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#g&g:casocamille
opaitaon · 4 years
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                     𝐏𝐎𝐕 ;; 𝑇𝑟𝑜𝑢𝑏𝑙𝑒 𝑖𝑠 𝑎 𝑓𝑟𝑖𝑒𝑛𝑑, 𝐼 𝑘𝑛𝑜𝑤.
Sua chamada está sendo encaminhada para caixa de mensagem e estará sujeita a cobrança após o sinal. Sebastian soltou um baixo grunhido de irritação, não era do feitio de Guadalupe Chadwick não atender telefonemas de seus filhos. Não importava o quão ocupada Lupita estava, ela sempre dava um jeito de responder as ligações dos mesmos ou ao menos avisava que os ligaria depois. Havia algo de errado com a mulher e isso assustava Sebastian, pois ele sabia de algo que poderia despertar uma reação como aquela em sua mãe. Para piorar, mais cedo sua tia havia o ligado diretamente da Cidade do México para perguntar a ele o porque de sua mãe não aparecer na empresa há mais de uma semana. Seu irmão mais velho, Christopher, estava a substituindo, porém não se encontrava nada contente e não parecia muito preocupado com a mudança de estado da mãe. ❝ ━━ As mulheres são assim, Bash, mudam de humor o tempo todo. Semana passada a Caroline passou a semana sem falar direito comigo e depois me pediu desculpas porque estava de TPM. Mamãe logo vai estar bem de novo, deve estar com saudade do papai.❞  disse o Christopher despreocupado na ligação que partilhara com Sebastian. Por mais que Bash desejasse confiar nas palavras do mais velho, algo ainda dizia que aquela mudança não era comum.
Antes que pudesse continuar divagando em sua mente sobre a mudança de humor de Guadalupe, fora chamado para depor. Por alguns minutos havia se esquecido do inferno que estava presenciando novamente, estivera tão focado em contatar sua mãe que mente o levou para longe da delegacia de Cannes, lugar onde estava corporalmente. Levantou-se de contragosto e adentrou a sala, dentro da mesma havia uma mesma retangular larga, uma câmera e dois detetives o fitavam. Cena semelhante com a primeira experiência que teve meses antes. Cumprimentos educados ocorreram e Sebastian sentou-se na cadeira designada a si, sentia suas palmas úmidas de suor devido o nervoso que o tomara no momento. Um dos policiais logo ligou a câmera o depoimento se iniciou.
❝ ━━ Boa tarde, sr, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.❞  Sebastian mirou a câmera citada e pigarreou antes de iniciar sua falar. ❝ ━━ Sou Sebastian Javier Hayek Chadwick, tenho 19 anos, nasci dia 23 de julho de 2001 e estudo na L’Academie International François Truffaut.❞ respondeu buscando não soar rabugento, Geneviève e ele haviam conversado bastante para que ele se mantivesse calmo durante o depoimento. Ele deveria parece solicito, embora não quisesse estar ali ou ajudar minimamente naquela investigação.
A mulher, Lucille, assentiu e colocou um pedaço de papel sobre a mesma. ❝ ━━ Obrigada. Agora.. ❞ ela arrastou o papel para frente fazendo com que a imagem impressa se tornasse visível para Bash. A imagem de Camille Martin ocupava a fotografia, Sebastian não pode deixar de compará-la com Eloise naquele momento. De fato eram parecidas. ❝ ━━ Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?❞ não havia motivos para mentiras, Sebastian logo respondeu. ❝ ━━ Não, não sei de nada diferente do que vocês já sabem. Fiquei sabendo que ela desapareceu tem um tempinho, irmã mais nova do Cédric lá da sala. Também nunca vi ela pela cidade.❞ não pensou muito na resposta ou no tom usado, tudo fora bastante natural. ❝ ━━ “Cédric lá da sala”? Foi por ele que ficou sabendo do desaparecimento?❞  indagou novamente a policial. O rapaz balançou a cabeça em sinal positivo e franziu o cenho, eles não sabiam que Camille tinha um irmão e que ele estudava em Truffaut? ❝ ━━ Sim?! Cédric Martin, irmão da Camille. Ele estuda lá na sala tem um tempinho, entrou um pouco depois do início do ano letivo. Ele não me disse nada, não somos amigos, mas todo mundo ficou comentando sobre isso no colégio.❞ o rapaz completou não entendo o caminho que aquilo parecia tomar, certamente lembrar-se-ia daquilo e contaria para Viviane mais tarde.
❝ ━━ Como aluno da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?❞  Não, pensou em responder de imediato. Era destinada apenas para quem o comitê achava de bom tom e isso não incluía os recém-transferidos de Notre Dame. Ás vezes Sebastian pensava o que teria acontecido de diferente naquela noite se apenas tivessem dado aos outros os benditos dos convites, talvez Eloise não tivesse caído do penhasco e Camille... Bom, ele não sabia o que pensar sobre Camille. ❝ ━━ Sim. Eu faço parte do Comitê que organizou essa festa e ela sempre é destinada para todos os estudantes, eu diria exclusiva aos estudantes. Não chamamos ninguém de fora e não é comum que chamem.❞ de fato ele não sabia como Camille havia chego a Ilha. Fazia sentido que os titãs tivessem descoberto sobre a festa e encontrado uma maneira de chegar até a ilha, a maioria deles tinha dinheiro sobrando para uma viagem de barco de último hora. Já Camille, pelo pouco que Sebastian sabia sobre a mesma, vinha de uma família humilde e dificilmente conseguiria entrar de penetra sem ter sido convidada por absolutamente ninguém.  ❝ ━━ Então, apenas confirmando, sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, o senhor estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?❞  perguntas repetitivas tendiam a irritar Bash, porém ele lembrou-se das palavras de Geneviève e assentiu um tanto quanto cansado. ❝ ━━ Eu estava na festa. É um pouco difícil citar o nome de todo mundo, posso acabar esquecendo de alguém, mas garanto que a turma toda estava lá. Vocês provavelmente já tem a lista da minha turma e foram esses que vi na festa. Tirando Cédric, Ludovic e Minerva, é claro. Eles entraram no colégio depois e consequentemente não foram convidados. Não vi Camille em momento algum, eu estava muito focado nas minhas próprias coisas, mas me lembraria se visse alguém estranho.❞ novamente não possuía razões para mentir completamente, ele de fato não acreditava que havia visto Camille naquela noite. Tudo bem que havia bebido um pouco e estava irado a maior parte do tempo, mas um rosto estranho o chamaria a atenção. ❝ ━━ Onde o sr estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco? ❞ Sebastian precisa se concentrar ao máximo para repetir tudo que havia combinado com os amigos, palavra por palavra sem hesitar. Precisava ser racional, o contrário da grande bola de passionalidade que sabia ser. ❝ ━━ Eu não sei exatamente a hora que sai da festa, mas sei que foi bem antes disso. Eu tinha brigado bastante com a minha ex-namorada, Geneviève, naquela noite. Nós acabamos terminando e eu ‘tava cansado de brigar, sabe? Passei a festa inteira chateado, tentando ir atrás dela para nos acertamos, mas não adiantou muito. Eu percebi que ‘tava irritando ela ainda mais e acabando com a noite dos meus amigos, Benjamin e Romain, também. Daí eu decidi ir embora, eu não ‘tava exatamente sóbrio, por isso não lembro a hora que começamos a ir embora. Só sei que depois a Geneviève me ligou, disse que o Jun estava machucado e pediu minha ajuda. Foi a única vez que vi as horas no meu celular, eram umas onze e vinte mais ou menos. Benjamin e Romain voltaram comigo, nós ajudamos a Geneviève com o Jun e fomos todos ‘pro hospital.❞ narrou sua versão dos fatos, omitindo e trocando ordem de parte dos acontecimentos daquela noite. Seu tom havia sido convincente, havia sido capaz de mascarar todo nervoso que sentia. ❝ ━━  Sabe como Jun Ho se machucou?❞ a pergunta fez com que Sebastian engolisse seco, ele deu de ombros buscando disfarçar o desconforto. ❝ ━━ Ele caiu na trilha. O Jun não é exatamente o cara mais atlético que eu conheço, ele é meio magrela e sempre foi desajeitado. ‘Tava todo mundo bebendo naquela noite, certeza que ele só agiu como um bêbado.❞ esperava que a resposta tivesse sido boa o suficiente para encerrar aquela parte da conversa e não levantar suspeitas à respeito do amigo. Pela contentamento dos polícias, havia obtido êxito.  ❝ ━━ O sr esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?❞  Sebastian espremeu os lábios enquanto uma falsa expressão reflexiva tomou sua face, estava replicando seu comportamento quando mentia para Guadalupe. ❝ ━━ Não, como eu já falei, fui embora com minha ex-namorada, o irmão dela e meus melhores amigos. Não subi em lugar nenhum, não tava com cabeça ‘pra esse tipo de coisa. Eu ‘tava preocupado com meu relacionamento, não fiquei prestando atenção nas conversas ou brigas alheias. Não vi nada não.❞ novamente sua resposta pareceu contentar os policiais e Sebastian podia sentir o desconforto em seu estômago diminuir, logo aquilo teria acabado.
❝ ━━ O sr saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?❞  que tipo de pergunta era aquela? Sebastian questionava em sua mente. O que esperavam que ele dissesse? Se nem a própria polícia fazia ideia da existência da “doppelgänger”¹ de Eloise, porque eles deveriam saber? Conte até dez, sempre conte até dez. A doce voz de sua mãe ecoou em sua cabeça o fazendo acalmar seus ânimos. Ele deu de ombros e permaneceu em silêncio por alguns segundos. ❝ ━━ Não sei, provavelmente não encontraram a Eloise e ligaram os pontos. Sei lá, elas duas se parecem e ninguém sabia da existência da outra. Deve ter sido por isso, vocês devem saber melhor que eu.❞  Não conseguiu conter-se e uma alfinetada escapou por seus lábios. ❝ ━━ Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado/a.❞  o homem disse por último e Bash sentiu como se mais de cem quilos fossem retirados de suas costas. Ele despediu-se educadamente dos policiais e caminhou para fora da delegacia em passos ligeiros. Esperava nunca mais ter de pisar naquele lugar, mas parte de sua intuição dizia que o surgimento de Camille iria complicar ainda mais as coisas, se é que aquilo era possível. Trouble is a friend², pensou. Ao chegar ao lado de fora, retornou a ligar para Guadalupe e novamente não fora atendido. Havia apenas uma coisa que deveria fazer naquele momento: ir a Paris. 
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carmengrace · 4 years
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                                          𝐂𝐀𝐒𝐎 𝐂𝐀𝐌𝐈𝐋𝐋𝐄                                          interrogatório pt. ii
onde: delegacia de cannes
quando: 02 de março de 2021
Carmen-Grace havia acabado de desligar o celular quando adentrou a delegacia. Estivera numa longa e terrível conversa com a pessoa mais assustadora que conhecia, sua mãe. Catarina fora bastante clara da postura que esperava da filha mais velha. Não que isso fosse novidade, é claro. Contudo, naquela situação, onde CG precisaria mentir e distorcer diversos acontecimentos, a voz de sua mãe se tornava imensamente mais perturbadora. Seus passos eram curtos e até hesitantes, apesar da face amigável e tranquila de sempre. Os dois detetives já a esperavam quando entrou na sala e se sentou, se perguntando se conseguiria passar por aquilo uma segunda vez.
“Boa tarde, srta. Rivera, obrigada por comparecer.” Carmen usualmente teria murmurado, no mínimo, um ‘boa tarde’ de volta, mas o nó na garganta a impediu, limitando-se apenas a sorrir com educação para a dupla de detetives e assentir. “Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso.” Novamente, CG sorriu de modo cordial. Era basicamente treinada a fazer aquilo, sorrir, ser simpática, graciosa e solícita. “Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.”
Ajeitando-se na cadeira, sentia o desconforto em estar ali aumentar a cada segundo. Seguindo as orientações, as orbes carameladas se focaram contra a lente da câmera e o fato de que parecia, de certo modo, que a mesma lhe encarava de volta, era meio assustador. Deu um leve beliscão contra o próprio braço a fim de se concentrar no que fazia. De leve chacoalhou a cabeça e pigarreou, exibindo uma expressão mais tranquila. “Meu nome é Carmen-Grace Rivera, tenho dezenove anos. Nasci no dia 25 de Agosto de 2001. Sou estudante e estou cursando o último ano na François Truffaut.”
“Obrigada, srta. Rivera. Agora...” Alguns segundos torturantes de silêncio dominaram a sala, mas Carmen seguiu com os olhos fixos demais na câmera, como se uma mera olhada para o lado fosse fazer tudo desmoronar. “Essa é Camille Martin, 18 anos.” Uma foto foi colocada perto de seu campo de visão, sentindo seu estômago embrulhar assim que focou a atenção no rosto de Camille. Ela se parecia tanto com Eloise. “Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?”
"Eu...” Olhar para a foto, que a fazia enxergar muito mais Eloise ali do que Camille, lhe deu um gigante nó no estômago dessa vez. O queixo tremeu e a voz falhou. Carmen se detestou por falhar daquela maneira, quase ouvindo a voz de sua mãe no dia anterior no telefone, curta e grossa como sempre, dizendo que era bom que a filha não lhe trouxesse mais problemas após aquele interrogatório. Mais um beliscão veio e CG mudou os olhos apenas para a câmera outra vez. “Não consigo pensar em qualquer informação porque não conheci Camille. Nunca a vi antes e eu tendo a ser muito boa com...” O queixo tremeu outra vez ao cometer o erro de olhar de soslaio para a maldita foto. Um terceiro beliscão. Foco, Carmen-Grace, foco. “Rostos. Sou muito boa com rostos. Nunca esqueço um.” Isso também poderia ser entendido como um terrível defeito ao invés de uma admirável qualidade. “E posso afirmar que a primeira vez que vi Camille foi no anúncio recente de sua morte nos jornais.”
Conforme Lucille assentia e guardava a foto de Camille novamente, Bernard seguiu com as perguntas. “Como aluna da François Truffaut, a srta sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?”
“Não, foi sempre uma festa muito privada.” Disse com veemência. “Tanto quanto aos convidados quanto ao local e tudo mais. Não faço nem ideia de como a Camille conseguiu entrar lá... bem, tirando o óbvio, que seria a semelhança dela com a Eloise. Talvez dessa maneira fosse possível.” Seu tom confiante foi baixando conforme a frase acabava e esperou não ter sido óbvia demais.
“Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, a srta estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?”
“Eu estava lá, sim. Fui com o meu irmão gêmeo e minha amiga Nöelle Houssière. Também interagi com Geneviève D’Harcourt, Marie Hypatie, minhas amigas também. Haviam várias outras pessoas que não vou saber dizer exatamente os nomes. Não me lembro de ter visto Camille. E nem me lembro de Eloise direito, para ser sincera.” Se lembrava da queda, sim. Bem até demais, talvez. Mas fora esse específico e traumático momento, mal se recordava de ter visto Eloise circulando pela festa. Muito provavelmente porque a evitava sempre a qualquer custo. “Nós não éramos próximas.” Foi ríspida e seu tom pareceu acender algo a seus interrogadores. Merda.
“A srta e ela possuíam uma relação ruim?” Carmen arregalou os olhos, engolindo em seco assim que a pergunta a atingiu. Era quase como se um filme passasse em sua cabeça dos momentos nada amigáveis que havia passado com a outra garota. Era tudo uma confusão, pois não gostava de Eloise. Realmente não gostava dela e o que havia em si não era culpa exatamente, mas era como se a garota a assombrasse a cada segundo.
