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#cinquenta curvas
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Vamos continuar nessa estrada,andar só mais cinquenta metros e ver o que a próxima curva traz,sem pressa e sem pular etapas.
Jonas r Cezar
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marianeaparecidareis · 9 months
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“Mas EU Vim para cancelar os efeitos do Pecado com MEU Sangue e Minha Dor, lavando neles cada parte física e moral de vocês, para limpá-los e fortalecê-los contra tendências pecaminosas."
PARTE [01]
20 de fevereiro de 1944
Maria Valtorta diz: Como já vos disse, hoje não tive outra contemplação senão a da Cruz, com o meu JESUS, que olha para os pés do seu cadafalso; JESUS está olhando para Maria Santissima e João, que, quase de costas para mim, olham para JESUS.
Enquanto ouvia a missa transmitida pela rádio desde França, precisamente no Sanctus ela se iluminou para mim. Foi tão claro e falou tão diretamente ao meu Espírito que disse a mim mesma que a Missa, vista desta forma, é algo Celestial.
Então veio o inferno das bombas…. Mas nem mesmo esse terror conseguiu anular a visão que eu estava tendo. Continuou ao longo do dia.
Posso, portanto, dizer-lhe que Maria Santíssima está usando seu habitual vestido azul escuro, que a cobre inteiramente, e que a roupa de João é violeta claro, com uma capa marrom claro.
Vejo obliquamente o rosto muito pálido de Maria – até seus lábios são pálidos, com a boca retorcida em uma curva de Dor. A Dor a desfigura tanto que ELA – que ainda não tinha cinquenta anos quando O Filho morreu – parece ter mais de Sessenta anos.
Também vejo João obliquamente, com um rosto jovem e bonito nublado por uma Dor Profunda – ele também está pálido e parece ter envelhecido em poucas horas. Apenas os longos cabelos loiros, um pouco mais claros que os de JESUS, permanecem inalterados e brilham com reflexos dourados suaves e bem cuidados.
Diante de mim, porém, vejo JESUS, com as contusões e feridas totalmente expostas e o rosto já marcado pela aproximação da morte, completamente desfigurado, em comparação com o que era antes da Paixão.
Noto que A Cruz está muito alta.
Os pés de JESUS estão pelo menos dois metros acima do solo.
Eu não vejo mais nada. Parece ser o ponto em que JESUS confiou João à sua Mãe.
Já é noite E NOSSO AMADO SENHOR JESUS DIZ:
“Vocês viram como custa ser Salvador."
Você viu isso em Mim e em Maria Minha Mãe. Você conheceu todos os nossos Tormentos e viu A Generosidade, O Heroísmo, A Paciência, A Mansidão, A Constância e A Coragem com que os suportamos por Caridade para Salvá-lo.
👉“Todos aqueles que o desejam, que pedem ao Senhor DEUS que os torne "SALVADORES", devem considerar com razão que MARIA E EU SOMOS O MODELO e que essas são as Torturas a serem partilhadas para Salvar."
👉Não haverá Cruz, Espinhos, Pregos e Flagelos materiais. Haverá outros, de outro tipo e natureza. Mas igualmente doloroso e desgastante. E é somente consumando O Sacrifício em meio a essas dores que as pessoas podem se tornar Salvadoras.
“É uma missão austera. O mais austera de todas." Aquele comparado ao qual a vida de um Monge ou Freira com a regra mais severa é um Canteiro de flores em contraste com um monte de espinhos. Pois esta não é a regra de uma Ordem humana, mas a Regra de um Sacerdócio, de uma profissão monástica, da qual SOU Fundador - EU que Consagro e recebo em Minha Regra, em Minha Ordem, os escolhidos por isso e vesti-los com MEU Hábito: Dor total, até O Sacrifício.
👉“Você viu MEUS Sofrimentos." Eles tinham como objetivo reparar seus pecados. Nenhuma parte do meu corpo foi excluída deles, pois nada no homem está livre de pecados e todas as partes do seu eu físico e moral - aquele eu que DEUS lhe deu com A Perfeição de uma obra divina e que você degradou com o Pecado do Primeiro pai e com suas tendências para O Mal, com sua vontade perversa – são instrumentos que você utiliza para cometer pecado.
“Mas EU Vim para cancelar os efeitos do Pecado com MEU Sangue e Minha Dor, lavando neles cada parte física e moral de vocês, para limpá-los e fortalecê-los contra tendências pecaminosas."
👉“Minhas Mãos foram feridas e presas, depois de terem se cansado de carregar A Cruz, para reparar todos os Crimes cometidos PELA MÃO DO HOMEM. Desde os crimes reais de guiar e empunhar arma contra um irmão – transformando-os em Caim – até os de Roubar, Escrever Falsas Acusações, praticar atos que vão contra O Respeito ao seu corpo e ao dos outros, e ficar Ociosos numa Preguiça que é terreno Fértil pelos seus vícios.
Pelas tuas liberdades ilícitas no uso das tuas Mãos fizeste com que AS MINHAS fossem Crucificadas, pregando-as na madeira, privando-as de todos os movimentos manifestamente lícitos e necessários.
🥲“Os Pés do teu Salvador, depois de Cansados e Cortados nas pedras do Caminho da Minha Paixão, foram Perfurados e imobilizados para reparar todo O Mal que fazes com os teus pés, transformando-os em meios para ires aos teus Crimes, Roubos, e atos de Fornicação."
Marquei as Ruas, Praças, Casas e Escadas de Jerusalém para Purificar todas as ruas, praças, escadas e casas da terra de todo o mal que aparece sobre elas e dentro delas, Semeado nos Séculos passados e nos Séculos vindouros por sua vontade perversa obedecendo à instigação de Satanás.
👉“Minha Carne foi Manchada, Machucada e Dilacerada para punir em MIM todo O Culto exagerado, A idolatria que você demonstra para com sua carne e aqueles que você ama por capricho sensual ou mesmo por afeto, o que em si não é repreensível, mas que você o faz amando um pai, um cônjuge, um filho ou um irmão mais do que Ama A DEUS.
NÃO.
Acima de todo Amor e Vínculo terreno, existe — deve Haver — AMOR PELO SENHOR SEU DEUS. Nenhuma outra afeição, absolutamente nenhuma, deveria ser Superior A ESTA. Ame seus entes queridos em DEUS, NÃO ACIMA DE DEUS. AME A DEUS COM TODO O SEU SER. Isto não absorverá o seu Amor a ponto de torná-lo indiferente aos parentes, mas, antes, alimentará O Seu Amor por eles com O Carinho vindo DE DEUS, pois quem Ama A DEUS POSSUI DEUS EM SI E AO POSSUIR DEUS POSSUI A PERFEIÇÃO.
JESUS CADERNO [02] MARIA VALTORTA.
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pluravictor · 2 years
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poeta d'Odemira, artista e tudo
A Joana vem buscar-nos pelas 10h30. O seu furgão VW Transporter, verde e bem usado, respira no espartano e largo interior uma vida larga e solta entre pradarias e montes, curvas e planícies de pó. Os colchões extra servem de assento à sobrelotação desta breve viagem com destino a Monte Gavião, onde mora a tão afamada Dona Odete.
Num instante saímos do asfalto para caminhos de terra e pedra onde qualquer carro citadino morreria ao primeiro metro percorrido. Entre pinheiros e eucaliptos de maturidade variada, no sobe e desce, curva e contracurva, entre referências desaparecidas e outras que a Joana tenta recordar, ao fim de meros quinze minutos de talvez 3 km trilhados, chegamos ao vale encantado. Sim, o lado bucólico imediatamente invade o grupo. É difícil resistir à beleza deste pequeno monte encartado entre cerros circundantes. No sopé das verdejantes encostas desta primavera inicial um rebanho de ovelhas está para lá da vedação poucos metros à nossa direita. Do lado oposto, uma levada abre-se para um tanque onde a água se esconde pelo portal construído como uma pequena edificação e na parede branca sulca um poema manuscrito:
... 
vão cantando alegremente à sombra dos vossos ninhos onde alegria há-de haver. Não chorem não, passarinhos,  um dia quando eu morrer.             Maria
Um pouco acima à esquerda, uma habitação caiada e térrea domina qual castelo altaneiro. Ouvem-se cães ladrando no aviso duplo de alerta e interrogação, e rapidamente dois pequenos rafeiros (de nomes Passarinho e Fred, saberemos pouco depois) nos surgem pelo caminho que de lá desce, para rapidamente humanos e canídeos sucumbirem em encanto mútuo. Da mesma curva surge a senhora Maria Odete, em passo leve e decidido avançando para o abraço afectuoso à Joana. Ambas agora mais próximas de nós, vislumbramos uma senhora bonita de idade enganosa e sorriso inteiro, talvez estatura 1,65m, cabelos grisalhos lisos em rabo de cavalo preso por cordel preto, vestida em traje de trabalho de avental cinzento sobre camisolas de gola alta e saia comprida alargando-se até aos pés. No seu rosto aberto, a expressividade de sol e vida em cada suave ruga lavrada inspira um albergue de histórias. Apresentamo-nos um a um. Os seus olhos castanho-vivos recebem-nos tanto quanto as suas formosas palavras hospitaleiras.
— — — Maria Odete, ou apenas Odete, como por vezes Joana a chama, rapidamente nos fala do que faz. Especialmente enquanto artista. "Sabem o que é uma cepa de urze?", pergunta-nos. Alguns sim, outros não. Mostra-nos as cepas nas quais esculpe formas tentando escapar ao "ângulo fácil" (como é o caso da tartaruga aqui exposta) e descortinar no olhar mais desafiante as originais figuras animais e humanas que veremos no interior do adjacente casebre, recuperado para reunir um acervo etnográfico. Porém, o material necessita de preparo prévio, uma hibernação na água entre meses e anos, para que "o ar se solte" e se faça mais resistente ao trabalhá-la. Os troços de outrora vida vegetal, nas torções dinâmicas e sugestivas, tomam pelas suas mãos e arte uma nova vida iconográfica.
Dois homens mais novos, porventura na casa dos cinquenta, surgem alternadamente. O primeiro, boina colocada para afugentar insolações, fala com Odete sobre os afazeres do monte. O segundo, cabeça calva descoberta, aparece no lado oposto, braços estendidos para trás puxando um carrinho de mão vazio. Ambos rapidamente continuam para as suas tarefas.
Maria Odete abre-nos o espaço expositivo. Após a entrada, à esquerda um grande armário acolhe peças diversas, entre objectos recolhidos e um vaso da sua autoria. À direita, duas figuras de vestimentas rurais e rostos em cerâmica feitos por si a partir das fisionomias dos seus pais, recebem-nos ladeando um engenho para produzir azeite. Várias são as esculturas em cepa de urze que por aqui se exibem (principalmente aves). Faz também peças em cerâmica (tem um forno), experiências com vidro (contorcendo no calor imenso do forno as formas de garrafas de vinho ou cerveja), e lê-nos mais poemas seus escritos pela própria mão em tantos outros materiais diferentes (azulejos, sacas de batata, etc.). 
Em duas paredes estão emoldurados poemas, cartas e também documentos referentes ao trabalho do trigo. Num, datado “Gavião 28 Fevereiro 67”, o pai António assina como “industrial” em Notas de Laboração do Trigo listando nomes de vinte quatro produtores o respectivo Registo do movimento de entradas de trigo e saídas de farinha de cada um nesta “trocas à vista”.
Maria Odete mostra-nos três blocos de adobe que encontrou no terreno, provavelmente feitos pelo seu pai, sujeitos em breve a um qualquer desígnio artístico seu. A minha curiosidade volta-se para ornamentadas tiras de papel de seda branco que pendem de uma forma circular abraçada por uma coroa de flores brancas e botão amarelo. Este objecto é chamado função, esclarece-me. É uma recriação feita para um evento do grupo etnográfico evocando as antigas festas de casamento. Outrora, enquanto os familiares ofereciam as comidas quentes, a função correspondia à oferta dos convidados onde nestes recipientes se transportavam os doces para a boda. Trabalho colaborativo e peça de encomenda, o objecto com refinados recortes estéticos simbolizaria, na celebração do matrimónio, reciprocidade e solidariedade da comunidade.
Como tem sido a questão da água, perguntamos. "O tempo sempre foi assim" de seca, diz-nos. Já no tempo do seu pai tinham de cuidar muito bem da quantidade de água a usar e guardar. As alterações climáticas não são necessariamente perceptíveis nos quotidianos das gentes, as adversidades e as diversas formas de escassez de água são história comum e recorrente. Lembra-se que o acesso e disponibilidade da água, ali no seu monte e habitações em redor, começou a escassear tanto que foi necessário fazer um açude, para lá de uns cerros mais adiante, de modo a encaminhar a água por levadas e assim abastecer a zona. Especialmente o tanque que vimos na entrada e onde os cepas se preparam submersos. Há aqui seguramente mais conteúdo a saber da sua parte. Curiosamente para nós, a sua filha formou-se em ciências ambientais.
— — — Surpreende a sua desenvoltura no discurso. Estaríamos nós à espera de pausada pronúncia alentejana, e de uma velha senhora, amorosa sempre, cuja calma e lentidão corresponderia a todo o imaginário estereotipado de nativo. Nada mais falso. O léxico dela é rico (teve muito boa escolaridade e continuados hábitos de leitura embora agora menos que desejaria), conseguindo nunca repetir palavras, numa frase ou dupla de frases, habilmente substituídas por substantivos ou adjectivos sinónimos enriquecendo e esclarecendo a sua oralidade. Ignorantes somos nós; Maria Odete é muito mais que imaginávamos. Sabendo à partida que a nossa anfitriã pertencia a um grupo etnográfico, foi por demais evidente que ser dinamizadora é palavra acertada, o testemunho da sua enérgica acção participativa e preservação do património local demonstra que a senhora é um oásis de cultura e memória. 
Maria Odete diz-nos que ali vive há pouco mais de vinte anos. Na verdade, aqui nasceu, num quarto impecavelmente cuidado como todo o resto da casa onde tão amavelmente nos receberá no fim da visita. Regressou após muitos anos na "grande cidade", como nos diz. Casada com um engenheiro electrotécnico da vizinha Sabóia (agora adoentado, que a deixa por vezes preocupada), juntos com a filha pequena viveram em Póvoa de Santo Adrião.
Que idade terá? A Joana julga que Odete faça agora 75, ou seja, nasceu em 1948. Parece que tem menos 10 anos, toda a sua energia assim nos ilude. Mas ela própria admite que no cuidar dos pais e sogro, este falecido com 101 anos, a tarefa árdua e longa apenas a fortaleceu, estando pronta para qualquer coisa. Mais que pujança das gentes rurais do permanente acto de 'fazer' que se sobrepõe à constância de 'estar' do citadino, será a atitude e expectativa social na sua condição de género que lhe dita avanço.
Nas misérias extremas dos tempos antigos, conta-me Joana o seguinte, houve quem pedisse aos pais de Maria Odete que cuidassem ou mesmo ficassem com seus filhos. O pai, agricultor, era pessoa muito respeitada na zona, inventando poemas que a filha foi entretanto semeando pelo monte em quadrículas de azulejo. Não soubemos muito nesta manhã sobre a sua mãe, senhora que sabia ler. De tanto que nos relata (e muito haverá por beber), em Maria Odete o saber artístico manual e poético é acima de tudo herdado do pai.
— — — "Quem me sabe dizer o que isto é?" Ao subirmos breve ladeira para alcançarmos a entrada da desactivada escola primária, uma estrutura cónica de vimes entrançados e coberto de folhagem aparenta ser guarda de algo. "É um galinheiro", esclarece-nos por fim. Extraordinariamente inventivo e eficiente, os materiais naturais fornecem solidez e resistência a predadores, um acondicionamento óptimo às amplitudes térmicas, um interior cujos pilares são igualmente poleiros, e com dois acessos dissimulados (uma para as galinhas saírem e entrarem, outra no lado oposto para mão humana alcançar os ovos).
Cedida pelo município para albergar outros aspectos etnográficos da região, a escola de instrução primária construída após a barragem teve seus últimos alunos lá para 1988 ou 1989, um menino português e dois estrangeiros, já ilustrativo das várias formas de alteração demográfica do sítio. Castanhos balcões e armários de madeira, provenientes de uma antiga loja de Santa Clara, recebem-nos à entrada. Nenhum espaço está por preencher, em cada oportunidade encontramos objectos vários de décadas recentes e mais afastadas, algumas ainda de minha ou nossa memória. Na antiga sala de aula, junto à grande ardósia de parede, a clássica mesa (carteira) de aluno ostenta um menino de rosto cerâmico e cujas vestes evocam passado e aprendizagens. Maria Odete mostra-nos uma caixa de giz de várias cores, pertença desta escola, onde encontrou um pequeno esqueleto de ave e a inspirou na altura a novos versos (que nos leu) sobre um passarinho que apesar do ruído dos meninos ali teve necessidade de regressar. Noutro canto, uma manta de retalhos coloriza sobre uma cama de ferro. Mapas e palavras cobrem as paredes.
—— A etapa final da visita leva-nos à sua casa. Peças artísticas decoram os espaços livres em redor e nas franjas das fachadas. A taipa e o adobe destas casas adossadas está coberta pela cal branca que se abre ante o verde-floresta envolvente e o azul-céu que nos cobre. Um breve pátio se faz alpendre acolhedor nas traves das latadas ainda sem folha, filtrando o sol que projecta nas paredes formas e sombras que replicam a natureza do lugar. Estas paredes são rematadas na base por faixa amarela, sendo as portas e janelas e suas molduras brilhantes no azul forte que nos beija. Um peixe de grandes dimensões ganha vida na cortiça recortada pousando sobre o longo assento de pedra acompanhada de almofadas bordadas com figuras de animais em cores esbatidas pelas horas exteriores da luz. Maria Odete convida-nos a entrar. A sala, em impecável distribuição de cadeiras, sofás, mesas e outras formas, desdobra-se ante uma mesa larga, abrindo-se perpendicularmente a outras divisões mais, seja desta habitação ou de outras hoje interligadas pelo interior. Há muitos anos, mais de uma dezena de pessoas dormiam numa divisão só. Mais peças suas se expõem, retratos a carvão dos seus pais e de si, as primeiras que fez há muitas décadas, e o rosto de Jesus num quarto a cuja cama se acoplou na cabeça e pés enormes rodas de carroça. Telefonia alemã de dimensão considerável e uma grafonola à espera de arranjo encontram aqui seu pouso firme. Carteiras de couro antigas mostram-se sobre uma mesa baixa. Uma viola campaniça feita por um pastor encima o arco da cozinha. Maria Odete sorri ainda mais ao dizer-nos dos netos que se deliciam em brincadeiras na quase miniatura dos objectos caseiros noutra cozinha com antiga lareira larga onde comida e gente se juntavam.
No fim, somos deliciosamente surpreendidos por mais um gesto seu. Um bolo de mel rectangular, que fabulosamente reparte em golpes diagonais, é aconchego ao cálice de medronho caseiro brindado em uníssono. 
— — — A hora convencionada para almoço está quase no fim, e apenas agora nos retiramos. Na despedida, a senhora acompanha-nos até o carro. O sol mantém bravura de meio-dia embora nestes dias de Março nos toca como carícia. À sombra da azinheira, voltamos a mirar as ovelhas. A maioria do rebanho está além de um barranco, do lado de cá está a mais velha, diz-nos, como quem não consegue juntar-se às irmãs, interpreto. "Ó'velhinhas!" num quase cantado tom agudo Maria Odete as chama. De imediato um coro das velhas clama resposta, virando a marcha na nossa direcção. A mais velha é a primeira a chegar junto à vedação, balindo em voz rouca de forma tão ou mais frequente que as restantes. Maria Odete reconhece-as quase todas, seja pelo andar ou pelo corpo, muitas delas têm nome próprio. Apenas vende os borregos para ajudar no orçamento da casa, a lã das mais velhas é garantia de outro rendimento.
Em quase três horas muita foi a informação recebida (e não registada aqui), e uma experiência encantada. O fascínio por Maria Odete cresceu em todo o grupo, como se cada um por ela se tivesse apaixonado. Seja pela sua genuína simpatia, o seu trabalho artístico, a valorização etnográfica, e o muito que poderá ensinar-nos sobre os usos da água por estas cercanias. 
Só após escrever este texto, e de modo a não condicionar o registo, pesquisei na internet sobre a senhora. Além de dinamizadora do Grupo Etnográfico Gentes do Alto Mira (ver link), pertence também ao CACO - Associação de Artesãos do Concelho de Odemira. E em 2015, participou no projecto A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria (ver link). Parafraseando o irreverente Almada Negreiros, Maria Odete é mesmo "poeta d'Odemira, artista e tudo".
