Tumgik
#FAZ ISSO LOGO COM MEU PERSONAGEM MAIS BURRO
lululiz · 2 years
Text
dia 02/11/20022 quarte feira feriado de dia dos finados 18:51.
Já faz muito tempo desde que eu vim escrever uma coisa aqui de verdade, de resto é só eu pirando as ideias sazonais. Desde que eu escrevi aqui pela última vez muita coisa aconteceu certamente e apenas para me situar nesse blog temporal eu estou aqui deitado na cama em juiz de fora cidade doidja com muita gente doidja e eu estou muito surpreso que eu realmente tenho problemas em fazer coisas normais e simples, como beijar na boca, nao consigo e a simples ideia de encostar em alguém me faz querer cair de uma ponte. Isso precisa entrar no topico pq é basicamente O TOPICO que eu quero discutir aqui com mais veemencia. Todo mundo é muito normal e chato TODO MUNDO, pouca gente consegue acompanhar meu pique ai eu acabo sendo o doidjo. Nos ultimos meses eu decidi cometer crimes de guerra que é ser um catfish na internet e tem sido uma experiencia interessante pra ver como todo mundo é burro e muito normal por isso minha braveza tendeu.
Nossa vo até escrever isso aqui. Eu conheci um muleke mds do ceu a maryana tava certa eu tenho que parar de gostar de doidjo. Mas foi uma experiencia mais pra mim pq eu pude entender mais do mundo normie e tals e realmente é muito chato, literalmente o assunto responsabilidade afetiva é levado a serio lá ????? lmao, moh pogers. Enfim eu tive que fingir por umas semanas ser normal conversar falar de coisas normais fazer ligacoes falar de signos livro de romance de xixa literalmente fingir!! pq quem sabe sabe. Eu nao sei que coisas eu preciso preencher dentro de mim pra aceitar qualquer tipo de atencao que dao pra mim, num sei baixa autoestima, borderline, depressao, pelo fato de que nunca fui amado na vida real... sei la oq a essa altura do campeonato deve ser bem pior. ngm mintende. continuando, eu tinha que fingir ser normal amavel e fofo, so que eu detestava eu nao podia ficar uma semana sem conversar que ja tinha 10 mensagens falando que eu nao tenho responsabilidade afetiva como se isso existisse e sla oq mais, vsffffff odeio isssooo. Ai eu falei assim nao gosto de conversar com vcc ai ele endoidou e me disse coisas feias mas eu disse a verdade mds ele era muito chato plmds muda brasil enfim.
ai também tem isso, essa coisa essa coisa ai mano.... o davi, juro eu acho que a vida dele é melhor do que a minha mas nao vou elaborar mais. nunca consegui ver alguma coisa feia nele NUNKA acho isso lindo sabe é o amor puro!
Num sei quero fechar logo esse circo, vivendo em juiz de fora, estudando vivendo sozinho conversando com estranhos na internet, me perdendo no personagem nao sabendo oq é a minha individualidade e quem sou eu e por ai vaiiiii....comendo lanche vegano maryna<3 dani e o namorado dela, buno anna clala.
além disso também acho impressionante que eu ainda continuo pensando que todo mundo é merecedor de amor, todo mundo, ai eu olho pra grande parte das pessoas com afeicao e quero que elas sejam felizes e quero deixar elas felizes mas acho que ngm nunca vai saber que eu acho isso delas :( principalmente a caroluxapunk da silva queria morar em br de minas vey!
hoje ta dando uma chuvinha trans e foi sobre isso
the bomb - florence + the machine (um beijo pra vc brenoo....)
Tumblr media
0 notes
twistedcrumbs · 3 years
Note
Quais são seus top 5 personagens favoritos?
Meus cinco personagens favoritos... Bom, pra mim é meio complicado definir favoritos, eu meio que gosto de todos os meninos! Na verdade eu gosto de todos mesmo e eu sempre vou ter um favorito diferente, sou uma pessoa bem de lua, sabe? Fora que daqui dois meses essa lista já não vai ser a mesma. De todo jeito, vamos lá! Ultimamente, ela está assim:
5 - Cater 
Tumblr media
Meninos de cabelo comprido que são skatistas e famosos no Instagram me manipulam facilmente sem nem mesmo tentarem, por isso Cater está aqui. Nada mais a declarar.
Além do mais, eu gosto muito das camadas do Cater. De início, tudo o que você pensa é que ele é um menino alegre, meio paquerador e que ama redes sociais, mas o plot twist é que na verdade ele só usa essa máscara para esconder as coisas que ele carrega, o mundo e um circo e o Cater e um palhaço. Ele parece tão cansado, parece não se importar, fora que ele também terminou sendo uma pessoa sozinha. Eu estou louca para ver mais histórias pessoais dele e ser destruída por elas.
Queria ter a chance de ver ele em um Overblot também.
4 - Riddle 
Tumblr media
Outro que eu só amo por amar. Não tem muitos motivos não e nem precisa. O fato dele ser uma fofura faz até mal pro meu coração.
 Gosto de como o Riddle é um pinscher puro em sua essência: pequeno, mortal e cheio de raiva.
Provavelmente eu ainda sou mexida com a história dele, do episódio um. Ter alguém te cobrando tantas coisas 24/7 e sem te deixar respirar por um segundo é algo com o qual eu me relaciono. Não no mesmo nível do Riddle, mas em rumo parecido.
Quando isso vem de uma pessoa como a própria mãe, no caso do Riddle, isso causa uma confusão tão grande e machuca tanto. Porque você ama essa pessoa, afinal, ela faz o que faz "pelo seu bem" e por que gosta, mas ao mesmo tempo essa é a pessoa que te faz sofrer e a que você mais detesta.
Fora, que o fato do Riddle ser rígido, não é uma coisa que ele vê como errada, já que foi assim que ele foi criado e aqueles são os padrões dele. A pressão que ele vive sob o tempo todo deve ser horrorosa. Mas eu também tenho que mencionar que de certa forma, isso ajudou Heartslabyul. Havia muota gente reprovando e era uma completa bagunça, o jeito do Riddle acabou ajudando os meninos. Até porque, disciplina na medida certa é bom para qualquer um.
Também fico pensando a respeito da família do Riddle e como ele pode se sentir com tudo. Pelo que eu entendi, com a fala da carta do Ghost Marriage, os pais deles também não se dão bem, ou até são separados e ele deseja que eles ao menos se deem bem. Isso é outra coisa com a qual eu me relaciono com ele.
No fim das contas, eu só quero que ele seja feliz, que supere os traumas, aprenda a ser alguém bom e não esqueça dos erros do passado. 
3 - Ruggie
Tumblr media
Gente, ele é literalmente um ladrãozinho rato e admitiu isso mais de uma vez. Como não amar? Fora que ele é favela e a risada dele? A RISADA DELE.
Eu gosto muito do Ruggie pelo fato dele ser um esfomeadinho trabalhador, conhecendo um pouco mais do personagem não tem como não se impressionar com o quanto ele sempre dá duro pela família, pelas crianças da favela e por si mesmo. Sério, se fosse eu na situação dele já tinha metido o pé. É lascado desde pequeno e trabalhou como um condenado desde sempre - ainda trabalha.
O Ruggie parece um despreocupado insensível - ao menos foi minha primeira impressão dele ( olha o que ele fez no capítulo 2, ele podia ter matado muita gente). Mas descobrir que por baixo daquela fachada ele na verdade é um homem de família até me da uma emocionada. Eu dou muito valor ao que ele faz e pelo o que ele faz. Por isso gosto tanto do personagem.
Além do mais, ele é uma gracinha. Vocês têm de concordar comigo, já viram aquelas orelhinhas? Os olhos? os dentinhos? Ahhhhhhhhh 
Sem mais comentários. Adoro ele.
2 - Kalim 
Tumblr media
Fala sério, o Kalim é perfeito. Todo mundo devia ter uma pessoa que nem o Kalim na sua vida, e eu não falo isso porque ele é rico e super generoso, mas sim porque o Kalim é um poço de gentileza. Ele é muito gente boa, fala sério. Quer cuidar de todo mundo e que todo mundo esteja feliz. O sorriso desse menino brilha mais que o sol da terra das areias quentes. 
Além disso, eu gosto como Kalim sabe o que o importa, que é cativar e levantar as pessoas. Vocês lembram do capítulo quatro? Sei que o Kalim virou líder de um jeito bem suspeito, mas vocês viram como ele tem o seu próprio jeito de cativar e ajudar os alunos com as palavras dele? Ele se doa para as pessoas, seu tempo, sua atenção e disposição e até mesmo seu dinheiro e tudo isso genuinamente. Eu acho isso maravilhoso. Penso que no fundo, Kalim sabe que mesmo que ele não tenha nada, a amizade é o que mais importa, então ele não se importa em fazer tudo o que faz para ganhar as pessoas de verdade.
Existem vários tipos de líderes e o Kalim é perfeitamente um líder nato, as pessoas seguem ele porque ele sabe as conquistar. Eu estava lendo um BL chamado Kings Maker (inclusive, eu recomendo) e lembrei do Kalim quando um dos personagens principais começa a divagar a respeito de uma história chamada "o bom rei" - o bom rei não era o homem mais inteligente para cuidar das finanças ou relações exteriores do Reino… Mas era um homem humilde que sabia confiar nas pessoas e escolher as certas para fazer aquilo para ele. O Kalim é assim, ele reconhece quando não pode e que não sabe e não se acanha em pedir ajuda nem em tentar, mesmo que falhe e tenta sempre ser bom.