“Uma relação difícil, sim.” Resolveu ser sincera, sabendo que estava já mentindo sobre coisas demais e que isso já lhe sufocava constantemente. “Mas quem não tem isso na nossa idade? Nós simplesmente não nos dávamos bem. Não é como se eu tivesse qualquer motivo pra empurrá-la. Ou a qualquer outra pessoa.” Seu corpo chacoalhou com o arrepio ao sequer pensar numa possibilidade daquelas.
Deu graças a tudo e qualquer coisa por nenhum deles ter decidido questionar mais sobre aquilo. “Onde a srta estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?”
Lá estava, a pergunta que Carmen-Grace precisava soar o mais autêntica possível apesar de que fosse ser o exato oposto. Seu rosto permaneceu impassivo por um momento, fingindo se lembrar de algo, antes de focar-se na luz vermelha piscando na câmera e responder: “Não estava mais lá quando ela caiu. Eu saí mais cedo da festa junto a meu irmão e Nöelle. Nós fomos andar na praia porque a Nöe estava muito bêbada então talvez ficar longe da multidão toda e tomar um ar pudesse ajudar.” Ar definitivamente ajudaria muito naquele momento.
“A srta esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho?” Odiava quando precisava repetir, ainda mais quando a repetição era uma mentira e agora precisava seguir de forma crível. “Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?”
"Não sou muito fá de altura então, não. Não subi no penhasco em nenhum momento. E também não me recordo de briga nenhuma, mas me lembro bem pouco daquela noite. Como eu disse antes, não conversei com um número grande de pessoas e fiquei mais próxima dos meus amigos.”
Conseguiu captar os dois se entreolhando, sentindo o corpo inteiro travar outra vez. Teria respondido rápido demais? Deveria ter detalhado mais alguma coisa? E se eles insistissem ou desconfiassem? “A srta saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?”
"Eu sou gêmea e a confusão é bem comum, acreditem.” Soltou um riso nasal sem graça, dando de ombros. “E olha que eu e meu irmão nem do mesmo gênero somos.” Alguém sempre acabava confundindo e se somasse isso a outros fatores, a confusão só aumentava. “Estava tarde, escuro, cheio de gente, acredito que estavam todos nervosos e ouvi dizer que ela estava muito machucada. Confundir alguém era mais fácil, eu acho. Todas essas coisas colaborariam pra isso.”
"Obrigado pelas suas respostas e honestidade, srta Rivera.” Os dois detetives ficaram de pé, sendo Lucille a ir até a câmera conforme Bernard se despedia. Honestidade. Carmen quis rir. Sim, claro. “Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensada.” A luz do aparelho parou de piscar, fazendo CG quase que acordar de um transe, demorando alguns segundos para organizar as coisas mentalmente.
Carmen assentiu, sentindo quase como se enfim soltasse o ar que estava prendendo desde que pisara ali. “Obrigada, tenham um bom dia.” Não soube dizer se havia soado simpática como gostaria ou se o desespero e a certa pressa houvessem ficado nítidos demais em sua voz. De qualquer forma, empurrou a cadeira para trás e se encaminhou para fora da delegacia. Já haviam diversas mensagens e chamadas de Catarina, que certamente queria saber sobre o interrogatório. Carmen-Grace, por outro lado, estava tão nervosa com o recente ocorrido que simplesmente desligou o aparelho e saiu para caminhar em qualquer direção que fosse.
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vclentinho · 4 years
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i cannot guess what we’ll discover when we turn the dirt -
- with our palms cupped like shovels
task 8 / caso camille / @gg-pontos
“Boa tarde, sr, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.” Valentin inspirou fundo, visivelmente cansado, e sua voz ao responder fora monótona, sem emoção. Só queria que mais aquele capítulo de confusões se desse por finalmente encerrado. Não poderia nem ao menos dizer-se nervoso, com honestidade. O que sentia, a mistura de sentimentos e pensamentos incongruentes, a vontade de entender o que realmente acontecia... Parecia ter ficado do lado de fora. Assumir aquela postura lhe era fácil. A foto de Camille o faria entregar uma expressão, ele sabia e não tentou esconder para além do que seria natural dele. Apertou os lábios, concordando lentamente com um movimento de cabeça ao fixar o olhar naquela imagem enquanto lhe falavam. Era um sentimento estranho... Novo. Talvez descrito como luto, pesar. “Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?” 
“Eu a conheci.” Levantou o olhar para encarar a detetive, e então se dirigiu à câmera. “A conheci com o nome de Céleste. Não soube que se chamava Camille.” Voltou a atenção para os detetives, de um para o outro, com calma. Valentin sabia que não era bom mentiroso, evitar dizer as palavras de forma direta tornava mais fácil. Diante da confusão e dúvida dos dois, o pedido de que se explicasse melhor sobre aquelas afirmações, ele assentiu e mordeu o lábio inferior. Voltou para a lente da câmera e prosseguiu. Se parecia envergonhado de admitir aquilo, era porque assim se sentia, de fato. Tinha reconhecido Camille em um panfleto de desaparecida em dezembro, e nada comunicou a respeito. Seus próprios problemas o afastaram de tomar qualquer decisão. Agora sabia que ela já estava morta há muito tempo, porém não naquela época. Por que não comunicou? Sabia que perguntariam, e que seria estranho. Preferiu não mencionar esse fato. Outra parte dessa vergonha se dava ao meio em que a conheceu. “A conheci por meio de amigos em comum. Eu... Conheci Flavien na clínica de reabilitação, em 2019. É mais velho que eu, acho que dois anos. Quando saímos de lá, passei a andar com ele e alguns amigos dele. Nunca foi uma amizade muito próxima, era coisa de festa, bar, eventos assim. Céleste andava com eles. Digo, Camille.”
“Refere-se a Flavien Garnier?” Valentin piscou. Já haviam se deparado com essa pista, e isso fez com que ele se retesasse no banco. Concordou com um sim sonoro, estranhamente pensativo quanto ao que aquilo significava. “Poderia mencionar também outros nomes desse círculo?” Via-se agora claramente desconfortável. Valentin não gostava da ideia de adicionar mais nomes, mais pessoas, naquela história. Não soava nada bem para ele, e certamente não soaria para os citados. De qualquer forma, mesmo coçando a sobrancelha e fazendo uma careta, ele seguiu em frente. Não era de recuar. Se já possuíam o nome de Flavien, saberiam de outros. Se não houvesse relação, então seriam liberados, qual era o grande problema, afinal? Abaixou as mãos, as apoiando na mesa. “Gilles Deniaud e Chantal Lachance. São os que eu lembro. Como eu disse, eram companhias de festa.” Eram jovens de famílias tão ricas quanto a dele próprio, e esse fato não passaria despercebido diante da realidade de que a garota não pertencia a esse meio. “O sr diz eram. Não são mais?” O espanhol negou com a cabeça antes de pronunciar as palavras. “Não... Já tem um bom tempo que não os vejo. Encontrei Gilles em uma ocasião, Chantal em outra. Mas era Flavien que me ligava ao grupo.” Claro que, com isso, veio o questionamento sobre Flavien. “Não somos mais amigos, então deixei de ir nos eventos com eles. Só esbarrei com outros acidentalmente em alguns lugares, alguns bares, nada de mais.” 
“Por que deixaram de ser amigos? Algo aconteceu entre vocês dois?” Odiava dar explicações, falar de relações, todas essas coisas que se via fazendo ali. Dar depoimento jamais seria agradável, entretanto ser analisado e observado deixava Valentin especialmente desconfortável. Inspirou. “Ocorreu que brigamos. Jovens, álcool. Isso importa?” Houve uma resposta vinda dos detetives, no entanto o Terrazas-Sulzbach nada absorveu. A mudança no rumo da temática das perguntas fora recebida com satisfação. “Como aluno da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?” Levou um momento diante do pensamento. “Até onde eu sei, não é comum que outras pessoas, além dos alunos da escola, compareçam.” Deu de ombros. “Não é comum ou não acontece?” Reforçou o detetive, e Valentin arqueou as sobrancelha, impaciente. “Não posso afirmar que nunca aconteça. Eu não sei, não notei.” “Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, o sr estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?” E lá vamos nós. Voltava para aquela noite a contragosto. Visivelmente infeliz, Valentin iniciou seu breve discurso. Fora uma noite de merda, mesmo que Eloise não tenha morrido, e continuaria sendo mesmo que ela nem tivesse caído daquele penhasco. “Estava lá, sim. Lembro dos conhecidos de sempre... Wolfgang, Penélope, Geneviève, Eloise...” A volta do tom quase monótono. “Não me lembro de ter visto Camille. Acredito que eu lembraria.”
“Onde o sr estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?” Valentin fez uma careta de confusão. “Não sei. Como eu vou saber? Já faz muito tempo. Aquela festa foi quase inteira uma confusão, e de boa parte eu nem me lembro.” Não era de todo mentira, o que ajudava que pronunciasse aquelas palavras de forma mais convincente. “O sr esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?” Novamente negar sua ida ao penhasco... “Houveram brigas e discussões, sim. Briguei fisicamente com Wolfgang Mateschitz, de certos momentos só me lembro de flashes caóticos. Deveríamos subir ao penhasco, como se faz nessa festa todos os anos. A confusão me impediu de cumprir essa parte da ‘tradição’, acredito que os outros também, envolvidos em seus próprios problemas. Muita gente bêbada, rivalidades, essas coisas. Na real, nada de tão estranho assim nisso... Talvez o fizéssemos mais tarde, se não houvesse acontecido o que aconteceu.” Talvez o foco naquela situação que fazia subir a concentração de adrenalina em seu sistema circulatório o tornasse melhor mentiroso. A calmaria daquilo lhe dava certo conforto, internamente, e mesmo enquanto ainda desgostoso, ao pronunciar as palavras, gesticulando muito pouco ou quase nada. “O sr saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?” Valentin franziu o cenho. Deviam achar que ele era idiota. Estava exausto, porém apenas arqueou as sobrancelhas. “Bom, se até a polícia achou... Meu palpite é que se pareciam, ninguém viu Eloise depois disso, e ninguém viu Camille antes disso.” O dar de ombros dessa vez foi muito sutil, como quem avalia a ideia ao mesmo tempo que a pronuncia. A fala que anunciou o fim das perguntas o fez concordar brevemente com a cabeça, mantendo-se na simplicidade daquela falsa tranquilidade, alimentada pelo cansaço, esse mais visível que tudo, e muito verdadeiro. “Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado.”
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ameliasauveterre · 4 years
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𝑨𝑪𝑻 𝑰.  𝑻𝑯𝑬 𝑸𝑼𝑬𝑺𝑻𝑰𝑶𝑵𝑰𝑵𝑮
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amelia manteve sua cabeça erguida enquanto seguia um policial até a sala de interrogatório, focando-se no som um tanto quanto estridente de seus saltos batendo contra o chão da delegacia com cada passo que a jovem dava. assim que adentraram a sala, a loira sentou-se na cadeira e repousou as mãos em seu colo, torcendo os dedos na barra de seu vestido. desde que lera a manchete no nice-matin, a sauveterre sabia que estaria entre as pessoas chamadas para dar outro depoimento. afinal, ela foi chamada antes e não faria sentido não ser chamada novamente, certo? 
a pergunta de um milhão de euros era: por que diabos estavam fazendo isso? eloise havia ressurgido das cinzas como uma fênix, não havia motivos para continuarem uma investigação quando a vítima não estava morta como acharam. antes que amelia pudesse chegar a uma resposta para a própria pergunta, a porta da sala se abriu e duas pessoas adentraram o ambiente. de imediato, a jovem endireitou-se na cadeira onde sentava. coluna reta, ombros para trás e queixo erguido. amelia quase conseguia ouvir a voz de sua mãe, repreendendo-a por sua postura.   ❝     — boa tarde, senhorita, obrigada por comparecer.     ❞   —  a mulher de cabelos escuros dissera, sentando-se na cadeira da direita enquanto seu parceiro tomava posse da esquerda.   ❝     — sou a detetive lucille fortier-marceau e este é meu parceiro, detetive bernard chateaubriand.     ❞   —  lucille gesticulou para o homem a seu lado, que balançou a cabeça minimamente. amelia repetiu o gesto porém permaneceu em silêncio. 
❝     — sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.     ❞   —  a detetive apontou para a câmera localizada a sua direita, dando ampla visibilidade para as costas de ambos detetives, além de, é claro, amelia. a loira desviou o olhar para o equipamento e piscou antes de responder,   ❝     — meu nome é amelia rose antoinette sauveterre, tenho dezenove anos, nasci em 15 de julho de 2001 e sou estudante do ensino médio em l’academie international françois truffaut.     ❞   —  a jovem se apresentou de forma sucinta, sem dizer nada a mais ou a menos do que havia sido pedido. seus olhos escuros retornaram a detetive, que balançou a cabeça e abriu uma pasta que carregava consigo. a mesma colocou um papel em cima da mesa, empurrando-a na direção de amelia. o olhar da loira foi de imediato até o papel, e logo percebeu que se tratava de uma foto. uma morena sorridente a encarava e sua semelhança com eloise era grande demais para amelia sentir que aquilo tudo não se passava de uma simples coincidência.
 ❝     — essa é camille martin, 18 anos. estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? você a conhece? se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?     ❞   —  a detetive questionou, puxando a atenção da bailarina. amelia levantou o olhar para a mulher mais velha, balançando a cabeça minimamente.   ❝     — eu a conheço das manchetes dos jornais falando sobre seu desaparecimento e sei que ela é irmã de um dos estudantes da truffaut, mas nunca a vi pessoalmente, sinto muito.     ❞   —  respondeu honestamente, seus olhos alternando entre ambos os oficiais. bernard, que até aquele momento estava calado, inclinou-se para frente, repousando os cotovelos em cima da mesa e entrelaçando os dedos.   ❝     — como aluna da françois truffaut, sabe dizer se a festa de passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?     ❞   —  sua voz grave preencheu o ambiente e amelia enfiou as unhas nas palmas das mãos. por mais que fosse aluna da instituição, sequer convidada para a festa ela foi, mas dizer a um policial que havia invadido a mesma juntamente com seus amigos não parecia ser esperto. por fim, a jovem deu de ombros e respondeu,   ❝     — não sei sobre os exatos detalhes da festa já que, quando a mesma aconteceu, eu ainda era relativamente nova na escola. mas todas as pessoas que me lembro de ter visto pela festa eram alunos da truffaut.     ❞   —  o homem assentiu e pegou uma caneta no bolso de sua camisa para anotar algo em um caderno posto sobre a mesa. a loira apertou os lábios, sentindo seu coração começar a bater mais rápido do que de costume. havia assistido filmes policiais o suficiente para saber que aquilo quase nunca era um bom sinal.
