com/selvagem), pessoal da Rebola (https://www.facebook.com/Rebola-556582571134519/),o Carrot Green (https://soundcloud.com/carrotgreen), Manara (https://www.residentadvisor.net/dj/manara), Baré & Mouchoque (https://soundcloud.com/ritmodefavela/tracks), e foi um rolê que deu bastante certo, conseguia pagar todo mundo direito, e o estúdio era bem grande com uma área aberta, era agradável. Mas acabou porque eles tinham um esquema meio inflexível de grana, então eu não me sentia em uma parceria de verdade, eles começaram a não querer entrar em acordos, ter dificuldade pra ceder. Eventualmente se tornou inviável. E eu tava tocando por 2 anos muitas vezes por semana, meu corpo e a minha cabeça precisavam de uma pausa nesse ritmo de festa.
Comecei a produzir outras coisas, feiras de livro, eventos de arte impressa, que era uma outra coisa que eu trabalhava na época e também um assunto que bastante me interessa. Fiquei um ano mais tranquilo fazendo alguns lives em eventos diurnos e exposições, experimentando mesmo, e senti a cidade também desacelerar. Comecei a tocar no Tinta Preta (https://www.facebook.com/tintapreta1/), um projeto meio perfomance que une um monte de gente, tem a Tay, a Helô, o Arthur que toca teclado no Séculos Apaixonados (https://soundcloud.com/seculos-apaixonados), a Liana do NoPorn (https://soundcloud.com/noporn-614261774), o Lucas do 40% Foda/Maneirissimo, uma boa galera, é uma loucura divertida sendo feita ao vivo com voz, bateria eletrônica, sax, teclado, e umas boas composições próprias. Do meio pro final do ano passado, comecei a cogitar me mudar pra São Paulo, me movimentei um pouco e senti saudade de produzir um som próprio, algo que tivesse voz, que flertasse com a canção.
03 - Como seu som se relaciona com cada cena da qual você parte durante a sua vida?
Eu comecei a tocar fazendo canção, no violão, e de certa forma essa idéia da canção permanece até hoje - algo que foi explorado na época que fiz parte do Dorgas no formato banda. Gravei esse EP no final de dezembro, e daí veio a idéia de reproduzi-lo ao vivo, e nisso pego a estrutura do live que apresentei no ano passado, a Tr-8 com a Tb-3 sequenciando um baixo, e um Poly 800 da Korg. São timbres bem usuais em muitas composições pra pista, e é um setup bem moldável, e comecei a engatar um set sem voz depois das apresentações que tende a ganhar vida própria. É um som que eu julgo que ainda está bastante em formação, e acumula a experiência que tive e ando tendo com apresentações mais "show" e apresentações mais "festa" - acho que existe um meio termo aí, algo que pode dar uma certa alma. É interessante usar a voz, é um instrumento que tem uma forte carga simbólica, a literalidade das palavras.
04 - Qual a proposta atual do selo A Onda Errada (http://aondaerrada.bandcamp.com)? E objetivos futuros?
A Onda Errada começa bastante focado no que simplesmente reduzo como canção eletrônica, nesse meio termo que referi em cima, nos timbres de sintetizador e bateria sequenciada com uma idéia de composição com letra, voz, partes, mas sem obrigação de ser voltado para a pista. É um ponto de vista, algo que sinto falta na história da evolução da canção popular, tem muito a ver com a minha idéia de que arte não se resume à uma estética bonita ou a um conceito bem amarrado, e sim a preencher as lacunas do que percebe como falta, de ir pro lado oposto. Mesmo que num mundo tão difuso essa idéia de lado oposto seja só mais uma alternativa, nesse caso é isso que propomos, um ponto de vista. Estamos começando a lançar coisas - teve esse meu primeiro lançamento em janeiro, Cemitério de Elefante, agora vem o álbum da Juliana R. (https://www.facebook.com/julianarrrr/), que toca o selo comigo, chamado Tarefas Intermináveis, depois vou lançar outro EP meu, e daí a coisa caminha. Ando buscando artistas e propostas que se relacionam com essa idéia de experimentar os moldes tradicionais da canção.Além da parte dos lançamentos, produzimos um evento mensal na Casa Plana (https://www.facebook.com/planacasa/), em São Paulo, que une duas apresentações ao vivo de artistas que se relacionam com o selo. Em abril vamos descer pra Curitiba pra fazer um agito com o pessoal do Meia-Vida (https://meiavida.bandcamp.com), e a idéia é que comecem a pipocar mais eventos por aí, e não só na capital.
