Tumgik
#além dos muros
cartasparaviolet · 2 months
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Escrevia em carteiras, bares e muros. Encontro-me solitária a escrever, mais uma vez, no quarto escuro. A lua me convida a deixar a criatividade fluir, me apavora a possibilidade de me perder em devaneios criativos e ruir. Uma vez eu esqueci de retornar do mundo da imaginação, alcei voos, entreguei o comando para o coração. Que ilusão, que insensatez, me disseram. Contudo leram e releram aqueles patéticos versos. Minhas palavras não tocam almas, elas a acalmam. Sinto pena de quem não tem pena do próximo, pois solidariedade salva. A empatia é um aspecto marcante de minha personalidade, nos debatemos em confrontos lutando por espaço. Sinto pena de quem pensa que isso é tudo que restou. Pena de mim, pouco sobrou. Escrevia em papel, blogs e redes sociais. Escrevia considerando apenas fragmentos nada normais. A luz acendeu em minha casa essa noite, abri uma garrafa de vinho para celebrar. Que horas podemos começar? Um dos meus maiores defeitos é o perfeccionismo, dizem que eu pego muito pesado comigo, não minto, não mimo, apenas afirmo que posso ir além. Propicio palavras dóceis a quem convém. Para mim é ferro e fogo, assim que funciono, transbordo logo após tanto desgosto. Uma pétala de rosa sobrevoa esse espaço, sinto seu cheiro, me acalma seu abraço. A natureza me dá força para seguir em frente, “escreva, liberte-se, divirta-se, esteja contente”. O silêncio calou-se agora pouco, deixando-me em paz para refletir. O amargor do dia anterior ainda está em minha boca, assim como o peso do tempo assola meu frágil corpo. Nas entrelinhas, não há nada que essas míseras linhas não transmitam. Sinto muito se não compreende muito bem o que digo. Afirmo que o perfeccionismo é o meu maior defeito. Apago tudo, leio e releio. Desconexo, incoerente, frívolo, inconstante. Uma alma perturbada tentando seguir adiante. Um empurrão cósmico me ajuda a expressar toda minha paixão. Talvez se não fosse essa oportunidade, teria entrando em combustão. Há fogo em mim, há muita lenha para queimar. Saboreio o hoje com cheiro de primavera no ar. Sou vago, prolixo, perdido e largo, mas tenha a certeza de que nunca fui raso. Condenada ao martírio do sacrífico da autoexpressão, retendo a minha sensibilidade até a exaustão. Surpreendo-me com as pessoas ainda, confesso, todavia escolho acreditar na humanidade em exímias rimas e versos. A confusão prossegue, percebe? Digo tanto, digo nada, reflete. Inerte, paralisado, fora de órbita. Evocaram-me de volta, enquanto estava viajando metaforicamente por alguma orla. Ausenta-me a vontade, o propósito, no entanto, nunca falta alma em tudo que me proponho. Apanho, pois não passa de despropósito. Qual é o sentido desse negócio? Alguém esqueceu de me contar sobre a finalidade do jogo. Derrubo o tabuleiro, as peças, me lanço ao fogo. Revolto-me em meu mar de ressaca de meu litoral rochoso. Não sou anjo, nem mau. Descreio nessa crença de diabo, tal ser deve estar cansado de ser sempre acusado. O mau é a ausência do amor, não me sinto mais refém de religião, nem de ninguém. Encontrei o divino dentro de mim e estive buscando desenfreadamente do lado de fora. Por sorte ou por pena, a gente despertar do sono eterno alguma hora. Nessa terra tudo é miragem, que a imagem perfeita somente o Criador que a concebeu conheceu, quem sabe um dia, a perfeição seja você e eu.
@cartasparaviolet
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renjunplanet · 1 year
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| Vícios e Virtudes Lee Haechan
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haechan x reader; donghyuck meio vibe skatista vagabundo. tem palavrao, erros de digitacao, mencao de leve a drogas e mais de 1k de palavra (provavel q tenha pt2
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O laranja do céu beijava o cenário. O quentinho do sol ia embora aos poucos deixando apenas o fervilhar da euforia dos grupinhos de jovens e adolescentes que se encontravam na pracinha do bairro.
E você, como todas as tardes de sábado — quando tinha oportunidade —, estava lá. Radiante e sorridente.
Ah, se você soubesse como seu sorriso mexia com Lee Donghyuck, o garotinho problema da vizinhança, você pararia de sorrir na hora. Ou talvez não. Depende se você curte brincar com fogo.
Para falar a verdade, você e Donghyuck tinham mais química do que você gostaria de ter. A troca de olhares distantes, a maneira folgada de se aproximar da sua rodinha de conversa entre amigos — amigos quais dividia com ele —, aquele jeitinho galanteador que só ele sabe ter... Ah, se Mendeleev visse a tensão sexual entre vocês, ele teria de estudar e reinventar seu conhecimento sobre química todo do zero.
A leveza que a amizade de vocês fluía era de enlouquecer a cabeça.
Haechan, como os amigos o apelidaram, era todo revoltadinho. Usava e abusava de palavras chulas, trejeitos e sinais rudes e vivia se metendo em problemas, vezes por pichar muros com frases motivacionais que roubava no instagram, vezes por invadir construções da prefeitura para fumar e "encher o cu de cachaça". Segundo ele, era a maneira dele de se aventurar e aproveitar a juventude. Totalmente contrária do garoto maluco, preferia aproveitar a mocidade colecionando pores do sol, conversas e fofocas. Além, claro, de paqueras e sorrisos.
— Ei, princesa. 'Tá livre hoje? — Donghyuck se apoia na ponta do skate, encarando você.
Revirou os olhos como o de costume.
— Já te falei que eu não curto dar rolê de madrugada, bobão.
