Tumgik
#medo de tudo desmoronar
quebraram · 1 year
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O ruim de ter sido tão machucado e tão traumatizado, é que quando as coisas boas finalmente começam a chegar, eu sinto um medo enorme de tudo desmoronar e dar errado de novo. Sei que é foda confiar no processo e nas pessoas, mas tento colocar na minha cabeça que é melhor tentar do que nunca saber o que poderia ter sido. Viver no "e se" dói mais do que um tombo nos caminhos que seguimos... Porque da queda a gente se levanta, cuida do machucado, se recupera e segue em frente, mas o talvez a gente nunca esquece, mesmo depois de anos.
— Quebraram.
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casos ilícitos
Matías Recalt x F!reader
Cap 13
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Estou tão deprimida, ajo como se fosse meu aniversário todo dia. Eu choro bastante, mas sou muito produtiva, é uma arte. Você sabe que é boa quando consegue até com o coração partido.
Terminei de escrever o capítulo ontem então não deu tempo de revisar direito, então qualquer errinho, por favor relevem 😭
Avisos: Linguagem imprópria
Palavras: 9,5k (me empolguei 👀)
Cada minuto dos dias que vieram pela frente, foram gastos pulando de cenário em cenário, e imaginando cada vez uma versão ainda pior de como seria o seu reencontro com Matías, caso esse acontecesse. Perdida em devaneios de como seria a conversa, ou quem iria falar ou proferir a primeira palavra primeiro, e quem teria a coragem necessária para encarar ao outro. Ele, coragem de te enfrentar depois de tudo o que fez, ou você, de falar poucas e boas na cara dele de novo e tentar não desmoronar no processo. Também pensava em maneiras de poder contornar a situação e escapar dela, assim como do garoto em si.
Se encontrava presa em sentimentos conflituosos constantemente. Se sentia terrivelmente ansiosa para revê-lo ao mesmo tempo em que se sentia extremamente infantil por deixar esses sentimentos se apoderarem tanto de você. Ele era só um garoto. Nada demais. Todo mundo tem um ex-namorado que não gosta, isso não te faz especial, muito menos ele. Afinal, não é como se ele tivesse dito que se casaria com você um dia (ele disse!), ou dito que queria ter filhos com você (ele disse!) ou dito que te amava (ele NÃO disse!), no fim de tudo, foi só você vendo o que queria ver e tinha projetado em sua mente.
Talvez estivesse imaginando demais. Talvez no momento que ele te visse na apresentação, e por acaso o olhar de vocês acabassem se encontrando por alguma brincadeira do destino, ou acabassem se trombando, ele simplesmente te diria um “oi”, te ignoraria e seguiria em frente, como se esse simples ato não fosse o bastante para te desestabilizar pelo resto do dia. Mas achava essa possível falta de interesse por parte dele muito improvável de acontecer, levando em consideração que as flores dele ainda chegavam todo dia em sua casa, o qual você ainda faz a gentileza de presentear sua síndica, ou qualquer outra mulher no condomínio que goste das plantas delicadas e saibam apreciá-las.
Você tentou se preparar mentalmente para todas as possíveis interações e não interações que poderiam ou não acontecer, e mesmo com o seu estômago gelado de medo e antecipação pelo momento que não poderia mais ser adiado, você tenta acalmar a sua mente preocupada, e pensa que talvez dê sorte e ele nem esteja lá. Talvez ele tenha faltado, ou esteja doente, qualquer coisa para que você não seja obrigada a revê-lo.
O anfiteatro já estava todo montado e preparado com as ferramentas necessárias para as apresentações. O laptop conectado ao telão onde seriam mostrados os slides que cada grupo montou, sua professora em seu devido assento com uma caderneta para fazer anotações que achasse útil para mais tarde atribuir as notas, e os alunos convidados, juntamente com seu professor, chegando aos poucos para se acomodarem.
Você percorre os olhos por todos eles, procurando por um rosto em específico, e ficando aliviada quando não encontra nenhum. Mas sabe que é questão de tempo, pois sempre tem alguns alunos que chegam mais tarde, bem quando fica faltando pouco para darem início às apresentações, e não duvidava muito que ele poderia ser um desses.
Suas amigas notam a sua aflição, percebendo como os seus olhos se espantam cada vez que um novo aluno entra na grande sala, e suas orbes que estão grudadas na porta ficam à espera de qualquer movimento suspeito. Mas depois que vários corpos desconhecidos entram, e muito tempo se passa, você começa a pensar que ele não vai vir mais, e não sabe se vai ficar mais decepcionada se vê-lo, ou se não o ver hoje.
Se o visse, sabia que seria uma grande carga emotiva para você lidar, ainda mais em um dia tão importante como esse, então era melhor evitar. Por outro lado, só o pensamento de ver aqueles olhos, aquele rosto mais uma vez, era maravilhoso e de certa forma excitante, apesar de tudo o que aconteceu. Ele ainda está tão bonito como você se lembrava? Está melhor ainda? Está com a aparência perfeita enquanto você se esforçava para sair da cama todo dia e fazer suas coisas?
Não quer admitir, mas colocou um esforço a mais em sua arrumação hoje, simplesmente pela possibilidade de reencontrá-lo. Não para impressioná-lo, ou conseguir um elogio, longe disso, esses dias haviam acabado para você. Somente não queria que ele visse como você está mal e dar essa satisfação a ele. Você poderia estar ruim, mas ele jamais iria ficar sabendo disso:
- Amiga, fica calma, tem tanta gente aqui que você nem vai notar ele – Diz sua amiga e integrante do grupo vindo te confortar. - Que se dane ele, você tá uma gostosa com esse blazer, e vamos arrasar na apresentação. – Continua ela, balançando os seus ombros pra te relaxar e arrancando uma risada sua, te animando.
Todas vocês estão usando trajes sociais hoje, tanto as meninas quanto os rapazes que iriam mostrar o trabalho, pois já era norma que em situações assim, deveriam se portar com mais formalidade. E isso incluíam as roupas, ternos, blazers, gravata, tudo que pudesse passar mais credibilidade e segurança na hora de discutir e debater a respeito do tema estudado.
Você ainda se sentia um pouco estranha em seus saltos altos, junto com sua saia colada (um pouco curta, tem que reconhecer), blazer, e camisa social, parecendo uma secretária. Mas de acordo com suas amigas, uma secretária sexy. O que já faz com que você se sinta um pouco melhor estando nesta pele empoderada, e tentando não se sentir uma garotinha tola por dentro:
- Tudo bem, eu posso fazer isso, já superei ele. - Diz convicta olhando para ela e suas outras amigas no grupo, as assegurando de que tudo ficaria bem.
E elas acreditam, mas essa confiança e convicção só duram até seu olhar ser abruptamente desviado novamente para a porta e desta vez ficando em total choque e espanto, com o seu batimento cardíaco acelerando a mil por hora, e seu rosto se esvaindo de cor. E seguindo a sua linha de visão, elas entendem o motivo.
O dito cujo.
Matías.
Ele havia acabado de chegar.
Ele entra na sala com o rosto em uma expressão séria e fechada, e de olhos atentos, como se também estivesse na procura de alguém. Você começa a avaliá-lo por completo enquanto ele continua correndo os olhos pela sala. Começa notando que o cabelo dele está mais comprido, os mesmos fios pelos quais você adorava correr os dedos, e puxá-los em momentos específicos. Repara também que agora ele tem olheiras profundas e levemente escuras abaixo dos olhos, indicando que ele não tem dormido muito bem ultimamente. “Provavelmente se divertindo até tarde da noite com a nova garota dele” Você pensa com amargor. O rosto está um pouco pálido, e ele está mais magro, o que mesmo não querendo, te preocupa um pouco, afinal ele já era magro antes, não queria que ele acabasse doente por não se alimentar direito. Mas isso não é mais problema seu, tem que se lembrar disso. Agora ele tem a Malena, que deveria estar cuidando muito bem dele, do jeito que ele sempre quis e que sempre foi destinado para ser.
Como se estivesse sentindo o seu olhar grudado na figura dele, os olhos do garoto são atraídos até o seu e te fitam do outro lado da sala. E por um instante, por meros segundos, são apenas os dois naquele salão enorme repleto de pessoas. Os sons desaparecem assim como todo o resto, sobrando apenas vocês dois ali. Não existe mais raiva, melancolia, rancor ou mágoa. Só existe a saudade que tem sentido um pelo outro desde então. Você está impossibilitada de tirar os seus olhos dele, não os desviando por nada, e ele faz o mesmo, ainda estagnado no lugar. Até parece que estão tendo algum tipo de conversa através dos olhares trocados, como se eles pudessem dizer algo que nem mesmo vocês conseguem, ou estão prontos para admitir ainda.
Você quer correr até ele, envolvê-lo em seus braços e beijá-lo até que ambos fiquem sem ar, sem se importar com mais nada além disso. Querendo que ele envolva os braços em sua cintura e te puxem para mais perto, mostrando que nunca mais iria te soltar e te deixar ir. E no único momento que afastasse os lábios dos seus seria para te dizer coisas doces ao pé do ouvido, promessas, juramentos, e frases que te deixariam de pernas bambas e de bochechas extremamente avermelhadas.
Mas o encanto é quebrado quando uma de suas amigas toca o seu ombro, te livrando do feitiço em que você estava envolta e te deixando respirar de novo, já que você nem tinha percebido que tinha prendido a respiração quando o viu. E você se amaldiçoa internamente, pois fica indignada que mesmo depois de todo esse tempo, e depois de tudo que ele fez, ele ainda seja capaz de te deixar sem fôlego.
Como você se permitiu cair nessas fantasias hediondas novamente? Se imaginar voltando com uma pessoa que te causou tanta dor, e mentiu tanto para você? E como se estivesse sendo pega por uma tempestade, é enxurrada com todos os sentimentos ruins todos de uma vez, te acertando bem no peito. O remorso, a dor da traição, da mentira, e de todo o resto. Você volta a encará-lo, mas desta vez ao invés de saudade ou luxúria, só havia ressentimento e rancor, e com o engolir em seco do rapaz, dá pra ver que ele também havia notado a diferença em seu comportamento.
-Precisamos ir, logo começam as apresentações e temos que nos preparar - Diz sua amiga ao seu lado, te livrando do toque leve no ombro - Ou você prefere ficar aqui e ir conversar com o seu príncipe encantado? - Questiona ela com um meio sorriso e arqueando a sobrancelha te provocando.
- Ha-ha, muito engraçado - Você retruca se recompondo e arrumando a postura - Vamos logo - Diz a ela com o rosto corando por ter sido pega em uma situação tão constrangedora, após ter dito que já tinha superado o mesmo.
- Estou falando sério - Ela argumenta - Ele tá vindo aqui agora, e acho que é pra falar com você - Comenta ela, desviando o olhar para a porta, onde você estava fitando agora pouco.
- O que? – Você diz perplexa, se virando para conferir.
Não! Não! Não!
Ele realmente está começando a abrir caminho entre os corpos dos diversos estudantes espalhados pela sala e se aproximando de onde você está, para chegar até sua pessoa. Tudo o que você menos queria agora era ter de falar com ele, e acabarem brigando na frente de todos, o que era provável pois você não queria escutar mais nenhuma das desculpas esfarrapadas, ou mentiras saindo da boca dele. Ou o pior de tudo, acabar cedendo aos encantos dele e se deixar ser franca em um momento desprovido de lucidez. Isso não poderia acontecer.
E como a adulta completamente madura e totalmente responsável que você é, já sabe exatamente como lidar com essa situação:
-Vamos sair daqui – Você diz para a garota ao seu lado - Agora! - Repete apressada, e dando as costas ao rapaz antes que ele tenha a chance de te alcançar.
Seus passos são apressados e ligeiros, querendo deixar a sala o mais rápido possível, e sem olhar para trás nenhuma vez. Ele estava muito enganado se pensava que poderia te encurralar e te forçar a conversar com ele depois de tudo. Você está quase saindo da sala pela porta lateral, com o semblante determinado e punhos apertados, até que é parada de repente, ao sentir um aperto em seu pulso te prendendo e te mantendo firme no lugar. E era impossível não reconhecer a quem pertencia a mão te segurando, sendo que o seu corpo já havia memorizado cada toque, cada carícia que a mesma já havia te feito, e te proporcionado.
Mesmo sabendo que havia chegado ao fim da linha, e que não tinha mais como escapar, você se recusa a se virar para ele, e fecha os olhos por um momento soltando um suspiro pesado e resignado com a situação.
-Espera! Podemos conversar rapidinho? - Você escuta a voz de Matías dizer, parecendo ofegante provavelmente por ter corrido para te alcançar, e sem ainda largar de seu pulso.
Você só puxa sua mão abruptamente se livrando do toque dele, e se vira para finalmente o encarar, e o olhar cara a cara. O seu olhar é cortante, bravo, ferido, como se fosse um animal que ataca para se defender, e no momento, é exatamente assim que você se sente. Ele te encurralou, não te deu o seu espaço, e mais uma vez coloca as necessidades dele acima das suas, como se o fato de te enganar não fosse uma infração ruim o suficiente, e ainda assim, você tem que tentar o seu máximo para ignorar como a sua mão formiga já sentindo falta do calor da palma dele contra a sua.
Por que ele tinha que ser tão bonito assim? Vê-lo tão de perto, e poder admirar o rosto do qual sentiu tanta falta, te fazia às vezes querer esquecer de tudo apenas para poder tê-lo novamente em sua vida. Mas não podia, você tinha mais amor próprio do que isso, e sabia que era um erro deixá-lo se aproximar quando você estava tão confusa, vulnerável e irritada. Mas às vezes era difícil dar razão às vozes de sua cabeça e ficar brava com alguém que um dia tinha sido o seu tudo, e até mesmo por alguns instantes a sua pessoa favorita no mundo todo. Sabia que tudo não havia passado de enganações e uma farsa bem elaborada, apenas uma fachada que ele arquitetou para te prender em sua teia de mentiras. E mesmo que tenha funcionado por um tempo, o amor unilateral que um dia você chegou a sentir por ele, não te faria pegar mais leve com ele, ou com o sentimento que um dia haviam compartilhado juntos.
-Eu estou ocupada, caso você não tenha notado - Diz o encarando brava, sem dar abertura.
Falar que o clima havia ficado pesado era um eufemismo, considerando que ambos se fitavam com afinco, ainda mais você que tinha adagas no olhar e palavras afiadas que queria desferir a qualquer menor palavra inconveniente que saísse dos lábios dele. Sua respiração estava pesada, suas mãos tremendo e suas sobrancelhas franzidas em uma expressão óbvia de descontentamento. Ele, por outro lado, parecia afoito e impaciente para conseguir falar fosse qual fosse a mentira da vez. Sua amiga se meche desconfortável do seu lado, provavelmente sem graça de estar presente no meio do que possivelmente se tornaria uma discussão de relacionamento:
-Na verdade ainda temos uns minutinhos - Diz a sua amiga limpando a garganta e entrando na conversa - Vou ir lá ver como estão as coisas, e qualquer imprevisto eu te chamo – Ela anuncia prontamente, e sem esperar por uma resposta ou concordância sua, ela começa a se afastar - Bom papo – A garota diz ao sair pela porta e te dando uma piscadinha singela no final.
“Traidora” – Você sussurra com os lábios ao fita-la com raiva, e ela somente ri, te deixando ali com o ser indesejado.
Sem alternativa, você cruza os braços na frente do corpo para impor alguma distância entre os dois, e com um revirar de olhos, espera que o garoto comece a dizer logo o que tenha para te falar, para acabar com essa tortura o mais rápido possível. Só que estranhamente, o rapaz que é sempre tão tagarela, parece ter ficado mudo e quieto desprovido de qualquer som. A única coisa que ele conseguia fazer era percorrer os olhos por sua figura, e absorver sua imagem com vontade, para tentar memorizá-la. Assim que os olhos dele fixam na barra de sua saia, que medem um pouco mais do que metade de suas coxas, ele engole em seco, ficando intimidado e nervoso, parecendo que nunca havia visto mais partes de sua pele nua do que agora. E talvez depois de tanto tempo separados, o sentimento seja mesmo esse, já que parece que a ideia dos dois estarem juntos foi há uma vida atrás.