05 - Além de sua produção musical, quais seus outros projetos/trampos?
Eu trabalho com design, ilustração e vídeo. To desde janeiro tentando juntar as coisas que já fiz para criar um portfolio, mas não consegui parar muito pra fazer isso. Trabalhei dois anos n'A Bolha Editora (http://www.abolha.com), uma pequena editora independente do Rio de Janeiro fazendo ilustração, criando parte da identidade visual, site, séries de animações e uma série de entrevistas, tem esse lado que gosto bastante que brinquei e conheci muito trabalhando lá, de editoras, gráficas e arte impressa independente. Tenho um projeto de feira chamado Feira Fantasma, que acontece normalmente em lugares em ruína, fizemos cinco edições ano passado. Alguns projetos de história em quadrinho, livros de ilustração e animações que já comecei e pretendo terminar quando tiver um lugar fixo e espaço e tempo pra me organizar, desde setembro ando nômade. Eu costumo criar minha própria demanda também, faço ilustrações pra Onda, temos umas idéias de camisas e pôsteres que em breve vão virar realidade, eu gravo imagens e áudio de cada edição do evento na Plana, monto meus próprios vídeos, acho essencial ter uma rotina de produção para apurar a sua visão e familiaridade com esses meios de expressão que também funcionam como ganha-pão. E também serve de registro, né? Volta e meio pego uns jobs relacionados, coisas bem distintas, e assim me equilibro nas contas e vou vivendo e consigo continuar produzindo. 06 - No seu facebook voce diz que sua cidade natal é Schenectady City, nos Estados Unidos. Você ja visitou essa cidade? Tem vontade de visitar? Desde a época do orkut, eu sempre boto que sou de um lugar que eu não sou. Acho que a gente tem que gastar uma onda nessas identidades virtuais, elas não precisam ser representativas da nossa realidade. No fim das contas são todos personagens que criamos, mesmo se não nos damos tanta conta disso às vezes... e bem, Schenectady tem a ver com um filme, chamado Sinédoque, Nova York, que brinca com o nome dessa cidade, e é filmado lá. Mais importante do que o filme, que na época (lá pra 2009) eu achava legal mas enche o saco com uma certa pretensão em determinado momento, eu gosto da idéia que ele aborda, de uma cidade inteira que é uma grande peça de teatro, onde tudo é atuado. Refletia bastante certas idéias que eu nutria pelo contexto artístico da zona sul do Rio de Janeiro. Mas não, nunca visitei nem tenho vontade, mas volta e meia alguém dessa cidade manda um pedido de amizade no facebook, é o baixo preço da piada. 07 - Também no seu facebook voce diz que estudou na indie rocker school? qual sua relacao com o indie rock hoje? Isso é uma brincadeira que eu fiz com a Melissa, uma amiga minha que toca também, com o codinome Salisme. Nossos 14, 15, 16 anos foram ouvindo muito folk, shoegaze, post-punk, essas coisas que ficam embaixo desse termo guarda-chuva do indie rock. Não escuto tem muito tempo algo que eu identifique com esse termo, mas fez parte da história, tava lá em algum lugar da caminhada, acho que fica, né? 08 - Pra finalizar, solta um rap ai pra nós 
"você precisa mudaaaar sua maneira de ser com esse jeito agressivo você não vai me prendeeer" escuta aí, Trilha Sonora do Gueto.https://www.youtube.com/watch?v=gGIVaGazx7c
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26-11-2017-blog · 7 years
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Prefácio 
Estou me rendendo completamente à cafeína, tentando juntar meia dúzia de letras e quem sabe fazer com que algumas palavras façam sentido, mas você sabe, não consigo organizar minhas ideias, meus pensamentos são estrelas que eu não consigo arrumar em constelações. E, por isso esse texto de aniversário será diferente. Começando pelo meio em que recebeu. 
