Prefácio - Parte II
– Tisc, tisc... Alicia, Alicia... Você e seus discursos... - A minha esquerda um garoto, este praticamente albino. Sua pele era estranhamente branca, olhos de um cinza quase indentificados como brancos, seu cabelo não tinha cor e era ralo. Como a garota, as vestimentas eram o oposto. Sua camiseta negra continha um par de asas igualmente escuras e estranhas, sua calça-jeans rasgadas e seus tênis pretos lhe davam um ar de adolescente rebelde, deveria ter 13 anos, pelo tamanho e voz, que deveria estar em mudança decorrente dos hormônios.
– Ele se acha adulto... - Sussurrou para mim Alícia, a garotinha.
– Qual é seu nome, garoto? - Perguntei já não achava tudo tão estranho, afinal, pior não poderia ficar... Poderia?
– Doug. - Ele respondeu se sentando e pegando um video-game no bolso da calça.
– Na verdade, é Douglas, mas ele é um aborrescênte. - Falou Alícia e eu me segurei pra não rir. Doug desligou o aparelho, e se eu não o tivesse segurado teria avançado nela.
– Fique quieta garota! Quer que eu destrua suas bonecas de novo? - Falou lançando-lhe um olhar mortal e voltando sua atenção ao eletrônico no seu colo.
– O que vocês são? - Perguntei curiosa.
– Crianças, o que mais? - Falou Alícia dando de ombros e me lançando um olhar inocênte.
– Não, você é uma criança. Eu sou um... adolescente. - Respondeu Doug com ar de superioridade.
– Era um adolescente, Doug. Antes disso acontecer.
– Disso o que? - Os dois voltaram a atenção pra mim.
– Você tinha que abrir sua boca grande, não é Ana Licia? - Falou o garoto.
– Ela tinha que saber! Eu a escolhi! Você mesmo disse que não ia se meter! Olha só onde está agora! Se metendo! - Foi a primeira vez que ela levantou seu tom de voz.
– Mas o escolhido tinha que ser forte e corajoso! Ela é uma covarde! Ia se matar! Deixe que morra! - Senti um aperto no coração, covarde. Nunca me chamaram assim. Mas é isso mesmo que sou, ou era, por que agora vou provar que não sou fraca nem covarde!
– Escute aqui, pirralho. Ela me ajudou, quem você pensa que é pra falar assim com uma garotinha? Não são irmãos, suponho. Então, você pode abaixar seu tom de voz ou eu te jogo daqui de cima, ouviu? - Falei, digo, berrei me levantando.
– Quem eu penso que sou? - Ele olhou pra mim zombeteiro e se levantou. - Quemeupenso que sou? Quem você pensa que é! Uma inútil! Olhe só, ia se matar por que? Pode dizer pra mim ou só ela pode saber, ah, esqueci! ELA É UMA ABERRAÇÃO, POR ISSO SABE! - De repente a terra tremeu, e eu me vi em outro lugar... Mas, não podia ser, será mesmo?
– O lago... - Me permeti sussurrar, Alícia estava chorando na mesma posição de antes. - Não, querida, está tudo bem. Você não é uma aberração.
– É claro que é! Olhe onde nos trouxe! Que tipo de lixo é esse lugar? - Ele gritou chutando a grama arrancando um pedaço de terra.
– Ele... Ele... - começou a dizer a garota entre soluços. - Me cha-chamou de abe-berração. Mas... Mas... E-ele tam-também é. - E então se permitiu chorar no meu ombro, a confortei até que ela se contentou e deu um último suspiro antes de me abraçar e sussurrar um obrigada.
– Agora, com calma, o que vocês são?
– Sobrenaturais! Idiota! - Falou Doug como se fosse a coisa mais obvia do mundo.
– Ah, claro. Eu converso com sobrenaturais todos os dias! Ontem mesmo estava falando com uma garota que lê mentes!
– Ah, sério? Que nem eu? - Falou Alicia limpando o nariz na manga e já sorrindo contente. Como as crianças mudam de humor rápido e... Espera! Como ela? Me afastei rapidamente dela e olhei para os dois com um tremor na voz.
– O... o que vocês fazem? Matam gente? - Estava assustada. Eram apenas crianças. Como poderiam ser monstros?
– Você está morrendo de medo! Está em pânico! Se tivesse uma faca nos mataria! Ou se mataria! - Doug estava prestes a ter um ataque de risos.
– Não, ela não faria isso, certo? - Alícia me tocou e eu senti um choque, mais nada.
– Para! Você me deu um choque! - Ela ficou de olhos abertos.
– Você não sentiu alívio? Nenhum um pouquinho? - Juntei as sobrancelhas franzindo a testa e balancei a cabeça negativamente. Não tinha medo dela, mas o garoto...
– Ela está com medo de mim, certo? - Alícia fechou os olhos e fez força, mas começou a gritar de desespero e ficar ofegante. Nós dois nos aproximamos, havia perdido o medo.
– Eu... não consigo... Ela, ela me assusta, não consigo tocá-la, não consigo senti-lá, não consigo lê-la, mais nada, agora que ela sabe, ficou indescritível!
– Vou tentar. - Ele olhou para mim. Mas me olhou profundamente, como se tentasse me fritar com os olhos e me explodir por dentro. Lhe devolvi um olhar de deboche, como se ele fosse maluco... Só podia ser essa a explicação! - Não consigo! O que é você e o que quer conosco? - Doug estava... com medo de mim?
– Eu não sei. Primeiro vocês aparecem, me impedem de me matar, me trazem pra esse lugar que só eu conheço e agora vêm me dizer que o problema sou eu? - Falei despejando tudo que havia acontecido nos últimos minutos. - Bem, eu não sei nada sobre sobrenaturais. Mas se quiserem minha ajuda, eu não tenho programas mais pra hoje. Nem pro resto da minha vida. - Dei um sorriso do canto da boca. - Quero dizer, tinha planejado me matar, mas essa garotinha não quer me deixar... então, estou livre pelo resto da minha existência.
Alícia sorriu contente e me abraçou. Doug colocou a mão no meu ombro e me imitou, sorrindo com o canto da boca.
– Bom, isso não vai durar muito, contando que você vai andar com a gente. - Falou ele.
– Ia ser mais curto ainda se eu não tivesse os conhecido, certo? Então, vamos.
– Mas, quem é você? - Ele perguntou.
– Sou... Melanie, Melanie Superna.
– Superna? O que significa? - Perguntou Alícia enquanto caminhavamos tranquilamente em direção ao nada
– Você não quer nem saber... - Respondi me lembrando do significado. Então, desaparecemos no nada. É, eu nem sabia onde estava me metendo, e acho que se soubesse, não iria ter ido. Então, foi bom que eu não tivesse conhecimento, já que nunca me diverti tanto quanto me arrisquei.
Luluuh D. (IForever)
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