Todos nós precisamos de um Kalim em nossa vida e de ser um porco do Kalim. E não, ele não é burro. Repito.
Dito isso, meu solzinho está em segundo lugar.
1 - Idia Shroud 
Tumblr media
Primeiro no top é o Idia. No começo, eu era meio indiferente a ele, porque não o conhecia, mas amava o design dele e o fato dele ser baseado no Hades, que é muito icônico pra mim. Hércules é um dos meus filmes preferidos da Disney. 
Após assistir as histórias do Ghost Marriage e dos Stargazer e ter dado uma bela fuçada nas histórias pessoais do Idia, ele virou o meu personagem preferido. Foi pela identificação que eu tenho com ele, sabe? não só por causa do seu lado otaku fedido e chato, mas também pela sua aparente ansiedade social. Algo que me atormentou muito um tempo atrás no início da minha adolescência e ainda mexe comigo. Eu sempre simpatizo muito com essas personagens (tipo o Levi, de Obay me). 
Fora que eu amooooo teorizar histórias tristes a respeito dele e do Ortho. 
Eu também adoro a ideia que eu tenho pra mim de que ele é um menino meio mesquinho. Que é um gênio incrível, mas que também, ao mesmo tempo, pensa como um garoto de 12 anos e que não gosta de 98% das pessoas que conhece, sendo um associal. O fato dele também poder chegar a ser bem maldoso com algumas coisas que fala é algo que eu acho bem legal, é uma dualidade interessante. Esse é o charme dele. Quero logo que o capítulo seis saia para mim poder conhecer mais o Idia.
Idia é o tipo de gente que eu não gostaria de encontrar no Discord e fazer inimizade. E por último, eu só adoro muito ele mesmo. Por isso deixo pra ele o meu primeiro lugar. 
12 notes · View notes
redemptiohq-blog · 5 years
Photo
Tumblr media
Take me to church and i'll worship like a dog at the shrine of your lies.
Você já conhece Daw Chairak? Pois é, ouvi dizer que ela não trabalha, mas já a encontrei no clube de yoga e praticando cheerleading. Dizem por aí que ela é muito manipuladora e intolerante, mas em compensação é inteligente e líder, só conhecendo de verdade para ter certeza. Chegou aos meus ouvidos que ela se parece muito com Lalisa Manoban, até eu achei graça, não tem nada a ver. Mas a maior fofoca sobre essa moradora do Jomyeon é que ela é presidente da Zeta Tau, espero que cumpra sua obrigação e não traga mais complicação para eles, afinal estou de olhos abertos. Você pode segui-la no tumblr e no twitter, não deixe nada escapar.
PERSONALIDADE.
Fria, calculista e literalmente movida pelo ódio são todos os sentimentos que transbordam da figura angelical quando ela decide mostrar sua verdadeira face. Livros de psicologia a ensinaram a mascarar muito bem toda essa aura odiosa, fazendo assim a falsidade se tornar sua ferramenta principal de manipulação. Seu desprezo e nojo de humanos não deixa o seu olhar nessas horas.
Quando está fingindo, é amorosa, atenciosa e até divertida. Copia tudo que faz de filmes, séries, videos. Para ela é muito fácil se adaptar a percepção simplista da raça que julga inferior.
BIOGRAFIA.
[tw: morte explicita, distúrbios mentais, abuso infantil em cativeiro]
Uma garotinha encolhida, escondida dentro do guarda-roupa, tremendo de medo mas ao mesmo tempo estática enquanto assistia seus pais serem assassinados em sua frente sem nenhum tipo de misericórdia. Nenhuma hesitação;
Parece o enredo de um filme que provavelmente já assistimos em algum lugar, mas talvez não nos lembramos muito bem. Mas para Daw Chairak, isso foi sua realidade dolorosa quando tinha apenas sete anos de idade. Os homens de coletes e armas entraram sem nenhum aviso, se nenhum respeito. Se lembrava dos braços do pai, que geralmente lhe carregavam de uma maneira segura, forte - mas dessa vez estavam tremendo, e em completa pressa lhe deixava dentro do móvel, um sorriso cheio de medo invadindo sua expressão ao fechar a porta, como quem dissesse que vai ficar tudo bem. Apenas segundos depois os desconhecidos invadiram o quarto, atirando imediatamente em tudo que Daw amava. Com o pente vazio e dois corpos desfigurados jogados no chão, burburinhos de conversas alheias invadiam a audição da pequena, mas como se estivessem embaçados. Não escutava nada. Não enxergava nada. As lágrimas desceram silenciosamente, os homens não haviam a encontrado. Sabia que deveria ficar quieta se quisesse viver, mas o grito de pura angustia em terror não pode ser evitado, quem poderia culpá-la?
Ela suspeitava que era o governo. Seus pais falavam bastante sobre isso e por mais que ela não tivesse plena consciência do que isso era, sabia que estava por descobrir quando alguns dias depois acordou dentro de uma jaula em um quarto cheio de cadeiras e mesas com eletrônicos estranhos. Nas cadeiras, alguns homens de roupa branca a aguardavam, pranchetas na mão. Não soube exatamente com que idade descobriu que estavam fazendo experimentos com ela, mas foi com 13 que leu na prancheta de um deles que existiam mais pessoas presas naquele inferno.
Quando seus pais ainda estavam consigo, a pequena anja ouvia historias atrás de histórias sobre todas as aventuras dos mais velhos, sobre como amar nosso criador, sobre o céu. Sabia muito bem o que era pois os principados tinham muito orgulho de sua primogênita, enchiam a filha de amor e pertencimento. Eles faziam questão de dar a ela a melhor educação e tudo que desejava ou podia chegar a desejar. Quando a tragédia aconteceu, a criança falava a língua do pais que morava - tailandês - muito bem, e já sabia ler e escrever. Sabia um inglês bem básico, apenas o que era visto na escola. Mas foi o suficiente para descobrir algumas coisas sobre seus seqüestradores e quem mais estava ali com ela. Os experimentos tinham codinomes e o seu era ‘Yellow’. Sabia que existia um ‘Blue’ e um ‘Purple’. Também sabia que eles eram mantidos em quartos diferentes mas no mesmo conjunto habitacional, pois uma vez havia conseguido ouvir de leve uma comoção logo a sua direita, onde só havia uma parede.
No mesmo ano que descobriu tudo isso, também viu a primeira pessoa que não era algum dos nojentos de roupa branca. Um garoto um pouco mais alto que a própria entrou quando ela estava deitada no chão e encolhida, se cobrindo toda com esperanças que hoje não fossem a colocar em nenhum aparelho ou fossem injetar algum tipo de agulha nela. O viu pelo canto de olho, mas foi o suficiente para que prendesse a atenção nele. Ele se aproximou com cautela, empatia no olhar, algo que a loira não possuía mais e provavelmente jamais possuiria de novo. Sussurrou que iria tira-los dali, para ela aguentar firme e se Daw ainda fosse quem era antes, ela provavelmente teria chorado. Continuou encolhida e tremendo quando ele abandonou o quarto com uma expressão de dor e dó palpável. Quando ela escapasse daquele lugar, ninguém a olharia assim novamente.
Ele voltava uma vez por semana, sempre sozinho e sempre com algo novo. Comida, bebidas diferentes e livros. Os livros eram sua coisa favorita, já que coisas comestíveis não lhe faziam muito diferença. Daw nunca lhe dirigiu uma palavra, mas sempre pegava o livro com pressa e com um leve encantamento de saber qual assunto iria aprender daquela vez. O seu favorito de todos era um que contava lendas urbanas e folclore de tudo quanto era pais. Tinha até um capitulo que mencionava anjos em uma cidade, ela lia ele todos os dias.
O dia fatídico de sua libertação chegou quando tinha 16 anos, quando o rapaz dos livros cumpriu sua promessa e abriu todas as jaulas remotamente, isso enquanto os homens de branco estavam no quarto, logo não é nem necessário relatar que não só Daw, como todas as outras ‘cores’ não hesitaram em eliminar cada um deles. Sabia que tinha poderes e não conseguia explicar todo o prazer que havia sentido ao eletrocutar cada um daquela escória humana até que não sobrasse mais nada para ser desfigurado. Matava pelos seus pais, matava por Deus, matava pela libertação de sua raça da tirania humana. Antes de deixar o tão odiado local, se cobriu com vestes que estavam caídas no chão e ao encontrar uma mochila, colocou tudo que achou de relevante lá dentro, conseguindo escapar sem ao menos olhar para trás.
Viver no mundo dos humanos não era difícil, não quando tirar vidas e consequentemente contas bancárias de humanos burros o suficiente para se deixarem ser mortos por uma garota que literalmente não tinha identidade nem registro, já que Daw Chairak havia sido declarada morta no mesmo dia que seus pais.
Tinha 20 anos quando - com o livro surrado nas mãos - pisou pela primeira vez na Coréia do Sul, mais especificamente Yeonok, o lugar de seu capitulo favorito. Já com essa idade e com tudo que havia passado, com todos que havia sacrificado para Deus, Daw sabia exatamente o que queria. Tinha um objetivo, um porque. Ela iria em nome dos céus limpar esse planeta impuro e ingrato, ela faria toda essa raça suja se curvar para o Senhor criador e para todos os seres superiores: criaria uma rebelião de anjos. Cavaleiros que se reuniriam e sairiam dessa posição de abuso e controle para assumirem a vingança divina, e sabia exatamente por onde começar, o lugar que definitivamente teriam muitos anjos.