Eu procurava algo que mais tivesse a ver conosco. Passei madrugadas pensando sobre como poderia fazer deste seu aniversário o mais especial. Eu tentei de vários jeitos diferentes. Mas faltava algo. Faltava algo que nos definisse. Algo que tivesse a nossa cara. Acho que não há nada melhor do que isto, não é? O Tumblr sempre foi o nosso refúgio, o nosso lugar, o nosso abrigo, o nosso lar.
Então são completamente suas as minhas mais humildes, exageradas, porém sinceras palavras. 
                                                                                Espero que goste.
Capítulo I
“Você sabe que te amo? Sabe mesmo? Por favor, diz que sim. Eu sei que você de alguma forma sente todas as boas vibrações que mando todos os dias. Eu penso em você sempre. Te mando beijo, te mando abraço, te mando carinho, te mando o meu melhor. Mas eu não sei lidar com isso, me perdoa.”
É, eu realmente não sei lidar. Não sei lidar com teus elogios, com tua risada, com tuas manias, com tuas implicâncias, com teu jeito indescritível de me estressar. Não sei lidar com a sua maneira de me fazer sorrir em meio a situações totalmente adversas. Não sei lidar com teu jeito birrento, com tua vontade constante de me tirar do sério, com os seus cuidados, com os teus carinhos, com o teu amor.
Eu não aguento essa cara de quem não vale nada e sabe bem. Você é aquela pessoa que consegue me levar do inferno ao paraíso em questões de segundos. O único que sabe ler todas as minhas entrelinhas e tem a capacidade de interpretar até os meus silêncios. 
Você observa meus detalhes, repara em tudo, nos meus sinais, no jeito que eu sorrio, em cada centímetro que meu cabelo cresce, no jeito que falo, na pinta que tenho no meu ombro esquerdo e na outra no canto da minha boca, repara no que digo e, principalmente, no que eu não digo. 
Você é a minha pessoa, André. Você sabe me ler do avesso, é completamente idiota quando quer ser e me faz dar gargalhadas por isso. Você me rouba sorrisos, beijos, carinhos, abraços. Você me faz tua e eu gosto disso. Você é meu abrigo, minha morada, meu melhor amigo, minha casa. É pra você que eu corro quando tudo está indo de mal a pior, é pra ti que eu vou quando preciso de colo. 
E não é só por você ser lindo, ter umas veias provocantes, ter uma voz gostosa ou um abdômen sarado, acho que isso veio de brinde diante da pessoa maravilhosamente incrível que você é.
Capítulo II
“A gente não se beija nem nada, mas quando vai ver pegou na mão um do outro de tanto que se gosta e se cuida e se sabe. Já tivemos nossos tempos de transar e passar nervoso e aquela coisa toda de quem ama prematuramente. Mas evoluímos para esse amor que nem sei explicar. 
Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala “ah, enjoei, ela era meio sem assunto” e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo “ah, ele não entendeu nada” e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase quinze anos. Somos pra sempre. 
Ele conta do filme que tá fazendo, eu do livro. Os mesmos há mil anos. Contar é sem pressa de acabar. Se ele me corta é como se a frase que eu fosse falar fosse mesmo dele. É um exibicionismo orgânico, como se meu silêncio pudesse continuar me vendendo como uma boa pessoa. São quinze anos. É isso. Ele me viu de cabelo amarelo enrolado. Eu lembro dele gordinho e mais baixo. Ele sempre comprou meus testes de gravidez, mesmo a suspeita nunca sendo nossa. Eu já fui bem bonita numa festa só porque ele queria me fazer de namorada peituda pra provocar a ex mulher. 
