Tumgik
#Lúcifer
d4kkotta · 22 days
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hazbin hotel is going to be my hyperfixation for a while!! well, here are some sketches of my fav couples in coats! I love drawing big coats hehehehehehe!!<:3
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ratinhooo · 25 days
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Você pode fazer icons do Lucifer de hazbin hotel?
Aqui oh. Só não sei se ficou bom 😔🧍🏻
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filmesbrazil · 2 months
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misstimeladye · 1 year
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hgstuff · 2 years
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lúcifer icons
like or reblog if u save ✨
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girlblogging9 · 2 months
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Ponto de Kimbanda Luciferiana l Lúcifer
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amenouzumeshi · 2 months
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Big G - ALVINE
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claudiosuenaga · 1 year
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Vadre Retro! Tudo sobre Satanás
Por António Marujo 
O padre espanhol José Antonio Fortea faz exorcismos e escreveu uma súmula do que sabe sobre demónios. O padre Carreira das Neves não poupa críticas ao livro
Eles existem: Satã, Diabo, Belzebu, Lilit, Asmodeu, Sátiro, Demónio, Belial ou Beliar, Apolion, Lúcifer. Há toda uma constelação de nomes para designar o maligno (outro nome possível). O padre espanhol José Antonio Fortea, 42 anos, pegou em tudo o que sabe sobre o mundo demoníaco e os exorcismos que faz desde há quase uma década e publicou a sua Summa Daemoniaca (ed. Paulus), uma súmula de questões relativas ao demónio.
Eles andam aí, garante Fortea. Pela sua paróquia, na diocese de Alcalá de Henares (a leste de Madrid), passam centenas de pessoas por ano. Possessões verdadeiras serão uns quatro ou cinco casos anuais. A maioria, entre os restantes, é de influência demoníaca, diz ao P2 em Lisboa, onde veio apresentar o livro.
A obra merece críticas severas do biblista Joaquim Carreira das Neves, que a considera mal fundamentada em termos bíblicos e linguísticos. Este exegeta, que também já foi chamado a tratar casos de alegadas possessões, foi convidado a apresentar o livro em Lisboa. E critica o que considera a recuperação do tema por arte de alguns sectores católicos.
Não foi sem resistência que o padre Fortea, originário de Barbasto (Aragão, no Norte de Espanha), aceitou a solicitação do seu bispo: "Pediu-me para fazer a tese de licenciatura sobre exorcismo. Eu não tinha interesse no tema, não sabia nada sobre ele, disse-lhe duas vezes que não." À terceira, o pedido venceu-o. A partir daí, teve que se entregar aos demónios - que é como quem diz, a expulsá-los de alegados possessos. Neste momento, está a fazer doutoramento sobre o tema, em Roma.
Dentada no pescoço
Começou tudo porque os seus colegas padres sabiam da tese que ele entretanto fora chamado a fazer. Um dos padres da diocese encaminhou um caso para as mãos e as orações de Fortea.
"No princípio, pensei sempre que cada caso era o último", confessa o padre exorcista. Mas a vida trocava-lhe cada vez mais as voltas e, em vez de diminuir, os casos aumentavam.
Vários deles são contados no livro. O padre Carreira das Neves ficou mais impressionado com o do menino de 11 anos que começou a ver sombras e fantasmas, numa noite de Halloween. Passou a ter medo de sair do quarto e atravessar o corredor de casa, pois tinha figuras que o aterrorizavam no trajecto. Os sintomas agravaram-se. Os pais, que não eram católicos, procuraram primeiro uma praticante de tarot. "Não se sabe o que fez aquela pitonisa, mas o certo é que nessa mesma noite o menino ficou possesso", conta Fortea. "Um ser maligno fala através [da criança e move-a furiosa pela casa], como se o demónio lhe houvesse entrado dentro."
Os sintomas passaram a incluir a violência física. O menino foi conduzido ao psiquiatra, que reconheceu "a sua impotência". Quando os pais resolveram falar a um padre, este encaminhou-os para José Antonio Fortea. Várias sessões de exorcismo, que passaram por manifestações de violência, contribuíram para ir acalmando a possessão. A quarta sessão incluiu um episódio caricato, sem mais "nada de enumerável, salvo uma dentada" no pescoço.
Deu-se o episódio há cinco anos, pouco depois da morte de João Paulo II. Conta Fortea: "Creio que foi pela ajuda de Deus que essa marca não continuava horas mais tarde, quando tinha que fazer uma conferência sobre os conclaves. (...) Fazer uma conferência com uma dentada no pescoço, por cima do cabeção, teria sido embaraçoso."
O final da história aconteceu quatro meses depois da primeira sessão. O possesso estava na paróquia de Fortea, com a família. Enquanto esperavam, o padre ia exorcizar uma mulher de 30 anos, quando o menino se ofereceu para ser ele a fazer o exorcismo. Fê-lo com tal segurança que convenceu o pai e o padre. Certo é que exorcizou a mulher e ele próprio ficou liberto. Azar dos diabos? Após duas horas de oração, cansado, Fortea tinha-se retirado para jantar. Não foi testemunha do momento da libertação, mas 12 pessoas assistiram ao que se passou, conta no livro.
O primeiro caso que o exorcista teve que enfrentar foi o de uma mulher, acompanhada do marido, que "manifestava aversão ao sagrado" e aos seus símbolos, tentando atacar o exorcista. "Ela vinha normal, mas quando orava, entrava em transe. A um momento dado, dava um grito medonho. Pensei que era esquizofrenia paranóica, que lhe diria para ir ao psiquiatra."
