Tumgik
#ursinhas
universocupcake · 1 year
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Viu como ficou o resultado final dos preparativos de Ursinhos que estávamos fazendo? Esses charmosos Cupcakes foram feitos para nossa querida cliente Marilucia. ❤️😍🥰
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ursulawhosoever · 2 months
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Kinda tired 🐻💤
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feionaapple · 2 years
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porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude Colossenses 1:19 . . . Ursinha Amigurumi Personalizada!Confeccionada em crochê com o fio Amigurumi Pelúcia da círculo 100% poliéster, enchimento com fibra siliconada. Tamanho aproximado 30cm. 🧶Dar um presente é uma demostração de amor, carinho e gentileza — não importa o motivo ou a época do ano. 🧶Quando o presente é personalizado, você consegue adicionar um toque pessoal a ele. Dessa forma, a pessoa que recebe se sente ainda mais valorizada, aumentando o valor sentimental do item e criando uma memória boa do momento. Crie memórias afetivas que nunca serão esquecidas. @Crochetandoluxo By Nívia Reis 🧶O LUXO EM CROCHET! 🧶Produto 100% artesanal. Valorize! 🧶Faça aqui o seu pedido 🛒 Para mais informações chamar via direct ou  whats 📲(77) 99938-7650 Lojas online 👩‍💻 Link na bio. Plataformas Elo7 e Shoppe. Visite-nos! #ursinha #ursinhaprincesa #minhaprincesa #meubebê #mamaeebebe #mamaedemenina #gravidez #maternidade #amigurumibrasil #artesão #crochet #handmade #elo7bebe #elo7br #shopeebrasil #vendasonlineparatodoobrasil #enviamosparatodoobrasil #vitoriadaconquista #vitoriadaconquistabahia #ınstagramreels (em Vitória Da Conquista BA) https://www.instagram.com/p/CpfPwE0u_ce/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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mily234 · 2 years
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superurtrashcard · 3 months
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Ursinha wants to be taken home, could you?
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chris19 · 7 months
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Posso te dizer uma coisa?
Ainda não consigo te olhar e não sentir nd, não sentir sua falta, não sentir falta do seu abraço, sinto falta do seu sorriso, sinto falta do seu cheiro
Saudades de qd vc me abraçava e ficava com a cabeça no meu peito, de ficar fazendo cafune em vc, sentindo o calor do seu corpo junto ao meu, ouvindo sua respiração no meu ouvido
Quando escuto sua voz meu coração ainda dispara, ainda sinto as mesmas sensações de quando nós encontrávamos sempre, ainda amo vc
Sei que não deveria dizer nd disso, sei que está com alguém, desejo td felicidade do mundo vc merece.
Quando disse que não estava sabendo lidar com a situação que estava te excluindo de td, me referia em ter vc de longe e continuar sentindo td, onde mal nos olhávamos e nos comprimentava, isso estava me corroendo por dentro, achei que me afastando o sentimento mudaria, infelizmente ele continua aqui me lembrando cada detalhe seu.
Tô aprendendo a lidar com isso e a lidar com a ausência e com tds os sentimentos confesso que ainda é difícil rsrs, mas entendo que é preciso
Não sei se consigo ser amiga de quem tanto amo
Não excluir sua foto do meu Instagram e nem nenhuma foto nossa, apenas arquivei a do Instagram e as que estavam no celular estão no meu notebook
Não sei mais oque fazer p te esquecer, p deixar de te amar, te olhar e não sentir nd
Me pergunto se um dia vou te olhar e não sentir nd, se vou conseguir esquecer oque sinto por vc ou pelos menos me acostumar com td isso é não demonstrar
Me perdoe pelas coisas que possa ter te falado, feito, por qualquer coisa que tenha feito e te causado qualquer sentimento ruim a meu respeito
Espero que um dia possamos nos encontrar, fora daqui, que possamos conversar ou até mesmo ficar no mesmo ambiente sem clima ruim
Vc e é sempre será a minha pessoa favorita, o amor da minha vida mas ainda não aprendi a te olhar e não sentir nd por vc
Teamo ursinha e amo suas filhas
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gyuletters · 11 months
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i love your theme minha ursinha 🥺💞
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tysm, meu amor!! 😁💗💗💗
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diariodaliih · 2 months
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03/08/2024. Sábado 22:09
Muito minha ursinha 💖
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mairando · 3 months
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Quero enaltecer o imenso amor que eu sinto por você!
O meu raio de Sol, luz da minha vida, ursinha linda, minha maior companheira. Nunca pensei que iria existir uma serzinha que seria o meu maior grude. Eu te amo tanto, Kiki, você completou os meus dias com alegria e fofura. Fez eu ver que a vida pode ser boa se modo simples, com esse rabinho que nunca para de se abanar.
Minha esfomeada linda que iluminou a minha vida 💜
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venustiar · 4 months
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Como a ursinha raivosa se machucou?
Eu levei uma queda de moto… errei, fui moleca.
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anaghhh · 4 months
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" diga que é minha" enzo x reader
Era um dia chuvoso, voce escutava o som das gotas de agua batendo na sua janela. sua coberta te aquece e seus dedos tocam uma taça gélida de vinho tinto.
seu celular toca e voce desvia seu olhar e ve o nome do individuo: "jungkook oppa", seus lábios abrem um grande sorriso e rapidamente voce se levanta do sofa para ir o atender no quarto.
encito persegue seu percurso com os olhos com uma expressao um tanto confusa, curioso de porque tanta excitacao ao receber uma simples chamada. resolveu o ignorar por enquanto prestando mais atencao no computado a sua frente no qual escrevia o roteiro do seu novo video no youtube.
sua ligacao acaba, jungkook te ligou para falar sobre seu novo album que esta em producao, o quao animado estava e entre outras novidades. voce chega na sala, ainda sorrindo por estar feliz pelo seu amigo. novamente se senta no sofa se cobrindo com sua coberta aconchegante.
-- quem foi? - vogrincic pergunta a voce, sem expressao e nem te olhando
-- hm? ah! era meu oppa, jungkook kun. ele me ligou para falar sobe as novidades na coreia.
-- voce anda muito com ele nao é mesmo? - diz como um rosnado.
-- ain Enzo nao comeca, voce sempre fica com ciumes... ele e so meu amigo. voce sabe que eu sou so sua!
ele soca a mesa com seu punho fechado, se levanta com um dedo apontando na sua cara.
-- prove-me que é minha! prove que é minha putinha e nao a dele!- ele cruza os bracos e te olha com um sorriso ladino.
-- voce esta falando serio? - ela diz rindo mas sabendo que ja esta excitada somente com as palavras do maior.
