Tumgik
#desaguar
olhatu · 20 days
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Efêmera Eternidade
Não implore para ficar Aquilo que já decidiu partir Amar nunca é desperdício, Mas se perder e se apegar Em um mundo tão líquido, É desamor consigo mesmo
Não há explicação Para esse sentimento, Muito menos uma cartilha Tudo é escrito em sangue e choro, Com nossas próprias vivências
Grita em meus pensamentos: Por que desejo a eternidade Se nada há de permanecer? Somos tão efêmeros, Imagine só, o amor.
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merciapoeta · 1 month
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Tô tão quebrada que não consigo desmanchar em lágrimas.
A dor é intensa demais que não me sobram forças pra desaguar.
@merciapoeta me siga no insta <3
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xuxuzinhoo · 2 months
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I KISSED A GIRL AND I LIKED IT... I LIKED IT! - ROSÉ
AVISOS: Rose × leitora • conteúdo adulto • lésbico • fingering • dirty talk • traição • adultério • se for menor de idade não leia!!!
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A cara de deboche, a mesma cara de deboche que você tem aguentado há semanas.
Ela sabe que foi boa, que plantou uma sementinha na sua cabeça junto com um gostinho de "quero mais". Para explicar, tudo desandou quando Roseanne Park do curso de engenharia, te beijou na sala de projeções de maquete. Era para ser uma ajuda; você esperava que a loira te instruisse algumas coisas sobre a matéria que tanto te afligia afinal, ela parecia uma grande amiga.
"Amiga", a palavra usada para se referir a Rose. Usada para justificar ao seu namorado o motivo de conseguir uma aula particular com a melhor da turma. Depois do beijo, entre outras coisas, você percebeu que o motivo da benfeitoria de Rose tinha outras intenções.
Aqui estava você, estirada na parede da grande escada no meio de uma festa. Abandonada pelo seu namorado e brigada com ele pelo motivo do homem te deixar sozinha na festa para sair com os caras do time de basquete.
Roseane é descarada. De olho em você desde que pisou na festa com seu namoradinho sem graça.
- Vi que brigou com o seu namoradinho. Problemas no paraíso? - A loira se aproximou de ti assim que viu o homem ir embora .
-Que foi? Tá muda? O gatinho comeu sua língua? – Rosé insistiu, dando um passo mais perto, agora praticamente sussurrando no meu ouvido.
-O que eu e meu namorado fazemos não é da sua conta. - Repondi com a voz firme, cruzando os braços e tentado focar em qualquer outra coisa da festa que não fosse ela.
-Verdade. Tô pouco me importando com o seu namorado, mas tô interessada em tudo que envolve você. – Ela disse, dando um meio sorriso safado enquanto seus olhos percorriam meu rosto.
-Rosé, acho que você tá confundindo as coisas... - levantei os olhos a ela e tentei afastar a loira com as minhas mãos.
-Não, não, não. Você gostou, lembra? Ficou toda amuadinha pedindo para eu não parar. E se não fosse aquele idiota te buscando cedo... - A mão direita da loira segurou sua cintura com possessão. Rose deixou a garrafa de cerveja na pilastra da escada e passou a acariciar seu rosto, os dedos passeando pela sua boca.
-Tem mais de onde veio sabia? Posso te dar mais beijos, bem mais gostosos - disse ao roçar a boca na sua, só para provocar e te deixar louquinha. - E nem precisa ser na sua boquinha.
Se pergunta o que seu namorado pensava que estava fazendo, bom, acha que ele não vai se importar que você experimente os tais beijos que sua amiga Rose prometeu te dar nessa noite, inclusive e que beijos gostosos.
-Vai Park não para - ah mas nem se ela quisesse, suas coxas estavam presas com força quase suforcando Roseane. -Continua assim que eu tô pertinho.