Ficando impaciente com o súbito silêncio dele, e ficando constrangida (e mesmo que não admita isso para mais ninguém, fica satisfeita de ver que não é a única que ficou com cara de boba ao reencontrá-lo) limpa a garganta falsamente chamando a atenção dele:
- Para de ficar me secando seu tarado! – Fala o repreendendo.
- Desculpa – Ele responde rapidamente, e engolindo em seco novamente, arruma a postura e desvia o olhar de seu corpo, focando em seu rosto e ficando sério – É que faz tanto tempo, e você tá tão linda - Te elogia com a voz rouca, arrancando outro revirar de olhos seus e um suspiro frustrado. O típico truque barato dele de te agradar e te acalmar para dar início a uma conversa difícil.
Mas dessa vez não vai funcionar, e com isso você não diz nada, deixando que ele sofra mais um pouco tentando encontrar as palavras certas sobre seu olhar excruciante. Então ainda de braços cruzados, só levanta a sobrancelha e o desafia a continuar:
- Eu tentei falar com você várias vezes. Te mandei mensagem, liguei, te procurei em todo o canto, fui até sua casa e até te mandei flores, espero que tenha recebido. – Ele diz com a voz baixa e pausada, como se doesse admitir que todas as tentativas dele de contato foram fracassadas, e ao menos tinha um pouco de esperança de que você tenha recebido os presentes com os bilhetes afetuosos dele.
Você ainda não disse nada, porque sabe que se abrir a boca neste momento, pode começar a desabar no mesmo instante. Odeia como fica comovida com a feição triste e magoada dele, sendo que foi ele quem te magoou, e era você quem era a vítima aqui. Então porque estava te doendo tanto ver a melancolia nos olhos dele? Ele só estava colhendo o que plantou. Então como se para te lembrar do motivo que levou a tudo isso, pensa nos sonhos que tem tido nos últimos meses. Ele e Malena entrelaçados nus em uma cama, ele por cima dizendo palavras tão bonitas quanto as que te disse durante o namoro, e ele louco de desejo por outra pessoa, porque afinal, isso era tudo o que você era pra ele, um pedaço de carne e um brinquedo descartável.
Matías nota que você não vai ceder, e vai continuar se mantendo séria e calada, e soltando um suspiro sôfrego, ele prossegue com pesar:
-Eu sei que você ainda tá brava, mas você pode dizer alguma coisa? Por favor! - Ele implora deixando os ombros caírem com desânimo ao seu desprezo.
Você está prestes a respondê-lo, e acabar logo com essa palhaçada. Se era pra mandá-lo ir se foder ou colocar as flores que ele te mandou em um lugar bem desagradável, você não saberia dizer com certeza, mas é interrompida de sua futura ofensa a ele por uma voz alta e autoritária se fazendo presente no corredor:
-Atenção! Todos os grupos que vão se apresentar, se reúnam na sala, agora - Ordena sua professora inspecionando os alunos até o local e querendo agilizar a atividade.
E como se um aviso de que a conversa estava encerrada, você o lança um último olhar de desdém, e sem lhe dizer nenhuma palavra de despedida ou satisfação, simplesmente o dá as costas e vai embora, e desta vez mesmo a contragosto, ele te deixa ir.
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Conforme cada grupo vai entrando e saindo do palco de apresentações, você tenta controlar o seu nervosismo e se mostrar confiante para todos, mesmo sendo uma total fraude. Sua amiga não te pergunta a respeito da conversa, sabendo que se você quiser compartilhar o que houve, dirá por vontade própria, o que você a agradeceu internamente por não ter que lidar com essa carga emocional agora.
Assim que chega a sua vez de apresentar o projeto, juntamente com as suas amigas, você faz o possível para evitar de olhar para o rapaz de cabelos castanhos na plateia, fosse para não se distrair ou acabar vacilando nas próprias palavras. E quando finalizam, após esclarecerem as dúvidas que seus colegas possam ter tido, se retiram do local, e é quando finalmente você consegue respirar com calma e relaxar, sabendo que tinha feito um bom trabalho.
A apresentação de todos os grupos depois transcorrem bem sem nenhum incidente, isso se não contar o penúltimo conjunto de rapazes que não souberam responder as dúvidas dos colegas na plateia, e recebeu um olhar afiado e descontente de sua professora, acompanhado de uma anotação furiosa na caderneta da mesma.
Assim que esse processo é finalizado, juntamente com um discurso de agradecimento, as pessoas começam a se dissipar do local, e seguem para as próximas atividades do dia, como a próxima aula, ou um intervalo para comerem alguma coisa no caso de alguns. Para sua infelicidade, Matías parecia que teria o próximo período livre, assim como você, e claro que ele usaria esse tempo vago, para mais uma vez vir te procurar. Ele se levanta com pressa de seu assento, e começa a vir em sua direção, e você corajosa como sempre, os dá as costas outra vez, e foge para evitar qualquer tipo de conversa com ele.
Ele não desiste, e conforme os segundos se passam, você escuta os sons dos passos dele atrás de você se aproximando e quase te alcançando, e em completo pânico, antes que possa pensar direito, vira em um corredor deserto e entra na primeira sala vazia que encontra na universidade, já que tinham várias desocupadas naquele período. Mas antes que possa trancá-la, com as mãos tremendo na fechadura, ele é mais rápido e força sua entrada na mesma, não te dando escolha a não ser aceitá-lo no espaço e enfrentá-lo.
Matías tranca a porta atrás dele, em um aviso claro de que não tinha mais como escapar da conversa e que era a hora de falarem a respeito do que aconteceu, você querendo ou não. Você fica indignada com a atitude dele de te encurralar assim, e tenta preservar o máximo de controle que ainda possuía sobre a situação, colocando o máximo de distância que podia entre os dois, indo para o fundo da sala com raiva, enquanto ele se escorava na porta, e te fitava com o rosto sério:
- Já cansou de fugir de mim? Ou a gente pode finalmente conversar? - Ele questiona exasperado, como se ao menos tivesse o direito de estar chateado com algo nessa situação. Ele era um hipócrita e mesquinho por pensar que tinha algum poder de fala aqui.
Em poucos passos ele atravessa a sala inteira e chega até onde você está, acabando com a sua vontade de estar longe dele. E isso só te enfurece ainda mais:
- Será que você não percebeu que eu não quero falar com você seu idiota? – Retruca raivosamente, e se dirige até a porta para destrancá-la querendo sair dali, o que você também não consegue fazer já que ele entra na sua frente, e impede que você se mova mais um centímetro.
Será que ele não entendia que você realmente não estava com paciência para este tipo de coisa agora?
-Matías eu quero sair, então some da minha frente – Ordena fria e seca em um ranger de dentes.
- Não até a gente conversar direito – Ele retruca sem se mover um milímetro para o lado, mostrando que não tinha intenção nenhuma em te obedecer até que fizesse o que ele queria, o que no momento, era apenas um pouco do seu tempo e atenção - Por favor, me deixa explicar! - Ele insiste mais uma vez com a sua falta de resposta.
-Eu não quero ouvir mais nada vindo de você. - Diz mantendo a sua decisão de evitá-lo.
Matías solta uma respiração profunda com o seu teimosismo constante e prossegue - Eu juro que não dormi com ela, e nem com ninguém desde que te conheci - Afirma com a voz séria tentando te passar certeza, e te olhando olho a olho.
Você só solta um riso de escárnio com as palavras sem significado dele, e com o pensamento estúpido dele achar que você realmente cairia nessas besteiras de desculpas dele:
- Claro, eu acredito muito na sua palavra, Matías, me convenceu muito – Diz irônica. – Além de ser um mentiroso, omitiu coisas de mim. - O relembra com amargura em seu tom de acusação.
- Eu não te contei por que não queria te perder. - O mesmo se defende, com a justificativa mais besta que você já ouviu. - Você é muito importante pra mim e eu não queria perder isso. - Fala com o semblante chateado e cabisbaixo.
- Você nunca me teve pra me perder. – Fala irritada – E não adianta falar essas suas merdas porque eu não acredito em nada do que você diz - Com isso, você dá um passo à frente e aponta o dedo no peito dele, o cutucando com força - Você por acaso tava pensando no quão importante eu era quando foi trepar com ela? Ou isso foi depois de vocês se comerem? - Sua voz começa a falhar nesse momento, com a frustração, vergonha e rancor querendo vir à tona. Mas rapidamente limpa a garganta, não se permitindo que as lágrimas que estão querendo se formar escorrão por seu rosto, e continua - Você já deixou bem claro que ela sempre vai ser a sua escolha, então me deixa fora disso, e me esquece. - Fala com a voz mais composta que consegue.
Ele pega a sua mão que estava com o dedo no peito dele e a segura, a envolvendo na palma dele e acariciando, fazendo carinho com os dedos e apertando com firmeza no calor irradiando do mesmo:
- Eu não a escolhi, aquilo foi um erro, e nunca mais vai se repetir, eu juro. – Ele diz trazendo suas mãos aos lábios e depositando um pequeno selinho ali no local – Por favor, você já me ignorou por tempo demais, não acha? Vamos conversar com calma. - Ele pede, usando os olhos a seu favor, em uma expressão sofrida no rosto.
“Um cafajeste mesmo” você pensa com ódio.
- Pra você mentir pra mim de novo? - Pergunta retoricamente. – Não obrigado. - Responde, afastando as suas mãos do alcance dele e as limpando na barra da blusa, para que ele veja o seu desprezo pelo gesto barato.
Ele vê, e não esconde a insatisfação e mágoa com a sua reação.
- Me desculpa, eu fui um idiota, e deveria ter te contado tudo o que aconteceu, ou melhor, nem ter feito pra começo de conversa – Ele admite agitado – Mas não posso mudar o que aconteceu, só posso prometer ser melhor daqui pra frente. - Diz querendo uma segunda chance.
- Não me importa o que você promete ou deixa de prometer! Só cala a boca porque eu não quero te escutar. – Diz irritada, mas isso não é o suficiente para que ele cesse o roteiro sem fim de desculpas esfarrapadas dele:
- Foi um beijo, nada mais que isso e…
-CALA A BOCA! - Você grita o cortando no meio da frase, e perdendo o pouco controle que ainda te restava.- Não me importa se foi só um beijo, ou uma transa Matías, você não entende não é? Você me traiu de qualquer forma e não tem como consertar isso, então para com esse papo de “foi só um beijo”, ou “ foi antes da gente voltar” porque pra mim não faz diferença alguma. - Você cospe as duras verdades na cara dele.
Com muito pesar, ele finalmente parece entender o seu lado e seu ressentimento, e fita o chão envergonhado por ter causado tanto problema na antiga relação de vocês. Um silêncio se instaura no ambiente, você não quer dizer e nem ouvir mais nada, mas ele se recusa a deixar que a conversa de vocês acabem assim, não depois dele lutar tanto para estarem no mesmo lugar juntos:
- Eu ainda tenho sentimentos por você, e sei que lá no fundo você ainda sente algo por mim – Matías fala quebrando o silêncio com suas afirmações, e voltando a te encarar.
- Você só pode estar de brincadeira! - Diz revirando os olhos - Eu não sinto mais nada por você - Retruca descaradamente com a língua afiada - Até onde eu saiba, não sou eu quem ando atrás de você como um psicopata. – O acusa furiosa com adagas no olhar com a insinuação ridícula do garoto.
- Eu sei que no fundo você gosta, gatinha – Ele diz ao largar a máscara de tristeza de lado, e voltando ao seu jeito babaca e convencido de ser, o que só te dá uma vontade enorme de dar um tapa na cara dele, para que assim essa satisfação e certeza toda saia do mesmo, e antes que pare pra pensar duas vezes, é exatamente isso o que você faz.
A cara dele na mesma hora se vira para o outro lado em um estalo seco e alto, assim que sua mão encosta na bochecha com força e brusquidão. A região afetada imediatamente fica avermelhada, e marcada no formato de seus dedos na pele branca do rapaz, mas em momento algum ele demonstra dor com o seu feito, e volta a te encarar com a mesma expressão provocadora, e debochada quase no mesmo instante.
Se enraivecido ainda mais com a audácia dele, você desfere outro tapa seguido só que no outro lado da face do garoto, o que novamente, não surte efeito algum, e ele volta a te encarar com a expressão malandra na cara. Você pode estar imaginando coisas, mas chega a parecer que ele está até mesmo gostando disso. Como se a sua agressão o estivesse excitando e dando prazer a ele. Mas quando você vai desferir um terceiro tapa, ele te surpreende ao agarrar sua mão no ar e prendê-la, e quando você vai usar sua outra mão para se soltar do aperto dele, ele faz o mesmo, conseguindo assim te prender e te ter literalmente de mãos atadas para ele.
Tendo agora controle sobre você, ele te segura e te empurra para trás, te pressionando contra uma parede, e te deixando frente a frente com o corpo dele e te fazendo soltar um pequeno grito, devido a ação repentina.
Antes que você possa reagir ou fazer algo que não seja arfar de surpresa, ele junta suas duas mãos em uma só no aperto dele, e as prende acima de sua cabeça. Ele chega cada vez mais perto, e levando a outra mão dele que agora estava desocupada, a posiciona em seu queixo, te segurando e forçando o seu olhar a encará-lo:
-Você tá louco? Me solta, Matías! - Você reclama, se debatendo e tentando se soltar do aperto dele, mas sem sucesso algum.
- Nós dois sabemos que você não quer isso, meu bem - Ele diz, ficando com o rosto ainda mais perto do seu e te fitando com afinco.
Ele está tão correto sobre isso que te deixa enfurecida. Mas não somente com ele, mas consigo mesma também. Pois odeia como o calor que está emanando dele te causa sensações já tão familiares da qual seu corpo tem sentido falta nos últimos meses. O modo como as mãos dele estão te segurando com força, as peles em contato uma com a outra, o cheiro dele, tudo como se fosse um convite aberto para que você o recebesse. E mesmo não querendo, com o seu cérebro te dizendo não, o seu corpo grita que sim, e super demonstra isso para ele. Fosse a forma como sua respiração está ficando mais falha, as bochechas ficando coradas, ou o modo que involuntariamente você fricciona as coxas uma contra a outra em busca de alívio.
-Você não sabe o que eu quero - Diz em um fio de voz, não querendo se render tão fácil.
-Ah não? - Ele diz e se aproxima de sua orelha para sussurrar em seu ouvido - Então se eu levantar essa saia minúscula que você tá usando agora, eu não vou encontrar a sua buceta molhada? - Ele pergunta, e mordisca levemente o seu lóbulo, arrancando um gemido baixo seu.
Mas você se recusa a responder a pergunta petulante dele, e com sua falta de palavras, ele decide provar o seu ponto e larga o seu queixo para deixar a mão livre. Você fecha os olhos já sabendo exatamente o que vai acontecer, e não demora muito até que ele leve a mão até o meio de suas coxas e encontre o que tanto procurava:
-Porra! - Ele exclama - Você está encharcada - Ele diz ao apalpar a sua carne sensível com vontade.
E com esse simples toque, tudo está perdido e você é reduzida a uma bagunça melosa e carente por contato do garoto. Assim que ele larga as suas mãos, você se aproveita de sua recém liberdade para entrelaçar os braços no pescoço dele por vontade própria, o agarrando e o trazendo para seu calor, e ele se utilizando desse momento de rendição sua, leva as mãos até a barra de sua saia a puxando com pressa para cima, até alcançar a altura dos quadris. E quando o consegue, te agarra firmemente pelas coxas, e te traz até ele, te erguendo e te carregando até uma das diversas carteiras que haviam espalhadas por ali, te depositando na mesma, para depois se pôr entre suas pernas.