Há que distinguir os casos de possessão dos de influência demoníaca: os primeiros "são poucos", mas os segundos são "bastantes". Quando se ora sobre eles, diz Fortea, vê-se pela manifestação que "há a presença de outro espírito". E acrescenta: "Antigamente, confundia-se epilepsia com possessão, isso é ridículo. A epilepsia tem uma componente familiar e nela não há gritos, nem sequer se fala..."
Na sua Summa, Fortea distingue todas estas questões e responde a 183 perguntas - tudo o que nunca alguém ousara perguntar sobre demónios. A primeira procura dizer "o que é um demónio". "Um ser espiritual de natureza angélica condenado eternamente." Bom, este é apenas o início da resposta, uma das mais longas do livro.
Fortea aventura-se a contar como foi a transformação dos anjos em demónios: "No princípio invadiu-os a dúvida de que talvez a desobediência à Lei divina fosse o melhor. (...) A vontade de desobedecer foi-se cimentando, tornando-se cada vez mais profunda. (...) Os que perseveraram neste pensamento e decisão começaram um processo de justificação desta escolha..."
São afirmações sustentadas pela Bíblia e pelo exercício racional, defende o padre exorcista. "É uma construção intelectual. Um ateu, à luz dos materiais bíblicos, poderia ter feito esta catedral", diz, sobre o seu livro. "É a mais profunda teologia. Tudo se baseia na razão e na Bíblia."
Literatura apocalíptica
Mas são também afirmações como essa, e muitas outras, que levam agora o padre Carreira das Neves a dizer: "Se tivesse lido o livro antes de aceitar o convite, não o teria feito." E porquê? "A fundamentação bíblica é fortuita, muito pobre, até porque o autor não é exegeta."
Para este biblista português, Jesus acreditaria no demónio. "Vemos que ele pregava o reino de Deus, contra o reino do mal, que então dominava o mundo." Mas mesmo essas alusões estão carregadas de linguagem simbólica, defende.
Explica Carreira das Neves que os conceitos existentes no tempo de Jesus se dividiam entre Diablos, que designa o Diabo como entidade, e a daimonia, os demónios. "Jesus fala normalmente no plural, que designa forças, não pessoas."
Há outro problema, recorda: se nos evangelhos segundo Mateus, Marcos e Lucas há vários relatos daquilo que hoje diríamos exorcismo, no de João não há qualquer episódio desses. "Porquê? É um grande mistério. Tudo isto é um símbolo, já que estamos perante literatura apocalíptica."
Na época, as doenças eram entendidas como fruto do demónio e do pecado, recorda ainda o autor de Jesus Cristo, História e Fé. E Fortea, critica, "mistura tudo, esquecendo que a Bíblia tem muita linguagem imagética".
O problema de fundo, para Carreira das Neves, é que estes temas "estão outra vez na ordem do dia na Igreja Católica". Basta viver-se num ambiente católico para que se ouçam relatos destes, diz.
O biblista já se viu confrontado com casos de pessoas alegadamente possessas que lhe trouxeram. "Dizem-nos que nós, os padres, podemos fazer qualquer coisa. Mas a maior parte dos casos eram psicoses graves, não tem nada a ver com diabos. Como padre e crente, devemos dialogar com psicólogos e psiquiatras, porque há coisas que nem a Igreja nem a ciência sabem."
José Antonio Fortea não se fica. Diz que frente à exegese e às posições dos investigadores bíblicos há "toda a tradição e prática constante" do catolicismo. "Ler todos os textos do Novo Testamento em chave simbólica seria fácil - a questão está em saber se os casos sucedem ou não. E, quando alguém me procura, se um psiquiatra o pode curar, que o faça. Não ganho dinheiro com isto, não vou perder tempo."
E afinal quem acredita em Deus tem que acreditar no demónio? E o inferno, não sendo um lugar físico, como dizia João Paulo II, não está na ordem do simbólico? E os exorcismos não se podem confundir com fórmulas mágicas, no uso de água benta, orações e símbolos?
O padre Fortea está convencido da importância do que faz e da sua integração numa visão do catolicismo: "Esta visão parece a mais simples e a mais comprovada pela realidade..."
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mimibruxadoamor · 10 months
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ORAÇÃO: AMARRAÇÃO NEGRA- INFALÍVEL
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wallan-ap · 1 year
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A liberdade da Ɇ₴₮ⱤɆⱠ₳ Đ₳ ₥₳₦Ⱨã... ♱𓁹
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tattooculiacan · 1 year
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Lucifer #ojo #ojolucifer👁️ #lucifer #lúcifer #lucifermorningstar #lucifertattoo #lucifertattoos #tattoolucifer #ojo #culican #culiacantattoo #culiacantattoos #tattoos #tattoosculiacan #tatuajes #tatuajesculiacansinaloa #culiacansinaloa citas y Cotizaciones Disponibles al 6674509547. (en Alto Bachigualato) https://www.instagram.com/p/CkjubG_MPZH/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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anatictantver · 2 years
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filipemduarte · 2 years
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As Cores de Lúcifer.
Nada sei das condições de meu nascimento, se é que posso chamar assim, somente sei da condição em que fui imposto ao ganhar consciência, e esta condição seria aquela que eu iria carregar pelo resto da minha vida: o fato de eu ser um monstro ou pior ainda, um demônio desconhecido aos olhos do homem comum.