❝     — sobre a festa de passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, a senhorita estava lá naquela noite? se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?     ❞   —  lucille perguntou, tirando a atenção de amelia de seu parceiro. a jovem sauveterre voltou a olhar para a morena e assentiu,   ❝     — sim, eu estava lá. fui acompanhada dos meus amigos da antiga notre-dame: william, chloé, maya, casper, wolfgang, hypatie, faheera, gaspard e jeanne. passei toda a festa com eles, mas me lembro de ter visto sebastian, geneviève, jun ho, eloise e alguns outros.     ❞   —  revirou os olhos para indicar que tal pergunta a entediava,   ❝     — não me lembro de ter visto camille por lá, mas não é como se eu estivesse preocupada em saber quem estava ou não na festa.     ❞   —  amelia viu os oficiais trocar olhadas de rabo de olho um com o outro e fez de tudo para não reagir, esperava que ambos levassem a petulância dela como uma adolescente cansada de falar sobre o assunto. após um breve momento de silêncio, lucille indagou,   ❝     — onde a senhorita estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de eloise girard-dampierre havia caído do penhasco?     ❞   —  a mulher perguntou, cruzando os braços acima do peito e fitando a loira com interesse. a mesma congelou minimamente, flashes da noite passando por sua cabeça sem sua permissão. será que algum dia ela se esqueceria do que presenciou naquele penhasco? provavelmente não.   ❝     — estava a caminho de casa.     ❞   —  amelia disse em um tom neutro, relaxando contra o encosto da cadeira, esperando passar uma imagem de descontração, de uma pessoa que não havia visto nada que pudesse influenciar a investigação e fazer a si mesma parecer culpada.   ❝     — a festa não era nada do que eu esperava. para falar a verdade, achei até um pouco chata, por isso pedi para o meu então namorado me levar para casa.     ❞   —  concluiu com um simples dar de ombros, jogando uma mecha de cabelo para trás do esquerdo.
❝     — antes de ir embora, a senhorita esteve no penhasco? viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?     ❞   —  bernard perguntou, girando a caneta entre os dedos. a presença do homem e o modo como ele saber que existiam coisas que amelia estava escondendo a deixavam extremamente desconfortável.   ❝     — era de noite e o penhasco não parecia ter iluminação alguma, não cheguei nem perto dele.     ❞   —  amelia respondeu de imediato, contente consigo mesma por conseguir mentir tão facilmente.   ❝     — e tudo o que vi foram alguns adolescentes bêbados, outros dançando de forma completamente ridículas e algumas garotas sem um pingo de senso de moda.     ❞   —  aquilo não era uma completa mentira; ela havia visto tudo aquilo, mas foi antes de subir até o penhasco com seus amigos. é claro que isso não era algo que estava disposta a compartilhar com os detetives a sua frente. lucille respirou fundo, balançando a cabeça enquanto absorvia as palavras da loira.   ❝     — a senhorita saberia dizer por que as pessoas pensaram que eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?     ❞   —  os olhos da detetive se estreitaram e amelia apertou os lábios, lembrando-se de como william havia pego em seu braço e a tirado de lá assim que perceberam que alguém havia caído do penhasco. conferir a identidade da vítima sequer havia passado pela cabeça de amelia e ela sabia que o mesmo havia acontecido com vários, senão todos, os presentes na cena.  
 ❝     — como eu disse, estava de noite e a iluminação devia ser péssima. como é que seria possível saber ao certo se era a eloise? duvido que alguém teria coragem de chegar tão perto do corpo para confirmar.     ❞   —  a loira respondeu, seu nariz se torcendo levemente para dar ênfase que aquele tópico em específico a deixava desconfortável.   ❝     — e, com todo o respeito, este não é o trabalho da polícia?     ❞   —  indagou, levantando uma sobrancelha e alternando o olhar entre os detetives.   ❝     — vocês não podem culpar um bando de adolescente bêbados e assustados pela confusão. as pessoas deviam saber que a eloise estaria lá, já que ela é amiga dos organizadores da festa. já a camille, não sei dizer se alguém fazia ideia de que ela iria até a festa, muito menos ao penhasco. além disso, a camille se parece muito com a eloise, então achar que uma é a outra não é algo assim tão improvável, certo?     ❞   —  terminou em um tom ligeiramente sarcástico. a sala ficou em silêncio por um minuto e amelia começou a se irritar. por que diabos ainda a mantinham ali quando era óbvio que ela não diria nada que fosse útil a investigação? 
os detetives trocaram um breve olhar e a loira controlou a vontade de revirar os olhos. bernard pegou o caderno e lucille guardou a foto dentro da pasta antes de se levantar.   ❝     — obrigada pelas suas respostas e honestidade.     ❞   —  o homem disse enquanto se levantava.   ❝     — vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. está dispensada.     ❞   —  concluiu, gesticulando para a porta.   ❝     — sem problemas, fico feliz em ajudar.     ❞   —  amelia respondeu ao se levantar, correndo as mãos pela saia do vestido de maneira robótica. a loira deixou a sala o mais calmamente possível apesar de sua mente estar trabalhando a mil por hora. algo a dizia que aquela não era a última vez que pisaria dentro daquela delegacia.
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houssie · 4 years
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𝐰𝐡𝐞𝐧 𝐲𝐨𝐮 𝐡𝐞𝐚𝐫 𝐭𝐡𝐞 𝐬𝐢𝐫𝐞𝐧𝐬 𝐜𝐨𝐦𝐢𝐧𝐠 𝐲𝐨𝐮'𝐝 𝐛𝐞𝐭𝐭𝐞𝐫 𝐧𝐨𝐭 𝐫𝐮𝐧
esperar. era a única solução para o problema que estava prestes a se desenrolar com o advento do fato noticiado pelo nice-matin no último dia vinte e três. porque era mais do que óbvio que a descoberta da identidade verdadeira do corpo encontrado em sainte-marguerite na madrugada do dia cinco de julho, era motivo mais do que o suficiente para que um novo inquérito fosse instaurado. para que novas perguntas fossem feitas, perguntas às quais possivelmente não saberia responder porque não conhecia camille martin, nunca havia visto camille martin. como conheceu eloise girard-dampierre. sem o vínculo emocional, tudo mudava de figura, certo? o problema é que esperar nunca foi uma virtude de nöelle. porque gosta de se antecipar e saber o que acontece antes do momento de uma grande revelação. motivo pelo qual, ao começar a ler qualquer livro, sempre o abre na última folha para descobrir, antecipadamente, quem é o assassino, se o casal principal tem um final feliz e outras variantes que um plot twist pode vir a proporcionar. na vida real, não podia pular para a última página. não podia saber de tudo e, tampouco, ter controle sobre todas as coisas.
mas podia ter controle sobre suas escolhas, e era isso que a impedia se aproveitar do “presente” concedido pelo identificador anônimo. ainda que ter o seu depoimento antigo apagado significasse que, se quisesse, poderia contar a verdade nesse. como intendera fazer inúmeras vezes. era a sua, talvez única, chance de consertar tudo. pelo menos, sabia que era o que sua mãe orientaria para que fizesse caso estivesse viva. não o faria. tanto porque sabia que em algum momento o depoimento apagado iria reaparecer. fosse em um telão em uma sessão de cinema na escola. fosse em um áudio em um evento com pais e responsáveis. fosse em algum noticiário da mídia nacional. tendo isto em mente, assumiria sua primeira versão e a repetiria quantas vezes fosse preciso para que a polícia acreditasse, para que ela mesma acreditasse. ou melhor... assumiria o que ela lembrava da sua primeira versão. apesar da boa memória, apesar do martírio em que viveu nos últimos sete meses... as palavras se perdiam e se misturavam com outras mentiras, outras omissões... agora muito corriqueiras na vida da houssière. apegava-se à esperança de que iria se lembrar conforme as perguntas fossem feitas e ativassem gatilhos que resgatassem flashes de memória tanto do primeiro depoimento, quanto da festa de passagem.
ao passar pela porta da delegacia, no anoitecer do dia dois de março, uma terça-feira, nöelle tinha muitas teorias, muitos receios e nenhuma resposta. durante o dia, tentou-se ocupar de todas as formas a fim de não pensar muito no que falaria. porque, se parasse para pensar, era tudo muito simples. exceto pelo fator anônimo de que outras transgressões foram cometidas para encobrir um possível crime que, ela acreditava, nenhum de seus amigos mais próximos havia cometido. em uma escala inquestionavelmente pior, em comparação à primeira vez que estivera ali com esse fim, não poderia voltar atrás. mas, de certo modo, sempre acabava na publicação do nice-matin sobre a identificação — demasiadamente tardia, diga-se de passagem — do corpo encontrado na ilha há quase oito meses. não demorou muito para ouvir o seu nome, havia feito questão de cronometrar o trajeto da sede da eyf até a delegacia para que não passasse um minuto sequer além do necessário naquele ambiente. 
o barulho dos sapatos oxford contra o chão gasto da delegacia só cessou quando ocupou a cadeira solitária frente aos detetives. recordava-se deles. a mulher possuía uma postura mais séria, rígida. enquanto o homem era mais brando, conforme se lembrava. da última vez, inclusive, a mulher havia conduzido todo o interrogatório e, por fim, nöelle havia se decidido que não gostava dela. utilizou o dorso da destra para coçar o olho esquerdo ao que se ajeitava na cadeira desconfortável. a sala parecia pequena demais e, apesar do clima não ser dos mais amenos, sentia calor. motivo pelo qual desabotoou a primeira casa da blusa social que vestia, em virtude do seu estágio. olhou de um para o outro em expectativa, só queria que acabasse logo.  enquanto a mulher se sentou, seu parceiro mexia na câmera a fim de posicioná-la e ligá-la. dejavu. — ❝ boa tarde, srta.! obrigada por comparecer. sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a compreensão e cooperação com o caso. meu nome é lucille fortier-marceau e este é o detetive bernard chateaubriand. você está aqui para prestar informações sobre o caso camille. para começar, gostaria que você respondesse às perguntas olhando para a câmera a todo momento, tudo bem? então, diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação. ❞ — obedeceu ao pedido e angulou o rosto na direção da câmera, embora desejasse analisar as respectivas expressões dos detetives e deduzir o que quer que fosse da linguagem corporal alheia. assentiu. a respiração uniforme havia sido muito bem treinada nos últimos dias, entre crises de choros e debates internos. de moto que, ao responder, sua voz saiu limpa e, até mesmo, tranquila.
❝ me chamo nöelle odessa houssière. tenho dezoito anos, nasci em nice no dia dezesseis de setembro de dois mil e dois. ❞ — entrelaçou os dedos de ambas as mãos, repousando-as sobre a superfície fria e metálica da mesa da sala de interrogação. — ❝ sou bolsista na academie internationale françois truffaut e estagiária do departamento jurídico da fundação europeia da juventude. ❞ — complementou sua resposta, fazendo uma breve pausa a fim de se perguntar se não estaria se esquecendo de alguma coisa, ou se precisaria descrever cada uma de suas atividades extracurriculares.  — ❝ ah, trabalho no la belle époque em meio expediente. ❞ — acrescentou, por fim. e os segundos que se passaram entre sua resposta e a próxima pergunta pareciam infinitos. porque apesar do exterior calmo, sua consciência estava em frangalhos. talvez estivesse passando da hora de ser mais assídua nos encontros com a terapeuta da escola. 
❝ obrigada, srta. houssière. agora... ❞ — a expectativa cresceu quando desviou o olhar da câmera, momentaneamente, para observar a movimentação do outro lado da mesa. a detetive, lucille, parecia folhear folhas do que nöelle reconhecia por ser um processo —  um inquérito, na verdade — e, depois do que pareceu uma eternidade, uma fotografia foi deslizada sobre a mesa em sua direção. prevendo qual seria a próxima pergunta, certamente, demorou mais tempo que o necessário analisando a foto. como se a ação fosse adiar o próximo momento por mais que um minuto. — ❝ essa é camille martin, dezoito anos. ❞ — as orbes castanhas voltaram a encarar a detetive no momento em que escutou a voz feminina novamente. — ❝ estava desaparecida desde o dia quatro de julho de dois mil e vinte. você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? você a conhece? se lembra de ter visto em qualquer parte da cidade? ❞ — o instinto natural foi manear a cabeça para os lados em negativa, até perceber que deveria enunciar sua resposta em voz alta. olhando para a câmera, lembrou-se das instruções iniciais. — ❝ não, detetive fortier-marceau. não tenho nenhuma informação sobre camille. a não ser... ela é irmã de cédric martin, certo? ❞ —  era para ser uma afirmativa, mas não havia dúvidas de que soara como uma pergunta. — ❝ foi o que escutei nos corredores da escola, não tenho predisposição a dar muita atenção para fofocas, então... a primeira vez que a vi foi na manchete do nice-matin do dia vinte e três de fevereiro. aquela que comprova que houve confusão dos corpos de eloise-girard dampierre e camille martin. ❞ — momentaneamente, desviou o olhar da câmera para encarar lucille. talvez fosse burrice fazer uma crítica velada à investigação porca daqueles que a interrogavam. mas essa era nöelle houssière, simplesmente não conseguia não expressar uma opinião sobre o que quer que fosse. antes que a próxima pergunta fosse feita, voltou a olhar para a câmera. 
❝ como aluna da françois truffaut, sabe dizer se a festa de passagem, que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano, era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer? ❞ — desta vez, foi a voz masculina que ecoou pelo cubículo, na forma de uma pergunta que nöelle não havia previsto. a colocando em uma fração de segundo permeada por dúvidas, sobre alegar a invasão da festa pelos ex-alunos de notre-dame ou apenas assumir que todos foram convidados sem discriminação. não era a melhor pessoa para tomar decisões rápidas. precisava pensar, analisar e repensar, mas, se demorasse muito a responder os detetives com certeza desconfiariam.  — ❝ sim. a festa era destinada apenas aos estudantes. a veiculação dos convites, inclusive, era restrita ao ambiente de truffaut. e não, não é permitido que os estudantes estendam esse convite a pessoas de fora. ❞ — respondeu objetivamente, optando pela segunda opção fornecendo o mínimo de informações possível.  —  ❝ sobre a festa de passagem ocorrida no dia quatro de julho e os eventos ocorridos lá, a srta. estava lá naquela noite? se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém? ❞ — nöelle olhou para lucille e, após analisá-la por breves segundos, deduziu que ela tendia a ser controladora. haja vista que, embora, aparentemente, eles estivessem trabalhando no caso juntos, era ela quem conduzia aquele interrogatório, afinal, não deixava de ser um... ainda que sua finalidade fosse meramente prestar informações. 
❝ sim. estava presente na festa de passagem. cheguei com os meus melhores amigos, cj e cg, passei a maior parte do tempo com eles, na verdade... ❞ — antes que pudesse continuar, foi interrompida pela voz feminina.  —  ❝ cj e cg? ❞ — perguntou confusa. — ❝ isso, os gêmeos. carlito javier e carmen-grace. ❞ — ergueu as sobrancelhas, em uma pergunta silenciosa se podia prosseguir com sua resposta, o que o fez depois de uma discreta sinalização positiva da detetive. — ❝ tive contato com outras pessoas na festa muito brevemente, faz tanto tempo que não me lembro muito bem. mas tenho certeza de que cheguei a conversar com chloé, romain, geneviève, margot. ❞ — enumerou em uma resposta honesta. porque a verdade era que nöelle tinha visto muitas pessoas naquela noite, mas não era como se tivesse prestado atenção ou engajado uma conversa muito demorada com qualquer um deles. com exceção de carmen-grace.  — ❝ não, vi se camille martin estava lá. como disse no meu primeiro depoimento, tinha muitas coisas na minha cabeça naquela noite. minha mãe estava doente, eu estava apaixonada e o resto da história vocês já sabem... não estava prestando atenção no que eu vi ou não vi porque nunca ia imaginar que estaríamos aqui. ❞ —  inferiu o que eles deveriam saber, se não tivessem perdido os depoimentos do caso que investigava a morte de eloise. perguntou-se, momentaneamente, se a detetive a faria repetir ou deixaria a displicência passar em prol de não assumir a incompetência daquela operação. infelizmente, sua fala pareceu ativar algo nas lembranças do detetive chateaubriand.     
