Tumgik
#pequenas quedas
Text
It's never over - Rhaenyra Targaryen x reader
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
disclaimer these gifs are not mine, they belong to @targaryensource and divider @dingusfreakhxrrington
Resumo: Rhaenyra Targaryen x fem reader; Lover, You Should've Come Over; a rainha simplesmente vai buscar a mulher dela; angst and happy ending; não revisado ainda.
This story can be read alone but it is also a continuation of my other three works, but especially Place where I belong
So take a look if you want!
Tumblr media
"So I'll wait for you, love And I'll burn Will I ever see your sweet return? Oh, will I ever learn? Oh-oh, lover, you should've come over 'Cause it's not too late"
A Rainha Negra e Syrax cruzaram o céu nebuloso do vale, se forçando contra o vento gelado que vinha de longe e lhe queimava a face. Era seguro afirmar a tormenta no peito de ambas, voavam de forma agressiva e imponente, e embora não fosse possível ouvir sempre que Syrax bradava ao alto era acompanhada por Rhaenyra, um grito alto e raivoso por liberdade das malezas que a cercavam. Daemon causara uma baixa significativa nos verdes, mas sua própria queda era bem mais custosa. Jacaerys era um bom menino, um bom homem agora e viria a se tornar um bom rei, mas estava ferido e como mãe não conseguia não poupar a cria, ele era o seu futuro também. Seus homens a enxergavam como suas mães e filhas, não como regente, se amargurava do pai por não ter à criado com um rei. O pior? temia perder a guerra e com ela a cabeça.
Eram todos bons motivos e boas desculpas para buscar Maryssa, mesmo que a ideia não lhe trouxesse alegria, mas uma velha melancolia abafada pela urgência de possuir ao seu lado uma estrategista de guerra a qual confiaria a própria vida
Não podia causar uma grande comoção com sua chegada e não poderia correr o risco de ver suas crianças, apenas inflaria o medo e dor em seu peito, muitas perdas. Sobrevoando próximo ao ninho da águia começou a silenciosamente, agora, rondar os transeuntes. De fato, era um recanto de paz e pouco demorou para do alto reconhecer um ponto em movimento na paisagem, vinha das colinas a cavalo, ao se aproximar mais o fantasma de um sorriso surgiu em seu rosto, conhecia o balançar daqueles cabelos de longe....Maryssa.
Com a aproximação da grande criatura nos céus, Maryssa percebeu e olhou para cima, por um segundo temeu a invasão, mas mesmo ao longe reconhecia aquele dragão, voara nele há muito tempo abraçada a cintura de sua rainha, parecia ter sido em outra vida e talvez fora.
Maryssa desceu de seu cavalo, o amarrou em uma grande pedra, deu mais alguns grandes passos e esperou o pouso.
So I'll wait for you, love And I'll burn Will I ever see your sweet return? Oh, will I ever learn?
Rhaenyra pousou a certa distancia e caminhou em sua direção em passos largos. Agora, frente a frente, apenas com uma pequena distância entre elas, Maryssa não sabia como reagir, o que poderia trazer a rainha aqui? A derrota e a busca por fugir com seus filhos? Pois ela não parecia a mesma, mais triste e cansada, abatida.
O silencio não durou muito. Abruptamente a rainha fechou a distância, tomou seu rosot confuso nas mãos e com os olhos mais suplicantes e voz tremula pediu
“eu pre-ci-so de você ao meu lado mais do que nunca” Maryssa juntou suas mãos às dela. Isso era sério.
“o que lhe aflige, minha rainha?”
“sinto que vamos perder-“ foi cortada
“Não diga isso” pôs seus dedos sobre os lábios machucados de frio da Targaryen “possui um exército e homens leais”
“nós duas sabemos que nem sempre isso é o bastante” disse afastando a mão “todos os dias tenho lembrar a todos, inclusive a alguns dos meus de me temerem, é cansativo ser a rainha que não querem mas que precisam e eu nunca estive tão só, Maryssa, preciso de minha mão direita, de uma senhora de armas, de uma amiga para me apoiar quando eu ameaçar a ruir, que me faça enxergar a coroa acima da minha dor.....eu preciso de você de volta.....mesmo que eu já não possua um lugar em seu coração”
Rhaenyra com olhos altivos varria o rosto de Maryssa, que agora segurava as mãos, atenciosamente. Está estava confusa, o tom utilizado foi forte, de governante, ela havia de fato endurecido durante esse tempo, sabia que jamais recusaria uma ordem de sua rainha, mas mesmo assim não sabia como responder à sua Rhaenyra, cuja a voz vacilou em meio a tanta firmeza.
Notando a hesitação, a rainha largou as mãos e deu as costas suspirando “não se preocupe, não voei até aqui esperando sua pena ou que pudéssemos voltar ao que éramos, pois que se dane se esse amor se assim quiser, lady Maryssa “a firmeza se tornou grave e as palavras quase cuspidas “preciso de lealdade e força para se juntar a minha e não há outra pessoa mais apta para isso”
Virando-se novamente em busca de resposta se deparou com sua lady de joelhos com sua velha lamina sobre cabeça, aquela que carregava na cintura, seus olhos fitavam a o chão enquanto falava “já lhe ofereci minha espada em sinal de lealdade uma vez, hoje sob esse céu e sobre essa terra eu faço melhor” confusa Rhaenyra lhe ofereceu ajuda para levantar e sem que ao menos percebesse ela lhe cortou a palma da mão esquerda, rapidamente Maryssa afastou a retaliação fazendo um corte gêmeo em sua palma direita e tomou a esquerda da rainha em um aperto forte “lhe ofereço em sinal de lealdade meu sangue, a minha vida”
A rainha havia encontrado o que tinha vindo buscar, quis sorrir, mas não era o momento, se conteve em apenas se oferecer para fazer uma bandagem em ambas as mãos feridas. Duas marcas que atravessariam o tempo as unindo, queria sonhar com as implicações disso
“alguém sabe da vinda de vossa alteza?” perguntou enquanto a outra lhe enfaixava a mão
“cuidei para que não” a interação parecia artificial ainda, como se pisasse em gelo fino
“e quem irá assumir a responsabilidade pelas crianças?” se permitiu sorrir de leve “a cada dia se parecem mais com a mãe”
A rainha dragão se permitiu ao mesmo, porém de forma mais tímida, sentia tantas saudades delas “princesa Rhaena, mandarei uma carta quando voltarmos. Precisa pegar algo no castelo? Pois se for comigo partimos agora”
Havia tanta pressa e agitação, apesar dos motivos de sua partida, queria abraçar e beijar aquela mulher, expulsar a dor que via em seus olhos, mas não havia tempo para isso durante a guerra, apenas as lembranças servem de acalento.
A Targaryen se pôs a frente andando em direção a Syrax, vez ou outra olhando para trás de soslaio, temia ser um sonho, uma vontade gritando do inconsciente, mas ela estava lá lhe lançando um olhar de reconhecimento.
Subindo com ajuda de Rhaenyra, Maryssa se colocou atras dela e suavemente envolveu com os braços a cintura da rainha, se aproximando e apertando forte. Nada foi dito, mas a rainha suspirou alto e soltou o som de uma risada sufocada. Possuía muitas esperanças para o fim da guerra.....uma delas com certeza era reconquistar aquela que a abraça com tanta ternura.
"It's never over My kingdom for a kiss upon her shoulder It's never over All my riches for her smiles When I've slept so soft against her
It's never over All my blood for the sweetness of her laughter It's never over She is the tear that hangs inside my soul forever"
Tumblr media
Please let me know if you liked it!!!
xoxo!!
97 notes · View notes
groupieaesthetic · 5 months
Text
Velha Infância.
Sinopse: Como seria os rapazes reencontrando uma velha amizade?
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
Enzo: Você e Enzo estavam fazendo uma peça juntos. Durante os ensaios tiveram que ir os dois juntos, experimentar as roupas dos personagens.
Enquanto você trocava de roupa Enzo percebeu uma cicatriz em sua barriga.
"Foi cirurgia?" Ele perguntou apontando para ela
"Ah não" Você respondeu meio tímida. Não gostava muito da enorme cicatriz que ia da cintura até a costela. "Quando tava no segundo ano do fundamental cai do escorrega do parquinho. Tinha um ferro solto e eu cai com ele quase me rasgando"
Foi como se a cabeça dele fizesse um estralo.
Escorrega. Queda. Segundo ano. Cicatriz.
"Isso foi no Santa Madalena?" Questinou te olhando incrédulo
"Meu Deus foi! Um monte de mãe começou a proibir os filhos de irem no escorrega por minha culpa"
De repente na cabeça de Enzo tudo fazia sentido. Ele sempre sentiu que te conheci de algum lugar.
Você era nova na companhia. Era sua primeira peça com eles. Mas ele sentia isso.
"(seu nome)!" Exclamou e você olhou para ele sem entender "Você! Eu me lembro de você, meu Deus! Nós éramos melhores amigos lembra? Eu tive uma festa temática do Mickey Mouse quando fiz 7 anos. O primeiro pedaço de bolo foi para você"
Enzo? O Enzito que sempre te fazia dar um pedaço do delicioso bolo que sua vó preparava pra você comer no lanche?
O Enzo que te deu uma cartinha com vários corações escrito o seu nome, no dia que você foi embora da escola?!
"Ai Meu Deus Enzito!"
Vocês se abraçaram em êxtase.
Até hoje ele se lembrava.
Lembrava que foi você a primeira menina que ele olhou e sentiu borboletas na barriga.
Que deu um beijinho na bochecha dele e ele não limpou.
"Eu não sei como não te reconheci. Esses olhinhos"
Vocês não podiam acreditar.
Fazia mais de 15 anos que você havia indo embora da Argetina porque seu pais se divorciaram, e seu pai mais que depressa te levou para o Uruguai. Te deixando sem seu "Enzito".
"Você tá tão linda..." Ele disse tocando sua bochecha com ternura e cuidado.
Ah Enzito, que saudades do meu melhor amigo (e primeiro amor).
Esteban: Sua primeira grande exposição na Argetina. Alugar um teatro para isso foi uma idéia genial.
A impressa estava enloquecida. Todos queriam uma entrevista com você. A grande artista do ano.
"Preciso dizer. Seus quadros são incríveis"
Você se virou e viu um rapaz olhando atentamente para os quadros.
Se aproximou dele lentamente. Começou a olhar o quadro que ele admirava.
"Muito obrigada" Disse enquanto mexia nos dedos devido a timidez "Desde de pequena eu amava pintar. Foi sempre minha paixão"
"Eu sei nena"
E então, Esteban se virou.
Ele sabia quem era você. Quando viu seu nome no Twitter, falando sobre sua exposição, o coração bateu forte.
Aquela menininha que brincava com ele desde os 6 anos. Que teve uma festa de aniversário onde pediu apenas coisas envolvidas a desenhar. Que quando voltou para o Brasil aos 12 anos de idade, fez o coração dele se quebrar...
"Perdão, eu acho que te conheço"
Sua memória era péssima. Você sabia que conhecia aquelas sardinhas. Aquele cabelinho todos bagunçado.
"Esteban?"
"Oi"
Seus braços apertaram Esteban tanto, mas tanto, que jurou ouvir um estralo.
"Eu estou tão orgulhoso de você."
"Muito obrigada Kuku... te chamam de Kuku ainda?"
"Chamam. Mas não tem o mesmo efeito se não for você..."
Matías: Você e Matías estavam namorando a um tempo, e resolveram que seria bom "juntar as escovas de dente".
Um dia enquanto você arrumava suas coisas para levar para o novo apartamento, jogava na cama alguns álbuns de foto.
Entre eles, um pequeno álbum. Na capa havia a sua maozinha de quando tinha 3 aninhos carimbada com tinta lilás.
Seus pais fizeram isso toda sua vida. Cada aniversário um álbum novo e a sua pequena mão carimbada.
Matias que mais olhava você do que te ajudava, pegou o álbum e ficou vendo as fotos.
"Como você era fofa gatinha" Ele disse olhando para uma foto sua vestida de coelhinha da Páscoa "Sabe, a creche que eu ia quando pequeno tinha uma parede igual essa"
"Deve ser padrão de creche daqui" Respondeu sem dar tanta importância.
"Esse aqui era seu coelho?"
Recalt virou o álbum e mostrou uma foto sua segurando um coelho todo branquinho.
"Ah não" Você sorriu pegando o álbum "Era da creche. Eles levavam todo ano"
Enquanto você olhava aquele álbum Matías pegou outro. "4 aninhos da (seu nome)". Era o que dizia a escrita abaixo da sua mão carimbada. Dessa vez verde.
Matías olhava as fotos. Sorria, comentava, até que...
"Nem fodendo"
Se levantou e ficou olhando para uma foto. Parecia chocado (?).
"Amor?"
Matías virou a foto e mostrou.
Era você e um garotinho. Parecia ser no parque de creche em alguma festa.
Ele beijava sua bochecha e você sorria.
"Sou eu!" Exclamou Renalt sorrindo "Eu lembro dessa foto! Sua mãe tirou na festa que teve na escola, o bingo beneficente"
Pegou o álbum das mãos dele e sorriu.
Seria o destino?
Seus destinos treçados na maternidade? (ou melhor, desde a creche?)