— Afe... Você é muito chata, boneca... — tombou a cabeça para trás, resmugão — Quando a gente vai poder ter a oportunidade de curtir que nem adoidado? Menina, você tem quase 20 anos. Tem que curtir a vida! — lhe cutucou o ombro, totalmente indignado.
— Ai, seu chato! — massageou a área que levou o cutucão forte e gratuito — Diferente de você, eu curto a vida de uma maneira mais light. Não preciso me embebedar ou me drogar 'pra curtir e ser feliz.
— É essa a imagem que tem de mim? De um cara que vive se drogando e causando problemas? — ele pergunta, com um tom amargo de chateação bem de leve.
— E não é essa imagem de rebeldia que você curte mostrar 'pros outros?
Donghyuck olha nos seus olhos e suspira pesado, desviando o olhar para longe.
— Porra... — solta uma risada irônica, empurrando a língua contra a bochecha; indignado — Valeu mesmo. — te encara mais uma vez e, com raiva e o skate surrado na mão, volta para a pista.
— Ei! — chama por ele, que apenas ignora — Haechan!
E assim postergou Donghyuck de sua presença. Sendo engolido pelas sombras das nuvens e o frio noite, presenciando a tardezinha dar adeus aos poucos.
E dando lugar para novos sentimentos.
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Se ficou na espera do rapaz voltar e lhe receber com um sorriso quentinho, muito se enganou. Estranhamente, o Lee se manteve distante por muito tempo. E, quando digo muito tempo, estou falando de exatos sete dias onde sua presença foi totalmente ignorada.
E lá estava mais uma vez, colecionando outro sábado na praça. Mas este dia em específico parecia uma peça fora do quebra-cabeça. As coisas soavam diferentes, o sol parecia frio em suas cores, o céu não estava vibrante e os sorrisos e conversas soltas pareciam melodias fora do tom.
Na verdade, se sentiu assim a semana inteira. Sentiu saudade do olhar agridoce, da risada suave. Sentiu saudade dos olhos tímidos e envergonhados quando você notava ele errando alguma manobra. Sentiu saudade do calor que emanava suas bochechas quando os braços do moreno se apoiava em seus ombros.
E por sentir tanto, se viu depois do grande encontro pulando a janela de seu quarto às onze horas. Se viu correndo por debaixo da luz da lua até o último quarteirão da rua principal, onde no final da estrada estava a construção abandonada que era sempre o ponto de encontro de Donghyuck e seus amigos.
Se viu parar de caminhar, perguntar ofegante para Mark onde estava Donghyuck e, com a resposta do canadense, se pôs a correr em direção a casa do coreano.
Como um clichê paralelo, lá estava você. Jogando pedrinhas no segundo andar da casa dos Lee, esperando alguma resposta do rapaz.
— Ei! Quem é o infeliz que tá jogando pedra aqui, caralho?! — gritou o pai do moreno, abrindo a janela com força.
Sorte sua que conseguiu se esconder no arbusto antes de ser notada.
— Que foi, pai? — da janela esquerda saiu o Lee mais novo, coçando os olhinhos e com o cabelo bagunçado.
— Tem algum filho da puta tacando pedra aqui. — respondeu o homem totalmente amargurado — Volta a dormir, filhão. — ele fecha a janela novamente.
Assim que o pai sai fora da cena, Donghyuck desliza o olhar pelo pátio, que coincidentemente paira sobre sua presença, fazendo você ser notada pelo garoto rebelde — que estava estranhamente atraente naquela noite.
Ele arregala os olhos e logo após franze o cenho, gesticulando com a boca um "Que porra você 'tá fazendo aqui, sua maluca?".
— Vim me desculpar... — disse num sussurro após se aproximar da parede da casa e falar "perto" da janela dele.
— Quê?
Você rola os olhos, puxa o celular do bolso e envia uma mensagem para ele.
minha boneca ❣️
eu vim me desculpar seu cagao
Olhou para o rapaz na janela que pegou o celular na mão para respondê-la.
donghyuck 103 b
mds sua cabeçyda estranha
isso eh horario pra aprecer na casa dos outros? ainda mais sozinha
porra nao tem medo do perigo nn? o bairro eh tranquilo mas n qr dizer q n existe gente ruim princesa
minha boneca ❣️
deixa de papo furado homi
desce aqui p nois conversa pfvr :(
ta frio
donghyuck 103 b
ta bom chata
perai entao que eu ja vou
Da janela você viu Donghyuck sair correndo, colocando uma calça todo desengolçado e vestindo o moletom que ele sempre usava. Desceu as escadas da casa correndo, aparecendo na frente dela ofegante e procurando por você. Te avistou e foi ao seu encontro e afobado lhe disse:
— Vem comigo. — te puxou pelo pulso e levou seu corpo junto do dele para outro lugar que não fosse perto da janela dos pais e de sua casa.
Andaram por uns 60 segundos até chegarem num banquinho perto da rua principal. Ficaram os dois parados de frente para o banco, de pé.
— Ta vamos logo com isso... — virou para você, apertando as têmporas estressado — O que cê teve na cabeça pra vim até minha casa, tacar pedra na janela dos meus pais e ainda me fazer sair do quentinho do meu quarto só pra conversar contigo?
— Eu tive remorso, ta legal? — disse direta — Eu fiquei mó mal porque tu se distanciou de mim... Sei que é exagero da minha parte, porque foi só sete dias, nada demais. Mas mesmo assim eu fiquei triste. — mordeu os lábios, pensando por um momento e logo após olhando novamente para os olhos amendoados do moreno — Porra, Hyuck... Eu só queria te pedir desculpas pela baboseira que eu falei, eu pensei que tu ia levar na boa como sempre, se eu soubesse que tu ia ficar chateado e parar de falar comigo eu teria pensado melhor antes de dizer aquilo...
O Lee pisca os olhos meio atônito com a confissão. Molhou os lábios e lhe respondeu.