❝ a garota era eloise? ❞ — perguntou. nöelle piscou atônita, um tanto perdida com o questionamento. porque, a princípio, não conseguiu acompanhar a linha de raciocínio do homem que a encarava com certa intensidade. um vinco se formou entre as sobrancelhas da mais nova. — ❝ como assim, que garota? ❞ — era uma dúvida genuína, tão genuína que parou de olhar para a câmera a fim de tentar ler o detetive. — ❝ você acabou de dizer que estava apaixonada, se me recordo bem... no seu último depoimento você frisou ter alguém em sua mente e, em função disso, não ter prestado atenção em eloise. mas e se a eloise for essa garota? ❞ — ainda com o cenho franzido, nöelle esboçou um sorriso afetado, que traduzia a pergunta “sobre o que você está falando”?  — ❝ me desculpe, senhor... não acho que estou conseguindo seguir a linha de raciocínio. ❞ — admitiu, ainda olhando para ele.  — ❝ não é algo tão improvável, considerando que vocês duas tiveram um envolvimento, em que pese você tenha mencionado no seu depoimento, ou estou errado? ❞ —  nöelle não sabia se aquilo tinha alguma relevância para o caso atual, para além do fato que ele provavelmente a classificaria como uma informante não confiável.  — ❝ não mencionei? ❞ — inclinou a cabeça para o lado.  — ❝ realmente não me lembro, faz algum tempo... mas sim, se é uma informação relevante para solucionar o caso camille, eu e eloise tivemos um breve envolvimento romântico há algum tempo... mas não foi nada demais ou expressivo a ponto de eu estar apaixonada por ela na festa de passagem. não era ela a garota. você precisa mesmo de um nome? ❞ — mesmo tendo se precavido, mesmo não tendo aceitado o “presente” anônimo... esperava que o depoimento anterior não ressurgisse. porque, se acontecesse, teria que explicar o porquê de ter dito que eloise nada mais era que uma relação amigável, embora não muito íntima.  — ❝ obrigado pelo esclarecimento, srta. houssière. ❞ — o detetive voltou os olhos para suas anotações, quando lucille assumiu o controle mais uma vez. 
❝ onde a srta. estava no dia cinco de julho, à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser o de eloise girard-dampierre havia caído do penhasco? ❞ —  a parte mais difícil, sustentar o seu álibi. porque não lembrava com exatidão a ordem cronológica que havia seguido em seu depoimento. motivo pelo qual preferiu não entrar em muitos detalhes. — ❝ estava na orla da praia mais próxima ao hotel, fui embora mais cedo da festa porque estava bêbada e precisava ficar sóbria antes de ligar para minha irmã mais velha, avisando que eu estava bem e em segurança. não estava mais no local da festa à meia noite. ❞ — disse com convicção, embora internamente fosse consumida pela incerteza de suas palavras. era isso mesmo que havia dito da outra vez? naquele momento, já com a garganta seca, ponderou pedir por um copo de água. mas antes que pudesse abrir a boca, bernard fez outra pergunta. — ❝ a srta. esteve no penhasco no dia quatro de julho ou na madrugada do dia cinco de julho? viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas? ❞ — umedeceu os lábios com a ponta da língua antes de responder. desentrelaçando os dedos das mãos pela primeira vez desde que as repousou sobre a mesa.  — ❝ não. eu não cheguei a subir no penhasco naquela noite, particularmente, acho uma tradição estúpida. ❞ — mentiu. na verdade, realmente acreditava ser uma tradição estúpida. mas tinha, sim, subido no penhasco ainda que por um motivo distinto.  — ❝ e quanto às brigas? pessoas estranhas? ❞ —  lucille fortier-marceau insistiu.  — ❝ não me lembro da presença de pessoas estranhas. conversei com os nomes citados no início da gravação. de resto, tendo a anular as coisas que acontecem à minha volta quando estou focada e determinada em algo específico. então também não consigo me lembrar de nenhuma briga. ❞ — encolheu os ombros.
❝ a srta. saberia dizer por que as pessoas pensaram que a eloise era o corpo encontrado sobre as pedras. se não, consegue da um palpite sobre o que levou as pessoas pensarem isso? ❞ — comprimiu os lábios, porque sua primeira reação seria rir da pergunta. a se considerar que a pessoa que estava a fazendo era a mesma pessoa a cargo do inquérito policial que demorou cerca de sete meses para descobrir de quem era o corpo daquele caso. e arriscava dizer que só aconteceu porque eloise aparecera magicamente na porta de casa. do contrário, ainda seria tratada como morta e camille como desaparecida. precisou de alguns segundos para ter certeza de que sua postura séria não seria posta em cheque.  — ❝ sinceramente, não sei. talvez pelo mesmo motivo que vocês pensaram que eloise fosse camille ou vice versa pelos últimos... seis, sete, oito meses? ❞ —  seu tom era neutro, embora a alfinetada fosse palpável. — ❝ elas são muito parecidas, segundo notícias... possuem o mesmo material genético. não vejo por que alguém não confundiria as duas em um momento de completo desespero, não afastando o fato de que era noite. é algo plausível, não? confundimos mary isobel e melissa ainsworth a todo momento. ❞ — continuou, os dígitos da destra se moveram contra a superfície de metal quando desviou o olhar da câmera para um detetive e depois para o outro.  — ❝ sem querer soar pedante... o que não é plausível: a polícia divulgar resultados incongruentes da autópsia corporal de um caso depois de cinco meses e depois disso demorar dois meses para descobrir de quem era o corpo. ❞ — sua voz trazia notas de indignação. porque, novamente, nöelle não conseguia ficar calada. e queria dizer mais, muito mais. mas sabia que não deveria, se a feição nublada de lucille fortier fosse algum indício disso.     
❝ obrigado pelas suas respostas e honestidade. vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. está dispensada. ❞ — bernard enunciou, desligando a câmera no segundo seguinte. os lábios de nöelle se curvaram em um sorriso mínimo ao que se levantava da cadeira com um aceno positivo e observava lucille fazer anotações. enfiou a canhota no bolso do sobretudo, só percebendo naquele momento que as costas de sua blusa estava molhada de suor, no que o tecido frio entrou em contato com sua pele quente. com a destra, girou a maçaneta da porta antes de recuar.  — ❝ tenho certeza de que vocês já sabem disso, mas... os únicos portadores de DNAs idênticos são gêmeos monozigóticos. ❞  — dito isto, saiu da sala se perguntando se a sua petulância faria com que voltasse ali para prestar um outro depoimento. era melhor não pensar nisso, no momento, precisava de um banho demorado e qualquer tipo de conforto.       
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eloisebot · 4 years
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TRANSCRIÇÃO DO DEPOIMENTO DE ELOISE MARIE GIRARD-DAMPIERRE. 02/03/2021, 16H, DELEGACIA DE POLÍCIA DE CANNES.
LUCILLE FORTIER-MARCEAU: Boa tarde, senhorita Girard-Dampierre, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, principalmente nas suas condições, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? [ELOISE ASSENTE]. Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.
ELOISE GIRARD-DAMPIERRE: Meu nome é Eloise Marie Girard-Dampierre e tenho 18... Desculpa, 19 anos. Nasci em 28 de fevereiro de 2002 e sou estudante da François Truffaut.
LFM: Obrigada. Agora... [A DETETIVE MOSTRA UMA FOTO DE CAMILLE MARTIN]. Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?
EGD: Desculpe, eu nunca a vi antes. Quer dizer, não me lembro de ter visto... Ainda estou recuperando minha memória. Mas... Somos parecidas.
BERNARD CHATEAUBRIAND: Compreendemos sua situação, senhorita. Sabe dizer se é possível que já a tenha visto antes e não se lembra ou tem certeza que nunca a viu?
EGD: Pode ser possível que eu tenha visto antes, como disse, ainda existem lacunas na minha memória. Recentemente eu fiquei sabendo que ela estava desaparecida, mas isso não significou nada para mim.
BC: Como aluna da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?
EGD: Acho... Acho que só os alunos eram convidados. Era uma festa quase que sagrada e todos os anos o terceiro e segundo anos esperam por ela. Ano passado foi a nossa vez.
LFM: Tendo em vista a sua participação no caso, senhorita Girard-Dampierre, nós pedimos desculpas pelas perguntas invasivas, porém precisamos de qualquer informação que tenha, tudo bem? [ELOISE ASSENTE]. Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, a senhorita estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?
EGD: Sim... Estava lá. Lembro de ter chegado com minha melhor amiga, Mary Isobel Ainsworth. Conversei com outras pessoas, mas não lembro muito mais. Eu não me lembro de Camille... A verdade é que não posso afirmar muita coisa quando se trata dessa noite.
LFM: Compreendemos. Por algum acaso, a senhorita lembra de algum detalhe dessa noite ou dos instantes antes de cair?
EGD: Só lembro da sensação e de como me senti. Enquanto estava caindo eu senti surpresa, medo... Choque. Depois lembro de acordar um tempo e me sentir desorientada, perdida. Dizem que fui andando até a parte povoada da ilha, mas não lembro também. Quanto ao penhasco, só me lembro de sentir confusão, talvez magoa.
BC: Mágoa? É possível, então, que alguém realmente tenha lhe empurrado?
EGD: [ASSENTE]. Eu não lembro o que aconteceu e nem por que alguém faria isso comigo, mas lembro de sentir essas coisas.
BC: A senhorita viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?
EGD: Lembro de brigas, sim. Acho que discuti com alguém... Alguma amiga. Não sei, realmente não lembro de ter visto coisas estranhas, acho que a festa estava bem normal.
LFM: A senhorita saberia dizer por que as pessoas pensaram que era o seu corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?
EGD: [SILÊNCIO]. Esse é só um palpite meu, detetives, porque não lembro das coisas. Mas se as pessoas tinham certeza de que era eu, só consigo pensar que alguém sabia que eu subi no penhasco.
BC: Algum dos seus amigos chegou a comentar com você sobre essa noite depois da sua volta?
EGD: Aí é que está... As pessoas me evitam como se eu tivesse uma doença contagiosa. No começo achei que era porque, bem, não é todo dia que se vê alguém “voltar dos mortos”, mas... Ultimamente venho pensando que talvez seja outra coisa.
LFM: Outra coisa como?
EGD: [PAUSA]. Não estou acusando ninguém, é claro, não lembro de mais da metade do que aconteceu... Mas é esquisito. Ninguém quer falar sobre essa noite, é como se tivesse algum segredo, ou como se as pessoas soubessem mais do que querem dizer. E como as pessoas sabiam que eu tinha caído mas ninguém foi me procurar?
LFM: São perguntas bem relevantes. Nenhum de seus amigos falou com a senhorita sobre isso?
EGD: Alguns até tentaram... Mas há um entrave. Quer dizer, acho que posso entender, as pessoas achavam que eu morri, talvez não queiram lembrar do trauma.
LFM: Talvez...
[OS DOIS DETETIVES FAZEM ANOTAÇÕES EM SEUS CADERNOS ENQUANTO A SRTA. GIRARD-DAMPIERRE AGUARDA-OS].
BC: Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensada.
EGD: Obrigada, detetives. Se eu lembrar de mais coisas, com certeza entrarei em contato.
[FIM DA GRAVAÇÃO]
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casskane · 4 years
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                                           𝐂𝐀𝐒𝐎 𝐂𝐀𝐌𝐈𝐋𝐋𝐄                                            interrogatório pt. ii
onde: delegacia de cannes
quando: 02 de março de 2021
Cheguei à delegacia pouco antes da hora marcada, sentindo as pontas dos dedos formigarem conforme eu os batucava contra o balcão. O recepcionista havia me pedido para esperar um instante então lá estava, novamente na delegacia após pouco mais de alguns dias. No mesmo lugar onde havia recebido a notícia horrenda de que meu tio, o maior infeliz desgraçado da face da terra, estava me caçando. Eu jurava que o maldito estivesse morto, mas em Cannes, nada parecia morrer de verdade. Minha inquietação só piorava, ciente de que estar ali outra vez era um risco. Não deveria estar me expondo tanto caso desejasse não ser encontrado. Não que houvesse sido me dada a opção de recusar o “convite” da polícia, claro. Isso tudo somado ao fato de que -E estava com os interrogatórios de cada um de nós e eu bem sabia que isso logo seria usado contra nós também. Estava até cogitando me mudar quando meu nome foi chamado e me direcionaram para a sala de interrogatório.
"Boa tarde, senhor Kane, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso.” Eu ouvia a voz dela, até, mas soava distante demais para que eu prestasse alguma atenção. Meus olhos permaneciam fixos contra a porta, como se, caso eu encarasse com força o suficiente, meus medos não pudessem se tornar realidade. Idiota isso, eu sei. Eu sei mesmo, tá legal? Mas não é como se eu pudesse controlar. É mais como um impulso. Um medo. Não sei bem explicar, mas parece que piora a cada dia. Já sou uma pessoa naturalmente paranoica, olhe, por exemplo, o pobre do vizinho que ataquei semana passada a troco de merda nenhuma. Sendo assim, minha própria sombra já é razão o suficiente pra desconfiar, agora soma isso com o dobro da paranoia. Uma merda, né? É, eu sei. “Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.”
Meus olhos se moveram para a câmera e esse provavelmente foi meu único movimento. Se as pessoas já me achavam uma pessoa robótica, naquele momento as teorias seriam quase verdadeiras. Uma máquina, eu pensei. Era exatamente isso que eu precisava ser para conseguir passar por aquele processo sem parecer inquieto ou nervoso demais. A verdade era que eu estava pouco me lixando a respeito daquele interrogatório, pois meu medo real era outro. Mesmo assim, se não fosse cuidadoso o suficiente, eles podiam muito bem interpretar meu comportamento como suspeito. “Casper Kane. Dezenove anos. Não tenho dados a respeito de minha real data de nascimento, apenas que nasci em 2001, assim como eu certamente mencionei da última vez.” Lá estava, um pequeninho lapso de emoção. O deboche as vezes era mais forte que eu, na verdade. O canto de um dos lábios se curvou para cima antes que minha expressão neutra voltasse ao natural. “Mas comemoro no dia 22 de janeiro. Curso o ensino-médio e trabalho para a BLN Tech.”
"Obrigada. Agora...” Ouvi um barulho de papéis, movendo a atenção a Lucille enquanto ela erguia a foto de Camille. “Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020.” Encarei com atenção o rosto na foto, quase como se fitasse a própria garota. Eu não fazia a menor ideia de quem ela era, isso era uma verdade. Não que, caso eu a conhecesse, iria cogitar ser sincero com a polícia. Eu geralmente achava que Patie, eu e Cédric sabíamos muito mais do que aqueles dois tontos parados em minha frente. Dura lex, sed lex, eles diziam, sem saber que era exatamente isso que os travava tanto. “Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?” Meu olhar se voltou para a câmera. Lex malla, lex nulla, eu respondia a eles.
“Caso eu já tenha visto essa garota, não me recordo.” Meu cenho se franziu ao mesmo momento que dei de ombros. Eu quase parecia tranquilo e confortável ali. Geralmente estaria me divertindo muito mais se minha cabeça não estivesse tão fodida no momento. “Não a conheço ou me lembro dela. O máximo de ligação que tenho é conhecer Cédric Martin, o irmão dela, mas minhas informações terminam aí. Eu nem sabia da existência de Camille.” 
