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Três Figuras Incomparáveis: Os 3 Homens na Bíblia Que Nunca Morreram!"
Olá, leitores queridos! Espero que estejam bem. Hoje, embarcaremos em uma fascinante jornada pelas páginas sagradas da Bíblia para explorar um tema intrigante: "Os 3 Homens na Bíblia Que Nunca Morreram!" Vamos desvendar juntos os mistérios que cercam essas figuras notáveis.
Assista ao vídeo completo:
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1. Enoque: Caminhando com Deus além das Eras
Enoque é uma figura notável que, segundo as Escrituras, "andou com Deus e desapareceu, pois Deus o levou" (Gênesis 5:24). Sua vida foi marcada por uma proximidade extraordinária com o Criador, e sua singularidade reside no fato de que ele nunca experimentou a morte física. Enoque transcendeu as limitações humanas, sendo levado diretamente para a presença de Deus. Sua história nos inspira a buscar uma comunhão mais profunda com o Divino em nossa própria jornada espiritual.
2. Elias: Partindo em um Carro de Fogo
A história do profeta Elias é repleta de eventos milagrosos, mas seu fim é verdadeiramente único. Ao término de seu ministério, Elias não conheceu a morte comum. Em vez disso, ele foi arrebatado aos céus em um carro de fogo, conforme registrado em 2 Reis 2:11. Esse episódio enigmático destaca a singularidade da vida de Elias e a maneira extraordinária como Deus escolheu encerrar seu tempo na Terra.
3. Melquisedeque: Um Sacerdote Eterno
A figura misteriosa de Melquisedeque, que encontramos tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, é descrita como um "sacerdote para sempre" (Salmo 110:4, Hebreus 7:3). Sua história é envolta em mistério, e sua natureza única como sacerdote eterno desafia as convenções temporais. Melquisedeque serve como uma figura enigmática que transcende as limitações humanas, apontando para um sacerdócio superior e eterno.
Lições Espirituais: Buscando a Eternidade em Deus
Ao explorarmos as histórias desses três homens notáveis, somos convidados a refletir sobre a natureza da vida eterna e a busca pela proximidade divina. Suas vidas únicas nos inspiram a caminhar mais perto de Deus, a buscar uma comunhão mais profunda e a compreender que, em Sua soberania, Ele pode moldar destinos que transcendem nossa compreensão terrena.
Conclusão: Uma Jornada Espiritual Além dos Limites Humanos
Encerramos nossa exploração dos "3 Homens na Bíblia Que Nunca Morreram" com a compreensão de que, em Deus, encontramos a promessa da vida eterna. Enoque, Elias e Melquisedeque nos apontam para uma jornada espiritual que vai além dos limites humanos, convidando-nos a buscar a eternidade em meio às páginas da Palavra de Deus.
Espero que esta jornada tenha sido tão inspiradora para você quanto foi para mim. Compartilhe suas reflexões nos comentários e continue explorando as riquezas espirituais que a Bíblia nos oferece. Até a próxima!
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elcitigre2021 · 1 year
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(via Drunvalo Melchisedeque - Pensamentos, o Segredo antigo da Flor da Vida e a Geometria Sagrada...)
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evangelho-inegociavel · 10 months
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Não é incomum encontrar na internet, nestes dias de excesso de informações, uma série de teses infundadas acerca de algumas passagens bíblicas. Segundo a ordem de Melquisedeque é um tema que apresenta essas características.
Porém, a Bíblia, e tão somente a Bíblia, é capaz de dar luz aos textos e seus contextos. E é lendo os textos bíblicos que entenderemos este assunto.
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eulembrodelemuria · 1 year
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A ascensão aos mundos espirituais superiores não é um processo que somente os santos poderiam alcançar. É para todos nós que escolhemos este caminho do Coração aqui na Terra neste momento. A ascensão pode ser realizada sem deixar este mundo e estando desperto para tudo que está em nossa realidade. O mundo exterior é apenas um reflexo e criação de um mundo interior que há muito foi esquecido dentro de nossos próprios corações.
Drunvalo Melquisedeque
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jwsouza · 1 month
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1 Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.
2 O Senhor enviará o cetro da tua fortaleza desde Sião, dizendo: Domina no meio dos teus inimigos.
3 O teu povo será mui voluntário no dia do teu poder; nos ornamentos de santidade, desde a madre da alva, tu tens o orvalho da tua mocidade.
4 Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.
5 O Senhor, à tua direita, ferirá os reis no dia da sua ira.
6 Julgará entre os gentios; tudo encherá de corpos mortos; ferirá os cabeças de muitos países.
7 Beberá do ribeiro no caminho, por isso exaltará a cabeça.
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abraao-vidal-galdino · 3 months
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Bom dia
Assim tornou a trazer todos os bens, e tornou a trazer também a Ló, seu irmão, e os bens dele, e também as mulheres e o povo. Depois que Abrão voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma, no vale de Savé (que é o vale do rei). Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo; e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra! E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.
Gênesis 14:16-20
And he brought back all the goods, and also brought again his brother Lot, and his goods, and the women also, and the people. And the king of Sodom went out to meet him after his return from the slaughter of Chedorlaomer, and of the kings that were with him, at the valley of Shaveh, which is the king's dale. And Melchizedek king of Salem brought forth bread and wine: and he was the priest of the most high God. And he blessed him, and said, Blessed be Abram of the most high God, possessor of heaven and earth: And blessed be the most high God, which hath delivered thine enemies into thy hand. And he gave him tithes of all.
Genesis 14:16-20
APP Bíblia Bilingue - Disponível na Google Play
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redacaonacional · 6 months
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Morre Quinho do Salgueiro, uma das maiores vozes do carnaval, coração do samba "Explode em luto"
SAPUCAÍ & SALGUEIRO, choram por Melquisedeque Marins Marques, conhecido como “Quinho do Salgueiro”, morreu aos 66 anos nesta quarta-feira (3), por insuficiência respiratória. Ele estava internado no Hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador, e lutava contra um câncer na próstata desde 2022. Quinho deu vida a grandes sambas-enredo do Salgueiro, entre eles o imortal “Peguei um ita no Norte”,…
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ocombatenterondonia · 6 months
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Morre aos 66 anos Quinho do Salgueiro, cantor de sambas-enredo
O cantor Quinho do Salgueiro, intérprete de sambas-enredo do carnaval carioca, morreu nesta quarta-feira (3), aos 66 anos. Melquisedeque Marins Marques foi o cantor da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, no carnaval campeão de 1993, com o famoso Peguei um Ita no Norte. Também participou do título salgueirense de 2009, com o enredo Tambor. Em seu perfil no Instagram, a escola de samba…
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sandrazayres · 6 months
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*NOTA DE PESAR: QUINHO DO SALGUEIRO*
É com grande pesar que o Acadêmicos do Salgueiro comunica o falecimento de Melquisedeque Marins Marques, o eterno Quinho do Salgueiro, aos 66 anos. Quinho morreu no final da noite desta quarta-feira (3), no Hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio. Segundo familiares, a causa da morte foi insuficiência respiratória. Desde 2022, Quinho vinha lutando contra um câncer de próstata. Ainda não há informações sobre velório e enterro.
O presidente do Acadêmicos do Salgueiro, André Vaz, lamenta profundamente a perda deste grande sambista, apaixonado pela Academia do Samba.
“Um grande amigo, um grande intérprete, marcou a história do Salgueiro e do Carnaval. Nós acompanhamos de perto a incansável luta do Quinho e sentimos muito essa perda. Ele merece todas as homenagens e fazemos questão de que o último adeus seja em nossa quadra, no lugar onde Quinho cantou, encantou e brilhou durante tantos anos.”, finalizou.
Ainda não há informações sobre horário do velório, nem o local do enterro.
*Quinho do Salgueiro:*
Quinho não foi apenas um intérprete talentoso; ele foi a voz que ecoou em cada conquista, em cada desfile, e que se entrelaçou intimamente com a alma do Salgueiro.
Desde o início, nos anos 90, quando liderou o samba "Peguei um Ita no Norte", até seu retorno triunfante em 2003 e a gloriosa vitória em 2009 com o enredo "Tambor", Quinho não era apenas um cantor, mas um poeta que traduzia em notas a essência da nossa escola. Seu retorno em 2018, compartilhando o microfone com Emerson Dias, foi mais do que uma volta; foi o reencontro emocionante de um filho pródigo com a casa que sempre foi sua.
Quinho não apenas cantou para o Salgueiro; ele viveu e respirou cada nota, cada batida do coração acelerado da bateria. Ele personificou o espírito salgueirense, e sua ausência deixa um vazio indescritível. Hoje, não choramos apenas a perda de um grande artista; choramos a partida de um membro querido da nossa família.
Nossos sentimentos se estendem à família de Quinho e a todos que, como nós, compartilham uma conexão profunda com o seu legado. Que sua voz ressoe eternamente nas avenidas, nos corações dos sambistas e em cada canto do Salgueiro. Descanse em paz, Quinho, pois sua música continuará a embalar nossas almas.
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Melquisedeque #alquimia #shorts from Alcides on Vimeo.
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de-lharmonie · 9 months
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"AOS ISRAELITAS,
meus queridos irmãos segundo a carne (*).
Meus queridos irmãos,
Há vinte anos o Senhor, por efeito da sua Graça, dignou-se inspirar-me a resolução corajosa, que só dele pode vir, de abjurar o farisaísmo da sinagoga moderna, de entrar na verdadeira Religião de Israel, quero dizer, o Catolicismo. Compreendi desde então o quão importante era explicar-vos com toda a simplicidade do meu coração as razões deste grande ato da minha vida, que causou tão grande sensação entre vós, e atraiu-me cruel perseguição por parte de diversas pessoas dentre vocês. Minha esperança de que o Pai das misericórdias pudesse fazer com que meus escritos servissem, por mais fracos que fossem, como meio de Salvação para aqueles de nossos irmãos que não persistissem em fechar os olhos para a luz, não foi frustrada.
Bendito seja Jeová que até aqui me auxiliou na tarefa de mostrar aos filhos do antigo Jacó a identidade da Fé pregada pelo Messias Jesus com a crença de nossos pais, de nossos primeiros Patriarcas. O Evangelho apenas mudou a forma do culto divino; pois a Lei proclamada no Monte Sinai, diferente do que era desde o início (2), foi revestida com a casca adequada à dureza de coração dos nossos antepassados; mas, despojando-se das cerimônias externas que a tornavam uma Lei rigorosa, tornou-se, na plenitude dos tempos, sob a mão Divina do Redentor, um culto de amor, a Lei escrita no coração.(3) Pela sua encarnação na nossa débil humanidade, a Palavra de Deus encarnou-se, de algum modo, na letra dos nossos livros sagrados. Então se cumpriu o que o Senhor havia falado por meio do profeta Jeremias com estas palavras:
"Dias virão – oráculo do Se­nhor – em que firmarei nova aliança com as casas de Israel e de Judá. Será diferente da que concluí com seus pais no dia em que pela mão os tomei para tirá-los do Egito, aliança que violaram embora eu fosse o esposo deles. Eis a aliança que, então, farei com a casa de Israel – oráculo do Senhor: Eu lhe incutirei a minha Lei; eu a gravarei em seu coração."
(Jr 31,31-33).
Na verdade, desde a publicação da primeira edição das minhas "Cartas de um Rabino Convertido", o Senhor fez brilhar sobre Israel o poder da sua Graça. A Igreja, esta terna mãe, exultou com o regresso de um grande número do nosso povo que, através da sua conversão à Fé Católica, regressou sob o tecto paterno. Vários destes neófitos generosos pertencem a famílias distintas e são conhecidos pela sua educação e talentos. Um número bastante considerável deles ascendeu ao sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque e outros, ainda mais afortunados, obedecendo à voz do anjo do Senhor, colocaram suas almas em segurança na montanha sagrada da solidão (Gn 19,17), fugindo de um mundo corrupto, sem olhar para a fortuna, para o estado, para os pais, para os mais ternos afetos que ali abandonaram. Iam compartilhar as austeridades e obras sagradas dos Jesuítas, Passionistas, Dominicanos e outras ordens religiosas. Conheço alguns que, para proclamar o adorável nome de Jesus Cristo, meu Senhor e teu, entre as nações ainda sentadas à sombra da morte (Sl CVI,X), não temem enfrentar, como nosso irmão Saulo, perigos de todas as espécies; "trabalhos fadigas, repetidas vigílias, com fome e sede" (IICor 11,26-27) os tormentos mais refinados e a morte mais terrível.
Finalmente, vimos alguns pedindo sinceramente, em seu leito de morte, para serem regenerados em Jesus Cristo, e um instante depois carregando a inestimável inocência batismal no ventre de nosso pai Abraão.(4) Ah! que não clama prontamente aqui com o profeta aramaico: "Que eu morra da morte dos justos, que o meu fim se assemelhe ao fim deles!" (Nm XXXIII,10).
Infelizmente! aquele de todos que mais deveria ter me consolado tornou-se objeto de opróbrio e compaixão. Ele andava diante de Jeová (Gn XVII,1) apenas com passos trêmulos e não era perfeito. Sua afeição permaneceu com a traiçoeira Hagar(5), e ele finalmente se casou com a impura egípcia. Além disso, como punição pelo seu crime flagrante, a mão do Senhor pesou sobre ele: ele foi afastado do comércio dos homens. É assim que o moderador do mundo, para dar um exemplo salutar, nunca deixa de manifestar a sua Providência através de castigos terríveis contra os escândalos públicos. Tenhamos pena deste novo Caim errante e vagabundo na terra, e oremos por sua correção. Que o estigma impresso na sua testa, que está condenado a levar de país em país, arranque da sua consciência este grito reparador: “Senhor, Meu castigo é grande demais para que eu o possa suportar (Gn IV,13), vê o meu arrependimento e cobre-o com o manto da tua misericórdia!".
