#aglomerado da serra

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primeira esposa de paulinho, vila marçola, aglomerado da serra, belo horizonte, minas gerais, afonso pimenta

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afonso pimenta sobrinho do pico as caixas de som aglomerado da serra • belo horizonte, mg • 1993

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Afonso Pimenta, Aniversário da Renata, Aglomerado da Serra, 1986

[dankolara]

Afonso Pimenta, Pico's nephew and the speakers, favela Aglomerado Da Serra, Belo Horizonte, Brasil, 1993

[allthebrazilianpolitics]

Brazilian favela ‘shack’ wins ‘house of the year’ award

A two-storey house in a Belo Horizonte favela has won an international architecture prize for its ingenious design.

At first glance, it is a house like dozens of others in the crowded favelas of Brazil. But this seemingly modest dwelling of 66 square metres (710 square feet), with its exposed brick walls, has just been recognised as the “house of the year” in an international architecture competition.

The house honoured by specialised website ArchDaily belongs to Kdu dos Anjos, a 32-year-old artist living in the bustling Aglomerado da Serra favela at the bottom of a hill on the edge of the southeastern city of Belo Horizonte.

The two-storey structure defeated some more imposing contest entries from India, Mexico, Vietnam and Germany.

“I’m very proud that my house won this prize, because most of the news about the favelas talks of violence and homes destroyed by landslides,” said dos Anjos.

“Today, my home is on top of the world!”

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[pacosemnoticias]

Federação pede mais tempo para limpeza de terrenos florestais

Os proprietários têm de limpar terrenos agrícolas e florestais até 30 de abril, para prevenir fogos rurais, mas meteorologia adversa e falta de mão-de-obra levam a federação de associações de proprietários florestais a pedir o alargamento do prazo.

"A sensação é sempre a mesma, é que para este período não pode haver sempre uma data, porque quem manda é a natureza. Este ano como choveu muito, até tarde, [...] os terrenos ainda estão todos a atascar. Se a erva for cortada agora, os materiais finos, que são esses que propagam os incêndios, ainda vão rebentar todos", afirmou o presidente da direção da Federação Nacional de Associações de Proprietários Florestais (FNAPF).

Luís Damas notou que o limite do dia 30 deste mês para concluir a gestão de combustíveis "não é exequível" e, por isso, defendeu "o adiamento para até ao fim do mês de maio ou até 15 de junho", já que, além de ter chovido muito, "não há mão-de-obra".

"Corremos o risco de estarmos a fazer sem ter depois utilidade nenhuma. [Há] ervas ao nascer e depois quando vier o calor de julho e agosto vai secar tudo, e vai ficar muito material combustível para alimentar os incêndios", frisou.

A federação irá, por isso, tentar junto dos ministérios da Administração Interna e da Agricultura, que voltou a tutelar as Florestas, que tenham "algum bom senso" e vejam que "a data é impraticável este ano", tal como aconteceu durante a pandemia de covid-19.

Seja como for, admitiu que, também pela pressão das autoridades, está provado que "essas faixas reduziram a intensidade e até mudaram às vezes o rumo do incêndio".

"É um grande custo todos os anos e não há, às vezes, mão-de-obra para o fazer, mas muita gente já interiorizou isso porque, na volta da GNR, as pessoas também levam coimas e que não são assim tão pequenas", vincou Luís Damas.

Para o presidente da direção da ANEFA -- Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente, Pedro Serra Ramos, a gestão de faixas de combustíveis "é exequível", até por lhe parecer que "há uma menor procura de serviços para limpar este ano".

"Acho que as pessoas começam a não ter capacidade financeira para realizar as limpezas todos os anos", notou.

O engenheiro florestal reconheceu que o proprietário com possibilidades financeiras e que "sabe que vai ter que limpar se preocupa com isso e contrata para fazer muito cedo".

Com a chuva recente, referiu, há "áreas com alguma vegetação que pode levantar preocupações", mas, ainda assim, "se a limpeza tiver ficado bem feita, não haverá muito esse risco".