Sabia que os dois idiotas estavam maquinando internamente se deveriam ou não acreditar em mim. Já haviam lidado comigo o suficiente para saberem a cobra ardilosa que poderia ser caso quisesse. Não estavam errados. “Ficamos cientes que foi recentemente preso por agressão, senhor Kane. Teria algo a dizer sobre o assunto?” Lucille jogou, com certo ar de desafio.
Meu sorriso se abriu, soltando um riso anasalado e erguendo os olhos fixamente a ela. “Me deixe adivinhar, quer usar meu recente comportamento agressivo para desconfiar que eu poderia ter perdido o controle e a matado? Ou, caso eu esteja falando a verdade, que tenha confundido Camille com Eloise na noite do penhasco. Parece plausível.” Assenti, fingindo estar impressionado com as conexões. “Ou ao menos... seria... caso vocês realmente cogitem que eu fosse ser estúpido o suficiente para ter matado quem quer que fosse e ainda ser preso por agredir outra pessoa. O óbvio quase nunca costuma ser a resposta, detetive, pensei que deveria saber disso.”
“Senhor Kane, a câmera, por favor.” A voz de Bernard interrompeu, me fazendo rir em deboche mais uma vez antes de o obedecer. Tudo bem, talvez estivesse sendo mais divertido do que eu esperava. Ainda que, de soslaio, continuasse checando a maldita porta. "Como aluno da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?”
"É uma festa apenas para estudantes, até onde eu saiba. Ninguém iria levar qualquer pessoa de fora ou podia fazer isso. De alguma forma a Camille acabou sabendo o local e horário exatos e estava lá.” Dei de ombros, permanecendo um momento em silêncio antes de completar: “Forma que eu não faço ideia de qual seja, só esclarecendo.”
Novamente, recebi olhares de certa desconfiança, apesar dessa vez nenhum ter feito a burrice de fugir das perguntas. “Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, o senhor estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?”
Era impossível que minha cabeça não fosse tomada imediatamente por memórias daquele dia. Nunca fui muito bom em lembrar de coisas no geral, mas numa noite como aquela eu me recordava de quase tudo. Minha mente é esquisita, gravo detalhes muito específicos e quase inúteis “Como eu já muito bem disse, não me recordo de ter visto essa garota nunca na vida. Caso algum momento tenhamos nos cruzado eu posso até tê-la confundido com a Eloise já que eu e ela nem próximos éramos.” Eu teria decorado o rosto de Eloise muito antes caso soubesse que ela era uma doida varrida que ressuscitava dos mortos. “Na festa eu estava com meus colegas e meus amigos. A galera estava bebendo, se divertindo, dançando, sei lá. Uma festa, né? Particularmente não sou de beber em festas porque não me dou bem com multidão. Razão até que eu e minha amiga Mary Hypatie Love-Hauet, outra antissocial, acabamos passando o tempo conversando e não na bebedeira como a maioria.”
“Tudo bem.” Eles pareceram anotar alguma coisa ou, ao menos, checarem as pastas que seguravam. “Onde o senhor estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?”
“Ainda estava conversando com a Patie. Inclusive, nós ouvimos um grito vindo do penhasco e ela imediatamente acionou a polícia. Eu não vi coisa alguma, nem mesmo acho que cheguei a tempo na janela para ver algo, mas sei o que ouvi.” Vez ou outra, principalmente nas primeiras semanas, aquele maldito grito havia estado na minha cabeça quase o tempo todo.
"Por acaso, senhor Kane, esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho?” Bernard deu um passo para frente ao me questionar, revezando o olhar entre mim e sua pasta. Eu simplesmente detestava quando estavam com pastas e eu não tinha a mesma visão deles. Me deixava irritantemente inquieto. Mais que o normal, é claro. “Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?”
"Não, nem mesmo cheguei perto do penhasco ou me afastei da casa onde estávamos.” Não parecia nada seguro no momento e eu, apesar de enxerido e curioso, tendo a saber a linha tênue entre curiosidade e burrice na maioria das vezes. “Caso tenha acontecido alguma briga ou coisa parecida, eu não vi. Nada parecia incomum, era apenas uma festa como qualquer outra.”
“O senhor saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?” Quase soltei uma gargalhada. Iria perguntar se estavam mesmo perguntando aquilo, mas as expressões sérias deixavam bastante claro. Eu sabia que fazia parte do trabalho deles fazerem também perguntas óbvias, mas isso, ao meu ver, chegava a ser ridículo.  
"Obviamente porque não faria qualquer sentido ser a Camille a estar lá!” Confesso que minha voz se exaltou por um momento. “Estava fora de cogitação.” Recuperei o tom neutro e calmo. “Sem dizer que eram parecidas e a Eloise era da nossa turma, o que faria sentido teria ter sido ela e não Camille, já que, quem estava sumida, era Eloise.” Com o cenho franzido, agora eu que alternava a atenção entre a câmera e os dois. Analisei suas expressões e posturas, sentindo o claro desconforto que se instalou na sala. Ali estava lançada a tal pergunta do milhão. Se Eloise não estava conosco e se Eloise não havia sido a pessoa a cair do penhasco. Onde estivera ela, afinal? Eu soube que eles estavam se questionando isso assim como eu naquele momento.
Após momentos de silêncio, apenas ouvi um pigarrear, esperando que aquela baboseira já houvesse terminado. “Obrigado pelas suas respostas e honestidade, senhor Kane. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado.” Bernard agradeceu. Apenas assenti, me impulsionando na cadeira e ficando de pé. Não abri a boca outra vez, apenas focando meus olhos novamente na porta, que permanecia fechada e intacta. Precisei de um momento e de um suspiro longo para cruzar não apenas a sala, mas a delegacia e sair dali o mais rápido possível.
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domvnico · 4 years
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CASO DELLA CAMILLE . INTERROGATORIO.
@gloryandgorehq​ & @gg-pontos​
Transcrição do depoimento de DOMENICO BORGHESE, dia 02 de março de 2021 às 14h20 a respeito do falecimento de Camille Martin.
Domenico, apesar dos esforços de sua mãe para fazê-lo levar a equipe completa de advogados, sentou-se ao lado de Anne Marie Joeiux, a única advogada que o rapaz permitiu que sua mãe pagasse para acompanhá-lo. 
LMF: Boa tarde, sr., obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.
“Domenico Fiore Della Rovere Borghese, dezoito anos, nascido em vinte e dois de julho de 2002, estudante da Academie Internationale François Truffaut.” Apresentou-se, olhando para a câmera com seriedade. Fazer aquilo pela segunda vez não estava na lista de coisas mais divertidas que já havia feito ou fará em sua vida. Na verdade, se pudesse ser um pouco mais honesto, estar na delegacia não era seu maior divertimento, tinha medo, tinha receio. Sabia que estavam em sua cola e qualquer passo em falso poderia lhe colocar atrás das grades.
LMF: Obrigada. Agora... [A DETETIVE MOSTRA UMA FOTO DE CAMILLE MARTIN]. Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?
Analisou aquela foto com atenção. Sabia que os seus amigos tinham dito, mas nada além disso. Ajeitou-se em sua cadeira, deixando de manter a postura ereta como estava no início, relaxando seus ombros. “Nunca a vi por Cannes e, se a vi, posso muito bem ter confundido com Eloise. São muito parecidas. Não a conheço, o que sei é que o corpo era dela e não de Eloise, e isso é o que todos sabem por conta da matéria no jornal. Próxima pergunta.” Debochado, ele deu de ombros. Se estavam ali para tentar condená-lo pela morte da menina, não conseguiriam.
BC: Como aluno/a da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?
“Eu fazia parte do Comitê de Eventos já naquela época e, sim, a festa é feita todo ano. Destinada apenas aos alunos, sim, por ser uma festa de passagem da Truffaut.” Não entraria a fundo em sua opinião, mas se os alunos convidados levavam pessoas de fora, o que ele tinha a ver? Cada um faz o que bem entender.  
LMF: Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, o sr. estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?
“Estava sim. Vi geral, Geneviève, Sebastian e o resto do Comitê de Eventos, Wolfgang também...” Fingiu estar procurando em sua memória mais nomes, somete para ter tempo de pensar se diria algo sobre Margot. Preferiu não. Preferiu não falar no nome dela. Algo dentro de si falava que era melhor não tocar em seu nome. “Vi Jun e Mary Isobel também, mas essa garota não vi.” Concluiu.
LMF: Onde o sr. estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?
“Indo embora. Podemos dizer que... Eu tinha coisa melhor para fazer.” Com coisa melhor para fazer, Domenico queria dizer consolar Margot, que parecia em choque com o que vira. Nem se lembra se a meia noite ainda estava na ilha ou não, em que pé estavam todos. Perguntar de horário era um golpe baixo, porque ele não fazia ideia alguma.
LMF: Alguém lhe acompanhou? Existe alguma testemunha de sua saída da festa?
Poderia até falar que havia ido embora com Margot, mas não queria trazer seu nome a tona. Não parecia certo. Algo em si falava que ainda precisava protegê-la, mesmo que acreditasse fielmente que a garota não tinha nenhuma culpa naquela história inteira. “Fui embora sozinho. Não tenho muitos amigos, então não vi necessidade de me despedir de ninguém.” Porra, nessas horas queria ter mentido, mas se perguntassem para quem quer que metesse nessa resposta, iria ser desmentido. Afinal, não estava dizendo a verdade. Havia ido embora com Margot, totalmente em choque pelo que havia acontecido no penhasco.
LMF: Explique-se, sr, que tipo de “coisas” seriam essas? Se você era do Comitê de Eventos da festa, não deveria ter ficado até o fim?
Touché, pensou, enquanto arqueava as sobrancelhas, encarando Lucille. “Ir para casa, dormir... Esse tipo de coisa.” Respondeu, rapidamente, antes de dar algum tempo para seu cérebro pensar em outra resposta. “A festa não estava boa e eu queria ir para casa. Pode perguntar aos empregados do meu pai o horário que cheguei, se duvidarem.” Afinal, parecia que duvidavam. “Faço parte do Comitê porque tenho que fazer parte de alguma extracurricular. Se restar dúvidas, podem perguntar ao presidente do Comitê se eu cumpro com minhas obrigações lá, a resposta dele vai ser não. Meu histórico de faltas em reuniões também.” O rapaz deu de ombros novamente. Já devia ser a milésima vez naquele interrogatório.
BC: O sr. esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?
“Estive.” Foi sucinto. Era melhor manter a economia de palavras. “Só vi coisas normais para uma festa. Bebida, adolescentes... Nada de incomum.” Brigas havia visto várias, mas não era ele que falaria isso para um investigador, muito menos que havia brigado com a própria Eloise. 
BC: Novamente, seus colegas podem confirmar essa informação?
Domenico somente assentiu com a cabeça, esperando que aquilo fosse o suficiente, pois ouvir aquela pergunta novamente começou a deixar claro que duvidavam de tudo o que falava. Porém, quando o investigador lhe pediu para, de forma oral, repetir sua resposta em direção a câmera, só respondeu: “Todos que estavam lá podem confirmar.”
BC: O sr. se recorda de nenhuma droga ilícita sendo vendida ou ingerida por seus colegas nessa festa?
Drogas ilícitas? Não haviam perguntado nada disso em seu primeiro interrogatório. “Não uso, então não sei. Não vi nada. Não sei porque perguntam isso também, já que no outro não fizeram.” Respondeu de forma malcriada, deixando que o tom de voz fosse mais grosseiro que nas respostas anteriores. “Essa pergunta não parece ter um motivo relacionado ao caso da menina Camille, peço que passem para a próxima. O interrogatório é somente para esclarecer suas dúvidas sobre a festa no penhasco e Camille.” Disse a advogada contratada por sua mãe, provavelmente sabendo de coisas das quais não mencionaria ali. Sua mãe, com toda certeza, havia contado para sua equipe jurídica o que o rapaz escondia. 
LMF: O sr. saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?
“Tenho cara de quem lê mente agora?” Resmungou ele em direção a advogada, querendo dizer que ele não tinha ideia do motivo pelo qual pensavam que era Eloise que havia morrido nas pedras. Mentira, afinal sabia que ela havia caído. Estava lá quando aquilo acontecera. “Não faço ideia. Quem deveria saber isso são vocês.” Foi a única coisa que saiu de sua boca. Os investigadores se aproximaram e sussurraram algo um para o outro. Domenico não conseguiu entender o que falavam, mas o olhar de Lucille quando foi lhe liberar não era um dos mais satisfeitos. Só que como sua advogada havia dito, estava ali para falar de Camille e da festa, não de coisas alheias aquilo. 
BC: Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado.
“Espero que não precisem.” Despediu-se de sua maneira. Esperou que a advogada levantasse primeiro para segui-la até o lado de fora daquele inferno.
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ohfaheera · 4 years
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02 de março de 2021.
Com os óculos escuros cobrindo os olhos inchados proporcionados pela insônia e lágrimas dos últimos dias, Faheera suspirou. Estava cansada. Aborrecida. Sentia que perdia um pouco de si mesma sempre que precisava ir em direção a delegacia e mentir um pouco mais, encobrir um pouco mais. Deveria estar acostumada, mas parte de si ainda se incomodava. Respirou fundo, deixando que o ar fresco lhe despertasse um pouco e tirou os óculos, pensando que talvez seria sensato ter um advogado consigo, mas estava evitando seus pais o máximo possível. Não queria contato, não desejava envolvê-los de forma alguma, por isso optando por ir sozinha. No entanto, quando a porta se fechou e os detetive do caso se apresentaram, Faheera se arrependeu de não ter nenhuma companhia, afinal talvez assim se sentisse um pouco mais confiante. Sentia vontade de gritar e abandonar aquele cômodo pequeno e chato, mas sabia de seus compromissos para com a justiça. 
“Boa tarde, srta, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.” Foram as palavras ditas por uma moça bonita de cabelos escuros assim que Faheera sentou-se na cadeira designada. Não estava confortável, tudo lhe parecia sem cor, sem vida. Desanimada, fizera como o instruído.
“Me chamo Faheera Zeynep Al Hosseinzadeh, tenho dezenove anos, nasci no dia dezenove de setembro de 2021 e sou estudante na L’Academie International François Truffaut.” Ok, essa era a parte fácil. Nenhuma mentira a ser dita, afinal. Tentava controlar sua respiração, mas o nervosismo ainda transparecia enquanto mexia em suas pulseiras. Recordava-se do que tinha combinado com Wolfgang e Chloé e repassava as sentenças em sua cabeça. 
“Obrigada. Agora…” A mulher voltou a falar, dizendo algo sobre Camille. Faheera não a conhecia, mas sabia que era irmã de Cedric. A semelhança com Eloise, no entanto, era impressionante. “Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?” Não, Faheera não se lembrava de tê-la visto em lugar nenhum. Achava que possivelmente nem frequentavam os mesmos lugares, visto a diferença do círculo social. “Sei que é irmã de um colega da Academia e que estava desaparecida há alguns meses.” Deu de ombros suavemente ao responder, não achava que fosse uma grande informação. “Qual colega de classe?” Indagou o policial, parecendo bastante interessado na informação. Devem estar, fizeram um péssimo trabalho! Pensou a garota, distraída por um momento. Se aquilo era um quebra cabeça, a polícia estava indo muito mal na montagem. “Cedric Martin.” Proferiu, sem dar muitos detalhes. Não passou despercebido para Faheera o rápido olhar que ambos trocaram, no entanto a jovem não dedicou muito tempo a pensar no que aquilo significava, porque logo lhe lançaram outra pergunta.