O frio do móvel escolar em seu traseiro, coberto apenas pelo tecido fino da calcinha, é esquecido quando ele leva as mão até sua pele à mostra, e fecha os olhos encostando a testa contra a sua, o que te causa cócegas por conta do cabelo comprido. Você nota como a marca de seus dedos na bochecha dele quase não são mais aparentes, e devido a proximidade dos dois, a virilha dele está encostada em uma posição extremamente precisa e prazerosa para ambos, e isso só se intensifica quando ele começa a se esfregar contra o seu corpo. Não tem como você conter um gemido de escapar de seus lábios, para a satisfação e alegria do rapaz.
-Eu poderia te fazer gozar agora se eu quisesse, te chupando do jeitinho que eu sei que você gosta. - Ele provoca, esfregando o nariz contra o seu, e apalpando suas coxas chegando perto de sua intimidade - Hum? - Ele te atiça querendo uma resposta, e abrindo os olhos para te encarar - O que eu preciso fazer pra te provar que você é a única mulher na minha vida? - Os dedos dele se aproximam ainda mais de seu núcleo - Eu te dou o que você quiser, meus dedos, minha boca, meu pau - Com isso, ele começa a brincar com a barra do tecido de sua calcinha - É só você me pedir com jeitinho.- Diz e deposita um beijo molhado em seu queixo.
A partir deste momento, estar perto não é mais o suficiente, e ele começa a se inclinar mais a fim de juntar os lábios nos seus para finalmente te beijar. E ele está tão perto que você já consegue sentir o hálito mentolado dele em seu queixo.
- Eu sei que você me quer – Ele sussurra prestes a juntar suas bocas.
Mas antes que os lábios deles possam encontrar os seus, o som da maçaneta sendo forçada, e alguém batendo na porta te tira do seu estupor e você o empurra assustada, o afastando como deveria ter feito a muito tempo.
Sem coragem para encará-lo, simplesmente o dá as costas e abaixa sua saia envergonhada, tentando se arrumar e se recompor o melhor que pode. Ainda em choque, e com as pernas bambas parecendo gelatina, você caminha até a porta e a abre, torcendo para sua cara parecer leve e despreocupada, e não deixar transparecer nada do que acabou de acontecer, ou do que poderia ter acontecido. Mas assim que faz isso, se arrepende na mesma hora e sente seu coração acelerando mais ainda, e seus olhos quase saltando, quando vê sua professora parada do lado de fora da sala à sua frente. Que droga ela estava fazendo aqui?
Você engole em seco e sente suas mãos suarem frio, com medo e receio do motivo dela estar ali, afinal, aquela sala não era muito utilizada, você tinha certeza disso. Mesmo em sua pressa, você saberia dizer para onde estava indo, e também sabe que esta ala da faculdade era quase sempre desprovida de professores e estudantes por ficar longe da biblioteca, refeitório e ginásio, então na maioria das vezes só a equipe de limpeza passava por lá. Mas o que mais te assombrava era a possibilidade dela ter escutado alguma coisa, pois sua cara já morria de vergonha com o mero pensamento.
- Olá - Ela cumprimenta rapidamente assim que te avista e abre a boca para dizer mais alguma coisa, mas se detém ao notar seu nervosismo, e te estuda para entender melhor o motivo. Não demora muito para que ela encontre a razão de tudo isso ainda parado no fundo da sala perto dos armários. - Desculpe, estou interrompendo algo? - Ela questiona arqueando a sobrancelha com a cena inusitada:
- Sim! /Não! - Você e Matías dizem ao mesmo tempo. Você completamente constrangida e ele obviamente irritado porque foram interrompidos do que sequer estivessem fazendo.
-Matías - Ela se dirige a ele desgostosa - Ainda estou no aguardo do seu trabalho do terceiro período - Ela o cobra, aproveitando para o medir de cima a baixo com julgamento escancarado no olhar.
- E como eu já tinha dito antes Senhora, eu ainda estou dentro do prazo - Ele retruca não se deixando intimidar pela presença da mais velha.
- Faltam apenas dois dias, não se esqueça - Ela rebate autoritária, e se dirigindo a você com a expressão mais pacífica prossegue - Podemos conversar senhorita? Em particular? Na minha sala? - Pergunta a mesma, olhando de escanteio para o rapaz atrás de você, arrancando um bufo aborrecido dele e quase, QUASE, uma risada sua com a birra dos dois.
- Claro. - Você concorda, ansiosa para sair de lá e se livrar dessa situação merda em que se encontrava com o seu ex.
Ainda com o coração em um ritmo acelerado, você a segue até a sala para que possam conversar. Será que você estava com problemas? Porra! Será que ela ouviu alguma coisa do que aconteceu? Sua mente já estava prestes a entrar em combustão naquele instante se ela não começasse a falar logo:
- Vou direto ao ponto, eu gostei muito da apresentação do seu grupo hoje, e você em especial me chamou a atenção, então vim com uma proposta pra te oferecer. – Ela diz, parecendo ouvir suas preces quando entram em seu escritório, e se endireita na cadeira, para pegar uma pasta preta em sua gaveta.
- Muito obrigado – Agradece as palavras dela se sentando de frente para a mesma – E qual seria? – Questiona curiosa.
- Tenho uma colega na área que está procurando indicações de alunos para estagiarem no escritório dela, e caso você se interesse, posso te fornecer uma excelente carta de recomendação – Ela começa dizendo - É uma ótima oportunidade e eu já venho te observando há algum tempo – Abrindo a pasta, ela começa a folhear o conteúdo das páginas – Realmente impressionante, notas bem acima da média, grande participação nas aulas, trabalhos em dia – Ela pontua, enquanto vai descendo o dedo por cada parte da folha a analisando - E como se não bastasse, apresentou o seu projeto de forma totalmente eloquente e comunicativa hoje. - Finaliza satisfeita.
- Nossa, obrigado! Tô até sem graça com tanto elogio – Diz a ela, arrancando uma risada da mesma.
- Não fique – Ela te acalma e te estende uma folha, a qual você pega no mesmo instante.
- Esse é o termo e contrato do plano de estágio – Ela explica – Caso esteja interessada, além de contar pontos muito bons na sua grade curricular, também te insere com mais profissionais do ramo, os quais para ser sincera, eu admiro muito. – Ela fala.
- Tudo bem, eu tenho interesse. - A comunica com entusiasmo, gostando da ideia. Afinal, seria bom encontrar algo no qual pudesse se distrair e gastar suas energias ao invés de só ficar em casa se lamentando, e claro, um dinheirinho a mais não faria mal nenhum no momento.
- Perfeito! - Ela comemora - Me manda o seu currículo pelo e-mail acadêmico e eu encaminho para ela junto com a recomendação.
- Ok, obrigado – Concorda, agradecendo e se retirando da sala.
Mas assim que você sai pela porta da mulher, e não encontra o inoportuno do seu ex, não sabe se está mais chateada pelo fato de Matías ter vindo te procurar em primeiro lugar, ou pelo fato dele não ter te sequer te esperado sair para conversarem. Você nunca admitiria, mas talvez, assim como ele disse, você realmente gostava da insistência dele.
O que você mal sabia, era que o garoto estava lá até segundos atrás, mas tinha acabado de sair achando que se te importunasse mais alguma vez no dia, era capaz de ao invés de um tapa, você acabasse desferindo um chute nas partes íntimas dele. O que sendo honesta, poderia acabar muito bem acontecendo, já que você não daria o braço a torcer. Então com um suspiro derrotado, ele foi embora.
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Após alguns dias de espera, e uma nota gratificantemente alta em seu histórico e grade curricular, você é agraciada com a notícia e retorno de sua professora a respeito da tal vaga proposta. O colega dela pareceu bastante interessado em seu perfil e quis marcar uma entrevista para poder te conhecer melhor, e poderem alinhar os interesses de cada um, e se chegassem em um acordo benéfico para ambos, entrariam em um vínculo de empregado e empregador o mais rápido possível.
Sua reação é a mais cômica que consegue imaginar, dando pulinhos de excitação e gritinhos de alegria enquanto lê e relê o e-mail com a novidade, animada pela oportunidade e ainda muito grata pela mesma ter pensado em você, dentre tantos alunos para qual a mais velha leciona. Responde a mensagem que contém todas as informações com endereço e horário, e a agradece formalmente (e certamente mais contida do que foi em seu particular) dizendo como está agradecida pela indicação que ela fez.
Pesquisando bastante a respeito do lugar para se preparar, já ensaia as respostas que irá dar no dia, e espera que tudo ocorra bem. Mas no dia marcado, apesar de todos os seus esforços, ainda tem um pingo de nervosismo em seu sistema, o qual tenta conter o melhor que pode, não querendo arruinar tudo.
Quando chega no endereço, você avista um prédio alto e gigantesco completamente espelhado e altamente moderno, e agradece internamente por ter vestido os seus scarpins pretos mais sofisticados para passar um ar de mulher de negócios, mesmo se sentindo um peixe fora d’água em um lugar tão corporativo como este. Está trajando também uma roupa semelhante a da apresentação do projeto, mas dessa vez sendo uma calça lisa escura e um blazer da mesma cor, para dar mais classe, ou ao menos esconder e não parecer que você é o tipo de garota que ainda dorme com seu pijama de ursinhos favorito.
Tomando coragem com um suspiro, passa pelas portas de vidro, e entra no lugar refrigerado e fresco por conta do ar-condicionado, e vai em direção ao balcão. Lá encontra uma secretária ao telefone, e aguarda em um dos acentos da entrada para pedir informações enquanto segura o envelope que contém todas as suas informações acadêmicas e profissionais. Após alguns minutos de espera, enquanto percorre os olhos admirando e observando o local, você finalmente é atendida:
- Bom dia, em que posso te ajudar? – Pergunta a funcionária com um sorriso simpático no rosto e prestativa.
Você não consegue deixar de notar como ela é bonita e sexy em seu terninho chique, ao mesmo tempo em que é formal e discreta em seus trejeitos, passando um ar de jovialidade e de ser uma pessoa culta. E por um instante, você se pergunta se você realmente se encaixaria ali. Pois nunca se considerou uma pessoa muito centrada ou séria, mas sabia que se estava ali, era porque confiavam em seu potencial, então deixando todos os medos bobos e receios de lado, abre um sorriso em resposta e a explica que está ali, pois está se candidatando para uma vaga, e vai fazer uma entrevista hoje marcada com o recrutador:
- Ah sim, você deve ser a estudante de quem me falaram mais cedo – Diz a mulher parecendo se recordar ao olhar para você e depois para a agenda contendo anotações do trabalho – Isso mesmo, entrevista para vaga de estágio às dez, por favor me acompanhe – Ela pede, e começa a caminhar com os saltos finos pelo piso claro do chão, e te levando até um dos elevadores do edifício. Tudo nela exala sofisticação, o caminhar com as pernas longas, o cabelo preso deixando somente algumas mechas soltas propositalmente para moldar o rosto, e as unhas pintadas em um tom escuro e longas que se direcionam até o botão para chamar o elevador:
- Sexto andar, corredor esquerdo, primeira porta à direita – Te instrui com calma, apertando o botão do painel de controle, e você só acena com a cabeça concordando e entrando na caixa metálica, não tendo a mínima ideia se vai conseguir se lembrar das instruções dela quando já estiver no andar indicado. – Boa sorte e boa entrevista – Ela diz sutilmente quando as portas começam e se fechar.
- Obrigado – Você consegue responder com a voz surpreendentemente firme antes que a visão dela de você suma, e você seja consumida apenas pelo vazio do pequeno espaço claustrofóbico.
Assim que as mesmas finalmente se abrem, você sai e tenta se nortear pelo lugar desconhecido. E assim como temia, obviamente que havia esquecido as palavras da mulher e claro que não é preciso muita exploração para dizer que sua busca foi totalmente fracassada, e que você já está completamente perdida nos primeiros minutos deixada sozinha. Você olha para as paredes tentando encontrar algo que mostre alguma direção, algum aviso ou placa, mas não tem nenhuma à vista.
- Oi, precisa de ajuda? – Te pergunta um rapaz, se aproximando ao notar a sua cara de confusão olhando para os cantos frustrada.
Mesmo estando completamente frustrada por estar boiando ali, não consegue deixar de notar como o rapaz é bonito. Ele é o perfeito estereótipo de garoto modelo e padrão, com cabelos em ondas loiras, olhos claros, um nariz acentuado junto com um maxilar bem definido. Mas o que mais te prende, não é a beleza escancarada dele, e sim a forma que os olhos e o pequeno sorriso que ele te lança são ternos e sem julgamento algum, não tiram sarro por conta de sua confusão e contém somente a intenção genuína de te ajudar.
- Oi - Responde a saudação dele - Na verdade preciso sim – Confessa ainda um pouco acanhada – Eu vim fazer uma entrevista e já me perdi na primeira oportunidade que tive – Fala a ele, arrancando uma risada do mesmo, o que por algum motivo te deixa feliz com o feito, e com borboletas no estômago.
- Sem problemas, acontece – Ele diz te acalmando, o que mesmo você achando que é mentira que alguém se perca tão fácil assim, você é grata pelo esforço dele em te fazer se sentir bem – Deve ser para a vaga de estagiário, certo? – Questiona com serenidade, mas parecendo ansioso com sua resposta.
- Sim – Concorda com ele, e pode ser que esteja vendo demais, mas por algum motivo ele parece contente com a sua afirmação, abrindo um sorriso lindo, e parecendo um garotinho que acabou de ganhar doce, o que você achou um charme.
Qual era o seu problema? Você não se encantava tão fácil assim por qualquer cara. Depois de Matías então tudo piorou, pois qualquer um que comparasse com ele parecia completamente sem graça e sem vida. Mas com este era diferente, por alguma razão você não conseguia deixar de notar a feição angelical dele, e com o jeito gentil do mesmo, tudo só ficava melhor. Quer saber? Você está pensando demais. Não tinha problema algum em admirar um cara bonito, ainda mais um tão atraente como este em sua frente, então estava tudo bem. Não é como se você estivesse se apaixonando, certo?
- Belezinha, é por aqui, senhorita – Ele fala te despertando de seu debate interno e começando a te guiar por um dos diversos corredores daquele labirinto em forma de prédio.
Um flashback passa por sua cabeça neste momento, cenas de muito tempo atrás de você igualmente perdida em um corredor, e um estranho vindo te ajudar. Mas esse estranho não era um rapaz excepcionalmente educado, loiro e gentil, e sim um rapaz de cabelos castanhos e um sorriso maroto nos lábios. E com um suspiro baixo e triste, você não consegue deixar de se perguntar até quando tudo em sua vida a fará se lembrar dele. Porque você ao menos estava comparando os dois rapazes? Ou melhor, você queria mesmo saber a resposta pra essa pergunta?
Em poucos segundos vocês chegam em uma sala de espera, que contém outros candidatos aguardando sua entrada, e você tem vontade de se estapear ao ver que o caminho era tão simples, e o problema era você mesmo quem fez a proeza de se perder. De frente a sala tem uma porta branca, a qual o garoto te aponta:
- É naquela sala ali, é só sentar e esperar ser chamada- Te fala apontando para a sala - E a propósito, boa sorte, estou na torcida – O garoto te deseja, enfiando as mãos no bolso da calça envergonhado, e te lançando outro sorriso gentil.
Seu coração começa a bater mais rápido com isso.
- Obrigado.- Você diz em um tom baixo, e tem quase certeza de que suas bochechas estão corando por conta do gesto.
E assim vocês se despedem, e só após isso que você se dá conta de que nem ao menos perguntou o nome daquele anjo, apelido o qual você acabou de carinhosamente e mentalmente dá-lo por conta de sua boa ação e aparência angelical.
Mas deixando o seu fascínio repentino pelo rapaz misterioso, você se senta e aguarda até te chamarem, quase roendo as unhas e arrancando os cabelos de tanta ansiedade no processo. E depois de esperar por poucos minutos, mas que pareceram horas, em uma das cadeiras no local, o seu nome finalmente é dito, e você é convidada a entrar na sala, e engolindo em seco para conter todo o seu nervosismo, você entra.