Sentia que ia explodir de tesão, era tudo tão molhado e bagunçado. A boca gordinha sugava com graça o clitoris, de vez em quando mordiscava os grande lábios e os dedo magros entravam com cada vez mais rapidez conforme a lubrificação se tornava um rio a desaguar pela sua boceta, produzindo barulhos pornagraficos que mesmo com o som alto da festa qualquer um que passasse pela porta daquele banheiro poderia saber o que as duas estavam fazendo ali dentro.
Não demorou muito pra você sujar os dedos de mulher com seu mel, gozou com força suas pernas tremelicavam e depois de expelir todo seu prazer sentia as pontadas fortes na perna.
-Safada, gostou né bebê? acho que aquele corno nunca deve ter chupado essa tua xereca direito.
-Rosé... - disse com dificuldade, ainda tentando regular a respiração.
-Fala bebê .
-Eu quero fazer também. - disse timida, descendo a saia e ajeitando a roupa. Um sorriso cresceu no rosto da mulher, ela entendeu na hora mas não poderia perder a chance de te fazer falar.
-Quer fazer o que?
-ah, isso que você fez em mim. Você sabe...
-linda eu só vou saber se você falar claramente. - o sorriso sonso era pra te enlouquecer.
-Droga Rose, eu quero te chupar! - disse perdendo a estribeiras, parecendo mais adorável irritada para a garota.
Park riu achando graça. Era bom saber que era a primeira garota que você se entregou assim e ia ser a primeira a te ensinar como cair de boca. O ego da loira tava nas alturas, e ela já pretendia te levar pra casa para terminar essa brincadeira das duas, em um momento se perguntou o que seu namorado ia fazer quando ela finalmente conseguir colocar um anel no seu dedo. Esse era só o começo, Rose queria você e iria te ter; seu corpo, seu coração e tudo o que você poderia dar.
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be-phoenix · 4 months
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Se o sentido me falta, A falta faz sentido, Se sou considerado louco, É apenas o reflexo de amar, Se meus pensamentos se perdem, É por não pertencerem a mim, Sou uma desconstrução de mim, E me reconstruo no reflexo do teu olhar, Sem saber se meu toque bobo te faz sentido, A incerteza da vida que me tira do eixo, Queria só poder ter mais tempo de entender, Entender o que ninguém mais poderia, Compreender lágrimas que meu travesseiro absorve, Entender o sentido de não te querer distante, A poética da vida meio desengonçada mas vivida, Essa eterna busca de sentido na falta dele, Criatividade que só existe com um sentido definido, E que motivo melhor para dar sentido, Que não possa ser todo o amor que alguém pode dar, Quero te ver voar mais alto do que posso alcançar, E assim vou perdendo meu ar, Em todo o segundo que não posso te encontrar, A cada dia mais perdido em poder te acompanhar, Sem nem saber no que isso pode desaguar, Continuo amando sem ter palavras para expressar...
-BePhoenix-
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iamquelz · 1 month
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saiba ser brasa
sou épica
sou chuva
sol
furacão
nevada.
sei ser rio,
desaguar em altas altitudes
sei reter o que foi bom de viver
sei levar o que adoece
seguindo as curvas do meu percurso natural.
sei ser terra,
plantar sementes novas
demoradas no crescer
rega-las ansiosamente
cuidar, proteger,adubar.
me permito criar raízes
me espalhar em solo desconhecido
ser nutriente e ser nutrida.
sei ser fogo,
arder em gasolina de emoções
multiplicar recursos
dobrar de tamanho em cinco segundos
seja em dor, seja em amor.
as vezes, sou chama de difícil contenção.
brigo com quem tenta me conter
duplico de extensão
viro incêndio de revolta
alimentado por memórias vivas
passadas ou imaginadas
algumas,destinos sem visitação .
Todas essas forças naturais dentro de mim
me ensinam que
é chegada a hora .
podes sentir o mais intenso de todos os recursos
no início,
mas isso lhe custa também sentir no fim.
por isso
saiba ser brasa.
saiba apagar faíscas,
saiba esfriar, ressecar,escurecer.
saiba recolher e descartar as sobras.
e o principal:
saiba que o pó vezemquando visita
é inevitável
mas ele pode existir como lembrança,
não precisa ser lamentação.