“Como aluna da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?”
“Pelo que sei é para os alunos, apenas.” Não tinha muito mistério até ali, mas as perguntas começavam a se aproximar da noite complicada. A própria Faheera não tinha muito o que temer, havia recusado-se a subir no penhasco, porém temia dizer algo que pudesse comprometer seus amigos. 
E então começou, aquelas perguntas específicas demais para as quais Faheera havia ensaiado para responder. O coração começou a bater mais rápido, tanto que a jovem possuía o medo de que as autoridades ali pudesse ouvi-la de alguma forma. “Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, a srta estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?” Pronto. O questionamento fora o suficiente para desencadear uma onda de ansiedade, fazendo com que Faheera utilizasse toda sua força para contê-la. Cruzou as mãos no colo e passou a língua rapidamente pelos lábios secos demais. “Eu estava, já disse isso no depoimento anterior. Estava com alguns amigos, como Cholé, Wolf, William, Maya… Não prestei muita atenção porque estava meio emburrada no dia. Eu não queria ir e meus amigos insistiram para que eu fosse, então estava meio mal humorada e fiquei um pouco reclusa. Não vi essa garota lá, nunca a vi em pessoa.” Confessou, porque uma meia verdade era capaz de acalmá-la. “Onde a srta estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?” O bendito questionamento. Era a hora de soltar as palavras com a maior naturalidade possível, assim como tinha ensaiado algumas vezes. Da primeira vez fora pega desprevenida, mas dessa vez estava preparada. “Estava retornando para Cannes com meus amigos Chloé e Wolfgang. Todos nós tínhamos algum motivo para querer voltar mais cedo; eu não queria ir a princípio e não aproveitei a festa, Wolf estava bêbado e Chloé chateada. Não havia porque ficar.” O detetive Bernard lançou um olhar para Faheera, parecendo ser capaz de varrer sua alma. Estaria ele desconfiando de alguma coisa? A árabe não conseguiu sustentar o olhar por muito tempo antes de jogar as orbes para o outro lado da sala, nervosa. “Por que a srta estava tão relutante em ir?” Estava aí uma pergunta que não pensou que seria feita. A jovem suspirou, sabendo que não poderia falar as primeiras sentenças que invadiram sua mente. “Eu viajaria no dia seguinte para encontrar meus pais em Londres, então queria descansar, mas meus amigos insistiram, então resolvi ir e depois me arrependi.” Mentiu rapidamente, observado a outra mulher na sala anotar alguma coisa. “A srta esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?” Prosseguiu o homem, fazendo com que Faheera se remexesse em sua cadeira desconfortável, resistindo ao impulso de sair correndo daquele lugar. “Não estive no penhasco e também não vi nada, porque como já disse, estava meio introspectiva naquela noite.” Bem, não era uma mentira total. Faheera bocejou, estava com sono, no entanto gostou de pensar que a atitude poderia ser interpretada como puro tédio. Era bom que não soubessem como estava em pânico! Lucille ergueu uma sobrancelha, não demorou muito até que outro questionamento fosse feito.
“A srta saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?”
Quase sorriu com a pergunta, porque lhe oferecia uma oportunidade perfeita para despejar algumas coisas que há muito estava pensando. “Se vocês não sabem, como eu saberia? Isso não é um dever da polícia, investigar? Elas eram parecidas, talvez seja isso, até um pouco óbvio, se me permitem dizer.” Cruzou os braços, um pouco irritada porque não sabia se ficava feliz pela polícia ser ruim. Se fosse boa significaria que a farsa de todos estaria há muito tempo descoberta e isso definitivamente seria ruim. Nao queria parecer tão grosseira ou mal educada, mas desejava que aquilo acabasse logo. Aquela delegacia estava na lista de lugares que mais odiava no mundo. O detetive por fim anunciou o final do depoimento e Faheera imediatamente se levantou, atravessando a sala em passos rápidos. “De nada.” Proferiu antes de cruzar a porta com uma última olhadela para trás, suspirando de alívio ao deixar aquele ambiente. 
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mzbel · 4 years
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LONG STORY SHORT  :  IT WAS A BAD TIME  .
@gloryandgorehq & @gg-pontos
dois de março de 2021, três e quarenta da tarde.
Mary Isobel, Melissa e Michael chamaram um uber com destino a Delegacia de Cannes. Ali, na França, nenhum dos três possuía um carro e não era um incômodo para nenhum deles, apesar de muitos outros adolescentes que recém haviam completado a idade para tirar suas habilitações achariam estranho que o trio de gêmeos preferia não ter um veículo próprio. Em sua cidade natal, cada um tinha seu próprio carro, mas ali, preferiam viver de aplicativos de caronas. Afinal, moravam já em terreno escolar e, quando saiam, era preferível que não dirigissem; principalmente MJ, que não tinha limites quando ia para alguma festa. 
A irmã mais velha, Mary, teve de implorar para que Melissa se vestisse apropriadamente para aquela ocasião. A irmã do meio queria colocar uma saia e Mabel não achava que condizia com a situação, escolhendo um par de jeans para que suas pernas estivessem cobertas. Como ela podia, até naquele frio, vestir-se com roupas curtas? Era a própria cópia de sua tia Cora, se lhe perguntassem, enquanto Mary tentava chegar aos pés de sua mãe, Caitriona. 
Quando chegaram à delegacia, Michael tomou a frente das irmãs e apresentou-se na recepção, informando o motivo pelo qual estavam ali e a carta que havia recebido, contendo a intimação. Os três entregaram seus documentos de identificação e foram encaminhados para outro cômodo, a fim de esperarem ali sua vez de darem suas respostas a quaisquer dúvidas que tivessem. Mary tremia. Melissa mexia em seu celular. Michael cantarolava alguma música da qual Mary Isobel não entendia nem uma palavra. Essa era a maior prova da diferença entre os trigêmeos. Mary era a preocupada, Melissa e Michael completamente despreocupados. Toda a preocupação do mundo fora dada apenas a mais velha deles.
Seu nome foi o primeiro a ser chamado e, com olhos medrosos, encarou Lucille Fortier-Marceau e Bernard Chateaubriand, respirando fundo por um segundo antes de segui-los até a sala do interrogatório. ❛ Boa tarde, senhorita, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.❜  Iniciou Lucille e Mary Isobel, prestativa e obediente como era, logo o fez:  ❛  É o mínimo que posso fazer para terminar isso tudo. ❜ Declarou, de início, dando um leve sorriso em direção aos policiais.  ❛ Me chamo Mary Isobel Byrne Ainsworth, Mabel. Tenho dezoito anos, nasci em 18 de março de 2002. Estudo na Truffaut, último ano. ❜ Pensou se seus trabalhos com crianças nos finais de semana deveria ser mencionado como ocupação, pois se orgulhava do que fazia, mas manteve-se sucinta. 
Notou as mãos de Lucille tocando uma folha específica e pediu a Deus que não fosse nenhuma imagem trágica do corpo ou algo parecido. Não conseguiria lidar se fosse. ❛ Obrigada. Agora... ❜  A detetive levantou a folha que mostrava-se ser uma foto de Camille. Tomou um momento para analisar, novamente, a semelhança dela com Eloise. Era incrível. ❛ Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade? ❜  De imediato, negou com a cabeça, movimentando-a para os lados.  ❛ Não a conheço pessoalmente, não. O que sei é que ela estava desaparecida, haviam cartazes pela cidade com o rosto dela, e é dos cartazes que conheço seu rosto. ❜ Foi honesta, afinal, era o que concretamente sabia de Camille, o resto eram suposições suas e de amigos próximos. Ouviu alguém comentar que ela era irmã de Cédric, mas por não falar diariamente ou ter uma conexão com ele, preferia manter aquela informação para as más línguas do colégio, que sempre tinham uma opinião sobre tudo. 
❛ Como aluna da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer? ❜ Questionou o detetive ao lado de Lucille, que lembrava-se que seu nome era Bernard, apesar de não recordar o sobrenome do mesmo. Era um difícil de ser pronunciado, disso tinha certeza. Apesar de fluente diante da educação na França, algumas coisas ainda eram complicadas para que Mary Isobel pronunciasse com eficiência.  ❛ Quando cheguei na Truffaut, me explicaram que era uma festa anual somente para o terceiro ano, que só eles sabiam a data, o horário, essas informações específicas. Por ser algo só para eles, acredito que pessoas de foram não eram convidadas, mas não sei se havia alguma punição se alguém acabasse por levar alguém que não fosse aluno. ❜ Bernard nem esperou a garota respirar após sua resposta e logo disparou:  ❛ Então a senhorita Martin poderia ter sido levada por algum dos convidados? ❜  Mabel logo sentiu que havia dito algo contraditório, mas já havia sido feito. Não havia volta.  ❛ Não lembro de vê-la lá, por isso não sei responder a essa questão. E como disse, senhores, não sei se podiam convidar alguém de fora, se havia algum problema nisso. ❜ Estava sendo honesta. Seu conhecimento acerca das regras da Festa da Passagem era mínimo. Tinha poucas memórias de Eloise lhe explicando e lhe convencendo de ir, e nenhuma delas incluía uma explicação acerca de quem era ou não convidado.   
A garota respirou fundo enquanto esperava a próxima pergunta. Suas mãos tremiam encostadas em suas pernas e se questionava, mentalmente, se podia pedir por um copo d’água ou aquilo significaria algo negativo em seu interrogatório. Sua garganta estava começando a ficar seca e sentia uma intensa necessidade de tomar um gole que fosse de qualquer bebida. Era só nisso que conseguia pensar. 
❛ Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, a senhorita estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém? ❜  Questionou a detetive Fortier-Marceau.  ❛ Compareci a festa, sim, junto com meus irmãos. Além deles, vi Choi Jun Ho, Romain Geauxinue, Valentin Terrazas-Sulzbach, Eloise Girard-Dampierre... Carmen-Grace Rivera. Acho que só. ❜ Listou, caçando memórias no fundo de seu cérebro. Havia apagado muita coisa daquela noite como forma de proteção. A dor que havia sentido com o suposto falecimento da melhor amiga não tinha comparação.  ❛ Não vi Camille lá, como disse antes. Ou melhor dizendo, não lembro de a ver lá, já que pela semelhança posso ter confundindo-a com Eloise. Me desculpe, mas elas são praticamente idênticas fisicamente. Os traços do rosto... Lembra muito Eloise. ❜ Perdeu-se em seus pensamentos, mexendo sua cabeça para os lados, discretamente, para tentar focar no que estava tentando responder. ❛ Mas acredito que não a tenha visto. Prefiro pensar que pela minha proximidade com Eloise, saberia diferenciá-la de outra pessoa, assim como gosto de pensar que sabem me diferenciar de Melissa sem ter de escutar nossas vozes ou analisar nossos trejeitos com atenção. ❜ Foi honesta, era o mínimo. Por um segundo, pensou que Lucille deixaria aquela pergunta passar e questionaria outra coisa, mas ela manteve Eloise em sua fala. Suas piscadas passaram a ser mais lentas, quase como se quisesse fechar os olhos para afastar pensamentos infelizes; quase como não, era isso que ela queria fazer.  ❛ Você e Eloise são muito próximas? ❜ Essa não era uma das perguntas que desejava responder, mas estava ali. Tinha de responder. Não tinha nem um advogado para lhe orientar.  ❛ Na época da Festa, eu a considerava minha irmã. Éramos carne e unha. Hoje em dia... É complicado. Sofri muito quando achei que a tinha perdido para sempre. Não é mais a mesma relação. ❜ Não queria entrar em detalhes e esperava que a dor em sua voz deixasse o assunto para trás e voltassem a lhe perguntar de Camille. Estavam ali para isso.  ❛ Não é a mesma relação que antes, como assim, senhorita? ❜ Não era de usar palavras de baixo calão, nem de xingar, mas naquela hora somente palavras desse gênero passavam em sua mente. Não queria entrar naquele assunto mais do que já havia entrado.  ❛ Me desculpe, detetive, mas simplesmente não é mais a mesma coisa... Meus irmãos podem explicar melhor que eu, quem sabe, mas eu sofri demais quando perdi Eloise. Me custou minha felicidade, minha paz... Precisei fazer terapia para conseguir processar tudo o que havia ocorrido, a dor, o luto. Po-porém, quando ela voltou, foi estranho... Por um tempo, fiquei mais brava que confu-fusa. Por que ela poderia voltar e minha mãe, com sete filhos e um marido, teve de ir, definitivamente...? ❜ Uma lágrima escapou de seus olhos vermelhos e inchados, segurando litros e mais litros de lágrimas. Bernard empurrou um pacote de lenços na direção da estudante e Mabel prosseguiu, alcançando um papel para enxugar seu rosto.          
Os detetives se olharam e Lucille continuou:  ❛ Onde a senhorita estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco? ❜  Agradeceu que o assunto já não era mais sua relação com Eloise e respirou fundo, terminando de limpar seus olhos.  ❛ Não sei dizer. Lem-lembro de procurar meus irmãos para irmos embora perto da meia-noite, tanto que não estava lá quando vocês chegaram. Mas quanto ao horário exato que fui embora, não sei dizer. ❜ Depois que Eloise insistiu para subir no penhasco, Mary Isobel não viu mais sentido em estar na festa. Sentia que algo ruim iria acontecer, sabia que não era certo, não era seguro, que subissem naquele local. Tanto que aconteceu o que aconteceu. Não esteve errada em nenhum segundo com seu sentimento de insegurança quanto ao penhasco naquela noite. Apesar de uma resposta sem nenhuma informação importante, pareciam satisfeitos, pois prosseguiram:  ❛ A senhorita esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas? ❜ Negou com a cabeça de imediato, aquela era uma das perguntas mais fáceis e simples de serem respondidas por Mary Isobel.  ❛  Não estive e nunca subiria em nenhum penhasco, detetives. Não teve nada de incomum para uma festa. Havia música, adolescentes dançando, bebendo... Não vi ninguém estranho, nenhuma briga, nada que não fosse normal para uma festa com meus colegas do colégio. ❜ A garota amassou o lenço de papel usado em suas mãos e o segurou nelas, não sabendo se podia descartá-lo naquele momento.
❛ Última pergunta, senhorita. Saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso? ❜ Mabel, sem pensar duas vezes, apontou para a foto em cima da mesa, com o rosto de Camille estampado.  ❛ Acredito que pela similaridade. Como eu disse antes, é assustador como elas são parecidas. ❜ Não deu mais nenhum detalhe acerca de sua opinião, pois nem tinha tanto a dizer. Ver a foto de Camille, de alguma maneira, lhe entristecia, porque aquela menina havia perdido a vida e ninguém havia solucionado o motivo ainda, quase um ano depois do ocorrido. ❛ Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensada. ❜  Tentou forjar um sorriso, assentindo com a cabeça, como se agradecesse a algo. Para não sair em silêncio, os questionou, antes de passar pela porta:  ❛ Peço para Melissa entrar? ❜ 
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lobodobem · 4 years
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𝐂𝐀𝐒𝐎 𝐂𝐀𝐌𝐈𝐋𝐋𝐄: 𝐈𝐍𝐓𝐄𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐓𝐎𝐑𝐈𝐎 𝐏𝐀𝐑𝐓𝐄 𝐈𝐈
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Wolfgang se dirigiu à delegacia com as palmas suando. Sabia que sua situação era muito mais favorável agora que sua ex namorada não estava morta e não tinha nada naquele mundo que pudesse ligar-lhe à Camille Martin, porém mesmo assim não deixou de se sentir criminoso por estar ali. O pior de tudo é que teve que manter segredo do seu avô que ainda estava hospitalizado desde o “acidente” na sua última viagem à Cannes. Felizmente, pudera contar com o apoio dos amigos e estava um pouco mais confiante; mesmo assim, ainda sentia que o estômago estava virado do avesso. 