A burrice da humanidade permitira a loira a descobrir exatamente como deveria agir perto de humanos para conquistá-los, para manipulá-los. Livros, filmes, artigos e todo esse tipo de mídia ocupava o repertório de Daw para como se misturar em uma sociedade. Como se destacar. Como fazer com que todos te admirem e vejam em você algo que valha a pena ouvir, seguir. Com um plano montado e uma personalidade criada, Daw começou a estudar medicina na grande faculdade de Yeonok, até se tornou presidente de uma casa universitária. Tinha ‘amigos’, participava de festas e saídas e até tinha uma rede social. Sabia que a maior virtude era a paciência e com essa paciência, alcançaria a justiça.
CURIOSIDADES.
1. Guarda o livro de lendas até hoje como se fosse seu bem mais precioso. Como se fosse um lembrete de quem ela é e do que precisa fazer.
2. Seu distúrbio mental poderia ser classificado como “Complexo de Deus”.
3. Sabe controlar seus poderes muito bem quando o assunto é matar alguém, além disso não vê mais nenhum uso para eles.
4. Não tem vontade nenhuma de viver um romance ou satisfazer desejos carnais, o seu propósito é a única coisa que tem em mente. Mas mesmo assim, sabe que tem que manter as aparências na sociedade então as vezes se encontra com pessoas.
5. A única coisa que não detesta com todo seu fervor que convive com humanos são os animais. Acha deles uma criação muito pura e bonita de Deus.
6. Ver alguém usando o nome de Deus em vão é provavelmente a única coisa que conseguiria a tirar do sério ao ponto de arruinar seu plano e a fazer quebrar seu ‘personagem’.
7. Não fala coreano extremamente bem, mas está chegando lá.
2 notes · View notes
cafeinomanah · 5 years
Text
Outra coisa
O café aparece em tudo o que eu escrevo. Neste conto ele aparece quase como um personagem. Aqui republico Outra Coisa, um conto de 2004 que foi o quinto lugar no Prêmio SESC de Contos Machado de Assis daquele ano e é integrante da antologia publicada pelo concurso:
“Para onde vão os trens meu pai? Para Mahal, Tami, para Camiri, espaços no mapa, e depois o pai ria: também para lugar algum, meu filho, tu podes ir e ainda que se mova o trem, tu não te moves de ti.” Hilda Hilst. Tu não te moves de ti
.
“Quero outra coisa!”, pensava lembrando da Dulce Veiga. “Queria ser Caio Fernando Abreu, pelo menos eu não estaria mais aqui”, olhava pela janela e via a chuva cair. Uma chuva que já dura quatro meses. “Estou embolorando”.
Saiu, decidiu encarar o temporal, que vai e volta o dia inteiro. “Estou embolorado”. Caminhava em direção ao Conic, gesto mecânico. “O que vim fazer aqui? Droga!”. Foi para o Conjunto Nacional. “Porra de chuva!”.
“Um café com leite, por favor”. A garçonete entrega o pedido, “mais alguma coisa, senhor?”. “Eu quero outra coisa…”. “O quê? Sei…”, coloca o indicador para cima e o olha nos olhos, “…quem não quer?”.
Olhava as nuvens que passeavam em cima do Teatro Nacional. Nuvens pretas carregadas, como se um faraó enfurecido quisesse de volta os seus domínios. “Puta tédio”. O dia ficou cinza quando a chuva parou. Lembrou de São Paulo, sua casa a vida toda. “Tô aqui agora, enfrentando lama”. Dois anos já. É tempo pra burro.
“O que deve estar passando no cinema?”. Pôs o casaco e saiu andando por aí. “Um Ibirapuera que não acaba nunca…”. Essa foi a impressão que teve no primeiro dia na cidade. Neste tempo nem pensava nos trinta anos que estava prestes a completar. Trinta anos de inutilidade. “Um cinema no meio de uma praça, só aqui mesmo”. A sala estava fechada. “Isso nunca aconteceu antes, que será?” … Como fazia pelo menos três vezes por semana, sentou-se na casa de chá em frente ao cinema. “Um mate gelado com tangerina e uma torta de frango, por favor”. Gostava de freqüentar aquela sala de projeção, apesar da fama do lugar receber uma horda de culturetes. “Ver um filme iraniano de vez em quando não faz mal a ninguém”. Terminado o filme gostava de descer a Rua Augusta, sentido Jardins. “Quem sabe eu encontro alguém conhecido e troco um oi”. Mas nunca encontrava, coisa típica desta cidade. Quebrava à direita até chegar num bar da Consolação, onde ficava até a hora em que as Drags chegavam, sinal de que o metrô logo ia fechar.
“Vontade de outra coisa”. Estava cansado desta cidade, do tudo ao mesmo tempo agora. Conhecer gente nova. Construir uma nova vida. A idéia amadurecia a cada dia. … O mar mais azul que já tinha visto. Diferente de qualquer outro que já tivesse experimentado. “Realmente o nordeste tem dos seus encantos”, acaba admitindo, mesmo com seu espírito ranzinza de cidade grande. Olhava a Ponta do Seixas tomando um lapada de Serra Limpa, como diziam os nativos. Sentado naquela praia com a areia branca e sob os pés.
… EM REFORMA, dizia a placa instalada na porta de vidro que dá acesso ao hall do cinema. “Porra, justo hoje que eu não tenho nada para fazer. Em shopping, nem pensar!” Uma exposição na 508 foi a alternativa que encontrou para ocupar seu tempo, para atingir a meta de não pensar em nada.
Sentou no café do Espaço Cultural:
– Um expresso com conhaque, por favor. – Não servimos com conhaque, apenas café com leite, capuccino e expresso simples. – Um expresso grande, então. “Porra de lugar em que ninguém gosta de café”. Da cadeira onde estava dava para ver a exposição do vão livre.
Enquanto olhava os quadros, não conseguia evitar a conversa do grupo que estava na mesa ao lado. – Estamos montando uma peça genial; o diretor do H8 vai trabalhar com a gente, dizia um. – Será uma sátira de costumes; o Gilvan vai fazer a tia Maricota, que representa as mulheres entrando na menopausa, completa outro. – Uma esquete clown vai dar todo o colorido ao projeto, concluía um terceiro. “Caralho, tinha que cair do lado de um grupinho de comediantes meia bomba!” Levantou-se antes do café chegar e saiu.
Passou o dia olhando para aquele azul que ainda não conseguia entender. Agora via a lua nascer, redonda, enorme, laranja. E vinha sobre aquele mar…
“O que fazer agora que a noite chegou?”. Uns poucos conhecidos pela cidade. Um café freqüentado por pseudo-artistas e mulheres malucas: – vamos para a feirinha, fazer o quê? Música eletrônica e um sotaque estranho a seus ouvidos acostumados a “erres” cortantes e “esses” sibilantes.
– Nosso roteiro será bancado pela Secretaria de Cultura do Estado e em breve vamos viajar pelo Brasil inteiro às custas dos festivais de cinema. – Passei os últimos meses na Europa me especializando na adaptação de literatura ibérica para o cinema.
– Minhas aquarelas estão em três exposições pela cidade, na loja do Jorge e nos dois estúdios de tatuagem do Germano; afinal de contas eles são meus irmãos… A necessidade de um café bem forte o fazia suportar as asneiras que os “pseudos” insistiam em cacarejar uns para os outros. – Meu filho, me traz logo o café e uma dose dupla de conhaque, pediu, angustiado, para o barman. “Um calor dos infernos, esses caras falando de si mesmos e se lambendo. Definitivamente meu ouvido não é penico”.
Pegou o último trem da noite e desceu na estação Vila Madalena. Pensou em descer pra casa, mas acabou dando meia volta e entrou na casa noturna que freqüenta desde o começo dos anos 90. “Som retrô é uma boa hoje”. Algumas caras conhecidas, pessoas com quem nunca conversou, mas que vê pelo menos uma vez por semana há dez anos. “Estamos envelhecendo e continuamos na mesma merda”.
Uma garota passa pela porta de entrada. A mesma garota. “Já faz dez anos”. Sozinha. – Você está sozinho? – Sempre estou. Passam o resto da noite juntos, como há dez anos. Acordam ofegantes, uma pontada de paixão nos olhos, como há dez anos. Despedem-se com um beijo, como há dez anos. Esquecem de trocar telefones, como há dez anos.
“Eu quero outra coisa. Amanhã embarco para a terra onde o sol nasce primeiro”.
“Ainda preciso do café”. Só se lembra disso quando já está longe do Espaço Cultural. Caminha pelo menos quatro quadras até encontrar um café expresso, que bebe de um gole. “Agora saio até a 204, alugo um filme e volto pra casa”. Meia hora de caminhada e nenhuma esquina, nenhuma rua. Quadras residenciais e quadras comerciais se intercalam sem fim, nas asas desse pássaro que saiu da cabeça de um megalomaníaco.
Nada aconteceu a noite toda. Amanheceu o dia com os pés molhados e cheios de areia. “Acho que preciso dormir. Mais tarde decido para onde vou. Aqui nunca vai dar pé”.