Minha maior tristeza é que todo novo amor que eu arrumo vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito. E eu sofro porque com pouco tempo não consigo ser melhor que o muito tempo. E de sofrer assim e enlouquecer assim, nunca dou tempo de ser muito para esses amores porque estrago antes. 
Mas meu melhor amigo é meu único amor. O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo. E ele vai comigo na pizzaria e todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora meu melhor amigo. E eu amo ele. E sempre acabamos suspirando aliviados “alguém é bobo como eu, alguém tem esse humor” e mais uma vez rimos da piada que inventamos, do pai que chega pro filho e fala: sua mãe não é sua mãe, eu transei com outra”. 
E esse é meu presente dessa fase tão terrível de gente indo embora. Quem tem que ficar, fica.”
E você fica, fica quando está tudo bem, fica quando está tudo mal, fica quando te mando ir, fica quando não mereço, fica nas piores e melhores noites, fica mesmo quando não há razões pra ficar.
Você sempre foi a criança mais feliz da foto de jardim de infância, acredito que crescer te roubou um pouco dessa felicidade. Mas espero que nunca na tua vida você se sinta menos do que é, que se sinta inferior, pequeno. A vida tem dessas coisas, nem sempre a gente ganha. E terão dias mais difíceis que outros, mais insuportáveis, pesados. Só te peço que continue com aquele sorriso feliz da foto de jardim de infância pelo o qual, inclusive, é o meu favorito.
Capítulo III
“Bem, eu só queria dizer que, apesar desse seu jeito todo iceberg de ser, eu te acho um rapaz incrível. Você é o melhor ser humano entre os piores que já conheci. Ou o pior entre os melhores. Não sei. Sei que eu inexplicavelmente estou na tua e você sabe disso. Não dá bola, assim que meu ataque trevoso de angústia cessar, eu sei, não vou me importar nem um pouco se você ficar na tua, se você não ligar de me aturar falando pelos cotovelos, deitada do teu lado.” 
Acho bonito a forma como você não se importa quando eu disparo a falar sobre coisas aleatórias, você ri, você concorda, me dá corda e ainda me deixa à vontade pra falar mais. Você sabe que isso não é de acontecer sempre e por isso tem a maior paciência do mundo comigo.
Sempre achei admirável o jeitinho que você tem de lidar com certas situações. Quando fica com ciúme, fica completamente monossílabo, usa perfeitamente as pontuações e exibe um português tão certo que transborda sarcasmo. Quando fica feliz, nossa, até um cego é capaz de enxergar. Você fica de bom humor para tudo, escuta músicas e ainda canta junto, consegue até conversar com pessoas com as quais não tem a mínima vontade. 
Amo quando fica sentimental, mas odeio quando fica triste. Te acho tão quieto, tão indefeso, tão pequeno. Às vezes, minha maior vontade é te pegar no colo e te cuidar na marra. Por mais que tente te cuidar, você é teimoso demais pra ser cuidado
Mas mesmo assim, eu tento, mesmo de longe, mesmo desastrada, mesmo com as palavras erradas, mesmo exagerada, mesmo da forma errada, eu tento com tudo que tenho, com tudo que sou.
Capítulo IV
“Procurei palavras bonitas para te escrever. Vasculhei dicionários, gavetas e gramáticas, mas não encontrei nada que pudesse dar uma definição exata do meu sentimento por você. Talvez isso tenha acontecido por você não ser exato. Tudo bem, eu também não sou. Me sinto levemente boba e ligeiramente perdida. 
É muito mais fácil quando temos domínio e controle sobre nossas emoções. Fácil, prático e seguro. O inusitado pode causar espanto e uma espécie de insegurança. Quando o que sentimos se torna mais poderoso que nós, parece que perdemos o foco. E ficamos com medo de errar. Você me deixa vulnerável. E eu não gosto de me sentir assim. 
Mas eu gosto de gostar de você. E gosto da forma como você me fez gostar de você. E gosto de saber que você existe. E gosto de passar os dias existindo você. E gosto (mais ainda) de adormecer pensando em você. Repetição do verbo gostar, eu sei. É que te gosto ao cubo. 