Texto a partir do trabalho e caderno de campo Projecto de investigação 'Águas Gémeas' Santa Clara (Odemira), 15 Março 2023 — SulCo - Colectivo de Antropologia e Cultura
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gonsallesperson · 1 year
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Fontes e bebedouros
Todos tem suas garrafinhas, achatadas ou alongadas, cheias de curvas ou mais aprumadas. Algumas tem adesivos, outras são sóbrias. Os preços delas são os mais variáveis, tem pessoas que reaproveitam a garrafa da água mineral, pela bagatela de dois, dois e cinquenta. Também tem aquelas metálicas de trezentos reais, que prometem deixar sua água gelada por uma semana, ou te dar tantos eletrólitos que você se torne mais condutor do que um fio de cobre.
Mas eu sinto falta dos bebedouros. De voltar quente e vermelho do recreio correndo para chegar primeiro. De me debruçar sobre a fonte e olhar os meninos impacientes pelo rabo do olho, esperando eu sair. Quem sabe até assoprar uma água na cara da criança ofegante na minha frente e iniciar uma briga. Eu sinto falta do corpo tão agitado que parece que vai se desfazer no ar, mas na hora da água tem que ficar estático e se concentrar — olhos vidrados enquanto a boca sorve água gelada. Penso que para uma presa, beber água é um dos momentos mais estressantes, pois o predador sabe que você tem que ir ali, ficar vulnerável na frente da fonte.
Talvez um dos meus traços mais infantis é que eu não levo garrafinha para canto nenhum. Eu quero sentir toda a excitação de me dobrar em frente ao mundo. Pender a testa e beber água.
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ribacaima · 2 years
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UM GALINHEIRO EM VIADAL, CERCA DE 1960.
. Prólogo.
Até à década de cinquenta do século que findou as aldeias da Serra da Freita, viviam, pode dizer-se, com os costumes e valores do século XIX. Contudo, com o rasgar das estradas, a chegada da luz em finais de 1965, a emigração e a guerra colonial, um mundo diferente começou a emergir. Fazendo foco na freguesia de Cepelos, constata-se que, com a ligação por asfalto do Porto a Viseu, com passagem pelo sítio da Pontinha, os viajantes foram deslocados para esta via, com o abandono da milenar “estrada romana” por Manhouce e planalto da Freita.
Talvez imbuídos, primeiro, pelas ideias do Estado Novo e depois pela dinâmica do padre Correia, vêm-se instalar na Pontinha duas serrações, posto de leite, forja, alguns estabelecimentos comerciais e uma feira mensal, chamada dos 16. Esta, aí por volta de 1954.
Das casas comerciais destacavam-se a padaria, duas lojas de bebidas e bens alimentícios, chamadas de vendas, e outra de comes e bebes (1), sobretudo aos dias de feira e fins de semana. Era proprietário ou arrendatário desta António Fernandes, também dito de Matos, natural de Carvalhal do Chão, casado com a tia Lina e residente em Viadal. Era empreendedor o tio Matos, já que também negociava em madeira, vendia nas festas das aldeias, os famosos pirolitos e, mais importante de tudo, fundou um galinheiro com fins comerciais, que, julgo, terá sido o primeiro na freguesia, senão mesmo na Serra da Freita. Disseminou também a plantação de eucaliptos, árvores estas de que existiam poucos exemplares, embora de grande porte em Viadal e Vilar. Uma era da nossa família no sítio do Chão do Moinho e umas duas ou três à entrada de Vilar, antes de se chegar ao Rio. Estas duas últimas atividades – aviários e plantio de eucaliptos - vieram a revelar-se bastante rendosas nas décadas seguintes, como é sabido.
Era o tio António ainda agricultor, mas desta atividade são-lhe conhecidos poucos atributos, já que era tarefa quase exclusiva da sua esposa, a tia Lina. A esta, cabia-lhe ainda cuidar dos filhos (2), Manuel Augusto, Camilo, José e Adão.
. A localização do galinheiro.
Naquele tempo, pelos caminhos das aldeias deambulavam muitas galinhas - vigiadas pelos altaneiros galos - que passavam o tempo a depenicar aqui e acolá e a esgaravatar o chão em busca de bicharada. Por vezes, punham os ovos por ali, sobretudo onde houvesse ervas secas altas e alguns arbustos, para tristeza das donas e gáudio da garotada. Engraçado era ver os pintos atrás das mães, também a depenicar e a encherem o papo com a bicheza e até pequenos vidros. À noite, recolhiam às capoeiras, que raposas era coisa que não faltava por aquelas bandas. Viadal não fugia à regra.
Sabedor destes desmandos dos galináceos, não terá sido por acaso que o tio Matos foi erigir, cerca de 1960, o seu galinheiro fora da aldeia, na ribeira, abaixo da Bouça do Outeiro, ali onde o caminho faz uma curva, na Cavada Velha, mais ou menos a meio do trajeto que levava ao rio Caima no Pisão. Tinha então na sua residência uma chocadeira, para a reprodução dos pintos.
A estrutura em tabuado, mas com telhado, tinha uma parte para os franguitos e outra mais ampla onde estavam as poedeiras, que eram alimentadas com regularidade. Havia, porém, alturas em que o dono ou os seus familiares abriam as portas e as aves vinham depenicar cá para fora, tal como as suas congéneres do lugar. Só que, mantendo a tradição, as galinhas não conheciam as regras e descuidavam-se pondo os ovos por ali, incluindo nas cavadas (3) dos vizinhos, que fronteiras não era com elas. Como o sítio era ermo, à noite e mesmo de dia, as manhosas raposas não despegavam dali e, de quando em vez, lá ficava o proprietário sem mais uma ou duas.
Apesar de todos estes dissabores, o tio Matos lá ia ganhando para as despesas, com a venda dos ovos na feira da Gândara e a outros clientes fixos. Assim foi durante alguns anos, até que abandonado o galinheiro para ali ficou, sozinho, no meio dos eucaliptos que foram crescendo em seu redor, como é visível nas fotos ilustrativas, datadas de 2005.
.A “estória” do “desvio” dos ovos.
Como referido, quem tinha propriedades por perto se encontrava os ovos, nomeadamente a rapaziada, escusado será dizer que os traziam para casa, senão mesmo os bebiam por lá, fazendo-lhes um buraquinho de cada lado, prática muito corrente então. Conhecedor destas peripécias, por as ter ouvido contar, um neto do tio António Matos, o Marco, em cavaqueira recente com este escriba, que lhe deu conta da existência das fotos, perguntou:
“- O tio Manel também roubava os ovos ao meu avô? 
- Não era preciso, Marco. As galinhas é que eram finas – espertas - e me conheciam e aos outros vizinhos”, respondi.
Obtendo uma risada do Marco, continuei dizendo: - “Talvez não saibas, mas a cavada ao lado do galinheiro era do meu avô paterno. Logo, se lá apareciam os ovos havia que dar-lhes destino apropriado, está bom de ver. Olha que o teu pai, garanto eu, também fazia sociedade nas tainadas - patuscadas - em casa do tio Aristides, que bem conheceste. Deixa lá, vou compensar-te, mostrando-te as fotografias”.
Como o prometido é devido, aqui se deixam as fotos do primeiro galinheiro, com fins comerciais, que existiu na Serra da Freita, estou em crer.
SERAFIM SANTOS DE FUNÇÃO, OUTRO EMPREENDEDOR.
Já que o Marco gosta de saber coisas dos tempos passados do lugar de Viadal, aqui se dá nota de mais um empreendimento que existiu, pela mesma altura, ali muito perto do galinheiro, no sítio do Moinho de Carvalheda e que julgo pouco conhecido. Tem, mais uma vez, como personagem central um agricultor, comerciante e madeireiro chamado Serafim Fernandes dos Santos, meu tio materno.
Nascido em Vilar, mas casado e residente (4) em Função, à beira da estrada principal e da que leva ao santuário de Nossa Senhora do Desterro, também se dedicava à compra e venda de madeira. Acontece que, naquela altura, a estrada em Cepelos só chegava a Gatão e em Roge findava junto à sua venda em Função. Tendo adquirido madeira na margem esquerda do rio Caima, ou seja, na ribeira de Viadal, teve uma ideia genial e que pôs em prática.
Amarrado num penedo, existente na cavada do tio Américo, um pouco à frente da presa dos Toretes e abaixo da quelha do Moinho de Carvalheda, fixou um cabo em aço que transpôs para a margem direita, fixando-o, sensivelmente à mesma altura, lá em cima, junto às leiras.
Transportados os toros por carros de bois ou ao ombro, pelos homens contratados, eram depositados, junto ao embarcadouro, chamo-lhe assim. Amarrados com duas ou três cordas espaçadas, eram pendurados numas outras tantas roldanas presas ao cabo e empurrados sobre o Caima. Era fácil esta primeira fase, já que até à curvatura do cabo a carga ia embalada. Mais ou menos a meio do trajeto parava e ficava para ali a baloiçar. Pouco depois, os trabalhadores, que estavam da outra banda, acionavam um maquinismo que enrolava uma corda presa à carga e, a custo, a madeira lá chegava ao lado de Função.
Esteve algum tempo em atividade esta modalidade engenhosa de transporte de madeira entre um lado e outro das escarpas do Caima, só que um belo dia chegou a triste notícia. O cabo tinha-se partido ou mesmo sido cortado, como se ouvia dizer à boca pequena, mas de que desconheço as conclusões. Do lado de Viadal, talvez ainda por lá esteja o pedregulho com as marcas da fixação. Situava-se muito próximo da parede da cavada que foi do tio Fernandes, meu pai.
Novembro de 2022.
Tio Manel
ANOTAÇÔES
– Situava-se na estrada para Gatão, frente à escola, visível na fotografia da feira dos 16, datada, parece, de 1968. Era a terceira a contar de cima. A título de comparação, publica-se uma foto, do mesmo local, datada de 5 de Agosto de 2001. Trata-se da procissão em honra de Nossa Senhora das Neves. Foi dia de comunhão solene.
 – O Manuel Augusto, que foi madeireiro, e o Camilo já são falecidos. A ascendência materna de António Fernandes de Matos consta, muito resumidamente, nos anexos à Monografia de Viadal, texto dactilografado, da minha autoria, Genealogia dos Fernandes. Era irmão de Manuel e do saudoso Sr Adão Tavares, agricultor, cantador e poeta popular, que viveu em Carvalhal do Chão.
 - Courelas de pastagem de gado e obtenção de lenha, delimitadas por parede/muro de fácil transposição.
- A casa em granito ainda lá está. Aqui viveram os seus filhos, nomeadamente o saudoso António, que também se dedicou à compra e venda de madeira, entre outras atividades. A ascendência de Serafim dos Santos pode ser consultada num trabalho, por mim redigido, intitulado O Tabelião da Serra.
FOTOS: - Galinheiro, Feira dos 16 em Cepelos, Procissão na Pontinha, bem como do Marco e tio Manel.
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Galinheiro em Viadal na Cavada Velha
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Galinheiro, visto de outro ângulo.
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Galinheiro, mais uma foto. Ano de 2005.
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Bouça do Outeiro. Ano de 2005.
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Feira dos 16 na Pontinha, Cepelos. Cerca de 1968.
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Procissão na Pontinha. Ano de 2001.
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Marco e tio Manel em dia de confraternização. Ano de 2022.
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Ver acima publicidade ao estabelecimento de Serafim Santos de Função, em finais da década de 40 do século que findou. (in, A. Martins Ferreira - Vale de Cambra).
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inutilidadeaflorada · 2 years
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Versículos e Verborragias
O pós morte não suporta o peso da tua escrita Escorre fábula e vaidade da tua verdade Me esculpi para fora do teu corpo híbrido Meio mito, meio vitral, meio profano Meu tumulto desencarna-me em lugares sagrados Construídos junto a dobra de minha pele Nas curvas dos meus caninos cravados em teus lábios Há uma catedral que jura, há uma oração que cobiça a fome Por dentro das tuas cores, confabulando entregas Manipulando o tempo, as comunhões e os entraves O intervalo que cresce entre nós e se expande Fala cara a cara com a morte sem corteja-la E me parece que está carecendo de vigor Deteriora-se no vício, eu roubo teu viço Enterro-o dentro do meu jardim de flores de sal Ri de mim mesmo, ao construir novas simpatias Inventa-me para fora do que me clamas O segredo corrói todas as paredes da tua casa, meu bem E nenhum de nós está solvendo no carnaval Apenas sorrisos e interpretamos alegorias frágeis no teatro Eu faço o que precisar para iludir previsões Meu ego, eu guardo do lado direito do fígado Inchado e ferido, curva-se ao interrogatório Entretanto, dotado de malícia, enxerta mentiras leves Todo diálogo é uma valsa, toda sorte é uma vela Apesar do teu perfume, eu pontuo tuas dozes misérias A película toma conta da tua pele e me ofende: Tuas tempestades diárias não serão mais uma virtude Quantos testadores de centavos precisas? Meu pesadelo era trocar carícias com desconhecidas Enquanto eu amasse por cinquenta elas me dissecariam em quinze Atribuindo-me enfermidades corrompidas de reflexos
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jonghagms · 3 years
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ain’t leaving now
with @gmscassiel
jongha se impressiona, a princípio, mas a surpresa não se transforma no mesmo pânico que assola a maioria dos demais; quando a performance toda começa, seu instinto natural é se render alguns passos para trás, mas assim que bate a percepção de que aquilo vai além do teatral, a atenção e a curiosidade não o deixam arredar o pé. em simultâneo, jongha passa os olhos pela multidão só para checar se qinyun está à vista (ele não está). a breve preocupação logo se dissipa, de qualquer forma, já que a coisa toda não parece colocar ninguém em perigo.
as mãos imitam a de todos ali assim que jongha sente o celular vibrar contra a perna em meio aos outros pelo menos cinquenta ao seu redor, reproduzindo uma sinfonia desconjunta da mais variada lista de toques polifônicos. fica fácil entender que o conteúdo que jongha processa na telinha é o mesmo que coloca em choque e planta uma enxurrada de dúvidas em quase todo mundo ao seu redor.
seja como for, ou o que quer que aquilo signifique, qualquer linha de pensamento que jongha tente construir ganha uma curva assim que ele vira as costas, depois de alguns passos. ele poderia muito bem tentar adivinhar quem é que ele vê caindo poucos metros à sua frente no meio da muvuca que ainda tem lugar, e que aparentemente não consegue mais levantar, o restante ocupado demais com as próprias paranoias para dedicar atenção. mas ele só conhece uma pessoa com aqueles cabelos.
“ei. ei,” jongha pronuncia devagar, com um cuidado que não é usualmente seu, uma das mãos em um joelho enquanto a outra se estende a cassiel. “você consegue levantar?”
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callie-s-callaway · 5 years
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Dizer que Callaway estava extravagante era quase um eufemismo naquela noite. Seu vestido podia ser da coloração que pedia o convite, ainda que fosse de um corte maravilhoso que se ajustava às curvas do corpo, mas a máscara e os sapatos encrustados de joias chamavam atenção. E era assim que devia estar, chamativa, atraente. Não para o próprio ego, nem para alguém de seu interesse. Tentava não pensar no desfecho de noites atrás no quarto do general, que agora se repetia na mente. Ela havia, então, atingido um grande calo, provocado o homem ao extremo. Feito com que finalmente se cansasse e colocasse um fim em tudo aquilo. Com um olhar mais analítico, podiam dizer que ela havia feito de propósito. Para provar a si mesma o quanto os seus sentimentos acerca de si mesma naquele dia estavam certos, o quanto a visão do pai podia de fato estar correta. Mas não era tempo de pensar sobre aquilo, não mais. Alec não queria falar consigo, e ela não tinha tempo para sequer saber como se sentia quanto àquilo. O que ele era para si afinal? Nada, oras. Uma espécie de bootycall. Os ombros erguidos em uma postura impecável vacilaram ao se deparar com o homem que precisaria convencer. O ministro da Rússia devia ter seus cinquenta e poucos anos, e sinceramente, parecia um completo imbecil. Tomou seu rumo até ele, e enquanto caminhava, avistou @dvville​ próximo a uma das saídas de emergência. Ah, ele estava ridiculamente lindo. E nem vestia-se socialmente como a maioria dos caras ali. Fardado, como sempre, carregando o que ela pensou ser uma arma. Não se atreveu a olhar duas vezes, não havia tempo para distração alguma. Com um sorriso nos lábios grossos, e o já treinado olhar malicioso, Callaway se aproximou do político estrangeiro, iniciando uma conversa recheada de falsos sorrisos e flertes. 
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criaturadoalem · 4 years
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A Festa dos Três Dias da Escritura do Livro da Lei
CAPÍTULO I
I:1. Had! A manifestação de Nuit.
I:2. O desvelar da companhia do céu.
I:3. Todo homem e toda mulher é uma estrela.
I:4. Todo número é infinito; não h�� diferença.
I:5. Ajude-me, ó guerreiro senhor de Tebas, em meu desvelar diante das Crianças dos homens!
I:6. Sê tu Hadit, meu centro secreto, meu coração & minha língua!
I:7. Vê! é revelado por Aiwass o ministro de Hoor-paar-kraat.
I:8. O Khabs está no Khu, não o Khu no Khabs.
I:9. Venerai então ao Khabs, e vede minha luz que irradia sobre vós!
I:10. Que meus servidores sejam poucos & secretos: eles regerão os muitos & os conhecidos.
I:11. Estes são tolos que os homens adoram; ambos seus Deuses & seus homens são tolos.
I:12. Aparecei, ó crianças, sob as estrelas, & saciem-se de amor!
I:13. Eu estou sobre vós e em vós. Meu êxtase está no vosso. Meu prazer é ver vosso prazer.
I:14. Acima, o gemado azul é O despido esplendor de Nuit; Ela se curva em êxtase para beijar Os secretos ardores de Hadit. O globo alado, o estrelado azul São meus, Ó Ankh-af-na-khonsu!
I:15. Agora vós sabereis que o sacerdote & apóstolo eleito do infinito espaço é o sacerdote-príncipe a Besta; e em sua mulher chamada a Mulher Escarlate está todo o poder dado. Eles reunirão minhas crianças em seu cercado: eles trarão a glória das estrelas para os corações dos homens.
I:16. Pois ele é sempre um sol, e ela uma lua. Mas para ele é a secreta chama alada, e para ela a descendente luz estrelar.
I:17. Mas vós não sois assim escolhidos.
I:18. Queimai sobre suas testas, ó serpente esplendorosa!
I:19. Ó mulher de pálpebras azuis, curva-te sobre eles!
I:20. A chave dos rituais está na palavra secreta que eu dei a ele.
I:21. Com o Deus & o Adorador eu nada sou: eles não me veem. Eles são como sobre a terra; Eu sou Céu, e não há outro Deus além de mim, e meu senhor Hadit.
I:22. Agora, portanto, eu sou conhecida por vós pelo meu nome Nuit, e dele por um nome secreto que eu lhe darei quando enfim ele me conhecer. Uma vez que eu sou Infinito Espaço, e as Infinitas Estrelas dali, também fazei vós assim. Nada ateis! Que não haja diferença feita por vós entre uma coisa & qualquer outra coisa; pois daí vem sofrimento.
I:23. Mas aquele que se aproveitar disso, que ele seja o chefe de tudo!
I:24. Eu sou Nuit, e minha palavra é seis e cinquenta.
I:25. Dividi, somai, multiplicai e compreendei.
I:26. Então diz o profeta e escravo da bela: Quem sou eu, e qual será o sinal? Então ela lhe respondeu, curvando-se, uma cintilante chama de azul, tudo tocante, tudo penetrante, suas amáveis mãos sobre a terra negra, & seu corpo flexível arqueado para o amor, e seus pés macios sem machucar as pequenas flores: Tu sabes! E o sinal será meu êxtase, a consciência da continuidade da existência, a onipresença de meu corpo.
I:27. Então o sacerdote respondeu & disse à Rainha do Espaço, beijando suas amáveis sobrancelhas, e o orvalho de sua luz banhando o corpo dele inteiro em um doce perfume de suor: Ó Nuit, contínua do Céu, que seja sempre assim; que os homens não falem de Ti como Uma mas como Nenhuma, e que eles não falem de ti de modo algum, uma vez que tu és contínua!
I:28. Nenhuma, respirou a luz, tênue & encantadora, das estrelas, e dois.
I:29. Pois eu estou dividida em nome do amor, pela chance de união.
I:30. Esta é a criação do mundo, que a dor da divisão é como nada, e o prazer da dissolução tudo.