… No avião, a caminho do mar, observa sua cidade. “Em breve te vejo de novo”, pensou, sabendo que não voltaria tão cedo. Agora era um cidadão do mundo.
Saiu da locadora com alguns filmes que ainda não tinha visto. Olhou para cima, como já não fazia há muito tempo. “Realmente o céu daqui é lindo”.
from WordPress http://bit.ly/2HZdv0g via IFTTT
0 notes
bibliacatolica · 6 years
Link
http://bit.ly/2GHXfyt Autor: José Miguel Arráiz Fonte: http://bit.ly/2FPXTvH Trad.: Carlos Martins Nabeto Já há algum tempo temos ouvido de altos prelados da Igreja reconhecimentos e elogios à figura de Lutero. Se tem dito de tudo, desde coisas moderadas (em que se admite que ele pode ter sido movido por uma boa e reta intenção) até louvores desmedidos (situando-o como parte da grande Tradição da Igreja ou até se admitindo que teve razão no que diz respeito à doutrina da justificação). A partir da ponto de vista de um leigo, quero neste artigo compartilhar o que considero acertado e desacertado nestes elogios politicamente corretos feitos em nossa época sobre a figura e doutrina de Lutero. SOBRE AS BOAS INTENÇÕES DE MARTINHO LUTERO Saber exatamente quais eram as intenções de Lutero para agir como agiu nos tempos da Reforma Protestante é algo impossível, pois como todos nós sabemos, o fôro interno só é conhecido por Deus. O que podemos, sim, fazer é formar uma opinião aproximada e falível, evitando cair em juízo temerário quanto ao que o próprio Lutero admitia e o estudo objetivo dos fatos históricos. A partir desta perspectiva, o máximo que se poderia admitir, na melhor das hipóteses, como mera possibilidade, é que Lutero pode ter agido com o que chamamos “consciência reta” ainda que errônea. Tal como tradicionalmente nos foi ensinado, age em “consciência reta” quem julga da bondade ou malícia de um ato com fundamento e prudência, diferentemente da “consciência falsa”, que julga com irreflexão e sem fundamento sério. Ao contrário, age com “consciência verdadeira” aquele que além de agir em consciência reta, acerta em seu juízo e age de acordo com ao ordem moral objetiva. Não se deve confundir a “consciência reta” com a “conciência verdadeira”. Uma pessoa pode agir com consciência reta quando, com suas limitações, colocou todo o empenho em agir corretamente independentemente de acertar (consciência verdadeira) ou se equivocar por algum erro especulativo (consciência errônea). Age em consciência reta invencivelmente errônea quem, depois de ter feito todo o possível para agir corretamente, ainda assim erra, porém age de acordo com o que a sua consciência lhe dita, consciência que, neste caso, estaria deficientemente formada. Nos próprios escritos de Lutero o encontramos admitindo que passou por uma intensa luta interior, onde lhe atormentava pensar que poderia ter agido equivocadamente, mas que finalmente ficou convencido de que agia para a glória de Deus. A este respeito, escreveu Lutero: – “Certa vez [o diabo] me atormentou e quase me estrangulou com as palavras de Paulo a Timóteo; tanto que o coração se me queria dissolver no peito: ‘Tu foste a causa de que tantos monges e monjas abandonassem seus mosteiros’. O diabo habilmente me tirava da vista os textos sobre a justificação… Eu pensava: ‘Quem ordena estas coisas és somente tu; e, se tudo for falso, tu serás o responsável por tantas almas caírem no inferno’. Com essa tentação cheguei a sofrer tormentos infernais, até que Deus me tirou dela e me confirmou que meus ensinamentos eram palavra de Deus e doutrina verdadeira” (Martinho Lutero, Tisch. 141,I,62-63). – “Antes de tudo, o que temos que estabelecer é se nossa doutrina é palavra de Deus. Se isto se verifica, estamos certos de que a causa que defendemos pode e deve ser mantida, e não há demônio que possa lançá-la abaixo… Eu, em meu coração, já rejeitei qualquer outra doutrina religiosa, seja ela qual for, e venci aquele molestíssimo pensamento que o coração murmura: ‘Tu és o único que possuis a palavra de Deus? E os demais, não a têm?’… Tal argumento o acho válido para todos os profetas, àqueles que também se lhes foi dito: ‘Vós sois poucos, o povo de Deus somos nós’” (Martinho Lutero, Tisch. 130,I,53-54). Parece que Lutero nunca se livrou da dúvida e, ao longo dos anos, retornava a ele um persistente peso de consciência, que identificava como tentações do demônio. No ano de 1535, já na avançada idade de 52 anos, admite todavia que acha o argumento “bastante capcioso e robusto dos falsos apóstolos”, que lhe impugnam deste modo: “Os apóstolos, os Santos Padres e seus sucessores nos deixaram estes ensinamentos; tal é o pensamento e a fé da Igreja. Pois bem, é impossível que Cristo tenha deixado a sua Igreja errar por tantos séculos. Somente tu sabes mais que tantos homens santos e que toda a Igreja… Quem és tu para atrever-te a dissentir de todos eles e para colocar-nos violentamente um dogma diverso? Quando Satanás urge este argumento e quase conspira com a carne e com a razão, a consciência se aterroriza e desespera, e é preciso entrar continuamente dentro de si mesmo e dizer: ainda que os santos Cipriano, Ambrósio e Agostinho; ainda que São Pedro, São Paulo e São João; ainda que os anjos do céu te ensinem outra coisa, isto é o que eu sei de certo: que não ensino coisas humanas, mas divinas; ou seja, que [no negócio da salvação] tudo o atribuo a Deus e nada aos homens” (WA 40,1; pp.130-131). O certo é que se tal boa intenção existiu, a soberba pouco a pouco o levou a afastar-se cada vez mais do ideal evangélico, enchendo seu coração de ódio e maldições, como ele mesmo admitiu: – “Visto que não posso rezar, tenho que maldizer. Direi: ‘Santificado seja teu nome’, porém acrescentarei: ‘Maldito, condenado e desonrado seja o nome dos papistas e de todos quantos blasfemam o teu nome’. Direi: ‘Venha teu reino’, e acrescentarei: ‘Maldito, condenado e destruído seja o papado com todos os reinos da terra, contrários ao teu reino’. Direi: ‘Faça-se tua vontade’, e acrescentarei: ‘Malditos, condenados, desonrados e aniquilados sejam todos os pensamentos e planos dos papistas e de quantos maquinam contra a tua vontade e conselho’. Verdadeiramente, assim rezo todos os dias, sem cessar, oralmente e com o coração; e comigo, todos quantos crerem em Cristo” (WA 30,3; p.470). O cardeal Joseph Ratzinger, antes de se tornar Papa, pontualizou a este respeito: – “Há que se levar em conta que não só existem anátemas por parte católica contra a doutrina de Lutero, como também existem desqualificações bastante explícitas contra o Catolicismo por parte do reformador e de seus companheiros; reprovações que culminam na frase de Lutero de que restamos divididos para a eternidade. É este o momento de referir-nos a essas palavras cheias de raiva pronunciadas por Lutero em relação ao Concílio de Trento, nas quais restou finalmente clara sua rejeição à Igreja católica: ‘Teria que fazer prisioneiro ao Papa, aos cardeais e a todos esses canalhas que o idolatram e santificam; tê-los por blasfemos e logo arrancar-lhes a linguagem coalhada; colocá-los todos na fila da forca… Então se lhes poderia permitir que celebrassem o Concílio, ou o que quer que seja, a partir da forca ou no inferno, com os diabos’” (Card. Joseph Ratzinger, “Igreja, Ecumenismo e Política: novos ensaios de eclesiologia”, Biblioteca de Autores Cristãos, Madri, 1987, p. 120). Uma vez mergulhado nessa espiral de loucura, todos aqueles que divergiam de Lutero em qualquer ponto de doutrina ou o consideravam inimigo era objeto dos qualificativos mais sujos e vulgares: ao duque Jorge da Saxônia, chama-o de “assassino”, “traidor”, “infame” “assassino profissional”, “derramador de sangue”, “patife sem-vergonha”, “mentiroso”, “maldito”, “cão”, “sanguinário”, “demônio”. Os insultos contra o Papa sempre foram uma constante e é quase impossível contabilizá-los: “anticristo maldito”, “burro papal”, “asno papal”, “bispo dos hermafroditas e Papa dos sodomitas”, “apóstolo do diabo”. Não só os católicos eram objeto de seus opróbrios, como também passaram a alcançar os próprios protestantes: a Tomás Münzer chama-o de “arquidemônio que não realiza senão latrocínios, assassinatos e derramamentos de sangue”; seu aliado Andreas Karlstadt, quando passa a divergir dele, se transforma em um “sofista, essa mente louca”, “muito mais louco que os papistas”; o mesmo ocorre com Ulrico Zwinglio, que quando nega a presença de Cristo na Eucaristia passa a ser “digníssimo de santo ódio, pois age tão indecente e maliciosamente em nome da santa palavra de Deus” e um “servidor do diabo”. É evidente que Lutero não era precisamente a pessoa ideal para tentar reformar a Igreja; e já passados tantos séculos desde aqueles acontecimentos, resta claro que a figura do reformador protestante não tem por que seguir separando católicos e protestantes. Eu mesmo, que não nutro simpatia por tão sinistro personagem, não teria problema em