117 notes · View notes
meuemvoce · 5 months
Text
Destino
Perder uma pessoa é complicado, perder mais do que isso é doloroso demais. Geralmente não somos acostumados com a perda, sentimos raiva do mundo, do destino e culpamos até quem não tem nada haver com a nossa perda. Não consigo entender isso hoje, mas amanhã ou lá na frente terei a resposta do porque ter dado tão errado. Era para ser nós, nosso amor, nossos sonhos e a nossa vida. Perdi muita coisa em um só pessoa, em você. Perdi um amigo e um companheiro de uma vez só, sem dó nem piedade, nossos planos não irão acontecer, nossas aventuras não iremos fazer e a nossa história não poderá ser contada e muito menos vivida. Hoje eu conto sobre a dor, falo de você nas entrelinhas, nas minhas linhas. Não tenho a minha pessoa para falarmos sobre nada, para cantar músicas erradas, para rirmos por coisa pequena e para discutir. São coisas pequenas que a gente perde que parece que amputou uma parte nossa, coração sente falta e o cérebro tenta se adaptar a nova rotina, rotina da solidão e do vazio imenso quando as pessoas saem das nossas vidas e você saiu da minha e fiquei exatamente assim, desolada. Qualquer coisa que tenho de você mesmo que seja de outra forma já é algo é alguma coisa para alimentar meu pobre coração. Nossa história poderia ser contada da forma mais triste e trágica para as pessoas, porque uma história que acontece sem a vontade do destino querer não fazer dar certo é um sofrimento em dobro é arrancar a casca da ferida todos os dias, porque tentamos fazer dar certo, por dias, semanas e meses, mas não deu, tivemos que pular do barco juntos. Você é a minha maior ferida e não é pequena como uma queda da bicicleta e ralar o joelho é algo muito maior e doloroso. Caímos tantas vezes para nos reerguermos juntos, tantas idas e vidas para no final nos tornamos o que ? Nada, pelo menos não somos dois estranhos e doí, uma dor que acaba com a gente de dentro para fora, mas tudo bem sempre damos um jeito de cuidar e amar de longe, não precisa ser falado ou demonstrado, podemos amar em segredo e no silêncio, mas como perder algo que nunca tivemos? Você nunca foi meu. Você nunca será meu, seu amor não será meu, seus sonhos ? será com outra pessoa, você será o destino de outro ser humano mais não será comigo. Não adianta fazermos birra, bater os pés no chão, chorar, gritar, bater, não importa nada disso, quando não é pra ser temos que engolir o choro e seguir enfrente mesmo com o arrombo que fica no peito, porque seu coração está com outra pessoa que está amando outra pessoa. Então, cabeça erguida, coragem, força e querer sobreviver a mais uma rasteira do destino, tenho que seguir esse mantra e o que posso fazer no momento é deixar você ir, deixar você voar. Então voe, meu amor. Voe, bata suas asas e não olhe para trás, siga seu caminho e vá para o lugar que sempre era pra ser seu, você não é feito para ficar preso, voe longe, voe rápido, conheça o mundo e voe para longe de mim, vou ficar bem, vamos ficar bem, sempre ficamos, te prometo e caso você queira voltar a gaiola fiará sempre aberta para o seu retorno e você não ficará preso, só em meus braços. Te espero em outra vida, mas te espero.
Elle Alber
80 notes · View notes
geniousbh · 5 months
Text
Tumblr media
⸻ 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝒆𝒍𝒆𝒔 𝒔𝒆𝒓𝒊𝒂𝒎 𝒏𝒖𝒎 𝒂𝒑𝒐𝒄𝒂𝒍𝒊𝒑𝒔𝒆 𝒛𝒖𝒎𝒃𝒊
lsdln cast (enzo, esteban, símon) headcanons
obs.: IVE GOT SUPER SILLY BILLY DILLY🤣🫨🪇🤪✌️📸 e fiz isso, pq pq não? sabe? como pessoa que consome todos os conteúdos sobre realidades distópicas/ficcção/ets/zumbis/armagedon/fim do mundo fiquei matutando durante o banho como eles seriam e deu no que deu!🥳💓 essa é a primeira parte porque a segunda eu posto terça ou quarta (caso eu não me mate dps de enfrentar a compra de ingresso do bruno mars) com o pardella, pipe e matías! espero que gostem, nenas, é uma leitura levinha just for funsiess 🍃🍻
tw.: menção à morte e violência gráfica, mas no mais é apenas uma blurb de apocalipse hihihihuhuhu, porque nem só de p in v vive a mulher contemporânea
𝒆𝒏𝒛𝒐 𝒗.: foi o pioneiro, apesar de ter se mantido meio cético em relação aos acontecimentos televisionados na primeira semana em que o vírus se espalhava pela américa do sul, quando o apocalipse estourou na capital uruguaia, foi muito proativo e centrado, levando os pais e a namorada – que depois de um tempo viriam a falecer num cerco na estrada – até o interior, onde ele acreditava ser a região mais segura por ter menos fluxo de pessoas. não tem medo de quase nada, e é muito orgulhoso e indiferente, por vezes se negando a juntar-se ou ajudar grupos de sobreviventes quais tinham muitas fraquezas aparentes. “lo siento pero en este mundo no queda compasión para nosotros”, ele dizia após ouvir um rapaz jovem, que levava um bebê de colo e a irmã com a perna machucada gritar que ele deveria prestar socorro se estava em melhores condições, não adiantando de nada quando o vongrincic apenas atirava uma lata de milho em conserva e uma garrafa de água que tinha sobrando antes de dar as costas e sumir. só fora começar a dar o braço a torcer quando conheceu esteban enquanto procurava por mantimentos num posto de gasolina, completamente revirado, e este o livrava de ser mordido por um infectado que vinha se arrastando dos fundos do estabelecimento bem silenciosamente e despercebido pelo menor. depois disso se juntou ao pequeno grupo que acompanhava o argentino, naturalmente se tornando o líder e os guiando com um mapa e uma intuição muito apurada; é bem teimoso quando faz uma decisão e não costuma dar muitos argumentos quando tentam o contradizer, apenas olhando com as orbes acastanhadas fixamente até que desistam. entretanto, em algumas noites fica extremamente melancólico, e recluso, se lembrando de sua ex noiva, no fundo sentindo-se culpado por não ter conseguido salvá-la. p.s: apesar dos pesares, criou um grande afeto pelos meninos que estão com ele agora e vive soltando algumas frases motivacionais quando passam por maus bocados.
𝒌𝒖𝒌𝒖 𝒆.: esteban era professor antes da comoção acontecer. se lembrava vividamente – e constantemente tinha pesadelos com isso – de como tinha visto muitos de seus alunos se transformarem diante dos seus olhos sem poder fazer nada, apenas fugindo pelos fundos do colégio o mais rápido que conseguia. antes de decidir abandonar a cidade grande, tinha ajudado a montar uma barricada do prédio em que morava, sendo responsável por organizar as tarefas de cada um, a divisão de alimentos e principalmente sendo conhecido por conseguir acalmar a todos com seu semblante calmo e voz suave, especialmente as crianças. depois que o prédio havia sido invadido, se obrigara a virar um andarilho – levando consigo uma mochila grande, com comida, água, uma barraca e algumas roupas leves –, indo em direção à estrada. se encontrava com simón e pardella num dia inusitado; isso se a combinação dos dois rapazes já não fosse o suficiente. havia assistindo quando eles matavam uma horda pequena, ficando com as costas coladas até que o último estivesse no chão. terminavam completamente exaustos e ensanguentados, e era quando ele decidia sair de detrás da caçamba de lixo para oferecer roupas limpas e um pouco de energético que conseguira numa daquelas máquinas de bebida toda saqueada. quando finalmente montavam o trio, não demoravam pra se encontrar com enzo; que tinha sido taxado de carrancudo e gênio difícil pelos outros garotos. esteban é um intermediador ótimo, é quem propõe negociações com outras pessoas e sua capacidade de estratégia é absurda. p.s: além disso, tem um bom condicionamento físico, enganando a muitos que o tomam como “peso morto”, e os surpreendendo quando é obrigado a lutar, com seus movimentos rápidos e limpos, e a expressão que se mantém neutra, “no me hace feliz tener que hacer esto, pero tengo un propósito mayor”.
𝒔𝒊𝒎𝒐́𝒏 𝒉.: se simón tivesse que contar sua história diria que não era nada antes do apocalipse. não era pobre, mas também não tinha dinheiro, tinha cursado administração e trabalhava num emprego que tanto fazia. comia uma garota diferente toda semana e não tinha muitas projeções de futuro. fora um adolescente encrenqueiro e evitava ao máximo falar com os pais; os quais ele não tinha ideia se estavam vivos ou não. se tivesse que dizer quais eram os contras em toda aquela situação, diria muito provavelmente que eram as pessoas tentando empurrar goela abaixo que “ter fé” era a única saída. antes de conhecer pardella, o hempe ficara preso com outras vinte pessoas numa paróquia em sua cidade natal, – se fechasse os olhos ainda conseguia ouvir como as senhoras e mães desesperadas oravam dia e noite aos berros para que deus, jesus ou algum santo os ajudasse – depois que uma horda enorme tinha cercado o perímetro. e justamente quem o ajudava era a gang qual agustin fazia parte. numa terça pacífica – ignorando as súplicas, choros e peditório dentro da capela – ouvia o som de motores e uma baderna insana acontecendo do lado de fora. em minutos a porta de madeira do lugar era arrombada e os homens, que mais pareciam um grupo de motoqueiros entravam. infelizmente, ou não, a “limpeza” dos zumbis tinha um preço, e era toda a comida que eles tinham ali. como era esperto, o moreno pedia para ir junto, dizendo que podia ser útil. passados dois meses com o novo bando, por um infortúnio do destino, um dos rapazes era mordido durante a noite – depois de ter ido mijar no mato sozinho -, o que resultara só nele e pardella, que faziam ronda na hora, vivos para contar história. simón é um pouco traiçoeiro, ele admite, “qué gano con esto, boludo?” tem o costume de perguntar a esteban sempre que o loiro lhe passa alguma tarefa; mas acaba fazendo no final porque isso o mantém vivo. p.s: vive dizendo que quer encontrar uma moto royal enfield abandonada pra dar umas voltas.
76 notes · View notes
controlaria · 25 days
Text
Pequenas quedas me fizeram enxergar porque ainda estava de pé. Pequenas mortes me fizeram entender para o que eu vivia. Grandes tragédias me fizeram ser mais forte. Eu não estava preparada para ser quem sou. A vida tem surpresas, tem quedas. A vida tem tantas coisas que ninguém sabe definir. Emaranhados de coisas acontecem, complicam, ajudam e destroem. Cada um com a sua história, cada um com seu fardo e alivio. Cada vida única. Cada um por si.
Controlaria.
38 notes · View notes
cartasparaviolet · 5 months
Text
Morre um antigo eu na viela de trás, em sua lápide estará gravado “foi todos, menos ela”. As máscaras trincadas rompem o ciclo de personagens fracassados interpretados diante do palco da vida. O tempo urge para aqueles que precisam retornar ao mar existencial. Apresse o passo, o antigo eu morreu na viela de trás. A luz do lampião evidencia o brilho no olhar que extinguiu, como a morte de uma estrela no manto celeste. Mantém a tocha da esperança acesa de que o caminho não acabou, logo nascerá uma nova. Sob os holofotes, distintamente forte, proclama o seu retorno. Morre um antigo eu na viela de trás. O pretérito nada perfeito de uma obra de arte inacabada e recolhida. Apresse-se, pois das cinzas renasce um filho do cosmo. O sonho do Criador que repercute como maestro divino. Criador e criação unidas sob o mesmo destino. Sinto que o velho eu que morre na viela de trás, caminhará pelas ruas e esquinas da cidade volitando com sua aura iridescente. Um sorriso resplandecente. Um abraço incandescente. Um remanescente das guerras estelares que aterra para sobreviver. Esquecendo-se do seu propósito, essa pequena alma precisa ascender. Um novo brilho no olhar de quem enxerga, por fim, as dimensões mais elevadas. Quem aprendeu a valorizar a jornada, a renovada paleta de cores, os sabores de uma existência preenchida de flores que do abismo da queda na dualidade despede-se na viela de trás.
@cartasparaviolet
40 notes · View notes
aguillar · 17 days
Text
Tumblr media
ㅤ━╋ POINT OF VIEW : a profecia dos escolhidos.
a white blank page and a swelling rage : you did not think when you sent me to the brink .
⚠ TRIGGER WARNING: crise de ansiedade.
Tumblr media
⚲ Casa Grande, Acampamento Meio-Sangue.
Não sabia o porquê de esperar algo diferente daquela vez, mas havia caído em uma armadilha tão antiga quanto o tempo: entre a queda de suas amigas e o impulso quase animal de as resgatar, havia se permitido acreditar que o escolheriam para a missão de resgate, porque a alternativa seria aceitar ficar de braços cruzados. Ainda não o sabia, mas toda e qualquer esperança estava prestes a ser esmagada pela voz do oráculo, falando através de Rachel Elizabeth Dare.
Cruzava a distância entre o lago e o escritório de Dionísio quando foi interrompido pelo som familiar e distante, a humana que adereçava cada um dos campistas presentes frente à Casa Grande tendo o poder de decidir a vida e a morte de todos ali na fração de segundo entre o romper do silêncio e a compreensão do que ela tinha a dizer. Santiago pausou imediatamente, atento a cada uma das palavras ofertadas como profecia, sabendo que o diabo estava nos detalhes quando o assunto era prever o futuro.
Nas sombras do reino, dois descerão, Para salvar os cinco Caídos na escuridão.
Dos cinco caídos, dois nomes lhe importavam mais, duas amigas que não poderiam ser mais opostas: Katrina e seu jeito niilista de encarar a vida, Melis e os sorrisos fáceis que sempre tinha a ofertar. Um terceiro nome lhe ocorreu: Aurora, não por preocupação com a própria, mas por saber o que a perda faria com Kerim. Queria salvar a todos, mesmo os a quem pouco conhecia. Aquele era seu dever, o Acampamento era seu lar, e os semideuses o mais próximo de uma família disfuncional que havia conhecido desde que sua própria o havia decidido abandonar.
Amuleto. Lete. O que de Hermes é sangue.
Seu coração pareceu se contrair no peito: não pela maldição de Afrodite, mas pela preocupação com o que o sangue de Hermes poderia significar. Melis. Sentia, na boca de seu estômago, que seria ela a ter um papel decisivo, e era impossível não ter medo do peso e da responsabilidade que a ela caberia carregar.
O véu entre a vida e a morte será rasgado, e o preço do roubo nunca será pago.
Pensou então nas tantas mortalhas que haviam queimado recentemente, rostos familiares que já não pontuavam as fileiras de guerreiros com quem aprendera e a quem ensinara a lutar. De maneira egoísta, ergueu os olhos para o céu–pensou no pai e no tio, no Deus com D maiúsculo de quem se ressentia, e enviou uma prece pelo ar: pediu que mais ninguém fosse levado, pois já não sabia o quanto mais poderia aguentar.
Em silêncio, Rachel ergueu o indicador em riste e, em meio à pequena multidão que ali se havia reunido para a escutar, a profeta apontou para Maya e então para Remzi. De dentro para fora, sentiu como se estivesse congelando, com o abraço familiar do frio de bater os dentes o vindo cumprimentar. As instruções dadas a seguir nada mais foram do que ruído de fundo, pois Santiago já não as estava ouvindo–havia um zumbido ensurdecedor em seu ouvido, como se tivesse pego desprevenido no raio de explosão de uma bomba. Uma vez baixada a poeira e assentados os escombros, só restava o ataque aos seus tímpanos para lhe assombrar.