-- serio, minha ursinha...- ele diz com a voz grave.
voce sorri, saindo do conforto do sofa, se ajoelhando no chao gelado, seus pelos se arrepiam com o choque termico.
suas maos se penduram na borda da calca e deslizam com facilidade, vendo a erecao ja dura por debaixo da cueca. voce passa sua lingua por toda a extensao do mastro, o fazendo tremer de prazer.
ele agarra seus fios de cabelo, e com a outra mão ele puxa sua cueca para baixo, fazendo seu membro bater no rosto da garota. Enzo conduz você a coloca-lo na boca, e sem um pingo de gentileza, te faz enfia-lo totalmente na boca.
voce se segura em suas coxas malhadas enquanto se engasgava no membro grande dele, e
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biachiodelli · 8 months
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🧸 CHOCOLATE | Depois do grande sucesso no ano passado, a Cacau Show irá trazer novamente os tão queridos Ovos de Páscoa dos Ursinhos Carinhosos. Criados em 1981 os ursinhos ganharam seu primeiro desenho apenas em 1985. Nestes 38 anos de existência, o desenho ganhou alguns reboots e até mesmo filmes, como por exemplo Ursinhos Carinhosos: Libere a Magia. Trazendo 3 opções de mini pelúcia dos ursinhos carinhosos diferentes para colecionar, o Ovo de Páscoa de Ursinhos Carinhosos é feito com o tradicional chocolate ao leite da Cacau Show e entre eles estão: a mini pelúcia verde do Ursinho da Sorte, a mini pelúcia roxa da Ursinha Carinhosa, e por último a mini pelúcia azul do Ursinho Zangadinho. Todas as pelúcias são ideias para presentear e demonstrar todo seu carinho. Se liga nessa dica do @gkpb.oficial 😉 e vem garantir os seus 😍 #AmorPeloChocolate #Chocolovers #AmoChocolate #ChocolateLover #ChocoLove #SaboresÚnicos #DocesMomentos #ChocolateBrasileiro #PrazerEmCadaMordida #DelíciasDeChocolate #MomentosEspeciais
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Uma BB ursinha dorminhoca
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Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. Salmos 42:1 . . . @Crochetandoluxo By Nívia Reis 🧶O LUXO EM CROCHET! 🧶Produto 100% artesanal. Valorize! 🧶Faça aqui o seu pedido 🛒 Para mais informações chamar via direct ou  whats 📲(77) 99938-7650 Lojas online 👩‍💻 Link na bio. Plataformas Elo7 e Shoppe. Visete-nos! #crochet #amigurumis #crochetandoluxobyniviareis #crochetando #amigurumibrasil #ursinhos #amigurumipersonalizado #amigurumi #artesão #artesanato #elo7 #shopee #vitoriadaconquista #vitoriadaconquistaba #bahia #brasil #personalizados #ursinha #crochepersonalizado #empreendedorismo #vendasonline #enviamosparatodobrasil #instagramreels (em Vitória Da Conquista BA) https://www.instagram.com/p/Co0FvPbpbP4/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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amantedosfandons · 1 year
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18 • O monstro do quarto
Antes de namorar, pensei que tudo fosse como antigamente, tipo, a gente ia passar a semana trabalhando, ele ia vir nos fins de semana ou eu iria, entraríamos em um conflito para saber na casa de quem o outro ia passar a noite.
Mas aí me dei conta de que somos adultos, e na última vez que fiz isso, eu era adolescente. O Harry não aparecia só nos fins de semana, na verdade, ele aparecia sempre, ou eu ia jantar na casa dele de vez em quando, no meio da semana mesmo.
E em outras ocasiões, como nessa, vamos sair para levar a Bella ao shopping, na quinta-feira, porque ela precisa de tintas para a escola e eu não tenho em casa, e nem ele, então pensando nisso, vamos ir lá comprar e depois jantar em algum lugar.
Terminei de me arrumar no quarto e fui até o quarto da Bella para ver como estava. Parei na porta e deixei minha bolsa cair, levei um susto, cheguei a levar a mão ao peito, até que ela riu e soube que estava tudo bem.
Uma figura toda de preto abaixada, ao lado da cama dela, encarando, não sei porque pensei que fosse uma ameaça, talvez o Harry estivesse em uma posição muito parecida com a daquele infeliz na noite em que apareceu.
- A minha mãe levou um susto. - Ela riu, apontando para mim.
- A sua mãe se assusta muito fácil. - Olhou para baixo, amarrando os tênis dela.
- Que engraçado. - Forcei uma risada sarcástica.
- O Harry também sabe amarrar os tênis. - Mostrou um dos pés, e eu fiz uma cara surpresa.
- É que o Harry é inteligente, não é?
- É o Harry inteligente! - Levantou os braços, o fazendo rir.
- É o Harry papai urso. - Ele fez uma voz grossa, nos fazendo rir. - Está rindo de mim, criancinha? - Continuou com a voz.
- Não, não é de criancinha, Harry. - Protestou.
- Mas você é uma ursinha. - Voltou com a voz normal, colocando o capuz de urso nela. - Não é a minha ursinha?
- Sim. - Ele riu, pegando ela no colo.
- Pronta, mamãe urso? - Precisei rir de novo, ele pareceu animado com a ideia.
- Pronta. - Cerrei os olhos.
- A mamãe é uma mamãe urso. - Ela riu, super espertinha, querendo me meter na brincadeira.
- É, e sou muito brava.
Tentei pegar ela do colo dele, mas não deixou, e ela riu, pedindo para ele proteger ela, ficamos assim por uns segundos, até decidirmos descer.
O Justin levou ela para outra cidade no fim de semana, foi visitar o irmão na fazenda, e ela sempre voltava com alguma ideia diferente, a da vez foi ter um cavalo, acho que é porque se parece muito com um pônei, provavelmente.
Saímos de casa e ela perguntou se não íamos de carro, porque nunca tinha andado no dele, e quando chegou com a camionete, fiquei muito animada.
- Nós vamos no carrão do Harry. - Ele riu, rolando os olhos.
- É um carrão o do Harry, mãe? - Assenti, super animada.
Ele abriu a porta, a Bella não sabia bem o conceito de carrão, mas acho que ela pensou que era pelo tamanho dele, que também chocou ela. A apoiou na cadeirinha que não, não era a do meu carro, ele comprou uma nova para ela, achei fofo da parte dele, bem atencioso, disse que comprar uma é melhor que ficar tirando a do meu carro e passar para o dele.
- Quer dirigir? - Abri mais os olhos.
- É sério?
- É. - Riu, me entregando a chave. - Acho que você meio que ama mais meu carro do que eu.
- Não é verdade. - Beijei rápido a bochecha dele. - Mas eu amo seu carro. - Ele riu.
- Então dirige. - Abriu a porta do carona. - Vai. - Me deu um tapinha leve na bunda depois de pegar minha bolsa.
Fiz a volta no carro e entrei, fiquei muito animada, um carro automático é vida, acho que demonstrei essa felicidade para ele um pouco demais, porque riu de mim.
Encaixei o cinto e liguei o carro, estava animada para dirigir, e ele parecia bem tranquilo com a ideia. Imaginem a minha felicidade de dirigir uma camionete gigante, com ar condicionado, e todo o conforto do mundo, muito bom, estava no paraíso.
Enquanto estava a caminho, percebi que ele estava se apegando demais na Bella, tinha jeito com crianças, mas dava para ver que com ela era diferente. Ficou o caminho inteiro conversando com ela e tentando pegar o pé dela, que escondia toda vez, entre risos.
- Eu quero ir no chão. - Ela disse assim que ele a pegou da cadeirinha.
- Ah, tá bom. - Atendeu o pedido imediatamente.
- Bella. - Ela olhou para trás, me encarando. - Tem que me dar a mão, não é para andar sozinha.
Ela queria ir no chão para correr na nossa frente, não tinha noção do perigo que era, e nem do que eu senti em todas as vezes que ela sumiu nas lojas e eu a encontrava nas prateleiras dos brinquedos.
Depois de muita insistência, ela aceitou caminhar segurando nossas mãos, ou era isso, ou o colo, e ela queria caminhar, então fizemos um acordo. A Bella não era mal-educada, sabia se portar nos lugares, se me pedisse algo e eu dissesse que não, então era não, mas era curiosa demais, e às vezes isso atrapalhava ela, porque não tinha noção dos perigos de uma criança caminhando sozinha.
- Olha, Harry, é uma coroa de princesa. - Ela apontou, e ele se abaixou para pegar a caixa. - É de adulto, essa. - Ele riu, e ela sorriu para ele. - É de grande, Harry, serve na sua cabeça?
- Hum...acho que serve, princesa. - Piscou um dos olhos para ela. - Você quer?
- E aí a gente brinca juntos de princesa?
- Claro, eu deixo guardado nas suas coisas, pode ser?
- Pode. - Sorriu grande.