Por seu lado, Luís Damas salientou que várias associações de produtores florestais têm "equipas de sapadores que fazem este trabalho" e a cada ano sentem que há "um ritual das pessoas" de recorrerem aos serviços, "tanto dos sapadores como empresas especializadas na limpeza" destes terrenos, após as trágicas mortes nos incêndios de 2017.

Além da limpeza de 100 metros à volta dos aglomerados e de 50 metros em redor de habitações, o dirigente da FNAPF destacou que se está a "mudar a ocupação do solo, a tirar pinhal e eucaliptal e pôr outras culturas, que não sejam tão combustíveis, principalmente de uso agrícola, tanto vinhas como olivais, medronheiros".

"Portanto, também criar ali à volta das aldeias um cinturão de segurança, com ocupação diferente, que obriga também as pessoas todos os anos a terem a vinha, o olival tratado e também faz ali uma segurança às aldeias", apontou, assegurando que "é um caminho que se está a fazer".

Para já, Luís Damas, além do programa Condomínio de Aldeia - que apoia ações de alteração do uso e ocupação do solo e a gestão de combustíveis em redor dos aglomerados, financiado pelo Fundo Ambiental -, destacou a criação das áreas integradas de gestão da paisagem (AIGP), articulando o ordenamento e gestão da paisagem com o aumento de área florestal gerida a uma escala que promova a resiliência aos incêndios e a economia rural.

"Devido ao abandono, a área florestal neste território tem que ser diminuída e tem que ser intercalada com as tais cabras, os tais olivais, outros usos do solo, para que não tenha manchas continuas", advogou o dirigente da FNAPF, que congrega 41 organizações de proprietários e produtores florestais do continente.

Em resposta à Lusa, a AGIF - Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais explicou que a informação de âmbito regional (por concelhos e freguesias) sobre a evolução da gestão de combustível será feita pelos municípios e privados, a partir deste ano, via Plataforma Interoperável (Plis), pelo que só a partir de 2025 existirão estes dados "compilados e agregados".

[pollicavalvantis]

Bites Trends #21

Trecho que contribuí para a newsletter semanal de tendências da Bites, enviada em 06/09/2023

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Mineiros em ascensão no Spotify Brasil

O cenário musical brasileiro tem presenciado uma ascensão notável de talentos vindos de Minas Gerais. Na última semana, Djonga e DJ WS da Igrejinha destacaram-se no top 200 do Spotify Brasil. Djonga, com seu recém-lançado álbum "Inocente demotape", alcançou a posição #34, após um salto de 61 lugares. O rapper, que já é um nome consolidado no cenário nacional, traz em seu novo trabalho sonoridades variadas e letras que refletem suas vivências de um jeito mais “bobo e fútil”, segundo suas próprias palavras. Ouça aqui.

O DJ WS da Igrejinha, oriundo do Aglomerado da Serra em Belo Horizonte, tem conquistado espaço com seu EP "Baile do Bruxo", que faz referência a Ronaldinho Gaúcho. A faixa-título não só estreou na posição #35 no Spotify, mas também se tornou viral no Instagram, com 267 mil publicações relacionadas. No TikTok ela também é popular, com 90 mil posts. Você pode ouvir aqui.

No entanto, apesar do sucesso estrondoso, a cobertura midiática sobre o artista ainda é escassa, evidenciando a resistência do funk em obter reconhecimento nos meios tradicionais como portais de notícias e sites especializados em música.

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MBL faz Buzz Marketing gratuito para conteúdo adulto

Martina Oliveira, popularmente conhecida como “Beiçola da Privacy”, tem chamado atenção nas redes sociais com suas estratégias de marketing ousadas. Desde junho, a criadora de conteúdo tem utilizado táticas inovadoras, como perguntas nas ruas e cartazes com QR codes em Porto Alegre, para promover seu perfil na plataforma adulta Privacy. Seu sucesso foi tão estrondoso que, recentemente, ela foi premiada por atingir a marca de R$ 500 mil em faturamento.