Sim, meus queridos irmãos, repito-vos, a Religião Católica, Apostólica, Romana é a dos nossos antepassados. É chamado de Cristianismo porque recebeu seu desenvolvimento final com o advento de Nosso Senhor Jesus Cristo, aquele Messias prometido à nossa nação, por tanto tempo e tantas vezes. O próprio Divino Salvador declarou isso, bendito seja Ele, aos nossos pais reunidos ao seu redor. “Não julgueis”, disse-lhes Ele, “que vim abolir a Lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição." (Mt IV,17). E na parábola do rico ímpio, que ele propôs aos fariseus, quando este pecador réprobo implora ao nosso pai Abraão(6) que envie Lázaro aos seus cinco irmãos para os instruir na verdade, o patriarca limita-se a dar esta resposta: “Eles tem Moisés e os profetas, que os ouçam”.(7)
Com efeito, o volume sagrado do qual Deus vos constituiu preservadores no interesse da sua Igreja contém todas as verdades do Cristianismo. Ah! por que não te é dado lê-lo, livre da venda fatal que te mantém numa cegueira que não poderíamos compreender se não tivesse sido expressamente anunciada pelos profetas como o maior castigo pela tua desobediência? (8) Mas como você reconhece a autenticidade deste volume, mais precioso que pérolas e coisas desejáveis, por favor (9) abra-o e leia-o sem preconceitos. Da promessa feita ao nosso pai Abraão, de que dele viria o Redentor anunciado ao primeiro homem (10), a Malaquias (11), em cujo túmulo a nossa nação trancou o privilégio de possuir homens de Deus prevendo acontecimentos futuros, você veria uma série de profecias que especificava antecipadamente, e por vezes ainda distante do acontecimento, os mínimos detalhes da obra da redenção, que se realizou na Cruz. Certos capítulos dos Salmos e de Isaías são verdadeiros Evangelhos de Nosso Senhor Jesus Cristo; outras passagens do Antigo Testamento sempre serão para você, apesar da sutileza dos rabinos, das cartas fechadas e de um caos inextricável de dificuldades, enquanto, para sua desgraça, você rejeitar as explicações tão claras, tão naturais que dão ao Novo Testamento, e rejeitar a doutrina que é a consequência necessária dele.(12)
A vossa obstinação submeteu-vos durante demasiado tempo ao castigo com que Moisés, nosso mestre (13), vos ameaçou, o de tatear a meio-dia, ou seja, quando a luz do Evangelho brilha nos vossos olhos com todo o brilho do seu esplendor. Por fim, peço-lhe que leia e medite neste livro Divino. Ah! pois ao lê-lo o coração de um israelita sincero se expande, encantado com o verdadeiro significado dessas belas e sublimes profecias que os videntes registraram como depósito sagrado nos arquivos de nossa nação! E qual não é, a este respeito, a vantagem daqueles de vocês que têm a compreensão da linguagem do texto sagrado(14) que em muitos lugares se harmoniza melhor com o Evangelho do que o latim canônico da Igreja? Quem foi cada vez mais capaz de compreender a grande verdade da redenção e do arbítrio de Israel do que o povo que durante muitos séculos antes do evento foi o único depositário das promessas de Deus e o confidente de seus desígnios para a salvação de todas as nações da terra?
Também foi no meio de nossa nação que o Filho de Deus se dignou encarnar, o Messias descendo, segundo a carne, da vara de Davi, tão venerada entre nós; Messias de vergonha e de glória, que os homens de Deus entre os nossos antepassados ​​pediram com uma espécie de impaciência. É assim que Isaías, falando de um acontecimento que, ainda mais de duzentos anos distante do seu tempo, e que precede em quase quatro séculos a vinda do Justo por excelência, exclama em santo êxtase, como que para apressar os passos do tempo: “Que os céus, das alturas, derramem o seu orvalho, que as nuvens façam chover a vitória; abra-se a terra e brote a felicidade e, ao mesmo tempo, faça germinar a justiça" (Is 45,8).
Está na mesma disposição de nosso pai Jacó, ao predizer aos seus filhos reunidos em torno de seu leito de morte, o que aconteceria no fim dos tempos, depois de ter determinado com admirável precisão o tempo da Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem, diz ele, os povos da terra aderirão (15), interrompe-se subitamente com esta exclamação: “Espero na tua salvação, ó Senhor”.(16)
Contudo, os justos da lei antiga, os únicos verdadeiros israelitas, não atribuíram, como a sinagoga atual (17), ao Messias que esperavam, a missão de trazer de volta à Palestina a nossa nação exilada da terra prometida, e de preenchê-la com a glória e os bens deste mundo, mas a de realizar a nossa salvação espiritual, como realmente fez Nosso Senhor Jesus Cristo. A oração chamada Dezoito Bênçãos (18), que você recita três vezes ao dia, fornece uma prova indiscutível desta verdade. Você sabe que esta fórmula de oração foi escrita vários séculos antes do nascimento do Salvador, pelo concílio chamado de Grande Sinagoga (19), onde estavam sentados cento e vinte médicos, presididos por Esdras, o escriba.(20) Muitos deles eram profetas. A parte desta oração que se refere à vinda do Messias está enquadrada nestes termos: "Faz o rebento de David, Teu servo, florescer rapidamente e aumenta o seu poder através de Tua Salvação, pois por Tua Salvação ansiamos todo o dia.(21) Bendito sejas Tu, Eterno, que faz florescer o poder da Salvação.”(22) Na passagem destas bênçãos onde os doutores traçaram aos fiéis da antiga sinagoga o modo de pedir ao Senhor o regresso dos seus irmãos ainda dispersos entre as nações estrangeiras após o fim do cativeiro da Babilónia, e particularmente das dez tribos lideradas por Salmanasar, não há dúvida do Messias. Diz: "Toque a grande trombeta para nossa libertação. Levante sua bandeira para reunir nossos irmãos dispersos. Reúna-nos desde os quatro cantos da terra. Bendito seja você, ó Senhor, que reunirá os exilados de seu povo Israel".(23)
Por estas mesmas razões, a nossa nação foi a primeira a quem o Senhor Jesus anunciou o reino dos céus, primeiro através de João, o santo precursor da sua missão, depois com a sua própria e adorável boca. Foi como Rei de Israel que o Senhor apareceu na terra(24), e como Salvador e Redentor de Israel que ele sofreu.(25) Foi no meio da nossa nação que Ele operou os seus milagres, tão bem notados, para confirmar a boa notícia que nos trouxe. Foi na nossa nação que ele escolheu os seus discípulos e os seus Apóstolos, que foi estabelecida pela primeira vez não só a primeira Igreja, da qual os primeiros quinze Bispos eram de raça judaica(26), mas também o centro da Religião Cristã.(27) Foi também no meio da nossa nação que um dos nossos irmãos foi o primeiro a triunfar, selando com o seu sangue a verdade que testemunhou.(28) Começou então esta gloriosa carreira de martírio, que foi proporcionada de forma completamente sobrenatural, primeiro pelos Apóstolos, em testemunho do que eles próprios tinham visto e ouvido(29), depois por tantos milhares de soldados de Jesus Cristo que tiveram tão gloriosos imitadores em nosso dias na China, Tonquin e Coohinchine. Numa palavra, para usar a expressão do justo Simeão, a luz que veio para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel (Lc II,32).
Paulo, também um dos nossos irmãos, que por efeito das orações de Estêvão, sua vítima(30), a Graça mudou, do zeloso fariseu que tinha sido, para um ardente Apóstolo de Jesus Cristo, expressa-se nestes termos: "Com efeito, não me envergonho do Evangelho(31), pois ele é uma força vinda de Deus para a salvação de todo o que crê, ao judeu em primeiro lugar e depois ao grego (isto é, o gentio)". (Rm I,16)
Com efeito, o próprio Divino Salvador disse aos seus discípulos, poucos momentos antes da sua gloriosa ascensão: "Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.” (Lc XXIV,46-47).
O israelita convertido encontra na Igreja, com encanto inexprimível, as cerimónias e os costumes da sinagoga, livre das práticas supersticiosas introduzidas pelo farisaísmo. As passagens das Divinas Escrituras que ouve recitadas em todos os cultos recordam-lhe constantemente a memória dos seus antepassados, que remontam à mais remota antiguidade. Estas palavras do sublime cântico da Virgem Santíssima, Glória da casa de David, ressoam no fundo do seu coração: “Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera(32) a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre." (Lc I,54-55).
A Igreja, tal como a sinagoga, recita orações de manhã e à noite, com o símbolo da Fé.(33) Ambos observam o costume de pronunciar uma bênção antes da refeição e graças após a refeição. Na Última Ceia, Jesus Cristo Nosso Senhor pronunciou a bênção costumeira(33) sobre o pão, partiu-o e distribuiu-o aos convidados (Mt XXVI), mas depois da consagração foi o pão da vida, o pão que desceu do céu; infinitamente superior ao maná que não afasta a morte, ao mesmo tempo que comunica a vida eterna.(Jo V,49-50) Depois abençoou o cálice de vinho e fez com que todos os seus discípulos reunidos à mesa pascal provassem a preciosa bebida do Sangue da Nova Aliança (Mt XXVI,28). Ele também usou o repetido milagre da multiplicação dos pães.(34) Você sabe que essas práticas relativas à bênção e distribuição de pão e vinho ainda eram observadas na sinagoga. A Igreja e a sinagoga também solenizam a festa da Páscoa, em memória da libertação corporal e figurativa de uma, espiritual e real da outra. Cinquenta dias depois desta festa, em ambos é instituído o Pentecostes, para recordar a promulgação da lei de Deus no mesmo dia aos judeus no Monte Sinai(35), e o derramamento do Espírito Santo, autor desta Lei, sobre os discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo, reunido em oração no cenáculo de Jerusalém. O Sacerdote Católico, tal como o Sacerdote(36) judeu, usa ornamentos particulares enquanto oficia, de acordo com o grau da sua consagração.(37) Ambos devem lavar as mãos antes de iniciar o Sacrifício (Ex 30,18-20); é uma obrigação estrita estudar a Lei de Deus e ensiná-la ao povo (Dt XVII,8-11; Jr XVIII,18; Ml II,7); ambos sozinhos têm o direito de abençoar o povo nos ofícios de Culto.(38)
A Igreja reza em nome e pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que se sacrificou voluntariamente (Is LIII,7) por nós na cruz do Calvário; a sinagoga sempre rezou em nome e pelos méritos de Isaque, que se ofereceu em holocausto voluntário no monte Moriá.(39) A sinagoga desde os tempos mais antigos, assim como a Igreja, não só reza pelos mortos, mas também recorre à intercessão daqueles que entre eles considera santos; e ela pede aos santos anjos a mesma ajuda de orações.(40) O holocausto perpétuo que antigamente a sinagoga sacrificava todos os dias a Javé, para expiação dos pecados de todo o Israel(41), e que agora, por falta de Templo e Sacerdócio(42), você complementa lendo o capítulo que prescreve este Sacrifício(43), respondeu a pura oblação, como o expressa Malaquias, que a Igreja oferece, no nome inefável da Santíssima Trindade, de um extremo ao outro da terra (Ml I,11), pela remissão dos pecados de todos os seus filhos, sem distinção de nação. O primeiro, uma figura simples, teve que recuar diante da realidade. No tempo precisamente previsto, Cristo foi oferecido, apenas uma vez, de forma sangrenta, no altar da cruz. As pessoas que o renunciaram deixaram de ser seu povo. Os romanos, com o seu líder, vieram destruir a cidade e o santuário. Jerusalém terminou em completa ruína; esta desolação a que estava condenada aconteceu-lhe no final da guerra. Durante esta terrível semana, Cristo, ressuscitado e ascendido ao Céu, confirmou a sua aliança com muitos. As hostes e os sacrifícios da antiga lei foram abolidos. A abominação da desolação foi a divisão do Templo de Sião; e esta desolação durará até a consumação e até o fim (Dn IX,26-27).
Meus irmãos, vocês sabem que não sou eu quem fala aqui: estou transcrevendo a profecia pronunciada por Daniel mais de quatro séculos antes do acontecimento, que se cumpriu com angustiante precisão.
A sinagoga ainda hoje mantém a antiga prática de escrever em todos os lugares o Nome Inefável יהוה‎ (Javé); por isso é que os mais fervorosos fariseus modernos colocam diante de seus olhos, durante a oração, este versículo dos Salmos, escrito num pedaço de pergaminho: “Coloco Javé continuamente em minha presença". Eles tomam o cuidado de escrever Javé em letras grandes.(44) Da mesma forma, os filactérios que os antigos fariseus vos transmitiram não têm outra finalidade senão elevar os vossos corações ao céu durante a oração (Dt XI,18). Este uso passou para a Igreja com a verdadeira Religião de nossos Pais. Apenas substituiu o nome יהוה‎ (Javé) pela própria imagem do Homem-Deus no momento em que Ele realizou a nossa Redenção. É assim que também representa Santos e Anjos naturalmente, enquanto você simplesmente traça seus nomes. Permanecendo sempre o fundo o mesmo, que importa a forma do signo que desperta a ideia?
É portanto por engano, ou por malícia, que se espalhou entre os judeus comuns a opinião de que os Cristãos prestam homenagem de adoração a imagens de madeira, metal e outros materiais! O que você diria se fosse acusado de adorar os caracteres י, ה, e ו (Yod, Hê e Vav) que compõem o venerável nome Javé?
Na Santa Missa, a leitura pública do Evangelho, precedida de uma passagem análoga, chamada de esboço, muitas vezes retirada, como se pratica durante todos os dias da Quaresma, dos livros do Antigo Testamento, corresponde perfeitamente ao ת‎ו‎י‎ש‎פר e ת‎ו‎הפטר (paraschiot e haphtarot) da sinagoga.(45) Na igreja, em ofícios solenes, o evangelho do dia é explicado ao povo, na língua comum; a sinagoga, após o retorno do cativeiro da Babilônia, manteve intérpretes responsáveis ​​por explicar em caldeu-siríaco, naquela época a língua vulgar de nossa nação(46), a seção do Pentateuco e a haftara do profeta da época.(47) Na igreja, durante a leitura do Santo Evangelho, assim como na sinagoga, durante a leitura do Pentateuco, o público fica de pé.(48) A recitação dos Salmos faz parte do ofício da Igreja e também da sinagoga."
Numa palavra, e para não estender muito este paralelo, todas as cerimónias de um se encontram no outro, com a diferença de que a Igreja possui a realidade daquilo que a sinagoga apenas oferece a figura. Não estou falando aqui das práticas supersticiosas destes últimos, fruto dos devaneios mais extravagantes do Talmud, e dos rabinos que vieram após o encerramento desta compilação indigesta, uma verdadeira enciclopédia onde na maioria das vezes encontramos tudo, exceto o bom senso.(49 - 28 diminuto)
Uma coisa que é importante salientar é que a Igreja só adora o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, de quem a sinagoga infiel perdeu a verdadeira noção (50), o Deus da unidade o mais perfeito em sua essência. Os rabinos, ao assegurarem-vos que o Dogma da Santíssima Trindade constitui politeísmo, caluniam a Religião Cristã para vos distanciar dela. A leitura desta obra irá convencê-lo, espero, de que os homens escolhidos da antiga sinagoga conheciam, até onde a fraca inteligência deste mundo inferior permite, o Deus Um por sua essência e Triuno pelas três Pessoas, distintas, mas inseparáveis ​​da Divindade.