Não acredito que ele fez isso, ainda deu a caixa para ela segurar e ficou andando pela loja inteira com o objeto em mãos, como se qualquer um fosse uma ameaça e só ela pudesse tocar.
Já cansei de dizer para ele não fazer todas as vontades dela, mas nunca adianta, ele sempre está fazendo algo que ela esteja pedindo, seja um favor, brincando, ou comprando a coroa de princesa, e para ele usar ainda por cima, nem era para ela.
Caminhamos bastante até encontrar uma loja que tivesse as tintas que ela queria, eu só precisava de um pote grande, rosa, foi a cor que ela escolheu, pensei que fosse mais fácil achar, mas às lojas pareciam contra a cor.
Ela ficou bem feliz, disse que ia fazer um trabalho de mãos, pelo o que entendi, iam pintar as mãos, cada um com uma cor, e carimbar cartazes. Gosto da creche que ela frequenta porque estão sempre fazendo brincadeiras lúdicas com eles.
Depois paramos na praça de alimentação e pedimos batatas fritas para ela, refrigerante e hambúrguer, não era de costume lanchar aquilo pela noite, mas uma vez não ia nos matar, e acreditem se quiserem, mas a Bella quase consegue comer um hambúrguer sozinha.
Na verdade, o Harry passou um tempão sendo palhaço com ela, prendendo batatas fritas na boca, fingindo que eram dentes enormes, nos fazendo rir.
- Se comporte, criancinha!
- Não, Harry, e é você que não se comporta! - O acusou, apontando para ele.
- Eu!? - Fingiu estar indignado.
- É, e eu não sou de criancinha.
- Nenhum de vocês se comporta, são duas criancinhas. - Os acusei, comendo meu hambúrguer.
- Bella, sua mãe brigou conosco! E agora? - Sussurrou a última parte.
- Dá um abraço nela? - Rimos alto, pareceu uma solução maravilhosa para ela. - Mãe, e eu não sou de criancinha, sou de grande, não é?
- Sim, vai para outra turma no ano que vem. - Concordei. - Quem troca de turma é grande.
- Viu, Harry? É de grande, eu sou. - Ele riu, concordando com ela.
- É sim, linda, já é uma mocinha. - Arrumou o cabelo dela, e depois voltou a comer.
- Ela vai trocar de turma no ano que vem, na creche. - Assentiu com a cabeça. - Tudo bem?
- Tudo. - Sorriu com os lábios. - Ficou bonita com essa jaqueta.
Acho que ele estava debochando, primeiro porque só uso ela, segundo porque ele quem me deu.
- Obrigada, foi um presente. - Ele sorriu mais ainda, assentindo leve.
- Vai ir lá para casa amanhã? É grande demais só para mim.
Não sei qual a dimensão da nova casa dele, só sei que entregaram no meio da semana, não tive oportunidade de ir, mas ele quer muito que eu e a Bella o visite o mais rápido possível.
- Porque mandou fazer um lugar tão grande?
- Ora, para quando vocês fossem viver comigo. - Piscou um dos olhos. - Eu fiz mais ou menos parecida com a minha antiga casa em Los Angeles, gosto de espaço. - Deu de ombros. - É linda, vocês precisam ver.
- Vamos amanhã, você me busca?
- Claro, depois das oito, estou resolvendo umas coisas.
- Alguma pista? - Cerrou os olhos.
- O pior é que estou desconfiando de uma coisa. - Tamborilou o dedo na mesa. - Se for verdade, a investigação não vai dar em nada, nunca.
- Como assim? - Negou com a cabeça.
- Tem coisas que é melhor você nem saber, vai por mim.
- Por que? - Suspirou.
- Porque sim, come sua batata, antes que eu coma. - Invadiu meu prato e pegou uma batata.
- Não gosto quando começa a falar uma coisa e não termina.
- Tem muitas coisas que você não gosta. - Rolou os olhos. - Chata. - Sussurrou, e beijou meu rosto em seguida.
Se não fosse tão comum ele me provocar, estaria brava, mas era mais que normal, na verdade, às vezes ele pedia para a Bella dizer coisas implicantes para mim, já disse para ele parar, mas duvidava que fosse mesmo.
Acho que o Harry fica meio agoniado de vez em quando, nem foi dormir comigo na outra noite, disse que estava preocupado demais e que era melhor não atrapalhar meu sono, e eu quase ri, falou como se eu fosse dormir de verdade. Acordei na sala durante a noite, com coisas nas mãos, tudo ótimo para uma sonâmbula, só não entendi ainda como não tive nenhum ataque na presença dele.
Às vezes acho que ele quase morre por não poder me contar nada, por ser confidencial, e essa é a parte chata de namorar um delegado, não fico sabendo de tudo porque ele respeita até demais os limites dele, dizia que eu já sabia demais e que pode ser perigoso, até respeito os limites dele, mas a curiosidade quase me mata.
Fomos para casa depois, com a Bella querendo andar sozinha e querendo abrir o tal pote de tinta, fez um escândalo, até chorou no carro, tentei explicar que ia sujar tudo e que só podia em casa, mas continuou chorando, tudo isso para dormir depois, estava apagada assim que ele estacionou na frente de casa.
Ela nunca foi uma criança mimada, mas fazia umas cenas de vez em quando que parecia muito ser uma, mas sempre tive muita paciência para conversar com ela. E o Harry foi só o Harry de sempre, não interferiu quando comecei a conversar com ela, e pediu para ela se acalmar, usando as próprias palavras dele, que foram: calma, princesa, não chora.
E foi assim que ele fez ela chorar mais ainda, depois disso deixou para eu resolver.
O mais legal é que com ele não existiu o clima estranho que fica depois que uma criança chora pela primeira vez na sua frente, ele só agiu com naturalidade e ainda pegou ela no colo, dormindo, e levamos até o quarto dela.
Percebi que aceitou sair para se distrair, estava deitado na cama a quase meia hora e não parava de se mexer, para todo lado, nenhuma posição parecia boa, e pela respiração apostava que estava acordado.
- Qual o problema?
- Eu não sei. - Suspirou alto. - Estou estressado, é isso.
- Com seus casos?
- É.
- Por que? Não tem nenhum novo, que eu saiba.
- Não é porque não tem novos, que eu não precise resolver os antigos.
A fala dele não foi ríspido, só óbvia demais, daquele tipo que te faz pensar "ah, é mesmo, tem isso". Não trabalho na polícia, não faço a menor ideia de como seja, presumo que muito difícil.
- Quer falar sobre isso?
- Querer eu quero, mas não posso, te envolver nisso só me traz mais problemas. - Senti ele me abraçar forte. - Sentir seu cheiro já me ajuda.
Sorri grande, igual uma boba, todos os dentes amostra para a escuridão do quarto. Virei para ele, dei um beijinho rápido na boca quente, e o abracei com força.
- Não fique ansioso, amanhã é outro dia, tudo vai dar certo.
Não houve resposta alguma, apenas o abraço apertado, pelo resto da noite, me movi para longe e quinze minutos depois ele já estava agarrado a mim de novo.
A rotina da semana sempre foi chata demais para mim, amo meu trabalho, mas de vez em quando paro para me perguntar se esse é o sentido da vida. Você vira adulto, tem um filho, trabalha, então limpa sua casa, leva seu bebê para a escola, trabalha, volta para casa, e no outro dia a mesma coisa, que chato.
Se eu pudesse escolher qualquer coisa no mundo, acho que escolheria um trabalho que não vire rotina, que seja sempre uma surpresa, e foi aí que me dei conta do motivo pelo qual Harry escolheu essa profissão, o motivo de ter aceitado. Ele mesmo disse que não liga para mudanças, óbvio, está sempre mudando, às vezes as manhãs são agitadas, outras tranquilas, mas então as tardes se tornam agitadas, quando não é nenhum desses dois turnos, então a noite traz uma surpresa, assim como em alguns dias em nenhum dos três turnos ele está acupado. Deve ser o máximo.