O fato de que apenas dois semideuses tinham sido escolhidos foi como um tapa na cara, o rompimento com a tradição deixando claro que havia, sim, espaço para ele na equipe–o destino só não o considerava necessário.
Fechou ambas as mãos em punhos com força suficiente para que as unhas marcassem suas palmas, e mesmo a tentativa de respirar profundamente pouco fez para o acalmar. Do seu lado esquerdo, sentiu a aproximação de uma figura familiar. Antonia parecia estar tentando lhe dizer algo, mas Santiago sequer ergueu o olhar para seu rosto, absorto em tentar conter as próprias emoções antes que essas saíssem do controle. O esforço de conter sua raiva o fazia tremer, e na tentativa de o consolar, Tony pousou a mão em seu ombro, somente para ser afastada por uma rajada de vento que a fez se desequilibrar.
Mas que porra..?, ele a ouviu exclamar. Antes que a melhor amiga tivesse a chance de fazer algo estúpido como tentar o tomar em seus braços, Santi desatou a correr para longe dali, sem rumo traçado, para qualquer outro lugar. As passadas apressadas seguiram o caminho mais familiar, e acabou por encontrar refúgio em seu quarto, onde o diário o encarava aberto sobre a escrivaninha. Ao tentar tomar uma caneta em suas mãos para despejar as emoções na escrita, se surpreendeu ao sentir mais do que ver o objeto estilhaçar sob o seu toque. No caderno aberto diante de si, a página em branco o encarava, mas as palavras lhe falharam.
Todo o treinamento e a política que havia tentado fazer para se colocar como o candidato ideal para o resgate não haviam valido de nada, e teria que colocar a vida de quem amava nas mãos de duas pessoas em quem não sabia se podia confiar. Seu ranking como um dos melhores combatentes de monstros do Acampamento, sua experiência como líder em missões, o potencial defensivo e ofensivo de seus poderes–nada daquilo pareceu importar na escolha. Fora preterido–pelos deuses, pelas parcas, por Rachel, por Dionísio e Quíron. Com a mente anuviada pela ansiedade, não lhe faltavam opções para culpar.
Fraco. Descartado. Impotente. O zumbido em seus ouvidos foi substituído por uma voz familiar, convocada direto do submundo para onde não iria, conjurada pela mente sádica e masoquista para o castigar. Seus pensamentos foram tomados pelas ofensas que há muito havia ouvido de sua avó, e sentiu o ar escapar de seus pulmões–estava hiperventilando, percebeu, sem ideia alguma do que fazer para se acalmar. Cada uma de suas respirações erguia uma nuvem de vapor, como se a temperatura ao seu redor houvesse caído em resposta ao seu desespero.
Sete dias. Em sete dias saberia se as amigas voltariam sãs e salvas, ou se teria sete novas mortalhas para queimar.
↳ para @silencehq. personagens citados: @arktoib, @kretina, @melisezgin, @stcnecoldd, @kerimboz.
Tumblr media
19 notes · View notes
little-big-fan · 10 months
Text
Imagine com Harry Styles
Tumblr media
Vegas Love
n/a: Como o Harry ganhou de lavada na nossa enquete, aqui está o imagine dele haushd Quem votou no Tae, não precisa ficar triste, segunda feira o imagine dele estará esperando por vocês aqui <;3
— Tá pronta, linda? — Harry perguntou ao entrar no quarto bagunçado. 
— Quase. — Falei tentando enfiar a necessaire de maquiagem dentro da pequena mala. 
— Você sabe que é só um final de semana, certo? — Perguntou rindo. 
— Sei. Também sei como você é quando acaba animado com alguma coisa, nas suas últimas férias disse que íamos passar três dias nas montanhas e acabamos parando em Paris e eu precisei comprar roupas lá. 
— Vai dizer que não gostou? — Ergueu uma das sobrancelhas. 
— Foi um gasto desnecessário. — Dei de ombros. — Eu já tenho muita roupa, não preciso de mais. 
— Anda logo. — Resmungou. 
— E você, terminou a sua mala? 
— Sim senhora. 
Quando finalmente consegui fechar a mala, Harry a pegou pela alça, descendo as escadas com animação para colocá-la no carro. 
Chegava a ser engraçada a sua reação á um final de semana em Las Vegas. Eu sabia muito bem que o que Harry esperava tão ansiosamente não eram os hotéis luxuosos ou as noites nos cassinos e sim o tempo de qualidade que teríamos com os nossos amigos depois da longa turnê. 
Meu namorado era do tipo que adorava passar suas folgas rodeado por aqueles que amava, mas com a loucura de viajar o mundo inteiro por meses a fio, isso quase nunca era possível. 
Sentei no banco do passageiro enquanto ele terminava de colocar a rota no GPS. Depois de passar alguns minutos escolhendo minuciosamente a playlist que nos acompanharia, seguimos rumo à nossa viagem. 
Liam e a nova namorada, Kate nos acompanharam. As horas passaram rápido, cantando, conversando ou fazendo piadas. Podia ver no sorriso que não se fechava no rosto do meu namorado o quão feliz ele estava com aquele momento. 
Largamos as malas no quarto de hotel e tomamos um banho rápido. Brad avisou por mensagem que já nos esperava no saguão, acompanhado por Gemma e Michal. Abraçamos a todos, decidindo em uma conversa barulhenta para onde iríamos primeiro. 
O cassino no andar de baixo do hotel foi nosso primeiro destino. Depois de mais perder do que ganhar dinheiro, e tomar a péssima decisão de provar os coquetéis oferecidos sem ter nada em nossos estômagos, Liam sugeriu irmos à uma festa que estava tendo em um outro hotel próximo. Não era difícil conseguir entrar em algum lugar, por mais lotado que estivesse quando se está acompanhado de Harry Styles e Liam Payne. As portas praticamente se abrem sozinhas. 
No sétimo drink, meu corpo já não me obedecia mais, dançando abraçada na minha cunhada uma música que sequer conhecíamos mas tentávamos cantar a plenos pulmões.
Harry e Liam travavam uma queda de braço desajeitada, sendo ovacionados pelos desconhecidos. Kate se juntou a nossa dança estranha, demonstrando ser tão descoordenada quanto nós.
Mais duas festas entraram na nossa rota, dezenas de drinks com gostos diferentes. Naquele momento, nem era mais possível sentir o gosto do álcool, ele descia lindamente, nos deixando ainda mais loucos para aproveitar a noite. 
— Vocês. — Liam disse apoiado no ombro da namorada enquanto saímos pela rua cheia de gente rindo e conversando. Apertando os olhos para focar em nós ele usou o indicador para apontar para mim e Harry. — Nós estamos em Vegas! — Gritou.
— É mesmo? — Coloquei a mão na boca, fingindo estar chocada. Harry, que já estava com o riso mais solto,  precisou sentar no chão, achando muito mais engraçado do que realmente havia sido.
— Não, sua tonta, você não entendeu. — Revirou os olhos. — Por quê não vamos a uma capela? 
— Tá querendo confessar seus pecados, Liam? — Debochei. Gemma colocou ambas as mãos na boca, dando um gritinho de animação. 
— Genial! 
— O que é genial? — Falei tentando tirar o meu namorado do chão, que fazia força para permanecer como um sem-teto. 
— Vocês dois! Deveriam se casar. — Esclareceu a morena. 
— Casar? — Harry perguntou, finalmente se levantando da calçada. 
— Sim! –  Liam concordou. — Estão juntos há anos! Parem de enrolar. 
— O que você acha? — Harry perguntou me olhando. 
— Você não está levando isso a sério. — Falei desacreditada. 
— Por que não? A gente se ama! — Cruzou os braços. — Você não quer casar comigo? — Projetou os lábios para a frente, como uma criança fazendo birra.
— Claro que quero. 
— Então vamos! — Abriu um sorriso enorme. 
Por algum motivo, a ideia começou a fazer completo sentido. Harry e eu namorávamos e morávamos juntos há anos, já havíamos falado sobre casamento e filhos várias vezes. O que poderia dar errado? 
Depois de achar uma capela não muito longe, como um bando de loucos caminhamos até lá. Liam e Harry demonstraram que suas habilidades de canto não eram das melhores quando misturadas com bebida, cantando aos berros uma versão estranha da marcha nupcial.
Para a nossa surpresa, a única documentação necessária eram nossas identidades e de mais duas testemunhas, que acabaram sendo Liam e Gemma. 
Dentro da própria capela havia um tipo de lojinha, onde conseguimos um vestido branco e um véu curto. Kate retocar minha maquiagem com o que havia em sua bolsa e eles me arrastaram para a ponta do tapete vermelho. 
Tive uma crise de risadas ao ver Harry parado do outro lado do altar. A única mudança em sua roupa havia sido adicionar uma gravata roxa sobre a camisa estampada. Mas o motivo do meu riso foi o celebrante. Elvis Presley indicou que a música poderia iniciar, e em passos lentos, sendo capturados pelas câmeras do celular dos meus amigos, caminhei em direção ao meu futuro marido. 
Acordei com o toque estridente de um celular. Tentei abrir os olhos, sentindo dor demais na cabeça para fazê-lo.
— Pelo amor de deus, desliga isso. — Resmunguei. 
Murmurando algo sem muito sentido ele se moveu na cama, desligou o celular e voltou a me abraçar. Mas os segundos de silêncio não duraram muito, pois o toque infernal voltou a tocar. 
— Atende logo. — Harry bufou, ainda com os olhos fechados, arrastou o ícone de ligação para o verde.
— O que é? — Falou com mal humor. — Hã? Você tem certeza? 
— Fala mais baixo. — Pedi quando seu tom de voz se ergueu. Harry se sentou na cama de forma brusca. 
— Leslie, se eu tivesse casado com certeza sabe… puta que pariu. — Harry puxou minha mão esquerda com força, encarando com olhos arregalados o anel dourado que nunca esteve ali antes. — Leslie eu vou desligar. — Disse rápido, jogando o celular em algum canto da cama. — Amor, você lembra do que aconteceu ontem? 
— Não muito. — Resmunguei sentando. — Que papo estranho foi esse de casamento?
— Parece que nós casamos ontem. — Disse baixo, apertando as têmporas com as pontas dos dedos.
— Como é? — Perguntei já desesperada, sentando na cama sem me importar com a dor.
— Alguns fãs nos viram sair de uma capela de madrugada, você estava de noiva e agora está usando uma aliança. — Apontou para o meu dedo. 
— Harry não é momento de piada. — Avisei. 
— Acha que eu ia brincar com uma coisa dessas? 
Tateei a cama atrás do meu próprio telefone. As quase trinta chamadas perdidas de pessoas da minha família e alguns amigos eram um alerta. Abri o aplicativo do instagram, entrando na aba de busca, centenas de publicações com a mesma foto. Harry e eu, nos beijando em frente á uma capela 24 horas. 
Tumblr media Tumblr media
— Ai meu deus. — Sussurrei.
— Achei. — Ele disse, pegando algo na calça jogada no chão. 
— Achou o que? 
— A certidão. — Me estendeu. Li o documento pelo menos cinco vezes. Nossos nomes, o número do documento. 
Harry e eu havíamos realmente nos casado.
E nenhum de nós lembrava de ter feito isso. 
— O que vamos fazer? — Perguntei em desespero.
— Como assim? 
— Harry, nós casamos! — Gritei. 
— Eu sei, porra! — Passou a mão pelo cabelo, nervoso.
— Minha mãe vai me matar. — Coloquei as mãos na cabeça. 
— Essa é a sua preocupação? O seu pai vai arrancar o meu pau fora, S/N!
Batidas na porta fizeram com que nossa discussão ridícula fosse apaziguada. Nos vestimos com os roupões do hotel e Harry abriu a porta. Liam entrou em um estado tão deplorável quanto o nosso. 
— Já estão sabendo? 
— É verdade mesmo? — Perguntei ajoelhada na cama, ainda torcendo para que fosse apenas uma piada idiota. 
— Olha isso. — Me estendeu seu telefone. 
No vídeo curto, Harry e eu seguramos as mãos um do outro, rindo de bêbados e dizendo “aceito” ao cara fantasiado de Elvis Presley, e então selando a união com um selinho desajeitado. 
— Meu Deus. – Falei chocada. 
— Eu falei com um advogado. — Liam murmurou. — Ele me disse que os casamentos em Vegas são realmente válidos e vocês vão precisar esperar uns 90 dias para cancelar. 
— Cancelar? Tipo divórcio? — Harry disse sentando ao meu lado. 
— É… — Nosso amigo murmurou, coçando a nuca. — O casamento seria meio que cancelado.
— Você quer cancelar? — Perguntou me olhando. 
— Você não quer? 
— Eu não queria que tivesse sido dessa forma, mas não me arrependo de ter casado com você. — Segurou a minha mão esquerda com a sua, o par de alianças combinando brilhando e deixando tudo ainda mais real. 
— Mas… e as nossas famílias? 
— Podemos fazer outra cerimônia. — Sorriu. — Se quiser, podemos cancelar, eu vou entender. 
— Eu não me arrependo de casar… — Murmurei. — Mas eu queria pelo menos lembrar. — Fiz uma careta. — Sempre imaginei que ficaria bêbada depois do casamento, não antes. — Harry soltou o ar pelo nariz, antes de tocar minha testa com a sua.
— Vamos fazer outra cerimônia então, esposa.
— Se vocês me dão licença, eu preciso de um banho. — Liam falou, nos relembrando da sua presença. 
Harry fechou a porta depois de se despedir do amigo, me empurrando para deitar novamente. Nos encaixamos em uma conchinha, encarando nossas mãos com as alianças.
— Ainda é inacreditável. — Falei rindo fraco. 
—Será que fizemos algo na noite de núpcias? 
— A gente tava pelado. — Lembrei. 
— Acho que a gente só dormiu. — Comentou. — Estávamos bêbados demais. 
— Que começo de casamento… 
— Prometo não deixar você esquecer do próximo. — Deixou a parte de trás do meu ombro. — Vamos dormir mais um pouquinho, mais tarde resolvemos todos os problemas. 
— A internet deve estar pegando fogo.
— Deixe que pegue. 
Taglist:@cachinhos-de-harry / @nihstyles / @lanavelstommo / @say-narry
62 notes · View notes
imagines-1directioner · 11 months
Text
Same Mistake - with Zayn Malik - Parte III
PARTE I / PARTE II
Contagem de palavras: 1169
N/A: como toda história é composta por um começo, meio e fim, trago pra vocês a parte final de mais uma trilogia do blog. espero que gostem e obrigada por acompanharem e curtirem a história 🤍 conto com o feedback de vocês!
curte e reblogue o post para me ajudar 🫶
Tumblr media
Três semanas depois..
