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um lugar para eu ser livre do jeito que eu quiser.livros, escrita & coisas legais.
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ninaescreve · 6 months ago
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vermelho incendiário
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com meus olhos de quem nunca pretendeu encontrar o amor, lembro daquela frase naquele livro:
"querido tisbe, queria que não houvesse uma parede. amor, píramo."
de repente a personagem, que sou eu mesma, dentro de um castelo, ou de uma floresta mágica, se pergunta para que correr, para que se quebrar inteira (os cacos ainda no chão, brilhantes e cortantes o suficiente para avermelhar a pele) — pra que tanta coisa; pra que o amor, se ele nunca é o suficiente? nunca será ele a escolha do outro; porque para ser encontrada e amada é necessário mais do que meramente amor.
não é o amor que realmente acaba.
às vezes não sei o que fazer com o que me deram; às vezes odeio a ideia que me venderam sobre amar:
as escolhas — não há escolhas.
o pequenino espaço que habitamos para caber no desrespeito que chamam de amor — afinal, estou vencendo ou sendo vencida?
pathological people pleaser — ah, desse limite me desfaço inteira; seria egoísmo ou libertação?
e por falar em liberdade...
bicho. o amor não é um bicho a ser colonizado e domesticado conforme a nossa necessidade.
o outro continua sendo o outro, mesmo entrelaçado na gente. é escolha — sim ou não? — de plantar sonhos olhando para o mesmo horizonte.
cercado de memórias afetivas — mais familiares do que a nostalgia de cair na rua e ralar o joelho com 9 anos —, o amor se despede, dança, faz morada, reconquista, deixa a mente plácida, induz gargalhadas, relembra frames que se tornaram eternos. do fundo da alma — apesar de comportar o coração —, ele me olha de volta com um sorrisinho:
— me aceite.
o jardim de dentro está outonal, marcado por cores quentes, verdejantes de um modo às vezes opaco, às vezes vivo demais.
vida, morte. morte na vida.
— a parede vai desaparecer?
— você vai desaparecer.
o laço se desfaz, porque é quebradiço como teias — e, agora, tudo queima.
vermelho incendiário.
mas eu sei.
e sempre saberei.
a parede continua lá.
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ninaescreve · 10 months ago
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a primeira vez que eu disse sim ao antidepressivo
acho que este texto é apenas uma tentativa de colocar em palavras os últimos meses, de traduzir o que foi não sentir nada e querer a morte perto demais.
preciso começar dizendo que eu lido com pensamentos suicidas desde os 18 ou 20 anos, faz muito tempo. enquanto eles acontecem, há também a falta de vontade de viver — de fazer o básico: levantar da cama, estudar, encontrar amigos, trabalhar.
coisas que todo mundo faz eu não consigo fazer muito bem.
não consigo encontrar um motivo para viver. é meio a vida é uma bosta e eu preciso urgentemente desaparecer. e eu sei que a minha vida é boa, em muitos aspectos. mas o caso não é esse. a questão é que a depressão te faz acreditar que a sua vida não tem valor nenhum — para nada e para ninguém. e as ideações suicidas são o primeiro degrau que você pisa em direção à depressão grave (de acordo com o meu psiquiatra).
eu sempre me coloco em alerta sobre a depressão quando coisas que amo fazer simplesmente se tornam um fardo para mim. a leitura e a escrita são o meu maior indicador. se eu parei de escrever é porque eu morri. e, desta vez, eu quase quis mesmo morrer. fui no chatGPT e pedi indicações sobre suicídio (mas a plataforma já é educada para vir com respostas prontas sobre esse tema, então eu simplesmente fiquei chorando e refazendo as perguntas até desistir).
mas o chatGPT, por outro lado, me ajudou a entender que eu estou num estado de burnout artístico. e ele me apontou todos os motivos: 1) pressão criativa constante, 2) exigências externas (e internas), 3) incerteza financeira, 4) isolamento, 5) autoexigência e perfeccionismo. além disso, todos os sinais estavam/estão bem evidentes em mim: fadiga extrema, falta de motivação, baixa produtividade, sensação de vazio/desesperança, sintomas físicos (tive simplesmente quatro crises de enxaquecas muito fortes em menos de 3 meses!!!), isolamento social (comecei a desenvolver ataques de pânico por estar fora de casa), alterações emocionais (oi, depressão!).
a escrita tem muita relação com quem eu sou. eu invisto muita energia nisso, mas já faz bastante tempo que várias coisas dentro da criação literária e do mercado literário me fazem muito mal — é algo que comecei a trabalhar no ano passado, mas que foi negligenciado pela minha antiga psicóloga, e que está sendo muito bem retomado com o meu atual psicólogo, que entende melhor as várias forças dentro da dinâmica capitalista associada ao mercado artístico.
o fato de estar terminando o meu próximo romance e decidir lançar um financiamento coletivo para ele me deixou num estado muito ansioso e que, depois, me fez repetir o processo já conhecido da depressão (por fatores como: falta de apoio, comparação etc.). comecei a ficar com muita raiva da minha eu artista, a ponto de sentir ódio do romance que estou escrevendo e de nunca mais querer ser vista como artista.
então, eu comecei a pensar: minha arte é inútil e sem valor, então é melhor eu morrer. acontece que os pensamentos suicidas começaram a me assustar, então conversei com o meu psicólogo e ele achou uma boa ideia eu ir atrás de um psiquiatra.