Quando este monstro que vos fala nasceu, germinou desnudo, como se eu estivesse brotando da própria terra de onde acordei pela primeira vez. Meu corpo ainda estava dormente e eu sentia o frio, por mais que ainda não soubesse nomeá-lo. Eu de fato, tinha a aparência de um humanoide comum, porém, alguns traços físicos me diferenciavam daquele ser que chamas de homem. Eu tinha duas pernas, assim como um homem, porém, ao invés de pés com cinco dedos, eu tinha três garras e pernas reviradas. Assim como o ser humano, eu me beneficiava de um par de braços, porém, a minha mão esquerda era completamente deformada, pareciam-se quatro garras longas malfeitas que nunca se chegaram a desenvolver e pausaram no meio do processo, enquanto a minha mão direita apresentava uma clara assimetria em relação ao seu par, ela assimilava-se mais à uma mão humana, porém eu tinha apenas quatro dedos e eles eram tortos e em formato de ganchos. Assim como o homem comum, eu portava uma cabeça com nariz, olhos e boca, um par de orelhas mais pontudas do que o comum e um par de chifres tortuosos escondidos por um longo cabelo negro que caia aos meus ombros baixos. Meu tórax era afilado por conta das pernas longas e eu era muito magro e esguio desde sempre, minha pele sempre pálida e meus olhos escuros como a escuridão da noite ou as sombras da ingenuidade.
Quando acordei, fui consumido por uma torrente de sons muito altos para a minha recém nascida audição, pois chovia forte e torrencialmente. Foi neste momento que eu notei que a minha audição era extremamente aguçada, assim como meu tato, pois sentia cada gota de água escorrendo pelo meu corpo desprotegido. Era noite, mas eu conseguia enxergar a floresta onde eu acordei em tons de cinza, o que me fez acreditar que o mundo tivesse aquelas cores. Meu paladar também era apurado, quando abri a boca para deixar as gotas de água escorrerem para dentro de mim foi quando eu notei que sentia sede e fome, foi quando eu percebi muitas coisas sobre mim.
A priori, eu não era um ser totalmente irracional e sem nenhuma consciência previa, caso fosse, eu jamais conseguiria me desenvolver de forma tão rápida ou quem sabe, sobreviver às condições de onde foi arremessado. Eu não tinha o dom a linguagem ou da escrita humana, estes conceitos ainda eram muito desconhecidos naquela época, mas eu pensava de forma clara, desenvolvia ideias como um acadêmico e tinha muitas noções sobre as coisas naturais. Por exemplo, eu sabia que para saciar a minha sede eu precisava de água, mas não qualquer água, mas sim água doce e sabia que eu poderia encontrar tal água em riachos específicos, mas não sabia onde e nem tinha noção de onde estava, aquele território era alienígena para mim. Eu também tinha noção do que eram montanhas, animais, frio, fome, entre outras coisas. Mas devo afirmar que as filosofias e ciências humanas eram misteriosas para mim. Eu sabia controlar o meu corpo de forma adequada, por mais que tive certas dificuldades no começo, eu aprendi rápido à caminhar, usar minhas garras e a correr pela grama.
Assim que eu conquistei os processos de meu próprio corpo, notei que sentia frio e que precisava me aquecer, notei também que sentia fome e sede e que precisava satisfazer tais desejos naturais, caso contrário à minha vida única acabaria tão rápido e abruptamente como começou.
    Então, sem muitas escolhas, vaguei pela floresta enquanto analisava o terreno em que me encontrava. Era uma larga floresta de pinheiros extensos, e com a neblina da chuva forte eu não conseguia ver o fim das copas e nem sequer conseguia me orientar muito bem, me perdi algumas vezes antes da chuva se encerrar e o dia raiar definitivamente, foi quando eu vi a luz do sol e as cores pela primeira vez. O céu se transfigurou em um azul vivo e quente enquanto a grama escorria de um verde aquoso, os riachos tinham sua própria tonalidade anil e transparente enquanto as árvores se misturavam em vários tons de verde. Eu notei pela primeira vez o impacto das luzes e das sombras na paisagem, algo que eu não ainda sabia nomear ou sequer expressar. Ao observar com deleite a paisagem à minha frente, inconscientemente, minha mente quis expressar-se e minha garganta quis emitir um ruído por si própria, mas nada saiu, pois eu ainda não sabia o que era o ato de falar.
    Depois de me esbanjar por um mundo de cores, eu consegui encontrar um riacho para quebrar o meu ritmo sedento e com as minhas garras, eu percebi que era extremamente rápido e ágil, afugentei um esquilo em minhas mãos e o mordi, pois sabia que dali viria o meu alimento, mas quando o esquilo contorceu-se ao se encontrar com os meus caninos, quando o sangue escorreu e ele emitiu aquele som agudo de dor e desespero eu me assustei e larguei o animal, que rapidamente se disparou para o refúgio mais próximo entre alguns arbustos. Eu não entendi o motivo do desespero do animal e me sobressaltei com a reação do bicho. Eu passei a entender que talvez todas as criaturas deste mundo sintam dor e isso me fez cair em demasiada compaixão pelo bicho, que estava, agora, ferido. Eu segui o mínimo rastro de sangue e encontrei a pequena criatura se contorcendo debaixo do arbusto. O pequeno ser emitia sons agudos cada vez mais fracos e cada vez mais tristes e solitários. Morrera ali, sem ninguém para resguarda-lo além de mim. E eu o fiz sofrer em minhas mãos inocentes à busca de comida, fui carregado de culpa e tristeza que eu nunca senti antes, minhas mãos tremeram e lágrimas escorreram do meu rosto esguio e pálido, o que eu tinha feito com aquela pequena criatura que vagava pelo seu lar? Porém, a fome era grande e tinha chegado ao seu limite. Eu não queria comer a pequena criatura, senti extrema dor ao ser forçado a fazê-lo. E pior ainda, com o meu paladar aguçado, conseguia sentir cada mordida com extrema sensação. Devorei-o aos prantos em troca de saciar a minha fome. Eu me permiti aquele momento de tristeza, mas logo levantei para seguir em frente, por que dali em diante eu precisaria comer mais daquelas pequenas criaturas para sobreviver, mesmo me considerando um ser de extrema impureza, por retirar vidas daquele modo tão cruel e terrível, eu tive que aceitar aquele pecado a fim de sobreviver. Desta forma, carregando grilhões de culpa, eu segui em frente, caminhando pela mata úmida e agora iluminada pelo raiar do dia.