No entanto, a audácia de Martina em utilizar outdoors com a chamada "Quer me ver pelada?" não passou despercebida. O MBL, em uma possível tentativa de capitalizar seu conservadorismo, denunciou a publicidade ao Ministério Público do Rio Grande do Sul. A ação, contudo, parece ter tido um efeito contrário ao esperado: Martina ganhou ainda mais visibilidade, chegando ao topo da Privacy com 33 mil assinantes pagos e vendo seu perfil no Instagram crescer 18%.

O Privacy recebeu cerca de 8 milhões de visitas nos últimos 28 dias, sendo que “privacy martina” já era o terceiro termo mais buscado associado com a plataforma antes mesmo do MBL entrar na história e dar ainda mais visibilidade. Ficando à frente de outras personalidades que estão presentes no serviço, como Andressa Urach e MC Pipokinha.

Os resultados para o Movimento Brasil Livre foram tímidos: ganharam 16,5 mil seguidores no Instagram, quase 7 vezes acima da média recente, mas ainda pouco representativos. No X-Twitter, houve perda.

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A Bruxa está solta e o Halloween também

O Halloween, tradicionalmente mais celebrado no hemisfério norte, tem ganhado destaque no Brasil. Na última semana, o país figurou como o terceiro da América Latina com maior interesse pelo tema no Google.

A data, que vai além das simples travessuras, movimenta diversos setores do mercado. As buscas por filmes divertidos relacionados ao tema dispararam em mais de 1000% nos últimos sete dias, tanto em português como em espanhol. E não foi só isso: maquiagens, fantasias, doces e festas também estão em alta.

Globalmente, as fantasias mais buscadas incluem personagens como fantasma, Barbie, Mario e Vandinha da Família Adams, refletindo a influência das produções audiovisuais. Já no Brasil, a indecisão reina: muitos buscam por fantasias simples, improvisadas ou apenas se inspiram com o termo "ideias".

Se você também ainda não decidiu sua fantasia, a dica é dar uma olhada no TikTok. Foram mais de 41 mil conteúdos publicados sob a hashtag #halloweenlook na última semana.

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Novidades nos produtos Google

O Google Meet introduziu efeitos de "beleza" durante videochamadas. A novidade, chamada de "portrait touch-up", oferece dois modos: "Subtle", que realiza ajustes cosméticos leves, e "Smoothing", que traz realces mais acentuados. A ferramenta estará disponível inicialmente para dispositivos móveis e será exclusiva para contas premium do Google.

O YouTube anunciou novas funcionalidades para facilitar a criação e marcação de conteúdo de compras na plataforma. Entre as inovações estão a possibilidade de adicionar marcas temporais aos produtos destacados e a criação de etiquetagem para produtos afiliados em vários vídeos simultaneamente. A mudança vem de acordo com promessas recentes da plataforma para ferramentas robustas para monetização.

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Desligar o celular não basta: TikTok invade o mundo offline!

A empresa anunciou o "Out of Phone", uma solução que leva o conteúdo do aplicativo para além das telas de celular, alcançando espaços físicos como outdoors, cinemas, bares, restaurantes e aeroportos.

A ideia é simples: marcas podem iniciar uma campanha no TikTok, crescer autenticamente dentro das comunidades e criadores e, em seguida, ampliar seu alcance em espaços físicos por todo o mundo.

A iniciativa representa uma evolução significativa no posicionamento do TikTok como uma plataforma para marcas e publicidade. Não apenas oferece novas oportunidades de publicidade, mas também reforça a importância da integração entre o online e o offline.