Não vou falar das suas qualidades (lindo, lindo, lindo-por dentro, por fora, do avesso) e virtudes , pois acho que elas importam e contam, mas não são fundamentais. Os defeitos sim, estes fazem a diferença. Gosto dos seus defeitos. 
Após procurar (sem sucesso) palavras bonitas para te escrever descobri que o que existe de mais bonito para te oferecer não são palavras. E sim o que eu tenho de melhor (e pior) em mim. 
Procurei palavras… Mas só consegui dar vazão ao que um peito receoso e cauteloso (talvez por já ter ficado cara-a-cara com o precipício) tinha a dizer: Espero que você seja o céu azul…” 
E você é o meu céu azul. Sempre foi. Desde 16 de Abril de 2015. Eu te encontrei e vi a minha frente um infinito azul de maravilhas. Eu senti aquela paz de domingo com animação de um sábado, eu senti o cheiro de chuva com a brisa da praia. Em ti, eu vi meus sonhos personificados, minha felicidade em pessoa. 
Você é barulho de chuva, algodão doce, chocolates em formato de frango, a malícia com a inocência de uma criança, o abraço, o inesperado, a intensidade, o exagero, minha hipérbole e minha antítese. De sempre para sempre.
Capítulo V
“Eu gosto de você de formas objetivas e subjetivas. Reais e verdadeiras. Naturais e puras. Alucinógenas e infantis. Gosto de você de muitas maneiras. Do avesso. Ao contrário. Do outro lado. Esquerda. Direita. Frente. Verso. Gosto de você com champanhe e morangos. Com água e nhá benta. Te gosto com amor e com ódio. Com mágoa e alegria. Com decepção e, quem sabe, esperança.”
Gostar é eufemismo. Amar é clichê. E, por isso não tem nome para o que sinto por ti. É uma bagunça de sentimentos. De manhã, somos uns amores. Transbordamos afetos e carinhos. De tarde, a gente se estranha, briga à toa por coisa boba. E, de noite, a gente se reconcilia. Faz as pazes, trocamos desculpas e saudades.
Somos recíprocos do amor ao ódio. Não tem jeito. Acho que a gente briga por hobby, só pra ficar bem depois. A gente combina no exagero e na intensidade. Você tem suas citações, eu, minhas músicas. 
Eu gosto de te observar, de te reparar. Gosto das suas manias, do jeito que você cozinha quando está com a auto estima baixa, quando corta o cabelo e fica cheio de si. Gosto do tom da sua voz, do jeito que você diz meu nome, do teu sotaque. 
Gosto de saber cada pequena coisa de você, que você canta quando está sozinho. Conversa sozinho. Escova os dentes de olhos fechados, tenta manter seus lábios sempre molhadinhos e que faz caras e bocas em frente o espelho. 
Gosto de quando você fica todo ciumento, mas odeio quando me deixa ciumenta. Gosto de ouvir falar sobre seu dia, da sua risada gostosa, do teu jeito tão bom - mesmo longe - de abraçar, de me segurar forte, de não me deixar ir, de ter esse dom único de me fazer feliz.
“Te gosto em todos os significados da palavra “gostar”. Significados existentes e inventados.”
Epílogo
Eu teria comprado uns fogos de artifícios, uns balões com cada letra do seu nome, feito um ‘eu te amo’ bem grandão escrito com papeis recortados na sua cama, rodeado de rosas vermelhas… 
Teria comprado um buquê de X-Bacon e uma cesta de milho. Teria escrito suas citações favoritas em um post it e deixado em cada lugar pela casa. Teria colocado um cartazinho na Mel com algo bem clichê e engraçado que teria feito você dar aquele riso sem graça. Teria feito uma faixa bem grande de parabéns e deixado na porta de sua casa. Teria feito todas essas pequenas coisas e muitas outras. 
Passei esses dias pensando em tudo que poderia te dizer, mas só conseguia imaginar tudo o que podia fazer por ti se estivesse aí. Não vou poder fazer deste dia o teu melhor aniversário, pelo menos não com muitas atitudes, não como gostaria. 