Neste livro você encontrará o desenvolvimento das profecias que se referem a todas as circunstâncias do advento do Messias filho de Davi, Nosso Senhor Jesus Cristo, tão longa expectativa de todas as nações, e daqueles da Paixão a que se submeteu pela sua infinita misericórdia pelos filhos de Adão, a fim de apaziguar a justiça do seu Pai Celestial.
Se os rabinos modernos, cegos por preconceitos que me entristecem profundamente, procuraram, embora em vão, desfigurar o sentido destas profecias, um verdadeiro programa, previamente traçado, de acontecimentos dignos que iriam mudar a face da terra, eu espero, pela graça de Deus, que não resistam ao número considerável de tradições registradas nos livros pelos quais professam o maior respeito. Estas tradições provam com as evidências mais recentes que os nossos pais sempre interpretaram as profecias como a Igreja Católica as entende.
O Talmud e outros livros que contêm tradições que remontam à mais alta antiguidade de nossa nação fornecem provas incontestáveis ​​das grandes verdades do Cristianismo. Serei aqui apenas o intérprete dos seus próprios médicos que lhes pregarão Jesus Cristo; e exclamareis com admiração, como os nossos pais que testemunharam o milagre da multiplicação das línguas: “Não são, porventura, galileus todos estes que falam?” (At II,7) Sim, meus irmãos, são os galileus que vos darão a conhecer estas preciosas tradições que recolheram da boca dos nossos antepassados ​​ainda antes da vinda do Salvador do mundo.
A Providência Divina não esteve menos atenta à preservação das nossas tradições nacionais do que à das nossas profecias. Israel viu desaparecer do globo as nações que o subjugaram, e ele, segurando as suas profecias numa mão, as suas tradições na outra, atravessa os séculos que respeitam a sua passagem, como outrora as ondas do Mar Vermelho.(51)
Nossos pais, libertos da dura escravidão do Egito, face à escravidão do demônio, muito mais dura, à qual o pecado de Adão sujeitou toda a raça humana, seguiram a luz das colunas que os guiavam e abandonaram a sua sombra. aos egípcios infiéis que os perseguiram. Ah! meus irmãos, por que é que, muito diferentes deles, vocês mesmos caminham nas trevas, enquanto oferecem às outras nações o lado luminoso das duas colunas que os precedem, suas profecias e suas tradições?(52-31)
Que todos vocês finalmente abram os olhos para a verdade e, para sua felicidade eterna, digam com um de nossos irmãos: "Encontramos aquele que Moisés predisse no livro da Lei, aquele que os profetas predisseram. É Jesus de Nazaré, ele é o Messias, filho de José!”(53) Imiteis a confissão de Natanael, este verdadeiro israelita, cheio de candura, segundo o testemunho daquele que sonda o coração e os lombos: “Senhor”, disse ele a Jesus, “tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.”(54)
Não recuses mais a tua Adoração a este Jesus que desceu do Céu para partilhar as nossas misérias, para nos tornar eternamente felizes; submeter-se à morte, para merecer a vida para nós, lavando os nossos pecados no seu Sangue, naquele Sangue precioso do qual disseram os nossos pais: “Caia sobre nós o Seu sangue e sobre nossos filhos!” (Mt 27,25).
Que palavras precipitadas! Os efeitos desastrosos com que foram seguidos de perto provaram que foram muito bem ouvidos. Mesmo agora, depois de mais de dezoito séculos, este sangue faz sentir o seu peso na raça culpada dos ímpios fariseus que corajosamente o desafiaram. Contudo, meus queridos irmãos, repitamos por nossa vez estas palavras. Mas, em vez de não passarmos de uma impiedade revoltante na boca dos nossos antepassados, pronunciá-los-emos com respeito religioso, com toda a confiança que devemos à Misericórdia Divina.
Sim, nosso Deus, nosso Salvador, que o teu sangue, que este sangue precioso, único preço da nossa reconciliação, repouse para sempre sobre nós e sobre os nossos filhos felizes, para apagar a iniquidade cuja triste herança nos foi transmitida pelos nossos pais, para remover até mesmo a menor mancha de nossas transgressões, para merecer para nós a glória eterna, e para conceder às nossas orações e esforços a conversão geral de Israel, um dia seu povo favorito.
Prostrem-se, portanto, meus queridos irmãos, diante do Deus-Homem que, colocando por um momento como que no esquecimento, se é permitido expressá-lo assim, todas as outras nações chamadas à luz do seu Evangelho, declara que o único objetivo da sua missão é salvar as ovelhas perdidas da casa de Israel. “Não fui enviado”, disse Ele, “senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt XV,24), reservando-me assim ser Ele mesmo, bendito seja, o Ministro do Evangelho, como expressou São Paulo, entre o povo circuncidado, para verificar a palavra de Deus e confirmar as promessas feitas aos nossos pais (55), enquanto as outras nações apenas ouviam as pregações dos seus Apóstolos; diante do Salvador que ordena aos seus Apóstolos que vão preferencialmente ao encontro dessas mesmas ovelhas que estão perdidas (56); diante do bom Pastor que, entristecido pela resistência obstinada de nossos pais, derramou lágrimas amargas pela ruína iminente de nossa cidade santa e pelas inúmeras calamidades que iriam cair sobre nossa infeliz nação e continuarão a dominá-la durante o longo espaço de sua infidelidade. A sua última oração invoca ainda ao Israel culpado a Divina Misericórdia, que, no fim dos tempos, enviará o seu Espírito vivificante para reavivar todos estes ossos secos.(57)
É somente através de Jesus que vocês podem ser filhos de Abraão.(58) O sangue do nosso patriarca, pai de todos os crentes (59), só correrá verdadeiramente em suas veias quando você se alimentar com Fé da Carne e do Sangue de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.(59)
E depois, meus queridos irmãos, que bênçãos vocês não trarão a todos os homens! Pois, "se o seu pecado", como diz São Paulo, "ocasionou a riqueza do mundo, e a sua decadência a riqueza dos pagãos, que não fará a sua conversão em massa?!" (Rm XI,12)
Segui, peço-vos, o exemplo de tantos israelitas que, durante vários anos, regressaram sepultados, sabeis que não estou exagerando, e em todos os países, à santa Fé Católica, a verdadeira Religião dos nossos pais. Em toda parte, graças a Deus, os teus olhos encontram um bom número de irmãos regenerados pelas águas salutares do Batismo. “Somos apenas ontem, podemos dizer nós, israelitas católicos, e já lotamos as cidades que vocês habitam, seus entrepostos comerciais, suas reuniões comerciais, até mesmo seus consistórios.”(60)
Você vê nas fileiras desses novos cristãos todos esses sacerdotes do Altíssimo, todos esses santos religiosos, todas essas mulheres piedosas dedicadas ao serviço de Cristo(61)? Ah! que coração cristão, que coração verdadeiramente israelita, não vibraria de alegria diante do espetáculo destes dignos filhos de Abraão, santificados pela unção do sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque, destes anjos na terra, destas filhas de Sião, esposas do verdadeiro Salomão?
Seus irmãos que se tornaram cristãos são discípulos de um Deus que, embora amando, só quer conquistar amando. Muitas vezes, objeto de suas perseguições, eles perdoam tanto o mal que você lhes causa quanto o mal que você procura causar-lhes. Se você os rejeita por causa de seus pais, eles se deleitam com os laços que os unem a você; se você os amaldiçoa, eles nunca param de orar por você; se você os calunia, eles cobrem seus erros com o véu da caridade. Esta conduta, que está em seus corações, é a do Cristão; o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo faz disso o seu dever.
E você não ficaria abalado com isso? A Religião que dá preceitos tão sublimes merece a sua atenção. Nunca me cansarei de envolvê-lo, de orar a você, de implorar que examine esta Religião Sagrada. Longe de se envolver na escuridão, como o rabinismo, ela pergunta, ela adora o grande dia. Por favor, pese apenas as evidências que ele oferece para garantir sua veracidade, e sua conversão será certa. Aqueles que procuram a verdade, diz um Padre da Igreja, não podem recusar-se a acreditar por muito tempo. (a [28])
Os meus mais ardentes votos são de felicidade e repito com alegria, segundo o meu bendito Padroeiro: "Gostaria de ser anatematizado por Cristo em favor dos meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne."(b [28]). Devorado pelo zelo pela casa do Senhor, perseguirei durante toda a minha vida as doutrinas fatais dos teus guias cegos. Obrigá-lo-ei, pelas provas mais contundentes, a correr ao encontro do caridoso, do Pastor Divino que, na sua terna solicitude, está noite e dia em busca das suas ovelhas que ainda não estão no seu rebanho, porque, ali eles entendem mal sua voz.(c [28])
Cuidado, meus irmãos, para não tomar estas palavras pela linguagem da presunção: Deus me preserve deste vício. Não ignoro a fraqueza dos meus meios; mas, como sem Deus nada podemos fazer, com ele podemos fazer tudo. É em vão que Simão Pedro se esgota em esforços inúteis, como os seus companheiros, uma noite inteira no lago de Genesaré. Não levam nada, porque Jesus não está com eles; mas, assim que Jesus entra no barco, a rede de Pedro mal basta para a abundância da pesca (a [29]), símbolo das almas que o Príncipe dos apóstolos colocará em segurança no seio da Igreja da qual ele é a pedra fundamental. Confio na assistência do Espírito Santo; muitas vezes ele tem prazer em usar os instrumentos mais fracos para a realização dos desígnios de sua providência.
Se às vezes minha caneta traça neste livro verdades que o ofendem, se me expresso com muita franqueza, não me culpe. Devemos amar o próximo como a nós mesmos, mas a Deus mais do que a nós mesmos; e qualquer consideração para com o próximo, para com nós mesmos, torna-se crime assim que a glória de Deus diminui.
Esta é minha única regra de conduta. Não pode ser minha intenção manchar uma nação à qual ainda pertenço segundo a carne, no meio da qual ainda vejo amigos, parentes próximos e benfeitores aos quais dediquei eterna gratidão.
Aqui você encontrará a aplicação das principais profecias do Antigo Testamento que se referem às menores circunstâncias da vida terrena, a paixão e ressurreição de Nosso Senhor. Todas essas circunstâncias são estabelecidas de uma maneira tão incontestável, tão solenemente autêntica, que os inimigos da religião de Cristo, que foram seus contemporâneos, ou tocados na época de seu advento, nunca ousaram colocá-las em dúvida. Coube aos rabinos distorcer, da maneira absurda que vocês conhecem, os fatos mais simples do 'livro (a [30]) da geração de Jesus Cristo'*, ou seja, a parte da história sagrada que está contida no Evangelho, aqueles de vocês que são educados, e hoje em dia são muitos, muitas vezes ficam impressionados com a ignorância dos rabinos em questões de história em geral, e de que maneira ridícula eles a desfiguram em seu Talmud e em seus outros livros. Contentar-me-ei em lembrá-los do Aviso sobre a vida e as ações do Imperador Tito, que o Talmud dá por ocasião da ruína de Jerusalém*, e julgarei por vós mesmos se é apropriado confiar em tais historiadores, especialmente quando eles foram interessados ​​em roubar a verdade de seus adeptos. Além disso, você sabe que nessas ocasiões a mentira é sua arma comum.
Renuncie finalmente ao messias fantasmagórico, tão estranhamente imaginado por esses falsos mestres, messias por quem você espera há tantos séculos, embora já tenham passado todas as épocas que você atribuiu a ele*, e que você esperará em vão até que agrade ao Senhor, que abra os olhos para fixar o olhar no Salvador que traspassaste na cruz e que continuas a crucificar com o teu consentimento ao deicídio dos nossos pais.
Sim, meus queridos irmãos, a nossa nação certamente retornará do seu erro fatal. Não há lugar para dúvidas, pois aquele que é a Verdade (a [31]) a anuncia pela boca do seu Profeta. 'Suscitarei', diz ele, 'sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de boa vontade e de prece, e eles voltarão os seus olhos para mim. Farão lamentações sobre aquele que traspassaram, como se fosse um filho único; eles o chorarão amar­gamente como se chora um primogênito!' (Zc 12,10).
Esta previsão, que, segundo o testemunho de São Paulo (c [31]), pertence aos últimos tempos, começa a concretizar-se. Vemos com consolo um número muito considerável de nossos irmãos sendo salvos das ondas da condenação eterna, refugiando-se na arca da salvação, a Igreja Católica. Em todos os países, especialmente em França, uma multidão de israelitas, incluindo vários estudiosos ilustres, rabinos altamente educados e homens de elevada posição social, são regenerados na pia batismal.
Mas é tempo de vos dar conta de que maneiras a bondade divina me preparou pouco a pouco, desde os meus primeiros anos, para a graça que me reservou, e finalmente me levou ao grau de convicção que me determinou a dar o meu nome a Cristo. , apesar de vários obstáculos tão graves que só a mão todo-poderosa poderia me ajudar a superá-los. As duras provações que se seguiram de perto ao meu batismo e ao dos meus filhos não demoraram muito para me fazer sentir que ser cristão é ser discípulo de Jesus crucificado, e que 'Basta ao discípulo ser tratado como seu mestre, e ao servidor como seu patrâo.' (Mt 10,25). Mas, na hora marcada pelo 'o Pai das Miseri­córdias, Deus de toda a consolação', (2Cor 1,3) essas tristezas cessaram; Resta apenas a memória que tem o seu encanto, como diz o cisne de Mântua.(c [32])
Nascido e criado entre vós, tendo exercido funções que me foram confiadas pelas vossas autoridades, contando nas vossas fileiras jovens amigos, colegas, estudantes; escrevendo em minha própria terra natal, de onde nunca saí antes de meus infortúnios, conhecidos há muito tempo por todos vocês, seria em vão que eu tentaria alterar a verdade, que Deus me proíbe, reconstituindo as circunstâncias de minha vida que se relaciona com a minha conversão e que não pode deixar de ser conhecida por um grande número de vós. Comprometo-me também a prestar-lhe todos os esclarecimentos que desejar a este respeito."
Si parva licet componere magnis (a [33]), e especialmente se a comparação não for muito pretensiosa, direi: Como São Paulo, meu abençoado patrono, fui instruído na Lei de nossos pais aos pés dos doutores de Israel (b [33]); como ele, fui convertido pela voz de Deus, sem a intermediação de nenhum mortal; como ele, desejo ser anátema para a salvação dos meus irmãos segundo a carne (c [33]); como ele, filho da Igreja, tornei-me objeto de ódio e perseguição dos filhos da Sinagoga, que antes me estimavam e apoiavam. Deus me livre de ter a menor idéia de repreender aqueles que me fizeram mal. Eu os perdoo de todo o coração; e meus filhos fazem o mesmo. Pelo contrário, agradecemos-lhes por nos darem ocasião de sofrer pelo bendito nome de Jesus Cristo. Digo mais: devo desculpá-los e considerá-los apenas como instrumentos, sem que o suspeitem, da vontade divina para comigo. Um único fio de cabelo de nossa cabeça é movido sem a vontade de nosso Pai Celestial (Lc 12,7)? Quando os irmãos de José reconheceram o erro de suas ações para com ele, o filho de Raquel, entre os personagens do Antigo Testamento uma das figuras mais realizadas de Nosso Senhor Jesus Cristo, disse-lhes gentilmente: "Não sois vós, pois, que me haveis mandado para aqui, mas Deus mesmo." (Gn 45,8).