    Quando alcancei o final de um monte íngreme, o qual minhas patas tornaram extremamente fácil de escalar, eu vi largas construções se espalhando pelo horizonte, eram estruturas muito mais complexas do que aquelas árvores que tinha visto na floresta. Eu não sabia ainda, mas estava olhando para um pequeno vilarejo, um daqueles que não sequer se igualam à grandiosidade de uma capital ou metrópole, mas para mim aquele lugar era imenso e lindo, suas cores misturadas, aquela fumaça subindo ao céu escapando das construções, aqueles sons distantes e cheiros distintos, era tudo novo para mim, talvez, eu pudesse descobrir algo ali, naquele lugar estranho.
    Antes de alcançar os encalços do vilarejo eu presenciei uma cena única, um largo homem de barba cumprida e barriga grande, sentado em um banco de madeira à frente de uma tela de pintura, olhando para a paisagem e com o seu pincel ele traçava cores que pintavam a mesma paisagem úmida à sua frente. Curioso, eu me aproximei pela grama para observar o que ele fazia naquele quadro em branco, e me surpreendi quando vi, era um homem extremamente talentoso e aquilo era um simulacro perfeito da realidade, onde o homem misturava cores apenas com uma ferramenta e por meio de gestos complexos, ele copiava a realidade em um quadro em branco. Me apaixonei pelas cores, pela sutileza dos traços e pela beleza simplista da paisagem representada. Não era a realidade em seus completos detalhes, mas a expressão do que ela apresentava. Para mim, um demônio que não conseguia me expressar ou falar, aquilo resumia os sentimentos de mais cedo, aqueles que eu não conseguia colocar em palavras, aquele quadro me trazia a sensação de ver as cores pela primeira vez, um sentimento que não se igualava a nenhum outro.
    Perplexo pela obra, eu me aproximei mais um pouco, foi quando o homem conseguiu me escutar, ele virou-se para mim com um rosto levemente irritado por ter sido incomodado e levemente cansado, provavelmente por ter acordado cedo para pintar o quadro e o sono ainda carregava a ranzinza matutina. Porém, ao colocar os olhos para a minha forma hedionda, o homem grunhiu em medo e bateu contra o seu quadro em um sobressalto, fazendo manchar-se a tinta fresca, o homem se derrubou ao chão, em um instinto tolo, eu levantei levemente minha mão deformada por sentir pela da obra ter caído ao chão, mas o homem apenas gritou enquanto tentava rastejar para longe de mim. Entre várias palavras que na época eu não entendia, eu consegui apenas discernir uma que não parecia ter conexão com as outras, e uma que ele havia repetido muitas vezes antes de disparar para longe da minha presença na direção do vilarejo, e enquanto a sua forma corrida para baixo do monte eu ainda ouvia as suas pragas ecoando na minha cabeça enquanto a palavra reverberava em minha mente recém nascida. Colocando a mão nos meus lábios eu repeti a palavra e falhei diversas vezes antes de acertar, abaixando levemente eu peguei o quadro com o cuidado e olhei com pena para a obra manchada, ainda repetindo a primeira palavra que eu aprendi com aquele homem desconhecido e talentoso, capaz de dar vida àquela obra que extasiou:
    - ...Lúcifer... – eu repetia para mim mesmo, ele usara esta palavra enquanto apontava para mim, talvez aquele fosse o meu nome. Tolice de mim pensar isso hoje em dia, pois qualquer humano saberia que era apenas um adjetivo e não um nome próprio, mas eu não conhecia as nuances da gramática ainda, assumi que Lúcifer era o que eu era, e por não ter visto mais nenhum como eu, assumi que eu era o único Lúcifer à vagar por esta terra, e que as pessoas se aterrorizavam com a minha presença.
    Olhando para o quadro tristemente manchado, eu pensava: Talvez esta fosse a minha vocação para o mundo, o meu presente para a humanidade, destruir tudo que toco. Isso novamente me fez sentir-se horrível, por que eu era destinado à acabar com aquela beleza esplendida que não havia me dado nada além de êxtase? Eu não queria ser o portador de um pecado tão grande ou de um destino tão cruel. Por um momento eu cai em um poço escuro de melancolia onde me via apenas como uma criatura terrível marcada por um destino horripilante e maldito, se pudesse praguejar, eu o faria, mas nada fiz além de mergulhar nestes vales infindáveis onde fiquei por um tempo inominável.