“Mas desejo que aconteça alguma coisa bem bonita com você, te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia.”
Desejo-te esperança também, isso nos move quando a maré está realmente ruim. Espero que no teu dia a dia tenha ao menos uma palavra amiga ou uma notícia boa. Que você lembre que é pra viver, vadiar, porque o que importa é a nossa alegria. Que você possa fazer grandes histórias nos teus dias de luta e dias de glória. E toda a positividade, eu desejo a você, pois precisamos disso nos dias de luta. Menino lindo, eu quero morar na sua rua, você deixou saudade, quero te ver outra vez. Só os loucos sabem o quanto eu amo você, o quanto vibro com tua felicidade, o quanto comemoro tuas conquistas e o quanto sofro com o teu sofrimento. Estou aqui pra sorrir e chorar, ter alguém pra compartilhar sempre felicidade e amor, então me encontra ou deixa eu te encontrar. 
Nessa tentativa falha de expor um pouquinho de tudo o que você é e/ou representa pra mim, espero que tenha a mínima compreensão. Sou uma boa pessoa, mas uma escritora de merda. E, hoje, só quero que você aproveite o máximo que puder. Celebre, viva, vibre, sorria, sonhe, peça, realize, voe, salte, confie. Eu tô contigo sempre, meu bem. Independente de qualquer coisa, nunca vou te deixar só.
                                                                            “Te amo mesmo, talvez pra sempre...”
                                                                                                                                                                       Com amor,                                                                                                                                                                                        sua Vi.
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srtthomann-blog · 7 years
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PAUTA
Redator: Sarah Thomann, Amanda Pires, Letícia Pacheco
Data: 24/03/2017
Retranca: k-pop, coreia, dança, música
Fonte: Redação
Tema:
Adolescência e coreia: como a música pop coreana vive e sobrevive no Brasil.
Histórico/Sinopse:
O número de fãs dos grupos coreanos de dança e música vem crescendo no Brasil desde seu nascimento; trazidos pela cultura japonesa dos animes que já era forte por aqui. Nossa reportagem visa abordar esse microuniverso que junta adolescentes online e em centros culturais, para ouvir, imitar e trocar experiências sobre os grupos coreanos de k-pop.
Enfoque/Encaminhamento:
Fazer um panorama geral da história do k-pop no Brasil; entrevistar fãs e grupos de dança que se inspiram no k-pop para participar de competições e eventos, bem como representantes políticos da Coreia no Brasil que possam opinar sobre a forte cultura do k-pop em nosso país. Abordar influenciadores e representantes que falam sobre assuntos relacionados online e em outras mídias, e acabam por ajudar a difundir essa cultura.
Editoria: música e cultura.
Fontes:
Fãs e grupos de dança, representantes do consulado da Coreia do Brasil, influenciadores e “representantes”.
Sugestões de perguntas:
Como surgiram os grupos e competições de dança?
Quais as dificuldades encontradas pelos fãs de promover e crescer a cultura do pop coreano por aqui?
Como funcionam as hierarquias entre os grupos de dança?
O que os coreanos acham dessa difusão cultural?
Entrevistas:
Entrevistada: Greice Kelly “Shun” da Luz
Idade: 22
Estudante de Educação Física, participante do grupo K-NRGY.
1) Como/quando você conheceu o kpop?
Shun: “Conheci faz bastante tempo, acho que em 2009, foi porque a minha irmã gostava muito de ficar no youtube ouvindo música, e em algum momento ela caiu em um vídeo de kpop e ela gostou e começou a ouvir, e eu comecei a ouvir por “osmose”. Mas até então eu não tinha me interessado, até que um dia eu parei para procurar e eu achei um vídeo do G-Dragon de ‘Heartbreaker’ e eu gostei, e comecei a procurar mais.”
2)  Você já dançava antes de conhecer o kpop? Como conheceu os grupos de dança?