— Po... Eu... — suspira tentando encontrar as palavras certas — Eu que devia me desculpar. — esfregou a nuca meio incerto e envergonhado — Eu não queria ter feito esse drama todo. Porra, eu sei que foi algo bobo e tal, mas me machucou, sabe? Eu... Eu não queria que você tivesse essa imagem ruim de mim. — coçou nariz e desviou o olhar para a estrada — Sei que eu sou todo errado, que eu curto coisas que 'cê não curte. Que eu faço coisas que 'cê não curte... Eu 'tô tentando melhorar esse lado meu, tentando ser alguém diferente. — voltou a te olhar, dessa vez carregando uma mágoa e uma tristeza estranha nas pupilas — Dói demais saber que eu te curto tanto e você não gosta de mim da mesma forma por erros meus...
— Como assim eu não gosto de você? Por que você acha isso?
— Cara, toda vez que eu te convido pra algo você me rejeita... Semana passada te convidei pra um rolê bacana e você me dispensou sem nem pensar...
— Donghyuck, você literalmente me convidou pra um dos seus rolês com os meninos mesmo sabendo que eu não vou nesses tipos de encontros. — levantou as sobrancelhas, dizendo o óbvio — Se você real quisesse sair comigo, tinha me convidado para dar uma voltinha, sentar na areia da praia e fazer um piquenique. Uns treco brega desse tipo.
— Po, gatinha... Agora tu me fez parecer um idiota.
— É porque você é idiota, Donghyuck.
— Porra...
Você ri.
Ah, maldito sorriso bonito. Pensou ele.
O rapaz não aguenta por muito tempo a carranca, sorri de leve para você. Totalmente derretido, porque ele sabia que mesmo no escuro sua risada estranha ainda brilhava para ele. Amava quando você estava assim, alegre. Amava quando você ria para ele e somente para ele.
— Do que você 'tá rindo, estranha? — tomba a cabeça para o lado, balançando fraquinho seu braço que ele ainda segurava.
— De você.
— Por eu ser um idiota?
— Não. — negou com a cabeça ainda sorrindo largo.
— Por que então?
— Porque você consegue ser tão bobo que é adorável. — confessa, vendo os olhinhos brilharem e as bochechas ficando vermelhinhas.
— Cala a boca...
E você ri mais uma vez.
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leticiablack · 3 months
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Eu quero ser vista
Em 2022 eu escrevi um texto e curiosamente mesmo após 2 anos, tudo que está escrito ainda é o meu desejo, eu quero ser vista, ou melhor, eu quero ser amada, mas quero ser por quem eu sou.
Eu quero ser vista. Vista por quem eu sou, como eu sou, o que sou. Eu quero ser tocada, e não somente pelo corpo. Eu quero ser amada, desejada, lembrada, admirada. Quero a beleza dos encontros onde tudo o que temos a oferecer somos nós, e para ser sincera, isso já é tanto... Eu sinto falta de rir sem pretexto, amar levemente, falar sobre os tantos porquês da vida e ser abraçada como quem não quer nada além de aproveitar aquele momento. Eu sinto falta da leveza dos dias, das mensagens ao acordar, de compartilhar um texto, uma música, uma imagem, como quem diz “lembrei de você”, “acho que você gostaria de ver” ou apenas com a vontade de saber o que penso sobre. Não é sobre sentir um frio na barriga, borboletas no estômago ou a ansiedade apertando o peito, é sobre a saudade de quando podia mergulhar no outro de forma tão natural como se já tivesse nascido sabendo nadar. Já não somos os mesmos há tanto tempo nos escondendo por detrás dos muros tudo o que nos torna quem somos: seres humanos. Eu quero transbordar, sem dosar, sem me preocupar, sem poupar nada. Eu quero ser sentida, ouvida, cuidada. Quero poder escutar que está tudo bem ser intensa demais e a tranquilidade de também poder ser vulnerável, sem medo do que possa parecer ou do que o outro vai achar. Quero sentir que meu amor é uma grande força, não minha maior fraqueza. Durante muito tempo tive medo de me mostrar ao mundo e reneguei a mim mesma meus próprios desejos e vontades em nome de qualquer coisa que me fizesse sentir algo. Mas hoje eu não quero nada que não faça verdadeiramente sentido e, para isso, não posso ser metade de mim por nada nem ninguém. Eu quero ser vista.
– Letícia Black
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meuemvoce · 4 months
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Bandeira branca
As vezes o nosso coração prega peças, coloca armadilhas que não podem ser solucionadas, além disso tem o dom de fazer enxergamos sentimentos onde não existem. Não teve uma data marcada ou um horário para surgir um sentimento novo, mas possivelmente deve ser minha carência querendo atenção ou posso estar sendo enganada pela minha cabeça que me faz sentir várias emoções ao mesmo tempo. Tenho a sensação constante de que o amor não vai com a minha cara e o medo resolveu se tornar o meu amigo imaginário quando resolvo gostar de alguém e a insegurança segura minha mão o tempo inteiro e quando menos percebo já estou me debulhando em lágrimas com a certeza de que tudo irá dar errado, infelizmente não conseguimos prever quem chegará em nossas vidas e quem partira o nosso coração, mas temos a certeza de que no final sempre acontece algo. Depois de me destruírem não existia a possibilidade de querer amar alguém novamente, meu peito era feito de buracos, caos e destruição, estava tentando erguer um muro entre um novo sentimento mais parece que tudo caiu ao chão no momento em que conheci você e na minha cabeça que é cheia demônios falantes eles não queriam te receber, não queriam pensar em você constantemente, mas então eles resolveram te receber e hoje me encontro pensando em você a cada minuto do meu dia, ás vezes só espero que a magoa aconteça e que meu coração fique em paz novamente mais ao mesmo tempo ele grita ‘’por favor, não me machuque. Quero que dê tudo certo entre nós’’, deixa de ser bobo órgão idiota, existe a possiblidade de sermos enganados pela carência! Seria tudo mais fácil se existisse um manual de instruções de como reconhecer a indiferença e alguém, porque parece que existem horas que queremos apenas fechar os olhos e nos arriscarmos e na mesma medida sair correndo de uma grande cilada, ir ou ficar? Seguir em frente ou voltar atrás? Se fechar para o amor ou permitir-se sentir algo novo? Não me fiz essas perguntas no exato momento em que encontrei você e queria tanto olhar nos seus olhos e saber o que eles me dizem, porque ao mesmo tempo que estamos perto parece tudo tão longe e o meu peito dói em saber que corremos o risco de nos machucar e que não existe sentimento. O nosso problema é que vivemos de acordo com as nossas intensidades e emoções e ao mesmo tempo que me entrego quero me esquivar porque tenho a experiencia de que a pancada da falta de reciprocidade é dolorosa e deixa marcas internas, mas me recuso em pensar que pode acontecer com você na minha vida e depois de tanto tempo me sinto humana porque estou sentindo coisas valiosas, mas tenho que seguir em frente caso a nossa história não venha acontecer, sei que irá doer como inferno, vai ser doloroso não ouvir sua voz, receber uma mensagem ou uma ligação porque um de nós irá desistir da guerra e levantará a bandeira branca em busca de paz e não de mais uma catástrofe emocional.