Fomos para a creche juntos hoje, perguntei se ele gostaria de ser um dos contatos de emergência da Bella e ter passe livre para ir buscar ela algum dia que eu precisasse, e ele respondeu com todo o ânimo que sim, e só precisou assinar um papel com a responsável. Fiz isso porque sei que um dia vou precisar disso, o Justin nem sempre pode, e já precisei recorrer a Michelle e até a minha mãe que mora a uns quarenta minutos de mim, então, tendo o Harry perto, se algum dia eu precisasse, sei que correria para me ajudar.
Apesar dos meus pensamentos reclamões sobre a vida e sua rotina, havia dias que trabalhar ainda era divertido.
Como hoje, agora, na sala do café. História rápida: Caroline foi namorada do Richard, os dois são colegas nossos, o namoro durou uns quatro anos, mas eles já terminaram tem quase dois, ambos parecem jovens apesar de não ser.
Estamos entre sete na sala, rindo porque estávamos falando sobre casamento e a Caroline disse que alguém queria casar o Richard, mas ela errou o nome, estava querendo falar o nome do Liam, estávamos falando dele, mas o simples fato de ter errado o nome fez todos rirem na sala, e de repente, em segundos, voltamos para a quinta série.
- O Richard vai colocar o anel de casamento bem no meio do bolo de aniversário da Carol. - Simon disse, simplesmente e apavorantemente animado.
Alguém entrou pela sala, Brandon, sorrindo para nós, sem fazer a menor ideia do que estávamos rindo.
- A Carol vai casar. - Brandon franziu o cenho para o Simon.
- Com quem?
- Richard. - Ele encarou a mulher.
- Vocês voltaram?
A pergunta dele foi super séria, e todos caímos na gargalhada de novo, porque a coitada da Caroline já estava vermelha, mas também não ajudava com as piadas sobre casamento.
- Tá, mas quem dos homens está solteiro?
Foi ela quem disse, nos fazendo rir do interesse dela, e a sala se tornou um compilado, agora com oito risadas diferentes.
- Quanto interesse...
- É isso, você precisa se impor! - Diana disse, batendo na mesa.
- Tá, mas das mulheres? Além da Carol, que já percebemos, quer casar...
Rimos de novo, primeiro pelo comentário do Diogo, depois pelo interesse repentino dele.
- A Kay não está. - Simon informou, todo venenoso.
Apenas escondi um sorriso idiota, bebendo meu café, os fazendo murmurar um tipo de "hum" ao meu redor.
- Vocês são tão intrometidos... - Comentei.
- Nega agora! Diz que não está casada! - Diogo bateu a mão na mesa.
- Ela está se fazendo de desentendida. - Diana comentou por cima, se mentendo, querendo que eu falasse.
- E ainda é delegado, que espertinha hein. - Carol bateu no meu braço.
Não contive o riso, era a primeira vez que alguém no trabalho falava sobre meu relacionamento, em quatro meses. Nos assumimos, mas não com palavras, saímos juntos, todos sabem que vivemos na casa um do outro, o pessoal só supõe, mas nunca sabem se é certo, pois não falamos.
- Lábia é para quem tem. - Brinquei, dando de ombros.
- Quanto abuso. - Acreditem, não é normal o Simon se dirigir a mim com tantas palavras. - Como é namorar um delegado? Você sabe tipo, de tudo?
- Não. - Rolei os olhos. - É bem irritante porque sou curiosa, sei do básico, as coisas por debaixo dos panos são como informações impossíveis.
- Que chique. - Mary comentou, estava calada, mas rindo o tempo todo. - Por debaixo dos panos, disse ela, até o vocabulário muda.
- Ah, ela é da alta realeza agora. - Brandon disse, sentando na cadeira próxima a mesa, apoiando a xícara na mesma. - Deveríamos sair. - Deu um gole no café. - Todos nós, sem namorados.
- E que graça tem? Nunca conheci um delegado jovem assim tão perto. - Diana comentou. - É a nossa hora, galera!
Depois de muito sofrer deboche por namorar o delegado, ninguém se convenceu de verdade sobre sair, porque era sempre assim, alguém comentava sobre marcar, todos concordavam, mas no fundo ninguém queria ir.
As únicas ocasiões de encontro eram os sindicatos, para todos do conselho e da polícia, já que trabalhamos diretamente juntos, essas reuniões acontecem pouco, na verdade, está demorando para ter uma, aposto que por causa das crianças desaparecidas, devem estar correndo para fazer uma, mas sem tempo para resolver tantos casos, isso porque quem fala por todos geralmente é o delegado e o reitor do conselho.
Acabo de lembrar que o Harry seria um dos responsáveis por uma reunião. É, talvez eu não esteja preparada para tantos olhares, não por vergonha, mas por tédio, imagine só um monte de gente querendo saber se estão juntos, mesmo que seja óbvio, e você precisar fingir que a fofoca não existe, me dá até preguiça.
Vou subir no palco e dizer ao microfone que o delegado bonito e gostoso já é comprometido, seria divertido e engraçado ver a cara de algumas, mas eu nunca faria. Que desperdício de ideia brilhante.
Fui buscar a Bella às cinco, e foi um dos meus dias infelizes, que eu teria que ter paciência e conversar com ela. Fiquei uns quinze minutos conversando com a professora dela e com a mãe de outra criança. Resumo da história? A professora contou que a colega não quis dividir o brinquedo com ela, e que quando ameaçou bater na Bel, ela não pensou duas vezes e deu um tapa no rosto da colega, um tapa bem mal dado, na verdade, ela nem tinha força o suficiente e nem mirou direito, mas assustou a garota e fez ela chorar.
- Bella, não é para bater nos outros.
Já em casa, ela tinha dormido no caminho, deixei ela no sofá descansando, o Harry chegou mais cedo que o comum e subiu para tomar banho, eu deveria estar me preparando para ir à casa dele, mas estava conversando com ela.
- Mas eu não bato, mãe.
- Mas hoje você bateu. - Ficou calada, me olhando. - Por que fez isso?
- E ela bateu assim no meu braço. - Bateu no colchão.
- A sua professora disse que não bateu.
- E ela bateu! - Ficou brava. - Bateu, eu...eu não minto, a professora mentiu!
- a professora mentiu?
- Sim. - O rosto bravo e cheio de personalidade apareceu. - Não pode!
- Não, não pode, é feio mentir. - Concordei. - Ela te bateu no braço? - Assentiu, calma, me encarando. - E o que você fez depois?
- Bati no rosto dela, forte. - Fechou os punhos, e eu fiquei apavorada.
- Bella! Não pode. - A repreendi.
- Mas ela me bateu, mãe, não pode.
- Mas você não precisa bater de volta.
- Mas não pode chorar, se ela me bate, mãe, eu também posso.
Deu de ombros, simplesmente, foi quando percebi Harry nos encarando no batente da porta, de braços cruzados.
- Bateu na amiguinha, Bella? - Chegou perto, contendo o riso.
- Não, Harry, ela não é minha amiga mais. - Explicou, super chateada. - Ela bateu em mim hoje, no meu braço. - Fez um semblante choroso.
- Machucou seu braço, linda? - Se abaixou, tocando o braço dela, e assentiu, bem chateada, fiquei só encarando a cena. - Ah, não acredito que ela machucou minha princesa. - A abraçou. - A sua mãe está certa, não pode bater.
- Mas e ela me bateu. - Franzi o cenho para a voz de choro.
- E você bateu de volta? - Assentiu, deitada no ombro dele.