I:31. Por estes tolos dos homens e suas dores não te importes de modo algum! Eles pouco sentem; o que é, é equilibrado por débeis prazeres; mas vós sois meus escolhidos.
I:32. Obedecei meu profeta! persegui os ordálios do meu conhecimento! buscai-me apenas! Então os prazeres do meu amor vos redimirão de toda dor. Isto é assim: eu juro pela abóbada do meu corpo; pelo meu coração e língua sagrados; por tudo que eu posso dar, por tudo que eu desejo de vós todos.
I:33. Então o sacerdote caiu num profundo transe ou desmaio, & disse a Rainha do Céu; Escreve para nós os ordálios; escreve para nós os rituais; escreva para nós a lei!
I:34. Mas ela disse: os ordálios eu não escrevo: os rituais serão metade conhecidos e metade escondidos: a Lei é para todos.
I:35. Isto que tu escreves é o triplo livro da Lei.
I:36. Meu escriba Ankh-af-na-khonsu, o sacerdote dos príncipes, não mudará em uma letra este livro; mas para que não haja tolice, ele comentará em seguida pela sabedoria de Ra-Hoor-Khuit.
I:37. Também os mantras e os encantamentos; o obeah e o wanga; o trabalho da baqueta e o trabalho da espada; estes ele aprenderá e ensinará.
I:38. Ele deve ensinar; mas ele pode fazer severos os ordálios.
I:39. A palavra da Lei é Θελημα.
I:40. Quem nos chama Thelemitas não errará, se ele olhar bem perto na palavra. Pois nela há Três Graus, o Eremita, e o Amante, e o homem da Terra. Faze a tua vontade há de ser o todo da Lei.
I:41. A palavra de Pecado é Restrição. Ó homem! não recuses tua esposa, se ela quer! Ó amante, se tu queres, parte! Não há laço que possa unir os divididos a não ser o amor: todo o resto é blasfêmia. Maldito! Maldito seja para os æons! Inferno!
I:42. Deixe estar aquele estado de multiplicidade atado e repugnante. Assim com tudo teu; tu não tens direito a não ser fazer tua vontade.
I:43. Faze isto, e nenhum outro dirá não.
I:44. Pois vontade pura, desembaraçada de propósito, livre do desejo de resultado, é toda a via perfeita.
I:45. O Perfeito e o Perfeito são um Perfeito e não dois; não, são nenhum!
I:46. Nada é uma chave secreta dessa lei. Sessenta e um os Judeus a chamam; eu a chamo oito, oitenta, quatrocentos & dezoito.
I:47. Mas eles têm a metade: una por tua arte para que tudo desapareça.
I:48. Meu profeta é um tolo com seu um, um, um; não são eles o Boi, e nenhum pelo Livro?
I:49. Ab-rogados estão todos os rituais, todos os ordálios, todas as palavras e sinais. Ra-Hoor-Khuit tomou seu assento ao Leste no Equinócio dos Deuses; e que Asar fique com Isa, que também são um. Mas eles não são de mim. Que Asar seja o adorador, Isa o sofredor, Hoor em seu nome secreto e esplendor é o Senhor iniciado.
I:50. Há uma palavra a dizer sobre a tarefa Hierofântica. Veja! há três ordálios em um, e pode ser dado de três modos. O bruto deve passar por fogo; que o fino seja testado no intelecto, e os altivos escolhidos no mais alto. Desta forma vós tendes estrela & estrela, sistema & sistema; que um não conheça bem o outro!
I:51. Há quatro portões para um palácio; o chão do palácio é de prata e ouro; lapis lazuli & jaspe estão lá; e todas as essências raras; jasmim & rosa, e os emblemas da morte. Que ele entre sucessiva ou simultaneamente pelos quatro portões; que ele fique de pé sobre o chão do palácio. Não irá ele cair? Amn. Ei! guerreiro, se teu servo cair? Mas há meios e meios. Sejai vistosos portanto: vesti vós todos em fino vestuário; comei comidas caras e bebei doces vinhos e vinhos que espumam! Também, tomai vossa fartura e vontade de amor como vós quiserdes, quando, onde e com quem vós quiserdes! Mas sempre a me.
I:52. Se isto não estiver corretamente; se vós confundirdes as demarcações, dizendo: Elas são uma; ou dizendo, Elas são muitas; se o ritual não for sempre a me: então aguardai os terríveis julgamentos de Ra-Hoor-Khuit!
I:53. Isto regenerará o mundo, o mundinho minha irmã, meu coração & minha língua, a quem eu mando este beijo. Também, ó escriba e profeta, embora tu sejas dos príncipes, isto não lhe satisfaz nem te absolve. Mas êxtase seja teu e a alegria da terra: sempre A me! A me!
I:54. Não mudes sequer o estilo de uma letra; pois vê! tu, ó profeta, não contemplarás todos estes mistérios aqui escondidos.
I:55. A criança de tuas entranhas, ela os contemplará.
I:56. Não o espere do Leste, nem do Oeste; pois de nenhuma casa esperada vem esta criança . Aum! Todas as palavras são sagradas e todos os profetas verdadeiros; salvo apenas que eles entendem um pouco; resolvem a primeira metade da equação, deixam a segunda intocada. Mas tu tens tudo na luz clara, e alguns, embora não todos, no escuro.
I:57. Invoque-me sob minhas estrelas! Amor é a lei, amor sob vontade. Que nem os tolos confundam o amor; pois há amor e amor. Há a pomba, e há a serpente. Escolhei vós bem! Ele, meu profeta escolheu, conhecendo a lei da fortaleza, e o grande mistério da Casa de Deus. Todas essas velhas letras do meu Livro estão corretas; mas Tzaddi não é a Estrela. Isto também é secreto: meu profeta o revelará aos sábios.
I:58. Eu dou alegrias inimagináveis na terra: certeza, não fé, enquanto em vida, sobre a morte; paz indizível, descanso, êxtase; nem eu exijo nada em sacrifício.
I:59. Meu incenso é de madeiras resinosas & gomas; e não há sangue lá: por causa de meu cabelo as árvores da Eternidade.
I:60. Meu número é 11, como todos os números deles que são de nós. A Estrela de Cinco Pontas, com um Círculo no Meio, & o círculo é Vermelho. Minha cor é preta para o cego, mas azul & ouro são vistos pelos videntes. Também eu tenho uma glória secreta para aqueles que me amam.
I:61. Mas amar-me é melhor que todas as coisas: se sob as estrelas noturnas no deserto tu presentemente queimas meu incenso diante mim, invocando-me com um coração puro, e a chama da Serpente ali dentro, tu virás um pouco recostar-te em meu seio. Por um beijo tu quererás então dar tudo; mas aquele que der uma partícula de pó tudo perderá naquela hora. Vós reunireis bens e quantidades de mulheres e especiarias; vós usareis ricas joias; vós excedereis as nações da terra em esplendor & orgulho; mas sempre no meu amor, e então vós vireis à minha alegria. Eu vos exorto seriamente a que venhas diante de mim em um único robe, e coberto com uma rica tiara. Eu te amo! Eu te desejo! Pálido ou púrpura, velado ou voluptuoso, eu que sou todo prazer e púrpura, e embriaguez do sentido mais íntimo, te desejo. Ponha as asas, e desperte o esplendor serpentino dentro de vós: vinde a mim!
I:62. Em todos os meus encontros convosco a sacerdotisa dirá - e seus olhos queimarão de desejo enquanto ela permanece nua e regozijando em meu templo secreto - A me! A me! expandindo a chama dos corações de todos em seu cântico de amor.
I:63. Cante a arrebatadora canção de amor a me! Queime perfumes a me! Use joias a me! Beba a me, porque eu te amo! Eu te amo!
I:64. Eu sou a filha de pálpebras azuis do Crepúsculo; Eu sou o brilho nu do voluptuoso céu noturno.
I:65. A me! A me!
I:66. A Manifestação de Nuit está no fim.
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girassoisliricos · 5 years
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A linha de partida, que nunca se parte, por onde partimos, que de tão apaixonados pouco se vira da linha que se criara no ato mais bonito da entrega. Não há linha alguma que impeça a gente de ser um enquanto dois que não mais se tocam. Não da mesma forma. A gente se desintegra um pouquinho, cinquenta e duas vezes para ser mais exata, até que não morre. É preciso muita coragem para entender que para além de acontecimentos lineares, existimos sobre as mesmas linhas que tecem o universo: somos a curva cuja o tempo não toca.
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paulomarr · 5 years
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Pela Rua
Andando pela rua uma menina me olhou com seus olhos grandes e indiferentes e sua chupeta calmante. Dei um sorriso e segui em frente. Um jovem me chama de tio para pedir informação. E eu sem entender me senti um ancião Dei um sorriso e segui em frente. Uma morena passa de short curto mostrando curvas que antes ficavam escondidas. Um velho olha e quase é atropelado e eu descubro que bunda causa atropelamento. Dei um sorriso e segui em frente. No mercado o caixa me cobra cinco centavos de sua conta errada que era ele que me devia cinquenta centavos. Dei um sorriso e segui em frente. O celular tocou e eu atendi e uma atendente me cobrou uma dívida e eu lhe disse para cobrar em Brasília. Dei um sorriso e segui em frente. Quando em casa eu cheguei Eu sorri e me esparramei.
Paulo Marcos
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aloneinstitute · 2 years
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Na manhã de 13 de setembro de 1982, a princesa Grace de Mônaco e sua filha, Stéphanie, pegavam a estrada de Roc Angel para Mônaco. Ela encheu seu Rover 3500 marrom com dezenas de malas, de modo que não sobrou espaço para o chofer da família, Christian Silvestari. Naquele ano, ela vinha sofrendo com fortes dores de cabeça e o motorista estava bastante preocupado em deixá-la dirigir sozinha. “Não é necessário”, disse Grace para o chofer, insistindo ela própria em conduzir o automóvel.
O caminho, por sua vez, era bastante sinuoso. Grace e sua filha deixaram a propriedade dos Grimaldi por volta das 9h30, pegando a rodovia 53, que tinha mais de cinquenta curvas. A princesa fez as primeiras manobras sem o menor problema, mas o caminhoneiro que vinha logo atrás dela, Yves Raimondo, percebeu que numa determinada parte do trajeto o carro pareceu perder o controle e andar em zigue-zague. Enquanto dirigia, Grace sentiu uma dor aguda na cabeça e, por um período de segundos, desmaiou. Quando recuperou a consciência, estava momentaneamente desorientada e fez o veículo mudou de rota.
Sem saber ao certo o que estava fazendo, Grace pisou no acelerador em vez do freio, exatamente na direção de uma curva fechada. O carro seguiu com toda a velocidade e caiu de um despenhadeiro. Stéphanie conseguiu sair ilesa, mas não sua mãe. Segundo o laudo da perícia, ela teve uma leve hemorragia cerebral enquanto dirigia. Quando o carro colidiu, ela sofreu um derrame provocado pelo impacto da batida. Stéphanie conseguiu sair do carro, gritando por socorro. Duas ambulâncias apareceram.
A princesa de Mônaco fora levada para o Hospital às pressas e, após a equipe médica fazer tudo o que estava ao seu alcance, concluiu-se que ela sofrera um dano cerebral irreversível. Sua vida estava sendo mantida por aparelhos. No dia 14, a família tomou a difícil decisão de desconectar as máquinas que mantinham os pulmões e o coração de Grace funcionando. Aos 52 anos, Sua Alteza Sereníssima fora declarada morta!
#rainhastragicas #graceofmonaco #gracekelly #todayinhistory #hojenahistoria #monaco #onthisdayinhistory #grimaldi #rainieriii #princessgrace #graceprincessofmonaco #royals #realeza
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intotheroaringverse · 2 years
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MONEY x FAMILY
Avisos: quem disser que isso foi inspirado em SpyxFamily, tá mentindo certíssimo. E foi literalmente pela presepada das duas cenas, então eu não vou dar um palco ou fazer nascerem em algum lugar da árvore genealógica. É isso, apenas um surto e fica por isso. Boa leitura.
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Entrevistadora: A entrevista de hoje é sobre a colaboração de dois TikTokers que estão fazendo fortuna falando de seu lifestyle na rede. Falamos, agora, com a herdeira de metade dos artigos de luxo de New York — a outra metade pertence a sua prima mais velha. Então, Nyx, como foi para você se tornar uma das maiores influencers da sua geração? Afinal, você era uma garotinha quando foi lançada na primeira campanha da March Beauty.
Nyx C. Puckerman: Tudo começou com minha mãe, porque ela precisava de um rosto para a coleção dela para crianças, e como Annie já tinha sido o rosto da coleção de Outono/Inverno, meio que tinha chegado a minha hora de ser empurrada para cumprir a cota. As fotos foram postadas no Instagram e meu vídeo experimentando roupas no ateliê da empresa postado no TikTok, fazendo um buzz por causa do momento em que eu chegava para as pessoas e perguntava se estava fofa e quando não me respondiam nada, dava um pisão no pé alheio. Ganhei seguidores antes de trocar de dentes, então não consigo realmente calcular como foi esse momento em que me tornei influencer, acho que sempre fui.
Entrevistadora: Ser membro da família Clarington, tão conhecida no ramo empresarial, realmente deve ter sido um começo promissor, naturalmente.
Nyx: Nem tanto... Uma vez eu estava saindo com a minha mãe e ela tinha me deixado escolher o que quisesse para comprar porque eu tinha dentista mais tarde. Então eu vi um pôster de um filme que tinha amado e tentei comprar com as moedinhas que tinha achado na minha bolsinha. Minha mãe me olhou torto e disse que não podia pagar com cinquenta centavos algo de cinquenta reais. E eu comecei a chorar no meio da rua por ser uma péssima negociante, pedindo para que ela não me entregasse para o estado por não saber barganhar como ela. Eu era péssima em negócios aos 4 anos e isso sempre foi desafiante para os padrões da família.
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Entrevistadora: Bem, alguns talentos talvez sejam lapidados com o tempo. Mas acho que não é o seu caso, não é mesmo, Orion?
Orion P. Mackenzie: Tem essa coisa na minha família que você meio que já nasce lutando, ou não tem espaço para se criar. Quero dizer, se você não for empreendedor e não pensar antes dos seus colegas, facilmente vira o ponto fora da curva da família, e não estava realmente confortável com essa ideia. Então, eu tinha uma conta no Instagram desde que eu era um feto, apenas esperando pelo momento em que eu iria fazer algo digno de nota para ser publicado ali. Eu tinha seis anos quando resolvi investir em lifestyle, porque eu gostava muito de contar para as pessoas sobre a minha rotina. Então pedi para que me filmassem andando de casa até a escola e as pessoas acharam aquilo adorável e começaram a me seguir. Mesmo que eu tropeçasse, tanto nas palavras quanto nos meus próprios pés.
Entrevistadora: Mas valeu a pena, não é mesmo? Hoje você acumula milhões de visualizações no seu vídeo mais recente na rede ao lado.
Orion: Sim, valeu a pena. Soube disso no dia que saí com um coleguinha para ir ao cinema, apenas nós dois e um tutor. E então ele elogiou a minha carteira, com o monograma dos Mackenzie. E então ele perguntou o que eu carregava ali dentro. Abri a carteira e falei "dinheiro, ué", com um bom punhado de notas de cem, que eu tinha ganhado fazendo minha primeira publicidade. Pela cara dele, ficou claro que tinha ido para um rumo onde meus colegas sequer imaginavam ainda ser possível seguir.
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Vamos continuar na estrada,andar só cinquenta metros e ver o que a próxima curva traz,deixar o diabo e o empalador lá trás,meu pai me dizia que ali onde a curva iniciava uma semi reta em noites de sexta na época de quaresma aparecia um caixão no meio da estrada para atormentar os pecadores, bêbados,adúlteros, criminosos e até bocas sujas,um termo usado pelas mães aos garotos que falavam palavrão,ninguém passava alí onde tinha uma boca de caçar tatu,um lugar na mata que de tanto entrarem acabava com o mato pisado e cortado,era dali que o caixão deslizava para o meio da rua fazendo o incrédulo tremer igual vara verde,ele se abria lentamente e dava para ver uma mão sair e fazer o gesto para as pessoas se aproximarem,só de pensar me dá calafrios, todos voltavam de costas para casa e contavam o que tinha acontecido,reuniam algumas pessoas e iam conferir,mas nada tinha ali quando chegavam, coitado do assustado,ainda saia como mentiroso,só que os casos aumentaram tanto durante os anos que já virou uma lenda para os que ali moravam, até o dia que dois amigos embriagados, Zé Vitor e Gustavo se viram nessa situação,de frente com o tal caixão,diz o relato que iam para um canto e o caixão ia junto, não tinham como passar, Gustavo decidiu tomar distância e pular por cima,correu e deu um belo salto,mas o caixão se abriu e aquela mão o puxou para dentro, Zé Vitor ouviu um grito de pavor e saiu correndo do perigo e esqueceu totalmente o amigo,contou a história e veio até a polícia,nem rastro do amigo, muito menos do caixão,dias depois um corpo foi encontrado no rio,como muitas marcas e furos, desde o pescoço até a ponta dos pés, Zé Vitor foi preso por assassinato que jurava não ter cometido,foi encontrado morto na cadeia no ano seguinte no m��s da quaresma,tinha as mesmas marcas do corpo encontrado no rio quase um ano atrás, explicação ninguém tinha,só se dizia que o caixão saiu da mata e foi deslizando até a delegacia,se é verdade eu não sei dizer,mas os amigos estão juntos outra vez.
Jonas R Cezar
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mayura-chanz · 6 years
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Kagerou Daze I - in a daze - Mekakushi Code
Demorou um pouco mais do que pretendia, mas realmente precisava de um tempo para adiantar meu tcc. O bom, é que o próximo é mais curto e não demorará tanto para sair (ou assim espero).
Tradução feita a partir da tradução de Renna.
Notas:
NEET: é um termo japonês que designa um comportamento de extremo isolamento social, em que a pessoa, geralmente na faixa entre os 15-39 anos, não estuda, trabalha ou tem qualquer contato com o mundo real.
Rabanete Daikon: é um tipo de rabanete que possui casca branca.
German suplex: é um tipo de golpe de luta livre em que consiste em apertar a barriga do adversário com os dois braços, e arremessá-lo para trás, geralmente batendo com as costas ou cabeça.
Obon: Ocorre anualmente durante o verão entre julho e agosto, no Japão (dependendo da região), é como se fosse o dia de finados.
BGM: Música de fundo.
Rss: No original (inglês) estava “lol”, mas por conveniência resolvi deixar um equivalente para o nosso idioma. Eu poderia ter colocados “risos”, mas pelo contexto da mensagem optei por usar outra abreviação.
Flores de Lírio: Em japonês, yuri significa lírio, por isso existe esta confusão que Mary faz.
_____
A água escorria lentamente, seguindo as curvas do meu corpo. Eu finalmente fui capaz de tomar o banho que queria desde esta manhã, mas eu nunca teria imaginado que seria desse jeito.
Tomar banho no esconderijo de uma organização misteriosa,
depois de ter eu e meu celular encharcados de chá,
e pedindo desculpas profusamente.
Parecia ainda mais suspeito quando colocado em palavras, mas era verdade como esta situação era ainda mais estranha do que o roteiro de qualquer drama de TV.
Após terminar o banho, voltei para o quarto enquanto secava o cabelo. Os outros três olharam para mim brevemente quando entrei, mas voltaram para suas atividades anteriores logo depois.
O pêndulo do antiquado relógio de parede balançava.
Já se passava das 11:30 da manhã.
“Eu me sinto meio mal, já que você ainda me emprestou uma muda de roupa...”
“Não, não se preocupe com isso. Para começo de conversa, foi culpa de um dos nossos, de qualquer forma. Honestamente, que confusão...”
“Sim, você está certa... Haaah – ah! Não, está tudo bem! Realmente está tudo bem! Não é grande coisa!”
Embora Mary-chan tenha estado se desculpando repetidamente já há algum tempo, seus olhos começavam a lacrimejar toda vez que eu suspirava, como se estivesse prestes a chorar.
“Mas.... Mas......!”
Na mão de Mary-chan estava um saco lacrado recheado de agentes de secagem, dentro dele estava meu celular, que havia sido ensopado de chá há pouco.
Em cima da mesa limpa havia uma montanha de salgadinhos, empilhados como aperitivos, que ela abriu apenas para pegar todos os agentes de secagem.
“Eu.... Eu tenho que te reembolsar......”
“Você diz isso, mas de onde você vai tirar dinheiro, hein? Você vai vender todos os seus livros?”
Kido-san, que estava sentada preguiçosamente no sofá enquanto lia uma revista, disse bruscamente, e Mary-chan, por fim começou a chorar.