eu sou bem resistente à medicalização, sempre optei por caminhos mais orgânicos (yoga, atividades físicas, meditação, hobbies), mas desta vez eu sabia que estava precisando de outro olhar pras minhas ideações — porque, apesar de tudo, eu não queria morrer. na verdade, estou bem cansada de me sentir em uma montanha-russa emocional o tempo inteiro (talvez isso signifique que eu tenha TAB tipo 2, mas vamos investigar).
então, pela primeira vez na vida, estou tomando antidepressivo — e percebo que isso deveria ter acontecido há muitos anos. faz menos de uma semana, mas nesse meio tempo eu já consegui ler um livro inteiro, já quis começar uma nova fanfic e já quis voltar para o meu romance como nos velhos tempos — só não volto agora, porque ainda não estou totalmente pronta emocionalmente para lidar com o tipo de conteúdo que ele aborda.
faz 15 dias que não tenho pensamentos suicidas — e talvez essa nem seja a maior vitória.
voltar a sentir a vida — lembrar do quão bom é ser fã, lembrar do porquê escolhi ser artista, lembrar dos dias bons ainda terei pela frente — talvez seja.
estou melhor, estou tentando ficar bem. é isso.
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ninaescreve · 1 year ago
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i was looking for a breath of life
esses dias eu vi um post de alguém que dizia estar cansado de ser uma pessoa. não de ser quem é, mas de existir como pessoa.
é engraçado, porque, quando estou em processos de ansiedade - e tudo parece demais, meus pensamentos tropeçam uns nos outros e tudo é confuso demais e eu sinto de tudo -, a vida parece que tem um rumo, mesmo que doa. mesmo que, lá no fundo, exista um aperto na alma que pede socorro.
mas, quando estou do outro lado, em crises depressivas, existir parece pesado, inútil, ridículo demais. é quando eu fico cansada também de existir como pessoa. é quando não sobra nada para sentir, é quando estou morrendo, que o peso de ser uma pessoa é excessivo.
eu nunca consegui entender a ansiedade e a depressão que carrego, mas, a certa altura da minha vida, me convenci de que era uma pessoa triste - eu apenas estava em ciclos de depressão constantes. foi na vida adulta que consegui perceber o padrão.
a ansiedade mora comigo por algumas semanas (momentos em que eu estou disposta a tudo, acordada para dar conta de qualquer coisa, com energia suficiente para lembrar de como é bom viver) para, tempos depois, se transformar em crises depressivas (em que tudo é difícil demais - levantar da cama, escovar os dentes, lavar o cabelo, comer, carregar o peso da existência).
entendi que minha ansiedade e minhas crises depressivas não têm permanência. eu vivo em ciclos. bom, ruim, muito ruim, bom, muito ruim, bom, ruim, bom, muito ruim... e continua. continua para sempre. eu acabei me acostumando, mesmo que isso me afete muito.
me sinto culpada por não viver a vida que vejo todos vivendo: os que acordam às 6h, vão para a academia, socializam, trabalham 8h de segunda a sexta, conseguem dar conta da casa, amam viajar todos os fins de semana... eu sei que é minha culpa. porque eles veem a minha preguiça, a minha falta de vontade, a minha lerdeza, a minha falta de comprometimento, a minha frieza. o que não veem é o quanto eu me esforço para alcançar o que eles têm - e mesmo assim não chego nem perto. porque estou de mãos dadas com vários demônios emocionais que acabam comigo antes mesmo que eu consiga colocar o pé para fora da cama, de manhã.
então, sim, eu estou cansada de existir.
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breath of life, florence + the machine (2013)
como na música, em dias muito ruins, eu procuro por um sopro de vida (não de uma mera existência), mas os coros da minha cabeça cantam não. porque esses dias são pesados, impossíveis - a vontade é de desaparecer.
sei que, para muitos, é tão fácil. é simplesmente sair da cama, sorrir, se alegrar por estar aqui. mas, nesses dias, eu penso: não seria ruim se eu não estivesse aqui.
na verdade, penso nisso há alguns dias: em 2015, eu implorei para morrer durante uma crise de enxaqueca e, quando tomei o meu remédio de crise, pensei: "ele podia me matar no meio do sono, né? eu ficaria feliz." é claro que não matou. porque continuo aqui. naquela tarde, quando acordei após ter tomado o medicamento, eu me odiei por continuar viva. e, muitas vezes, esse sentimento volta.
às vezes, eu não quero sopro de vida nenhum. quero apenas ser como todos que têm vidas normais: que não se sentem exaustos o tempo inteiro, especialmente. frequentemente, eu me sinto um peso - e isso aumenta em dias assim. não é apenas o peso da vida em si, é apenas o peso da minha inutilidade.
eu não estou de lado nenhum, talvez. nem mesmo do meu.