O Senhor é minha testemunha de que não procuro me exibir se tenho algo vantajoso para relatar em minha conta. Digo com o Apóstolo: "Tenho-me tornado insensato! Vós a isso me obrigastes." (2Cor 12,11).
Nasci no dia 6 de março de 1791 em Estrasburgo, capital do departamento do Baixo Reno, filho de pais que sempre gozaram da estima geral e zelosos observadores da lei de Moisés. O Senhor me inspirou desde cedo a sede de estudo e o gosto pelas línguas. Meu pai era suficientemente esclarecido para dar a cada um dos filhos a educação mais adequada ao seu gosto, conduzida sem exemplo então, ou quase, entre os judeus da Alsácia. Eles me fizeram um estudante. O ensino dos meus primeiros anos, como o de todas as crianças judias daquela época, quando não estavam destinadas a se tornarem mercadores e usurários, consistia exclusivamente em praticar a explicação do texto hebraico com os comentários em língua rabínica, e no estudo do Talmud. Meu pai, um rabino com a categoria de Haber (a [35]), um excelente hebraísta e um bom talmudista, encarregou-se pessoalmente desta instrução. Ele se dedicou a isso com tanto cuidado que aos dez anos de idade, quando alguém me citava algum versículo da Bíblia, ou uma palavra um tanto notável do texto sagrado, eu sem hesitação indicava o capítulo e a explicação que os comentários dão de Esse lugar. O que mais contribuiu para fixar a concordância na minha memória foram os curiosos que vieram, com mais frequência do que eu gostaria, incomodar-me com perguntas muitas vezes insidiosas; porque às vezes me pediam a localização de versículos que não existiam, falsificados à vontade ou retirados de outros livros que não a Bíblia.
O meu irmão mais velho, que demonstrava grande inclinação para o desenho, foi enviado para a escola central da nossa cidade, para seguir o curso do Sr. Guérin, irmão do famoso pintor com esse nome. Nunca antes dele ele apareceu nesta escola de crianças da nossa nação. Ele deve ter tido muita vontade de aprender a arte de Apeles e Rafael, pois sua paciência e perseverança tiveram que resistir a terríveis assaltos. Apesar de dois decretos recentes, um dos quais declarava os judeus cidadãos activos, e o outro pronunciava o confinamento a todos os cidadãos, ainda se erguia um muro de ferro entre os israelitas e a sociedade cristã, que os olhava literalmente como uma raça de párias. Os amigos de escola do meu irmão, que provavelmente desconheciam a possibilidade de tais decretos liberais, perseguiram-no depois de sair da aula, esmagando-o com insultos, atirando pedras e, o que é pior, esfregando-lhe bacon nos lábios. Apesar dos directores da escola, que intervieram mais de uma vez com a sua autoridade, estas perseguições continuaram até que o meu irmão se distinguiu pelos seus progressos e pelos prémios que obtinha no final de cada ano. Ele é hoje um dos melhores miniaturistas da nossa província.
Mesmo então, o tema favorito das minhas reflexões eram as razões da credibilidade religiosa, e aproveitei de bom grado todas as oportunidades para me informar sobre a Crença e o Culto dos Cristãos. Lembro-me de que tive um prazer especial em discutir religião com um cavalariço da pousada La Cave Profonde, berço onde nasci, onde morávamos. Ele era um bom alemão da Lorena, um católico muito piedoso. Sua biblioteca consistia em um pequeno Catecismo e um livro devocional do mesmo volume. Apesar desta tênue formação teológica, possuía o conhecimento precioso dos pequenos, e, nestes tempos de impiedade e profanações, apegava-se firmemente a estas palavras do Apóstolo: "Tu é pela Fé que estás firme." (Rom 11,20). Não deve ter sido sem interesse ver uma criança de dez anos, que procurava a verdade, discutir um assunto tão sério com um homem de idade madura, plenamente convencido de que a tinha.
Essas conversas indiscretas mais de uma vez atraíram severas reprimendas de meus pais.
Aos doze anos fui admitido, depois de ter sido submetido a um exame, na primeira secção da escola talmúdica, בית המדרש (Beit Ha-Midrash), mantida às custas dos judeus da Alsácia, em Edendorf (37 [37]), a seis léguas de Estrasburgo. Desta turma, onde normalmente permanecíamos três anos, passei o ano seguinte na segunda turma que formava a escola talmúdica de Bischheim, vilarejo próximo à capital do departamento. Após dezoito meses de permanência ali, fui admitido na terceira e última seção, a escola de estudos avançados do Talmúdico, estabelecida em Westhoffen, a algumas léguas de Estrasburgo. O doutor da Lei que presidiu este instituto, Rabino Isaac Lundeschuetz, foi um dos talmudistas mais eruditos e sutis de seu tempo. Ele não ficou surpreso o suficiente quando lhe apresentei, escrita em hebraico rabínico, a tese que ele havia entregue no dia anterior em hebraico-alemão diante de todos os estudantes reunidos. Durou três horas e cobriu o texto que forma o fol. 8 do tratado Betza do Talmud. Isso foi algumas semanas depois que cheguei à academia dele. Ele fez com que meus escritos fossem transcritos como estavam, em um de seus manuscritos, parte do qual ele publicou desde então sob o título כלילת יופי (Klilat Yophit ["Bela Inclusão"]).
A partir desse dia tornei-me um dos principais discípulos a quem ele comunicou, para consulta, o seu trabalho sobre o Talmud.
Vários anos depois da minha saída da sua Academia, este rabino continuou a escrever-me as mais afetuosas cartas, nas quais muitas vezes me expressava a consolação que o elevado grau da minha educação e da minha aptidão lhe causavam. Ainda tenho essas cartas.
Durante uma longa viagem que o Rabino Isaac Lundeschuetz fez à Alemanha para recolher esmolas, a administração das escolas talmúdicas enviou-me para Phalsbourg, na Lorena, para lá continuar a minha teologia sob a direção do Rabino Gouguenheim, que faleceu recentemente com uma idade muito avançada, rabino-chefe do distrito consistorial judeu de Nancy. Um texto deste erudito rabino, que ainda possuo, atesta nos termos mais lisonjeiros minha aplicação ao estudo e meu progresso na teologia judaica, desde a mais tenra juventude, bem como os sucessos que obtive em sua escola.
Durante as férias, que aconteciam na primavera e no outono, nos meses das grandes festas da Páscoa e dos Tahernacles, voltei a Estrasburgo, onde aproveitei as teses públicas e os estudos privados do famoso grande rabino David Suitzheim, que foi visto sucessivamente chefe (nassi) do Sinédrio convocado a Paris, em 1807, por decreto imperial, e presidente do consistório central dos israelitas da França e da Itália.(a [39]) Com o mesmo propósito, frequentei os rabinos Samuel-Samuel e Zadoc Weil. Estes doutores em Israel também me deram em diversas ocasiões os mais belos testemunhos do meu conhecimento e do meu talento em matéria de teologia talmúdica.
Quis a Providência que, apesar da remoção dos meus papéis e dos meus manuscritos, a maior parte destas peças permanecesse em minhas mãos.
Contudo, a minha propensão para o Cristianismo assumiu um carácter mais decidido. Aproveitando todos os meus momentos de lazer, e, quando não havia muitos obstáculos, roubando várias horas do sono, trabalhei com incrível ardor para me aperfeiçoar no latim e no grego, a fim de me instruir nesta religião nas obras originais. Minha inclinação, embora ainda vaga, pela Religião de Cristo, não poderia deixar de manifestar-se de tempos em tempos. Meu pai, que nunca deixou de me observar, ficou tão alarmado com isso que não poupou esforços para me fazer abandonar esses estudos seculares, para me restringir apenas à teologia, como os outros jovens estudantes. Esses obstáculos, como sempre, serviram apenas para me estimular ainda mais. Continuei secretamente meus estudos favoritos, que, como fruto proibido, tiveram mais encanto para mim do que nunca. O Sábio estava certo quando disse: "As águas furtivas são mais doces e o pão tomado às escondidas é mais delicioso" (Pr 9,17).
Na primavera de 1807, depois de ter concluído o meu curso de teologia talmúdica, e mal entrando na adolescência, fui encarregado da educação dos filhos do Sr. Mayer Sée, um israelita rico de Ribeauvillé, no Alto Reno, falecido há poucos anos atrás, membro do conselho municipal. Além das aulas normais de gramática, história, etc., e especialmente de hebraico, ensinei o Talmud ao mais velho dos meus alunos. Fiquei três anos com o Sr. Sée, ao fim dos quais, aceitando condições mais vantajosas, assumi a educação dos filhos do seu cunhado.
Foi em Ribeauvillé que tive pela primeira vez uma conversa com um Sacerdote Católico.
Vocês sabem, meus queridos irmãos, que é muito raro, especialmente na Alsácia, que os judeus (b [40]) frequentem a sociedade Cristã da qual não gostam e onde só seriam admitidos com extremas dificuldades. Consegui obter este favor excepcional em Ribeauvillé. Um pouco de educação e um exterior diferente daquele pelo qual tão facilmente reconhecemos os judeus na nossa província e na Alemanha serviram-me de carta de apresentação a algumas casas Cristãs.
Entre estas casas mencionarei particularmente a do alcaide, em 1808, porque a frequentei com mais assiduidade que as outras. Consistia em uma família Católica muito piedosa e esclarecida. Expressei tão claramente as minhas ideias a favor do Cristianismo que me emprestaram um catecismo francês e me ofereceram uma entrevista com um Clérigo. Aceitei esta oferta com entusiasmo. No dia marcado, fui o primeiro a chegar à reunião, onde tive uma conversa bastante longa com um pároco. Mas o momento que o Senhor designou para a minha conversão ainda não havia chegado. O rumo que minha conversa tomou com esse eclesiástico provavelmente não me predisporia a isso. Devolvi o Catecismo alguns dias depois, acompanhado de algumas observações um tanto inapropriadas. Para qualquer resposta, elas foram enviadas de volta para mim em pedaços. A estimável família teve a caridosa discrição de permanecer em silêncio, para não me comprometer perante os judeus. Ela sem dúvida atribuiu tudo o que acabara de acontecer à leveza da minha grande juventude. Ainda lhes sou grato agora e expresso aqui publicamente a minha gratidão pelo grande interesse que ela teve na minha Salvação e pela sua conduta prudente nesta circunstância.
Já não queria preocupar-me de forma alguma com a Religião Católica; mas senti internamente que não sei o que estava me agitando e atrapalhando meu descanso.
No ano seguinte, o recém-empossado rabino-chefe do distrito consistório do Alto Reno veio em viagem a Ribeauvillé. Ele me conferiu, por sua própria iniciativa, o título de rabino na categoria de Haber, impressionado, como ele se expressou no diploma, "pela minha habilidade no Talmud em tão tenra idade", יניק וחכים טובא, e pelo sucesso com que Eu ensinei isso. Seis outros diplomas do mesmo grau, cuja redação é um tecido de elogios, foram-me concedidos no mesmo ano, ou pouco depois, por doutores da lei e grandes rabinos da primeira distinção que me foram anunciadas. o posto de médico para um futuro próximo. A partir de então, todos os meus olhares se voltaram para o rabinato e me afastei cada vez mais das minhas primeiras idéias Cristãs.
Foi também em Ribeauvillé que experimentei pela primeira vez, com todo o entusiasmo de um jovem inocente, a felicidade de ver o meu nome citado num jornal, e novamente com elogios! e ainda num jornal oficial que o imperador, não tenho a menor dúvida, poderia deixar de ler uma nota a outra! Nenhuma linha deveria escapar do seu olhar de águia! E depois este enorme público que me viu no jornal, e de uma forma muito lisonjeira! Minha cabeça estava girando; e como senti ao mesmo tempo meu tamanho aumentando além da medida, entendi melhor do que Acron, Porphyrion, Janus Parrhasius, Ludovicus Cœlius, Rhodiginus, Antonius Mancinellus, Petrus Crinitus e outros comentaristas empoeirados do antigo fólio de Horácio, este versículo de a letra latina:
Sublimi feriam (je répétais ferio) sidéra vertice (Garm., i, 1 ).
De bom grado eu teria escrito no meu chapéu, não Sou eu quem sou Guillot, pastor deste rebanho (a [43]), mas sou eu quem sou esse Drach elogiado no jornal. Todos que conheci, alguém poderia duvidar disso? deve ter lido. Nunca na minha vida voltarei a experimentar uma felicidade tão intensa, mesmo que um colégio eleitoral me nomeasse, por unanimidade, membro da Câmara dos Deputados. Meu pensamento não conseguia se desvencilhar da operação do compositor da imprensa, que uniu as cinco letras do meu nome; então esse nome, emoldurado no restante da placa, foi publicado; então essa grande pilha de papel, que eu vi ali, mandou suas folhas uma após a outra para receber a impressão. Como foi lindo!
Mas devo finalmente dizer qual foi esse artigo que tanto mexeu com minha autoestima.
A Paz de Tilsitt acabava de ser concluída. Por ordem superior, um solene Te Deum deveria ser cantado nos templos de todas as religiões. Mas a sinagoga não utiliza, por uma razão, o belo hino de Santo Ambrósio. Os líderes do templo israelita de Ribeauvillé, desejando distinguir-se nesta ocasião, encomendaram-me uma bela ode hebraica. Pratiquei com algum sucesso a lira de David e Asafe. Quem não escreveu versos na juventude? Meu poema, solicitado apenas dois dias antes da cerimônia, foi obra de uma noite, opus unius noctis, como diz em algum lugar São Jerônimo, e acompanhei-o com uma tradução literal para o francês. No dia seguinte, todas as mãos capazes de copiar hebraico e francês foram requisitadas. Uma cópia manuscrita da minha redação foi enviada à prefeitura de Colmar, com o relatório da cerimônia. Poucos dias depois, o jornal semanal da prefeitura, um jornal do tamanho de uma mão (a [44]), informando sobre a solenidade, dizia: "E na sinagoga de Ribeauvillé cantamos, na presença das autoridades que para lá foram convidadas, um Poema hebraico, composto por M. Drach, que retrata com eloquência, e num estilo verdadeiramente oriental, os benefícios da paz e do reinado de Napoleão."