S: “Não… Eu sempre gostei muito de musicais, por exemplo de Disney, gostava de ficar imitando mas nunca fiz nada sério. Aí eu comecei a ver as coreografias do kpop, e tinha algumas que eram muito elaboradas e eu ficava em casa imitando os passos.
Eu descobri os grupos no flashmob do ‘MBLaq’, em 2010 ou 2011, quando o grupo veio ao Brasil, que foi o primeiro que veio, e o pessoal combinou de fazer um flashmob dançando as musicas deles para eles verem. Uma amiga minha me chamou para ir, eu fui. Lá eu comecei a aprender as coreografias. Conheci uma menina chamada Mika que me passou as coreografias e eu descobri que tinham pessoas que imitavam as coreografias e se encontravam de fim de semana pra treinar e se apresentar em eventos de anime, ou em qualquer lugar que pudesse apresentar dança. Aí eu gostei e procurei entrar em um grupo.”
3) Como é participar de um grupo de dança kpop? Vocês se sentem de certa forma mais perto próximas dos seus “idols”?
S: “Participar de um grupo de dança kpop ou kpop cover são duas coisas, dois extremos, é muito divertido e muito estressante ao mesmo tempo, principalmente agora. Antigamente, lá em 2011/12 era mais ‘for fun’, o pessoal vinha se encontrava e dançava… Hoje eles levam muito a sério por causa das competições.
Sobre se sentir perto do idol, acho que qualquer fã quando está fazendo algo que diz respeito ao grupo que gosta, a banda que gosta, se sente perto do idol, e quando a gente vê algum reconhecimento de algum artista, ‘tipo’ ele viu um vídeo e gostou, como já aconteceu no meu grupo mesmo (Energy), teve uma kidol que veio para o Brasil e dançou com as meninas do meu grupo… Essas coisas que acontecem com o tempo são coisas que fazem você se sentir perto dos ídolos, mesmo só quando o grupo vem e você faz um flashmob pra ele, tendo 100 pessoas juntas…”
4) Existe algum tipo de rivalidade/hierarquia entre os grupos? Como “funciona” essa parte?
S: “Rivalidade sempre tem, uma hora ou outra vai ter uma “richa”, mas a questão é que os grupos em si começaram a se aprofundar mais em dança, e com isso veio o ‘povo’ que gosta de fazer eventos e criaram eventos específicos para a dança kpop, e isso gerou mais competição entre os grupos, pra cada um ser o melhor…
Quando se trata dos ensaios aqui no Centro Cultural, geralmente usamos o bom senso para dividir o espaço, quem chega primeiro pega o melhor lugar, os grupos maiores ficam com os maiores espelhos.”
5) Você já participou de alguma competição? E o que vocês ganham geralmente?
S: “Tem eventos agora que levam os grupos pra Coreia, tipo o Korean Pop Festival, que inclusive meu grupo participou e a gente ganhou, ficamos em 1°… Essa competição vem da própria Coreia, já acontecia em outros países e eles trouxeram aqui pro Brasil… Eles fazem competições pela América Latina, e quem ganhar representa a América Latina na Coreia. Normalmente é dinheiro, o fator motivacional. Mas não só dinheiro, tem competições que dão prêmios como cds, bonés, camisetas, outras dão bastante dinheiro, e acho que varia de competição pra competição, porque tem algumas que estão só começando e elas não tem grana pra dar prêmios em dinheiro.”
Entrevistada: Bárbara “Babi” Dewet
Idade: 30
Escritora, Digital Influencer
1) Sabemos que o kpop é uma cultura/conceito novo, nascido em 1992. Como você acha que o Brasil alcançou o kpop, sendo um país e uma cultura tão distância da nossa?
Babi: Somos distantes, mas temos muitos descendentes asiáticos aqui no pais. Se não me engano, somos tipo a segunda maior colônia coreana no mundo, fora da Coreia. E, como um povo miscigenado, somos abertos à novas culturas. O kpop veio um pouco depois da cultura japonesa já estar consolidada entre jovens brasileiros, por exemplo, e se infiltrou em eventos para esse público-alvo há alguns anos atrás. Com o Youtube e o PSY, a neo Hallyu (como chamamos a nova onda coreana) se espalhou mundialmente, consequentemente trazendo mais à tona a força que a cultura coreana e o kpop tem aqui no Brasil. De lá pra cá, tivemos eventos exclusivamente sobre a Coreia, algo que não se pensava muito antes.