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ninaescreve · 1 year ago
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ai de mim que nunca entendi o amor
se tem algo sobre relacionamentos (românticos e não românticos) que nunca me ensinaram é a confiança no outro, aquela coisa de você não precisar ter medo de contar algo ou ser quem você é com o outro.
as minhas relações e o jeito com que me relaciono com as pessoas mudou completamente depois que minha mãe faleceu, em 2021, e depois que eu comecei a conviver diariamente com a minha família materna. aconteceu, também, de eu ganhar uma autoconfiança absurda em relação a mim (a quem sou e o que quero da vida), e isso começou a refletir nas minhas relações, que estão muito mais abertas e verdadeiras. até os 30 anos, fui uma pessoa que não sabia lidar com as emoções ou expressá-las, mas a terapia começou a romper esses padrões. me tornei muito mais comunicativa - claro, sempre me autopreservando, também, pois há situações em que o silêncio é a melhor resposta.
mas o ponto é que, antes disso, nunca haviam me ensinado a confiar no outro, ou que o amor (romântico ou não) passa pela autenticidade. porque no amor você não tem medo de se expor - seja as suas piores falhas, ou os seus piores traumas.
falar de amor (de qualquer tipo) sempre me lembra do poema de andrew london, chamado definition of love, que descobri há uns bons dez anos. alguns versos que ainda me recordo com clareza são: "você sem saber colocou sua vida, colocou seu coração nas palmas das mãos de outra pessoa e disse: aqui. faça o que quiser." recentemente, pude ouvir o autor joão silvério trevisan e ele disse algo também sobre o amor: sobre isso ser divino, pois envolve pessoas que escolheram dizer sim e abrir suas portas umas para as outras. acho que nunca mais vou me esquecer disso, e me pego pensando quantas vezes quisemos dizer sim, e dizemos não; ou quantas vezes o outro quis dizer sim, mas disse não - pelo medo da desconfiança. pelo medo de ser insuficiente. pelo medo do julgamento.
acho que, no fundo, é por isso que, até então, eu nunca compreendi muito bem o amor (especialmente o romântico, já que sou greyarromântica).
quando você esquece de ser perfeito para o outro é que você começa a entender melhor o amor, talvez. porque você aceita as falhas, as histórias, e vê o que o outro tem para te oferecer. saber que o outro vai te conhecer nos seus dias de tristeza, que a bagagem dele é pesada demais, ou que nem sempre vocês vão estar conectados é sobre a confiança. é continuar dizendo sim.
quantas portas você nunca nem abriu porque ninguém te ensinou sobre a confiança?
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ninaescreve · 1 year ago
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this anger
toda vez que olho para o paraíso ele parece mais vermelho e eu apenas grito: "por favor, me leve embora" toda vez que ouço a sua voz, querida, é como morrer de raiva
não consigo me livrar estou preso nos meus próprios pesadelos eu fui um tolo por acreditar em você meu deus, espero que tudo acabe tudo o que fomos era apenas uma mentira
[refrão] essa raiva, espero conter essa raiva quem você quer que eu seja? essa raiva, eu posso conter essa raiva, querida
você continua com os seus segredos e as suas mentiras uma vida bonita como na TV a chuva e a dor persistem e eu continuo procurando abrigo no coração envenenado por palavras sagradas no coração preenchido por lágrimas salgadas e agora posso sentir a escuridão me abraçar
eu fiz tudo não preciso do seu sorriso polido quero esquecer quero esquecer quem você foi para mim essa raiva é suficiente você pode ir embora agora
[refrão]
perseguindo memórias para sobreviver esquecendo o mundo lá fora confundindo desejos enterrando amores
um coração partido é tudo o que sobrou a minha casa está em chamas o jogo acabou, o amor não é mais o mesmo amar você é um jogo perverso lembre-se, querida: tudo acabou
[refrão]
/// composição por j. w. e p. g.
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ninaescreve · 1 year ago
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running
eu corro de você apenas para encontrar o vazio eu esqueço de mim para amar a sua melhor parte as coisas estão complicadas e meu corpo não é suficiente você senta e me observa como se soubesse de tudo e você sabe mas eu não posso ficar e esperar por você
[refrão] chamas, corações, amantes você fez isso primeiro, querida tempo, escuridão, silêncio você fez isso primeiro, querida e agora estou correndo de você
eu quero me levantar e ir embora tudo isso é tão pesado sobre as minhas costas e eu não sou mais o garoto que você conhecia por que você não me ajuda? por que você não me acalma? eu ainda estou aqui pensando em você
longe de tudo, eu posso ser eu mesmo o futuro é quem eu poderia ter sido e você vai ter que me ver partir agora eu poderia correr de você por dias e terminar em lugar nenhum ainda seria o paraíso
[refrão]
/// composição por j. w. e p. g.
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ninaescreve · 1 year ago
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o que quer que fizeram comigo
às vezes tenho medo. medo de não ter mais fé nas pessoas. quanto mais envelheço e conheço os outros, mais percebo que eles me assustam de uma maneira muito subjetiva.
eu cresci sendo rejeitada e acreditando que não tinha valor — quem me violentava, acreditava que tinha poder sobre mim, porque eu lidava com o abuso de forma silenciosa. os traumas subjetivos que permearam a minha infância e adolescência me moldaram em uma adulta que se sente constantemente insuficiente, com zero autoestima e autoconfiança.
algo que exemplifica isso é o fato de eu detestar fotos minhas até, mais ou menos, 2019. eu não era capaz de tirar selfies, muito menos postá-las. para quem foi incluída em listas das "mais feias" na escola durante anos, isso faz sentido. com o boom das redes sociais, as pessoas se desapegaram da timidez, enquanto eu tive vergonha de gravar vídeos (e postá-los) até o início deste ano.
algo que pensei ontem, durante uma crise de ansiedade, foi: como é que todo mundo consegue ser tão normal? acordam de manhã, trabalham, vivem relacionamentos — e os fazem dar certo... para mim, existe essa linha muito evidente na minha mente: eles, os normais; eu, a anormal — a que não consegue acordar cedo, a que não consegue trabalhar 8h por dia, a que não consegue alguém para dividir a vida (embora esse último tópico não seja uma prioridade na maior parte do tempo). ainda assim, sempre parece que todo mundo consegue viver, e eu estou apenas fazendo tudo errado.