Em 1810, vim ficar como professor com o Sr. Javal mais velho, em Colmar. A honrada família Javal que, alguns anos depois, se estabeleceu em Paris, e da qual guardarei lembranças tocantes por toda a minha vida, nunca deixou de me dar expressões de confiança e interesse até o momento da minha abjuração; a partir daquele momento cessaram todas as relações entre ela e eu, quero dizer, entre os Javals que permaneceram judeus e eu; porque membros desta família, meus ex-alunos, imitaram meu exemplo.
Depois de ter permanecido dois anos nesta família, onde fui tão feliz, decidi realizar um projecto que já tinha há muito tempo, nomeadamente, ir a Paris melhorar os meus estudos seculares, ou seja, dizer naqueles que não sejam o Talmud; mas nessa altura todos os projectos dos jovens foram adiados para depois do sorteio do alistamento, sorteio ilusório, porque todos os números estavam a sair. Convocado em 1811, fui declarado inapto para o serviço militar por causa da minha visão deficiente. Todos os jovens daquela época procuravam atribuir-se culpas, para não servirem de bucha de canhão nas horríveis carnificinas dos campos de batalha. Eu havia praticado miopia e tive sucesso o suficiente para ser mandado para casa. Os jovens judeus eram suficientemente vulgares para me invejar mais desta felicidade do que do artigo no pequeno jornal da província. Livre a partir de agora da minha pessoa, experimentei um sentimento irresistível que me levou para a capital onde estava parada, eu disse, a estrela da minha felicidade. Porém, não vi lugar nem protetor ali.
Meu pai, a quem fui pedir a sua bênção antes de deixar a nossa bela e feliz província, fez todo o possível, e esgotou a sua melhor retórica, para me fazer desistir do meu plano de partir. Finalmente, vendo-me inabalável na minha resolução, repetiu com acento de exclamação esta palavra dos pais de Rebeca, מיהוה יצא הדבר ("Yahveh yatza HaDabar" ["Do Senhor veio tudo isso"] - Gn 24,50). “Esta declaração firme”, acrescentou, “é a garantia da grande felicidade que o espera em Paris”. Ah! que felicidade maior poderia ter me esperado ali do que a do santo Sacramento do Batismo? Quisera Deus que eu nunca me tornasse indigno desta Graça! O excelente Sr. Javal, por sua vez, não negligenciou nada para me manter em sua casa. Teve até a generosidade de me convidar, durante os primeiros meses após a minha partida, em todas as suas cartas amigas e carinhosas, a regressar à sua casa em Colmar, caso não encontrasse nada em Paris.
Portanto, vim para Paris, rico em vagas esperanças, pobre em finanças, sem trazer outros meios, sem outras recomendações além da minha teologia judaica e de um suprimento de conhecimento linguístico.
Estávamos então no primeiro fervor da reforma social dos israelitas franceses, à qual a mão de ferro e o poderoso génio do imperador acabavam de dar impulso com a força de uma máquina a vapor de alta pressão. Fui mais bem recebido entre os principais israelitas da capital, na sua maioria homens esclarecidos, ocupando-se com o mais louvável zelo em promover as opiniões de Napoleão sobre os seus correligionários, ou seja, em inspirar nos judeus o gosto pela agricultura. , ofícios, artes, ciências, sem esquecer a profissão das armas, para afastá-los do seu comércio fraudulento e dos seus hábitos usurários. Que eram diferentes dos nossos judeus alsacianos, ignorantes, rudes, gananciosos por dinheiro, não tendo outra ambição senão acumular riquezas e não se esquivando de quaisquer meios para atingir esse objetivo, ao mesmo tempo que tinham a habilidade de colocar fora do alcance da lei (a [47])! Os agricultores dos departamentos do norte do império, oprimidos pela usura, aproximavam-se da ruína, quando Napoleão, que não estava a brincar como dizia Talleyrand, desferiu um golpe de sabre sobre as dívidas judaicas.(38 [47])
No novo âmbito em que me encontrava, a Providência dispôs as coisas da maneira mais admirável para preparar a minha conversão. Além de um lugar de destaque, que obtive no consistório central, o falecido Sr. Baruch Weil, um israelita que merecidamente gozava de grande consideração, confiou-me a educação dos seus numerosos filhos. O rápido progresso dos jovens Weils e a sua sólida educação, da qual os exames semanais comprovavam, deram ao seu professor uma reputação tão boa que várias famílias, mesmo cristãs, pediram-lhe que desse aos seus filhos pelo menos algumas aulas por semana.
O Sr. Baruch Weil, com quem passei a maior parte do dia e que me cedeu a mesa, foi o instrumento da minha resolução final, desta vez irrevogavelmente decidida, de professar publicamente o Catolicismo. Ele contribuiu muito contra sua intenção, porque era muito zeloso pelo farisaísmo e observava todas as suas prescrições com exatidão escrupulosa. Seu vizinho em sua casa era o Sr. Louis Mertian, cuja extrema modéstia não poderia proteger seu nome da mais honrosa publicidade. Na França, a virtude, assim como o vício, não pode permanecer murada. O maravilhoso uso que faz da sua fortuna, acrescida de génio e de grande actividade, atrai, por assim dizer, por toda a parte reconhecimento e aplausos de gritos que não é possível abafar. Não só alivia um grande número de infortúnios, não só contribui liberalmente para todas as instituições de caridade e de utilidade pública, mas também tem um interesse especial por um grande número de crianças pobres, colocadas aos seus cuidados em vários estabelecimentos. A pobreza ameaçava torná-los vagabundos, maus súditos, flagelos da sociedade; A generosidade caridosa do senhor Mertian faz deles artesãos úteis, cidadãos Cristãos, isto é, com uma moral fundada na sua única e verdadeira base: a Religião. Um dos alunos mais antigos da escola politécnica, contribui poderosamente com o seu talento e trabalho diligente para a prosperidade da nossa indústria nacional; por isso, durante muito tempo, o sinal de honra brilhou com dignidade em seu nobre peito. De uma família em que a piedade sólida e esclarecida é como um tesouro hereditário, uma herança preciosa, o Sr. Louis Mertian dá o exemplo da prática sincera de todas as mais belas virtudes Cristãs do mundo.
Uma estima mútua, fundada em ambos os lados, estabeleceu boas relações de vizinhança entre os dois habitantes da mesma casa. O Sr. Baruch Weil, cheio de gentileza para comigo, aproveitou a oportunidade para me apresentar ao Sr. Mertian e à respeitável senhora, digna companheira de tal homem. Ela pertence à honorável família Gossellin, um membro da qual, um ilustre estudioso, ocupou uma cátedra na Academia de Inscrições e Belas Letras. Eles me deram a honra de me confiar a primeira educação primária de seus filhos pequenos. Foi certamente o Divino Pastor, que não cessa de procurar ovelhas perdidas, quem os inspirou, tão bons Católicos, a tomarem um professor israelita para os seus filhos, que criaram tão religiosamente.(a [49]) Não é com vocês, meus queridos irmãos, que preciso aprender que os católicos sempre foram mais tolerantes e mais benevolentes com os judeus do que os protestantes.(40 [49]) Logo depois, o senhor e a senhora Bernard Mertian, que merecem em todos os aspectos a mesma estima que seu irmão e sua cunhada, também me chamaram para dar aulas aos seus filhos.
Eletrizado, essa é a palavra certa, pelos exemplos edificantes de piedade católica que, para minha felicidade, tive diante dos olhos durante vários anos, o impulso para o Cristianismo que outrora senti, despertou em mim com uma força à qual já não oferecer qualquer resistência. A mais pequena Cerimônia de Culto Católico fazia-me experimentar emoções que nunca tinha sentido e das quais me seria difícil ter uma ideia. Queriam que eu explicasse aos meus alunos o latim do Evangelho dominical, mas não ousaram sugerir-me isso. Antecipei espontaneamente este desejo e realizei-o observando sempre a adequação da minha posição, de ainda não me ter declarado Cristão, e dos meus alunos Católicos. No entanto, não passou despercebido aos seus pais que gostei da explicação deste Livro Divino, tão odioso para os nossos irmãos judeus que não querem guardá-lo em casa, e que me expressei com respeito quando tive que falar sobre os Dogmas da Igreja; contudo, consideraram prudente nunca levar a conversa a questões Religiosas.
Há algum tempo as obras dos principais Padres da Igreja, tanto gregos como latinos, tornaram-se a minha leitura habitual. Essas obras foram obtidas de forma barata. Mercearias e comerciantes de papel os vendiam por peso. Estes ainda eram restos de bibliotecas retiradas dos conventos na época da revolução. Ao instruir-me assim a partir da melhor fonte da Religião, que imperceptivelmente se enraizou no meu coração, fiquei impressionado com as fundadas censuras que estes Padres fizeram aos judeus, por terem trazido uma mão sacrílega ao texto hebraico, corrompendo-o. Eu próprio notei há muito tempo que em muitos lugares este texto parece ter sido alterado ou truncado de tal forma que existem lacunas visíveis.(a [51])
Esta circunstância deu origem a uma nova ocupação. Decidi combinar cuidadosamente o hebraico do Antigo Testamento com a versão grega da Septuaginta, porque esta interpretação é obra dos doutores da sinagoga, investidos de toda a autoridade que se poderia desejar, e porque data do início do século anterior ao nascimento de Jesus Cristo, ou seja, de uma época em que ainda não tinham interesse em desviar o sentido das Profecias que dizem respeito ao Messias.(b [51])
Nas numerosas divergências dos dois textos, tendo-me parecido preferível o grego, comprometi-me a restaurar o texto original na obra da Septuaginta, que por sua vez serviu de texto para as versões orientais, notadamente a versão Siríaca, com qual eu estava constantemente diante dos meus olhos. Deve-se notar ainda que em quase todos os lugares onde os Evangelistas e Apóstolos relatam testemunhos do Antigo Testamento, eles se afastam do hebraico e seguem a lição da Septuaginta.(a [52]) Isto é o que fez Santo Irineu dizer; "Os Apóstolos, que são bastante anteriores a esta gente, estão de acordo coma Tradução mencionada acima, e a nossa versão concorda com a dos Apóstolos. Pedro, João, Mateus (b [52]), Paulo, todos os outros Apóstolos e seus Discípulos anunciaram as coisas Profetizadas na forma em que estão contidas na Tradução dos (70) Anciãos." (Adv. Haer., L.III, C.21 [3], p. 293 et 294 da Ed. de Paris, 1639).
Esta conformidade do Novo Testamento com o texto da Septuaginta também é atestada por outros Padres antigos, como Orígenes, São Cirilo de Jerusalém, etc. Encontramos exemplos disso até na Epístola de São Paulo aos Hebreus. O Apóstolo não podia ignorar que aqueles a quem se dirigia, pelo menos os mais cultos entre eles, liam o texto hebraico do Antigo Testamento.
Orígenes, um dos antigos que tratou mais diligentemente da comparação de textos e de seu valor relativo, dedicou a coluna do meio à Septuaginta em seu Octápio, enquanto coloca o hebraico no final.(a [53]) Santo Epifânio, que podia dizer como São Paulo: "Hebrœi sunt, et ego y Israelitœ surit, et ego",(b [53]) e que mantinha uma certa fraqueza pelo texto hebraico, concluiu, no entanto, que Orígenes havia adotado esta disposição para significar que a Septuaginta deveria servir como uma regra para restaurar a verdadeira lição de hebraico, em locais onde o texto original sofreu alterações.(c [53])
O que, na minha opinião, mais milita a favor do texto grego é que São Jerônimo, que corrigiu a antiga Vulgata Latina sobre o hebraico e o caldeu (42 [53]), línguas que havia estudado com mestres judeus, São Jerônimo, cuja nova versão obteve o sufrágio dos próprios judeus, como atesta Santo Agostinho, seu contemporâneo (d [53]), está muito mais próximo do grego da Septuaginta do que do atual hebraico da Sinagoga. Finalmente, uma prova que finalmente me convenceu de que, no tempo deste grande Doutor da Igreja, o texto hebraico não era exatamente o mesmo que é agora, é aquela tirada do tipo de desafio que ele incita os seus adversários a indicarem uma única passagem do grego que não se encontra no original.(a [54])
Eu já estava avançado em meu trabalho, que visava restaurar o texto hebraico de acordo com a Septuaginta, quando, para minha grande satisfação, li no prefácio de São Jerônimo sobre os quatro Evangelistas, que ele via a versão Alexandrina como a salvaguarda e via da integridade das Escrituras Divinas.(b [54]) Na verdade, se os judeus foram por muito tempo, até a época de Orígenes, os únicos depositários do texto hebraico, embora os Octápios logo tenham sido perdidos, o mesmo não aconteceu com a Bíblia grega, pois a Igreja se apropriou dela, a partir de os primeiros tempos, como seu texto canônico. Apesar disso, os judeus tentaram, mas em vão, colocar também as mãos neste texto, adotado para a leitura daqueles entre eles que são designados pelo nome de helenistas.(c [54])
Soma-se a isso o fato de que, nos primeiros séculos do cristianismo, vários Padres, várias Igrejas, de acordo com os doutores da sinagoga (43 [55]), consideraram a versão grega da Septuaginta uma obra inspirada.
Meu trabalho na Septuaginta não permaneceu em segredo por muito tempo. O grande rabino Abraham Cologna, presidente do consistório central, que provavelmente não era um bom presságio para o farisaísmo, do qual era um zeloso adepto, veio me procurar para obter informações sobre ele. Depois de lê-lo (a [55]), ele me ordenou que renunciasse e abandonasse para sempre a ideia de publicar uma obra tão antijudaica. Não me achando muito disposto a obedecer a esta ordem, ameaçou-me, na ausência do malkut, que já não é exigido (b [55]), com censura teológica em hebraico, francês e italiano, que teria enviado a todas as sinagogas. Achamos que esse poliglota ameaçado provavelmente não me assustaria. Eu já tinha caminhado tanto que tinha a Sinagoga bem atrás de mim e estava chegando à soleira da Igreja.