Sentou-se à frente dos dois detetives conhecidos. Algo se acendeu nos olhos deles — sabiam quem ele era, se lembravam dele. Imaginou que adoraram ter especulado que o Mateschitz era o motivo por trás da morte de Girard-Dampierre. Agora se quisessem o pintar de vilão teriam que fazer muita força. “Boa tarde, senhor Mateschitz, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação”, deu início a policial Lucille Fortier-Marceau. ❝ — Meu nome é Wolfgang Dietrich Glock-Mateschitz, tenho 19 anos. Sou estudante da Truffaut e nasci no dia 10 de abril de 2002.❞ — falou de forma calma enquanto seguia a orientação policial de mirar a câmera.
“Obrigada. Agora...”, continuou a detetive, tirando uma foto de uma pasta para lhe mostrar. Era aquela garota, Camille Martin. Reconheceu-a da foto do jornal na semana passada e devia dizer que a semelhança com Eloise era assombrosa. "Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?”, questionou. Ficou feliz que a primeira pergunta não precisava envolver mentira nenhuma. ❝ — A primeira vez que eu tomei conhecimento dela foi no jornal semana passada, onde divulgaram que o corpo foi reconhecido. Nunca a vi por aí, nem na escola ou lugar nenhum.❞ — respondeu honestamente. 
“Certo. E como aluno da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?”, foi o homem quem perguntou dessa vez. Teria dito algo do tipo: “a festa era tão privada para o pessoal da Truffaut que nem os alunos novos eram chamados, senhor”. Só que já haviam combinado que essa parte ficaria de fora, porque a presença dos amigos ser questionada traria à tona a briga ocorrida e isso ia incriminar todo mundo. Portanto, só disse: ❝ — Não sei. Eu sou aluno da Truffaut há pouco tempo se comparado aos outros. Estudava na antiga Notre-Dame e me mudei para o colégio com um grupo de amigos no começo de 2020. Não sou parte do comitê de festas e essa foi a primeira festa dessas que participei, então não sei dizer os detalhes sobre ela.❞ — disse. “Mas como aluno da Notre-Dame nunca foi convidado para essa festa?”, adicionou Lucille. Wolf sacudiu a cabeça. ❝ — Não. Truffaut e Notre-Dame não se misturam muito bem, detetive. A gente até sabia que rolava essa festa e que tinha uns rituais, mas nunca soube do que se tratava isso, essa seria a primeira vez.❞ — comentou, dando de ombros.
“Entendo. O senhor, portanto, estava lá naquela noite do dia 4 de julho. Pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?”, Lucille Fortier-Marceau pressionou. Wolfgang assentiu. ❝ — Sim, estava. Fui com meus amigos um pouco mais tarde do escrito no convite. Cheguei lá na presença deles... Uh, Chloé Beauchamp ( @ambitchiiious​ ), Casper Kane ( @casskane​ ), Maya de Rojas ( @astramaya​ ), Amelia Sauveterre ( @ameliasauveterre​ ), William Fitzgerald ( @willfitz​ ), Marie Hypatie Love-Hauet ( @patiepatata​ ), Gaspard Dubois ( @gaspdubouis​ ), Faheera Al Hosseinzadeh ( @ohfaheera​ ) e Jeanne Leblanc ( @anneblnc​ ).  Acho que é isso... Mas não vi Camille Martin por lá, a princípio.❞ — respondeu. Os dois detetives fixavam-lhe o olhar de uma forma desconfortável. Se ajeitou na cadeira. “É um grupo bem grande”, comentou a mulher, uma sobrancelha erguida. ❝ — Me orgulho de felizmente ter bastante amigos próximos, senhora.❞ — falou de forma simples e deu de ombros, não devia explicações sobre isso à eles. 
“O senhor é o ex-namorado de Eloise Girard-Dampierre, não é? Estava na companhia da senhorita naquela noite?”, perguntou Bernard. O Mateschitz franziu o cenho.  ❝ — O caso não se trata mais do assassinato dela, se trata?❞ — rebateu, porque não podia deixar de se sentir inquirido, como se fosse um réu. Se não discutia sua ex relação nem com os amigos, com certeza não queria fazer aquilo com a polícia. “Pergunto isso, senhor Mateschitz, porque as duas moças, como pode ter percebido, se parecem bastante. O senhor teve contato com Eloise ou acha possível que de longe possa ter visto Camille em seu lugar?”, reformulou o homem, o que lhe deixou um pouco mais aliviado. ❝ — Como falei em meu primeiro depoimento, minha relação com Eloise era segredo absoluto. Nas festas da escola a gente precisava inventar desculpa para nos encontrar às escondidas.❞ — falou friamente, porque não gostava de tocar naquele assunto. Por que precisavam ficar abrindo a ferida? ❝ — Eu não tive chance de ficar com ela à sós. Ela parecia bem ocupada com os amigos, me disse antes de tudo que tinha uma questão para resolver com uma amiga, algo assim. Sei lá, não dei bola, é coisa normal, né? Eu posso ter visto a Camille no lugar da Eloise sim... Na época eu ficava procurando ela com o olhar em todos os cantos e podia fixar o olho em qualquer uma que remotamente parecesse ela... Eu...❞ — se interrompeu, notando que a face esquentou e provavelmente estava escarlate. Não falou mais nada, não precisava relatar como fora trouxa na sua relação com a ex. Os dois pareceram entender o suficiente.    
“Onde o senhor estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?”, perguntou Lucille. A hora era agora. Precisava falar o que combinou com Chloé. ❝ — Meia noite, é? Bom...❞ — ficou pensativo de verdade, porque precisava se lembrar como começava a narrativa, já que o nervosismo o fez ter branco. Concentre-se!, pensou. Escutou a voz da Beauchamp na sua cabeça. ❝ — Para ser sincero, policiais, essa noite é meio confusa. Eu cheguei com meus amigos e fiquei na maior parte do tempo bebendo. Era uma festa, né. Fomos de iate para lá, o capitão de confiança do meu avô que nos levou, ele mora na cidade mesmo. Não sei dizer em que momento, mas eu fiquei bem bêbado, Chloé deu o grande azar de estar comigo antes disso e precisou ficar cuidando de mim. Quando eu fico bêbado quero fazer umas coisas meio idiotas, disse ‘pra ela que ia voltar nadando ‘pra casa e besteiras desse tipo. Enfim... Não sei que horário foi, mas fomos embora. Eu, Chloé e Faheera. Me lembro dela lá, algo sobre ela também estar passando mal, porque Koko disse assim: ‘onde vocês estariam sem mim agora?’. Isso eu lembro.❞ — narrou. Não podia embelezar muito sua fala porque não era um garoto que prestava atenção nos detalhes e sabia que eles sabiam disso. “Sabe nos dizer um horário aproximado que isso tudo aconteceu? Antes ou depois da meia-noite?”, pressionou Lucille.  ❝ — Uh... Não, me desculpa, eu realmente não olho ‘pra hora ou vejo ela passar quando fico bêbado. Em todo caso, acho que a Chloé vai saber dizer melhor, ela estava sóbria, ou sóbria o suficiente para me carregar de lá. Só sei que não vimos polícia nenhuma e nem pessoas caindo, se não duvido que íamos sair dali na boa, né? Posso dizer com certeza que foi antes, porque mesmo bêbado eu acho que lembraria de alguém morrendo, ainda mais a minha namorada na época, né...❞ — disse, cruzando os braços sobre a mesa. O par de detetives escrevia bastante. 
“O senhor esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?”, perguntou Bernard Chateaubriand. Wolfgang estava prestes a pôr a mão no cabelo em sinal de nervosismo, mas se conteve. Não podia deixar eles observarem aqueles sinais, isso se lembrava de Koko e Cass o orientar.  ❝ — Não estive no penhasco. Na verdade nem sabia que isso era uma tradição deles, acho que na hora eu soube... É, lembro de ter dito para Koko que ia pular sozinho, esse foi um dos motivos dela me levar embora.❞ — mentiu deslavadamente, porém não tinha como eles saberem disso, a menos que Chloé o incriminasse e sabia que a chance de isso acontecer era maior do que negativa. “Então o senhor viu os alunos se dirigirem ao penhasco e disse que iria pular antes deles, é isso? Sabe dizer quem eram esses alunos e o horário que isso aconteceu?”, perguntou Bernard com o tom ansioso. Sabia que essa era uma parte crucial para a polícia e conseguir nomes de pessoas que subiram seria crucial. ❝ — Não! Não foi isso que eu disse! Lembro que me contaram que logo ia acontecer o famoso rito de passagem, então perguntei o que era isso, porque afinal das contas né, era o nome da festa, e me explicaram. Foi daí que tirei a ideia, mas não vi ninguém subindo não, senhor. Nem sei se fizeram isso com a confusão de encontrar o corpo e nem fiquei sabendo. Depois que achei que Eloise tinha morrido, não gostava de pensar ou mencionar essa noite.❞ — falou, e essa parte realmente era verdade. Sabia que estava apelando para o emocional dos dois ao falar daquela forma e soube que funcionou, porque o olhar de decepção deles foi visível.   
“O senhor saberia dizer por que as pessoas pensaram que... Bom, desculpe falar assim levando em conta que eram próximos e foi um evento traumático para o senhor, mas como souberam que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?”, falou Lucille e de fato o austríaco esboçou uma careta. Não estava mais namorando a garota e agora que sabia que ela nunca morreu era um alívio, mas mesmo assim aquele foi um período sombrio na vida de Wolfgang e não gostava de relembrá-lo. ❝ — Não sei, senhora. Não lembro de ter presenciado isso e nem sei como isso aconteceu.❞ — falou com honestidade, depois que os amigos o levou arrastado penhasco abaixo, não lembrava e nem sabia o que as pessoas fizeram lá do outro lado. “A sua amiga, a senhorita Marie Hypatie Love-Hauet, foi quem acionou a polícia. Ela não te falou nada sobre como aconteceu e por que ela chamou a polícia? Não falaram sobre isso no grupo de amigos?”, adicionou Bernard. ❝ — Como eu disse antes, nunca discuti os detalhes daquela noite com ninguém, só queria esquecer que ela aconteceu totalmente. Meus amigos depois disso começaram a não falar mais sobre o assunto na minha presença por respeito e sempre preferi assim. Mas Patie é uma garota muito inteligente e tenho certeza que não fez isso por impulso, se chamou a polícia é porque identificou uma confusão ou alguém passou a informação e ela, que é corajosa, ligou para vocês. Mas não sei como foi, já estava longe.❞ — adicionou tentando manter a paciência. Até mesmo uma pessoa bem intencionada fazendo atos de cidadania não escapava dos olhos inquisitoriais da polícia.
“Bem, obrigado pelas suas respostas e honestidade, senhor Mateschitz. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado”, falou finalmente Lucille Marceau e Wolf não precisou que dissessem duas vezes, simplesmente assentiu e levantou sem falar mais nada, querendo e desejando nunca mais repetir aquela experiência.
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gngarchive · 3 years
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𝐓𝐀𝐒𝐊 & 𝐏𝐋𝐎𝐓 𝐃𝐑𝐎𝐏: 𝐂𝐀𝐒𝐎 𝐂𝐀𝐌𝐈𝐋𝐋𝐄 (𝐈𝐍𝐓𝐄𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐓𝐎𝐑𝐈𝐎 𝐏𝐀𝐑𝐓𝐄 𝐈𝐈)
Eles sabiam que isso estava por vir desde que leram a manchete do Nice-Matin no dia 23 de fevereiro. Alguns rezaram para não acontecer, outros tentavam ao máximo criar uma desculpa para não comparecer, mas havia uma verdade inegável: existia uma citação para comparecer à delegacia de Cannes na correspondência de um grupo seleto de alunos do último ano da François Truffaut.
“Que inferno!”, pensaram eles, provavelmente. Quando aquele pesadelo ia ter fim? Pânico generalizado ao se perceber que droga, já faziam seis meses desde o último depoimento e os exatos termos de suas falas foram esquecidas assim que os meses se arrastaram, apagando-se definitivamente do seu plano consciente com a volta de Eloise. Afinal, não precisavam mais daquilo! E, mesmo assim, ali estavam eles, repetindo o padrão do ano passado.
Bom, não exatamente, porque dessa vez um Cavalo de Tróia os aguardava.
TIMELINE GERAL IC DA TASK-DROP:
Dia 25/02 (quinta-feira): as cartas da delegacia chegaram nas casas dos personagens. Medo, desespero, instabilidade, gente pensando no que fazer. Só que foi observado algo minimamente positivo: não seria um interrogatório e sim esclarecimento de informações. Não seriam nem ao menos considerados testemunhas, apenas meros informantes, já que a investigação do desaparecimento de Camille já existia e o caso não era fechado, portanto não haveria motivo para iniciar todos os depoimentos novamente. Para alguns isso parecia até uma esperança, talvez nem seja nada de mais! Outros, entretanto, pensaram que essa era uma estratégia da polícia para deixar os demais tranquilos e conseguir assim arrancar alguma incongruência.
Dia 26/02 (sexta-feira) a 28/02 (domingo): os personagens se reunem em seus grupos de amigos ou então refletem sozinhos sobre a versão dada na época da investigação de Eloise. O que iam falar? O que iam fazer? Esse momento é livre, você decide como seu personagem vai agir e o que vai fazer, ou resolver falar. [DIA 28/02 É O ANIVERSÁRIO DA ELOISE. Ô ELOISE VO COME SEU BOLO]
Dia 01/03 (segunda-feira): esse era o dia marcado para os depoimentos, entretanto um problema os adiou --- aparentemente durante o final de semana havia tido um pane no antigo sistema da pequena delegacia de Cannes e muitos depoimentos antigos foram apagados. A maior parte das pessoas de fora julgou aquilo como infortuito acontecimento, mas dentro da normalidade, já que a delegacia não era preparada ou moderna, afinal, a cidade de Cannes não testemunhava muitos crimes sofisticados e uma investigação como essa de assassinato não acontecia há uma década. Entretanto, os alunos da Truffaut sabiam que aquilo não podia ser aleatório. Dito e feito, os envolvidos receberam em seus celulares naquele mesmo dia (à noite) a seguinte mensagem do anônimo --- “Um presente adiantado de formatura. De mim para vocês. Não precisa agradecer (por enquanto)”. Causou estranheza essa ajuda, mas o que alguns logo concluíram foi: se o -E os ajudou era com intenção de chantageá-los futuramente.
Dia 02/03 (terça-feira): os depoimentos acontecem. Como os detetives não possuem mais seu depoimento da época da investigação da Eloise, está livre para dar a versão que quer. Eles não sabem disso, mas o -E tem todos os depoimentos guardados com a versão antiga (oportunidade perfeita para ferrar seu personagem se você quiser KKKKKKKKKK).
INTERROGATÓRIO*
*LMF para Lucille Fortier-Marceau (fc: Melissa Fumero) e BC para Bernard Chateaubriand (fc: Pedro Pascal).