aprendi, recentemente, que o trauma reverbera. você o carrega para onde for — mesmo em um dia muito bom, mesmo ao lado de uma pessoa incrível. porque, apesar de você não ser o seu trauma, ele ainda vai refletir em como você escolhe reagir ao mundo. e isso não é algo consciente. nós não escolhemos reagir a partir do trauma — o que acontece é que ele está lá, com você, às vezes anos e anos, e é a única maneira que a sua mente conhece de reagir ao mundo. não é de propósito, não é porque você quer se vitimizar, é algo automático.
o trauma muda a gente. às vezes camufla a pessoa incrível que poderíamos ter sido desde sempre — tira a nossa paz, nos faz inseguros, impede a nossa espontaneidade e a nossa autenticidade. às vezes o trauma nos faz pessoas que lutamos para nos livrar.
em uma época da minha vida, durante um trauma, eu me convenci de que era uma pessoa triste. era apenas uma crença que meu cérebro elaborou a partir desse trauma: por eu ser triste, eu também não merecia coisas boas.
e é por isso que as pessoas me assustam. a empatia, como li uma vez, não é sobre sentir a dor do outro — mas sobre validar essa dor, dar espaço para que ela exista. num mundo cada vez mais ególatra e individualista, que é incapaz de perceber as desigualdades sociais, penso que vejo cada vez menos empatia.
empatia não é sobre julgamentos. é sobre acolhimento, saber ouvir. num mundo onde todo mundo fala o tempo inteiro, quem está escutando? não há escuta. não há silêncio — aquele silêncio que permite que o outro se sinta confortável e bem-vindo. as pessoas querem ser escutadas, mas não escutam. não há trocas, não há cumplicidade, não há empatia.
a verdade é que ninguém está interessado na história do outro, a menos que ela seja um gancho para falar sobre a sua. então, se ninguém escuta, como eu lido com o meu trauma? como eu elaboro as minhas questões num constante murmúrio de vozes?
acho que, no fim, o mundo me assusta porque ele não está preparado para pessoas reais — não aquelas do instagram, com suas vidas perfeitas. as pessoas reais têm dias bagunçados, podem estar em crises de ansiedade, não sabem o que estão fazendo direito (alguém sabe?), cantam a sua bridge preferida aos berros (oi, "cruel summer"!), não cumprem com todas as tarefas da semana...
às vezes o meu trauma está na poltroninha dele tomando chá que nem a ansiedade... e tem dias que ele está dando uma bicuda na minha cara. mas passa.
hoje, passou.
mas o que quer que fizeram comigo, eu sei, eu lembro, mas, na mesma medida, escolho reagir do meu jeito: cuidando do meu universo. porque na solitude existe gentileza.
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ninaescreve · 1 year ago
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você não tem que aguentar tudo: desistir também é preciso
desde os dezesseis anos, eu digo que quero ser escritora. naquela época, ainda adolescente, eu já dava indícios de que a área profissional seria o grande "amor" da minha vida. em outras palavras: seria nela que eu investiria tempo e energia, já que todas as outras apenas me faziam me sentir insuficiente.
como uma pessoa aroace, eu me preocupava muito mais com o meu futuro artístico do que com o romance - apesar de amá-lo nos livros. a onda de bullying que sofri entre os 10 e 16 anos também me moldaram muito: comecei a duvidar da minha capacidade e a minha estima foi muito afetada, assim como a minha autoconfiança.
cresci me sentindo feia, burra e insuficiente. mas era na escrita que eu encontrava o meu lugar. por isso, quando escrevi no meu diário que eu preferia ser uma escritora bem-sucedida a estar casada, no futuro, não foi exatamente uma surpresa. eu cresci com a noção de que não desejava maternar ou me casar - hoje, eu entendo que tem muito a ver com o fato de eu ser uma pessoa aroace.
iniciei a minha carreira de escritora com as fanfics, como a maioria dos escritores da minha geração. eu tinha 18 anos e uma mente fervilhando de ideias. em 2015, lancei contos pela amazon e aí começou realmente a minha carreira profissional - antes, eu apenas entendia a escrita como um "treinamento". mas foram as fanfics que me deram a coragem para que, em 2015, eu ousasse publicar as primeiras histórias cobrando um valor por elas.
hoje, estamos em 2024. atualmente, divido a minha vida em três áreas profissionais: a escrita, a revisão e a produção de conteúdo. e o que, aos 16 anos, era para ser um conto de fadas se tornou um conto de terror.
quase desisti da carreira de escritora no ano passado. as revisões não pagam as minhas contas. a produção de conteúdo triplicou e o tempo que passo on-line tem afetado muito a minha saúde mental.
ao longo dos processos, comecei a perceber que não tenho como jogar o jogo do capitalismo digital: para me manter no topo da amazon, eu teria que publicar todos os meses, arcar com muita publicidade e investir em tráfego pago; para crescer nas redes sociais e vender o meu trabalho (tanto como escritora quanto revisora), eu deveria publicar muitas vezes por dia - e a minha criatividade, é claro, não é ilimitada.
algo que percebi já tem um tempo é que nós raramente temos vida fora do ambiente on-line. esses dias, vi que alguém escreveu que, antigamente, o computador ficava no quarto ou na sala e que bastava desligá-lo para continuar com as nossas rotinas. acontece que, hoje, não há mais a separação do mundo on-line e do mundo real, já que o celular se tornou algo do cotidiano, da rotina. ninguém se desconecta mais.