Elle Alber
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amorasepoemas · 6 months
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Mar de incertezas
Mergulho nas incertezas da vida mesmo sabendo que a única coisa que realmente sei é que a água é fria. Não sei a profundidade, o que encontrarei e nem sequer se conseguirei atingir a metade.
Baseio minha vida em tiros no escuro. Prefiro tentar do que sofrer da cruel dor-da-dúvida, imaginando o que pode existir além do muro. Posso até me machucar, mas cada cicatriz me traz uma lição que só se pode adquirir estando disposto a errar.
- Amora
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refeita · 2 years
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slow burning
Há certa sincronia entre estranhos que muito se conhecem, você deve ter notado. Não trocamos histórias de infância, quedas de bicicletas ou mencionamos apelidos vergonhosos, ainda assim consigo reconhecer em suas mãos o nervosismo. Leio seus traços invisíveis, escritos nessa língua que falamos sem palavras, já que não podemos cruzar os muros que subimos. Ironicamente, nossos muros têm janelas, nossas barreiras insistem em se chocar. Seu timbre açucarado encontra meu ouvido atento, seu corpo sincroniza as passadas do meu e à distância por vezes parecemos orbitar mutuamente. A gravidade fez bem seu trabalho em todos esses dias, nunca nos aproximamos o suficiente para colidir nossos planetas seguros. Nossas estrelas não se parecem, nossos mundos têm cores distintas, porém, nossos destinos são teimosos. A distância instiga suas palavras, a química transforma o banal em conteúdo de linhas como essa em minhas mãos, em minhas pálpebras, gravando você nos caminhos confusos das perguntas várias que quis te fazer. Quero fazer. Nos fazemos observados, capturados pelos olhos de outros que reconhecem o mesmo que já pensei tantas vezes ser fantasia minha. Quando nossos astros dançam, outros observam de longe o próximo passo a dar, nesses momentos a distância aumenta para mais que nossas iniciais no alfabeto. Percebo a furtividade e a não permanência de seus olhos castanhos pegos no pulo, o sumiço do riso de lado, o medo de que tenham visto para além das barreiras. Me permito não fugir, não arredar o pé de cada pequeno passo que dei para mais perto de sua confusão timidamente exposta. Esgueiro entre flertes e fatos, lábios e peles coradas, piadas e olhares. Te decorei desde os olhos arredondados aos ombros largos, da linha marcada do rosto aos cílios longos. A olho nu somos pares, notados por qualquer um que disponha de um pouco de atenção. Mãos unidas por um magnetismo, ainda que não se toquem. Queimando vagarosamente, em sigilo, enquanto a chama produz sombras que nos desenham de corpos colados. Sei que você recusa decifrar as sombras, eu escolho fingir que não as vi enquanto aceito a distância, alimentando em silêncio as nuances platônicas em te roubar momentos dia após dia. Contudo — apesar de tudo — somos estranhos que muito se conhecem. Nossos planetas ainda se relacionam num sistema similar, meus cometas podem ser vistos pelos seus olhos e suas luas pelos meus. Te vi chegar com os ombros tensos, os braços não tão soltos, o rosto desenhado em linhas mais firmes. Fala esquiva, dedos nervosos, olhos brilhantes escondidos. Seus olhos me disseram adeus antes da sua boca. Paramos de queimar.
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conjugames · 3 months
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Declaração de guerra.
Tenho estado cada vez mais irritadiça ultimamente, admito que nem de longe tenho sido uma companhia muito agradável. Até mesmo quando consigo conter minhas respostas ríspidas e curtas que vem na ponta da língua, é completamente inútil meus esforços em disfarçar minhas expressões. Estou cansada e além de tudo tenho tido dificuldade em digerir meus sentimentos atuais que se encontram em uma profusão extremamente confusa. Tenho apenas ignorado a maioria dos impasses que tenho tido comigo mesma, sendo assim minha maior inimiga atualmente. Eu observo os eventuais conflitos e em meio a tentativa de resolve-los eu por vezes desisto, me canso. Finjo que não existo, não entro em acordo comigo mesma. Queimei o tratado de versalhes, completamente inviável, de fato declarei guerra com meus conflitos internos. E com isso sei que muitas certezas irão cair assim como o muro de Berlim, o massacre será aparentemente caótico. Torço pela trégua, estou exausta e nada disso me ajuda.
segunda-feira, junho.
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littleson-oficial · 22 days
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"Pois que construam! Basta que uma raposa suba lá, para que esse muro de pedras desabe!" — Neemias 4.3
A história da reconstrução dos muros de Jerusalém liderada pelo profeta Neemias é um claro demonstrativo de que, quando estamos trabalhando em prol de um propósito que vai para além de nós mesmos, não devemos nos distrair com as provocações do inimigo. Se Neemias tivesse dado ouvidos para as ofensas de Sambalate e Tobias jamais teria finalizado aquela grande obra.