Em todos esses anos de vida nunca imaginei que uma criaturinha tão pequena poderia me causar tanto, mais tanto enjoo. A sensação de mal estar se dava em setenta por cento do meu dia, enquanto os outros vinte por cento passava de joelhos no chão, com a cabeça enfiada na privada vomitando tudo que eu comia. E fazia apenas dois meses de gestação.
- Ai meu bebê, deixa a mamãe respirar só um pouquinho. - disse passando água pelo meu rosto pela oitava vez na última hora. No momento que molho a face novamente escuto a campainha tocar. - Ótimo.. - resmungo ao fechar a torneira e pegar a toalhinha que carrego comigo pela casa. Ultimamente meu humor não estava dos melhores por conta das quedas e picos hormonais. No entanto, quando abri a porta e me deparei com ele em casa um sorriso se abriu em meu rosto. - Você!
- Oie! - respondeu sorridente e impossibilitado para ser abraçado, já que carregava inúmeras sacolas e um pacote grande em seu colo. - Atrapalho?
- Não, imagina. Pode entrar!
- Com licença. - seu modo tímido e educado nunca mudava.
- Deixa eu te ajudar com isso. - falei enquanto pegava o pacote grande que ele tentava segurar e então fechei a porta.
- Desculpa vir sem avisar.. mas eu estava de passagem pelo bairro e resolvi passar aqui para ver como você está, e como nosso nenenzinho está. - Malik soltou um sorriso ao sentar no sofá e observar minha barriga ainda pequena.
- Estamos bem! - respondi enquanto me sentava ao lado dele no sofá. - Apesar dos enjoos e vômitos recorrentes estamos bem.
- O remédio não está funcionando?
- Mais ou menos. - fiz uma careta. - Tem dias que funciona, outros nem tanto.
- Que droga.. podemos tentar outra coisa, talvez um chá. - sugeriu preocupado. - Estive lendo e alguns alimentos são bons pra esse tipo de mal estar. - um sorrisinho involuntário surgiu em meus lábios. Eu estava amando ter a preocupação dele voltada a mim de novo.
- Podemos tentar sim.
- Bem, aproveitando que estava aqui perto eu fiz algumas comprinhas. - nós rimos.
- A criança ainda nem nasceu e já tem um monte de coisa.
- Eu não me contenho quando vejo qualquer coisa que remete a bebê. - ri enquanto ele abre a primeira sacola revelando um mini vans preto, a coisinha mais fofa do mundo.
- Anw, meu Deus!!
- Me diz se não é uma gracinha!
- Demais!
- Não vejo a hora de vestir nela… ou nele.
- Você tem tanta certeza que vai ser uma menina? - questionei rindo depois que admirei o mini tênis, devolvendo-o para caixa.
- Eu já sonhei tantas vezes com uma menina que tô achando que é real.
- Tenho consulta na próxima quinta-feira, onze da manhã. Se estiver livre.
- Vou sim, com toda certeza. - sorrio entusiasmada. Nos minutos seguintes nós continuamos abrindo os presente que o papai babão comprou e cada sacola revelada mais apaixonada e ansiosa eu ficava pela vinda da criança mais amada do planeta.
- Acho que essa sacolinha é a última. - comentei enquanto pegava a embalagem de uma loja de jóias.
- Então, essa daí é pra você. - ergui as sobrancelhas em sinal de supresa e sorri. Quando abri me deparei com uma caixinha quadrada e preta.
- Um anel? - embora o anel com uma pedrinha vermelha brilhante fosse lindíssimo, questionei entre risadas, sem entender muita coisa.
- Tem uma surpresinha dentro da pedra. - Zayn apontou para o acessório. - Fecha um dos olhos e veja o que tem dentro. - franzi a testa, curiosa e receosa ao mesmo tempo mas fiz o que ele mandou. Ao aproximar o brilho avermelhado do meu olho direito pude ver uma foto, e quando totalmente perto do meu foco visual consegui reconhecer a fotografia dentro daquela pedrinha. Era a foto do dia mais feliz da minha vida, quando nós dissemos sim um para o outro. E como duas crianças entusiasmadas posamos para a melhor foto daquele dia em meio a tantas tiradas no casamento: ambos rindo para os ares e mostrando que realmente casamos quando apontamos para a aliança no dedo anelar, com a frente da mão virada para a câmera. Um turbilhão de sentimentos invadiu-me naquele segundo, e eu nem pude segurar a vontade de chorar já que a emoção foi mais forte de qualquer outro sentimento. Eu parecia reviver aquele momento de euforia e espontaneidade. A mais pura alegria fazia parte do meu ser naquele dia, e aquela foto em especial conseguiu capturar exatamente o que eu sentia.
- Que coisa mais linda.. - falei com a voz chorosa. - Eu amo essa foto. - ri observando novamente aquela obra de arte.
- Eu também. - pude vê-lo sorrir. - A felicidade que senti nesse momento foi a mais genuína possível. - assenti, fazendo das palavras dele as minhas. - Essa foto é a minha tela de bloqueio do notebook. - meus olhos marejados foram ao encontro de Zayn. - Fazia alguns meses que eu não abri meu notebook e na semana passada eu precisei ligá-lo. Quando acendeu a tela, eu vi essa foto. - apontou para o anel. - Fiquei observando a imagem por uns quinze minutos e um filme passou pela minha cabeça. Eu me teletransportei para o exato momento em que tiramos a foto. Consegui até escutar você dizendo ‘Vamos tirar aquela foto brega apontando para as alianças e rindo à toa?’ - soltei uma risada ao relembrar minha fala. - E nós nem precisamos rir à toa porque o momento era tão alegre que nem fizemos esforços para fingir. - concordei limpando as lágrimas que caiam com mais rapidez agora. - Foi naquele momento, encarando essa foto que descobri que o amor que sinto por você é leve, é alegre, é feliz. - fez uma pausa e buscou minhas mãos, acariciando-as. - Foi observando o nosso sorriso que percebi que o medo de te ter longe é muito menor do que o amor que sinto por você, S/N. Eu sou e sempre serei apaixonado por cada pedacinho seu. E quando eu digo cada pedacinho, incluo também o fruto do nosso amor dentro de você. A vinda dessa criança me fez refletir que a minha vida perderá um pouco de cor se eu não puder ver vocês rindo juntos, porque a sua risada me contagia, e misturada com a desse bebê eu tenho certeza que vai colorir o meu dia. Então, S/A, eu estou te dando este anel como se estivéssemos nos casando de novo, recuperando a nossa felicidade genuína como a desta foto, te pedindo para me aceitar novamente como seu esposo, pois eu prometo que eu vou te amar, te respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. - a essa altura meu choro controlado já havia se descontrolado por completo. Meu coração parecia sair pela boca. A emoção me trazia um milhão de sentimentos bons, levando-me a abraçar fortemente o meu amor depois de semanas longe.
- Isso não se faz com uma grávida. - ele riu enquanto limpava minhas lágrimas com os dedões.
- E então? Você aceita se casar comigo de novo?
- Aceito, meu amor! Um milhão de vezes, eu aceito!
__________________________________________
Feedbacks são sempre bem-vindos e de extrema importância para quem escreve. Se possível, não esqueça de deixar um comentário sobre o conteúdo lido acima na ask! Adoraria saber o que achou :)
xoxo
Ju
54 notes · View notes
delirantesko · 3 months
Text
O pássaro e a fonte - Parte II - (Fábula, Oniriko, 2024)
A parte I está aqui.
Nosso pequeno pássaro, com sua missão cumprida, vivendo sua segunda vida, foi surpreendido: a vida, ou melhor, suas ações, vieram cobrar seu preço.
Voava pacificamente acima do mar, quando ao voltar para a costa, na transição entre o tecido azul com o verde do chão, vinhas de metal que zuniam se assemelhando a música que toca em pesadelos se entrelaçaram em suas asas e violentamente o puxaram para a terra.
Descendo em alta velocidade numa espiral matemáticamente perfeita, sem entender nada, foi supreendido por uma voz que nunca ouviu em sua pequena vida quando se chocou contra o chão, ainda aprisionado pelo gélido, vil e brilhante metal das vinhas que saíam de uma máquina no chão. Elas apertavam suas pequenas asas como se fossem uma criança curiosa ignorante do impacto que sua força causava. Ou talvez fosse apenas pura maldade, a punição aplicada em pequenas doses.
Mas punição pelo quê?
A voz respondeu sua pergunta:
"Pequeno, arrogante, criminoso pássaro: lerei sua pena agora, e todos lhe sentirão pena. Perderá suas penas e ganhará uma pena, vedes como o universo é justo? Pois usaste o voo para realizar os crimes, portanto abusaste do direito que havias ganho ao nascer."
A voz vinha de um cavaleiro, ou pelo menos a armadura de um. Não se sabia se havia carne ou outra coisa dentro de todo aquele metal, e sua voz era fantasmagórica.
"O universo inteiro é júri agora, como todos podem ver."
Somente as vinhas, o pássaro e a armadura estavam presentes, mas cada átomo observava.
"Sabeis quem sois, pequeno pássaro?"
O pássaro pensou um pouco e então lembrou. Ele havia visto uma armadura semelhante no castelo onde encontrou o lírio arco-íris.
"Sabeis a quem eu sirvo, pequena ave?"
Na mente do pássaro, a consagração do cavaleiro ainda em vida, antes da queda do reino, suas juras de proteger o reino a todo custo. Mesmo depois da morte, a vontade animou a armadura que agora lhe acusa.
"Mesmo com o reino destruído, ainda havia esperança, mas ela foi roubada. E para quê? Para acionar uma memória que você nem lembra mais."
O pássaro não entende do que está sendo acusado, mas a palavra memória dá um relampejo em sua pequena mente. O brilho dura apenas uma fração de segundo, mas ele não consegue ver o que o raio iluminara.
"PORTANTO..." a armadura levanta a voz - "como protetor do reino, irei aplicar a sentença."
O pássaro tenta em vão se livrar de seus grilhões. Várias penas caídas ao chão, sensação de pelo menos um osso quebrado ou rachado.
A dor trouxe a memória. A dias ele estava procurando algo. O sofrimento o fez lembrar da fonte. Era a fonte que ele buscava. Mas ele não a encontrara mais.
"A sentença foi aplicada. Não mais perturbará os céus, ladra criatura!"
Nisso, as vinhas metálicas se moldaram aos seus braços. O pássaro não podia mais voar. Como âncoras prendendo seu corpo ao chão, o pássaro cai desajeitadamente no chão depois da queda inicial que ainda causava dor e desconforto.
Quando finalmente consegue recobrar suas forças e ensaia se levantar, a armadura já não está mais ali. Só o peso de seus novos grilhões e a memória de sua querida fonte.
Suas pequenas pernas não foram feitas pra caminhar grandes distâncias. Suas asas imponentes (em relação ao resto de seu pequeno corpo), eram as principais responsáveis por seus movimentos.
Agora que não podia mais usá-las, pensou como eram graciosas antes. Lembrou dos movimentos ágeis, da travessia rápida, dos pousos certeiros nos locais mais improváveis, das vistas fenomenais que seus pequenos olhos viram, quando era preciso parar para observar a beleza.
Mas agora tudo isso havia sido negado, e o pássaro perguntou se a morte que buscava ao encontrar a fonte não era melhor que tal castigo.
Ele se perguntou se esse era um preço justo pelas experiências que teve. E o que a armadura quis dizer quando disse "Mesmo com o reino destruído, ainda havia esperança..."
Cabisbaixo, o pássaro olhava para o chão, tão próximo agora. Normalmente ele não prestava atenção para a maior parte do chão. Apenas quando buscava por ameaças ou algum eventual lanchinho. Preso a essa perspectiva microscópica, o pássaro verteu uma lágrima.
E a lágrima não era uma simples lágrima. Era uma versão miniatura do que ele agora sabia o que deveria procurar.
A fonte!
Mas como? A fonte não estava mais no mesmo lugar. E agora ele não poderia perscrutar os céus e buscar pistas. Estava preso a essa existência medíocre como a maioria dos bípedes, dando pequenos passinhos num espaço ínfimo de território.
Ele pensou "Eu sou ou não sou um pássaro? O que faz um pássaro além de voar?" Preso ao chão, ele não poderia se desvencilhar de outros predadores que antes ele podia desprezar simplesmente com o bater de suas pequeninas mas belas asas.
"Eu era um satélite, agora não passo de uma rocha." - o pássaro se perdia em pensamentos depressivos, quando alguém respondeu.
"Qual... Qual o problema em ser uma rocha, pequeno ex-pássaro?" disse uma voz que apesar de transparecer lentidão, tinha uma presença pesada e importante.
Custando para olhar ao redor e ver quem pronunciara tal pergunta, uma pedra no chão parecia indignada.
O pássaro se virou, arrastando suas asas de ferro, para fitar melhor a pedra, e disse:
"Uma pedra nunca entenderia o que é ser um pássaro. Você esteve todo o tempo aqui nesse chão. No máximo rolou quando alguém lhe chutou, ou foi levado por um carrinho de mão daqui até ali. Aposto que nem faz ideia de como o mundo é grande!"
"Meu caro pássaro." a voz disse com a paciência de uma galáxia inteira. "Acreditas mesmo que sou apenas uma rocha, uma pedra?"
O pássaro ficou em dúvida. Do que ele estaria falando? Uma pedra é uma pedra, e pedras no máximo rolam ou são arremessadas. Um garoto uma vez arremessou uma pedra e por pouco o pássaro não foi abatido.
"Sou paciente, e serei ainda mais por causa da sua situação. Eu ouvi o julgamento e acredito que foram injustos com você."
O pássaro resolveu se sentar, se apoiando na asa esquerda, que não parecia quebrada.
"Já que vejo ter aceitado minha mensagem, me sinto convidado a explicar a você, pequeno pássaro das asas de ferro."
Depois do julgamento cruel e apressado, era reconfortante ter alguém paciente, que lhe explicaria algo. Sair desse estado agora também não seria algo fácil.
"Tudo bem, pedra, ou melhor, como devo chamá-lo?"
"Meu nome não importa agora, mas você saberá no final da minha história."
A ave assentiu e aguardou o que a pedra iria lhe contar.