é por isso que eu tenho tido cada vez mais vontade de ficar off-line. de produzir o mínimo e simplesmente sumir das redes sociais. algo que comecei a fazer foi deletar o tiktok assim que publico algo lá. isso me tira o foco e a ansiedade de acompanhar como o vídeo postado está performando.
no último feriado nacional, por exemplo, eu passei quase quatro dias desconectada - e aproveitei para fazer aulas de yoga e meditação em um espaço incrível aqui na minha cidade. retomar essas práticas (que eu fazia sozinha, a partir de apps) de maneira presencial me fez perceber o quanto nós estamos desconectados com a presença dos outros, com a coletividade.
vejo que essa conexão diária e extrema não é mais um problema somente de vício, mas de perda das nossas identidades. o ambiente on-line me aproximou muito de pessoas com os mesmos interesses que os meus, mas, ao mesmo tempo, tenho dificuldade de entender o que me motiva e me interessa no mundo real. e isso acontece justamente porque perdemos esse senso de identidade individual real.
passamos a acreditar que as conexões que fazemos no on-line são tão verdadeiras e fortes quanto às do mundo real - e posso dizer que não é verdade. essas conexões são importantes, sim, mas não conseguem substituir a presença efetiva do outro.
para mim, que sempre me concentrei no profissional, vejo que estou tendo muitos prejuízos no quesito de saúde mental quanto ao mundo digital: eu não me desconecto, então fico ansiosa e não consigo relaxar.
então, é importante percebermos quanto da nossa rotina é afetada pelo ambiente virtual; quantas horas você passa ali? o que consome? por que consome? precisamos entender que toda relação intensa pode causar danos.
o jogo aqui não é realinhar o mundo real para caber no mundo digital (as fotos perfeitas, os lugares perfeitos, os looks perfeitos, o trabalho perfeito etc.), mas entender que, muitas vezes, o mundo digital não precisa caber no mundo real - porque ele não é necessário; é melhor passar um tempo conversando com os amigos presencialmente, num lugar tranquilo, ou estar ansioso e perder horas e horas conectado ao celular?
precisamos entender que devemos fazer escolhas. não apenas por causa do autocuidado, mas para que possamos viver melhor.
por isso, você não precisa aguentar tudo. não precisa aguentar as frustrações de uma empresa que não valoriza a sua profissão, não precisa aguentar viver como um robô para atingir metas cada vez mais irreais, não precisa fingir ter uma vida que não é a do mundo real.
desista. desistir também é ser corajoso.
desista, porque você é humano. desistir faz parte do viver.
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ninaescreve · 1 year ago
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uma profecia sobre o agora
pensar no agora, às vezes, dá medo. estamos muito focados no futuro. o presente é prestar atenção nas palavras ditas, na respiração que escapa, nos pensamentos que surgem.
e sempre parece que nunca estamos aqui o suficiente.
foi por isso que eu desapareci. fico sem esperança, me perguntando quando é que vai dar certo, quando tudo vai dar certo. o que mais falta acontecer. como na música, eu gostaria de falar com alguém para mudar o futuro. que futuro? não sei. mas eu tenho medo dele.
me ausentar é lembrar dos meus pensamentos ansiosos e permitir que eu escute o meu corpo. às vezes estou tão cansada de existir que a única coisa que faço o dia inteiro é dormir. às vezes eu lembro de comer.
repensar o agora é revolucionar o futuro, acho.
e eu não sei para onde ir. se você sabe, que bom. eu apenas fico aqui esperando alguma resposta. porque estou cansada pra cacete de existir.
às vezes eu lembro que a vida é isso: só isso. e nada mais. que bom para você que você tem felicidade e amor e saúde. a minha fachada esconde bem o quanto sou desprovida de qualquer ínfima poesia.
eu desapareço como o céu. eu poderia sorrir e mentir melhor. eu quero mentir melhor.
mas todas as pedras estão nos meus bolsos. e eu não sei como consertar nada disso.
pensar no agora é existir; como fazê-lo se estou morrendo pouco a pouco?
se eu já morri, quem é que está no meu lugar?
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ninaescreve · 1 year ago
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O PRIMEIRO EXPERIMENTO POÉTICO: O TEMPO
Havia uma menina, eu a descreveria como luz, pérolas e caleidoscópio  no rosto — não era diferente, tampouco comum demais.
Tinha um coração dourado, cheio de lantejoulas, era iridescente  o seu efeito.
Um pouco mais velha, ela me disse: “Eu me lembro de você”, e eu também tinha memórias de longe sobre como nossos silêncios combinavam em meio às tardes de verão.
Quando abri os olhos, um pouco da imaginação escapou, e eu lembrei — eu teria tentado, se pudesse. eu teria fugido, se quisesse. eu teria dito, se medo não tivesse.
Ela foi embora — a garota que encontrou a vida — e eu fiquei no meio da estação; um pouco mais velho, um pouco mais idiota, um pouco menos corajoso.
E foi assim que o tempo levou embora toda a calmaria — como uma tempestade, a bagunça tomou conta. As ondas ainda me assustam, e ela ainda diz, totalmente  imaginada por mim: “Desta vez, eu vou ficar.”
Mas o tempo nunca é justo.
— dos poemas que escrevi para você.