O mesmo se aplica a mim e a você, quanto menos energia gastarmos com aqueles que se levantam simplesmente para questionar o propósito pelo qual trabalhamos mais frutífero será o nosso trabalho. Quanto menos você se distrair com os convites daqueles que, no fundo, não querem o seu bem, melhor será o seu trabalho.
E isso se aplica a absolutamente tudo: atuação ministerial, projetos pessoais, trabalho, propósitos familiares, relacionamentos etc.
A grande verdade é que ninguém que está, de fato, contruindo tem tempo e disposição para ficar minando o propósito dos outros.
Enquanto Sambalate e Tobias escarneciam, os judeus levantavam os muros da cidade santa e, contra todas as expectativas, alcançaram seu objetivo.
Esqueça Sambalate e Tobias, confie no Leão de Judá. Maior é o que está em nós!
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tecontos · 1 year
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A vizinha Casada
By; Marcos
Olá me chamo Marcos e vim aqui  uma de minhas boas aventuras… tenho 27 anos, 1.87 de altura moreno claro , treino e tenho 87kg.
Quando me separei fui morar em um outro bairro e de vizinhos tinha apenas uma casal com um filho, ele carreteiro e ela do lar, ela tinha 39, loira, no máximo 1.65 de altura, nada tão vaidosa más cheia de charme.
Conversamos na porta de casa várias vezes os três na porta de casa no fim dos dias mais quentes.
Pegava ela sempre me observando porém sem muitos sinais, uma vez enquanto lavava a garagem, outras lavando o carro e quando estava em casa mais a vontade.
Certo dia cheguei de uma obra cansado sem camisa e ainda todo suado e,  poucos minutos depois ela me chamou no portão dizendo que seus arames de estender roupas haviam caído e seu marido havia viajado no dia não tendo quem arrumasse.
Sempre solicito peguei algumas ferramentas e segui em direção a casa dela na frente e ela atrás de mim, ao entrar portão a dentro, parei e me virei rapidamente e a peguei desprevenida mordendo o lábio inferior olhando minhas costas e esfregando sua buceta por cima do vestido que usava.
Ela se assustou e logo se recompôs tomando a frente e entrando em direção ao corredor da área de serviços, ao ver os arames caídos percebi que o parafuso havia apenas sido desrosqueado da bucha propositadamente… Notando isto resolvi entrar na brincadeira.
Ao invés de subir em uma cadeira preferi me esticar para novamente aparafusar e deixá-la me admirar um pouco sem camisa, suado apenas de calça jeans… passados alguns segundo me perguntou se não usava cueca… e dando risadas respondi que não a muito tempo… e ao silêncio ela retornou…
Antes de costas para ela me virei de frente "tentando puxar os arames para conseguir apertar o parafuso até o final", deixando que ela visse a minha barriga oblíquos e início da virilha, ela com um pé sobre o outro e mãos sobre a máquina apenas me observava até que ofereceu "ajuda " para puxar os arames enquanto eu apertava o parafuso.
Levemente do seu ombro até o antebraço tocaram da minha barriga até meu peito e eu a sugeri que não chegasse muito perto e estava bastante suado… ela bem de perto olhou do meu pescoço até minha barriga, engoliu os lábios e disse que o cheiro de homem suado era bom e que eu era vaidoso e que além de bem depilado cheirava também a desodorante… com um sorrisinho contido…
Abaixei meu rosto até o dela e disse;
- O Perigo não é meu suor não fulana… o perigo é o seu pq eu adoro comer uma casada…
Ela tornou a morder o lábio me olhando sem desviar o olhar e me respondeu…
- E essa casada aqui adora dar para outro…
Nos beijamos…minhas mãos mapeavam o corpo dela… as mãos dela descobriam o meu… ela se esfregava no meu corpo suado… fazia questão de expirar meu cheiro enquanto eu a tarava… levando as mãos em sua bunda por baixo do vestido não encontrei calcinha… o pau babou na hora…
A debrucei na máquina de lavar e esfregava minha cara em seu cuzinho e buceta… era branquinha , já estava babada, doce e suave, chupava o cuzinho dela e ela expremia gemidinhos, perguntava se ela gostava e um "muito" espremido saía e meio a gemidos contidos, com a língua passei guspe nele e desabotoei minha calça…
Ela virou seu rosto para ver o que tinha para ela kkkkkk, que cara de safada quando viu pulsando saltar para fora…Esfregava a cabeça do seu cuzinho até a xota enquanto perguntei;
- a quanto tempo queria ele
E ela responder ;
- "Desde sempre"...
Penetrem a e infelizmente tinha que dar leve estocadas para não fazer barulho pois estávamos ao pé do muro de divisa com o vizinho dela que era amigo do marido dela… foi uma metida rápida, suave e lenta, sentia a buceta dela pulsar gozando e eu fazia questão de pulsar meu pau todo dentro dela, era queente, apertada mas muuito molhada… tremia sempre que gozava… 
Ela pediu pra mim não gozar dentro, então a ajoelhei e segurei pelos cabelos, mamava, chupava e engolia sem segurar com as mãos.
- "goza na minha cara" disse ela 
Pensem em uma leitada… grossa… e muita… dos cabelos ao queixo tinha porra… ela sorria como se ganhasse um presente enquanto eu até tremia, deixou meu pau limpinho como antes e me agradeceu o favor, sai para ir embora sozinho sem vê-la…
Depois eu conto aqui o que o marido dela me mostrou no celular dele após chegar de viagem kkkkkkkkkkkk
Tive que cortar em partes pois não quis enviar o texto inteiro de uma vez.