    Eu só escapei do meu transe soturno quando consegui o som de passos, vozes, medo e ódio vindo na minha direção. Como a minha audição era aguçada, eu conseguia ouvi-los se aproximando à distância, e como conseguia sentir o perigo, eu fiz a escolha de correr para o bosque e me esconder entre as folhagens, carregando comigo aquele quadro que marcava a minha maldição sobre esta terra. Quando esperei para ver o que se aproximava, escondido entre as árvores, vi novamente aquele pintor que eu havia assustado, mas agora ele carregava algo em suas mãos, parecia um enorme cano de metal com um gatilho na ponta. Outros homens, todos vestidos iguais, embora fossem de feições diferentes, o acompanhavam, eles também carregavam canos semelhantes, mas eram menores e mais compactos. Enquanto o pintor utilizava a sua mão para gesticular e falar algo que eu não entendia, os homens uniformizados usavam as suas pequenas ferramentas para apontar à toda volta, confusos e com medo. Eu não sabia o que eram aquelas coisas que eles seguravam, mas se usavam com aquela intenção, provavelmente deveria ser algo perigoso, e me mantive escondido até os homens se recolherem. Eu vi o pintor irritado e depois, cansado, recolher as suas coisas quando os homens uniformizados foram embora. Ele olhou para os lados e percebeu que eu havia levado o quadro, praguejou algo que eu não entendi e começou a descer o monte para algum lugar no vilarejo. Curioso, eu me mantive distante, mas acompanhei-o.
    O pintor desceu o morro por um caminho esculpido pela mão humana, abriu um portão na cerca e quando ele alcançou o vilarejo eu notei que já escurecia, luzes artificiais me assustaram quando eu vi que as ruas precisavam ser iluminadas e percebi que talvez os seres humanos não tivessem as mesmas percepções que as minhas. Eles eram mais cuidadosos, mais engenhosos, mais frágeis, porém, mais abençoados e não carregavam a maldição da destruição consigo, mas sim a capacidade da criação, algo que eu admirava e ao mesmo tempo invejava.
    O pintor desceu a rua solitária e vazia, eu me cuidei para me manter escondido por enquanto, queria evitar a reação que tinha tido antes. Quando o pintor finalmente alcançou a soleira da sua porta e abriu para uma estrutura iluminada, uma pequena criatura saltou e soltou um grito de felicidade, pulando para abraçar o pintor enquanto o mesmo devolvia o afeto de forma carinhosa e sorria. Eu invejei aquele afeto, aquela felicidade que eu não conseguia sentir, mas ao mesmo tempo contemplei tal ação, com uma sensação de esperança em meu peito. Vi a pequena criatura, que também poderia ser obra daquele homem, segurar a mão do pintor e ambos entraram na construção e fecharam a porta atrás de si.
    Me esgueirei e olhei através da janela aquela vida acontecendo. Essa foi a minha rotina por dias, ou melhor, semanas e meses. A vida daquela garota e daquele homem. Eu percebi que não era tão dependente da comida e da água quanto os seres humanos, então eu só saía quando eu precisava, em todos os outros momentos, eu observava pelas janelas o desenrolar da vida. Naquele tempo, eu aprendia muitas coisas, pois o pintor, em um horário fixo, sempre ia até o quarto da garota e a ensinava muito sobre tudo. Ele a mostrava mapas, escritas e os dois se divertiam juntos, eram felizes um com o outro. Quando o pintor precisava ensinar à garota os dons da escrita e da linguagem, eu aproveitava para aprender junto. Eu meu ritmo, eu aprendi muito mais rápido e em questão de meses conseguia entender com grande facilidade a linguagem humana, as coisas passariam a se tornarem mais obvias e as minhas observações mais precisas.
    Naquele tempo, eu descobri que o homem se chamava Victor e que a pequena garota era a sua filha, ela se chamava Elizabeth. Descobri que o dom da criação humana requisitava tanto um homem quanto uma mulher, e que os seres humanos tinham um modo muito complexo de afeição chamada de casamento. E que Victor já fora casado, por alguma circunstância que não entendi completamente, a sua mulher, cujo nome eles evitam de falar, faleceu, deixando a pequena Elizabeth sob os cuidados de seu velho pai pintor, que vivia uma vida complicada pois ele precisava de dinheiro – uma forma dos seres humanos de trocarem objetos complexos e simples – e aparentemente, eles precisam desse dinheiro para comprarem comida de outros seres humanos dispostos a caçar por eles. O próprio Victor parecia velho e frágil demais para caçar e a pequena e inocente Elizabeth, jovem e inocente demais para tirar uma vida. Apesar de eu, jovem e inocente como ela ter sido capaz. O velho Victor pintava desde criança, e essa era a ocupação de sua vida, o que lhe trazia felicidade e paixão. Porém, ele não era reconhecido apesar de seus quadros serem uma obra prima. E não digo isso por era a única arte que eu conhecia, ao decorrer do tempo, aprendi sobre muitas artes junto da jovem Elizabeth e ao comparar, Victor não era apenas um pintor, mas um bom pintor. Porém, não havia ninguém interessado em comprar suas artes e ele não sabia como vende-las sozinho. Dessa forma, para sustentar Elizabeth ele era forçado a trabalhar durante o dia em uma fábrica, de onde ele sempre voltava sujo e infeliz. A única felicidade na vida de Victor era a sua jovem Elizabeth e os quadros que pintava. Porém, as vezes ele mesmo sacrificava o pouco dinheiro que ganhava para comprar comida para a sua filha ao invés de investir em material para pintura, mais um motivo para que ele não conseguisse pintar tantos quadros quanto gostaria.