“Waaah!! Ei, e-espere um segundo, Líder!!”
“Estou apenas dizendo a verdade. Ela realmente não tem dinheiro para pagar.”
“M-Mesmo assim...... M-Mary-chan, não se preocupe com isso, ok? Vamos, não chore~”
Embora eu tentasse consola-la, ela continuava a fungar e chorar enquanto segurava o saco.
“Mas, sabe, esse não é o problema real aqui. Não será ruim se você não entrar em contato com alguém de fora em breve? Mesmo que você não explique todos os detalhes, você precisa falar para eles alguma coisa, certo?”
Kano-san forçou um encolher de ombros e disse isso com seu sorriso habitual.
“Hmm... Bem, sim, você tem razão ~...”
Era verdade que o texto que enviei anteriormente foi muito mal redigido.
Eu tinha a sensação de que isso iria virar um grande problema em breve. De fato, coisas como: “O súbito desaparecimento de uma ídolo ultra-popular!?” já estava começando a tomar forma por todos os programas de TV da tarde.
“Mesmo que você não se lembre do número do celular da sua empresária, ao menos o número da sua casa você lembra, não?”
Falando nisso, Kano-san tinha procurado o número da minha agência e tentado ligar para mim mais cedo, mas parecia que ele tinha sido colocado em espera, com pouca probabilidade de realmente se conectar com alguém.
“...... B-Bem, quanto a isso......”
“Eh......? Kisaragi-chan, não me diga que você......”
“N-Não, é só que... eu sou só ruim com números, ou bem......! M-Mas eu me lembro que se somar todos os números juntos, dão cinquenta!”
“Qual é a dessa informação inútil......”
“Uuu~......”
Desde de manhã, senti que alguém lá fora devia estar sentindo muito pela minha estupidez.
“Ahh, neste ritmo, a polícia pode se envolver, e nossa localização será descoberta~......”
“Se isto acontecer, todos nós provavelmente seremos presos sob acusação de sequestro...... Se pudéssemos fazer alguma coisa sobre o celular....”
Kido-san suspirou e olhou para Mary-chan, fazendo-a estremecer e começar a chorar ainda mais.
Embora eu achasse que a situação agora era bem séria, por alguma razão, Kido-san e Kano-san pareciam estar se divertindo, principalmente em provocar Mary.
“Já sei! Mary deve arranjar um emprego com remuneração diária e ganhar dinheiro suficiente para pagar um celular substituto!”
Kano-san sorriu, e disse isso quando colocou o punho na palma da outra mão.
“Boa ideia. Vamos ver aqui.... Ah, olha, estão contratando pessoas para fazerem controle do tráfego. Não precisa experiência também.”
Kido-san lançou a revista com oportunidades de emprego que ela estava lendo sobre a mesa. A página que foi aberta tinha uma ilustração de um personagem usando um capacete amarelo, acenando em torno de um bastão de tráfego vermelho e fluorescente.
Quando Mary-chan viu isto, ela parou de chorar, seu rosto ficando gradualmente pálido.
“Não, não, este é melhor: ‘Trabalho braçal, todos ficam felizes! Transportes da Pinguim Ishifuro! ’ Bem.... Os salários são baixos, mas eles acolhem garotos e garotas!”
“Bem, eu acho que é bom o suficiente já que eles dão treinamento para o trabalho.... E-ei, espera um minuto.”
Mary-chan largou o saco que estava segurando na mesa e se levantou em silêncio para ir embora, mas Kido-san agarrou-a pela parte de trás do colarinho e a puxou de volta para se sentar.
“Aonde você pensa que vai?”
Kido-san perguntou para ela, mas pelo olhar no rosto de Mary-chan, ela não parecia tão preocupada com o celular ou qualquer outra coisa mais, mas sim, cheia de medo pelos perigos que seu corpo poderia ter que enfrentar.
“Eu...... Eu não consigo... fazer esse tipo de......”
Na revista com a oportunidade de emprego, aberta sobre a mesa, tinha uma ilustração fofa de um pinguim rosa. Parecia que era o personagem mascote da empresa de transportes, mas ao contrário da aparência fofa, a legenda dizia: “Não é necessário ter experiência. Aberto para homens e mulheres. À procura de candidatos que estão fisicamente aptos e que gostam de trabalho braçal! ” Rotulado como oferta de emprego muito suado.
“E-Espera, calma, esse tipo de trabalho não seria muito difícil para a Mary-chan....?”
“Acho que seria uma ótima experiência para estar na sociedade de trabalho! Uou, o horário de trabalho é das 6h às 23h! Você pode começar a trabalhar já no primeiro dia também! Com um trabalho assim, você não seria capaz de ganhar dinheiro suficiente para o celular rapidinho?”
Em vez de sorrir agora, Kano-san estava olhando para Mary-chan com um sorriso mais malicioso.
E a cada vez, Mary-chan estremecia e soltava pequenos gemidos.
Eu me perguntei que méritos eles viam em implicar com ela.
“Pare com isto! Isso é muito cruel! Você não consegue ver que Mary-chan não quer!?”
Peguei a revista da mesa e Mary-chan me encarou como se eu fosse algum tipo de deusa.
“Sim, mas estávamos pensando que quanto mais cedo melhor que ela aprendesse sobre o quão difícil a sociedade pode ser. Ela não pode ficar como um NEET para sempre.”
Kano-san disse isso enquanto se esticava no sofá e Kido-san concordou com a cabeça.
Isso significa que esses dois já tiveram algum tipo de trabalho?
“M-Mas eu já estou trabalhando...!”
Pela primeira vez, Mary-chan estava falando por si mesma.
No entanto, Kido-san e Kano-san falaram sobre ela novamente, como se quisessem abafar suas palavras.
“Você quer dizer aquele trabalho de fazer flores artificiais? Quanto que você ganha com isto novamente? Cerca de 500 ienes por mês?”
“Qui-quinhentos ienes!?”
Eu não consegui esconder o choque ao ouvir que os ganhos mensais eram apenas de três dígitos, e acabei repetindo em voz alta, incrédula.
Vendo minha reação, o rosto de Mary-chan ficou vermelho de vergonha.
“Bem, sim.... M-Mas eu gasto muito tempo e esforço fazendo cada uma....”
“Sabe... você só faz cinco ienes por cada uma, certo? E já que você só termina cada uma por volta de três a quatro dias....”
Kido-san disse com um suspiro.
Na sequência, Kano-san falou:
“As pessoas normais provavelmente trabalhariam pelo menos cem vezes mais rápido. Você não acha Kisaragi-chan?”
“Ehh!? Eu!?”
Mary-chan estava me encarando intensamente, como se implorasse por ajuda. Mas, como era de se esperar, não havia muito o que pudesse dizer para defender só 500 ienes em um mês inteiro.
“Hmm, bem...... S-Sabe! Tenho certeza de que todo mundo tem seu próprio ritmo para fazer as coisas! Então eu acho que Mary-chan está fazendo um ótimo trabalho, também...!”
“..... Mesmo que ela ganhe apenas uma moeda por mês?”
“M-Mesmo que seja só uma moeda...!”
Depois de responder à pergunta de Kido-san sem vacilar, eu lentamente fui verificar a reação de Mary-san. Ela estava olhando para mim com uma expressão muito satisfeita.
Embora eu ainda tivesse algumas incertezas, isso me deixou à vontade. Mesmo assim, não pude deixar de me preocupar com o futuro dessa garota.
“Hmm.... Bem, se é isso o que você pensa, então eu suponho que Kisaragi-chan não espera que Mary-chan a pague de volta pelo celular?”
Kano-san perguntou a Kido-san para confirmar, e ela baçançou a cabeça sem palavra alguma.
“Então, está resolvido! Não é ótimo Mary? Kisaragi-chan disse que vai pagar tudo sozinha!”
“Ehh!? Mas, isso é.... Ehhh?!”
Eu estava completamente confusa com essa mudança repentina de eventos.
“Eh? Então você vai fazer a Mary pagar no final das contas?”
Kano-san perguntou com um sorriso que era muito relaxado.
“...... nn! N-Não... Eu vou.... Eu mesma vou pagar....”
“Ouviu isto? Que bom para você, Mary!”
“Bom, isso resolve tudo.”
Eu já pretendia pagar desde o começo, mas agora parecia que eu tinha sido enredada em algum tipo de armadilha. Estas pessoas sempre foram assim...?”
Eles eram realmente um grupo suspeito.
“Umm.... E-Está realmente tudo bem…?”
Mary-chan estava olhando para mim com preocupação.
“Ah! S-Sim! Está tudo bem!”
Na realidade, todos os meus ganhos do meu “trabalho” sempre foram controlados, então embora o único dinheiro que eu podia gastar era minha mesada, só a parte deste mês provavelmente não seria suficiente.
No entanto, a única coisa boa é que eu não tinha amigos para sair, então eu tinha economizado dinheiro suficiente. Se eu tirasse um pouco de lá, então—
“Parece que será um pouco difícil só com isto.... Está realmente tudo bem, Kisaragi-chan?”
“Vou conseguir de alguma forma.... — Espera!! Por que você está com minha carteira!? Eh? Qu-quando foi que você...?!”
A coisa que Kano-san estava olhando calmamente era de fato minha carteira, que eu tinha certeza de ter guardado na minha bolsa. Quando verifiquei minha bolsa, ela realmente tinha sumido. Quando é que ele pegou...?”
“Uou! Kisaragi-chan, jogue fora os seus recibos~! De qualquer forma, você não come mangas secas um pouco de mais?”
“Você compra isso todos os dias... em conjunto com lulas secas. Você está malhando seus dentes?”
Kano-san tirou os recibos da minha carteira e os colocou em cima da mesa, e junto com Kido-san, começaram a olhar para eles.
“Certo! Uou, o que há com esta bebida! Sopa de feijão vermelho com.... refrigerante? Você tem comprado todos os dias desde este dia. Você está viciada nisso?”
Mary-chan olhou para o recibo à distância e deu uma risadinha. Meu rosto ficou tão vermelho que parecia jorrar chamas.
“Uwaaaaaaaaaaaah!! ”
Peguei todos os recibos de cima da mesa a uma velocidade incrível e peguei minha carteira de volta de Kano-san.
“O-O que você pensa que está fazendo?! Olhando as carteiras das pessoas sem permissão.......!”
“Eh? Ah, bem.... Por qualquer razão?”
Por qualquer razão, a situação dos meus hábitos alimentares estava sendo exposta?
Se eu soubesse que isso iria acontecer, eu gostaria de ter comprado só sanduíche e chá todos os dias.
“Você é uma ídolo da lula seca e feijão vermelho?
“E-E o que tem…?! Isso é uma coisa ruim?”
Enquanto olhava para um dos recibos que tinha pego, Kido-san murmurou com um rosto de pena, e a expressão de Kano-san ficou instantaneamente séria.
“Como pensei...... Você realmente pegou pesado, huh? ....... Desculpe por bisbilhotar sem sua permissão.”
“V-Vamos só parar!! Aaaaaah!! Eu nunca vi um lanche assim antes! O embrulho é legal e parece delicioso......”
Para mudar o assunto insuportável, peguei um lanche de cima da mesa que Mary-chan tinha deixado fechado antes.
Era uma iguaria de rabanete daikon com o rótulo: Especial Concentrado de Sopa de Algas, o lanche de homens de verdade!
“C-Claro...... Você pode ir em frente e comer, se quiser......”
Kido-san disse como se estivesse perplexa, e Kano-san parecia que estava tentando não rir.
Eu queria me rastejar para um buraco, ser enterrada, e enterrar-se no subsolo.
“M-Mas sopa de feijão vermelho é bom...... eu gosto também......”
“M-Mary-chan.......!”
Mary-chan parecia que estava tentando me defender.
Esta garota era tão legal......!
“Mas tem refrigerante.”
“Oh, acho que é muito nojento então......”
Em última análise, ser muito honesto era um tiro pela culatra.
Meu estado de espírito mergulhou até as profundezas.
“Eu não me importava mais...... Eu sou uma esquisitona de qualquer forma...... É por causa disso que não consigo fazer amigos.”
Provavelmente, um recibo de compras de lulas secas não sairia da carteira de uma colegial normal.
“E-Ei, não fique deprimida! Anime-se.….”
“Especial Concentrado de Sopa de Algas...... Meu estômago dói...... Hee......”
“Por quanto tempo você vai ficar rindo?! Só—aaah…! Nós sentimos muito, ok?”
Como se aterrorizada de Kano-san segurando sua barriga de tanto rir,
os ombros de Mary-chan tremeram e ela fez uma expressão assustada.
“Desculpe, desculpe. Ah, pensei que eu fosse morrer. Bem, vamos cortar a conversa aqui. Devemos sair logo?”
“Eh? Nós vamos sair? ....... Para onde?”
Kano-san se levantou e se espreguiçou.
“Bem, temos que comprar um novo celular, não? Não tinha uma loja de celulares por aqui?”
“Sim, eu lembro de ver uma.”
Kido-san falou devagar enquanto folheava a revista de eletrônicos digitais que pegou na prateleira ao lado do sofá.
“Hum, desculpe perguntar, mas, tem algum ponto para conseguir um celular agora......?”
“Hm~ Bem, aí eles podem transferir os contatos do celular ou algo assim. De qualquer forma, vamos perguntar sobre isso.”
“U-Um, mas...... se eu for para fora......”
Não seria uma má ideia sair agora?
Se eu atraísse outra grande multidão novamente, eu duvidava que seria capaz de fugir uma segunda vez.
“Ahh, nós estaremos acompanhando também, então vai ficar tudo bem. Certo, Kido?”
“....... Sim, sem problema.”
Enquanto eu estava lá, atordoada, sem ideia do que estava acontecendo, Kano-san sorriu para mim alegremente.
“Sobre o que você viu da “habilidade” da Kido, era na verdade apenas um elemento disso.”
Kano-san abriu os braços e continuou:
“Colocando de forma simples, além de controlar sua própria presença, ela também pode controlar simultaneamente a presença de qualquer outra coisa ao seu redor. Nós chamamos de “esconder o olhar”. Em outras palavras—”
“I-Isso significa que vou me tornar invisível também!?”
Presa pela minha curiosidade, gritei antes que pudesse me conter.
“Não é que você se torne invisível, sua presença se torna mascarada e muito menos perceptível. Você experimentou isso também, não é Kisaragi-chan? Invés de chamar a atenção para si, você chama a atenção para outra coisa—”
Eu me lembrei de vários casos como esses. Assim como foi com a foto que tirei durante a aula no primário.
“Em outras palavras, a sua habilidade de ‘cativar o olhar’ também pode ser usada externamente também. Bem, quer você tenha ou não consciência disso, tenho certeza de que você, sem querer, já chamou a atenção para as coisas antes. Em qualquer caso, a habilidade da Kido é capaz de anular completamente a sua, então não se preocupe. Apesar de ter sido um mal-entendido da Kido para começar, tenho certeza de que você estava destinada a vir aqui, sem nenhum engano.”
Kido-san escondeu o rosto atrás da revista, envergonhada.
“O que é que ela interpretou mal? Ei, sobre o que é tudo isso?”
Mary-chan perguntou a Kano-san com uma expressão confusa, e ele sorriu sombriamente de novo.
Parecia que essa pessoa gostava genuinamente de olhar de cima os outros.
“É verdade, sério. Mesmo que Kido estivesse brincando com você mais cedo, ela na verdade—”
“T-Tudo bem, vamos embora! Mary, não deixe isso te afetar. Não é nada.”
Kido-san jogou a revista de lado e pulou rapidamente da cadeira.
“Estamos saindo.......?”
“A-Apenas para a loja de celulares.”
Assim que Mary-chan dirigiu sua pergunta a ele, Kano-san respondeu em um tom abafado.
Foi porque Kido-san olhou para ele de lado e sibilou “Não fale”?
Naquele momento, vi o vislumbre da ordem hierárquica desse grupo.
“....... Vamos passar pelo parque?”
“Hm? Sim, provavelmente. Por quê?”
“Então, eu vou junto também. Porque...... eu quero dar um enterro apropriado......”
Como Kano-san ficou ali perplexo, Mary-chan dirigiu-se para a cozinha.
Incapaz de seguir a conversa, Kido-san e eu estávamos sem pistas.
“... Enterro......? O bicho de estimação morreu, ou…?”
“Acho que não. Em primeiro lugar, ela nem mesmo tem um bicho de estimação.”
“Sim. Mary não teria condições de comprar comida para bichos de estimação, e de qualquer forma, não acho que ela estaria mantendo um em segredo......”
“Então, o que ela quis dizer......?”
 Enquanto discutíamos em voz baixa sobre o significado de Mary-chan fazer um “enterro”, ouvimos um barulho de algo parecido com vidro vindo da cozinha.
Mary-chan estava colocando os fragmentos da xícara, que tinha sido quebrada antes, em uma bolsa de pano.
“Ah....”
 Então me lembrei de como Mary-chan queria usar sua xícara favorita. Mesmo que tenha tido todo o trabalho de trazê-la, ela havia tropeçado e acabou quebrando-a.
Quando Mary-chan pegou os fragmentos da xícara com imagens de animais impressos, ela estava fazendo uma cara de que poderia chorar novamente.
 “Ahh.... Então era isto que ela quis dizer em querer enterra-lo......”
“Mary realmente valorizava esta xícara....”
Lentamente, um por um, ela moveu cada fragmento da sacola plástica para dentro da bolsa de pano de padrão bonito.
Em vez de mover as peças para dentro da bolsa como se fosse uma tarefa, ela parecia estar tomando seu tempo contando cada uma das lembranças associadas à xícara.
 “..... Líder, eu poderia falar com você por um minuto?”
“Hm? O que é? ”
“Sobre a loja de celulares, está tudo bem mesmo que não seja perto? Por exemplo, que tal uma loja de departamentos que tem uma loja de celulares...?”
 Kido-san pareceu confusa por um momento, mas depois de descobrir o que eu tinha em mente, ela começou a falar:
“Se estamos saindo, não importa onde vamos acabar. Escolha para onde quiser ir.”
“O-Obrigada!”
Kano-san também sorriu, desta vez com sinceridade verdadeira.
“Parece bom para mim. Mary nunca esteve em uma loja de departamentos antes, então tenho certeza de que ela vai ficar feliz. Sem mencionar, que com Kido aqui estará completamente seguro, certo?”
“Bem, depende dela. Por que você não vai e convida ela?”
Kido-san me deu um tapa nas costas e fui para a cozinha.
Quando me aproximei, vi que Mary-chan tinha terminado mais ou menos de mover os fragmentos maiores, mas parecia que ela estava se debatendo com os fragmentos menores.
É claro, seria perigoso pegar esses fragmentos minúsculos com as mãos.
 “Mary-chan, você precisa de ajuda?”
Quando fiquei ao lado dela e a chamei, Mary-chan se virou para mim surpresa.
 “Eh…?”
“É perigoso se você tocar nestes fragmentos pequenos, né? Eu vou segurar a bolsa, assim você os despeja aqui, está bem?”
“E-Está bem.... ”
 Ao dizer isto, Mary-chan entregou a bolsa de pano com lindos desenhos para mim.
A julgar pelo peso do vidro dentro, parecia conter os fragmentos das quatro xícaras.
Ela planejava enterrar as outras xícaras junto com a favorita?
 Enquanto eu segurava a abertura da bolsa bem aberta, Mary-chan jogou os fragmentos restantes do saco plástico.
 “Esta xícara era realmente importante para você, huh? ”
“Mm-hm.... A mamãe deu para mim. ”
Senti meu coração se apertar. Com a forma que Kano-san e Kido-san pareciam preocupados sobre o futuro de Mary-chan, tive a impressão de que os pais dela não estavam aqui.
Se a ausência deles era temporária ou permanente— pelo menos, não parecia que seus pais morassem em algum lugar por perto agora.
 —— Eu não queria, mas foi nesse momento que me lembrei de uma memória que jamais poderia esquecer, fazendo meu peito apertar.
“Entendo....”
“Mas está tudo bem. Porque vou sempre guardá-la em minhas memórias....”
Eu estava preocupada que Mary-chan pudesse começar a chorar de novo, mas quando olhei, ela tinha um sorriso muito gentil no rosto.
Ao vê-la assim, fui a única que começou a ficar com os olhos marejados.
Mas já que Mary-chan não tinha chorado, eu não podia deixa-la me ver tão triste também.
 “Entendo.... Ei, se você quiser, você gostaria de fazer compras conosco depois?”
Eu corajosamente sugeri a ideia que tinha me ocorrido antes.
“Compras......? Pelo celular…?”
“Bem, só se você quiser, mas…. Que tal comprarmos xícaras que combinam com todos, também?”