"Você disse que alguém como eu nunca entenderia o que é ser um pássaro. Mas eu posso dizer o mesmo. Assim como você não é mais o que era, eu também não sou mais o que eu fui."
O pássaro se tornava cada vez mais curioso com o que a pedra lhe revelava.
"Você disse que eu não teria a.. concepção do tamanho do mundo, é isso?"
"O que mais você poderia enxergar além da grama?" disse o pássaro, sem maldade em sua voz, com genuína curiosidade.
"Pois bem..."
O pássaro não aguentava mais o mistério. Percebendo isso a pedra o provocou.
"Algumas coisas não podem ser solucionadas com pressa. Por acaso tem algum lugar para ir? "
Ter ele até tinha, mas como iria arrastando essas duas âncoras em seus pequenos braços, com um que parecia quebrado? Pelo menos as asas serviam como tala...
"Pelo visto não, não é? Pois vou finalmente contar o mistério."
A ave sossegou e aguardou.
"Olhe para o alto. Está vendo aquele disco lá no alto?"
"O pássaro olhou a lua e se perguntou o que a pedra queria dizer."
"Certa vez" - continou a pedra - "...um cometa passeava pelo espaço. Mas ele se distraiu, e acabou se chocando com a lua. Foi aí que eu nasci. Tive muitos irmãos. Vi eles caindo, fumegando, cada um indo pra uma direção. Nunca vi nenhum deles na minha vida."
O pássaro ficou surpreso. Ele nunca saiu da atmosfera, estava falando agora com alguém que era de fora do planeta, da Lua! Então ele baixou a cabeça ainda mais, como que envergonhado, pelas coisas que disse.
A pedra pareceu perceber o desconforto do pássaro e pediu para que ficasse relaxado, ele não tinha mágoa, a maior parte das criaturas também desprezava sem conhecer, é assim que o mundo funciona. As pessoas presumem, de acordo com a aparência, o que são as coisas e as pessoas.
Com isso o pássaro, sentindo-se perdoado por sua transgressão, continou a ouvir atentamente.
"Eu observei esse pequeno e azul planeta girar muitas vezes. Uma infinidade de locais e pessoas. Mesmo de longe, eu observava, tenho a visão muito boa! Inclusive esse vale aqui eu já conhecia. Não sei porque esse lugarzinho me chamou a atenção, mesmo quando eu flutuava lá no espaço."
Com isso, o pássaro percebeu que as histórias dele e da pedra não eram tão diferentes. Ambos viviam nas alturas, obviamente levando em consideração as respectivas dimensões de cada um, ambos agora estavam presos ao chão.
"Mas você não está preso ao chão como eu estou pequeno pássaro. Por isso quero ajudar você."
"Venha até mim, porque não tenho pernas."
"Isso. Agora quero que faça algo. Acredito que ambos podemos nos ajudar."
O pássaro agora estava de frente com a pedra, curioso com qual seria o pedido que ela teria a fazer para ele.
"Bem, eu... Eu sempre tive curiosidade em saber como é ser uma pedra polida. Agora que você tem esse metal, será que você poderia polir pelo menos a parte de cima da minha cabeça?"
Então se esforçando, ele ergue a asa que não está quebrada acima da pedra, e começa a fazer um movimento de vai e vem, usando a pedra como suporte, com suas perninhas. O som de metal se esfregando com a rocha causa uma fricção que gera faíscas.
"Isso mesmo! Que sensação fantástica!" diz a pedra - "É como se estivesse penteando meu cabelo. Embora eu não tenha cabelo e seja uma pedra..."
O movimento é interrompido pois o pássaro está cansado.
"Tudo bem meu caro amigo, assim está bom. Obrigado." diz a pedra, satisfeita.
"Agora dê uns passos para trás e me diga. O que acha?"
O pássaro com custo se afasta, sua asa caindo no chão, mas sem o impacto que o pássaro imaginou que iria fazer. Ele olha e gosta do resultado. Em algum lugar de algum mundo, deveria ser o penteado de uma certa era, ele imagina. A reação da expressão do pássaro faz com que a pedra fique contente.
"Imagino que gostaria de algo em troca agora não é?" falou a pedra animada - "Pois bem, eu lhe darei informações, que são a ferramenta mais importante que alguém pode ter."
Como sempre, a pedra era ótima em contar histórias, deixando o pássaro cada vez mais curioso.
"A primeira informação. Você estava buscando uma fonte certo? Eu ouvi falar de uma fonte, pois meus ouvidos são muito bons. Outros dois pássaros estavam contando de uma fonte mágica que poderia curar qualquer ferimento."
O pássaro ergueu a cabeça surpreso e agradecido.
"A fonte fica naquela direção, vire de costas, vai ver uma montanha com uma nuvem em seu pico."
Com custo, ele se vira e olha para a montanha. Está realmente longe, e então ele suspira.
"Calma meu amigo ex-alado. Você não precisa ir até a montanha, basta chegar na metade do percurso até ela."
"Obrigado", disse o pássaro, fazendo uma pequena reverência, tomando cuidado para não cair.
"A próxima informação, e acredito que vá gostar, é que agora sua asa de metal deve estar mais leve. Graças ao polimento, um pouco do metal caiu, olhe aqui ao meu redor."
E então o pássaro viu que apesar do peso, parte de suas algemas tinham caído em forma de lascas de metal.
"Além disso, talvez você precise cortar coisas pelo caminho, ou se defender, então o polimento também transformou sua asa numa ferramenta parecida com uma espada."
O pássaro conseguiu agora levantar o braço e o movimentou. O ar zunia com o metal afiado. Ele se sentiu como um cavalheiro ou guerreiro empunhando uma espada. Mas ele precisaria praticar, especialmente pra não atingir ele mesmo. Decidiu fazer isso mais tarde com algumas das plantas pequenas que encontraria pelo caminho.
"Meu caro pássaro, imagino que nosso encontro termina aqui. Apreciei muito a sua companhia, mas sei que tem uma jornada pela frente. Sei que olha pro seu destino agora e o interpreta como um castigo, mas talvez daqui algum tempo essa provação se mostre como algo positivo, como tudo que acontece em nossas vidas."
"Obrigado Senhor pedra. Se possível, que gostaria de lhe chamar de amigo."
"Ora, e porque não amiga?" - disse a pedra de forma provocante, brincando, por causa da formalidade do pássaro - "amigos nunca são formais uns com os outros, a não ser que estejam zombando!
"Ah, claro, muito obrigado por sua companhia, por suas histórias e por sua ajuda."
"Não precisa ser tão formal, meu querido. Já somos amigos."
Com isso, o pássaro virou as costas, apontando para a montanha, e começou a longa caminhada, um passo por vez, carregando os novos e pesados braços.
"Boa sorte! Estarei aqui, caso precisar. Por favor volte depois e me conte a sua história, estarei esperando!"
Fim da parte II
Que perigos e aventuras o pássaro com asas de ferro passará? Fará novos amigos, ou talvez inimigos? Ele encontrará a fonte no caminho para a montanha? Será que ele conseguirá realizar sua missão? E afinal que missão seria essa!?
16 notes · View notes
sparklioness · 2 months
Text
Nome do estabelecimento: Joalheria Bejewelions
Vagas: Vendedores, Auxiliar administrativo, Segurança.
Salário: $$$ (Bônus em diamantes caso o funcionário tenha uma ótima produtividade)
Descrição do estabelecimento : A descrição atualizada abaixo
A joalheria Bejewelions, gerenciada por Nala, também lida com exportações da pedras preciosas antes produzidas em Pride Lands. Devido à queda do reino, este serviço está pausado, sendo necessário apenas um funcionário que organize os documentos das vendas que já foram feitas e entregues.
O interior da joalheria transporta o cliente para a majestade das Terras do Orgulho, o chão é coberto por pedras polidas, criando um mosaico que lembra as planícies vastas e douradas do reino. As paredes são adornadas com murais pintados à mão, mostrando cenas da savana africana, como a majestosa Pedra do Rei, sob um céu estrelado que parece brilhar.
As vitrines, feitas de vidro cristalino, exibem uma coleção deslumbrante de pedras preciosas, todas vindas diretamente de uma outrora próspera Pride Lands. Cada pedra parece conter a essência da terra mágica, com cores vibrantes e uma luminescência interna que capta a luz de maneira etérea. Safiras azuis profundas, esmeraldas verdes luxuriantes e diamantes que brilham como o sol africano estão meticulosamente organizados, destacando-se contra o fundo de veludo marrom-terra.
A decoração do restante da loja fica por conta de esculturas de animais como leões, elefantes e girafas, todos esculpidos em madeira (indicamos os do Gepetto). No centro da loja, uma pequena fonte de pedra com água cristalina corre suavemente.
O ar dentro da joalheria tem um toque sutil de magia. Luzes cintilantes flutuam suavemente no ar, mudando de cor e intensidade. Música suave, reminiscentes dos sons da natureza africana, tocam ao fundo, proporcionando uma experiência sensorial completa.
12 notes · View notes
meuemvoce · 2 months
Text
Já não me preocupo mais em sentir saudades
Já não me preocupo mais em sentir saudades de coisas pequenas. saudades de momentos que se foram. saudades de pessoas que me deixaram para trás. saudades de amores antigos. a única coisa que sinto saudade é de mim e da criança que um dia fui. Sinto saudade do meu joelho ralado e a força que tinha para me levantar e voltava a brincar novamente. saudade do meu sorriso banguelo e com dentes tortos sem me preocupar se era bonito ou não para sorrir pra alguém. saudade da minha roupa suja quando brincava na areia e esquecia que minha mãe me daria uma bronca. sinto saudade de ficar sentada no meio fio com o sol quente na minha cabeça me sujando de sorvete. saudades de onde não me preocupava se iria ser deixada no dia seguinte ou magoada.
Sinto saudades de coisas simples e momentos em que aproveitava o máximo possível e dava gargalhadas até a barriga doer. sinto saudades do meu coração puro e ingênuo onde era completamente inteiro e não se encontrava partido por um cara qualquer. são de momentos como esses que vale a pena sentir saudades e não de pessoas pequenas que oferecem sentimentos rasos onde mais tarde iremos ficar com dor de cabeça pela queda que acontece logo em seguida. não vale mais a pena sentir falta de pessoas que fizeram questão de tirarem de suas vidas. não vale a pena correr atrás e procurar saber de certas atitudes que nos magoa. não vale a pena ficar se questionando do porquê aquela pessoa te bloqueou nas redes sociais ou parou de responder as suas mensagens. não vale a pena chorar, espernear, brigar e ficar se culpando com que fez questão de te deixar assim, sabe por quê? Porque elas não se importam com você ou com o seu sentimento, fazem porque querem fazer.
Sabe a criança da sua infância? se esforce para traze-la de volta, ela é a única pessoa por quem vale a pena tentar buscar, correr atrás e lutar para manter em sua vida. hoje em dia as pessoas fazem porque querem fazer, ninguém faz certas ações sem sentir vontade, agem de certa forma porque convém a elas e não a você. se importe consigo mesmo e com o seu coração. se importe com a criança que ainda existe em você e não a decepcione. evolua constantemente para não se tornar alguém raso e sem empatia pelo próximo. sabe aquele sorriso banguela que você tinha há cinco anos atrás? sorria sem medo, tenho certeza de que no final do dia terá alguém esperando para vê-lo e sorrir junto com você, ela achará o sorriso mais belo de todos mesmo com os dentes tortos. Apenas sorria! Isso sim vale a pena.
Elle Alber
33 notes · View notes
thecampbellowl · 1 month
Text
✦ ・ closed starter with @sonofnyx
Charlie voltava para a enfermaria pela segunda vez no dia com uma passada decidida e uma pequena caixa de madeira nas mãos. A primeira vez que foi ao lugar havia sido por necessidade própria: precisava de um pouco de néctar para ajudar a curar o pequeno corte na testa causado por uma queda na confusão toda. Agora, voltava por Damon, a quem havia observado, impotente, deitado na cama sem consciência. Seu corte agora era nada mais do que um arranhão coberto por um curativo, mas sabia que ele ainda estava em posição vulnerável. Por causa da porcaria de uma hidra ilusória, Charlie pensou, a revolta subindo até sua garganta enquanto entrava no lugar. Acelerou o passo ao ver Damon na cama, consciente para o alívio de Charlie, e abriu um sorriso doce ao sentar na beira da maca. "Você me deu o maior susto", disse, mas sem repreensão na voz. "Trouxe uma coisa para te ajudar na sua recuperação", disse enquanto abria a caixa e mostrava o par de pulseiras idênticas a ele.
Tumblr media
8 notes · View notes
biancavogrincic · 16 days
Text
Chapter 2 - Ensejo De paixão
Tumblr media
Assim que chegou em casa, Enzo foi verificar a filha, que estava dormindo tranquilamente, deu um beijo na testa da pequena e foi checar Marilene.
A mulher estava sentada em sua cama fazendo crochê, Enzo sorriu e sentou-se ao lado da mais velha. Apesar da doença, Mari tentava viver uma vida normal sem se limitar muito.
— Você me parece mais leve. — Mari notou o ar mais calmo do genro.
— Eu resolvi um dos nossos problemas, agora temos uma babá. — Enzo estava empolgado, Bianca realmente iluminou seu dia.
— Você conseguiu conversar com Bibi? — o moreno assentiu. — Ela é uma fofa, não é?
— Sim, muito fofa, decidida, delicada, inteligente, altruísta, engraçada, politizada, linda...— o homem soltou um sorriso bobo.
Marilene logo compreendeu que seu genro estava evidentemente
interessado romanticamente em Bianca e apesar de conhecer pouco a garota, a mais velha tinha plena noção de que a garota era uma pessoa de caráter excelente.
— Ela é muito bonita mesmo..."me faria gosto" ver vocês dois juntos. — Mari mostrou seu apoio.
— Isso nunca vai acontecer, eu já disse que nunca irei me interessar por mulher alguma, eu apenas a elogiei porque vi que ela é uma menina de ouro. — Enzo queria se convencer do que havia falando. — Isso sem contar que ela teve uma infância complicada, até as motivações dela para escolher o curso de direito são bonitas.
Mari apertou os olhos e sorriu sacana para o moreno a sua frente, ela sabia que ele claramente estava tendo uma queda em Bianca.
— O que fez você decidir que seria ela a babá da Luninha?
— Eu estava fazendo perguntas desnecessárias sobre a vida pessoal dela, como isso a desagradou, ela chamou minha atenção e me deu uma bronca.