O Pentateuco, que não esperei terminar, obteve o sufrágio de vários estudiosos do Instituto, e especialmente o do famoso orientalista que reavivou os estudos orientais na França, o Sr. Silvestre de Saci, uma das mais belas glórias do nosso país , e cuja perda deixará por muito tempo um vazio difícil de preencher. Depois de examinar o meu texto hebraico restaurado, dignou-se aceitar a dedicatória e recomendou-a ao Ministro do Interior, Sr. de Corbière, como uma obra digna do incentivo do governo.(a [56])
Essa ocupação teve outro resultado para mim, com um efeito muito mais feliz. No exame atento do texto onde, pela primeira vez na minha vida, me coloquei, digamos assim, fora da página dos comentários rabínicos, vi claramente que todas as Profecias não se formam, de alguma forma, aquele grande círculo com a circunferência de quatro mil anos, cujos raios todos terminam no centro comum, que é e só pode ser Nosso Senhor Jesus Cristo, o Redentor dos filhos de Adão, caídos desde o pecado de seu pai. Este é o objetivo e o objetivo único de todas as Profecias (a [57]) que se combinaram para nos apontar o Messias de tal forma que não possamos entendê-lo mal. Juntas, elas formam a imagem mais completa. Os Profetas mais antigos traçaram o primeiro esboço. À medida que se sucedem, completam as características deixadas imperfeitas pelos seus antecessores. Quanto mais perto eles chegam do grande evento, mais suas cores desbotam. Quando a pintura termina, os artistas terminam a sua tarefa e desaparecem. O último dos Profetas de Israel, antes de se retirar, tem o cuidado de indicar quem há de vir e levantar o véu ainda estendido sobre este Mistério. "Eis que vos enviarei o Profeta Elias, antes que venha o dia grande e horrível do Senhor." (Ml 4,5). É o Elias da nova aliança, João Batista, o primeiro e maior dos Profetas da Lei Evangélica, que não teve segundo em santidade entre os filhos da mulher. A pregação de João atraiu uma grande multidão de habitantes de Jerusalém, de toda a Judéia, de toda a região ao redor do Jordão (Mt 3,5), quando Jesus, falando de João, disse à multidão: "Então, por que fostes para lá? Para ver um profeta? Sim, digo-vos eu, mais que um Profeta.É dele que está escrito: 'Eis que eu envio meu mensageiro diante de ti para te preparar o caminho' (Ml 3,1). Em verdade vos digo: entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior que João Batista. (...) Desde a época de João Batista até o presente, o Rei­no dos Céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam. Porque os Profetas e a Lei tiveram a palavra até João. E, se quereis compreender, é ele o Elias que devia voltar." (Mt 11,9-14).
Finalmente a filha de Sião se alegrou (Zc 9,9). Os tempos estão cumpridos, a Mulher, anátema sob a Lei Antiga (c [59]), por ter introduzido o pecado no mundo, torna-se o primeiro instrumento da obra de redenção, e é reintegrada em todos os seus direitos pela Lei Nova. O grande Sacrifício do Calvário encerra a série de todos os Sacrifícios desde o início do mundo, que só tiveram valor por representá-lo. A genealogia (44 [60]) do filho de Davi, desejado pelas nações (Ag 2,8), está autenticamente estabelecida; a partir daquele momento, o povo, zeloso pela conservação do menor pingo de seus livros sagrados, permitiu que as tribos que o mais meticuloso cuidado mantivera distintas até então fossem confundidas com descuido. O próprio Israel, quero dizer, a parcela considerável que permaneceu fiel à Lei de seus antepassados; O próprio Israel, único favorito de Jeová, desde o pacto jurado aos Patriarcas (Gn 22,16; Jr 31,33; Lc 1,73; Hb 6,13-17), logo se funde nas ondas das nações, que, em cumprimento das Profecias, fluem de volta para o monte de Deus (Is 2,2), para adorar com ele a cruz do Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó.
Outra parte da nossa nação, os fariseus, está deixando as fileiras do fiel Israel. Abusando da sua autoridade e da sua influência sobre o povo, declararam-se, desde o início, contra Jesus Cristo, opuseram-se à pregação do Seu Evangelho, abandonaram finalmente a sua própria Religião, que se tornara a de toda a terra, e, ramo quebrado do oliveira franca (d [60]), destacam-se da Família Universal. Acusados ​​voluntariamente do execrável escândalo que estava para acontecer (Mt 18,7), atravessam os séculos, marcados pelo sinal da reprovação que os dá a conhecer, passam por cima do pó das grandes nações que vêem cair uma após a outra, e dar testemunho eterno daquele de quem ainda hoje rejeitam até o perdão que Ele lhes implorou no instrumento de morte ao qual o tinham ligado.(45 [61])
Foi assim que o Filho de Deus foi a Consolação, a Glória e a Redenção do Seu povo Israel (Lc 25,32-28), ao mesmo tempo que foi negado pela sua nação (b [61]), isto é, pelos fariseus e pelos Sacerdotes, representantes de tudo o que os romanos queria deixar a autoridade para os judeus. Estes homens ímpios, movidos pelo fanatismo cego e pelo medo de deixar escapar das suas mãos a sombra do poder que ainda detinham, deram, pela sua ferocidade contra Cristo, um Sacrilégio que desmentia o triunfo que o povo acabava de conceder ao filho de David ao espalhar no chão, conforme o costume das ovações do país, suas roupas e ramos ao longo da passagem de Jesus, e saudando-o com gritos de alegre Hosanna.
Todos os verdadeiros israelitas, tanto aqueles que, como o justo Simeão (Lc 2,25), acreditaram na vinda do Messias, aguardavam com fé a consolação de Israel, como aqueles que, como Filipe e o sincero Natanael, acreditaram na vinda do Messias depois a encarnação do Verbo, porque os sinais certos pelos quais deveria ser reconhecido aplicavam-se exatamente a Jesus Cristo (Jo 1,25); todos os verdadeiros israelitas, eu digo, portanto pertencem à mesma Religião.
Esta Religião, meus queridos irmãos, descendo a longa cadeia de séculos, que liga os nossos dias à hora da primeira revelação feita ao pai da raça humana, é a Religião Católica. Aquele que prometeu à sua Igreja permanecer com ela até a consumação dos séculos, nunca poderia permitir que ela se desviasse da verdade, perdesse a boa Tradição. As seitas que dela se separaram são, por sua vez, ramos mortos, caídos da árvore da vida. Imploro àqueles de vocês que aceitaram seus erros, que voltem ao caminho certo. Através dos seus dogmas, das suas tradições, das suas cerimónias religiosas, a Sinagoga, que nunca teve nada em comum com os princípios protestantes, foi a luz que a Igreja Católica, a verdadeira Igreja, projectou diante dela, antes de aparecer, como o sol antes de se mostrar no o horizonte. A menos que nos percamos, chegaremos, como nossos pais, do Monte Sinai ao monte de Jerusalém, o Calvário. Dali, o caminho segue direto para o Monte Vaticano, onde está estabelecida a cátedra sagrada de São Pedro, sobre fundamentos inabaláveis ​​de verdade e duração. As montanhas foram escolhidas pelos nossos pais para dar os sinais que regulavam o Culto Nacional (a [63]); e, quando o Redentor de Israel começa a distribuir a palavra da Salvação, eleva os seus ouvintes a um Monte.(Mt 5,1-2). David, nos seus mais belos transportes proféticos, canta: "Para os Montes levanto os olhos: de onde me virá socorro?" (Sl 120,1).
Como pode o israelita, habituado desde a infância a permanecer sujeito, no sentido das Escrituras, à autoridade da sinagoga, que, desde o seu declínio, não raramente substitui as suas falsas tradições pelos preceitos mais formais da antiga Lei; como poderia o israelita, digo, escravo cego dos menores devaneios dos rabinos, se tem a felicidade de reconhecer Jesus Cristo como seu Messias, aceitar a liberdade presunçosa dos hereges que dão aos mais ignorantes, aos mais idiotas, o direito de se pronunciarem como árbitros soberanos sobre as questões mais difíceis da mais sublime das ciências, a religião, entregando a palavra de Deus ao fraco julgamento do homem? O Rabino Moisés de Kotzi disse em seu Grande Livro de Preceitos: "Se Deus não tivesse dado a Moisés a explicação oral da Lei (que constitui a tradição oral), ela não seria nada além de obscuridade e cegueira".(a [64])
Assim é infundada a censura que os filósofos judeus e cristãos dirigem aos nossos irmãos convertidos, sabendo que abandonaram a religião dos nossos pais. Longe de abjurar a Religião dos seus pais, o israelita que se torna Católico é um filho perdido, um filho pródigo, que a reflexão e o arrependimento trazem de volta à Casa Paterna. E mesmo que fosse necessário abdicar da Religião dos nossos pais, deveríamos aceitar o princípio ímpio que eles apresentam, de que um homem honesto não muda a sua Religião? O homem honesto segue os movimentos de sua consciência correta e despreza as vãs declamações daqueles que não a possuem. A vara da nossa nação, Abraão, chamado Pai dos crentes, mostra-nos com o seu exemplo que não devemos vacilar entre os nossos pais e Deus, o nosso Pai que está nos céus (Mt 5,45). Moisés louva a tribo de Levi, porque desconsiderou, pela causa de Deus, os pais, as mães, os irmãos e as irmãs (Dt 33,33). O Talmud diz que o texto sagrado reúne intencionalmente estes dois preceitos: "Cada um de vós respeite a sua mãe e o seu pai, e guarde os meus sábados. Eu sou o Senhor, vosso Deus." (Lv 19,3), para nos dizer que a obediência aos pais não deve ter precedência sobre o que devemos á Deus.(e [65])
Tendo atingido este grau de convicção, já não me era possível adiar o meu Catecumenato. O Senhor dignou-se inspirar-me coragem; e desde os primeiros dias de janeiro de 1823 anunciei minha resolução à piedosa família Mertian, que experimentou santa alegria e se dispôs a aceitar minha proposta de servir como padrinhos, bem como aos meus filhos. Sou casado desde 1817.
Mas quantas batalhas tive que travar contra tudo o que me rodeava e contra o meu próprio coração! É preciso ter passado por uma situação semelhante para se ter uma ideia: minha saúde ficou prejudicada por vários meses. Minha existência dependia então quase inteiramente do consistório, que me confiara a direção da escola judaica; o título de rabino, doutor da Lei, do qual os principais rabinos-chefes da França me concederam o diploma, deu-me a expectativa do primeiro cargo de rabino-chefe que viria a ficar vago, e os chefes de várias sinagogas consistorias eram muito avançados em idade; as obras a favor do princípio do Judaísmo que publiquei com algum sucesso e às quais iria negar tão veementemente; o desfavor, para não dizer mais, que o meu Batismo iria trazer, entre os judeus, ao meu pai e à minha mãe quase octogenários, muito apegados ao Judaísmo, e a todo o resto da minha família; meu certo rompimento com a família à qual fui aliado e por quem fui amado como um filho; a suposta aposentadoria de uma amada esposa, e o infortúnio que dela resultaria para meus três filhos, idosos, as duas filhas de três e quatro anos, o menino de dezesseis meses. Carreguei esta longa e pesada cruz, com aquele contentamento interior que só a consciência de fazer bem pode dar. Não me detendo em nenhuma consideração humana, renunciando aos mais ternos afetos do coração, aceitei o convite daquele que havia declarado, com sua Divina boca: "Se alguém vem a mim e se não me ama mais (46 [67]) que seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser Meu discípulo." (Lc 14,26-27).
Depois de ter implorado para os meus filhinhos a ajuda de Deus que disse: "Deixai vir a mim os pequeninos" (Mc 10,14), e a proteção da poderosa e terna mãe dos Cristãos, apresentei-me ao venerável reitor da faculdade de Teologia, Padre Fontanel, ele declarando que, já convencido da verdade da Religião Católica, pedi para ser preparado por ele para o batismo. Ele apressou-se em ceder ao meu desejo e cumpriu comigo o Ministério Apostólico de uma maneira digna de sua piedade e de seus talentos.
No Domingo de Ramos, assisti pela primeira vez com o meu respeitável Catequista à Celebração da Santa Missa, na Igreja da sua paróquia, Saint Etienne du Mont. Ah! como expressar todas as emoções que senti durante o lindo consultório daquele dia! A solene procissão do Domingo de Ramos, que me fez lembrar uma procissão semelhante conservada nos costumes da Sinagoga (c [67]); estas palavras do Rei-Profeta: "Levantai, ó portas, os vossos dintéis! Levantai-vos, ó pórticos antigos, para que entre o Rei da Glória!" (Sl 23,7), que tantas vezes repeti nos templos do farisaísmo; a leitura, em diferentes vozes, da Paixão, que nos leva a tantas emoções; você está indignado com os perseguidores e tem grande compaixão pela vítima abandonada indefesa por toda a sua raiva; uma tristeza sombria toma conta de você: seu coração aperta cada vez mais. Você sofre com o homem; você sente a dor das unhas perfurando impiedosamente seus pés e mãos. O cinismo bárbaro desta multidão brutal, destes médicos sem dignidade, que insultam com amargas ironias os sofrimentos mais cruéis, faz-vos experimentar algo surpreendente; quando, à medida que a morte se aproxima, a natureza se cobre de luto, um véu negro se estende sobre a tua alma: a tua cabeça inclina-se com a de Jesus; e, quando ele expira, você se deixa cair e beija a terra como se nunca mais se levantasse, exceto com ele. Somente as Cerimônias do Sacrifício digno de ser oferecido a Deus, nas quais vi reproduzir-se diante dos meus olhos sucessivamente, a colocação na Cruz, a Morte e a Ressurreição do Salvador do mundo; a Presença Real e não figurativa, não simplesmente comemorativa, deste Jesus de Nazaré que conversou durante tantos anos no meio da minha nação, em Jerusalém e na Judéia; a felicidade de logo estar entre o número destes fiéis prostrados diante da mesa sagrada, onde os convidou para o banquete sagrado do cordeiro pascal: tudo isso me transportou para um mundo ideal, como o mundo dos espíritos, despertou em mim sensações todas novo, me jogou em uma espécie de intoxicação Sagrada. Pode a Religião que proporciona tais emoções não ser Divina?