admitir que pode ter tido, no começo, justa indignação pelos abusos no tráfico de indulgências, ou que estava sinceramente convencido de estar na verdade. E ao admitir isto, não vejo que esteja sendo concedido a ele qualquer grão de razão. DO OBSCURECIMENTO DO SENTIDO DA GRATUIDADE DA SALVAÇÃO NA IGREJA CATÓLICA Porém, outro dos louvores que se costuma ouvir a respeito da figura de Lutero e que já começa a ser preocupante, é aquele onde se admite e sustenta que durante séculos perdeu-se, na Igreja Católica, o sentido da gratuidade da salvação divina e foi Lutero quem teve o mérito de recuperá-la. Quanto a isso, pode-se mencionar concretamente a pregação feita pelo padre Rainiero Cantalamessa, em março deste ano [de 2016], na Basílica de São Pedro, em que afirmou o seguinte: – “Existe o perigo de que alguém ouça falar da justiça de Deus e, sem saber o significado, ao invés de animar-se, se assuste. Santo Agostinho já o havia explicado claramente: “A ‘justiça de Deus’ – escrevia ele – é aquela pela qual Ele nos faz justos mediante sua graça; exatamente como ‘a salvação do Senhor’ (Salmo 3,9) é aquela pela qual Ele nos salva” (Do Espírito e da Letra 32,56). Em outras palavras: a justiça de Deus é o ato pelo qual Deus faz justos, agradáveis a Ele, aos que crerem em seu Filho. Não é um ‘fazer-se justiça’, mas um ‘fazer justos’. Lutero teve o mérito de trazer à luz esta verdade, depois de que, durante séculos, pelo menos na pregação cristã, se havia perdido o sentido; e é isto, sobretudo, o que a Cristiandade deve à Reforma, a qual no próximo ano cumpre o quinto centenário. “Quando descobri isto – escreveu mais tarde o reformador – senti que renascia e me parecia que se me abriram de par em par as portas do paraíso”” (Prefácio às obras em latim, ed. Weimar 54, p.186). Se bem que seja possível que na época de Lutero alguns pregadores de indulgências pudessem deixar em segundo plano a doutrina sobre a gratuidade da graça (desconheço até que ponto), não é justo atribuir isto à pregação cristã da Igreja durante séculos. Como bem fez notar o sacerdote e doutor em teologia José María Iraburu em um artigo publicado recentemente[1], sustentar isto é cometer uma grande injustiça para com aqueles pregadores que mais prestígio e influência tiveram na Cristiandade de seu tempo, tanto antes como depois da época de Lutero, e que ensinaram sempre a verdadeira doutrina católica da graça e da justificação, e estavam livres de toda espécie de pelagianismo ou semipelagianismo; entre eles, recordou: Santa Hildegarda de Bingen (+1179), São Domingo de Gusmão (+1221), São Francisco de Assis (+1226), Santo Antonio de Pádua (+1231), Beato Ricério de Múcia (+1236), Davi de Augsburgo (+1272), São Tomás de Aquino (+1274), São Boaventura (+1274), Santa Gertrudes de Helfta (+1302), Santa Ângela de Foligno (+1309), mestre Eckahrt (+1328), Taulero (+1361), Beato Henrique Suson (+1366), Santa Brígida da Suécia (+1373), Santa Catarina de Sena (+1380), Ruysbroeck (+1381), Beato Raimundo de Cápua (+1399), São Vicente Férrer (+1419), São Bernardino de Sena (+1444), São João de Capistrano (+1456), Tomás de Kempis (+1471), Santa Catarina de Gênova (+1507), Barnabé de Palma (+1532), Francisco de Osuna (+1540), Santo Inácio de Loiola (+1556), São Pedro de Alcântara (+1562), São João d’Ávila (+1569), e tantos outros. Realmente se pode afirmar com justiça que estes santos, doutores, pregadores e mestres espirituais desconheceram em suas pregações a gratuidade da justificação do homem pela graça que na fé tem seu início? Obscureceram em seu tempo, “durante séculos”, “ao menos na pregação” ao povo, o entendimento da salvação como pura graça concedida pelo Senhor gratuitamente? As pregações de todos esses mestres e doutores, conservadas hoje em dia, são uma clara evidência de que isso não é certo; e ainda que tenhamos o mais nobre desejo de melhorar as relações com nossos irmãos luteranos, a solução não pode ser lançada injustamente contra os nossos antepassados na fé… DIFERENÇAS ENTRE A DOUTRINA CATÓLICA E A LUTERANA Para compreender quais são as diferenças reais que subsistem entre a doutrina católica e a luterana, temos que resumir, ainda que seja bem brevemente, os erros do ex-monge alemão: A concupiscência é sempre pecado Nós, católicos, cremos que se comete pecado ao consentir o impulso pecaminoso, não simplesmente ao senti-lo. Para Lutero, ao contrário, a concupiscência é pecado já em si mesma, formal e imputável. Este primeiro erro conduziu Lutero a uma vida de tormento, porque apesar de todas as boas obras que tentava fazer, não conseguia alcançar a paz interior ao sentir-se constantemente em pecado mortal e próximo da condenação eterna. Neste estado psicológico, Lutero foi conduzido ao seu segundo erro: a negação total da liberdade humana. O homem não é livre Tal como sustenta Lutero, em sua obra “De Servo Arbitrio”, o pecado original destruiu totalmente o livre arbítrio da pessoa humana. Para o ex-monge alemão, o homem é já incapaz de fazer alguma obra boa; portanto todas as suas obras, ainda que tenham uma aparência bela, são, não obstante e provavelmente, pecados mortais… E se as obras dos justos são pecado, como afirma sua conclusão, com maior motivo o são as dos que ainda não foram justificados. A doutrina católica ensina, ao contrário, que em razão do pecado original o livre arbítrio encontra-se debilitado, porém não aniquilado, e que ainda que para efetuar atos saudáveis (atos que conduzem à salvação) é imprescindível a graça de Deus, podendo realizar sem a ajuda da graça obras moralmente boas. O homem se justifica somente pela graça através da fé fiducial ou fé somente O terceiro erro de Lutero parte do anterior, pois conclui que se o homem não é livre, aqueles que se salvam o conseguem porque Deus lhes outorga a salvação de uma forma absolutamente passiva e extrínseca. O homem não coopera em nada para sua salvação, mas tudo se resolve pela certeza subjetiva de ter sido justificado pela fé graças à imputação dos méritos de Cristo. Basta aceitar Cristo como salvador e confiar em estar salvo para assegurar a salvação, independentemente se age conforme à vontade de Deus ou se descumpre os Mandamentos. A partir desta perspectiva, o homem continua sendo pecador, porém é declarado justo, de uma forma semelhante como se tomássemos um homem maltrapilho e sujo e o cobríssemos sem lavá-lo com uma túnica esplêndidamente branca. Ao olhar para ele, o Juiz miraria a túnica branca e resplandecente (que representa Jesus Cristo, o qual morreu por nossos pecados) ao invés da sujeira que se encontra debaixo dela. Nós, católicos, ao contrário, cremos que podemos cooperar na nossa justificação, não com nossas próprias forças, mas porque a graça nos inspira e nos capacita para fazê-lo. Cremos, ademais, que Deus não só nos declara justos, como também nos faz justos; que nos santifica e renova, de modo que, por meio da graça, somos uma nova criatura. Consequentemente, devemos viver como nova criatura. A fé deve fazer-se efetiva no amor, no cumprimento dos Mandamentos e nas obras de caridade. A doutrina luterana, ainda que piedosamente envernizada e ainda que pretenda dar primazia à graça, no fundo apresenta uma noção deficiente da mesma, crendo que ela é impotente na hora de transformar o homem, não o tornando verdadeiramente santo, conformando-se então por declará-lo somente justo, permanecendo imundo e pecador. Os justificados não podem perder sua salvação Se se conclui erroneamente que o homem se salva somente pela fé, é compreensível que se conclua que o crente justificado não pode perder sua salvação ainda que não obedeça os Mandamentos e cometa pecados graves. Daí que em 1521, a 1º de agosto, escreve Lutero em uma carta a Melanchthon: – “Se és pregador da graça, prega uma graça verdadeira e não fictícia; se a graça é verdadeira, deves cometer um pecado verdadeiro e não um fictício. Deus não salva os que são somente pecadores fictícios. Seja um pecador e peca audazmente, porém crê e alegra-te em Cristo ainda mais audazmente… enquanto estivermos aqui [neste mundo] temos que pecar… Nenhum pecado nos separará do Cordeiro, ainda que forniquemos e assassinemos mil vezes ao dia”. Nós, católicos, ao contrário, cremos que o crente justificado pode decair do estado de graça de Deus se comete pecado mortal. O Evangelho está cheio de advertências neste sentido. Cristo nos fala daquele ramo (crente) que deixa de dar fruto (fazer boas obras) e é cortado e lançado ao fogo (João 15); deixa claro que não somente aquele que confessa sua fé Nele entrará no Reino dos Céus, como também aquele que faz a vontade de Deus (Mateus 7,21). Quando o jovem rico pergunta a Jesus o que deve fazer para salvar-se, Ele lhe responde que cumpra os Mandamentos (Mateus 19,17). A epístola de São Tiago, em seu capítulo 2, contém praticamente uma refutação formal às teses de Lutero, a ponto de