-quelz
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minhasnuances · 8 months
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Não é que nada me abale hoje
É que não demonstro mais minhas vulnerabilidades tão facilmente quanto antes e me sinto mais forte, apesar dos danos.
Não é que eu não precise mais de ninguém
É que aprendi que eu também consigo ser meu ponto de acolhimento, cuidado e me amar acima de tudo.
Ser meu próprio refúgio para desaguar em lágrimas, sem medo e em paz.
Mas nem sempre é fácil colocar tudo em prática, na verdade nunca é, só há dias menos desafiadores que outros.
@cartasparaseufuturo
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yng-yo · 6 months
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perfume de saudade
mora em lugares inabitáveis
eu gosto de você
gosto do teu nome
do contorno das letras
na folha pálida vazia
do seu rio feito pra correr e desaguar
fora da cidade também é cinza
árvore mexendo
bichinho correndo
mas no coração não habita vida
cadê você?
no cheiro do cabelo
levo as flores mais bonitas
seus pés, seus dedos, sua boca
você é a minha cor preferida
tem dor na voz
no passo curto e seco
no jardim e no quarto inteiro
a saudade é senhora do esperar
e eu espero
sem deixar de viver
mas sem deixar de morrer
a cada quarto de hora
em casa sou um quarto de hóspedes
vejo o mar quebrar
e bater, e bater, e bater...
morri pra reviver de saudade
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f0xm00n · 6 months
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Não sou rio
Nem tampouco mar
Não sigo rotas
Não tenho leito
Sequer tenho eu lugar para desaguar.
Mas se ainda assim quiseres
Em alguma forma me enquadrar
Sou água de chuva
Desaguo em qualquer lugar
Desaguo no Rio
No campo
Na cidade
E se eu bem quiser desaguo também no mar.
Te mostro as goteiras da casa
Onde tem infiltração
O cheiro de terra molhada
Te trago inspiração
Em alguns leitos eu sou vida
Em outros destruição.
Não se encante
Eu não me demoro
Não se prenda
Que eu já me vou
Passei pra molhar a terra
Pra fazer brotar a flor
Se por um acaso eu ficar
Me torno um dissabor
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metalversos · 2 months
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me veem chorar
longe de ti
me sinto como um mar a desaguar
lágrimas e mais lágrimas
sátiras e mais sátiras
de mim, de ti
me deixe ir
te tocar o rosto
quem sabe não te tiro do fundo do poço?!
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afragmentada · 28 days
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Toquei o céu com o coração. Choveu. Poucas pessoas são capazes de tocar o céu com o coração. Abandonei os sapatos e corri no meio da chuva. Que se dane o preço daqueles sapatos. Quero tocar o chão descalço e me misturar com o todo. Nosso barulho estava sincronizado. O da chuva e o meu. Trovejamos no mesmo instante. Desaguávamos na mesma intensidade. Estava frio. Nublado. A chuva estava se misturando comigo. Ela era divina, eu pó. E ela me deixava desaguar no mesmo instante em que ela. Toquei o céu com o coração. Não sabia que isso lavaria minha alma. - Fragmentada
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olhatu · 5 months
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Desaguar 13
Uma performance de um possível eu
E a alegoria de sempre,
Projeções na minha cabeça
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merciapoeta · 9 days
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Se necessário,
irei desaguar a infinitude de oceanos , pra me curar de você.
@merciapoeta insta <3 / e-book em breve
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macsoul · 1 year
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as one
Para ser sincera me vejo profundamente querendo te manter em transe e devorar sua alma, porque minha alma está faminta pela tua, talvez o desejo mais profundo e crescente em mim seja me tornar uma só coisa com você, me perder por completo em seu ser e me descobrir algo novo e além como sinto que sou em verdade, e sei que com você posso realizar esse sonho e desaguar esse rio profundo e misterioso de desejo que corre em meu coração.