No momento em que disse isso, Mary-chan olhou para mim surpresa.
“C-Combinando? Eu também posso ajudar a escolher…?”
“Claro! Seria divertido tomar chá junto com xícaras combinando, não acha?”
A expressão de Mary-chan se iluminou, aparentemente a favor da ideia.
“....... Eu quero…!”
“Mesmo!? Isto é ótimo....... Tudo bem, vamos sair então!”
“Certo......! Mas para onde estamos indo......?”
“Nós vamos para a loja de departamentos hoje! É um lugar que tem um monte de lojas diferentes! Prometo para você que vai ser muito divertido! ”
“Loja de departamentos......!?
O rosto de Mary-chan brilhou com expectativa enquanto ela imaginava como seria.
Eu não pensei que ela ficaria feliz em fazer compras conosco...!
 Pensei que hoje tinha sido meu dia de azar, mas parecia que estava se tornando em um divertido, em vez disso.
Fazer compras na loja de departamentos, huh.... Meu coração estava começando a bater mais rápido em antecipação também.
 “E-Eu vou me arrumar......!”
Ela colocou cuidadosamente a bolsa de pano na cozinha, e saiu cambaleando em direção ao quarto.
Ao ver ela caminhando com passos tão leves e aéreos, me fez sentir genuinamente feliz também, e eu não pude deixar de sorrir.
Ahh, mas parecia perigoso....... Ela poderia tropeçar de novo e cair......
“Oh? Kisaragi-chan convidou você para vir junto?”
“M-mm-hm..... Eu vou me arrumar agora!”
Mary-chan respondeu à pergunta de Kano-san, soando como se ela estivesse realmente ansiosa para sair.
 —— Isso foi até Kano-san dizer algo desnecessário.
 “Isso é ótimo! Ah, você vai sair com aquelas meias, certo!? ......He….he.....!”
Como se de repente lembrasse de algo engraçado, Kano-san começou a rir. Meias......?
Ele quis dizer daquelas meias de antes, quando eles estavam falando sobre algumas meias engraçadas que Mary-chan estava usando?
Contudo, Mary-chan parecia estar descalça agora….
Enquanto eu pensava nisso, a risada de Kano-san parou de uma forma não natural.
Ou melhor, ele parou de se mover completamente, como se o tempo tivesse parado somente para ele.
Kido-san estava fazendo uma expressão preocupada.
 “K-Kano-san......? O que há de er-......”
 Eu comecei a andar um pouco para a frente, mas percebi que tinha algo com Mary-chan.
Havia algo completamente diferente de antes; sua cabeça estava levemente inclinada e ela emitia um ar ameaçador.
As duas extremidades de seu longo cabelo que pendiam de seus ombros balançavam, contorcendo-se como se tivessem vida própria. E através dos espaços entre os fios de cabelo, seus “olhos” estavam claramente diferentes de sua cor rosa pálida habitual...... Eles agora estavam com uma cor vermelha brilhante.
 “Uwaaaah!!”
Antes que eu pudesse me segurar, gritei, chocada com essa mudança repentina.
A garota que tinha sido tão dócil até aquele momento, agora estava emitindo uma aura ameaçadora, com seu cabelo se contorcendo ameaçadoramente e tudo mais.
“Haaah~…. Que idiota......”
Kido-san bateu na cabeça de Kano-san, mas ele permaneceu em pé sem reação alguma.
Sua expressão permaneceu inalterada, assim como a de um manequim.
 “O-o que aconteceu com ele......?”
“Ahh... A habilidade de ‘contato visual’ da Mary é capaz de transformar as pessoas em pedra.”
“P-pedra!?”
Kido-san explicou enquanto batia na cabeça de Kano-san novamente, mas como tudo foi tão repentinamente, não consegui entender o que ela estava dizendo.
Ser capaz de transformar as pessoas em pedra era totalmente diferente da minha própria condição de “cativar” os olhos das pessoas.
Soava como mágica.
Durante todo o tempo, Mary-chan continuou a encarar Kano-san enquanto expirava devagar.
 “Mas como é que…. Espera, Kano-san vai ficar bem!?”
Eu sabia que era errado da minha parte dizer, mas o jeito que o rosto de Kano-san estava parado como se ele não pudesse parar de rir parecia muito engraçado.
“Não, já é tarde demais.... Ele nunca mais voltará ao normal.”
“....... Eh?”
“Que lamentável…. Tudo bem, então! Vamos apenas deixa-lo na sala para usar como cabide! Embora, eu realmente não queira….”
Kido-san disse sem uma única mudança de expressão.
Kano-san....... Mesmo que tenhamos acabado de nos conhecer, ter que dizer adeus de tal forma….
Ah, mas realmente, eu não gostaria de usar um cabide assim também...
“De qualquer forma, ele está ocupando muito espaço assim, então vamos joga-lo fora junto com o resto do lixo...... Certo…. Mary, ajude a pegar a outra ponta.”
“Sim...... Vamos joga-lo fora….”
“——Uwahh!? O que está fazendo Kido? Me abraçando de repente por trás como qu— ugh!!”
 Assim que as duas estavam prestes a movê-lo, Kano-san de repente começou a se mover novamente.
Kido-san imediatamente deu uma joelhada em suas costelas.
Eu pensei que ele pode voltar devido às obras de crueldade de Kido-san, mas parecia que esse dano físico seria mais fatal. Kano-san caiu no chão, gemendo.
“Você é idiota!? Nós estávamos prestes a sair, então não venha criar problemas!”
“Líder, eu sinto muitoo~......”
 Kano-san respondeu enquanto desabava no chão, mas mesmo assim, ele tinha um sorriso no rosto.
“Vamos, Mary, você vai se arrumar também. Se não nos apressarmos, todas as lojas vão fechar.”
“Eh!? Wah....... Eu vou me arrumar agora…!”
 Mary-chan correu para seu quarto, enquanto os ombros de Kido-san caíam em irritação.
 “Hum…. O que é Mary-chan.…. exatamente?”
“Nós não temos muita certeza, mas...... Aparentemente, ela é uma descendente da medusa.”
“M-Medusa!? Espera.... Você quer dizer.... as que podem realmente transformar as pessoas em pedra!?”
“Sim. Eu realmente não acreditei muito no começo, mas está claro que ela não é humana.”
Desde cedo, eu estava ouvindo nada além de coisas inacreditáveis, e não pude deixar de me sentir perplexa.
 Eu já tinha ouvido falar sobre a Medusa no mínimo.
Embora, para ser franca, eu só tinha o conhecimento comum que a maioria das pessoas tinham sobre ela – um monstro lendário que poderia transformar pessoas em pedra e que tinha cobras crescendo de sua cabeça.
  E agora, eu tinha visto esse poder sendo usado bem diante dos meus olhos.
“Eu ouvi que ela foi criada toda a sua vida com a consciência de ser uma Medusa; os pais dela a lembravam disso constantemente. Embora que enquanto a mãe da Mary, aparentemente, tinha o poder de realmente de transformar as pessoas em pedra, Mary, só consegue parar seus movimentos.”
“M-Mas…. Isso parece tão irreal......”
“Eu sei onde você quer chegar, mas o fato é que Mary é realmente real. E de qualquer forma, ela é como você e eu. Se isso faz sentido ou não, nós temos esses poderes estranhos. Você entende, certo?”
“Is-isso é verdade, mas......”
“——Você vai odiá-la?”
“....... Eh?”
“Agora que você sabe que ela não é humana, você vai odiá-la?”
“... Claro que não…. Eu quero ser amiga dela......!”
“…Se este é o caso, então vamos apenas deixar por isso mesmo. No futuro, vou contar tudo sobre nós. E se você quiser, pode nos contar sobre você também.”
“O-Ok…!”
 “E-Estou pronta agora….”
Mary-chan espiou por trás da porta do quarto em que ela entrara. Contudo, ela parecia muito envergonhada com algo para sair.
 “O que você está esperando? Se está pronta, então vamos.”
“T-Tá......”
 Quando Mary-chan abriu a porta e saiu, não havia nada particularmente estranho em sua aparência.
As meias que Kano-san zombara eram meias brancas simples e comuns.
“Hã? Há algo de errado com essas meias?”
“Ah, essas são normais. As que ela estava usando antes eram meias soltas.”
“M-Meias soltas......!?”
Enquanto eu tentava imaginar em como ela usaria meias soltas com as roupas que usava agora, ela realmente pareceria…. única.
O rosto de Mary-chan ficou vermelho como beterraba e ela se aproximou de Kido-san.
“Po-por que você falou para ela!? Já estou usando as normais dessa vez......!”
“Hm? Desculpe, ela perguntou, então eu respondi. Nada de errado com isto, não é?”
“M-Mas......!”
Mary-chan olhou para mim nervosa. Ela deve ter ficado magoada depois de ser ridicularizada por eles.
Mas por que ela escolheu usar meias soltas......?”
“Não é culpa minha…! Estava no livro de Kano-san…!”
“De Kano-san...... Você quis dizer isso?”
 Peguei a revista que Kano-san estava lendo antes, e junto com o título estava: “Reportagem Especial! Coleção da SUPER Nostálgica Gyaru”, havia vários modelos femininos alinhados, vestindo...... algumas roupas realmente interessantes.
“E-Elas pareciam legais, então eu só......”
A Medusa dessa geração realmente tinha um gosto interessante para moda.
“E eu fiz meu melhor para tricotar….”
E mais, feitas à mão.
 *
 Deixando as ruas laterais e chegando as ruas principais, havia a agitação habitual da cidade.
Eu podia ver o restaurante do outro lado da rua lotado de famílias inteiras de clientes.
Nunca pensei que voltaria aqui depois de atrair uma multidão tão grande, mas comparado a antes, era completamente diferente agora.
 Mesmo que eu não estivesse sequer usando um disfarce ou tentando me esconder, nenhuma multidão se formou e ninguém tentou me cumprimentar. As pessoas que passavam nem mesmo olhavam na minha direção e simplesmente passavam olhando para a frente.
“I-Isto é.…. na verdade, meio refrescante...”
“Não tem nenhuma razão de me dizer isso, já que não me diz respeito exatamente. De qualquer forma, quanto tempo vai demorar para Kano nos notar?”
 Kano-san que tinha andando mais à frente na calçada, estava olhando em nossa direção.
Ele estava olhando concentrado, como se procurasse por algo pequeno. Então de repente, e parecendo satisfeito, voltou para se juntar a nós.
“Sim, está funcionando perfeitamente! Na verdade, eu tive que me esforçar muito antes de encontrar vocês!”
“Demorou muito tempo.”
Kido-san suspirou como se ela estivesse de saco cheio de esperar.
“Bem, isso não é culpa minha. Eu realmente não consegui te ver.”
Kano-san reclamou sem deixar cair seu sorriso.
“Uau~...... Então nós realmente não podemos ser vistos, huh......”
“Hmm, como devo colocar isso…. As pessoas podem nos ver, mas elas não percebem. Experimentando de ambos os lados novamente, é realmente meio assustador.”
De acordo com que Kido-san tinha dito antes, parecia que a habilidade dela permitia apagar a presença de qualquer coisa em um raio de dois metros.
No entanto, como não era como se tivéssemos nos tornado invisíveis ou algo assim, as coisas não pareciam nada diferente para o nosso lado.
“Uau......! Eu quero ver como é também…!”
“Você é idiota ou o quê? Se você for muito longe, destruirá inteiramente a razão disso....... Por outro lado, Mary! Você está muito perto! Você está me sufocando! ” Kido-san se afastou de Mary-chan que estava agarrada desesperadamente ao seu moletom.
“T-Tem muitas pessoaaaas......”
“Nós estamos no meio da cidade, então é claro que têm. Em todo o caso, não há quaisquer problemas, então vamos continuar a missão.”
“C-Certo!”
Ouvir a palavra “missão”, fez realmente me sentir como se estivéssemos fazendo algum tipo de infiltração secreta e não pude deixar de começar a me sentir meio animada.
Bem, na realidade, era só uma missão muito comum de substituir meu celular e comprar xícaras novas.
 Andando à frente de Kido-san e Kano-san, quando nós finalmente chegamos à rua principal, foi como entrar em um mundo completamente diferente.
O cenário ao meu redor estava em constante movimento, mesmo sem a nossa interferência, era quase como em um filme.
As pessoas que passavam por ali não nos davam atenção, e se não tomássemos cuidado, parecia que elas se chocariam em nós. Eu realmente me senti como se tivéssemos ficado invisíveis, e essa sensação me trouxe um alívio que nunca senti até aquele momento.
 No entanto, com tanto tráfego na rua imediatamente à minha direita, comecei a me sentir um pouco assustada. Preocupada, olhei para Mary-chan e vi que seu rosto estava muito pálido. Eu não tinha percebido até agora, mas eu podia ouvi-la se convencendo em voz baixa: “Tudo bem...... Está tudo bem…” repetidamente.
 “Hum...... Kano-san......”
“Eh, o que é? Espera, por que você está sussurrando?”
“Ah...... B-Bem, eu realmente não sei o porquê......”
“Você pode falar com a voz normal, sabe? Você poderia até cantar se quisesse. Tipo, você poderia cantar seu single de estreia — qual era mesmo? Rosa-alguma coisa......”
“Uwaaaaaaaaahhh!! Por que está trazendo este assunto tão de repente!? Eu poderia te dar um soco, sabia!?”
“Você vai me dar um soco!? ....... Enfim, viu? Você gritou tão alto e ninguém mesmo reagiu, certo?”
“Oh, você tem razão...... Espera, a questão não é essa! O que quero dizer é que Mary-chan não parece nada bem......”
 Como sempre, Mary-chan estava murmurando alguma coisa como um cântico.
Se ela fosse vista assim em público, provavelmente, ninguém gostaria de chegar perto.
 “Ah~...... Bem, eu imaginei que algo assim aconteceria. Ei, Mary? Eeeeei. Huh, isso não está funcionando.”
Kano-san começou a andar para trás e acenou com a mão na frente do rosto de Mary-chan. No entanto, ela parecia estar olhando para algo distante, e não mostrou reação alguma.
De qualquer forma, era seguro andar para trás daquele jeito em uma hora como essa? Como ninguém podia nos ver, nós éramos os que tinham de tomar cuidado para não nos encontrarmos com alguém.
 “Ah, espera um minuto.”
No momento em que estava me preocupando com essas coisas, Kano-san de repente parou. Kido-san também parou ao mesmo tempo, e Mary-chan bateu diretamente nela por trás.
 “Eh......”
Quando eu estava prestes a perguntar o que tinha de errado, uma criança de bicicleta veio da esquerda e passou na nossa frente. Se tivéssemos continuado sem parar, ela teria batido em nós.
E além disso, ela veio de um ponto cego, que até mesmo o restante de nós, que estava mais a frente, não teria visto.
 “......gh! Mary, olhe por onde anda!”
“Eek...... S-Sinto muito......”
Quando Kido-san se virou, Mary-chan inclinou a cabeça em desculpa.
“Caramba, preste um pouco mais de atenção......”
“Mas é assustador......! Há tantas pessoas......!”
“E é exatamente por isso que estou dizendo para você ter mais cuidado. Você é algum tipo de idiota?”
“E-Eu não sou idiota......!”
Mary-chan tentou retrucar, mas saiu como um resmungo fraco.
“Haah...... Que seja. Vamos continuar.”
Kido-san começou a andar novamente, assim como todos os outros.
Mary-chan parecia mais calma do que antes, mas agora ela estava resmungando reclamações sobre Kido-san — coisas como: “Por que ela diria algo assim......”
Kano-san também continuou andando como se nada tivesse acontecido.
“Kano-san, como você sabia que isso ia acontecer?”
“Eh? Ah, aquilo. Hm~ eu apenas fiz, eu acho?”
“Você apenas fez…? Você é capaz de ver o futuro também......?”
 A esta altura, eu não ficaria surpresa se ele respondesse algo como: “Sim, por quê? ” Mas em vez disso, ele brincou dizendo: “O futuro, huh~? Eu certamente gostaria de poder! Talvez então eu possa dizer qual será a sorte de amanhã ou algo assim!"
 À medida que avançávamos pelas ruas principais e nos aproximávamos da loja de departamentos, o tráfego aumentava constantemente.
Parecia ter vários carros vindo da loja de departamentos. Em um dos carros virando para a rua oposta, vi um gigante bicho de pelúcia dentro.
 “Hn. Ei, vamos atravessar esta rua. Não se afastem muito de mim.”
Kido-san parou em frente ao semáforo e apontou para a calçada do outro lado da rua.
Havia carros fazendo curvas para a direita, então tivemos que ter cuidado ao atravessar.
 “A-Atravessar a rua é realmente assustador já que os motoristas não podem nos ver.….”
“Hm. Vai ficar tudo bem. Apenas siga logo atrás de Kido.”
“Posto isto, você está me seguindo um pouco perto demais. Me dê...... um pouco...... mais de espaço......”
“Mas......! Mas......!”
 Mary-chan tinha se agarrado tão fortemente a Kido-san por trás, que parecia que estava prestes a dar um German suplex nela.
Kido-san estava desesperadamente tentando se libertar dela, que estava pendurada em seu casaco.
Eu também instintivamente me aproximei de Kido-san.
Enquanto eu observava um caminhão passar bem na nossa frente, senti um arrepio na espinha.
“Tudo bem...... Estou pronto.”
“Certo. Então vamos. Fiquem perto.”
Depois que a luz ficou verde, e de dois carros virarem para a direita, Kano-san começou a atravessar.
Logo atrás, Kido-san começou a andar também.
Eu ficava checando as ruas por preocupação, mas já que havia uma enorme multidão atravessando a rua, em primeiro lugar, rapidamente mudei minha atenção para evitar bater em qualquer pessoa.
Depois de atravessarmos com segurança para a calçada oposta, pudemos ver a loja de departamentos através dos espaços entre os prédios à nossa frente.
Assim que atravessamos a rua seguinte, viramos para a esquerda e continuamos a descer um pouco mais, chegando ao nosso destino.
Eu já havia passado pela loja de departamentos várias vezes antes, mas parecia sempre muito grande.
‘Parece uma coisa de RPG’, era o que sempre pensava.
“Sabe, essa loja de departamentos~ Parece algo que você veria em um RPG, não acha?”
Enquanto esperávamos no semáforo para atravessar a próxima rua, Kano-san de repente disse isso para mim.
“Eh!? Ehhh!? Por que você diz isso?”
“Huh...... Por que você está tão surpresa? Eu disse algo estranho......?”
 Fiquei tão surpresa na hora que ele falou que acabei suspeitando dele.
Pude ver que Kano-san parecia realmente surpreso.
Isso só parecia acontecer de vez em quando, mas eu estava começando a sentir um pouco de medo de que ele na verdade pudesse ler mentes.
“Uh...... N-Não, é só...... ahahah...... Não, não é nada.”
“Hm~? Você está agindo de forma estranha. Ah, é por que estávamos pensando a mesma coisa?”
“Uwah! C-Como você sabia disso......?”
Ele podia realmente ler mentes afinal de contas?
Então, se esse fosse o caso, todos os pensamentos que passaram pela minha cabeça até então...... Só de imaginar me fez tremer.
 “Ah, então eu estava certo? É só um pensamento que tive, mas você e eu realmente pensamos igual, Kisaragi-chan!”
“P-Por favor, não diga isso, me dá arrepios.”
Eu disse minha opinião sincera, e Kano-san ficou deprimido com seus ombros caindo pesadamente.
Parece que ele não conseguia ler mentes afinal de contas.
“Kido~...... No fim, você é a única que me entende~”
“Chegue mais perto e eu te mato.”
“Sim, senho~ra......”
Kano-san tentou se aproximar de Kido-san, mas ele foi recebido apenas com hostilidade.
Como esperado da Líder.
Uma vez que a luz ficou verde e atravessamos a calçada oposta novamente, nós finalmente estávamos quase na loja de departamentos.
  Um pouco antes, quando Kano-san e eu estávamos andando em fila única no lado mais próximo do tráfego oposto, vi uma van branca passar.
 Pensando bem, o que tinha acontecido com o drama de TV que eu devia fazer hoje......?
Minha empresária ficou zangada comigo no fim das contas?
Toda a agência provavelmente estava procurando por mim.
Eu tenho que contatá-los logo e explicar sobre minha situação e meus sentimentos......
  “T-Tudo bem......?”
“Eh?”
Quando procurei para ver quem estava falando comigo, vi Mary-chan me olhando preocupada.
“Ah, sim! Estou bem! Humm....... Eu realmente parecia para baixo?”
Mary-chan assentiu levemente.
Bom, eu finalmente comecei a fazer alguns amigos.