[cnwnoticias]

Sesc Pinheiros, em São Paulo, recebe exposição Retratista dos Morros

A exposição Retratistas do Morro foi aberta no Sesc Pinheiros, em São Paulo. É composta por fotografias feitas por Afonso Pimenta e João Mendes, no período de 1960 a 1990 da região do Aglomerado da Serra, comunidade ao sul de Belo Horizonte. Considerada a maior favela do Brasil, o Aglomerado da Serra surgiu no início do século 20 como solução de moradia para as pessoas que foram trabalhar na…

[dehvlogyoutuber]

"Estou colocando muita fé nesse trabalho", diz MC CJ BH após lançamento de clipe; confira

Reprodução: Redes Sociais De Igarapé para o Brasil! Cássio Ribeiro ou melhor, MC CJ BH como é conhecido, lançou na tarde desta quinta-feira, 09, o clipe oficial da música “Amanheceu no Plantão”. O novo clipe de MC CJ BH foi gravado no Aglomerado da Serra, a maior favela de Minas Gerais, na zona sul de Belo Horizonte, produzido pelo DJ JR e dirigido pela produtora Zuca Filmes. Recentemente o…

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morador do aglomerado da serra, belo horizonte, minas gerais, joão mendes

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afonso pimenta

dj mirim e suas proezas

aglomerado da serra, belo horizonte, mg • 1988

[mcrussozo]

Um dia encontro minha alerquina…. (em Favela Aglomerado da Serra) https://www.instagram.com/p/CpDH1AGuyvI/?igshid=NGJjMDIxMWI=

[newnoticiasjk]

Casa na periferia de BH concorre a prêmio internacional de arquitetura #bolhaedu #bolhadev visite nosso portal de #noticias

O coletivo de arquitetos voluntários, que projetou a casa, tinha dois desafios: um terreno mínimo e uma construção que ficasse barata. Casa em favela de Belo Horizonte participa de prêmio de arquitetura Uma casa na periferia da capital de Minas Gerais está ganhando o mundo. A equipe do Jornal Nacional foi até Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas de Belo Horizonte. É lá, em um beco sem CEP, sem saneamento, que fica uma casa que está disputando o prêmio "Casa do Ano" - um dos mais badalados do mundo da arquitetura. O sonho do Kdu dos Anjos era um canto com cara moderna e antiguinha ao mesmo tempo. Tipo aqueles que tem cimento queimado no chão. “Esse piso tem uma memória afetiva muito forte. as pessoas que vem aqui em casa falam assim: a casa da minha avó era assim, casa da minha mãe era assim”, conta o dono da casa. O coletivo de arquitetos voluntários, que projetou a casa, tinha dois desafios: um terreno mínimo e uma construção que ficasse barata. “la usa os mesmos materiais, os mesmos sistemas construtivos que estão na favela, feitos cotidianamente,” diz o arquiteto do Coletivo Levante, Fernando Maculan. Saiu a casa de 66 metros quadrados de tijolinho deitado. "Os vizinhos falavam: a grana acabou, você não vai rebocar? Não vai pintar? Não gente, foi feito pra ser assim!", conta Kdu. No total, 1.622 moradias, mundo afora estão disputando o prêmio internacional de arquitetura, entre elas, 161 casas brasileiras. O “barraco do Kdu", como a comunidade chama o espaço, é a única do país que fica em uma favela. “Tem casas de baixo orçamento, tem casas de mais luxo. Por ser uma votação aberta ao público, dá essa oportunidade de projetos que normalmente não tenham tanto espaço em outros concursos. O prêmio é um reconhecimento de democratizar o acesso à informação e à arquitetura", conta a curadora de projetos ArchDaily, Suzana Moreira. Arquiteto e morador estão na torcida. Querem mostrar para quem vive e constrói nas periferias que é possível. “Abre lugar para reflexão, pro debate, enfim, sobre como podemos pensar e trazer mais e mais benefícios para esses lugares que foram tão esquecidos, tão negligenciados.” diz Fernando Maculan. “Um barranco, uma pirambeira e um cantinho que seja, o favelado consegue transformar. O diferencial daqui foi o estudo arquitetônico. Parece que a periferia não faz parte da cidade e a gente está aqui pra mostrar que o centro é aqui”, finaliza Kdu.

[fotoortografias]

A Donzela do Lago

Armando era um jovem pastor, que passava os dias numa serra magnífica, de prados verdejantes, nascentes e riachos de água pura.