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myouth · 5 months
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Rios de planalto
Sinto que estou esvaziando, Depois de tanto aqui desaguar. Mas ainda há tanto sentimento, E eu fico observando tudo secar.
É uma dor finita que não se cumpre, Curso de lembranças alegres da gente. O pesar de ter se mostrado na cheia, Mas não cumprir o papel de afluente.
Um vazio percorre meu leito, Mudando todo o percurso à frente. Vou tentando aprender o caminho, Mas ainda vendo vida na nascente.
Esperei tanto por uma chuva, Que viesse isso tudo inundar. A gente junto é confluência, Mas estou à margem, a observar.
Douglas Pinheiro
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criador · 1 year
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delusional
Não queria transformar isso em uma questão existencial, quando é muito mais um sentimento expatriado. Mas eu não sei outra forma de colocar isso senão como essa dificuldade extemporânea de encontrar o meu lugar. É um sentimento que apesar de repentino, me acompanha boa parte do tempo. Tento me conectar com as coisas que gosto, desenvolver minhas paixões, procurando um lugar que me pareça propício ou ideal para fixar meus pés, esparramar-me no prado, tocar o chão e fincar minhas raízes. Mas parece que meu alicerce é feito de barro molhado, que eu afundo e com pouco tempo, a lama começa a subir por minhas pernas. Eu não sei se a vida é feita dessas vielas estranhas, de veredas cruzadas e caminhos tortos. Por que o caminho que sigo nunca é reto, mas também não tem subidas ou degraus; não é uma escalada. É mais como um pântano úmido, que me mantém deslizando, até o ponto em que se forma essa crosta de lodo sob minha pele. Eu prometi mudar a narrativa da minha vida há um tempo atrás, e fiz todos os esforços nesse sentido, mas a ciclicidade que me permeia sempre me traz de volta para lugares comuns, lugares onde eu não sou quase nada. Ou pelo menos não sou nada mais do que aquilo que já fui. Me ver assim no meio de uma frase de um texto que já foi escrito, de uma página que já foi rasgada, de uma rota que já foi traçada, é como reviver um tempo ruim que se foi, como desaguar num rio que já secou. Sinto meu espírito se perder num limbo físico, palpável, onde a alma não é capaz de evoluir, não tem fluidez. Ela apenas absorve a nuvem fumegante de poluição do ar quente que eu respiro. O mesmo ar que me mantém vivo, mas que está infestado e intoxicado pela ação direta do homem sobre aquilo que não é domínio do espírito. A natureza e o homem já foram uma coisa só, e não dois opostos que não podem coexistir. Mas se eu conheço bem a minha natureza, como encontro lugar para o meu corpo nessa cama de gato criada pelo tempo? O tempo, que nós costumamos enxergar como linear, mas que nos mostra que os pontos de intersecção ligam tudo que existe agora, neste momento, para um outro lugar no tempo, uma realidade distante onde várias coisas coexistem, assim como esse sentimento de inabilidade sobre o meu próprio destino. Afinal, o que eu quero hoje, se o que eu quis ontem não é o mesmo que irei querer amanhã? Como desvendar o mistério do manto calmo da morte acerca das escolhas que ainda não fiz? Se eu não consigo interligar a minha mente e o meu eu àquilo que eu sou e o que eu quero, qual o sentido de estar aqui? No meu peito não cabe a sina que é existir, pertencer, estar. Esses lugares que percorro não são meus, não são de ninguém. Mas essa sensação, esse sintoma que é fazer parte de algo, fazer parte do todo... Isso existe mesmo ou não passa de algo delusional?
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ertois · 8 months
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o que é, o que é…
um pontinho rosa na lagoa?
Os eventos descritos neste POV ocorreram durante a festa dos conselheiros, mas antes do drop e, consequentemente, antes do aparecimento da fenda no chão.