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ninaescreve · 1 year ago
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este texto não é sobre a taylor swift
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em 2019, duas coisas aconteceram: eu voltei a ouvir a taylor (com o lover) e comecei a escrever "à luz do dia", meu romance lésbico.
o livro tem duas protagonistas: a sofia e a teodora. gosto de pensar que emprestei muito de mim a ambas. teodora é quem eu gostaria de ser (confiante, sociável) e sofia é o meu alter ego (sempre se sentindo insuficiente, sempre com muita bagagem emocional).
enquanto eu redescobria a discografia da taylor swift, sofia foi nascendo um pouco swiftie demais. tanto que, de repente, ela era swiftie.
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sofia em uma mensagem de texto para a teodora
sofia foi importante para eu me colocar como fã. como alguém que via renascer um amor que foi iniciado quando eu tinha 17 anos. não escrevi o livro pensando nos fãs — como eles poderiam ser meus futuros leitores —, ou nos haters — que, talvez, dissessem que um livro sobre uma menina swiftie era ridículo demais. escrevi pensando em mim.
porque a arte nasce por causa do artista, não é? apesar de existir uma demanda, o processo não será o mesmo caso eu decida escrever apenas o que o público quer. ser artista é, também, ser um pouquinho egoísta às vezes. é pensar na gente, no nosso processo, no que a gente, acima de tudo, quer.
e, enquanto escrevia "à luz do dia", pensei na nina de 17 anos, que queria muito ir a um show da taylor (a nina de 31 realizou esse sonho).
uma amiga recentemente postou um vídeo dizendo: "às vezes sinto falta de criar para mim mesma, sem depender da aprovação de ninguém", e isso ressoou em mim.
ano passado, fiz a decisão de me afastar de originais, por muitos motivos e alguns deles foram: 1) não receber reconhecimento; 2) me sentir ansiosa demais pensando no depois. em como a minha criação seria recebida. confesso que, no início do meu vem aí, eu estava um pouco paralisada de medo. o medo de errar, o medo de estar escrevendo coisas bobas, o medo de estar escrevendo as coisas erradas. e isso me fazia sentir muito insegura e insuficiente.
algo que reencontrei nas fanfics foi o alívio de escrever algo para mim que, apesar de tudo, não encontro quando escrevo originais.
porque um original é um produto literário. você precisa pensar na melhor capa, no melhor marketing, na melhor história. porque tudo isso significa vendas. e confesso que, a certo ponto, estava (e ainda estou) cansada de vender. eles dizem que, se você escolheu o mundo independente, é assim. mas só queria que fosse um pouquinho mais fácil, sabe? um pouquinho menos exaustivo, menos decepcionante.
queria ser um pouquinho mais lembrada. ter um pouquinho mais de crédito e confiança.
"à luz do dia" foi a última vez que me diverti escrevendo um original. (o vem aí está oscilando e não posso dizer que o processo dele me deixa feliz sempre, porque o overthinking me pega toda vez: essa cena é boa? essa frase parece boba demais? esse personagem é cativante? o que vão entender do meu livro? etc. etc. etc.).
por causa de algo que amo, consegui tornar o processo mais pessoal. mais meu. e isso é tão raro hoje em dia. num mundo capitalista que está voltado para a produtividade, criar para si parece tão bobo, né? parece ultrapassado, porque, afinal, ser artista é também um trabalho. mas eu quero ser artista todos os dias? eu quero produzir pensando nos outros todos os dias? eu quero pensar todos os dias quanto vou ter que desembolsar para publicar o meu livro? não, não quero.
às vezes, eu quero ser uma artista inútil. que guarda suas coisas para si, que não deixa o mundo roubar nada dela.
e, às vezes, eu apenas quero ser uma pessoa, para além da artista, fazendo coisas que pessoas fazem: cantam desafinado, dançam muito mal, amam de forma exagerada, escrevem para desatolar a mente, bebem com os amigos, vão a museus, passeiam com os cachorros (ou afofam seus gatos).
ser uma pessoa basta, porque a minha arte também se basta.
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ninaescreve · 1 year ago
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pequena carta sobre o #8M
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quantas vezes você se sentiu inferior? quantas vezes se comparou com realidades que não eram parecidas com a sua? quantas vezes achou que sua voz não valia nada, que seu trabalho era apenas mais um no mundo?
desejo que você saiba que tem valor, que sua marca no mundo importa, que seus processos são lindos - sim, mesmo aqueles muito caóticos.
verdade, você vai se sentir incompreendida e desvalorizada, mas vai perceber que a luta conjunta vale a pena, que a caminhada só pode ser feita no coletivo.
desejo que você saiba se renovar a cada estação e que a sua força transformadora te impulsione para a realização dos seus sonhos mais loucos.
desejo que você seja apoiada, cuidada, ouvida, lida, representada, acreditada, lembrada.