que este tentou por todos os meios excluí-la da Bíblia e a qualificou como “a epístola de palha”. OS ERROS DERIVADOS DA DOUTRINA DE LUTERO Porém, os erros de Lutero não acabaram ali e, como uma fila de peças de dominó que cai um atrás do outro, seguiram-se multiplicando. Nesse sentido pontualizou o cardeal Joseph Ratzinger: – “Lutero, após a ruptura definitiva, não só rejeitou categoricamente o papado, como também qualificou de idolátrica a doutrina católica da missa, porque via nela uma recaída na Lei, com a consequente negação do Evangelho. Reduzir todas estas confrontações a simples mal-entendidos é, no meu modo de ver, uma pretensão iluminista, que não indica a verdadeira medida do que foram aquelas lutas guiadas pela paixão, nem o peso da realidade presente em suas alegações. A verdadeira questão, portanto, pode unicamente consistir em nos perguntar até que ponto, hoje, é possível superar as posturas de então e alcançar um consenso que vai além daquele tempo. Em outras palavras: a unidade exige passos novos e não se realiza mediante artifícios interpretativos. Se em seu dia [a divisão] se realizou com experiências religiosas contrapostas, que não podiam encontrar espaço no campo vital da doutrina eclesiástica transmitida, tampouco hoje a unidade se forja somente mediante discussões multifacetadas, mas com a força da experiência religiosa. A indiferença é um meio de união tão somente na aparência” (Card. Joseph Ratzinger, “Igreja, Ecumenismo e Política: novos ensaios de eclesiologia”, Biblioteca de Autores Cristãos, Madri, 1987, pp. 120-121). Dito em linguagem simples: as diferenças existem e ignorá-las não fará que desapareçam, ponto este que tratarei a seguir. ESTAMOS HOJE DE ACORDO, CATÓLICOS E PROTESTANTES, NO QUE DIZ RESPEITO À DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO? O Papa Francisco, aludindo ao Acordo Católico-Luterano a respeito da justificação, de 1999[2], declarou em uma entrevista que “hoje em dia, os protestantes e os católicos estão de acordo quanto a doutrina da justificação”. Com todo o respeito que o Papa merece e compreendendo que este tipo de declaração pode ser motivada pela boa intenção de buscar uma aproximação entre católicos e protestantes, creio que se somos realistas temos que aceitar que a situação é bem diferente. Em primeiro lugar, teria que matizar que a referida declaração somente foi firmada pela Igreja Católica e a Federação Luterana Mundial. Tal Federação representa apenas um conjunto de igrejas luteranas, as quais não abarcam nem 7% do protestantismo e nem sequer a totalidade do luteranismo. É um fato lamentável porém certo que a rejeição do acordo foi praticamente total pelas demais denominações cristãs, incluindo as batistas, metodistas, calvinistas, pentecostais, etc. E como fez notar acertadamente Luis Fernando Pérez em um artigo publicado em Infocatólica[3], inclusive dentro do próprio luteranismo tal acordo foi amplamente rejeitado por centenas de teólogos e pela Igreja Evangélica da Dinamarca (luterana), com um argumento cheio de senso comum: trata-se de um texto que o próprio Lutero teria rejeitado, pois se aproxima da doutrina católica sobre a justificação e se afasta do “sola fide” do ex-monge agostiniano alemão. O teólogo protestante José Grau explicou isso da seguinte maneira: – “O chamado Acordo sobre a Justificação, de 1999, da mesma forma que as conversações que serviram de prolegômenos nas duas últimas décadas do século XX, faz com a doutrina da justificação o mesmo que fez Trento com o agostinianismo: se aproxima semanticamente de Lutero (ainda que sem condená-lo nominalmente, especificamente, sem tampouco levantar a excomunhão vaticana que pesa sobre ele). E assim como em Trento a Igreja Romana descafeinou Agostinho (nota nossa: isto é falso), agora estes luteranos, de braços dados com os católicos, descafeínaram Lutero. O resultado prático não é outro senão a inutilização da ‘dinamite’ da mensagem reformada, luterana, protestante e sobretudo bíblica (o Evangelho é poder ‘dinamite’ de Deus ‘para salvação de todo aquele que crê’, Romanos 1:16), anulando a espoleta das doutrinas da graça mediante uma terminologia teológica que parece do agrado de todos quando lida de passagem, sem se aprofundar nos conceitos. Umas afirmações equilibram as outras de sinal diferente, sem entrar quase nunca no miolo fundamental da questão. Como escreve Pedro Puigvert, na carta a ‘La Vanguardia’ (de 05/11/1999): ‘Os católicos não cederam em nada, porque isso de confessar que a justificação é obra da graça de Deus o têm crido sempre, juntamente com a cooperação humana que agora resulta que também é fruto da graça, ainda que a Escritura o desminta quando diz: ‘Àquele que age não se lhe conta o salário como graça, mas como dívida; mas ao que não age e crê Naquele que justifica o ímpio, sua fé lhe é contada por justiça’ (Romanos 4:5-6). Roma ganhou a batalha doutrinária. Ah, se Lutero erguesse a cabeça!”. Pessoalmente, gostaria de compartilhar daquela apreciação do Papa e crer que os católicos e evangélicos verdadeiramente chegamos a professar uma mesma fé a respeito do tema “justificação”; porém, a crua realidade é outra: nem sequer os próprios protestantes, entre eles mesmos, estão de acordo neste tema. LUTERO TEVE RAZÃO NO QUE DIZ RESPEITO À DOUTRINA DA JUTIFICAÇÃO? Hoje está na moda dar razão a Lutero: é politicamente correto. Cremos agora, católicos e evangélicos, que o homem é justificado por meio da graça de Deus? Sim, porém sempre temos crido nisso. O problema está quando se afirma, a respeito das diferenças doutrinárias reais que existiram e existem entre a doutrina católica e a luterana, que Lutero era quem tinha razão. Se a doutrina de Lutero, que foi condenada dogmaticamente por um Concílio Ecumênico e dogmático, resulta na doutrina verdadeira, seria melhor apagar as luzes e irmos embora, porque então terão razão também os protestantes ao afirmarem que não precisamos nem de Papas nem de Concílios, já que se é como eles sustentam, [Papas e Concílios] podem equivocar-se quando definem aquilo que é dogma de fé. E se tudo se trata de um gesto diplomático, é necessário recordar, como nos foi sempre ensinado, que um ecumenismo que não encontra-se fundamentado na verdade não é um verdadeiro ecumenismo, e por mais que posemos juntos e sorridentes para as fotos, não estaremos mais próximos hoje uns dos outros como estávamos há 500 anos. —– NOTAS: [1] http://bit.ly/2GGuPoi [2] http://bit.ly/2FXfOO0 [3] http://bit.ly/2GGuBxs Livros recomendados O post Martinho Lutero tinha razão? apareceu primeiro em Bíblia Católica News. via Bíblia Católica Online #bibliacatolica Autor: José Miguel Arráiz Fonte: http://bit.ly/2FPXTvH Trad.: Carlos Martins Nabeto Já há algum tempo temos ouvido de altos prelados da Igreja reconhecimentos e elogios à figura de Lutero. Se tem dito de tudo, desde coisas moderadas (em que se admite que ele pode ter... http://bit.ly/1lMgdUI #bibliacatolica via Bíblia Católica Online
0 notes
justt-l0ve · 7 years
Quote
Ele me olhava com o semblante inquieto, como se tivesse com algo prendendo sua garganta que o sufocava mais a cada instante que seguia. Abaixei o volume da televisão e o fitei, esperando que ele falasse algo, mas o silêncio permaneceu até se tornar ensurdecedor. Não suportei e decidi por quebra-lo eu mesma. — Anda vai... diga o que está havendo com você, o que é que está te incomodando tanto? – Questionei com o tom da voz parcialmente irritado. Detestava quando ele criava aquela atmosfera de mistério. — Como assim? — Esse jeito que você está me olhando, como se tivesse muita coisa pra dizer, mas não soubesse como. — Não tenho nada pra falar. — Nada? Tem certeza? — Nada que vá te tirar da defensiva. — Que? — Isso mesmo que você entendeu Júlia. — Isso o que, caramba? Eu não entendi nada. — Acho que eu vou pra casa. — Ah, mas não vai mesmo! — Eu não te entendo, sabe? — Bem-vindo ao time. — Argh... — Que foi? Ele revirou os olhos como se eu não tivesse que estar fazendo aquela pergunta, levantou do sofá e caminhou até a janela. Ficou certo tempo olhando pra fora, procurando por alguma coisa que não estava ali, mas que ele precisava achar com urgência. Uma urgência asfixiante, que estava me tirando o ar. Fiquei ainda mais irritada. — Vamos Thiago, diga logo o que está acontecendo. — Eu não to mais suportando viver dentro dessa bolha em que você se enfiou. Não tá dando pra mim! — Que bolha? O que você tá querendo dizer? Seja mais direto! — Mais direto? Então vamos lá. Talvez você tenha assistido demais esses filmes americanos, eu não sei se é isso ou sei lá o que, mas alguma coisa te transformou nesse personagem mecânico, automático. — Eu já era assim quando você me conheceu. — Era. E eu amei esse teu jeito misterioso, como se tivesse um milhão de coisas por trás desse teu olhar de Capitu, mas o tempo foi passando, passando, passando e