Enviado ao Te Contos por Marcos
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petra-vicx · 4 months
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Me and The Devil
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Capítulo 4 - Você pode tentar fugir, mas não vai poder se esconder
"Parece que alguém aqui sabe pensar"
Ao ouvir aquele sussurro, senti meu corpo inteiro se arrepiar, eu não estava conseguindo acreditar que aquele filho da puta estava fazendo isso comigo...
Um nó se formou em minha garganta, tudo que passava pela minha cabeça, era a vontade de gritar, colocar todo meu ódio para fora, lembrando minha idiotice, de ter aceitado aquele acordo. A responsabilidade de como meu avô estava agora, era completamente minha, trazendo mais problemas para as pessoas que eu amo.  Nós fizemos o que pudemos para estabilizar nosso avô por hora, Choso pediu para eu ir para meu quarto, que ele iria cuidar dele naquela noite.
Pela noite, eu escutava batidas e arranhões no teto de madeira, sentia algo me observando. Certa hora, quando não tinha sol, comecei a escutar uma batida na porta do meu quarto. Ao abrir, me deparei com Sukuna, ele parecia animado em me ver, mas de uma forma que se via nos olhos dele que não era de uma felicidade genuína, era macabro. Não parecia real...
- Você está demorando demais garoto...
- O que você faz aqui? Como entrou? O que fez com meu irmão e meu avô??? - Ele continuou sorrindo, apoiado na porta, parecia não se abalar com nada, como um muro. Sukuna puxou meu rosto para perto, o suficiente para eu sentir sua respiração em mim, seus outros braços abraçavam o resto do meu corpo, sentindo o calor daquele corpo. Eu tentava me desvencilhar, para correr até meu irmão, mas minha força não fazia ele nem sequer me mexer um pouco.
- Vou repetir, moleque, você está demorando demais, eu não sou o ser mais paciente de todos, não achei que precisaria avisar isso para você - Ele lambeu minha bochecha - Sua pele tem um gosto bom...
Acordei assustado, minha cama e roupas estavam completamente encharcadas de suor, meu corpo doía e minha respiração estava acelerada, ele tinha realmente invadido meu sonho ou eu que tinha sonhado por conta própria? Independente de quem tinha feito isso, eu sabia exatamente onde deveria ir, antes que fosse tarde demais. Choso já tinha saído de casa para trabalhar, eu avisei ao meu avô que ia sair buscar o remédio dele e logo estaria de volta.
Minha respiração estava completamente desregulada pela corrida no meio da mata, o desnível do terreno dobrava meu trabalho no momento, além de ficar atento sobre as maldições que tinham na floresta.
- SUKUNA! CADÊ VOCÊ?! APAREÇA LOGO! - A voz desesperada falhava em certos momentos, dando espaço as minhas lágrimas mais desesperadas ainda. Lembrar do meu avô, naquele estado, pontos da sua pele estando podre, pensar na possibilidade de perdê-lo fazia eu perder o raciocínio.
- Sentiu minha falta, garoto? Veio até correndo me ver... - Ele me olhava com um sorriso debochado, que mais do que raiva, fazia meu estômago revirar e eu cair de joelhos no chão. Ele sabia porque eu estava ali e falava como se nada estivesse acontecendo.
- Cure ele! Como você ousa fazer isso? Ele não tem nada a ver com os meus problemas! - Peguei um pouco de lama jogando nele, mesmo sabendo que não teria efeito nenhum nele, eu precisava extravasar.
- Não sei do que está falando. Faz dois meses que não te vejo, não sou onisciente para saber de quem você está falando.
- Você sabe de quem estou falando, você sabe muito bem!
- Acho que está profundamente enganado, eu não sei, moleque. Me fale o que esta acontecendo - Deboche... o que recebo em troca de um pedido de ajuda... é deboche...
- Do meu avô! É do meu avô que estou falando! O homem que você adoeceu! - Dessa vez joguei uma pequena pedra, ele segurou ele, antes que o atingisse.
- Seu avô? Hummm, meu lembro de ter amaldiçoado um senhorzinho de uma vila aqui perto, é seu avô? Puxa vida, não fazia ideia que ele era seu avô! - Seu sorriso aumentava, fazendo meu sangue ferver mais e meus músculos enrijecerem.
- Noossaa, que pena você não saber disso, agora que já sabe, cure ele! - Nervoso, senti o mínimo de força voltar ao meu corpo, conseguindo ficar de pé novamente.
- Eu me recuso!
- O que? - Eu não acredito no que escutei aquilo certo, ele não faria isso comigo... - Eu já estou aqui, não estou? Faça o que quer que tenha feito com ele, parar. Eles são tudo que eu tenho, não faça isso...
- Garoto, você acha que pode mandar em algo? Já te falei, você não está em posição de escolher, porque achou que você tem a mínima autoridade de dar ordens?
Isso não estava acontecendo... não podia estar acontecendo... o que eu iria falar para Choso? Como eu ia encarar meu avô? Eu era o culpado de tudo, não tinha como suportar perder mais um membro da minha família...
Por um momento, lembrei da fragilidade de tudo em volta de mim, do meu pai, que meus irmão nunca quiseram me falar como morreu, da forma como todos pareciam pisar em ovos falando sobre minha mãe, acho que eles perceberam que eu era fraco demais, para lidar com a morte. Meu avô lidou com tudo sozinho, cuidando de 4 crianças, não podendo nem lidar com o luto direito, Choso tinha 13 anos, já tinha idade o suficiente para entender do que se tratava, mas meu avô tentou ao máximo suavizar tudo para ele.