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ninaescreve · 1 year ago
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2 anos de sofidora
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no dia 02 de março, meu romance lésbico "à luz do dia" completou dois anos no mundo.
esse livro nasceu em 2019, a partir de um exercício que fiz em uma oficina de escrita criativa. gostei tanto da cena que pensei: e se eu a desenvolvesse? (detalhe: essa história nunca fez parte do ninaverso! ela simplesmente surgiu ali e eu a abracei). mas ter criado as minhas lésbicas fofinhas foi uma das melhores coisas até então.
posso dizer que escrever esse livro mudou a minha vida em muitos níveis; primeiro, por ter voltado a escrever algo mais jovem e clichê; segundo, por escrever para meninas lésbicas em diferentes fases; terceiro, e talvez o mais importante, por poder falar sobre assuntos que, até então, eu não tinha falado (maternidade tóxic4 & relacionamento abusiv0).
o livro, claro, continua tendo o meu estilo: temas pesados e muita densidade emocional, mas, desta vez, com uma vibe mais jovem e clichê. ainda assim, não deixa de ser uma história agridoce.
fazia muito tempo que eu não escrevia algo mais descontraído, já que meus dois romances anteriores ("rotas de fuga" & "vá para o universo") são emocionalmente muito pesados. de certa maneira, eu até duvidei da minha capacidade de me jogar nesse tipo de universo, mas sofidora nasceu e encanta muita gente, desde então.
cada história escrita me leva para um lugar e um contexto, e a de sofidora me colocou num lugar de acolhimento muito grande, por mais que haja algum nível de desconforto na trama - seja pela sexualidade, pelas interrelações ou pelo contexto sociohistórico.
não sou uma autora lésbica (sou bem bissexual), mas sofidora me traz um acolhimento jovem que eu gostaria de ter tido na adolescência, talvez. o modo como sofs e dora lidam com suas questões e com o mundo é tão bonito e, por vezes, caótico que é como um lembrete: apesar de tudo, você merece este espaço.
gosto de pensar que a história de sofidora pode ser facilmente transposta para a vida de muitas garotas jovens lésbicas e me orgulho muito de tê-la escrito.
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à luz do dia é um haters to friends to lovers que mistura muita música, literatura & clichezinhos adolescentes. compre ou alugue AQUI. // +12, contém conteúdos sensíveis.
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ninaescreve · 1 year ago
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those three words
o sol está de volta, olhe para cima nada disso é suficiente a vida ainda é uma corrida para lugar nenhum e eu espero que você volte para me buscar para me dizer que nunca vai me esquecer o paraíso parece estranho agora e eu preferiria ir para o inferno com você
confuso sobre tudo, confuso sobre deixar você então me conte sobre você quem é você agora? eu faria tudo para lembrá-lo de que sempre fomos suficientes eu e você porque sempre fomos eu e você deitados juntos, na chuva, num sábado à noite nunca esquecerei
[refrão] você esqueceu? você vai envelhecer no céu estrelado? não sei quando ou onde, mas tudo está mudando e eu quero envelhecer com você sob as gotas de chuva, na luz do dia, com seus olhos em mim você sabe de algo que ainda não sei?
tudo que sei é que as palavras estão suspensas no ar e nada faz sentido, amor antes de envelhecermos, você me mostrou o mundo cheio de vida tudo que sei é que você continua aqui e tudo faz sentido, amor estou mais velho agora, porque você deixou o seu legado em mim
eu faria de tudo para você descer das estrelas e me abraçar como antes nós não precisamos de nada você não precisa falar ou chorar eu choro todos os dias agora
[refrão]
você diria aquelas últimas palavras? aquelas três palavras que eram minhas? me mostre a sua vida, me mostre os seus erros eu vou amá-lo daqui com a cabeça erguida porque nós fomos suficientes e cheio de amor você diria aquelas três palavras? eu ainda repito "eu te amo" todos os dias para você
[refrão]
você continua aqui na neve que caiu no natal e nas fotografias que guardei ainda estou com medo mas as estrelas me guiam para você me veja daí de cima porque eu ainda repito "eu te amo" para você
/// composição por j. w. e p. g.
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ninaescreve · 1 year ago
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a arromanticidade no ninaverso
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estamos na semana aro e é claro que vim falar sobre as minhas personagens arromânticas!
pandora e mariana fazem parte de histórias diferentes e também têm microidentidades aro diferentes uma da outra.
quero falar, primeiro, da pandora. ela foi a minha primeira personagem aro e integra o romance sáfico chamado "vá para o universo". eu o escrevi entre 2018 e 2019 e, na época, eu sabia pouco sobre a arromanticidade, mas sabia que queria quebrar com o óbvio. então, pandora é uma pansexual arromântica estrita.
apesar de ela se envolver com mira, a protagonista de VPOU, ela não é capaz de sentir atração romântica por ela. essa questão não é o foco no livro, assim como a birromanticidade e a assexualidade de mira também não o são, mas essas identidades estão presentes no livro de maneira bastante aberta.
mira, é claro, tem seus questionamentos em relação à arromanticidade de pandora, como uma pessoa romântica, no entanto, isso não é empecilho para elas se envolverem. eu quis que a arromanticidade de pandora fosse algo natural. inclusive, é mira quem lhe apresenta a palavra "arromântica".
eu quis que o leitor entendesse que, embora mira e pandora tenham identidades diferentes (e, por vezes, "contrárias"), o sentimento de pertencimento e acolhimento quando se está com alguém faz com que essas diferenças se tornem ínfimas. é por isso que elas não têm nenhum conflito sobre a arromanticidade.
já quando eu escrevi a mariana, durante 2022, eu tinha muito mais bagagem para entender a arromanticidade que eu queria expressar. mari é uma das protagonistas de "procura-se mariana", noveleta contida na coleção "espectros de roxo e cinza", e ela é greyarromântica.