    Triste pela sua situação, eu decidi que aquele homem precisava ser recompensado pelo que me ensinou. Mesmo sem saber que eu estava ali, como uma sombra solitária à espreita, ele me ensinara muito sobre o mundo e sobre a linguagem. Por causa dele eu era agora capaz de falar e entender os humanos, por mais que faltasse sutileza e o meu idioma era arrasado. Eu esperei a noite cair e esperei Victor e a sua filha adormecerem para sair dali. Eu adentrei na cidade e fui até a loja onde Victor costuma comprar o seu material de pintura. Foi fácil entrar pela janela, mas eu precisei quebra-la para conseguir passar, fazendo um barulho que me forçou a acelerar a minha ação, com medo dos humanos me encontrarem e terem uma terrível reação com a minha aparência. Com meus braços eu segurei o máximo de tintas, pincéis e quadros que eu pude, joguei-os pela janela em um saco que encontrei ao balcão e quando fui pular a janela para sair da loja, alguém desceu as escadas e viu a minha silhueta saltando, eu só consegui ouvir os gritos e uma voz feminina velha gritando “Parado aí mesmo!” enquanto corria para me alcançar, mas eu temia pelo vislumbre e pela minha descoberta. Eu até pensei em parar, mas isso faria com que os humanos soubessem de mim, isso me faria perder a minha vida com Victor e com a jovem Elizabeth, nada disso eu queria. Apressei-me, segurei o saco e corri dali, sem ser visto. Deixei tudo na frente da porta de Victor e esperei, sorrindo. Eu finalmente conseguira devolver um pouco do que ele me fornecera, e como eu sabia que a pintura era muito importante para o velho Victor, eu passei a noite me deleitando em imaginar a felicidade daquele homem ao encontrar o material para a sua felicidade na sua porta. Naquela noite, eu sonhei com Victor me agradecendo e me abraçando como fez com a jovem Elizabeth, Victor me convidava para entrar e me ensinava a ler, ele me ensinava a pintar aquela linda paisagem que eu ainda carregava comigo, o meu sonho terminou com Victor sorrindo e me chamando de filho.
O dia raiou e eu acordei no bosque onde havia dormido, me apressei alegre na esperança de ainda conseguir ver a primeira reação de Victor quando visse os materiais, mas para a minha surpresa algo estava acontecendo na frente a casa de Victor. Vários carros daquele grupo de homem uniformizados estavam parados na frente da casa, eu ouvi várias vozes misturadas e vi Victor sendo levado pelos homens uniformizados, ele gritava:
    - Eu não sei o que é isso! Eu estava dormindo, eu não roubei nada!
    - Nós iremos discutir isso na delegacia, Sr. Morgan – um dos homens uniformizados falou enquanto impedia uma jovem Elizabeth assustada e chorosa de se aproximar do seu pai, que era arrastado até um carro.
    Eu pensei em fazer algo, mas o que poderia eu fazer? Ao mesmo tempo que estava confuso, eu entendi a situação. Isso me fez mergulhar mais ainda em arrependimento e culpa, tinha deixado a felicidade e esperança me consumir, de fato, tinha esquecido da minha maldição.
    A pequena Elizabeth também foi levada pelos homens uniformizados, e lá estava eu, o pequeno Lúcifer amaldiçoado a destruir tudo que toca. Aquelas pessoas que eu almejava em conquistar foram destruídas por mim.
    Levando o quadro que eu roubei em minhas mãos, eu entrei na casa vazia dos Morgan. Era muito diferente estar lá dentro e não fora olhando por uma janela. Entrei no corredor que levava à sala de estar e à cozinha. Vi as portas que entravam para o quarto da pequena Elizabeth, do Victor e a oficina onde ele pintava os seus quadros. Era uma casa modesta e pequena, mas ainda sim arrumada. A pequena Elizabeth fazia faxina todos os dias quando não estudava ou brincava.
    Eu fui até a cozinha e sentei-me em uma das cadeiras da mesa, imaginei o Victor servindo os seus pratos quentes e complexos que jamais fui capaz de copiar. A pequena Elizabeth corria pela sala e Victor chamava-a para o desjejum, meu velho pintor olhava para mim com tenro carinho enquanto perguntava se eu queria suco.
    - ...Eu... Quero... Victor... – respondi, enquanto sorria, minha mão deformada alcançava o ar e o meu sorriso morreu quando eu vi aquela deformidade que eu era. Lembrava do meu reflexo e lembrava do rosto aterrorizado que eu fiz Victor passar.
    Eu me levantei e caminhei, ainda com o quadro por debaixo do braço, na direção do quarto da pequena Elizabeth e a imaginei brincando no chão. Ela sorria para mim, me chamando de “irmão Lúcifer” e perguntava se eu queria brincar com ela.
    - Do... que... você quer brincar... Elizabeth? – Eu falei, olhando para ela da mesma forma que Victor olhava para ela. A garota respondia que podia ser de qualquer coisa, desde que eu estivesse com ela, então, me sentei e peguei o tabuleiro de damas que ela tanto gostava, comecei a jogar.
    - Sua vez... – Eu falei, enquanto ela quebrava a cabeça. Claramente, eu a deixei ganhar e ela sorria com a vitória, perguntava se eu queria jogar mais uma vez.
    - Eu... Preciso ajudar o seu pai... Ele me chamou para ajudá-lo na oficina...
    Ela fez uma cara de emburrada e eu ri, confortei-a e ela me deu um abraço, falando que só iria largar se eu prometesse a ele que eu voltarei para brincar mais tarde.
    - Eu... Prometo...