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inutilidadeaflorada · 6 months
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Incidente ao Meio-dia
Uma máquina que fabrica ausências Para simular e precaver álibis O mistério infunda a língua estrangeira Movida a lábia e adagas de ouro
Um rio de prata que carrega nomes efêmeros Mas a memória era um deus arrebatador Fluxo descontínuo arma a engrenagem desse sonho Oscilando bandeiras, a perspectiva de máculas
Um drama para chamar de sobreposição Quatro vieses trazidos de jazigos Cercando o alívio com velas Interrompendo mantras com afronta
Descolonial, refletindo as promessas Cada uma dessas palavras são espelhos Que compensam tua frágil indisciplina Que sustentam ficção de amálgamas
O limite do ensaio é a mentira repetida Inúmeras vezes até contestar a verdade Vaidade teu rosto é uma cidade onde todos Estão por um fio de dançarem ao beijo do delito
Seria então, uma linha caminhando entre personas: Ovelhas, bacantes, opus deis e muro dos lamentos Rogando dois antagonistas a cada um desses personagens Sem levá-los para cama, mas induzindo-os para a tanatoscopia
Buscando a superfície, encontra-se a ganância Como o deus além de Deus, transitando Entre os homens, mudando suas verdades Colidindo com o espaço inabitável de seus receios
Referido à um fim de feira Onde cabeças de peixes giram teus olhos E mudam a prática que atuara o sujeito de liceu Sem cruzar o barro com ervas medicinais
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db-ltda · 5 months
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Meu trevo de quatro folhas... 🍀
Como uma chama viva que dança a dança do caos e alimenta-se ao consumir o que toca, sustentando-se da constante transformação, minha mente beligerante, logorreica e irrefreada se dispersa.
Me perco, me reencontro, me questiono, me revolto, me apaziguo, me provoco e me retruco.
Num piscar de olhos, tudo isso acontece dentro de mim e ninguém vê, ou então, pelo menos, não via, até que em meu franzir de sobrancelhas você notou minha alma.
Conjecturo teorias alhures incessantemente, sustentando-me quando encontro na dúvida outra dúvida sobre o porquê da dúvida existir.
Frenético e constantemente em movimento, meu cérebro que beira a psicose me prega tantas peças que já nem sei mais se sonho ou se estou acordado e apenas fantasiando.
Mas nas poucas vezes que te vi, algo diferente me ocorreu, algo que você diz que me pertence, mas que encontro num piscar de olhos estando ao teu lado.
Ora, vamos lá, não se acanhe, cada um tem seu próprio brilho e é certo que há muito mais de você em si mesma do que um outro pode encontrar de si em ti.
Tua pele morena, teu olhar penetrante, teu beijo doce, teu jeito meigo e ao mesmo tempo empoderado. Nada disso me pertence mais do que o que você permite que seja meu.
Te quero com saudade e te espero com anseio, porque em teu seio me acalmo quebrantando a inconstância em um lago calmo e tranquilo que nem de longe poderia experimentar estando sozinho.
Minha alma é que se acalma, minha mente só obedece, porque se os nossos encontros fossem meramente mentais, nada seria de nós além de mais uma vez dois desconhecidos que, ao se encontrarem, jamais puderam perceber em carne viva um ao outro.
Tenhamos nós nosso sossegado recanto no meio do mato, eu porque nele vejo a vida bem vivida e os aforismos que não encontro em nossa realidade banal e você, eu não sei.
Talvez um lugar para o grilo estridular, para o pássaro cantar e a água do rio correr sempre sem parar, onde a natureza viva em si mesma basta e as coisas são como devem ser.
Pense no sapateiro, ele estava lá quando era chegada a hora de ser quem ele é, as coisas são como devem ser, como quando é chegada a hora de em meu ser eu ser “teu” bem.
Em paz até que teus olhos deixem os meus e eu sinta saudade, em paz depois de andar perdido num mar de coisas torpes, quando um brilho reascendeu em minha alma sem que eu pudesse me preparar.
Se é preta que te diz, minha preta eu digo, pois se eu não parasse em todo esse frenesi para dedicar-te ao menos um único de meus escritos, então eu não teria aprendido nada com isso que é teu e não meu.
E se eu paro e escrevo pra ti, é porque não estou aí ao teu lado para ficar mais uma vez sem palavras.
Você me rouba disfarçadamente e eu gosto, você me atrai inesperadamente e eu me revolto por não tê-la aqui ao meu lado.
Sua astúcia é grande, mas suas perninhas são curtas, nem na ponta dos pés enxergaria por cima do muro. Você não percebeu, mas do lado de lá eu corri, corri e corri e só o que vi, foi que por mais que tenha partido de mim ter me deitado em silêncio à beira do lago, foi lembrando de você que eu o fiz.
Não sei até quando nem até onde você se permitirá ser você mesma entregue aos meus braços, mas pouco me importa na verdade, pois foi tendo emprestado-me essa perspectiva de que cada momento vivido é eterno, que por algum motivo eu passei a viver a eternidade com você sem pensar num depois.
Que será de nós dois, eu não sei, mas sou grato por até aqui podermos ter sido o que fomos e, se é verdade mesmo isso que tem me ensinado, sobre o que é vivido não poder ser apagado, então eu nunca mais esquecerei de você.
Como se a vida tivesse me dado a sorte que promete um trevo de quatro folhas, de repente, em doces momentos de paz meu mundo se enriqueceu.
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A casa que foi uma das inspirações do meu primeiro e único conto de puro suspense. Além do sonho onde eu varria cadáveres putrefatos que rolavam morro abaixo do cemitério da Solidão, o cemitério municipal de Bel, para compor o cenário, usei o morro da Solidão presente na minha infância, bem diferente do atual (acho), ruas de barro estreitas, cemitério sem muro, cruzes de covas rasas nas esquinas.
Teria que imaginar uma casa estravagante e diferente. Algo que chamasse a atenção numa cidade pobre. Lembrei dessa.
Além da arquitetura rara atualmente e exótica, ela sempre foi um mistério pra mim. Sempre fechada, em 50 anos, uma ou duas janelas abertas.
Depois que fui saber, era mais um "domicílio oficial" de uma tradicional família/política da cidade. Afinal, quando um cidadão enriquece e/ou político da Baixada se elege, a primeira coisa que faz, é se mudar pra Barra da Tijuca...