Adentrando o local bem iluminado e espaçoso, a primeira coisa que você avista é uma senhora sentada de frente para uma mesa, usando óculos e de feição aparentemente gentil:
- Bom dia, tudo bem?- A senhora cumprimenta e você a responde - Pode se sentar por gentileza – Ela diz, apontando para a cadeira de frente com a mesa dela, enquanto começa a ler com cuidado os documentos que você a entrega quando ela estende a mão, e abre um sorriso.
- Vamos nos conhecer um pouco, ouvi falarem coisas ótimas a seu respeito. - Ela comenta guardando a sua ficha e te fitando para começarem a trocar uma ideia.
Ela se apresenta e após uma conversa, a qual você pode considerar não muito longa, mas definitivamente de um tempo considerável, com a conversa fluindo e ela te perguntando a respeito da faculdade, seus interesses, hobbys e outros passatempo nos momentos livres, e você mostrando interesse na vaga, ela parece ter chegado a uma decisão final:
-Estou realmente impressionada - Ela admite - Não vou esperar até semana que vem, já posso te afirmar que o trabalho é seu, e que estamos muito felizes por te receber e te ter na equipe com a gente - Diz a mulher muito educada e com um sorriso acolhedor.
Ela te fala a respeito dos horários, salário, benefícios, e com você estando de acordo, mais do que satisfeita com os valores, ela já te entrega uma cópia do contrato, e após sua assinatura, ela já pede para uma outra funcionária entrar e encaminhar o documento ao RH da empresa, e outra cópia para a secretaria de sua faculdade. Todo o trâmite é bem tranquilo, e você se sente à vontade e mais relaxada com a vaga já garantida.
- Bom agora que você já sabe que passou, vou te explicar melhor como será o processo aqui e nossa gestão - Ela diz simpática e você balança a cabeça concordando para que ela continue - No primeiro momento, o nosso ex-estagiário vai te treinar e te mostrar como funciona tudo, por isso, vão passar muito tempo juntos - Ela te explica, querendo tirar suas possíveis dúvidas - Você vai adorar ele, jovem, simpático, e muito inteligente - Ela te garante.
- Ah ok, tenho certeza de que nos daremos bem. - Você concorda com ela, pois se esse tal funcionário, se mostrar como todos os outros que conheceu até agora, sabe que será tudo perfeito.
- Como ele foi efetivado, você vai ocupar a vaga dele, por isso ele é a melhor pessoa para te pôr a parte de tudo, mas infelizmente hoje ele teve que ir até a outra filial tratar de outros assuntos - Te justifica a ausência dele. – Ele até esteve aqui agora cedo, mas teve que sair com pressa, mas não se preocupe, segunda-feira sem falta ele estará aqui e te ensina tudo.
- Sem problemas. - Você diz a mulher mais velha.
Depois de tudo resolvido, com a garantia de você voltar na próxima semana, mas dessa vez como uma funcionária propriamente dita, você se despede da gentil senhora e vai embora. E passando pela recepção pela segunda vez no dia, reencontrando a primeira moça que te atendeu na entrada, ela te pergunta se foi tudo bem, e você a conta, recebendo os parabéns, e afetuosos boas-vindas dela.
Mas quando passa pelas mesmas portas de vidro, dessa vez saindo do local, ainda sente uma coceira que não sabe explicar o motivo. Só quando já está no metrô a caminho de casa, que descobre o porquê. Não sabe exatamente a razão pela qual o garoto loiro não sai de sua mente, mas sabe que gostaria de dar as boas novas a ele também, e ver a reação do mesmo. Fantasiando se ele ficaria tão contente quanto imaginou que ele ficaria.
— —
Ainda elétrica por conta da boa notícia, não consegue esperar até chegar em casa para compartilhar a novidade com suas amigas. Você gostaria de dizer que estava planejando fazer um bom uso desse dinheiro extra, fosse o aplicando em uma conta no banco, ou o guardando para um bem maior, mas a verdade é que já estava coçando a mão para planejar um dia das garotas e poder desfrutar de um pouco de luxo que acha que está merecendo, seja comer em um restaurante mais fino ou comprar uma roupa mais cara.
Elas te parabenizam pelo grupo de mensagens e parecem muito animadas por sua mais nova conquista, a qual você não consegue tirar um sorriso do rosto:
-Deveríamos sair hoje pra comemorar- Uma delas diz na próxima mensagem, e não demora muito para que mais pontinhos pulando apareçam na tela, indicando que as outras estão digitando algo:
- Nossa sim!!! Não saímos juntas já tem um tempão. – Reclama uma das garotas concordando.
- Balada? Cinema? Restaurante? Tão a fim do que? – Questiona uma das meninas oferecendo opções.
E por incrível que pareça, você realmente quer sair hoje. É uma sexta-feira alegre, com boas notícias, já que você tinha acabado de receber suas notas exemplares do bimestre, e tudo estava ocorrendo bem em sua vida ultimamente. Bom, quase tudo. Mas ainda assim era motivo para erguer a cabeça e se animar. Por uma noite você não queria pensar no chifre que adornava sua cabeça, ou imaginar o idiota do seu ex que por acaso você quase beijou quarenta e oito horas atrás. Está noite você queria se divertir e esquecer de tudo. Se jogar e viver a parte da sua vida a qual tem se negado nos últimos meses.
Solteira. Você é solteira e já estava na hora de usar isso para seu benefício. Quem sabe encontraria um cara bonito e pudesse se ocupar um pouco com ele. Uma parte sua sabe que só está querendo fazer isso para provar a si mesma que não ficou balançada com o quase beijo com Matías, e que já o superou. Mas a outra quer ir além, quer conhecer novas pessoas e quem sabe assim, depois de uma ficada com um cara qualquer, acordasse para a realidade e visse que os homens são todos iguais. Fosse Matías, ou fosse outra pessoa, você iria gostar de qualquer jeito. Ele não é especial. Ele não tem poder nenhum sobre você. E já estava na hora de você entender isso.
- A gente pode sair pra tomar uns drinks naquele Pub que fui semana passada com meu namorado – Começa uma das garotas sugerindo – É bem legal, eles têm música ao vivo, a comida é boa, e o mais importante, a bebida é de qualidade, e sempre tem uns gatinhos por lá. – Ela termina de relatar, e marca o seu usuário na mensagem, junto com um emoji nada discreto para complementar.
Seu rosto cora na hora com isso, e as outras integrantes mandam mensagens dando risada, a qual você acaba acompanhando também. Assim que vocês terminam de discutir os últimos detalhes para a noite especial, você se despede.
- Até mais tarde. – Você finaliza a conversa e guarda o telefone na bolsa se dirigindo para casa.
Você não sabia muito bem o que esperar da noite que estava por vir, mas queria muito que assim que você retornasse dela, não conseguisse mais se lembrar de um garoto petulante de cabelos castanhos, fosse por estar muito bêbada, ou por estar com outra pessoa. Mas independente do motivo, só queria tirá-lo de seus pensamentos e de seu sistema.
E por tudo que era mais sagrado, você iria conseguir.
Depois de tanto tempo, dei as caras de novo por aqui.🤭 Espero que tenham gostado, e até o próximo 💖😚
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skzoombie · 11 months
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!menção a relacionamento tóxico, violência psicológica e sangue!
-O que está fazendo? - a mulher virou assustada quando escutou a voz grave atrás de si.
-Dobrando algumas roupas - comentou disfarçadamente e tentando esconder a mochila esportiva que estava jogada sobre a cama.
-Você viu algo? - homem questionou escorando o corpo na patente da porta e cruzando os braços na altura do peitoral musculoso.
Jaehyun era um homem bonito, mostrava presença onde chegava, tinha um tom de voz grava que soava como algo sensual, e sabia ser persuasivo quando queria. Porém havia aquele sentimento de amedrontador por parte da mulher, aquele arrepio que subia pela espinha todas as vezes que ele estava perto demais.
-Não sei do que está falando - ela respondeu com uma voz que suou aguda, não era o tom normal.
-Por favor, não se faça de idiota - ele desencostou o ombro da porta e começou a caminha lentamente em direção a esposa. - O que você viu?
-Jaehyun, eu não juro que não vi nada - respondeu tropeçando no tapete do chão e caindo na cama de casal.
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Havia um tempo que estava suspeitando das horas diárias que o marido passava dentro do celeiro, em certos dias ele voltava atônito e perdido, outro momentos parecia ter uma raiva embutida que poderia furar o chão da casa de madeira com força que caminhava.
A mais frustrantes de todas as "estranhezas" que ele fazia, era os dias ensolarados que sumia entre as plantações de milho de milhares de hectares, reaparecendo apenas tarde da noite com seu macacão inteiramente cheio sujo de terra, feno e algumas gotas de sangue de vaca, pelo menos o que aparentava.
Mas sabe, ela já tinha dado o braço a torcer e aceitado seu medo pelo marido, mesmo que esses sentimentos não devessem existir em um casamento. Já era de se esperar que o homem seria a pessoa mais estranha de se conviver, ele havia mostrando isso desde os primeiros momentos de casados, quando simplesmente ela percebeu que jaehyun tinha afastado todos a volta de vocês, silenciosamente.
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-Por que a mochila? - ele apontou com o dedo para o que estava em cima da cama.
Um silêncio instaurou no ambiente e a mulher baixou a cabeça encarando o chão de madeira. O homem soltou um ar pelas narinas e deu uns passos para mais perto, a ponto de ficar entre as pernas dela, que subiu na cama e encolheu um pouco do corpo.
-Tudo seria mais fácil se você talvez... - ele parou a frase e pensou em como finalizaria - morresse.
Ela ergueu a cabeça que ainda estava baixa, arregalou os olhos em choque e deixou os pensamentos sangrentos dominarem a sua mente, as possíveis mortes que poderia ter pelas mãos do marido.
-Você está me assustando - respondeu descendo da cama e caminhando para ao lado de uma cômoda próxima da porta.
-O que eu fiz de errado? - ele perguntou encarando com um olhar que penetrava a alma e perfurava o coração.
-Como assim? - rebateu confusa e dando passos para trás quando viu ele se aproximando cada vez mais.
-QUE PORRA EU FIZ DE ERRADO? - dessa vez o tom de voz elevou para um grito - VOCÊ ESTÁ CONSTANTEMENTE FUGINDO DE MIM.
O corpo de jaehyun tremia com o grito, as veias saltavam no pescoço, punho estava cerrado e os passos firmes como de alguém que pisava no chão com a intenção de tremer a casa até desmoronar.
Não havia muito como ela fugir para longe da discussão, sua pior escolha foi aceitar morar com o marido em qualquer lugar. Primeira opção dele foi no campo, no meio do nada, onde nem Judas cogitaria perder as botas.
-Amor, é só uma audição - ela respondeu com uma voz doce para não alimentar uma atitude agressiva - Prometo que vou voltar rápido e aí podemos ter nossa rotina novamente.
-EU DISSE ONTEM E VOU REPETIR - ele elevou a voz ainda mais, se isso ainda fosse possível - VOCÊ NÃO VAI NESSA AUDIÇÃO.
-EU SOU A PORRA DE UMA ESTRELA - rebateu sem conseguir conter a raiva.
Ele sempre odiou a imaginação fértil dela, odiava como sempre foi obrigado a assistir filmes dos milionários que moravam a milhares de quilômetros, apenas para escutar a esposava repetir as mesmas falas e ficar "treinando" para ser uma estrela em ascensão.
-Só se for uma estrela pornô - jaehyun respondeu com uma voz de provocação.
Em poucos segundos ele sentiu o tapa na cara e os socos no peitoral protegido pelo macacão jeans que estava usando. Ela batia com forças nele enquanto gritava de raiva, o homem ao contrário, seguia rindo irônico e segurava as mãos dela com apenas uma.
-EU ODEIO VOCÊ - ela gritou e se afastou com agressividade, caminhando até a cama e enfiando de qualquer forma as peças de roupa dentro da mochila.
O homem deixou ela organizar tudo, seguiu em pé encarando os movimentos apenas com o olhar, enfiou as mãos dentro do macacão e sorriu falsamente com a situação.
Ela colocou uma das alças da mochila no ombro e apressou os passos a caminho da porta, seguiu até o banheiro e pegou seus materiais de higiene. Rapidamente andou em direção as escadas de madeira que levavam ao primeiro piso da casa de madeira, onde seguiria seu caminho rumo ao sucesso hollywoodiano, sem cogitar na possibilidade de encarar aquele homem novamente.
-Como eu disse - ele soltou a frase e viu ela virar o resto levemente para escutar suas últimas palavras - Tudo seria mais fácil se você morresse.
Sem conseguir degirir, a mulher sentiu mãos grandes na suas costas e desequilibrou rumo ao último degrau da escada de madeira. Percebeu uma perfuração na parte de trás do peito, caiu dura no chão e deixou a mochila rolar para longe sem possibilidade de conter a distância.
Ela virou a cabeça lentamente para o lado enquanto sentia o gosto de ferro escorrer entre os lábios, a cabeça parecia ter começado a latejar repentinamente, fios de cabelo cobrindo quase toda a visão e o som de passos descendo até a sua frente.
-VOCÊ NÃO VAI ME DEIXAR SOZINHO NESSA FAZENDO - ele gritou com uma força tremenda que saiu de dentro do peito e pareceu rastejar entre a dor aguda na cabeça da mulher, que fechou os olhos com força.
Em questão de segundos quando abriu os olhos novamente, percebeu o reflexo de um objeto e apenas sentiu uma dor agoniante no peito, sangue espalhado no chão e um grito ensurdecedor saindo do homem.
-NÓS VAMOS FICAR JUNTOS PARA SEMPRE - soltou no chão o objeto pontudo e sujo de sangue. - PARA A PORRA DE TODO O SEMPRE.
Observou o corpo da esposa de cima para baixo, levou a mão até o rosto e limpou a sujeira de sangue que havia espirrado.
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zmarylou · 3 months
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 → QUEM É MARY-LOUISE? Mary-Louise Beckett é uma semideusa carismática, resiliente e profundamente devota. Ela idolatra o pai e se esforça para honrar seu nome através de suas ações e feitos. Acredita que sua missão é mostrar-se digna da atenção e orgulho de seu pai, o que a motiva a se voluntariar para inúmeras missões, sempre em busca de provar seu valor e conquistar honra para o chalé número 1, dedicado a Zeus. Mary-Louise já enfrentou desafios enormes, incluindo a perda de uma perna, agora substituída por uma prótese. Sua força de vontade e disciplina a ajudaram a se adaptar a essa nova realidade e a continuar lutando, mesmo quando as coisas parecem impossíveis. Sua coragem não é a ausência de medo, mas a capacidade de enfrentá-lo e seguir em frente, mesmo quando tudo parece desmoronar. abaixo do read more você vai encontrar algumas cnns disponíveis com Mary Louise, do chale I, filha de Zeus e líder da equipe vermelha de arco e flecha:
FRIENDSHIP:
FOLLOW YOU: @littlfrcak @apavorantes "Vou te seguir até o fim, onde quer que você vá, vou te seguir até seu momento mais baixo. Eu sempre estarei por perto onde quer que a vida te leve." Desde a missão para procurar pelo grimório de Hécate, Mary, Sasha e Bishop criaram um vínculo único e precioso, não há nada que a filha de Zeus não faria por eles que a salvaram da morte duas vezes.
GONNA GET BETTER: MUSA B passou por muita coisa e Mary sempre esteve ao lado dela. MUSA B enfrentou tempos difíceis e nunca quis falar sobre isso com Mary, com medo de que ela se afastasse por causa das circunstâncias. No entanto, Mary não é do tipo que desiste facilmente dos amigos. Ela tranquiliza MUSA B dizendo que as coisas vão melhorar e que ela se recusa a estar em qualquer lugar que não seja ao lado dela quando a vida começar a melhorar.
BEST FRIEND: Mary e MUSA B/C/D são como unha e carne. Eles passam muito tempo juntos, estão sempre se incentivando mutuamente e se divertem muito sempre que saem. Mary definitivamente considera eles como seus amigos para a vida toda.