Vivia numa pequena aldeia serrana, que mais não era do que uma mão cheia de casas de pedra, na sua maioria vazias, com a mãe viúva, uma velha prima, que vivia sozinha, duas casas abaixo da sua, e um casal de vizinhos, parentela afastada, que habitava um edifício, com um grande quintal, à entrada da aldeia.

Todos tinham animais. E como era de tradição comunal, o mais jovem encarregava-se do pastoreio da meia dúzia de ovelhas da aldeia, duas de cada família, incluindo a prima viúva.

Quando Armando era criança, havia ainda alguns jovens na aldeia, que com ele brincaram. Mas pouco a pouco, foram seguindo cada um o seu destino, despovoando o pequeno aglomerado serrano de casas. Uns emigraram para o estrangeiro, outros foram estudar para a cidade e nunca mais voltaram, outros ainda casaram com moças de aldeias vizinhas e foram morar para a vila. Só ele ficou por lá, com vinte anos contados, entregue aos velhos sobreviventes e às ovelhas.

Mas não seria assim por muito tempo. Armando amava a serra, a largueza dos prados e a frescura dos ribeiros. Mas sentia-se sozinho. Também ele ambicionava encontrar uma mulher que o quisesse e ir constituir família para outro lado, porque nenhuma quereria viver ali, no meio das pedras e dos bichos.

Era uma questão de tempo. Na aldeia não havia jovens casadoiras para ele desposar, mas de cada vez que ia às festas da vila, ou das freguesias vizinhas, lançava a escada às moças solteiras, com quem se cruzava nos bailaricos. Tinha a certeza que, mais cedo ou mais tarde, alguma morderia o isco.

Armando era jovem e saudável. Não era rico, mas era o único filho da sua mãe e herdeiro da velha casa de pedra na aldeia, de duas leiras de terra de milho e das duas ovelhas, além de uma horta e de uma capoeira com um galo e uma dezena de galinhas. Tinha casa e comida para a noiva e descendência. Não era um vagabundo, sem eira nem beira.

Se ela não quisesse ir viver para a aldeia, ele não se importava até, de arranjar trabalho na vila e arrendar uma casita, para os dois. Assim sempre poderia visitar a velha mãe com frequência e até dar conta das ovelhas e das terras, de quando em vez, ajudando a manter a família.

Enquanto a noiva não aparecesse, ia levando as ovelhas ao prado e dando conta das leiras de milho da mãe, enquanto ela cuidava da horta e da capoeira. De resto, tudo era comunal na aldeia, os trabalhos alternados nas terras de cada um, a apanha e desfolha do milho, a moagem dos grãos, o fabrico do pão, a ordenha das ovelhas, a manufatura do queijo, enfim, todo o trabalho da lavoura, embora a comunidade estivesse agora reduzida a dois homens, duas mulheres e uma velha, que ajudava como podia.

De tudo isto, o que mais agradava a Armando era levar os animais ao prado. Eles seguiam sozinhos o caminho, que sabiam de cor e salteado, e ele acompanhava-os, garantindo que nenhum se distraísse no percurso.

Em chegando ao campo, no alto da serra, eles entretinham-se, por horas, a pastar, enquanto Armando contemplava a beleza daquele serrado, pleno de verdura, de vistas magníficas e desafogadas, para o vale e para os montes em volta, onde corriam dois ribeiros borbulhantes, de água pura e cristalina, um deles alimentado por um pequeno lago, escondido, onde por vezes levava as ovelhas a beber, que parecia o paraíso terrestre, de tão fresco e deslumbrante.

Um dia, estavam os animais tranquilos, a pastar no prado, percorrendo Armando os cerros em volta, quando ouviu uma voz feminina a cantar, vinda das bandas do lago.

Desconfiado, aproximou-se, sem fazer barulho, para ver quem seria, pois era uma voz jovem e desconhecida. Acocorou-se, junto a uma rocha, sobranceira ao lago, onde podia ver, sem ser visto, e descobriu uma bela rapariga, da sua idade ou mais jovem, a banhar-se nua no lago.