mariana se apaixona numa baixa frequência e não entende muito as convenções da amatonormatividade, ou seja, ela não entende por que deveria priorizar o amor romântico. apesar de ela já ter se relacionado romanticamente, também se questiona muitas vezes sobre isso: será que é apenas apego, ou carência? quis que mari transparecesse ter suas questões, pois, mesmo confortáveis em nossas identidades, é claro que temos nossos próprios questionamentos.
viviane, a outra protagonista de PM, é romântica, no entanto, apesar de ambas terem um crush uma na outra, eu não quis que o amor romântico entre elas se concretizasse. primeiro, porque eu não tinha espaço suficiente para esse desenvolvimento, e segundo, porque não queria apagar a identidade arromântica da mariana. ela entende que, por mais que nutra um crush por viviane, é apenas isso; o amor romântico não vai resolver os seus conflitos pessoais. o fato de ambas serem adultas também dá outra perspectiva ao assunto, o que eu acho muito válido para a história.
escrever personagens parecidas comigo (pois, sim, também sou arromântica) me faz querer que outras pessoas, que já se sentiram sozinhas como eu, durante muitos anos, entendam que a literatura também pode ser acolhedora.
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vá para o universo é um romance sáfico que fala sobre o luto e a coragem de viver. compre ou alugue AQUI. // +16, contém conteúdos sensíveis.
procura-se mariana é uma noveleta sobre mentiras, segredos e muito protagonismo LGBT+. compre ou alugue AQUI. // +12, contém conteúdos sensíveis.
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ninaescreve · 1 year ago
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who i was
eu estava correndo pela minha vida atrasado para tudo, sem tempo para mim sem fôlego, sem um coração a dor vai permanecer por mais tempo
agora tudo acabou e nós terminamos aqui o verão nascendo no meu peito tudo aquilo que nunca fui e agora você se pergunta o porquê
[refrão] perdendo tudo, perdendo o amor tentando encontrar o caminho para algo brilhante e cheio de vida eu esqueci quem eu era e agora estou em paz
eu fui deixado para esquecer da dor mas agora penso nela dia e noite sozinho, sem você por perto pedindo proteção, pedindo uma bênção
nasci para isso, para deixá-la ir você pode pegar a sua mala e a sua tristeza e desaparecer (seu coração morreu como o meu?)
[refrão]
o mundo continua selvagem como o meu coração sangrento um adeus à primavera, agora é verão estou sob as árvores e sob o céu azul mas agora estou sozinho, finalmente
eu era como água, agora sou brasa a casa parece a mesma e você ainda não se foi eu disse: "preciso deixá-la para trás" mas o amor continua nas minhas veias e tudo está errado
[refrão]
talvez devêssemos conversar e dizer adeus precisamos dizer adeus, você não acha? tudo se foi e o amor é uma ferida aberta você se foi e o amor é como uma floresta em chamas
/// composição por j. w. e p. g.
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ninaescreve · 1 year ago
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daisy jones but make it gay está acontecendo!!!
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bom, é isso aí: eu estou escrevendo mais uma história original!!! (depois de ter decidido desaparecer do mundo dos originais durante tempo indeterminado - a gente paga com a língua, né?).
esse vem aí (que eu chamo de AUP) estava na minha mente desde março/abril de 2023, desde que reli daisy jones & the six e pensei: e se for uma história LGBTQIAPN+? mas ano passado eu me foquei em escrever uma nova fanfic e essa ideia de daisy jones but make it gay foi deixada meio de lado - a execução, pois eu não parava de pensar nela!!!
a princípio, pensei em escrevê-la como uma fanfic larry (pois por que não???), mas quanto mais eu pensava na história, mas eu me aproximava da ideia de uma narrativa própria, original.
algumas coisas no final do ano passado aconteceram e eu me distanciei da escrita, pois a minha saúde mental não estava em um bom momento. até que no dia 21 de dezembro, eu criei um novo arquivo e comecei a escrever. e, pronto, AUP nasceu!
de lá para cá, já escrevi 10 capítulos. 60 páginas e quase 25k de palavras. para quem estava desmotivada, eu juro que não esperava por isso.
ainda assim, meu processo tem sido uma montanha-russa. passei os primeiros capítulos meio incerta, desgostando de boa parte do que escrevia, pois não estava envolvida o suficiente com a história e com os personagens, ainda que apostasse muito na narrativa. hoje, me sinto mais confortável e entendo que processos são assim mesmo: não posso me obrigar a ter o mesmo sentimento todos os dias para sentar para escrever.
AUP WHO? a história do vem aí se concentra na cena musical. teremos dois protagonistas: o peter e o james. o peter é um guitarrista independente enquanto james é o vocalista de uma banda de rock sensação do momento.
acontece que a banda de james precisa de um novo guitarrista, e peter, que já é conhecido no meio, é chamado para compor o novo álbum da banda.
mas quase nada acontece conforme o planejado: james é uma pessoa reclusa e mal aparece no estúdio. por causa de notícias e fofocas que peter já conhece sobre o vocalista, peter começa a ter várias primeiras impressões erradas sobre james.
a banda passou recentemente por um trauma, o que a afastou dos palcos e dos holofotes, e o novo álbum é a chance de ela mostrar ao mundo que não é apenas um frisson passageiro.
o romance focará em temas adultos, como casamento, paternidade e dramas familiares. além disso, sim, lidará com temas sensíveis sobre saúde mental.
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estou muito animada para publicar essa história, porque ela não é do ninaverso e eu sempre quis escrever algo original sobre música (um dos meus hiperfocos!!!).
virei aqui mais vezes falar sobre o processo de escrita de AUP, com certeza <3
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