Uma amiga que se preocupou comigo não porque eu era uma ídolo, mas só por causa de quem eu realmente era.
“D-Desculpa por fazer se preocupar assim...... Ah, Mary-chan, podemos ver a loja de departamentos daqui! Aposto que eles têm um monte de coisas divertidas dentro.... Eu mal posso esperar!”
 “Eh......? U-Uau…. Você está certa! Parece um castelo de um livro ilustrado!”
A fileira de prédios do lado direito diminuiu e a loja de departamentos que estava escondida atrás deles apareceu.
Tinha uma aparência tão bonita que podia entender de onde Mary-chan veio dizer que parecia um castelo.
Eu sempre quis ir ao parque de diversões acima das lojas, mas como eu estava sempre sozinha, nunca tive a chance.
No entanto, eu tinha companhia hoje, então talvez tivéssemos algum tempo para dar uma olhada.
Senti meu coração começar a bater mais rápido em excitação.
 “Certo!? O interior é ainda mais incrível, sabe?”
“Sim! Eu quero ver!”
Os olhos de Mary-chan estavam brilhando como os de uma criança pequena.
Quando olhei para Kido-san, vi que ela estava sorrindo um pouco.
Percebendo que meus olhos estavam provavelmente brilhando como os de Mary-chan, comecei a me sentir um pouco envergonhada.
 Eu andei para o lado de Kido-san e falei com ela com uma voz baixa:
“Líder, você deveria vir fazer compras conosco também.”
“Hm? Não, está tudo bem. Não é como se eu quisesse comprar algo, de qualquer forma......”
“Ah~ Por que não procuramos por roupas novas enquanto estamos aqui? Eu vou escolher algo fofo para você!”
“Você vai......!? Não, você não precisa......”
“Não seja tímida agora! Eu posso ser assim, mas eu tenho confiança no meu senso para......”
“Não, apenas olhe para as suas roupas de sair. Elas são muito chamativas e não se encaixam no meu estilo...... Espera, o que foi?”
 Foi quando nos aproximamos da entrada do lote da loja de departamentos. Eu não tinha percebido até chegarmos perto o suficiente, mas lá estava alguém que eu reconheci.
Não. Não pode ser. Como poderia ser ele, em um lugar como esse…!?
Eu não acho que ele tenha sido contatado por alguém, mas mesmo assim tinha que sair de lá o mais rápido possível.
 “—— Kisaragi? O que foi?”
“Irmão......”
“Hah…? ‘Irmão’? Wh—woah!!”
Minhas pernas se atrapalharam enquanto eu tentava fugir, e acabei batendo direto em Kido-san.
Kido-san perdeu o equilíbrio e bateu direto no meu irmão.
“....... Ah!!”
Porcaria. Eu entrei em pânico e tornei a situação ainda pior.
“W-wah!!”
Mary-chan deve ter se assustado também com a comoção repentina, e por alguma razão, caiu, embora não houvesse nada ao seu redor.
 Kido-san rapidamente recuperou sua composição e encarou meu irmão.
“Ah…. H-Hum, eu sinto muito! Uhh…. Er… Um….”
Da boca do meu irmão veio uma voz verdadeiramente inútil e patética.
Além disso, ele inclinou a cabeça tão repentinamente e profundamente que foi o suficiente para chocar todo mundo na cena.
 Ah, dá um tempo.... Juntamente com o suspiro veio um enorme pesar por acidentalmente deixar escapar que ele era meu irmão.
 “....... Está tudo bem, sério. Foi mal.”
 Kido-san disse isto e voltou para nós.
Meu irmão levantou o rosto e olhou em volta, confuso. Ele então se inclinou com as mãos nos joelhos e começou a respirar profundamente.
O que tinha essa criatura inútil......
Mesmo que ele tenha esbarrado em uma garota, ele estava agindo como se tivesse acabado de se deparar com um enorme urso pardo.
Felizmente, ele não parecia ter percebido que eu estava lá, mas era provavelmente porque Kido-san estava apenas exercendo seu poder ao nosso redor.
Ou talvez os olhos do meu irmão tivessem acabado de apodrecer.
De qualquer maneira, não pude deixar de cobrir meu rosto de vergonha por tudo isso.
 “Este é o pior......”
“E-Ei, o que exatamente está acontecendo aqui, Kisaragi?! Esse cara é seu irmão?”
Ainda que ela tenha agido tão calma na frente do meu irmão, assim que Kido-san se virou para nós, ela começou a gritar com o suor frio escorrendo pelo rosto.
“Uu…. N-Não…. Por favor, não fique assim…. Ele não é.….”
“Não, não, mas eu ouvi Kisaragi-chan chama-lo de ‘irmão’ alto e claro antes ”, Kano-san, que estava observando a situação, aproveitou a oportunidade para oferecer sua percepção.
“Uuu......! De qualquer forma, Mary-chan, você está bem!? Desculpe por te assustar assim......!”
Mary-chan já tinha se levantado, mas a região dos joelhos das meias parecia um pouco desgastadas.
“Wah……! V-Você se machucou!?”
“Ohh, mas hoje foi a primeira vez usando elas......”
Mary-chan parecia que estava só preocupada com suas meias.
Não parece que ela tenha se machucado, então.
 “Graças a Deus que você está bem...... Espere um minuto, Kano-san, do que você está rindo!? Isso é muito assustador!”
“Eh? Ah, não, não, não é nada.... Não se importe comigo.”
Kano-san estava fazendo uma cara de como se tivesse tropeçado em um brinquedo novo. Era realmente assustador.
 “Uwaaaaaah!! Isto é o pior!! Sério, o pior sempre!! Por que isso está acontecendo......”
“E-Ei, então aquele cara de agora era seu irmão, certo? Sério?”
“Líder, você está sendo tão irritante! Por favor, apenas pare com isso! Ahh, isso é muito ruim….”
“C-Certo......! Desculpa......”
 Olhando para meu irmão, ele estava falando com seu celular no portão.
Ele provavelmente estava falando com aquela garota novamente.
Mas por que até ele estava aqui?
Até então, ele não saía de casa há quase dois anos......
 “De qualquer forma, vamos apenas seguir em frente! Certo Mary-chan!?”
“T-Tá...... Kisaragi? ....... Você está com raiva ou algo assim?”
“Não, claro que não!! Vamos, Líder, vamos lá!”
“C-Certo......”
Enquanto meu irmão estiver lá, é melhor nos apressarmos e entrarmos. Empurrando Kido-san em direção ao portão, eu fui direto a loja de departamentos o mais rápido possível.
“Hã? E quanto a mim?”
Kano-san andou para o nosso lado enquanto apontava para si mesmo, sorrindo enquanto olhava para mim.
“Kano-san, por favor volte e durma!”
“Eh~…… Então eu acho que vou ficar com seu irmão antes de voltar~......”
“Ahhhhhhh!! Eu estava brincando!! Por favor, venha conosco!!”
“Aw~ Kisaragi-chan, se você quer que eu vá junto, então você deveria ter dito logo~”
Suprimindo minha intenção assassina, fui para a loja de departamentos em silêncio.
Em qualquer caso, o lugar dos celulares ficava no sétimo andar, onde ficava o departamento de eletrodomésticos.
Eu não podia imaginar que meu irmão tivesse algo a fazer em uma loja de departamentos, muito menos em uma tão grande quanto esta. E mesmo que tivesse, era pouco provável que acabássemos no mesmo departamento.
De qualquer forma, enquanto que afastássemos de lá, ficaria tudo bem.
Eu queria me apressar e entrar. Finalmente chegou a hora de nosso divertido dia de compras!
  *
A luz do sol da tarde brilhava no chão através da janela de vidro.
Por causa do Obon, parecia ter muitos pais trazendo seus filhos para ir às compras e as crianças pequenas brincavam na frente de uma grande geladeira, abrindo e fechando a porta.
Se pudesse, eu também gostaria de brincar. Mas, a realidade é realmente cruel. Talvez eu estivesse sendo possuída por alguma criatura maligna.
“Ki-Kisaragi......?”
“Hm~? O que é, Mary-chan?”
“Eek...... U-Um…. por favor se anime......”
“Qual é. Eu estou totalmente bem, sabe? Isso é tão divertido, não é…… Hehehe……”
“S-Sim…. Você está certa....... Sinto muito......”
O sétimo andar da loja de departamentos.
Uma alegre BGM foi tocada aqui, no departamento de eletrodomésticos. Kano-san bocejou alto, parecendo terrivelmente com sono.
Bem, claro. Ele não sabia quanto tempo teria que esperar.
 Seguimos para o sétimo andar logo após entrarmos na loja de departamentos, mas usar o elevador ou a escada rolante significava muito contato com as pessoas. Eu estava preocupada que a habilidade de Kido-san não pudesse ser usada, então decidimos usar a escada. Aparentemente, nossa presença pode ser sentida assim que somos tocados, já que nossos corpos não desaparecem.
Mas como Mary-chan ficava sem fôlego toda vez que subíamos dois andares, fizemos intervalos com frequência e perdemos muito tempo.
 Assim que chegamos finalmente ao sétimo andar e estávamos prestes a ir para a seção de celulares, meu irmão saiu do elevador.
Eu pensei que hoje era um ótimo dia, mas deixe-me corrigir. Assim como pensei, hoje foi inequivocamente um dia de azar.
Como era romântico que eu acabasse no mesmo local que meu irmão, que acabara de sair pela primeira vez em dois anos.
Se o deus do romance estivesse aqui agora, eu queria espancá-lo com toda a minha força.
 A propósito, quando comprei meu novo celular, consegui fazer com que Kido-san enfraquecesse o efeito de sua habilidade.
Eu pensei que seria reconhecida se ela fizesse isso, mas eu não me destaquei muito.
Parecia que eu era apenas reconhecida como outra cliente qualquer, cujo rosto não conseguem lembrar.
 Mas parecia que meu irmão era um assunto diferente.
Havia a possibilidade de que minha presença fosse reconhecida mais facilmente só por ele ser um membro da família com quem passo muito tempo.
Eu pensei que essas coisas não aconteceriam quando se tratava do meu irmão cabeça dura, mas só para ter certeza, acabamos observando a situação até que meu irmão fosse embora.
 Com isso dito, no momento, eu estava esperando meu irmão sair enquanto ele fazia alguns movimentos suspeitos na frente de um pote em formato de uma granada de mão que ele provavelmente não tinha intenção de comprar.
 “Por que é que acabou assim….”
Murmurei enquanto nós quatro estávamos lado a lado em um corredor onde poucas pessoas passavam.
O grupo Mekakushi-dan que veio buscar o novo celular executaram uma estratégia na qual eles só precisavam evitar os clientes que ocasionalmente passavam para não esbarrarem neles, uma estratégia bastante simples, mas também infernal.
“Como devo colocar isso? Você....... Sua condição traz má sorte, não é?”
“Sim...... É verdade...... Tenho realmente consciência disso hoje......”
“Então, no fim, o que seu irmão veio comprar?”
“Eu não tenho ideia...... Bem, provavelmente são partes para seu computador. Eu me pergunto por que ele se deu ao trabalho de sair e comprar pessoalmente......”
“Hm~ ...... Não é porque hoje é o Obon, por isso ele não pode comprar pela internet ou algo assim?”
“Aaah, eu imagino que essa é a razão.... Mas ainda assim, por que nós viemos na mesma hora….”
“Bem, de alguma forma, seu irmão é semelhante a você, Kisaragi-chan, então talvez seus comprimentos de onda combinem?”
“...... eu realmente vou bater em você, sabe?”
“Ah, talvez não sejam parecidos. Talvez eu tenha me enganado.”
“Haah...... Mary-chan, me desculpe.... vou compensar isso apropriadamente…..”
“Não…. A culpa foi minha para começar…. Além disso, isso é muito divertido, então está tudo bem.”
“Uu…��� Sheesh! Quanto tempo ele vai demorar!? Ande logo e termine as compras e vá para casa logo......”
“Ele está lá há uns cinco minutos, não é? Nós só podemos esperar.”
“Eu só quero me apressar e entrar em contato com minha agência, e então ir as compras com Mary-chan~......!”
“Sim...... Estou ansiosa para ir às compras. Mas vou esperar, então tudo bem.”
“Uwaah! Ah, Mary-chan você é tão gentil!! Vamos comer algo doce depois, ok?”
“Sim......! Ah, alguém está vindo de novo.”
Um cliente carregando uma mochila grande entrou no corredor, então Mary se moveu do lugar onde estava.
Mas não pude deixar de me perguntar sobre o que este cliente estava procurando. Ele não parecia estar procurando por algum produto, ele apenas abaixou a sua mochila e começou a verificar seu conteúdo.
 “O que há com ele? Essa pessoa não estava indo embora......?”
 Quando olhei para o lado, a atitude de Kano-san havia mudando claramente. Kido-san parecia ter notado isso e o olhar em seus olhos se aguçou.
 “Kido, isso é mal.”
“Sim. Kisaragi, Mary, vamos sair daqui.”
“Eh……? Tudo bem……?”
 Mesmo quando fomos para um maior, o corredor central com boa visibilidade, Kano e Kido ainda estavam tensos.
 “O que deveríamos fazer? Devemos sair um pouco?”
“Você vai trazer o irmão de Kisaragi para nós. Não o assuste muito.”
“Entendido. Então cuide dessas duas.”
“Não se preocupe, apenas se apresse.”
 Kido-san disse isso, e Kano-san desapareceu no corredor que meu irmão tinha acabado de entrar.
 “E-Espera Líder? O que você quis dizer com ‘trazer meu irmão’……? E se sairmos daqui, meu celular……”
“Tinha um cheiro incomum de pólvora na mochila daquela pessoa de agora. É provavelmente algum tipo de arma de fogo. Eu vi um vislumbre de um cano de uma arma, e ele parecia ter bombas também.”
“Eh?”
“……! Isso não é bom......! O cara que passou pelo corredor ali é o seu cúmplice, huh....... Ei, nós vamos sair daqui logo depois do Kano voltar!”
“O-O quê......? Kido o que há de errado......?”
Mary-chan estava confusa com a mudança repentina de Kido-san.
Mais da metade das coisas que ela estava falando também não registrou na minha cabeça.
Mesmo que eu não tenha entendido, a atmosfera ficou instantaneamente tensa, e isto me assustou.
Minha cabeça girou, mas meu processo de pensamento não conseguiu acompanhar. No entanto, a cena diante de mim me chocou tanto que queimou meus olhos.
“Líder...... Is-...... Isso!”
“Droga... De qualquer forma, por enquanto, só me escute. Receio que este lugar já tenha sido......”
 De repente, um forte, rugido ecoou.
 Com esse som sendo como um sinal, gritos subiram de uma só vez em todo o andar.
“Eek......!”
Surpresa, Mary-chan se agarrou em mim.
Pouco a pouco os gritos se tornaram mais altos, enchendo todo o andar.
O homem que estava de pé no corredor em que estávamos tirou o casaco, revelando uma roupa exclusiva para os soldados do exército, pegou uma arma de dentro de sua mochila e saiu correndo.
“Droga...... Nós fomos muito lentos......!? Ei, cuidado!!”
Enquanto eu estava de pé, perplexa e oprimida pela situação, Kido-san agarrou o meu braço e o de Mary-chan e nos puxou para a parte mais interna do piso.
Presas neste momento, nós três caímos, e imediatamente depois, as persianas desceram onde estávamos, bloqueando completamente a visão dos elevadores que podíamos ver até aquela hora.
 “Ei! Você está bem?”
“S-Sim…! Mary-chan, você está bem!?”
 Mary-chan estava tremendo nos braços de Kido-san.
No entanto, ao comando de Kido-san, logo entramos em um pequeno corredor e nós três nos colocamos em uma posição agachada.
 “Mary, se acalme, está tudo bem. Do outro lado não irão perceber. É apenas…”
Gritos surgiram de vários lugares.
Junto com eles, os passos das pessoas correndo ressoaram no chão.
 “Isso não é bom...... Eu acho que eles são terroristas. Eles são experientes e também planejaram isso cuidadosamente. Acho que eles querem manter as pessoas desse andar como reféns…”
Tive arrepios.
Até pouco tempo atrás, meu irmão estava nesse andar.
O que significa que, agora, ele provavelmente estava….
“Irmão......!”
“Ei, espere!! Kano já foi busca-lo. Mesmo que você vá até lá agora, você seria pega!!”
“Mas……!!”
No momento em que imaginei o pior resultado, lágrimas fluíram de meus olhos.
Mesmo que meu irmão fosse desse jeito, ele ainda era meu único irmão.
Ele é um enclausurado, um NEET e insensível, mas ainda é minha preciosa família!
Eu me perguntei por que isso aconteceu.
Apesar de existir finalmente uma esperança da minha condição ser curada....
Ainda que parecesse que eu finalmente seria capaz de ter amigos...
Talvez essa tenha sido a punição por causar tantos problemas para as pessoas.
Se assim for, então pode ter sido minha culpa por envolver todo mundo agora.
 “Kisaragi! Se acalme. Ser levado como refém não significa que serão mortos tão cedo. Como não sabemos o que está acontecendo, não se pode evitar de que estamos imprudentemente pulando as coisas certo?”
“Você está certa.... Eu.... Sinto muito…”
Eu limpei minhas lágrimas, mas elas continuavam vindo.
Esta foi a segunda vez que eu chorei hoje, mas como foi tão divertido até então, parecia que fazia um bom tempo desde que tinha chorado pela última vez.
 O que diabos eu faço......?
Depois de um curto período de silêncio, ouvi barulhos frenéticos do outro lado das persianas.
Eu presumi que era a polícia, mas parecia que eles não podiam fazer nenhum movimento por causa das persianas.
 Mary-chan se abraçou com medo.
Kido-san fechou seus olhos; parecia que ela estava pensando em alguma coisa….
 “Uwah……!”
“Eek……!”
Sem qualquer aviso prévio, Kido-san fez um movimento repentino, surpreendendo Mary-chan, fazendo-a pular.
A causa disso foi o toque do celular de Kido-san, que ela tinha colocado dentro do seu moletom.
“Uma mensagem…?”
Kido-san pegou o celular, parecendo nervosa novamente.
Mas logo depois, a expressão dela mudou para uma de cansada.
Mary-chan e eu ficamos olhando fixamente para a expressão dela, que não combinava com a situação em mãos.
“H-Hmm...... de quem é?”
“....... De um idiota......”
Kido-san disse e jogou o celular para mim.
O corpo da mensagem foi exibido na tela e vi que o remetente era Kano-san.
 “ Assunto: Fui capturado~!
Mensagem: Como estão vocês? Eu estou controlando minha situação aqui. Neste momento estou alinhado junto com todos os outros! Esta é a primeira vez que fui tomado como refém! Ah! O irmão de Kisaragi-chan também foi capturado~! Ora, ele está bem do meu lado! O que significa que este é o momento de uma foto de comemoração (uma foto anexada). Isso conclui meu relatório da situação atual.”
Depois que ela terminou de ler o texto e abriu a foto em anexo, atrás do meu irmão, que havia sido capturado, estava Kano-san fazendo um sinal da paz. Além disso, os outros reféns ao redor dele, com suas expressões ansiosas, também foram claramente mostrados.
Foi um tiro certeiro, sem nenhum desvio.
 “Líder...... Ele está bem da cabeça…?”
“Não, é tão mal que ele nunca vai se recuperar......”
“E-Ei Kido...... Kano não está em perigo......?”
“Sim, ele está em perigo. A cabeça dele está, em particular. Temos que nos apressar a leva-lo ao médico e fazer com que o seu cérebro seja dissecado.”
“...... A propósito, por que ele ainda pode usar o celular mesmo estando capturado?”
“Ah, você está certa......! As pessoas ao redor dele estão todas amarradas, mas Kano é o único que está fazendo o sinal da paz.”
“Esse cara provavelmente é tão estúpido que os terroristas decidiram que não precisavam amarrá-lo.”
“…………”
 Nós três ficamos em silêncio. Eu me pergunto para onde foi a atmosfera séria.
Por algum motivo, eu de repente tive a impressão de que fomos obrigadas a aceitar uma farsa horrível.
 “Líder...... Hum.......”
“…… Por enquanto, a situação atual não parece estar piorando....... Felizmente......”
“Kano parece estar se divertindo~”
 Eu suspirei e olhei para a foto que parecia “a foto de comemoração de um estudante em uma excursão que estava muito animado”.
Sério, o que há com essa situação?
“Mas, sério, por que ele não está amarrado? Até mesmo os idiotas têm que ser amarrados, certo?”
“Para as pessoas ao redor dele, Kano deve parecer que está tão assustado tanto quanto elas.”
“Ah, Kano está se disfarçando de novo?”