você continua a mesma. Juro que eu acreditei que seria capaz de atravessar essa sua barreira, mas você é impenetrável, parece que tem um mundo a parte que é só seu e não cabe mais ninguém. Nem eu. E to cansado de viver nas beiradas esperando uma chance de me acomodar melhor. Você não vai se abrir e tudo bem, talvez haja um motivo muito sério pra cê ter se trancado desse jeito, mas eu não sou obrigado a continuar aqui, não sou obrigada a permanecer perdido nessa encenação toda. Você não é o que demonstra ser e eu não posso ficar com alguém que eu não sei quem é. — Eu achei que você me amasse. — Eu te amo. — Mas tá indo embora. — Ir, às vezes, é um ato de amor. — Amor? — Sim. Não basta só eu amar, se não é reciproco não tenho razão pra estagnar nossas vidas. — É reciproco. — Tem certeza? — Absoluta. — Então explica. — O que? — Isso tudo. Encarei meus próprios pés tentando buscar por algo que fizesse tudo o que tinha em mim fazer sentido. Mas por mais que eu pensasse e pensasse e pensasse minha mente continuava uma bagunça, um caos assustador que formou uma tempestade em meus olhos. Comecei garoinha, pingando de pouquinho em pouquinho, até me desfiz e soltei o corpo caindo aos prantos. Chorei desesperadamente enquanto ele me olhava estático, sem saber o que fazer. Não havia nada, eu precisava me acalmar sozinha. Respirei fundo, mas não lutei contra o tsunami que me atravessou, deixei que ele passava e lavasse cada canto da minha alma. — Eu não sou boa o bastante pra você. Não sou boa o bastante pra ninguém. — Você não sabe do que está falando... — É claro que eu sei! Você é maravilhoso, merece alguém muito melhor, alguém que possa ser inteira, que não tenha medo. — Medo do que? — De despedaçar de novo, de voltar a ser caquinhos pequenininhos espalhados numa solidão fria, doída. — O que te machucou tanto? — Não foi o que, foi quem. — Eu deveria ter imagino isso, era tão óbvio. Como eu fui burro! Você tá ferida, sempre esteve... — Não, eu não estou ferida. — Não? — Não! Eu me curei. Me curei depois de ter uma hemorragia interna de tanto desperdício de amor e achar que eu nunca mais estaria livre de tanta amargura. Mas eu me livrei, vomitei toda a minha dor e expulsei de mim tudo o que me maltratava. Eu curei cada machucado, cada um deles. Tratei de todos os meus pedacinhos até tudo virar só um arranhão. Um arranhãozinho, sabe? Que não deveria diferença nenhuma, mas faz! Faz porque ele grita o quanto eu já sofri, queima cada vez que eu sinto que você se aproxima mais. Ele apita, como um sinal de emergência, todas as vezes em que eu me pego distraída, frágil, deixando você me invadir. — Eu não vou te magoar. Confia em mim. — Eu quero. Juro! Mas sabe aquele ditado do gato escaldado? Então, eu não tenho medo de água fria, mas tenho pânico do amor. Ele não disse nada, mas foi se aproximando devagar, passo após passo, como se tivesse tomando cuidado pra não me assustar e me fazer fugir. Eu queria correr, me esconder, manda-lo embora e pedir pra que não voltasse nunca mais. Mas continuei parada, olhando fixamente praqueles olhos acobreados, quentes, que me envolviam num abraço imaginário. Ele foi chegando cada vez mais perto, conforme nos aproximávamos meu corpo foi se enrijecendo, um arrepio interno me percorreu, como se eu tivesse levando um choquinho inofensivo que me fez tremer da cabeça aos pés. Soltei um suspiro profundo, longo, e deixei que suas mãos me tocassem e me puxassem pra mais perto. Fui, ainda dura, e me soltei quando me encostou em seu peito. Eu tava segura. Pela primeira vez em anos eu estava segura. — Deixa eu cuidar de você. Deixa eu atravessar essa sua bolha e provar que pode dar certo, que o mundo é imenso e que pode ser a gente. Deixa eu sarar sua cicatriz, apagar seu arranhão, dissipar seu medo. Deixa eu ficar, aqui, agora, pra sempre dentro de você. Deixa eu te fazer sentir que tudo tem sentido, e que é mais fácil do que imaginávamos. Deixa eu ser sua paz, sua calma, sua segurança. Deixa eu amar você. Encarei-o sem saber ao certo o que responder, sorri, de dentro pra fora, e não engoli a felicidade que começou a brotar no meu peito, deixei com que ela fosse crescendo e crescendo e crescendo até transbordar e eu ter certeza do que queria. Fui me aproximando do ouvido dele, me enlacei em seu pescoço e sussurrei no ouvido dele: deixo, meu amor, eu deixo.
0 notes
Homem Aranha 4 - porque não aconteceu e o que poderia ter acontecido
Tumblr media
MINHA. SÉRIE. DE. FILMES. DO. CORAÇÃO. Há coisas má definidas na vida de todos. Aquela pessoa interessante com quem você poderia ter conversado mas não conversou. Aquele ser sem noção que merecia ter ouvido algo que não foi dito na hora em que poderia ter sido dito. Aquela parada maneiríssima que você viu na vitrine mas não comprou. Aquela série ou FILME amado que foi cancelado(a)do NADA sem chance de brilhar. Lances da vida. 
Na minha vida, uma das questões má resolvidas é o cancelamento de Homem Aranha 4. Como grande fã de Homem Aranha, eu abraço essa trilogia. Mesmo com todos os seus erros e com todas as suas MUITAS mudanças em relação aos quadrinhos, esses filmes fazem parte do meu coração e do meu crescimento no geek quadrinhófilo (se essa palavra não existe, existe agora) que sou hoje. Vamos hoje entrar no clássico “E se..” que os leitores marvetes já conhecem tanto.
“E se Homem Aranha 4 tivesse rolado, como teria sido“?? “Qual a razão de ser de seu cancelamento“??
Primeiramente caras senhoras e senhores, temos que voltar no tempo para uma época conhecida pelos mais velhos como “2007”. Se você não sabe, 2007 foi o ano de lançamento do controverso Homem Aranha 3. Antes de entendermos a razão de Homem Aranha 4 ter flopado, temos que entender um pouco da história da produção e lançamento do que acabou sendo o fechamento da trilogia.
Tumblr media
Para quem não tem o hábito de estudar os números das bilheterias do ano de 2007, o que é inteiramente normal e compreensível e graças a Deus que você não faz isso, é natural a conclusão de que o quarto filme da franquia de Tobey Maguire não rolou por conta de uma decepção no retorno financeiro do terceiro filme. Afinal, o dinheiro move tudo, e no cinema isso não é nada diferente. Resumidamente, os grandes estúdios financiam um projeto, pagam diretores, roteiristas, atores e afins no desenvolvimento de um PRODUTO, que pode dar muito certo ou muito errado. Se os financiadores do produto não sentirem firmeza no mesmo, não importa o quanto o diretor/roteirista/ator/cameraman/dublê/qualquer outro envolvido nele faça biquinho e bata o pé, eles irão refilmá-lo, alterá-lo e distorcê-lo em algo que acreditam que aumentará o retorno deles. Eles tem o dinheiro, eles tem o poder.
Com isso, é bem compreensível pensar “pô o terceiro Homem Aranha não deu retorno, logo o estúdio não quis fazer o quarto”. Só que não foi isso que aconteceu. Amando ou odiando Homem Aranha 3, de todos os filmes do cabeça de teia, foi aquele que mais fez grana, arrecadando cerca de 890 milhões de dólares nas bilheterias. Nem Homem Aranha De Volta ao Lar, um filme que contou com MUITOS atrativos, inclusive a fama de Robert Downey Jr, conseguiu superá-lo, com uma arrecadação de 880 milhões nas bilheterias.
Segue abaixo o ranking de arrecadação dos filmes do Homem Aranha fornecido pelo site Box Mojo.
Tumblr media
Com base nisso, dá pra ver que o fim do Homem Aranha de Sam Raimi não está relacionado com questões financeiras. Na verdade, o cancelamento se deu por problemas de produção, que ocorreram não apenas durante a confecção de Homem Aranha 4, como também na de Homem Aranha 3. Com o sucesso de Homem Aranha 2 (2004), o estúdio garantiu lançamento para um terceiro filme em Maio de 2007. A ideia de Raimi seria fechar o arco do amigo de Peter, Harry Osborn, em sua transformação no “novo Duende Verde”, ter o Homem Areia como principal vilão, que ele considerava visualmente interessante, e abordar algumas noções que chegamos a ver no produto final que chegou ao cinema, como Peter Parker tendo que lidar com o fato de que não está acima de ninguém, como um “herói que tem falhas”.
Durante os estágios iniciais da produção, Avi Arad, produtor do filme, começou a tentar convencer Raimi a botar o seu vilão favorito no filme, Venom. Raimi não achou uma boa ideia, alegando que ele não entendia o vilão (uma EXCELENTE justificativa). Para ele, Venom parecia um vilão muito desumano, dificil de ser explorado. Arad insistiu argumentando que Raimi só colocava vilões que ele pessoalmente curtia, não aqueles que o público de leitores “modernos” queria ver nas telonas e que se ele queria que as pessoas gostassem de Homem Aranha 3, ele teria que “aumentar as ameaças”. Começava ai um dos primeiros passos para o desandamento da franquia. Grande parte do sucesso do Homem Aranha de Raimi veio da capacidade do cara em estabelecer uma ligação pessoal entre o vilão e o herói. 