SMILING WHEN I DIE: @mcronnie+ @d4rkwater Mary viveu o que muitas pessoas chamariam de uma vida bastante tediosa. Ela nunca teve muitas experiências enquanto crescia. Agora, aos 25 anos, está tentando evitar uma quase crise de meia-idade. Ronnie/Joseph tem um espírito aventureiro e está sempre convidando Mary para participar de suas aventuras. Eles podem não passar muito tempo juntos fora dessas aventuras, mas os dois fazem memórias duradouras que, com sorte, ficarão com eles por um bom tempo.
ME & MY GIRLS: Não há ninguém com quem Mary se sinta mais à vontade do que com MUSA B/C/D. A amizade deles consiste em brunches, festas do pijama, encontros para tomar café, chamadas de vídeo em grupo, etc. Mary adora sentar e assistir filmes, ouvir música e, claro, fofocar. MUSA B/C/D dão a ela a confiança para ser realmente ela mesma e não a pessoa tímida e desajeitada que outros conhecidos podem ver.
SIBLINGS THAT ARE CLOSE: @zeusraynar "E quando você me ligar precisando de mim por perto, dizendo 'onde você foi?' Irmão, eu estou bem aqui." Sabe aquele tipo básico de irmãos que são melhores amigos? Eles confiam um no outro mais do que em qualquer outra pessoa e estão sempre lá sempre que precisam um do outro.
BAD INFLUENCE: @deathpoiscn Amigos incomuns, Josh é completamente o oposto de Mary e está constantemente a incentivando a fazer coisas ruins (drogas, festas, trapaças, etc.).
CHILDHOOD FRIENDS: Amigos desde os tempos de fraldas, pode ser uma conexão de irmão/irmã ou irmã/irmã, detalhes a combinar.
ENEMIES:
I CAN DO IT BETTER: @kittybt "Pare, do que você está falando? Tire meu nome bonito da sua boca." Mary e Kitty absolutamente se odeiam. Esta é uma daquelas rivalidades antigas que vêm de família, já que Kitty é filha de Hades e Mary é filha de Zeus. Elas estão constantemente competindo pelas menores coisas e nunca se deram bem.
FAKE FRIENDS: Elas são gentis uma com a outra na frente, agem como amigas, mas estão constantemente falando mal uma da outra.
FRIENDS TO ENEMY: Um par de pessoas que eram amigas até certo ponto, mas ou perceberam que nunca gostaram realmente uma da outra ou uma simplesmente abandonou a outra.
ENEMIES BECAUSE OF A FRIEND: Um amigo é inimigo da pessoa mencionada, então elas também se consideram inimigas (não sei se isso faz sentido??).
PLATONIC/ROMANTIC:
CHILDHOOD SWEETHEARTS: Uma trama onde MUSA A e MUSA B são amigos desde a infância. De vez em quando, eles tinham um caso de uma noite, mas nunca se permitiram avançar para algo mais do que apenas amigos. Agora, como adultos que estão descobrindo que o mundo dos relacionamentos não é tão fácil quanto seus pais faziam parecer, MUSA A e MUSA B estão se vendo com mais frequência. Eventualmente, MUSA A começa a namorar alguém novo e passa cada vez menos tempo com MUSA B. Estou falando de ciúmes, tensão!!! MUSA B percebendo que talvez tenha tido sentimentos por MUSA A o tempo todo, e MUSA A tendo que tomar decisões difíceis — continuar namorando essa nova pessoa ou magoar MUSA B!!! Eu vivo por drama, por favor!
TE ESPERANDO (Luan Santana): “E eu vou estar te esperando nem que já esteja velhinha gagá, com noventa, viúva, sozinha não vou me importar. Vou ligar, te chamar pra sair, namorar no sofá. Nem que seja além dessa vida, eu vou estar te esperando” Mary e MUSE B se conheceram quando eram adolescentes, mas na época os dois estavam em outros relacionamentos, e o negócio todo ficou na amizade. Perderam contato, mas voltaram à se encontrar no acampamento, onde Muse B estava solteiro, mas Mary estava com Cartér. Continuaram amigos. Atualmente, no entanto, Mary e MUSE B se reencontraram mais uma vez, e para a surpresa, ambos estão solteiros. Será que agora vai?
OUTRAS:
good influence ;; best friend who look out for each other and often act as a conscience to each other.
friendzoned ;; dun dun duh, a friend who wanted to be something more but was denied.
mutual crushes ;; either they both have feelings for each other that is p obvious but aren’t ready to take the next step. or it can be one sided or both could be completely oblivious to the other liking them.
ex-inimigos, agora amigos: muse 1 e muse 2 não iam um com a cara do outro, mas depois que se conheceram viram que aquilo era uma bobagem e hoje são amigos.
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Nos ecos da minha mente, carrego uma dor que não consigo expressar em palavras. É uma tristeza que me envolve de maneira tão profunda que parece fazer parte de quem sou. Cada dia que passa, sinto um peso que me puxa para baixo, uma sensação de que estou preso em um ciclo interminável de desespero. A vida parece uma sequência de dias cinzentos, onde as cores e as alegrias são meras lembranças de um passado distante.
O futuro, para mim, é uma névoa espessa, impenetrável, cheia de incertezas e medos. Não consigo enxergar um caminho claro, uma luz no fim do túnel que possa guiar meus passos. Tudo parece vazio, sem propósito. Acordo todas as manhãs com uma sensação de vazio no peito, uma dor surda que me acompanha em cada momento do dia. Tento encontrar pequenas alegrias, mas elas são efêmeras, desaparecendo tão rapidamente quanto surgem.
Os momentos felizes parecem ilusões, rapidamente ofuscados por uma realidade sombria e implacável. Olho ao redor e vejo pessoas vivendo suas vidas, encontrando sentido e propósito, mas para mim, tudo isso parece distante, inalcançável. A sensação de não pertencer a lugar algum, de não encontrar meu espaço no mundo, é avassaladora. É como se eu estivesse observando a vida passar através de um vidro embaçado, incapaz de realmente participar dela.
Os sonhos que um dia tive parecem desmoronar, como castelos de areia levados pela maré. A esperança, que antes me sustentava, agora é apenas uma lembrança vaga. Sinto-me perdido em um mar de incertezas, sem rumo, sem direção. Tento imaginar um futuro melhor, mas ele se desfaz diante dos meus olhos, deixando apenas um vazio ainda maior. A tristeza é minha companheira constante, um fardo que carrego silenciosamente.
Não há respostas fáceis, nem soluções rápidas. Apenas um dia após o outro, uma luta incessante para encontrar algum sentido em meio a tanta dor. E, no fundo, uma pergunta que não cala: será que um dia conseguirei encontrar a paz e a felicidade que tanto busco?
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transvazar · 10 months
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cansei de dizer e soar tão repetitiva. tão melancólica. tão vítima de mim. existe um tilintar profundo e dolorido que ressoa dentro da minha cabeça e desce dançando até a boca do meu estômago como se risse de mim. e acho que ri porque na maior parte do tempo eu me sinto uma grande piada. daquelas que de tão sem graça beira a tristeza. posso sentir o palhaço com pena de mim.
deixei de escrever por absolutamente nenhuma das razões que eu contei em terapia um milhão de vezes. deixei de escrever porque ao me ler me sinto evidenciando uma dor que eu não quero assumir. é mais bonito ser forte. sorrir enquanto engole seco arrependimentos de uma vida e outros tantos que escaparam de mim segundos atrás. escrevo sem reler uma linha porque não consigo mais me sentir digna de fazer isso. porque abandonei a única coisa que me deu colo tantas vezes. quando os meus amigos não ouviram, quando eu desabei a um mundo de distancia e mesmo sabendo que podia encontrar conforto em uma ligação, não liguei.
me pergunto se algo no mundo ainda é capaz de me oferecer o conforto que eu preciso. ouço quase que de uma radio em péssima frequência o meu coração dizer que esse algo sou eu, mas aumento a música pra fingir não escutar, entorno um copo de vinho e não olho o espelho por mais de 5 segundos com medo de desmoronar.
carrego demasiado o peso das mágoas que guardo mas não conheço mais a força do perdão. deixo a minha ansiedade vencer e disco números que não deveria em busca de migalhas de quem poderia, quem sabe, se quisessem -não querem-, me oferecer o que eu mereço. afinal, dizem que aceitamos o amor que achamos merecer. mas também não sei o que mereço. não sei se um dia saberei.
a incerteza de tudo que eu não posso controlar se alastra como um borrão dentro dos meus olhos e toda lágrima que escorre deve-se ao meu infinito medo de nunca ser amada.
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my-deep-feelings · 3 days
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Sobrevivência:
Não gosto de me sentir exposta e vulnerável
Odeio a sensação de que alguém consegue me desvendar nas entrelinhas do que calo
Parece que na primeira oportunidade tudo será usado contra mim...
Então me fecho e tento esconder qualquer fraqueza
Para que nem eu saiba, no fim, qual pilar me sustenta.
Meu medo é desmoronar.
Já lutei muito para chegar até aqui: eu não posso cair!
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Yes, Sir! —Capítulo 21
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Personagens: Professor! Harry x Estudante!Aurora. (Aurora tem 23 anos e Harry tem 35)
Aviso: O capítulo terá o ponto de vista de Aurora e Harry.
NotaAutora: Gente tô orgulhosa porque não está demorando tanto pra sair os capítulos kkkk espero que ainda estejam animados com a história 💗.
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Harry
Boston me recebeu com um céu cinzento, as nuvens pesadas parecendo refletir o peso que eu carregava no peito. Enquanto me obrigava a pensar nas tarefas do dia, a imagem de Violeta surgiu em minha mente. Eu me perguntava, mais uma vez, se o que eu sentia por ela ainda era amor ou apenas uma tentativa desesperada de agarrar algo, então, havia Aurora. A intensidade dos sentimentos que ela despertava em mim era algo que eu não conseguia ignorar, por mais que tentasse. Ela me fazia sentir vivo, mas a culpa vinha logo em seguida, como um lembrete cruel de que esse amor, por mais verdadeiro que fosse, era construído sobre mentiras e traições.
A confusão e o medo se entrelaçavam, me deixando à beira do abismo, sem saber ao certo em qual direção dar o próximo passo.
A primeira parada que precisava fazer era a faculdade. O semente ia começar e eu precisava estar pronto para enfrentar tudo novamente. Entrei pelo portão principal, cumprimentando os colegas de trabalho com um aceno de cabeça, mantendo o semblante tranquilo, quase indiferente. Caminhei pelos corredores da instituição, tentando me concentrar nas tarefas que tinha pela frente.
Meu escritório estava uma bagunça, os materiais para o novo semestre espalhados de forma desordenada. Eu precisava organizar tudo, criar um ambiente que me permitisse focar, pelo menos no trabalho.
Assim que comecei a arrumar meus papéis, ouvi uma batida leve na porta.
— Professor Harry, posso falar com você por um momento? — A voz do reitor interrompeu meus pensamentos.
— Claro, entre.
Ele entrou, a expressão séria. Isso não era incomum; Afinal o início do semestre era uma época de muitas mudanças e cobranças.
— Eu só queria informá-lo sobre uma alteração na sua turma. — Ele começou, observando-me atentamente. — Uma das suas alunas pediu transferência para outra turma. É incomum, já que o segundo semestre está prestes a começar, mas respeitamos a decisão.
Não, não poderia ser...
Eu senti o chão tremer sob meus pés, mas mantive meu rosto neutro, escondendo qualquer sinal de perturbação.
— Quem foi? — Perguntei, minha voz controlada.
— Aurora O’Connor. — O reitor respondeu, sem perceber a onda de choque que seu anúncio provocou dentro de mim.
O nome dela atravessou o ar como uma lâmina afiada, me forcei a não transparecer nenhuma reação. Um leve aceno de cabeça foi minha única resposta.
— Entendo. — Murmurei, mantendo meu tom profissional. — É uma pena, ela é uma aluna promissora, mas respeito sua decisão.
O reitor assentiu, aparentemente satisfeito com minha resposta, antes de me desejar um bom início de semestre e sair da sala.
Assim que a porta se fechou atrás dele, senti o ar escapar dos meus pulmões, como se estivesse segurando a respiração por tempo demais.
Aurora tinha saído da minha turma. Ela estava se afastando de mim... ou tentando. Só ideia de perdê-la me atingia com uma força que eu não estava preparado para lidar, não agora.
Terminei de organizar meu escritório quase no automático. Quando finalmente saí da faculdade, todo sentimento que guardei nessas últimas horas começou a desmoronar.
Dirigi pelas ruas de Boston, sem rumo, tentando escapar da tempestade de emoções que começava a se formar dentro de mim.
Cheguei em casa onde, por um breve momento, Aurora e eu construímos um mundo só nosso. Entrei, e ar estava impregnado com o cheiro dela, o perfume doce que pairava no ambiente. Quando cheguei ao quarto, parei na porta, a visão do espaço que dividimos me acertando como um soco no estômago. As lembranças de Aurora estavam em cada canto: o jeito como ela deixava seus livros espalhados, as roupas que ela usava, sobre a cama uma camisa minha que ela amava usar.
Me aproximei, pegando-a trazendo ao meu rosto, cheirando. O cheiro dela, aquela mistura inconfundível de perfume e algo que era puramente Aurora, me fez fechar os olhos, tentando absorver cada pedaço daquela sensação. Mas, ao invés de conforto, tudo o que senti foi uma dor profunda, uma saudade que me rasgava por dentro.
Como eu poderia estar aqui, sentindo falta dela, quando minha família, minha esposa, estava em pedaços por minha causa? Como eu podia desejar tanto uma mulher que não deveria estar na minha vida?
As lágrimas que eu tentei segurar começaram a cair, logo se transformaram em soluços que eu não conseguia mais controlar. Sentei-me na beira da cama, segurando a camisa como se fosse a única coisa que me mantinha conectado a ela.
O que eu estava fazendo?
O que eu me tornei?
O peso da culpa me esmagava com uma força implacável, e eu chorei por tudo que perdi, por tudo que estava destruindo e por tudo que eu ainda iria perder.
Eu queria fugir, desaparecer, mas sabia que não importava onde eu fosse, esses sentimentos me seguiriam.As escolhas que fiz me trouxeram até aqui, e agora e eu chorei até não restar mais nada.
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Uma semana depois.
Eu havia passado as últimas horas limpando a casa, depois saí para as compras, precisava ocupar a mente e a geladeira estava vazia. Quando voltei, comecei a guardar os mantimentos na cozinha. Foi então que ouvi o som familiar da chave girando na fechadura. Meu coração disparou.
Só tinha duas pessoas que tinham a chave além de mim. Violeta e Aurora.
Quando vi aqueles cabelos ruivos passando pela porta meu mundo parou por um milésimo de segundo.
Aurora estava aqui.
Eu sabia que aquele momento chegaria, mas nada podia me preparar para a realidade de vê-la ali.
Lily estava logo atrás dela entrando pela porta, Aurora não olhou diretamente para mim, enquanto Lily me lançava um olhar que se pudesse me perfuraria.
— Só viemos buscar as coisas dela — lily disse, sua voz carregada com desprezo. — Não se preocupe, Harry. Ela não vai demorar.
Eu tentei manter a compostura, mas a presença de Aurora fazia tudo em mim tremer.
— Aurora, podemos conversar?
Lily olhou para Aurora, que hesitou por um momento.
— Pode me esperar no carro? — Pediu Aurora.
— Tem certeza?
— Sim, eu vou ficar bem.
— Ok se precisar estou aqui.
— Obrigada. — Disse aurora antes de lily virar-se e sair pela porta, nos deixando sozinhos.
Aurora ainda não tinha me encarado. Eu a observei e segui até meu quarto onde ela começou a recolher suas coisas.
— Docinho, por favor, olhe para mim — pedi, minha voz tremendo de uma maneira que eu não conseguia controlar.
Ela parou, finalmente levantando os olhos para encontrar os meus.
— Não me chame assim.
— Aurora, por favor, vamos conversar. — Dei um passo em sua direção, mas ela se afastou, pegando outra blusa do armário. — Eu quero saber por que você trocou de sala? Eu quero poder explicar tudo.
— Conversar? Não tem o que conversar! — Revirou os olhos. — E você sabe muito bem o porquê sai da sua sala, eu quero ficar longe de você.