Como tantas outras casas da Rua do Meio em igual situação, que foram vendidas/alugadas/reformadas... Essa está (finalmente?) a venda. E com certeza o seu desing, que considero lindo e histórico, porém, cafona para maioria, deve desaparecer.
E vida que segue...
A CASA DAS VINTE JANELAS
A CASA DAS VINTE JANELAS https://a.co/d/6DbFFdO
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jochemji · 1 year
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001: observatório — Apenas os convidados estavam proibidos de sair, caso esse que foi fácil de conseguir os caprichos de seu patrão, quer dizer, era preciso fingir que era Adonis ali, então certos hábitos muito bem conhecido entre os nobres deveriam ser mantidos, só por isso que saía pela cidade para buscar os elementos desse capricho que Adonis tinha. Estava curioso sobre o planetário e tinha sorte da pequena folga que aquele castigo poderia lhe dar, sem risco algum de vida, Jochem poderia apenas ter algumas horas para ele. E estava distraído sobre o lugar, a projeção no teto, os textos preso na parede, além dos livros espalhados pelo lugar, estava com os olhos focados na direção do céu que aparecia em uma pequena abertura, todas as estrelas daquele início de noite, iniciando o fim do dia, quando bateu em cheio na pessoa que estava ali na sua frente e nem percebeu que estava ali, sendo rápido em segura-la para não cair. "Por Zeus, peço desculpas por isso... eu estava com a mente em outro lugar"
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002: lago e ala de treinamento — O cigarro queimava preso entre os seus lábios, pensativo sobre os últimos acontecimentos, sobre como estava exausto com tão pouca idade e como aquele serviço ainda ia matá-lo de tanto estresse, era o seu quarto cigarro em tão pouco tempo, mas sabia que o pouco tempo que teria ali deveria ser bem aproveitado, já que não teria outra oportunidade. A fumaça saía pela pequena fenda que abria entre seus lábios, um espaço minúsculo para que apenas ela fosse embora, mas que também coubesse todas as coisas que vinham a sua mente, mas que não podia ser expressadas devidamente. Os olhos acompanhavam o caminho do muro enorme, procurando algum sinal de preocupação, mas logo percebia que não fazia sentido, já que o perigo estava ali, misturado a eles. Os olhos voltaram para MUSE, ficando levemente intrigado sobre o que elu tentava fazer, caminhando tranquilamente até se aproximar um pouco mais, tempo o suficiente para que o seu cigarro ficasse minúsculo e já queimasse a ponta dos dedos, jogando-o no chão concretado e pisando nele antes de dizer. "Precisa de ajuda?"
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skullyheart · 26 days
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333am
it was 3:33, i woke up for a smoke. stayed up and begged god for some hope. prayed not to snowball myself to a slippery slope, just so i could cope with having my head filled with dope. more smoke to my lungs, kaya bless, marijuana. i see the contrast in layers, dare to doubt if you wanna. my veins below zero, i'm just keeping it a hunna. but my irises, firey as the rise of a phoenix in a hummer.
mighty done with the drama, it's sand in the hourglass. and the hours pass so fast that we're rawer at last. look at the spark that awakens from breathing in, in protest of lives taken, warplanes are briefly in. the fine line's seeming thin, for of course it has always been, even when the odds were in favor, worse now that they're working against. but we're all open to dance, the devil invites you not to repent. we're all chosen by chance, his fork moves demons to subdue thy pen.
and it's all like... living to sin, breathe in the fumes of the dead; walking the land of what's left to the rest; marching against not seeing further than that; partially knowing, but knowing that's facts. and it's all fucking crazy. we're all but cattle to the slaughter in the house of hades; we're all but battles of what's left since adolf wronged many; since back when the whip would hit a back during slavery. and i'm like, for fuck's sake, shit...
então, não morra de sede, vish... e nem vá com muita ao pote ou tu é peixe na rede, triste ver que eu precisei dar com a minha fuça no muro, tropeçar no escuro, pra saber que quem visse acharia que eu não tava lá assim tão puro. mas eu considero o ar que faltava ali como algo amargo e com juros, tipo o karma batendo e cobrando um certo seguro. mas não foi lá tão seguro, quase morri mais de uma, é foda. e me pergunto como o hoje estaria lá fora. embora tudo igual, algo faria falta na sobra, tipo um toque da arte faltando na obra.
claro que eu mudei, olha o mundo, mas vou equilibrar o chi. pro meu maior silêncio ser um leão ao rugir. quando eu cair, eu vou ressurgir como se já tivesse escrito. não vão se livrar de mim tão fácil, eu volto em espírito. permaneço uma música, e o meu eco, em lírico; gratidão por tornar o meu cinza tão vívido; xingamentos, eis o silêncio dos sínicos; em contraste à tristeza no olhar dos mímicos. e seria tão típico de mim não deixar de mencionar que além do horizonte sempre vem a ser o mar.
e à ti cabe o seu lugar, seja ao sol ou ao luar... cabe ao coração perdoar... fazer a prece ou recuar? yeshua...
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poesiaencontra · 1 year
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Caronte
A definição completa de se apaixonar pela pessoa errada? Talvez sim, talvez não, continuo andando na ponta dos pés em cima desse muro em que fiquei, uma divisão entre a realidade e o que se encontra além da realidade, ainda assim você não faz ideia do quanto que eu te amo, mas é algo justo acho que nem eu mesmo faço ideia, e arde demais no peito ter que sentir tanto e não poder compartilhar esse amor, os dias passam, passam as horas cantando temas com um piano desafinado, e aquele tempo que vejo se aproximando do fim mas que não tem muita influência na sua caminhada hoje, tavez um dia perceba ele se aproximar mas espero que não antes de ser tarde demais para podermos dar as mãos, ainda assim não acabou, ainda existem sonhos para serem realizados a cada segundo.
-Maylo Sandeiro
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