O ar úmido estava acre de vinho. Sob o eco da musica pop, a cachoeira cantava um chiado sereno. De dia, aquele lugar era como uma pintura, mas à noite sua beleza ficava etérea, quase mística. A água vertia escura demais para se ver as pedrinhas de seixo no fundo, e o arco-íris que pairava na superfície já não estava mais lá; dava lugar a um nevoento brilho perolado, que refletia as cores da lua.
Ertois ergueu a cabeça e olhou para o topo da cachoeira, de onde a água vinha em grosso filete. Antigamente, era lá de cima que tudo observava, o vento no rosto, as pernas cruzadas sobre uma grande rocha plana. Seu lugar favorito em todo o acampamento, à distância do bater das asas. Lugar esse que, agora, já não mais podia alcançar.
Estava farto de se sentir impotente. Estava, também, inebriado de vinho e repleto de adrenalina, graças ao show que tinha acabado de performar junto à Ungodly Hour. Seus pés, calçados em tênis de corrida, o levaram até a água fria sem que se desse o luxo de um segundo pensamento; Os dedos, calejados pelas cordas do contra-baixo, agarraram-se nas rochas lisas e musguentas e o içaram para cima, vencendo a gravidade através de tortuosa escalada, cada centímetro uma batalha. Só mais um pouco. Só mais… um pouco…
Mas a mão escorregou e ele despencou do alto.
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O ar lhe abandonou por completo junto ao impacto. Estava apenas na metade do caminho, para sua sorte, mas o bolsão d´agua era raso, pedregulhoso, e lhe marcou de roxo pelo corpo e de rubro por dentro dos lábios. Sangue coloriu a água turva quando Gabriel buscou por oxigênio e, sem forças para qualquer coisa além de boiar, até mesmo aquela fraca correnteza foi capaz de carregá-lo.
Teria ido desaguar no oceano, não fosse a barreira improvisada pelos líderes de chalé.
Comprimido contra a redinha de proteção numa posição nada confortável, soluço irrompeu de seu íntimo, as lágrimas salgadas se misturando à doçura das gotas que lhe encharcavam dos pés à cabeça. O céu nublado clareou num relâmpago, e o trovejar que seguiu foi como se o próprio Zeus gargalhasse de seu fracasso.
Gabriel urrou, o olhar fixo nas nuvens escuras.
Se tivesse um único desejo, um único desejo…
De olhos arregalados, como se lembrando de algo por demais importante, a destra tateou o bolso da bermuda e lá encontrou uma moeda dourada de dracma, aquela que Fahriye havia escondido por brincadeira debaixo de seu travesseiro, a última de suas economias. A fechou na mão. Tinha prometido que jamais, jamais, faria aos deuses outra oferenda. Mas era disso que eles gostavam, não era? Que se arrastassem, se contradissessem, que se humilhassem por eles. Fechando os olhos e pedindo em silêncio, Gabriel abriu a mão. O dracma foi levado pela correnteza da cachoeira dos desejos. Ele esperou.
Foi só então que percebeu que não podia mais ouvir a música. Havia se afastado demais da festa, ultrapassado a mágica contenção sonora, restando à audição somente o coaxar e farfalhar da natureza em harmonia ao barulho do riacho. Aquela rede de proteção à qual se via preso como um peixe o separava de uma nova queda d’água metros à frente, que seguiria descendo até chegar no Zéfiro e continuaria indefinidamente. Sua moeda deveria estar fazendo o mesmo caminho agora, brilhando entre os seixos opacos, para sempre perdida… E nada de seu desejo.
A dor do coração partido só perdia para a dor no restante do corpo, estava certo de que tinha quebrado uma costela. Tentou se erguer, e congelou quando sentiu na água uma presença anormal.
Os pelos de seu pescoço eriçaram num misto de frio e alerta, mas também de esperança. Teria algum deles lhe ouvido? Teria um dos deuses enfim lhe atendido?