Armando nunca tinha visto uma mulher nua, ainda por cima de uma juventude e beleza ímpares como aquela, de modo que ficou deslumbrado. Manteve-se em absoluto silêncio, desfrutando o espetáculo.

A moça tinha a pele alvíssima, uns seios pequenos mas perfeitos, de adolescente, e umas ancas de mulher parideira, coroadas por uma púbis dourada, da cor dos seus longos cabelos. Cantava, com uma voz perfeita, uma estranha melopeia, desconhecida de Armando, que mais adensava o mistério daquela estranha aparição.

Nunca vira esta figura na vida. Era de tal modo perfeita, que não se assemelhava a qualquer outra mulher que alguma vez com ele se cruzara. Seria um anjo, uma aparição do outro mundo, uma tentação do demónio? Armando temeu pela vida, mas não se mexeu. Estava de tal modo enfeitiçado pela beleza da jovem, que não conseguia sequer desviar o olhar. Usufruía sofregamente cada vislumbre daquele corpo de deusa, suspenso no tempo.

Ao fim de algum tempo, a jovem mulher desapareceu por detrás de uma penha, não regressando à vista de Armando. Ele ainda esperou uns minutos, na esperança que ela voltasse, mas deixou de ouvir a sua voz, pelo que se convenceu que a cachopa teria as vestes guardadas, por detrás do penedo, e abandonado o local.

Ainda tentou descobri-la, mas teve receio dela se aperceber que ele a tinha estado a observar, na sua nudez, pelo que se limitou a perscrutar, com atenção, as redondezas, na esperança de a vislumbrar ao longe e descobrir para onde se dirigia. Mas não conseguiu ver a gaiata em lado nenhum, o que o deixou desconfiado.

Voltou às suas ovelhas, para as descobrir tresmalhadas, em resultado do longo abandono do pastor. Custou-lhe a brincadeira mais uma hora de trabalho, para as descobrir a todas e reencaminhar, no sentido da aldeia, de barriga tão cheia quanto as vistas do pastor, que nunca esqueceria aquele anjo, de longos cabelos loiros que se banhava no lago, nem que vivesse cem anos.

Em casa não quis falar do assunto à mãe, com receio de lhe ter que explicar os pormenores mais inconvenientes, mas ficou a pensar toda a noite na donzela do lago. Nem conseguiu dormir, de tão entusiasmado que ficou.

No dia seguinte, apressou-se a levar os animais de regresso ao prado, na esperança de voltar a ver a pequena, mas ela não apareceu. Ele bem correu as fragas, em volta do lago, buscando indícios da presença da garota, mas não descobriu nada.

Ouviu ruídos de água e apressou-se a chegar às suas margens, mas ficou desiludido, porque eram apenas as ovelhas a saciar a sede na lagoa.

Reuniu os animais e regressou à aldeia, resolvido a descobrir quem seria aquela moça.

Perguntou aos seus conterrâneos, disfarçando as circunstâncias do avistamento, mas ninguém nunca tinha ouvido falar de uma jovem loira por aquelas bandas, o que não o surpreendeu, pois também ele, que ali vivia desde que nasceu, alguma vez tinha tido semelhante visão.

No domingo seguinte, deslocou-se à feira de uma aldeia vizinha, na esperança que a catraia por lá aparecesse. Não a vendo, ainda perguntou a uns rapazes conhecidos, se sabiam de uma jovem loira, que andava a passear pelos campos das redondezas, mas só conseguiu despertar a cobiça dos demais, desejosos também eles, de encontrar essa bela estrangeira, procurada por Armando.

Voltou desiludido e cada vez mais intrigado com aquela estranha aparição da donzela do lago.

Passadas semanas, estava Armando de novo nos campos de pastagem, com os animais, voltou a ouvir uma voz feminina e celestial, das bandas do lago. Correu desenfreado para o local, para se pespegar de novo a mirar, escondido atrás da mesma rocha.