Mari ficou surpresa, mas ao mesmo tempo feliz, sua filha também costumava chamar atenção de Enzo sem medo ou papas na língua. Ela tinha toda certeza que Carol aprovava muito a garota onde quer que ela estivesse.
— Na faculdade aconteceu uma situação chata com ela. — mudou de assunto propositalmente.
— Deixa eu adivinhar...alguém foi racista com ela? — Enzo assentiu suspirando pesadamente. — Eu fico imaginando o que essa menina não passa dentro desse prédio e o que vai passar na faculdade — a mulher realmente ficou preocupada, ela sabia na pele que viver em um mundo racista não era fácil e sendo uma mulher preta era ainda mais complicado.
Mari não enxergava com bons olhos a forma como Isabel tratava a garota, mesmo que para todos fosse algo genuíno, a mulher não confiava de forma alguma. Marilene foi entregue a uma família rica pelos próprios pais para laborar como empregada doméstica, babá e cozinheira aos 8 anos de idade. Como essa família permitiu e pagou os estudos de Mari, sempre interpretaram que ela tinha que servir para sempre.
Mari sentiu muita vontade de proteger Bianca, ajudá-la da maneira que pudesse, apesar de saber pouco sobre a vida da garota, ela sabia que Bianca era sozinha e queria cuidar dela, o pouco que conversou com a jovem pôde notar que ela tem o brilho que lembra sua falecida filha.
— Ela fez uma amiga na faculdade hoje, uma garota bolsista como ela, mas infelizmente ela escutou umas asneiras de uma amiga do neto de Isabel, minha única reação foi falar umas verdades para aquela racista de merda e tirar as duas de lá. — contou suspirando pesadamente.
— E João não fez nada?
— Não, ele ficou calado. — Enzo revirou os olhos. — Eu acho que ele tem uma queda na Bianca.
Enzo sentia uma inquietação enorme com a possibilidade de Bianca dar uma chance e namorar com João, ele não queria que isso acontecesse, seja por conhecer a reputação de João, seja por sentir um desejo enorme de tê-la.
— E isso te incomoda? Ela e o João juntos como um casal...
"Sim!"
— Não!
Mari negou com cabeça e riu, ela sabia que era mentira, Enzo é péssimo para esconder quando estava com ciúmes.
— Olha, eu me importo com essa garota, o pouco que eu conheci dela, me fez ter certeza que ela é rara e com certeza deve passar por poucas e boas, só quero que ela esteja segura e consiga realizar os sonhos dela. — ele não mentiu quanto a isso, de fato Enzo quer muito proteger Bianca.
— Bianca é uma menina incrível, não sei se você sentiu, com a mesma leveza que Carol tinha, ela possui dentro de si, isso é raro e precioso, não quero que a vida continue tentando apagar esse brilho dentro dela.
Enzo compreendeu e concordou com sua sogra, ele também queria proteger a garota.
No outro dia, enquanto estava no ônibus, Bianca estava tão nervosa que estava trêmula, com náusea e fraca, ela nem havia tomado café. Não havia comido nada desde a noite anterior, isso dificultava bastante, principalmente porque ela estava com medo de falhar como babá de Luna.
— Minha filha, você está bem? — Edilene indagou notando que Bianca estava trêmula. — Você está tremendo, Bibi. — segurou as mãos de Bianca.
— Estou nervosa, Lene. — confessou apreensiva.
— Você vai tirar de letra, tenho certeza que a pequena vai adorar você. — Edilene murmurou confiante. — Você não cuidava de seus irmãos sendo só uma criança para ajudar seus pais quando sua mãe ficou doente? — ela assentiu mordendo o lábio inferior ainda muito insegura. — Então pronto, você vai ser ótima, Bia.
— Deus te ouça. — ela suspirou pesadamente. — Muito obrigada por tudo que tem feito por mim. — Bianca beijou as mãos da mais velha, que sorriu gentil.
— Você é uma neta pra mim, Bibi, sempre vou te acolher e cuidar de você. — a mulher falou sincera.
— E a senhora é literalmente a minha família, sempre farei de tudo para orgulhar a senhora. — Bianca proferiu sendo genuína.
Ela ama Edilene como se fosse sua avó e a mulher se comporta como tal, até nas reuniões de escola ou nas apresentações a mais velha ia pela Bianca, a garota só não mora com ela porque os tios não deixaram porque não querem perder o dinheiro da pensão por morte que a garota recebe.
— Você já me orgulha, só de te ver lutando pelos seus sonhos já tenho muito orgulho. — Edilene estava sendo bem sincera, ela realmente tinha muito orgulho de Bianca e garota se sentia muito acolhida pela mulher. — Olha, quando você tiver ocupada com a faculdade e dona Isabel ou qualquer pessoa daquele prédio lhe chamar pra fazer qualquer coisa, não vá, cozinha dos outros não vai te dá seu diploma, viu?
— Mas pra mim não tem sacrifício nenhum em ajudar a dona Isabel, principalmente te ajudar nas coisas que é pra fazer no apartamento, Lene.
— Tem sacrifício sim, o tempo que você está fazendo essas faxinas, tem que estudar, pra mim não tem essa, se dona Isabel quiser, ela contrata uma faxineira pra me ajudar na casa. — a mulher decretou.
Em breve Edilene estaria se aposentando por idade e ela temia que não estando lá, as pessoas se aproveitassem de Bianca.
— A senhora sabe que ela me ajudou muito nesses anos, não é? Eu devo muito da minha educação a ela, Lene.
Lene entendia a gratidão de Bianca, mas ela ficava preocupada com o futuro dela, até porque ela sabia que pessoas como sua chefe sempre via pessoas como ela ou Bianca como serviçais o resto da vida.
— Eu vou priorizar os estudos, mas sempre que der vou te ajudar, não abro mão disso. — Edilene riu com a teimosia de Banca. — Obrigada por sempre cuidar de mim. — a garota agradeceu.
Bianca chegou no prédio e se despediu de Edilene, quando bateu na porta da área de serviço do duplex de Enzo, uma mulher morena, branca e com uma aparência de uns 27 anos que a atendeu.
— Você deve ser a Bianca, não é? — a garota assentiu. — Eu sou a Cora, sou empregada da dona Mari.
— Prazer, Cora.
— Entra.
Bianca entrou timidamente e foi analisando a casa timidamente.
— Nadir, essa essa Bianca, ela é a babá de Luna. — a mulher apresentou Bianca para uma mulher que tinha uns 36 anos, loira e branca também. — Essa é Nadir, ela é cozinheira.
— Prazer. — Bianca acenou com a mão.
— Você já tomou café? — perguntou Nadir.
— Ainda não.
— Depois que você ajudar com a Luninha, vem para cá, nós vamos tomar café daqui a pouco.
Bianca se sentiu bem acolhida após o convite.
— Onde está o meu uniforme? — Bianca perguntou, o que arrancou risadas de Nadir e Cora.
— Nós não usamos, só em dias de eventos sociais do seu Enzo, mas no normal não usamos, a dona Mari odeia uniforme. — Cora explicou.
— A Dona Mari está na sala de jantar te aguardando, é a terceira porta. — Nadir avisou. — Pode deixar a mochila pendurada junto com as nossas.
Bianca assentiu, deixou sua mochila pendurada e foi para sala de jantar.
— Bom dia, Bianca! — a mulher sorriu ao ver a garota. — Animada para o primeiro dia?
— Sim, mas estou um pouco nervosa, tenho medo da sua neta não gostar de mim. — respondeu apreensiva.
— Não estou falando sobre o trabalho. — Mari riu. — Estou falando sobre a faculdade, sobre Luna, sei que ela vai amar você.
— Desculpa. — Bianca se encolheu envergonhada, foi automático ela achar que o assunto era sobre trabalho, Bianca, as pessoas nunca perguntavam sobre seus estudos ou gostos. — Bem, eu estou bem ansiosa, hoje terá uma palestra sobre violência doméstica antes das aulas, mas depois terei aula de introdução ao direito brasileiro, estou bem empolgada.
— Enzo me contou que você fez uma amizade ontem.
Bianca sorriu assentindo empolgada, mas estranhou o fato de Enzo ter falado sobre ela com Mari, no entanto, apenas interpretou como um "filho" que tem uma ótima relação com a mãe e conversam sobre tudo.
— Sim, a Bruna é incrível, quando eu pisei os pés na faculdade achei que nunca me encaixaria e nunca encontraria alguém como eu, mas ela me encontrou e eu simplesmente me senti melhor na faculdade. — Bianca contou alegre, ela trocou mensagens com Bruna a noite inteira.
— Fico tão feliz por você, eu sei o quanto é complicado para nós... — apontou para si mesmo e para Bianca. —...pessoas negras serem ao menos toleradas nesses ambientes, principalmente quando estamos sozinhas. — Mari expressou sua compreensão com a situação da garota.
Bianca se sentiu acolhida mais uma vez, apesar de viver em uma casa que a maioria era negra, ninguém lá tinha letramento racial.
— Olha, quando a Luna estiver na escola ou nas atividades extracurriculares você pode descansar, sair ou estudar, está bem?
— Eu posso? — Bianca estava surpresa. — É que não há problema nenhum em ajudar com alguma atividade na casa, Dona Mari.
— Você foi contratada pra cuidar da minha neta e quando não precisar fazer isso, não tem problema nenhum em você fazer o que quiser, até mesmo dormir, sua função aqui é ser a babá, unicamente. — Marilene deixou claro, a mulher sabia o quanto a faculdade era importante para uma mulher negra e jamais faria algo para atrapalhar Bianca.
Luna apareceu na sala de jantar correndo com os cabelos bagunçados e o uniforme escolar, Enzo estava atrás com um pente e lacinhos de cabelo, ele paralisou ao ver Bianca e sentiu o coração acelerar.
— Vovó, fala pro papai parar de querer bagunçar meu cabelinho. — a pequena foi direto para o colo da avó.
— A perua vem te buscar daqui a pouco e você não comeu ainda e nem está arrumada. — Mari suspirou. — Lulu, quantas vezes vovó vai ter que falar pra você?
— O papai não sabe arrumar meu cabelo, olha como tá feio. — Luna negou com a cabeça.
— Eu sei sim arrumar seu cabelo e está ficando lindo. — Enzo se defendeu.
Nem ele acreditava nisso, o cabelo da filha era algo que ele tentava dar o melhor de si, mas nunca funcionava, mas ele tentava, tanto que assistia tutoriais no YouTube para aprender fazer penteados na filha.
— Meu cabelo está horrível. — a pequena negou com a cabeça. — Quem é você? — Luna olhou fixamente para Bianca.
Os olhos da pequena se iluminaram ao ver Bianca, principalmente pelo penteado que a jovem estava nos cabelos, era um coque com alguns cachinhos soltos, para a criança era o penteado de princesa.
— O papá ainda está aprendendo, mas a vovó chamou uma amiga dela e do papai pra ajudar você a arrumar seu cabelo e brincar com você. — Mari olhou para Bianca que estava sorrindo para Luna. — Essa é a sua babá, ela se chama...
— Você é igual a princesa Tiana. — Luna atropelou as palavras da avó ao notar a presença de Bianca, a garotinha ficou encantada com a beleza da jovem.
Bianca era de fato muito bonita.
— Você acha? — Luna assentiu. — Eu fico lisonjeada de escutar isso de uma menina que é igual a versão criança da minha princesa favorita da Disney.
— Você gosta da Tiana também?
— Sim, eu amo ela, um dia eu quero conquistar os meus sonhos igual ela fez.
Bianca estava muito encantada com a pequena, Luna era uma menina negra com um tom de pele parecido com de Bianca, cabelos crespos cacheados, lábios carnudos e boca grande, nariz grande, olhos pequenos e castanhos, uma fofura.
— Qual o seu nome, princesinha?
— Meu nome é Luna, mas você pode me chamar de Abejita ou de Luluzinha, você é legal. — Mari ficou surpresa, Luna não era uma criança de se abrir com estranhos. — Qual o seu nome?
— Meu nome é Bianca, mas você pode me chamar de Bibi ou de Bia.
— Bibi, eu achei seu penteado muito bonito, você pode fazer em mim, por favor? — a menina juntou as mãozinhas pedindo para a jovem.
— É claro que eu faço, você vai ficar uma princesa mais linda do que já é, Luluzinha. — a menina soltou um gritinho empolgada e foi até o pai, pegou o pente e os lacinhos das mãos dele e entregou para Bianca.
Enzo estava perplexo com a conexão imediata entre Bianca e Luna, parecia que elas se conheciam de anos, Luna é tão introvertida com quem não conhece e com Bianca ela simplesmente desabrochou, foi como se ela se sentisse segura com a jovem.
— Você viu? — Mari indagou assim que as duas saíram.
— Estou perplexo, Luna nunca se abre com nenhum estranho. — Enzo respondeu ainda chocado.
— Edilene falou que ela tinha um sangue doce para crianças, não imaginei que fosse verdade, ao menos não com Luna.
— Ela nem se apresentou e Luna já foi se abrindo com ela.
Bianca fez o penteado na garota e depois a levou para comer rápido antes da perua chegar, quando as duas retornaram para a sala de jantar, Luna estava no colo da jovem tagarelando como nunca, mostrando um lado extremamente extrovertido.
— Olha como eu tô bonita. — Luna falou se sentando na cadeira. — A Bibi disse que isso é penteado de princesa.
— É a menina mais linda do mundo, Abejita. — Enzo disse todo abobado.
Ele é um pai extremamente coruja, qualquer coisa que deixe a filha feliz, o deixa radiante.
— A menina mais linda da vovó. — a avó ficou toda boba também, Luna realmente estava empolgada. — Muito obrigada, viu, Bi?
— Não precisa agradecer, eu fiz o mínimo, dona Mari.
— Você garantiu que as meninas brinquem comigo hoje porque meu cabelo está bonito. — aquilo acendeu um alerta em todos da sala.
— Como assim? — Enzo indagou preocupado, ele morria de medo que a filha fosse excluída na escola.
— As meninas me chamam de maluca e esquisita de cabelo duro, elas nunca gostam de me chamar para brincar. — era a primeira vez que Luna se abria em relação isso, isso porque ela nem citou que usam até o fato dela ser órfã pra excluí-la das brincadeiras.
— Lulu, existe um livro muito legal em que se chama "Alice no país das maravilhas", nesse livro é dito que as melhores pessoas do mundo malucas. — Bianca murmurou, confortando a criança. — O seu cabelo é lindo e não é duro, elas falam isso porque tem inveja que você é uma menina maluquinha e isso te coloca junto com as melhores pessoas do mundo.