A Sé de Paris foi ocupada por um dos seus Pontífices mais ilustres, Monsenhor de Quélen. O Prelado havia marcado o Sábado Santo para o meu Batismo e o das minhas duas filhas, que aconteceria na catedral. Meu filho, muito jovem para permanecer na longa Cerimônia daquele dia, abriu caminho para nossa entrada na Igreja de Deus, recebendo o batismo na quarta-feira anterior em Saint-Jean Saint-François, paróquia do Sr. Bernard Mertian, seus padrinhos. Todos os presentes notaram que a criança chupava alegremente o sal da sabedoria, que havia sido colocado em sua boca de acordo com o ritual. Na Quinta-feira Santa, depois de ter enviado a renúncia ao meu cargo ao consistório departamental de Paris, renunciei ao Judaísmo aos pés do primeiro Pároco da capital.(a [69])
Assisti então ao lava-pés de doze meninos, escolhidos entre as escolas mais sábias dos irmãos, todos uniformemente vestidos com esmero pela generosidade do prelado. Chorei durante toda a Cerimônia. Todos ainda se lembram do porte nobre e gracioso de Monsenhor de Quélen. O encanto de toda a sua pessoa tão bem proporcionada, a inocência Batismal, a Santidade inalterável de toda a sua vida, o som harmoniosamente vibrante da sua voz, o bom tom, a amenidade da sua fala, tudo parecia rodear a sua bela cabeça, penteada como Jesus, com uma auréola de Glória Celestial. Retratava aos meus olhos, ouso dizer, algo do exterior majestoso de Jesus Cristo na terra. Com que graça ele lavou os pés desses felizes apóstolos em miniatura! Com que graça ele os serviu na restauração que ofereceu ao apetite escolar! Nada escapou à sua atenção, à sua ansiedade. De vez em quando, um comentário alegre, que sempre continha conselhos piedosos, aumentava o bom humor dos pequenos convidados. Mas quanto menor ele se fez para descer ao nível dessas crianças, mais cresceu em minha veneração. O servo destes pequenos pobres que, por delicadeza religiosa, assim se esqueciam, de certa forma, era mais do que nunca o grande Arcebispo, o grande senhor da antiga e gloriosa nobreza do país, o par da França, etc.
No Sábado Santo, o dia mais feliz da minha vida, recebi finalmente, com uma das minhas filhas de cada lado, este tão desejado batismo, das mãos de Monsenhor na presença de uma imensa multidão de fiéis e até de judeus. Padre Fontanel já havia realizado a Cerimônia de Exorcismo. Minha Primeira Comunhão e minha Crisma foram reservadas para a Missa Solene do dia seguinte.
A augusta Cerimónia da Páscoa, os ricos e deslumbrantes ornamentos do pontífice celebrante e do numeroso clero que o assistiu, transportaram-me na mente para a pompa do magnífico templo de Jerusalém, quando ainda estava cheio da Glória de Jeová (Ex 40,32-22). Pareceu-me ver o Sumo Sacerdote, rodeado pelos sacerdotes filhos de Aarão, celebrando a grande solenidade do dia de Kipurim.(b [71]) Mas era realmente o caso aqui dizer: A Glória do Segundo Templo superou infinitamente a do Primeiro (Ag 2,10).
O Arcebispo tinha um jeito de trovejar Glória, os olhos erguidos para o Céu como em êxtase, o que eletrizava quem o olhava naquele momento. Já não estava deitado no chão: elevado por um raio de luz, partindo do santo Pontífice, de repente me encontrei no meio do coro Angélico suspenso entre o Céu e a Terra, como quando, no nascimento do Salvador, a natureza célebre ouviu silenciosamente as vozes seráficas que, pela primeira vez, cantaram ao som de harpas celestiais: "Glória a Deus nas alturas, e na Terra paz aos homens de boa vontade" (Lc 2,14).
Não tentarei descrever o que aconteceu comigo depois da Sagrada Comunhão. Eu finalmente o possuí no meio do meu coração. O brilho da pompa do santuário, as ondas impetuosas da multidão religiosa, o grande templo gótico, tudo ao meu redor havia desaparecido. Onde eu estava? Meus irmãos, eu não sei…
Poucos dias depois, o Arcebispo, ao recomendar a devoção à Santíssima Virgem, desenhou, com a unção que lhe era tão natural, um comovente quadro da vida sofrida da Mãe de Deus, e concluiu com estas palavras: "A você também, talvez uma espada de dor cruze seu coração mais de uma vez, então lembre-se de Maria."
A tempestade já estava se formando sobre minha cabeça, e esse tipo de previsão não demorou a se tornar realidade. Estava certo: um Cristão sem cruz é como um soldado sem armas. Uma terrível perseguição logo irrompeu contra mim. Elucidando detalhes que seria inútil recordar aqui, embora interessantes em si, relatarei o fato principal. Vereis, meus irmãos, como o Senhor sabe frustrar, quando lhe agrada, as melhores conspirações contra a Glória do Seu Nome; e, enquanto os seus autores aplaudiam o seu triunfo, ele disse: É suficiente.
Tomarei emprestados trechos do relato de meu estimado amigo, o Sr. Doutor Morel,(47) alterando algumas palavras que se relacionam com os detalhes excluídos, ou que me parecem muito duras.
Na cerimónia do Batismo, o prelado dirigiu-se a mim num discurso no qual me exortou a trazer de volta ao meio dos nossos irmãos e à minha família o espírito de paz e de caridade que caracteriza o Cristianismo. Monsenhor e os eclesiásticos com quem mantive relações religiosas continuaram a recomendar que eu me comportasse como um bom marido para com a minha esposa que persiste na sua primeira crença, e a redobrar a minha consideração por ela; numa palavra, provar-lhe, pelo meu comportamento para com ela, que um discípulo do Evangelho é melhor marido do que um judeu. Não só o vínculo contraído perante a autoridade civil é indissolúvel, independentemente da diferença religiosa dos cônjuges, mas também, aos olhos da Teologia Católica, qualquer casamento entre infiéis permanece obrigatório após a conversão de um dos cônjuges, apesar da outra parte recusando-se a seguir o seu exemplo: só ele permanece privado da Graça do Sacramento.(a [73]) Cumpri esta instrução com tanto mais boa vontade quanto satisfiz o impulso do meu coração. Mas, como chefe da Família, cabia a mim regulamentar a educação das crianças - a Lei atribuía a autoridade exclusivamente a mim. Como Católico, era minha responsabilidade proporcionar-lhes o Batismo e dar-lhes uma educação Cristã. Ponto de transação possível neste ponto. Anunciei, portanto, à mãe deles a minha resolução de colocá-los em pensões Católicas. Ela consentiu nisso com uma deferência que eu não deveria esperar; mas esta deferência era apenas aparente: mascarava uma armadilha.
"Drach", diz o relatório, "chegou ao ponto de ter consideração pela sua esposa que, tendo que obrigar a sua filha mais velha a recitar as orações do Culto Católico, trancou-se com a criança, para não incomodar sua mãe com esse ato religioso. Mas, mesmo antes do seu batismo, ele expressou o medo de que sua esposa fosse forçada a deixar o marido e os filhos; pois ele não poderia nem supor a remoção deles. As pessoas que você ama não são facilmente julgadas capazes de cometer erros. Aconteceu com ele além de suas apreensões."
No primeiro dia já houve separações na casa comum.
"Poucos dias depois, Madame Drach, após ter recebido uma longa visita de um rabino, pediu permissão para passar algumas semanas com seu pai, alegando que, doente após a concussão que acabara de sofrer, ela poderia restaurar melhor sua saúde ali. O O Sr. Drach concordou. 'Espero', acrescentou então, 'que você não me recuse o consolo de manter as crianças comigo durante estes poucos dias. Nesse caso não me arrependerei, espero, no próximo mês de você os ter colocado numa pensão'. Drach, que não suspeitava do significado oculto destas últimas palavras, ainda assim concordou em separar-se dos filhos durante várias semanas, embora esta separação deva ter sido sensível para ele, especialmente porque não podia ir vê-los na casa do sogro, este último exasperado com ele por causa da sua conversão. Assim, a sua extrema condescendência para com Sara (a [75]) fá-lo cometer o erro, irreparável, exceto um milagre, de confiar os três novos jovens cristãos a uma inteligente família judia. Era colocar cordeiros tenros na boca de um lobo encantador."
"Sara apenas pediu para ir à casa do pai para se preparar com mais liberdade para a fuga e o sequestro dos filhos. Mal instalada com o pai, ela foi ficar, sem o conhecimento do marido, em outra casa. Foi de lá que ela desapareceu com a jovem família. Não lhe faltou o apoio de muitos judeus, e especialmente dos seus pais, nesta audaciosa empresa, cujo objetivo era levar o marido ao desespero. Os sequestradores agiram tão bem que as buscas mais ativas das autoridades nunca conseguiram descobrir a direção que o fugitivo havia tomado. Conseguimos ocultar das investigações policiais o mais ínfimo vestígio da passagem de quatro indivíduos, de Paris para Londres, via Calais e Dover; pois foi diretamente para Londres que a senhora foi enviada."
Imaginemos a posição do infeliz pai, que não poderia viver sem os filhos; ele os amava demais para suportar a perda por muito tempo. Seus apelos e lágrimas para obter da família de Sara uma única palavra que pudesse tranquilizá-lo sobre seu destino falham diante da dureza judaica. Especialmente um dia, dominado pela dor de não receber resposta ao pedido que havia ido renovar com insistência ao sogro, se algum de seus filhos tivesse sofrido um desses acidentes tão comuns no viagens apressadas para lá ele caiu em um estado difícil de descrever. O velho pai de Sara olhou para ele, com o catarro da indiferença, caído no chão e entregue a violentas convulsões. Não houve nenhum tipo de crueldade que não fosse exercida contra meu amigo para violar sua consciência. Seus cunhados e outros judeus insultaram sua aflição até mesmo em sua própria casa.(a [76]) O que completou sua angústia foi receber de sua esposa rebelde uma carta cheia de insultos e contendo uma adaga desembainhada.(b [b])
Tínhamos começado a investigação de um julgamento por sequestro de crianças menores, com o objetivo, não de chegar aos culpados, mas de encontrar o rasto das crianças. Vários mandados de comparecimento foram emitidos contra israelitas que eram conhecidos por estarem plenamente conscientes da retirada de Madame Drach. O pai desta última, convocado perante o juiz de instrução, para prestar depoimento, entregou voluntariamente ao magistrado uma carta que acabara de receber da filha pelo correio, com a data e o carimbo de Berlim! Um especialista chamado imediatamente declarou que a missiva estava escrita em papel inglês e com tinta inglesa. Na verdade, Madame Drach, como já dissemos, estava em Londres; e, exceto pela precaução de adotar o nome falso de Elisabeth Goldsmith, ela apareceu publicamente entre os judeus desta cidade, continuamente em contato com os de Paris. Esta última, aliás, sabia muito bem onde se refugiara, sem necessidade de o saber dos seus correligionários do outro lado do Canal da Mancha. E a polícia, durante quase dois anos, não conseguiu descobrir o que era conhecido das crianças judias mais novas, não só em França, não só em Inglaterra, mas também em todos os países onde a raça de Jacob está espalhada. A habilidade incontestável da polícia francesa fracassou contra a profunda discrição que os judeus sabem observar para com os goyim, sempre que está em jogo o interesse de algum assunto nacional.
Com o coração consumido por profunda tristeza, o Sr. Drach caiu num estado de languidez, que por duas vezes ameaçou seriamente a sua vida. Finalmente, depois de quatro longos meses de sofrimento incrível, vendo que nada podia esperar da administração, mal servida nesta circunstância pelos seus agentes subordinados, decidiu viajar, para ir ele próprio em busca dos seus filhos. Todos os relatórios oficiais sugeriam que a esposa fugitiva se dirigia para a fronteira alemã, via Metz, o principal quartel-general dos israelitas em França. Drach poderia, portanto, esperar ter sucesso do outro lado do Reno. As pessoas que estavam interessadas nele realizaram uma espécie de conselho. Foi decidido que ele estabeleceria o centro de suas investigações em Mainz. Esta cidade era singularmente adequada para as suas operações, porque a sua comunidade judaica, numerosa e rica, mantém relações comerciais com os israelitas de todas as partes da Alemanha e da França. Além disso, muitos comerciantes judeus de passagem costumam parar ali por alguns dias e vender, junto com suas mercadorias, todas as novidades que apanham no caminho.
Ele saiu. Mas a que perigos pessoais não se exporá ele nestes países onde é estrangeiro e onde os judeus, que o perseguem, são mais poderosos e mais numerosos do que em França! E como poderia esperar recuperar os seus filhos, mesmo que os descobrisse, nas mãos de pessoas ousadas que souberam conjugar tão bem o seu plano, tão bem para pensar nas medidas para garantir a sua execução? Ele depositou a sua confiança naquele em cujo santo nome os seus filhos não tinham, sem dúvida, sido Batizados em vão, e como o Santo Patriarca da sua nação, ele esperou contra toda esperança (Rom 4,18). Ele parou em Mainz, o objetivo temporário de sua viagem. Ali, gravemente atacado duas vezes pela doença que prejudicava uma saúde outrora florescente, ele percorreu grande parte dos anéis dolorosos que constituíram a longa cadeia de suas provações.
Depois de dez meses de permanência nesta cidade, meu pobre amigo não estava mais à frente do que quando chegou. Ele usou um judeu, agente da polícia de Mainz; esse homem era bem pago e não tinha maior utilidade do que outro judeu que fora expressamente designado, para o mesmo propósito, à polícia de segurança de Paris. Quais podem ser as medidas mais sábias das autoridades de todos os países contra a vasta e permanente conspiração de um povo que, numa vasta e sólida rede espalhada por todo o globo, transporta as suas forças onde quer que surja um evento que interesse ao nome judaico (b [79])? Mas Aquele que refreia a fúria das ondas, Também sabe deter as conspirações dos ímpios.
Quando o Senhor quer mostrar que a ajuda vem diretamente Dele, nunca deixa de enviá-la de uma forma que engana todos os cálculos dos homens. Aqui veremos mais um exemplo.
"Um jovem, filho natural, ou assim chamado, de um rico comerciante judeu de Paris, tendo vindo a Londres, foi visitar Sara, tal como fizeram todos os judeus de Paris que chegaram à capital da Grã-Bretanha. Foi uma espécie de peregrinação de curiosidade. Ele voltou para a casa dela no dia seguinte; mas, suspeito de ser emissário da polícia francesa, foi-lhe recusada a entrada. No entanto, ele voltou várias vezes e foi rejeitado outras tantas vezes. Atormentado por essa desconfiança, ele resolveu se vingar. Algum tempo depois, numa viagem que fez a Frankfurt no Mein, fez o seu percurso via Mainz, e não deixou de ir procurar o Sr. Drach para lhe informar que tinha visto a sua mulher e os seus filhos em Londres, e mostrou-lhe a casa onde moravam. Foi pela primeira vez, depois da cruel separação dos seus queridos filhos, há quase um ano, que o meu amigo teve o consolo de saber que os três ainda existiam. Ah! que naquele momento repetiu com ternura esta exclamação do Ancião de Canaã: 'Basta! José, meu filho, ainda vive!'"