2) No penúltimo final de semana, o grupo BTS veio pela terceira vez ao Brasil, porém eles são um dos poucos grupos a virem à América do Sul. Porquê você acha que os fãs continuam tão fiéis aos seus grupos, apesar da pouca atenção que recebem?
B: Na verdade, muitos grupos vem e já vieram à América do Sul, mas não passaram no Brasil. A cultura coreana e o kpop é muito forte em alguns países como o Peru e o Chile, onde novelas coreanas passam até na televisão. Por lá, os shows de kpop são feitos em estádios e lotam há anos. Aqui, estamos engatinhando. Até temos público, mas não temos dinheiro, patrocínio e nem casas de shows com porte para alguns grupos que querem vir, por exemplo. Acho que os fãs continuam fieis porque é basicamente o que fãs fazem. Fora que, quando um grupo vem lá da Coreia, é algo ainda mais emocionante do que quando o artista que a gente gosta mora perto da gente. Da uma sensação de vitória muito maior.
3) Não é segredo que, apesar do crescimento do kpop no Brasil, ainda há muito preconceito, por ser uma cultura diferente da nossa, embora musicalmente falando os estilos sejam parecidos. Como você acha que os fãs devem lidar e combater isso? Você acha que esse é um dos motivos do kpop não ter tanta visibilidade aqui?
B: Aqui no Brasil não temos costume de ouvir músicas em outras línguas que não em inglês ou espanhol e isso é algo geral. Não toca na rádio, nem na TV e é algo que causa estranheza. Como um país onde muitos jovens nem falam essas línguas próximas, é fácil entender esse bloqueio com o coreano, por exemplo. Que, linguisticamente, é tão distante do português. Os fãs precisam continuar divulgando, combatendo preconceito dentro do próprio fandom, dando exemplo, procurando explicar e cuidar de novos interessados. Aprender coreano e estimular escolas e professores da língua também é bacana. Ir a shows e eventos também. Dá visibilidade e abre portas.
4) O kpop é um grande comércio na Coréia, onde os kidols são preparados durante muito tempo até o momento de debutarem. Dessa forma, essa indústria não tem muitos olhos para o Brasil, por não ser algo que lhes pareça muito lucrativo. Como digital-influencer, que lida na hora de escolher cidades e lugares para turnês de livros, como você acha que os fãs devem se mostrar presentes e garantir que os shows serão lotados como o do BTS, por exemplo?
B: O Brasil realmente não é lucrativo, mas fomenta fama e visibilidade para artistas na Coreia. Dizer que fez show do outro lado do mundo é status. Por isso muitos grupos aceitam vir de qualquer forma, entrando em acordos. Muitos realmente não se interessam pelo Brasil porque não precisam desse status e, como não é lucrativo, não faz sentido se locomoverem pra cá. Os que vem, certamente vão passar por SP e pelo sudeste e raramente para outros locais do Brasil, porque normalmente é mais barato para as produtoras. Show em SP é quase certo que faz sucesso. E em SP os vôos são mais baratos, tem mais opções de hospedagem, translado, etc. Algumas produtoras estão tentando levar grupos para o Norte e Nordeste, por exemplo, mas é extremamente caro viajar dentro do Brasil e muitas vezes não existem passagens da Coreia direto para esses estados, o que dificulta bastante. Os fãs precisam se organizar, participar de eventos, criar grupos e encontros e chamar atenção! Os produtores estão de olho, eu prometo!
5) Você é fã tanto de kpop quanto de McFly, que são músicas e artistas de culturas opostas, você acha que os fãs se diferem um dos outros? Ou o sentimento de fã é o mesmo independente do artista?
B: Independente. Inclusive, encontro muitos fãs de McFLY que hoje são fãs de kpop também. É bem divertido.
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