    Com o quadro debaixo do braço, eu me levantei e os meus olhos foram em direção à janela fechada onde eu costumava observar as lições diárias, vi o meu reflexo hediondo pelo espelho e abaixei o rosto, não queria olhar para mim mesmo.
    Saí do quarto e fui até a oficina de Victor, onde hesitei na maçaneta. Mas abri, entrando no escritório empoeirado onde vários quadros estavam escondidos por baixo de panos sujos. Era um dos poucos lugares que eu só conseguia ver quando Victor deixava a porta aberta ou entreaberta. Eu raramente conseguia ter uma visão tão completa do local de amor do Victor até agora, então, me deleitei por horas em observar as pinturas que ele tinha, de uma à uma, cada uma era uma surpresa diferente quando tirava aquilo que as escondia.
Me apaixonei novamente pelas pinturas de Victor, uma a uma eu via paisagens, objetos e obras que me faziam chorar. Coloquei a velha pintura que carregava em seu devido lugar antes de tirar o último pano da pintura mais recente, mas ainda incompleta, de Victor. Eu quase conseguia ver Victor, com a sua roupa suja de tinta, suas mãos manchadas por vermelho, verde, azul, amarelo e laranja. Ele sorria para mim, me oferecendo o pincel e perguntando se eu queria tentar.
    - Eu... Só conseguiria estragar... Eu não sou bom para fazer... Coisas... – Eu disse, tristemente, encarando o quadro que eu havia destruído. Mas ele negou a minha afirmação e disse que se eu quisesse, poderia fazer diferente, uma lágrima escorreu do meu rosto e eu fui até o seu quadro mais recente, tirei o pano enquanto segurava um pincel velho e sujo de poeira. Quando vi a obra, meu rosto paralisou e minhas emoções falharam, eu chorei e as lágrimas felizes escorreram pelo meu rosto. Era um quadro meu, Victor estava pintando a mim. Minha forma hedionda estava sendo apreciada e simulada pelas mãos e de fato, aquele homem me amava. Devem ter sido horas que eu me exclamei em êxtase, as emoções eram tão fortes que minhas sensações me falharam, eu não ouvi ninguém se aproximando até uma voz quebrar a minha emoção subitamente.
    - Você está triste? – Uma jovial voz familiar me perguntava, a voz da pequena Elizabeth, quando eu me virei, eu que estava ajoelhado no chão, vi a garota e seus cabelos loiros longos descendo pela sua forma inocente. Em seu olhar, não havia qualquer medo sobre mim e nenhum ódio, fiquei paralisado por um tempo, assustado demais para responder ou fazer algo. A criança parecia hesitar ao ver um desconhecido tão estranho, mas não tinha corrido nem gritado, mas logo falou novamente – Por que você está chorando?
    Dessa vez, encontrei forças para responder:
   - Não... Não estou triste.
    - Então por que você está chorando? – Ela perguntou, notando a minha falta de agressividade apesar da minha aparência. Naquele momento, eu já tinha adotado hábitos mais humanos e estava coberto, meus pés estavam escondidos por botas mal colocadas e rasgadas, meu braço coberto por um sobretudo longo e luvas negras, apesar dos meus chifres estarem para fora.
    - Eu... Eu não sei... Mas eu não estou triste, Elizabeth... Não se preocupe... Estou feliz...
    - Como você sabe o meu nome? – Ela hesitou e eu engoli em seco, mas tentei sorrir.
    - Conheço o seu pai... Vim devolver algo para ele... E... Pedir desculpas...
    - Você fez algo de errado?
    - Fiz... O seu pai... Onde ele está?
    - Ele está lá fora conversando com o policial – Ela disse, agora entrando na oficina de vez e colocando suas pequenas mãos para trás – Que disse que houve um engano e que o ladrão não era ele, uma mulher disse que viu o ladrão de verdade.
    - Ladrão...? – Eu perguntei com a sincera dúvida.
    - Sim, alguém roubou a loja de pinturas – Elizabeth exclamou com certa tristeza – E tentou culpar o meu pai.
    - Não... Eu... – Eu me segurei, talvez esta fosse a minha chance e não podia estragar tudo – Talvez... Talvez o ladrão não quisesse fazer isso...
    - Acho que não, senhor – Ela disse – Meu pai disse que todos os ladrões são maus e que eles só querem prejudicar os outros. Que eles são egoístas.
    - São...?
    - Sim – Ela falou – Meu nome é Elizabeth, mas o senhor já sabe disso, e o seu, senhor?
    Eu hesitei quando a garota estendeu a mão, mas levemente coloquei a minha mão torta coberta com uma luva para cumprimenta-la, rapidamente removi-a com medo da garota perceber que eu não era humano como ela.
    - Eu... Meu nome...?
    - Sim, senhor. Qual é o seu nome?
    - ...É Lúcifer...
    - Lúcifer? Como o da história?
    - Que... Que história...? – Perguntei interessado.
    - Espera, eu vou buscar para te mostrar – Ela disse, correndo para fora do corredor e voltou com um livro em mãos, aberto em uma imagem de um anjo lindo de cabelos loiros e asas largas, pele branca e pose bela, não era nada como eu – Ele foi amaldiçoado, sabe? E foi jogado para fora do céu por Deus, por ter desobedecido, e virou isso.