—Eu… eu sinto muito por tudo, Aurora. Eu sei que estraguei tudo.— Disse com os olhos brilhando com lágrimas. — Eu não queria...
— Você não queria o que? Fazerisso comigo? — ela interrompeu. — É isso que ia dizer?— Questionou, irritada. — Mas você fez! Você escolheu isso! Escolheu me machucar, mentir pra mim e me usar como alguém para recorrer quando as coisas ficassem difíceis com a sua esposa! — Cada palavra era uma faca cravada no meu peito. — Eu me entreguei a você, Harry, eu fui sua, mas você nunca foi meu. Você me fez te querer, me fez te amar, e agora... Agora, eu estou aqui, recolhendo os pedaços do que sobrou.
Eu queria dizer algo, qualquer coisa para aliviar a dor que via nos olhos dela, mas tudo parecia insuficiente.
Aurora
O simples ato de olhar para ele era insuportável. Tudo nele, desde a maneira como seus olhos verdes me observavam com aquela intensidade que eu já conhecia tão bem, até o jeito como suas mãos tremiam ligeiramente ao lado do corpo, me provocava um misto de raiva e dor que parecia rasgar minha alma de dentro para fora.
— Por que você me deu falsas esperanças, Harry?
— Me desculpe por ter te machucado, Aurora. — Seu olhar desviou do meu. — Eu fui egoísta, eu estava machucado em um casamento fracassado quando encontrei você e só pensei em mim não vendo as consequências que isso causaria em você.
— Covarde! — explodi, minha voz vacilando. — Você é um covarde, Harry! Eu nunca teria feito isso com você. — eu vi a dor no rosto dele, mas não me importei. Ele precisava sentir o que eu estava sentindo. — Então não desperdice mais meu tempo, saia da minha frente! Você estragou tudo que era bom, Harry. Apenas me deixe em paz, porra.
— Aurora...— Ele deu um passo à frente, como se quisesse me tocar, mas eu recuei, sacudindo a cabeça.
Harry
Cada palavra que Aurora dizia era como se abrisse uma nova ferida em mim. Eu queria gritar, queria lhe dizer que eu sentia, que eu me odiava por causar tanta dor.
— Eu... Eu só quero que você saiba que eu não... eu não queria fazer isso com você, mas eu me apaixonei por você, Aurora.
— Se para você se apaixonar é machucar a pessoa que gosta desse jeito e a fazer se sentir usada, então pode ir se foder e levar seu amor junto com você!
— Eu me odeio por estragar o que tínhamos.
— E o que nós tínhamos Harry? Além de mentiras? — Ela sussurrou, a voz quebrada. — Você nunca foi meu, Harry. — Ela me olhou, seus olhos inundados de lágrimas. — Eu só consigo imaginar os lábios dela nos seus. — Ela continuou, sua voz tremendo. — Eu não consigo, Harry. Eu continuo imaginando vocês dois, juntos, rindo, sendo uma família feliz, com suas filhas, o casal perfeito...e eu te odeio por isso. — A voz dela falhou, e por um momento, pensei que ela fosse desmoronar. — Odeio você! Por me fazer amar você e pra que? Só por seu ego ferido? Olha para o desastre que você me transformou.
Ela estava certa. Eu queria dizer que não era verdade, que eu no começo de tudo foi por meu ego ferido, mas era a verdade. Se Violeta não tivesse me traído eu nunca conheceria Aurora, eu nunca me apaixonaria por ela, porque eu era loucamente apaixonado por minha esposa a ponto que nenhuma outra mulher me interessava.
Aurora
Eu precisava sair dali, precisava escapar da dor sufocante que estava me me matando por dentro.
Eu virei para sair, mas ele agarrou meu braço, me puxando de volta para ele. E então, antes que eu pudesse reagir, ele me beijou.
Harry me beijou.
O beijo foi intenso, ele estava desesperado, como se estivesse tentando segurar os pedaços do que éramos juntos. Eu lutei contra isso no começo, mas então algo em mim cedeu, talvez fosse seus lábios macios ou o cheiro do seu perfume que senti saudades, mas eu o beijei de volta com a mesma intensidade, com a mesma necessidade.
E me arrependeria amargamente por isso.
Harry
Os lábios dela era tudo o que eu precisava, eu podia sentir a raiva dela, a dor, a tristeza, tudo misturado naquele beijo. E eu sabia que estava errado, que isso não iria resolver nada, mas eu não conseguia parar, não queria parar. O gosto das lágrimas dela misturado ao sal das minhas me deixou ainda mais desesperado, minhas mãos percorriam seu corpo tentando me agarrar a cada segundo restante com ela.
Aurora
Eu não podia negar o quão bom era seus lábios, mas em meio àquela confusão de sentimentos, de repente, o peso de tudo que havia acontecido caiu sobre mim , eu não podia fazer isso, não desse jeito, não quando eu esperava um filho dele.
Eu o empurrei para longe e senti a raiva crescendo dentro de mim incontrolável. Sem pensar, minha mão se ergueu e o estapeei com toda a força que eu tinha.
Eu o vi cambalear, a surpresa nos olhos dele.
— Isso não muda nada, Harry. Você acha que isso vai consertar tudo?— Eu cuspi as palavras. — Você acha que um beijo pode apagar tudo o que você fez? Eu não sou uma coisa que você pode simplesmente usar e pegar de volta quando quiser!
Harry
Eu senti o tapa antes mesmo de entender o que estava acontecendo. O estalo foi alto, ressoando pelo quarto, minha bochecha ardia, minha cabeça virou para o lado, e o choque tomou conta de mim.
Eu merecia aquilo, merecia muito mais do que aquilo.
Eu a vi, ofegante, os olhos dela cheios de lágrimas e raiva.
— Só o fato de você achar que o beijaria mesmo sabendo que tem esposa e filhos, prova que você não me conhece. — Ela apontou o dedo indicador para mim. — Eu nunca ficaria com você se soubesse que era casado! Nunca!
— Eu... — Respirei fundo, como se estivesse reunindo toda a coragem que tinha. — Eu... Eu pedi o divórcio.
— O que?!
Aurora
O choque me atingiu com força, uma onda inesperada de dor que parecia apertar meu peito.
Ele iria se divorciar?
Uma parte de mim, por um instante, vacilou.
E se... E se, de alguma forma, isso significasse que poderíamos ter uma chance? Eu estava grávida, e por mais que eu odiasse admitir, a ideia de nós três juntos, como uma família, piscou na minha mente, como um sonho distante e inalcançável, talvez fosse os hormônios da gravidez agora, mas não consegui tirar isso da cabeça.
— Aurora, por favor... — Ele continuou, mas meu pensamentos pareciam estar mais altos. — Eu nunca quis que fosse assim. Eu sei que errei, mas eu... eu te amo.
Eu pisquei como se tentasse processar as palavras.
Ele disse "eu te amo"
As palavras que eu tanto esperei ouvir, que eu sonhei ouvir…
E ele escolheu esse momento, agora, depois de tudo, para finalmente dizer isso?
— Você... Você está brincando comigo, Harry? Agora você diz que me ama? Agora?! Depois de todo esse tempo, depois de tudo o que aconteceu? — Eu podia sentir minhas mãos tremendo enquanto as palavras saíam de mim como um grito.— Você nunca disse que me amava antes, nem quando eu estava deitada ao seu lado, nem quando eu disse para você! — Minha voz se elevou, cheia de rancor. — E agora, você escolhe dizer isso só porque seu casamento acabou? Porque você está perdendo tudo — Ele abriu a boca para responder, mas eu não dei a chance.— Não! — eu gritei, interrompendo. — Você não vai usar essas palavras, assim! Você não vai me dizer que me ama agora, só porque você quer se sentir menos culpado, menos miserável!
— Aurora, eu... — Ele tentou dizer algo, mas novamente não deixei.
Eu não queria ouvir nada.
— Você acha que me dizer que pediu o divórcio e que agora me ama vai consertar alguma coisa? — Apontava meu indicador em sua direção. — O que você acha que vai mudar, Harry? Eu não sou seu prêmio de consolação. Eu mereço mais do que mentiras e promessas vazias e pra que? Pra me fazer sentir culpada por estragar seu casamento? — disse ríspida, quase cuspindo as palavras. — Era pra eu estar feliz agora?
— Não... Meu casamento já tinha acabado muito antes de eu conhecer você. — sua voz saiu mais baixa, quase um lamento. — Me desculpe, eu só queria que as coisas fossem diferentes.
Eu queria gritar que ele estava certo, que as coisas deveriam ser diferentes, que nada daquilo era justo, que eu não merecia aquilo. E, por um momento, a ideia de jogar na cara dele o quanto ele tinha me ferido tomou conta de mim.
Eu queria que ele soubesse…
Eu pensei em dizer que estava grávida, só para fazê-lo sentir o peso da culpa.
Mas, antes que eu pudesse abrir a boca, ouvi uma voz familiar vinda do corredor.
— Aurora, você está bem? — A voz de Lily ecoou pelo quarto, preocupada. — Eu ouvi gritos.
Eu fechei os olhos por um segundo, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam cair.
— Eu não consigo, Lily — respondi, tentando controlar minha respiração, mas sem conseguir. — Eu não consigo fazer isso se ele estiver aqui.
Eu sabia que Harry ainda estava me olhando, mas eu não tinha mais forças para continuar essa briga.
Não agora.
— Tudo bem, eu faço isso.
Harry
— Harry, você precisa sair e dar um tempo para a Aurora tirar as coisas dela. — Lily tirou me de meu pensamentos. — Ou você acha que ela quer ficar te vendo enquanto arruma as malas? Saí daqui! Isso é o mínimo que você pode fazer depois de estragar a vida dela. — As palavras dela eram afiadas, mas eu não tinha forças para retrucar, eu estava devastado. — Ah! por favor, Harry. Não faz essa cara, você perdeu o direito de se fazer de vítima faz tempo. Agora, dá o fora.
Eu sabia que não tinha escolha.
Com o coração pesado, me virei e caminhei em direção à porta, eu olhei para fora e vi Aurora encostada no carro, suas mãos tremendo enquanto tentava abrir a porta. Ela parecia tão pequena, tão quebrada...Eu queria correr até ela, abraçá-la e implorar por perdão, mais uma vez, dizer que eu não iria desistir dela,que não iria desistir de tentar ter o seu perdão, mas minhas pernas estavam paralisadas. Era insuportável vê-la assim sabendo que eu era o motivo de sua dor.
Aurora
Senti minhas pernas começarem a fraquejar a cada passo que dava para fora daquela casa, minha mãos tremiam para abrir a porta do carro, me apoiei na lataria buscando algo para me manter em pé, assim que fechei a porta, as palavras de Harry ecoaram na minha mente: ele ia se divorciar. Ele havia dito que me amava.
Ele realmente ia se divorciar?
Poderíamos... ser uma família?
Eu me vi imaginando uma vida diferente, onde ele estivesse ao meu lado, segurando nosso filho com um sorriso genuíno. A ideia, por mais que eu tentasse afastá-la, parecia tão real.
Mas logo a realidade voltou a me atingir, eu só podia estar ficando louca! Ele disse que me amava agora, mas e tudo que aconteceu antes? Ele mentiu, escondeu a verdade, ele me colocou nessa posição. Como eu poderia confiar em alguém que traiu a própria esposa, que a fez passar pelo mesmo inferno que estou passando?
Senti meu coração se apertar, por mais que eu quisesse acreditar nessa pequena chama de esperança, ela estava constantemente ameaçada pelo peso do que ele fez.
E se ele teve coragem de trair a mulher com quem se casou, quem me garantia que ele não faria o mesmo comigo?
Ainda assim, havia um desejo persistente e desesperado, de acreditar que as coisas poderiam ser diferentes. Talvez, ele realmente me amasse e estivesse disposto a mudar. Talvez, poderíamos começar de novo. Mas confiar nele agora, depois de tudo? Isso seria como pular de um precipício mesmo sabendo a queda que me espera.
Eu queria tanto acreditar que havia uma chance para nós. Especialmente agora, com o bebê, a ideia de criar esse filho sozinha me apavorava. Mas ao mesmo tempo, permitir que ele voltasse para a minha vida, depois de tudo o que aconteceu, parecia insuportável.
Respirei fundo, tentando controlar o turbilhão de emoções.
Eu estava grávida e essa era a única certeza que eu tinha.
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Dias Depois...
Eu não conseguia afastar Harry dos meus pensamentos, por mais que tentasse. As lembranças das coisas que retirei da sua casa ainda me atormentavam, cada objeto que eu embalei foi como um punhal cravado em meu peito. O perfume dele estava impregnado nas roupas, como se ele estivesse ali, me abraçando uma última vez. Cada vez que eu fechei uma caixa, foi como enterrar uma parte de mim que jamais recuperaria.
Mesmo após retirar minhas coisas da casa dele e passar alguns dias em um hotel em Boston, a dor e a confusão não me deixavam em paz. E foi no meio desse turbilhão que recebi a ligação do meu pai.
— Aurora, achei um apartamento perfeito para você! Fica em um bairro tranquilo. Vou te levar para vê-lo, o que acha?
Sua voz não tinha tanto entusiasmo, mas sei que meu pai estava tentando.
A ideia de um lugar só meu, onde eu pudesse recomeçar, deveria parecer promissora, mas era coml se fosse a vida de outra pessoa, e não a minha.
— Ok, pai.
Algumas horas depois, estávamos no novo apartamento. O lugar era realmente bonito, com paredes brancas e grandes janelas que deixavam a luz do sol inundar o ambiente. O prédio era simples, bem conservado, e o porteiro me cumprimentou com um sorriso caloroso, mas tudo o que eu conseguia pensar era no vazio que se espelhava dentro de mim. Aquele apartamento vazio era um reflexo perfeito do que eu sentia por dentro.
— Você vai ver, Aurora, esse lugar vai ser ótimo para você e para o bebê. — Disse minha mãe, enquanto caminhava pelo espaço, já imaginando onde colocar os móveis.— Eu e seu pai adoramos o lugar. — Ela sorriu, mas seu sorriso parecia tão fora de lugar quanto minha presença ali. — Tudo vai ficar bem, querida. Você é forte. Este é o lugar perfeito para você recomeçar. E, olha, marquei uma consulta com o Dr. Payne, ele é um obstetra excelente. Uma amiga minha recomendou. Ele vai cuidar muito bem de você e do bebê.
As palavras dela soavam distantes, tudo parecia irreal, como se eu fosse uma mera espectadora de uma vida que não era mais minha.
— Obrigada, mãe. — Murmurei, a voz falha, incapaz de expressar qualquer emoção.
— Fiz um contrato de um ano e paguei três meses de aluguel adiantado. Você não precisa se preocupar com nada, aqui também não é tão longe da faculdade, só 10 minutos de carro.
— Mas eu não tenho carro.
— Filha eu vou deixar você com meu carro antigo.— Minha mãe interrompeu. — Considere como um presente. Acho que é um bom começo, não é?
— Obrigada, mãe e pai. — As palavras saíam automáticas, sem vida.
Quando saímos do prédio, minha mente ainda estava longe, perdida nas memórias do que eu queria esquecer, mas algo capturou minha atenção, trazendo-me de volta à realidade de forma brutal. Do outro lado da rua, uma família estava se mudando para a casa em frente. Eles pareciam felizes, rindo e conversando, uma imagem de tudo o que eu jamais poderia ter.
Não! Isso não podia estar acontecendo.
O universo não seria tão cruel...
Mas ele era, porque era Harry. Ali, com a esposa e as filhas, como se nada tivesse mudado. O mesmo homem que havia dito que me amava, agora estava com a família, como se eu nunca tivesse existido.
Minha mãe percebeu minha mudança de expressão e olhou na mesma direção.
— Aurora, está tudo bem?
Eu não consegui responder. Meu coração parecia prestes a explodir de tanta dor, enquanto meus olhos se fixavam nele.
— Aurora?! — Ela gritou, surpresa, correndo em minha direção.
A filha de Harry, Isadora, me viu primeiro.