ATENÇÃO. Você pode e deve alterar as perguntas do interrogatório conforme a participação do seu personagem no plot. Por exemplo, se o seu personagem não estava na Truffaut no primeiro interrogatório, pode adequar as perguntas e fazer os detetives comentarem isso. TODOS OS ALUNOS DO ÚLTIMO ANO DA TRUFFAUT FORAM INTIMADOS, não só os personagens, isso porque todos foram presumidamente convidados para a festa do ano passado e presumidamente estavam lá. A polícia não sabe quem estava e quem não estava exatamente e como os depoimentos antigos foram deletados, eles só se lembram de alguns vagamente (como o Dionísio, irmão da Eloise, Pallas que era namorado dela, etc). Os dados que possuem deles são os dados fornecidos pela escola através de mandado judicial e só.
LMF: Boa tarde, sr/srta, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.
LMF: Obrigada. Agora... [A DETETIVE MOSTRA UMA FOTO DE CAMILLE MARTIN - fc: Maia Mitchell]. Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?
BC: Como aluno/a da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?
LMF: Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, o/a sr/srta estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?
LMF: Onde o/a sr/srta estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?
BC: O/A sr/srta esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?
LMF: O/A sr/srta saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?
BC: Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado/a.
INFORMAÇÕES OOC:
Seguindo a timeline, você pode fazer seu personagem interagir em qualquer um dos dias que foram citados acima em qualquer situação.
No interrogatório, você pode adicionar as perguntas que quiser conforme as suas respostas e também alterar algumas para se encaixar com a sua narrativa de maneira mais adequada.
Se quiserem, podem combinar os personagens e suas histórias (preferencialmente naqueles dias antes do interrogatório, mas é livre e não é obrigatório que leve para dash se não quiser) ou entre players para que seus personagens coordenem histórias, álibis, incriminem outros, etc. É de vocês e vai da sua criatividade, desde que seja combinado previamente e todos os envolvidos estejam de acordo.
A duração dessa task-drop será do dia 09/01 (sábado) às 19h até dia 17/01 (domingo) às 23h59, podendo ser adiada caso a maioria queira assim.
Não se esqueçam de informar em seus POVs, interações fechadas e starters abertos de quais dos dias a situação que postar está acontecendo, para que ninguém se perca.
Não esqueçam de marcar o @gngstarters para starters abertos e @gg-pontos para qualquer coisa que valha ponto dentro da task-drop (POV, interrogatório, etc).
Se quiserem, podem usar a tag G&G:CASOCAMILLE.
Se possuírem qualquer dúvida, não hesitem em vir de ask, mensagem privada ou então no discord perguntar.
Se divirtam!!!!!!!!
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                                𝐎𝐧𝐞 𝐪𝐮𝐞𝐬𝐭𝐢𝐨𝐧 𝒉𝒂𝒖𝒏𝒕𝒔 𝐚𝐧𝐝 𝒉𝒖𝒓𝒕𝒔                                      caso camille || interrogatório     
Remember what Dad always said: ‘never answer more than you were asked. It’s better for you to be seen and not heard’
E mais uma vez ali estava Penélope, na delegacia de Cannes, esperando sua vez de ser interrogada por um crime que ela sequer tinha presenciado, ou ao menos não se lembrava de ter visto qualquer mínima coisa que fosse relevante. Logo que seu nome foi chamado, ela seguiu para a pequena sala de interrogatório, mantendo um belo sorriso estampado em seus lábios, que lhe trazia uma expressão jovial e passava confiança. em momentos como aquele, sua aparência se tornava a maior das aliadas. Agora, era só aguardar que as perguntas começassem. 
LMF: Boa tarde, srta, obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação.
PP: É meu papel como cidadã auxilia-los quando possível. - assentiu para os policiais antes de virar para a câmera que lhe havia sido indicada - Penélope Karmilla Pendragon.  Dezoito anos . Estudante do colégio truffaut françois . 
LMF: Obrigada. Agora… Essa é Camille Martin, 18 anos. Estava desaparecida desde o dia 4 de julho de 2020. Você consegue pensar em alguma informação para nos ceder sobre essa garota? Você a conhece? Se lembra de a ter visto em qualquer parte da cidade?
PP: - o olhar da morena se desviou da câmera para a foto a sua frente, dando um pequeno suspiro - Infelizmente não faço ideia de quem seja ela, é extremamente parecida com Eloise como tem sido afirmada, mas não me recordo tê-la visto fosse pela cidade ou qualquer lugar. A menos é claro que a tenha visto e pensado se tratar de Eloise.
BC: Como aluno/a da François Truffaut, sabe dizer se a festa de Passagem que é realizada todos os anos pelos alunos do último ano era destinada apenas aos estudantes ou se pessoas de fora também compareciam ou podiam comparecer?
PP: A festa é somente para os alunos, mas, como já aprovado, isso nunca foi um impedimento para que outras pessoas comparecessem, muitas vezes até a convite dos alunos, especialmente quando falamos de relacionamentos. 
LMF: Sobre a festa de Passagem ocorrida no dia 4 de julho e os eventos ocorridos lá, a /srta estava lá naquela noite? Se sim, pode citar alguns nomes de pessoas que se lembra de ter visto? Sabe dizer se essa garota esteve lá ou se a viu conversando com alguém?
PP: Sim, eu faço parte do comitê que organizou a festa. Claro, algumas das pessoas que vi e também interagi na festa em questão são minhas amigas Geneviève D’Hardcourt e Margot Debois, assim como Valentin Terrazas-Sulzbach e Benjamin Beauffort. Não me recordo de tê-la encontrado em nenhum momento. 
LMF: Onde a srta estava no dia 5 de julho à meia noite, quando a polícia foi acionada e informada que o corpo até então acreditado ser de Eloise Girard-Dampierre havia caído do penhasco?
PP: Eu já tinha deixado a festa a algumas horas, provavelmente estava a caminho de casa. 
BC: A srta esteve no penhasco no dia 4 de julho ou na madrugada do dia 5 de julho? Viu algo que chamasse a sua atenção nesse dia ou fora do comum para uma festa, como a presença de pessoas estranhas ou brigas?
PP: Sim, no dia 4 de julho, na festa. Na madrugada do dia 5 estava a caminho de casa, visto que a festa tinha acabado. Algumas brigas ocorreram na festa, mas nada que já tenho acontecido dentro do próprio colégio, e quanto as pessoas estranhas, sim, havia algumas que eu não conhecia. 
LMF: A srta saberia dizer por que as pessoas pensaram que Eloise era o corpo encontrado sobre as pedras? Se não, consegue dar um palpite o que levou as pessoas pensarem nisso?
PP: Não posso dizer com certeza, mas acredito que a semelhança das duas e o desaparecimento de Eloise, que vem de uma família importante, tenha feito com que esse pensamento fosse o primeiro a surgir por entre as pessoas. E talvez a condição em que foi encontrado, é só sei o que foi noticiado nas mídias. 
BC: Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado/
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fuckauthorityy · 4 years
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hora da verdade (ou quase isso)
INTERROGATÓRIO DE CÉDRIC NICÓLAS MARTIN. @gloryandgorehq, @gg-pontos
Agora o nervosismo de Cédric não era mais nem por causa do depoimento em si ou do que ia falar a polícia e sim do que ia acontecer depois em consequência de ter aceitado um acordo com o -E. Se encontrar com Wolfgang antes da sua vez chegar só o fez lembrar ainda mais disso então quanto entrou na sala após ser chamado, não estava perto da tranquilidade que gostaria. Mas era isso, agora ou nunca, a hora da verdade.
“Boa tarde, sr... Martin” viu a detetive ler seu nome e olhar de forma interessada. Era esperado, mesmo que o nome fosse o mais comum da França. “Obrigada por comparecer. Sabemos que não é divertido prestar depoimento à polícia, mas agradecemos a sua compreensão e cooperação com o caso. Em primeiro lugar, gostaria que olhasse para a câmera e respondesse olhando para ela a todo momento, tudo bem? Diga seu nome completo, sua idade, sua data de nascimento e sua ocupação”, ela pediu e Cédric respirou fundo. “Meu nome é Cédric Nicólas Martin, tenho 20 anos, nasci em 06 de fevereiro de 2001 e sou estudante da AIFT, a François Truffaut” os dois olharam as informações da folha com interesse enquanto falava. “Desculpe a pergunta senhor Martin mas... Seus pais são Romain e Valérie Martin?”, perguntou Lucille Fortier-Marceau e ele assentiu, o coração acelerado. “É irmão de Camille Martin?”, continuou ela é em resposta apenas assentiu, uma expressão que imaginava de raiva transpassava seu rosto, odiava falar da família com eles. “Agora pelo menos algumas coisas fazem mais sentido. Pedimos desculpas mas não sabíamos que estudava na escola senhor Martin”, comentou Bernard Chateaubriand. Cédric não disse nada.
“Sentimos muito pela sua perda. Uh bem algumas respostas ficaram inúteis. Senhor Martin o inquérito da sua irmã foi fechado e até transferir as provas, sinto muito mas vou precisar fazer algumas perguntas sobre. Qual foi a última vez que viu tua irmã com vida?”, os pêsames falsos e a pergunta em si fez o sangue dele subir. “Na noite que ela... Morreu. Ela estava saindo de casa para ir nessa festa”, comunicou curto e simples. “Ela disse alguma coisa sobre estar indo encontrar alguém ou sabe dizer alguns amigos dela que estariam na festa?”, perguntou Bernard. Cédric até sabia, mas não ia dizer, eles não mereciam. “Minha irmã gostava de se meter em lugar e festa de gente rica sempre foi assim. Ela não me disse nada e que eu saiba os amigos dela eram da escola dela, pública.” falou com a testa franzida, odiava tocar nesse assunto, odiava não saber no que a irmã estava metida. Lucille o olhou de forma esquisita. “Desde quando o senhor estuda na Truffaut?”, perguntou. “Desde outubro de 2020”, respondeu certamente. “Depois que ela desapareceu então. Algum motivo especial para tua transferência?”, adicionou, estava querendo arrancar informações a mais, mas não sabia que seus esforços eram inúteis, Martin é irredutível. “Ter uma boa educação não é suficiente? Ou só porque eu sou pobre preciso estudar na escola pública?”, rebateu, estava muito aborrecido e só queria ir embora, então decidiu continuar falando, senão isso nunca ia acontecer. “Minha irmã sempre quis estudar na AIFT. Era um sonho dela, sempre tentava uma bolsa mas é a escola mais concorrida do sul da França. Ela tem, tinha muitas qualidades mas nunca foi muito aplicada nos estudos. Quando ela sumiu me senti atraído pelo lugar, sei lá acho que pensei que ia encontrar ela lá escondida em algum canto. Acabei gostando da escola” resumiu e encolheu os ombros, era parte da verdade, no fim das contas.
Os dois detetives agora anotavam as coisas rapidamente e Cedric esperou sentindo que a paciência acabava se esvaindo. Queria que terminassem logo. “Então o senhor não compareceu à festa de passagem do dia 4 de julho e não presenciou nenhum dos fatos lá?” Chateaubriand perguntou. “Não e nem sabia que era esse nome até entrar na escola. Depois fiquei sabendo o que aconteceu é claro, os jornais da cidade só falavam disso” respondeu se lembrando do quanto chegou a odiar Eloise por receber atenção e ofuscar a fuga da sua irmã. “Depois que o senhor entrou na escola ficou sabendo de alguma coisa da festa ou do que aconteceu lá?” continuou o homem e Cedric sacudiu a cabeça. “Meus colegas não falavam muito desse dia. Não fiz amizade com tanta gente ainda porque somos muito diferentes mas, os poucos que tenho contato nunca nem mencionaram à festa, acho que não queriam lembrar os acontecimentos” mentiu mas era uma boa desculpa e acabou colando com os dois pela expressão compreensiva que fizeram.
“O senhor notou comportamentos estranhos da tua irmã nos dias que antecederam à morte dela?” questionou Lucille e aquela pergunta deixou Martin mastigando culpa e pesar. Sempre esteve absorto demais na própria vida para prestar atenção total na da irmã ainda mais nos últimos dias, porque afinal não sabiam que eram os últimos. “Nunca sabemos quando são os últimos instantes de alguém ou que aquela é a última vez que vamos ver uma pessoa, então não posso dizer que prestei atenção especial, só sei que... Brigamos antes de ela ir. Eu não gostava que ela fazia muita força pra se misturar com aquela gente que devia ficar rindo dela pelas costas e ela disse que eu não sabia o que eu estava falando. Que as pessoas da AIFT eram igual a gente e que eu era cabeça dura e um dia ia me dar mal por isso. Que eu não tinha razão e que ela ia...” e então se interrompeu porque não tinha lembrado dessa parte até aquele exato momento. “Ela disse que ia provar” respondeu e sentiu a garganta ser arranhada. Então existia uma possibilidade de Camille ter sabido sobre seu parentesco com Eloise ou era só coisa da sua cabeça? E se esse conhecimento que foi o fim da sua vida? De repente ficou muito ansioso para ir embora.
“Tua irmã costumava ir à Sainte Marguerite com frequência?” perguntou Bernard. “Não monitorava ela ou sabia onde tava toda hora detetive. Mas meu pai costumava gostar de ir pra lá em alguns feriados, minha mãe gosta do monastério, as praias são mais calmas que a da cidade”, respondeu. “Então ela conhecia a rota certo?” continuou e Cedric assentiu. “Que horário a senhorita Martin saiu de casa para ir à festa, o senhor se lembra disso?” Lucille perguntou e Cedric ficou pensativo. Não tinh sido feito essa pergunta ainda, encarou os detetives. Parecia que tinham uma teoria e Martin queria saber mas, não ia descobrir porque eles não iam contar. Botou o cérebro para funcionar. “Deixa eu ver, eu tinha chegado do trabalho fazia uns minutos só, eu trabalhava na Apple na época, meu turno era de m... De tarde. Uma as seis. Então devia ser umas sete horas quando ela enfiou a cabeça pra dentro do meu quarto perguntando se eu podia levar ela até a balsa. Eu lembro que perguntei ‘agora?’ e ela afirmou, fiz corpo mole porque tinha acabado de chegar e assim começou a conversa porque pedi o que ela ia fazer na ilha uma hora daquelas” viu os dois detetives o olharem com interesse e os olhou de volta tentando descobrir o que pensavam. “Segundo o relato dos seus colegas à festa começou perto das nove horas e a maior parte deles chegou só nove e meia, dez horas. Alguma ideia se ela ia passar em algum lugar antes ou por que ela ia chegar tão cedo?” dessa vez foi Bernard e Cedric enfim compreendeu. Se sua irmã conhecia a ilha por que estava indo tão cedo a festa? Seria possível que se encontrou com alguém lá antes de começar e foi aí que morreu? Porque ela conhecia bem a ilha e o trajeto e não precisava sair três horas antes, isso com certeza não. O cérebro ia a mil com as possibilidades mas, aos detetives só balançou a cabeça. “Não sei. Depois da discussão ela só saiu do meu quarto batendo a porta e não soube mais nada” nunca mais.
Enquanto os detetives anotavam Cedric sentiu a ansiedade subindo com a nova teoria. Onde Camille foi, quem ela encontrou e o que aconteceu? Achava que era isso que eles se perguntavam também. Por fim Bernard olhou para ele novamente e disse. “Obrigado pelas suas respostas e honestidade. Vamos manter contato caso precisemos de mais esclarecimentos da sua parte. Está dispensado” e com isso Martin só assentiu e se retirou. Precisava voltar para o dormitório com urgência e pensar.
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