Era ela. Cantava e banhava-se nua no lago, outra vez.

O rapaz, encantado, voltou a deslumbrar-se com a beleza da jovem, mas desta vez estava decidido a não a deixar partir, sem falar com ela, perguntar-lhe quem era, de onde vinha.

Temia contudo vexá-la, surpreendendo-a na sua nudez, pelo que planeou uma diversão, para a advertir da sua chegada, dando-lhe assim oportunidade para se cobrir, antes que ele irrompesse pelo lago, como se fosse um acaso.

Mas quando se preparava para implementar o seu plano, cuidadosamente urdido para não afugentar a banhista, ouviu a voz de sereia exclamar:

- Armando, não te vás embora. Não queres vir banhar-te comigo?

O moço ficou estupefacto. Afinal, ela não só deu pela sua presença, como até sabia o seu nome. Como seria isto possível?

Aproximou-se, envergonhado, pronto a desculpar-se por ter estado a observá-la nua, enquanto se banhava nas águas cristalinas da lagoa, quando constatou que a rapariga, não revelando qualquer sinal de pudor ou receio, se apresentou totalmente nua à sua frente.

Armando corou e desviou o olhar instintivamente, incapaz de contemplar tamanha beleza impunemente, mas a jovem voltou a pedir-lhe que se aproximasse, dizendo:

- Não tenhas medo, Armando. Sou apenas uma donzela virgem, em busca de alguém que me queira amar. Achas que eras capaz de ser essa pessoa, um companheiro que me desse amor e comigo ficasse, pelo resto da vida?

Armando mal acreditou no que ouvia. Nunca, nos seus sonhos mais extraordinários, teria imaginado que uma mulher tão bela como esta, pudesse ter o menor interesse por ele. Respondeu-lhe timidamente:

- Tu és a mulher mais bela que alguma vez vi na vida e eu um modesto pastor. Porque te interessas por mim? Como te chamas, quem és tu, porque razão te banhas nua no lago, sem pudor ou medo dos homens, como eu, que te espreitam sorrateiramente, por entre as rochas?

A donzela sorriu e respondeu-lhe:

- Chamo-me Eros e sou uma Náiade do lago. Banho-me nua porque esse é o meu destino. Sou uma ninfa e as ninfas não têm pudor. A nudez é a nossa condição natural. Não temo os homens e sei que o teu coração é puro. Olhaste o meu corpo com desejo, mas sem luxúria. Vi amor nos teus olhos, nobreza nos teus sentimentos, por isso quis a tua companhia. Sinto-me só neste lago, como tu também te sentes só, na tua aldeia, sem uma companheira que te ame e te complete, no teu destino de varão. Por isso te convido, para que te banhes comigo. - Mas não te iludas. Eu nunca poderei ser tua noiva e ir viver contigo na aldeia. O meu lugar é no lago. Sou o seu espírito, a personificação da sua graça criativa e fecundadora. Mas também eu anseio por companhia, pelo teu desejo viril que me complete e frutifique na natureza. Eu sei que amas estas montanhas, os ribeiros, os prados. Sei que querias uma companheira, que te completasse e contigo perpetuasse esse amor pela serra e a sua maravilhosa pureza. Ofereço-te a oportunidade de cumprires o teu desejo. De viveres em simultâneo o amor por uma mulher e pela montanha, de veres a tua semente brotar nas águas cristalinas deste lago, que alimentam o ribeiro, o prado, a aldeia e toda esta exuberante beleza natural, que nos rodeia. Se de facto me amas dessa maneira, peço-te que te libertes dessas roupas e desse pudor, que te prendem ao mundo dos humanos e mergulhes comigo nas águas puras do lago, onde viveremos juntos e felizes, para toda a eternidade.

Armando exultou de alegria. Despiu-se completamente e sem pudor, abraçou e beijou apaixonadamente a ninfa e mergulhou com ela nas profundezas do lago.

Para nunca mais voltar.

10 de Fevereiro de 2023

[casa33]

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