Acho que ele não esperava que ela fosse chorar, e na verdade, eu também não, ficou quieto, me encarando, desesperado, me perguntando silenciosamente sobre o que deveria fazer. Ele disse a ela que eu estava certa, o que indica que não quer se meter na educação que dou a ela, mesmo assim, não significa que não vai apoiá-la.
- Eu fico triste se você chora, Bella. - A abraçou forte. - Não precisa ficar chateada.
- A minha mãe ficou triste. - E chorou, falou entre o soluço.
Ele me encarou, sério, e eu fiquei paralisada, a Bella já tinha chorado por isso antes, mas não entendi de onde ela tirou isso agora, só estava querendo que ela entendesse que violência gera a violência.
- Não precisa chorar por isso, meu amor. - Encarei ela, mesmo escondida no ombro do homem que ela estava determinada a agarrar. - Às vezes as mamães ficam chateadas, mas sabe o que é mais legal?
- Não. - Chorou, foi quase engraçado.
- O mais legal é que o amor das mamães não acaba nunca, mesmo chateadas às vezes, é para sempre o nosso amor. - Limpei as lágrimas dela. - E não estou triste, só queria te explicar que não adianta bater nos outros.
- Não ficou triste, mãe?
- Não, só estava conversando, entendeu? - Assentiu, meio desanimada. - Você nem tomou o mamazinho quando chegou, dormiu, não foi? Dorminhoca! - Toquei o nariz dela, mais uma tentativa falha de fazê-la rir. - Quer agora? - Assentiu bem leve.
- Sua mãe não brigou com você, linda, as mamães conversam com os bebês delas quando...
E não fiquei para escutar o resto, queria dar privacidade para a conversa deles, acho que seria bom ela perceber que ele pode ser uma figura confiável e que só queremos o bem dela.
Esquentei a mamadeira, Harry desceu com ela e com a mochila, depois buscou minhas coisas e fomos para o carro dele, ela foi bebendo o leite no caminho, era a primeira vez que eu o via dirigindo o próprio carro, e foi muito lindo ver ele desse jeito.
Acho que o Harry é perfeito mesmo, fez a Bella se acalmar e ainda disse para ela que eu era a melhor mamãe do mundo, me fez rir e a pequena ainda concordou, até me deixou feliz, a paciência que ele teve com ela foi quase surreal, pela primeira vez senti isso com alguém, ele não queria que só eu fizesse parte da vida dele, queria a Bella também.
Quando chegamos na casa dele, eu já estava boquiaberta bem antes de entrar, era enorme, não uma mansão, mas bem mais sofisticada que a minha, a sala estava branquinha, cheia de móveis claros, uma televisão enorme. Escolheu dois tons para a cozinha, branco e azul serenity, cores suaves e delicadas, tinha um escritório no andar de baixo, uma porta que dava para o porão, segundo ele. Outra sala cheia de vidros com vista para o jardim, que ainda era só um jardim, simples, e a escada tinha uma proteção de vidro por toda a extensão. Banheiros embaixo, e em cima, mostrou o quarto de hóspedes e o dele.
Na verdade, ele sussurrou para mim e disse que o quarto era nosso, gostei disso, adorei, na verdade. Lindo, uma cama enorme e bem alta, um banheiro grande com banheira e chuveiro, uma pia enorme com espaço para dois e quando olhei para dentro do boxe, percebi que ele simplesmente escolheu que tivesse dois chuveiros. Uma televisão enorme descia do teto, era só apertar um botão, ficou bem na frente da cama, uma maravilha, e bem ao lado da cama, a uns dois ou três metros, uma parte inteira de vidro que estava fechada por uma cortina, saímos e ele mostrou nossa mini varanda, uma fofura.
Por último, mas não menos importante, fomos até o quarto que ele fez especialmente para a Bella, quando ele contou a ela que tinha um quarto só dela, os olhinhos brilharam. Abriu a porta bem devagar e ela correu para dentro.
Lindo, devo dizer que ele tem muito bom gosto, um quartinho cheio de cores, uma cama grande mesmo sendo de solteiro, um espaço para ela brincar e desenhar, e ele até se deu o trabalho de comprar alguns brinquedos.
- Mãe, tem uma pônei! - Ela correu, pegou o brinquedo e correu de volta para mim. - Harry, você me deu de presente isso? - Ele riu.
- Sim, princesa, tudo que tem aqui é seu. - Sorriu para ela. - Você gostou?
- Sim! - Sorriu grande, depois correu até a mesa dela. - É de desenhar esse papel?
- É, sim. - Ele foi até ela. - Essas são suas coisas para quando você vier e quiser brincar, tudo bem? Podemos comprar mais coisas para arrumar seu quarto do jeito que quiser.
- E como se agradece ao Harry? - Perguntei, olhando para ela.
Ele se abaixou para ficar bem da altura dela, e ela o abraçou imediatamente, dando um beijo no rosto dele, que retribuiu com muito mais de um beijo pelo rosto dela.
- É o meu quarto agora, não é Harry?
- Claro, é só seu. - Levou parte do cabelo dela para trás da orelha. - Que bom que gostou.
Nós ficamos um tempão lá, estava fascinada pelo cantinho dela, mas tudo tinha seus momentos. Insisti em saber o que tinha atrás da porta branca, perto da cozinha, ele não estava muito afim de me mostrar, mas colocou um desenho na televisão e pedimos para a Bella ficar só ali.
Ele abriu a porta e foi na frente, uma escada grande, então entendi que era o portão, mas quando ligou as luzes e chegamos no lugar exato, visualizei o que foi nada mais, nada menos que uma adega de vinhos.
- Aí meu Deus! - O encarei. - Tudo isso é vinho?
- É. - Ele riu, meio sem graça, só não entendi o motivo.
Uma parede gigante, e foi só o que ele fez no porão, uma adega, pensei que fosse guardar algumas tralhas, mas não, a organização dele me assusta às vezes.
Dei passos até chegar bem na frente dos vinhos, eram muitos e eu queria um daqueles, pensei em usar a desculpa de estar visitando a casa nova dele pela primeira vez. Toquei em um dos vinhos que mais me chamaram atenção, e comecei a puxá-lo.
- Esse não!
Me assustei com a reação dele, estava próximo de mim, com o semblante estranho.
- Por que? - Continuei com a mão no vinho.
- É seco, você odeia.
- Ah. - Soltei o vinho. - E onde ficam os doces?
Ele abriu um sorriso imenso, se posicionou atrás de mim, segurou minha cintura e então me fez dar vários passos para o lado.
- Bem aqui. - Deslizou as mãos para os meus ombros. - Os que estão na altura dos seus olhos são os mais doces.
Fiquei encarando eles, todos deitadinhos, vidros mais variados que outros, então peguei um do rótulo rosa, e dessa vez ele não protestou quando puxei.
Lindo, com as escritas em letras cursivas douradas, senti o beijo no pescoço e senti como se já tivesse bebido duas taças de vinho.
- Mãe! - Escutamos a Bella me chamar.
Ele riu nasalmente, subiu as mãos rápido e apertou meus peitos com força, mesmo por cima da blusa.
- Vamos trepar na nossa cama nova, hoje. - Mordeu minha orelha. - Estou pensando em te comer em cima dela desde que mudei para cá. - Mais um aperto maravilhoso.
- Mãe! - Escutei de novo.
Escutar a voz da Bella me despertou do transe, saí de perto dele e escutei a risada atrás de mim, depois ganhei um tapa forte na bunda e subimos, como se nada tivesse acontecido.
- O que foi? - Larguei a garrafa na bancada e fui até ela, estava de pé no sofá.
- O desenho parou. - Apontou para a televisão.
Eu só apertei alguns botões e tudo voltou ao normal. Harry disse que ia cozinhar, então deixei ele na cozinha e fiquei com ela, era mais seguro que ficar perto dele e todo aquele tesão reprimido.