— Você jura, Bibi?
— Juro de dedinho, minha Abejita. — ela cruzou o dedo mindinho com a pequena e a abraçou.
Enzo e Mari ficaram extremamente agradecidos pela forma como Bianca fez com que Luna se sentisse melhor depois de toda essa experiência ruim.
— Hora de ir para escola. — Enzo anunciou. — Pega a mochila, papá vai te levar até a perua.
O homem iria ter uma conversa séria com a diretora ainda hoje, Enzo não suporta ver a filha sofrendo e se for necessário ele realmente é capaz de virar a escola de cabeça para baixo para proteger a pequena.
— A Bibi pode ir com a gente? — Enzo assentiu. — Eba!
Luna foi buscar a mochila, se despediu da avó com um beijo na testa, pegou na mão de Bianca, os três foram para o elevador juntos, para quem olhava a cena via uma família comercial de margarina.
— Bibi, você tem namorado? — Luna perguntou, olhando fixamente para o pai que logo entendeu o que se passava na mente travessa da filha.
Luna sempre escutava da avó que o pai precisava de uma namorada para deixar de ser estressado e precisava de uma mulher para ele relaxar e ficar feliz de novo, Mari realmente apoia que seu genro encontre alguém que cuide dele e da neta.
Para a própria menina, ela queria que o pai tivesse uma namorada, pois ele tinha esperanças que a namorada do pai fosse sua nova mamãe.
— Luna, nem invente.
— Você não é muito criança para pensar nisso? — Bianca riu levando na esportiva a pequena falando isso.
— Eu sou, mas já tenho namorado e acho que meu papá tem que namorar uma princesa igual a você. — Luna deu de ombros. — Você é boa, então vai ser uma madrasta legal.
— Como assim namorado, Luna da Silva Vogrincic? — Enzo ficou realmente irritado escutando que a filha tinha namorado.
— Pequena, seu papai é um rei e reis não ficam com princesas, você não acha que é muito pequena para ter um namorado?
"Ficam sim, eu facilmente faria de você minha rainha". Enzo pensou.
Logo que o foco dele voltou para o assunto "namorado da filha", um arrependimento de deixar Luna estudar bateu no homem, primeiro o bullying e agora um namorado, duas coisas gravíssimas na visão do homem.
— Não, o Samuca é legal, sempre me defende das meninas que ficam me chamando de "órfã" e sempre me chama para brincar.
Óbvio que para Luna e para o garotinho era apenas uma amizade e eles nunca fizeram nada de errado, apenas são crianças sendo crianças.
Enzo decidiu naquele momento que iria buscar a filha na escola para conhecer o garoto.
— Tem certeza que ele é seu namorado? — Bianca quis amenizar a situação, principalmente com o chefe quase tendo um chilique.
— Sim, quando um menino gosta muito de você e é seu amiguinho, ele é seu namorado.— Luna sorriu.
— Meu amor, às vezes é só amizade mesmo, um menino pode ser amigo de uma menina. — Bianca sorriu.
— Pode, Bibi?
— Pode sim, meu amor. — Bianca sorriu. — Não é, Enzo?
Enzo sorriu aliviado ao ver Bianca mudar o foco da filha para apenas uma amizade.
— Sim, Bibi.
Enzo estava vermelho de raiva, Bianca estava segurando para não rir.
— Bibi, eu estava aqui pensando com meus botões, você não é adulta pra gostar de princesas, as pessoas não acham isso esquisito?
— Bem, toda mulher pode gostar de princesas, mesmo que algumas de nós sejamos adultas, ainda temos um lado meio infantil dentro de nós mesmas, mas quer saber de uma coisa? — a pequena assentiu. — Todo mundo tira sarro de mim porque meu material escolar é todo da Tiana, mas eu não me importo, a Tiana me deixa feliz e isso é o mais importante.
— Está mentindo que seu material é da Tiana, não é?
— Não, comprei meu caderno da faculdade, meu estojo, lápis de escrever, canetas, borracha, apontador...tudo da Tiana.
— Essa eu pago para ver. — Enzo murmurou completamente incrédulo.
Bianca cruzou os braços e riu do homem, Enzo ficou todo abobado por despertar uma reação tão espontânea.
— Você vai me mostrar quando eu voltar da escola?
— É claro. — Bianca sorriu.
Quando os três saíram do elevador, levaram Luna até a perua escolar, duas crianças do prédio avistaram Bianca e correram até ela para abraçá-la, nesse momento Enzo notou o quanto Bianca era amada pelos pequenos.
— Adiós, papá. — Luna beijou a bochecha do pai. — Tchau, Bibi. — ela beijou a bochecha da jovem e entrou na van, logo o veículo saiu.
— Você realmente tem um sangue doce para criança. — Enzo comentou, fazendo Bianca rir negando com a cabeça.
Enzo se perdeu naquele sorriso por alguns segundos.
"Lembre-se, é pela proteção dela, não há interesse e ela lembra muito Carol em questão de personalidade". Ele pensou.
— Olha, eu vou levar a Mari no hospital para fazer alguns exames, vamos passar a tarde fora, vou pegar Luna já escola e vamos ao parque Vila Lobos para casa, se você quiser pode usar esse tempo para tirar um cochilo, comer alguma coisa, estudar, assistir alguma série...— Enzo sorriu.
Dessa vez Bianca se perdeu no sorriso do homem por alguns segundos, ela estava notando o quanto ele tinha um sorriso bonito e cheiroso também.
Enzo tem um cheiro mais amadeirado, mas ao mesmo tempo fresco e sutil, ela passaria horas inalando aquele cheiro gostoso enquanto o abraçava, ela se sentia segura com aquele aroma.
— Bianca, eu estou falando com você. — Enzo chamou sua atenção.
— Eu estava pensando no que eu vou fazer, acho que eu irei à casa de dona Isabel ajudar a Lene...
Enzo se incomodou com aquilo, era nítido que ela se via na obrigação de continuar fazendo essas atividades domésticas por gratidão, mas não era certo, ela não devia nada a ninguém.
— Você não precisa trabalhar o tempo inteiro ou se desgastar por ninguém, Bianca. — ele a interrompeu, lançando um olhar severo, Bianca se sentiu constrangida e olhou para os próprios pés.
— Não é desgaste, é o mínimo que eu posso fazer para agradecer tudo que dona Isabel fez por mim. — Bianca mordeu o lábio inferior.
— Você não deve nada a ninguém, Bianca. — Enzo segurou o queixo dela, fazendo ela o encarar, ela não sentiu estranheza ao seu toque, pelo contrário, mais uma vez ela se sentiu segura com o toque de Enzo. — Você pode agradecer estudando e sendo uma ótima aluna. — ele sorriu.
Bianca sentiu um desejo esquisito e desconhecido de ser tocada por um homem, ela desejou loucamente que as mãos grandes e macias de Enzo tocasse outras partes do seu corpo.
— Que tal só descansar hoje? — Enzo sugeriu.
— Me parece uma ideia interessante. — Bianca sorriu.
Eles voltaram para o apartamento e Bianca foi comer. Enzo saiu com Mari, como ele mesmo havia falado e Bianca tentou não fazer nada nesse meio tempo, mas ela realmente não conseguiu, acabou implorando para Nadir deixar a mesma ajudar com a cozinha.
Pela primeira vez Bianca realmente se sentiu leve e acolhida em um lugar, para ela a sensação de leveza era tão esquisita que ela queria chorar. Todos naquela casa gostaram de Bianca, não só por ser prestativa, mas por se mostrar ser alguém de muita boa índole e com muita humildade.
Ela só passou na casa de Isabel quando já estava indo para faculdade, queria ver Edilene, Bianca ama essa mulher como se ela fosse sua avó. Lene vive inventando desculpas para tirar Bianca de casa, ela faz de tudo para a garota ter pouco contato com a família.
— E como foi o primeiro dia lá com o Dona Mari? — Lene perguntou.
— Foi bom, a pequena Luna é a criança mais fofa do mundo.
— Eu sabia que você iria se dá bem e a pequena iria gostar de você.
— Ela falou que eu sou parecida com a Tiana.
— Te conhecendo você amou, é a sua princesa favorita. — Bianca sorriu concordando. — Olhe, se você sair da faculdade muito tarde hoje ou qualquer dia, me fale que eu mando Isaque e lhe buscar na estação.
Bianca era considerada como parte da família pelos entes de Edilene, tanto que ela participava das festas e reuniões de família, Lene chegava a ir para as reuniões e apresentações na escola de Bianca e todos a consideram como parte da família.
Eles só não fizeram mais pela proteção e cuidado de Bianca, porque Carlos os ameaçou utilizando os contatos que tem com pessoas poderosas que fazem parte da sua igreja para ameaçar todos eles caso continuasse a se aproximar de Bianca.
— Mas, Lene, você sabe que os meus tios não gostam da sua família e nem de você...
— Você tem 18 anos agora, eles não vão poder impedir que eu cuide e proteja você. — Edilene a interrompeu segurando o rosto dela. — Final de semana, depois dos seus compromissos na igreja, quero que você durma lá em casa, não quero aqueles monstros perto de você.
— Eu não quero te dá trabalho, Lene. — Bianca suspirou pesadamente.
— Você nunca me dá trabalho, eu quero o seu nem e se depender de mim, você mora lá em casa enquanto não acha um cantinho para você. — Lene estava com essa ideia desde que Bianca fez 18 anos.
— Seus filhos e netos não vão gostar da ideia. — Bianca tinha medo de incomodar. — E você sabe que minha mudança teria que ser silenciosa, no dia que eu fizer minhas malas, meus tios me matam e eu não estou brincando.
— Bianca, faça isso aos poucos, de um em um dia, venha morar comigo, minha filha?
— Está bem, eu vou morar com a senhora. — Bianca a abraçou apertado. — Eu amo a senhora demais, nunca vou poder agradecer tudo que a senhora fez e faz na minha vida.
— Eu também te amo muito, meu girassol. — Lene beijou a cabeça da garota.
A jovem sentiu neste momento que estava iniciando um novo ciclo e ela se sentia em paz com isso.
Bianca foi para a faculdade pensando o quanto estava sentindo tantas coisas boas, era seu primeiro dia de aula, ou melhor, como toda faculdade, o primeiro dia era uma palestra.
— Bi! — João a chamou, fazendo ela se virar para trás enquanto ela procurava o auditório. — Finalmente te achei. — ele estava segurando uma rosa amarela.
— O que você quer, seu João? — Bianca indagou séria, ela com certeza não havia esquecido que ele ficou em silêncio quando a namorada dele foi racista e elitista com ela e Bruna.
— Pedir desculpas por ontem, especialmente por não ter defendido você. — ele entregou a rosa para Bianca.
Bianca ficou encantada com o gesto, nunca recebeu flores antes, obviamente aquilo mexeu com ela, mas ela não esqueceu as palavras de Enzo, não queria ser mais uma vítima para João.
— E você acha que com isso vai me fazer mudar a visão que eu tive do senhor? — João negou com a cabeça.
— Para de me chamar de "senhor" ou de "Seu João", eu sou seu amigo, não precisamos ter esse tratamento hostil um com o outro. — João falou.
Ele não queria de forma alguma se afastar de Bianca, o jovem sentia que estava indo bem apesar do que aconteceu no dia anterior, este estava realmente apaixonado por Bianca. João se importa com Bianca, ele realmente gosta da garota.
— Bem... — a jovem ficou bem indecisa se deveria ou não perdoar João. — O fato de você não ter me defendido ontem mostra que nós não somos amigos, João.
— Bi, eu sei e sinto muito por isso, eu me afastei de Alice depois do que aconteceu, mas não se afasta de mim, juro que não vai mais se repetir.
Ele realmente tinha feito isso por Bianca, embora soubesse que Alice não iria desistir tão fácil.
— Olha, João, aquilo me magoou muito, principalmente o fato de você não ter me defendido. — ela suspirou pesadamente. — Sou muito grata ao que você fez por mim, mas ontem me provou que nós não somos do mesmo mundo.
— Bi, eu fui idiota em relação a isso, mas eu prometo que não vai mais acontecer, eu vou te defender.
— João, você se impor diante de uma situação de injustiça é o mínimo que você pode fazer como ser humano.
— Eu sei, me perdoa, por favor. Odeio te ver magoada.
Bianca sentiu que João estava falando a verdade e quis perdoar o garoto, mas a sua mente ainda pensava nas palavras de Enzo e não so isso, comparava a atitude do garoto com o seu chefe, Enzo sempre a protegeria em situações de injustiça, Bianca tinha certeza disso.
— Perdoar? — João assentiu. — Se você servir de guia turístico pra mim e para Bru, eu te perdoo. — Bianca fez um bico de manha, o que fez João se perder por alguns segundos nos pensamentos que estava tendo sobre querer beijar Bianca. — João?
— Eu vou ser seu segurança e guia particular aqui. Seu e da Bruna. — ele respondeu, coçando a nuca meio envergonhado com os pensamentos que estava tendo pensamentos bem libidinosos com Bianca. — Aliás, sua camisa é muito legal. — João queria dizer que Bianca estava linda, mas ele estava com medo dela o afastar novamente.
— Ela já está velha de guerra, mas ela é realmente divertida.— Bianca negou com a cabeça rindo, ela comprou essa camisa no aniversário de 17 anos.
— Esse cara na sua camisa é aquele rapper americano, não é? O Kendrick Lamar?
João estava escutando as músicas favoritas de Bianca para tentar se aproximar, ele havia gostado de algumas músicas realmente, mas o seu gosto musical realmente é o sertanejo universitário.
— Sim, você gosta dele?
— Eu sou mais do sertanejo, Bi, mas eu gostei daquela música dele "swimming pools". — Bianca entendeu que João só escutou Kendrick para impressionar a mesma.
— Bom gosto então, essa é muito boa, embora a minha favorita seja money trees. — Bianca olhou para baixo envergonhada. — Sabe, até que eu gostei daquela música do Zé Neto e Cristiano.
— Seu polícia? — Bianca assentiu. — Quero escutar você cantando ela para mim um dia.
Bianca possui uma voz muito bonita e marcante, quando era criança sempre vencia as competições de talento de sua escola cantando, o fato de participar do coral da igreja sempre ajudou muito com sua técnica vocal. Embora, cante em um coral e seja uma das solistas, a garota não conta a ninguém sobre esse talento. Bianca tem muitos talentos, ela aprendeu muito nas aulas que praticava nessas ONGs de bairro.