— Deixou isso cair. — a voz era calma e feminina, meio curiosa. Ertois se virou e deu de cara, para além da rede, com uma náiade de longos cabelos verde-lima-desbotados, submersa até o busto. Em suas mãos, o dracma reluzia à lua.
O coração pareceu afundar no estômago. Voltou a olhar para o céu.
— Você não deveria ter pego. Era uma oferenda. — rebateu, o rosto endurecido.
Ela mordiscou a moeda, fazendo careta.
— Mas quem iria querer comer isso? É duro.
— Não é pra comer.
— E pra que é?
A náiade parecia completamente alheia ao conceito dos dracmas.
— Você troca isso pelas coisas que quer ter. É o que move o mundo. É poder. — Por uma fração de segundo, lembrou dos monges. Era desconcertante pensar que algo vital em seu cotidiano pudesse um dia ter sido irrelevante assim, como era para ela.
— Posso ficar?
— Não.
Ela trouxe o dracma contra o peito protetoramente. Analisava o semideus como se decidisse se seria ou não capaz de tomar a moeda de suas mãos. Havia a distância. Havia a rede...
— Vou ficar. Vou trocar com o Sr. D. por mais tampinhas.
Gabriel virou o rosto para ela, confusão estampada. Pra que, de todas as coisas no mundo, uma ninfa das cachoeiras ia querer tampinhas? A náiade não pareceu perceber, estava entretida demais com o novo achado, tentando dobrá-lo nos dedos.
Não era de sua conta, de qualquer jeito, e outra pergunta pareceu mais urgente.
— Sabe onde o Sr. D. está?
Ela parou o que fazia, seu semblante repentinamente triste. Chacoalhou a cabeça em negativa. Fios esverdeados balançaram a água.
— Faz tempo que ele não vem se banhar com a gente. As ninfas comentam, sabe? Ninguém o vê em dias. Também não ouviram o Vento do Oeste desde o incidente, e ele sempre sussurrava no riacho. Tem as melhores histórias! Já ouviu a que ele…
Era isso, Gabriel constatou cerrando os dentes quando seu interior deu outra pontada. Ia morrer ali, preso como um marisco, furtado por uma ninfa tagarela e com a imagem de Dionísio se banhando gravada na mente. Afundou a cabeça um pouco mais na água, na intenção de cobrir as orelhas, mas pasme! a voz dela se projetava perfeitamente pela água também.
— … dia em que a Céu Colorido choveu sem parar. O Vento disse que ela estava triste porque tinham tirado algo importante de um de seus filhos. Dei a ele uma das minhas peças para que a presenteasse, Coral e Kiara sempre ficam felizes quando ganham presentes, imaginei que ela também ficaria. — A ninfa abriu um sorriso que era, ao mesmo tempo, tímido e orgulhoso, visto por Gabriel somente porque algo naquela falação toda havia clicado, encaixado como quebra-cabeça. — O Vento elogiou muito meu trabalho.
— Quanto tempo faz isso?
— Não muito… — ela suspirou — Sinto falta das conversas.
Se o Vento do Oeste era Zéfiro, a Céu Colorido só podia ser...
A náiade não sabia, mas estava falando da história dele. Gabriel contraiu o cenho. O que mais impressionava em tudo aquilo não era a vastidão que a fofoca havia percorrido, mas sim o fato de Iris ter chorado. Por que chorara? Teria sido remorso? Teria sido pena?
Antes que a raiva pudesse crescer, foi interrompida por um forte acesso de tosse. Rubro manchou seu queixo novamente.
— Caramujos, está ferido?! Por que não falou antes? Shhh, agora não, né? Aqui, beba isso…
Nas mãos em concha da náiade, um brilho luminescente irradiava da água que lhe oferecia, e ele a engoliu com dificuldade por uma das frestas da rede. Deslizava em seu interior como gelo na brasa, cessando a ardência pouco a pouco.