E no final, o jantar foi ótimo, como sempre, acho que se ele não fosse delegado, com certeza seria um bom chef. Ainda comemos pipoca depois e assistimos um filme com a Bella, mesmo que ela estivesse mais interessada em conversar e pular por cima dele do que realmente assistir.
- Você é um filhotinho de canguru, é isso? - A pegou quando pulou de novo.
- É. - Riu. - O canguru é minha mãe. - Ele riu.
- Vou te fazer ficar quietinha agora. - A pegou bruscamente, a fazendo rir e a colocando no colo dele a força. - Dorme neném...
- Não, Harry, não é de neném. - Ele riu.
- Dorme menina grande... - Eu ri, fui obrigada, e ele me acompanhou.
Ela escolheu um dia bem específico para não querer dormir, mas o Harry parecia bem disposto a cansar ela, até correram, ele brincou de princesa, assistiu vídeos no celular, e por último ela decidiu que não podia dormir sozinha no quarto novo.
Tentei convencer ela, mas não adiantou. Por último, o Harry disse para ela que não tinha problema nenhum se dormisse com a gente, assistiu mais desenhos com ela, até que dormiu no colo dele. Quando levantou com ela, pensei que fosse levá-la direto ao quarto, mas não, ficou caminhando de um lado para o outro com a pequena, então entendi a tática dele, queria que estivesse em sono profundo.
Fiquei encarando ela dormindo e senti algo estranho, não neles, em mim, levantei e fui até o banheiro, foi como uma angústia repentina, era difícil sentir que tinha alho errado com um momento ou um lugar, mas senti isso.
Passei água pelo rosto e fechei os olhos, meu coração acelerou e comecei a sentir minha nuca latejar. Ansiedade.
Nem escutei quando ele levou ela para dormir, só o vi abrir a porta do banheiro com um sorrisinho que sumiu quando percebeu que eu não estava bem.
- Tudo bem?
- Sim. - Suspirei e levantei o corpo totalmente.
- Não parece bem.
- Mas estou. - Tentei sorrir. - Foi só um mal-estar.
Ele chegou perto, bem devagar, segurou minhas mãos e ficou me encarando como se quisesse desvendar algo, saber o que estava acontecendo sem me perguntar.
- Eu te assustei mais cedo? Lá na adega?
- Não, de jeito nenhum.
Não sei porque lembrou daquele momento em específico, eu já estou tão acostumada com as besteiras que sussurra para mim que me senti bem.
- Sua cara não está boa. - Negou com a cabeça. - Tem algo errado. - Franziu o cenho. - Não está fingindo só para não trepar, não é? Não precisa disso, é só me dizer que não quer e não fazemos.
- Primeiro para de falar a palavra trepar. - Rolei os olhos. - Segundo, não, eu não estou fingindo, não preciso disso. - Deixei claro. - Me senti mal de repente, acho que é ansiedade.
- Ansiedade por quê?
- Não sei. - Dei de ombros. - Foi do nada, eu...não sei, não me sinto bem.
- Por que?
- Não sei, parece que alguma coisa vai acontecer...
- Para. - Pediu rápido. - Nada ruim vai acontecer. - Me abraçou. - Acho que a trepada fica para amanhã.
- Harry!
- Aí, meu Deus! - Brincou, riu e se afastou. - Tá, sexo, sei lá... - Deu de ombros. - Qual seu problema com trepar?
- É grosseiro. - Rolou os olhos.
- Vou jogar videogame. - Deu meia volta e saiu do banheiro.
Pensei que fosse para a sala ou algo assim, mas quando saí do banheiro, me deparei com ele ligando o aparelho, abrindo uma gaveta, pegando um controle e ligando o comando para a televisão descer e ficar de frente para a cama.
Ele se jogou na cama e apoiou as costas nos travesseiros. Vesti uma camiseta grande dele, tirei meu short e deitei ao lado.
Primeiro fiquei encarando ele jogar, futebol, ou seja lá qual fosse o nome exato do jogo. Uma resolução ótima, nem entendo muito de esportes, mas dava para ver que o gráfico do jogo era dos melhores.
Ele ficou meio irritado com o jogo, murmurou xingamentos para ele mesmo, baixinho, mas acabei pegando no sono, é estranho dizer, mas acho que o som do jogo, dos botões do controle sendo apertados e os murmúrios dele me fizeram dormir mais rápido.
Não sei que horas eram exatamente quando peguei no sono, mas acordei de novo com o barulho do jogo, não tinha nenhum relógio e não encontrei meu celular para verificar as horas, mas provavelmente estava tarde.
Me virei na cama, prestes a pedir para ele desligar e ir dormir, mas não tinha ninguém ao meu lado. Encarei a televisão, parece que do nada o barulho do jogo ficou muito mais alto, fiz uma careta e tapei os ouvidos, parecia no último volume.
Levantei da cama e foi quando percebi uma figura, de costas para mim, mas na porta do quarto, que estava aberta. O reconheci na hora, era o Harry, mas parado, imóvel, como se tivesse algo na frente dele.
- Harry, abaixa esse volume! - Ele não se mexeu. - Harry! Anda logo!
Ele não se mexeu, ficou parado, encarando a escuridão, e de repente, chamas apareceram na frente dele, fogo, o corredor inteiro estava em chamas.
Corri até ele, ainda com as mãos tampando as orelhas.
- Harry, a Bella! - Toquei no braço dele, mas não se mexeu. - Harry!
Puxei ele forte, e se virou, mas quando virou, percebi que não era ele. Soltei um grito agudo e fechei os olhos, a figura, de novo, sem os olhos, todo ensanguentado, de repente nem as roupas eram mais visíveis de tanto sangue que tinha.
- Kayra! Acorda!
Me assustei com o grito perto demais e mexi meus braços bruscamente, senti as costas da minha mão se chocar com algo e abri os olhos.
Só a luz de um abajur iluminava o quarto, a do lado dele, o resto estava escuro, a televisão desligada, a porta fechada e eu próxima a ela, e então encarei o relógio na mesa de cabeceira com os números chamativos em cor vermelha. Três e meia da manhã.
Encarei ele, que estava com uma das mãos no rosto, no maxilar, perto da boca, levei um susto e ele percebeu pelo som que soltei pela boca.
- Não foi nada.
- Aí meu Deus... - Corri e liguei a luz do quarto. - Eu te machuquei. - Não foi uma pergunta, foi uma afirmação.
- Não, tudo bem...
- Não, não está tudo bem. - Cheguei perto e afastei a mão dele.
Meus olhos se encheram de lágrimas, primeiro porque machuquei ele, depois porque estava com muito medo de ainda estar sonhando e ele virar aquela figura horrenda de novo.
Fechei os olhos fortemente e comecei a chorar, não aguentei, não queria encarar ele e passar por tudo de novo, e nem machucar ele, por isso tentei me afastar, mas ele não deixou.
Os braços fortes me envolveram em um abraço cheio de desespero.
- Não chora, meu amor, por favor. - Me apertou mais ainda. - Já acabou, não me machucou, eu juro.
- Machuquei, sim. - Chorei mais ainda, não conseguia controlar.
- Não, tudo bem. - Deslizou a mão pelas minhas costas, me abraçando e fazendo carinho ao mesmo tempo. - Tudo bem, já passou.
Estava chorando, mas escutei passos apressados vindos do corredor e junto deles um choro diferente, o da Bella.
- Mãe! Harry! - E ela chorou desesperada, batendo com força na porta.
Ele me soltou do abraço e correu para abrir a porta, quando abriu, ela entrou desesperada, chorando muito, e alto, se agarrou as pernas dele quando fechou a porta atrás dela.
- Princesa, o que foi? - A pegou no colo.