"A única maneira de recuperar os filhos, e talvez de conseguir a reconciliação com a esposa, era ir rapidamente para Londres, sem dar tempo aos seus perseguidores para atravessar. Ele imediatamente escreveu sobre isso a um venerável eclesiástico em Paris, com quem trocou cartas. O homem de Deus respondeu: 'Vade próspero: Vá, Deus abençoará sua jornada'. Drach logo estava pronto para partir e, no Dia da Assunção de 1824, embarcou no Reno. Chegou a Londres no dia 24 seguinte, depois de uma viagem muito feliz. Na véspera de sua partida, recebeu uma carta do Príncipe de Hohenlohe, anunciando a ajuda de suas orações. O Taumaturgo alemão escreveu-lhe espontaneamente, sem ser solicitado. Era permitido extrair um bom presságio desta circunstância."
"Mas, antes de ver o fim dos seus males, ainda teve que passar por uma nova série de angústias e tribulações: é assim que ele chama o buquê desta triste celebração. A sua esposa recusou-se a partilhar a sua casa com ele, em termos mais claros, expulsou-o da sua casa e não quis ter quaisquer relações com ele. Tudo o que ele conseguia era ir ver as crianças durante o dia e quando ela estava em casa. Sara, porém, queria manter suas hordas; e por um bom motivo. Esses efeitos, provavelmente, serviriam de segurança caso ele tivesse algum plano ruim. Uma precaução maluca, porque se seus baús tivessem um valor milhões de vezes maior, o Sr. Drach não teria hesitado um momento em sacrificá-los pela salvação de seus filhos."
Mas como ele iria pegar esses pequenos inocentes? Iria ele às autoridades, porque a legislação inglesa reconhece, tal como a nossa, os direitos do pai sobre os seus filhos? Ao seu primeiro passo, os judeus, senhores da sua família, utilizando os grandes meios à sua disposição, fariam com que ela desaparecesse para sempre. Iria pega-los de surpresa? Isto parecia impossível com pessoas como os judeus. Não importa; O Céu o inspira com esta última opção, um projeto fisicamente inexequível.
Depois de estudar o terreno durante um mês, ele finalizou seu plano; mas faltou-lhe o ponto principal, o veículo de sua operação, quero dizer, um carro burguês: não é um táxi que é necessário em expedições desta natureza, especialmente quando se trata de pessoas tão ativas, tão habilidosas, como os judeus. Ele escreveu sobre isso a um ilustre eclesiástico de Paris, homem prudente e ativo.(a [82]) Este digno Sacerdote só conseguiu, depois de várias semanas, obter uma recomendação para o Abade Weld, um dos mais ilustres cardeais da corte romana, mas na época um simples Sacerdote. Este, por sua vez, recomendou o Sr. Drach a uma senhora inglesa, Católica muito piedosa, a condessa Mazzinghi, que santificou sua brilhante posição social e sua grande fortuna pelo exercício contínuo de obras de caridade.
O Sr. Drach observou que aos domingos Sara mandava as crianças brincar durante toda a manhã em Tower Hill, um lugar perto da Torre de Londres, Champ-de-Mars dos homens deste distrito, ou seja, todas as crianças vão para ali se divertem, assim como os do Marais de Paris vão se divertir na Place Royale.
Ele, portanto, fez seus arranjos. O dia estava marcado: domingo,(a [83]) 7 de novembro de 1824, é oferecida a Hóstia Divina aos três jovens Cristãos. Muitos fiéis uniram suas orações às poderosas orações do santo milagreiro da Alemanha, e o Padre, até então tão infeliz, viu com surpresa o Milagre realizado. De manhã, uma carruagem totalmente equipada estava apenas esperando um empurrão para voar em direção a Dover. A condessa Mazzinghi chegou cedo com sua tripulação para se posicionar em Tower Hill. Ela esperou muito tempo com paciência, apoiada pela sua caridade ardente, pela salvação do próximo. A neblina e a garoa daquela manhã teriam desencorajado qualquer outra pessoa, especialmente porque não havia sinal das crianças fazendo o passeio habitual. A nobre senhora, cheia daquela confiança que lembra uma inspiração vinda do alto, manteve-se firme no seu posto. Entre onze horas e meio-dia, o nevoeiro se dissipou como num passe de mágica, o céu clareia, o sol aparece e convidou para sair os três inocentes, que chegam acompanhados de sua empregada. Drach ofereceu-lhes uma carona de carro, que é aceita com alegria. Seguimos caminho, mais pulando do que andando, em direção ao lindo carro que estava estacionado ali perto.
"Todos pularam e saltaram desordenadamente, sem exceção da empregada, que felizmente era Cristã; uma mulher judia teria sido mais desafiadora. Num instante o lugar é tomado de assalto. Primeiro deixaremos a empregada em uma das áreas mais distantes de Tower Hill. A partir daí, Drach refugiou-se no hotel da embaixada francesa, para colocar a si mesmo e aos seus filhos sob a proteção do seu governo e obter um passaporte. Drach saiu de Londres com os objetos preciosos de tanta dor e sofrimento, cantando o hino: 'Quando Israel saiu do Egito' (Sl 103,1). Na manhã seguinte, ele tocou a feliz terra da França."
"Foi assim que o Senhor se dignou pôr fim à longa e cruel tribulação do neófito: tudo o que restou aos fariseus, seus perseguidores, foi a vergonha e a memória do seu crime. Cheios de raiva, lançaram-se, como vingança final, sobre os efeitos da vítima, que permaneceu em suas mãos."
"Muitas pessoas respeitáveis ​​podem atestar que este relato está de acordo com a verdade mais exata."
Este longo acontecimento contém vários factos milagrosos pelos quais o Senhor quis confortar o nosso novo cristão, perseguido de forma tão atroz. Mas contar a eles aqui seria fugir do assunto.
A este fiel relato, meus queridos irmãos, apoiado pelo testemunho de um grande número de pessoas louváveis ​​e por vários documentos de exata autenticidade, restam apenas alguns detalhes a acrescentar.
A minha mulher, que permaneceu em Londres apesar dos meus repetidos convites, os mais prementes, os mais ternos, persiste até este momento, não digo no judaísmo, mas na sua aversão ao Cristianismo, negando o marido e os filhos. Ela nunca quis saber nada sobre seus filhos. É um daqueles raros exemplos em que vimos uma mulher sufocar no coração o amor maternal, um amor que às vezes chega ao heroísmo, e diante do qual os sentimentos mais ternos da natureza são apenas frieza.
Em 1830, para evitar novos ataques contra os meus filhos, graças às dificuldades que temia, fui completar a sua educação num país estrangeiro. Impelidos ​​pela Graça, entregaram-se a Deus. As minhas filhas tomaram o véu, uma após a outra, com um ano de diferença, na ilustre ordem de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor de Angers, que presta tão grandes serviços à Sociedade (48 [85]); e meu filho, que fez brilhantes estudos no Colégio da Propaganda de Roma, abraçou o santo estado eclesiástico.
Quanto às vicissitudes muito diversas do meu destino pessoal, desde o que chamo de minha saída do Egito, ou seja, desde que a Divina Misericórdia libertou os meus filhos das mãos dos seus captores, e os devolveu à Igreja, já que a história é solicitada por pessoas para quem a obediência é um dever para mim, farei disso o assunto no devido tempo, e com a ajuda de Deus, de um livro separado.
Tenho confiança, meus queridos irmãos, que a leitura desta obra, que compus não para minha glória nem para a glória da casa de meu pai (Is 22,24), mas para a de Jeová nosso Redentor, o Redentor de Israel (Is 47,4; 49,7; 54,8; Jr 1,34; Sl 18,15), irá convencê-los de que a constante e unânime crença de nossa nação sempre foi consistente com o Dogma Católico, tal como deve ter sido antes que o Filho de Deus, o Verbo Eterno, se unisse no tempo, no mais íntimo, Hipostaticamente, à natureza humana do filho de Davi.(c [86]) Nossos pais, em sua maior parte, não se desviaram da verdade religiosa, que remonta sem descontinuidade, se é que posso usar esta palavra, desde o Doutor supremo e infalível, Gregório XVI, até o pai da raça humana, primeiro discípulo do Pai das luzes, bem como o primeiro homem da criação na Palavra de Deus (Jo 1,3; Col 1,46), que quando surge em nossa nação, para a desgraça de Israel, um partido anticristão, o farisaísmo, verdadeiro autor da sua atual sinagoga, nova sinagoga que fez um cisma com a antiga Sinagoga cujas portas Jesus Cristo abriu a todos os povos da terra. Espero, na graça de Deus, que meus escritos não mais deixem vocês com motivos para duvidar de que a vida pública e oculta de Nosso Divino Salvador, e as menores circunstâncias, se houver alguma, de sua gloriosa paixão, foram o cumprimento, e não apenas de profecias escritas, mas também de tradições orais proféticas, que envelheceram com a nossa nação, sua fiel guardiã. Acima de tudo, verão, apesar dos sofismas habilmente disfarçados do nosso irmão e Senhor Salvador, que a condenação de Jesus Cristo foi, tanto na substância como na forma, a mais flagrante e gritante violação da legislação do país. Este escândalo estava fadado a acontecer inevitavelmente, mas ai daqueles que o deram sem arrependimento, fazendo-os procurar refúgio do seu crime no seio da Divina Misericórdia.
Mas posso mostrar-vos, meus queridos irmãos, um caminho para descobrir a verdade, ainda mais seguro do que a apreciação das nossas antigas tradições. "O Senhor", diz o Profeta real, "se aproxima dos que o invocam, daqueles que o invocam com sinceridade." (Sl 144,18). Peça-lhe, portanto, que ele mesmo o ilumine, que circuncida o seu coração segundo a sua promessa (Dt 10,16; Jr 4,4; Ez 11,19; 36,26), removendo a escuridão que o cobre, o prepúcio fatal. Que a perseverança sustente a sua oração; pois é a oração que pede e é a perseverança que obtém. E em breve pedireis esta Graça através do Mérito Infinito dos sofrimentos do Messias Jesus, e recorrereis à poderosa intercessão da Rainha dos Céus e dos Anjos, Maria, a mãe de Deus. Ah! meus irmãos, nada vos impeça de lançar-vos nos braços do Salvador, que os estende com amor do alto do altar da cruz, onde se ofereceu como sacrifício de expiação, como preço de sua Salvação; "Estendia constantemente as mãos", disse pela boca do Profeta, "a uma nação indócil e rebelde, que seguia o mau caminho de acordo com suas inclinações" (Is 65,2). Peça, eu te imploro, para ver a Luz de Deus (Jo 1,9). Aquele cuja "Eterna é a Fidelidade" (Sl 116,2) fez a seguinte promessa a todos os que se aproximam dele com confiança: "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto." (Mt 7,7).
Ó Jesus, digno de toda Adoração, Filho único e sem princípio, do Divino Ancião dos Dias (Dn 7,9-22), Tu, por quem só chegamos ao Pai (Jo 14,6), derrama a Tua Bênção sobre a minha obra, para que ela possa restituir aos meus irmãos perdidos o caminho que conduz à Glória dos Seus Santos e à Felicidade Eterna. Confio na palavra que colocastes na boca do Seu Profeta: "virá como redentor a Sião, e aos filhos arrependidos de Jacó" (Is 59,20).
E vós, Mãe do meu Deus, e depois Dele minha única esperança, Gloriosa Rainha do Céu, Virgem pura, desde o primeiro momento do seu ser, de toda mancha de pecado, você que nunca foi invocada em vão, você que foi meu consolação e meu apoio nos dias das minhas grandes tribulações, obtém do teu Divino Filho que Israel dê ouvidos à minha voz e seja tocado pela Graça do alto. Que a promessa de sua retirada seja cumprida em breve; que meus irmãos segundo a carne, nos transportes da santa alegria, façam em breve que todas as terras onde estão espalhados ressoem estas palavras do vosso sublime cântico; "Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre" - "Suscepit Israël puerum suum, recorda tus Misericordiæ Suae; sicut locutus est ad patres nostros, Abraham et semini ejus in sæcula" (Lc 1,54-55).
- David Paul Drach, "De l'Harmonie entre I'Église et la Synagogue, Tome Premier", Paris, 1844, páginas 1-89.
(*). As notas indicadas por números mais altos são encontradas no final dos Capítulos.
[2]. "É por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres; mas no começo não foi assim." - Mt XIX,8.
[3]. "Eis a aliança que, então, farei com a casa de Israel – oráculo do Senhor: Eu lhe incutirei a minha Lei; eu a gravarei em seu coração. Serei o seu Deus e Israel será o meu povo." - Jr 31,33.
"Eis a aliança que, depois daqueles dias, farei com eles – oráculo do Senhor: imprimirei as minhas leis nos seus corações e as escreverei no seu espírito" - Hb X,16.
[4 - 1 diminuto].
[5]. O Apóstolo dos Gentios nos conta que Hagar representava a sinagoga infiel - Gal, IV, 24.
[6 - 2 diminuto].
[7 - b da página 5].
[8 - 3 diminuto].
[9].
[10 - 4 diminuto].
[11 - 5 diminuto].
[12].
[13].
[14 - 6 diminuto].
[15 - 8 diminuto].
[16 - 9 diminuto].
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jo526 · 1 year
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“16. (...) Teu hoje é a eternidade, logo geraste coeterno aquele a quem disseste: “Hoje te gerei”.[Sl 2,7; Hb 5,5.] Tu fizeste todo o tempo e és antes de todo tempo, e não houve um tempo em que não havia tempo.”
Livro XI, Confissões
Santo Agostinho
“Proclamarei o decreto do SENHOR:
Ele me disse: Tu és o meu Filho,
eu, hoje, te gerei.” 
Sl 2, 7
“Assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse:
Tu és meu Filho, eu hoje te gerei;
como em outro lugar também diz:
Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.”
Hb 5, 5-6
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vamoslerabiblia · 1 year
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Melquisedeque: O Rei-Sacerdote Misterioso - Revelando a Figura Enigmátic...
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Um tema que se destaca em Hebreus é o enorme contraste que o autor estabelece entre o sacerdócio levita do Antigo Testamento, com todas as suas inadequações, e a perfeita suficiência do sacerdócio de Cristo. O autor de Hebreus vê na estranha figura de Melquisedeque, no Antigo Testamento, um prenúncio do sacerdócio de Jesus: 1) Melquisedeque era rei e sacerdote, assim como Jesus; 2) ele demonstrou ser superior a Abraão (ancestral de Levi) ao abençoá-lo e receber dele o dízimo; 3) ele aparece no relato de Gênesis sem nenhuma ascendência nem posteridade, simbolizando a eternidade de Jesus.
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vasilzelenak · 1 year
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abraao-vidal-galdino · 7 months
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Bom dia
assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei; como também em outro lugar diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
Hebreus 5:5-6
So also Christ glorified not himself to be made an high priest; but he that said unto him, Thou art my Son, to day have I begotten thee. As he saith also in another place, Thou art a priest for ever after the order of Melchisedec.
Hebrews 5:5-6
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