Lembrava-se do mito vagamente. Sim… Náiades tinham capacidade de cura.
Gabriel apoiou-se na rede, enfim capaz de se erguer. Já não havia mais dor. Mirou os olhos da moça em gratidão, então desviou o olhar para o horizonte.
— Sou eu… — Confessou num sussurro, talvez porque achava que ela merecia um desfecho para sua fofoca depois da ajuda prestada, ou talvez porque ele precisasse conversar sobre aquilo. — O filho da “Céu Colorido” da sua história. Sou eu.
A criatura arregalou os olhos. Em seguida os estreitou, desconfiada.
— Ah, é? E o que tiraram de você?
Virou-se de costas e despiu-se da blusa preta de botão encharcada. Se aproximando dele num movimento hesitante, dedos membranosos enroscaram nos buracos da redinha. A náiade soltou um suspiro pesaroso ao vislumbre de seu corpo exposto.
Encrustadas nele como queimaduras havia duas cicatrizes, na altura das escápulas.
— Asas? — ela questionou, a voz falha.
Gabriel assentiu, os olhares dos espectadores ainda marcados na pele, a voz imponente de Zeus ainda fresca na memória. “Nenhuma divindade”, havia esbravejado, “NENHUMA divindade tem autorização para devolver as asas desse mortal!”
Entretanto voltou-se para a náiade com um movimento abrupto, o rosto iluminado, a mente cozinhando uma centelha de ideia.
Ela não era uma divindade.
— Conseguiria restaurá-las?
Era isso! Talvez seu desejo tivesse sim sido atendido. Talvez, o dracma fosse direcionado para ela esse tempo inteiro.
Seus olhos brilharam caleidoscópicos; o cabelo molhado ficou rosa-shock. Havia tanta expectativa pairando no ar, que até mesmo respirar se tornou difícil.
— Não posso fazer crescer suas asas, cabelo de beijador! — ela respondeu com uma risadinha leve, de quem achava aquilo óbvio. — Mas eu poderia colá-las, que nem colei suas feridas. Onde estão? — Olhou para os lados como se esperasse encontrá-las bem ali, ocultas numa das margens.
Gabriel murchou igual a um balão de posto.
— Eu não sei. No lixo de Zeus, talvez.
— Acho que não deve ter ficado lá por muito tempo, tem gente que faz coisas lindas com o que outros considerariam lixo. Aqui, é seu… — De dentro de seu cropped, ela revelou o dracma escondido e o estendeu para Gabriel. Foi só então que ele percebeu, assim, de pertinho: a blusa da náiade, que lembrava escamas prateadas, era na verdade feita de lacres de latinhas costurados uns nos outros. Ela era mesmo talentosa.
Ele sorriu e negou com a cabeça.
— Pode trocá-lo por suas asas. — ela insistiu, esperança vibrando nas palavras altruístas, inocentes. Gabriel engoliu em seco a vontade de argumentar que fora exatamente aquilo o que tentara fazer antes dela chegar; Somente cedeu e esticou a mão.
Onde estavam suas asas? Já havia se feito aquela pergunta antes, na época soando mais como autotortura. Só que, pensando pela ótica da náiade, o comércio mítico era mesmo cheio de correspondências duvidosas, algumas até para o submundo. Hermes podia não respondê-lo, mas Gabriel ainda possuía o contato de alguns colegas da agência de entregas; Se um par de asas douradas tivesse passado pelas mãos de um deles, certamente lembrariam.
E se não tivesse passado, ainda havia uma divindade a qual ligar. Uma que, estranhamente, parecia se importar ao ponto de chorar por ele.
Esfregou dedão enrugado nos vincos do dracma.
— Obrigado…
— Irina.
— Irina. — Assentiu, selando uma promessa implícita.
Podia não ter conseguido seu desejo, mas já não se sentia mais à deriva.
Agora, ele tinha um plano.
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@silencehq.
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