João descobriu por Edilene, que tem muito orgulho em falar que Bianca além de muito inteligente, também é talentosa.
— Cantar para você?
— Exatamente.
— João, eu não canto bem.
— Mentir é muito feio, especialmente para uma menina cristã. — João provocou.
— Idiota.— Bianca riu, negando com a cabeça.
— Cara, eu estava te procurando. — um jovem do time de futebol da atlética chegou ao lado de João, assim que notou a presença de Bianca sorriu malicioso. — Já está dando em cima de uma caloura?
— Aprendeu com a gente.— um outro comentou todo orgulhoso.
Bianca sentiu nojo ao escutar tais afirmações, ela se perguntou o que não deveria rolar nessas festas de atléticas, com certeza as piores atrocidades.
— Vocês estão enganados, ela não é qualquer caloura, é... — Bianca sentiu que João iria se referir a ela como uma empregada qualquer, mas o garoto realmente queria fazer as pazes e para ele Bianca não era uma empregada. — Ela é a menina que trabalhava para minha avó, mas ela é a amiga que eu comentei com vocês ontem.
João fala muito sobre Bianca e ele confessou que agiu erroneamente com ela ontem para os amigos. Embora Bianca reconhecesse a mudança de atitude, ela não iria dá um braço a torcer para os dois amigos.
— Bianca, esses são Bernardo e Pedro.
— Prazer, eu me chamo Bianca. — ela evitou fazer contato físico com os dois rapazes e não estendeu a mão para os rapazes.
— Prazer so na cama, boneca. — Bernardo sorriu malicioso.
— Olha, se precisar de um veterano pra te mostrar um pouco... — Pedro comentou.
— Se vocês falarem mais alguma gracinha, acabo com a raça de vocês. — João ameaçou os amigos, que levantaram as mãos em forma de rendição. — Bianca é alguém que eu me importo e se eu souber que alguém está maltratando ou desrespeitando ela, vai se ver comigo.
Antes de Bianca mandar aqueles babacas procurar algo útil para fazer, Bruna chegou e a abraçou por trás, o que fez a mesma sorrir.
— Ei, que bom que você está aqui. — a garota sorriu sincera.
— Pronta para o nosso primeiro dia?
— Como a Beyoncé gravando "Crazy In love" perto da carreira solo. — Bianca sorriu animada e abraçou a garota de lado.
— Ah, oi, João. — Bruna deixou de simpatizar com o garoto no momento que ele se omitiu vendo Bianca e ela sofrerem racismo.
— Oi, Bru.
— É Bruna para você.
João levantou as mãos em forma de rendição.
— Achei que fôssemos amigos...
— Não sou amigo de quem cala a boca quando ver uma puta racista despejando preconceito e não faz nada. — Bruna retrucou.
— O que é isso, princesa? Onde ficou o feminismo? — Bernardo indagou.
— Dentro do seu rabo, seu intrometido! — Bruna odiava a ideia liberal que o capitalismo criou em cima do feminismo.
— Feminismo é sobre emancipação feminina e não sobre defender mulheres com o caráter duvidoso. — Bianca retrucou o jovem de olhos verdes com um sorriso vitorioso.
— Você realmente gosta da empregada da sua avó, pra deixar ela e a amiga falarem assim com você. — Pedro comentou.
— Bianca não é empregada da minha avó, ela é minha amiga. Aliás, Bruna e ela são minhas amigas. — João foi incisivo com o amigo. — E aqui elas são alunas como qualquer um de nós. — aquilo deixou Bianca feliz, ele realmente a defendeu. — Bem, sobre o que aconteceu ontem, me desculpa mesmo, eu deveria ter defendido vocês, não vai mais acontecer.
— Eu vou pensar no seu caso. — Bru olhou João de cima a baixo e negou com a cabeça, mas ela assim como Bianca viu sinceridade em João.
— Desculpa minha omissão, eu juro que vou ser o cão de guarda de vocês aqui dentro. — João juntou as mãos implorando para a garota.
— Eu desculpo, mas se você vacilar de novo, vou cortar contato com você. — Bruna decretou.
João sorriu assentindo.
— Bru, é melhor a gente ir. — Bianca chamou a amiga.
— Achei que eu fosse ser seu guia.
— Sim, mas eu quero fofocar com a Bru sobre coisas de meninas. — Bianca deu de ombros.
— Qualquer coisa você tem meu número, me manda mensagem que eu vou te socorrer, está bem? — a garota assentiu, sentindo o coração bater freneticamente.
— Vamos, Bru? — Bruna assentiu, segurando o braço de Bianca.
— Bi, espera. — ele segurou o braço da garota, impedindo que ela saísse. — Amanhã vai ter uma exposição de Tarsila do Amaral, eu sei que você ama, vamos?
— Eu agradeço o convite, mas amanhã eu trabalho — Bianca recusou-se, fazendo os dois amigos tirarem sarro de João. — Mas muito obrigada. — ela se aproximou de João e deu um beijo na bochecha do mesmo.
Bianca e Bruna saíram, deixando João com os amigos, que estavam fazendo comentários sobre ele ter levado um "fora" da empregadinha.
— O que estava acontecendo?
— Nada demais, ele só me deu essa rosa e me pediu desculpas.— Bianca explicou, dando de ombros. — Mas como foi seu dia?
— Foi puxado, mas o meu principal problema será quando eu chegar em casa. — Bruna mencionou por cima o péssimo relacionamento com os tios por mensagem para Bianca.
— Em breve você se livrará desses dois ridículos. — Bianca murmurou esperançosa. — Ah, a palestra vai começar.
A palestra era sobre violência sexual contra mulher, foi ministrada por uma promotora especialista no assunto, Bianca acabou descobrindo muitos direitos ao qual ela sabia que tinha, como por exemplo, ir a um hospital relatar sobre o estupro, pedir para fazer os exames de corpo de delito e não denunciar até se sentir segura.
Gravar seus hematomas, momentos das surras e violência psicológica e verbal, Bianca decidiu que faria isso, algo dentro dela dizia que a mesma precisaria disso no futuro próximo, a jovem decidiu naquele momento que iria montar um dossiê enquanto não conseguia morar sozinha contra a família e denunciar todas as atrocidades que viveu ao longo dos anos.
— Você está bem? — Bruna ficou preocupada ao ver Bianca pensativa ao fim da palestra.
— Estou, só estou preocupada com algumas questões pessoais. — Bianca forçou um sorriso.
— Qualquer coisa estou aqui, viu?
— Eu sei e eu agradeço muito.
Quando as duas estavam saindo da faculdade para ir para o ponto de ônibus, João as acompanhou.
— Eu dou uma carona para vocês até em casa. — o garoto se ofereceu.
— Não queremos, mas obrigada.— Bruna se recusou ao ver Pedro e Bernado ao lado de João.
— João, é que meus pais ensinaram que não devo pegar carona com estranhos. — Bianca brincou.
— Engraçadinha. — João riu.— Vai ser mais rápido e seguro para vocês que metrô e ônibus, meninas.
— Dada as suas companhias, eu discordo muito, João. — Bianca deu de ombros. — Mas muito obrigada, te vejo amanhã.
As garotas deixaram João para trás e foram para o ponto de ônibus, conversando sobre diversos assuntos da faculdade, elas estavam se conectando ainda mais.
7 notes · View notes
essencial · 1 month
Note
Qual sua história?
Prazer Gabrielle.
Nascida de gravidez indesejada.
Traumatismo craniano quando bebê, por queda na escada.
Criada pela mãe, conheci o pai aos 17 anos.
Depressão, ansiedade por bons anos desde pequena.
Abusada sexualmente aos 9 anos.
De acordo com que fui crescendo dei muito trabalho na escola.
Fui crescendo e comecei a me relacionar, dedicando a muitos homens com os quais me relacionei, meu total amor. Dava tudo, investia tempo e dinheiro somente neles e no final só me fodia.
Não me dedicava nos estudos, era péssima na escola.
Sempre odiada por todos por falar sempre a verdade.
Tive conhecidos, mas amiga, apenas uma, me lembro dela com tanto amor até hoje, porém perdemos contato e nunca mais a vi. A saudade é imensa até hoje. Cada uma seguiu um caminho.
Na juventude conheci a Deus. Tinha intimidade com Deus, porém a perdi, e digo, é a pior coisa que alguém pode perder. Logo também abandonei ministério e sai da igreja pro mundo. Coisa difícil é voltar.
Em outros tempos acabei saindo da casa do meu pai, fiquei pedindo ajuda de casa em casa, pra poder ter onde morar, e o que comer também. Obtive ajuda de alguns, e as costas de outros.
Depois, deu tudo certo, conheci uma pessoa, depois o ciclo encerrou.
Resumindo hoje estou passando umas das piores fases da minha vida, sem saber nem ter certeza do dia de amanhã, hoje posso dizer que me arrependo do que fui e do que fiz em boa parte da minha vida, perdi muitas pessoas por causa de arrogância, muitas vezes por não saber falar e como falar, apenas achando que eu estava certa e ponto. A gente perde muito quando acha que só a gente ta certo. Não vale a pena.
Hoje, digo, se puder ficar calado e observar, fique. Se puder abraçar, sorrir, cuidar, amar, faça, e faça muito. Porque por plantar ódio e brigas você paga um preço alto, mas por amar e cuidar você ganha o dobro, seja no agora, ou no depois. Esse é o resumo da minha história, mas ainda há muito pra contar ♥️
9 notes · View notes
lizzie4iu · 9 months
Text
Após a designação da missão que partilharia com Ethan, Lizzie recebeu a profecia do Oráculo com grande preocupação.
"Não haverá percurso dividido. Deverão ir por lados opostos e assistirão o fim de todas as coisas na forma a qual conhecem".
A sentença proferida pelo oráculo pulsava na mente de Elizabeth enquanto preparava a mochila de sua viagem. Ela se negava a aceitar a interpretação que havia criado precipitadamente. Não mais poderiam caminhar em união, não haviam chances de que aquela relação obtivesse frutos bons o suficiente para que aquele sentimento pudesse perdurar por tantos anos conforme o que fora almejado por Elizabeth.
Não aceitaria a solidão tomar cada pedaço de si novamente, não após a compreensão do falecimento de seu pai. A solitude já havia sido substituído por boas companhias e os hábitos de fuga já residiam no passado. Sua vida estava em um marasmo delicioso no qual ela desfrutava o prazer de ser, apesar de tudo, uma "pessoa normal".
Não poderia sentar sobre sua cama e aguardar o horário daquele fim trágico romper com seu sossego. Entre as quedas de suas lágrimas, armazenava dentro da mochila as lembranças de cada pessoa com a qual conviveu durante aquele período no acampamento, deixando para trás qualquer vestígio de Ethan que pudesse lhe fazer repensar sua escolha tão precipitada. As fotos que tiraram juntos, a camiseta a qual usava para dormir, o colar que havia ganhado como presente de aniversário. Tudo fora deixado na gaveta da mesa auxiliar, como se naquele compartimento houvesse um caixão para tudo de positivo que haviam presenciado até ali. Sem a piedade de levar consigo o perfume o qual usava sempre que tinham os encontros românticos no campo.
Antes do amanhecer, fugiu pela fronteira mágica que cercava o acampamento. Desacompanhada. Miz, seu bastão mágico, estava prestes a ser esmagado em sua mão direita, tamanha a pressão que aplicava sobre ela. Chorava ruidosamemente enquanto tentava fugir das lembranças e vislumbres do rosto do amado. Pensava que a sua decisão pouparia a vida de Ethan, que não seria enviado àquela missão e que, consequentemente, não cumpriria a profecia. Acreditava que conseguiria alterar o futuro através de uma mudança drástica de pensamentos.
Refugiou-se na antiga residência do pai, escondendo-se de monstros e de semideuses durante dois anos. Optou por forjar sua morte após descobrir que uma equipe de resgate havia sido enviada para sua recuperação. Através de uma carta de despedida enviada à Quíron, a qual foi lida pelo diretor e entregue a Ethan, anunciou seu suicídio e pediu para que a perdoassem por sua decisão.
No terceiro ano sozinha, Lizzie se mudou para New Orleans, residindo no centro da cidade e atuando como secretária em um escritório de contabilidade.
No quarto ano, Lizzie começou a se relacionar com outras pessoas e, devido ao constante receio de gerar um novo trauma, não dava continuidade aos relacionamentos que começavam já sentenciados ao fracasso.
No quinto e sexto ano, dedicou-se a montar uma pequena loja de objetos de decoração, assinando com o sobrenome da família de sua avó paterna e tornando-se Elizabeth Killian.
No sétimo e oitavo ano a loja passou a prosperar, obtendo objetos mágicos como itens decorativos e ofertando cada vez mais lucro para Elizabeth, que estava experienciando uma vida confortável após tantos anos de sofrimento. Propôs a si mesma que daria uma nova oportunidade para o amor e assim o fez. Neste ano conheceu um homem que conseguiu, parcialmente, tê-la nas mãos.
No nono ano havia começado o namoro com o chefe de cozinha que rondava seus caminhos há certo tempo e sua casa vivia perfumada pelo cheiro de temperos e comidas refém saídas do forno, facilitando ainda mais que passasse despercebida pelos monstros. Passaram a dividir a mesma casa e esboçar planos para o possível amanhã, enquanto o fantasma do antigo amor ainda a visitava vez ou outra.
A casa possuía músicas proibidas, apelidos proibidos e limites acerca do passado de Liz. Ela podia jurar que ouvia som da risada de Ethan pela casa, assim como sentia seu cheiro em suas roupas. Sonhava com o possível filho, a possível casa e as possíveis viagens. A mobília do quarto infantil seria linda e iria escolher uma casa de campo distante de tudo para que pudesse viver cada segundo de sua vida junto ao seu amado.
Foram nove anos. Nove anos que passaram em um piscar de olhos.
Ao descer do carro, estacionado em frente ao seu lar, abriu o porta malas para retirar as sacolas de papel recheadas de insumos para a casa. Legumes, leite, farinha e açúcar. Pegou a embalagem nos braços e, ao erguer a cabeça, ouviu o som de passos se aproximando.
Um arrepio percorreu sua coluna e, notando a fragilidade a qual se encontrava, largou rapidamente das embalagens e se virou na direção do passos, buscando seu bastao mágico no bolso traseiro da calça jeans. E ali, das sombras noturnas, o vento trouxe um perfume único de uma pele conhecida.
"Quem está aí?" Exclamou com rispidez "Vamos, diga!"
22 notes · View notes