- A chave na porta, Harry, tranca ela!
Franzi o cenho e limpei as lágrimas, Harry atendeu o pedido dela e chorou mais ainda.
- Linda, para que trancar a porta? - Ele perguntou, mas ela chorou de novo. - Hun? O que aconteceu?
- A minha mãe. - Se esticou na minha direção, chorando.
Peguei ela no mesmo momento, a abracei forte. Continuei não entendendo o pedido dela sobre a porta, mas ficando balançando ela para se acalmar, dizendo que tudo bem, talvez tenha me escutado gritar e ficou assustada.
Harry estava nos olhando fixo, quando franziu o cenho e de repente encarou a porta, como se estivesse escutando algo que eu não estava escutando. Foi até a porta e encostou a orelha nela, achei muito estranho e meu coração disparou de medo.
Ele se afastou bruscamente, andando de costas, sentou na cama e abriu a última gaveta da cômoda. A Bella não estava olhando, estava com o rosto escondido em mim, me abraçando forte, mas reconheci o barulho de uma arma recebendo um pente cheio de balas, mas ele teve consideração e a escondeu quando veio na nossa direção.
- Bella, pare de chorar. - Foi uma ordem um pouco rígida. - O que tinha lá no quarto que te assustou tanto? - Ela não respondeu, estava soluçando de tanto chorar. - Princesa, eu posso ir lá ver para você, só preciso que me diga.
- E eu não... - Soluçou algumas vezes. - Não quero mais o quarto. - Voltou a chorar.
- E por que não, linda?
- Por...porque... - Fechei os olhos com os soluços horríveis dela. - Tem um...um monstro lá.
- Um monstro? - Assentiu, desesperada. - Ele estava no quarto?
- Sim, Harry... - Chorou mais ainda.
- E como ele é? Esse monstro horrível?
- E...uma...uma sombra. - Chorou, tentou parar, mas não conseguiu. - Grande, ele...ele me viu dormindo na minha cama. - Eu estava quase chorando de novo com ela.
- E ele tentou te pegar? - Assentiu, e fiquei desesperada. - Correu atrás de você?
- Sim, mas...mas e eu escapei. - Chorou mais ainda. - E...não quero o quarto de...de presente mais. - Ela me abraçou forte e voltou a chorar.
Ele me encarou, sério, e meu desespero correu pelas veias.
Não era só imaginação, tinha alguém no quatro dela, alguém tentou pegar ela, Harry escutou algo atrás da porta, pegou a arma e teve um motivo.
Tem alguém na casa, além de nós três.
- Não. - Segurei o braço dele, estava prestes a sair. - Por favor, não. - Implorei, quase chorando.
- Tranca a porta quando eu sair. - Pediu.
- Não. - Neguei rápido. - Por favor, não me deixa aqui sozinha com ela. - Segurei com mais força. - Por favor. Por favor. - Implorei em um sussurro.
- Kayra! - Me xingou, sussurrando.
- Por favor, estou com medo, não me deixa aqui. - Tentei de novo, agarrada ao braço dele. - Liga para a polícia.
- Eu sou a polícia, Kayra, ele ainda pode estar aqui dentro!
- Então liga para eles, por favor, e protege a gente aqui dentro.
Ele suspirou fortemente, soltou o braço da minha mão e passou a mão livre pelo rosto, passou pelo cabelo e o segurou por segundos.
- Droga! - Xingou. - Merda! - Murmurou, não entendi se era comigo ou com ele mesmo. - Vem logo! - Fez um gesto com a mão.
O segui para o closet, ele também trancou a porta e me pediu para sentar em uma das poltronas dali. Ficou de pé, voltou ao quarto, pegou o celular e ligou para a polícia.
Estava nitidamente irritado, não queria ficar ali conosco, queria sair e ir pegar quem quer que fosse. Fiquei tentando acalmar ela, mas a voz grossa e irritada dele no celular não ajudava.
- Tudo bem, minha florzinha, a mamãe promete que vai ficar tudo bem. - Falei para ela, massageando o cabelo solto.
- O Harry ficou com raiva, mãe? - Soluçou, tentando se acalmar. - Ele...é furioso agora?
- Não, querida. - Beijei a testa dela. - Ele só não gostou do monstro te incomodando, não está bravo com a gente. - Garanti, mesmo não tendo certeza. - Ele vai ficar bem agarradinho com a gente daqui a pouco, tá bom?
- Mãe...e o monstro não vai mais me pegar? - Perguntou, se abraçando mais em mim. - Ele não me quer mais agora?
- Não, o Harry é policial, os monstros tem medo de policiais. - A abracei forte, balançando nossos corpos de um lado para o outro.
- Mas...e...mãe? O quarto é na casa do Harry, o monstro não...não sabia que ele é polícia? - Soluçou um pouco, a vi limpar as próprias lágrimas.
- O monstro não sabia, por isso se assustou e não entrou aqui, entendeu? - Senti ela assentir.
Depois de um tempão de inúmeros telefonemas, ele abriu uma gaveta e camuflou a arma no meio de algumas coisas, ainda irritado, até que nos encarou e parou por segundos.
Andou em passos leves até nós e se abaixou, tocou o cabelo da Bella e beijou a testa dela.
- Tudo bem, eu já estou resolvendo. - Sorriu para ela, mesmo ainda irritado. - Não precisa mais ter medo.
- E o seu furioso é comigo, Harry? - Ele riu, negando com a cabeça.
- Nunca, minha linda, não tenho raiva de você nunca. - Continuou fazendo carinho no cabelo dela. - É do monstro que pensa que pode invadir minha casa, mas ele vai se dar mal. - Garantiu.
- E a polícia pega ele?
- Claro, a polícia pega todos os monstros. - Garantiu. - Logo você vai poder voltar a dormir no seu quarto.
- Não, Harry. - Negou com a cabeça. - E eu não durmo mais sozinha, é só juntos. - Ele assentiu levemente. - Eu tenho medo.
- Não precisa ter medo, princesa, eu te protejo, lembra? - Beijou a bochecha dela. - Não tem problema ter medo, e nem querer dormir juntos.
- Você também tem medo do monstro, Harry?
- Eu? Não. - Negou rápido. - Ele que tem medo de mim, mas não sabia que essa era a minha casa.
- Não sabia?
- Não. - Chegou perto dela. - Ele é burro!
Foi a primeira vez que ela riu. Ele sorriu para ela, jamais deixando de fazer carinho e dizer para ela que tudo bem.
Meu coração estava a mil, e provavelmente percebeu, sentou ao meu lado e me beijou rápido duas vezes, passou um dos braços ao redor do meu pescoço e fez eu deitar no ombro dele.
- Tudo bem. - Sussurrou e beijou o topo da minha cabeça. - Não vou deixar nada acontecer. - Mais um beijo.
Ficou abraçando nós duas ao mesmo tempo, até a polícia chegar. Escutamos o barulho da sirene. Fiquei assustada e sozinha no closet, ele disse que ia ir lá embaixo resolver tudo.
Eu e a Bella tivemos bastante tempo para nos acalmar, ela estava com medo ainda, dava para notar só nos gestos dela, mas pelo menos não estava mais chorando, só soluçando um pouco, bem baixo, apertando o tecido da minha camiseta, quase não consegui vestir meu short de pijama sem ela perceber.
O Harry entrou no quarto e garantiu para ela que estava tudo bem, que o monstro havia se assustado e sumido, e que agora que sabia sobre a casa ser de um policial, nunca mais ia voltar.
Não tenho tanta certeza disso, parece que o monstro está mais perto do que parece.
Ele me pediu para descer com ela, que se tivesse sorte e ela gostasse dos policiais, se não se impressionasse muito com eles, poderia responder algumas perguntas.