    Ela virou a página e mostrou a foto de uma criatura horrenda com cascos de bode, chifres e pele deformada, reinando sobre a destruição, era como eu. Aquele de fato era eu? Será que eu já fora belo uma vez e desobedeci a Deus? Ele me castigara com essa maldição? Toquei o meu rosto com a minha mão enluvada e imaginei como seria ser belo e aceito. Lágrimas escorreram pelo meu rosto e Elizabeth olhou-me com preocupação, mas outra voz se aproximava sem a minha percepção, eu levantei com rapidez e vi Victor aparecendo na porta, com um sobressalto o homem gritou assustado, eu tentei falar algo, mas fui incapaz devido a surpresa. O meu sobretudo que escondia o meu braço deformado saltou-se para o lado com a minha rapidez, revelando a minha forma hedionda. Victor puxou Elizabeth que também olhava para mim assustada. Ela com medo e ele com ódio, Victor gritou algo que estava fora de foco para mim.
    Ele abraçou Elizabeth que começara a chorar e eu fui até o quadro que eu tinha destruído na intenção de mostrar para Victor. Talvez, se ele visse o quadro ele entenderia, que eu vim devolver e que eu não queria fazer nenhum mal.
    - O que é isso? – Victor exclamou – O que você quer comigo e com a minha filha, demônio!?
   - Eu... Vim lhe devolver... Isto... Victor... – Eu apanhei o quadro e mostrei. O homem olhou para mim com um nojo que me feriu mais do que jamais tinha ferido.
    - Não quero! Arraste para o inferno de onde veio! – Ele gritou – Ele está aqui! – Victor gritou para alguém que se aproximava e um homem uniformizado apareceu, apontando aquela arma para mim enquanto se colocava entre mim e a minha família.
    - Não se mova, coisa! – O policial gritava enquanto tremia – Ou eu atiro! Atiro de verdade!
    Era tudo um grande engano.
    - Eu... – Falei tentando mostrar o quadro para o policial, mas o homem se assustou, e eu posso culpa-lo? Ouvi o com do tiro que ensurdeceu meus ouvidos sensíveis, vi Elizabeth cobrindo as orelhas e Victor olhando para mim com desprezo, a bala atingiu meu ombro e jorrou sangue vermelho que pintou o quadro mais recente de Victor, uma segunda bala não me acertou, mas perfurou e rasgou o quadro que eu segurava, fazendo-o cair da minha mão, destruindo-o por completo, uma terceira bala alojou-se no meu peito e ali ficou, fazendo sangue escapar e banhar o chão, eu tropecei e me segurei onde pude, quadros atrás de mim se derrubaram.
    O policial tentou atirar mais, só que a arma travou. Eu senti cada dor e pela primeira vez, raiva. Aquele homem estava entre mim e a minha família e ele me fez sentir uma dor que jamais pude compreender, tomado pela maldição, eu alcancei o seu braço que segurava a arma e com um rápido puxão, quebrei seus dedos arremessei-o aos quadros, fazendo sua cabeça bater contra a parede e o homem derramar sangue sob o chão.
    Coberto de sangue, virei para Victor, mas vi apenas Elizabeth ao chão, chorando e gritando desesperada, Victor rapidamente apareceu virando o corredor e entrando na oficina, onde eu permanecia em pé no centro do quarto, manchado do meu próprio sangue. Victor carregava aquela grande arma que eu o vi carregando muito tempo atrás, com ódio em seu rosto, eu não consegui me defender, pois tudo que eu tinha feito era para protege-lo, como eu seria capaz de atacar o meu pai?
    - Fique longe da minha família, seu demônio! – Ele gritou antes de ensurdecer novamente os meus sentidos com o estampido alto e a dor extrema, só que era muito mais poderosa do que antes, eu fui arremessado contra os quadros, quebrando todos em meu caminho e misturado com um grito de susto de Elizabeth, eu gritei de dor extrema e chorava.
    - Por favor... Victor...
    - Como você sabe o meu nome, seu merda?
    - Eu... Observei vocês... Eu só queria ajudar... Eu queria te dar um presente...
    Cuspi sangue, meu peito estava à mostra e eu estava extremamente fraco, Victor olhou para mim com confusão e o seu ódio se intensificou.
    - Você? Foi você que me incriminou? E você estava me observando? E observando a minha filha, seu lunático! – Ele apontou novamente aquela arma para mim, eu só consegui chorar e implorar.
    - Por favor... Dói... Victor...
    Ele atirou novamente e eu gritei de extrema dor, não conseguia mais mexer os meus braços, minha visão tinha ficado embaçada e minhas pernas não se mexiam, a dor era tanta que tudo estremeceu e o meu coração estava mais fraco.
    - Victor... Por favor... Eu amo vocês...
    - Você é um louco! Um monstro! Vai pro inferno! Monstro!
    Quando ele atirou mais uma vez, eu já não sentia nada, minha visão não conseguia mais focar e tudo ficou silencioso. Eu não conseguia mais chorar ou gritar, nem sequer implorar. Tudo que o meu corpo pôde fazer era decair, se misturando com o sangue da minha carne, lágrimas escapavam do meu rosto. E mesmo após tudo ficar dormente e o meu corpo cessar de sentir a dor, ainda doía.
    Em meio a dor, tudo ficou vazio e eu quase conseguia sentir a chuva no meu corpo de novo, a minha última visão foram as cores do quadro em pedaços, aquela paisagem simulada linda, estragada pelo meu toque.
    Se eu nunca tivesse existido, talvez aquele quadro estivesse inteiro. E talvez aquelas cores pudessem ter sido salvas. Ah, e que cores lindas. Lindas demais para um monstro como eu. A única cor que eu mereci, no final de tudo, foi o vermelho.
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filmesbrazil · 1 year
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lizceleste · 2 years
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hgstuff · 2 years
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