No primeiro filme, a relação de Norman Osborn (Duende Verde) com Peter não foi criada exclusivamente para o longa, uma vez que nos gibis ela também existe. Entretanto, algo que poderia simplesmente não ter sido usado por qualquer outro cineasta que tivesse feito a adaptação (afinal, Norman é uma figura um pouco “distante” nos quadrinhos) é aproveitado para grande parte da tensão do longa. Como esquecer a cena em que Norman descobre que o Homem Aranha é o Peter?? As ameaças que ele faz a Tia May e a Mary Jane?? A turbulência que isso trouxe para a amizade de Harry e Peter mais tarde na franquia??  
Tumblr media
Ver o Homem Aranha, um herói que lida com tantas questões humanas, como problemas financeiros, namorada, família, desemprego e outros, tendo que enfrentar ameaças tão próximas ao seu universo pessoal é algo que funciona muito bem e é um ponto muito importante para o sucesso desses filmes. Se analisarmos, por exemplo, os vilões d’O Espetacular Homem Aranha 1 e 2 (Lagarto, Electro, Rino) nenhum deles tem um vínculo forte com Peter e isso contribuiu bastante para o fracasso do reboot. Já em Homem Aranha De Volta ao Lar, o produtor Kevin Feige busca replicar esse aspecto da franquia de Raimi. Assim, tivemos o vilão Abutre como pai da namorada de Parker (e ficou bem legal). 
Tumblr media
Isso é ainda mais interessante no segundo filme de Raimi, em que Doutor Octopus, um vilão cuja origem não vai além de um cientista que, ao manipular materiais nucleares, sofre um acidente e acaba fundindo braços mecânicos ao seu corpo e enlouquecendo, é adaptado como um ídolo de Peter, alguém que ele admirava e com quem é obrigado a lutar para salvar a cidade. A construção dessa relação pessoal com o herói e de suas motivações possibilitam uma das melhores adaptações de vilão para o cinema. No caso de Venom, Raimi não conseguia pensar o personagem num contexto legal para as telonas. Entretanto, por pressão do estúdio, ele o incluiu em Homem Aranha 3 e foi o que foi.  
Eu particularmente gosto do terceiro longa (é um dos meus guilty pleasures). Reconheço tudo que tem de errado mas fazer o que?? Realmente me diverte. Porém, sabemos que está longe de ser um filme equilibrado. Das muitas críticas, incluindo Peter Parker emo, há uma em especial que é reconhecida universalmente: TEM COISA PRA BURRO. O filme tem plots DEMAIS. Entra um Harry vingativo que perde a memória e só volta do meio pro final. Nesse meio tempo entra Homem Areia que quer salvar sua filha e também acaba que é o assassino de Tio Ben. Peter Parker vaidoso, problemas com Mary Jane, entra roupa preta, sai roupa preta, ainda tem Gwen Stacy no processo e no finalzinho Venom, coisas demais. Raimi pegou as exigências do estúdio e suas ideias e tentou casá-las num filme só, mas reconhece que não deu. Apesar do imenso sucesso financeiro do filme, muitos críticos, fãs e o próprio diretor ficaram frustrados com o resultado final. Isso tudo por conta do dedo do estúdio no projeto. 
“É um filme que não deu muito certo. Eu tentei fazê-lo funcionar mas não acreditava realmente nos personagens, e isso não pode ser escondido das pessoas que amam Homem Aranha. Se o diretor não ama algo é errado ele tentar fazê-lo. Acho que aumentar a grandiosidade [em relação ao Homem Aranha 2] foi um dos nossos objetivos e foi aquilo que nos condenou. Deveríamos ter focado nos personagens, em suas relações e em progredi-las e não em tentar se superar em tudo“ - Sam Raimi sobre Homem aranha 3
Assim, Sam Raimi começou a trabalhar na produção de Homem Aranha quatro com a intenção de se redimir. Sua ambição era fazer o melhor filme de todos (o que seria difícil, se me permiti dizer). O dinheiro feito pelo Homem Aranha 3 “garantiu” um Homem Aranha 4 e planos para um quinto e sexto filme. Raimi queria utilizar do vilão Abutre, que foi muito bem adaptado para Homem Aranha De Volta ao Lar (2016). Sua ideia era fazê-lo como a ameaça mais desafiadora para o herói. Todos olhariam para ele como uma figura patética, um velho numa roupa voadora, o que representa muito bem o que ele é nos gibis. Entretanto, na hora do “mano a mano” o velho sempre levaria a melhor. Esse conceito me deixou bem animado. O cara sempre teve umas ideias bem legais para as cenas de ação e para a adaptação dos vilões. A cena do trem no segundo filme, por exemplo, é incrivelmente pensada. Até mesmo no mais criticado negativamente da franquia, o terceiro, temos cenas de ação de tirar o folego. Gostaria de ver o que ele tinha em mente para um vilão tão, apesar de clássico, “chulé” do teioso. Anos depois, artes conceituais do inicio da produção do quarto filme foram liberadas e me fizeram querer ainda mais que tivesse se tornado realidade.
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
Pouco tempo depois, o interesse romântico de Peter Parker, Felicia Hardy (aka Gata Negra) foi incluída no longa. No filme, entretanto, ela seria adaptada como uma versão feminina do Abutre, denominada The Vultureness. Rumores indicam que ela seria a filha do Abutre, que seria preso pelo Homem Aranha e, a partir disso, ela tentaria se vingar do mesmo, se tornado a vilã do filme. Nos quadrinhos uma das razões de Felicia seguir o caminho da criminalidade é o seu pai, Walter Hardy, que também é um ladrão. Talvez tivessemos um contexto parecido, mas com o Abutre na jogada. O papel de Felicia Hardy estava garantido para Anne Hathaway enquanto o de Adrian Toomes (Abutre) provavelmente iria para John Malkovich. Anos mais tarde, Hathaway viria a interpretar a personagem que inspirou Gata Negra, a Mulher Gato, no último filme da trilogia do Cavaleiro das Trevas (na verdade ela é cópia da Mulher Gato, mas não falamos isso em voz alta).
Tumblr media
Para a abertura do filme teríamos uma montagem do Homem Aranha prendendo diversos vilões que Raimi dizia que jamais usaria como grandes ameaças na franquia, sendo um deles Mistério. 
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
Essa versão de Mistério seria acima do peso e equivaleria a ponta de Bruce Campbell. Caso você não saiba, ele é um grande amigo de Raimi (trabalharam juntos em Ash vs Evil Dead) e fez uma ponta em todos os filmes. No primeiro ele era o apresentador do ringue onde Peter Parker foi lutar quando conseguiu seus poderes, no segundo ele era o homem que barra a entrada do Peter na peça de MJ e no terceiro ele é aquele garçom no restaurante francês.
Tumblr media
Apesar do andamento da produção, a história começava a se repetir. Mesmo com Raimi trabalhando arduamente com diferentes roteiros, buscando fazer o “melhor filme do Aranha de todos”, o estúdio flertava com a ideia de fazer um reboot. O estúdio tentou convencê-lo, então, a incluir o vilão Lagarto no filme. Considerando que o personagem Curt Connors (alter ego do Lagarto) tinha sido introduzido no segundo filme e que Raimi tem certo talento com filmes de terror, nada me deixaria mais feliz do que assistir uma Lagarto adaptado por ele, mas GENTE. ESTAVA ACONTECENDO DE NOVO. O ESTÚDIO ESTAVA FORÇANDO O CARA A BOTAR MILHÕES DE VILÕES NO FILME. Com a cascata de problemas, Homem Aranha 4 acabou indo para o saco. O roteiro não estava 100% do jeito que Raimi queria, o estúdio discutia um reboot e estava tentando forçar mais uma vez coisas no filme, repetindo aquilo que comprometeu a qualidade de Homem Aranha 3. Além disso, a Sony já havia estabelecido uma data limite para o quarto filme, com lançamento para Maio de 2011. Assim, Raimi desistiu do projeto.
“Eu estava muito insatisfeito com Homem Aranha 3 e queria fazer o Homem Aranha 4 como sendo o melhor de todos. Porém, eu não conseguia compôr o script a tempo, devido as minhas próprias falhas, então eu disse para a Sony: ‘Eu não quero fazer um filme que seja menos que ótimo, então acho que não devemos fazê-lo. Vão em frente com o reboot de vocês, que é o que vocês estão planejando de qualquer forma’ e a Amy Pascal (produtora da Sony) respondeu: ‘Obrigado. Obrigado por não desperdiçar o dinheiro do estúdio e aprecio sua sinceridade’. Então terminamos no melhor dos termos, ambos tentando fazer o que era melhor para os fãs e para o bom nome do Homem Aranha e da Sony“.
Assim, tivemos aquele reboot do Andrew Garfield que prefiro fingir que não existe. Os detalhes de Homem Aranha 4 liberados não vão muito além disso, mas certamente é um filme que gostaria de assistir. Apesar de tudo, tenho imenso respeito por Sam Raimi, não apenas como o diretor responsável por meus filmes favoritos, como também alguém que abriu mão de MUITO dinheiro por acreditar que estava fazendo a coisa certa para os spiderfans.
Tumblr media
Se quiser ver o restante das artes conceituais baseadas no roteiro de Homem Aranha 4 (foram feitas por Jeffrey Henderson): 
http://www.planethenderson.com/spiderman4/xbyql2uw5jc8nd85tv4s3ow0c7dbcj
- Marcelo Velloso
0 notes