“Eh……? O que você quer dizer com isso......?”
“Para simplificar, ele tem a habilidade de ‘enganar os olhos’. Se minha habilidade me torna ‘invisível’, então a habilidade dele ‘mostra algo diferente para as pessoas’.”
“O...... O que isso significa exatamente......?”
“Basicamente é algo como: você achou que trouxe um gatinho bonitinho, mas na verdade era um cachorro grande.”
“Uau. O exemplo de Kido é fofo~”
Mary-chan riu e Kido-san realmente ficou corada.
“Ah, não, não brinca. E-Eu não estou interessada em animais......”
“Em outras palavras, a habilidade dele permite a ele fazer ilusões…...?”
“Bem, é algo como isso. É só que a habilidade dele tem um alcance pequeno. Só pode funcionar nele mesmo.”
“Eh?”
“Mesmo quando estávamos vindo para a loja de departamentos, embora ele não tenha deixado você o ver dessa maneira, ele estava observando o que nos cercava. Foi assim quando a bicicleta passou por nós também.”
“Ah……”
Quando parecia que ele estava andando de frente para nós, na verdade ele estava andando enquanto checava os arredores?
Para que não nos preocupássemos com isso?
 “…… Mas ainda.......”
“Sim...... De qualquer maneira, esse cara é um idiota......”
 Na tela, o cara fazendo o sinal da paz tinha um sorriso extremamente refrescante, mas parecia só fazê-lo parecer ainda mais idiota.
Mas graças a Kano-san, Mary-chan tinha parado de chorar e eu também me acalmei completamente.
Talvez ele fosse realmente uma pessoa incrível.
Mesmo assim, meu irmão estúpido sério mostrado no fundo não fez nada além de me fazer ficar preocupada.
Se ele passasse por algo assim logo quando saísse, ele não ficaria ainda mais recluso?
 Enquanto pensava sobre essas coisas enquanto olhava a foto, uma ideia de repente veio à mente.
A ideia que subitamente veio trouxe novas ideias, uma atrás da outra, e eu distraidamente pensei em um “plano”.
“Ah…… Ah……!!”
“Hm? O que? Qual o problema?”
“Líder vai ‘esconder os olhar’, então eu......”
“Haah? Do que você está falando?”
Quando ela disse isso para mim, de alguma forma eu fiquei muito envergonhada com o que acabei de falar.
Mas o plano que imaginei pode ser a única maneira de superarmos essa situação.
“Líder, eu acho que nós podemos derrotar…. estas pessoas.”
“…… O que você quer dizer?”
“Hum, veja...... Hmm, é difícil dizer isto…. Eu quero pensar nisto enquanto escrevo, então eu posso pegar emprestado teu celular?”
“Hm? Eu não me importo, mas......”
“Em resumo......”
Enquanto eu estava digitando no celular que peguei emprestado de Kido-san, a voz de um homem começou a sair de um dos alto-falante da loja. A pessoa que falou provavelmente era o líder dos terroristas.
“Um resgate de um bilhão de ienes, huh...... Então até mesmo os criminosos são bastante idiotas.”
“De algum modo, um bilhão faz com que pareçam estúpidos, não é? É como a quantidade de dinheiro que só uma criança inventaria.”
Talvez tenha sido porque nós vimos um idiota anormal há não muito tempo atrás, assim até mesmo os terroristas pareciam idiotas para nós.
“Quanto que é um bilhão?”
“Se você vender duas flores artificiais por dia, é o resultado do quanto você ganharia em cem milhões de dias.”
“Eh……? O que você quer dizer?”
“Nada, esquece….”
 Embora eu estivesse escutando as negociações dos criminosos casualmente, eu tinha que trabalhar em um plano concreto.
Eu digitei como resposta a mensagem de Kano-san.
“Hum, uhh, por favor, espere um momento...... Eu farei isto, e depois isso......”
“Eu não me importo, mas...... Isso vai mesmo funcionar?”
“Sim, eu acho que sim...... H-Huh……? Uhm……”
Enquanto digitava no meio do plano, percebi que tinha esquecido uma última coisa.
Isso pode deixar muitas pessoas feridas. Eu tinha que evitar isso, não importava o quê….
“Ah, não...... Talvez, na verdade não seja bom......?”
“O quê!? O que você quer dizer?”
“Eek…… Por favor, espera um segundo…… Umm……”
“Ei, ei, do que vocês duas estão falando......?”
Mary-chan que estava escutando ao lado, se aproximou.
Agora que penso nisso, eu não tinha percebido porque tenho conversado com Kido-san durante todo esse tempo, mas Mary-chan parecia ter se acalmado bastante.
“Ah, uhm…… Eu estou fazendo um plano......”
“Eh, plano?! Isso parece legal......!”
“Ah~ Mary, fique quieta. Você não seria capaz de ajudar mesmo que você participasse.”
“Hmph~……”
“Hã? Mas...... se eu ‘cativar os olhos’, Mary-chan vai ‘fazer contato visual’, então――”
“Eh? Você disse alguma coisa......? Kisaragi?”
“....... Entendi! ....... Isso pode funcionar! Vai funcionar! Terminei!!”
Quando terminei de digitar e mostrei a tela do celular para Kido-san, Mary-chan se juntou e espiou também.
 “Hmm…… Eh, haah!? Quem é essa pessoa que aparece no meio?!”
“Ah, essa pessoa é minha conhecida...... Hum, é como está escrito aqui......”
“Eles podem realmente......?”
“D-Devem ser.…. tudo bem......, tenho certeza. De qualquer forma, quero confirmar com Kano-san!”
“Uau...... Meu nome também está na última parte......!”
De qualquer modo, eu posso mandar isso para ele agora......!?”
“....... Se essa pessoa realmente estiver lá....... então eu tenho certeza......”
“Eh……?”
Assim como pensei ter ouvido Kido-san murmurar algo, ela levantou a cabeça e olhou para mim.
“―― Não, tenho certeza de que, se assumirmos que essa pessoa está lá, é um bom plano. Este pode ser o único contra-ataque que podemos fazer agora........... Bom trabalho, novata.”
“....... Sim! Obrigada! E-Eu vou enviar......!”
 Eu estava realmente feliz.
De todas as vezes que fui elogiada até agora, esta poderia ser a vez em que mais fiquei feliz.
 “Ei, ei...... Eu não entendo o que está acontecendo, apesar de......”
“Ah, Mary-chan, você vai...... um…… e-eu vou dar o sinal! Então apenas fique com a gente até lá? Ok?”
“......? Ok! Entendi! Farei o meu melhor!”
Mary-chan apertou ambas as mãos e fez um pequeno pulso com eles.
Esse plano falharia se eu e Mary-chan não trabalhássemos bem juntas, mas não tínhamos outra escolha senão improvisar.
Eu ainda estava preocupada, mas isso teria que funcionar....... Eu tinha que fazer funcionar!
 O celular de Kido, que eu ainda estava segurando, recebeu uma mensagem.
Só se passou pouco tempo desde que enviei a mensagem, mas...... Como esperado, era de Kano-san.
“Assunto: Interessante!
Mensagem: O plano de Kisaragi-chan é interessante! A pessoa que Kisaragi-chan falou provavelmente está aqui também! Eu ouvi uma voz falando agora, mas essa pessoa parece ser boa e corajosa! De qualquer forma, eu só quero ter certeza, mas você será capaz de se aproximar sem ser descoberta? Também, tirei outra foto comemorativa, porque não tenho mais nada para fazer――”
Eu li o texto até essa parte, e sem sequer abrir a foto anexada, eu imediatamente respondi “Sim” para a pergunta: “Você quer apagar esta mensagem?”
 “Um, eu acho que está tudo bem!”
“Aah, tudo bem.”
Parece que o grau de idiotice de Kano-san foi transmitida para Kido-san.
“Nós realmente conseguiremos nos aproximar sem sermos descobertas?”
“Não deve ter problema, desde que não nos colidamos com ninguém. Apenas tome cuidado e não sejam descuidadas, os inimigos têm armas.”
“Ok! ”
Finalmente chegou a hora do plano começar. Nós três nos amontoamos e saímos para o corredor central.
 Quando dei uma olhada na parte interna do piso, vi que os reféns estavam reunidos em frente à parede.
 “Olhando eles assim fazem com que pareçam reféns de verdade...... É como se fosse a primeira vez que isso realmente parecesse real. ”
“É o mesmo para mim. Ei, Mary, não vá muito longe, está bem?”
“Tá!”
 Mary-chan estava com tanto medo da multidão, mas na frente dos terroristas, ela não parecia diferente de como era normalmente. Talvez ela fosse, de certa forma, excepcionalmente talentosa também.
Embora eu estivesse também nervosa, estranhamente, também não sentia medo de que houvesse terroristas bem diante dos meus olhos.
 Avançamos até chegarmos perto do final do corredor, e vi Kano-san e meu irmão sentados no lugar que tinha sido um ponto cego para nós antes.
 “……Por que esse idiota está sorrindo assim? Pelo menos tente esconder um pouco, estúpido….”
“…… Eu sabia, meu irmão de alguma forma parece muito sério...... Ele é covarde, então se ele está parecendo confiante, acho que ele provavelmente está pensando a mesma coisa que eu.”
“Vocês são irmãos, então provavelmente vocês são parecidos em alguns aspectos...... Espere, Mary...... O que você está fazendo?”
“Eh, parecia legal, então….”
 Mary-chan pegou um massageador de mão de algum lugar.
Pela expressão dela, ela provavelmente pretendia levar algum tipo de arma.
 “……Bem, seja como for...... Apenas devolva depois......”
“Sim! Devolverei depois.”
“Ahaha……Bem, de qualquer maneira, vamos dar a volta por este corredor.”
 Passamos por um corredor estreito do corredor central e vimos um homem barbudo, que parecia ser o principal culpado, que estava sentado em frente às persianas.
A julgar pela maneira como ele estava jogando no celular, parecia relaxado, provavelmente pensando que tudo havia ocorrido de acordo com o seu plano.
 “Ele é provavelmente o líder, certo? Ele tem um rosto tão malvado......”
“Tenho certeza de que é ele. Pelo rosto dele, ele parece ter uma personalidade podre.”
“O-O rosto dele é assustador......”
Ele provavelmente nunca pensou que sua aparência seria insultada em um lugar como este.
Mas havia um criminoso hediondo bem diante dos nossos olhos.
Até sua barba parecia expressar a atrocidade do homem.
“Ah, Kano está lá......”
“Você só percebeu agora......?”
“Sim. É porque eu fui pegar isso faz pouco tempo…… E-Eh? Huh……? Uwaah!!”
“Ah, espere......!”
 Mary-chan tentou erguer o massageador de mão, mas o cabo atrás dele se enrolou em seus pés. E assim, ela caiu espetacularmente, e o massageador de mão voou, visando o homem de barba.
 ““Uwaaaaaaaaaa!!””
 Kido-san e eu gritamos alto ao mesmo tempo. Apesar de termos tentado fazer chegar às nossas mãos, o massageador de mão atingiu diretamente a parte de trás da cabeça do homem de barba com força total.
Sem se segurar, o rosto do homem de barba se contorceu de dor. Ao mesmo tempo, Kido-san deslizou para baixo e pegou o massageador de mão antes de cair no chão. Nós três rapidamente escapamos para o corredor estreito.
 “Você é idiota!? Você quer morrer!?”
“Eek…… E-Eu sinto muito~......”
“Ah~ Agora, eu pensei que realmente ia morrer...... Eu vi a minha vida passar diante dos meus olhos......”
Nós nos sentamos no corredor e ouvimos a voz enfurecida do homem de barba de agora há pouco, junto com os gritos de seus subordinados.
Aah, eu realmente sinto muito, Sr. Subordinado...... Mas, bem, isso é o que eles chamam de punição divina por fazer más ações......
 Pouco tempo depois disso, recebi uma mensagem de texto de Kano-san no celular de Kido-san, que eu estava segurando.
‘Assunto: Parece tudo bem~
Mensagem: Seu irmão disse, que se houver uma chance, a probabilidade de sucesso seria de 100%! Parece que as coisas estão ficando interessantes! Mas ainda assim, o que aconteceu agora....... Foi o melhor (rss)’
Ao espiar do corredor para a direção de onde os reféns foram mantidos, pude ver Kano-san sorrindo atrás do meu irmão, que estava esperando por uma chance com uma cara séria.
A continuação da mensagem de texto foi assim:
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“Na verdade, estou ficando entediado, então quero me apressar e ir para casa. Ah, eu disse ao seu irmão para esperar até a próxima vez que o cara barbudo começar uma transmissão~”
 “Então parece que vai ficar tudo bem. Certo, vamos em frente com o nosso plano, então!”
“Ok, então...... Vamos......!”
“Certo...... De alguma forma, já estou cansada de ver aquele cara de barba......!”
“E-Eu gostaria de saber se está tudo bem de não me desculpar com essa pessoa......”
“Não se afaste de mim até que eu diga que está tudo bem.”
“Eh, tá? Entendido!”
Assim como ela fez antes, Mary-chan segurou a bainha do moletom de Kido-san.
“Então, devemos ir......”
“Certo...... Eh, o que? Eles estão começando a transmissão agora!?”
Assim que saímos para o corredor mais largo novamente, a segunda transmissão começou.
“ O q.…!? É cedo demais......! Ei! Mary! Precisamos nos apressar.”
“Eh? Eh? O que? ――Uwaah!”
Eu fui em frente primeiro, e Kido-san estava em uma posição em que arrastava Mary-chan enquanto caminhávamos para o lado das TVs.
Atravessando o corredor largo, chegamos ao lado oposto de onde o homem de barba e os reféns estavam sendo mantidos.
No lado direito da parede, várias TVs grandes estavam em exibição.
 “Certo......! Nós fizemos e-........”
Mas no momento seguinte, o que pulou na minha linha de visão foi o homem de barba que gritava mais cedo, e meu irmão, que estava sendo levantado pelo cabelo.
“I-Irmão......”
“Ei! Que bem faria se você for lá!? Ninguém além de você sabe o timing do plano, sabe!?”
“……!!”
Ela estava certa. Mas bem na frente dos meus olhos, meu irmão estava.......!!
“.......Ki-Kisaragi!”
“Eh……?”
De repente, Mary-chan segurou minha mão.
“Eu realmente não entendo o que está acontecendo, mas...... vai ficar tudo bem!”
Mary-chan segurou minha mão ainda mais forte e olhou nos meus olhos enquanto continuava.
 “Tenho certeza de que vai funcionar!!”
 Com essas palavras como o começo, todos os sons desapareceram do meu mundo.
A parte de trás dos meus olhos estava quente. Eu podia sentir a sensação de todos os meus nervos se concentrando apenas em minha visão.
No momento, eu pude saber claramente onde os “olhos” de todos estavam olhando.
 “...... Ok!”
  Eu lentamente respirei e me concentrei.
Existem nove terroristas neste andar. Eu sabia muito bem onde eles estavam neste lugar.
“Líder! A terceira TV de 42 polegadas da esquerda! Vamos começar com esta!”
“Entendido. Ei, Mary, vamos.”
“C-Certo......!”
 Nós três nos alinhamos abaixo da TV que eu tinha apontado e coloquei nossas mãos lá.
Agora, tudo o que precisávamos era do momento certo.
Eu sabia melhor do que ninguém, o momento em que os “olhos” das pessoas se reuniam.
 “...... como você......”
 ...... Espera mais um pouco...... Ainda não......!
 “Desgraçados como você deveriam simplesmente apodrecer na prisão pelo resto de suas vidas!”
 Embora ele não fosse um irmão confiável, ele poderia ser legal às vezes.
  No momento em que sua voz ressoou no piso, os olhares de todos estavam focados nele.
Em breve, eu iria “cativar” todos esses “olhos” sem deixar um único de fora!
“Agora! Vamos!”
 Nós rapidamente derrubamos a TV no chão.
Naquele momento, os olhares de todos estavam focados na TV, quebrada em pedaços.
Ao mesmo tempo em que todos respiravam enquanto observavam a TV, derrubamos os alto-falantes.
  “Onde é o próximo?”
“O próximo é.…! Aquela! Essa prateleira!”
“....... Isso é mais como se você estivesse se vingando dele em vez de chamar a atenção das pessoas, certo?”
“Ahaha...... Só um pouco.”
O homem de barba chegou mais perto, carregando uma pistola em uma das mãos.
“Quem está aí――!?”
“Preparar, pronto―!”
Ao mesmo tempo do grito, chutamos a estante de mercadorias com toda nossa força.
“Uoooh!?”
O conteúdo da prateleira caiu e esmagou o homem de barba sob o peso delas.
“E depois......!”
Quando olhei para o outro lado da prateleira caída, lá estava meu irmão, levantando-se e começando a correr.
Sem nem nos notar, ele passou por mim com uma expressão cheia de resolução.
“――Vou deixar o resto para você Ene-chan!”
Sussurrei.
Claro, não houve resposta, nem estava esperando uma.
 Eu ouvi meu irmão chamando ela e alguma coisa piscou na tela.
No momento em que pensei que tudo estava acabado......
 ―― Eu ouvi um tiro sendo disparado.
 “……!?”
 Quando me virei, vi meu irmão caído na frente de um computador.
 “……Eh……?”
“Droga......! Eles realmente fizeram isso......!”
 Ouviu-se um som alto e estrondoso de um motor e, ao mesmo tempo, as persianas começaram a subir com um chocalho.
 “....... Irmão!!”
Deitado de bruços, meu irmão não mostrava sinais de voltar.
Kano-san correu para o meu irmão.
“Vamos, Kisaragi-chan! As persianas já estão se abrindo! Rápido!”
“――!”
Quando as persianas abriram cerca de vinte centímetros, vi os pés da força policial tentando entrar.
Vendo isto, até Kido-san levantou a voz em pânico.
O barulho no piso estava mais forte.
Vários terroristas apontaram para as persianas, gritando algo em vozes confusas.
 Nesse ritmo, se as persianas se abrissem completamente, a polícia e os terroristas poderiam até iniciar um tiroteio e muitas pessoas seriam feridas.
 “Kisaragi――!”
“Eu sei......!”
 Para salvar meu irmão o mais rápido possível, não tive outra escolha a não ser fazer isto…!
  “Mary-chan!”
“Ok!”
“....... Vamos!”
  Eu balancei a cabeça e Kido-san parou de usar sua habilidade em mim.
Naquele momento, eu pude sentir que os “olhos” de cada pessoa neste lugar, até mesmo o dos terroristas, estavam presos em mim, contra sua vontade ou razão.
 “…… Eu sou Kisaragi - Kisaragi Momo. Eu tenho dezesseis anos. ―― E sou uma ídolo!”
 ―― Silêncio.
 Naquele momento, eu “cativei os olhos” de todos.
 “Por favor, cuide do resto...... Mary-chan!”
 Mary-chan saiu na minha frente.
Ela estava entre os olhares de todos e eu.
 Mary-chan fez “contato visual” com “cada” pessoa aqui, nos excluindo, contorcendo os cabelos e com os olhos vermelhos brilhantes, e disse:
 “Desculpa.”
 ―― Parecia quase como um feitiço que parava o tempo.
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“Estamos invadindo――! ……!?”
 Ouvimos o som das persianas se abrindo e de passos.
Parecia que a polícia havia entrado.
Mas, é claro, os reféns e os terroristas não apresentaram qualquer forma de resistência, pois estavam congelados enquanto olhavam para um único ponto.
 No entanto, ao seguir seus olhares, não havia ninguém lá.
Para ser mais preciso, ninguém seria capaz de reconhecer quem eles estavam olhando.
 “Olhos vendados completamente....... huh.”
 Talvez por alívio, Kido-san soltou um suspiro sombrio.
Seus olhos ficaram vermelhos e seu rosto mostrou seu cansaço.
 “……! Irmão!”
Eu corri para onde meu irmão estava deitado.
“...... Kano-san, como está meu irmão?”
Kano-san, que estava cuidando do meu irmão, tinha uma expressão excepcionalmente séria.
“....... Infelizmente......”
“Sem chance......! Não pode ser.…!!”
“―― Infelizmente, parece que ele desmaiou, só de ser atingido pela bala, eu acho?”
Com uma expressão de dor, meu irmão murmurou delirantemente: “Me perdoeee…. Eu não quis fazer issooo......”
 ....... Ah, dá um tempo. E eu que pensei que você finalmente parecia legal também. Eu retiro o que disse.
―― No fim, meu irmão estúpido sempre seria meu irmão estúpido.
 A polícia não conseguiu esconder a surpresa com a facilidade com que capturaram os terroristas e como todos nem se moveram um centímetro sequer. Todos os reféns estavam congelados, afinal, fazia sentido.