Merda!!!
— Você a conhece? — Minha mãe perguntou, confusa.
— Vi uma vez — murmurei, tentando manter a calma.
— Hey! Aurora, faz tempo que não te vejo. Eu ia te mandar uma mensagem dizendo que cheguei em Boston.
Por que eu tinha que ter dado meu número a ela?
Harry virou-se para mim naquele instante, e a cor desapareceu do seu rosto. Ele ficou pálido, quase como se fosse desmaiar. A tensão no ar era palpável, quase sufocante. A dor que senti naquele momento foi avassaladora, rasgando o pouco de sanidade que eu ainda tinha. Todo o sonho que eu tentava manter vivo foi destruído com um único olhar. Ele disse que me amava, mas ali estava, com a esposa, fingindo que nada tinha acontecido.
Por que ele continua mentindo desse jeito?
Por que ele continua a me machucar?
Eu mal conseguia respirar. Era como se o ar tivesse sido sugado do meu corpo, deixando apenas um vazio doloroso. Era uma piada cruel do destino. Como ele podia estar ali, depois de tudo que disse, depois de me fazer acreditar que eu era importante para ele?
— Seria legal se saíssemos! — Isadora sugeriu, ainda sem perceber o peso da situação.
— Claro. — Minha voz mal saiu, quase um sussurro. Eu só conseguia olhar para Harry, tentando entender como ele podia ser tão frio, tão distante, depois de tudo o que passamos. — Eu preciso ir, bom te ver, Isa. — Murmurei, virando-me rapidamente para ir embora.
Eu precisava sair dali.
A dor era insuportável.
Tudo o que eu queria era desaparecer, esquecer aquela cena.
Não podia morar ali, não depois de vê-lo.
Eu simplesmente não conseguiria.
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omarquehabitaemmim · 7 months
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08/03 - Aprendendo sobre ser mulher.
O destino de uma mulher é ser mulher. Clarice Lispector
Hoje é Dia da Mulher e, pela primeira vez, reconheci a mulher que sou de forma genuína.
Chorei. Chorei algumas vezes. Na real, eu chorei diversas vezes até agora. Sinto que ainda tenho coisas para chorar.
O peso de ser mulher eu já conhecia: ter que ser forte, ter que aguentar, ter que dar um jeito, ter que batalhar em todas as áreas da vida, ter que trabalhar, estudar, cuidar da saúde física e mental, fazer as 24h do dia virarem 48h. O peso de ser mulher, eu também já conhecia: diversas inseguranças, não saber se estou sendo compreendida de forma clara, medo de parecer agressiva, preocupação em não ser entendida, falta de rede de apoio, falta de recursos financeiros, medo de não conseguir me posicionar ou recolocar...
E hoje, pela primeira vez nessa vida, eu chorei porque me senti grata por ser mulher. Me reconheci como digna. Me senti - porque eu sempre fui - sagrada.
Nossa vida, enquanto mulheres, é cheia das contradições. Falando de mim: dou atenção integral para o meu trabalho, muitas vezes falando por dias e dias do mesmo assunto, mas não consigo ouvir a mesma história de uma amiga mais de uma vez; faço e refaço a mesma análise para garantir um resultado impecável, mas não dou atenção à me dedicar em aprender sobre cultivo de plantas na minha varanda; nunca quis uma vida mansa, mas hoje o meu objetivo principal é ter uma rotina bem estruturada e seguir nela todos os dias; sou rata de roda de samba raiz e capaz de cantar todas as músicas de um evento, mas eu duvido alguém conseguir me tirar de casa em cima da hora num sábado a noite, porque eu tenho hora de tomar banho e deitar; todos os dias tirar um tempo para refletir sobre minhas atitudes e pensamentos e, ao invés de perceber minha vitórias, focar em quem eu quero ser porque, aquela lá do futuro não vai combinar com essa aqui de agora; querer um par de braços enormes e um peito confortável para deitar em cima no final do dia, mas Deus me livre de chegar em casa depois de um dia exaustivo e ainda ter que ser sociável, amável e escuta ativa para alguém.
Contradições. E isso tudo é ser mulher: querer e deixar de querer. Ter uma visão clara do que quero ser, mas estar 100% pronta para querer outra coisa a qualquer momento. E de repente, querer de novo, mas com um ajuste aqui. E outro ali. Mas a verdade é que talvez eu não queira tanto. Aliás, não vou dizer que não quero nunca, mas nem pensar em querer agora! Ou eu quero? É isso.
Ser mulher é ter a certeza que eu dou conta de tudo. E se não dou conta agora, me dá 5 minutos, ou 2 dias, que eu vou dar conta, sim. Porque eu sou conta! Ser mulher é ter a convicção de que eu não preciso dar conta de tudo porque, de fato, eu não preciso. Ser mulher é precisar controlar absolutamente tudo, porque tudo parece sempre estar à beira de desmoronar e se eu não lutar por mim, por me manter (independente da área da vida que for), quem vai fazer isso? Mas é tenso porque ser mulher é estar sempre cansada, é precisar de 5 minutinhos para respirar (entenda como gritar, berrar mesmo, uns 3 gritos dentro de casa, berrar com a parede) o tempo todo.
Tem também os lugares de arrependimento... Aliás, segue o fio.
Obcecada em viver a vida que sonho e ser quem desejo, esses dias resolvi "dar uns gritos" e ir num barzinho com umas amigas. Tomei uns drinks, ouvi música, interagi com pessoas e vim embora para casa. No dia seguinte qual foi o sentimento? Culpa. Pelo o quê? Eu também não sei. E eu estou falando com toda a sinceridade do mundo: eu me senti culpada sem ter a menor noção do motivo. A vontade que eu tinha era de entrar num buraco e não sair de lá nunca mais. E eu sigo procurando um motivo para tal sentimento de arrependimento...
E sobre arrependimentos, eles seguem aparecendo no decorrer da vida. O problema é que eles trazem os sentimento de culpa. E acusação. E fixação no erro. E questionamentos. E mais arrependimento. E chegam os "e ses"... E, sem me dar conta, estou naquele ciclo vicioso de me machucar, me invalidar, me julgar. Agindo da mesma forma que o mundo externo já age naturalmente.
A diferença é que eu sou mulher. O mais importante é que eu sou mulher. Independente de como eu ajo, me comporto e o que faço, faço com presença. Com consciência. Porque eu sou mulher.
Eu sou uma mulher firme no falar, confusa no pensar e sensível no sentir. Zero por cento a favor de contato físico, mas que amo um chamego, um abraço e um carinho aleatório. Eu sou uma mulher que facilmente me levanto e me retiro de qualquer lugar que não me sinta confortável, mas também sou a mulher que às vezes sente falta de estar com companhias. Eu sou uma mulher que não suporto lugar cheio e barulhento, mas deixa eu passar na frente de um lugar estranho com gente duvidosa que estiver tocando funk para ver se logo não dou uma mexida no ombrim. Eu sou uma mulher que tenho a fisionomia fechada e escuto com frequência que tenho cara de brava, mas eu fico mole, fraquinha mesmo, quando ouço uma gracinha ou outra sobre o que quer que seja. E caio na gargalhada. E caio em mim.
Sou mulher quando sou o que quero e me acolho nas minhas escolhas, com consciência e sem me punir. Sem achar que deveria ser outra coisa. Sem escolher baseada no meio, sem escolher baseada nas expectativas dos outros. Sou mulher quando me lembro que além de filha, funcionária, empresária, dona de casa, amiga, tia, líder, gerente, e muitas outras classificações, eu sou eu. Eu sou minha.
Sou mulher quando defino o que quero baseada no que eu quero: se quero ser musculosa, seca, gorda, magra é uma escolha minha. Slim, gradona, definida mas não muito. Se quero usar roupas curtas, longas, rasgadas, passadas de forma impecável, cavadas, decotadas, estilo Bonequinha de Luxo ou Katniss, Hermione ou Barbie, tantos outros, ou melhor: o meu estilo. Que é tudo um pouco.
Sou mulher quando faço as unhas toda semana, pinto de rosinha, deixo num tamanho médio. Também sou mulher quando pinto de vermelho e deixo super longa. E sou tão mulher quanto, quando fico dois meses sem encontrar com a minha manicure. Sou muito mulher quando tomo banho com o sabonete mais barato que vi no mercado, assim como sou a Mulher Maravilha quando tomo banho com aquele sabonete raríssimo de pétalas de rosas e essência de baunilha que deixa a pele brilhosa após o banho.
Sou mulher demais para duvidar de mim mesma, eu me motivo, me incentivo e me basto, me reconheço. Mas também sou a mulher que escuta as inseguranças que nascem no profundo, que me ausento por me sentir incapaz, que esqueço quem sou e da minha capacidade de vencer batalhas e derrubar montanhas. Sou mulher que não preciso de aprovação externa, nem de ninguém, mas que sente falta de ouvir de fora que eu sou capaz, única, necessária e linda.
Sou mais mulher ainda quando ninguém me vê.
Sou mulher no meu íntimo, no meu oculto, no meu útero, no meu colo, nas minhas emoções. Sou mulher demais quando analiso minha vida sem chicote nas mãos, sem me machucar e reconhecendo que fiz o que pude com o que tinha. Sou mulher quando minhas emoções se contradizem e quando entendo que não precisa fazer sentido. Sou mulher quando paro de procurar um motivo ou algo para ser arrumado dentro de mim porque, afinal, eu sou assim. E isso me possibilita ser tudo.
Eu quero bater na mesa quando for desrespeitada, me levantar sem pensar duas vezes quando colocada "em cheque" sobre algo, virar as costas sem olhar para trás quando minha capacidade for questionada e dizer que acabou, e acabar mesmo, quando ver que não sou valorizada em algo. Porque isso é ser mulher.
Todos os dias eu preciso aprender a ser mulher, porque todos os dias eu preciso aprender a ser eu.
Não tenho mais expectativa de que o mundo me respeite, me ouça ou me dê espaço. Eu quero me colocar lá, eu quero me escutar e me respeitar. Porque quando eu assim fizer comigo, o mundo não vai ter outra escolha que não seja assim agir.
Que fique bem claro que não estou dizendo para que nos acomodemos e que aceitemos o machismo e o patriarcado. Muito pelo contrário: eu estou dizendo que só vamos conseguir combater isso quando pararmos de duvidar de nós mesmas, quando nos reconhecermos como invencíveis e assim nos posicionarmos.
Porque, como falei mais acima: eu não quero esperar pelo reconhecimento que vem do outro. Eu me olho, me vejo e me reconheço.
Espero que nos lembremos que somos mulheres de valor quando somos fiéis aos nossos. E para isso, precisamos nos aceitar.
Obrigada por ser mulher, meu Deus.
Feliz Nós! 💖
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mateusmuller012 · 1 year
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Meu Pai
Hoje é comemorado o Dia dos Pais. Sinceramente, tenho pensado o dia inteiro sobre o que escreveria a respeito daquele que ficou responsável por me ensinar sobre o mundo.
Resumir meu pai em algumas poucas palavras não é tarefa simples. Afinal, em meio à tanto caos existente na vida, meu pai surgiu como um farol, algo que sempre me guiou pelo caminho que eu deveria seguir.
De verdade, sou imensamente grato a Deus pelo pai que tenho! Meu pai é simplesmente o sujeito mais paciente e bondoso que conheço; ele é do tipo que sorri com facilidade e se orgulha até mesmo das pequenas coisas que faço no dia a dia, é do tipo que fica triste quando a família está desestruturada mas que jamais perde a esperança de ver cada um de nós voltando a sorrir verdadeiramente com tamanha intensidade.
Meu pai sempre foi presente e amável - até mesmo agora que estou a morar mais distante de sua casa. Ele nunca deixa de aparecer quando necessitei de seu auxílio.
Eu não consigo me imaginar em um mundo em que meu pai não existe. Não consigo me imaginar vivendo sem sua companhia e seus conselhos, sem seu sorriso e sem seus olhos brilharem por cada conquista minha. Tenho medo de perdê-lo.
Além de ser um farol que me guia, meu pai também é o pilar que estabiliza, e a base que dá sustentação à estrutura. Meu pai é tudo isso: meu guia, meu consolo, é quem me motiva a seguir firme quando tudo parece estar prestes a desmoronar.
Quando crescer, eu digo, quero ser como meu pai. Quero ser presente na vida de minha família, quero ser consolador e perseverante, quero apoiar meus filhos e minha futura esposa em tudo aquilo que é digno de apoio.
Pai, eu não disse que te amo, até porque demonstrar amor através de palavras nunca foi o ponto forte de nossa família. Demonstramos amor através de ações, somos silenciosos mas não poupamos nas ações, tu e eu.
Suas ações fazem eu me sentir amado e consolado. Espero que as coisas que eu faço em vida também o fazem sentir-se amado e especial nesse mundo caótico.
#pai
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austero-coracao · 10 months
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Já Não Me Sinto Só
[…] Eu pedi para abraçá-lo.
Ele sorriu triste e me pegou nos braços. Ficamos assim por um tempo. Apertados, um contra o peito do outro.
Senti uma saudade infinita, como se já não nos víssemos havia meses. Ele era parte de mim. Eu sentia mesmo como se fosse dessa maneira, como se ele fosse um pedaço do meu próprio corpo.
E ali me dei conta da separação. Ela se abriu no meu corpo. Um buraco negro. Não existia mais "nós".
Eu estava ali, abraçada a ele, e essa seria a última vez que iríamos nos abraçar. Era isso. Era o fim de tudo.
Agora nosso amor era parte da nossa história, do que nos tornamos até aquele momento. Mas o que viria?
Eu não estaria mais presente para vê-lo crescer, se tornar outro e mais outro, e isso doía.
Ele saiu do abraço.
­- É difícil. - Ele disse.
Eu apenas chorei. Já estava quase desistindo e dizendo que podíamos tentar.
Por que foi mesmo que a gente resolveu se separar? Você lembra? Eu já nem me lembrava mais. Vamos desistir dessa estupidez. Quem teve essa ideia idiota de separação?
Tive vontade de me jogar aos pés dele, dizer como fui estúpida e pedir perdão. Pedir perdão por tudo e beijá-lo. Mas nada daquilo era real. […]
-Você está mesmo bem com a mudança? - ele perguntou.
-Acho que sim.
-Pensa bem se é isso mesmo - ele disse, com dupla intenção, imaginei. "Pensa bem se é isso mesmo."
E essa pergunta reverberava na minha cabeça a ponto de me paralisar.
Ele seguiu para o escritório.
A pequena mala de roupas estava na porta do apartamento. Ele andou até ela e abriu a porta.
-Você está bem? - eu perguntei.
-Eu vou ficar - ele respondeu. Ficamos um tempo em silêncio, quebrado por mim em seguida.
-Você acha que a gente virou só amigo? Foi isso?
-Não. - ele disse.
-Eu acho.
-Eu não, fala por você.
Tinha certo rancor, uma raiva talvez, naquela resposta. Fiquei quieta, absorvendo o golpe. Um tempo. O taxi dele chegou.
Ele pegou a mala e me olhou, talvez pela última vez daquela maneira.
-Minha princesinha… - Era como ele me chamava.
Eu comecei a chorar quase que sem som.
Era como se meu peito ficasse tão apertado que era impossível emitir som; palavra alguma poderia descrever o que eu sentia naquele momento.
Talvez medo, só o medo da vida toda pela frente e do desconhecido. Ele bateu a porta e saiu.
Fim.
Andei até o armário com intenção de arrumar as roupas e os objetos o mais rápido possível. Eu sabia que seria doloroso demais separar o paletó dele do meu vestido, como diria Chico Buarque.
Mas, assim que entrei no quarto me deparei com uma caixa aberta[…]
Peguei a foto na mão. Eu adorava aquela foto.
Ele quem tirou. Foi na primeira viagem que fizemos juntos. Tínhamos ido pra Bahia e havia sido uma viagem muito feliz, cheia de romance, sexo, estávamos apaixonados.
A foto provava isso: Eu olhava pra ele com um sorriso tranquilo e feliz nos lábios, um sorriso de quem estava entregue ao momento. […]
Olhei para a foto por um longo momento.