- E grande, e...e preto. - Ela disse. - E aí você desenha na sua folha de polícia? - Ela apontou, fazendo o investigador rir.
- Sim, é o meu caderno de polícia. - Mostrou para ela. - Então, Bella, dá para ver que você é muito esperta. - Ela sorriu, adorando o elogio. - O monstro que você viu era alto assim? - Esticou a mão, indicando uma altura.
- Sim. - Assentiu.
- Grande igual a mim, ou mais parecido com o seu amigo Harry? - Apontou para ele, logo ao lado.
Deu para ver que o investigador tinha uma altura considerável, quase chegando na altura do Harry, mas dava para ver uma pequena diferença entre os dois.
- Hum...igual o Harry.
Ele assentiu e anotou as informações dela. Não sei se ela saberia dizer uma altura exata, mas qualquer detalhe os ajudaria.
- E ele estava vestindo roupas pretas?
- Sim, e o rosto dele era de preto também. - Informou. - E...e tudo preto, tio.
- Tudo bem. - Sorriu para ela, tentando não fazer perguntas tão assustadoras. - E o que você acha que ele estava fazendo no seu quarto?
- Ele queria me pegar. - Se recostou mais em mim. - E ele corre rápido.
- Correu atrás de você? - Assentiu. - E você escapou? - Assentiu de novo. - Uau, Harry, ela é muito corajosa. - Eles sorriram um para o outro.
- Ela é muito. - Harry concordou.
- E como fez isso? Fugiu do monstro sozinha? - Ele fingiu estar super surpreso.
- Eu corri muito rápido! - Sorriu grande. - E ele não conseguiu, estava me olhando, e aí eu corri, ele correu e parou. - Fez um gesto com as mãos. - Porque a minha mãe e o Harry, eles abriram a porta do quarto e me pegaram.
- Entendi. - Sorriu, assentindo. - Bella... - Ele franziu o cenho. - E você viu os olhos dele?
- Sim. - Assentiu.
- De que cor eram?
- Verde. - Se abraçou mais ainda em mim. - Mas era o verde do mal.
- Verde do mal? - Assentiu. - Por que?
- Porque o monstro não é de bonzinho. - Negou com a cabeça. - Ele pega as crianças e leva para a casa dele.
- Oh, entendi. - Assentiu rápido. - E ele te falou alguma coisa?
- Não. - Respondeu com a voz baixa.
Vi Harry encarar ela profundamente depois que falou mais baixo, depois me encarou e por último o investigador, pediu para ele parar de fazer perguntas, a Bella já estava muito assustada.
Ele saiu com o investigador, e eu fiquei sozinha com ela de novo, sabe-se lá quando ela vai querer dormir sozinha, mas para falar a verdade, talvez eu não queira mais que durma sozinha.
Fiquei tentando fazer ela dormir, o Harry ainda estava conversando, mesmo depois de o investigador ir embora e dizer que algumas viaturas ficariam na frente da casa, escutei os passos dele se distanciarem, mas não vi para aonde foi.
A Bella me encarou e sussurrou que queria beber água. Deixei ela no sofá e levantei para ir até a cozinha, mas parei no corredor quando escutei uma voz.
Caminhei mais alguns passos e parei na frente de uma porta entreaberta, abri mais um pouco, bem devagar, e reconheci o Harry, mesmo de costas naquela espécie de escritório em construção, não está pronto, posso ver pelas caixas lá dentro, afinal ele tem mesmo o cantinho da bagunça.
- Virou perseguição, Mitch, eu sei. - Franzi o cenho. - Agora a Bella viu, tem as minhas características, eu vou ser pego!
Me afastei da porta, queria sair dali, mas precisava saber mais.
- Faça isso, vá para longe com a Michelle e o Joe. - Fiquei confusa. - Não, ela não sabe. - Uma pausa. - E a sua mulher por acaso sabe? Ah, pois é, que homem. - Fiquei um pouco chocada com as palavras. - Se qualquer coisa acontecer, se eles encontrarem imagens e me verem nelas, acabou, eu perdi, vou ser condenado.
Dei vários passos para trás, a conversa lá dentro parou, fiquei com medo de ter me escutado, então saí um pouco apressada, mas tentando fazer silêncio.
Não faz sentido, a Michelle não pode ter razão, ele não pode ser o culpado por isso, ele disse para o irmão ir para longe.
O Mitch sabe? Espera, o Mitch está envolvido?
Se ele estiver mesmo envolvido, então a Michelle corre perigo, a minha Bella corre perigo.
Kayra! Que isso? Seu namorado é delegado, ele nunca faria isso.
Mas e quanto a conversa que escutei? E sobre ele dizer que ia ser pego?
Para! Só para de pensar!
Preciso de um xanax, um não, uns cinco, me dopar, dormir por vários dias seguidos. Será que ainda estou sonhando? Isso é verdade? O que está acontecendo?
Parei quando cheguei na cozinha, me encostei na pia e massageei as têmporas, é muita coisa, não consigo lidar com tudo isso. Primeiro que ele tem uma arma bem ao lado dele no quarto, tinha alguém na casa além de nós, e a pergunta que fica é: a quanto tempo? Já estava ali quando chegamos? Estava nos observando na sala? Como sabia aonde era o quarto da Bella? Por que ela de novo?
Perseguição foi a palavra que o Harry usou no telefonema, então alguém está perseguindo ele, logo não faz sentido ele ser o sequestrador, certo? Eu não sei, ele poderia estar falando sobre a polícia o perseguindo, ou sobre mim mesma, até porque foi eu quem o fez ficar no quarto e não sair.
Mas como foi parar bem na minha frente enquanto eu estava sonhando? Escutou meu grito e saiu correndo? Não faz sentido, a Bella chegou só depois, dizendo que alguém correu atrás dela.
Mas e se não for o Harry o sequestrador, mas o chefe de todos eles? E se estava tentando me prender no quarto enquanto...
- Oi. - Senti alguém tocar minha cintura. Levei um susto e tentei me afastar. - Sou eu. - Ele riu. - Calma. - Me abraçou, bem atrás de mim, e suspirei alto.
- Desculpa.
- Tudo bem. - Murmurei.
- Está tremendo. - A voz dele soou preocupada, massageando meus braços ao invés de me abraçar. - Não está frio... - Comentou. - Está com medo?
- Sim. - Fechei os olhos, meu coração disparou, nem percebi que realmente contei a verdade.
- Não precisa, linda, nada vai acontecer, eu não deixaria. - Beijou meu ombro. - Amo você, Kayra, eu faria qualquer coisa para te deixar segura. - Sussurrou.
Segurei as mãos dele, não pode ser verdade, o Harry não é nada disso.
É o meu Harry, o homem que só quer me proteger, a a nossa bebê também, como ele mesmo diz.
- Você promete? - Minha voz saiu trêmula.
- Claro que sim. - Me virou para ele, bem devagar. - Você a Bella vão ficar bem enquanto estiverem comigo. - Sorriu, segurando meu rosto para eu encarar ele. - Pode confiar em mim. - Selou nossos lábios.
- Ainda estou com medo. - Sussurrei, sem dizer que o medo é dele.
- Eu sei. - Sussurrou de volta. - Mas não precisa.
- Eu... - Encarei ele profundamente. - Preciso do meu remédio de dormir...
- Nem pensar. - Negou rápido. - Não vai se dopar com aquilo, te faz muito mal.
- Não vou conseguir dormir se não tomar, por favor, só um. - Ele negou com a cabeça.
- Para com isso, Kayra. - Sussurrou, e me abraçou de novo. - Eu queria poder tirar todo seu medo e passar para mim. - Me apertou no abraço. - Odeio te ver desse jeito.
Agarrei ele no abraço, queria me enterrar no peito dele, ficar para sempre naquele abraço.
Os dois não podem ser a mesma pessoa.
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