“Ei, você está bem!? Ei! Ei!!”
“D-De qualquer forma, prendam todos os criminosos! Ei, há também um que está debaixo da prateleira. Certifique-se de prendê-lo!”
Enquanto a polícia estava com as mãos ocupadas, Kido-san, Kano-san e eu fizemos uma pequena celebração pelo sucesso do plano.
“Mas mesmo assim, bom trabalho por ter feito algo como isto. Como fazer os olhos de todos se concentrarem em Mary.”
“Bem, eu pensei que meu irmão poderia abrir as persianas, mas seria perigoso se algo como um tiroteio começasse. Então, enquanto pensava em como parar o movimento de todos, lembrei da vez que o Kano-san ficou congelado como pedra.......”
“Hmm, então até um idiota pode ser útil à sua maneira.”
“Eh, isso é maldade! Ah, certo, Kido, você viu minha foto? Viu?”
“Eu deletei.”
 De qualquer maneira, com isso, finalmente eu pude relaxar. A polícia terminou de prender os terroristas, mas desta vez, todos eles estavam em alvoroço, pois não estavam mais congelados.
 “É isto o que chamam de...... caso encerrado?”
“Sim.... Tudo graças a você. Bom trabalho.”
“Eh? Bem…. Ehehe…… Espera, agora que penso nisso, onde está Mary-chan-......”
Percebendo que Mary-chan não estava com a gente, olhei em volta, e uma situação inusitada passou pela minha vista.
 Segurando o massageador de mão, Mary-chan estava sendo questionada por um dos membros da polícia.
 ““Uwaaaaaaaaa!!””
Kido-san e eu gritamos novamente.
“A-Aquela idiota......! Ela tentou devolver o massageador!”
“Uwawawa……O-O que nós fazemos!?”
“Pfft…… Aah, então é esse massageador que nocauteou o homem de barba! Mas por que algo assim...... É algum tipo de piada? Pfft…… M-eu estômago está doendo!”
“Cala a boca por um momento! Caramba...... O que devemos fazer......”
Esmurrado por Kido-san, Kano-san caiu no chão.
  “L-Líder, Mary-chan está apontando para nós, não está......?”
“E-Ei, idiota, não......”
“U-Uwaah!! Eles estão vindo para cá!! Wah...... Kano-san, você está no caminho!! Se apresse e fique de pé!!”
“Kido……socou...... meu estômago…”
“Você…. Se apresse e fique de pé! Aaaah......”
 Logo depois de Kano-san soltar uma voz miserável, um dos membros da polícia que se aproximava de nós tropeçou em Kano-san e caiu. Ao mesmo tempo, o policial gritou alto enquanto caía de bunda.
 “Co......” “Va.....”
“Corre! ” “Vamos correr!!”
 Comecei a correr junto com Kido-san, e fui para onde Mary-chan estava.
Quando a puxei para longe do policial, Mary-chan pareceu aliviada após me notar.
O policial, que foi deixado para trás, gritou: “Onde você está indo!? Espere um segundo!! ” Mas não demos atenção a ele e continuamos correndo.
Mas o que faríamos a seguir......?!
 Logo depois que pensei nisso, o andar inteiro imediatamente começou a ficar barulhento.
A petrificação de Mary-chan finalmente havia passado. Instantaneamente a polícia voltou seu olhar para eles. Kido-san não perdeu a chance.
 Mais uma vez nos tornamos invisíveis.
O policial que se voltou para nos olhar gritou em agitação: “Eles...... desapareceram!?”
 “Ei, Kisaragi! É perigoso ficar aqui por mais tempo! Estamos indo agora mesmo!”
“C-Certo!! Ah...... Mas......!”
“...... Ei, Kano!! Carregue o irmão da Kisaragi!”
“Ehh? Isso é tão...... não problemático, eu realmente acho que carregar alguém. Sim.”
“Kano-san, isso é tão grosseiro......”
 Graças a Kido-san que deu um soco nele, Kano-san carregou meu irmão.
Durante todo o tempo que meu irmão foi levado aos ombros de Kano-san, ele murmurou bobagens como: “Eep…… Por favor, me perdoe...... ” Isso me fez querer cobrir meus ouvidos.
  “Ah! É mesmo! ...... Ene-chan! Você está aí?”
Puxando o celular que estava conectado ao computador, perguntei e ouvi uma voz animada de uma garota.
“Ooh!? Essa voz é da irmãzinha!! Huh?! Você estava aqui para fazer compras!? O que aconteceu com o Mestre!?”
“U-Uhm…… Explico depois! De qualquer forma, você vem com a gente?”
“Claro que vou!! É para o parque de diversões?”
“B-Bem...... Não......?”
“Ei, estamos indo!”
“O-Ok!!”
  Corri para a escada, saindo do piso.
Ahh, sério, o que eu vim fazer aqui mesmo hoje....... Eu nem mesmo comprei o meu celular novo e as xícaras de chá.
 …… Mas ainda assim, se houvesse algo que conseguisse fazer….
Quando olhei para o rosto de Mary-chan, vi que ela estava começando a ofegar.
“Ei, Mary-chan.”
“O-O que......? Kisa–…… Momo-chan!”
“――! Hoje…. eu me diverti bastante!”
 Mary-chan olhou para mim por um momento quando ouviu isso, mas logo sorriu e sussurrou: “Eu também.”
 “…… Obrigada!”
“―― Irmãzinha! Irmãzinha!!”
 Ouvi a voz de Ene-chan do celular que tinha posto no meu bolso.
 “Hm? O que é, Ene-chan?”
“Isso é.…? É isso que os rumores falam que é: ‘yuri’, é.…? Ei, irmãz ――”
Eu desliguei o celular e coloquei no fundo do meu bolso.
“Yu… Yuri? Qual o problema com as flores de lírio? Elas são tão bonitas ――”
“N-Não é nada! Mary-chan, não tem nada com que se preocupar!”
“……?”
Eu suei, mas não era do tipo do suor que eu tive ao correr.
Esta parte insensível de Ene-chan pode ser o que faz com que ela e os comprimentos de onda do meu irmão se coincidissem.
“Ok! Estamos indo para baixo agora!”
Assim que chegamos à escada, ouvi um suspiro alto vindo de trás de mim.
“Uh…… Eu realmente vou ter que descer enquanto carrego o irmão dela? Todos os sete andares…?!”
“Depois da escada, vamos para fora.”
Pelas palavras de Kido-san, até mesmo Kano-san fez uma expressão cheia de desespero.
“Ueeh……”
“Kano-san, peço desculpas pelo meu estúpido irmão......V-Vamos levá-lo e ――”
“Ela estava realmente aqui! Momo-chan, ela mesma! Tenho certeza!!”
Quando eu estava prestes a sugerir para irmos com calma, ouvi uma voz dizendo isso entre as pessoas que foram feitas de reféns, e todos nós nos entreolhamos.
“Tenho certeza de que ela ainda está por perto! Foi ela quem nos salvou!”
Eles até ignoraram a polícia que tentava contê-los, e o barulho gradualmente se tornou mais alto.
“Parece que...... Não poderemos ir com calma, né?”
“S-Sinto muito...... Um......”
“Haah…… A sério, hoje está sendo tão louco......”
“E-Eu não aguento mais......”
 O sol que brilhava pela janela, como sempre, irradiava uma luz intensa.
Eu tinha certeza de que ainda estaria tão quente lá fora a ponto de nossas gargantas secarem.
As cigarras, sem dúvida, estariam chorando tolamente, e a névoa de calor estaria lá oscilante.
  Eu me senti um pouco irritada, mas foi muito diferente do sentimento “daquilo” que senti antes.
  14 de agosto, sendo um dia assim......
―― Eu tinha a sensação de que nunca esqueceria.
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tiascar · 3 years
Text
Aprovada?
━━━━━━━━++𝐚𝐝𝐫𝐢𝐧𝐞𝐭𝐭𝐞¡| ❝Vovó sempre disse que papai precisa de alguém para casar. Se não for para casar, você não é bem-vinda.❞ シ
❝Para namorar com Adrien, não tinha que passar apenas pela aprovação de seus pais. Além deles, tinha a prova de fogo: ser aprovada por uma seletora sem papas na língua de oito anos, sua filha Emilie, que não facilitava para nenhuma pretendente.❞
único; é você quem vai se casar com meu papai?
Adrien Agreste já havia apresentado Marinette para toda a sua família, menos para uma pessoa (e, para ele, uma – se não a mais – importante).
Por isso, naquela noite, estava nervoso. Todos já haviam aprovado a mestiça de olhos índigo como uma nova membra na família Agreste, a não ser ela.
— Papai, quando sua namorada vai chegar?
Adrien soltou um suspiro. Limpou a mão manchada por molho de tomate no avental e olhou para o arco da cozinha. Emilie Agreste-Tsurugi estava com seu melhor vestidinho florido, com o cabelo preso em um rabo de cavalo alto e uma cara de curiosa que era notada há metros.
Com seus oito anos de idade, Emilie - ou Ems, como preferia - era filha de seu primeiro relacionamento, que nunca chegou a um matrimonio. Haviam se separado logo quando ela fizera um ano, e Adrien havia ganhado a guarda da menina por ter uma residência mais fixa do que a esgrimista Kagami Tsurugi, que participava de diversos torneios e precisava se locomover quase sempre para atender os requerimentos dos mesmos, o que não a fazia uma mãe ausente. Tentava estar sempre na vida de Emilie, e tinha ainda um bom relacionamento com o ex-noivo.
— Ainda falta uma hora. Ela vai chegar as oito.
— Mas... papai, já são sete e cinquenta e cinco.
— O que?! — Adrien virou o corpo. Pisou na farinha ali derrubada, e o pé deslizou. Emilie colocou a mão sobre a boca, com os olhos esbugalhados e prendendo uma risada quando o pai caiu com um estrondo audível na cozinha, virando uma vasilha de alface sobre os cabelos loiros. — Porrrrr...caria!
— O relógio da cozinha 'tá atrasado, papai! Você mesmo me disse.
— É... eu me esqueci disso. O bom é que já tá tudo pronto, eu só preciso... tomar um banho e...
Adrien saltou ao ouvir a campainha soar. Levantou-se em um pulo e grunhiu.
— EU ABRO, EU ABRO!
Emilie saiu gritante pela sala, os cabelos voando enquanto as sapatilhas batiam contra o chão brilhante. Adrien logo correu atrás, esquecendo-se do avental sujo e do estado deplorável em que estava. Encontrou Emilie já na porta, errando tanto a senha do alarme que em menos de duas tentativas a polícia seria chamada.
Pegou-a no colo.
— Já disse, o alarme não é para crianças. — Olhou-a, um tanto bravo, mas a careta foi-se pelos ares quando Emilie rolou os olhos e deu a língua. Cristo, era aquela a educação que ele dera para ela?!
Não teve tempo de pensar, a campainha soou novamente. Ele prontamente digitou a senha, destravando a porta e girando a maçaneta. Quando abriu a porta, seu maxilar quase fora ao chão: Marinette Dupain-Cheng estava mais bela do que nunca, algo que ele pensou ser impossível.
O corpo estava escondido em um vestido carmesim, e os saltos pretos davam-na centímetros de uma altura falsa que ela nunca teria sem eles, porém, ainda continuava baixa perto de si. Os lábios em um tonzinho de rosa-bebe brilhavam sob a luz do corredor seleto. O cabelo estava preso em uma trança lateral que dominava a parte esquerda da clavícula exposta, caindo como uvas em um cacho. Mantinha um sorriso deliciosamente doce.
— Oi.
Ela soou, adoravelmente educada como sempre. Não era atoa que tinha uma ótima reputação como funcionaria, sempre respeitosa e prestativa.
— Oi... — Um sorriso bobo adornou os lábios do Agreste, que nada soube dizer a não ser aquilo. Fitava-a com uma admiração que era quase palpável. Poderia olha-la durante toda a noite.
Se não fosse por Emilie.
— Então você é a Marinette? — A garota tombou o rosto para o lado. Adrien olhou-a.
— Ems! — Repreendeu-a, com uma careta.
— Deixa ela, Adrien... — Marinette olhou para a garota. Era linda, com cabelos loiros e os olhos que eram uma mistura tendenciosa entre um verde escuro e um âmbar, quase oscilando em um degrade vertical. — Sim, você deve ser a Emilie, certo?
— Sim, Emilie Agreste-Tsurugi! — O orgulho no tom de voz era gracioso e bonitinho. — Papai fala muito sobre você!
— Espero que só fale coisas boas. — Marinette sorriu para ele. — Posso entrar?
Somente naquele momento Adrien percebeu que tinha deixado a namorada em potencial parada na porta por mais de cinco minutos por puro devaneio. O rosto adotou um tom escarlate que iluminou o rosto cor-de-pêssego.
— Claro, eu... não sei porque... ah... — Adrien sacolejou a cabeça, e a única coisa que viu fora um borrão verde passando em sua frente até cair no piso. Abaixou o rosto, reconhecendo um dos alfaces temperados que iriam compor uma salada. — Olhou para Marinette. — Isso... estava no meu cabelo até agora?
A mestiça não poupou uma risadinha.
— Sim.
— E nenhuma das duas me avisou por que...?
— O verde do alface estava realçando seus olhos e combinando com o seu cabelo, papai. — Emilie respondeu, antes mesmo que Marinette pudesse pensar em algo.
— Concordo com ela. — Marinette soltou, com um sorrisinho. Adrien grunhiu, colocando Emilie em pé antes de dar espaço para que ela entrasse. — Obrigada.
— De nada. — Puxou-a delicadamente, deixando um selinho nos lábios gordinhos.
— Está cheirando a molho de tomate e temperos.
— Fui eu quem cozinhou hoje. — Soltou um suspiro. — E... perdi o horário. Não percebi o relógio atrasado, quando Ems foi falar comigo eu tinha terminado de tirar um dos pratos do forno e...
— Ok, garotão, não precisa ficar se explicando. — Marinette riu, enquanto tirava o avental que ele vestia, vendo a camiseta preta ainda pior que aquele pano em que o rosto de Emilie estava estampado com um "eu amo o papai!" dentro de um coração vermelho. — O que acha de ir tomar um banho?
— Eu ainda nem montei a mesa... — Adrien choramingou, encostando a testa junto a dela. — Temos aqui o motivo porque nem mesmo consegui me casar. Eu sou um desastre.
Marinette meneou a cabeça, roçando a ponta do nariz ao dele.
— Eu e Emilie podemos fazer isso, só me dizer onde estão os pratos. Enquanto isso, você toma banho e se arruma.
— Mas... foi eu quem te convidei, eu devia arrumar tudo e fazer isso o melhor jantar de apresentação do mundo, mas acabei transformando em um desastre e... — Foi calado quando ela juntou os lábios aos dele, em um selo casto.
— Shhh, está tudo ótimo, eu estou adorando, e vou ficar feliz em te ajudar, tudo bem? Agora... onde ficam os pratos?
Adrien soltou um sorriso.
— No armário da sala de jantar. Monte como quiser, deve ter tudo o que precisa lá. A governanta disse ter tudo, pelo menos.
— Certo, agora vai tirar esse cheiro. Está me deixando com fome.
Adrien rolou os olhos, caminhou até Emilie, avisando-a que tomaria um banho e que está deveria ajudar Marinette com a mesa. Saiu em disparada para o quarto, deixando ambas sozinhas na sala. A mestiça olhou para a garota, que a fitava com um sorriso curioso.
— Vamos... montar a mesa?
Emilie assentiu.
Caminharam juntas para a sala de jantar. Começaram a organização juntas, sem muita conversa. Ambas pareciam tímidas.
— Então... é você quem vai se casar com meu papai?
Marinette sentiu a saliva descer rasgando por sua garganta. Olhou para Emilie com um meio sorriso, as mãos tremeram por um momento e ela quase derrubou o prato de louça cara que segurava.
— Eu... hã... casar é um termo forte demais...
— Vovó sempre disse que papai precisa de alguém para casar. Se não for para casar, você não é bem-vinda.
Marinette piscou, aturdida, e com vontade de rir. Segurou-se.
— Uh... então... pode ser que eu queira casar com seu pai... em um futuro... próximo. — De uns sete anos, completou em mente. — isso... é uma resposta suficiente?
Emilie franziu o cenho.
— E você pretende me dar irmãozinhos?
Ok, agora sim sua mente entrara no mais puro colapso, e ela só soube sorrir como uma palhaça.
— Uhh... não é uma... pergunta... — Marinette largou o prato sobre a mesa, ajeitando-o com minuciosidade, tentando distrair a mente da complexibilidade daquela questão. — ... muito... hã... uma questão... feita... muito cedo?
— Pffff... — Emilie rolou os olhos. — Eu já tenho quase nove anos! Logo vou estar velha demais para podermos brincar!
Marinette acabou mordendo o lábio inferior. Saia com Adrien há mais ou menos dois meses, tampouco haviam tido tempo suficiente para transar, imagina para pensar em filhos?!
— Uhhh bem... eu e seu pai temos que discutir isso ainda, mas... pode ficar tranquila que vou por isso em pauta logo. — Marinette acabou rindo. — Quer... fazer outra pergunta?
— Você gosta do papai? De verdade?
Marinette a encarou, e sorriu abertamente.
— Eu... não gosto do seu pai... — Emilie cruzou os braços. — Eu... eu amo ele. — Logo viu um sorriso no rosto da loirinha. — Ele... é a melhor pessoa que eu já conheci. De verdade, eu... amo ele demais, não tem como descrever.
— Hmmm, devo me preocupar que você ama alguém mais do que eu?
Ambas giraram o rosto ao ouvirem a voz de Adrien. Viram o loiro entrando pela cozinha, já banhado e cheirando a mesma colônia de sempre. Os fios loiros estavam úmidos, um tanto bagunçados. O torso coberto por uma camisa jeans com botões e uma calça em preto, combinando com os tênis da Adidas. Arregaçou as mangas ao se aproximar, fazendo com que Marinette o olhasse com ainda mais afinco.
Era um provocador de merda.
— Estava falando sobre você mesmo. — Marinette sorriu. — Está melhor, mas sinto falta do alface.
Adrien rolou os olhos antes de se aproximar.
— Vamos jantar, já enrolei vocês demais.
[...]
O jantar tinha sido perfeito, e Marinette estava surpresa por Adrien saber cozinhar. Nunca em sua vida ela imaginaria que ele tinha tal talento para cozinha, o que a surpreendera. Não deixado nada queimado ou fora do ponto, aquilo era algo extremamente exemplar.
— Parece que alguém foi aprovada pela Ems... — Sorriu, quando Adrien abraçou-a por trás, enfurnando o rosto na curva do pescoço da menor. — ... e, Cristo, que perfume bom...
— É o novo da coleção da empresa. Está... fantastic. — Girou o corpo, encarando-o. — Você tem uma filha encantadora e que se importa horrores contigo.
— Por que diz isso?
— Ela me perguntou se sou 'pra casar, e que caso eu não fosse, eu não era bem-vinda.
Adrien sentiu o rosto esquentar.
— Porra... — Soltou, com um revirar de olhos. — Hm, talvez tenha sido uma péssima ideia deixa-la aqui sozinha?
— Não, ela é um amor, até perguntou se tenho intenção de dar a ela um irmão.
O aloirado acabou rindo, envergonhado.
— Me desculpa... pela língua solta da Ems... eu não sabia que ela iria fazer essas perguntas.
Marinette envolveu o pescoço do loiro com os braços.
— Não precisa pedir desculpas, ela é um amor, de verdade. — Abiu um enorme sorriso. — Você tem uma filha incrível.
— E ela vai ter uma madrasta ainda mais incrível...
Marinette arregalou os olhos, Adrien também.
— Digo... não agora... bem... só se você quiser e...
— Agora sei de quem Emilie puxou a língua solta.
Adrien tombou o rosto para trás. Sentiu o corpo arrepiar-se quando Marinette depositou um beijinho em seu pescoço.
— Marin?
— Sabe... eu amei o jantar, de verdade, mas... agora que ele terminou, e Ems foi dormir... — Ela puxou o rosto dele. — Poderíamos... assistir um filme na Netflix.
Adrien acabou rindo.
— Assanhada... — Resmungou, ao lado da orelha dela antes de depositar um tapa estalado na banda direita da bunda arrebitada da mestiça.
— C-Culpa sua... — Riu. — Agora vamos logo pro teu quarto... quero te mostrar minha lingerie nova.
O sorriso dele ficou ainda mais largo, com uma pitada de malicia.
— Ainda bem que eu deixei um espaço 'pra sobremesa.
Ciciou, ao puxa-la em direção ao quarto. Marinette lambiscou o lábio.
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