Quem era eu ali, naquela imagem? Não conseguia me reconhecer.
O que eu estava pensando sobre a vida, sobre mim e sobre nós?
Era esse o motivo da nossa separação, entendi naquele momento.
Eu não podia mais olhar pra ele daquele jeito, com aquele olhar tranquilo e confiante de que eu pertencia.
Eu não era mais a menina […]
Eu era outra, mas quem? Eu não sabia, mas aquela foto não era quem eu me sentia naquele momento, em pé, começando a desfazer a minha primeira casa com alguém. Porém, ao mesmo tempo, eu precisava desesperadamente dele. Ele me dava sentido, me olhava, me amava.
Aquela foto me fez desmoronar novamente. Eu não conseguia me manter de pé. Era triste demais, doído demais.
Mas eu tinha tomado aquela decisão. Não era possível voltar atrás, eu sabia que precisava seguir, não sabia como nem pra onde, mas alguma coisa em mim dizia que aquela era a decisão certa, que era o que precisava ser feito.
Abri uma mala e comecei a jogar minhas coisas dentro. Vestidos, sapatos, fotos, colares. Lembranças de uma vida toda com alguém. Era melhor não pensar muito […]
Era isso que eu precisava fazer.
Arrumar as minhas coisas em caixas, organizar meu coração e partir.
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amorcomplicado · 4 months
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Para longe
Desde que você foi para longe, tudo ficou meio cinza, até a parede verde que o papai pintou estava apagada e as pessoas pareciam até mais ranzinza. Quando tudo parecia desmoronar, eu tinha você… onde eu conseguia me segurar e assim me restaurar. Mas agora o dia ficou mais lento, não consigo encontrar mais nada que me traga acalento.
Você está tão feliz aí distante, parece até mais vibrante e eu me sinto tão culpada por desejar sua volta só para sentir seu abraço por mais um instante.
Enquanto você estava aqui, eu não conseguia mostrar meu amor por ti, pois tinha medo de que você me visse chorando por mais uma vez, antes de partir… por isso eu sempre aparecia rindo ou me escondia no quarto nos momentos em que minha felicidade estava caindo.
Eu te amo e penso em você o tempo todo, desejando sua volta ou imaginando eu atravessando o mundo todo, só para te ter comigo de novo.
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midnight-glasses · 1 year
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*A CENA COMEÇA NA RUA QUE DÁ CAMINHO PARA A ESCOLA.*
Carla: Shin, vá em frente, vasculhe a casa um pouco mais.
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Shin: Sim, sim, eu sei! Afinal, talvez alguns deles ainda possam estar por perto.
Acho que vou caçar quem restou.
Yui: (... Caçar!?)
Shin: Ah, certo. Você deveria vir comigo. Venha aqui, Yui.
Um deles pode sair e revelar sua posição quando sentir o cheiro do seu sangue.
Vamos lá!
*AO QUE TUDO INDICA, SHIN ESTÁ ARRASTANDO YUI PARA DENTRO DA MANSÃO SAKAMAKI*
Yui: Eh!
*A CENA MUDA PARA A SALA DE ESTAR DA MANSÃO SAKAMAKI.*
Shin: .... Hum... Eu acho que não tem ninguém aqui afinal, eles realmente não voltaram.
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Yui: (Ele me levou para a Mansão Sakamaki com ele, mas... o lugar está realmente vazio...)
(Quando cheguei aqui, nunca pensei que um dia me sentiria assim...)
Shin: Ei! Por que você parece tão calma? Esta casa não era uma fonte de pesadelos para você?
Yui: Não é isso...
Shin: Hum... Não é verdade, você diz?
Então, eu definitivamente tenho que pôr essas suas ideias abaixo, não se preocupe, eu não vou deixar pedra sobre pedra.
*SHIN COMEÇA A DESTRUIR A SALA.*
Yui: (Ah! A-a mansão está sendo demolida!)
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なんてことするの!— O que você está fazendo! (✖️)
Yui: Quê? O que você pensa que está fazendo?!
Shin: Oh, cale a boca já!
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もうやめて!— Pare com isso, imediatamente! (❤️)
Yui: Pare com isso, já!
Shin: ... Hehe, quando você diz isso, eu só quero destruí-lo ainda mais, sabe?
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Shin: Eu estou de mau humor. Então cale a boca e assista. Nem pense em tentar alguma gracinha.
Grr!
*SHIN VOLTA A DESTRUIR AS COISAS QUE ESTÃO AOS SEUS ARREDORES*
Yui: (Aah, ele está destruindo tudo...)
*ENQUANTO SHIN ESTÁ DESTRUINDO OS OBJETOS DA SALA ELE DIZ:*
Shin: Esses covardes, eu não acredito que eles fugiram para o mundo demoníaco!
Yui: (O mundo demoníaco)
(Oh! É verdade...)
(Se bem me lembro, há uma porta que leva ao mundo demoníaco localizada no porão desta mansão. Então, se eu puder chegar lá...)
...
Shin: Hehe. Nesse ritmo, eu acho que poderia muito bem destruir toda a mansão!
Aaaaah!
*SHIN PARECE ESTAR MUITO ENTRETIDO ENQUANTO DESTRÓI OS MÓVEIS DA MANSÃO, DISTRAÍDO O SUFICIENTE PARA NÃO NOTAR A MUDANÇA NO SEMBLANTE DE YUI.*
Yui: (... Esta é minha chance... Então, se eu correr agora, talvez possa...!)
(Tudo bem, tenho que me mover silenciosamente... Passo por passo... Para que ele não me perceba.)
*MAIS BARULHOS DE DESTRUIÇÃO PODEM SER OUVIDOS.*
Yui: Hum...
*YUI CORRE EM DIREÇÃO AO CANAL SUBTERRÂNEO DA MANSÃO SAKAMAKI.*
Yui: Arf, arf, arf...
(De alguma forma, cheguei aqui sem ser percebida pelo Shin...)
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(Tenho quase certeza de que a porta deve estar logo adiante. Devo estar quase lá...)
(Todos eles...)
(... No começo, eu tinha muito medo de todos deles...)
(E até agora, é aterrorizante ter meu sangue sugado. Mas mesmo assim...)
(Quando olho para trás agora, percebo que, pelo menos, não estava sozinha.)
(Mesmo que meu pai tenha ido embora... eu nunca estive sozinha.)
(Eu acho que há algo de errado comigo por ter me acostumado a viver com vampiros.)
( Mas, eu...)
(Talvez, em algum momento...)
Yui: Eh?!
(É aquela porta!)
*YUI CORRE EM DIREÇÃO AO PORTAL PARA O MUNDO DEMONÍACO.*
Yui: É isso! Essa é a porta para o mundo demoníaco.
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(Graças a Deus... Agora devo estar segura... Deus! Eu estou chorando... Eu sinto uma espécie de alívio repentino...)
(Estou... Quase lá!)
Shin: ... Haha...
Yui: !!!
Shin: Eu ficaria muito chateado com você se te pegasse imediatamente, então deixei você correr livre por um tempo.
No entanto... Não me diga que... Você realmente achou que tinha me deixado para trás?
Yui: (Aaah... Eu...)
*SHIN SE APROXIMA DE YUI.*
Shin: Parece que eu achei você. Que pena.
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Parece que eu vou ter que punir essa garotinha travessa!
*ELE AGARRA YUI COM FORÇA.*
Yui: A-Ai!
Shin: Ah... Por acaso, eu não te avisei?
Eu te avisei para não tentar nenhuma gracinha, mas parece que meu aviso foi inútil, porque estou de muito mau humor agora!
*COM UM SIMPLES GOLE, SHIN FAZ A PORTA DESMORONAR NA FRENTE DOS OLHOS DE YUI.*
Yui: (Ah! A porta está desmoronando...)
Shin: Eu ainda não terminei, sabe? Pronto, aqui está!
*ELE DÁ O GOLPE FINAL NA PORTA, ELA ESTÁ EM PEDAÇOS.*
Yui: Aaaaaah!
Shin: Hehe... Sinceramente, você fica melhor assim, caída no chão desse jeito, completamente miserável.
Que triste... Tenho certeza de que você percebe isso tanto quanto eu, mas, eu gostaria de deixar algo claro: você é realmente patética.
Ainda assim... Será que devo fazer você se sentir ainda mais miserável?
Hum!
*SHIN MORDE YUI.*
Yui: Ah! N-Não... Pare!
Shin: Continue protestando, esses gritos seus me excitam!
Huum... Haaah... Huum... Ugh...
Yui: (Aah... Eu estava tão perto... Quase consegui...)
Shin: Haah... Você é uma criatura tão lamentável, tendo seu sangue sugado nesse lugar como se fosse apenas um pedaço de lixo.
No entanto, veja bem, nós dois... Só estamos interessados em seu corpo depois que seu sangue for completamente purificado.
É por isso... que estou acelerando o processo... Huum... Haah...
Hehe! Ainda assim, eu fico pensando que tipo de expressão eles fariam se te vissem assim. Ah! que pensamento adorável!
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Enquanto estou aqui, pateticamente tendo meu sangue sugado, um pensamento passa pela minha cabeça.
Eu não posso escapar.
Eu já me senti assim muitas vezes antes.
E agora, mais uma vez, esse mesmo sentimento renasceu.
Eu me pergunto, quantas vezes eu tenho que passar por esse ciclo?
É minha própria culpa por ser tão impotente (無力)?
Ou talvez a existência deles seja simplesmente avassaladora (圧倒的) demais?
… Não, a resposta a essa pergunta não importa mais.
Não importa o que isso seja, não importa o que seja correto.
Eu ainda estaria... à mercê deles.
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→SOMBRIO 10.
→SOMBRIO 08.
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ㅤㅤ⸻ GUINEVERE / INDICADORES
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negrito para geralmente, itálico para às vezes.
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ㅤㅤ⸻ FELICIDADE.
não conseguir parar de sorrir / gargalhadas / abraços de urso / lágrimas de felicidade / agitar os braços / dançar / suspirar contente / olhos cintilantes / linhas de riso / brincadeiras de criança / pular / falar mais / afeto / contar mais piadas do que o normal / gesticular mais ao falar / voz mais aguda / gritar / bater palmas.
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ㅤㅤ⸻ TRISTEZA.
lacrimejar / abraçar a si mesmo / cruzar um braço / peito dolorido / garganta arranhada / nariz escorrendo / afastar-se / respirações profundas / sorrisos trêmulos / choro / soluços infantis / mãos agarrando uma à outra ou a um objeto / cobrir a boca / olhos inchados / olhos vermelhos / voz embargada / olhar distante ou vazio / voz monótona / pedir conforto / fingir um sorriso / desmoronar / tremer / choramingar / abusar de um hábito prejudicial à saúde.
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ㅤㅤ⸻ RAIVA.
sobrancelhas franzidas / mostrar os dentes / comentários passivo-agressivos / evitar contato visual / sarcasmo / dor de cabeça / músculos doloridos / esconder os punhos cerrados / irritabilidade / tirar conclusões precipitadas / levantar a voz / ficar em silêncio / exigir ação imediata / guardar tudo até explodir / corpo tenso / tomar decisões arriscadas.
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ㅤㅤ⸻ MEDO.
desejo de fugir ou se esconder / e se / imagens do que poderia ser piscando na mente / tremor incontrolável / respiração rápida / gritar / senso de tempo distorcido / ficar em silêncio / negar o medo / desviar a atenção da causa / fingir ser corajoso / roer as unhas / morder os lábios / coçar a pele / desmaiar / insônia / ataques de pânico / exaustão / abuso de substâncias / tiques / adrenalina em alta / rosto perdendo a cor / cabelos eriçados na nuca / sentir-se preso ao local / tornar o corpo o menor possível / olhar fixamente, mas não ver / chorar / voz estridente / sussurrar / agarrar-se a algo ou alguém / gaguejar / recuar diante de ruídos / suplicar.
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ㅤㅤ⸻ EXAUSTÃO.
bocejar constantemente / palavras enroladas / círculos escuros ou linhas sob os olhos / mudanças de humor / alucinações / chamar as pessoas pelo nome errado / tontura / negar que está cansado / piscar lentamente / dificuldade de concentração / tropeçar / apoiar-se no batente de uma porta para obter apoio / movimentos lentos / adormecer em um lugar que não seja uma cama / irritar-se com as menores coisas / "estou acordado, estou bem." / tremendo tanto que derrama a bebida / adormece com a roupa / deita a cabeça na mesa porque está muito cansado / desmaia.
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A vida tá fria,e não tem relação com o inverno,na real já tinha esfriado, mesmo antes do inverno chegar,meu coração tremia de um jeito bem estranho, medo do presente já cambaleante não ter um futuro,sabe quando alguém vem te ignorando e resolve dizer sempre que é falta de tempo, mesmo tendo tempo de sobra pra outras pessoas,e você se esforçando pra ser sempre uma boa pessoa, não cobrar e nem brigar, vendo seu mundo desmoronar, sentindo seu amor te deixar,se fazendo a mesma velha pergunta de sempre,ela não me te mais ou talvez nunca chegou a te amar,te tratando com menos um, menos dois ou menos três graus de frieza,saber que tudo que ela dizia ou fazia era pra te manter por perto para alguns momentos,as vezes de solidão e as vezes de tristeza,pior de tudo isso é aquele nosso olhar vazio pela janela,se remoendo por dentro,saber que ela é o maior amor da sua vida,mas você nunca será o maior amor da vida dela,e esse frio na barriga que só aumenta, assim as borboletas que sinto no estômago toda vez que penso nela, irão morrer congeladas antes da chegada da primavera.
Jonas R Cezar
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01298283 · 1 year
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Continuação (...)
A maioria das pessoas não dão nada por mim elas me condenam o tempo todo pelo que vêem,como se de fato elas tivessem propriedade para isso ou fosse um exemplo digno de tal,mas mediante meus estudos e experiências espirituais eu aprendi que os outros são apenas os outros e nada disso importa eu não devo me influenciar e desmoronar por causa de A ou B que não sabe nada sobre minhas lutas e desafios diários. Eu sinceramente adoro quando alguém pensa que eu não sei de nada,continue assim pois é justamente assim que eu prefiro que continue pois eu ganho muitos benefícios com isso.
Eu uso minha mediunidade para ajudar outras pessoas mas também uso ao meu favor,porém uso de forma justa. A justiça espiritual não coincide com a justiça deplorável que habita neste plano,são totalmente diferentes uma da outra e não é composta por questões moralistas, então não queira mesclar,na magia tudo é relativo principalmente o bem e o mal.
Muitas pessoas tentaram de várias maneiras prejudicar os meus caminhos com orações e demandas,fizeram tantas coisas para que eu viesse a adoecer e apodrecer e veja só minha saúde melhorou de forma extremamente significativa mas quem tanto me rogou o que rogou está doente agora e vivendo relacionamentos conturbados,eu digo a você que tudo na vida é questão de tempo e fé.
Nesse tempo eu cuidei muito de mim mesmo e tive muito apoio,vivo coisas que pensei que nunca fosse viver e sou grata aos meus guias por isso,diante das batalhas da vida eu nada temo menos ainda abaixo a cabeça,aliás,sou filha de Xangô,meu pai querido que tantas coisas me ensinou e me fez vencer.
Tudo pode estar desmoronado ao meu redor mas consigo sentir uma paz inexplicável e continuar mesmo que haja lágrimas em meus olhos,isso se chama fé. Então,apenas continue porquê batalhas e parasitas que vivem a serviço da morte e do inferno sempre irão existir,esses vão cair por conta própria, fé em nossa espiritualidade e fé e nós mesmos.
Me jogaram em uma fornalha aquecida 7x mais continuei dando gargalhadas, porquê já tenho experiência em lidar com demônios e lutar contra cada um deles,pra mim não passam de um grão de areia. Alguns deles tentam me intimidar através do medo e afins,mas estão passando vergonha e ainda bem que eu não sou nenhum deles porquê quando você abre portas que nunca deveriam ser abertas o abismo espera por você.
Axé.
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